Benedita Costa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

BENEDITA MARIA COSTA NETA

EFICIÊNCIA DA TECNOLOGIA LED (LIGHT-EMITTING DIODE) NA


CAPTURA DE MOSQUITO DO GÊNERO ANOPHELES (DIPTERA:
CULICIDAE) VETORES DA MALÁRIA

SÃO LUÍS
2017
BENEDITA MARIA COSTA NETA

EFICIÊNCIA DA TECNOLOGIA LED (LIGHT-EMITTING DIODE) NA


CAPTURA DE MOSQUITO DO GÊNERO ANOPHELES (DIPTERA:
CULICIDAE) VETORES DA MALÁRIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Maranhão como
requisito para obtenção do Título de Mestre em
Ciências da Saúde.

Orientador: Prof° Dr. José Manuel Macário


Rebêlo
Coorientador: Prof° Dr. Francinaldo Soares
Silva

SÃO LUÍS
2017
BENEDITA MARIA COSTA NETA

EFICIÊNCIA DA TECNOLOGIA LED (LIGHT-EMITTING DIODE) NA


CAPTURA DE MOSQUITO DO GÊNERO ANOPHELES (DIPTERA:
CULICIDAE) VETORES DA MALÁRIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Maranhão como
requisito para obtenção do Título de Mestre em
Ciências da Saúde.

Linha de Pesquisa: Investigação Clínica e


Laboratorial de Doenças Infecciosas e
Parasitárias

Data: 29/03/2017
BANCA EXAMINADORA

Orientador: Profº Dr. José Manuel Macário Rebêlo


Doutor em Ciências Biológicas (Zoologia)

Coorientador: Profº Dr. Francinaldo Soares Silva


Doutor em Biodiversidade e Biotecnologia

Memória: Profª Dra. Lucilene Amorim Silva


Doutora em Patologia

Titular: Profª Dra. Eloisa da Graça do Rosário Gonçalves


Doutora em Medicina Tropical

Externo: Profº. Dr. José Bento Pereira Lima


Doutor em Biologia Parasitária
A Deus pelo presente da vida autor do meu destino.
Aos meus queridos pais, Raimundo e Maria das Neves (In memoriam),
pelo apoio, dedicação, incentivo e amor incondicional ao longo da minha
vida.
Aos meus irmãos, em especial Roquildes (In memoriam), pela amizade e
companheirismo de sempre.
Aos meus sobrinhos presentes divinos que encantam a minha vida.
Aos meus tios, Maria das Dores e Edson, pelos ensinamentos e
incentivos.
Aos meus mestres, Francinaldo Silva e José Manuel Macário, pelos
ensinamentos e amizade.
Ao meu amor, Jefferson Brito, pessoa com quem amo partilhar a vida.
AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade e felicidade de poder realizar mais um sonho em


minha vida e por todas as conquistas alcançadas até aqui.
Aos meus orientadores e mestres Profº Dr. José Manuel Macário Rebêlo e
Profº Dr. Francinaldo Soares Silva, pelo belíssimo exemplo de seres humanos que são,
venho aqui expressar minha profunda gratidão, agradeço os seus ensinamentos,
conselhos, paciência, carinho, amizade, compressão e incentivo que me fizeram
crescer cientificamente e pessoalmente, além da confiança depositada em mim. Tenho
a honra de chama-los de meus mestres e pais científicos.
A minha família que esteve ao meu lado em todos os momentos nessa
trajetória. Aos meus pais, Maria das Neves (In memoriam) e Raimundo Freire, pelo
seu amor incondicional e cuidados dedicados durante toda minha trajetória. Além de
todos os esforços para que eu alcançasse todos os meus objetivos, meu eterno
agradecimento, dedico mais essa conquista a vocês, assim como todas as que virão
(AMO-OS)!!!!
Ao meu amor e amigo Jefferson Brito, por fazer meus dias mais felizes, a
quem eu adoro compartilhar cada momento da vida. Agradeço pelo companheiro que
és, pelo carinho, amor, cuidado, compressão, dedicação e preocupação com meu bem
estar, além dos momentos inesquecíveis de estudos e discussão dos artigos
científicos!!! Valeu a pena cada minuto, estamos colhendo os primeiros frutos!!! (TE
AMO)!!!
Aos meus irmãos, Roknúbia, Francisco, Inácio e em especial ao meu querido
irmão Roquildes (In memoriam), pelo companheiro, carinho, amizade e incentivo
durante todos os momentos dessa trajetória. Aos meus sobrinhos, Ana Cristina,
Rafaela e Klaus, presentes divinos que encantam minha vida. As minhas cunhadas,
Yasmim, Nuberlene, Glaúcia pela amizade.
Aos meus queridos tios, especialmente as minhas tias Maria das Dores e
Maria Eunice e meu tio Edson, pelos ensinamentos, dedicação, conselhos e
acolhimentos nos seus lares quando mais precisei. A minha amiga e sogra Úrçula
Brito, pela amizade, carinho e cuidado.
Ao Sr. Benedito e a sua esposa D. Maria e seu filho Eduardo por permitirem a
realização deste trabalho em sua propriedade, além da amizade e carinho.
Aos integrantes do Laboratório de Entomologia Médica (LEME) do
CCAA/UFMA, Apoliana Araújo, Jefferson Brito, Abdias Ribeiro, Islana Pontes, João
Vitor Aguair, Emilly Lobo, Maria Ataídes, Nicéia Lopes, Elvis Lennon e Luzivan,
pelos muitos momentos vivenciados em campo e laboratório. Especialmente Apoliana
Araújo e Abdias Ribeiro, pela amizade, companheirismo e principalmente pela
contribuição nas coletas de campo e laboratório que foram essenciais para a
concretização desse estudo. Agradeço também ao João Vitor, Islana e Augustinho, pela
assistência durante as identificações das espécies.
A minha amiga Daiana Paulino, pela amizade, dedicação e principalmente
pela disponibilidade de ajudar durante a leitura, formatação da dissertação (MUITO
OBRIGADA).
Aos meus queridos amigos Professor Francinaldo e sua esposa Claudia, pelo
carinho, amizade e pelos momentos maravilhosos proporcionados em sua casa.
Aos companheiros do Laboratório de Entomologia e Vetores (LEV), Mariza,
Gustavo, Joudellys, Augustinho, Ciro e Jorge pela assistência durante as dúvidas na
elaboração da dissertação.
As professoras da banca de qualificação, Lucilene Amorim e Patrícia
Albuquerque, pelas contribuições essenciais para a melhoria do meu estudo. Agradeço
aos professores Ciro dos Santos e Alcione Miranda pela assistência durante as análises
estatísticas.
A minha turma 2015.1, em especial as minhas amigas, Kelly, Luciana, Janete,
Mariane, Marlise, Sandra pelas conversas, grupos de estudos, amizade, alegrias e
momentos inesquecíveis que passamos juntas.
Aos professores do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde. A
coordenação do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde, em especial a
Profª Dra. Flávia Nascimento e a secretária Ana Lúcia.
As instituições de fomento Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvido
Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) pela bolsa concedida e o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo recurso
disponibilizado para a realização do projeto. E a todos diretamente ou indiretamente
contribuíram para a minha formação.
Meus sinceros agradecimentos!
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades,
lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia impossível.”
(Charles Chaplin)
RESUMO
O uso diodo emissor de luz (LED) foi avaliado como atrativo para insetos vetores e
tem apresentado varias vantagens sobre a lâmpada incandescente convencional,
favorecendo o uso da tecnologia LED como uma fonte de luz alternativa para a
amostragem de mosquitos de importância médica. Além disso, outros estudos foram
realizados a fim de examinar a resposta a diferentes comprimentos de onda, entretanto
dados sobre o uso de LED e sua intensidade luminosa para atrair mosquitos anofelinos
são escassos. Esse estudo teve como propósito avaliar a eficácia de LEDs e a
influência da intensidade da luz nas capturas de mosquitos anofelinos, diante das fases
lunares, em área peridomiciliar no Nordeste do Maranhão. No primeiro ensaio as
lâmpadas incandescentes convencionais utilizadas em armadilhas luminosas do tipo
CDC foram substituídas por LEDs de 5 mm (verde: 520 nm; azul: 470 nm) para
avaliar a resposta de mosquitos anofelinos às fontes de luz alternativas, a lâmpada
incandescente foi utilizada como controle. Para testar a influência da fase lunar, as
coletas foram realizadas sob as quatro fases lunares durante o período de estudo. No
segundo ensaio foi analisado a influência da intensidade luminosa nas capturas de
mosquitos, foram utilizadas seis armadilhas luminosas com diferentes intensidades de
luz: verde (10.000mCD, 15.000mCD, 20.000mCD) e azul (4.000mCD, 12.000mCD,
15.000mCD). Como resultado do primeiro ensaio, um total de 1.845 espécimes e oito
espécies foram coletados. As espécies mais frequentes foram Anopheles evansae,
representando 35,2%, seguido por An. triannulatus s.l. (21,9%), An. goeldii (12,9%) e
An. argyritarsis (11,5%). O LED verde foi à fonte de luz mais eficaz, tendo atraído
43,3% dos indivíduos, seguido do LED azul (31,8%) e o controle (24,9%). As
armadilhas com LED foram mais atrativas do que o controle, independentemente da
fase lunar. Em todos os testes, as capturas foram mais eficientes quando os LEDs
foram usados para atrair os mosquitos anofelinos do que quando utilizou-se o controle.
Como resultado do segundo ensaio, um total de 1.650 espécimes e cinco espécies de
mosquitos anofelinos foram capturados. A armadilha com LED azul atraiu mais
indivíduos (953) do que o verde (697). Quanto às intensidades de luz, o LED verde de
20.000mCD obteve maior atratividade com 39,2% em relação às demais intensidades.
Enquanto o LED azul de 15.000mCD atraiu 50,2% dos individuos capturados. A
eficiência dos LEDs melhora os resultados de captura com luz, sugere-se o uso de
LEDs como atrativo para mosquitos anofelinos e deve ser levado em consideração nas
atividades de monitoramento de populações de mosquitos. Além disso, a intensidade
luminosa é um fator importante para aumentar o desempenho da armadilha luminosa
na atração dos mosquitos, quanto mais intensa a luz, mais insetos são atraídos.
Portanto, a intensidade luminosa dos LEDs é um importante atributo para amostragem
de insetos vetores.

Palavras-chave: Armadilha luminosa. Diodo emissor de luz. Anofelino. Atração.


Intensidade luminosa.
ABSTRACT
The use of LEDs was evaluated as attractants for insect vectors and there are several
advantages over the standard incandescent lamp favoring the use of LED technology
as alternative light source for sampling medically important mosquitoes. Therefore,
other studies were conducted in order to evaluate the response to the different
wavelengths; however data on the use of LEDs and light intensity to attract anopheline
mosquitoes are scarce. This study main purpose was to evaluate the efficiency of LEDs
and the influence of the light intensity in the captures of malaria vectors upon the lunar
phases, in a peridomiciliary area in northeastern Maranhão, Brazil. In the first essay,
incandescent lamps routinely used in CDC-type light traps were replaced for 5 mm
LEDs (green – 520 nm; blue – 470 nm) to evaluate the response of anopheline
mosquitoes to those alternative light sources. However, the incandescent lamp was
used as control. To test the influence of moonlight, the collections were undertaken
under the four lunar phases during the study period. In the second essay, it was
analyzed the influence of light intensity on the captures of mosquitoes, six light traps
with LEDs of different light intensities were used: green (10,000 mCD, 15,000 mCD
and 20,000 mCD) and blue (4,000 mCD, 12,000 mCD and 15,000 mCD). As a result
in the first essay, 1,845 specimens and eight species foi was sampled. The most
frequent species were Anopheles evansae, accounting for 35.2%, followed by An.
triannulatus s.l.(21,9%), An. goeldii (12,9%) and An. argyritarsis (11,5%). The green
LED was the most efficient light source, it had attracted 43.3% of the individuals,
followed by the blue LED (31.8%) and the control (24.9%). The LED traps were more
attractive than the control, regardless the lunar phase. In all tests, the captures were
more efficient when LEDs were used to attract the anopheline mosquitoes than when
the control was used. As a result in the second essay, a total of 1,650 specimens and
five species of anopheline mosquitoes were sampled. The blue LED attracted more
individuals (953) than the green one (697). According to the light intensity, the green
LED 20.000mCD had a greater attractiveness showing 39.2% increase related to the
others intensities. While the blue LED 15.000mCD has attracted 50.2% of the
specimens captured. The efficiency of LEDs improves light trapping results and it is
suggested that the use of LEDs as an attractant for anopheline mosquitoes should be
taken into consideration when monitoring mosquito populations. Thus, the light
intensity was a very important factor in enhancing the light trap performance in
attracting the mosquitoes; more intense the light, more insects attracted. However, the
light intensity is an important attribute for sampling more efficiently insect vectors.

Key words: Light trap. Light-emitting diode. Anofelino. Attraction. Light intensity
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Características gerais da fêmea do mosquito anofelino: corpo coberto
de escamas (a), escamas tarsais (b), escamas nas asas (c). ................................... 21
Figura 2. Mapa da distribuição global das espécies vetores da malária............... 24
Figura 3. Diferentes criadouros naturais de larvas de anofelinos........................ 25
Figura 4. Ciclo de vida do plasmódio da malária................................................. 28
Figura 5. Distribuição dos casos de malária nos anos 2000 a 2012 no Brasil...... 31
Figura 6. Barraca de Shannon (a), Armadilha do tipo CDC (b), Isca humana
(c), armadilha BG- sentinel (d) ............................................................................. 34
Figura 7. Armadilha do tipo HP com fonte luminosa LED verde....................... 35
Figura 8. Localização da área de estudo, fazenda Vila Emídio no Municipio de
Chapadinha- MA ................................................................................................... 38
CAPÍTULO I: LED (LIGHT-EMITTING DIODE) MELHORA A
CAPTURA DE MOSQUITO ANOFELINO POR ARMADILHA
LUMINOSA ......................................................................................................... 50
Figura 1. Números de indivíduos capturados em armadilha luminosa do tipo
67
CDC usando diodo emissor de luz e lâmpada incandescente como controle........

Figura 2. Números de indivíduos capturados em armadilhas luminosas do tipo

CDC usando diodo emissor de luz e lâmpada incandescente durante as fases


68
lunares ...................................................................................................................

CAPÍTULO II: EFEITO DA INTENSIDADE LUMINOSA DOS LEDS


NA CAPTURA DE ANOFELINOS (DIPTERA: CULICIDAE) ................... 74
Figura 1. Números de indivíduos capturados em armadilha luminosa CDC
modificada com LEDs azuis com diferentes intensidades .................................... 80
Figura 2. Números de indivíduos capturados em armadilha luminosa CDC
modificada com LEDs verdes e com diferentes intensidades ............................... 80
Figura 3. Número de indivíduos capturados com armadilha luminosa CDC
modificada com LED azul com diferentes intensidades, teste de correlação de
Pearson: 0,8 a 1 fortemente positiva; 0,5 a 0,8 moderada positiva; 0,1 a 0,5
fraca positiva e 0 nula. .......................................................................................... 81
Figura 4. Número de indivíduos capturados com armadilha luminosa CDC
modificada com LED verde com diferentes intensidades ..................................... 81
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO I: LED (LIGHT-EMITTING DIODE) MELHORA A
CAPTURA DE MOSQUITO ANOFELINO POR ARMADILHA
LUMINOSA ........................................................................................................ 50
Tabela 1. Espécies anofelinos capturados com armadilha luminosa do tipo
CDC usando diodos emissores de luz e lâmpada incandescente como controle
em uma área pecuária do Nordeste do Brasil ....................................................... 69
Tabela 2. Média do número das quarto espécies de anofelinos mais frequentes
(± SEM) capturadas com armadilhas luminosas do tipo CDC modificadas em
uma área pecuária do Brasil ................................................................................. 70
Tabela 3. Média do número de mosquitos (± SEM) coletados em diferentes
fases lunares com armadilhas luminosa do tipo CDC em uma area pecuária do
Brasil ..................................................................................................................... 71
Tabela 4. Coeficiente do modelo de regressão de Poisson multivariada e seus
respectivos intervalos de confiança (IC) ............................................................... 72
CAPÍTULO II: EFEITO DA INTENSIDADE LUMINOSA DOS LEDS
NA CAPTURA DE ANOFELINOS (DIPTERA: CULICIDAE) ................... 74
Tabela 1. Números de espécimes de anofelinos capturados com armadilhas
luminosas com LED (Light- Emitting Diode/ Diodo Emissor de luz) azul em
uma área rural do Nordeste do Brasil .......................................................................... 79
Tabela 2. Números de espécimes de anofelinos capturados com armadilhas luminosas
com LED (Light- Emitting Diode/ Diodo Emissor de luz) verde em uma área rural do
Nordeste do Brasil ............................................................................................................ 79
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ITT – Ifakara Tent Trap
CDC – Centers for Disease Control and Prevention
MLB – Mosquito Landing Box
RB- Resting Box
LEDs- Light Emitting Diodo
ACTs – Artemisinina
AL – Artemether – Lumefantrina
DHA – PPQ – Diidroartemisinina – Piperaquina
AS/AQ – Artesunato – Amodiaquina
AS/MQ – Artesunato – Mefloquina
OMS – Organização Mundial de Saúde
WET- Window Exit Trap
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 21
2.1 Os anofelinos vetores da malária................................................................... 21
2.1.1 Distribuição e taxonomia........................................................................... 21
2.1.2 Habitat........................................................................................................ 23
2.1.3 Hábitos e comportamentos alimentares...................................................... 26
2.2 Importância médica dos anofelinos............................................................... 26
2.2.1. A malária................................................................................................... 26
2.2.2 Sinais e sintomas da malária....................................................................... 29
2.2.3 Prevenção e tratamento............................................................................... 29
2.2.4 Aspectos epidemiológicos........................................................................... 30
2.3 O controle vetorial da malária................................................................. 31
2.3.1 Controle químico.......................................................................................... 32
2.3.2 Técnicas de captura do vetor........................................................................ 32
2.3.3 Desafios e perspectivas................................................................................ 34
3 OBJETIVOS............................................................................................................. 36
3.1 Geral................................................................................................................ 36
3.2 Objetivos Específicos........................................................................................ 36
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 37
4.1 Área de estudo.................................................................................................. 37
4.2 Delineamento experimental............................................................................. 37
4.3 Escolhas das cores dos LEDs........................................................................... 37
4.4 Descrição da armadilha................................................................................... 38
4.5 Amostragem I................................................................................................... 39
4.6 Amostragem II.................................................................................................. 39
4.7 Identificação das espécies de anofelinos......................................................... 39
4.8 Análise estatística I........................................................................................... 40
4.9 Análise estatística II......................................................................................... 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO I: LED (LIGHT-EMITTING DIODE) MELHORA A CAPTURA
DE MOSQUITO ANOFELINO POR ARMADILHA LUMINOSA...................... 50
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 52
MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 54
Estudo da área.................................................................................................. 54
Modificação das armadilhas luminosas.......................................................... 55
Coleção de anofelinos....................................................................................... 56
Análises estatísticas.......................................................................................... 56
RESULTADOS........................................................................................................ 57
DISCUSSÃO............................................................................................................ 58
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS CITADAS
CAPÍTULO II: EFEITO DA INTENSIDADE LUMINOSA DOS LEDS NA
CAPTURA DE ANOFELINOS (DIPTERA: CULICIDAE) ................................. 74
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 75
2 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 76
2.1 Área de estudo.................................................................................................. 76
2.2 Delineamento experimental............................................................................. 76
2.3 Amostragem...................................................................................................... 77
2.4 Identificação das espécies de anofelinos......................................................... 77
2.5 Análises estatísticas.......................................................................................... 78
3 RESULTADOS........................................................................................................ 78
4 DISCUSSÃO............................................................................................................ 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO
16

1 INTRODUÇÃO
A malária é transmitida ao homem através da picada de mosquitos Culicídeos
(Diptera: Nematocera) do gênero Anopheles Meigen (1818) da subfamília Anophelinae
(REINERT, 2009). Este gênero é composto atualmente por aproximadamente 465 espécies
distribuídas nas regiões tropicais e temperadas do mundo. Destas, 70 são vetores competentes
capazes de transmitir parasitas da malária aos seres humanos, e 41 são consideradas espécies
de vetores dominantes (SINKA et al., 2012).
No Brasil, a malária é endêmica nos nove estados da região amazônica, incluindo o
Maranhão. Dentro dessa grande região, as áreas que favorecem a propagação do vetor e a
transmissão da doença incluem assentamentos rurais, áreas indígenas, garimpos, viveiros
artificiais, ocupação intensa e desorganizada nas periferias das cidades, entre outras (MS
2013; 2015).
As espécies de anofelinos mais importantes na epidemiologia da malária no Brasil
são: An. darlingi (Root, 1926), An. aquasalis (Curry, 1932) An. albitarsis s.l. (Lynch-
Arribálzaga, 1878) An. cruzii (Dyar & Knab, 1908) e An. bellator (Dyar & Knab, 1906)
(DEANE, 1986; DEANE, 1989). No Maranhão, são conhecidas 24 espécies, o que representa
aproximadamente 43,6% da fauna brasileira. Das espécies encontradas destacam-se An.
darlingi e An. aquasalis como principais vetores na região (REBÊLO et al., 2007).
Atualmente, encontram-se disponíveis diversas técnicas de captura de anofelinos, as
quais são classificadas em três categorias: biológicas, físicas e químicas. Estas podem ser
utilizadas em combinação para melhorar a eficiência. As técnicas biológicas necessariamente
envolvem isca humana ou animais, muitas vezes combinadas com as técnicas físicas: barraca
de Shannon, Ifakara Tent Trap (ITT) e armadilhas luminosas do tipo CDC (Centers for
Disease Control and Prevention) (GAMA et al., 2007; GOVELLA et al., 2011; GAMA et al.,
2013; LIMA et al., 2014).
As técnicas químicas incluem as substâncias atrativas como CO2, suor, odores de
animais entre outras e quando combinadas com Mosquito Landing Box (MLB) e Resting Box
(RB) BG sentinel, MM-X trap podem ser utilizadas como técnicas de captura para anofelinos,
contribuindo assim com o controle vetorial da malária (KWEKA et al., 2009; KWEKA et al.,
2013; GAMA et al., 2013; LIMA et al., 2014). Um dos métodos considerados mais eficazes é
a isca humana, porém expõe o coletor ao perigo de se infectar por diferentes agentes
etiológicos (GAMA et al., 2013).
17

Dentre as técnicas físicas, a mais utilizada na atualidade é a armadilha luminosa do


tipo CDC que tem como princípio básico atrair os insetos até um foco luminoso (SUDIA &
CHAMBERLAIN, 1962; SERVICE, 1963; PUGEDO et al., 2005). Essa armadilha foi testada
extensivamente e usada como uma ferramenta no monitoramento de importantes populações
de Diptera. Uma das principais vantagens das armadilhas luminosas é a diminuição da
exposição do coletor ao risco de contrair infecções transmitidas por vetores durante o
inquérito entomológico, um problema ético durante as capturas com isca humana na
vigilância da malária (DAVIES et al., 1995; COSTANTINI et al., 1998; MAGBITY et al.,
2002).
Vários fatores podem afetar a eficiência da armadilha luminosa como iluminação
ambiental, diferentes comprimentos de onda, intensidade luminosa, movimento do ar, altura e
cor da armadilha, etc. (BARR et al., 1960, 1963; WILTON & FAY, 1972; ALAN et al., 1987;
NOWINSZKY, 2004; SHONE et al., 2006). Em vista de tais restrições, foram propostas
várias modificações para melhorar os métodos de captura com o uso de armadilhas luminosas
(BURKETT et al., 2001; KLINE, 2006; BARNARD et al., 2011; OBENAUER et al., 2013).
A iluminação ambiental é um dos fatores mais importantes que afetam à eficiência da
armadilha luminosa. Neste contexto, a influência das fases lunares tem um efeito competitivo
sobre a atratividade destas armadilhas (BISHOP et al., 2000; NOWINSZKY, 2004).
Na impossibilidade de se utilizar iscas humanas em inquéritos entomológicos, o uso
de armadilha luminosa tem funcionado com excelente desempenho na captura de vários
dípteros nematóceros, como maruins (Ceratopogonídeos) e flebótomos (Psicodídeos)
(COSTA et al., 2013). Estes são insetos noturnos, porém algumas espécies de maruins são
diurnas e parte das espécies de flebotomíneos tem atividade crepuscular e apresentam
fototropismo positivo. No entanto, a utilização de lâmpada incandescente gera um fator
limitante, o gasto com pilhas e a fragilidade, sendo facilmente danificada. O uso de LEDs
(Light-Emitting Diodes) ou diodos emissores de luz, como fonte luminosa em substituição à
lâmpada incandescente convencional, traz muitas vantagens, uma vez que, é resistente,
durável e seu custo é bem menor (BURKETT et al., 1998; COHNSTAEDT et al., 2008).
Diferentemente da lâmpada incandescente das armadilhas luminosas convencionais,
os LEDs podem emitir isoladamente uma porção do espectro luminoso, apresentando cores
monocromáticas que variam de 350 nm a 700 nm, incluindo o ultravioleta, importante na
atração de anofelinos. A lâmpada incandescente emite 94% da sua luz na área do
infravermelho, invisível aos insetos. Além disso, os LEDs são econômicos e podem substituir
18

as lâmpadas incandescentes e diminuir os gastos com pilhas ou baterias devido à menor


demanda de energia, além de possuírem maiores intervalos de funcionamento,
proporcionando inúmeros estudos fotobiológicos com essa tecnologia (COHNSTAEDT et al.,
2008).
O incremento da eficiência das armadilhas luminosas tipo CDC com a utilização de
LEDs foi demonstrado na captura de alguns tipos de insetos vetores. Nesses estudos, os
insetos foram atraídos por uma fonte de cor específica, demonstrando haver uma preferência
por uma determinada faixa do espectro luminoso, sendo que tais resultados variam a depender
da espécie e do ambiente estudado (BISHOP et al., 2004; HOEL et al., 2007; SILVA et al.,
2014; SILVA et al., 2016; KIM et al., 2016).
Jenkins & Young (2010) demonstraram que espécies de Culicoides foram mais
atraídas pelo LED ultravioleta e branco, mas tais resultados podem variar de acordo com a
espécie e a distribuição geográfica. Bishop et al. (2004) verificaram que o verde é mais
atrativo para espécies de Culicoides. Resultados diferentes foram demonstrados por Tchouassi
et al. (2012), quando notaram que as lâmpadas incandescentes foram mais atrativas em
relação aos LEDs, no entanto, os fatores ambientais podem ter contribuído para redução e
intensidade da luminosidade dos LEDs.
Vários estudos foram conduzidos a fim de conhecer a resposta de mosquitos a
diferentes comprimentos de onda ou intensidades de luz, buscando uma fonte de luz
alternativa como atrativo (BARR et al., 1960; WILTON & FAY, 1972; BURKET et al., 1998;
BENTLEY et al., 2009; SILVA et al., 2014), no entanto os dados sobre a preferência de
comprimentos de onda de mosquito anofelino são limitados.
Os primeiros estudos com a utilização de LEDs em substituição a lâmpada
incandescente no Brasil com insetos vetores, verificaram que as cores mais atrativas foram os
LEDs verde e azul, quando comparados com a lâmpada incandescente (SILVA et al., 2014;
SILVA et al., 2015 ab; SILVA et al., 2016). Tais resultados demonstram que os LEDs podem
contribuir no monitoramento de insetos de importância médica, principalmente em áreas
endêmicas.
No Brasil, até o momento, não existe trabalho específico para a captura de anofelinos
com o emprego da tecnologia LED, em armadilhas luminosas, nem mesmo para avaliar a
atratividade e especificidade de cada fonte luminosa e seu rendimento diante das fases
lunares. Vale ressaltar que essa armadilha não é empregada frequentemente em inquéritos
entomológicos com anofelinos, portanto os LEDs podem ser uma alternativa a mais nas
19

capturas com CDCs (RUBIO-PALIS et al., 2012; SILVA et al., 2015ab; SILVA et al., 2016).
Diante disso, há uma necessidade de se conhecer o padrão de atração das diferentes espécies
de vetores em diferentes áreas geográficas para um melhor entendimento e controle destes
insetos (BISHOP et al., 2004; HOEL et al., 2007; SILVA et al., 2016).
Considerando que os anofelinos possuem hábitos crepusculares e noturnos e que
várias espécies parecem modificar a sua atividade, como adultos, diante das diferentes fases
lunares (RUBIO-PALIS, 1992; GUIMARÃES et al., 2000), destaca-se a importância do
estudo com a utilização de LEDs no monitoramento das espécies vetores da malária. Mesmo
no Brasil, onde a malária é endêmica, trabalhos dessa natureza são escassos. Em um
experimento utilizando armadilha luminosa do tipo CDC com o uso de lâmpada
incandescente e isca humana para a captura de anofelinos, a espécie A. nuneztovari apresentou
diferença significativa no número de indivíduos coletados durante a fase da lua nova em
relação à lua cheia, evidenciando a preferência do vetor por noites mais escuras (RUBIO-
PALIS, 1992). Comportamento similar foi observado por Guimarães et al. (2000) quando
realizou captura de mosquitos nas quatro fases lunares.
Nos estudos com mosquito, de um modo geral, as armadilhas são instaladas em
locais próximos de abrigos de animais domésticos, os quais invariavelmente funcionam como
fonte de atração para esses insetos hematófagos. Desta forma, esses estudos mostram que
animais domésticos desempenham grande relevância epidemiológica, pela atração e
conservação das espécies de mosquitos em ambientes antrópicos. Em uma pesquisa realizada
na China, em três áreas endêmicas de malária, foram utilizados animais domésticos como
iscas para atrair e capturar espécies de mosquitos. Nessa pesquisa, os porcos, bezerros e
cabras conseguiram atrair mais mosquitos do que outros animais, demonstrando assim a
importância desses hospedeiros para o monitoramento de espécies vetores em áreas
endêmicas (LIU et al., 2011). Em adição, estudos demonstram que dentre os estímulos que
propiciam a busca pelo hospedeiro sanguíneo, os odores dos animais são fundamentais para
atrair mosquitos (COSTANTINI et al. 1993; COSTANTINI et al., 1998).
Nesse mesmo contexto, os abrigos de animais domésticos desempenham papel
importante para atrair e manter população de dípteros nesses anexos das habitações. A captura
com utilização de armadilha luminosa tem demonstrado resultados satisfatórios nesses locais,
já que estudos dessa natureza contribuem para o monitoramento epidemiológico (HOEL et al.,
2007; SILVA et al., 2012). Um estudo recente de Silva et al. (2016), demonstrou que
20

chiqueiros são excelentes locais para a captura de flebotomíneos com emprego de armadilhas
luminosas modificadas com LEDs, por oferecer recursos alimentares para fêmeas.
A utilização de LED pode ajudar na orientação dos programas de monitoramento de
insetos vetores. É possível usar cores de forma mais eficazes para capturas de mosquito, em
especial, os vetores da malária e avaliar a atratividade dos LEDs em comparação com
lâmpada incandescente. Portanto, o LED é uma tecnologia eficiente, de baixo custo e
amplamente disponível, que pode auxiliar no controle do vetor da malária e desta forma
contribuir para estudos futuros sobre ecoepidemiologia dessa endemia que afeta vários países
e, principalmente, o Brasil e o Estado do Maranhão (COHNSTAEDT et al., 2008).
21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Os anofelinos vetores da malária

Os anofelinos são insetos de grande interesse na saúde pública, pois muitas espécies
são responsáveis pela transmissão do protozoário do gênero Plasmodium causador da malária.
As principais espécies de anofelinos responsáveis pela transmissão da malária estão incluídas
nos subgêneros Nyssorhynchus e Kerteszia e é devido a essa importância que são as mais
estudas na América, além disso, as fêmeas destes mosquitos são as únicas capazes de
transmitir a malária aos seres humanos (Figura 1) (DEANE, 1986; CONSOLI &
LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994).
Os vetores da malária são mosquitos (Diptera: Culicidae) do gênero Anopheles
Meigen, subgêneros Anopheles, Cellia, Nyssorhynchus e Kerteszia. As principais espécies
vetoras responsáveis pela transmissão do plasmódio no Brasil são: An. darlingi, An.
aquasalis, An. albitarsis s.l., An. cruzii e An. bellator (DEANE, 1986; DEANE, 1989;
CONSOLI & LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994; ROSA-FREITAS et al., 1998; FERREIRA
& LUZ, 2003). No Maranhão, as duas principais espécies capazes de transmitir o plasmódio
são An. darlingi e An. aquasalis (REBÊLO et al., 2007).

A B C

Figura 1. Características gerais da fêmea do mosquito anofelino: corpo coberto de escamas (a),
escamas tarsais (b), escamas nas asas (c).
Fonte: http://anm.org.br /conteúdo view.asp?id=2429&descrição.

2.1.1 Distribuição e Taxonomia

Os anofelinos pertencem à ordem Diptera, família Culicidae, subfamília Anophelinae


e ao gênero Anopheles. A subfamília Anophelinae é composta por 485 espécies e constituída
22

por três gêneros: Anopheles Meigen (472 espécies), Bironella Theobald (8 espécies),
Chagasia Cruz (5 espécies) (HARBACH & KITCHING, 2016).
O gênero Anopheles é dividido em sete subgêneros: Anopheles Meigen (185
espécies), Nyssorhynchus Blanchard (39 espécies), Cellia Theabald (224 espécies), Kerteszia
Theobald (12 espécies), Sthethomyia Theobald (5 espécies), Lophopodomyia Antunes (6
espécies), Baimaia (1 espécie ) e Christya Theobald (2 espécies). O gênero Anopheles
apresenta distribuição cosmopolita, Bironella é restrito a região da Australásia e o Chagasia
está limitado à região Neotropical (RUEDA et al., 2008; HARBACH & KITCHING, 2016).
Atualmente, o gênero Anopheles é composto por mais de 465 espécies reconhecidas,
distribuídas nas regiões tropicas e temperadas do mundo. Dessas, cerca de 70 espécies são
vetores competentes capazes de transmitir o parasita da malária aos seres humanos (SINKA et
al., 2012).
Os anofelinos possuem ampla distribuição geográfica (Figura 2). E a distribuição
dessas espécies está diretamente relacionada com as condições ambientais. Além disso, a
importância da transmissão ocorre por causa dos hábitos alimentares das fêmeas de mosquitos
anofelinos. Dentre as principais espécies vetores responsáveis pela transmissão da malária no
continente africano estão: An. gambiae (Giles,1902), An. arabiensis (Patton, 1905) e An.
funestus (Giles,1900), sendo que as duas primeiras espécies são consideradas as mais
importantes na epidemiologia dessa endemia. Quanto à distribuição a espécie An. gambiae foi
encontrada em região de clima tropical úmido e An. arabiensis em áreas secas de savanas do
continente (KISZEWSKI et al., 2004; TONNANG et al., 2010).
Nas Américas, a espécie An. darlingi é considerado o principal vetor da malária,
sendo encontrado nas regiões tropicas e subtropicais nas Américas Central e do Sul, desde o
Sul do México até o Norte da Argentina. Enquanto An. aquasalis encontrada nas zonas
costeiras da América do Sul (SINKA et al., 2012).
Os principais vetores da malária no Brasil são: o An. darlingi, que ocorre
principalmente no interior no país, apresenta preferência por áreas com grandes rios e
próximas das florestas. Enquanto o An. aquasalis apresenta distribuição no litoral brasileiro,
devido à preferência por águas com salinidade. A espécie An. albitarsis s.l. possui ampla
distribuição, An. cruzii e An. bellator ocorrem na Mata Atlântica (DEANE, 1986;
MENDOZA & LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1996; TADEI et al., 1998).
No Maranhão foram registradas 24 espécies do gênero Anopheles (REBELO et al.,
2007). Dessas espécies, apenas cinco são vetores responsáveis pela a transmissão da malária e
23

estão inseridas no subgênero Nyssorhynchus e Kerteszia. As espécies envolvidas na


conservação da malária na região da Amazônica pertencem ao subgênero Nyssorhynchus, tais
como An. darlingi, An. aquasalis, An. albitarsis s.l., além dessas são encontradas
naturalmente infectadas An. deaneorum (Rosa-Freitas, 1989), An. oswaldoi (Peryassú, 1922),
An. nuneztovari (Gabaldon, 1940), An. triannulatus s.l. (Neiva & Pinto 1922), An.
braziliensis (Chagas, 1907) entre outras (DEANE, 1986; CONSOLI & LOURENÇO DE
OLIVEIRA, 1994; ROSA-FREITAS et al. 1998).
A espécie An. darlingi é o principal vetor da malária no território brasileiro. Além
disso, apresenta várias características que favorecem a transmissão dessa endemia, visto que a
presença dessa espécie está localizada em diversos locais da região da Amazônica. Vale
ressaltar que An. darlingi apresenta maiores taxas de sobrevivência em relação as outras
espécies (KISEWSKI et al., 2004). Em relação às espécies descritas no Brasil do subgênero
Kerteszia destaca-se An. cruzii (Dyar & Knab, 1908), An. bellator (Dyar & Knab, 1906) e An.
homúnculo (Komp 1937) (DEANE, 1986; CONSOLI & LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994;
ROSA-FREITAS et al. 1998).

2.1. 2 Habitat

O conhecimento da biologia dos mosquitos e da inter-relação com o meio em que se


desenvolvem é fundamental para investigar outras medidas de controle. Além disso, os
criadouros são essenciais para o desenvolvimento de programas de monitoramento e controle
da população de larvas de mosquitos, sendo os criadouros preferenciais de anofelinos
caracterizados por apresentar águas límpidas com certa profundidade e ambiente sombreado,
com vegetal flutuante e com pouco teor de sais minerais e matéria orgânica (CONSOLI &
LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994).
Nesse contexto, os criadouros de anofelinos podem ser constituídos por grandes
lagos ou lagoas, remansos de rios e córregos, represas artificiais, valas de irrigação, alagados,
manguezais, pântanos, entre outros (figura 3). É importante o conhecimento dos tipos de
ambientes aquáticos e a ocorrência do vetor da malária nesses locais (FERREIRA & LUZ,
2003).
Os abrigos de anofelinos são ambientes constituídos por arbustos e lugares de
vegetação densa, oco de árvores, espaços sob-raízes e troncos caídos, ou sob-rochas, em
grutas ou buracos de animais (FERREIRA & LUZ, 2003).
24

Figura 2. Mapa da distribuição global das espécies vetores da malária.


Fonte: Whopes 2005.
25

Figura 3. Diferentes criadouros naturais de larvas de anofelinos.


Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAezr8AA/aula-11-
plasmodium-sp-malaria
26

2.1.3 Hábitos e comportamentos alimentares

Quanto ao hábito, são crepusculares e noturnos, de modo que durante o dia


costumam permanecer de repouso em lugares quentes, úmidos e sombreados, abrigados da luz
excessiva, do vento e dos predadores naturais (FERREIRA & LUZ, 2003). Ao crepúsculo, as
fêmeas abandonam seus abrigos em busca de fontes para seu repasto sanguíneo. O macho e a
fêmea alimentam-se de açúcares, porém a hematofagia é praticada apenas pelas fêmeas que
necessitam para o desenvolvimento dos ovários e maturação dos óvulos (CONSOLI &
LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994; GODFRAY, 2013).
As fêmeas de anofelinos alimentam-se do sangue de uma diversidade de animais,
desde mamíferos até aves, sendo que algumas espécies vetores apresentam especificidade
quanto à preferência pela fonte sanguínea (LYIMO & FERGUSON, 2009).
A presença de hospedeiro é crucial para a reprodução das fêmeas, uma vez que o
hábito hematofágico estabeleceu uma intensa dependência entre hospedeiro e inseto. Os
insetos desenvolveram meios de detectar cairomônios derivados do ar expirado ou de voláteis
derivados da pele dos hospedeiros e desta forma contribuindo para o sucesso reprodutivo dos
mesmos (MEIJERINK et al., 2000).
Na busca por recursos essenciais para sobrevivência dos insetos vetores, tais como
hospedeiros adequados para o repasto sanguíneo, parceiros para o acasalamento e sítios de
oviposição, as fêmeas de mosquitos orientam-se por meio de substâncias químicas como
exemplo plumas de odores (cairomônios) (TAKKEN, 1991; ZWIEBEL & TAKKEN, 2004;
OKUMU et al., 2010b; VERHULST et al., 2011).

2.2 Importância médica dos anofelinos

Os mosquitos pertencentes ao gênero Anopheles desempenham papel importante na


saúde pública, pois são responsáveis pela transmissão de agentes patogênicos. Os anofelinos
são os únicos capazes de transmitir o protozoário do gênero Plasmodium causador malária.
Vale ressaltar que muitas espécies de anofelinos são vetores importantes na epidemiologia,
dentre elas destaca-se An. darlingi, An. aquasalis, An. albitarsis s.l., An. cruzii e An. bellator
(DEANE, 1986; 1989; CONSOLI & LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994; ROSA-FREITAS
et al., 1998).

2.2.1 A malária
27

A malária é uma doença infecciosa febril aguda, cujo agente etiológico é parasita do
gênero Plasmodium. A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea de anofelino
infectada com protozoários do gênero Plasmodium. Essa infecção ocorre quando a fêmea se
alimenta do sangue infectado contendo as formas gametocísticas do hospedeiro vertebrado
(Figura 4) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
No Brasil, três espécies de plasmódios que estão envolvidas na transmissão de
malária em seres humanos são: P. falciparum, P. vivax e P. malariae, visto que as duas
primeiras espécies são as mais importantes e predominantes no país. A espécie P. ovale
ocorre principalmente no continente africano, sendo responsáveis por grande parte dos casos
de malária nessa região (FRANÇA et al., 2008; PARISE, 2009, MINISTERIO DA SAÚDE,
2014).
Plasmodium vivax é responsável pela forma mais branda da doença, não atinge mais
que 1% do total das hemácias e raramente é mortal, porém, é mais complicada de ser tratada.
Essa forma de infecção é mais frequente no Brasil, possuindo ampla distribuição mundial, é
mais prevalente na maioria das regiões endêmica fora do continente africano (FRANÇA et al.,
2008; PARISE 2009).
A espécie de P. falciparum é a forma mais agressiva, multiplica-se mais
rapidamente, ataca de 2% a 25% das hemácias, podendo desenvolver o que se chama de
malária cerebral, responsável pela maioria dos casos letais da doença (PARISE 2009;
FRANÇA et al., 2008).
Nos últimos anos, o Brasil tem apresentado redução no número de casos de malária,
em 2014 foi registrado o menor número de casos dos últimos 35 anos. Esse resultado só foi
possível por causa da parceria dos municípios, estados e do Ministério da saúde, mesmo com
todos os avanços, ainda precisa melhorar os métodos de prevenção e controle dessa endemia
(MINISTERIO DA SAÚDE, 2014).
28

Figura 4. Ciclo de vida do plasmódio da malária.


Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2013/03/malariac.jpg
29

2.2.2 Sinais e sintomas da malária

Os principais sintomas que a malária apresenta são: febre, calafrios, suor intenso, dor
de cabeça, dores musculares, náuseas, vômitos, tosse, falta de apetite, dor abdominal, diarreia,
podendo ocorrer juntamente com esses sintomas um quadro de anemia decorrente da
destruição dos glóbulos vermelhos do sangue pelos protozoários. Cabe ressaltar que a febre é
um dos sintomas característico dos pacientes positivos para malária (PARISE, 2009; TAHITA
et al., 2013; VITOR-SILVA et al., 2016).
Segundo Parise (2009) é de suma importância conhecer o histórico de pacientes
febril com a migração de pessoas em áreas endêmicas, visto que a maioria dos casos
importados de malária está relacionada com o fluxo de pessoas nessas áreas. Desta forma é
importante detectar os primeiros sinais e sintomas específicos da doença, para que os mesmos
possam ser orientados no tratamento dessa endemia.
De acordo com Tahita et al. (2013) o índice de infecção em mulheres grávidas é mais
prevalente em países endêmicos, e os principais sintomas são a febre e a dor de cabeça. Cabe
ressaltar, que independentemente dos sinais e sintomas, os casos de mulheres grávidas
assintomáticas devem ser levados em consideração para o diagnóstico da infecção. Outro
estudo evidenciou que a febre e a dor de cabeça são sintomas relevantes que devem ser
utilizados para fazer o rastreamento do diagnóstico de malária clínica, principalmente em
crianças menores de cinco anos de idade (MUTANDA et al., 2014).

2. 2. 3 Prevenção e tratamento

Os estudos em prol da criação de uma vacina contra a malária foram intensos em


anos anteriores, no entanto não foi possível ainda o desenvolvimento de vacina para controlar
essa enfermidade que afeta muitas pessoas no mundo. Diante desse dilema, o Ministério da
Saúde juntamente com a Organização Mundial de Saúde desenvolveram medidas preventivas
que ajudam a diagnosticar precocemente os doentes bem como o tratamento das pessoas
infectadas, além do monitoramento e controle dos vetores (WHO, 2012).
Para o tratamento de malária não complicada da espécie Plasmodium falciparum são
recomendados cinco tipos de terapias de combinação de Artemisinina (ACTs): Artemether-
lumefantrina (AL), Diidroartemisinina-piperaquina (DHA- PPQ) e derivados de Artemisinina,
que são Artesunato-Amodiaquina (AS/AQ) e Artesunato-Mefloquina (AS/MQ)
30

(BRETSCHER et al., 2014). Outro estudo evidenciou que o tratamento à base de Artesunato
+ Amodiaquina reduziu os níveis de prevalência de malária em criança (AHORLU et al.,
2012).

2. 2. 4 Aspectos epidemiológicos

A malária é uma das doenças mais preocupantes da saúde pública em âmbito global,
sendo considerada uma das principais causas de mortalidade em vários países. Segundo os
dados da organização mundial de saúde (OMS) no ano de 2013, foram registrados 198
milhões de casos e 584 mil óbitos no mundo. O continente africano é uma das regiões que
mais sofre as consequências dos altos índices dessa doença, pois cerca de 90% de todas as
mortes por malária foram em crianças menores de 5 anos de idade, sendo as maiores vítimas
dessa endemia (WHO, 2013; 2014).
De acordo com os últimos dados da organização mundial da saúde, ocorreu uma
redução dos índices de casos de malária a nível mundial, pois as medidas de intervenções dos
órgãos de saúde em prol da erradicação dos casos da doença têm contribuído bastante para os
baixos índices. No entanto, apesar de várias medidas adotadas, uma das regiões do planeta
que ainda mais sofre com essa enfermidade é a África que apresenta alta taxa de endemismo
de malária (WHO, 2014).
Os estudos demonstram que nas últimas décadas, o Brasil obteve avanço
significativo na luta contra a malária. Apesar de todos os progressos conquistados o número
de casos registrados ainda é elevado. Os maiores registros de incidência de malária no Brasil
estão restritos ao bioma amazônico, representado por 99,8% do total de casos dessa endemia
(figura 5). A região Amazônica apresenta uma série de fatores que favorecem a propagação
do vetor e desta forma dificultam a utilização de procedimento de controle do vetor
(OLIVEIRA- FERREIRA et al., 2010).
Em contrapartida, a região amazônica caracteriza-se como um hot spot da malária no
Brasil em decorrência de vários fatores como o desmatamento, a migração humana
desordenada, a resistência do parasita aos medicamentos, além das mudanças no
comportamento das espécies vetores da malária (BOUSEMA et al., 2010).
O estado do Maranhão apresenta condições ambientais que facilitam a propagação do
vetor e assim aumentando a probabilidade de ocorrer à disseminação de malária em seu
território. Os planos de controle dessa endemia levados a efeito entre 1999 e 2007 foram bem
31

sucedidos, apesar dos entraves apontados na política de controle da malária no estado, a


redução de 89,1% na incidência da doença foi à maior entre todos os estados amazônicos
(SILVA et al., 2009).
Nos últimos anos o número de casos de malária no Maranhão diminuiu
consideravelmente, porém ainda todas as regiões do estado registraram a ocorrência de casos
da doença, principalmente as regiões oeste e norte (SILVA et al., 2016).

Figura 5. Distribuição dos casos de malária nos anos 2000 a 2012 no Brasil.
Fonte: Sismal, sivep-malária e sivan.

2. 3 O controle vetorial da malária

Em todas as ocasiões, a vigilância entomológica constitui uma estratégia


fundamental no sentido de manter as populações desses vetores em baixa. O monitoramento
vetorial enquadra-se dentro das táticas mais utilizadas pela vigilância epidemiológica, visando
32

realizar o rastreamento e identificar possíveis focos de transmissão da doença (REBÊLO et


al., 2007). Além de fornecer informações sobre a distribuição e o número de espécies
presentes em cada localidade (WILLIAMS et al., 2012).
O monitoramento dos mosquitos é uma ferramenta essencial para a identificação de
transmissão do patógeno (DRAGO et al., 2012). Controlar o vetor da malária ainda é uma das
formas mais eficientes utilizadas em muitos países (GODFRAY, 2013). Os principais
métodos usados no controle de mosquitos são por meio de pulverização de inseticidas e
mosquiteiros impregnados com inseticidas (OKUMU et al., 2010a; WHO, 2013). Entretanto,
esses métodos podem causar resistências fisiológicas e comportamentais nos mosquitos
(GATON et al., 2013). Novos estudos evidenciam a incansável busca dos pesquisadores por
novas armadilhas para a captura de anofelinos.

2. 3.1 Controle químico

As principais ferramentas utilizadas para a redução da transmissão da malária em


áreas endêmicas do continente africano tem sido a utilização de redes de longa duração
tratada com inseticidas, mosquiteiros tratados com inseticidas e pulverização residual interna.
Apesar de todos os esforços para controlar os vetores da malária, muitas espécies estão
desenvolvendo resistência aos piretróides, o que representa uma grande ameaça para as
medidas de estratégias de controle da malária (WANJALA et al., 2015).
Os métodos mais indicados para o controle vetorial da malária no Brasil têm sido
constituídos, principalmente com o uso de redes de longa duração tratada com inseticidas e
pulverização residual interna. No entanto não há informações disponíveis sobre o impacto
dessas medidas na eliminação de populações de anofelinos e redução dos níveis de
transmissão do parasita da malária (MARTINS-CAMPOS et al., 2012).

2.3.2 Técnicas de captura do vetor

Pesquisas evidenciam a dificuldades de desenvolver métodos eficazes para atração


de vetores da malária (RUBIO-PALIS et al., 2012; GAMA et al., 2013). Dentre as várias
formas de coletas utilizadas para captura de anofelinos estão: A armadilha luminosa CDC e a
barraca de Shannon (Figura 6). Estas armadilhas possuem atração luminosa e são generalistas
e se tornam pouco eficientes para a captura de anofelinos antropófilos, pois a utilização da luz
atrai também anofelinos zoófilos, o que não é de interesse para o monitoramento das espécies
33

vetores da malária (MAGBITY et al., 2002). A atração humana ainda é uma das técnicas
considerada eficaz para a coleta de anofelino (Figura 6) (MAGBITY et al., 2002).
Nesse contexto, outra técnica que apresentou resultados promissores foi a Ifakara
Tend Trap (ITT) em comparação a isca humana e Resting Box padronizado (RB). No entanto
para que a mesma funcione é necessária à presença de uma pessoa como atrativo, apesar de
não ficar exposto ao risco de contaminação igual à atração humana, mas por questões éticas
ainda está sujeito à modificação em virtude da utilização do atrativo humano (SIKULU et al.,
2009).
Pesquisas avaliando técnicas de atração de Anopheles constataram que a CDC,
Window exit trap (WET) e RB apresentaram rendimento baixo comparado com as armadilhas
ITT e isca humana. É importante ressaltar que a eficiência das técnicas utilizadas depende do
complemento de alguns atrativos para melhorar o desempenho da mesma, para que a mesma
possa ser comparada com a atração humana e ITT (GOVELLA et al., 2011).
Estudos mostram que Resting Box (RB) iscada com diferentes odores de animais e
sintéticos (CO2) foram mais atrativos para a coleta de mosquito. Segundo Kweka et al. (2009)
o RB iscada com urina bovina foi mais eficiente na captura de A. arabiensis quando
comparada a isca humana. Resultado diferente foi encontrado por Kweka et al. (2013) que
verificaram que o RB iscada a CO2 foi menos atrativo na captura de anofelinos em relação a
armadilha do tipo CDC, porém existem vários fatores que estão envolvidos na eficiência do
método utilizado, como fatores ambientais e comportamentais das espécies da área em estudo.
Atualmente uma das tecnologias que apresentou resultados significativos foi a
Mosquito Landing Box (MLB) uma ferramenta que associada com atraentes sintéticos,
mostrou-se eficaz na captura de mosquitos e com o aprimoramento essa técnica pode
futuramente ser indicada como uma ferramenta para o monitoramento vetorial de anofelinos
(MATOWO et al., 2013).
A utilização de atraentes sintéticos tornou-se uma alternativa para melhorar a
eficiência dos métodos utilizados na captura de anofelinos. Um estudo avaliando a eficiência
da BG-sentinel e Mosquito Magnet-X associados a atraentes sintéticos observaram que a BG-
sentinel foi superior na captura de mosquito quando comparada a MM-X (SCHMIED et al.,
2008). Os primeiros testes com a BG-sentinel no Brasil para capturar An. darlingi não foram
eficientes. Diante desse resultado, os autores fizeram modificações físicas e adaptação na BG-
sentinela, logo após os testes, observaram que protótipo BG-malária apresentou resultados
semelhante à isca humana (GAMA et al., 2013).
34

A B

C D

Figura 6. Barraca de Shannon (a), Armadilha do tipo CDC (b), Isca humana (c),
armadilha BG- sentinel (d).
Fonte: Sudia & Chamberlain 1962, Service 1963, Ministério da Saúde 2001,
www.bg-sentinel.com.

2.3.3 Desafios e perspectivas

O grande desafio do momento para os pesquisadores é a criação de um método


eficiente para utilização no inquérito entomológico e monitoramento de espécies vetores da
malária (RUBIO-PALIS et al., 2012; GAMA et al., 2013). Diante dessa realidade, inicia-se os
estudos com a utilização de LEDs para atração de insetos vetores em substituição a luz
incandescente. Essa tecnologia tem demonstrado bons resultados na atração de vários insetos
vetores de importância médica (COHNSTAEDT et al., 2008; SILVA et al., 2015ab; 2016).
Nesse contexto, a presente pesquisa dá início aos primeiros estudos para a avaliação dos
LEDs na atratividade de espécies de anofelinos no Brasil.
35

Figura 7. Armadilha do tipo HP com fonte luminosa LED


verde.
Fonte: Costa-Neta
36

3 OBJETIVOS

3.1 Geral
Avaliar a aplicação da tecnologia LED na captura dos anofelinos vetores da malária (Diptera:
Culicidae) em área rural do nordeste do estado do Maranhão.

3.2 Objetivos Específicos

 Avaliar a atratividade dos LEDs em armadilhas luminosas mediante a substituição das


lâmpadas incandescentes convencionais;
 Determinar uma fonte luminosa específica para captura de anofelinos;
 Investigar a eficiência das fontes luminosas na captura de anofelinos diante das fases
lunares;
 Averiguar o efeito de diferentes intensidades luminosas dos LEDs nas capturas.
37

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de Estudo

O estudo foi realizado no município de Chapadinha, localizado a 3°44’17” LS e


43°20’29” LW, abrangendo uma área de 3.247,383 km². A área do experimento situa-se no
povoado São Raimundo, na fazenda Vila Emídio, localizada a 32 km da sede do município
(Figura 8). A área possui altitude de 100 m acima do nível do mar, apresentando clima
tropical semi-úmido com temperatura média variando de 28ºC a 30ºC e precipitação média
anual de 1600 a 2000 milímetros. A estação seca estende-se de agosto a novembro e a
chuvosa de dezembro a julho (NOGUEIRA et al., 2012).

4.2 Delineamento experimental


O delineamento experimental foi realizado em duas áreas (Áreas I e II) da fazenda
distantes 110 metros uma da outra. A área I possui 16 x 25 metros e caracteriza-se por ser um
espaço aberto com a presença de um chiqueiro (onde as armadilhas foram instaladas),
galinheiros, curral (bovino) e estábulo (equinos). A área II mede 20 x 26 m, sendo
representada por apenas um chiqueiro, sem a presença de outros animais nas proximidades.
Em ambos os locais havia a presença de palmeiras (Attalea phalerata Mart.) no interior e fora
currais (SILVA et al., 2012; SILVA et al., 2016).
A área II apresenta um fragmento de mata localizado nas proximidades que
juntamente com as palmeiras contribuem para o sombreamento do ambiente. A selecão da
área de estudo teve como finalidade avaliar a atratividade dos LEDs na captura de espécies de
anofelinos no Município de Chapadinha-MA, conseguinte, priorizou-se a presença de
ambientes com coleções de águas e a presença de animais de médio porte, favorecendo a
presença de anofelinos. No sentido de padronizar a pesquisa, optou-se pelos suínos abrigados
em chiqueiros (SILVA et al., 2012; SILVA et al., 2016). A partir desses resultados o próximo
passo será testar os LEDs em áreas endêmicas da malária.

4.3 Escolhas das cores dos LEDs


A escolha das cores dos LEDs foi feita a partir de um teste piloto utilizando oito
armadilhas HP, das quais sete foram modificadas. As armadilhas modificadas tiveram suas
lâmpadas incandescentes convencionais substituídas por LEDs de cinco mm e de alto brilho,
38

das seguintes cores: azul, verde, branco, violeta, vermelho e um LED emissor infravermelho,
uma armadilha com lâmpada incandescente foi utilizada como controle. A partir desse teste
foi selecionada os LEDs com as cores verde e azul que destacaram-se como fonte de luz mais
atrativos para mosquito, além da lâmpada incandescente utilizada como controle.

Figura 8. Localização da área de estudo, fazenda Vila Emídio no Municipio de Chapadinha- MA.

4. 4 Descrição da armadilha

As coletas foram realizadas com seis armadilhas luminosas do tipo HP – Hoover


Pugedo (PUGEDO et al., 2005), quatro das seis HP foram modificadas de acordo com Silva et
al. (2015b) e as outras duas armadilhas não foram modificadas para serem utilizadas como
controle. Nas quatro armadilhas modificadas trocou-se a lâmpada incandescente pelo LED,
duas com LED azul e duas com LED verde. Os LEDs são de cinco mm e de alto brilho, tanto
na cor azul (470nm, 6,000mCD, 20-30o, 20mA, 72 mW) quanto verde (520nm, 15,000mCD,
20-30o, 20mA, 72mW) e a lâmpada incandescente possui 150mA e 3V. Para avaliação da
intensidade luminosa dos LEDs as armadilhas foram modificadas de acordo com Silva et al.
39

(2015b). Três armadilhas com o LED verde (520nm) com as intensidades 20.000m CD,
15.000 mCD e 10.000 mCD, e três armadilhas com o LED azul (470 nm) com as intensidades
4.000 mCD, 12.000 mCD e 15.000 mCD.

4.5 Amostragem I

O experimento foi realizado três vezes por semana em cada fase lunar (quarto
crescente, cheia, quarto minguante e nova) de julho a setembro de 2015 e fevereiro a março
de 2016, totalizando doze coletas em cada fase e quarenta e oito noites, no total. As coletas
foram realizadas das 18:00 h às 6:00 horas com intervalos de um a dois dias a cada coleta. Os
dados das fases da lua foram obtidos do site www.timeanddate.com (22/07/2015) localizado
em São Luís capital do estado á 198 km da área de estudo.
As armadilhas foram dispostas a 1,5 metros acima do solo, três foram alocadas na
área I e três na área II com LED azul, LED verde e lâmpada incandescente, totalizando seis
armadilhas. Foram colocadas três armadilhas em cada abrigo em pontos estratégicos
denominados A, B, C, com a distância entre 8 a 10 metros de cada ponto, distribuídos em
formato triangular em cada chiqueiro. Em cada noite de coleta, houve o rodízio das fontes
luminosas em todos os pontos. Os arranjos de montagem e posicionamento das armadilhas de
luz foram os mesmos do trabalho anterior de Silva et al. (2016) que avaliaram o uso de LEDs
como uma fonte de luz alternativa para a amostragem de flebotomíneos. No total foram
realizadas 94 coletas, sendo 46 na área I e 48 na área II, e o esforço de captura foi de 3.384
horas.

4. 6 Amostragem II
As coletas foram realizadas em dias alternados na semana, das 18:00 às 6:00 horas,
no período de julho a outubro de 2016. As armadilhas foram dispostas a 1,5 metros acima do
solo, três armadilhas com LEDs de cor verde e intensidades diferentes foram alocadas na área
I e três na área II com LED de cor azul com diferentes intensidades. Foram colocadas três
armadilhas em cada abrigo em pontos estratégicos com a distância de 8 metros entre cada
ponto, distribuídos em formato triangular em cada chiqueiro. Em cada noite de coleta, houve
o rodízio das fontes luminosas em todos os pontos. Compreendendo 15 noites, num total de
1080 horas nos dois abrigos.

4.7 Identificação das espécies de anofelinos


40

Após cada coleta os insetos foram transportados para o Laboratório de Entomologia


Médica-UFMA (LEME), onde foram sacrificados com acetato de etila (C4H8O2), e em
seguida retirados dos recipientes de filó, triados e transferidos para potes de plásticos
devidamente etiquetados, e posteriormente as espécies foram identificadas no LEME e no
Laboratorio de Entomologia e Vetores-UFMA (LEV) de acordo com (CONSOLI &
LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994). Abreviações de gêneros e subgêneros seguem Reinert
(2009). Para os exemplares que não apresentavam caracteres como escamas nas asas e tarsos
posteriores não foi possível identificar à nivel de espécie. As espécies de anofelinos
identificadas encontram-se na coleção entomológica da Universidade Federal do Maranhão
(UFMA).

4.8 Análise estatística I


O teste de Kolmogorov-Smirnov foi realizado para avaliar a normalidade da
distribuição dos dados. Os testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney foram
empregados para comparar a abundância de indivíduos nas fontes luminosas e avaliar as
comparações entre os pares, além da influência das fases lunares nas capturas,
respectivamente. A significância estatística foi encontrada quando p<0,05. Tais análises
foram realizadas por meio Software Prisma (GraphPad – San Diego, CA). Para análise da
correlação entre as fontes luminosa natural e artificial utilizou-se o teste de regressão de
Poisson no Software Stata 12.

4. 9 Análises estatísticas II
O teste de Kolmogorov-Smirnov foi realizado para avaliar a normalidade da
distribuição dos dados. Os testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney foram
empregados para avaliar a anormalidade da distribuição de dados. Quando o critério de
normalidade não foi atendido, os dados foram transformados em Log10 antes da análise. Em
caso da distribuição normal foi utilizado o teste de análise de variância e T de Student. Foram
feitas também a correlação de Pearson para relacionar as duas variáveis (número de
indivíduos e a intensidade luminosa). A significância estatística foi encontrada quando
p<0,05. Tais análises foram realizadas através do Software Prisma (GraphPad – San Diego,
CA).
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49

CAPITULO I
ARTIGO ORIGINAL
LED (LIGHT-EMITTING DIODE) MELHORA A CAPTURA DE MOSQUITO
ANOFELINO POR ARMADILHA LUMINOSA
50

Costa-Neta et al.: LED como atrativo para Laboratório de Entomologia Médica,


anofelinos Centro de Ciências Agrárias e
Ambientais, Universidade Federal do
Journal of Medical Entomology Vector Maranhão, Chapadinha, MA, 65500-
Control, Pest Management, Resistance, 000, Brasil.
Repellents Fone: +559832729937
E-mail: [email protected]

LED (light-emitting diode) melhora a captura de mosquito anofelino por armadilha


luminosa

B. M. Costa-Neta1,2,4, A. A. da Silva1,4, J. M. Brito1,3,4, J. L. P. Moraes2, J. M. M. Rebêlo2,4,


F. S. Silva1,4,5

1 Laboratório de Entomologia Médica, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais,

Universidade Federal do Maranhão, CEP: 65500-00, Chapadinha, MA, Brasil.

2 Laboratório de Entomologia e Vetores, Departamento de Biologia, Universidade Federal do

Maranhão, CEP: 65080-805. São Luís, MA, Brasil.

3 Laboratório de Imunofisiologia, Departamento de Patologia, Universidade Federal do

Maranhão, CEP: 65080-805. São Luís, MA, Brasil.

4 Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Maranhão,

CEP: 65080-805. São Luís, MA, Brasil.

5 Autor correpondente, e-mail: [email protected].


51

1 Resumo. Várias vantagens no uso de LED em relação a lâmpadas incandescentes

2 convencionais favorecem o uso de diodos emissores de luz como uma fonte luminosa

3 alternativa e barata para a captura de insetos de importância médica em estudos de vigilância.

4 Estudos foram realizados a fim de verificar a resposta de mosquitos a diferentes

5 comprimentos de onda, porém dados sobre atração de mosquitos anofelinos por LED ainda

6 são limitados. Armadilhas de luz do tipo CDC (Centros de controle e prevenção de doenças)

7 foram ligeiramente modificados com a substituição de lâmpadas incandescente convencionais

8 por LEDs de 5 mm, verde (520 nm) e a outra de cor azul de 470 nm. Para testar a influência

9 da luminosidade da lua sobre as capturas com o LED, os experimentos foram conduzidos

10 durante as quatro fases lunares de cada mês do período de estudo. Um total de 1.845

11 espécimes distribuídos em oito espécies de anofelinos foi encontrado. Anopheles

12 (Nyssorhynchus) evansae (35.2%) foi a mais frequente, seguida por An. (Nys.) triannulatus

13 s.l. (21.9%), An. (Nys.) goeldii (12.9%) e An. (Nys.) argyritarsis (11.5%). O LED verde foi à

14 fonte de luz mais atrativa, representando 43,3% dos indivíduos, seguida da luz azul (31,8%) e

15 o controle (24,9%). As armadilhas com LED foram significativamente mais atrativas do que o

16 controle, independentemente da fase lunar. A eficiência dos LEDs aperfeiçoa os resultados de

17 captura com luz, sugere-se o uso de LEDs como um atrativo para mosquitos anofelinos, o que

18 deve ser levado em consideração nas atividades de monitoramento de populações de

19 mosquitos.

20

21 Palavras-Chave: Armadilha com diodos emissores de luz, Anopheles, controle vetorial,

22 armadilha luminosa

23
52

24 A malária é uma doença parasitária disseminada, transmitida de pessoa a pessoa através da

25 picada de mosquitos culicídeos (Diptera: Nematocera) do gênero Anopheles Meigen da

26 subfamília Anophelinae (Reinert 2009). Este gênero é composto por mais de 465 espécies

27 formalmente reconhecidas e distribuídas em regiões tropicais e temperadas do mundo. Desse

28 número, cerca de 70 espécies são vetores competentes capazes de transmitir parasitas de

29 malária aos seres humanos e 41 são consideradas espécies vetores dominantes (Sinka et al.

30 2012).

31 No Brasil, a malária é um problema de saúde muito comum, endêmica nos nove

32 estados amazônicos (MS 2013, 2015) incluindo Maranhão, onde este estudo foi realizado. As

33 espécies de Anopheles mais importantes do ponto de vista médico no Brasil são An. darlingi,

34 An. aquasalis, An. albitarsis s.l., An. cruzii e An. bellator (Deane 1986,1989).

35 Atualmente, existem diversas técnicas baseadas em propriedades químicas, biológicas

36 e físicas para amostragem da fauna de Anopheles. As técnicas químicas incluem o uso de

37 compostos associados ao hospedeiro, tais como atrativo de longa distância como CO2 e os

38 voláteis oriundos das glândulas sudorípas. Estas técnicas têm sido usadas com sucesso em

39 combinação com Mosquito Landing Box (MLB), Resting Box (RB), BG sentinela e MM-X

40 armadilha para a captura de mosquitos anofelinos (Kweka et al. 2009, Govella et al. 2011,

41 Gama et al. 2013, Kweka et al. 2013, Lima et al. 2014). As técnicas biológicas incluem

42 atração humanas ou animais, muitas vezes em conjunto com técnicas físicas, tais como

43 armadilhas do tipo Shannon, Ifakara Tent Trap (ITT), CDC (Centros de Controle e Prevenção

44 de Doenças) (Gama et al. 2007, Govella et al. 2011, Gama et al. 2013, Lima et al. 2014).

45 Neste contexto, a captura com atração humana é considerado o método padrão-ouro para

46 determinar o contato mosquito-homem, porém expõe os coletores a uma variedade de

47 patógenos transmitidos por mosquitos que se alimentam de sangue (Gama et al. 2013).
53

48 Entre as técnicas físicas, as armadilhas luminosa do tipo CDC (Sudia e Chamberlain

49 1962, Service 1963, Pugedo et al. 2005) foram extensivamente testadas e usadas como uma

50 ferramenta de levantamento para monitorar populações de dípteros de importância médica.

51 Uma das principais vantagens das armadilhas luminosas é que os coletores não são expostos

52 ao risco de contrair infecções transmitidas por vetores, um problema ético comum como

53 captura de atração humana na vigilância da malária. As capturas com atração humana,

54 armadilhas de luz também podem ser usadas como um estimador da taxa de picadas de

55 mosquitos (Davies et al. 1995, Costantini et al. 1998, Magbity et al. 2002).

56 Vários fatores podem afetar a eficiência da armadilha, tais como iluminação de

57 ambiente, diferentes comprimentos de onda, intensidade de luz, movimento do ar, altura e cor

58 da armadilha (Barr et al. 1960, 1963, Wilton e Fay 1972, Alan et al. 1987, Nowinszky 2004,

59 Shone et al. 2006). Em vista de tais restrições, uma série de modificaçãoes foram propostas

60 para melhorar os métodos de captura com luz (por exemplo, Burkett et al. 2001, Kline 2006,

61 Barnard et al. 2011, Obenauer et al. 2013). A iluminação do ambiente é um dos fatores

62 ambientais mais importantes que afetam a eficiência da armadilha da luz. Nesse contexto, a

63 influência das fases lunares tem um efeito competitivo sobre a atratividade das armadilhas

64 (Bowden e Church 1973, Nowinszky 2004, Rubio-Palis, 1992).

65 Recentemente, o uso da tecnologia de diodos emissores de luz (LED) tem sido testado

66 e usado como fonte de luz para atração de insetos vetores adultos (Silva et al. 2014, Silva et

67 al. 2016, Kim et al. 2016). O uso de LEDs como fonte luminosa em substituição a lâmpadas

68 incandescentes convencional, em estudos de vigilância entomológica traz muitas vantagens,

69 como baixo custo, difícil de danificar, durabilidade, rara necessidade de substituição e a

70 possibilidade de emitir vários comprimentos de ondas de cores especificas variando de 350 a

71 700 nm (Burkett et al. 1998, Cohnstaedt et al. 2008). Estas características favorecem o uso de

72 LEDs como uma fonte de luz alternativa e barata para a amostragem de insetos de
54

73 importância médica em estudos de vigilância. Ao contrário dos LEDs, as lâmpadas

74 incandescentes emitem luz na porção do espectro infravermelho e aproximadamente 95% de

75 sua radiação é emitida em forma de calor (Cohnstaedt et al. 2008), que é invisível para a

76 maioria dos insetos (Briscoe e Chittka 2001).

77 Vários estudos foram conduzidos a fim de conhecer a resposta de mosquitos a

78 diferentes comprimentos de onda ou intensidades de luz, buscando uma fonte de luz

79 alternativa como atrativo (Burket et al. 1998, Silva et al. 2014). No entanto, os dados sobre a

80 preferência de comprimentos de onda de mosquito anofelino são limitados. No Brasil, poucos

81 estudos direcionados ao uso de armadilhas com luz LED em inquérito entomológico de

82 vetores, mostraram que os comprimentos de onda na faixa de azul para verde são as melhores

83 alternativas para amostragem de insetos vetores em comparação com lâmpadas

84 incandescentes (Silva et al. 2014, Silva et al. 2015 a, b, 2016). O presente estudo teve como

85 objetivo avaliar a resposta de algumas espécies de anofelinos aos LEDs em uma área

86 peridomiciliar no Nordeste do Brasil, em busca de uma estratégia eficaz e de baixo custo para

87 o monitoramento de anofelinos e contribuir para a melhoria contínua de métodos de captura

88 com luz.

89

90 Material e Métodos

91

92 Área de estudo. Este estudo foi realizado em uma fazenda (3°44′17′′ S, 43°20′29′′ W)

93 no noroeste do Maranhão, Brasil. A região possui um clima tropical semi-úmido, com uma

94 altitude máxima de 100 metros. A temperatura anual varia de 28 a 30ºC. A estação chuvosa

95 inicia em Janeiro e encerra em Junho, com precipitação média anual de 1.600 a 2.000mm. A

96 estação seca está entre os meses de Julho a Dezembro (Nogueira et al. 2012).
55

97 Dois locais de estudo foram selecionados para a amostragem de mosquitos: Locais I e

98 II, espaçado por 110 metros. O local I é uma área aberta com características típicas de

99 ambiente pecuário, representados por um chiqueiro de porco e um curral de gado. O local II é

100 representado unicamente por um chiqueiro e uma área de floresta localizada nas

101 proximidades. As duas áreas possuíam palmeira da espécie Attalea phalerata Mart.,

102 distribuídas dentro e fora dos chiqueiros dos animais. Os chiqueiros dois locais foram

103 selecionados para a amostragem.

104

105 Modificação das armadilhas luminosas. Para avaliar a resposta dos anofelinos aos

106 LEDs, as armadilhas de luz do tipo CDC (Pugedo et al. 2005) foram ligeiramente modificadas

107 com a substituição da lâmpada incandescente convencional por LED de acordo com Silva et

108 al. (2015 a,b, 2016). Foram utilizadas duas lâmpadas LED de alta intensidade de 5 mm

109 (Mollesmell Technology CO, Ltd, China), uma a 520 nm (± 5 nm) (luz verde, 15 000 mCD,

110 20-30 °, 20 mA, 72 mW - MLL5G30-1416 ) e outra a 470 nm (± 5 nm) (luz azul, 470 nm,

111 6000 mCD, 20-30 °, 20 mA, 72 mW - MLL5B30-0608). Um total de seis armadilhas do tipo

112 CDC foi utilizado, quatro modificadas (duas armadilhas com luz verde de 520 nm, duas

113 armadilhas com luz azul de 470 nm) e as outras duas não modificadas (lâmpada incandescente

114 - 150 mA, 3 V) que foram utilizadas como controle.

115 Estes dois comprimentos de onda foram escolhidos com base num estudo anterior

116 (dados não publicados) do nosso grupo, em que as luzes verde e azul eram as fontes de luz

117 mais atraentes (para mosquitos, flebotomíneos e maruins) de um total de seis LEDs (verde,

118 azul, vermelho, amarelo, ultravioleta e branco). Entre os comprimentos de onda testados, a

119 armadilha com luz vermelha capturou o menor número de espécimes e espécies no nosso

120 estudo piloto acima mencionado.

121
56

122 Coleção de Anofelinos. Mosquitos adultos foram capturados três vezes por semana, de

123 18:00 as 6:00 horas de julho a setembro de 2015 e de fevereiro a março de 2016, totalizando

124 48 noites de trabalho. Armadilhas luminosas foram colocadas a 1,5 metros acima do solo e

125 distantes entre si 8 a 10 metros em uma disposição triangular. As armadilhas eram trocadas de

126 lugar todas as noites. Para testar a influência da luminosidade da lua nas capturas com o

127 LED, os experimentos foram realizados durantes as quatro fases lunares de cada mês do

128 período de estudo. Os dados de lua (crescente, cheia, minguante e lua nova) foram obtidos do

129 site www.timeanddate.com (localizado em São Luís, 230 Km da área de estudo). Os arranjos

130 de montagem e posicionamento das armadilhas luminosas eram os mesmo do trabalho

131 anterior de Silva et al. (2016) que avaliaram o uso de LED como uma fonte de luz alternativa

132 para amostragem de flebotomíneos.

133 No final de cada noite de coleta, os mosquitos foram sacrificados com vapores de

134 acetato de etila no Laboratório de Entomologia Médica para contagem e identificação de

135 acordo com Consoli e Oliveira (1994). A abreviação de gênero e subgênero segue Reinert

136 (2009). Todos os espécimes foram depositados na coleção entomológica da Universidade

137 Federal do Maranhão, estado do Maranhão, Brasil.

138

139 Análise estatistica. Foi realizado o teste não paramétrico Kruskal-Wallis H, seguido do

140 teste de Mann-Whitney U-test para testar as diferenças de significância no número de

141 mosquitos nas armadilhas luminosas. A significância estatística foi estabelecida em P <0,05.

142 A normalidade da distribuição dos dados foi verificada com o teste de Kolmogorov-Smirnov.

143 Todos estes dados foram analisados utilizando o software Prism (GraphPad, San Diego, CA).

144 A regressão de Poisson foi usada para esclarecer melhor a correlação entre as fontes de luz

145 natural e artificial usando o software Stata 12 (StataCorp, College Station, TX, EUA).

146
57

147 Resultados

148

149 Um total de 1.845 espécimes distribuídas em oito espécies de anofelino foi

150 encontrado (Tabela 1). Anopheles (Nyssorhynchus) evansae (35.2%) foi a mais coletada,

151 seguida de An. (Nys.) triannulatus s.l. (21.9%), An. (Nys.) goeldii (12.9%) e An. (Nys.)

152 argyritarsis (11.5%). As outras espécies compreenderam 18,5% do número total de

153 espécimes. Cerca de 16% dos espécimes foram danificados durante a coleta, tornando-os

154 difíceis de serem identificados.

155 O LED verde foi à fonte luminosa mais atrativa (43.3%, 8.5 ± 1.3/média ± SEM),

156 seguido da luz azul (31.8%, 6.4 ± 0.8/média ± SEM) e o controle (24.9%, 4.7 ± 0.7/média ±

157 SEM) (Tabela 1). O LED verde foi mais atrativo do que o controle (U = 3300, P = 0.0026), no

158 entanto não apresentou diferença em relação ao LED azul (U = 3739, P = 0.0674). Não houve

159 diferenças significativas entre o LED azul e o controle (U = 4065, P = 0.3401) (Fig. 1).

160 Todos os mosquitos anofelinos apresentavam atração ao LED (Tabela 1). A resposta

161 da atratividade ao LED foi significativa apenas para An. argyritarsis, que foi frequentemente

162 coletado na armadilha com LED verde do que o controle (U = 429,0, P = 0,0393) (Tabela 2).

163 Duas espécies, An. albitarsis s.l. e An. rangeli, foram atraídos exclusivamente pelo LED verde

164 (Tabela 1).

165 Para avaliar o efeito da iluminação do ambiente na resposta de insetos a armadilha de

166 LED, os dados foram analisados de acordo com as fases da lua. O céu estava sem presença de

167 estrelas durante todas as noites de coleta. Em geral, a análise mostrou que a eficiência atrativa

168 das armadilhas de luz foi afetada pela iluminação lunar, tendo-se observado uma redução do

169 número de mosquito durante a lua cheia. A sequência de abundância (média ± SEM) das

170 espécies combinadas e relacionada com as fases lunares foi a seguinte: lua nova (9,8 ± 1,54)

171 lua minguante (6,6 ± 0,86) lua cheia (5,3 ± 1.01) e lua crescente (4,2 ± 1,02). Diferença
58

172 significativa foi encontrada entre a lua nova e a crescente (U = 1326, P = 0,0001), entre a lua

173 cheia e a minguante (U = 1932, P = 0,0079), lua crescente e minguante (U = 1389, P =

174 0,0001) e lua nova e cheia (U=1788, P = 0,0012) (fig. 2).

175 Observou-se que o número de mosquitos capturados foi inversamente proporcional à

176 iluminação do ambiente, independentemente da fonte de luz testada. Em comparação com o

177 controle, a armadilha de LED verde foi significativamente mais atrativa na lua cheia (U =

178 185,5, P = 0,0335) e na lua minguante (U = 156,5, P = 0,0066). Não foi observada diferença

179 estatística nas fases lunar cheia e crescente quando comparadas com as três fontes de luz

180 (Tabela 3). De acordo com a regressão de Poisson, as armadilhas com LED foram

181 significativamente mais atrativas que o controle, independentemente da fase lunar (Tabela 4).

182

183 Discussão

184

185 As espécies de anofelinos encontradas no presente estudo já foram registradas em

186 outras partes do estado do Maranhão, que também apresentou An. evansae, An. triannulatus

187 s.l., An. goeldii, e An. argyritarsis como espécies mais frequentes (Oliveira-Pereira e Rebêlo

188 2000, Rebêlo et al. 2007). Vale ressaltar que, com base na genitália masculina e nas manchas

189 escuras e pálidas das asas das fêmeas (Sant’Ana et al. 2015), An. goeldii foi identificado de

190 forma incorreta como An. nuneztovari em literatura anterior no Maranhão. De acordo com

191 Calado et al. (2008), que usaram marcadores moleculares para examinar o status taxonômico

192 de An. nuneztovari, os registros desta espécie a leste dos rios Amazonas e Solimões são de

193 An. goeldii, apoiando os dados do estado do Maranhão, que fica a leste do rio Amazonas.

194 O uso de LEDs foi incentivado por inúmeras vantagens sobre as fontes de luz que têm

195 sido empregadas até agora. No presente estudo, as armadilhas com luzes LED eram as fontes

196 de luz mais atrativas em comparação com as lâmpadas incandescentes convencionais. Embora
59

197 sem diferença estatística, as armadilhas com LEDs verdes e azuis atraíram o maior número de

198 mosquitos no estudo de Silva et al. (2014), semelhante ao observado no presente estudo. A luz

199 LED verde-azul também foi à fonte de luz mais atrativa para outros insetos que sugam sangue

200 (Bishop et al. 2004, 2006, Silva et al. 2015a, b, Silva et al. 2016). Os comprimentos de onda

201 azul-esverdeado mais curtos (400-600 nm) foram determinantes para atrair significativamente

202 mais mosquitos do que os comprimentos de onda mais longos (Brown & Bennett, 1981;

203 Bentley et al., 2009).

204 Geralmente, as capturas de insetos com armadilha luminosa são afetadas pela lua

205 (Provost, 1959, Bowden & Church, 1973, Nowinszky, 2004), havendo um declínio na captura

206 sob a influência da lua. Acredita-se que seja o resultado de um efeito competitivo da lua com

207 a luz da armadilha (Bowden, 1973). No momento da lua cheia, embora tenha sido observada

208 uma captura reduzida, a armadilha de LED verde foi estatisticamente mais atrativa do que o

209 controle. Indicando que luz com LED verde foi menos afetada pelo efeito competitivo da lua

210 do que a luz do controle. Na verdade, o número de indivíduos atraídos para a armadilha do

211 LED verde na lua cheia foi comparativamente semelhante ao número de indivíduos atraídos

212 para a lâmpada incandescente na lua nova.

213 As capturas com luzes verdes e incandescentes foram menores na lua crescente do que

214 na lua cheia. Os tempos de ascensão da lua têm uma influência importante nas capturas. No

215 início das coletas (18:00), a lua já está bem alta na fase crescente, porque neste período o

216 satélite nasce ao meio dia e se põe a meia noite. Como a lua cheia sobe ao pôr-do-sol e se

217 põe ao nascer do sol, a noite é inicialmente mais escura do que na lua crescente,

218 principalmente no terceiro dia de coleta porque o nascer da lua é atrasado em dias sucessivos

219 por cerca de 50 minutos por dia.

220 O contraste de cores é um fator importante na atração visual (Alan et al. 1987), em

221 geral a superioridade do LED verde sobre a luz incandescente ocorre porque o comprimento
60

222 de onda da luz verde oferece maior contraste contra ao plano de fundo do que a luz do

223 controle, principalmente na lua nova. A atratividade das armadilhas LED é afetada por

224 diferentes intensidades luminosas (dados não publicados), talvez aumentando ou diminuindo

225 o contraste com o plano de fundo, mas estudos adicionais específicos são necessários para

226 determinar esses efeitos.

227 Em conclusão, a captura de mosquito anofelino foi mais eficiente quando a lâmpada

228 incandescente convencional foi substituída pelo LED verde, independentemente da fase da

229 lua, mostrando que a eficiência da armadilha luminosa é cada vez melhor devido ao uso de

230 LEDs. Como a eficiência dos LEDs melhora o aprisionamento de luz, sugere-se que o uso de

231 LEDs como atrativo para mosquitos anofelinos deve ser levado em consideração nas

232 atividades de controle de mosquitos, não apenas por causa da eficiência atrativa dos LEDs,

233 mas também por outras grandes vantagens sobre a lâmpada incandescente convencional.

234

235 Agradecimentos

236 Somos gratos ao Sr. Benedito e sua familia pela cooperação em permitir utilizar sua

237 propriedade. BMCN agradece FAPEMA (Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado do

238 Maranhão) pela bolsa concedida. Agradecemos Professora Alcione Miranda e Ciro dos Santos

239 pela assistência na analise dos dados. Agostinho Cardoso Pereira dos Santos pela ajuda na

240 identificação das espécies.


61

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67

12
**
Média de indivíduos

0
verde azul controle
Fonte de Luz

Fig. 1 Média (± SEM) do número de indivíduos capturados em armadilha luminosa do tipo

CDC usando diodo emissor de luz e lâmpada incandescente como controle. (**) diferença

estatística (Mann –Whitney U-test)


68

15
***
Média de indivíduos **
10 **
***

0
Crescente Cheia Minguante Nova
Fases Lunares
Fig. 2 Média (± SEM) do número de indivíduos capturados em armadilhas luminosas do tipo
CDC usando diodo emissor de luz e lâmpada incandescente durante as fases lunares. (**)
diferença estatística (Mann –Whitney U-test)
69

Tabela 1 Espécies anofelinos capturados com armadilha luminosa do tipo CDC usando diodos emissores de
luz e lâmpada incandescente como controle em uma área pecuária do Nordeste do Brasil
Espécies Verde Azul Controle Total (%)

An. (Nys.) evansae (Brethés, 1926) 294 204 152 650 (35.2)

An. (Nys.) triannulatus s.l. (Neiva & Pinto, 1922) 160 134 110 404 (21.9)

Anopheles spp.* 143 83 80 306 (16.6)

An. (Nys.) goeldii (Rozeboom & Gabaldón, 1941) 84 89 65 238 (12.9)

An. (Nys.) argyritarsis (Robineau Desvoidy, 1827) 106 64 42 212 (11.5)

An. (Nys.) darlingi (Root, 1926) 7 12 7 26 (1.4)

An. (Nys.) galvaoi (Causey, Deane & Deane,1943) 3 1 3 7 (0.3)

An. (Nys.) albitarsis s. l.


1 0 0 1 (0.1)
(Lynch Arribálzaga,1878)

An. (Nys.) rangeli (Gabaldón, Cova-Garcia & Lopez, 1940) 1 0 0 1 (0.1)

Número de espécimes 799 587 459 1845

Porcentagem 43.3 31.8 24.9 100.0

*espécimes danificados
70

Tabela 2 Média do número das quarto espécies de anofelinos mais frequentes (± SEM)
capturadas com armadilhas luminosas do tipo CDC modificadas em uma área pecuária do
Brasil
LEDs An. evansae An. triannulatus An. goeldii An. argyritarsis

Verde 7.000 ± 1.498 4.324 ± 0.7414 2.333 ± 0.3086 2.524 ± 0.3783*

Azul 5.231 ± 0.9304 4.786 ± 1.179 2.543 ± 0.5351 2.370 ± 0.4105

Controle 4.222 ± 0.8424 4.583 ± 0.9226 2.031 ± 02519 1.500 ± 0.1409*

*diferença estatistica (Mann-Whitney U-test); controle = lâmpada incandescente


71

Tabela 3 Média do número de mosquitos (± SEM) coletados em diferentes fases lunares com
armadilhas luminosa do tipo CDC em uma area pecuária do Brasil
Fonte de luz lua crescente lua cheia lua minguante lua nova

Verde 4.727 ± 2.204 8.125 ± 2.540* 9.000 ± 1.733* 11.79 ± 3.586

Azul 5.045 ± 2.043 4.042 ± 1.040 6.417 ± 1.328 9.875 ± 2.356

Controle 2.727 ± 0.7153 3.792 ± 1.172* 4.625 ± 1.324* 7.750 ± 1.795

*diferença estatistica (Mann-Whitney U-test); controle = lâmpada incandescente


72

Tabela 4 Coeficiente do modelo de regressão de Poisson multivariada e seus respectivos


intervalos de confiança (IC)
Interação Coeficiente IC 95% P valor

Lua cheia 0.244 0.089-0.399 <0.002

Lua minguante 0.472 0.323-0.620 <0.001

Lua nova 0.855 0.716-0.995 <0.001

Verde 0.577 0.461-0.693 <0.001

Azul 0.290 0.168-0.412 <0.001

IC = intervalo de confiança
73

CAPITULO II
ARTIGO ORGINAL
EFEITO DA INTENSIDADE LUMINOSA DOS LEDS NA CAPTURA DE
ANOFELINOS (DIPTERA: CULICIDAE)
74

EFEITO DA INTENSIDADE LUMINOSA DOS LEDS NA CAPTURA DE


ANOFELINOS (DIPTERA: CULICIDAE)

B. M.Costa-Neta1,2,4, A. R. Lima-Neto1, A. A. da Silva1,2,4, J. M. Brito1,3,4, J. V. C. Aguiar1, I.


S. Ponte1, J.M.M. Rebêlo2,4 e F.S. Silva1,4*.

RESUMO

O uso de LEDs em armadilhas luminosas foi avaliado e comparado com a lâmpada


incandescente convencional em estudos anteriores na captura de alguns tipos de insetos
vetores como exemplo: flebotomineos, Culicoides e anofelinos. Conhecer os fatores que
influenciam a eficiência das armadilhas de luz, como a intensidade da luz, é de grande
interesse para uma campanha entomológica bem-sucedida. O presente estudo teve como
objetivo avaliar o efeito da intensidade da luz nas capturas de mosquitos anofelinos com
LEDs em área peridomiciliar no Nordeste do Brasil. O estudo foi realizado na zona rural do
município de Chapadinha-MA, utilizou-se seis armadilhas luminosa do tipo CDC com LEDs
de alta intensidade de 5 mm com três intensidades de luz diferentes para cada cor: três
armadilhas com LED azul (4.000 mCD, 12.000 mCD e 15.000 mCD) e três armadilhas com
LED verde (10.000 mCD, 15.000 mCD e 20.000 mCD). No experimento foram amostrados
1.650 espécimes e cinco espécies do gênero Anopheles (An. argyritarsis, An. evansae, An.
triannulatus s.l., An. goeldii e An. darlingi). A armadilha LED azul atraiu 57,75% dos
mosquitos anofelinos. Quanto às intensidades o LED verde de 20.000mCD obteve maior
atratividade com 39,2 % em relação às demais intensidades. Enquanto o LED azul de
15.000mCD atraiu 50,2% dos individuos capturados. Os resultados mostraram que quanto
maior a intensidade da luz, mais mosquitos anofelinos foram capturados em armadilhas de
LED. Desta forma, a intensidade da luz deve ser considerada em estudos entomológicos
quando se utilizam armadilhas luminosas.

Palavras-chave: Armadilha luminosa. LED. Anopheles. Técnica de captura.


_______________________________

1- Laboratory of Medical Entomology, Center for Agrarian and Environmental Sciences, Federal University of
Maranhão, CEP: 65500-00, Chapadinha, MA, Brasil.
2 - Laboratório de Entomologia e Vetores, Departamento de Biologia, Universidade Federal do Maranhão, CEP:
65080-805. São Luís, MA, Brasil.
3 - Laboratório de Imunofisiologia, Departamento de Patologia, Universidade Federal do Maranhão, CEP:
65080-805. São Luís, MA, Brasil.
4 - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Maranhão, CEP: 65080-805.
São Luís, MA, Brasil.
* Corresponding author: [email protected]
75

1 INTRODUÇÃO

Os mosquitos pertencentes ao gênero Anopheles (Diptera: Culicidae) respondem pela


transmissão de protozoários intracelulares do gênero Plasmodium, agentes causadores da
malária ao homem. As fêmeas são hematófagas e devido a esta característica podem utilizar o
homem como fonte de repasto sanguíneo, sendo que nesta ocasião, estando infectadas, ocorre
a transmissão dos plasmódios a seus hospedeiros alimentares (FRANÇA et al., 2008).
Por ser de difícil controle, um dos grandes desafios das campanhas antimaláricas é
desenvolver uma técnica eficiente para ser utilizada no monitoramento dos mosquitos
anofelinos, principalmente em áreas endêmicas. Atualmente estão disponíveis no mercado
várias técnicas de captura baseadas em propriedades biológicas, químicas e físicas
empregadas nos inquéritos entomológicos (KWEKA et al., 2009; KWEKA et al., 2013;
GAMA et al., 2013; LIMA et al., 2014).
Várias armadilhas têm sido utilizadas na amostragem de mosquitos, são exemplos:
barraca de Shannon, Ifakara Tent Trap (ITT), Mosquito Landing Box (MLB), Resting Box
(RB), BG sentinela, armadilha luminosa do tipo CDC (Centers for Disease Control and
Prevention), entre outras. Essas armadilhas têm sido uma ferrramenta importante para o
monitoramento de populações de dípteros, principalmente as armadilhas luminosas que
diminui a exposição do homem de contrair infecção transmitida por vetores durante o
inquérito entomológico (DAVIES et al., 1995; COSTANTINI et al., 1998; MAGBITY et al.,
2002).
A intensidade da luz é um dos fatores que podem interferir na eficiência das
armadilhas luminosas, melhorando e ampliando o seu desempenho (BARR et al., 1960, 1963;
WILTON & FAY, 1972; ALAN et al., 1987; NOWINSZKY, 2004; SHONE et al., 2006). Os
insetos apresentam uma sensibilidade espectral em sua visão, além disso, possuem células
fotorreceptoras que alteram a sensibilidade, o que auxiliam na preferência por uma
determinada cor ou intensidade luminosa (BRISCOE & CHITTKA, 2001). Barr et al. (1960),
através de lâmpadas brancas com diferentes voltagens, observaram que a intensidade
luminosa influência diretamente na captura dos mosquitos, portanto quanto maior a
intensidade, maior o número de insetos coletados. Os estudos indicam que a cor da fonte
luminosa não é o principal atrativo da armadilha, pois a intensidade luminosa também
apresenta um efeito proporcional ao número de indivíduos capturados.
Nesse contexto, diversas pesquisas foram desenvolvidas com a finalidade de
entender como se dá a resposta dos mosquitos a diferentes comprimentos de ondas e à
76

intensidade luminosa (BARR et al., 1960; WILTON & FAY, 1972; BURKETT et al., 1998;
BENTLEY et al., 2009; SILVA et al., 2014).
O uso de diodos emissores de luz (LEDs) tem apresentado bons resultados na
atratividade de insetos vetores (BURKETT et al., 1998; BISHOP et al., 2004; HOEL et al.,
2007; MANN et al., 2009; JENKINS & YOUNG, 2010; SILVA et al., 2014; SILVA et al.,
2015 a, b; 2016, KIM et al., 2016). A utilização dos LEDs no estudo da vigilância
entomológica tem apresentado resultados satisfatórios, visto que os LEDs possuem várias
vantagens em relação à lâmpada incandescente convencional.
A disponibilidade de LEDs de cores e intensidades variadas possibilita o emprego
destas fontes de luz em estudos entomológicos diversos. Os estudos anteriores sobre
intensidade luminosa abordavam o assunto com uma tecnologia ainda precária em relação aos
dias de hoje, mas mesmo assim os resultados foram conclusivos, ou seja, quanto maior a
intensidade luminosa maior o número de mosquitos atraídos e coletados (BARR et al., 1963).
No entanto, com a tecnologia LED ainda não foi estudada a influência de diferentes
intensidades luminosas nas capturas de insetos de interesse médico, como os vetores da
malária. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da intensidade
luminosa a partir de armadilhas contendo LEDs nas capturas de mosquitos anofelinos em uma
área peridomiciliar no Nordeste do Brasil. O conhecimento da resposta visual dos anofelinos
às diferentes intensidades luminosas é de extrema importância para a ciência, uma vez que vai
melhorar o monitoramento de espécies vetoras e os programas de controle vetorial, pois este
tipo de estudo é incipiente no Brasil.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2. 1 Área de estudo
A pesquisa foi desenvolvida no município de Chapadinha, situado a (3°44’17”S,
43°20’29”) no noroeste do Maranhão, Brasil. O clima tropical semi-úmido é característico da
região, apresentando uma estação chuvosa bem definida entre janeiro a julho, seguido pelo
um período de seca que vai de julho a dezembro. Os índices pluviométricos variam de 1.500
mm a 2000 mm e a temperatura média varia de 28ºC a 30ºC (NOGUEIRA et al., 2012).

2.2. Delineamento experimental


O presente trabalho foi realizado em duas áreas (Áreas I e II) com distância de 110
metros uma da outra. A área I possui 16 x 25 metros e caracteriza-se por ser um espaço aberto
77

com a presença de um chiqueiro (onde as armadilhas foram instaladas), galinheiros, curral


(bovino) e estábulo (equinos). A área II mede 20 x 26 m, representada por apenas um
chiqueiro, sem a presença de outros animais nas proximidades. Em ambos os locais havia a
presença de palmeiras (Attalea phalerata Mart.) (SILVA et al., 2012; SILVA et al., 2016). A
área II apresenta ainda um fragmento de mata localizado nas proximidades que juntamente
com as palmeiras contribuem para o sombreamento do ambiente (SILVA et al., 2012; SILVA
et al., 2016).
As coletas foram realizadas com seis armadilhas luminosas do tipo HP – Hoover
Pugedo (PUGEDO et al., 2005), que foram modificadas de acordo com Silva et al. (2015b).
Três armadilhas com o LED verde (520nm) com as intensidades 20.000m CD, 15.000 mCD e
10.000 mCD, e três armadilhas com o LED azul (470 nm) com as intensidades 4.000 mCD,
12.000 mCD e 15.000 mCD.

2. 3 Amostragem
As coletas foram realizadas em dias alternados na semana, das 18:00 às 6:00 horas,
no período de julho a outubro de 2016. As armadilhas foram dispostas a 1,5 metros acima do
solo, três armadilhas com LEDs de cor verde e intensidades diferentes foram alocadas na área
I e três na área II com LED de cor azul com diferentes intensidades. Foram colocadas três
armadilhas em cada abrigo em pontos estratégicos com a distância de 8 metros entre cada
ponto, distribuídos em formato triangular em cada chiqueiro. Em cada noite de coleta, houve
o rodízio das fontes luminosas em todos os pontos. Compreendendo 15 noites, num total de
1080 horas nos dois abrigos.

2. 4. Identificação das espécies de anofelinos


Após cada coleta os insetos foram transportados para o Laboratório de Entomologia
Médica-UFMA (LEME), onde foram sacrificados com acetato de etila (C4H8O2), em seguida
retirados dos recipientes de filó, triados e transferidos para potes de plásticos devidamente
etiquetados, e posteriormente as espécies foram identificadas no LEME e no Laboratório de
Entomologia e Vetores-UFMA (LEV) de acordo com (CONSOLI & LOURENÇO DE
OLIVEIRA, 1994). Para os exemplares de espécimes que não apresentavam caracteres como
escamas nas asas e tarsos posteriores não foi possível identificar a nível de espécie. As
espécies de anofelinos identificadas neste estudo encontram-se na coleção entomológica da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
78

2. 5 Análises estatísticas
O teste de Kolmogorov-Smirnov foi realizado para avaliar a normalidade da
distribuição dos dados. Os testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney foram
empregados para avaliar a anormalidade da distribuição de dados. Quando o critério de
normalidade não foi atendido, os dados foram transformados em Log10 antes da análise. Em
caso da distribuição normal foi utilizado o teste de análise de variância e T de Student. Foram
feitas também a correlação de Pearson para relacionar as duas variáveis (número de
indivíduos e a intensidade luminosa). A significância estatística foi encontrada quando
p<0,05. Tais análises foram realizadas através do Software Prisma (GraphPad – San Diego,
CA).

3 RESULTADOS

No presente estudo, foram avaliados LEDs azul e verde com diferentes intensidades.
No total, foram coletados 1.650 espécimes de 5 espécies do gênero Anopheles e todas
pertencentes ao subgênero Nyssorhynchus, divido em 953 indivíduos no LED azul e 697 no
verde (Tabela 1, 2).
As espécies encontradas no LED azul apresentaram as seguintes frequências: An.
argyritarsis (29,4%), An. evansae (28,4%), An. triannulatus s.l., (15,7%), An. goeldii (12,0%)
e An. darlingi (1,9%), e os exemplares danificados de Anopheles spp. totalizaram 12,6%.
Comparando as intensidades do LED azul, observa-se que o LED de maior intensidade
atrairam um número maior de anofelinos coletados, seguido pelo de 12.000 mCD, e por
último a intensidade 4.000 mCD (Tabela 1).
As espécies atraídas pelo LED verde foram An. argyritarsis (25,0%), An. evansae
(18,7%), An triannulatus s.l., (16,4%), An. goeldii (9,3%), An. darlingi (3,2%) e Anopheles
spp. (27,5%). Analisando o número de anofelinos capturados no LED verde nas três
intensidades, a que mais capturou individuos foi à de 20.000 mCD, seguida pela intensidade
de 15.000 mCD, e a que apresentou menor atratividade foi a 10.000 mCD (Tabela 2).
Em relação às intensidades 4.000 mCD, 12.000 mCD e 15.000 mCD do LED azul,
observa-se na figura 1 que as mesmas não apresentaram diferenças estatísticas. Entretanto, a
intensidade maior atraiu mais individuos em comparação com as demais.
79

Tabela 1 Números de espécimes de anofelinos capturados com armadilhas luminosas com LED
(Light- Emitting Diode/ Diodo Emissor de luz) azul em uma área rural do Nordeste do Brasil.
4000 12000 15000 TOTAL
ESPÉCIES
N N N (%)

An. (Nys.) argyritarsis (Robineau Desvoidy, 1827) 79 79 122 280 (29,4%)

75 94 102 271 (12,6%)


Anopheles spp.*

An. (Nys.) evansae (Brethés, 1926) 49 28 43 120 (28,4%)

An. (Nys.) triannulatus s.l. (Neiva & Pinto, 1922) 43 60 47 150 (15,7%)

An. (Nys.) goeldii (Rozeboom & Gabaldón, 1941) 31 30 53 114 (12,0%)

An. (Nys.) darlingi (Root, 1926) 5 6 7 18 (1,9%)

Total 282 297 374 953(100%)

% 29,6% 31,2% 39,2% 100%

Analisando as três intensidades do LED verde, verificou-se que apenas as


intensidades de 10.000mCD e 20.000mCD apresentaram diferença estatística (U= 59,50 P=
0,0291), as demais não foram significantes (Figura 2).

Tabela 2 Números de espécimes anofelinos capturados com armadilhas luminosas com LED
(Light- Emitting Diode/ Diodo Emissor de luz) verde em uma área rural do Nordeste do Brasil.
10000 15000 20000 TOTAL
ESPÉCIES
N N N (%)
An. (Nys.) argyritarsis (Robineau Desvoidy, 1827) 29 59 86 174 (25,0%)

Anopheles spp.* /25 71 96 192 (27,5%)

An. (Nys.) evansae (Brethés, 1926) 21 45 64 130 (18,7%)

14 44 56 114 (16,4%)
An. (Nys.) triannulatus s.l. ( (Neiva & Pinto, 1922)

9 16 40 65 (9,3%)
An. (Nys.) goeldii (Rozeboom & Gabaldón, 1941)

An. (Nys.) darlingi (Root, 1926) 5 9 8 22 (3,2%)

Total 103 244 350 697 (100%)

% 14,8% 35,0% 50,2% 100%


80

40

Média de anofelinos
30

20

10

0
4.000 12.000 15.000
Intensidades

Figura 1 Média (± SEM) dos números de indivíduos capturados em armadilha luminosa CDC modificada com
LEDs azuis com diferentes intensidades.

40
Média de anofelinos

*
30

20

10

0
10.000 15.000 20.000
Intensidades
Figura 2 Média (± SEM) dos números de indivíduos capturados em armadilha luminosa CDC modificada com
LEDs verdes e com diferentes intensidades. (*) diferença estatística (Mann Whitney U-teste).

De acordo com a análise de correlação entre as variáveis (número de indivíduos e


intensidades) para saber se existe uma relação entre as mesmas. Por meio dessa análise
verificou-se que não existe correlação entre o número de indivíduo com a intensidade (R=
0,1115) (Figura 3), no entanto o resultado do gráfico mostra uma tendência de aumentar a
quantidade de anofelinos em consequência do aumento da intensidade. O LED verde foi à
fonte luminosa que apresentou correlação positiva entre o número de indivíduo e a
intensidade (R=0,3563) (figura 4).
81

80 R=0,1115

Número de individuos
Indivíduos
60

40

20

0
0 5000 10000 15000 20000
Intensidade luminosa (mCD)

Figura 3 Número de indivíduos capturados com armadilha luminosa CDC modificada com LED azul com
diferentes intensidades, teste de correlação de Pearson: 0,8 a 1 fortemente positiva; 0,5 a 0,8 moderada positiva;
0,1 a 0,5 fraca positiva e 0 nula.

80 R=0,3563
Número de individuos

Indivíduos
60

40

20

0
0 5000 10000 15000 20000 25000
Intensidade luminosa (mCD)
Figura 4 Número de indivíduos capturados com armadilha luminosa CDC modificada com LED verde com
diferentes intensidades, correlação de Pearson: 0,8 a 1 fortemente positiva; 0,5 a 0,8 moderada positiva; 0,1 a 0,5
fraca positiva e 0 nula.

5 DISCUSSÃO

O presente estudo constatou que a intensidade luminosa dos LEDs, é um dos


principais fatores que favorecem o aumento da quantidade de espécimes de anofelinos
capturados nas armadilhas. Essas observações corroboram com os resultados encontrados por
Barr et al. (1963), que concluíram que a luz mais intensa atraía mais mosquitos do que a luz
com menor intensidade, uma vez que as cores das armadilhas não influenciam na atração dos
individuos capturados. Ressalta-se que as lâmpadas coloridas utilizadas em seu trabalho
apresentam as seguintes intensidades para a captura de mosquitos (Anopheles e Aedes): 25W,
50W, 75W e 100W.
De acordo com as análises, o LED azul não apresentou diferenças estatísticas entre o
número de espécimes capturados entre as três intensidades luminosas, no entanto, o número
absoluto de anofelinos aumenta proporcionalmente com o aumento da intensidade luminosa.
82

Cabe ressaltar que o LED verde apresentou diferença estatística entre as intensidades. Esses
resultados corroboram com o estudo de Barr et al. (1960), que observaram que a intensidade
luminosa das lâmpadas brancas com diferentes voltagens influencia diretamente na
quantidade de mosquitos coletados, pois quanto maior a intensidade, mais mosquitos foram
atraídos pelas armadilhas, além disso a cor da luz não é o único atrativo dos insetos como se
acreditava anteriormente.
Dentro desse contexto, a intensidade luminosa dos LEDs é um elemento essencial na
atração dos mosquitos, o teste de correlação demonstrou que a quantidade de indivíduos
capturados está diretamente ligada a intensidade luminosa de cada cor avaliada no trabalho.
Outros estudos demonstraram que os mosquitos foram atraídos por LED azul-esverdeado
(400-600nm) que apresentava comprimentos de ondas mais curtos em comparação aos LEDs
de comprimentos de ondas maiores, portanto explicando a maior quantidade de indivíduos
capturados por essa faixa espectral (BROWN & BENNETT, 1981; BENTLEY et al., 2009).
Entretanto, outros trabalhos verificaram que mosquitos são atraídos por comprimentos de
ondas específicos, portanto essa variação pode mudar de acordo com a espécie estudada
(WILTON & FAZ, 1972; BURKETT & BUTLER, 2005).
Em um experimento realizado em laboratório com diferentes comprimentos de ondas
de luz verificou que a espécie Lutzomyia longipalpis foi mais atraída pela luz ultravioleta (350
nm) em comparação as demais cores estudas. É importante mencionar que a luz ultravioleta
foi mais atrativa em intensidades maiores, visto que a resposta visual de cada espécie depende
do comprimento de ondas e da intensidade luminosa utilizada (MELLOR & HAMILTON,
2003).
Nesse contexto, algumas espécies de mosquitos apresentam variação na preferência
por cores de LEDs, logo o comprimento de onda e a intensidade luminosa são fundamentais
para compreender os fatores de atração dos mosquitos por fonte luminosa (BURKETT et al.,
1998). Um trabalho realizado recentemente verificou que o LED verde atraiu mais anofelinos
quando comparado com o LED azul, a explicação para esse resultado está na intensidade
luminosa de cada LED, pois o LED verde (15.000mCD) tinha intensidade diferente do LED
azul (6.000mCD). Desta forma, a intensidade luminosa foi um dos fatores importantes na
atração dos anofelinos, conforme aumenta à intensidade da luz a tendência é atrair mais
mosquitos (artigo submetido).
A intensidade luminosa dos LEDs no estudo foi essencial para aumentar a
quantidade de anofelinos capturados nas armadilhas. Portanto, o conhecimento de como se dá
a resposta visual dos mosquitos a diferentes intensidades de luz é fundamental para
83

compreender o comportamento desses insetos a determinada faixa espectral. Além disso, os


resultados encontrados no trabalho, podem no futuro auxiliar os programas de monitoramento
e controle de espécies vetoras da malária.
84

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87

ANEXO
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