Plantas Ornamentais - Conceitos Básicos de Cultivo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 146

0| 0 |

2022
Janine Farias Menegaes
Carla Fernanda Ferreira
Renata Moccellin

Plantas ornamentais: conceitos


básicos de cultivo

2022

1| 1 |
Copyright© Pantanal Editora
Editor Chefe: Prof. Dr. Alan Mario Zuffo
Editores Executivos: Prof. Dr. Jorge González Aguilera e Prof. Dr. Bruno Rodrigues de Oliveira

Diagramação: A editora. Diagramação e Arte: A editora. Imagens de capa e contracapa: Canva.com. Revisão: O(s)
autor(es), organizador(es) e a editora.

Conselho Editorial
Grau acadêmico e Nome Instituição
Prof. Dr. Adaylson Wagner Sousa de Vasconcelos OAB/PB
Profa. MSc. Adriana Flávia Neu Mun. Faxinal Soturno e Tupanciretã
Profa. Dra. Albys Ferrer Dubois UO (Cuba)
Prof. Dr. Antonio Gasparetto Júnior IF SUDESTE MG
Profa. MSc. Aris Verdecia Peña Facultad de Medicina (Cuba)
Profa. Arisleidis Chapman Verdecia ISCM (Cuba)
Prof. Dr. Arinaldo Pereira da Silva UFESSPA
Prof. Dr. Bruno Gomes de Araújo UEA
Prof. Dr. Caio Cesar Enside de Abreu UNEMAT
Prof. Dr. Carlos Nick UFV
Prof. Dr. Claudio Silveira Maia AJES
Prof. Dr. Cleberton Correia Santos UFGD
Prof. Dr. Cristiano Pereira da Silva UEMS
Profa. Ma. Dayse Rodrigues dos Santos IFPA
Prof. MSc. David Chacon Alvarez UNICENTRO
Prof. Dr. Denis Silva Nogueira IFMT
Profa. Dra. Denise Silva Nogueira UFMG
Profa. Dra. Dennyura Oliveira Galvão URCA
Prof. Dr. Elias Rocha Gonçalves ISEPAM-FAETEC
Prof. Me. Ernane Rosa Martins IFG
Prof. Dr. Fábio Steiner UEMS
Prof. Dr. Fabiano dos Santos Souza UFF
Prof. Dr. Gabriel Andres Tafur Gomez (Colômbia)
Prof. Dr. Hebert Hernán Soto Gonzáles UNAM (Peru)
Prof. Dr. Hudson do Vale de Oliveira IFRR
Prof. MSc. Javier Revilla Armesto UCG (México)
Prof. MSc. João Camilo Sevilla Mun. Rio de Janeiro
Prof. Dr. José Luis Soto Gonzales UNMSM (Peru)
Prof. Dr. Julio Cezar Uzinski UFMT
Prof. MSc. Lucas R. Oliveira Mun. de Chap. do Sul
Profa. Dra. Keyla Christina Almeida Portela IFPR
Prof. Dr. Leandris Argentel-Martínez Tec-NM (México)
Profa. MSc. Lidiene Jaqueline de Souza Costa Marchesan Consultório em Santa Maria
Prof. Dr. Marco Aurélio Kistemann UFJF
Prof. MSc. Marcos Pisarski Júnior UEG
Prof. Dr. Marcos Pereira dos Santos FAQ
Prof. Dr. Mario Rodrigo Esparza Mantilla UNAM (Peru)
Profa. MSc. Mary Jose Almeida Pereira SEDUC/PA
Profa. MSc. Núbia Flávia Oliveira Mendes IFB
Profa. MSc. Nila Luciana Vilhena Madureira IFPA
Profa. Dra. Patrícia Maurer UNIPAMPA
Profa. Dra. Queila Pahim da Silva IFB
Prof. Dr. Rafael Chapman Auty UO (Cuba)
Prof. Dr. Rafael Felippe Ratke UFMS
Prof. Dr. Raphael Reis da Silva UFPI
Prof. Dr. Renato Jaqueto Goes UFG
Prof. Dr. Ricardo Alves de Araújo (In Memorian) UEMA
Profa. Dra. Sylvana Karla da Silva de Lemos Santos IFB
MSc. Tayronne de Almeida Rodrigues
Prof. Dr. Wéverson Lima Fonseca UFPI
Prof. MSc. Wesclen Vilar Nogueira FURG
Profa. Dra. Yilan Fung Boix UO (Cuba)
Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme UFT

2| 2 |
Conselho Técnico Científico
- Esp. Joacir Mário Zuffo Júnior
- Esp. Maurício Amormino Júnior
- Lda. Rosalina Eufrausino Lustosa Zuffo

Ficha Catalográfica

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)

P713 Plantas ornamentais [livro eletrônico] : conceitos básicos de cultivo / Janine


Farias Menegaes, Carla Fernanda Ferreira, Renata Moccellin. – Nova
Xavantina, MT: Pantanal, 2022.
144p. il.

Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader.
Modo de acesso: World Wide Web.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-81460-54-9
DOI https://doi.org/10.46420/9786581460549

1. Floricultura. 2. Plantas ornamentais – Cultivo. 3. Arbustos. I.Menegaes,


Janine Farias. II. Ferreira, Carla Fernanda. III. Moccellin, Renata.
CDD 635.915
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

Pantanal Editora

Nossos e-books são de acesso público e gratuito e seu Rua Abaete, 83, Sala B, Centro. CEP: 78690-000.
download e compartilhamento são permitidos, mas Nova Xavantina – Mato Grosso – Brasil.
solicitamos que sejam dados os devidos créditos à Telefone (66) 99682-4165 (Whatsapp).
Pantanal Editora e também aos organizadores e autores. https://www.editorapantanal.com.br
Entretanto, não é permitida a utilização dos e-books para [email protected]
fins comerciais, exceto com autorização expressa dos
autores com a concordância da Pantanal Editora.

3| 3 |
Apresentação

O e-book Plantas Ornamentais: conceitos básicos de cultivo de publicação pela Pantanal


Editora, apresenta em nove capítulos, referentes aos conceitos sobre as técnicas de manejo para o cultivo
de flores e plantas ornamentais.
O Setor de Florícola integra e interage em várias áreas do Grande Complexo do Agronegócio
Brasileiro, o qual tem desempenhando uma função socioeconômica fundamental para produtores desde
a pequena até a grande propriedade rural. Neste contexto, com a presente obra buscamos auxiliar o
entendimento das diversas formas de cultivos florícolas por parte dos acadêmicos de Agronomia e áreas
afins e dos produtores desse setor. Assim, contribuindo e facilitando a aplicabilidade conceitual e prática,
além de promover um manejo sustentável e rentável ao meio rural.
Desejamos uma ótima leitura e atenciosamente,

Janine Farias Menegaes


Carla Fernanda Ferreira
Renata Moccellin

4| 4 |
Sumário

Apresentação ................................................................................................................................. 4
Dedicatória .................................................................................................................................... 6
Capítulo 1 ....................................................................................................................................... 8
Cenário da cadeia de flores e plantas ornamentais ........................................................................................ 8
Capítulo 2...................................................................................................................................... 21
Horticultura ornamental: vegetação e funções das cores ........................................................................... 21
Capítulo 3..................................................................................................................................... 38
Ambientes de cultivo de plantas ornamentais.............................................................................................. 38
Capítulo 4..................................................................................................................................... 57
Multiplicação de plantas ornamentais ........................................................................................................... 57
Capítulo 5..................................................................................................................................... 76
Substratos para cultivo de plantas ornamentais ........................................................................................... 76
Capítulo 6..................................................................................................................................... 93
Demanda e manejo nutricional de plantas ornamentais ............................................................................. 93
Capítulo 7.................................................................................................................................... 111
Doenças sobre as plantas ornamentais ....................................................................................................... 111
Capítulo 8.................................................................................................................................... 122
Pragas de plantas ornamentais...................................................................................................................... 122
Capítulo 9.................................................................................................................................... 131
Pós-colheita de flores e plantas ornamentais de corte .............................................................................. 131
Sobre as autoras .......................................................................................................................... 143
Índice Remissivo ........................................................................................................................ 144

5| 5 |
Dedicatória

Dedicamos essa obra aos nossos alunos - aos que já foram, aos atuais e aos que serão um dia - na
esperança dos mesmos serem realizados profissionalmente assim como nós.
Com carinho,

Janine Farias Menegaes


Carla Fernanda Ferreira
Renata Moccellin

|6|
... que por todo caminho que eu andar tenha flores e, se
não tiver, que eu as cultive ...
Alexsandra Zulpo

|7|
Capítulo 1

Cenário da cadeia de flores e plantas ornamentais


INTRODUÇÃO
A floricultura é um ramo da Horticultura que abrange uma grande diversidade de produtos
comerciais, como flores de corte, flores de vaso, folhagens e plantas para o paisagismo (árvore, arbustos
e forrações) com qualidade estética visual e fitossanitária. É uma atividade de alta rentabilidade e com
grande potencial de consumo no Brasil, apresentando aumento no volume de movimentações financeiras
ano a ano (Figura 1). E, de possível execução em pequenas áreas ou, até mesmo, em áreas consideradas
impróprias para práticas agrícolas convencionais, o que auxilia na fixação do homem ao ambiente rural
(Kämpf, 2000; Faria, 2005; Menegaes et al., 2015).
Esse setor florícola caracteriza-se por com um segmento promissor no cenário do agronegócio
brasileiro, só no Brasil em 2021, movimentou cerca de R$ 11 bilhões entre exportação e importação, com
previsão média de 15% de crescimento anual (Figura 1). Tendo uma produção muito diversificada,
chegando a cultivar mais de 2.500 espécies com cerca de 17.500 variedades dessas espécies vegetais de
clima temperado e tropical (IBRAFLOR, 2022).

Figura 1. Faturamento (em bilhões de R$) do setor florícola brasileiro. Fonte: adaptado de IBRAFLOR
(2022).

Em relação aos recursos humanos desse setor há em média de 8 mil produtores, sendo esse 80%
com administração familiar, tendo o tamanho das propriedades de 1,9 hectares que necessitam de 8
colaboradores/hectare. Assim, toda a cadeia produtiva gera aproximadamente 209.000 empregos diretos,
dos quais 38,76% são relativos à produção, 4,31% à distribuição, 53,59% no varejo e 3,0% em outras
funções, em maior parte como apoio.
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
O cenário da cadeia de flores e plantas se desenha de acordo ao preconizado por Claro et al.
(1999) que descreve o Complexo do Agronegócio da Floricultura Brasileira, que se divide em três grandes
agregados: insumos, produção e varejo (Figura 2), todos regidos por normas e padrões de produção e
comercialização, além da legislação.

Figura 2. Complexo do agronegócio da floricultura brasileira. Fonte: adaptado de Claro et al. (1999) e
Junqueira e Peetz (2014).

CENÁRIO DO SETOR FLORÍCOLA DO BRASIL


Floricultura é uma atividade agrícola, de exploração intensiva e de cunho empresarial, que trata
da produção e da comercialização de flores e plantas ornamentais. Ao longo dos últimos anos, a
floricultura empresarial brasileira vem adquirindo notável desenvolvimento e se caracteriza já como um
dos mais promissores segmentos da horticultura intensiva no campo dos agronegócios nacionais (Kämpf,
2000). Nesse panorama estão sendo geradas inúmeras novas oportunidades de negócios e de inserção
comercial competitiva, eficiente e sustentável para os polos emergentes de produção distribuídos por
todo o país (Junqueira; Peetz, 2008; 2011; 2014; Menegaes et al., 2015).
O setor florícola brasileiro vem experimentando sucessivas taxas de crescimento da ordem de 8-
10% ao ano nas quantidades e de 12-15% nos valores comercializados. Tais índices, bastante acima dos
níveis médios de crescimento do PIB nacional, comprovam o alto vigor de crescimento sustentado da
atividade no país (Tombolato et al., 2010; IBRAFLOR, 2022).
O Complexo Agroindustrial das Flores do Brasil, preconizado por Claro et al. (1999) (Figura 2),
propõe um que pode ser colocado por intermédio de agregados: o agregado I é formado pelos

|9|
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
fornecedores de insumos. O agregado II, constituído pelos produtores rurais. E o agregado III, formado
pelos leilões, supermercados, varejistas (floriculturas), funerárias e, finalmente, os consumidores.
Para Daudt (2002), o agregado I (insumos), é dividido em grupos de acordo com destino de seus
produtos na cadeia, tais como: materiais propagativos; substratos para plantas; defensivos,
fitorreguladores e conservantes; fertilizantes e corretivos; estruturas de cultivo, implementos e máquinas;
recipientes, embalagens e acessórios. O foco deste trabalho é o agregado III proposto por Claro et al.
(1999). O mesmo autor cita Almeida e Aki (1995), a distribuição varejista de flores é realizada por meio
dos seguintes canais: Floriculturas - estabelecimento comercial varejista (55%), Decoradores (20%),
Funerárias (10%), Supermercados (8%), Floras3 (5%), outras (2%). Da mesma forma, cita Santana (1997),
as vendas de flores em supermercados cresceram muito rapidamente nas grandes cidades e os cash and
carries estão se espalhando por todo o país.

CULTIVO
Segundo Neves e Pinto (2015), o cultivo de flores e plantas ornamentais inicia nos estados de
Santa Catarina e São Paulo em meados da década de 1950, pelos imigrantes português, japonês e
holandeses. Em que se tem a fundação da Cooperativa Veiling Holambra em 1960, onde esse cultivo
começou a ter caráter profissional, atualmente o município de Holambra, SP e seus arredores produzem
aproximadamente 40% das flores e plantas ornamentais comercializadas no país.
Em 2021, a área cultivada no país, foi de 15.600 hectares para mudas, flores e plantas de corte e
envasadas, sendo desses 1.342 ha em estufas, 530 ha em telados e 13.738 ha no campo. A produção é
destinada em 27% para plantas ornamentais (arbóreas e arbustivas para jardins), 58% para mudas, plantas
e flores envasadas e 14% em flor e folhagens de corte. Já a produção de gramados é contabilizada
separadamente, sendo estimada em 18 mil ha, produzidas, principalmente, nos Estados de SP, RJ, PR,
MG e na região nordeste (IBRAFLOR, 2022).
Na Tabela 1 tem-se o resumo da atual cadeia produtiva brasileira do setor florícola e no Quadro
1 elenca-se as principais espécies de flores e plantas ornamentais as três categorias de cultivos. Destaca-
se algumas espécies como a rosa, o lírio e o crisântemo, em duas categorias tanto de corte como de vaso,
devido à grande aceitação por parte do consumidor, seja por tradição cultural ou por markenting.
Atualmente, a produção de flores e plantas ornamentais no país é “pulverizada”, caracterizada
por pequenas propriedades rurais. Em destaque aos estados das regiões sul e sudeste, onde o estado de
São Paulo é o maior produtor e comercializador desses produtos. No Quadro 2 apresenta-se as principais
regiões produtivas do país.

| 10 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Tabela 1. Resumo da cadeia produtiva por regiões brasileiras.
Mudas e
Flores e folhagens Flores e folhagens Número de Área Produção
Regiões plantas para
cortadas envasadas produtores cultivada Total
ornamentação
SE 83% 83,4% 60,4% 53,3% 65,9% 61,3%
S 3% 8,2% 16,6% 28,6% 21,6% 16,9%
CO 2% 1,2% 9,9% 2,8% 2,8% 7,5%
NE 10% 6,8% 9,6% 11,8% 7,6% 11,5%
N 3% 0,4% 3,6% 3,5% 2,1% 2,8%
Brasil 24% 34% 42% 8,2 mil 14,9 mil 100%

Quadro 1. As principais espécies cultivadas no país. Fonte: adaptado de Neves e Pinto (2015) e de
IBRAFLOR (2022).
Categorias Principais espécies e grupos de plantas
Flores e folhagem de corte alstroemeria, lírio, crisântemo, rosa, gérbera, boca de leão, lisianto, gipsófila,
cravo, áster, folhagem, orquídeas, helicônia, protea e solidago
Flores e plantas de vaso antúrio, lírio, begônia, kalanchoe, kalanchoe dobrado, violeta, denphalaen,
azaleia, rosa, phalaenopsis, crisântemo
Plantas ornamentais e para forração, cactos e suculentas, raphis, phoenix, cyca, podocarpus, buxus,
paisagismo, exceto grama trachycarpus e arbustos diversos

Quadro 2. As principais regiões produtivas do país. Fonte: adaptado de Neves e Pinto (2015).
Principais Regiões Área Número de
Estado
(Hectares) produtores
São Paulo Holambra, Atibaia, Mogi das Cruzes e Ibiúna 6.850 2.400
Minas Gerais Barbacena, Sul de Minas, Belo Horizonte e regiões 645 576
Rio de Janeiro Serrana, Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Centro-Sul 856 1.074
Santa Catarina Litoral Norte, Vale do Itajaí e Metropolitana 1.600 750
Litoral Norte, São Sebastião do Caí, Planalto, Santa Maria, 1.360 800
Rio Grande do
Grande Porto Alegre, Serra Gaúcha, Santa Cruz do Sul,
Sul
Noroeste, Lajeado, Sul e Hortênsias
Distrito Federa Metropolitana 486 196
Ceará Metropolitana 338 191

| 11 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
ATACADO
A aquisição dos produtos do setor florícola é bem especializada devido à alta perecibilidade dos
produtos. Padula et al. (2003) caracteriza os atacadistas que atuam nesse setor em cinco grupos, tais como:
1. Atacadistas da Centrais Estaduais de Abastecimento (CEASA): trabalham
principalmente com flores de corte, flores e plantas de vaso. A maioria dos produtos é
proveniente do estado de São Paulo, com enfoque no preço de venda e giro dos produtos;
2. Atacadistas especializados em Flores de Corte: trabalham quase que exclusivamente
com flores de corte, provenientes dos estados de São Paulo ou do Rio Grande do Sul
(produção própria, no caso de produtor de flor de corte). Foco em qualidade.
3. Atacadistas especializados em Paisagismo: trabalham exclusivamente com plantas e
flores ornamentais para jardins e ambientes decorados. Não trabalham com flores de
corte. Produzem algumas variedades de plantas e priorizam a qualidade dos produtos.
4. Atacadistas Mistos: trabalham principalmente com produtos provenientes dos estados
de São Paulo e, também trazem do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
Grande variedade de produtos (caixaria, folhagens, flores de vaso, acessórios). Atuam no
interior do estado e próximos as capitais através de linhas de entrega. Localizam-se na
beira de estradas e atuam como varejo ao consumidor final. Eventualmente, vendem
flores e plantas decoradas. Priorizam negociação em preço.
5. Atacadistas Produtores: produzem e comercializam sua produção de flores e plantas,
para lojas de arte floral, distribuidores, outros atacadistas ou consumidores finais. Na
Figura 3, abaixo, demonstra o trajeto realizado pelos atacadistas para distribuir as flores e
plantas ornamentais pelo país. Por exemplo, entre Porto Alegre, RS a Holambra, SP tem-
se a distância média de 1.300 km.

| 12 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 3. Rota da distribuição de flores e plantas ornamentais realizadas pelos atacadistas no Brasil Fonte:
adaptado de Silva (2012).

VAREJO
O varejo brasileiro de flores e plantas ornamentais é constituído por um conjunto diversificado
de formatos de negócios e de empreendimentos, formais e informais, de micro, pequeno, médio ou
grande portes, presentes em quase todos os municípios. Trata-se, em realidade, de uma rede de grande
penetração e capilaridade geográfica, a qual permite a organização de extensos fluxos de comércio desde
as principais zonas de produção da floricultura nacional (especialmente os estados da Região Sudeste e
Sul) até os mais longínquos pontos de consumo (SEBRAE, 2010; Menegaes et al., 2015).
No setor varejista, Junqueira e Peetz (2008; 2011) observam-se grandes movimentos de alteração
na participação relativa dos equipamentos e canais de distribuição nesse setor. Assim, as alternativas mais
modernas e dinâmicas da distribuição são capazes de inovar e fornecer diferenciais significativos não
apenas de preços, mas, também de comodidade, conforto e conveniência, nos estabelecimentos
comercias como os supermercados e garden centers, vêm conquistando rapidamente maiores fatias do
mercado. De modo geral, os mesmos autores expõem, o varejo brasileiro de autosserviços tende a seguir
as inovações tecnológicas e comercias do mercado norte-americano e europeu. Com base nessa
constatação, é justificável acreditar que as vendas de flores e plantas ornamentais no canal
supermercadista no Brasil saltarão, num futuro breve, da atual faixa de 9% para 23% do total do mercado,
conforme já ocorre nos Estados Unidos a partir de 2004.
Conceituações dos estabelecimentos florícola de varejo e afins, segundo Kotler (2000), todas as
atividades de venda de bens ou serviços diretamente aos consumidores finais são definidas como varejo.
O local onde os produtos ou serviços são comercializados ou realizados pode ser em lojas, rua ou
residência do consumidor.

| 13 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Estabelecimentos agrofloriculturas: é o termo que designa todos os elos que compõem a
cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais. São produções hortícolas intensas, que exigem mão de
obra especializada, ocupando áreas reduzidas, mas cuidadosamente escolhidas e tecnificadas (Petry et al.,
2008). Esse setor está constantemente atualizado quanto às tecnologias disponíveis, como a produção de
mudas in vitro, a oferta de novas cultivares, o cultivo sem solo, o controle integrado de doenças e pragas,
entre outras.
Estabelecimentos de floriculturas: são estabelecimentos comerciais varejistas, dedicados à
venda de flores e algumas plantas ornamentais (Claro et al., 1999). Esses estabelecimentos trabalham com
a criatividade para vender arranjos e buquês e tem como mercado alvo o consumidor final. E, também
segmentado por Padula et al. (2003) como: lojas de arte floral, garden centers, supermercados e vendedores
ambulantes.
Estabelecimentos complementar florícola: subdivide-se em lojas agropecuárias, feiras
hortifrutigranjeiras e supermercados
- Lojas Agropecuárias: o varejo agropecuário tradicional é composto por lojas com mix de
produtos muito diversificado, direcionado a pequenos produtores e mesmo consumidores finais, até lojas
mais especializadas. Essas lojas, ou revendas agrícolas como são chamadas, apresentam serviços
diferenciados relacionados à aplicação de produtos, assistência técnica e consultoria (Cônsoli et al., 2010).
- Feiras hortifrutigranjeiras: as feiras livres constituem o princípio fundamental dos mercados.
Numa abordagem socioeconômica elas representam um ponto de encontro entre vendedores e
compradores – feirantes e fregueses – para realizarem todo o tipo de troca de produtos (Braudel, 1998).
Nos tempos modernos, as feiras têm diversificado o oferecimento de produtos e, especialmente, as que
se conhece hoje, dispõem de hortifrutigranjeiros, plantas ornamentais, artesanato, quitandas, desde
produtos sofisticados até mínimas coisas para as camadas mais populares (Almeida, 2009).
- Supermercados: são grandes estabelecimentos estruturados em departamentos que oferecem
um estoque relativamente amplo e completo de mantimentos, carne fresca, produtos perecíveis e laticínio,
complementados por uma diversidade de mercadorias de conveniência e não alimentícia, e que são
operados basicamente no sistema de autosserviço (Prado, 2013). Desta maneira, Silva (2012), a
Cooperativa Veiling Holambra classifica a carteira de seus clientes, empresas ligadas aos seguintes
segmentos: Linhas (atacadistas linheiros), Garden Centers, CEASAs, Floriculturas, Decoradores e
Autosserviços (redes de supermercados). Os supermercados têm desempenhado papel de relevância
crescente na venda de flores e plantas ornamentais, transformando-se num importante canal de
distribuição, podendo contribuir para criar e consolidar o hábito de consumo em parcela significativa da
população ainda não habituada a adquirir estes produtos (Rosa; Lunkes, 2006).
Estabelecimentos de prestação de serviços fúnebres: os cemitérios e as funerárias ocupam
um grande nicho do mercado florícola do país, o que segundo Aki (2010) o mercado funerário,
movimenta R$ 135 milhões de reais em vendas de flores ao ano no mercado das funerárias a preço de

| 14 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
varejo. O mesmo autor em 2010, diz que nos finados cerca de 15% da população vai aos cemitérios, e
que uma coroa costuma custar entre R$50,00 a R$500,00. Em geral, os trabalhos funerários não são mais
vendidos pelas funerárias, e sim, pelos planos funerários. Desta forma, as coroas não são mais feitas pelas
funerárias, sendo que estas terceirizam o serviço com o atendimento das floriculturas.
Neste contexto, Junqueira e Peetz (2008; 2011) detalham as formas atuais de varejo em flores e
plantas ornamentais no Brasil:
a) Varejo tradicional: é representado principalmente pelas floriculturas (ponto de venda de
flores, plantas ornamentais, insumos e acessórios de jardinagem) presentes em
praticamente todos os municípios do país. Completam o rol desses canais as feiras-livres
e o comércio ambulante, que na maioria dos casos, opera apenas sazonalmente por
ocasião das datas especiais, notadamente Dia das Mães e Finados.
b) Varejo supermercadista: as principais lojas e redes de supermercados em todo o país já
oferecem flores em suas lojas. Especificamente para a Cooperativa Veiling Holambra, os
supermercados já respondem, em média, por 23% das vendas totais do setor florícola. Os
preços praticados nos supermercados são considerados altamente competitivos e a
exposição de flores e plantas logo na entrada das lojas favorece as compras por impulso,
característica importante no consumo dessas mercadorias. Os produtos podem ser
expostos em diversas situações, com diferentes valores agregados (embalagens
decorativas, cachepôs e outros acessórios, por exemplo), servindo ao cross merchandising
e/ou impulsionadores de vendas nas datas comemorativas.
c) Garden centers: constituídos por lojas especializadas na comercialização de flores e
plantas ornamentais e todos os demais itens necessários às atividades do paisagismo e da
jardinagem. Costumam incluir uma ampla e diversificada gama de mercadorias como
vasos, substratos, adubos, ferramentas, mobiliários e acessórios para jardins e decoração
de interiores e exteriores, fontes, pedras, estátuas, entre outros. Normalmente, agregam
também a oferta de serviços de paisagistas, jardineiros profissionais, decoradores, técnicos
em irrigação e outros, próprios e/ou conveniados com as lojas.
d) Varejo on line ou comércio eletrônico: a concentração do varejo on line em geral é
bastante acentuada, pois se estima que apenas 25 empresas detenham cerca de 70% do
mercado e, para competir, é preciso ter diferenciais significativos. De modo geral,
considera-se que a criação de um negócio virtual dissociado do negócio real,
principalmente no caso das floriculturas, é difícil para o pequeno empresário.

DATAS COMEMORATIVAS
As datas comemorativas, como o dia internacional da mulher e o dia da secretária são datas
particularmente sensíveis a acontecimentos dessa natureza, uma vez que os maiores clientes compradores

| 15 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
de botões de rosas e outras flores para presentear são as empresas comerciais ou bancárias. Nas datas
como dia das mães, dia dos namorados e finados são datas particularmente sensíveis à atuação do
comércio ambulante, que atinge dimensões significativas, as quedas das vendas do comércio estabelecido
e, consequentemente, suas perdas podem adquirir grandes proporções. (SEBRAE, 2010).
Segundo Silva (2012), pela análise do comportamento das vendas ao longo do ano, pode-se
concluir que o mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais ainda é fortemente marcado pela
comercialização em datas comemorativas. O mês de maio é, para 88,3% os atacadistas o melhor período
de comercialização de flores e plantas ornamentais, quando se comemora o dia das mães.

Datas comemorativas com potencial comercial


O mercado vem desenvolvendo diversas formas para aumentar suas vendas, no setor floreiro do
país não diferente, a Cooperativa Veiling Holambra já há alguns anos vem divulgando campanhas
comerciais visualizando o acréscimo nas suas vendas (Menegaes et al., 2015). A cooperativa utiliza vários
meios de divulgação e incentiva a comemoração de outras datas, tais como:
– Dia Internacional da Mulher (08/03) – Todas as cores de Rosas;
– Páscoa (data móvel) – Flores de coloração enegrecidas, lembrando chocolate;
– Dia do Amigo (20/06) – Flores e plantas envasadas;
– Dia do Homem (15/07) – Orquídeas e plantas verdes em vaso;
– Dia dos Avós (26/07) – Flores e plantas em vaso, preferencialmente as bulbosas;
– Dia dos Pais (2º domingo de Agosto) – Orquídeas, Cravos, Alstroemeria e plantas verdes
em vaso;
– Dia da Independência (07/09) – Flores cortadas nas colorações amarelo e verde;
– Dia da Secretária (30/09) – Flores em vaso, como Kalanchoe, Calandivia, Ciclames;
– Natal (25/12) – Flores e plantas de coloração avermelhada;
– Ano Novo (01/01) – Flores de coloração branca;
– Dias dos Profissionais: sem especificação de plantas por cada data. Por exemplo,
advogados (11/08); administrador (09/09); agrônomos (12/10); professores (15/10);
médicos (18/10); dentistas (25/10); engenheiros (11/12); entre outros.

MERCADOS
O consumo de flores e plantas ornamentais está relacionado a hábitos culturais, onde a mídia
televisa no Brasil é o principal influenciador nesse consumo. Tradicionalmente, os estados do sul e
sudeste destacam-se na produção e no consumo desses produtos. Acredita-se que o potencial de vendas
em todo o país seja, pelo menos, equivalente ao dobro do atual, desde que superadas as restrições geradas
por aspectos econômicos e culturais de amplas parcelas da população.

| 16 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
A produção do setor florícola brasileiro ainda está em estágio desenvolvimento com grande
potencial agrícola, atualmente encontra-se entre os 15 maiores produtores mundiais. Na Tabela 2
apresenta os cinco principais países produtores e seus comércios a frente do Brasil (IBRAFLOR, 2022).
Antes da Pandemia do Covid-19, no país o consumo anual per capita foi de R$ 42,00, promovendo
mercado em franco crescimento, especialmente, pela população crescente de aproximadamente de 212
milhões distribuídas em diferentes níveis de rendas, tendo a média per capita de R$ 1.438,67.

Tabela 2. Principais produtores do setor florícola a frente do Brasil Fonte: adaptado de IBRAFLOR
(2022).
Países produtores Países exportadores Países importadores
Índia Holanda Reino Unido
China Colômbia Alemanha
União Europeia Equador Estados Unidos
Estados Unidos Quênia Holanda
Japão e México Etiópia França

Segundo Junqueira e Peetz (2014; 2017) o consumo brasileiro de flores e plantas


ornamentais apresenta hábitos, práticas e tendências contemporâneas em consonância as normativas
internacionais e está em constante crescimento comercial. Os autores classificam, em três grupos, os
países por estágio de desenvolvimento de seus mercados.
• Países com mercados saturados: crescimento mínimo, saturação e até decréscimo de
consumo; mais interesse em inovações e novidades; todas as novas tendências no uso de
flores e plantas são relevantes. Por exemplo: EUA e países europeus.
• Países com mercados emergentes: baixo índice de consumo per capita e pequeno
número de compradores; oferta de produtos tradicionais; consumo centrado em ocasiões
especiais. Por exemplo, Colômbia, Argentina e África do Sul.
• Países com mercados em franco crescimento: forte crescimento nos índices de
consumo per capita; crescimento do número de compradores; consumidores procuram
mais do que os produtos tradicionais; aumento do consumo pessoal. Por exemplo: Ex.:
Brasil, China e Índia.

No entanto, “nem tudo são flores”, pois em 2018, com a greve dos caminhoneiros o setor
florícola brasileiro sofreu grandes perdas, chegando a prejuízos financeiros superior a 35% em toda a
cadeia produtiva. Em virtude da logística de distribuição e transportes de flores e plantas ornamentais no
país ser quase exclusivamente rodoviário, onde a não entrega dos produtos impactaram o mercado de
festas, principalmente, casamentos e formaturas, fazendo só na Cooperativa Veiling Holambra descartar
mais 4 milhões de produtos em um dia (IBRAFLOR, 2020).

| 17 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Em 2019, quando setor estava em plena recuperação acontece a Pandemia Covid-19, onde os
produtos florícolas deixaram de ser consumidos reduzindo a quase 100% o consumo de flores e folhagens
cortadas e 60% de plantas envasadas e mudas para paisagismo (IBRAFLOR, 2020). Contudo, com o
prolongamento da pandemia, houve um retorno no consumo por comércio eletrônico (on line) dos
produtos envasados e mudas para paisagismo.
Esse aumento do consumo foi em virtude ao prolongamento do processo de confinamento e
afastamento social, impulsionando o resgate do movimento biofílico (amor as seres vivos) e atribuindo
o uso de plantas a saúde mental. Fazendo com que as pessoas passem a colecionar plantas das mais
diversas formas e cores em suas casas (Figura 4).
O movimento biofílico, como tendência atual, permite a interação dos espaços-pessoas-plantas
tendo um resultado positivo na sociedade como um todo, afetando as mais diversas áreas como religião,
política, economia e cultura. Especialmente, nos tratamentos de saúde, pois já é comprovado que a
jardinagem auxilia nesses tratamentos, por envolver os pacientes no cuidado das plantas e desencadeando
o sentimento de pertencimento a um local.

Figura 4. Charge sobre a coleção de plantas durante a Pandemia Covid-19. Fonte:


www.facebook.com/coletivoemfolhas/fotos/a.20958737773095/2317385845221886/?type=3&theater

| 18 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A floricultura como ciência e arte está inserida na vida do ser humano a milênios, fazendo parte
do seu cotidiano, tendo como intuito de ornamentar ambientes e embelezar seus eventos, assim
aproximando-o da natureza. Socioeconomicamente, a floricultura é um ramo do agronegócio que atua
desde a produção até as diversas formas de comercialização de flores e plantas ornamentais. Essa
distinção possibilita um entendimento maior e melhor do setor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aki, A. (2010). Consultoria Especializada em Marketing para flores e Plantas Ornamentais. Dados do
Setor. Holambra: ABAFEP - Associação Brasileira do Agronegócio de Flores e Plantas.
Almeida, S. P. N. C. (2009). Fazendo a Feira: Estudo das artes de dizer, nutrir e fazer etnomatemático de feirantes e
fregueses da Feira Livre do Bairro Major Prates em Montes Claros – MG. Dissertação. Universidade
Estadual de Montes Claros, Montes Claros. Brasil.
Claro, D. P., Santos, A. C., Alencar, E., Antonialli, L. M., Lima, J. B. (1999). O Complexo Agroindustrial
das Flores do Brasil e suas peculiaridades. Organizações Rurais e Agroindustriais. Revista de
Administração da UFLA, 1, 1-10.
Daudt, R. H. S. (2002). Censo da produção de flores e plantas ornamentais no Rio Grande do Sul/Brasil na virada do
milênio. Dissertação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.
Faria, R, T. (2005). Floricultura: as plantas ornamentais como agronegócio. Londrina: MECENAS.
IBRAFLOR - Instituto Brasileiro de Floricultura. (2020). O mercado de flores no Brasil Holambra:
IBRAFLOR.
IBRAFLOR - Instituto Brasileiro de Floricultura. (2022). O mercado de flores no Brasil Holambra:
IBRAFLOR.
Junqueira, A. H., Peetz, M. S. (2008). Mercado interno para os produtos da floricultura brasileira:
características, tendências e importância socioeconômica recente. Horticultura Ornamental,14, 37-52.
Junqueira, A. H., Peetz, M. S. (2011). Panorama Socioeconômico da Floricultura no Brasil Horticultura
Ornamental, 17, 101-108.
Junqueira, A. H., Peetz, M. S. (2014). O setor produtivo de flores e plantas ornamentais do Brasil, no
período de 2008 a 2013: atualizações, balanços e perspectivas. Ornamental Horticulure, 20, 115-120.
Junqueira, A. H., Peetz, M. S. (2017). Brazilian consumption of flowers and ornamental plants:habits,
practices and trends. Ornamental Horticulure, 23, 178-184.
Kämpf, A. N. (2000). Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária
Menegaes, J. F., Backes, F. A. A. L., Bellé, R. A., Backes, R. L. (2015). Diagnóstico do mercado varejista
de flores de Santa Maria, RS. Ornamental Horticulture, 21, 291-298.
Neves, M. F., Pinto, M. A. J. (2015). Mapeamento e Quantificação da Cadeia de Flores e Plantas
Ornamentais do Brasil São Paulo: OCESP.

| 19 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Padula, A. D., Kämpf, A. N., Slongo, L. A. (2003). Diagnóstico da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais
do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: SEBRAE.
Prado. L. F. A. (2013). Tipos de Varejistas: intermediário que vende principalmente para consumidores finais.
Holambra: IBRAFLOR.
Rosa. F. S., Lunkes, R. J. (2006). A Logística das Flores: Uma Contribuição ao Estudo sobre a Cadeia
Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais. Holambra: IBRAFLOR.
Schoenmaker, K. (2013). Release Imprensa. Holambra: IBRAFLOR.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. (2010). Manual técnico
instrucional para o setor de varejo de flores e plantas ornamentais. São Paulo: SEBRAE.
Silva, L. C. (2012). Caracterização do setor atacadista de flores e plantas ornamentais no Brasil Caracterização do setor
atacadista de flores e plantas ornamentais no Brasil Dissertação, Universidade Federal Lavras, Lavras,
Brasil.
Tombolato, A. F. C., Uzzo, R. P., Junqueira, A. H., Peetz, M. S., Stancato, G. C., Alexandre, M. A. V.
(2010). Bulbosas ornamentais no Brasil Horticultura Ornamental, 16, 127-138.

| 20 |
Capítulo 2

Horticultura ornamental: vegetação e funções das cores


INTRODUÇÃO
A Horticultura é o ramo da Agricultura que trata do cultivo intensivo de plantas para uso
alimentar, medicinal e ornamental, integrando um sistema denominado Hortus, do latim hortus = jardim
ou ambiente de cultivo e colere = arte e ciência de cultivar. Na antiguidade esse sistema integrava a horta,
o pomar e o jardim em um único ambiente (espaço) (Munareto, Menegaes; Fiorin, 2021). Assim, a
horticultura abrange diversas atividades que são classificadas conforme a Figura 1:

Figura 1. Cultivos hortícolas. Fonte: Autores (2022).

Sendo Petry (2005) a horticultura ornamental “é a arte de cultivar jardins ou hortos em pequenos
espaços”, onde o termo “ornamental” vem do latim e significa “colocar em ordem”. Ou seja, é utilizar plantas
através técnicas cientificas e artísticas de forma que se justapõem um espaço chamado paisagem. Da
mesma forma, as flores e plantas ornamentais representam valores estéticos por sua arquitetura, cores e,
muitas vezes, por seu perfume e valores medicinais, ecológicos e econômicos.
A horticultura ornamental é composta por três ramos que tem interações diretas:
- Floricultura é a ciência que se dedica ao cultivo de todo e qualquer tipo de planta com
fins ornamentais. Ela pode tratar da produção de flores e folhagens cortadas, plantas
envasadas, plantas para o paisagismo (mudas de árvores, de arbustos, de forrações anuais
ou perenes), além das técnicas de multiplicação e propagação de plantas.
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
- Paisagismo é uma atividade cientifica que tem como objetivo adequar os espaços
externos ás necessidades do homem, demando várias áreas do conhecimento desde artes
plásticas, arquitetura e agronomia.
- Jardinagem é a arte que consiste em ornamentar ambientes externos e internos com
plantas, flores e outros elementos.

De modo geral, esses ramos da horticultura ornamental se interligam de forma a considerá-la


como uma atividade agrícola, pois uma vez que se produzem as plantas (grupo de vegetação distinto), as
implantam e as projetam visando construir um ambiente agradável mais próximo da natureza, ou seja,
uma paisagem.

As plantas ornamentais podem ser agrupadas


- Pelo aspecto: herbáceo, semi-lenhoso ou lenhoso;
- Pela forma de crescimento: eretas, prostadas ou trepadeiras;
- Pelo tipo de clima: tropical e temperada;
- Pela maneira de utilizar: canteiro, maciço, floreira, bordadura, planta envasada e/ou cortada;
- Pelo comportamento em relação à luminosidade: pleno sol, meia-sombra e sombra;
- Pelo ciclo de vida: anual, bianual e perene.

Caráter ornamental
- Floração: tamanho, formato, persistência, coloração, expressão e intensidade;
- Folhagem: tamanho, formato, persistência e coloração;
- Frutos: tamanho, formato e coloração;
- Tronco das árvores: liso, áspero, rugoso, fissurado, reticulado, escamoso e aculeado.

Luminosidade para plantas ornamentais


Refere-se à quantidade hora de radiação solar, que as plantas necessitam para efetuarem a
fotossíntese, subdividas em:
- Pleno sol: no mínimo 4 a 6 h de sol direto todos os dias.
- Meia sombra: luminosidade intensa, mas evite sol direto entre 10 e 17 h.
- Sombra: não suporta sol direto. Luz indireta por, pelo menos, 2 h ao dia.

Classificação comercial das plantas ornamentais


Refere-se as classes de plantas ornamentais as quais seguem as normativas, critérios e padrões de
produção e comercialização estabelecidos pela Cooperativa Veiling Holambra e pelo Instituto Brasileiro

| 22 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
de Floricultura (IBRAFLOR), ambos sediados no município de Holambra, SP. Essas instituições estão
de acordo com as normas de comércio internacional de flores e plantas ornamentais ditados pela
Cooperativa Royal Flora Holland, com sede em Amsterdã, Holanda.
Assim temos as classes:
- Flores e folhagens cortadas: são aquelas espécies vegetais cultivadas e destinadas a
confecção de buquês, arranjos florais, coroas fúnebres e decorações de ambientes de eventos.
São comercializadas sem a parte radicular. Por exemplo: girassol (Helianthus annuus L.), rosa
(Rosa x grandiflora), mosquitinho (Gypsophila sp.), entre outras.
- Flores e folhagens envasadas: são aquelas espécies vegetais cultivadas em vasos e destinadas
a decoração caseira e de ambientes semifechados. Por exemplo: violeta (Saintpaulia ionantha L.),
espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata L.), suculentas, entre outras.
- Mudas para paisagismo: são aquelas espécies vegetais cultivadas em viveiros, geralmente,
propagadas por semente ou estaquia, permanecendo em média de 8 a 2 anos. Por exemplo:
mudas de árvores, de arbustos, de forrações.

GRUPOS DE VEGETAÇÕES DESTINADA AO PAISAGISMO


O número de espécies de plantas ornamentais destinadas ao uso no paisagismo é muito ampla,
assim, necessita-se de uma categorização dessas plantas visando melhor entendimento de cultivo e
utilização (Figura 2) (Salviatí, 1993; Faria et al., 2018).

FO AR FO AB PL FO FO FO TP CN AB FO

Figura 2. Grupo de vegetação (AB: arbusto; AR: árvore; CN: conífera; FO: Forração; PL: palmeira; TP:
trepadeira) para uso no paisagismo. Fonte: adaptado de Salviatí (1993).

Os diferentes grupos de vegetação visam agrupas as plantas quanto ao aspecto visual das plantas
pelo porte, forma, estrutura e área foliar, bem como, o seu caráter ornamental quanto a folhagem, ao
florescimento e a frutificação, entre outros. Tento três grandes grupos: Grupo Arbóreo: contempla as
espécies de árvores, palmeiras e coníferas; Grupo Arbustivo: contempla as espécies de arbustos e

| 23 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
trepadeiras e, Grupo Forrageiro: contempla as espécies de forrações perenes e anuais, incluindo gramados
e plantas aquáticas.

Grupo Arbóreo
O grupo de vegetação arbóreo engloba três categorias: as árvores, as palmeiras e as coníferas.
Essas plantas apresentam porte grande em relação à altura da planta e o diâmetro de copa, diferindo das
demais categorias, formando a estrutura vertical, a profundidade de cores, o plano do teto e são
marcadores visuais nos ambientes ajardinados. No projeto paisagístico são as primeiras espécies vegetais
a serem escolhidas e implantadas desde as fases de elaboração e execução do projeto. Destacam-se pela
ampla folhagem persistentes ou caducifólia, algumas espécies apresentam florescimento exuberante, por
exemplo, as árvores.
– Árvores: são vegetais superiores e complexos que representam o clímax da paisagem,
tendo uma ampla diversidade de espécies, sobretudo, pelo formato e diâmetro da copa.
Deve atingir no mínimo 5 m de altura e 5 cm de diâmetro do caule, tem ciclo de vida
longo (mais de 20 anos) e crescimento lateral do caule promovido pelo câmbio.
Apresentam folhagens exuberantes tanto persistente ou caducifólia, com grande variação
da coloração e do tamanho das flores e dos frutos (Salviatí, 1993; Niemeyer, 2005; 2019;
Abbud, 2006).
– Palmeiras: são plantas típicas das regiões tropicais e subtropicais, pertencendo a Família
Arecaceae (Palmae) com aproximadamente 2.600 espécies. Essas plantas apresentam
elegância quanto ao porte, devido a usa verticalidade obtida pelo tipo de caule
característico - estipe, proporcionando volume em altura no plano de teto. Muito utilizada
como marcador visual, com intensa folhagem e frutificação, as inflorescências não
apresentam expressão ornamental (Salviatí, 1993; Abbud, 2006; Niemeyer, 2005; 2019).
– Coníferas: são plantas Gimnospermas da divisão Coniferophyta (ou Pinophyta), com
estrutura em formato, especialmente, cônico. No paisagismo limita-se ao uso dessas
espécies em até 20 m buscando unidade e harmonia com as demais espécies arbóreas.
Apresentam folhagem vivaz de textura fina, geralmente, em formato de agulha (acícula)
ou em escamas. Suas inflorescências e sementes nuas (sem proteção de frutos) apresentam
pouca expressão ornamental (Salviatí, 1993; Abbud, 2006; Petry, 2014).

Grupo Arbustivo
As categorias de arbustos e trepadeiras são plantas de médio porte em relação à forma e estrutura
da planta. No paisagismo tem a principal função é a composição de preenchimento entre os planos
vertical e horizontal formando o plano de parede dos ambientes ajardinados, são as segundas espécies
vegetais a serem escolhidas e implantadas nas fases de elaboração e execução do projeto paisagístico,

| 24 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
respectivamente, em geral, são utilizadas de maneira agrupadas para proporcionar volume foliar e intenso
florescimento.
– Arbustos: essa categoria apresentam uma grande variedade de espécies, quanto à forma,
ao porte e a estrutura, comumente utilizadas de maneira agrupa em maciços, renques e
cercas-vivas. O conjunto dessas plantas formam grandes massas vegetais de folhagem e
de intenso florescimento, em virtude da possibilidade de organização espacial, sendo
essencialmente utilizados como barreiras vegetais (separação de ambiente) e elementos de
ligação (preenchimento por volume vegetal). Em geral, os arbustos apresentam porte
entre 0,7 a 5 m, com forma muito variável, o que possibilita a diversificação de utilização
nos ambientes ajardinados (Salviatí, 1993; Niemeyer, 2005; 2019).
Com relação ao caráter ornamental:
• Arbustos Floríferos: utilizados pelas variedades em flores, tanto nas cores
como nas formas. Exemplo: Hibiscos (hibiscus rosa-sinensis)
• Arbustos Folhagem: usado pelo colorido das folhas que variam do verde
ao vermelho, do branco ao vinho, do variegato ao multicolorido. Exemplo:
Acalifa (Acalypha wilkesiana)
• Arbustos Frutíferos: utilizados devido à presença de frutos tanto pela
coloração quanto o tamanho (geralmente pequenos). Exemplo: Café-de-
jardim (Coffea sp.).

– Trepadeiras: são espécies vegetais desprovidas de caule resistente, que se desenvolvem


apoiadas em suportes, o qual permitem muitas formas de uso devido a sua adaptabilidade
(polimorfismo). Apresentam intensa produção de folhagens e flores, no paisagismo é
comumente utilizada em túneis ou corredores formando, neste caso específico o planto
de teto, além do plano de parede, resultando em um preenchimento espacial abundante
(Salviatí, 1993; Niemeyer, 2005; Faria et al., 2018).
Tipos de trepadeiras:
• Volúveis: quando se enrolam em espiral no suporte, não possuem outro tipo
de fixação, portanto, não conseguem subir em paredes ou muros por si só,
necessitando de suportes adequados;
• Sarmentosas: quando possuem estruturas de fixação como gavinhas,
espinhos curvos, raízes adventícias, entre outros. Conseguem subir em quase
todo tipo de suporte;

| 25 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
• Cipós: não possuem qualquer tipo de órgão de fixação e nem são volúveis.
Possuem caules rígidos, que conseguem subir vários metros sem apoio, até
que se vergam pelo próprio peso sobre algum suporte;
• Escandentes: são plantas mais arbustivas, que em locais abertos formam
arbustos, quando plantadas junto a um suporte, seus ramos se apoiam neste e
atingem vários metros de altura.

Grupo Forrageiro
A categoria de forrações caracteriza-se por plantas de pequeno porte e crescimento espalhado,
proporcionando o acabamento do plano de piso do jardim ou da área ajardinada, em virtude do seu porte
baixo e horizontalizado. São as últimas plantas a serem implantadas no implantadas na fase de execução
do projeto paisagístico, sempre utilizadas de maneira agrupada. As forrações são constituídas por espécies
vegetais utilizadas para revestir o solo, cobrindo áreas expostas com relativa rapidez. Transmitem
sensações de encantamento, alegria e aconchego, apresentam grande diversidade de cores nas folhas e
flores, contudo, não suportam o pisoteio.
A diferenciação desta categoria ocorre em virtude do ciclo de vida desde a semeadura até a
senescência total. Outros pontos importantes desde a escolha até a implantação do projeto paisagístico
desta categoria de plantas, são o porte e a forma, os quais vão proporcionar um melhor acabamento na
área ou espaço ajardinado (Salviatí, 1993; Abbud, 2006; Faria et al., 2018).
– Anuais ou sazonais: realiza seu ciclo de vida em até um ano, mas geralmente o ciclo se
dá entre 4 a 6 meses, logo após esse tempo essas forrações serão substituídas por outras
conforme a época do ano, sendo divididas em:
o Anuais de verão: correspondem as forrações anuais o ciclo de cultivo,
florescimento e senescência ocorre no primavera-verão-outono, devido à
luminosidade e a temperatura alta.
o Anuais de inverno: correspondem as forrações anuais o ciclo de cultivo,
florescimento e senescência ocorre no outono-inverno-primavera, pois
desenvolvem-se em temperaturas mais baixas, e possuem características de clima
temperado.
– Bianuais: este tipo de forração possui o ciclo de vida mais prolongado quando
comparado às forrações anuais, sendo passíveis de podas ou renovação do canteiro.
– Perenes: o ciclo de vida deste tipo de forração é duradouro, sem a necessidade de
replantio periódico, geralmente, a renovação dos canteiros ou maciços a cada dois anos.
– Gramados: são plantas que servem de revestimento em vegetal sobre o solo, também
chamadas de pisos-verdes. Necessitando de podas frequentes e podem ser pisoteadas,

| 26 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
desta forma os gramados representam quase sempre de 60 a 80% dos ambientes
ajardinadas. Em geral, as espécies de grama necessitam de sol pleno ou meia luz para se
desenvolverem bem.
– Plantas aquáticas: são espécies que desenvolvem suas atividades fisiológicas no ar, a
semelhança das outras tão comuns na jardinagem, extraindo da água apenas os elementos
fundamentais para sua nutrição, sendo sua ação higienizadora bastante reduzida, cedendo
inclusive pouco oxigênio à água (Salviatí, 1993; Faria et al., 2018). Tipos de plantas
aquáticas:
o Flutuantes: não necessitam de nenhuma fixação em solo. Desenvolvem-se na
superfície da água, da qual extraem todos os nutrientes que necessitam. Os
melhores locais são os de águas calmas como lagoas, tanques, represas;
o Emergentes ou anfíbias: estas plantas fixam suas raízes no solo e as folhas e
caules iniciam os desenvolvimentos submersos, mas emergem para superfície,
onde também ocorre a floração;
o Submersas: desenvolvem-se fixas no solo, sem emergirem a superfície da água.
Na água realizam fotossíntese liberando oxigênio para os peixes;
o Palustres: são plantas recomendadas para cultivo em solos encharcados.

CORES: PERCEÇÕES, SENSAÇÕES E USOS


O surgimento da civilização caracteriza-se pela interferência consciente da paisagem física
transformando-a em paisagem construída, capaz de estabelecer os conceitos éticos e estéticos todos
contidos na cultura de uma sociedade. Este processo de interferência, visou suprir as necessidades básicas
socioeconômicas locais; todavia, nos últimos anos houve um interesse da sociedade civil em debater a
necessidade disseminar o “verde” no meio ambiente, como um investimento e não como um custo
(Macedo; Sakata, 2003; Marx; Tabacow, 2004).
Contemporaneamente, a paisagem é entendida como produto visual de interações entre
elementos naturais e sociais que, por ocupar um espaço, pode ser cartografada em escala macro ou de
detalhe, e classificada de acordo com um método ou elemento que a compõe. Paisagem não é o mesmo
que espaço, mas parte dele; algo como um parâmetro ou medida multidimensional de análise espacial,
que depende diretamente da percepção dos sujeitos inseridos neste ambiente – território no tempo
(Maximiano, 2004; Ortigoza, 2010; Tuan, 2012; Petry, 2014).
Um projeto paisagístico funcional é premissa para um resultado satisfatório, com a interação entre
homem e natureza, inseridos em um contexto harmônico, capaz de transmitir melhores parâmetros de
referência em relação à beleza e ao conforto, onde a conscientização ambiental torna-se uma
consequência inevitável (Niemeyer, 2005; Alencar; Cardoso, 2015).

| 27 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Entre as técnicas de paisagismo, o uso de cores facilita ao usuário, o entendimento tanto pela
demarcação dos espaços como a sua contemplação, favorecendo e aguçando seus diferentes sentimentos,
sensações e até mesmo fazendo um resgate a memórias de outrora (Abbud, 2006; Backes, 2012; 2020).
As cores fazem parte da vida humana como forma de expressões pessoais e estéticas, por exemplo, nos
ditos populares: “estou verde de fome, ele está roxo de frio e fiquei branca de susto” (Freitas, 2007).
A cor é, sem dúvida alguma, a mais importante ferramenta que tem a capacidade de transmitir
instantaneamente a atmosfera e o estilo e de criar efeitos visuais. Também, é um dos primeiros aspectos
percebidos em um ambiente. As pessoas podem não mencionar o esquema cromático de um projeto,
seja ela arquitetônico ou paisagístico, mas certamente comentarão que um determinado ambiente é mais
acolhedor ou cálido ou convidativo ou limpo ou espaçoso ou elegante ou intimista – impressões
diretamente provocadas pelas tonalidades das cores utilizadas (Lira Filho et al., 2001; Gibbs, 2014).
Nesse contexto, Niemeyer (2019) destaca que o efeito emocional das cores em espaços
ornamentados e ajardinados, que podem causar diferentes sensações, como, atração ou repulsão, de
agressividade ou passividade, de tensão ou de calma, de acordo com a predisposição psicológica de cada
um, bem como sua percepção.
A percepção é algo intrínseco, é pessoal, é in loco e ao mesmo tempo global, que envolve o
ambiente como um todo. Caracterizada como uma resposta dos sentidos aos estímulos externos como
atividade proposital, neste contexto, a percepção das cores é uma questão subjetiva e individual, uma vez
que nem todas as pessoas conseguem “ver” todas as cores igualmente (Figura 3) (Paiva; Post, 2008; Tuan,
2012).
A incidência e a intensidade de luz provocam alterações na percepção das cores nos ambientes,
decompondo-se em matizes e tons, onde exercem grande influência neste ambiente, modificando,
animando ou transformando-o as sensações pessoais de cada um (Boccanera et al., 2006; Heller, 2013).
A percepção do ambiente é mutável, em função do tempo (cronológico) e da interação da
sociedade nos espaços ajardinados, geralmente pela interferência via paisagismo. O paisagismo por
atividade científica e artística é, muitas vezes, interdisciplinar, tendo como objetivo adequar os espaços
exteriores às necessidades do homem e proteger seus recursos naturais. Onde o diagnóstico das
características estéticas da paisagem engloba a textura dos materiais e suas nuances, as formas que se
repetem nos enquadramentos visuais quanto à transparência, as visões abertas e fechadas, além dos
odores e das sonoridades associadas e, especialmente quanto a utilização das cores (Cabanel, 2000; Faria
et al., 2018).

| 28 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 3. Aplicação das cores no paisagismo. Fonte: Menegaes (2020).

A composição das cores no paisagismo pode ser adaptada como o uso do disco cromático
(Figuras 3A e 4) ao bioclimatismo, aos misticismos, ao Feng Shui, aos elementos da natureza, entre
outros. A correspondência dos elementos da natureza com as cores (Abbud, 2006; Heller, 2013; Backes,
2020) temos, por exemplo:
– O elemento fogo remete a sensações de calor e luz, com correlações com as cores em
tons de vermelho, laranja e amarelo;
– O elemento água remete a sensações fluidez, limpeza e tranquilidade, com correlação
com as cores em tons de azul e verde;
– O elemento ar remete as sensações de preenchimento de luz, claridade e vivacidade, com
correlação com as cores em tons de branco, amarelo e azul e;
– O elemento terra remete as sensações de pertencimento, intelectualidade e sociabilidade,
com correlação com as cores em tons de verde e marrom.

| 29 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 4. Elementos da natureza e sua relação com as cores. Fonte: Menegaes (2022).

A preferência por uma cor especifica é uma percepção de caráter individual. A pesquisa realizada
por Heller (2013), na Alemanha com dois mil entrevistados de diferentes sexos, idades, classes sociais e
profissões, sobre a preferência do uso de cores. Entre os entrevistados a cor mais citada foi a azul, com
um total de 45%, seguido das cores verde (15%), vermelho (12%), preto (10%), e as demais cores (18%)
(Quadro 1).
Os entrevistados desta pesquisa, atribuíram as sensações da cor azul ao céu, ao mar, ao intelecto,
ao feminino, entre outros. A autora discute que essa atribuição quanto ao céu e ao mar está relacionada
a perspectiva produz que a ilusão do espaço, a correspondência ao intelecto é devido a cor ser utilizada
dos uniformes das escolas e universidades, já a relação quanto ao feminino está diretamente representado
pelo manto de Nossa Senhora Mãe de Jesus, na religião Católica e, nas outras religiões ao sagrado
feminino (Heller, 2013).
O olho humano é sensível a uma faixa de frequência do espectro eletromagnético, no
comprimento de onda entre 400 a 700 nm, sendo esse demonizado espectro de luz visível (Taiz; Zeiger,
2013), decomposto no que popularmente chamamos “as cores do arco-íris” (Figura 3). Sob essa
perspectiva das cores, Freitas (2007) cita que, cores “branco, preto e cinza”, baseado na Teoria de Ladd
Franklin, apresentam sensações visuais que têm apenas a dimensão da luminosidade, denominando-as de
sensações acromáticas.
Onde a sensação acromática branco é a mistura de todas as cores do espectro de luz visível, já a sensação
acromática preto é o oposto, a falta total de luz visível e, as sensações acromáticas cinzas são as diferentes
tonalidades entre as sensações acromáticas branco e preto, formando a escala acromática de cinza, em tons de
cinza-claro, cinza-médio e cinza-forte, entre outros (Freitas, 2007; Heller, 2013).

| 30 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 1. Cores e seus significados. Fonte: adaptado de Abbud (2006), Freitas (2007), Heller (2013),
Faria, Assis e Colombo (2018) e Niemeyer (2019).
Cor Transmite a sensação Simboliza Preferência Composição paisagística
Cor energética, ativa que Ponto focal privilegiado ao
transmite otimismos, calor, luz Prosperidade oferecer a sensação de
Amarelo 6%
sensação de riqueza, alegria, e alegria proximidade do usuário a
aconchego e descontração paisagem
Tranquilidade, compreensão, Lealdade, Amplia o espaço ajardinado e
Azul calmante, estimula paciência e a fidelidade e 45% oferece a sensação tranquilidade
busca da verdade interior sutileza ao usuário a paisagem
Remete a paz e purificação,
sensação de limpeza e claridade. Inocência e Amplia e proporciona claridade o
Branco 2%
Em um ambiente todo branco pureza espaço ajardinado
tem-se maior noção de espaço
Associado ao medo, mas é
Artificialidad Difícil uso na paisagem, apenas
Cinza também uma cor que transmite 1%
e em um certo ponto focal
estabilidade, sucesso e qualidade
Ponto focal de requinte
Convida ao autoconhecimento,
Requinte e oferecendo a sensação de
Laranja que significa movimento e 3%
bem-estar proximidade do usuário a
espontaneidade
paisagem
Preguiça e Aparenta repulsa do usuário pela
Envelhecimento das coisas e
Marrom falta de 1% paisagem, pela senescência das
murchamento das plantas
elegância plantas
Uso em detalhes é sofisticado, Dignidade,
Preto demonstra classe, tem peso luto e 10% Difícil uso na paisagem
grande numa ambientação sofisticação
Significa beleza, saúde, Fragilidade, Ponto focal forte, aproxima e
Rosa sensualidade e também delicadeza e 2% atrai o usuário a contemplar a
romantismo compaixão paisagem
Vigor, juventude, frescor, Cor predominante na paisagem,
Esperança e
Verde esperança e calma. 15% aproximando o usuário a
naturalidade
Associado à saúde e à cura natureza
Ponto focal forte, aproxima e
Elegância, requinte, liderança, Paixão, amor
Vermelho 12% atrai o usuário a contemplar a
remete ao fogo e a hiperatividade e desejo
paisagem
Prosperidade, nobreza e respeito. Tristeza,
Violeta Cor da espiritualidade e ativa a repouso e 3% Amplia o espaço ajardinado
intuição nostalgia

| 31 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

As cores de sensação cromáticas (Quadro 1) denominadas por Freitas (2007), são aquelas que
contemplam o disco cromático (Figura 3A), sendo essas baseadas nas Teorias de Young-Hemholtz e de
Hering, subdividem-se em cores primárias (amarelo, azul e vermelho; Figura 3B) e cores secundárias
(laranja, verde e violeta, Figura 3C). As cores, também, são classificadas em função da intensidade de
energia (temperatura) refletiva pelo olho humano entre os comprimentos de onda (400 a 700 nm),
denominada em cores frias e quentes (Figura 3D) (Lira Filho et al., 2001; Taiz; Zeiger, 2013), como:
– As cores frias remetem ao gelo, água, umidade e ambiente mais calmo, sendo
representadas pelas cores em tons de azul, verde e violeta, tem a função no paisagismo de
ampliar a transparência dos espaços ajardinados distanciando o usuário a paisagem
(Quadro 1);
– As cores quentes lembram o calor, luz, fogo e o sol, sendo representadas pelas cores em
tons de vermelho, laranja e amarelo tem a função no paisagismo de reduzir a transparência
dos espaços ajardinados aproximando o usuário à paisagem (Quadro 1).

No paisagismo, a composição da paisagem ou área ajardinada utiliza a multifuncionalidade das


plantas, especialmente, explorando seu caráter ornamental. Onde o termo “ornamental” vem do latim e
significa “colocar em ordem”, deste modo, o paisagismo com arte visa a “ordenar” esteticamente uma
área, propondo à mesma uma paisagem mais natural possível e, como ciência busca justapor plantas
respeitando a harmonia que essas podem propiciar. Em que a harmonia da composição paisagística é
realizada baseada nas cores do florescimento e da folhagem das plantas correlacionadas com as sensações
psicossociais entre o homem e o ambiente (Niemeyer, 2005; Faria et al., 2018; Niemeyer, 2019), podendo
essas serem classificadas por:
– Composição de cores monocromática utilizando uma única cor em vários tons,
formando uma escala, por exemplo, azul: azul-bebê, azul-médio, azul-marinho, entre
outros. Essa composição tem como finalidade produzir a sensação de estabilidade do
ambiente;
– Composição de cores complementares são as cores opostas no disco cromático, por
exemplo, laranja e azul, vermelho e verde, amarelo e violeta, entre outros (Figura 3E).
Assim, produzindo a sensação de contraste e apelo, busca chamar a atenção para um foco
do ambiente;
– Composição de cores análogas são cores próximas no disco cromático, por exemplo,
amarelo e laranja, azul e violeta, entre outros (Figura 3F). O objetivo desta composição é
produzir a sensação de dinamismo ao ambiente.

| 32 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
As plantas ornamentais atraem o olhar humano tanto por sua utilidade como por sua beleza,
principalmente pelo seu intenso e exuberante florescimento, massa folhar, forma, textura e arquitetura
da planta. Visando ao preenchimento de espaços ornamentados e ajardinados para deleite do homem no
meio ambiente (Quadro 2) (Casagrande; Romahn, 2008; Stumpf et al., 2009; Lorenzi, 2013).

Quadro 2. Exemplo de plantas ornamentais quanto à coloração do seu florescimento. Fonte: adaptado
de Bianchini e Pantano (2006), Casagrande e Romahn (2008), Lorenzi e Matos (2008), Stumpf et al.
(2009), Lorenzi (2013), Kinupp e Lorenzi (2014).
Classificação
Nome popular Nome científico Folhagem Florescimento
da vegetação
Árvore Álamo-branco Populus alba L. Verde e cinza Branco
Pelthophorum dubim (Sprengel)
Árvore Canafístula Verde Amarelo
Taubert
Árvore Carobão Jacaranda micrantha Cham Verde Azul
Árvore Chuva-de-ouro Senna multijuga H. S. Irwin; Barneby Verde Amarelo
Árvore Cina-cina Parkinsonia aculeata L. Verde Amarelo
Árvore Cinamomo Melia azedarach L. Verde Lilás
Corticeira-da-
Árvore Erythrina falcata Benth. Verde Vermelho
serra
Corticeira-do-
Árvore Erythrina crista-galli L. Verde Vermelho
banhado
Árvore Espatódea Spathodea nilotica Seem Verde Laranja
Árvore Extremosa Lagerstroemia indica L. Verde Branco, rosa, lilás
Árvore Flamboyant Delonix regia (Hook.) Raf. Verde Vermelho
Árvore Grevílea Grevillea robusta Cunn. Verde Amarelo-ouro
Árvore Guapuruvu Schizolobium parahyba (Vell.) Blake Verde Amarelo
Árvore Ipê-amarelo Handroanthus albus Cham. Verde Amarelo
Árvore Ipê-branco Tabebuia roseo-alba Sand. Verde Branco
Árvore Ipê-roxo Handroanthus impetiginosus Mart. DC. Verde Roxo/lilás
Árvore Jacarandá Jacaranda mimosifolia D.Don Verde Azul
Árvore Jasmim-manga Plumeria rubra L. Verde Alaranjada
Árvore Paineira Chorisia speciosa St. Hil Verde Rosa
Árvore Pata-de-vaca Bauhinia forficata Link Verde Branco
Árvore Pata-de-vaca Bauhinia variegata L. Verde Rosa
Árvore Quaresmeira Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn Verde Roxo
Caesalpinia peltophoroides (Benth.) G.
Árvore Sibipiruna Verde Amarelo
P. Lewis.
Árvore Tipuana Tipuana tipu (Benth.) Kuntze. Verde Amarelo

| 33 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Classificação
Nome popular Nome científico Folhagem Florescimento
da vegetação
Trepadeira Dedal-de-dama Allamanda catártica L. Verde Amarelo
Trepadeira Alamanda-roxa Allamanda blanchetti L. Verde Rosa
Branco, rosa, lilás,
Trepadeira Três-Marias Bougainvillea spectabilis Wild. Verde
alaranjado
Coração- Branco, rosa e
Trepadeira Clerodendron x speciosum W. Bull Verde
sangrento vermelho
Branco, rosa e
Trepadeira Jasmim-da-índia Quisqualis indica L. Verde
vermelho
Trepadeira Azulzinha Thunbergia grandiflora Roxb. Verde Azul
Arbusto Caliandra Calliandra brevipes Benth. Verde Branco e rosa
Branco, rosa e
Arbusto Azaleia Rhododendron simsii Planch. Verde
vermelho
Arbusto Bambuzinho Bambusa gracilis L. Amarelo -
Caliandra-
Arbusto Calliandra tweedii Benth. Verde Vermelho
vermelha
Arbusto Dracena-roxa Cordyline fruticosa (L.) A. Chev Arroxeada Rosa
Arbusto Estrelitza Strelitza regine Banks. Verde Laranja
Branco, rosa, lilás,
Arbusto Hibisco Hibiscus rosa-sinensis L. Verde
laranja e vermelho
Arbusto Hortênsia Hydrangea macrophylla Thunb. Verde Rosa e azul
Amarelo, laranja e
Arbusto Lantana Lantana câmara L. Verde
marrom
Arbusto Leiteiro-vermelho Euphorbia cotinifolia L. Arroxeado Creme
Arbusto Pingo-d’ouro Duranta repens L. Amarelo Azul
Arbusto Manacá Brunfelsia uniflora (Pohl.) D. Don Verde Azul
Forração perene Agapanto Agapanthus africanus (L.) Hoffmanns. Verde Branco e azul
Verde e
Forração perene Ajuga Ajuga reptans L. Azul
arroxeada
Forração perene Alumínio Pilea cadierei L. Cinza e verde Branco
Forração perene Barda-de-bode Eragrostis curvula (Schrad.) Nees Vede claro Creme
Forração perene Bulbine Bulbine frutescens L. Verde Laranja
Forração perene Cinerária Senecio cineraria DC. Cinza Amarelo
Branco e
Forração perene Clorofitos Chlorophytum comosum Jacques Branco
verde
Forração perene Falsa-Érica Cuphea gracilis L. Verde Branco, rosa e lilás

| 34 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Classificação
Nome popular Nome científico Folhagem Florescimento
da vegetação
Amarelo, laranja e
Forração perene Hemerocales Hemerocallis flava L. Verde
marrom
Forração perene Iresine Iresine herbstii Hook. Avermelhada Creme
Forração perene Íris-branca Iris japônica L. Verde Azul e branco
Arroxeada e
Forração perene Lambari Tradescantia zebrina Bosse Azul
esverdeada
Forração perene Lírio-da-paz Spathiphyllum wallisii Regel Verde Branco
Forração perene Manto-de-viúva Tradescantia pallida Bosse Roxo Rosa
Forração perene Moréia Dietes bicolor L. Verde Creme e branca
Forração perene Orelha-de-lebre Stachys byzantina K.Koch. Cinza Lilás
Forração perene Periquito Alternanthera ficoidea (Small) Arroxeada Creme
Forração perene Pervinca Catharanthus roseus (L.) G. Don Verde Branco, rosa, lilás
Forração perene Rabo-de-gato Acalypha reptans Sw. Verde Vermelho
Forração perene Vedélia Sphagneticola trilobata Hitchc Verde Amarelo
Forração anual Allisso Alyssum maritimum Lam. Verde Branco e lilás
Azul, branco,
Forração anual Amor-perfeito Viola tricolor DC. Verde amarelo, laranja,
lilás e preto
Forração anual Begônia Begonia semperflorens Hort. Verde Rosa e vermelho
Forração anual Calêndula Calendula oficinalis L. Verde Amarelo e laranja
Amarelo, laranja,
Forração anual Celosia Celosia plumosa L. e C. cristata L. Verde
rosa e vermelho
Branco, rosa e
Forração anual Cravina-da-china Dianthus chinensis L. Verde
vermelho
Forração anual Lobélia Lobelia erinus L. Verde Azul, rosa e branco
Forração anual Pervinca Catharanthus roseusi (L.) G.Don Verde Branco, rosa e lilás
Branco, rosa,
Forração anual Petúnia Petunia multiflora Juss Verde
vermelho e lilás
Branca, vermelho,
Forração anual Salvia Salvia splendens Roem.; Schult. Verde
rosa e roxo
Forração anual Tagetes Tagetes erecta L. Verde Amarelo e laranja
Azul, rosa, lilás e
Forração anual Torrenia Torenia fournieri Linden. Verde
branco
Amarelo, laranja,
Forração anual Zinia Zinnia elegans Jacq. Verde rosa, branco e
vermelho

| 35 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O encanto pelas plantas ornamentais, reforça a importância da aproximação do homem com a
natureza, tento uma estreita relação psicossocial com a estética e a ecológica dos espaços ajardinados.
Neste contexto, o uso das cores no paisagismo, busca compor paisagens harmônicas e esteticamente
ornamentadas a fim de proporcionar inúmeros benefícios à sociedade e contribuir para a melhoria da
qualidade de vida dos usuários destes espaços.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abbud, B. (2006). Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: SENAC.
Alencar, L. D., Cardoso, J. C. (2015). Paisagismo funcional: o uso de projetos que integram mais que
ornamentação. Revista Ciência, Tecnologia e Ambiente, 1, 1-7.
Backes, M. A. T. (2012). Paisagismo para celebrar a vida – jardins como cura da paisagem e das pessoas.
Porto Alegre: Paisagem do Sul.
Backes, T. (2020). Neuropaisagismo: conceitos filosóficos e ecológicos dos jardins regenerativos e
vibracionais. Nova Petrópolis: Backes.
Belle, R. (1997). Caderno Didático de Floricultura. Santa Maria: CCR.
Bianchini, F., Pantano, A. C. (2006). Tudo verde: guia ilustrado das plantas e flores essenciais para casa e
jardim. São Paulo: Melhoramentos.
Boccanera, N. B., Boccanera, S. F. B., Barbosa, M. A. (2006). As cores no ambiente de terapia intensiva:
percepções de pacientes e profissionais. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 40, 343-349.
Cabanel, J. (2000). Aménager le paysage. Paris: Publibook.
Casagrande, V., Romahn, V. (2008). 101 Belas Árvores. São Paulo: Europa.
Faria, R. T., Assis, A. M., Colombo, R. C. (2008). Paisagismo: Harmonia, Ciência e Arte. Londrina:
Mecenas.
Freitas, A. K. M. (2007). Psicodinâmica das cores em comunicação. Nucom, .4, 1-18.
Gibbs, J. (2014). Design de Interiores guia útil para estudantes e profissionais. São Paulo: GG.
Heller, E. (2013). A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. Barcelona: Gili.
Kinupp, V. F., Lorenzi, H. (2014). Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil: guia de
identificação, aspectos nutricionais e receitais ilustradas. Nova Odessa: Instituto Plantarum.
Lira Filho, J. A., Paiva, H. N., Gonçalves, W. (2001). Paisagismo – princípios básicos. Viçosa: Aprenda
Fácil.
Lorenzi, H. (2013). Plantas para o jardim no Brasil Nova Odessa: Instituto Plantarum. p.
Lorenzi, H., Matos, F. J. A. (2008). Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto
Plantarum.
Macedo, S. S., Sakata, F. G. (2003). Parques Urbanos no Brasil Brazilian Urban Parks. São Paulo: Edusp.
Marx, R. B., Tabacow, J. (2004). Arte; Paisagem. São Paulo: Studio Nobel.

| 36 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Maximiano, L. A. (2004). Considerações sobre o conceito de paisagem. RAEGA, 1, 83-91.
Munareto, J. D., Menegaes, J. F., Fiorin, T. T. (2021). Olericultura: cenário atual e sistemas de cultivo. In:
Menegaes, J. F., Fiorin, T. T. Olericultura: foco em pesquisa da produção de mudas ao
processamento. Rio de Janeiro: e-Publicar.
Niemeyer, C. A. C. (2005). Paisagismo no planejamento arquitetônico. 2. ed. Uberlândia: EDUFU.
Niemeyer, C. A. C. (2019). Paisagismo no planejamento arquitetônico. 3. ed Uberlândia: EDUFU.
Ortigoza, S. A. G. (2010). Paisagens do consumo: São Paulo, Lisboa, Dubai e Seul. São Paulo: Editora
UNESP.
Paiva, P. D. O., Post, A. P. D. O. (2008). Conceitos e caracterização da paisagem. In: PAIVA, P. D. O.
Paisagismo conceitos e aplicações. Lavras: UFLA.
Petry, C. (2014). Paisagens e paisagismo: do apreciar ao fazer e usufruir. Passo Fundo: UPF.
Salviatí, E. (1993). Tipos vegetais aplicados ao paisagismo. Paisagem e Ambiente, 5, 9-45.
Stumpf, E. R. T., Barbieri, R. L., Heiden, G. (2009). Cores e formas no Bioma Pampa: plantas
ornamentais nativas. Pelotas: Embrapa Clima Temperado.
Taiz, L., Zeiger, E. (2013). Fisiologia vegetal. 5. ed. Porto Alegre: Artmed.
Tuan, Y. (2012). Topofilia: Um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina:
Eduel.

| 37 |
Capítulo 3

Ambientes de cultivo de plantas ornamentais


INTRODUÇÃO
A área cultivada da produção brasileira de flores e plantas ornamentais, em 2021, foi de 15.600
hectares (ha) e sistema de viveiricultura, sendo desses 1.342 ha em estufas, 530 ha em telados e 13.738 ha
no campo. Sendo 58% desta área destinada a produção mudas de plantas e flores envasadas, 27% para
plantas ornamentais (arbóreas e arbustivas para jardins) e 14% em flor e folhagens de corte. Há também
o cultivo de aproximadamente 18 mil ha grama, sendo contabilizado separadamente, em destaque os
estados de SP, RJ, PR, MG e na região nordeste (IBRAFLOR, 2022).
A viveiricultura é a ciência que estuda o cultivo de plantas em viveiros, o qual é caracterizado pelo
local de produção e cultivo de plantas (Kämpf, 2000). Assim, os diferentes ambientes de cultivos de flores
e plantas ornamentais visa a produção intensiva em uma área restrita, com emprego de diversos níveis de
tecnologia podendo ser diretamente no campo ou em ambiente protegido.
Os viveiros podem ser divididos em ambiente sem (no campo) e com proteção (Figura 1).
Segundo Andriolo (1999), a proteção do ambiente é quando entre o topo da cobertura vegetal (dossel) e
a atmosfera há uma interposta barreira física artificialmente, a qual modifique o fluxo de energia entre a
atmosfera, a cultura e o solo, tanto direta como indiretamente.

Figura 1. Ambientes de cultivo de flores e plantas ornamentais. Fonte: Menegaes (2022).

Entende-se por fluxo de energia a radiação solar (luz), temperatura do ambiente, vento, formas
de irrigação, entre outros. A proteção do ambiente de cultivo afeta ora positiva ora negativamente a
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
produção de plantas, necessitando de um bom planejamento do calendário das técnicas e manejos
agrícolas. Por exemplo, os sistemas de irrigação a serem adotados.
No campo em cultivo sem proteção (barreira física artificial) entre o solo e atmosfera, esse cultivo
ocorre diretamente no solo em canteiros expostos ou ainda com uma semi proteção de mulching de
sintético (plástico) ou de palhada (resíduos vegetais) (Figura 2A). No cultivo no solo em canteiros
expostos não há nenhum tipo de proteção entre o solo e atmosfera, geralmente utiliza-se irrigação por
gotejamento.

Figura 2. A: cultivo no campo e B: cultivo em ambientes protegidos. Fonte: Menegaes (2022).

No cultivo contendo mulching o solo é semi protegido por uma forma de cobertura, que tem como
finalidade de maximizar eficiência do consumo de água de irrigação, mantendo a umidade e temperatura
do solo, além de controlar a emergência de plantas indesejáveis (Negreiros et al., 2005). Geralmente, esse
tipo de cobertura do solo é feita de material sintético com plástico dupla face ou preto ou branco,
dependendo da finalidade do cultivo. Ou, também de palhada com resíduos vegetais destinados a
agricultura de manejo e filosofia orgânica.
Os cultivos em ambientes protegidos ocorrem em diferentes tipos de instalações, por exemplo,
na Figura 2B, temos a casa de vegetação com cobertura de vidro, a estufa em arco com plástico
transparente, os túneis com plástico leitoso e o telado com tela sombreadora, onde cada dessas instalações
tem uma finalidade específica de cultivo e de manejo.

| 39 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
FATORES QUE AFETAM OS AMBIENTES DE CULTIVOS
Água: qualidade e manejo de irrigação
O manejo da disponibilidade hídrica para as plantas é fundamental importância, visto que
a água é constituinte do vegetal variando de 60% a 92% se sua biomassa. Onde a água utilizada no manejo
de irrigação deve ser potável e com qualidade química, física e biológica para permitir seu uso e maximizar
sua eficiência. Segundo Wendling e Gatto (2002) essas qualidades da água referem-se:
– A qualidade química da água está diretamente relacionada ao potencial hidrogeniônico
(pH) e a condutividade elétrica (CE), os quais indicam o índice de acidez e de salinidade,
respectivamente. Em geral as plantas desenvolvem-se bem em pH entre 5,5 a 6,5, sendo
recomendado a verificação e ajustes desses diariamente quando em cultivo hidropônico
ou com fertirrigação.
– A qualidade física da água de maior importância é verificado pela presença de partículas
de argila e de areia causando turbidez na água. A presença dessas partículas quando em
grande quantidade podem gerar entupindo da tubulação de irrigação e/ou fertirrigação,
neste caso recomenda-se o uso de filtros de areia ou discos ou peneiras para filtragem do
corpo líquido antes da sua utilização.
– A qualidade biológica da água está relacionada a presença de microrganismos como
algas, bactérias e fungos, neste caso é ideal que o corpo líquido seja isento de todo e
quaisquer microrganismos. Pois, os mesmos quando presente na água poderão causar
danos sanitários as plantas. O uso de filtros em especial de areias é recomendado.

No Quadro 1 apresenta-se os principais parâmetros da qualidade da água para uso na agricultura.


O manejo adequado de irrigação para favorece o desenvolvimento das plantas em todos os seus
estádios fenológicos, Testezlaf (2017) classifica manejo em Método, sendo a maneira de como proceder
ou fazer a irrigação, e Sistema, sendo como ocorre a disposição e que estrutura será utilizada para realizar
a irrigação. Atualmente, utiliza-se quatro métodos de irrigação:
– Superfície: quando se utiliza a superfície do solo de forma parcial ou total para a aplicação
da água por ação da gravidade (como a enxurrada);
– Aspersão: a água é aplicada sobre a folhagem da cultura e acima do solo (na forma de
chuva);
– Localizada: a aplicação da água é realizada em uma área limitada da superfície do solo,
preferencialmente dentro da área sombreada pela copa das plantas;
– Subsuperfície ou subterrânea: a água é aplicada abaixo da superfície do solo, dentro do
volume explorado pelas raízes das plantas.

| 40 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 1. Qualidade da água em relação aos parâmetros químicos, físicos e biológicos para uso na
agricultura. Fonte: adaptado de Haddad Filho e Regina (1993).
Parâmetros Padrões ambientais
pH 6,0 a 9,0
Arsênio (Ar) 0,5 mg L-1
Boro (B) 0,75 mg L-1
Cádmio (Cd) 0,001 mg L-1
Cianeto (Cn) 0,01 mg L-1
Cloretos (Cl) 250 mg L-1
Cobre (Cu) 0,02 mg L-1
Químicos Cromo (Cr) 0,05 mg L-1
Índice de fenol (C6H3OH) 0,001 mg L-1
Manganês (Mn) 0,1 mg L-1
Mercúrio (Hg) 0,0002 mg L-1
Nitratos (NO3) 10 mg L-1
Selênio (Se) 0,01 mg L-1
Sulfatos (SO4) 250 mg L-1
Zinco (Zn) 0,18 mg L-1
Turbidez Até 100 UNT (unidade nefelométrica de turbidez)
Físicos
Sólidos totais dissolvidos Até 500
Biológicos Coliformes fecais Até 1.000 colônias 100 mL-1

No Quadro 2 apresenta-se os principais sistemas de irrigação para cada um dos métodos


utilizados na agricultura. No setor florícola os sistemas mais usados em ambientes protegidos são o
gotejamento, a microaspersão e a subirrigação. Já em cultivos no campo ou viveiros com telados os
sistemas mais utilizados são a aspersão convencional por carretel, microaspersão e gotejamento.
Saber a eficiência de cada sistema de irrigação facilita na decisão de como irrigar e de como
organizar todo processo desde a forma de armazenar, verificar suas qualidades até a água chegar as
plantas. Em geral, recomenda-se realizar a irrigação nos horários mais amenos do dia, o suprimento de
água às plantas é determinado pela habilidade da cultura em utilizar a água disponível no solo, tendo
relação direta com a demanda atmosférica, interagindo no dossel vegetativo, na evapotranspiração, na
aeração e na temperatura do solo ou do substrato (Carlesso, 1995).
A irrigação é uma prática fundamental com impacto direto no crescimento e desenvolvimento
vegetal. No cultivo de plantas ornamentais, as irrigações refletem, diretamente, na qualidade do produto
final, onde as irrigações excessivas prejudicam a qualidade dessas plantas favorecendo a proliferação de
patógenos, enquanto que irrigações deficitárias causam redução no crescimento em decorrência da baixa
extração de água (Menegaes et al., 2017).

| 41 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 2. Métodos de irrigação e exemplos de seus principais sistemas. Fonte: Testezlaf. (2017).
Métodos Sistemas
Sulcos: a água é aplicada pela inundação parcial na área a ser irrigada, acompanhando as
linhas da cultura, escoando e se infiltrando por sulcos construídos na superfície do solo.
Superfície
Inundação: a água é aplicada sobre a área plantada e limitada por diques, acumulando na
superfície do solo e se infiltrando, como se verifica na cultura do arroz.
Convencionais: são aqueles que utilizam os componentes convencionais de aspersão
(motobombas, tubulações e aspersores), e que podem ser movimentados manualmente pelo
campo (móveis), cobrindo em cada posição um setor da área irrigada ou permanecer parados
(fixos) na mesma posição ao longo do período de produção e cobrindo toda a área irrigada
ou setores específicos.
Aspersão Mecanizados: são sistemas onde os aspersores ou sprays são montados em estruturas
metálicas que se movem ao longo da área para efetuar a irrigação. Esses sistemas podem se
movimentar com o auxílio de um trator, ou de sistemas automatizados com movimentos
lineares ou circulares, com a operação elétrica ou com a utilização da pressão existente na
tubulação. Enquadram-se no sistema mecanizado, o pivô central, um dos mais conhecidos
no Brasil, e o carretel enrolador.
Gotejamento: a água é aplicada no solo na forma de gotas com baixa vazão através de
pequenos emissores denominados gotejadores.
Localizada Microaspersão: estes sistemas utilizam microaspersores ou sprays, que aplicam a água na
forma de jatos ou aerosol, preferencialmente, na área sombreada pela copa da planta. Esses
sistemas possuem vazões e áreas de aplicação maiores que o gotejamento.
Gotejamento subterrâneo ou subsuperficial: Neste caso, as linhas de gotejamento são
enterradas no solo às profundidades que permitam que a água aplicada atinja o volume
explorado pelas raízes.
Elevação do lençol freático: Esse sistema é empregado em áreas onde existe a ocorrência
de camadas de impedimento subsuperficiais, que permite saturar o perfil do solo e controlar
a profundidade do nível do lençol freático, deixando-o próximo às raízes das plantas. Esta
Subsuperfície
condição é típica de locais com problemas de encharcamento. A elevação do nível freático
pode ser atingida mediante o uso de estruturas de drenagem ou de linhas de irrigação
enterradas.
Subirrigação em ambientes protegidos: Além dos sistemas de campo, existem os sistemas
utilizados em ambiente protegido que utilizam do princípio de aplicação de água diretamente
nas raízes das culturas. Como as mesas capilares, calhas de hidroponia, entre outros.

Luz e radiação solar


Segundo Kämpf (2000), entende-se por luz uma pequena fração do espectro das radiações
eletromagnéticas capaz de produzir sensação visual ao ser humano. Onde em determinados

| 42 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
comprimentos de onda tem capacidade de promover processos morfofisiológicos nas plantas, por
exemplo, fotossíntese, fotomorfogênese e fototropismo.
A fotossíntese (Figura 3) processo vital para as plantas e para sustentação da vida animal e
humana na Terra, é a síntese de produtos orgânicos (carboidratos) originada da reação que ocorre nos
cloroplastos utilizando como substrato dióxido de carbono (CO2) e água (H2O) na presença de luz
resultando em carboidratos (CH2O) e liberando para atmosfera oxigênio (O2).

Figura 3. Esquema do processo fotossintético das plantas. Fonte: Menegaes (2022).

A fotomorfogênese refere-se ao efeito da luz no crescimento e desenvolvimento vegetal,


sobretudo, na diferenciação celular, comprimento, largura e espessura foliar até ao alongamento do caule.
O fototropismo é o movimento da planta em direção a luz. Quando há ausência total ou parcial
de luz ocorre nas plantas uma mobilização de suas reservar para ir em busca da luz denominado
estiolamento. Esse movimento promove o alongamento dos entrenós deixando a planta debilitada (fraca)
e suscetível ao ataque de pragas e doenças.
Todavia, as plantas não absorvem toda a radiação luminosa que recebe, devido as formas
dissipação que ocorre na atmosfera por reflexão, refração e difusão, em geral, a radiação absorvida é entre
1% a 2% de toda radiação incidente, permanecendo no interior da folha sob forma de pigmentos vegetais.
Na Figura 4 apresenta a dissipação da radiação solar em cultivo de plantas por ambiente protegido.
Os pigmentos associados a fotoabsorção das plantas são classificados entre três grupos:
– Clorofilas: responsáveis pela fotossíntese presentes nos cloroplastos;
– Fitocromo: está envolvido diretamente no desenvolvimento da arquitetura da planta
conforme a percepção do fotoperíodo;
– b-caroteno: está relacionado com o movimento da planta em função do fotoperíodo.

| 43 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 4. Esquema da dissipação da radiação solar em ambiente de cultivo protegido de plantas. Fonte:
Menegaes (2022).

A radiação absorvida pelos pigmentos é afetada tanto positiva como negativamente conforme a
qualidade, nível de iluminação e duração. Onde:
– A qualidade é referente a composição do seu espectro, tendo a composição de diferentes
comprimentos de onda na formação da luz. A visão humana capta o espectro de luz na
faixa entre 400 a 700 nm, onde possibilita a diferenciação das cores que compõe o arco-
íris, contudo, a planta durante o processo de fotossíntese pode captar flashes de luzes
tanto abaixo como acima desta faixa de luz com diferentes utilizações para o seu pleno
crescimento e desenvolvimento.
– O nível de iluminação corresponde a iluminância do quanto incide de luz nas plantas
podendo ser “fraca ou forte”, sendo mensurado pelo luxímetro que vaia aferir o fluxo
luminoso (lm) na superfície por m 2, expresso na Equação [lx=lm* m], o lux (lx) é a
umidade do nível de iluminação. Em dia ensolarado, de céu aberto, tem-se entre 10 a 150
mil lux. No geral, as plantas exigem próximo de 2.000 lux sobre a superfície das folhas,
assim classificando-as em três grupos de plantas em relação a necessidade de lux:
o Pleno sol: acima de 2.000 lux com no mínimo 4 a 6 h de sol direto todos os dias.
o Meia sombra: entre 500 a 1.000 lux com luminosidade intensa, mas evite sol direto
entre 10 e 17 h.
o Sombra: entre 300 a 500 lux, não suportando sol direto. Luz indireta por, pelo
menos, 2 h ao dia.

| 44 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
– A duração está relacionada com o fotoperíodo, que corresponde ao comprimento do
período luminoso durante um dia, ou seja, são as horas de luz do dia entre os crepúsculos
matutino e vespertino. A duração do fotoperíodo é variável de acordo com a localização
geográfica e as estações do ano. Quanto mais próxima da Linha do Equador mais
homogêneo é variação do dia (claro)/da noite (escuro) em aproximadamente 12 h/12 h
cada e, quanto mais distante dessa linha e próximo aos Polos globais mais heterogêneos
a variação dia /noite, como ocorre nos dias que marcam a datação do início das estações
do ano, como os solíssimos de verão (21/12) e inverno (21/06) e os equinócios de outono
(21/03) e primavera (23/09) no hemisfério sul (Figura 5).

Figura 5. Fotoperíodo em relação a latitude (A e B) e das datações da estações (C). Fonte: adaptado de
EMBRAPA (2020).

As plantas tem respostas fotomorfogênicas a duração do fotoperíodo, as quais interferem nas


mudanças dos seus estádios fenológicos do vegetativo para o reprodutivo. A duração do período crítico
é a necessidade de luz para que haja a diferenciação celular e sobretudo para haver o florescimento. O
período crítico afeta diretamente os processos do ciclo das plantas quanto a formação de bulbos, a
tuberização e outros órgãos de armazenamento no comprimento do caule, no número de ramificações,
na abscisão foliar, na geminação, entre outros.
Há cinco repostas das plantas em relação a duração do fotoperíodo:
• Plantas de dias curtos (PDC): São as espécies que florescem em fotoperíodos menores do
que um máximo crítico. Exemplo: crisântemo Dendranthema grandiflora Tzevelv);
• Plantas de dias longos (PDL): São as espécies que florescem em fotoperíodos maiores do
que um mínimo crítico. Exemplo: gipsófila (Gypsophila spp.);
• Plantas de dias neutros ou fotoneutras (PDN): São aquelas que florescem em uma ampla
faixa de variação do fotoperíodo. Exemplo: rosa (Rosa x hybrida);
• Plantas de dias longos/curtos (PDL/PDC): necessitam dos dois regimes fotoperiódico
para florescer, seguidas de dias longos e depois dias curtos. Exemplo: flor-da-fortuna
(Bryophyllum crenatum);

| 45 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
• Plantas de dias curtos/longos (PDL/PDC): comportam-se de forma inversa, dias curtos
e depois dias longos. Exemplo: gerânio (Pelargonium spp).

No cultivo de plantas ornamentais, a ciência da floricultura realiza manejo luminoso


complementar conforme a espécie vegetal de interesse e o tipo de cultivo protegido ou não. A
suplementação luminosa geralmente ocorre para espécies que apresentam alto fotoperíodo crítico. Por
exemplo, crisântemo que necessita de suplementação com iluminação artificial até completar 14 h de
fotoperíodo. Mas, também, nas regiões com alta radiação solar para cultivo de algumas plantas de dias
curtos há a necessidade de realizar o escurecimento do ambiente de cultivo, com telas sombreadoras,
lonas ou tecidos, por períodos para promover a noite longa.

Temperatura e umidade relativa


A temperatura é fundamental e vital para o crescimento e desenvolvimento das plantas,
influenciando desde o processo de germinação até ao acumulo de carboidratos. A energia calorífera dado
pela expressão de calor é produzido pelo movimento de átomos ou moléculas de um corpo, onde quanto
maior esse movimento mais alta é a temperatura. Apesar de são ser visível as ondas eletromagnéticas nos
sues comprimento produzem diferentes sensações térmicas.
Na interação do sistema solo-água-planta-atmosfera (SAPA) com o ambiente de cultivo a
temperatura exerce um papel importante tento efeitos variados no acúmulo de biomassa e na
evapotranspiração desse sistema (Figura 6A). No geral, as plantas tem seu pleno desenvolvimento entre
as temperaturas de 20 a 30º C, variando conforme a ecofisiologia de cada espécie. Onde cada espécie tem
sua temperatura ótima (To) de referência para seu crescimento e desenvolvimento típico, podendo
suportar um faixa de temperatura inferiores e superiores a To, assim denominadas como temperatura
base (Tb).
As plantas podem ser cultivadas ainda entre as temperaturas base inferior (Tbi) e a superior (Tbs),
contudo, com prejuízo no seu desenvolvimento pleno. Lembrando que o aumento de um grau de
temperatura no ambiente de cultivo causa estresse térmico na planta comprometendo seu crescimento e
desenvolvimento.
Quando há o aumento exagerado da temperatura no ambiente de cultivo sendo esse protegido
ou não faz com haja um gasto energético da planta, devido ao aumento da taxa de transpiração e quando
somado a taxa de evaporação da superfície do solo/substrato originam um microclima de vapor d’água
quente ao entorno das plantas provocando danos a produção de biomassa.
Em ambientes de cultivo com elevação da temperatura faz com que as plantas feche seus
estômatos impedindo as trocas gasosas e o acúmulo de carboidratos. Nesta situação a água presente na
planta e no solo/substrato é utilizada para arrefecer o corpo vegetal evitando que o mesmo ente em
colapso térmico, assim mantendo minimamente funcionamento do seu metabolismo. O prolongamento

| 46 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
da transpiração excessiva e a baixa absorção de água faz com que a planta entre em ponto de murcha
permanente (Figura 6B) e, consequentemente a senescência precoce.

Figura 6. Desempenho das plantas em diferentes condições de disponibilidade de água em temperatura.


Fonte: Menegaes (2022).

Já em baixas temperaturas, abaixo da Tbi, também são prejudiciais ao crescimento e


desenvolvimento do vegetal, por exemplo, quando há o congelamento foliar há a expansão da água, que
em estado sólido aumenta o seu volume, provocando o rompimento celular causando danos irreversíveis
ao vegetal, também levando a senescência precoce, como em dias de geadas.
No controle ambiental a temperatura está intimamente relacionado a radiação solar e a umidade
relativa do ar, sendo essencial para o processo de fotossíntese, que sofre interferência pelos pontos de
saturação e de compensação luminosa (Rodrigues, 2002).
– O ponto de saturação luminosa está relacionado ao que será utilizado pela planta para
realizar seus processos metabólicos como transpiração, aquecimento da biomassa e
outros que podem reduzir a produtividade final, causando danos conforme a severidade
das condições ambientais, por exemplo, clorose e necrose nas bordas foliares.
– O ponto de compensação luminosa é o balanço liquido de CO2 igual a zero. Assim, todo
produto da fotossíntese é consumido pela respiração e acumulo de carboidratos, ou seja,
a temperatura é o principal fator limitante da taxa foliar que desencadeia outros processos
metabólicos para acumulo de carboidratos.

| 47 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
A umidade relativa do ar (URar) indica a quantidade de vapor d’água que tem na atmosfera do
ambiente de cultivo. Sendo essa umidade importante para a manutenção da hidratação do corpo vegetal
em seu equilíbrio no sistema SAPA. A variação da URar pode causar danos as plantas (Rodrigues, 2002):
– Em condições de alta URar: a polinização é prejudicada; há uma inadequada absorção e
transporte de certos nutrientes, especialmente o Ca para as margens foliares e para os
frutos, pois a planta apresenta baixa transpiração; há formação de condensação na planta
responsável pelo aparecimento de doenças; e geralmente, a plantas apresentam folhas
mais largas e caule mais longos.
– Em condições de baixa URar: favorece o desenvolvimento de míldio e ácaros; a
transpiração é mais intensa a e irrigação se torna crítica, pois no substrato, ao ser irrigado
com uma mairo quantidade de água, as raízes não podem ficar muito tempo submersas
sem oxigênio.

Quebra-ventos
O vento é um fator importante de cultivo para dissipação do calor no dossel vegetativo, contudo
em altas velocidades e intensidades pode provocar danos a esse dossel. Assim, utiliza-se uma barreira
vegetal visando proteger as plantas cultivadas e as instalações contra a ação de ventos fortes, denominada
de quebra-ventos (Figuras 7A e 7B). Assim, promovendo um ambiente favorável à produtividade, devido
a redução da ação do vento.

Figura 7. Croqui com uso de quebra-vento em vista lateral (A) e planta baixa (B). C: cultivo sem quebra-
vento e D: cultivo com quebra-vento. Fonte: Menegaes (2022).

| 48 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

O vento por promover deformações na paisagem causando danos as plantas por acamamento
(Figura 7C) e mecânico as infraestruturas (galpões, estufas, entre outras). Onde o cultivo de plantas com
uso de quebra-vento (Figura 7D) impede que haja o acabamento das plantas (Figura 7C) pela velocidade
do vento o qual provoca depreciação da qualidade visual e sanitária dessas plantas.
Assim, recomenda-se plantas de porte arbóreo entremeadas com plantas de porte arbustivo
(Figura 7A) favorecendo a permeabilidade do vento no dossel da vegetação deve ser entre 40% a 50%,
conforme o tipo de planta e seu espaçamento, distribuídos na orientação do terreno. A justaposição das
plantas de diferentes portes auxilia na proteção horizontal do terreno, no geral, a altura da planta (vertical)
podem proteger horizontalmente até 10 vezes (x) a sua altura.
As características desejáveis para a escolha de espécies vegetais que comporão os quebra-ventos
são crescimento rápido, plantas altas (> h > área protegida) e eretas, crescimento rápido, sistema radicular
profundo (pivotante) e folhas perenes. A flexibilidade da vegetação é importante, pois as mesmas
absorvem melhor o impacto do vento, enquanto, plantas rígidas favorecem o turbilhonamento do vento.
No Quadro 3 indica os principais efeitos favoráveis e desfavoráveis para utilização de quebra-vento nos
ambientes de cultivos de plantas.

Quadro 3. Efeitos favoráveis e desfavoráveis da utilização do quebra-ventos.


Efeitos Favoráveis Efeitos Desfavoráveis
- Redistribuição de calor variação entre ar quente e - Desconforto animal pela remoção excessiva de
ar frio calor no inverno
- Vapor d´água de regiões mais úmidas para mais - Danos mecânicos nas plantas (tecido)
secas - Aumento da transpiração
- Dispersão de gases e poluentes (inverno) - Fechamento dos estômatos, reduzindo a
- Remoção de calor de plantas e animais; Fotossíntese
- Suprimento de CO2 para fotossíntese - Redução da área foliar
- Dispersão de sementes e pólen (diversificação de
espécies)
- Remoção de vapor d´água (transpiração)

AMBIENTE SEM PROTEÇÃO: NO CAMPO


O cultivo no solo, é baseado desde o início da agricultura, onde o solo serve de suporte físico
para as plantas, sendo o meio o qual as mesmas podem crescer e se desenvolver em todas as etapas de
cultivo (estágios e estádios fenológicos), desde a semeadura até colheita. O solo, também é fonte mineral
para as plantas, contudo em cultivos intensivos é necessário adicionar os nutrientes por adubação
orgânica ou mineral durante o preparo do solo, antes da semeadura ou plantio de mudas, e durante o
cultivo via fertirrigação ou por adubação complementar. Via solo que o sistema radicular absorve a água

| 49 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
e os nutrientes diluídos na solução do solo, essa absorção é via osmótica ou por diferença de potencial,
sendo altamente influenciado pelas condições climáticas da região e época de cultivo.
De acordo com Streck et al. (2008), o solo é um componente da biosfera trifásico (com partes
sólidas, liquidas e gasosas) que proporciona bioatividade (fauna e flora) e é repleto de interações com
entradas e saídas, especialmente de nutrientes (bioreciclador) e de água (regulador do sistema). Tendo
uma camada agricultável, geralmente, entre 0 e 40 cm de profundidade
A formação e a composição do solo dependem diretamente do material de origem e o seu grau
de intemperismo, o qual vai formar a porosidade do solo pelo conjunto de poros oriundos das diferentes
porcentagens de partículas sólidas (areia, silte, argila, entre outros), e os espaços de aeração onde há a
flutuação das partes líquidas e gasosas do solo. Em geral, um solo é composto por aproximadamente
50% de partes sólidas (minerais e matéria orgânica) formando os microporos, aproximadamente 25% de
parte líquida (água e solução do solo) e aproximadamente 25% de parte gasosa, essas porcentagens são
variáveis de acordo com a formação e manejo do solo.
Neste contexto, o cultivo no solo deve ter um manejo adequado que proporcionem as plantas
condições de crescimento e desenvolvimento pleno, tanto pela disponibilidade hídrica, mineral, como
pelo suporte físico. Este último, refere-se as características de porosidade, areação, drenagem, retenção
de água, densidade e grau de compactação.
Quando se realiza o preparo do solo e dos canteiros há uma grande mobilidade do solo, em
virtude das confecções dos canteiros, onde há a elevação do solo entre 0,1 a 0,2 m em relação a superfície
constituindo paredes laterais com ou sem proteção (Figura 8), essas paredes sem proteção o ideal é ter
uma leve inclinação de até 3% para evitar o seu desmoronamento, quanto protegida por plástico, madeira,
alvenaria ou outros, não há necessidade de inclinação. As larguras dos canteiros deve ser entre 1,0 a 1,2
m de largura entremeados por um sulco perfazendo ruas ou caminhos de 0,4 a 0,5 m entre cada canteiro,
para facilitar o manejo tanto humano como de máquinas.

Figura 8. Formas de confecção de canteiros no campo. Fonte: Menegaes (2021).

Em geral, os canteiros não ultrapassam 10 m de extensão para não dificultar os tratos culturais e
manejo agrícola, tendo seu sentido Leste-Oeste (nascente-poente) em busca da máxima luminosidade
possível. Quando a área de cultivo tiver entre 3 a 4% de declividade, recomenda-se seguir essa declividade,
contudo se ultrapassar essa percentagem o ideal é confeccionar os canteiros de forma perpendicular a
declividade para evitar desmoronamento das paredes dos mesmos, assim tendo como base as técnicas de
terraceamento (canteiros em patamares).

| 50 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Anteriormente, a confecção dos canteiros há o preparo do solo, em que no sistema de cultivo
convencional consiste na desagregação total do solo, deixando-o em consistência pulverizada, para isso
ocorres necessita-se realizar a limpeza total da área de cultivo, removendo os resíduos vegetais de maior
porte e rochas. Na sequência realiza-se a aração, processo que busca revolver as camadas do perfil do
solo em até 30 cm de profundidade, com o intuito de uniformizar e promover a desagregação do solo,
depois segue a gradagem com o intuito de promover o total destorroamento do solo, esse estágio o solo
permanece em consistência pulverizada e homogênea, podendo receber a calagem e as adubações
orgânicas e/ou mineral, de acordo com o laudo da análise de solo prévia e as recomendações técnicas
para a cultura de interesse.
Por fim, após o destorroamento, calagem quando necessária e adubações, inicia a
homogeneização destes e com auxílio de enxada rotativa ou encanteirador realiza-se a confecção
propriamente dos canteiros, perfazendo entre uma a duas passagens das máquinas visando a estruturação
destes. Quando necessário realiza-se a proteções das paredes laterais dos canteiros ou utiliza-se a técnica
de mulching e instala-se os sistemas de irrigação. Em pequenas áreas e conforme o nível de tecnologia a
preparação dos canteiros pode ser realizada manualmente com enxadas e tábuas niveladoras.
As plantas ornamentais apresentam de média a alta demanda de nutriente durante seu ciclo de
vida, em especial as flores de corte em um curto período de tempo, sendo consideradas plantas exigentes
e que facilmente esgotam os nutrientes do solo, por isso a calagem e a adubação são fatores limitantes da
produção. A calagem e adubação podem ser feitas no solo de duas formas em toda a área ou apenas no
canteiro/camalhão. É preferível adubos de rápida solubilidade em função do tempo do ciclo biológico
da cultura de interesse.
Para a calagem o ideal é utilizar alto Poder Relativo Neutralizante Total (PRNT) do calcário de
acordo com pH de referência para a cultura, quanto maior o PRNT do calcário maior o poder de
neutralização e mais rápido esse ocorre.
Para a adubação do solo, utiliza-se orgânica e/ou mineral, de acordo com a disponibilidade na
região e tecnologia aplicada a produção, naturalmente o solo é um reciclador e mobilizador de resíduos
organomineral pelo ciclo biogeoquímico disponibilizando nutrientes para as plantas, todavia, esse
processo é lento, então para o cultivo intensivo de hortaliças é necessário a adição de nutrientes para
fertilização do solo e crescimento e desenvolvimento das plantas.
A adubação orgânica em geral ocorre com a adição de resíduos vegetais (palhada) e/ou animais
(cama de aviário, lodo suínos, esterco bovino, entre outros) previamente compostado, busca-se com essa
forma de adubação baixa relação carbono/nitrogênio (C/N), essa relação está diretamente relacionada
com a alta taxa de decomposição e maior o período de tempo no solo (mineralização) dos nutrientes
presentes nos resíduos, e disponibilidade as plantas, então quanto mais alta a relação mais rápida a
disponibilidade dos nutrientes.

| 51 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
A utilização de mulching permite propiciar uma barreira física protetiva para os canteiros,
podendo utilizar plástico ou cobertura vegetal (palhada com alta relação C/N e baixa taxa de
decomposição). Essa forma de cobertura auxilia na proteção das paredes laterais dos canteiros da erosão
pela chuva, prevenção da emergência de plantas indesejáveis reduzindo os tratos culturais de capina,
manutenção da energia solar e umidade. Quando o solo coberto, sobre a proteção plástica ou palhada
pode-se inserir o sistema de irrigação e fertirrigação por gotejamento, maximizando a disponibilidade
hídrica nos canteiros. A plasticultura nos últimos anos tem sido amplamente estudada, então pode-se
utilizar plásticos de coloração preto e branco, de acordo com a espécie de interesse e a sua permanência
nos canteiros.
Em relação aos sistemas de irrigações, geralmente utiliza-se o sistema de gotejamento ou de
aspersão, ambos localizados próximos as plantas (Figura 9). O sistema de gotejamento, irrigação
localizada, apresenta alta maximização do uso de água e permite a fertirrigação, com a vantagem de não
haver molhamento foliar, esse sistema é muito utilizado em ambientes protegidos tanto de cultivo no
solo ou em recipientes. O sistema de aspersão consiste em irrigar as plantas por pulverização (imitação
da chuva) com alta eficiência de disponibilidade hídrica, todavia, esse sistema permite o molhamento
foliar, o qual dependendo das condições fitossanitárias podem promover o agravamento das moléstias.

Figura 9. Formas de irrigação de canteiros no campo. Fonte: Menegaes (2021).

Etapas para realizar o encanteiramento:


1. Escolha da área a ser cultivada;
2. Limpeza da área – rochas, resíduos, entre outros;
3. Análise do solo – preferencialmente a completa e de periodicidade anual;
4. Preparo do solo;

| 52 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
5. Correções do solo de acordo com o laudo da análise – calagem e adubação de base –
conforme a cultura;
6. Demarcações dos canteiros:
a. Sentido L-W (nascente-poente);
b. Seguir a declividade da área até 3%, passando de 5% usar os canteiros de forma
perpendicular (forma de terraços);
c. Ter no máximo 10 m de extensão;
7. Preparo dos canteiros – enxada rotativa ou manual;
8. Instalação da irrigação – se possível o mesmo sistema de fertirrigação;
9. Instalação das proteções: telas se for o caso ou revisão dos plásticos em ambiente
protegido, ou Mulching;
10. Canteiro apto para receber a semeadura direta ou plantio de mudas.

AMBIENTE PROTEGIDO
O cultivo em ambiente protegido é aquele que se faz o controle de um ou mais fatores climáticos
(Rodrigues, 2002). Atualmente, há várias formas de abrigar as plantas, podendo ser parcial ou totalmente
fechado, assim proporcionando diversas opções aos produtores quando ao capital de investimento e
tecnologia aplicada.

Casa de vegetação
A casa de vegetação inicialmente para cultivar plantas de clima quente em ambientes de clima frio.
O seu revestimento é feito exclusivamente de material de vidro, permitindo maior passagem de
luminosidade e controle térmico, suas aberturas de teto e laterais podem ser fixas ou móveis conforme a
sua construção em geral de metal para suportar a carga-peso do vidro. Esse tipo de abrigo permite a
aplicação de alta tecnologia de aplicação. Devido ao alto custo de manutenção, as casas de vegetações
hoje são utilizadas para pesquisa ou para atrativo turístico, como na Figura 10B, no Jardim Botânico de
Curitiba, em Curitiba, PR.

Figura 10. Casa de vegetação em desenho no formato em capela (A) e Jardim Botânico de Curitiba (B).
Fonte: Menegaes (2021) e Google Imagens (2021).

| 53 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Estufa
São construções constituídas por uma estrutura de suporte para cobertura transparente e por uma
fundação, quando necessário, para a proteção das plantas, o seu revestimento é feito de material plástico
(Figura 11). Sendo esse de filme (leitoso ou transparente), de placa ou de fibra, com ou sem aditivos anti-
UV, podendo ser de estrutura metálica ou de madeira. As suas aberturas de teto e laterais podem ser fixas
ou móveis. Atualmente, entre os cultivos protegido é o abrigo mais utilizado, pois possibilita o uso de
diferentes níveis de tecnologia de manejo.

Figura 11. Estuga em desenho no formato de arco (A) e estufa comercial em formato de dente-de-serra.
(B). Fonte: Menegaes (2021) e Google Imagens (2021).

Túneis
São abrigos em forma de semicírculo, com revestimento de material plástico de preferência
leitoso, podendo ser construído de cano plástico, ferro ou arrame. Classificados em túneis alto e baixo.
Os túneis altos são mais usados na floricultura para produção de plantas ornamentais e mudas
condicionado a espécie, tamanho do túnel, clima e manejo da aeração (Figuras 13A e 13B). Os túneis
baixos são modelos simples e de pouco investimento, em geral, com largura entre 1 a 1,2 m por 0,6 m,
utilizados para proteção do frio e chuvas fortes, propagação vegetativa no inverno e sementeira (Figuras
13C e 13D).

Figura 12. Desenho do túnel alto (A), túnel alto comercial (B), desenho do túnel baixo (C) e túneis baixos
comerciais. Fonte: Menegaes (2021) e Google Imagens (2021).

| 54 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Telados
O sombreamento de plantas auxilia no seu crescimento e desenvolvimento (Figura 13), todavia é
importante conhecer a faixa de sombreamento aceito pelas plantas de acordo a sua ecofisiologia. As telas
sombreadora apresentam diferentes percentagens de sombreamento conforme o tramamento da tela e
sua cor. As telas coloridas (Figura 10D) têm aplicação mais indicada para manipulação do espectro de
radiação que chega às plantas, com o intuito de se obterem respostas específicas dos cultivos Faria Junior
e Hora (2018).

Figura 13. Telado em desenho (A), telado comercial com preta (B), percentagem de sombreamento das
telas (C), telas coloridas (D) e telas aluminizadas (E). Fonte: A: Menegaes (2021), B: Google Imagens
(2021) e C, D, E: Faria Junior e Hora (2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ambiente de cultivo de plantas, seja no campo ou em abrigo protegido, apresenta alta interação
dos fatores culturais, ambientais e de manejo com o sistema solo-água-planta-atmosfera (SAPA), sendo
necessário o conhecimento individual e cada um para obter sucesso na produção final, especialmente das
plantas ornamentais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andriolo, J. L. (1999). Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria: Editora UFSM.
Carlesso, R. (1995). Absorção de água pelas plantas: água disponível versus extraível e a produtividade
das culturas. Revista Ciência Rural, 25, 183-188.

| 55 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Faria Junior, M. J. A., Hora, R. C. (2018). Cultivo Protegido. In: Brandão Filho, J. U. T., Freitas, P.S.L.
Berian, L. O. S., Goto, R., Hortaliças-fruto. Maringá: EDUEM.
IBRAFLOR - Instituto Brasileiro de Floricultura. (2022). O mercado de flores no Brasil Holambra:
IBRAFLOR.
Kämpf, A. N. (2000). Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária.
Menegaes, J. F., Swarowsky, A., Backes, F. A. A. L., Bellé, R. A., Izário Filho, H. J. (2017). Consumo
hídrico de calla lily submetida ao manejo de irrigação via solo e teores de cobre. Irriga, 22, 74-86.
Negreiros, M. Z., Costa, F. A., Medeiros, J. F., Leitão V., Bezerra Neto, F., Espínola Sobrinho, J. (2005).
Rendimento e qualidade de melão sob lâminas de irrigação e cobertura de solo com filmes de
polietileno de diferentes cores. Horticultura Brasileira, 23, 773-779.
Rodrigues, L. R. F. (2002). Técnicas de cultivo hidropônico e controle ambiental no manejo de pragas, doenças e nutrição
vegetal em ambiente protegido. Jaboticabal: FUNEP.
Streck, E. V., Kämpf, N., Dalomiln, R. S. D., Klamt, E., Nascimento, P. C., Schneider, P., Giasson, E.,
Pinto, L. F. S. (2008). Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS-ASCAR.
Testezlaf, R. (2017) Irrigação: métodos, sistemas e aplicações. Campinas: Unicamp/FEAGRI.
Wendling, I., Gatto, A. (2002). Substratos, adubação e irrigação na produção de mudas. Viçosa: Aprenda Fácil.

| 56 |
Capítulo 4

Multiplicação de plantas ornamentais


INTRODUÇÃO
Aproximadamente 350 milhões de anos, no período Devoniano (Era Paleozoica) tem-se registros
da origem as Espécies Vegetais (plantas), o qual provavelmente foram originadas pelo fenômeno
heterosporia, uma produção de diversos tipos de esporos assexuais que se fundiram ou cruzaram, assim
surgindo os primeiros vegetais ainda rudimentar.
O reino vegetal teve seu desenvolvimento a partir de algas verdes e vermelhas, seguidos de plantas
terrestres divididos em dois grupos as criptogâmicas e as fanerogâmicas. O primeiro grupo, plantas
Criptogâmicas, sem órgãos sexuais facilmente discerníveis, que são compostas de Briófitas (musgos) e
plantas Pteridófitas (samambaias, cavalinhas, entre outras), e o segundo grupo as Fanerogâmicas ou
espermatófilas, com órgãos sexuais visíveis, são compostas pelas Gimnospermas (coníferas: plantas sem
fruto ou sementes desprotegidas) e as Angiospermas (maioria das espécies de interesse agroeconômico).
A partir do momento que os vegetais apresentam sementes se tem a perpetuação destas espécies,
devido a capacidade de germinar em diferentes períodos de tempo e localidades (espaços). No tempo,
pelo efeito da dormência – que permite a sobrevivência das sementes impedindo que as mesmas
germinem logo após a sua maturação, podendo ser de cunho fisiológico ou ambiental esse processo. No
espaço, devido a dispersão o que possibilita a heterogeneidade das populações vegetais, fundamental na
manutenção e expansão dos vegetais sobre a superfície terrestre. Essa dispersão se dá pelos mecanismos
estruturais próprios das sementes, como: espinhos, pelos, asas, entre outros.
Neste contexto, aproximadamente 10 mil anos a. C., inicia a domesticação das plantas por meio
da Agricultura, o qual teve início pelo sedentarismo humano, assim formando as primeiras civilizações.
O qual a posteriori exigiu uma organização social, política e econômica, evoluindo até os dias atuais. O “ser
humano” nômade necessitava de alimentos por caça, pesca e coleta de vegetais, esse último, fora
observado que quando “jogado ou solto” sobre o solo úmido ou com certa umidade originava outra
planta igual. Essa observação foi realizada pelas as mulheres dos bandos, que quando grávida não saiam
em busca dos alimentos para fazer o mínimo esforço economizando energia corporal. Assim, ao simples
ato de “jogar ou soltar” uma semente no solo e irrigá-la, ainda de forma primitiva inicia os primórdios da
agricultura, o que favoreceu a evolução humana.
O simples ato de cultivar fez com que o “ser humano” permanecesse próximo ao local de cultivo
das plantas, realizando os manejos necessários para a futura colheita, como dizem Carvalho e Nakagawa
(2012) “a semente pode ser considerada a pedra fundamental da nossa civilização”. Tão é verdade que
muitas culturas se desenvolveram cultivando algumas espécies vegetais, até hoje atribuídas a estes locais
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
geográficos. Por exemplo, trigo (Triticum aestivum L.) próximo ao Rio Nilo no Egito e Mesopotâmia,
depois pela Europa, arroz (Oryza sativa L.) na Ásia, sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench.) na África, milho
(Zea mays L.) na América, entre outros.
Com a evolução da agricultura e a partir das plantas com sementes, respeitando sua anoto-
morfologia desenvolveu-se várias técnicas e métodos para a multiplicação das plantas. Naturalmente a
maioria das plantas se reproduzem por sementes, mas há casos especiais na natureza que há necessidade
de propagar algumas plantas por outro meios visando o interesse agroeconômico.
A multiplicação de plantas ocorre de duas formas por reprodução e propagação (Figura 1). A
primeira forma multiplicação é por reprodução, onde ocorre a fusão gamética entre as plantas, também
denominada sexuada. A reprodução de plantas acontece por meio de esporos (criptógamas) e por
sementes (fanerógamas), conforme o grau de melhoramento vegetal, podem originar indivíduos
semelhantes ou não das plantas-matrizes (Figura 1A). No setor florícola essa alta variabilidade fenotípica
é desejável para o cultivo de novos produtos.

Figura 1. Formas de multiplicação de plantas. A: reprodução e B: propagação. Fonte: Menegaes (2021).

A multiplicação de plantas por propagação utiliza uma parte planta como propágulo
vegetativo, pode ser radicular, folhar ou meristemático, ou seja, não há fusão gamética (Figura 1B). As
formas propagativas são classificadas em: natural por meio de bulbos, cormos, rizomas, tubérculos, entre
outros; artificial por meio de estaquia, enxertia, mergulhia, alporquia, cultura de tecidos
(micropropagação) e por sementes assexuadas, chamada de apomixia, que é o desenvolvimento
assexuado do embrião por embriogênese somática a partir das células vegetativas da planta-matriz. No
setor florícola o uso de propagação é muito utilizado devido à baixa variabilidade fenotípica, a qual
possibilita produtos uniformes e homogêneos.

| 58 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
LEGISLAÇÃO
A legislação e a certificação de sementes e de mudas a nível mundial, surgiu da necessidade de se
ter regularidade e uniformidade no material vegetal a ser multiplicado, possibilitando uma
homogeneidade desde do lote de sementes e/ou de mudas até o pleno desenvolvimento de suas
características morfofisiológica de cada espécie vegetal. A multiplicação de plantas ornamentais, tanto
sexuada como vegetativa, no Brasil obedece a uma legislação específica em consonância a legislação
internacional, sendo a fiscalização desse setor de responsabilidade no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA). Destaca-se os principais pontos das leis que regem a produção de sementes e
mudas no Brasil:

Lei de Proteção de Cultivares: LPC (Lei nº. 9.456/1997):


– Trata do mercado de royalties: o royalty será inserido no preço da semente/propágulos.
– Estabelece a União Internacional para Proteção de Obtenções Vegetais (UPOV) como
organismo internacional sobre os direitos dos melhoristas ou de propriedade intelectual sobre as
cultivares melhoradas.

Lei das sementes (Lei nº. 10.711/2003):


- Estabelece os registros no Sistema Nacional de Produção de Sementes e Mudas (SNSM), no
Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM) e no Registro Nacional de Cultivares
(RNC).
- Objetivando garantir a identidade e a qualidade do material de multiplicação vegetal produzido,
comercializado e utilizado em todo o território nacional.

RENASEM: Registro Nacional de Sementes e Mudas


- Art. 8º (Lei nº. 10.711/2003): as pessoas físicas e jurídicas que exerçam as atividades de produção,
beneficiamento, embalagem, armazenamento, análise, comércio, importação e exportação de
sementes e mudas ficam obrigadas à inscrição no RENASEM.

CNCR: Cadastro Nacional de Cultivares Registradas


- Art. 12. (Lei nº. 10.711/2003): a denominação da cultivar será obrigatória para sua identificação
e destinar-se-á a ser sua denominação genérica, devendo, para fins de registro.

Disposições gerais sobre alguns conceitos utilizados na multiplicação de plantas (Art. 2. -


Lei nº. 10.711/2003):
– Jardim clonal: conjunto de plantas, matrizes ou básicas, destinado a fornecer material de
multiplicação de determinada cultivar;

| 59 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
– Laboratório de análise de sementes e mudas: unidade constituída e credenciada especificamente
para proceder a análise de sementes e expedir o respectivo boletim ou certificado de análise,
assistida por responsável técnico;
– Mantenedor: pessoa física ou jurídica que se responsabiliza por tornar disponível um estoque
mínimo de material de propagação de uma cultivar inscrita no Registro Nacional de Cultivares -
RNC, conservando suas características de identidade genética e pureza varietal;
– Muda: material de propagação vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de
reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de plantio;
– Muda certificada: muda que tenha sido submetida ao processo de certificação, proveniente de
planta básica ou de planta matriz;
– Obtentor: pessoa física ou jurídica que obtiver cultivar, nova cultivar ou cultivar essencialmente
derivada;
– Planta básica: planta obtida a partir de processo de melhoramento, sob a responsabilidade e
controle direto de seu obtentor ou introdutor, mantidas as suas características de identidade e
pureza genéticas;
– Planta matriz: planta fornecedora de material de propagação que mantém as características da
Planta Básica da qual seja proveniente;
– Produção: o processo de propagação de sementes ou mudas;
– Produtor de muda: pessoa física ou jurídica que, assistida por responsável técnico, produz muda
destinada à comercialização;
– Produtor de semente: pessoa física ou jurídica que, assistida por responsável técnico, produz
semente destinada à comercialização;
– Propagação: a reprodução, por sementes propriamente ditas, ou a multiplicação, por mudas e
demais estruturas vegetais, ou a concomitância dessas ações;
– Semente: material de reprodução vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de
reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura;

Produção e da Certificação (Lei nº. 10.711/2003):


Art. 19. A produção de sementes e mudas será de responsabilidade do produtor de sementes e
mudas inscrito no RENASEM, competindo-lhe zelar pelo controle de identidade e qualidade. A garantia
do padrão mínimo de germinação será assegurada pelo detentor da semente, seja produtor, comerciante
ou usuário, na forma que dispuser o regulamento desta Lei.
Art. 21. O produtor de sementes e de mudas fica obrigado a identificá-las, devendo fazer constar
da respectiva embalagem, carimbo, rótulo ou etiqueta de identificação, as especificações estabelecidas no
regulamento desta Lei.

| 60 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Comércio Nacional e Internacional (Lei nº. 10.711/2003):
Art. 30. O comércio e o transporte de sementes e de mudas ficam condicionados ao atendimento
dos padrões de identidade e de qualidade estabelecidos pelo MAPA. Em situações emergenciais e por
prazo determinado, o MAPA poderá autorizar a comercialização de material de propagação com padrões
de identidade e qualidade abaixo dos mínimos estabelecidos.
Art. 32. A comercialização e o transporte de sementes tratadas com produtos químicos ou
agrotóxicos deverão obedecer ao disposto no regulamento desta Lei.
Art. 33. A produção de sementes e mudas destinadas ao comércio internacional deverá obedecer
às normas específicas estabelecidas pelo MAPA, atendidas as exigências de acordos e tratados que regem
o comércio internacional ou aquelas estabelecidas com o país importador, conforme o caso.
Art. 34. Somente poderão ser importadas sementes ou mudas de cultivares inscritas no Registro
Nacional de Cultivares. Ficam isentas de inscrição no RNC as cultivares importadas para fins de pesquisa,
de ensaios de valor de cultivo e uso, ou de reexportação.

Fiscalização (Lei nº. 10.711/2003):


Art. 37. Estão sujeitas à fiscalização, pelo MAPA, as pessoas físicas e jurídicas que produzam,
beneficiem, analisem, embalem, reembalem, amostrem, certifiquem, armazenem, transportem, importem,
exportem, utilizem ou comercializem sementes ou mudas. Compete ao fiscal exercer a fiscalização da
produção, do beneficiamento, do comércio e da utilização de sementes e mudas, sendo-lhe assegurado,
no exercício de suas funções, livre acesso a quaisquer estabelecimentos, documentos ou pessoas referidas
no caput.

Lei da Biossegurança (Lei nº. 11.105/2005):


- Estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam
organismos geneticamente modificados (OGM) e seus derivados, cria o Conselho Nacional de
Biossegurança (CNBS), reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)

HORMÔNIOS VEGETAIS
Os hormônios vegetais ou fitormônios são substâncias produzidas pelas plantas e que regulam
seu crescimento e seu desenvolvimento típico, por vias de sinais bioquímicos com interação direta as
condições ambientais, que permitem a “comunicação” entre as células do vegetal. Uma vez que a planta
percebe esse sinal induz uma resposta fisiológica, para a diferenciação celular podendo afetar positiva ou
negativamente seu desenvolvimento (Taiz; Zeiger, 2013). Há vários hormônios que regulam as plantas,
os principais são: auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico.

| 61 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Auxina
Na planta a função desse hormônio vegetal está relacionado ao alongamento do caule, dominância
apical, formação da raiz, desenvolvimento de frutos, sementes e meristemas, tropismo (crescimento
orientado por um estímulo externo).
Tipos de tropismo comum em plantas:
– Fototropismo: é a resposta do vegetal quando o estímulo é a luz (Figura 2). Exemplo: girassol
(Helianthus annuus L.).
– Gravitropismo ou geotropismo: é a resposta a força da gravidade, especialmente para
estimulo ao enraizamento.
– Tigmotropismo: ocorre quando uma planta entra em contato com um objeto sólido e
começa a crescer em volta dele. Exemplo: maracujá-doce (Passiflora alata Dryander).
– Hidrotropismo: é o movimento orientado para a água. Ex.: flor-de-lótus (Nelumbo nucifera
Gaertn.)
– Quimiotropismo: é o movimento orientado para determinadas substâncias. Ex.: Alumínio
(Al).
– Nastismo: é um movimento realizado pelos vegetais em resposta a estímulos externos. Ex.:
planta dormineira (Mimosa pudica).

Figura 2. Fototropismo e geotropismo estimulado pela radiação solar atuando sobre a auxina na planta.
Fonte: Menegaes (2021).

Há vários usos externos de auxinas como reguladores de crescimento, especialmente, para o


enraizador e estimulador de raízes adventícias, por exemplo, ácido indol-3-acético (AIA), ácido indol-3-
butírico (AIB) e ácido 1-naftalenoacético (ANA). Na Figura 3, tem-se o exemplo do uso de AIB na
promoção de enraizamento de estacas ornamentais. Também, há a auxina na forma sintética para

| 62 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
utilização como herbicida, por exemplo, 2,4-D: ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4 D) e ácido 2-metoxil-
3,6-diclorobenzoico (Dicamba), entre outros.

Figura 3. Estacas de Penicilina (Alternanthera dentata K.) enraizadas com diferentes doses de ácido indol-
3-butírico (AIB). Foto: Menegaes (2013).

Giberelinas
Como regulador vegetal a forma empregada de Giberelinas é pelo ácido giberélico (GA3). Na
planta tem função de regulador da altura, germinação e superação da dormência das sementes, indução
do florescimento (fotoperíodo e temperatura), bem como contribui para retardar o amarelecimento das
folhas em hastes florais cortadas, inibindo a degradação da clorofila.
Geralmente, seu uso externo ocorre por meio de antagonistas (anti-gib), por exemplo,
Paclobutazol, daminozide, entre outros. Na pós-colheita de flores e plantas ornamentais a utilização em
soluções conservantes, especialmente, de “pulsing”. Franco e Han (1997) aplicaram GA3 nas hastes florais
de lírio (Lilium longiflorum Thunb.) e retardaram o amarelecimento foliar. Já Brackmann et al. (2005)
verificaram que a aplicação de GA3 em solução conservante em pós-colheita acelerou a senescência das
flores e folhas em cultivares de crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzevelv).
Menegaes et al. (2014) verificaram que aplicação do redutor de crescimento daminozide foi
eficiente para a redução de altura de planta e no diâmetro da inflorescência, contudo o produto não
interfere na cobertura de vaso (Figura 4).

Figura 4. Vista das plantas de crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzevelv) cv. Dark Figi cultivado em
vasos, com diferentes números de aplicações (testemunha; 2; 3 e 4) e doses de Daminozide (testemunha;
0,3% e 0,4%). Fonte: Bellé (2013).

| 63 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Citocininas
Na planta a função desse hormônio vegetal está diretamente ligadas aos fatores de divisão celular
e retardo da senescência, associado à redução da taxa de perda de proteínas e de RNA, expansão de folhas
em função do alongamento celular, muito bem associado à expansão do sistema radicular. A aplicação
exógena de citocininas inibe parcialmente o processo de senescência, retardando a expressão de
determinados genes envolvidos no processo. Dias-Tagliacozzo, Zullo e Castro et al. (2003) verificaram
efeito positivo do uso de citocinina (6-BAP) sobre as hastes florais alpínia (Alpinia purpurata Vieill.
Schum.).

Etileno
Esse hormônio vegetal está associado à senescência natural das plantas. Em busca de prolongar
a vida em pós-colheitas das hastes florais, entre os tratamentos a inibição da ação do etileno, torna-se
necessária (Taiz; Zeiger; 2013).
Os principais inibidores do etileno elencados por Woltering e Van Doorn (1988) em relação as
formas de respostas desse hormônio as hastes florais: as flores com secagem e murchamento precoce,
como, orquídeas (Orchidaceae) e petúnias (Petunia x hybrida); as flores com abscisão das pétalas sem sinal
visível de murcha, como, em rosas (Rosa x hybrida) e gerânios (Pelargonium x hortorum); e as flores insensíveis
ao etileno, como, íris (Iris sp.) e lírios (Lilium sp.).
Há no mercado vários inibidores de etileno, no entanto, no setor hortícola o mais utilizado é o 1-
metilciclopropeno (1-MCP) é um derivado do ciclopropeno usado como um regulador de crescimento
vegetal sintético. É um gás volátil e não tóxico, sendo utilizado para inibir a biossíntese de etileno,
comercialmente reduz as rachaduras em frutas e ajuda na manutenção do frescor das hastes florais. Na
pós-colheita a aplicação de 1-MCP sobre as hastes florais retardou o início da abscisão floral e estendeu
a longevidade das hastes de esporinha (Consolida ajacis Nieuwl.) (Santos et al., 2005) e de gerânios em
vasos (Pelargonium x hortorum) (Jones et al., 2001)

Ácido abscísico (ABA)


Na planta atua em vários processos de desenvolvimento de plantas, incluindo a dormência de
sementes e gomos, o controle do tamanho do órgão, sobretudo, do fechamento estomático, da abscisão
de folhas, flores e frutos. Denominado como hormônio do estresse, tem função importante para as
plantas, em especial, nas respostas as diversidades ambientais, incluindo seca, salinidade do solo,
tolerância ao frio, tolerância ao congelamento, estresse por calor e tolerância a íons de metais pesados. O
uso externo desse hormônio é comum na micropropagação ou culturas de tecidos e no enraizamento do
jardim clonal de espécies florestais.

| 64 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

REPRODUÇÃO SEXUADA
A multiplicação de plantas por reprodução sexuada ou gâmica ocorre com a fusão dos gametas
masculino e feminino originando um embrião e, consequentemente um novo indivíduo. Por meio de
esporos para plantas criptógamas e por sementes para plantas fanerógamas. Assim, na reprodução de
plantas há uma alta variabilidade fenotípica em uma mesma espécie, quando essa apresenta baixo ou
pouco melhoramento vegetal, proporcionando mudas com características diferentes (Figura 1A), as quais
oferecem interesse agroeconômico.

Reprodução sexuada por esporos


Para as plantas criptógamas, como as briófitas e pteridófitas, o meio reprodutivo é o esporo que
fica armazenado dentro dos soros, localizados na face inferior da folha. Depois de removido
manualmente os soros das folhas há a liberação dos esporos, os quais devem ser semeados diretamente
sobre um substrato adequado a essa espécie, recomenda-se alta umidade no ambiente de cultivo até a
formação da plântula, onde se tem a muda pronta como demonstra as etapas do ciclo dessa reprodução
na Figura 5.

Figura 5. Processo de semeio dos esporos de samambaia. Fonte: Menegaes (2022).

As espécies comerciais de samambaias, no Brasil, a sua reprodução é realizada em laboratório in


vitro com substrato de meio de cultivo tipo ágar-nutriente, visando reduzir o período para produção das
mudas.

| 65 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Atualmente, são poucas as plantas de briófitas utilizadas com a finalidade ornamental,
popularmente são conhecidas como musgos, por exemplo, musgo-veludo (Sphagnum spp.) e musgo-tapete
(Selaginella spp.) muito utilizado para confecção de kokedamas, parede verde e telhados verdes. Para
ambiente aquático tem-se o uso musgo-java (Taxiphyllum spp.). Já as pteridófitas tem-se uma exploração
maior como planta ornamental, as quais são muito utilizados para ambientes internos e jardins do estilo
tropical, por exemplo, avencas, samambaias, salvinia, selaginela, entre outros.

Reprodução sexuada por sementes


Agronomicamente a reprodução por sementes é mais utilizada devido ao interesse do setor e
facilidade de manejo desde a semeadura até a colheita e armazenamento. Depois da ocorrência da
fecundação da flor há a formação do embrião (plântula miniatura), com potencial de crescer e desenvolver
uma nova planta para perpetuar a espécie. Esse embrião recebe uma proteção por uma casca ou
tegumento quando maduro desprende da planta-matriz e inicia o processo de desidratação, tornando-se
apto a sua dispersão ou germinação, conforme a espécie e o manejo aplicado.
Marcos Filho (2015) conceitua semente como: um óvulo maduro, em número de um ou mais,
que se desenvolve no interior do ovário gerando a semente, que nas Gimnospermas são desprotegidas,
por não formar fruto e nas Angiospermas são protegidas pelos frutos (ovário desenvolvido).
Depois de ocorrer a semeadura, em condições ambientais favoráveis no campo ou em ambiente
de cultivo protegido, inicia o processo de emergência da plântula desencadeando vários processos
metabólicos e fisiológico para o desenvolvimento pleno (típico) da planta (Figura 6).

Figura 6. Escala fenológica do girassol (Helianthus annuus L.). Foto: adaptado de


https://pt.dreamstime.com/

Fatores que influenciam a reprodução sexuada por sementes


Água: é o elemento fundamental para iniciar o processo de germinação, onde a embebição das
sementes mobiliza as estruturas de suas membranas permitindo a entrada de água via tegumento e, assim
desencadeando várias reações metabólicas como explica o padrão trifásico proposto por Bewley; Black

| 66 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
(1978), a germinação ocorre definitivamente na Fase III do padrão (Figura 7), com a retomada do embrião
identificado com a protrusão da radícula. Anteriormente, ocorre a Fase I, que se caracteriza pelo período
de transferência de água do substrato para sementes, em virtude da diferença de potenciais. E, a Fase II
é um período de reorganização com degradação e mobilização das reservas e preparo para o alongamento
celular.

100
Fase Fase Fase
I II III
80
Teor de água (%)

60

40

20

0
0 4
Período 8
de Embebição 12

Figura 7. Padrão trifásico de captação de sementes durante a germinação. Fonte: adaptado de Bewlwy;
Black (1978).

Quando a sementes é depositada no leito de semeadura ou cova, o solo e/ou substrato deve
conter características físicas, químicas e biológicas que permitam o seu pleno desenvolvimento sequencial
a emergência, estádio e plântulas e, por fim, o estabelecimento de plantas.
Temperatura: é um dos fatores mais importantes para que o processo germinativo ocorra,
todavia, cada espécie vegetal tem suas necessidades ecofisiológicas ideais e próprias, assim favorecendo
seu pleno crescimento e desenvolvimento no ambiente de cultivo. A maioria das espécies tem faixa ideal
de germinação entre 20 a 30º C, sendo as temperaturas mínima entre 10 a 15º C e a máxima entre 35 a
40º C. A variação da temperatura afeta ora positiva ora negativamente o índice e a velocidade de
germinação seja em recipientes ou nos canteiros, esses dois são parâmetros da qualidade fisiológica das
sementes denominada de vigor. O vigor das sementes é importante devido a escolha do manejo agrícola
a ser empregado.
Oxigênio (O2): o oxigênio afeta as trocas gasosas durante o processo respiratório, apesar de ser
em pequenas quantidades esse gás é fundamental para a maioria das espécies realizarem o processo
germinativo sem comprometer suas reservas. Assim, a porosidade e aeração do solo/substrato deve ser
tal que possibilite as trocas gasosas com a atmosfera, para que não falte oxigênio no sistema radicular.
Substrato: ver capítulo 5. Geralmente, é manipulado visando dar condições ideais para a semente
– embeber e germinar pela protrusão da radícula e a emissão da parte aérea. O substrato deve conter

| 67 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
minimamente características físicas, químicas e biológicas favoráveis a germinação, entre elas porosidade,
aeração, pH adequado e isentos de agentes fitopatogênicos.
Luz: esse fator está diretamente relacionado a superação de dormência das sementes de algumas
espécies, também tem interferência no fotoblastismo. O fotoblastismo é a influência da luz sobre a
germinação das sementes, sendo classificados em:
• Fotoblastismo positivo: espécies vegetais que dependem da presença da luz para
germinarem;
• Fotoblastismo negativo: espécies vegetais que germinam na ausência de luz;
• Fotoblastismo neutro: espécies vegetais que são indiferentes a presença ou a ausência de
luz para germinar.

A dormência é um processo fisiológico ou morfológico das sementes o qual é desencadeado por


condições ambientais e quando em condições favoráveis de ambiente, devido à atuação de fatores
internos não germinam. Para ocorrer a superação da dormência recomenda-se conhecer a ecofisiologia
da espécie vegetal para toma de decisão.
Entre os métodos mais utilizados são: escarificações mecânica ou química; imersão em água
quente; corte ou remoção da cobertura protetiva; exposição ao calor; embebição em água; pré-
esfriamento; pré-aquecimento, entre outros.

Tipos de sementes utilizadas para produção de mudas


– Sementes nuas: natural, colhidas e sem nenhum tipo de tratamento;
– Sementes peliculizadas: trata-se de um revestimento feito às sementes com um
polímero, que possui como principal característica a sua semi permeabilidade em água.
Possui ainda excelente capacidade de aderência às sementes, melhorando a eficiência dos
produtos utilizados em associação nos tratamentos;
– Sementes incrustadas: é um revestimento que aumenta de 1 a 5 vezes a sua massa,
constituído de materiais que não prejudicam a germinação, podendo ser acrescidas de
vários nutrientes, além do polímero, fungicida e inseticida;
– Sementes peletizadas: o processo é idêntico à incrustação, com a diferença que o
aumento de peso é de 15 a 200 vezes em relação a sua massa. Como vantagens do
reconhecimento da semente pela cor, favorece a semeadura, possibilita a incorporação de
produtos, pode ser associada com outras técnicas.

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA OU ASSEXUADA


A multiplicação de plantas de forma assexuada ou vegetativa utilizada propágulos vegetativos
para a realização dessa multiplicação, neste caso também denominada de clonagem. Pois, a planta
| 68 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
propagada é igual a planta-matriz, tanto em relação ao DNA, fenótipo e idade. Os propágulos vegetativos
são estruturas naturais da planta-matriz (bulbo, rizoma, entre outros) ou uma parte retirada da planta-
matriz (estaca).
Esta técnica de multiplicação de plantas é possível em virtude da totipotência celular, ou seja, é
potencialidade da célula em se regenerar e originar outra planta idêntica a partir de uma estrutura natural
ou parcial, devido a embriogênese somática (celular). Bem como da desdiferenciação que é a capacidade
da célula madura de retornar a uma condição meristemática e evoluir para um novo ponto de crescimento.

Propagação vegetativa de forma natural


Bulbos: são caules subterrâneos, que se caracterizam pelo acúmulo de reservas, de forma
achatada chamada de prato (caule verdadeiro), sendo envolvido por folhas ou base foliares espessas e
suculentas (Figura 8A). Podem ser armazenados por longos períodos, apresentam dormência natural –
vernalização a frio ou com ácido giberélico. Propagação é por retirada dos bulbos-filhos ou bulbilhos da
planta matriz, em que são dispostos ao crescimento por cultivos em ciclo (engorda) (Kämpf, 2000;
Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: amarílis (Hippeastrum sp.) e lírio (Lilium sp.).

Figura 8. A: bulbo, B: cormo, C: rizoma, D: tubérculos e E: raízes tuberosas. Foto: Menegaes (2022).

Cormos: São caules subterrâneos, que se caracterizam pelo acúmulo de reservas, de forma
achatada chamada de prato (caule verdadeiro), sendo envolvido por folhas (Figura 8B). A principal
diferença é que os cormos consistem internamente em tecidos sólidos, enquanto os bulbos consistem em

| 69 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
camadas de folhas. Os cormos produzem raízes adventícias e possuem botões que se tornam novos
brotos de plantas. Podem ser armazenados por longos períodos, apresentam dormência natural –
vernalização a frio ou com ácido giberélico. Propagação é por retirada dos cormos-filhos ou cormilhos
da planta matriz, em que são dispostos ao crescimento por cultivos em ciclo (engorda) (Kämpf, 2000;
Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: frésia (Freesia x hybrida) e gladíolo (Gladiolus x hortulanus).
Rizomas: são caules subterrâneos que crescem e desenvolvem-se horizontalmente e as gemas
destes caules formam a parte aérea (Figura 8C). A propagação é realizada por divisão de touceira,
geralmente as plantas rizomatosas apresentam grande número de folhas ou plantas individuais agrupadas
(Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: gengibre-ornamental (Zingiber spectabile L.) e agapanto
(Agapanthus africanus L.).
Tubérculos: são caules subterrâneos, ricos em reservas amiláceas, geralmente, suculentos e
entumecidos, com gemas (olhos) onde ocorre as brotações (Figura 8D). Propagação é por retirada dos
tubérculos-filhos da planta matriz, em que são dispostos ao crescimento por cultivos em ciclo (engorda).
Apresentam dormência natural – ácido giberélico, pode ser armazenado por longos períodos (Kämpf,
2000; Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: calla (Zantedeschia aethiopica L.) e caladium (Caladium bicolor L.).
Raízes tuberosas: são raízes que apresentam reservas de nutrientes, são capazes de desenvolver
gemas adventícias (Figura 8E). Apresentam dormência natural - superação por temperatura ou ácido
giberélico (Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: dália (Dahlia x hybrida) e astroemeria
(Alstroemeria x hybrida).
Estolões: são caules modificados sem acúmulo de reserva com crescimento horizontal, que
emitem ramificações laterais (Figura 9A). Propagação por retirada ou divisão dos estolhos (Kämpf, 2000;
Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: alface-d’água (Pistia stratiotes L.).
Rebentos: são brotações da planta matriz que brotam do caule ou da raiz (Figura 9B). Propagação
por retirada dos rebentos (Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: clorofito (Chlorophytum comosum
L.).

| 70 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 9. A: estolões, B: rebentos, C: filhote e D: plântulas. 1: planta matriz e 2: muda. Foto: Menegaes
(2022).

Filhote: são brotações da planta matriz que brotam das inflorescências (Figura 9C). Propagação
por retirada dos filhotes (Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: taro-ornamnetal (Colocasia
esculenta L.).
Plântulas: As plântulas são estruturas vegetativas que se desenvolvem em algumas folhas da
planta (Figura 9D). Essas plantas pequenas e jovens surgem do meristema localizado ao longo das
margens da folha. Após formadas, as plântulas desenvolvem raízes e caem das folhas. Assim, fixam-se
no solo e originam novas plantas (Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: flor-da-fortuna
(Kalanchoe diagremontiana).

Propagação vegetativa de artificial


Estaquia: é um método de propagação assexuada de plantas, que consiste no plantio de
pequenas estacas de caule, raízes ou folhas que, plantados em um meio úmido, se desenvolvem em
novas plantas (Figura 10). Utilizam-se, por exemplo, estacas de caule de roseiras (Rosa x grandiflora
Hort.), estacas de raízes de manacá (Tibouchina mutabilis Cogn.) e estacas de folhas de violeta (Saintpaulia
ionantha L.). Para que o novo vegetal se desenvolva, é necessário que se formem raízes nessas estacas.
Para melhores resultados, podem-se utilizar hormônios vegetais, como o ácido indolacético e o ácido
naftaleno-acético (Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011).

| 71 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 10. A: estacas foliares, B: estaca caulinar e C: estaca radicular. Foto: Menegaes (2022).

Enxertia: é o processo de unir partes de duas plantas para formar uma planta só. As enxertias
são compostas de duas partes: o enxerto – a planta a ser enxertada, denominada de “copa” ou de
“cavaleiro”, e o porta-enxerto – a planta que vai receber o enxerto, denominada de “cavalo” (Kämpf,
2000; Barbosa; Lopes, 2011). Essa forma de propagação ocorre por três formas:
• Enxertia por borbulha: é o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre
um porta-enxerto enraizado. A época adequada para esse tipo de enxertia é de primavera-verão,
quando os vegetais se encontram em plena atividade vegetativa (Figura 11A). Exemplo: roseiras
(Rosa x grandiflora Hort.).
• Enxertia por garfagem: é um processo de enxertia que consiste em fixar um pedaço do
ramo (garfo) no caule de um outro vegetal (cavalo), de forma que o ramo se desenvolva. A
garfagem difere da borbulha por, geralmente, possuir mais de um garfo e, porque o cavalo tem
a sua parte superior decapitada (Figura 11B). Exemplo: hibiscus (Hibiscus rosa-sinensis L.)
• Enxertia por encostia: é o método utilizado para unir duas plantas que continuam vivendo
sobre seus próprios sistemas radiculares, até que a soldadura entre ambas se complete e
possibilite a separação do ramo (cavaleiro) de suas próprias raízes. A encostia somente é utilizada
quando falham os demais processos de propagação, dadas as dificuldades naturais de obter
número elevado de mudas (Figura 11C). Exemplo: goiabeira-serrana (Acca sellowiana Berg.).

| 72 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 11. A: enxertia por borbulha, B: enxertia por garfagem e C: enxertia por encostia. Foto: Menegaes
(2022).

Mergulhia: é uma técnica consiste no enraizamento da planta a ser multiplicada, na própria planta
(Figura 12). Isso é feito através do enterramento (mergulho) de um ramo ainda ligado à planta, sendo por
isso chamado de mergulhia (Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011). Exemplo: bela-Emília (Plumbago
auriculata Lam.).

Figura 12. A: planta matriz e B: muda. Foto: Menegaes (2022).

Alporquia: é uma técnica de multiplicação vegetativa de plantas, utilizada principalmente em


algumas plantas com as quais a estaquia não funciona facilmente (Figura 13). Consiste em enraizarmos
| 73 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
um ramo quando ele ainda está preso na planta, retirando a muda em seguida. Na realidade, é uma
variação da mergulhia, uma outra técnica de propagação vegetativa de plantas (Kämpf, 2000; Barbosa;
Lopes, 2011). Exemplo: camélia (Camellia japonica L.).

Figura 13. A: planta matriz, B: etapas de propagação e C: muda. Foto: Menegaes (2022).

Cultura de tecidos (micropropagação): essa técnica envolve a cultura


de células de plantas que podem ser retiradas de diferentes partes de uma planta matriz (Figura 14). O
tecido (material genético) é colocado em um recipiente esterilizado e nutrido em um meio especial até
formar uma massa de células conhecida como calo. O calo é então cultivado em um meio carregado de
hormônios e origina plântulas. As plântulas são aclimatadas em ambiente de cultivo protegido e
transplantadas para poderem desenvolverem tipicamente (Kämpf, 2000; Barbosa; Lopes, 2011).
Exemplo: antúrio (Anthurium andraeanum Linden.).

Figura 14. A: planta matriz e B: muda. Foto: Menegaes (2022).

| 74 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A multiplicação de plantas apresenta várias formas e métodos, sendo importante conhecer a
fisiologia da planta para multiplica-la da melhor maneira possível. As diferentes técnicas dessa
multiplicação também dependem da tecnologia e finalidade da produção a ser realizada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barbosa, J. G., Lopes, L. C. (2011). Propagação de plantas ornamentais. Ed. UFV. Viçosa.
Brasil (1981). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Legislação da inspeção e
fiscalização da produção e do comércio de sementes e mudas. Brasília: MAPA.
Brasil (1997). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Lei de Proteção de Cultivares
(Lei nº. 9.456/1997). Brasília: MAPA.
Brasil (2003). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Lei das sementes (Lei nº.
10.711/2003). Brasília: MAPA.
Brasil (2005). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Lei da Biossegurança (Lei
nº. 11.105/2005). Brasília: MAPA.
Hartmann, H. T., Kester, D. P., Davies, F., Geneve, R. (2001). Plant propagation: principles and practices. 7.
ed. Englewood Cliffs: Prentice-.
Kämpf, A. N. (2000). Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária.
Lorenzi, H. (2013). Plantas para o jardim no Brasil Nova Odessa: Instituto Plantarum.
Marcos Filho, J. (2015). Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. 2. ed. Londrina: ABRATES.
Rodrigues, L. R. F. (2002). Técnicas de cultivo hidropônico e controle ambiental no manejo de pragas, doenças e nutrição
vegetal em ambiente protegido. Jaboticabal: FUNEP.
Taiz, L., Zeiger, E. (2013). Fisiologia vegetal. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed.

| 75 |
Capítulo 5

Substratos para cultivo de plantas ornamentais


INTRODUÇÃO
Cada vez mais os conceitos de sustentabilidade têm sido aplicados nas produções agrícolas e no
cultivo de plantas ornamentais não poderia ser diferente. A busca pela sustentabilidade nos sistemas
conduz ao uso de técnicas que garantem o menor impacto ambiental e produtos alternativos que
mantenham o rendimento e as altas produtividades.
Conscientes disto, torna-se fundamental desempenhar o papel de gerar técnicas, conhecimentos,
processos e produtos que viabilizam o desenvolvimento com o menor impacto ambiental. Desta forma,
as produções de plantas ornamentais que geram impactos ambientais devem, da melhor maneira possível,
minimizar os danos causados ao meio ambiente ou, no mínimo, compensar os impactos. Uma das
alternativas de compensar os impactos ambientais é através do cultivo de plantas ornamentais em
substratos alternativos, muitos deles provindos de produtos anteriormente descartados.
A utilização de substratos tanto para a produção de mudas quanto para as fases de maior
desenvolvimento das plantas ornamentais, bem como para posterior comercialização e transporte tem
sido fator determinante para garantia qualidade do produto. Dentre as várias características ideais de um
substrato para desenvolvimento de plantas ornamentais destaca-se a capacidade de retenção de água em
equilíbrio com a manutenção da aeração para que o sistema radicular se desenvolva sem impedimento
físico e que, estas não sejam submetidas a baixos níveis de oxigênio, comprometendo o desenvolvimento
da cultura. A principal função do substrato é dar sustentação para o desenvolvimento das plantas e
fornecer os nutrientes em solução necessários para a planta realizar seu ciclo completo, de semente a
semente (Jorge et al., 2020).
Geralmente, os substratos são constituídos por uma mistura formada por solo ou areia e alguma
fonte de matéria orgânica decomposta ou semidecomposta podendo ser resíduos vegetais simples ou
misturados, subprodutos das indústrias alimentícias, resíduos domésticos orgânicos, fontes orgânicas
provenientes da queima de caldeiras industriais, biossólidos provenientes de estações de tratamento de
esgoto e dejetos animais devidamente compostados. Entretanto, existem substratos alternativos
sintéticos, provenientes de fontes não orgânicas como é o caso das espumas fenólicas, da argila expandida
de procedência mineral formada por silicatos hidratados, flocos de poliestireno e da lã de rocha.
Substrato é, portanto, uma mistura de vários componentes de origem orgânica e/ou mineral,
incluindo o solo, com o intuito de promover a germinação adequada de sementes, proporcionar uma
adequada produção de mudas, ser utilizado como enchimento de vasos e canteiros e como corretivo da
fertilidade ou da acidez dos solos em determinadas situações.
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
No entanto, para que a utilização dos substratos alternativos seja viável são necessárias fontes de
adubação, principalmente no caso de substratos inertes, livres de nutrientes e que, naturalmente, não
possuem atividade biológica. Assim, como, no caso de substratos cuja atividade biológica é muito intensa
é necessário proporcionar a sua estabilização de modo a evitar a imobilização dos nutrientes pela atividade
microbiana.

A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA COMERCIALIZAÇÃO DE SUBSTRATOS


ORGÂNICOS
Cabe ressaltar que existem normas sobre as especificações e as garantias, as tolerâncias, o registro,
a embalagem e a rotulagem dos compostos orgânicos destinados à agricultura previstos pela instrução
normativa de no 25, de 23 de julho de 2009, regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) na Lei n o 6.894, de 16 de dezembro de 1980 (BRASIL, 2009).
O panorama da legislação brasileira prevista na Constituição Federal, descrito na Figura 1,
caracteriza as principais instruções normativas quanto as definições, normas, especificações e garantias
dos fertilizantes minerais e orgânicos, corretivos e condicionadores do solo, inoculantes, substratos e
limites para contaminantes.

Figura 1. Hierarquia da legislação brasileira quanto as definições, normas, especificações e garantias dos
fertilizantes minerais e orgânicos, corretivos e condicionadores do solo, inoculantes, substratos e limites
para contaminantes. Fonte: Autores (2022).

Dentre as especificações obrigatórias na rotulagem de substratos, descrita na Instrução Normativa


nº 14, de 15 de dezembro de 2004, os substratos para plantas deverão apresentar as garantias de
condutividade elétrica (CE), potencial hidrogeniônico (pH), umidade máxima, densidade e capacidade de
retenção de água (CRA) expressas da seguinte forma:
I - condutividade elétrica (CE) em miliSiemens por centímetro (mS cm -1), sendo admitida variação
máxima de 0,3 (zero vírgula três) pontos para mais ou para menos;
| 77 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
II - a densidade em kg m-3 (em base seca);
III - potencial hidrogeniônico (pH) em água, sendo admitida variação máxima de 0,5 (zero vírgula
cinco) pontos para mais ou para menos;
IV - umidade máxima em percentual, em peso peso -1; e
V - capacidade de retenção de água (CRA) em percentual, em peso peso -1.

A legislação brasileira define os produtos orgânicos destinado a agricultura, mesmo que para uso
como substratos, como fertilizantes orgânicos simples, mistos, compostos, organominerais ou
biofertilizantes. Todos eles, entende-se por produtos cuja matéria prima provém de fontes orgânicas e
são classificados de acordo com as matérias-primas utilizadas na sua produção, conforme o Quadro 1.

Quadro 1. Classificação dos fertilizantes orgânicos simples, mistos, compostos e organominerais de


acordo com as matérias-primas utilizadas na sua produção. Fonte: adaptado de BRASIL (2009).
Classe Características da matéria-prima
A Fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza matéria-prima de origem vegetal, animal ou de
processamentos da agroindústria, onde não sejam utilizados no processo, metais pesados tóxicos,
elementos ou compostos orgânicos sintéticos potencialmente tóxicos, resultando em produto de
utilização segura na agricultura
B Fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza matéria-prima oriunda de processamento da
atividade industrial ou da agroindústria, onde, metais pesados tóxicos, elementos ou compostos
orgânicos sintéticos potencialmente tóxicos são utilizados no processo, resultando em produto de
utilização segura na agricultura
C Fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza qualquer quantidade de matéria-prima oriunda
de lixo domiciliar, resultando em produto de utilização segura na agricultura
D Fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza qualquer quantidade de matéria-prima oriunda
do tratamento de despejos sanitários, resultando em produto de utilização segura na agricultura

Para Jorge et al. (2020) os substratos são hoje o meio de produção de mudas e de material
propagativo no cultivo de ornamentais em virtude da disponibilidade de diversos materiais puros ou em
misturas comercializados para a agricultura brasileira, o que acarretou na popularização do uso de
bandejas multicelulares e vasos por agricultores. Além disso, as informações técnicas geradas pelas
empresas produtoras, instituições de pesquisa, extensão e ensino amplamente divulgadas aos produtores
e consumidores dos substratos também ampliaram o uso dos substratos para a produção de mudas.
O substrato serve como suporte onde as plantas fixarão suas raízes e portanto, deve fornecer os
requisitos mínimos para a nutrição das plantas bem como ter a capacidade de reter a solução líquida que
disponibilizará os nutrientes às plantas. Para ser considerado ideal um substrato deve apresentar
características quanto a distribuição das partículas de modo que proporcione capacidade de retenção de

| 78 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
água, tornando-a facilmente disponível, fornecendo umidade suficiente porém, em níveis condizentes
previstos pela legislação. Além da umidade, outros fatores como o conteúdo de carbono orgânico e de
nitrogênio devem ser levados em consideração. Estes dois elementos, quando comparado a sua relação,
a chamada relação carbono/nitrogênio (C/N) definem a velocidade de decomposição do substrato
orgânico.
Os substratos comerciais definidos como fertilizantes orgânicos simples pela legislação devem
atender as especificações propostas no Anexo III da normativa de n o 25, de 23 de julho de 2009,
conforme descreve o Quadro 2.

Quadro 2. Especificações dos fertilizantes orgânicos mistos e compostos como lodo de esgoto,
vermicomposto e composto de lixo para produção de substratos como terra vegetal. Fonte: adaptado de
BRASIL (2009).
Garantia Misto composto Vermicomposto
Classe A Classe B Classe C Classe D Classes A, B, C, D
Umidade máxima 50 50 50 70 50
Nitrogênio total (mínimo) 0,5
Carbono orgânico (mínimo) 15 10
CTC Conforme declarado
pH (mínimo) 6,0 6,0 6,5 6,0 6,0
Relação C/N (máxima) 20 14
Relação CTC/C (1) Conforme declarado
Outros nutrientes Conforme declarado
(1) É obrigatória a declaração no processo de registro de produto.

Dentre outras especificações e garantias dos substratos comerciais pode-se destacar a


condutividade elétrica (CE). Trata-se da capacidade que o substrato possui em conduzir corrente elétrica,
e uma das suas utilidades na agricultura provém do fato de que a massa do substrato avaliado, com sua
variabilidade na composição físico-química, apresenta diferentes níveis de condutividade elétrica.
Ainda, destaca-se as especificações específicas dos fertilizantes orgânicos simples como estercos
e camas de aviários, tortas vegetais (adubos orgânicos de lenta liberação e condicionadores de solo, com
elevando o nível de matéria orgânica), turfas (material orgânico proveniente da decomposição de vegetais
e utilizado para melhorar principalmente a propriedades biológicas do solo) e vinhaças (produto de calda
na destilação do licor de fermentação do álcool de cana-de-açúcar) cujo processo para formulação difere
dos fertilizantes orgânicos mistos ou compostos. Os valores em base seca, com umidade determinada a
65o C estão especificados no Quadro 3.

| 79 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 3. Especificações dos fertilizantes orgânicos simples como estercos e camas, tortas vegetais,
turfas, linhita, leonardita e vinhaça. Fonte: adaptado de BRASIL (2009).
C org N
Orgânico simples Umidade CTC CTC/C
pH (%) (%)
processado (%) mínimo mínimo
mínimo mínimo
Estercos e camas 40 20 1
Tortas vegetais 40 35 5
Turfa 40 15 0,5
Linhita 40 20 0,5
Conforme Conforme Conforme
Leonardita 40 25 0,5
declarado declarado declarado
Vinhaça - 3 -
Parâmetros de referência
para outros fertilizantes 40 15 0,5
orgânicos simples
(1) É obrigatória a declaração no processo de registro de produto.
(2) Deverá ser declarado o teor de potássio.

Já a resolução do Ministério do Meio Ambiente CONAMA de nº 481, de 03 de outubro de 2017,


(CONAMA, 2017) define os critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade ambientais
do processo de compostagem a partir de resíduos orgânicos, estabelece todos os critérios e
procedimentos para garantir a qualidade do composto, originado a partir da decomposição da matéria
orgânica, podendo ser utilizando como substrato para produção de plantas ornamentais de modo a
garantir a sua utilização de forma segura, e orientar os procedimentos de licenciamento ambiental das
unidades de compostagem de resíduos sólidos orgânicos, visando benefícios à agricultura, à saúde pública
e ao meio ambiente.
Esta resolução toma por base dois conceitos fundamentais para estabelecer os critérios para
formulação de um composto orgânico. O primeiro critério leva em consideração que a degradação dos
resíduos orgânicos e sua estabilização bioquímica, fazem parte de um ciclo natural dos resíduos orgânicos.
Este processo garante o retorno dos nutrientes ao solo. A compostagem é um processo capaz de
intensificar este processo natural cujas tecnologias disponíveis e economicamente viáveis devem ser
utilizadas para o tratamento e reciclagem de resíduos orgânicos.
Em contrapartida, o segundo critério tem por base os impactos ambientais do processo de
compostagem, uma vez que, ocorre formação de chorume, emissão de gás metano, atração e proliferação
de vetores, principalmente no caso da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos é a principal em
aterros sanitários. Desta forma, a resolução prevê Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos, ou instrumento equivalente, os quais deverão prever metas progressivas de aumento da
reciclagem da fração orgânica dos resíduos sólidos, bem como, prever a destinação da fração orgânica
dos resíduos sólidos para unidades de compostagem ou unidades de reciclagem de resíduos orgânicos.

| 80 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Para garantia de qualidade ambiental do processo de compostagem de resíduos orgânicos, a
resolução CONAMA de nº 481, de 03 de outubro de 2017, prevê os controles e parâmetros que deverão
ser adotados, garantido o período termofílico mínimo necessário para redução de agentes patogênicos,
conforme descrito no quadro 4.

Quadro 4. Valores estabelecidos de temperatura em função do tempo de estabilização nos diferentes


sistemas de compostagem. Fonte: adaptado de CONAMA (2017).
Sistemas de compostagem Temperatura Tempo de estabilização
Sistemas abertos como leiras Acima de 55oC 14 dias
Acima de 65oC 3 dias
Sistemas fechados como biorreatores Acima de 60oC 3 dias

Além da temperatura, análises laboratoriais devem descrever o nível de substâncias inorgânicas


potencialmente tóxicas, estando apto para o uso como substrato se dentro dos limites máximos prescritos
pela resolução CONAMA de nº 481, de 03 de outubro de 2017, conforme quadro 5.

Quadro 5. Especificações dos limites máximos da concentração (mg kg-1 base seca) de substâncias
inorgânicas potencialmente tóxicas após o processo de compostagem de resíduos orgânicos. Fonte:
adaptado de CONAMA (2017).
Substância inorgânica potencialmente tóxica Concentração (mg kg-1 base seca)
Arsênico (As) 20
Cádmio (Cd) 8
Cromo (Cr) 500
Cobre (Cu) 400
Prata (Hg) 2,5
Níquel (Ni) 175
Chumbo (Pb) 300

Cabe ressaltar que a temperatura deve ser medida e registrada ao menos uma a três vez por dia,
durante o período inicial mínimo de higienização de compostagem. Os relatórios de controle da
temperatura e da operação dos sistemas de compostagem deverão ser disponibilizados ao órgão
ambiental competente.

O SOLO COMO BASE PARA PRODUÇÃO DE SUBSTRATOS


Solos são corpos tridimensionais constituídos de partículas minerais e compostos orgânicos, cuja
proporção altera-se ao longo da paisagem. A gênese dos solos está acondicionada aos processos de
degradação dos minerais e rochas, sob as diferentes condições dos agentes intempéricos como o tempo

| 81 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
em escala geológica, a adição de material orgânico em função da composição florística, a composição do
material de origem e do substrato rochoso e da atividade microbiana do solo.
Como estes agentes são variáveis na paisagem, os solos formados apresentam características bem
distintas no globo terrestre, variando suas propriedades químicas e físicas e parâmetros eletroquímicos
quanto ao acúmulo de água e material orgânico. Trata-se de um recurso natural não renovável, pois
embora compõe grande parte do globo terrestre, é um corpo findável devido a sua lenta taxa de formação.
Assim, a exploração do solo como substrato para produção de mudas de plantas ornamentais deve
respeitar os limites de uso, observando-se suas características quando ao acúmulo e taxa de infiltração de
água, diferentes tipos e proporção de textura, profundidade e afloramento de rochas, entre outras
caraterísticas, uma vez que todas estas particularidades definem o grau de erodibilidade de um solo
antropizado.
O solo naturalmente formado se desenvolve como resultado da ação de fatores ambientais tais
como: o clima, organismos, material de origem, posição da paisagem e período de tempo. Assim,
sucessivas fases de evolução definem os estágios de formação dos solos desde o estádio inicial de
intemperismo do material de origem, definindo os solos mais jovens com caraterísticas semelhantes ao
substrato rochoso até alcançar a maturidade, onde pouco nota-se semelhanças com o material precursor,
alterando as características com o passar do tempo. Em uma análise conjunta, a gênese do solo se dá a
partir de duas fases distintas:
– Fase A: trata-se da formação do substrato inicial onde a deposição associada ao
acúmulo do material de origem, que representa a base para a formação,
desenvolvimento e evolução dos diferentes solos.
– Fase B: diferencia a formação do solo observando-se seus horizontes, provindos
da pedogênese, que representa a ação coletiva ou isolada dos mecanismos
conforme a ação intempérica podendo ser física, química e biológica sobre o
material de origem. Os diferentes solos são reflexo do grau de desenvolvimento
dos horizontes pedogenéticos dos quais, através dos atributos diagnósticos
identificados nestes horizontes, são classificados.

Como a maioria dos substratos é composto de uma mistura entre uma parte de solo e a outra
parte um resíduo orgânico, caracterizar o solo é fundamental para identificar a aptidão para determinado
uso, recomendando técnicas para melhoramento das condições químicas e físicas, inclusive descartar a
possibilidade de uso de um determinado solo para a produção de substratos.
Ao preparar um solo de modo a torná-lo um substrato, as modificações orgânicas realizadas, por
exemplo, a incorporação de resíduos orgânicos, têm inúmeras vantagens: permitem a ampliação das
propriedades químicas, melhorando a fertilidade e reduzindo a acidez, proporciona a drenagem de água
em excesso sem afetar o ciclo de umedecimento para o sistema radicular e a retenção de nutrientes, bem

| 82 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
como reduz a densidade através da incorporação de um material com características mais leves. Trata-se
de um sistema complexo, com muitas variáveis relacionadas entre si tornando-se essencial reconhecer as
limitações para possíveis correções do solo.
Em relação aos atributos de natureza física, alguns podem limitar ou até impedir o
desenvolvimento do sistema radicular, reduzindo os índices produtivos das plantas ornamentais e,
inclusive, limitar a adsorção de nutrientes, afetando a química do solo e, consequentemente, a microbiota.
Quando avaliados as condições físicas do solo utilizados para substratos, análise como
granulometria, densidade do solo e de partículas, condutividade hidráulica e resistência a penetração de
raízes são parâmetros fundamentais para definição de um bom solo a ser utilizado para a produção de
substrato. Tavares Filho et al. (2001) avaliando os efeitos de propriedade físicas do solo, como a
resistência a penetração de raízes, sobre o desenvolvimento radicular observaram que a resistência a
penetração do solo acima de 3,5 MPa acarretou em alterações morfológicas do sistema radicular.
Entretanto, a literatura descreve valores ainda menores como limitantes para produções. Rossolem et al.
(1999) verificou que valores da ordem de 1,3 MPa reduziram a metade o crescimento das raízes em
plantas cultivadas em câmaras de vegetação e tubos de PVC em sistema fatorial averiguando diferentes
texturas, umidades e densidades do solo.
Para melhor estudar as condições de desenvolvimento do sistema radicular, equipamentos como
o rhizotrons são uma estratégia, uma vez que o crescimento ocorre sob a superfície do solo, dificultando
verificar seu comportamento. Flores et al. (2014) utilizou os rhizotrons para verificar o comportamento
de crescimento radicular em populações de Chenopodium pallidicaule, de modo a melhor definir o
comportamento do crescimento radicular.
Já quando avaliados as condições químicas de solos a serem utilizados para produção de
substratos um parâmetro fundamental é a relação de concentração de nutrientes em função da capacidade
retenção de água. Nas plantas, a absorção de água e de íons minerais ocorre, predominantemente, através
do sistema radicular, o qual está inserido no solo, que possui mecanismos que permitam selecionar os
nutrientes que a planta necessita para o seu crescimento. A membrana celular representa a barreira, por
onde a planta pode controlar a entrada e saída de diversos solutos, ou seja, muitas vezes o solo não
fornece s condições adequadas para o fornecimento de nutrientes para as plantas, principalmente nas
fases iniciais de desenvolvimento, fator limitante para a produção de mudas.
Quimicamente, o movimento de nutrientes do solo para os tecidos do sistema radicular ocorre
por um processo de difusão, ou seja, a favor de um gradiente de concentração (gradiente químico), até
que o equilíbrio seja atingido. Para tanto, a concentração do elemento químico deve ser maior no solo do
que no tecido da planta, o que muitas vezes não ocorre. Além da concentração, o transporte de solutos
através de membranas biológicas pode ser impulsionado por outras forças e com gasto de energia, contra
o gradiente de concentração. Poucas substâncias de importância biológica apresentam natureza apolar e

| 83 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
somente três (O2, CO2 e NH3) parecem atravessar a membrana por difusão simples através da bicamada
lipídica.
O íon atravessa a membrana plasmática das células epidérmicas dos tecidos presentes nas raízes
via simplasto, inclusive nos pelos radiculares, onde o íon passará a difundir entre as células da epiderme
e córtex, via apoplasto. Do apoplasto do córtex, ocorre o movimento radialmente do íons para a
endoderme onde passará a difundir-se entre as células em um movimento simplasto. Isso ocorre em
função da presença das estrias de Caspary nas células da endoderme, que altera o movimento do íon para
simplasto, antes que ele chegue ao cilindro central.
Quando comparados as limitações físicas com as químicas do solo, principalmente sobre o
desenvolvimento do sistema radicular, Lopes et al. (2013) objetivando correlacionar o crescimento de
raízes finas, quanto ao comprimento e biomassa em função dos atributos químicos e físicos do solo
observaram que os atributos químicos apresentam maior correlação no comportamento do sistema
radicular.

A PRODUÇÃO DE “TERRA” VEGETAL


Na produção de plantas ornamentais é comum utilizar como substrato a chamada “terra” vegetal,
também conhecida como “terra preta ou terra orgânica”, uma excelente fonte de nutrientes para as
plantas. Trata-se de uma mistura de parte de um solo de boa qualidade física com uma fonte de matéria-
orgânica. Essa mistura pode ser natural os chamados solos escuros, que possuem maiores fontes de
matéria orgânica ou pode ser comercial onde são adicionados matéria orgânica como turfa, esterco, entre
outros, à fonte de solo.
Entretanto, estas variações no mercado acarretam na dificuldade de recomendação do produto
como substrato para a produção de ornamentais. Deve-se levar em consideração as características de
cada “terra” vegetal comercializada, pois as fontes de solo provenientes podem gerar substratos com
maior ou menor potencial fertilizador. Um substrato de qualidade deve proporcionar boa drenagem após
o processo de peneiramento do solo ou do composto para formulação do substrato.
Uma das maiores entreves da utilização da “terra” vegetal está condicionada ao seu modo de
produção. O solo deve ser preparado previamente à incorporação do material orgânico devendo ser seco
ao ar e peneira, a chamada terra fina seca ao ar. Esse processo é importante para a separação dos
agregados maiores, possibilitando melhor união entre as partículas minerais e orgânicas. Porém, como as
características minerais do solo são dependentes da granulometria, que se refere a porcentagem de
partículas de areia, silte e argila, muitos solos quando secos e destorroados podem apresentar tendência
a compactação. Nestes casos, o substrato irá proporcionar um impedimento físico ao desenvolvimento
do sistema radicular, promovendo o espessamento do diâmetro das raízes e menor área superficial,
dificultando a absorção de nutrientes.

| 84 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
De acordo, com a legislação brasileira, um produto como a “terra” vegetal deverá ser rotulado
com os níveis de garantia, informando os teores de nutrientes presentes no produto, bem como as
especificações ambientais e as instruções do modo de uso. Como na maioria das vezes, o produto é
vendido a granel, e produzido de maneira informal, os teores de nutrientes normalmente não são
apresentados.
Um fator relevante na produção de “terra” vegetal é a análise da velocidade de decomposição dos
resíduos orgânicos. No processo de decomposição, os microrganismos atuam como transformadores, já
os macrorganismos, representados por invertebrados macroscópicos, atuam como reguladores do
processo. A decomposição é a quebra do material orgânico particulado, geralmente na forma de
polímeros, em materiais solúveis que são absorvidos pelas células microbianas. Trata-se de um processo
com inúmeras fases, conforme descreve o Quadro 6.

Quadro 6. Fases da decomposição dos resíduos orgânicos no solo. Fonte: adaptado de Correia e Oliveira
(2000).
Fases Principais agentes funcionais

Redução do tamanho Fauna do solo promove a fragmentação. Ocorre pouca ou nenhuma decomposição
das partículas nesta fase.
Ataque microbiano Substâncias mais facilmente decompostas por fungos e bactérias esporulantes,
inicial formando biomassa e liberando NH3, H2S, CO2 e ácidos orgânicos
Ataque microbiano Subprodutos orgânicos e tecidos microbianos são atacados por uma variedade de
intermediário microrganismo, produzindo nova biomassa e acentuam-se as perdas de C-CO2
Ataque final Decomposição gradual dos componentes mais resistentes, como lignina, por
actinomicetos e fungos especialistas

Dentre os benefícios da bioatividade sobre a degradação e formação dos substratos orgânicos


destaca-se, no Quadro 7, os benefícios sobre a interação planta e a microbiota do solo e o modo como
afeta o crescimento das plantas, regula a estruturação de um solo, auxiliando na ciclagem de nutrientes
ao longo do perfil, principalmente, onde a camada orgânica está concentrada, a biota criam bioporos,
ampliando as taxas de aeração e a movimentação de água e promovem a humificação, misturando as
partículas orgânicas com minerais de modo a redistribuir a matéria orgânica.
Entretanto, deve se destacar que, o substrato é inerte, porém proporciona a bioatividade. Em
outras palavras, devemos conceituar inicialmente os seres vivos. Trata-se de seres organizados em níveis
de classificação, sendo incluídos todos aqueles que nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Podem
ser formados por uma (unicelulares) ou mais células (pluricelulares), necessitam de alimento para
sobreviverem, reagem à estímulos, respiram e possuem metabolismo. Todas essas características os
distinguem dos seres não vivos. Diante deste conceito, o substrato não é um organismo vivo porém,

| 85 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
proporciona todas as condições para que os seres vivos interajam em ações conjuntas, proporcionando
vida ao conjunto substrato-biota, sendo impossível separá-los.

Quadro 7. Atividades da fauna de solo no processo de decomposição e na estrutura do solo. Fonte:


adaptado de Correia; Oliveira (2000).
Categoria Ciclagem de nutrientes Estrutura do solo
Microfauna Regulam as populações de Afetam a estrutura através da interação com a
(4 µm a 100 µm) bactérias e fungos e alteram a microflora
ciclagem de nutrientes
Mesofauna Fragmentam detritos vegetais Criam bioporos e promovem a humificação
(100 µm a 2mm)
Macrofauna Estimulam a atividade Misturam partículas orgânicas e minerais
(2 mm a 20 mm) microbiana redistribuindo a matéria orgânica e
microrganismos

As taxas de decomposição são variáveis na natureza bioquímica dos tecidos que compõem os
resíduos culturais. Os tecidos vegetais podem ser definidos como associação de células que formam
unidades estruturais e funcionais. São denominados de tecidos simples quando formados por apenas um
tipo de célula e de complexos, quando formados por dois ou mais tipos celulares.
A decomposição é um processo biocatalítico que envolve a ação de enzimas específicas que
produzem monômeros específicos em função da composição do substrato decomposto, conforme
propõe Stevenson (1986), como descreve a Figura 2.

Figura 2. Sequência de estágios da decomposição de resíduos orgânicos. Fonte: adaptado de Stevenson


(1986).

| 86 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
O USO DE POLÍMEROS HIDRORETENTORES
A capacidade de retenção de água dos substratos afeta a disponibilidade de nutrientes para as
plantas, portanto, utilizar de recursos estratégicos que ampliem o armazenamento de água é fundamental
na produção de mudas de plantas ornamentais. Um recurso tecnológico para aumentar a capacidade de
armazenamento de água é o uso de polímeros hidroretentores, chamados hidrogel. Os polímeros
hidroretentores são produtos incorporados aos substratos que apresentam um efeito benéfico no
desenvolvimento e estabelecimento de mudas para algumas espécies, principalmente, por ampliar a
capacidade de absorver e armazenar água, com objetivo principal de reduzir o consumo de água de
irrigação.
Os polímeros hidroretentores são formadas por cadeias de macromoléculas conectadas por
ligações cruzadas ou interações físicas, constituídos por uma ou mais redes poliméricas
tridimensionalmente estruturadas (Bortolin et al., 2012).
Dentre as principais vantagens do uso dos polímeros hidroretentores destaca-se a redução nas
perdas de água e do número de irrigações, gerando economia no sistema produtor de mudas e plantas,
proporciona melhor aeração do solo em função das melhorias na estrutura do substrato, ampliando a
distribuição do sistema radicular, reduz as variações de temperatura acarretando benefícios
principalmente na germinação de sementes e redução no processo de evaporação da solução do solo, que
além da água, acarreta em perdas significativas de nutrientes, principalmente do nitrogênio.
Uma das desvantagens do uso dos polímeros hidroretentores é o seu alto custo, porém mesmo
em baixas dosagens, ocorre um aumento expressivo na água disponível no substrato, comparado em
substratos sem a utilização do hidrogel. Uma das formas de avaliar seu benefício é através da curva de
retenção de água. A literatura relata os benefícios teóricos sobre o aumento da energia necessária para
absorção de nutrientes quando as plantas se desenvolvem sob substratos com menor o volume de água
e tensão mais baixa.
Em contrapartida, pesquisas tem demonstrado resultados insatisfatórios com o uso dos polímeros
hidroretentores, quando se considera os fatores que afetam o seu desempenho como concentrar os sais
presentes na solução do solo, dificuldades no modo de aplicação, aumento da resistência do solo e função
a expansão do hidrogel.
O uso do polímero hidroretentor possibilita reter água no substrato cerca de 200 a 400 vezes a
sua massa em água, variável conforme o material utilizado na sua fabricação. Outro fator que determina
o sucesso da aplicação do polímero hidroretentor é a posição em relação a semente, devendo ser alocado
ou sua distribuição incorporada ao substrato, conforme Figura 3.

| 87 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 3. Posição de alocação do polímero hidroretentor. Fonte: Ferreira (2022).

TIPOS DE COMPOSTOS UTILIZADOS NA FORMULAÇÃO DE SUBSTRATOS


Muitos compostos são utilizados para a formulação dos substratos, destacando-se os resíduos
orgânicos com alta relação C/N e conteúdo de lignina e celulose tais como a casca de pinus processada,
a casca de arroz, fibra de coco, resíduos sólidos de dejetos animais e a vermicompostagem, conforme
Quadro 8.

Quadro 8. Materiais orgânicos utilizados para formulação dos principais substratos comercializados e
suas características. Fonte: Ferreira (2022).
Material do composto Características
É um substrato orgânico constituído de casca do tronco, sendo a mais
utilizada os resíduos do beneficiamento da madeira de Pinus spp. O material
Casca de madeira processada deve ser seco e triturado para melhorar a retenção e estruturação do solo.
Este processo é fundamental para reduzir os teores de taninos, resinas,
fenóis, terpenos e outros compostos que podem ser fitotóxicos.
A casca de arroz pode ser utilizada carbonizada por combustão incompleta.
As vantagens deste processo é que mesmo sendo queimada, a fumaça
Casca de arroz
produzida é pouco poluente e sem liberação de enxofre. A cinza resultante
(Oryza sativa L.)
pode ser misturada ao solo como condicionador da acidez e fonte de
nutrientes.
A fibra de coco é comercializada em texturas variadas, conforme a espessura
das partículas e o processo de peneiramento, o que influencia no conteúdo
Fibra de coco
de ar e água. Possui elevada porosidade, boa capacidade de retenção de água
(Cocus nucifera L.)
facilmente disponível para as raízes (tem capacidade para reter água em 70%
a 80% da sua porosidade total) e elevada capacidade de arejamento.
Apresenta composição variável em função do tipo do animal, da dieta, do
Dejetos animais
processo de compostagem. Deve levar-se em consideração a microbiologia

| 88 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Material do composto Características
do resíduo, podendo ser utilizado como substrato quando respeitado os
índices CONAMA (2017)
O uso de minhocas como um vetor biológico para acelerar o processo de
Vermicompostagem decomposição dos resíduos orgânicos é uma alternativa ambientalmente
correta. Trata-se de um processo econômico.

Chornobay et al. (2015) avaliando o desenvolvimento de plântulas de pepino em bandejas de


poliestireno expandido em quatro diferentes substratos vermiculita, fibra de coco, a casca de pinus e o
húmus de minhoca em relação à altura das plântulas a mistura de solo com húmus rendeu melhores
resultados obtendo uma média geral de 8,64 cm de altura seguido da casca de pinus, da fibra de coco e
vermiculita com respectivamente 8,24 cm; 5,78 cm e 4,78 cm de média. A porcentagem de germinação
de plântulas pepino (Cucumis sativus L.) em diferentes substratos apresentou melhores resultados no solo
somado à casca de pinus, atingindo 84% de índice de germinativo. Em contrapartida, os piores índices
de germinação foram apresentados nos substratos com fibra de coco com 56% e no substrato com
vermiculita com 54% germinados.
Em relação aos materiais de origem mineral utilizados na formulação de substratos, descrito no
Quando 9, destaca-se os silicatados como areias, argilas expansivas tais como a vermiculita ou de origem
vulcânica como a perlita.
A turfa, atualmente com uso restrito por se tratar de um recurso natural formado em áreas de
hidromorfia, em regiões de preservação permanente, apresenta formulação orgânica e mineral, pois é
resultante natural agregação entre as partículas minerais e orgânicas.

| 89 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 9. Materiais minerais utilizados para formulação dos principais substratos comercializados e suas
características. Fonte: Ferreira (2022).
Material do composto Características
Para utilização da areia como substrato a areia deve ser lavada de modo a
reduzir a concentração de sais solúveis. São excelentes substratos para
Areia
proporcionar o enraizamento sem impedimento físico, porém apresenta
baixa concentração de nutrientes
A vermiculita é um silicato hidratado de magnésio, ferro e alumínio, cuja
estrutura expande quando aquecida a temperaturas superiores a 1.000º C.
Argila expansiva Apresenta densidade muito baixa, elevada porosidade e elevada CTC. Pode
(por exemplo: vermiculita) absorver água numa quantidade cinco vezes superior à sua próprio massa,
capaz de reter água em 60 - 65% da sua porosidade total. Possui um pH
neutro ou ligeiramente alcalino e elevada CTC.
É um material de origem vulcânica, constituída de silicatos, provindas do
minério bruto aquecido a aproximadamente 760º C, gerando expansão do
Perlita
material pela vaporização da água. Trata-se de um material muito leve, com
capacidade de reter água cerca de 3 a 4 vezes a sua própria massa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os substratos são compostos de misturas de materiais orgânicos e/ou mineral, entre eles o solo,
cujo processo para sua formulação baseia-se nos princípios da compostagem. Alguns substratos são de
fácil obtenção, como é o caso da “terra” vegetal e do vermicomposto e, por esse motivo, são largamente
comercializados de maneira informal, porém a legislação brasileira exige vários parâmetros para a
comercialização dos substratos que devem ser respeitados de modo a garantir a sanidade na produção de
mudas e plantas ornamentais.
Toda sociedade deseja se desenvolver, gerar riquezas e possuir elevada qualidade de vida. É
importante lembrarmos que todo desenvolvimento, por mais sustentável que seja, requer uso dos
recursos naturais e possui um custo ambiental. A mensuração dos impactos ambientais ocasionados pela
produção de rejeitos e seu descarte incorreto levanta questionamentos sobre o atual modo de vida do ser
humano.
Os diferentes materiais utilizados na produção de substratos são importantes no retrocesso da
poluição ambiental, pois parte deles materiais seriam descartados nos aterros sanitários, mas a sua
utilização como substratos, além dos benefícios para fornecimento de nutrientes, gera impactos positivos
ao meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

| 90 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Batista, M. A., Paiva, D. W. Marcolino, A. (2014). Solos para todos: perguntas e respostas. Dados
eletrônicos. - Rio de Janeiro: Embrapa Solos.
Bortolin, A., Aouada, F. A., Longo, E., Mattoso, L. H. (2012). Investigation of water absorption process
in polysaccharide hydrogels: Effect of ionic charge, presence of salt, monomer and polysaccharide
concentrations. Polímeros, 22, 311-317.
Brasil (2009). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 25, de 23 de
julho de 2009. Aprova as normas sobre as especificações e as garantias, as tolerâncias, o registro, a
embalagem e a rotulagem dos fertilizantes orgânicos simples, mistos, compostos, organominerais
e biofertilizantes destinados à agricultura. Brasília: MAPA.
Chornobay, A. K., Hyeda, D. W., Queiroz, A. F., Pereira, D. M., Ferreira, C. F. (2015). Produção de
mudas de pepino (Cucumis sativus) avaliando o desenvolvimento de plântulas em quatro tipos de
substratos. In: IV Reunião Paranaense de Ciência do Solo, 2015, Cascavel. Curitiba: SBCS/NEPAR, 1,
255 – 255.
CONAMA. (2017). Resolução nº 481, de 03 de outubro de 2017. Estabelece critérios e procedimentos
para garantir o controle e a qualidade ambiental do processo de compostagem de resíduos
orgânicos, e dá outras providências. Brasília, DF, 2017.
Correia, M. E. F., Oliveira, L. C. M. (2000). Fauna de Solo: Aspectos Gerais e Metodológicos. Seropédica:
Embrapa Agrobiologia (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 112).
Flores, R. A., Winkel, T., Truc, A. N. T., Joffre, R. (2014). Root foraging capacity depends on root system
architeture and ontogeny in seddling os the Andrean Chenopodium species. Plant and soil, 380, 415-
428.
Garay, I., Folz, J., Piero, N. (2013). Manual de técnicas de viveiro para espécies arbóreas nativas. Sooretama:
Fundação Bionativa.
Jorge, M. H. A., Melo, R. D. C., Resende, F. V., Costa, E., Silva, J., Guedes, I. M. R. (2020). Informações
técnicas sobre substratos utilizados na produção de mudas de hortaliças. Brasília: EMBRAPA HORTALIÇAS,
Lopes, V. G., Schumacher, M. V., Muller, I., Calil, F. N., Witschoreck, R., Liberalesso, E. (2013). Variáveis
físicas e químicas do solo importantes na distribuição de raízes finas em um povoamento de Pinus
taeda L. no nordeste do Rio Grande do Sul. Ecologia e nutrição florestal, 1,14 - 23.
Rossolem, C. A., Fernandez, E. M., Andreotti, M., Crusciol, M. A. C. (1999). Crescimento radicular de
plântulas de milho afetado pela resistência do solo à penetração. Pesquisa agropecuária brasileira, 34,
821 - 828.
Sousa, G. T., Azevedo, G., Sousa, J. R., Mews, C., Souza, A. M. (2013) Incorporação de polímero
hidroretentor no substrato de produção de mudas de Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Enciclopédia
Biosfera, 9, 1-16.
Stevenson, F. J. (986). Cycles of soil: carbon, nitrogen, phosphorus, sulfur, micronutrients. New york: J.
Wiley.

| 91 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Tavares Filho, J., Barbosa, G. M. C., Guimarães, M. F., Fonseca, I. C. B. (2001). Resistência do solo à
penetração e desenvolvimento do sistema radicular do milho (Zea mays) sob diferentes sistemas de
manejo em um latossolo roxo. Revista brasileira de ciências do solo, 25, 725 – 730.

| 92 |
Capítulo 6

Demanda e manejo nutricional de plantas ornamentais


INTRODUÇÃO
A produção de flores e plantas ornamentais exige alta demanda de insumos, tecnologias e material
propagativo do setor, de acordo com Claro et al. (1999) o Complexo Agroindustrial das Flores no Brasil
engloba três agregados. Sendo o primeiro é formado pelos fornecedores de insumos, desde estruturas
para ambientes protegidos, sais minerais e adubos, materiais de irrigação, recipientes, entre outros. O
segundo é constituído pelos produtores rurais, onde ocorre todo o cultivo das espécies vegetais e, o
terceiro é formado pelos leilões, supermercados, varejistas (floriculturas) e funerárias, todos seguem as
normativas estabelecidas pela Cooperativa Veiling Holambra e pelo Instituto Brasileiro de Floricultura
(IBRAFLOR) (Faria, 2005).
A diversificada produção desse setor necessita conhecimentos específicos de várias áreas das
ciências agrárias, por exemplo, plasticultura, sementes, propagação de plantas, nutrição mineral de
plantas, melhoramento vegetal, agroclimatologia, substratos, solos, manejos de adubação e irrigação,
entre outros. Onde o sistema solo-água-planta-atmosfera apresenta alta complexidade referente à
dinâmica ecofisiológica, sobretudo da aclimatação e da nutrição mineral, dependendo da disponibilidade
no solo ou do substrato ou do sistema hidropônico (Figura 1), onde em função da entrada de corretivos
e nutrientes (sais minerais) e, pela saída por volatilização, lixiviação e erosão dos mesmos (Malavolta,
2008, Reichardt; Timm, 2012).
Entendemos por
– Solo: é um componente da biosfera trifásico que proporciona bioatividade e é repleto de
interações com entradas e saídas, especialmente de nutrientes (bioreciclador) e de água
(regulador do sistema). Tendo uma camada agricultável, geralmente, entre 0 e 40 cm de
profundidade (Streck et al., 2008), (Figura 1A).
– Substrato: é o meio em que se desenvolvem as raízes das plantas cultivadas fora do solo
- in situ. Servindo suporte para as plantas, podendo ainda regular a disponibilidade de
nutrientes e de água. Em geral, as plantas são cultivadas em recipientes (vasos) (Kämpf,
2000) (Figura 1B).
– Sistema hidropônico: caracteriza-se por ser uma ciência de cultivo de plantas fora do
solo, podendo ser estrita em que o cultivo das plantas ocorre totalmente em solução
nutritiva (água + sais minerais) ou semi-hidropônica onde o cultivo das plantas ocorre em
substratos com solução nutritiva (Santos, 2012) (Figura 1C).
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 1. Formas de disponibilidade de água e sais minerais para as plantas ornamentais. A: diretamente
no solo, B: em sistema semi-hidropônico (substrato + fertirrigação) e C: em sistema de hidroponia estrita.
Fonte: Menegaes (2022).

Na planta pela essencialidade dos nutrientes para o seu desenvolvimento pleno envolve uma
interação desse sistema, em que podem ser absorvidos, translocados e acumulados, em diferentes
quantidades, quando escassa causam deficiências e quanto em excesso causam disfunções e distúrbios,
por isso é importante conhecer a ecofisiologia de cada espécie de forma individual (Malavolta et al., 1997,
Santos, 2012).

DEMANDA NUTRICIONAL DAS FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS


A demanda nutricional é variável conforme cada espécie vegetal, tendo um limite de máxima e de
mínima absorção deste nutriente, os quais exercem funções importantes no seu metabolismo, sendo
essenciais para plena função biológica. Todavia, essa concentração limítrofe indica a quantidade benéfica
para a planta produzir biomassa, ou quantidade nociva, causando danos, tanto pela falta (deficiência)
quanto pelo excesso (toxicidade). Os danos por deficiência são mais comuns, que por toxicidade, devido
a quantidade de sais minerais fornecidos (Rodrigues, 2002; Prado, 2008).
Deste modo, no sistema solo-água-planta-atmosfera, tanto o manejo de adubação (fertilidade) do
sistema de cultivo seja no solo, no substrato ou em hidroponia, bem como a forma desse manejo têm
relações estreitas, sobretudo, quando atreladas a eficiência agronômica. A primeira referência dessa
relação foi na Antiguidade, por Aristóteles (384-322 a.C.) filósofo e biólogo grego, que mencionou como
a “alimentação” das plantas ocorria pelo sistema radicular (solo). Mas, foi Just von Liebig (1803-1873), o
primeiro cientista a lançar a essencialidade dos elementos na produção de alimentos, mesmo em fases de
especulação e sem precisão experimental, provou ser bastante correta (Bonato et al., 1998; Melo et al.,
2020).

| 94 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
A ordem de essencialidade dos nutrientes é dada por: C, H, O, N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Mn, Zn,
Cu, B, Cl, Mo, Co, Ni e Se (Rodrigues, 2002; Malavolta, 2008). Onde os nutrientes C, H e O compõem
92% da matéria seca das plantas e seu fornecimento ocorre naturalmente pelo dióxido de carbono (CO2)
e pela água (H2O), oriundo pelo processo de fotossíntese (Figura 2A). Os demais nutrientes são divididos
em macro e micronutrientes, em relação a quantidade percentagem em massa seca, sendo em média de
7% de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e em média de 1% de micronutrientes, esse último ainda é
subdividido em essenciais como Fe, Mn, Zn, Cu, B, Cl e Mo e, os benéficos como Co, Ni e Se.

Figura 2. Esquema do processo fotossintético (A) e espaços de crescimento e desenvolvimento do


sistema radicular no solo (B) e em recipiente (C). Fonte: Menegaes (2022).

O espaço para o crescimento e o desenvolvimento do sistema radicular é fundamental para a


qualidade da parte aérea das plantas, por exemplo, na Figura 2B tem-se o cultivo das flores e plantas
ornamentais em solo com uma faixa de 0 - 40 cm de espaço e na Figura 2C tem-se o cultivo dessas plantas
em recipiente, onde se tem uma limitação do espaço físico. A limitação do espaço para sistema radicular
afeta ora positiva ora negativamente a variação da porosidade e aeração do solo ou substrato, além dos
manejos nutricional e hídrico.
Cabe ressaltar que os tipos de substratos utilizados na produção de plantas ornamentais devem
proporcionar um bom fornecimento de água e nutrientes, de modo que não se altere as condições físicas
ao longo do desenvolvimento, principalmente em relação ao manejo da irrigação. A alta porosidade de
alguns substratos comerciais como a fibra-de-coco, casca-de-árvores e solos compostados
organicamente, apresentam alta retenção hídrica o que afeta o desenvolvimento do sistema radicular.
A essencialidade desses nutrientes no sistema solo-água-planta-atmosfera apresenta funções
importantes no metabolismo dos seres vivos, sendo essenciais para plena função biológica, em relação

| 95 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
aos macronutrientes (Quadro 1) e aos micronutrientes (Quadro 2). Todavia, a concentração limítrofe do
dano ao benefício depende de cada espécie e da biodisponibilidade nutricional neste sistema e no espaço
de ocupação da parte radicular das plantas (Kämpf, 2000, Kämpf et al., 2006, Prado, 2008).

Quadro 1. Funções nutricionais de macronutrientes para o cultivo vegetal. Fonte: adaptado de Kämpf
(2000) e Menegaes et al. (2021).
Exigência Sintomas de:
Funções na
Nutrientes nutricional
planta Deficiência Toxicidade
(matéria seca)
Formação de Amarelecimento da Raquitismo do cultivo,
Nitrogênio proteínas e folhagem, palidez e queda com talos/caules frágeis,
40 a 70 g kg-1
(N) crescimento das folhas mais velhas e pouca frutificação, pode
vegetal denso sistema radicular causar deficiência de K
Plantas achatadas e em
forma de roseta, podendo as
Acúmulo e Coloração escura, pode
Fósforo folhas apresentarem
transferência 2,5 a 5,0 g kg-1 induzir as deficiências de
(P) coloração verde-escura,
de energia Fe e K
purpura ou vermelho-
bronzeada
As folhas apresentam
coloração verde-escuras e
menos crespas que o
Turgescência
normal, podendo torna-se
Potássio das células e Pode induzir as
20 a 40 g kg-1 pecioladas, arredondadas ou
(K) hidratação da deficiências de N, Ca e Mg
em forma de coração, com
planta
manchas cloróticas nas
extremidades das folhas
basais
Folhas com crescimento em
Pela imobilidade,
roseta, enrugadas e
Resistência raramente causa
Cálcio coloração escurecidas, nos
das paredes 10 a 15 g kg-1 toxicidade, mas pode
(Ca) frutos formam tecidos
celulares induzir as deficiências de
escuros e com aspecto
K, Fe e Mg
gomoso
Amarelecimento foliar que Raramente causa
Magnésio Componente se espalham das margens toxicidade, mas pode
2,0 a 5,0 g kg-1
(Mg) da clorofila para o centro, entre as induzir as deficiências de K
nervuras e Ca

| 96 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Exigência Sintomas de:
Funções na
Nutrientes nutricional
planta Deficiência Toxicidade
(matéria seca)
Componente Folhas de coloração
de amarelo-esverdeada, Clorose generalizada no
Enxofre (S) 0,5 a 10 g kg-1
aminoácidos e engrossas e crespas, além de limbo foliar
vitaminas aspecto opaco

Quadro 2. Funções nutricionais de micronutrientes para o cultivo vegetal. Fonte: adaptado de Kämpf
(2000) e Menegaes et al. (2021).
Exigência Sintomas de:
Funções na
Nutrientes nutricional
planta Deficiência Toxicidade
(matéria seca)
Clorose foliar internerval,
Componente de Danos no sistema
Ferro em folhas novas surgem
enzimas (síntese 50 a 100 mg kg-1 radicular, pode induzir a
(Fe) com descoloração do
de clorofila) deficiência de Mn
pigmento verde
Em folhas velhas (basais) Sintomas semelhantes a
Componente e
Manganês apresentam colaboração sua deficiência
ativador de 10 a 20 mg kg-1
(Mn) verde pálido e pontuações nutricional, induz as
enzimas
necróticas deficiências de Fe e Zn
Ativador de Plantas de tamanho
Ocorre nas folhas jovens
Zinco enzimas anormal e em forma de
10 a 30 mg kg-1 e induz a deficiência de
(Zn) (formação de roseta, com margens
Fe
auxina) espessas
Constituinte do
processo Folhas alongadas e Causa clorose nas
Cobre
fotossintético e 5 a 20 mg kg-1 cloróticas com curvamento nervuras secundárias,
(Cu)
componente foliar induz a deficiência de Fe
enzimático
Metabolismo da
Apresenta aspecto de
Boro sacarose e Aparecimento de necroses
12 a 50 mg kg-1 queimadura solar nas
(B) transporte de e enrugamento foliar
sépalas e nas folhas
assimilados
Atua na redução Plantas novas de coloração Reduz o percentual de
Molibdênio do nitrato e 0,03 a 3,5 mg kg- verde pálido a amarelo germinação,
(Mo) fixação do 1 escuro, com aspecto de prejudicando a absorção
nitrogênio seco e translocação de Fe

| 97 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Dentre os critérios de essencialidade, pode-se dividir os elementos nutrientes em
macronutrientes, exigidos em maiores concentrações e micronutrientes, exigidos em menores
concentrações. Porém, em ambos os casos, na ausência do elemento a planta não completa o seu ciclo,
o elemento químico deve estar diretamente ligado a uma função metabólica ou ser constituinte essencial
de uma substância ou processo enzimático e não pode ser substituído por outro elemento, mesmo no
caso de elementos benéficos.
Entretanto, uma simples análise química de um vegetal não funcionaria para determinar quais
destes elementos são essenciais, pois a planta pode absorver e armazenar em seus tecidos muitos
elementos que não lhe são úteis. Para tanto, é necessário excluir o elemento químico do substrato durante
o desenvolvimento para observar o comportamento quanto ao desenvolvimento das plantas,
principalmente, a sintomatologia de deficiência e toxicidade.
A absorção, translocação e acúmulo de nutrientes pelas plantas ocorrem via sistema radicular,
tanto por osmose como por difusão, devido as diferenças de potenciais, entre esses o potencial
hidrogeniônico (pH). A faixa de maior disponibilidade nutricional para a maioria das plantas está entre
o pH 5,5 a 6,5 (Figura 3A), essa variação depende diretamente da espécie cultivada como os seus estádios
fenológicos e órgãos de interesse (folhas, flores, frutos, entre outros) (Malavolta et al., 1997, Taiz; Zeiger,
2009).
Outro fator que influencia a absorção nutricional é a condutividade elétrica (CE), que prediz a
concentração total de sais na solução, indicando quanto é consumido pelas plantas, variando de 0,8 a 4,0
mS cm-1 (dS m-1), onde 1 mS cm-1 equivale 640 mg L-1 de nutrientes (sais minerais). A CE é altamente
influenciada pela temperatura, sendo a sua verificação nos reservatórios contendo solução nutritiva nos
horários mais amenos do dia (Rodrigues, 2002; Santos, 2012). Contudo, Bellé et al. (2016) recomendam
valores entre 0 e 2,25 dS m-1 para a cultura da roseira de corte (Rosa x grandiflora) (Quadro 3), conforme a
faixa indica-se a necessidade de fertirrigar, irrigar ou lixiviar, podendo esses valores serem extrapolados
para as demais culturas de flores e plantas ornamentais.

| 98 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 3. Cultivo de plantas ornamentais. A: faixa de potencial hidrogeniônico (pH), B: lei da tolerância
dos limites mínimos e máximos e C: padrões de demanda de nutrientes ao longo do cultivo. Fonte: A:
adaptado de Malavolta et al. (1997) e Menegaes (2022). B: Menegaes (2022). C: adaptado de Rober e
Schaller (1985) e Kämpf (2000).

| 99 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 3. Interpretação de leituras de condutividade elétrica (dS m -1) pelo método 1:2A. Fonte: adaptado
de Bellé et al. (2016).
CE (dS m-1) Interpretação Indicação
0 a 0,25 Muito baixo: o nível de nutrientes pode não ser suficiente Fertirrigar as plantas com maior
para manter um crescimento rápido. frequência.
0,26 a 0,75 Baixo: adequado para mudas pequenas, plantas
Fertirrigar as plantas.
ornamentais de forração e sensíveis a salinidade.
Normal: faixa normal para a maioria das culturas Fertirrigar ou irrigar as plantas,
0,76 a 1,25
estabelecidas. Faixa superior para as plantas sensíveis a decisão tomada pela análise de
salinidade. crescimento da planta.
1,26 a 1,75 Alto: pode resultar em redução do crescimento e vigor,
Irrigar as plantas.
principal mente sob altas temperaturas.
Muito alto: pode resultar em injúria por salinidade devido Recomenda-se leve lixiviação do
1,76 a 2,25
a menor absorção de água. Possível redução nas taxas de solo com água da irrigação de
crescimento. Possível queima foliar e murchamento. cultivo.
Extremo: a maioria das culturas sofrerá injúrias salinas
>2,25 Necessária lixiviação imediata.
nestes níveis.
A Uma parte de solo para duas partes de água destilada. Valores baseados para plantas em fase de crescimento ativo e nível
médio de requerimento de nutrientes. Adaptado de Whipker et al. (2001) e Taveira (2008).

Além do pH e da CE, vários outros fatores que limitam tanto positiva como negativamente a
produção de flores e plantas ornamentais, como a Lei dos mínimos, ou também conhecida como a Lei
de Liebig (1843), ainda em estágios experimentais desenvolveu um conceito até hoje aceito. Assim, o
autor disserta sobre as condições nutricionais de sistema solo-planta, em que na falta de um nutriente
dentro daqueles essenciais, mesmo na sua menor quantidade exigida a planta é afetada negativamente no
seu desenvolvimento pleno. Neste contexto, Shelford (1913) desenvolve um conceito sobre a Lei da
tolerância (Figura 3B).
Em que as espécies apresentam seu desenvolvimento típico dentro de uma zona de conforto ou
ótima, quanto além desta zona, seja inferior ou superior a ótima, há um desenvolvimento atípico da
espécie. Para a produção das plantas ambas as leis são devidamente aplicadas, pois tanto a Lei do mínimo
como a Lei das tolerâncias afetam diretamente os métodos de manejo de cultivo, incluindo o ambiente
(temperatura e umidade do ar), adubação, irrigação, época de plantio e semeadura, entre outros (Begon
et al., 2007).
Nos trabalhos de Kämpf (2000), com flores e plantas ornamentais, a autora estabeleceu quatro
padrões básicos de demanda nutricional para essas espécies (Figura 3C). As quais relacionam a absorção
relativa dos nutrientes pelo tempo (período) de cultivo, desde o crescimento e desenvolvimento inicial,
perpassando pelo aumento e acúmulo de biomassa até a floração (período de produção final).

| 100 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Lembrando que cada espécie vegetal tem um tempo de cultivo para o seu pleno crescimento e
desenvolvimento típico, sendo caracterizado pelo centro de origem e sua aclimatação local. Por exemplo,
flores de corte de período perene como a roseira (Figura 3C.A), onde o manejo de adubação é intercalado
a cada estimulo de produção de biomassa verde e, consequentemente floração, em que a colheita das
hastes florais podem ocorrer de forma escalonada mais de uma vez ao ano.

ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELAS PLANTAS ORNAMENTAIS


Os nutrientes são importantes modificadores da biomassa, produção e regeneração das raízes, em
vários ecossistemas (Freitas et al., 2008). Para compreender a absorção dos nutrientes pelas flores e
plantas ornamentais é necessário identificar a rota dos nutrientes e os processos de absorção, seja através
do sistema radicular ou das folhas.
Muitos atributos de solo, fatores climáticos e relações nas plantas interferem sobre os processos
de absorção e, por consequência, o crescimento das plantas e a distribuição de raízes está relacionado
com a presença de nutrientes minerais no solo, conforme Quadro 4. Muitos trabalhos demonstram
resultados a interferência destes atributos de solo no sistema radicular, como Girardi et al. (2012) que
observaram o desenvolvimento radicular em gipsofila (Gypsophila paniculata L.) sob diferentes condições
de capacidade de retenção de água, Nascimento et al. (2019) que avaliaram o sistema radicular em
espécies de grama-bermuda (Cynodon dactylon L.) e capim-estrela (Cynodon plectostachyus Schum.) sob
diferentes sistemas de irrigação e disponibilidade hídrica e Soares et al. (2020) observaram as mudanças
no sistema radicular em pimenta-ornamental (Capsicum sp.) sob condições de estresse hídrico.
A constituição e distribuição dos tecidos nas raízes influência a velocidade de absorção e, embora
existam diferenças anatômicas entre espécies vegetais, a constituição básica da anatomia do sistema
radicular inclui tecidos como a protoderme, o meristema fundamental e o procâmbio (Pita; Menezes,
2002). Em um corte transversal do início da região de alongamento observa-se a protoderme, o meristema
fundamental e o procâmbio, tecidos estes que darão origem aos tecidos identificados na região de
maturação, como a rizoderme, o córtex e o cilindro vascular, mas é na região da rizoderme onde ocorre
a absorção iônica e a seletividade dos elementos nutrientes.

| 101 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 4. Fatores climáticos, de solo e de planta que interferem sobre a absorção de nutrientes. Fonte:
Lepsch (2011).

Fatores Climáticos Fatores de solo Fatores de planta


Intensidade, quantidade e Estrutura, profundidade e textura do
Espécies, cultivares
distribuição da precipitação pluvial material de origem
Temperatura do ar Declividade e topografia Fatores genéticos
Umidade relativa do ar Temperatura do solo ou do substrato Quantidade da semente
Intensidade luminosa Reação (pH) Exigência nutricional
Fotoperíodo Matéria orgânica Eficiência de absorção
Altitude/latitude Atividade de microrganismos Disponibilidade de água
Velocidade e distribuição de ventos Indicadores da fertilidade do solo Evapotranspiração
Saturação por bases Resistência a doenças

A capacidade das plantas para obter água e nutrientes minerais do solo está relacionada com o
crescimento e desenvolvimento do sistema radicular. O desenvolvimento do sistema radicular de mono
e de dicotiledôneas varia em função da atividade do meristema apical das raízes onde a absorção de íons
é mais pronunciada nos tecidos jovens (Viana et al., 2022). Além disto, a taxa de absorção de íons das
raízes diminui na região mais distante do ápice radicular, mas variável dependendo de fatores, como tipo
de íon (nutriente), estado nutricional e espécie vegetal (Taiz et al., 2015) além da indisponibilidade de
nutrientes no solo, conforme demonstra a Figura 4.
Estudos preliminares sugeriam que os nutrientes contidos na solução do solo movimentam-se
em favor de um gradiente de concentração, indo de um local de maior concentração para um de menor
concentração. Porém, após comparações entre o suco celular e o meio, verificou-se que a concentração
dos elementos no meio interno era muito maior do que o meio externo. Em igual forma, estuda-se o
comportamento dos nutrientes nos tecidos, pois o gradiente de concentração baixo nas raízes depende
diretamente da translocação dos nutrientes para outras partes da planta. À exemplo dos solutos
inorgânicos catiônicos como K+ e Mg2+ e aniônicos como HPO4-2 e Cl – que são móveis no floema. Já o
nitrogênio na forma de NO3- apresenta baixa mobilidade e solutos como Ca2+, SO4-2 e Fe2+ são
completamente excluídos do floema (Taiz et al., 2015)

| 102 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 4. A: morfologia do sistema radicular desenvolvido em solo sob condições químicas e físicas
ideias, B: em solos com deficiência de nitrogênio (N), C: em solos com deficiência de fósforo (P), D: em
solos com alta compactação e E: sob restrição hídrica. Fonte: adaptado de Viana et al. (2022).

No caso do nitrogênio (N) a sua distribuição espacial e a concentração afetam o desenvolvimento


das raízes (Figura 4B), alterando a morfologia regular (Figura 4A) (De Bang et al., 2021). Em casos de
deficiência de nitrogênio o crescimento radicular é ampliado de modo mais profundo quando comparado
as raízes laterais existentes. Esta resposta é em função da alta taxa de auxina nas pontas das raízes. Em
contrapartida, na deficiência severa, o crescimento da raiz é inibido pela remoção de auxina das pontas
das raízes. Uma morfologia semelhante ocorre em cultivo sob restrição hídrica (Figura 4E), porém, a
principal diferença está relacionada com a distribuição lateral do sistema radicular. Em casos de restrição,
a raiz cresce em geotropismo negativo, sem expansão lateral, em busca da maior umidade das camadas
mais profundas do solo.
Assim como em relação ao N, a arquitetura do sistema radicular é afetada quando há deficiência
de fósforo (P). A deficiência de P reprime o crescimento da raiz primária, originando uma maior
quantidade de raízes secundárias e terciárias com crescimento lateral da raiz (Figura 4C) (De Bang et al.,
2021). Raízes estas que possuem menor taxa de absorção de nutrientes. Além disso, a densidade das raízes
geralmente é aumentada em virtude de o volume de solo ocupado ser menor pelo crescimento menos
expressivo em profundidade.
Um crescimento semelhante ocorre em solos com restrição física envolvidas com a alta densidade
em condições de expressiva compactação. Entretanto, diferentemente da morfologia em solos com
deficiência de P, as raízes em solos compactados aumentam o diâmetro e não geram tantas raízes
secundárias (Figura 4D).

TIPOS DE ADUBOS E FORMAS DE ADUBAÇÃO

| 103 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
No sistema solo-água-planta-atmosfera as plantas absorvem os nutrientes pela solução seja do
solo, do substrato ou do sistema hidropônico, via pelos absorventes da raiz por basicamente três
estratégias: interceptação, fluxo de massa e difusão, conforme os potenciais osmóticos, de pressão,
gravitacional e matricial. Onde a interceptação ocorre ao redor do volume radicular, assim absorvendo
os nutrientes disponíveis nessa região. O fluxo de massa refere-se ao movimento dos nutrientes das
regiões mais afastada das raízes que são absorvidos por fluxo de umidade do meio de cultivo e, a difusão
os nutrientes tem a sua movimentação por gradiente de concentração do mais concentrado para o menos
(Kämpf, 2000).
Deste modo, a disponibilidade de nutrientes no meio de cultivo deve ser de acordo com o laudo
da análise de solo ou substrato, geralmente, com adubações parceladas no mínimo em duas etapas, a de
base e a complementar. A adubação de base ou de plantio, corresponde ao acréscimo de nutrientes no
meio de cultivo na ocasião da semeadura ou do plantio de propágulos vegetativos. Já a adubação
complementar, corresponde a aquela fornecida durante o cultivo tanto diretamente no meio de cultivo,
podendo ser de cobertura ou fornecida junto com a irrigação (fertirrigação). Em geral, recomenda-se essa
forma de adubação em parcelas sendo realizadas várias vezes durante o cultivo.
No Quadro 5 Kämpf (2000) classifica algumas flores e plantas ornamentais em relação a sua
exigência nutricional e tolerância a salinidade, assim permitindo o ajuste do conforme a demanda de cada
espécie.

Quadro 5. Exigência de adubação de flores e plantas ornamentais relacionada a salinidade (Teor Totais
de Sais Solúveis) do meio de cultivo. Fonte: adaptado de Rober e Schaller (1985) e Kampf (2000).
Exigências Sensibilidade Adubação [sais g L-1]
Grupo Espécies
nutricionais a salinidade Base Complementar
Avenca (Adiantum capillus-veneris L.),
1 Baixa Alta 0,5 1,0 a 2,0
bromélias, orquídeas
Maioria das plantas envasadas
2 Média Média 1,5 1,0 a 4,0
comercialmente
Crisântemo (Dendranthema grandiflora
Tzvelev), cravo (Dianthus caryophyllus
3 Alta Baixa 3,0 3,0 a 6,0
L.), rosa (Rosa x grandiflora), aspargo
(Asparagus densiflorus Sprengeri)

Nos Quadros 6 e 7 indicam os nutrientes para a adubação de plantas, seja em base, cobertura,
fertirrigação ao manejo de agricultura orgânica, indicando o percentual de aproveitamento de cada
nutrientes, por exemplo, a ureia produto rico em N, apresenta 45% de N, na forma amídica, ideal para
espécies de gramado e capins ornamentais.

| 104 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 6. NPK indicados para as adubações. Fonte: adaptado de Segovia (2020) e Horowitz et al.
(2016).
Nitrogênio (N) Fósforo (P) Potássio (K)
Adubos indicados para as adubações de base e cobertura
• Sulfato de amônio 21% de N
Superfosfato simples 18% de P2O5 • Cloreto de potássio 60% de K2O
amoniacal
• Ureia 45% de N amídico • Superfosfato triplo 45% de P2O5 • Sulfato de potássio 50% de K2O
• Fosfato de Araxá (12% solúvel a.c.) • Sulfato de potássio e magnésio 20%
• Salitre do chile 16% de N nítrico
30% de P2O5 de K2O
• Nitrato de amônio 16% de N nítrico
• Yoin 30% de P2 O5
e 17% de N amoniacal
• Hiperfosfato de Gafsa (43% solúvel
• Nitrato de cálcio 13% de N nítrico
a.c.) 29% de P2O5
• Esterco de gado 1,7% de N • Fosfato de Marrocos (11% solúvel a.c.)
amoniacal 32% de P2O5
• Fosfato natural de Arad (10,5% solúvel
• Cama de aviário 3% de N amoniacal
a.c.) 33% P2O5
Adubos indicados para uso em fertirrigação
• Nitrato de cálcio 14,5% de N nítrico
• Map 61% de P2O5 • Sulfato de potássio 50% de K2O
e 1% de N amoniacal
• Nitromag 13% N nítrico e 13% • Fosfato monopotássico 33% de
• Fosfato monopotássico 51% de P2O5
amoniacal K2O
• Nitrato de magnésio 11% de N
• Magnum – P44 44% de P2O5 •FertiCare 44% de K2O
nítrico
• MAP 11% de N amoniacal • Kemifos PK 30% de P2O5 • Kemifos PK 20% de K2O
• Magnum – P44 18% de N amídico
• FertiCare 13% de N nítrico
Adubação de resíduos orgânicos
• Esterco bovino 57% de matéria • Esterco bovino 57% de matéria • Esterco bovino 57% de matéria
orgânica e 1,7% de N orgânica e 0,9% de P2O5 orgânica e 1,4% de K2O
• Esterco suíno 53% de matéria • Esterco suíno 53% de matéria orgânica • Esterco suíno 53% de matéria
orgânica e 1,9% de N e 0,7% de P2O5 orgânica e 0,4% de K2O
• Esterco de aves 50% de matéria • Esterco de aves 50% de matéria • Esterco de aves 50% de matéria
orgânica e 3% de N orgânica e 3% de P2O5 orgânica e 2% de K2O
• Composto orgânico 1,4% de N • Composto orgânico 1,4% de P2O5 • Composto orgânico 0,8% de K2O
• Farinha de osso 0,5% a 3% de N • Farinha de osso 20% a 29% de P2O5 • Farinha de peixe 0,7% de P2O5
• Farinha de peixe 2% a 3% de N • Farinha de peixe 2% a 3% de P2O5 • Bagaço de cana 1,2% de K2O
• Bagaço de cana 1,4% de N • Bagaço de cana 9% de P2O5 • Torta de mamona 1% a 2% de K2O
• Torta de mamona 4% a 6% de N • Torta de mamona 1% a 2% de P2O5

| 105 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 7. Nutrientes indicados para as adubações. Fonte: adaptado de Segovia (2020) e Horowitz et al.
(2016).
Nutrientes indicados para as adubações
• Calcário dolomítico 30% de OCa
• Calcário calcítico 45% de OCa
• Cal hidratada 46% de OHCa
Cálcio (Ca) • Fosfato natural de Gafsa 36% de OCa
• Cal virgem – não usar.
• Superfosfato simples 25% de Oca
• Fosfato natural de Arad 37% de OCa
• Calcário dolomítico 20% de OMg
• Cal hidratada 53% de OHMg
Magnésio (Mg) • Sulfato de potássio e magnésio 18% de OMg
• Cal virgem – não usar.
• Superfosfato simples 28% de OMg
• Sulfato de potássio e magnésio 22% de SO3
Enxofre (S) • Superfosfato simples 12% de SO3
• Fosfato natural de Gafsa 36% de SO3
Ferro (Fe) • Sulfato de ferro 19% de Fe e 10% de S
Manganês (Mn) • Sulfato de manganês 26% de Mn e 16% de S
• Sulfato de zinco 20% de Zn e 9% a 11% de S
Zinco (Zn)
• óxido de zinco 72% de Zn
Cobre (Cu) • Sulfato de cobre 24% de Cu e 11% de S
• Ácido bórico 17 % de B
Boro (B)
• Bórax 10% a 13% de B
• Molibdato de amônio 52% de Mo e 5% a 7% de N
Molibdênio (Mo)
• Molibdato de sódio 39% de Mo

A adubação foliar é uma ferramenta importante para a gestão sustentável e produtiva das culturas
e, quando se trata de plantas ornamentais os resultados são mais promissores comparados às culturas
produtoras de grãos. No entanto, a compreensão atual dos fatores que influenciam a eficácia final das
aplicações foliares ainda permanece incompleta na literatura. A falta de informações confiáveis,
principalmente, quando corroborados por testes estatísticos de e que demonstram resultados com forte
relação causa-efeito tem despertado polêmicas quando o assunto é adubação foliar. A adubação foliar,
historicamente, tem recebido atenção limitada da pesquisa, principalmente no Brasil Inúmeros trabalhos
testando produtos e meios de aplicação, mas sua grande maioria, por algumas razões não chegam às
revistas mais importantes do país (Rosolem, 2002).

| 106 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
A recomendação generalizada de aplicação foliar de macronutrientes, em pequenas doses,
raramente tem encontrado respaldo na literatura, nas condições brasileiras, principalmente, quando se
trata de espécies com cultivo regional ou limitado, como é o caso das flores e plantas ornamentais. Um
vez que são aplicados em pequenas quantidades, o custo é relativamente mais baixo, razão que justifica a
utilização da prática pelos agricultores.
Quando se trata de nutrição de plantas ornamentais, muitas vezes baseia-se apenas na experiência
de produtores e fabricantes de fertilizantes, o que resulta em indicações de doses de fertilizantes com
respostas divergentes em função das variabilidades já expostas, como fatores climáticos, de solo e de
plantas (Alvarez et al., 2014).
A prática da fertilização tem baseado na definição do fertilizante, na determinação da dosagem e
em que época deve ser adicionada, de modo que as plantas disponham dos nutrientes em quantidades
suficientes e em proporções adequadas. E, no caso dos processos pelos quais uma solução nutritiva
aplicada às folhas é posteriormente utilizada pela planta devem incluir a taxa de adsorção foliar, a forma
de penetração cuticular e absorção no interior dos compartimentos celulares metabolicamente ativos na
folha. Após a absorção, deve-se levar em consideração a translocação e utilização do nutriente absorvido
pela planta, conforme Figura 5.

Figura 5. Comparação entre as diferentes possibilidades de movimentação da água no sistema solo-


planta-atmosfera. Fonte: adaptado de Goldsmith (2013).

O conceito de potencial hídrico (ψw) é bastante importante para a compreensão das relações
hídricas nas plantas e entre estas e o meio exterior (solo e atmosfera) (Correia, 2014). O movimento da

| 107 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
água é de um local com maior potencial hídrico (solo) para um local com menor potencial hídrico
(atmosfera) (Figura 5A), chamado movimento regular da água. Em um segundo momento, o caule é a
região com o menor potencial hídrico, desta forma, ocorre o fluxo regular da água, raízes ao caule em
conjunto com o fluxo inverso, assim, água será transportada através da planta e ocorrerá a absorção foliar
(Figura 5B). Em seguida, ocorre o transporte através do xilema até ser liberada no solo, onde água pode
percolar até um corpo hídrico próximo ou permanecer disponível para a planta com a possibilidade de
ser reabsorvida (Goldsmith, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A demanda e o manejo nutricional de flores e plantas ornamentais é fundamental para o cultivo
dessas para o seu pleno desenvolvimento. A qual exige um estudo complexo das relações do sistema
solo-água-planta-atmosfera e envolve aspectos tanto relacionados com a fisiologia do vegetal como as
funções metabólicas dos nutrientes como relacionados as técnicas de manejo e produção que ressaltam
o maior desempenho produtivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alvarez, V. H., Santos, A.F., Santos, G. L. A., Matta, P. M. (2014). Fertilização de plantas ornamentais
pelo método requerimento-suprimento: proposição de técnica experimental. Revista Brasileira de
Ciência do Solo, 38, 532-543.
Begon, M., Townsend, C. R., Harper, J. (2007). Ecologia: de indivíduos e ecossistemas. Porto Alegre: Artmed.
Bellé, R. A., Rodrigues, M. A., Backes, F. A. A. L. (2016). Plantas ornamentais. In: Sociedade Brasileira
de Ciência do Solo Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Comissão de Química e Fertilidade do Solo - RS/SC.
Bonato, C. M., Filho, C. J. R., Melges, E., Santos, V. D. (1998). Nutrição mineral de plantas. Maringá: UEM.
Claro, D. P., Santos, A. C., Alencar, E., Antonialli, L. M., Lima, J. B. (1999). O Complexo Agroindustrial
das Flores do Brasil e suas peculiaridades. Organizações Rurais e Agroindustriais. Revista de
Administração da UFLA, 1, 10-20.
De Bang, T. C., Husted, S., Laursen, K. H., Persson, D. P., Schjoerring, J. K. (2001). The molecular–
physiological functions of mineral macronutrients and their consequences for deficiency symptoms
in plants. New Phytologist, 229, 2446-2469.
Faria, R, T. (2005). Floricultura: as plantas ornamentais como agronegócio. Londrina: MECENAS.
Freitas, T. A. S., Barroso, D. G., Carneiro, J. G. A. (2008). Dinâmica de raízes de espécies arbóreas: visão
da literatura. Ciência Florestal, 18, 133-142.
Girardi, L. B., Peiter, M. X., Bellé, R. A., Backes, F. A., Soares, F. C., Valmorbida, I. (2012).
Disponibilidade hídrica e seus efeitos sobre o desenvolvimento radicular e a produção de gipsófila
envasada em ambiente protegido. Irriga, 17, 501-509.

| 108 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Goldsmith, G. R. (2013). Changing directions: the atmosphere–plant–soil continuum. New Phytologist,
199, 4-6.
Horowitz, N., Bley, H., Correa, J. C. (2016). Corretivos e fertilizantes minerais. In: Sociedade Brasileira
de Ciência do Solo. Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Comissão de Química e Fertilidade do Solo - RS/SC.
Kämpf, A. N. (2000). Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária.
Kämpf, A. N., Takane, R. J., Siqueira, P. T. V. (2006). Floricultura - técnicas de preparo de substratos. Brasília:
Tecnologia Fácil.
Lepsch, I. F. (2011). 19 Lições de Pedologia. São Paulo. Oficina de Textos.
Malavolta, E. (2008). O futuro da nutrição de plantas tendo em vista aspectos agronômicos, econômicos e ambientais.
São Paulo: IPNI.
Malavolta, E., Vitti, G. C., Oliveira, S. A. (1997). Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações.
piracicaba: potafos.
Melo, E. F. R.Q., Menegaes, J. F., Melo, R. H. R. Q. (2020). Green Chemistry for Sustainable Production
and Consumption Patterns. In: Leal Filho, W., Azul, A., Brandli, L., Özuyar, P., Wall, T. (Eds).
Responsible Consumption and Production. Encyclopedia of the UN Sustainable Development Goals.
New York: Springer, Cham.
Menegaes, J. F., Backes, F. A. A. L, Fiorin, T. T. (2021). Hidroponia um sistema de cultivo: revisão de
bibliográfica. In: Menegaes, J. F., Fiorin, T. T. Olericultura: foco em pesquisa da produção de mudas ao
processamento. Rio de Janeiro: e-Publicar.
Menegaes, J. F., Filipetto, J. E., Rodrigues, A. M., Santos, O. S. (2015). Produção sustentável de alimentos
em cultivo hidropônico. REMOA, 14, 102-108.
Nascimento, T. S., Bôas, R. L. V., Salomão, L. C., Ferraz, R. B., Araújo, V. R. (2019). Sistema radicular
das gramas cultivadas em gramaturas de geotêxtil sob irrigação subsuperficial. Irriga, 24, 54-68.
Pita, P. B., Menezes, N. L. (2002). Anatomia da raiz de espécies de Dyckia Schult. f. e Encholirium Mart.
ex Schult.; Schult. f. (Bromeliaceae, Pitcairnioideae) da Serra do Cipó (Minas Gerais, Brasil), com
especial referência ao velame. Brazilian Journal of Botany, 25, 25-34.
Prado, R. M. (2008). Nutrição de Plantas. São Paulo: UNESP.
Reichardt, K., Timm, L. C. (2012). Solo, planta e atmosfera: conceitos, processos e aplicações. Barueri: Manole.
Rodrigues, L. R. F. (2002). Técnicas de cultivo hidropônico e controle ambiental no manejo de pragas, doenças e nutrição
vegetal em ambiente protegido. Jaboticabal: FUNEP.
Rosolem, C. A. (2002). Recomendação e aplicação de nutrientes via foliar. Lavras: UFLA/FAEPE.
Santos, O. S. (2012). Cultivo hidropônico. Santa Maria: UFSM.
Segovia, J. F. O. (2020). Princípios de nutrição e adubação de flores e plantas ornamentais tropicais. In:
Segovia, J. F. O. (Ed.). Floricultura tropical: técnicas e inovações para negócios sustentáveis na Amazônia.
Brasília: Embrapa.

| 109 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Soares, F. C., Russi, J. L., Dubal, Í. T. P., Bortolás, F. A. (2020). Avaliação do efeito do estresse hídrico
no desenvolvimento radicular e produção de pimenta ornamental. Brazilian Journal of
Development, 6, 21037-21045.
Streck, E. V., Kämpf, N., Dalomiln, R. S. D., Klamt, E., Nascimento, P. C., Schneider, P., Giasson, E.,
Pinto, L. F. S. (2008). Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS-ASCAR.
Taiz, L., Zeiger, E. (2009). Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artmed.
Taiz, L., Zeiger, E., Møller, I. M., Murphy, A. (2015). Plant physiology and development. Sinauer Associates
Incorporated.
Viana, W.G., Scharwies, J. D., Dinneny, J. R. (2022). Deconstructing the root system of grasses through
an exploration of development, anatomy and function. Plant, Cell; Environment, 45, 602-619.

| 110 |
Capítulo 7

Doenças sobre as plantas ornamentais


INTRODUÇÃO
O manejo fitossanitário das flores e plantas ornamentais sempre ocorre de forma preventiva, pois
o setor demanda alta qualidade visual e sanitária dos produtos a serem comercializados. A Cooperativa
Veiling Holambra e o Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR) estabelecem critérios e
normativas do controle de qualidade quanto a forma de cultivo e quanto ao padrão das plantas a serem
comercializadas. A principal finalidade dessa padronização é ter no mínimo 90% de uniformidade entre
os parâmetros comerciais das plantas, quanto ao tamanho, a proporcionalidade planta-vaso, aos números
de botões e das hastes florais, ao ponto de abertura das flores, a vivacidade das folhagens, a ausência de
praga e doenças, entre outros.
Cada espécie vegetal tem suas características típicas quanto ao caráter ornamental de folhagem e
floração, comprimento de planta no vaso ou hastes no maço floral, coloração, textura, plasticidade, entre
outros. Contudo, é fundamental que todas as plantas nas suas mais diversas categorias, flor e folhagens
de corte, plantas envasadas e mudas para paisagismo (arbóreas, arbustivas e forrageiras) tenham ótima
sanidade, sem apresentar nenhum defeito seja por dano causado por agentes patogênicos (fungos,
bactérias, vírus e nematoides); por pragas; por deficiência ou fitotoxidez nutricional; residual de
agrotóxico e por fim dano mecânico.
Nos padrões e critérios de classificação das flores e plantas ornamentais tanto a Cooperativa
Veiling Holambra como o IBRAFLOR, apresentam baixa tolerância a qualquer tipo de dano, assim
classificam os produtos quanto aos danos graves e danos leves. Os danos graves são automaticamente
descartados para a comercialização, pois depreciam e desvalorizam a qualidade ornamental do produto.
Já os danos leves apesar de reduzir o tempo de prateleira dos produtos, se obter minimamente 90% de
uniformidade poderá ser comercializado a preço mínimo da categoria. No entanto, os produtores desse
setor, os quais são altamente especializados nas espécies que cultivam, realizam essa classificação ainda
na propriedade, a fim de manter o preço não comercializando plantas danificadas, mesmo que com danos
leves.

DOENÇAS
Nas ciências agrárias a fitossanidade é a área que estuda as doenças, pragas e plantas daninhas,
bem como a incidência desses sobre a cultura de interesse agronômico que perde seu potencial produtivo
típico, sendo necessário uma estratégia de manejo. Para as plantas ornamentais e floricultura, faz-se
necessário um manejo preventivo. Essa prevenção é devida as plantas não poderem ser comercializadas
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
apresentado danos ou ranhuras ou injurias, ou seja, os produtos hortícolas devem apresentar qualidade
sanitária e visual a 100%.
As doenças causam alterações vitais no metabolismo das plantas resultante da interação dos
agentes bióticos e/ou abióticos sobre hospedeiros suscetíveis e das condições ambientais
envolvendo a temperatura e umidade do ar (Figura 1) (Agrios, 2005).

Figura 1. Componentes necessários para que ocorra a doença, também conhecido como triângulo da
doença. Fonte: Menegaes (2022).

Deve-se ficar claro que há diferença entre doenças e injúrias de plantas, uma vez que a doença é
um processo contínuo, ou seja não é momentâneo. Dessa forma, separa-se o processo de injúria que
pode ocorrer na planta. Contudo é de momento pode ocorrer por chuva de granizo, excesso de vapor
d’água, vento, entre outros. Em que conforme a intensidade desse sobre a planta, poderá haver uma
recuperação parcial da injúria causada (Rezende et al., 2018).

AGENTES CAUSADORES DE DOENÇAS


Para ocorrer a doença três fatores são importantes: patógeno virulento, hospedeiro suscetível e
condições ambientais favoráveis. Entre os patógenos, agentes bióticos, encontram-se: os fungos,
bactérias, nematoides e vírus.
Os fungos fitopatogênicos, formam o maior grupo patogênico de plantas, sendo conhecidos
mais de 10 000 espécies responsáveis por infeccionar plantas (Agrios, 2005). Esses microrganismos são
eucarióticos, filamentosos, micélio composto por hifas constituindo um sistema vegetativo filamentoso
continuo ou com septos (Figueiredo; Aparecido, 2016). Alguns fungos, como o Botrytis cinerea, podem
exteriorizar nas flores a presença de micélio pulverulento, que podem impedir a abertura floral, causando
a murcha e apodrecimento das flores.

| 112 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
As bactérias fitopatogênicas são classificadas como organismos procariontes, de organização
simples quando comparadas as células eucarióticas. Em geral, possuem tamanho ente 1 a 10 μm, com
cromossomo único e com poucas organelas (Almeida et al., 2016). Por exemplo, Pseudomonas marginalis
causam manchas foliares em gérbera (Pelargonium sp.) e a Pectobacterium carotovorum causam podridão mole
em plantas bulbosas.
Os vírus são organismos parasitas intracelulares obrigatórios, uma vez que não apresentam
potencial genético e bioquímico para gerar a energia necessária aos processos essenciais a sobrevivência
de qualquer organismo (Rivas, 2016). Por exemplo, Nepovirus causam manchas e anéis necróticos, padrão
de linhas cloróticas e mosaico nas folhas de lisiantos (Eustoma grandiflorum Shinners)
Os nematoides são organismos parasitas de plantas, tipicamente microscópicos, transparentes,
móveis e vermiformes. A dispersão desses microrganismos pode ocorrer pela água, partículas de solo,
mudas e sobre ferramentas de cultivo com a presença do microrganismo (Pitta, 1995). Por exemplo,
Meloidoyne incognita formam galhas radiculares em planta-beijinho (Impatiens sp.).
Outro microrganismo importante para as doenças de flores e plantas ornamentais são os
fitoplasmas, que habitam os vasos floemáticos. Esses microrganismos são classificados como procariotos,
unicelulares, sem parede celular e não cultiváveis em meio de cultura (Eckstein; Bedendo, 2010). Por
exemplo, fitoplasma em planta de pluma-de-flamingo (Celosia spicata L.) causam superbrotamento de
ramos, redução e deformação foliar.
No Quadro 1, Kämpf (2000) elencou os principais sintomas causados pelos agentes patogênicos,
a sua forma de disseminação, prevenção e controle.
As doenças abióticas, caracterizam por não serem infecciosas, causadas por fatores desfavoráveis
ao ambiente (Rezende et al., 2018). Entre esses fatores pode-se elencar temperatura, níveis de umidade
de ar e solo, quantidade de luminosidade, poluição, falta ou excesso de nutrientes, toxicidade de
agrotóxicos, entre outros. Por exemplo, na Figura 2 demonstra-se exemplos de sintomas que são
causados por fatores abióticos que podem ser confundidos com sintomas doenças infecciosas. A falta de
luminosidade pode causar estiolamento de plantas, como pode ser observado na pimenta-biquinho-
ornamental (Capsicum chinensis L.) além de acarretar em amarelecimento e queda de folhas (Figura 2A).
O frio intenso sobre as plantas também pode provocar danos, como observado na Figura 2B, em
que as folhas de hortênsia apresentam um bronzeamento. Outros fatores como excesso de um nutriente
no solo ou falta de água pode provocar sintomas nas plantas, como observa-se nas Figuras 2C e 2D. O
excesso de cobre em cultivo de cala-lili (Zantedeschia aethiopica Spreng) propiciou o aparecimento de
manchas necróticas nas folhas, enquanto que a restrição hídrica provocou amarelecimento, enrolamento
e necrose foliar em plantas de crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzvelev) respectivamente.

| 113 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Quadro 1. Microrganismos infecciosos, sintomas causados em flores e plantas ornamentais, formas de
disseminação e métodos de controle. Fonte: adaptado de Kämpf (2000).
Agente Sintomas Disseminação Prevenção Controle
Cancros, galhas, Água, animais, Plantas resistentes, boa Eliminar partes
podridões, murchas, vento, ferramentas, drenagem, boa contaminadas,
manchas, plantas doentes, ventilação, óleos e eliminar planta
Fungos tombamento e sementes e homem fungicidas doente, fungicidas
pústulas químicos ou
pulverulentas orgânicos, solarização
e calor
Murcha, manchas, Respingos de águas, Sementes sadias, Retirar tecido doente,
podridão de raízes, água corrente, plantas resistentes e fungicidas cúpricos e
Bactérias galhas e cancro insetos, animais, plantas sem ferimentos bactericidas
ferramentas e
plantas doentes
Mosaicos, tufos de Vento, água, Evitar ferimentos, Eliminar plantas
folhas pequenas, Insetos, homem e sementes e mudas doentes
folhas deformadas, ferramentas certificadas, eliminar
Viroses manchas anelares e insetos vetores, evitar
amarelecimento plantas daninhas e não
manusear as plantas
quando molhadas
Distorção em flores Solo, ferramentas, Limpeza ferramentas e Solarização, rotação
e folhas, botas e plantas botas, aumentar a cultural, Tagetes sp. e
amarelecimento, infectadas matéria orgânica = químico
Nematoides murcha, nanismo e aumenta inimigos
galhas radiculares naturais, plantas
resistentes e sem filmes
d’água

| 114 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 2. A: estiolamento da pimenta-biquinho-ornamental (Capsicum chinensis L.), B: folhas de hortênsia


com efeito do frio, C: manchas necorticas em cala-lili (Zantedeschia aethiopica Spreng) cultivada com
diferentes doses de Cu no solo e D: enroalmento e necrose foliar em crisântemo (Dendranthema grandiflora
Tzvelev) com restrição hídrica. Fonte: Menegaes (2015; 2022).

AMBIENTES DE CULTIVO
A produção brasileira de flores e plantas ornamentais são cultivadas em diferentes ambientes,
sendo em estufa, telado e no campo. Os fatores ambientais, sobretudo, a radiação solar controla o regime
de luminosidade, intensidade térmica (máxima e mínima) e da umidade do ar, bem como a demanda
hídrica.
Para o cultivo de plantas, seja no campo ou em ambiente protegido (Figura 3) a presença de água
é fundamental. O que muda em cada ambiente é a demanda hídrica pois para cada sistema solo-água-
planta-atmosfera há diferenças, sendo necessário um manejo conforme o método de irrigação a ser
utilizado. O ideal é que os métodos de irrigação forneçam água ou solução nutritiva próximo ao meio de
| 115 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
cultivo (solo ou substrato), assim evita-se dessa forma o molhamento foliar, condição essa, essencial para
o aparecimento de doenças.

Figura 3. Ambientes de cultivo de flores e plantas ornamentais. Fonte: Menegaes (2022).

Segundo Andriolo (1999), o cultivo em ambiente protegido é quando entre o topo da cobertura
vegetal (dossel) e a atmosfera há uma interposta barreira física artificialmente, a qual modifica o fluxo de
energia entre a atmosfera, a cultura e o solo. Basicamente classifica-se em três categorias:
– Casa de vegetação tendo a proteção da cobertura com vidro;
– Estufas tendo a proteção da cobertura com plástico (leitoso, transparente, rijo ou em
placas);
– Telados tendo a proteção da cobertura com telas perfuradas em diferentes colorações e
tramas.

HOSPEDEIROS SUSCETÍVEIS
As flores, como as demais plantas, são suscetíveis ao ataque de patógenos, que interferem no seu
desenvolvimento, o qual dependem da intensidade que poderá comprometer a sua qualidade visual. Para
diminuir os danos causados pelos agentes etiológicos deve-se conhecer o seu ciclo de vida, bem como
sua interação com o hospedeiro (Figura 4). Dessa forma, o produtor pode tomar as medidas necessárias
para reduzir o progresso da doença. Para ocorrer a doença faz-se é necessário que o patógeno infeccione,
penetre na planta, e inicie o processo de colonização dos tecidos, fase está que exterioriza os sintomas,
caracterizando a doença de forma visual.

| 116 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 4. Ciclo da relação patógeno hospedeiro e os princípios gerais de controle. Fonte: Menegaes
(2022).

No Quadro 2 apresenta-se o ciclo da relação patógeno x hospedeiro, ou seja, apresenta-se as


formas de sobrevivência, disseminação (fora do hospedeiro – não há doença), penetração, colonização e
reprodução dos patógenos (doença). Conhecendo essas fases torna-se possível encontrar as ferramentas
de controle, para reduzir o progresso da doença.
Há várias estratégias para interromper o progresso da doença, utiliza-se de alguns princípios, que
foram descritos por Whetzel (1925; 1929): exclusão e erradicação que atuam sobre os patógenos; proteção
terapia e imunização, atuam no hospedeiro. Somente em 1945, Marchionatto (1949) sugeriu medidas que
atuam sobre o ambiente, que são evasão e regulação.
A exclusão busca impedir que o patógeno entre em contato com a planta cultivada; a erradicação
busca retirar o patógeno já presente em locais de sobrevivência, seja dentro do viveiro ou no material de
propagação que se deseja utilizar; a proteção busca evitar a penetração do agente nos tecidos da planta
(infecção), através de pulverização da planta com produtos químicos preventivos; a terapia age sobre o
tecido colonizado, por meio de uso de produtos químicos indicados para impedir o processo de
colonização do patógeno pelo tecido do hospedeiro; a imunização pode ser obtida através do uso de
cultivares resistentes; a evasão busca o cultivo em ambiente não-adequado ao patógeno no que se refere
à área geográfica, local, época e sistema de plantio e a regulação atua sobre o manejo do ambiente de

| 117 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
modo que o agente patogênico não consiga se desenvolver, seja por modificações das práticas culturais e
de controle de prováveis vetores.

Quadro 2. Ciclo da relação patógeno x hospedeiro. Fonte: adaptado de Kämpf (2000).


Estádio de Conceito Estágio da doença
desenvolvimento
Sobrevivência Quando as estruturas reprodutivas do agente Não há doença
(esporos) permanecem vivas fora da planta em
questão
Disseminação É a fase quando as estruturas reprodutivas do Não há doença
agente chegam até a planta hospedeira
Infecção Ocorre quando o agente germina e penetra no Inicia o processo de doença
tecido do hospedeiro
Colonização Ocorre quando o agente está se desenvolvendo Início dos sintomas
no tecido do hospedeiro
Reprodução É a fase quando o agente já está produzindo Sinais do patógeno
novas estruturas reprodutivas, em geral, na parte
externa da planta

A partir do momento que se tem o conhecimento desses princípios, e sua forma de atuação mais
fácil encontra-se as estratégias de controle e as que melhor se encaixam na fase do desenvolvimento do
patógeno, obtendo dessa forma sucesso no controle. Contudo, antes de aprofundar os conhecimentos
nos métodos de controle conhecer os sintomas que as flores e plantas ornamentais apresentam quando
infectadas se faz necessário. Dessa forma, as Figuras 5 e 6 demonstram alguns sintomas de doenças
incidentes em flores e plantas ornamentais, as quais impedem seu pleno desenvolvimento e,
consequentemente a sua comercialização.

| 118 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 5. Sclerotinia spp. em crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzvelev). A: sintomas causados por
Sclerotinia spp. na base da haste floral e B: os esclerodios de Sclerotinia spp. formados dentro da haste.
Doenças das plantas de cártamo (Carthamus tinctorius L.). C: sintomas causados por Sclerotinia spp. no colo
planta; D: Penicillium digitatum no início da emissão do botão floral; E: sintomas causados por Botrytis cinerea
no botão floral; F: efeito da incidência de B. cinerea no capítulo durante o processo de formação das
sementes e G: efeito do B. cinerea do capítulo no momento de plena maturação das sementes. Fonte:
Menegaes, J. F. (2018).

| 119 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Figura 6. A: sintomas de Cercospora spp. em hortênsia (Hydrangea macrophylla Thunb.); B: sintomas de


Aspergillus spp. nos botões florais de cravina (Dianthus chinensis L.); C: sintomas de Aspergillus spp. nas
folhas de cravina (D. chinensis L.); D: lavanda (Lavandula officinalis L.); E: simotas de oídio (Erysiphe spp.)
micelio de oidio planta-bálsamo (Sedum dendroideum DC); F: sintomas de Botrytis cinerea na flor degazânia
(Gazania rigens L.); H: sintomas de pinta-preta (Marsorina rosal e Deplocarpon rosal) em folhas de roseira (Rosa
x grandiflora); I: sintomas de Cercospora chysanthemi em folhas de folhas de roseira (Rosa x grandiflora); J:
sintomas de ferrugem (Uromyces transersalis) em folhas de gládiolo (Gladiolus x hortulanus); K: sintomas de
Cercospora chysanthemi em folhas de crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzvelev). Fonte: Menegaes, J. F.
(2022).

| 120 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cultivo das flores e das plantas ornamentais requer cuidados como qualquer outro cultivo de
plantas, contudo, a sanidade de flores e folhas é primordial, uma vez que os danos desvalorizam o produto
final na hora da comercialização, ou até mesmo tornam a aparência dos jardins menos agradáveis. Por
isso conhecer o histórico, local, ambiento do plantio; procedência das mudas utilizadas torna-se
imprescindível para que se possa adotar as medidas necessárias para impedir o desenvolvimento dos
patógenos ou reduzir o processo de colonização e reprodução dos patógenos.
Outro ponto importante é conhecer os sintomas que exteriorizados pelas plantas, pois auxiliam
na diagnose da doença, e consequentemente na escolha do melhor método de controle a ser utilizado. O
uso de um manejo integrado de doenças, pelo qual se utiliza um conjunto de métodos de controle,
minimiza o uso de produtos químicos, além diminuir os impactos ambientais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Agrios, G. N. (2005). Plant pathology. 5th ed. Amsterdan: Elsevier.
Almeida; I. M. G., Beriam; L. O. S., Malavolta Junior, V. A. (20160). Noções básicas sobre bactérias
fitopatogênicas e principais doenças bacterianas. In: Alexandre, M. A. V., Duarte, L. M. L., Campos,
A. E. C. Plantas ornamentais: doenças e pragas. São Paula: DEVIR.doenças e pragas. São Paula: DEVIR,
2016. p. 202-225.
Andriolo, J. L. (1999). Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria: Editora UFSM.
Bergamin-Filho, A., Amorin, L. Princípios gerais de controle. In: Amorin, L., Rezende, J. A., Bergamin-
Filho, A. Manual de Fitopatologia: princípios e conceitos. Ouro Fino: Ceres.
Eckstein, B.; Bedendo, I. P. (2010). Detecção molecular de fitoplasmas em plantas do gênero Celosia
com malformação das folhas. Summa Phytopathologica, 36, 89-91.
Faria, R, T. (2005). Floricultura: as plantas ornamentais como agronegócio. Londrina: MECENAS.
Figueiredo; M. B., Aparecido, C. C. (2016). Noções básicas sobre fungos. In: Alexandre, M. A. V., Duarte,
L. M. L., Campos, A. E. C. Plantas ornamentais: doenças e pragas. São Paula: DEVIR.
Kämpf, A. N. (2000). Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária.
Pitta, G. P. B. (1995). Plantas ornamentais para exportação: aspectos fitossanitários. Brasília: EMBRAPA.
(Série Publicações Técnicas FRUPEX, 17).
Rezende, J. A. M., Massola-Júnior, N. S., Bedendo, I.P. (2018). Conceito de doença, sintomatologia e
diagnose. In: Amorin, L., Rezende, J.A., Bergamin-Filho, A. Manual de Fitopatologia: princípios e
conceitos. Ouro Fino: Ceres.
Rivas, E. B. (2016). Noções básicas sobre vírus. In: Alexandre, M. A. V., Duarte, L. M. L., Campos, A.
E. C. Plantas ornamentais: doenças e pragas. São Paula: DEVIR.

| 121 |
Capítulo 8

Pragas de plantas ornamentais


INTRODUÇÃO
O cultivo de flores e plantas ornamentais exige cuidados específicos por serem plantas sensíveis
ao ataque de pragas e patógenos. Estes, por se alimentarem no tecido vegetal causam danos que
prejudicam a comercialização das flores e plantas ornamentais, pois degeneram as folhas e flores,
perdendo a qualidade ornamental do produto.
Deve-se lembrar que para comercializar flores e plantas ornamentais, estas devem ter alta
qualidade visual, sendo necessário que as plantas atendam os critérios e normativas estabelecidos pela
Cooperativa Veiling Holambra e o Instituo Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR).
Para manter estas características de qualidade os produtores devem tomar cuidados preventivos,
ou seja, devem-se antecipar sobre as possíveis pragas que podem estar presentes ou aparecerem durante
o cultivo das flores e plantas ornamentais, independentemente do tipo de cultivo que seja realizado.
Contudo, o conhecimento das pragas, bem como das formas de controle devem ser essenciais, para a
efetividade do manejo e para que não se perca a qualidade do produto à serem comercializadas.
Dessa forma, o presente capítulo tem o intuito de descrever as principais pragas que podem
danificar as flores e plantas ornamentais, além de apresentar algumas ferramentas de controle.

PRINCIPAIS PRAGAS
As pragas, como já foi mencionado danificam o produto, deteriorando folhas e flores que tem
como objetivo embelezar os locais onde estão presentes. As pragas recorrentes são tripes, moscas-
brancas, pulgões, cochonilhas, moscas-minadoras, lagartas, besouros, ácaros e lesmas (Redaelli; Heineck,
2008).
Moscas-brancas (Bemisia tabaci): podem atacar diversas plantas ornamentais, dentre elas
gérberas, crisântemos, rosas, etc. Quando presente nas plantas podem causar, enfraquecimento das
plantas, redução do vigor e consequentemente a morte das plantas. Podem causar deformações e
atrofiamento. Esses sintomas são apresentados devido ao tipo de aparelho bucal que os insetos possuem,
que é picador-sugador, que atingem o floema removendo a seiva das plantas (Ferreira; Avidos, 1998).
Durante o processo de sucção a mosca-branca expele uma substância pegajosa, açucarada que
serve favorece o desenvolvimento do fungo Capnodium (fumagina), formando um micélio preto sobre as
folhas, impedindo o processo fotossintético e a respiração das folhas (Ferreira; Avidos, 1998).
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Os adultos da mosca-branca apresentam dois pares de asas esbranquiçadas, como pode ser
observada na Figura 1 (Cruz, 2000). Vale ressaltar que a mosca-branca é um importante vetor de viroses,
para diversas plantas cultivadas como tomate, fumo, soja, feijão, trazendo grande prejuízo a essas culturas.

A B

Figura 1. A: inseto Mosca-branca (Bemisia tabaci) e B: mosca-branca nas folhas de crisântemo. Foto:
EMBRAPA (2020) e Umcomo (2022).

Cochonilhas: encontram-se na face inferior de folhas, hastes, brotações novas e também nas
raízes (Figura 2). Por serem insetos sugadores, também causam amarelecimento de folhas até mesmo o
definhamento acarretando na morte das plantas ornamentais e flores. Por possuírem diversas espécies
que podem causar danos, apresentam uma variada coloração e revestimento do corpo, podendo ser
observados a olho nu com projeções cerosas, ou uma secreção cerosa pulverulenta, ou em placas ou
revestidos por escamas (Imenes; Ide, 2002). Por viverem em colônias, eles são facilmente visíveis nas
diversas partes da planta, formando grandes colônias. De acordo com Redaelli e Heineck (2008) as
principais espécies de cochonilhas em ornamentais são: Chrysomphalus fícus, C. dictyospermi, Mytilococcus
beckii, Icerya brasiliensis.

A B C D
Figura 2. A: Chrysomphalus fícus, B: C. dictyospermi, C: Mytilococcus beckii e D: Icerya brasiliensis.
Foto: adaptado de https://www.agrolink.com.br/

Pulgões ou afídeos (Macrosiphum rosae; Myzus persicae; Aphis gossypii): esses insetos são pequenos,
apresentando corpo mole e variação variada (Figura 3). Caracterizam-se por viverem em colônias

| 123 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
localizadas nas zonas de crescimento como brotações e folhas novas. Dessa forma sugam a seiva,
acarretando no amarelecimento, enrugamento, deformação até a morte da planta. Outra característica
dos pulgões são que por meio das picadas de prova e alimentação, tornam-se importantes agentes
transmissores de viroses (Imenes; Ide, 2002; Redaelli; Heineck, 2008).

A B C

Figura 3. A: Macrosiphum rosae, B: Myzus persicae e C:Aphis gossypii. Foto: adaptado de


https://www.agrolink.com.br/

Moscas-minadoras (Liriomyza trifolii; L. sativae; L. huidobrensis): recebem esse nome por suas
larvas se alimentarem do parênquima foliar do tecido provocando o aparecimento de galhas no tecido
vegetal, além de abrir galerias na região lenhosa, alimentando-se do seu interior, causando queda
prematura das folhas. A fase larval as moscas-minadoras apresentam aparelho bucal do tipo mastigador,
causando danos diretos (Imenes; Ide, 2002). Quando na fase adulta causam manchas necróticas,
resultante da alimentação ou da oviposição (Redaelli; Heineck, 2008). O principal dano as plantas
ornamentais são estéticos (Figura 4).

A B C

Figura 4. A: Liriomyza trifolii, B: L. sativae e C: L. huidobrensis. Foto: adaptado de


https://www.agrolink.com.br/

Tripes (Heliothrips haemorrhoidalis; Frankliniella occidentalis; Retithrips syriacus): caracterizam-se por


possuírem aparelho bucal intermediário entre raspador e picador-sugador, em que um atua como uma
espécie de ralador, exteriorizando a seiva que em seguida será sugada pelo cone bucal do inseto (Redaelli;
Heineck, 2008). Devido a esse processo causam descoloração nas partes vegetais e manchas com
pontuações necrosadas (Figura 5). Com o avanço da praga as partes atacadas apresentam-se queimadas,

| 124 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
com um brilho prateado, enquanto que na face inferior pode ser observado pontuações aquosas escuras
que são os dejetos do inseto (Imenes; Ide, 2002).

A B C

Figura 5. A: Heliothrips haemorrhoidalis, B: Frankliniella occidentalis e C: Retithrips syriacus. Foto:


adaptado de https://www.agrolink.com.br/

Lagartas (Agrotis ípsilon; Helicoverpa zea; Spodoptera eridania): apresentam aparelho bucal
mastigador quando jovens, alimentando-se de folhas, hastes, brotações, botões florais (Figura 6). A fase
mais nociva é logo após a saída do ovo até a formação da pupa que dará origem a mariposa, borboleta.
Na fase adulta possuem aparelho bucal sugador, ou seja são menos prejudiciais do que na fase jovem
(Redaelli; Heineck, 2008).

A B C
Figura 6. A: Agrotis ípsilon, B: Helicoverpa zea e C: Spodoptera eridania. (Foto: adaptado de
https://www.agrolink.com.br/

Besouros (Rutela lineola, Macrodactylus pumilio; Euphoria lúrida): esses insetos na sua fase larval
alimentam-se das raízes e da parte aérea das plantas, sendo o miro dano provocado na sua fase adulta,
onde eles causam buracos arredondados no tecido foliar durante o processo de alimentação (Figura 7).

| 125 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

A B C

Figura 7. A: Rutela lineola, B: Macrodactylus pumilio e C: Euphoria lúrida. Foto: adaptado de


https://www.agrolink.com.br/

Ácaros (Tetranychus urticae; T. cinnabarina; T. mexicanus; Eriophyes tulipae): vivem em colônias,


podendo causar clorose, deformações, queda de folhas acarretando não florescimento das plantas
afetadas (Redaelli; Heineck, 2008) (Figura 8).

A B

Figura 8. A: Tetranychus urticae, B: T. cinnabarina, C: T. mexicanus e D: Eriophyes tulipae. Foto:


adaptado de https://www.agrolink.com.br/

Lesmas e caracóis: lesmas (Vaginula langsdorffi e Veronicella sp.) e caracóis (Bradybaena similaris e
Stenogyra sp.), são pragas que durante o processo de deslocamento sobre o tecido foliar deixam um rastro
de um muco viscoso e brilhante (Figura 9). Sua atividade de alimentação, ocorre nas folhas mais tenras
deixando buracos irregulares nas folhas. As lesmas e os caracóis costumam ser muito ativos durante a
noite, sendo que durante o dia permanecem escondidas no solo, rochas ou folhas caídas (Redaelli;
Heineck, 2008).

A B

Figura 9. A: lesma e B: caracóis de brássicas. Foto: adaptado de https://www.agrolink.com.br/

| 126 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
CONTROLE DE PRAGAS
Como em qualquer cultura cultivada (frutíferas, hortaliças, flores, grandes culturas, entre outras)
é essencial conhecermos as pragas que podem causar danos econômicos a produção, o controle seja
efetivo. Para isso uma das melhores formas é conhecer o histórico da área, conhecer as condições
ambientais que estará presente durante o cultivo, entre outros aspectos para que se possa prever o
aparecimento de possíveis pragas. Ou seja, a prevenção deve ser o primeiro passo para o controle, saber
identificar e caracterizar os insetos-pragas para que não se tenha altas populações.
Para facilitar o processo de identificação é importante conhecer o lugar de cultivo dessas plantas:
áreas abertas ou em ambientais protegidos. Se o ambiente for aberto deve-se ter em mente que o vento
pode trazer insetos de outros cultivos, sendo uma boa alternativa o uso de telados ou até mesmo o plantio
de barreiras verdes (naturais) que impeçam a imigração dos insetos-pragas (Oliveira, 1995). Tanto para o
cultivo aberto quanto protegido, deve-se conhecer a procedência das sementes, bulbos e mudas para
evitar contaminações; o solo e até mesmo as mudas devem passar por processo de desinfestação para
diminuir os riscos de trazer ao ambiente de cultivo as pragas.
O monitoramento constante por meio do uso de armadilhas adesivas auxilia nesse processo, pois
pode-se identificar a presença ou ausência de pragas, podendo ser possível estimar tamanho de população
podendo ainda fornecer informações como época de ocorrência de algumas pragas, época de aplicação
de produtos e o avaliar o grau de dano e controle (Redaelli; Heineck, 2008).
A observação de sinais de infestação também deve ser realizada, pois como visto anteriormente
alguns insetos-pragas podem expelir substâncias açucaradas caracterizando sua presença, e dessa forma
auxiliam no processo de identificação.
Após efetuado o a identificação fazer-se uso da melhor ferramenta de controle é essencial, que
poder ser desde o controle cultura/físico, biológico ou químico, conforme pode ser observado na Tabela
1.
A potencialização no controle de insetos-pragas pode ser realizada por meio de um bom
planejamento e implantação do sistema integrado de manejo de pragas. Contudo poucos estudos
científicos e pesquisa é destinada para o controle de insetos-pragas em plantas ornamentais e flores, pois
este setor agrário não é muito explorado pelos órgãos de pesquisa.

| 127 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Tabela 1. Descrição dos principais métodos de controle recomendados para alguns insetos-pragas em
plantas ornamentais e flores. Fonte: adaptado de Redaelli; Heineck (2008).
PRAGA CONTROLE DESCRIÇÃO
Físico/cultural Armadilhas adesivas
Inimigos naturais, ácaros
predadores (Neoseiulus sp.);
Controle biológico percevejos predadores (Orius sp.);
Tripes
fungos entomopatogênicos
(Verticillium sp.; Paecylomyces sp.)
Triazofpos, fenitrotion, acefato;
Controle químico
dimetoato; cipermetrina.
Controle físico/ cultural Armadilhas adesivas
Moscas-minadoras Parasitoides (Opius sp.; Dighifus sp.;
Controle biológico
Crisocharis sp.)
Triazofós, clorpirifós-etil;
Controle químico
abamectina.
Substrato que emitem radiação
Controle físico/ cultural
ultra-violeta (palha de arroz).
Parasitóides (Aphidius sp.); fungos
Pulgões Controle biológico entomopatogênicos (Verticillium
sp.)
Dimetoato; vamidotion;
Controle químico
caborsulfam; imidacloprid.
parasitóides (Leptomstix sp.) e os
Controle biológico predadores (Aphytis sp.,
Cryptolaemus sp.)
Cochonilhas clorpirifós-etil, triazofós,
fenitrotiom; acefato, dimetoato,
Controle químico
vamidotion; aldicarb; bifentrina,
deltametrina.
Aumenta a umidade por meio de
Controle físico/ cultural
irrigação nas folhas
Abamectina; clofentezina;
Ácaros fenpiroximate; cihexatin,
Controle químico diafenturon; bifentrina,
fenpropatrina; formetanato;
piridaben.
Armadilhas luminosas para
Lagartas Controle físico/ cultural
captura de adultos; coleta manual

| 128 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
PRAGA CONTROLE DESCRIÇÃO
e destruição de lagartas e
posturas
Produtos à base de Bacillus
Controle biológico
thuringiensis.
Clorpirifósetil, triazofós;
metamidofós; metomil;
Controle químico
deltametrina, cipermetrina,
permetrina; dimilin.
Coleta manual e destruição dos
Controle físico/ cultural
adultos;
Besouros Idem ao recomendado para as
Controle químico lagartas com exceção do
regulador de crescimento
Coleta manual e destruição das
Lesmas Controle físico/ cultural
lesmas e uso de armadilhas
Efetivo uso de iscas a base de
Controle químico
metaldeído; sulfado de cobre.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi mencionado no início desse capítulo, o grande valor das plantas ornamentais e flores
está no seu aspecto visual, e para isso cuidados devem ser tomados para que não ocorram, injúrias, danos
e necroses em suas folhas e flores. O manejo para controle de pragas e doenças é primordial, contudo,
poucos produtos químicos são registrados para esse tipo de cultivo, e se realizado pode deixar resíduos
químicos que podem prejudicar a comercialização das mesmas.
Uma das formas de diminuir esses danos, e que vem ganhando mercado, mas que necessita ser
mais explorado pelos produtores de flores e plantas ornamentais é o uso de bioinsumos. Por meio de
agentes de controle macrobiológicos ou microbiológicos conseguem reduzir a população de insetos-
pragas mantendo-se de forma sustentável. Esse é um aspecto que pode ser explorado pelo produtor
agregando valor aos seus produtos tendo um cultivo livre de resíduos químicos, mantendo a qualidade
exigida pelos consumidores.
Em vista do exposto, é um nicho de mercado que deve ser melhor explorado, além de capacitar
produtores de plantas ornamentais e flores para fazerem uso desses produtos em suas propriedades.

| 129 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ferreira, L. T., Avidos, M. F. D. (1998). Mosca-Branca: presença indispensável no Brasil Brasília: BioTecnologia
- Ciência; Desenvolvimento.
Imenes, S. L., Ide, S. (2002). Principiais grupos de insetos pragas em planta de interesse econômico.
Biológico, 62, 235-238.
Redaelli, L. R., Heineck, M. A. (2008). Pragas em plantas ornamentais. In: Redaelli, L. R., Heineck, M. A.
Plantas ornamentais: aspectos para a produção. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo.

| 130 |
Capítulo 9

Pós-colheita de flores e plantas ornamentais de corte


INTRODUÇÃO
Os produtos do setor florícola apresentam alta qualidade ornamental, sobretudo, em relação à
qualidade estética visual, ou seja, produtos sem danos e injúrias. Apesar disso, as flores e plantas
ornamentais apresentam alta perecibilidade, devido aos processos metabólicos naturais, como, perda de
turgescência, amarelecimento folhar, incidência de fitopatógenos, entre outros, e quando estes processos
são somados implicam na perda precoce da qualidade e do valor comercial, quanto não tratado em pós-
colheita.
Embora o setor florícola apresente alta tecnificação nos manejos produtivos, como, substrato,
ambientes de cultivo, propagação, entre outros; muitas perdas de produtos ocorrem após a etapa de
colheita no beneficiamento (seleção, classificação, embalamento e outros), no armazenamento, no
transporte e na distribuição, por falta de aplicações corretas das técnicas de pós-colheita. Estas perdas
estão quantificadas no Brasil entre 30 a 50% e, na Europa este valor é no máximo 25%, pois o período
entre a colheita e a aquisição pelo consumidor final deve ser o mais breve possível, garantindo, assim, ao
consumidor maior período de uso destes produtos (Almeida et al., 2009; Silva; Silva, 2010; Menegaes et
al., 2019a).
Neste contexto, a pós-colheita caracteriza-se por um conjunto de técnicas de manejo realizadas
em plantas visando prolongar a sua durabilidade e manter a qualidade comercial, podendo ser utilizado
em diversos produtos como, olerícolas, frutíferos e florícolas, especialmente, em flores e folhagens
cortadas. Entre as partes das plantas cortadas, como, as hastes florais, após a separação da planta-matriz,
iniciam-se rapidamente a intensificação dos processos metabólicos devido ao rompimento do fluxo de
água e nutrientes, resultando na aceleração sua senescência (Loges et al. 2005; Yamane, 2015).
Visando retardar ao máximo estes processos ao longo dos anos vários componentes e soluções
conservantes foram testadas no processo de pós-colheita de flores e folhagens ornamentais, nas mais
diferentes fases da cadeia indo desde o beneficiamento das hastes florais na sequência da colheita, no
transporte garantindo a turgescência das hastes, nos pontos de comercialização a varejo (floriculturas,
autosserviço, entre outros) para a manutenção da qualidade e pelo consumidor final.
A primeira medida a ser tomada para a manutenção da qualidade das hastes florais cortadas é a
imersão parcial em água ou em solução conservante, para manter as mesmas hidratadas na sequência da
colheita, garantindo a sua longevidade. As soluções de conservação são conhecidas globalmente e,
compostas basicamente por água, açúcares, germicidas (Dias, 2016; Lim et al., 2017; Gupta; Dubey, 2018).
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DE CONSERVAÇÃO PRÉ E PÓS-COLHEITA
Os fatores de pré e pós-colheita determinam a longevidade após a colheita, conjuntamente, com
as características genéticas e morfofisiológicas de cada espécie, as quais conforme manejadas afetam a
qualidade das hastes florais e das folhagens. Como, fatores de pré-colheita temos estádio de maturação
fisiológico (ponto de abertura das flores, floretes, botões), condições climáticas (luz, temperatura e
umidade relativa), turgescência e qualidade sanitária; e, como, fatores pós-colheita podemos citar
transporte (logística), hidratação e condicionamento, armazenamento (temperatura e umidade relativa) e
embalagens (Loges et al. 2005; Silva et al., 2008; Gupta; Dubey, 2018).
Os fatores de pré-colheita para a conservação e durabilidade das hastes florais e das folhagens
referem-se à qualidade ornamental e estética, sendo individualizado para cada espécie. O estádio de
desenvolvimento das flores na colheita influência a sua durabilidade em vida de vaso. O ponto de colheita
das flores é, geralmente, indicado pelo ponto de abertura floral, que deve considerar, também, a formação
de pétalas grau de pigmentação e coloração definitiva, número de botões ou floretes, número de folhas,
tamanho e diâmetro das hastes, entre outos (Menegaes et al., 2019a).
O ponto de colheita é o estádio em que uma flor poderá ser submetida à solução conservante
contendo somente em água, desde que a planta apresente boas reservas e condições de temperatura
adequada. Algumas espécies podem ser colhidas precocemente, antes da abertura floral total, por
exemplo, copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng.), esporinha (Consolida ajacis Nieuwl.), gladíolo
(Gladiolus x hortulanus), lírio (Lilium longiflorum Thunb.) e rosa (Rosa x hybrida), entre outras.
A colheita das flores/inflorescências antecipadas, ou seja, estádio precoce de desenvolvimento
com abertura floral iniciando ou ainda incompleta, dependendo da espécie, apresenta maior vida de vaso
que as espécies colhidas próximas ao estádio de abertura total. Em que estas hastes florais terão menor
durabilidade de vida de vaso, em decorrência do metabolismo respiratório que aceleram a sua senescência
(Taiz; Zeiger, 2009; Almeida; Paiva, 2012).
As condições climáticas de colheita interferem, diretamente, na turgescência das hastes florais.
Por isso, recomenda-se a colheita em horários de temperaturas mais amenas, como no início da manhã
ou final da tarde, para que o transporte até o beneficiamento seja rápido, evitando que as hastes florais
fiquem muito tempo expostas ao calor excessivo após o corte ocasionando sua desidratação (Loges et al.
2005; Reid; Jiang, 2012).
O processo de beneficiamento das hastes florais garante a sua qualidade devido ao procedimento
de seleção, de classificação (quanto ao tamanho e diâmetro das hastes florais; número de flores, botões,
floreste e folhas; danos mecânicos e por fitopatógenos, etc.), limpeza, hidratação, embalamento, entre
outros. Todo este processo deve resultar em lotes comerciais de hastes florais com no mínimo 95% de
uniformidade dos seus aspectos qualitativos e quantitativos, sendo diferentes para cada espécie,
obedecendo às recomendações do padrão e dos critérios de qualidade de comercialização estabelecidos

| 132 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
pelo IBRAFLOR e pela Cooperativa Veiling Holambra, para o Brasil, baseado nos padrões internacionais
de comercialização de flores e plantas ornamentais.
Os fatores de pós-colheita que afetam a conservação das hastes florais e das folhagens estão no
manejo relacionado à forma de transporte entre o campo/estufa para o beneficiamento e, como estes
produtos serão distribuídos até os floristas ou consumidor final. Neste último a eficiência na logística
garante um prolongamento da vida de vaso para o consumidor, pois a média da durabilidade das flores e
folhagens cortadas pode chegar a 21 dias quanto manejados corretamente. Este período é equivalente
desde a colheita até o descarte dos produtos pelo consumidor final (Figura 1) (Anefalos et al., 2005;
Gupta; Dubey, 2018).

Figura 1. Fluxograma da logística entre a colheita ao consumidor final das hastes florais. Fonte:
Menegaes (2017).

O condicionamento e a hidratação das hastes florais ocorrem com a utilização de soluções


conservantes, que visam estender e manter a qualidade das plantas cortadas, retardando a sua senescência,
podendo ser utilizadas em toda a cadeia de distribuição, do produtor ao consumidor final. Devido à
variação entre espécies, o controle da senescência requer a otimização das relações hídricas, redução da
| 133 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
abscisão ou murchamento das pétalas e flores, o controle do crescimento dos microrganismos e, em
muitos casos, o fornecimento de substratos respiratórios (Nowak et al. 1991; Finger et al., 2004; Menegaes
et al., 2019a).
Assim, as soluções conservantes devem ser simples e de fácil manipulação, em que seus
componentes possibilitem as hastes florais hidratação por meio de água, substrato para suplementação
dos açúcares naturais, que são rapidamente utilizados após o corte pela respiração; e, assepsia para
manutenção da qualidade da água, retardando as infecções microbianas nos vasos condutores, garantindo
a qualidade fitossanitária (Van Door, 2001; Almeida; Paiva, 2012).
Conjuntamente, ao manejo das soluções conservantes as baixas temperaturas visam abrandara
respiração, reduzindo a produção de etileno e, consequentemente, o retardo da degradação das reservas
de açúcares ou outros substratos, prolongando a durabilidade das flores e folhagens em ambientes de
conservação. Geralmente, utiliza-se o resfriamento por 24 h após a colheita com a finalidade reduzir a
atividade metabólica, sendo recomendado entre 5 a 7º C em câmara de resfriamento para manejo na
propriedade ou em pesquisa, entre 7 a 10º C em câmara de resfriamento para o armazenamento antes do
transporte e, entre 7 a 15º C em câmara de resfriamento para flores de clima temperado e entre 15 a 20º
C em câmara de resfriamento para flores de clima tropical ambos para os ponto de comércio varejista
(Nowak et al., 1991; Sonego; Brackmann, 1995; Almeida; Paiva, 2012).
Por fim, as embalagens também asseguram a qualidade das hastes florais em pós-colheita. O
material utilizado para o embalamento deve ser firme e rígido, de maneira, a acomodar as hastes, maços
de inflorescências ou buquês sem danificá-las e sem deixá-las soltas dentro das caixas de papelão rígido
para exportação e/ou nas caixas plásticas para distribuição terrestre em nível nacional (Loges Et al. 2005).
No Brasil, o número de hastes e peso por caixa depende da espécie, geralmente, utilizam-se os
recomendados pelo IBRAFLOR e pela Cooperativa Veiling Holambra. Todavia, podemos concluir que
são muitos os fatores que afetam positiva ou negativamente a qualidade de conservação das hastes florais
e demais partes das plantas, por isso, um conjunto de técnicas de manejo é aconselhável para minimizar
as perdas em pós-colheita garantindo ao máximo a qualidade destes produtos.

DURABILIDADE DE VIDA PÓS-COLHEITA


A duração da vida em pós-colheita das hastes florais e das folhagens varia de espécie a espécie
(Tabela 1), conforme as condições em que são expostas em seguida da colheita e como são armazenadas,
pelos fatores pré e pós-colheita, bem como as características genéticas e anatômicas de cada espécie e
entre cultivares. Por exemplo, as flores topicais têm maiores período de durabilidade entre 15 a 60 dias,
conforme o tratamento de conservação a ser submetidas, já espécies de clima temperado tem durabilidade
máxima de 21 dias (Nowak; Rudnicki, 1990; Menegaes et al., 2019a).

| 134 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Tabela 1. Vida de vaso das principais hastes florais e das folhagens comercializadas no país.
Vida de
Hastes Espécies ornamentais Autor
vaso (dias)
Alstroemeria (Alstroemeria aurantiaca L.) 10 a 17 Matak et al., 2017
Antúrio (Anthurium andraeanum Lind.) 21 a 48 Nomura et al., 2014
Cártamo (Carthamus tinctorius L.) 9 Menegaes et al., 2019b
Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica (L.)
7a9 Castro et al., 2014
Spreng.)
Silva; Silva, 2010;
Hastes Crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzevelv) 9 a 17
Spricigo et al., 2010
florais
Durigan et al., 2013;
Gérbera (Gerbera jamesonii Adlam) 9 a 12
Schmitt et al., 2014
Gladíolo (Gladiolus x hortulanus) 6 e 10 Silva et al., 2008
Lírio (Lilium pumilum DC.) 6 e 10 Santos et al., 2018
Dias et al., 2016;
Rosas (Rosa x hybrida) 7 e 14
Lim et al., 2017
Hastes Áster (Symphyotrichum tradecantii (L.) G.L.Nesom)
10 a 15 Zago et al., 2015
florais como Gipsofila (Gypsophila paniculata L.)
complemento Solidaster (Solidago canadenses L.) 5a6 Perina et al., 2016
Asclepia (Asclepias curassavica L.)
Aspargo (Asparagus densiflorus Sprengeri)
Hastes Moréia (Dietes spp.)
10 a 21 Zago et al., 2015
folhares Pitósporo (Pittosporum tobira Thunb.)
Ruscus (Ruscus aculeatus L.)
Samambaia (Nephrolepis exaltata (L.) Schott.)

CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO
A atmosfera de durante o armazenamento tem como finalidade manter ao máximo a qualidade
das hastes florais e das folhagens, assim se faz necessário o armazenamento refrigerado. Com o intuito
de reduzir os processos metabólicos, principalmente taxa respiratória (degradação de enzimas), produção
de etileno (retardo da senescência) e transpiração (perda de água), além de inibir o crescimento de
microbiano. O acondicionamento por ser por via úmida ou seca, sendo esta última, geralmente, utilizada
para transporte por longos períodos (Dias-Tagliacozzo et al., 2006; Dias et al., 2016).
No armazenamento úmido as hastes florais e das folhagens são acondicionadas em soluções
conservantes com umidade relativa do ar é recomendada entre 60 a 65%, já para o armazenamento em
atmosfera seca, a umidade relativa o ar deve ser em torno de 90-92%, pois as hastes florais e das folhagens
não entram em contato com meio. Todavia, em ambientes de armazenamento a alta umidade a
proliferação de doenças fúngicas e bacterianas nas hastes florais e das folhagens são comuns. E, em
| 135 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
ambientes baixa umidade pode ocorrer o escurecimento precoce da borda folhar e o enrolamento de
folhas finas por ressecamento dos tecidos (Nowak; Rudnicki, 1990; Dias-Tagliacozzo et al., 2006).
Gupta e Dubey (2018) apontam temperatura média para armazenamento úmido em torno de 4º
C e para o armazenamento seco entre 0 a 2º C para as espécies de cravo (Dianthus spp.), crisântemo
(Dendranthema spp.) e rosa (Rosa spp.). Todavia, há espécies que podem ser acondicionadas com
temperatura igual para as duas formas de armazenamento, por exemplo, as hastes florais de gladíolos
(Gladiolus spp.) com temperatura de 4º C, para ambas as formas. As espécies tropicais, em virtude à
sensibilidade dessas espécies ao frio, a temperatura de armazenamento deve ser acima 14º C e de umidade
relativa de 90 a 95%, por exemplo, para as espécies de alpínia (Alpinia spp.), antúrio (Anthurium spp.),
estrelitza (Strelitzia spp.) e heliconias (Heliconia spp.) (Nowak; Rudnicki, 1990; Lamas, 2002).
A luminosidade é essencial para os processos fotossintéticos que geram acúmulo de carboidratos,
que serão utilizados para a manutenção da vida das hastes florais e das folhagens durante todo o processo
de pós-colheita. Geralmente, se utiliza fotoperíodo de 12 h de luz, pois o escuro total pode causar
descoloração nas pétalas, intensificando a senescência floral, de ocorrência típica para as hastes florais de
rosas e gérberas (Gerbera spp.) de corte (Dias-Tagliacozzo et al., 2006; Gupta; Dubey, 2018; Lim et al.,
2017).

SOLUÇÕES CONSERVANTES
As soluções conservantes têm como finalidade fornecer as hastes florais cortadas substratos
hidratantes (água), energético (sacarose) e fitossanitário (fungicida e bactericida). Há, também, a
utilização de outros ingredientes para a formulação das soluções, por exemplo, íons minerais, inibidores
de etileno, reguladores de crescimento, antioxidantes, entre outros. A sua composição deve prover
energia às hastes florais, impedindo o desenvolvimento microbiano ou a síntese de etileno (Silva; Silva,
2010; Reid; Jiang, 2012; Nomura et al., 2014). Contudo, os ingredientes utilizados nas soluções de
conservação podem ser benéficos para algumas espécies e para outras não. Por exemplo, Schimitt et al.
(2014) verificaram que o uso de conservantes comerciais florais não beneficiaram a longevidade de hastes
florais de gérbera de corte (Gerbera jamesonii Adlam) em pós-colheita.
A deterioração das flores e folhagens inicia na sequência da colheita em virtude da intensificação
dos processos metabólicos naturais da planta, o que implicam na perda da qualidade e do valor comercial.
Deste modo, a pós-colheita de flores e folhagens tem como objetivo prolongar a durabilidade, manter a
qualidade e reduzir as perdas, especialmente, das inflorescências, após a colheita propiciando um período
maior de vida útil e comercialização destes produtos, e técnicas e manejos conjuntos aplicados,
especialmente, o condicionamento por soluções conservantes são essenciais para a durabilidade, a
qualidade e o valor comercial.
As soluções conservantes devem ser utilizadas desde o beneficiamento das hastes florais na
sequência da colheita no transporte, garantindo a turgescência das hastes nos pontos de comercialização

| 136 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
a varejo (floriculturas, autosserviço, entre outros), para a manutenção da qualidade, e pelo consumidor
final, evitando os sintomas de senescência das hastes florais precocemente, por exemplo, com o
murchamento, amarelecimento e enrolamento de folhas, desbotamento de pétalas, abscisão de flores ou
de botões, escurecimento e curvatura da inflorescência, entre outros.
Normalmente, utilizam-se quatro tipos de soluções conservantes de forma rotineira no processo
de pós-colheita, sendo estas distintas quanto à finalidade de uso, classificadas como: fortalecimento ou
“pulsing”, condicionamento, manutenção e indução floral (Halevy; Mayak, 1981).
Solução de fortalecimento ou “pulsing” é utilizada para a hidratação e nutrição dos tecidos na
sequência da colheita. Este procedimento é considerado um tratamento rápido antes do transporte ou
armazenamento das hastes florais ou de folhagens cortadas, prolongando a vida de vaso das mesmas. A
base das hastes pode permanecer nesta solução por alguns minutos ou até 24 horas. A composição da
solução pode ser apenas água limpa e fresca e/ou adicionados sacarose, produtos de controle sanitário,
entre outros. A reposição imediata de carboidratos propicia às hastes florais e folhagens a redução na
transpiração, à regulação osmótica dos tecidos e do fechamento estomático. A solução de “pulsing” a
base de sacarose tem demostrado resultados positivos na conservação em pós-colheita para as espécies
de bastão-do-imperador (Etlingera elatior (Jack) R.M.Sm.), copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng),
cravo (Dianthus caryophyllus L.), estatice (Limonium sinuatum L.), lírio (Lilium longiflorum Thunb.), orquídea-
oncídio (Oncidium baueri Lindley) e rosa (Rosa x hybrida), entretanto, a concentração dos ingredientes e o
tempo de exposição das hastes florais varia para cada espécie.
b. Solução de condicionamento é utilizada para a restauração da turgescência logo após a
colheita, no transporte e no armazenamento, com uso de água acrescida de bactericida e de sacarose em
baixas concentrações. Muitas flores cortadas apresentam desidratação precoce imediatamente após a
colheita, sendo necessária a hidratação instantânea destas flores, soluções de condicionamento atuam
positivamente nestas situações. A solução de condicionamento a base de sacarose e de germicida tem
demostrado resultados positivos na conservação em pós-colheita para as espécies de alpínia (Alpinia
purpurata Vieill. Schum.), antúrio (Anthurium andraeanum Linden ex. André), esporinha (Consolida ajacis
Nieuwl.) e lírio (Lilium longiflorum Thunb.), entretanto, a concentração dos ingredientes e o tempo de
exposição das hastes florais varia para cada espécie.
c. Solução de manutenção é utilizada por longos períodos, geralmente, nos pontos de
comercialização. As soluções de manutenção, também conhecidas como soluções de vaso, podem ter
substâncias utilizadas isoladamente ou em conjunto e que contribuem para a manutenção da qualidade
das hastes florais cortadas. Há uma grande diversidade de ingredientes disponíveis para formulação da
solução conservantes, como, sacarose, germicidas, inibidores do etileno, ácidos orgânicos, antioxidantes,
reguladores vegetais e óleos essenciais. A solução de manutenção composta pelos mais diversos
ingredientes (sacarose, ácido cítrico, hipoclorito de sódio, 8-hidroxiquinolina, 1-metilciclopropeno, entre
outros) tem demonstrado resultados positivos na conservação em pós-colheita para as espécies de alpínia

| 137 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
(Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum), gérbera (Gerbera jamesonii Adlam), helicônia (Heliconia x rauliana), rosa
(Rosa x hybrida), sorvetão (Zingiber spectabile Griff.) e tango (Sodidalgo canadensis L.), entretanto, a
concentração dos ingredientes e o tempo de exposição das hastes florais varia para cada espécie.
d. Solução de indução floral é utilizada com objetivo de abertura das inflorescências quando
estas são colhidas antecipadamente, ainda em botões imaturos para comercialização e envio a longas
distâncias. Esta solução é similar solução de “pulsing”, porém a concentração dos ingredientes é menor
e o período de exposição é maior, pois as hastes florais permanecem em solução por vários dias, de
preferência em locais com controle da umidade relativa do ar e temperatura média de 20º C. A solução
de indução floral a base de sacarose tem demostrado resultados positivos na conservação em pós-colheita
para as espécies copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng), lírio (Lilium longiflorum Thunb.), rosa
(Rosa x hybrida) e sorvetão (Zingiber spectabile Griff.), entretanto, a concentração do ingrediente e o tempo
de exposição das hastes florais varia para cada espécie.

COMPOSTOS CONSERVANTES
Os tratamentos da formulação das soluções conservantes variam entre as espécies e finalidade de
uso, concentrações e combinações entre diferentes produtos. Os ingredientes mais utilizados são:
sacarose, germicidas (hipoclorito de sódio, 8-hidroxiquinolina, ácido cítrico), inibidores do etileno (nitrato
de prata, tiossulfato de prata, 1-metilciclopropeno), reguladores vegetais (giberelinas, citocininas) e óleos
essenciais, entre outros (Durigan et al., 2013; Bastos et al., 2016). Há, também, conservantes comerciais,
como, Crystal Clear®, Original Floralife®, Flower®, Floralife®, Florissant®, Roselife®, entre outros.
Sacarose – é o substrato energético mais utilizado, sua concentração varia de 0,5 a 20%,
geralmente, de 0,5 a 2,0% para soluções de manutenção e de 2,0 a 20% para soluções de “pulsing”,
entretanto, em alguns casos, a sacarose pode causar efeito adverso ao desejado, ou seja, cada espécie
tolera uma concentração de sacarose. Como fonte de energia, a sacarose exógena repõe os carboidratos
esgotados no processo respiratório, e, também atua no atraso da degradação de proteínas, lipídios e ácidos
ribonucleicos. Assim, mantendo a integridade da membrana, melhorando o balanço hídrico e regulando
o fechamento estomático, reduzindo a transpiração e, consequentemente, retardando a produção e a ação
do etileno (Nowak et al., 1991; Sonego; Brackmann, 1995).
Exemplos de utilização de sacarose para prolongamento da vida de vaso das espécies:
– 01% de sacarose para as hastes florais de zínia (Zinnia elegans Jacq.) (Brackmann et al.,
1998);
– 10% de sacarose para as hastes florais de crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzevelv)
variedade Calábria (Silva; Silva, 2010);
– 20% de sacarose para as inflorescências de heliconias (Heliconia x rauliana) (Ribeiro et al.,
2010).

| 138 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Germicidas – são ingredientes utilizados como substrato fitossanitário para as soluções
conservantes, com objetivo manter a água da solução limpa e inibir a proliferação de microrganismos na
solução, no recipiente e, principalmente, na superfície das hastes florais, assim, promovendo a sanidade
e a durabilidade da vida de vaso destas flores (Nowak et al., 1991; Dias, 2016).
Os germicidas mais utilizados são:
b.1. Hipoclorito de sódio é um dos germicidas muito utilizados, geralmente, nas concentrações
de 1 a 5%. Com ação bactericida age purificando a água e inibindo infecções bacterianas nos vasos
condutores que impedem a absorção de água.
b.2. 8-hidroxiquinolina (8-HQ) age como bactericida e fungicida, além de reduzir o bloqueio
vascular das hastes auxiliando no balanço hídrico, sendo usual em duas formas de citrato e de sulfato de
8-hidroxiquinolina (8-HQC e 8-HQS). Contudo, deve se ter cuidado na manipulação destes produtos,
pois Faragher et al. (2002) relatam efeito nocivo deste produto a saúde humana, em virtude de apresentar
características mutagênicas.
b.3. Ácido cítrico é utilizado como bactericida, mas, também funciona como antioxidante,
evitando os danos causados pela entrada de oxigênio no sistema vascular, auxilia na redução do pH da
água. Geralmente, é associado à sacarose, citocinina, ácido giberélico, entre outros em soluções de
“pulsing”.
Inibidores do etileno – o etileno é um hormônio vegetal associado à senescência natural das
flores. Em busca de prolongar a vida em pós-colheitas das hastes florais, entre os tratamentos a inibição
da ação do etileno, torna-se necessária (Finger et al., 2004; Taiz; Zeiger; 2009). O mais usual atualmente
é o 1-metilciclopropeno (1-MCP) é um derivado do ciclopropeno usado como um regulador de
crescimento vegetal sintético. É um gás volátil e não tóxico, sendo utilizado para inibir a biossíntese de
etileno. Comercialmente o 1-MCP reduz as rachaduras em frutas e ajuda na manutenção do frescor das
hastes florais.
Reguladores vegetais – são hormônios vegetais envolvidos no crescimento e desenvolvimento
das plantas, os principais são: auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico. Alguns destes
aplicados exogenamente em soluções conservantes visam o prolongamento das hastes florais em pós-
colheita, geralmente, são aplicados individualmente ou associados com outras subsâancias. A aplicação
de citocininas e/ou giberelinas interfere na senescência das folhas e flores, retardando a clorose e o
esgotamento das reversas devido ao processo de respiração (Nowak; Rudnicki, 1990; Brackmann et al.,
2005; Taiz; Zeiger, 2009; Gupta; Dubey, 2018).
Os reguladores vegetais mais utilizados são:
d.1. Citocininas estão diretamente ligadas aos fatores de divisão celular e retardo da senescência,
associado à redução da taxa de perda de proteínas e de RNA. A aplicação de citocininas inibe parcialmente
o processo de senescência, retardando a expressão de determinados genes envolvidos no processo.

| 139 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
d.2. Giberelinas é empregada na forma de ácido giberélico (GA3) nas soluções conservantes,
especialmente, de “pulsing”. Este regulador contribui para retardar o amarelecimento das folhas em
hastes florais cortadas, inibindo a degradação da clorofila.
e. Óleos essenciais - são compostos naturais e voláteis, límpidos, raramente, coloridos,
caracterizados por forte odor e produzidos como metabólitos secundários por plantas aromáticas,
podendo ser extraído de todos os órgãos da planta. Com ação germicida, fungicida e inseticida, pode ser
utilizado em soluções conservantes, devido ser compostos naturais não afetam o meio ambiente (Bakkali
et al., 2008; Yamane, 2015).
f. Etanol e metanol - são álcoois que tem como objetivo promover a redução da respiração
celular senescência das flores, com efeitos benéficos ao controle de fungos de podridões, promovendo
uma situação de assepsia no sistema de pós-colheita (Kaur; Mukherjee, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os tratamentos de pós-colheita, geralmente, são uma mescla de tratamentos tradicionais e já
consolidados, como, o uso de soluções conservantes. Essas técnicas de grande importância de na pós-
colheita, visando o prologamento da vida de vaso das espécies ornamentais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, E. F. A., Paiva, P. D. O, Lima, L. C. O., Silva, F. C., Resende, M. L., Paiva, R. (2009). Diferentes
conservantes comerciais e condições de armazenamento na pós-colheita de rosas. Ceres, 56, 193-
198.
Almeida, E. F. A., Paiva, P. D. O. (2012). Produção de flores de corte, v.1, Lavras: Editora UFLA.
Anefalos, L., Caixeta Filho, J. V. (2005). O papel da logística na exportação brasileira de flores de corte.
Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, 11,1-12.
Bakkali, F., Averbeck, S., Averbeck, D., Idaomar, M. (2008). Biological effects of essential oils – a review.
Food and Chemical Toxicology, 46, 446–475.
Bastos, F. E. A., Stanger, M. C., Allebrant, R., Steffens, C. A, Rufato, L. (2016). Conservação de rosas
‘carola’ utilizando substâncias com potencial biocida. Ornamental Horticulture, 22, 107-113.
Brackmann, A., Bellé, R. A., Bortoluzzi, G. (1998). Armazenamento de Zinnia elegans Jacq. em diferentes
temperaturas e soluções conservantes. Revista Brasileira de Agrociência, 4, 20-25.
Brackmann, A., Bellé, R. A., Freitas, S. T., Mello, A. M. (2005). Qualidade pós-colheita de crisântemos
(Dedranthema grandiflora) mantidos em soluções de ácido giberélico. Ciência Rural, 35, 1451-1455.
Castro, M. L. R., Paiva, P. D. O., Langraf, P. R. C., Pereira, M. M., Souza, R. R. (2014). Estádio de abertura
floral e qualidade pós-colheita em armazenamento de copo-de-leite. Revista Brasileira de
Horticultura Ornamental, 20, 131-136.
Dias, G. M. (2016). Quality management of tropical plants. Ornamental Horticulture, 22, 256-258.

| 140 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Dias-Tagliacozzo, G. M, Finger, F. L., Barbosa, J. G. (2006). Fisiologia pós-colheita de flores de corte.
Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, 11, 89-99.
Durigan, M. F. B., Mattiuz, B., Rodrigues, T. J. D., Mattuz, C. F. M. (2013). Uso de soluções de
manutenção contendo ácido cítrico, cloro ou 8-HQC na conservação pós-colheita de flores
cortadas de gérbera ‘Suzanne’’. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, 19, 107-116.
Finger, F.L., Carneiro, T. F., Barbosa, J. G. (2004). Senescência pós-colheita de inflorescências de
esporinha (Consolida ajacis). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.6, p.533-537.
Gupta, J., Dubey, K. K. (2018). Factors Affecting Post-Harvest Life of Flower Crops. International
Journal of Current Microbiology and Applied Sciences, Tamilnadu, v.7, n.1, p.548-557.
Halevy, A. H., Mayak, S. (1981). Senescence and postharvest physiology of cut flowers. Journal of
Horticultural Reviews, 3, 59-143.
Henschke, M., Pers, K., Opalińska, S. (2016). Post-harvest longevity of ornamental grasses conditioned
in gibberellic acid and 8-hydroxyquinoline sulphate. Folia Horticulturae, 28, 51-56.
Kaur, P., Mukherjee, D. (2013). Senescence regulation by alcohols in cut flowers of Calendula officinalis
L. Acta Physiologiae Plantarum, 35, 1853-1861.
Lamas, A. M. (2002). Floricultura tropical: Técnicas de cultivo. Recife: SEBRAE-PE.
Lim, J. H., Choi, H. W., Ha, S. T. T., Chun, B. (2017). Greenhouse Dehumidification Extends Postharvest
Longevity of Cut Roses in Winter Season. Horticultural Science and Technology, 35, 737-746.
Loges, V., Teixeira, M. C. F., Castro, A. C. R., Costa, A. S. (2005). Colheita, pós-colheita e embalagem de
flores tropicais em Pernambuco. Horticultura Brasileira, 23, 699-702.
Matak, S. A., Hashemabadi, D., Kavani, B. (2017). Changes in postharvest physio-biochemical
characteristics and antioxidant enzymes activity of cut Alsteroemeria aurantiaca flower as affected by
cycloheximide, coconut water and 6-benzyladenine. Bioscience Journal, 33, 321-332.
Menegaes, J. F., Lindório, H. F., Bellé, R. A., Lopes, S. J., Backes, F. A. A. L., Nunes, U. R. (2019b). Post-
harvest of safflower flower stems harvested at different times and submitted to different
preservative solutions. Ornamental Horticulture, 25, 87-96.
Menegaes, J. F., Nunes, U. R., Bellé, R. A., Backes, F. A. A. L. (2019a). Post-harvesting of cut flowers
and ornamental plants. Scientia Agraria Paranaensis, 18, 313-323.
Nomura, E. S., Fuzitan, E. J., Junior, E. F. D. (2014). Soluções de condicionamento em pós-colheita de
inflorescências de antúrio. Revista Ceres, 61,219-225.
Nowak, J., Rudnicki, R. M. (1990). Postharvest handling and storage of cut flowers, florist greens, and
potted plants. Portland: Timber.
Nowak, J., Goszczynska, M. D., Rudnicki, R. M. (1991). Storeage of cut flowers and ornamental plants:
present status and future prospects. Postharvest News and Information, 2, 255-260.
Perina, L. B., Canesin, R. C. F. S., Castilhos, R. M. M. (2016). Soluções de manutenção na pós-colheita
de tango (Solidago canadensis). Tecnologia e Ciência Agropecuária, 10, 31-36.

| 141 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo
Reid, M. S., Jiang, C. Z. (2012). Postharvest biology and technology of cut flowers and potted.
Horticultural Reviews. California: Ed. Janick.
Santos, M. N. S., Tolentino, M. M., Mapeli, A. M. (2018). Vase life of cut Lilium pumilum inflorescences
with salicylic acid. Ornamental Horticulture, 24, 44-49.
Schmitt, F., Milani, M., Duarte, V., Schafer, G., Bender, R. J. (2014). Conservantes Florais Comerciais
nas soluções de manutenção de hastes florais de gérbera de corte. Ciência Rural, 44, 2124-2128.
Silva, L. R., Silva, S. M. (2010). Armazenamento de crisântemos brancos sob condição ambiente
utilizando soluções conservantes. Semina: Ciências Agrárias, 31, 85-92.
Silva, L. R., Oliveira, M. D. M., Silva, S. M. (2008). Manejo pós-colheita de hastes florais de gladíolo
(Gladiolos grandiflorus L.) Acta Agronómica, 57, 129-135.
Sonego, G., Backmann, A. (1995). Conservação de pós-colheita de flores. Revista Ciência Rural,25, 473-
479.
Spricigo, P. C., Mattiuz, B., Pietro, J., Mattiuz, C. F. M., Oliveira, M. E. M. (2010). Soluções de
manutenção na pós-colheita de Chrysanthemum morifolium cv. Dragon. Ciência Agrotécnica, 34, 1238-
1244.
Taiz, L., Zeiger, E. (2009). Fisiologia Vegetal. 4.ed. Porto Alegre: Artemed.
Van Door, W. G. (2001). Role of carbohydrates in flower senescence: a survey. Acta Horticulturae, 543,
179-183.
Yamane, K. (2015). Markets of ornamental plants and postharvest physiology in cut flowers. Reviews in
Agricultural Science, 3, 36-39.
Zago, A. P., Bellé, R. A., Backes, F. A.A. L., Menegaes, J. F. (2015). Complementos de arranjos e buquês
florais. Informe Técnico do Centro de Ciências Rurais. N.52/2015. Santa Maria: UFSM.

| 142 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Sobre as autoras

Janine Farias Menegaes


Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM)
Mestre em Engenharia Agrícola pela UFSM
Doutora em Agronomia pela UFSM
Especialista em Educação Ambiental pela UFSM
Pós-doutora em Agronomia pela UFSM
Professora Colaborada da Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO), Guarapuava, PR
[email protected]

Carla Fernanda Ferreira


Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG)
Mestre em Ciência do Solo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Doutora em Ciência do Solo pela UFPR
Pós-doutoranda em Agronomia pela UNICENTRO
Professora Colaborada da UNICENTRO, Guarapuava, PR
[email protected]

Renata Moccellin
Engenheira Agrônoma pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR)
Mestre em Agronomia pela UTFPR
Doutora em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Pós-doutora pela EMBRAPA Clima Temperado
Professora Colaborada da UNICENTRO, Guarapuava, PR
[email protected]

| 143 |
Plantas ornamentais: conceitos básicos de cultivo

Índice Remissivo

A mulching, 39, 51, 52, 53


multiplicação de plantas, 58, 59, 65, 68, 69, 75
adubação, 49, 51, 53, 56, 77, 92, 93, 99, 100, multiplicação de plantas, 57
102, 103, 105, 107, 108
ambiente de cultivo, 21, 38, 44, 46, 48, 55, 65, P
66, 67, 74, 125
palhada, 39, 51, 52
arbustos, 8, 11, 21, 23, 24, 25, 26
palmeiras, 23, 24
árvores, 21, 22, 23, 24, 94
plantas aquáticas, 24, 27
C pós-colheita, 63, 64, 129, 130, 131, 132, 134,
135, 136, 137, 138, 139, 140
casa de vegetação, 39, 53, 114 pragas de plantas, 120
condições ambientais, 47, 61, 66, 68, 110, 125 pré-aquecimento, 68
coníferas, 23, 24, 57 pré-esfriamento, 68
cores análogas, 32 propagação de plantas, 21, 92
cores complementares, 32
cultivo no campo, 39 R
cultivo protegido, 44, 46, 66, 74
radiação solar, 22, 38, 42, 43, 44, 46, 47, 62, 113
E recipientes, 10, 52, 67, 92

estufa, 39, 54, 113, 131 S

F sementes, 24, 49, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64,
65, 66, 67, 68, 75, 76, 87, 92, 112, 117, 125
fertirrigação, 40, 49, 52, 53, 93, 102, 103 sistema solo-água-planta-atmosfera, 46, 55, 92,
flores de vaso, 8, 12 93, 94, 102, 106, 113
fluxo de energia, 38, 114 solo, 14, 26, 27, 38, 39, 40, 41, 42, 46, 49, 50,
forrações 51, 52, 53, 55, 56, 57, 64, 67, 71, 76, 77, 79,
anuais, 21, 26 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91,
perenes, 24 92, 93, 94, 99, 100, 101, 102, 105, 106, 111,
fotomorfogênese, 43 113, 114, 124, 125
fotossíntese, 22, 27, 43, 44, 47, 49, 94 substrato, 67, 76, 92, 126
fototropismo, 43, 62
T
G
telado, 39, 55, 113
gramados, 10, 24, 26, 27 temperatura, 26, 32, 38, 39, 41, 46, 47, 63, 67,
70, 81, 87, 97, 99, 110, 111, 130, 134, 136
I
trepadeiras, 22, 24, 25
irrigação, 15, 38, 39, 40, 41, 42, 48, 51, 52, 53, túneis, 25, 39, 54
56, 87, 92, 94, 99, 100, 102, 108, 113, 126

M
manejo agrícola, 50, 67

| 144 |
Pantanal Editora
Rua Abaete, 83, Sala B, Centro. CEP: 78690-000
Nova Xavantina – Mato Grosso – Brasil
Telefone (66) 99682-4165 (Whatsapp)
https://www.editorapantanal.com.br
[email protected]

Você também pode gostar