Matheus Liniker Jesus Santos
Matheus Liniker Jesus Santos
Matheus Liniker Jesus Santos
SÃO CRISTOVÃO
2021
MATHEUS LINIKER DE JESUS SANTOS
SÃO CRISTOVÃO
2021
II
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CDU 612.746:616.8-009.7
III
MATHEUS LINIKER DE JESUS SANTOS
_______________________________________________________
_______________________________________________________
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IV
Dedico este trabalho a minha mãe, companheira de todas as horas,
pelo incentivo, abnegação e apoio, minha pessoa.
V
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida, pela saúde, pelos destinos que me fez percorrer para conhecer
pessoas incríveis e realizar meus sonhos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Murilo Marchioro, pela confiança e parceria depositada.
Muito além de mentor, um avô-científico que o plano espiritual me apresentou. Um
pesquisador incrível, com sua sensibilidade em ajudar as pessoas e eterna curiosidade. É
uma honra e um orgulho concluir este mestrado sob sua orientação. O senhor me inspira!
Às minhas mães-científicas, Profa. Dra. Valeria Priscila de Barros, Profa. Dra. Cynthia
Lara de Castro Manso, Profa. Dra. Luciane Moreno Storti de Melo, Profa. Dra. Célia
Gomes Siqueira, por terem sido influências decisivas para o meu ingresso no mundo da
pós-graduação. Em especial ao meu primeiro pai-científico, Prof. Dr. Ricardo Coelho de
Sousa. Obrigado por fazerem parte da minha vida, me ensinando tantas coisas no campo
científico e mesmo moral e pessoal, por terem me ouvido quando eu precisava falar, por
terem me apoiado e me incentivado rumo à ciência. Sem vocês me apoiando, eu nem seria
quem sou hoje.
Ao Renivan, pela amizade, pelo carinho, pelo ombro amigo, pela conversa, pelo abraço
apertado. Quem poderia supor que o carinha que me conheceu discutindo no dia da
matrícula institucional se tornaria uma das pessoas mais importantes da minha vida nos
últimos anos. Sua presença deixou tudo mais leve. Feliz de quem tem um Renivas na
vida!
À Ninha e Edivânia, que alegravam o dia por mais difícil que fosse. Trabalham muito na
Universidade, mas sempre estavam com a melhor energia no abraço. Vocês nem
imaginam o quanto são importantes para mim. Quero vocês até o último dia de minha
vida; amo vocês.
Aos amigos de pós-graduação, obrigado por dividirem comigo tantas risadas, lágrimas,
ansiedades, conhecimentos, experimentos e cachaças, fazendo com que essa jornada fosse
mais prazerosa e divertida. Em especial, a Luana, Sabrina, Camila Perete, Wemerson,
Ana Karolina, Monalisa, Beatriz, Isabela, André, Ivone e Thaysa.
VI
A Eline e Akeline, minhas companheiras/irmãs-científicas, que estiveram e estão comigo
para o que der e vier. Muito obrigado pela parceria, cooperação e, principalmente, pela
amizade firmada. Vocês são minha família fora de casa e nunca terei como retribuir o
tanto que vocês fazem por mim. Gratidão!
Aos queridos orientandos e amigos, Dani, Isaac e de maneira especial a Leonardo, meu
pupilo, pela confiança e parceria de todas as horas. Vocês foram essenciais neste trabalho.
Aos amigos Ademir, Luciana, Renata, Lohanny, Izabella Mendonça, Isabela Batista,
Lucas Montalvani, Marcelo, Gilsinho, Ângela, Érika, Wesla, Mylaine e Mateus, pelo
apoio e motivação que sempre emanaram em palavras ou em gestos.
Aos meus tios, especialmente tia Maria, tia Carminha e tia Mônica, que são como uma
segunda mãe para mim.
Aos meus avôs, por serem tão presentes em minha vida e sempre pensarem no meu futuro.
Amo vocês. Muito obrigado por tudo!
Aos meus pais e minha irmã. A família é a base de quem sou. A vida difícil enfrentada
nas feiras livres, acordando na madrugada, pegando peso e suando muito talvez tenha
sido o principal combustível para estudar, tentar mudar de vida e acabar com todo esse
desgaste. Obrigado por todo suor derramado para me proporcionar um ensino de
qualidade. Amo vocês imensuravelmente.
Aos queridos da UFBA, Prof. Dr. José Garcia Vivas Miranda e Ma. Thaise Toutain, duas
pessoas maravilhosas que o universo deu de presente ao planeta Terra. Obrigado!
À Prof. Dra. Larissa Resende Oliveira, por toda a sensibilidade e educação que emana ao
contribuir neste trabalho. Você é verdadeiramente um exemplo para mim.
A FAPITEC, por ter viabilizado os recursos financeiros que fizeram possível a execução
deste trabalho, sendo uma grande parceira dos pesquisadores sergipanos.
Muito obrigado!
VII
“Todo mundo é capaz de dominar
uma dor, exceto quem a sente.”
William Shakespeare
RESUMO
VIII
Perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais de mulheres com fibromialgia: Estudo
transversal caso controle. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021. A
fibromialgia (FM) é uma síndrome caracterizada por dor crônica musculoesquelética
difusa associada a distúrbios psicossomáticos, tendo a hiperexcitabilidade de circuitos
neurais (sensibilização central) como principal hipótese fisiopatológica. A
eletroencefalografia é uma técnica de medição direta da atividade neural através de
oscilações elétricas que detecta disfunções cerebrais, inclusive aquelas relacionadas à dor.
No entanto, poucos estudos investigam esses mecanismos em FM. Deste modo, o objetivo
do estudo foi investigar o perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais em mulheres com
diagnóstico de fibromialgia. Neste estudo observacional transversal caso-controle, 40
voluntárias foram alocadas em dois grupos: grupo fibromialgia (n = 20) e grupo controle
(n = 20). Após avaliado o cumprimento dos critérios de inclusão e exclusão para os grupos
e respondidos os questionários socioeconômico e clínico, as voluntárias foram avaliadas
através de eletroencefalograma e potencial relacionado a evento no componente auditivo
P300. A análise eletrofisiológica realizada em pacientes fibromiálgicas indicou maior
amplitude relativa das ondas alpha (8-12 Hz) nos quadrantes anteriores cerebrais, direito
e esquerdo (p ≤ 0,05), e menores amplitudes das ondas beta 3 (24-30 Hz) no quadrante
anterior direito (p ≤ 0,05). Ao analisar os eletrodos individualmente, foram observadas
maiores amplitudes alpha nos eletrodos F7, F4, F8 e T4 (p ≤ 0,05), beta 1 (12-18Hz) em
Fp2, F3, Fz, F4, F8, Cz, C4, Pz, P4 e T6 (p ≤ 0,05) e menores amplitudes beta 3 e gama
(> 30 Hz) no eletrodo da região frontal F4 (p ≤ 0,05). As amplitudes P300 se mostraram
reduzidas nos eletrodos Fz, Cz e Pz (p ≤ 0,001) em fibromiálgicas quando comparado
com mulheres saudáveis. Houve também em FM um aumento da latência do pico P200
(p ≤ 0,05) e vale N200 (p ≤ 0,01) na região parietal Pz. Alterações na atividade cerebral
para ondas de alta frequência como alpha e beta já foram relatadas na literatura no
envolvimento em diversas doenças dolorosas e parece que assim também acontece para
a FM. Os potenciais P300 reduzidos nas regiões frontais, centrais e parietais, e as latências
aumentadas na região parietal podem refletir no caráter cognitivo disfuncional
experienciado pelas pessoas diagnosticadas com esta síndrome. A predileção pelo
hemisfério direito e região anterior cerebral evidenciada neste trabalho talvez represente
uma modificação do referencial alostático produzido pela cronicidade da sensação
dolorosa produzida através das alterações nociplásticos mal adaptativas.
ABSTRACT
IX
Electrophysiological profile of brain waves of women with fibromyalgia: cross-
sectional case-control study. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021.
Fibromyalgia (FM) is a syndrome characterized by chronic diffuse musculoskeletal pain
associated with psychosomatic disorders, having hyperexcitability of neural circuits
(central sensitization) as the main pathophysiological hypothesis.
Electroencephalography is a technique for direct measurement of neural activity through
electrical oscillations, which detects brain dysfunctions, including those related to pain.
However, few studies investigate these mechanisms in FM patients. Thus, the aim of the
study was to investigate the electrophysiological profile of brain waves in women
diagnosed with fibromyalgia. In this cross-sectional observational case-control study, 40
volunteers were allocated into two groups: fibromyalgia group (n=20) and control group
(n=20). After evaluating the fulfillment of the inclusion and exclusion criteria for the
groups and answering the socioeconomic and clinical questionnaires, volunteers were
assessed using an electroencephalogram and event-related potential in the P300 hearing
component. The electrophysiological analysis showed that FM patients showed a greater
relative amplitude of alpha waves (8-12 Hz) in the anterior brain quadrants, right and left
(p ≤ 0.05), and lower amplitudes of beta 3 waves (24-30 Hz) in the right anterior quadrant
(p ≤ 0.05). When analyzing the electrodes individually, greater alpha amplitudes were
observed in the electrodes F7, F4, F8 and T4 (p ≤ 0.05), beta 1 (12-18Hz) in Fp2, F3, Fz,
F4, F8, Cz, C4, Pz, P4 and T6 (p ≤ 0.05), and lower beta 3 and gamma amplitudes (> 30
Hz) at the electrode of the frontal region F4 (p ≤ 0.05). P300 amplitudes were reduced in
the Fz, Cz and Pz electrodes (p ≤ 0.001) in FM subjects when compared to healthy
women. In FM group, there was also an increase in the latency of the peak P200 (p ≤
0.05) and N200 (p ≤ 0.01) in the parietal region Pz. Changes in brain activity for high
frequency waves such as alpha and beta have already been reported in the literature in the
involvement in several painful pathologies and it seems that this is also the case for FM.
Reduced P300 potentials in the frontal, central and parietal regions, and increased
latencies in the parietal region may reflect on the dysfunctional cognitive character
experienced by patients with the syndrome. The predilection for the right hemisphere and
anterior cerebral region evidenced in this work may represent a modification of the
allostatic reference produced by the chronicity of the painful sensation produced by
maladaptive nociplastic changes.
X
RESUMO PARA A SOCICEDADE
Perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais de mulheres com fibromialgia: Estudo
transversal caso controle. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021. A
fibromialgia (FM) é uma doença sobre a qual ainda pouco se sabe. Suas características
conhecidas incluem ansiedade, depressão, fadiga, problemas cognitivos e,
principalmente, dor persistente em todo o corpo. Pesquisadores ao redor do mundo têm
buscado elucidar as causas, diagnóstico e tratamento adequado da doença. Dentre as
hipóteses sugeridas, está a ativação exagerada do sistema nervoso. Esse trabalho
desenvolvido na Universidade Federal de Sergipe investigou tal ativação neural em
mulheres com FM em comparação àquela que se observa em mulheres sem a doença.
Participaram do estudo 40 mulheres sergipanas, sendo 20 fibromiálgicas e 20 saudáveis,
avaliadas através de questionários sobre a intensidade de dor, sintomas de depressão e
ansiedade, pessimismo no enfrentamento à doença e fatores socioeconômicos; e de
eletroencefalografia e estimulação auditivo com resposta cerebral. O EEG revelou
ativação aumentada em duas regiões específicas do cérebro: o lado direito e a região
anterior. O lado direito do cérebro é conhecido como o lado emocional, ligado aos
sentimentos, enquanto a região anterior é responsável por atividades cognitivas como
atenção e memória. Ainda não está esclarecido se a alta atividade concentrada nessas duas
regiões que diferencia o cérebro de uma pessoa com FM de uma sem a doença é o fator
causador da sensação de dor ou se é uma consequência dela. É possível dizer, contudo,
que essas regiões estão relacionadas aos diversos sintomas da FM. A estimulação auditiva
com resposta cerebral, que avalia o potencial cognitivo cerebral, também revelou um
comportamento diferenciado entre os dois grupos de mulheres. As respostas produzidas
pelos estímulos de som foram baixas e lentas entre as fibromiálgicas, o que revela um
cérebro com dificuldade de atenção. Esse achado evidencia o fator por trás de muitas das
dificuldades e desafios que as pessoas com diagnóstico de FM enfrentam no seu dia a dia
e em seus tratamentos. Acreditamos que haja um processo de competição entre as funções
cerebrais e a dor sentida, e que o sistema nervoso não consegue retornar ao estado anterior
a ela, se acostumando ao novo estado. Esse trabalho reforça a necessidade de novos
estudos, feitos de forma colaborativa por pesquisadores de todas as partes do mundo,
poderão ampliar os horizontes para compreensão da FM, assim como testes com
tratamentos voltados para as atividades cognitivas auxiliando essa população no
diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento.
XI
ABSTRACT FOR THE COMMUNITY
Electrophysiological profile of brain waves of women with fibromyalgia: Cross-
sectional case-control study. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021.
Fibromyalgia (FM) is a disease about which little is known. Its known characteristics
include anxiety, depression, fatigue, cognitive problems and, mainly, persistent pain
throughout the body. Researchers around the world have sought to elucidate the causes,
diagnosis and appropriate treatment of the disease. Among the suggested hypotheses is
the exaggerated activation of the nervous system. This work developed at the Federal
University of Sergipe investigated such neural activation in women with FM compared
to that observed in women without the disease. Forty women from Sergipe participated
in the study, 20 of them fibromyalgia and 20 healthy, assessed through questionnaires
about the intensity of pain, symptoms of depression and anxiety, pessimism in coping
with the disease and socioeconomic factors; and electroencephalography and auditory
stimulation with brain response. The EEG revealed increased activation in two specific
regions of the brain: the right side and the anterior region. The right side of the brain is
known as the emotional side, linked to feelings, while the anterior region is responsible
for cognitive activities such as attention and memory. It remains unclear whether the high
activity concentrated in these two regions that differentiates the brain of a person with
FM from one without the disease is the factor causing the sensation of pain or if it is a
consequence of it. It is possible to say, however, that these regions are related to the
various symptoms of FM. Auditory stimulation with brain response, which assesses brain
cognitive potential, also revealed a different behavior between the two groups of women.
The responses produced by the sound stimuli were low and slow among the fibromyalgia
patients, which reveals a brain with difficulty in attention. This finding highlights the
factor behind many of the difficulties and challenges that people diagnosed with FM face
in their daily lives and in their treatments. We believe that there is a process of
competition between brain functions and the pain felt, and that the nervous system cannot
return to the state before it, getting used to the new state. This work reinforces the need
for new studies, carried out collaboratively by researchers from all parts of the world, to
expand the horizons for understanding FM, as well as tests with treatments aimed at
cognitive activities, helping this population in early diagnosis, treatment and follow up.
XII
LISTA DE FIGURAS
Figura 10. Amplitude (µV) da onda P300 nos eletrodos frontal (FZ), central (CZ) e
parietal (PZ) da linha Z comparando fibromiálgicas mulheres
saudáveis..........................................................................................................................28
Figura 11: Latência (ms) do pico P200 (P2) e vale N200 (N2) e amplitude (µV) do pico
P300 da região frontal comparando fibromiálgicas e mulheres saudáveis........................30
XIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 2. Valores numéricos das análises da deformação da onda P300. FZ – P300: pico
P300 da região frontal da linha Z; CZ – P300: pico P300 da região central da linha Z; PZ
– P300: pico P300 da região parietal da linha Z................................................................29
Tabela 3. Valores numéricos das análises da deformação da onda P300 da região parietal.
PZ – P200: latência do pico P200; PZ – N200: latência do vale N200; PZ – P300: pico
P300.................................................................................................................................29
XIV
LISTA DE ABREVIATURAS
XV
Sumário
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 4
2.1 Histórico da fibromialgia ..................................................................................... 4
3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 13
Objetivo Geral ......................................................................................................... 13
XVI
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 31
Limitações ............................................................................................................... 36
Perspectivas............................................................................................................. 36
7 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 37
8 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 38
APÊNDICES .............................................................................................................. 54
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................................ 54
ANEXOS .................................................................................................................... 63
XVII
1 INTRODUÇÃO
1
frontal, pré-frontal e parietal, e o sistema límbico que, durante a sensação desagradável
de dor, formam uma rede cerebral complexa (OSSIPOV et al., 2010).
Em 2020 a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) incluiu a
fibromialgia no grupo das dores nociplasticas, sendo este grupo composto por patologias
em que a dor surge de uma nocicepção alterada, apesar de não haver evidência clara, ou
ameaça, de lesão tecidual real provocando a ativação de nociceptores periféricos, ou
evidência de doença ou lesão no sistema somatossensitivo que cause a dor (RAJA et al.,
2020).
Neste contexto, a técnica de eletroencefalografia, sendo uma técnica de baixo
custo, tem sido fundamental na busca de descobertas no campo da cognição, função e
disfunção cerebral, uma vez que apresenta alta precisão temporal e medição direta da
atividade neural através das oscilações elétricas (COHEN, 2017). Os estudos de
eletroencefalografia até então realizados em pacientes diagnosticadas com fibromialgia
diferem-se nos achados, enquanto alguns apontam maior densidade de potência apenas
nos segmentos das bandas beta (16-23 Hz e 23-30 Hz), outros relatam potências elevadas
também de ondas gama (30-50 Hz), maior coerência intra-hemisférica centro-parietal
esquerda nas bandas theta (4-8 Hz) e beta-3 (23-30 Hz), e maior atividade theta pré-
frontal, evidenciando alterações nos padrões de ondas cerebrais. Sugere-se que essas
alterações podem estar relacionadas a mudanças na atividade e conectividade funcional
do cérebro devido à manutenção da dor ao longo do tempo (GONZALES-ROLDAN et
al., 2016; FALLON et al., 2018; LEE et al., 2019).
Ainda na área da eletrofisiologia cerebral, os potenciais relacionados a eventos
(ERP, do inglês event-relataded potentials) são marcadores que permitem a identificação
da relação entre atividade neural e processamento de estímulos (CHARNEY &
NESTLER, 2008). O componente P300 é um ERP caracterizado como uma deformação
de onda positiva que ocorre especificamente entre 300 e 500 ms após o início do estímulo
desviante e avalia sua detecção rápida pelo participante sem comprometer a precisão
(SUTTON et al., 1965), correspondendo-se à resposta cognitiva cerebral.
Sabendo que a disfunção cognitiva é um fenômeno bastante característico nas
portadoras da síndrome e, muitas vezes, não é investigado minuciosamente, seja pelo foco
principal em componentes físicos funcionais ou nociceptivos, ou mesmo pela dificuldade
instrumental, o ERP tem sido utilizado para investigar componentes cognitivos nestas
pacientes (GLASS & PARK, 2001). A literatura inconsistente não aponta uma posição
comum sobre esses pacientes possuírem ou não menor desempenho nessas atividades
2
cerebrais (GRACE et al., 1999; GLASS E PARK, 2001; PARK et al., 2001; DICK et al.,
2008; SUHR, 2003; WALITT et al., 2008; GLASS et al., 2011; WALITT et al., 2016),
muito pouco sabe-se sobre a real condição funcional cognitiva em fibromiálgicas.
Diante do exposto, a proposta desse estudo é investigar, através da eletrofisiologia,
o perfil de atividade elétrica cerebral e possíveis alterações de fibromiálgicas comparadas
com mulheres saudáveis a partir da técnica de eletroencefalografia quantitativa (EEGq);
investigar a tarefa de potencial relacionado a evento, na latência dos componentes N200
e P200 da região parietal, a amplitude do componente P300 nas regiões frontal, central e
parietal. Vale ressaltar que esse é o primeiro estudo caso-controle avaliando atividade
elétrica cerebral em fibromiálgicas realizado no Brasil.
Nossa hipótese é que essas pacientes possuem padrões de ondas cerebrais com
predomínio de ondas especificas, beta e/ou gama, que sejam coerentes com a situação de
processamento de dor contínuo, uma deformação incomum na onda P300 que
corroboraria os estudos que evidenciam a disfunção cognitiva das mulheres com
fibromialgia quando comparadas com o grupo controle. Logo, esse projeto visa fornecer
contribuições para o melhor entendimento da fisiopatologia da FM.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
4
critérios até então estabelecidos eram limitados e não agrupavam mais de 40% dos
pacientes com fibromialgia. Após revisados, os novos critérios de diagnóstico
abandonaram apenas a contagem superior a 10 dos 18 tender points e incluíram outros
sintomas comuns a essa patologia, tais como: fadiga, rigidez matinal, distúrbios do sono,
comprometimento cognitivo, ansiedade e depressão (MEASE, 2005; ABELES et al.,
2007; BELT et al., 2009; WILLIAMS & CLAUW, 2009; WOLFE et al., 2011).
5
A desregulação dos circuitos de interneurônios inibitórios e alterações no
processamento de estímulos nociceptivos periféricos levando ao comprometimento do
funcionamento do sistema modulatório descendente proposto por Deitos et al. (2015)
representa um mecanismos consistente para que seja evidenciada alterações nos processos
neuroplásticos dos sistemas neurobiológicos, resultando os componentes fisiopatológicos
das sintomatologias clínicas e das alterações neurofisiológicas como a diminuição no
limiar de dor (BOTELHO et al., 2016).
As dimensões da dor proposta por Melzack e Casey (1968) são categóricas a
endereçar a experiência dolorosa com a atividade de uma grande rede de interação
cerebral com diferentes funcionalidades e intimamente relacionada a domínios distintos
da dor. Posteriomente, Jones et al. (2012) se debruçando sobre estes conhecimentos
propõe que a matriz de processamento doloroso compreende os domínios Sensório-
discriminativo, afetivo-motivacional e cognitivo-avaliativo. Deste modo, em uma
condição habitual, a informação sináptica nociceptiva ao chegar no centro gerenciado,
representado pelo tálamo, seguiria vias distintas. Uma parte da informação seria
direcionada para o córtex somatosensorial primário e secundário onde seria dado o
processamento localizacional do estímulo, correspondendo a discriminação do local que
dar início ao estimulo; uma segunda parte da informação seria direcionada para a região
do córtex cingulado anterior e córtex insular, compreendendo o domínio afetivo-
motivacional, que processaria a informação quanto a intensidade, ou seja o nível de
sensação desagradável produzido; e para finalizar a informação seria encaminhada ao
domínio cognitivo-avaliativo, representado pela interação entre córtex pré-frontal, córtex
insular e amigdala mais intimamente, traduzindo o potencial doloroso real a partir das
percepção individual quanto ao acontecimento. Posteriormente, a informação resultante
dos três domínios seria encaminhada ao local de origem do estimulo nociceptivo
(MELZACK & WALL, 1965; MELZACK E CASEY, 1968; JONES et al. 2012). Para a
fibromialgia especificamente, apesar de se compreender a rede de processamento da dor
a ausência do estimulo desencadeador produz uma lacuna muito grande no conhecimento.
As alterações eletroencefalográficas em fibromiálgicas não são concisas.
Enquanto alguns estudos têm apontado aumentadas atividades de ondas de alta frequência
como beta e gama, e diminuição das ondas alpha (GONZÁLEZ-ROLDÁN et al., 2016;
HARGROVE et al., 2010; NAVARRO-LÓPEZ et al., 2015), outros evidenciam alta
ativação das frequências alpha e beta como descrito por Vanneste e colaboradores (2017),
em seu trabalho recente. Essas alterações eletrofisiológicas se localizam em regiões
6
envolvidas na modulação da dor, proposta por Melzack e Casey (1968) e complementada
por Jones et al. (2012), mas ainda necessitam de maiores evidências para se chegar a um
consenso da fisiologia envolvida na fibromialgia.
2.3 Eletroencefalografia
7
Deste modo o EEG se caracteriza como uma sequência de oscilações no decorrer
do tempo, com frequências variantes entre 1 a 70 Hz (PEDLEY & TRAUB, 1990). As
células piramidais recebem muitas entradas sinápticas e o traçado EEG é fruto do
somatório destas. Se as ativações sinápticas acontecem em intervalos irregulares, a
atividade somada detectada pelo eletrodo apresentará uma pequena amplitude. De forma
diferente, se as entradas acontecem em uma janela de tempo estreita a resposta EEG
resultante é maior produzindo uma amplitude de onda aumentada (BEAR, CONNORS &
PARADISO, 2016). Este processo pode ser visualizado na Figura 1.
Essas frequências são divididas em faixas, ritmos ou bandas que caracterizam
padrões distintos de funcionalidade cerebral. No dia a dia, os ritmos são representados
por letras gregas: Delta (0,1 a 3,5 Hz), Theta (4,0 a 7,5 Hz), Alpha (8,0 a 12,5 Hz), Beta
(13 a 30) e Gama (> 30 Hz) (POBLET, 1988; GEDDES & BAKER, 1989;
NIEDERMEYER et al., 2005; COHEN 2014; NORTHROP 2012; MUNIAN;
SIVALINGAM; JAYARAMAN, 2014).
O ritmo delta caracteriza-se com a onda de menor frequência e está normalmente
predominante no sono profundo e nas enfermidades cerebrais graves. As ondas theta estão
associadas a estados de sonolência, pensamentos criativos e estados de hipnose. A
predominância de ambas é comum na infância (MUNIAN; SIVALINGAM;
JAYARAMAN, 2014).
As ondas alpha possuem formato sinusoidal e são melhores detectadas na região
occipital em condições normais. Este ritmo aparece intenso em pessoas saudáveis em um
estado desperto, sem realizar nenhuma atividade e com os olhos fechados, normalmente
associadas a estados mentais relaxados e calmos. Por corresponder a uma elevada
variação de frequência a banda beta é subdividida em beta 1 (13 a 18,5 Hz), beta 2 (19 a
24,5 Hz) e beta 3 (25 a 30 Hz). As ondas beta estão relacionadas a processos de atenção,
esforço mental, alta ativação do sistema nervoso central ou durante estados de tensão. O
ritmo gama possui a maior faixa de frequência e está associada a uma alta ativação do
cérebro em funções motoras, trabalho simultâneo e outras tarefas múltiplas (MUNIAN;
SIVALINGAM; JAYARAMAN, 2014; LEHEMBRE, 2012).
O exame de eletroencefalograma é realizado de forma não invasiva. O método
pioneiro e mais comum para colocação dos eletrodos é o Sistema 10-20 (MALMIVUO
& PLONSEY, 1995). O método capta os sinais eletrofisiológicos de cada região cerebral
utilizando 20 eletrodos: frontal (Fp1, Fp2, F3, F4, F7, F8 e Fz); central (C3, C4 e Cz);
parietal (P3, P4 e Pz); temporal (T3, T4, T5 e T6); e occipital (O1, O2 e Oz). O lado
8
direito agrupa os eletrodos pares, o lado esquerdo agrupa os ímpares e os terminados com
a letra Z estão dispostos na linha Z do crânio (DAVIDSON et al., 2000), como pode ser
observado na Figura 2.
Cohen (2014) ressalta que não são definidos limites precisos que definam as
bandas de frequência e que as diferenças individuais como estrutura do cérebro, idade,
capacidade de memória de trabalho e composição química do cérebro são refletidas em
picos de frequência. O EEG tem ganhado cada vez mais espaço nos ambientes
acadêmicos se mostrando uma ferramenta sensível para investigar o sistema nervoso
central e as diversas patologias que comprometem este sistema. Sendo sugerido até como
uma alternativa viável e de baixo custo no manejo de pacientes com dor crônica (LELIC
et al., 2014).
Apesar de muito se ter pesquisado sobre ativações incomuns em diferentes dores
neuropáticas (SARNTHEIN et al., 2006; DREWES et al., 2008; OLESEN et al., 2011;
SCHMIDT et al., 2012; VAN DEN BROEKE et al., 2013; VUCKOVIC et al. 2014),
ainda é encontrada uma lacuna muito grande de informação para as dores crônicas de
etiologia pouco esclarecida como a Síndrome Fibromiálgica.
Quando nos voltamos para os estudos da fibromialgia através do EEGq, nos
deparamos com poucos trabalhos que investiguem a patologia. Pinheiro et al. (2016) em
seu trabalho revisional sobre atividade EEGq e dor reuniu, até a data de sua publicação,
apenas quatro trabalhos que investigavam o comportamento eletrofisiológico relacionado
9
a fisiopatologia dolorosa em fibromiálgica (MONTOYA et al., 2006; SITGES et al.,
2007; GONZALEZ-ROLDAN et al., 2013; SITGES et al., 2010). Dos trabalhos incluídos
nesta revisão apenas Gonzalez-Roldan et al. (2013) avaliaram as frequências
eletroencefalográficas, no entanto o estudo seguiu um protocolo de intervenção com
utilização de imagens e não avaliando as fibromiálgicas em condição -, em repouso. Os
outros três estudos se debruçaram a entender Potenciais Relacionados a Eventos em
fibromiálgicas e concluíram uma diminuição na amplitude do potencial evocado
relacionado a dor.
Hargrove et al. (2010) apesar de não incluído no trabalho de Pinheiro et al. (2016)
identificaram em fibromiálgicas um aumento de amplitude das ondas de alta frequência,
como beta e gama, e diminuição das baixas frequências, como delta, theta e alpha.
Posteriormente, Navarro-López et al. (2015) reafirmou em seu estudo a redução dos
potenciais alpha na ativação cerebral de fibromiálgicas. Contrariando os estudos
anteriores, Vanneste et al. (2017) apresentou alta ativação das ondas alpha e beta
conjuntamente.
Em estudos mais recentes Villafaina et al. (2019) voltou a ressaltar a amplitude
das ondas alpha aumentadas em fibromiálgicas e propuseram uma íntima relação destas
ondas com a intensidade da dor vivenciada pela população de estudo. Como é possível
observar na literatura, ainda está longe de se chegar a um consenso sobre um perfil
especifico para a atividade cerebral de fibromiálgicas e há grande necessidades de estudos
que venham a contribuir com os achados, visto que a fibromialgia ainda se caracteriza
como uma patologia complexa e pouco elucidada.
10
Os potenciais evocados são classificados quanto a sua frequência de estimulação
em transitórios e de regime permanente. Os transitórios apresentam-se a partir de
estímulos com baixa taxa de repetição (< 2Hz), possibilitando que cada resposta termine
antes do início do próximo estímulo. Por outro lado, os potenciais evocados permanentes
são produzidos a partir de uma taxa de frequência elevada (> 5Hz), o que promove
sobreposição de respostas a diferentes estímulos sucessivos (ALTENMÜLLER;
MÜNTE; GERLOFF, 2005).
Os ERPs são compostos por uma sequência de ondas caracterizadas por latência,
amplitude e polaridade. Esses potenciais são identificados pela letra “P”, representando
uma deflexão positiva (Pico), ou “N”, deflexão negativa (Vale); seguidas por um numeral
que revela a sua latência média (N100 ou P300), a ordem em que aparecem (P1, N1, P2,
N2, etc.) ou a latência experimental (N148, P125) (ALTENMÜLLER; MÜNTE;
GERLOFF, 2005). Na deformação da onda dos ERPs, a amplitude representa o alcance
do poder neural ou dos processos cognitivos específicos sensibilizados a partir do
estímulo e a latência que corresponde a evolução temporal deste processamento
(DINTEREN et al., 2014).
11
parâmetros físicos do estímulo (SUR E SINHA, 2009). Os componentes seguintes (ou
seja, após 100ms) são de natureza endógenas, dependendo exclusivamente da avaliação
e processamento do estímulo (SUR E SINHA, 2009). Os componentes N100, P200 e
N200 são geralmente relacionados a mecanismos de seleção da atenção, enquanto o P300
trata da interpretação/categorização do estímulo (SOKHADZE et al., 2017). Deste modo,
N100 representa a atenção de orientação para com o estímulo. O vale N200 é descrito na
literatura como um componente endógeno de detecção de conflitos e processamento de
estimulo (SOKHADZE et al., 2017). O pico P200 reflete os processos de atenção e
discriminação do estimulo levando em consideração as dificuldades da tarefa (CONLEY
et al., 1999).
Segundo Mcpherson, Ballachanda & Kaf (2007), o componente P300 corresponde
a um ERP auditivo endógeno ou cognitivo e reflete a estimulação do nervo e núcleo
coclear, córtex auditivo e tronco cerebral, sendo o componente ERP mais estudado em
investigações de processamentos cognitivas individualizados ou relacionados a processos
patológicos.
Já é conhecido a bastante tempo os problemas atencionais presentes na população
fibromiálgica (DICK et al., 2002; DICK et al., 2008) e justificados pelo mecanismo de
competição do processamento cognitivo com a dor, que segundo Eccleston & Crombez
(1999) gera menor quantidade de recursos atencionais disponíveis para desempenho de
outras funções.
Os estudos mais recentes sobre a ativação atencional em portadores da síndrome
fibromiálgica apontam que existe uma redução na amplitude P300, e outros componentes
do ERP como N200 e P200. Essas alterações no processamento cognitivo estariam
relacionadas a alocação de informações prejudicados e possivelmente interferências com
o processamento da dor crônica (GONZÁLEZ-VILLAR et al., 2019; SAMARTIN-
VEIGA et al., 2019; GENTILE et al., 2020).
12
3 OBJETIVOS
Objetivo Geral
Investigar o perfil e possíveis alterações das ondas cerebrais em mulheres
com diagnóstico de fibromialgia.
Objetivos Específicos
Caracterizar o perfil socioeconómico e clínico das voluntárias
fibromiálgicas do estudo;
Caracterizar o perfil de atividade cerebral em mulheres fibromiálgicas;
Investigar o processamento cognitivo cerebral através da amplitude da
onda P300 no EEG de pacientes fibromiálgicas nas regiões frontal, central
e parietal;
Investigar o processamento cognitivo cerebral através da latência dos
componentes ERP N200 e P200 da região parietal de pacientes
fibromiálgicas.
13
4 MATERIAS E MÉTODOS
4.2 Delineamento
Trata-se de estudo tipo observacional transversal caso controle.
O projeto adota as recomendações internacionais para esse tipo de desenho
experimental, segundo o Strengthening the Reportinf of Observational Studies in
Epidemiology – STROBE Statement. Baseando-se na Newcastle-Ottawa Scale (NOS),
este estudo apresenta baixo risco de viés, atendendo os quesitos: seleção, comparabilidade
e exposição.
A amostra foi composta por voluntárias com diagnóstico clínico de fibromialgia
(CID 10–M79.7), comprovado por relatório médico atendendo os critérios estabelecidos
por Wolfe et al. (2010) e mulheres saudáveis sem histórico de dores crônicas que
atenderam aos critérios de inclusão e exclusão do presente estudo.
As voluntárias foram recrutadas no Ambulatório de Atendimento fisioterapêutico
localizado no Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Sergipe através
de uma lista de interesse em participar dos estudos. O contato inicial se deu através de
telefonema, sendo posteriormente agendada a triagem para cumprimento dos critérios de
inclusão e exclusão.
14
voluntárias que apresentassem hipótese ou quadro sugestivo de doença psiquiátrica,
audiométrica ou neurológica que poderiam ocasionar alterações e impossibilitariam a
análise dos dados.
As voluntárias não foram avaliadas durante as fases menstrual e pré-menstrual,
evitando-se interferências hormonais na coleta EEG e sensibilização periférica.
15
componente P300. Todos as variáveis avaliadas no trabalho são descritas detalhadamente
a seguir.
O escore total do questionário varia de 0 a 100, sendo que, quanto maior o score,
maior o impacto da fibromialgia na vida do paciente. Escore acima de 70 indica
acometimento grave (BURCKHARDT et al.,1991; BENNETT, 2005; MARQUES et al.,
2006) (ANEXO A).
4.5.3 Depressão
4.5.6 Ansiedade
17
caracterizando a ansiedade como um estado emocional transitório, que se modifica ao
longo do tempo.
Esse teste foi executado com auxílio de um algômetro digital (Impac®, Paulínia,
São Paulo, Brasil; probe com área de 1 cm²), previamente calibrado pelo fabricante. Para
realização da medida, foi aplicada uma pressão progressiva, partindo de zero, nos 18
tender points sequencialmente. As pacientes foram orientadas a falar “pare” ao início da
sensação dolorosa. Realizando três medidas em cada ponto, a média do valor entre elas
em kg/cm² foi considerada.
4.7 Eletroencefalograma
18
A taxa de amostragem para aquisição do sinal foi mantida em 600 Hz. Foi
realizada filtragem automática dos dados coletados através do próprio amplificador, com
filtro passa alta de 0,5 Hz e passa-baixa de 40 Hz. A remoção de artefatos se deu através
da eliminação das épocas cujas amplitudes eram superiores a 750 μV e inferiores a -750
μV, e houve inspeção visual. A análise do sinal foi apresentada em amplitude relativa
para as ondas delta (0,1 a 3,5 Hz), theta (4,0 a 7,5 Hz), alpha (8,0 a 12,5 Hz), beta (13 a
30) e Gama (> 30 Hz).
Para a realização do exame, os pacientes seguiram o protocolo de preparação para
o exame de eletroencefalograma, adaptado de Fregonezi et al. (2012), entregue com
antecedência às pacientes, disponibilizado no ANEXO E.
20
5 RESULTADOS
21
Não - 45%
22
D ELTA TH ETA
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
CO N TRO LE
F IB R O M IA L G IA
20 20
10 10
0 0
AE AD PE PD AE AD PE PD
A LFA BETA 1
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
* *
20 20
10 10
0 0
AE AD PE PD AE AD PE PD
BETA 2 B ETA 3
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
20 20
*
10 10
0 0
AE AD PE PD AE AD PE PD
______________________________________________________________________
Figura 4. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por quadrantes (AD - F3,
F7, T3, C3; AE - F4, F8, T4, C4; PE - T5, P3, O1; e PD - T4, P4, O2) comparando
mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul). Representação em
média e erro padrão, *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.
23
FP1 FP2
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
CO N TRO LE
30 30 F IB R O M IA L G IA
20 20 *
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B
F7 F4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
* ** *
20 * 20
*
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B
F3 F8
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
* *
20 20 *
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B
FZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
*
20
10
0
A
A
A
2
A
3
1
H
T
M
T
A
A
A
E
P
L
A
T
T
T
E
E
E
G
D
A
T
______________________________________________________________________
Figura 5. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região frontal e pré-frontal do cérebro na disposição 10/20,
comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) em
média e erro padrão, *P ≤ 0,05, **P ≤ 0,01, Teste t para amostras independentes.
24
T3 T4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
CO N TRO LE
30 30 F IB R O M IA L G IA
20 20 *
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B
C3 C4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
* *
20 20
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B
CZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
20
10
0
A A A 1 2 3 A
T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G
B B B
______________________________________________________________________
Figura 6. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região central e temporal do cérebro na disposição 10/20,
comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos
em média e erro padrão, *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.
25
T5 T6
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
CO N TRO LE
30 30 F IB R O M IA L G IA
*
20 20
10
10
0
A 1 2 A 0
A A 3
LT E
T
P
H TA TA TA A
M
T
A A A 1 2 3 A
E T A M
D TH A
L B
E
B
E
B
E G E
L E P
H TA T TA A
D H L E E E G
T A B B B
P3 P4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
*
20 20
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
LT E
T
P
H TA TA TA A
M LT E
T
P
H TA TA TA A
M
E E E E E E
D TH A
L B B B
E G D TH A
L B B B
E G
PZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
20
10
0
A A A 1 2 3 A
T T A M
E
L E P
H TA T TA A
D H L E E E G
T A B B B
______________________________________________________________________
Figura 7. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região parietal e temporal do cérebro na disposição 10/20,
comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos
em média e erro padrão. *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.
26
O1 O2
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
CO N TRO LE
F IB R O M IA L G IA
20 20
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
LT E
T
P
H TA TA TA A
M LT E
T
P
H TA TA TA A
M
E E E E E E
D TH A
L B B B
E G D TH A
L B B B
E G
OZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
20
10
0
A A A 1 2 3 A
T T A M
E
L E P
H TA T TA A
D H L E E E G
T A B B B
_____________________________________________________________________
Figura 8. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região occipital do cérebro na disposição 10/20, comparando
mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos em média e
erro padrão. *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.
_________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 9. Esquema demonstrativo dos eletrodos e quadrantes que apresentaram diferenças
significativas (P ≤ 0,05) quanto à atividade elétrica cerebral.
27
Essas análises mostraram que as pacientes com FM apresentam redução de
potência na faixa beta3 no quadrante anterior direito, bem como aumentada energia na
banda alpha nos quadrantes anteriores, tanto direito como esquerdo, em comparação com
controles saudáveis.
Quando observamos as figuras 5, 6, 7 e 8, é possível identificar com maior
precisão as diferenças eletrofisiológicas cerebrais encontradas na comparação entre os
grupos fibromialgia e controle. A Figura 9 apresenta um resumo dos achados
eletrofisiológicos. A onda alpha se apresentou com maior amplitude nos eletrodos F7, F4,
F8 e T4, mostrando predomínio na região frontal. Enquanto a onda beta1 mostrou
amplitude relativa maior no hemisfério direito quase por completo. Apenas o eletrodo O2
não apresentou diferença estática. Os eletrodos F4 e F8 somaram a maior quantidade de
diferenças em amplitude relativa do estudo, especialmente o eletrodo F4, que se
diferenciou em quatro frequências distintas (alpha, beta1, beta3 e gama). Deste modo,
observa-se que a região anterior direita obteve destaque na diferenciação entre as
voluntárias saudáveis e pacientes fibromiálgicas participantes do projeto.
Os resultados obtidos a partir da análise do potencial relacionado a evento, no
componente P300, dos eletrodos frontal (FZ), central (CZ) e parietal (PZ) podem ser
visualizados na Figura 10 e Tabela 2. A amplitude do potencial P300 foi obtida a partir
da medição da distância entre o vale N200 (N2) e o pico P300B expresso em microvolts.
FZ CZ PZ
20 20 20
A M P L IT U D E ( V )
A M P L IT U D E ( V )
A M P L IT U D E ( V )
15 15 15
5 5 5
0 0 0
______________________________________________________________________
Figura 10. Amplitude (µV) da onda P300 nos eletrodos frontal (FZ), central (CZ) e
parietal (PZ) da linha Z comparando fibromiálgicas e mulheres saudáveis, descritos em
média e erro padrão da média. ***P ≤ 0,001, teste Mann Whitney para duas amostras
independentes.
28
Tabela 2. Dados expressos em média, SD e EPM. Valores numéricos das análises da
deformação da onda P300. FZ – P300: pico P300 da região frontal da linha Z; CZ – P300:
pico P300 da região central da linha Z; PZ – P300: pico P300 da região parietal da linha
Z. Significância testada por meio do teste Mann Whitney para duas amostras
independentes. ***P ≤ 0,001.
29
PZ - P2 PZ - N2 P Z - P300
200 270 20
180
A M P L IT U D E ( V )
240 **
L A T Ê N C IA ( m s)
L A T Ê N C IA ( m s)
* 15
160
210
140 10
***
180
120
5
100 150
0 0 0
CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA
_____________________________________________________________________
Figura 11: Latência (ms) do pico P200 (P2) e vale N200 (N2) e amplitude (µV) do pico
P300 da região frontal comparando fibromiálgicas e mulheres saudáveis, descritos em
média e erro padrão da média. *P ≤ 0,05; ** P ≤ 0,01; ***P ≤ 0,001. Teste Mann Whitney
para duas amostras independentes
Em nosso estudo, a região parietal recebeu uma atenção ampliada não apenas para
o potencial P300, mas outros componentes da deformação da onda, como o pico P200 e
os vales N100 e N200. O gráfico da Figura 11 foi construído a partir das médias entre os
grupos de estudo para os componentes da onda. Identificamos, deste modo, na paciente
fibromiálgica, além de uma amplitude P300 menor já comentada anteriormente, uma
lentificação no aparecimento das ondas, o que é representado em latências maiores e pôde
ser observado anteriormente.
30
6 DISCUSSÃO
31
fibromialgia se tornando a norma, apontado pelos autores como um mecanismo de
redefinição de referência alostática (Sterling, 2012; Martinez-Lavin & Vargas, 2009), ou
seja, um processo compensatório produzindo plasticidade e gerando um novo padrão de
normalidade e funcionamento de atividade cerebral para a realidade daquela população.
Baliki et al. (2014) chamaram este processo de plasticidade maladaptiva.
Alguns autores como Botvinick et al. (2001) e Kerns et al. (2004) relataram que
a comunicação do córtex frontal com o córtex cingulado anterior é responsável por um
papel chave no processo de controle cerebral. Sabendo-se ainda que o córtex cingulado
anterior desempenha em conjunto com o córtex insular, segundo Jones et al. (2012), o
processamento afetivo-motivacional na rede de modulação da dor. Apesar do elevado
poder das ondas alpha e beta encontrado neste trabalho, não é possível chegar a uma
conclusão quanto a ordem dos acontecimentos em si. A condição alterada que se
estabelece na atividade cerebral de fibromiálgicas é produzida pela dor experienciada na
doença ou seria de forma contrária o motivo da dor. De fato, a alta atividade nesse
processamento contínuo, na situação de dor crônica, que irradia seus estímulos sinápticos
até o córtex superior correspondente a região do cingulado anterior, o córtex frontal, nos
parece bastante possível.
Peng et al. (2015), trabalhando com a rede thalamocortical disfuncional na dor
neuropática, apontaram que esse processo disfuncional é refletido nas oscilações de
frequência alpha, estas produzidas a partir de mecanismos inibitórios/excitatórios na rede.
Sadaghiani et al. (2010), correlacionando a atividade do sistema cingulado-
insular- talâmico com as oscilações da frequência alpha, propuseram que essa interação
pode representar um marcador eletrofisiológico robusto das flutuações da vigilância,
sugerindo, assim, que esse sistema desempenha papel fundamental na manutenção do
estado de alerta tônico. Este mecanismo proposto por Sadaghiani et al. (2010) é
compatível com as evidências de Klimesch et al. (2007) que sugeriram a sincronização
alpha como um mecanismo ativo para controle inibitório de cima para baixo. Evidências
semelhantes foram propostas também para as oscilações beta (TOWNSEND &
JOHNSON, 1979; BELYAVIN & WRIGHT, 1987, VANNESTE et al., 2017).
Estudos experimentais em que a dor foi induzida mostraram que a potência da
banda alpha nem sempre se apresentava aumentada, mas reduzida em situações dolorosas
(DOWMAN et al., 2008; CHANG et al., 2003; CHANG et al., 2005), o que diverge dos
achados de outros estudos. Levando Schmidt et al. (2012), em seus estudos com pacientes
32
de lombalgia, a sugerir uma interação entre a onda alpha e o processo de cronificação da
dor, mas não a própria dor.
A amplitude relativa da onda beta1 se apresentou maior no hemisfério direito em
detrimento do esquerdo, mostrando certa preferência e sugerindo ativação assimétrica
entre os hemisférios cerebrais, o que é sugestivo de esforço neural para a manutenção da
condição patológica. Do ponto de vista funcional, os hemisférios não são simétricos e o
hemisfério direito tem sido considerado na literatura especializada como sendo o
dominante para o processamento emocional (BOROD, 1992) e, em especial, quando se
trata de emoções negativas (DAVIDSON & IRWIN, 1999).
Seeman et al. (2002) indicaram que o estresse e o ineficiente gerenciamento da
alostase podem levar a uma sobrecarga alostática, elevando os níveis de cortisol e
catecolaminas e produzindo alterações estruturais e funcionais no cérebro do indivíduo
(VYAS et al., 2002; LISTON et al., 2006; MCEWEN, 2006; EILAND & MCEWEN,
2012). Essa sobrecarga alostática seria responsável, segundo Gormsen et al. (2010), pela
relação entre o déficit de aprendizado e problemas emocionais, frequentemente
observados em indivíduos com dor crônica, produzidas pelas mudanças funcionais
adaptativas. Eventos traumáticos que se relacionaram ao surgimento de doenças crônicas
como a fibromialgia já são descritos na literatura (NICOL et al., 2016; HELLOU et al.,
2017; COPPENS et al., 2017).
O potencial relacionado a evento (ERP) no componente auditivo P300 nas regiões
frontal (FZ), central (CZ) e parietal (PZ) se apresentaram com menor amplitude em
fibromiálgicas quando comparado ao controle. Alterações significativas das amplitudes
de ERP têm sido frequentemente associadas a dor crônica (BJORK et al., 2011; SITGES
et al., 2010), o que sugere funcionamento cerebral prejudicado associado a processos
cognitivos, como concentração e atenção.
O componente ERP de latência tardia (P300) reflete a ativação de processamentos
cognitivos de atenção direcionados a estímulos relevantes e que necessitam de respostas
rápidas. Esses processamentos estão associados a ativação de rede cerebral complexa que
inclui o córtex frontal e o córtex cingulado anterior (PINHEIRO et al., 2016).
Montoya et al. (2006) sugerem que os processamentos atencionais prejudicados
se dá devido a déficits da codificação e avaliação cognitiva de informações
somatossensoriais em fibromiálgicas. Veldhuijzen et al. (2006) apontaram que a alocação
de recursos de atenção se apresenta deficiente em pacientes com dor e não a capacidade
de atenção. Pinheiro et al. (2016) propuseram então que a aumentada alocação de recursos
33
de atenção e deficiente elaboração de resposta atencional observada em pacientes com
dor crônica durante o processamento de informações somatosensoriais possa ser mais
uma consequência das alterações neuroplásticas proveniente da sensibilização central
associada a patologia.
Samartin-Veiga et al. (2019) evidenciaram que fibromiálgicas apresentam déficits
de flexibilidade na alocação de recursos atencionais e controle cognitivo durante tarefas
complexas, fato que, segundo os autores, pode explicar o processo de “descognição”
relatada pelas pacientes de dor crônica. Estudos indicam com frequência a disfunção
cognitiva associada a fibromialgia (JARCHO et al., 2012; BERRYMAN et al., 2013),
entretanto a funcionalidade cognitiva é, muitas vezes, negligenciada por não ser
considerada uma medida de desfecho primário.
A maior latência no surgimento das deformações P200 e N200 no eletrodo PZ em
fibromiálgicas em comparação com controles saudáveis nos faz refletir além do processo
cognitivo disfuncional às limitações motoras frequentemente observadas nesta
população. Entendendo o componente N200 como evento endógeno e responsável pela
detecção de conflitos e processamento do estímulo (SOKHADZE et al., 2017) e P200
refletindo os processos atencionais, discriminação do estímulo e variáveis relacionadas à
dificuldade da tarefa (CONLEY et al., 1999), é possível associar essa lentificação em
decorrência de uma competitividade na realização da atividade cognitiva com a
modulação da dor em decorrência das adaptações nociplásticas.
Sabendo-se que o componente P300 possui possivelmente sua origem neural na
porção medial do córtex cingulado e porção inferior do córtex frontal (HUSTER et al.,
2010), a sua amplitude e latência é interpretada também como uma avaliação cognitiva
da inibição motora (HUSTER et al., 2013). Gentile et al. (2020) avaliaram a interação
entre ativação motora e dor crônica, identificando baixo potencial de ativação do córtex
motor em fibromiálgicas e sugerindo ativação motora prejudicada, caraterística intrínseca
da síndrome responsável por produzir menor modulação descendente da dor.
González-Villar et al. (2019), apesar de não detectarem mecanismos de inibição
motora prejudicados em fibromiálgicas nos componentes N200 e P300, observaram que
alterações na banda alpha sugerem maior dificuldade em mobilizar e manter recursos de
atenção em atividades visuais, ressaltando que estas alterações podem explicar a
característica disfuncional da cognição na síndrome fibromiálgica.
Os dados eletrofisiológicos observados neste estudo parecem representar uma
ativação incomum no cérebro das voluntarias fibromiálgicas. As respostas corticais a
34
estímulos externos e eventos internos são moduladas por processos dolorosos,
consequentemente está relacionado também a processos motores, cognitivos e
psicológicos já mostrados em outros trabalhos (MONTOYA et al., 2006; RIQUELME et
al., 2010; MARTÍNEZ-JAUAND et al., 2012; GONZÁLEZ-ROLDÁN et al., 2013).
Nossas observações parecem reforçar esses achados anteriores.
Mercado et al. (2013) sugeriram que condições estressantes, como é o caso da dor
crônica, podem produzir consequências disfuncionais. Levando em consideração
possíveis sobrecargas alostática e modificações cerebrais experimentadas pela população
fibromiálgica, fica fácil relacionar e entender a elevada quantidade de comorbidades
associadas a dor crônica como depressão, ansiedade e disfunções cognitivas (WOLFE,
2011). Extrapolando para a transversalidade e aplicações clínicas desses achados,
poderíamos, assim, abrir um grande campo de possibilidades de intervenções cognitivas
para as pacientes, uma vez que a rede de processamento da dor alterada em fibromiálgicas
competindo com a rede cognitiva poderia ser de mesmo modo confrontada a partir de
uma competição reversa à dor o que poderia promover, lógico a longo prazo, novas
alterações na rede autoreferencial.
35
Limitações
Perspectivas
36
7 CONCLUSÃO
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Multicenter Criteria Committee. Arthritis Rheum, v. 33, p. 160-72, 1990.
53
APÊNDICES
APÊNDICE A
54
remunerada e nem implicará em gastos pessoais. Visando assegurar o sigilo de sua
participação, os dados obtidos por meio desta pesquisa serão confidenciais e não serão
divulgados de forma individual. O pesquisador responsável se compromete a tornar
públicos nos meios acadêmicos e científicos os resultados obtidos sem qualquer
identificação dos participantes. Caso você concorde em participar desta pesquisa, assine
ao final deste documento, que possui duas vias, sendo uma delas sua e a outra do
pesquisador responsável pela pesquisa. Essa pesquisa segue os critérios éticos das
resoluções 466/2012 e 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde.
Assinatura da voluntária
_________________________________________________
Assinatura do pesquisador
55
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO
Questionário 1
1. Nome:________________________________________
2. Endereço: _________________________________________
3. Cidade: ______________ Estado: ______
4. Telefones para contato:_________________________
5. Data de nascimento: _________________ Idade:________
6. Etnia: Branco ( ) Negro ( ) Pardo ( ) Outras: ________________
7. Ocupação:________________________
8. Encontra-se afastado do emprego: ( ) Sim ( ) Não Quanto tempo:_______
9. Estado civil:__________________
10. Escolaridade:____________________ Religião:_____________________
11. Data do diagnóstico da fibromialgia:________________________
12. Data do início do quadro:___________ Sintoma inicial: ___________________
13. Sintomas mais frequentes da fibromialgia: ( ) Dor Região:______________
14. Fatores de piora da dor:______________________________________
15. Fatores de melhora da dor:__________________________________
16. Medicação em uso e horário:_______________________________________
17. Efeitos colaterais da medicação:______________________________________
18. Faz uso de medicação SOS? Qual? Freq.?____________________________
19. Faz uso de anticoncepcional ou reposição hormonal?______________________
20. Período atual do ciclo menstrual? Data última M?________________________
21. Outras doenças : ( )Diabetes ( )Hipertensão ( ) Cardiopatia ( ) Outras:
____________________________________________
22. Tratamento psicoterapêutico: ( ) Sim ( ) Não
23. Atividade física: ( ) Sim ( ) Não Qual? _______________________
24. ( ) tabagismo ( ) etilismo
25. Peso:_______ Altura:____________ IMC:___________
26. Obs.:____________________________________________________
27. Data de avaliação ____/____/___ Data do início do tratamento ____/____/___
Acesso a WIFI?________
Acesso a Whatsapp? ________
Som para CD?_______
56
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO
Questionário 2
1. Nome:________________________________________
2. Endereço: _________________________________________
3. Cidade: ______________ Estado: ______
4. Telefones para contato:_________________________
5. Data de nascimento: _________________ Idade:________
6. Etnia: Branco ( ) Negro ( ) Pardo ( ) Outras: ________________
7. Ocupação:________________________
8. Estado civil:__________________
9. Escolaridade:____________________ Religião:_____________________
10. Possui alguma doença de dor? Qual?___________________________________
11. Faz uso de medicação? Qual? Freq.?_______________________________
12. Faz uso de anticoncepcional ou reposição hormonal?______________________
13. Período atual do ciclo menstrual? Data última M?_________________________
14. Outras doenças : ( )Diabetes ( )Hipertensão ( ) Cardiopatia ( ) Outras:
________________________________________________________________
15. Tratamento psicoterapêutico: ( ) Sim ( ) Não
16. Atividade física: ( ) Sim ( ) Não Qual? ________________________________
17. ( ) tabagismo ( ) etilismo
18. Peso:_______ Altura:____________ IMC:___________
19. Obs.:____________________________________________________
20. Data de avaliação ____/____/___
57
APÊNDICE C
DESCRIÇÃO DOS DADOS EEGq
Tabela 4. Dados obtidos no EEGq por eletrodo expressos em média ± SD (erro padrão da
média).
Erro C 14,790 3,383 ,756
Desvio F7 Beta2
Eletrodo/Onda Média Padrã
Padrão F 13,870 2,930 ,655
o
C 10,370 5,996 1,341 C 13,865 4,003 ,895
FP1 Delta F7 Beta3
F 9,410 3,830 ,856 F 13,100 3,063 ,685
58
C 16,535 2,984 ,667 C 19,480 3,310 ,740
F4 Alpha C3 Beta1
F 19,185 3,578 ,800 F 21,930 4,008 ,896
C 18,305 2,594 ,580 C 13,870 2,286 ,511
F4 Beta1 C3 Beta2
F 20,875 3,139 ,702 F 13,725 3,101 ,693
C 14,720 3,083 ,689 C 12,270 3,256 ,728
F4 Beta2 C3 Beta3
F 13,850 3,029 ,677 F 11,500 2,167 ,485
C 14,100 3,983 ,891 C 18,980 4,265 ,954
F4 Beta3 C3 Gama
F 11,735 2,364 ,529 F 17,805 4,427 ,990
C 22,580 5,876 1,314 C 12,775 5,464 1,222
F4 Gama CZ Delta
F 19,160 4,461 ,998 F 11,435 5,515 1,233
C 11,025 5,741 1,284 C 20,930 2,386 ,534
F8 Delta CZ Theta
F 10,140 2,876 ,643 F 19,735 6,371 1,425
C 16,025 4,109 ,919 C 19,680 3,874 ,866
F8 Theta CZ Alpha
F 17,715 4,690 1,049 F 19,810 4,696 1,050
C 15,495 3,050 ,682 C 19,440 2,896 ,648
F8 Alpha CZ Beta1
F 18,165 3,456 ,773 F 20,785 3,479 ,778
C 18,465 2,572 ,575 C 13,465 2,624 ,587
F8 Beta1 CZ Beta2
F 20,430 2,768 ,619 F 12,995 3,503 ,783
C 14,765 3,275 ,732 C 12,070 3,376 ,755
F8 Beta2 CZ Beta3
F 13,935 2,032 ,454 F 11,830 3,357 ,751
C 13,930 3,944 ,882 C 16,740 3,852 ,861
F8 Beta3 CZ Gama
F 12,455 1,979 ,443 F 18,330 6,747 1,509
C 23,985 6,428 1,437 C 11,645 5,065 1,133
F8 Gama C4 Delta
F 21,470 4,724 1,056 F 10,635 4,176 ,934
C 10,815 5,167 1,155 C 18,855 2,546 ,569
T3 Delta C4 Theta
F 9,220 2,957 ,661 F 19,045 5,388 1,205
C 15,850 4,021 ,899 C 19,065 3,842 ,859
T3 Theta C4 Alpha
F 16,405 3,818 ,854 F 20,465 4,099 ,917
C 16,485 3,850 ,861 C 19,395 3,226 ,721
T3 Alpha C4 Beta1
F 18,615 4,137 ,925 F 21,865 3,658 ,818
C 19,135 2,201 ,492 C 13,975 2,713 ,607
T3 Beta1 C4 Beta2
F 20,560 3,145 ,703 F 13,810 3,345 ,748
C 13,815 2,656 ,594 C 12,510 3,380 ,756
T3 Beta2 C4 Beta3
F 13,785 2,322 ,519 F 11,410 2,706 ,605
C 13,225 3,087 ,690 C 19,180 4,601 1,029
T3 Beta3 C4 Gama
F 12,730 2,340 ,523 F 17,800 3,918 ,876
C 24,310 6,106 1,365 C 10,610 5,532 1,237
T3 Gama T4 Delta
F 22,875 4,048 ,905 F 9,400 3,282 ,734
C 11,665 4,928 1,102 C 15,540 4,149 ,928
C3 Delta T4 Theta
F 10,545 3,956 ,885 F 16,675 3,925 ,878
C 19,030 2,591 ,579 C 16,295 4,114 ,920
C3 Theta T4 Alpha
F 18,740 4,280 ,957 F 18,715 3,065 ,685
C 19,355 4,027 ,900 C 19,225 2,398 ,536
C3 Alpha T4 Beta1
F 20,820 4,276 ,956 F 20,695 2,350 ,526
59
C 14,170 2,853 ,638 C 11,685 3,575 ,799
T4 Beta2 PZ Beta3
F 13,580 1,935 ,433 F 10,840 2,599 ,581
C 13,165 3,181 ,711 C 17,435 4,036 ,902
T4 Beta3 PZ Gama
F 12,485 2,465 ,551 F 16,215 4,554 1,018
C 24,545 6,747 1,509 C 12,085 5,416 1,211
T4 Gama P4 Delta
F 22,540 5,200 1,163 F 11,105 4,940 1,105
C 11,990 5,439 1,216 C 18,900 2,387 ,534
T5 Delta P4 Theta
F 10,005 3,674 ,821 F 19,135 4,063 ,908
C 17,985 2,585 ,578 C 20,270 4,273 ,955
T5 Theta P4 Alpha
F 18,665 4,879 1,091 F 21,630 4,114 ,920
C 19,475 4,892 1,094 C 20,170 3,597 ,804
T5 Alpha P4 Beta1
F 20,905 5,058 1,131 F 22,690 4,148 ,928
C 20,400 3,350 ,749 C 13,200 2,706 ,605
T5 Beta1 P4 Beta2
F 22,265 4,179 ,934 F 13,360 3,342 ,747
C 13,340 2,462 ,550 C 11,970 3,485 ,779
T5 Beta2 P4 Beta3
F 13,255 2,165 ,484 F 10,610 2,033 ,455
C 11,785 2,994 ,669 C 18,200 4,216 ,943
T5 Beta3 P4 Gama
F 11,425 2,201 ,492 F 16,205 3,512 ,785
C 19,560 4,521 1,011 C 11,905 5,211 1,165
T5 Gama T6 Delta
F 18,615 4,929 1,102 F 10,430 3,746 ,838
C 11,915 4,988 1,115 C 17,980 2,475 ,553
P3 Delta T6 Theta
F 10,810 4,555 1,018 F 18,765 4,050 ,906
C 19,345 2,464 ,551 C 19,755 4,999 1,118
P3 Theta T6 Alpha
F 19,430 4,621 1,033 F 21,760 4,864 1,088
C 20,505 4,631 1,036 C 20,250 3,047 ,681
P3 Alpha T6 Beta1
F 21,820 4,489 1,004 F 22,510 3,644 ,815
C 20,435 3,362 ,752 C 13,160 2,503 ,560
P3 Beta1 T6 Beta2
F 22,795 4,508 1,008 F 13,025 2,176 ,487
C 13,440 2,692 ,602 C 11,655 2,972 ,665
P3 Beta2 T6 Beta3
F 13,260 3,080 ,689 F 10,830 2,089 ,467
C 11,460 3,293 ,736 C 19,795 4,615 1,032
P3 Beta3 T6 Gama
F 10,715 2,187 ,489 F 17,710 3,997 ,894
C 17,810 4,138 ,925 C 12,075 4,705 1,052
P3 Gama O1 Delta
F 16,585 4,723 1,056 F 10,225 4,503 1,007
C 11,990 5,011 1,121 C 19,005 2,386 ,534
PZ Delta O1 Theta
F 11,145 5,032 1,125 F 18,895 5,279 1,180
C 19,645 2,424 ,542 C 21,275 5,651 1,264
PZ Theta O1 Alpha
F 20,055 5,454 1,220 F 22,240 5,578 1,247
C 20,570 4,466 ,999 C 20,985 3,474 ,777
PZ Alpha O1 Beta1
F 21,725 4,414 ,987 F 22,865 4,612 1,031
C 20,265 3,166 ,708 C 12,645 2,150 ,481
PZ Beta1 O1 Beta2
F 22,165 4,289 ,959 F 12,880 2,794 ,625
C 13,395 2,884 ,645 C 11,015 3,059 ,684
PZ Beta2 O1 Beta3
F 13,285 3,343 ,748 F 10,680 2,649 ,592
60
C 17,880 4,017 ,898 F 16,205 5,007 1,120
O1 Gama
F 17,435 6,148 1,375 C 11,715 4,623 1,034
O2 Delta
C 12,010 4,904 1,096 F 11,030 4,722 1,056
OZ Delta
F 10,905 4,387 ,981 C 18,525 2,475 ,553
O2 Theta
C 19,100 2,377 ,532 F 19,140 4,416 ,988
OZ Theta
F 20,010 5,298 1,185 C 21,505 6,008 1,343
O2 Alpha
C 21,495 5,527 1,236 F 22,725 5,060 1,132
OZ Alpha
F 22,945 5,313 1,188 C 20,820 3,192 ,714
O2 Beta1
C 20,925 3,384 ,757 F 22,675 4,132 ,924
OZ Beta1
F 22,515 4,349 ,972 C 12,750 2,387 ,534
O2 Beta2
C 12,565 2,305 ,515 F 12,725 2,505 ,560
OZ Beta2
F 12,640 2,567 ,574 C 11,095 2,918 ,652
O2 Beta3
C 10,825 2,928 ,655 F 10,245 2,043 ,457
OZ Beta3
F 10,290 2,330 ,521 C 18,355 4,542 1,016
O2 Gama
OZ Gama C 17,915 4,117 ,921 F 16,325 4,054 ,907
Tabela 5. Dados obtidos no EEGq por quadrante expressos em média ± SD (erro padrão
da média).
QUADRANTE/
Média
Desvio Erro F 14,765 3,052 0,682
Onda Padrão Padrão
C 14,480 5,671 1,268
PE Delta
C 13,805 5,825 1,302
AE Delta F 12,355 4,797 1,073
F 12,225 3,964 0,886
C 22,635 2,599 0,581
PE Theta
C 21,545 3,198 0,715
F 22,590 5,311 1,188
AE Theta
F 21,985 4,587 1,026 C 24,575 5,361 1,199
PE Alpha
C 21,470 3,140 0,702
F 25,565 4,946 1,106
AE Alpha
F 23,715 3,551 0,794
C 24,910 4,208 0,941
PE Beta1
C 24,045 3,773 0,844
F 26,850 4,170 0,932
AE Beta1
F 25,780 3,507 0,784
C 15,920 3,269 0,731
PE Beta2
C 18,235 3,851 0,861
F 15,945 3,667 0,820
AE Beta2
F 17,245 3,755 0,840
C 13,910 4,099 0,917
PE Beta3
C 16,875 4,915 1,099 F 13,425 3,624 0,810
AE Beta3
F 15,375 3,395 0,759
C 13,985 5,760 1,288
PD Delta
C 13,595 6,122 1,369 F 12,690 4,971 1,111
AD Delta
F 12,545 3,911 0,875
C 21,690 2,881 0,644
PD Theta
C 21,095 3,395 0,759
F 22,465 5,346 1,196
AD Theta
F 22,460 5,373 1,201
C 23,915 5,152 1,152
PD Alpha
C 21,075 3,087 0,690
F 25,265 4,067 0,909
AD Alpha
F 23,665 3,469 0,776
C 24,880 3,884 0,869
PD Beta1
C 23,920 3,530 0,789 F 26,510 3,452 0,772
AD Beta1
F 25,920 3,051 0,682
C 16,665 3,848 0,860
PD Beta2
C 18,670 4,373 0,978
F 16,035 3,230 0,722
AD Beta2
F 16,995 3,371 0,754
C 15,055 4,599 1,028
PD Beta3
AD Beta3 C 17,540 5,343 1,195
F 13,550 2,710 0,606
61
62
FP1 FP2
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
20 20 *
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A A A M T T H A A A M
L E P T T T A L E P T T T A
E H L E E E G E H L E E E
D T A B B B D T A B B B G
F7 F3 FZ F4 F8
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
* * **
20 20 20 * *
*
20 * 20 *
*
10 10 10
10 10
0 0 0 0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A A A M T T H A A A M T T H A A A M T T H A A A M T T H A A A M
L E P T T T A L E P T T T A L E P T T T A L E P T T T A L E P T T T A
E H L E E E E H L E E E G E H L E E E E H L E E E E H L E E E
D T A B B B G D T A B B B D T A B B B G D T A B B B G D T A B B B G
T3 C3
CZ C4 T4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
30 CO N TRO LE
* 30 F IB R O M IA L G IA
*
20
20 20 20
20 *
10 10
10 10
10
0
A 1 2 3 A
0
A A
T
E
T H A A A M A A A 1 2 3 A 0 0 0
L P T T T A T T H M
E H L E E E L E P A A A A 2 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
D T A B B B G E L T T T A A A 1 3 T T H T T H
H E E E G T T H A A A M L E P A A A M L E A A A M
D T A B B B L E P T T T T T T A P T T T A
E H L A E H L E E E G E H L E E E G
D T A E E E G D T A B B B D T A B B B
B B B
Figura 12. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos individualizados da região anterior do cérebro na disposição
10/20 comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos em média e erro padrão, *P ≤ 0,05,
**P ≤ 0,01, determinado por Teste t student para amostras independentes.
63
P3 PZ P4 T6
T5
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
* *
20 20 20 20
20
10 10 10 10
10
0 0 0 0
0
2 A 2 A 2 A A A A 1 2 3 A
A A 1 2 3 A A A A 1 3 A A A 1 3 A A A 1 3 T T A A M
T A T T H A A M T T H A A M T T H A A M L E H T T A
L T H A A A M L E T T A A L E T T A A L E T T A A E P E T A
E E P T T T A E P E E T E P E E T E P E E T D H L E E G
H L E E E G D H L B B E G D H L B B E G D H L B B E G T A B B B
D T A B B B T A B T A B T A B
O1 OZ O2
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
CO N TRO LE
F IB R O M IA L G IA
20 20 20
10 10 10
0 0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A A A M T T H A A A M T T H A A M
L E T T T A L E T T T A L E T T A A
E P E E E P E E E P E E T
D H L B B E G D H L B B E G D H L B B E G
T A B T A B T A B
Figura 13. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos individualizados da região anterior do cérebro na disposição
10/20 comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos em média e erro padrão, *P ≤ 0,05,
**P ≤ 0,01, determinado por Teste t student para amostras independentes.
ANEXOS
ANEXO A
QUESTIONÁRIO DE IMPACTO DA FIBROMIALGIA
63
ANEXO B
INVENTÁRIO DE BECK
NOME:
Leia cuidadosamente cada uma das alternativas. A seguir, selecione com um círculo a
afirmativa em cada grupo que melhor descreve como você se sentiu na semana que
passou, incluindo o dia de hoje. Certifique de ler todas as alternativas de cada grupo
antes de fazer a sua escolha.
1.
0 Não me sinto triste.
1 Sinto-me triste
2 Sinto-me triste o tempo todo e não consigo sair disso
3 Estou muito triste e tão infeliz que não posso mais agüentar
2.
0 Não estou particularmente desencorajado (a) quanto ao futuro
1 Sinto-me desencorajado (a) quanto ao futuro
2 Sinto-me que não tenho mais nada por esperar
3 Sinto que o futuro é tão sem esperança que as coisas não podem melhorar
3.
0 Não me sinto fracassado (a)
1 Sinto que falhei mais que o indivíduo médio
2 Quando olho para traz em minha vida, tudo o que vejo é uma porção de fracassos
3 Sinto que sou um fracasso completo como pessoa
4.
0 Sinto-me satisfeito (a) com as coisas como sempre me senti
1 Não gosto das coisas como gostava antes
2 Não consigo sentir satisfação real com coisa alguma
3 Estou insatisfeito(a) ou aborrecido(a) com tudo
5.
0 Não me sinto particularmente culpado (a)
1 Sinto-me culpado (a) boa parte do tempo
2 Sinto-me muito culpado (a) maior parte do tempo
3 Sinto-me culpado (a) o tempo todo
6.
0 Não sinto que esteja sendo punido (a)
1 Sinto que posso ser punido (a)
2 Espero ser punido
3 Sinto que estou sendo punido (a)
7.
0 Não me sinto desapontado (a) comigo mesmo (a)
64
1 Sinto-me desapontado(a) comigo mesmo (a)
2 Sinto-me aborrecido comigo mesmo (a)
3 Eu me odeio
8.
0 Não acho que sou pior que os outros
1 Critico-me por minhas fraquezas ou erros
2 Responsabilizo-me o tempo todo por minhas falhas
3 Culpo-me por todas as coisas ruins que me acontecem
9.
0 Não penso nunca em me matar.
1 As vezes penso em me matar, mas não levo isso a diante
2 Gostaria de me matar
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade
10.
0 Não costumo chorar mais do que o normal
1 Choro mais do que antes
2 Atualmente choro o tempo todo
3 Eu costumava conseguir chorar, mas agora não consigo, mesmo querendo
11.
0 Agora as coisas não me irritam mais do que antes
1 Fico chateado(a) ou irritado (a)mais facilmente do que costumava
2 Atualmente sinto-me irritado o tempo todo
3 Já não irrito mais com as coisas como antes
12.
0 Não perdi o interesse nas outras coisas ou pessoas
1 Interesso-me menos do que antes pelas as outras pessoas
2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas
3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas
13.
0 Tomo decisões mais ou menos tão bem quanto antes
1 Adio minhas decisões mais do que antes
2 Tenho muito mais dificuldades em tomar decisões do que antes
3 Não consigo mais tomar decisões alguma
14.
0 Não sinto que minha aparência seja pior do que antes
1 Preocupo-me por estar parecendo velho(a) ou sem atrativos
2 Sinto que mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecerem sem
atrativos
3 Considero-me feio (a)
15.
0 Posso trabalhar tão bem quanto antes
1 Preciso de mais força para começar qualquer coisa
2 Tenho que me esforçar demais para fazer qualquer coisa
65
3 Não consigo fazer nenhum trabalho
16.
0 Durmo tão bem quanto de costume
1 Não durmo tão bem quanto costumava
2 Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que costume e tenho dificuldade de voltar a dormir
3 Acordo varias horas mais cedo do que costumava e não consigo voltar a dormir
17.
0 Não fico mais cansado (a) como costumava
1 Fico cansado (a) com mais facilidade do que antes
2 Sinto-me cansado (a) ao fazer qualquer coisa
3 Estou cansado (a) demais para fazer qualquer coisa
18.
0 Meu apetite continua como de costume
1 Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser
2 Meu apetite está muito pior agora
3 Não tenho mais nenhum apetite
19.
0 Não tenho perdido peso ultimamente
1 Emagreci mais de 2,5 kg
2 Emagreci mais de 5 kg
3 Emagreci mais de 7 kg
20.
0 Não tenho maiores preocupações com a minha saúde
1 Problemas físicos (dores de cabeça, estômago, prisão de ventre, etc.) me preocupam
2 Estou preocupado (a) com problemas físicos e isto me dificulta a pensar em outras
coisas
3 Estou muito ocupado com meus problemas físicos e isso me impede de pensar em
outras coisas
21.
0 Ultimamente não tenho observado mudanças em meu interesse sexual
1 Estou menos interessado (a) em sexo do que costumava
2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente
3 Perdi completamente o interesse sexual
ESCORE
66
ANEXO C
67
ANEXO D
INVENTÁRIO DE ANSIEDADE TRAÇO-ESTADO
68
69
ANEXO E
70