Matheus Liniker Jesus Santos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOLOGIA

MATHEUS LINIKER DE JESUS SANTOS

PERFIL ELETROFISIOLÓGICO DAS ONDAS CEREBRAIS DE


MULHERES COM FIBROMIALGIA:
ESTUDO TRANSVERSAL CASO-CONTROLE

SÃO CRISTOVÃO
2021
MATHEUS LINIKER DE JESUS SANTOS

PERFIL ELETROFISIOLÓGICO DAS ONDAS CEREBRAIS DE


MULHERES COM FIBROMIALGIA:
ESTUDO TRANSVERSAL CASO-CONTROLE

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Ciências
Fisiológicas da Universidade Federal de
Sergipe, como requisito para a obtenção do grau
de Mestre em Ciências Fisiológicas.

Orientador: Prof. Dr. Murilo Marchioro


Coorientadora: Profª. Dra. Josimari Melo de Santana

SÃO CRISTOVÃO
2021

II
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Santos, Matheus Liniker de Jesus


S237p Perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais de mulheres com
fibromialgia : estudo transversal caso-controle / Matheus Liniker de
Jesus Santos ; orientador Murilo Marchioro. – São Cristóvão, SE,
2021.
87 f. : il.

Dissertação (mestrado em Ciências Fisiológicas) –


Universidade Federal de Sergipe, 2021.

1. Fibromialgia. 2. Dor crônica. 3. Plasticidade neuronal. 4.


Ondas cerebrais. I. Marchioro, Murilo, orient. II. Título

CDU 612.746:616.8-009.7

III
MATHEUS LINIKER DE JESUS SANTOS

PERFIL ELETROFISIOLÓGICO DAS ONDAS CEREBRAIS DE


MULHERES COM FIBROMIALGIA:
ESTUDO TRANSVERSAL CASO-CONTROLE

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Ciências
Fisiológicas da Universidade Federal de
Sergipe, como requisito para a obtenção do grau
de Mestre em Ciências Fisiológicas.

_______________________________________________________

Prof. Dr. Murilo Marchioro (Presidente)

_______________________________________________________

Prof. Dr. José Garcia Vivas Miranda (1º Examinador)

_______________________________________________________

Profa. Dra. Larissa Resende Oliveira (2ª Examinadora)

IV
Dedico este trabalho a minha mãe, companheira de todas as horas,
pelo incentivo, abnegação e apoio, minha pessoa.

V
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida, pela saúde, pelos destinos que me fez percorrer para conhecer
pessoas incríveis e realizar meus sonhos.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Murilo Marchioro, pela confiança e parceria depositada.
Muito além de mentor, um avô-científico que o plano espiritual me apresentou. Um
pesquisador incrível, com sua sensibilidade em ajudar as pessoas e eterna curiosidade. É
uma honra e um orgulho concluir este mestrado sob sua orientação. O senhor me inspira!

À minha coorientadora, Profa. Dra. Josimari Melo de Santana, por me adotar


cientificamente, sendo minha mãe-científica, e assumir a responsabilidade de me criar
junto ao meu avô-científico. Agradeço imensamente por todos os aconselhamentos que
me deu de forma carinhosa e experiente. Contar com seu apoio foi essencial nessa
trajetória e palavras nunca serão capazes de traduzir o que sinto.

Às minhas mães-científicas, Profa. Dra. Valeria Priscila de Barros, Profa. Dra. Cynthia
Lara de Castro Manso, Profa. Dra. Luciane Moreno Storti de Melo, Profa. Dra. Célia
Gomes Siqueira, por terem sido influências decisivas para o meu ingresso no mundo da
pós-graduação. Em especial ao meu primeiro pai-científico, Prof. Dr. Ricardo Coelho de
Sousa. Obrigado por fazerem parte da minha vida, me ensinando tantas coisas no campo
científico e mesmo moral e pessoal, por terem me ouvido quando eu precisava falar, por
terem me apoiado e me incentivado rumo à ciência. Sem vocês me apoiando, eu nem seria
quem sou hoje.

Aos professores do PROCFIS, por todos os ensinamentos, conhecimentos e amizade que


foram construídos nesses dois anos. A paixão pela fisiologia que vocês possuem irradia
em mim e me reforça a certeza que estou no caminho certo. Em especial, aos professores
Danilo Lustrino e Cristiane Bani, por todas as discussões e reflexões.

À secretaria do PROCFIS, em especial à Thais, pela cumplicidade e atenção que sempre


distribuiu ao resolver problemas e tirar minhas dúvidas. Trabalhar com você é muito bom.

Ao Renivan, pela amizade, pelo carinho, pelo ombro amigo, pela conversa, pelo abraço
apertado. Quem poderia supor que o carinha que me conheceu discutindo no dia da
matrícula institucional se tornaria uma das pessoas mais importantes da minha vida nos
últimos anos. Sua presença deixou tudo mais leve. Feliz de quem tem um Renivas na
vida!

À Ninha e Edivânia, que alegravam o dia por mais difícil que fosse. Trabalham muito na
Universidade, mas sempre estavam com a melhor energia no abraço. Vocês nem
imaginam o quanto são importantes para mim. Quero vocês até o último dia de minha
vida; amo vocês.

Aos amigos de pós-graduação, obrigado por dividirem comigo tantas risadas, lágrimas,
ansiedades, conhecimentos, experimentos e cachaças, fazendo com que essa jornada fosse
mais prazerosa e divertida. Em especial, a Luana, Sabrina, Camila Perete, Wemerson,
Ana Karolina, Monalisa, Beatriz, Isabela, André, Ivone e Thaysa.

VI
A Eline e Akeline, minhas companheiras/irmãs-científicas, que estiveram e estão comigo
para o que der e vier. Muito obrigado pela parceria, cooperação e, principalmente, pela
amizade firmada. Vocês são minha família fora de casa e nunca terei como retribuir o
tanto que vocês fazem por mim. Gratidão!

Aos queridos orientandos e amigos, Dani, Isaac e de maneira especial a Leonardo, meu
pupilo, pela confiança e parceria de todas as horas. Vocês foram essenciais neste trabalho.

Aos amigos Ademir, Luciana, Renata, Lohanny, Izabella Mendonça, Isabela Batista,
Lucas Montalvani, Marcelo, Gilsinho, Ângela, Érika, Wesla, Mylaine e Mateus, pelo
apoio e motivação que sempre emanaram em palavras ou em gestos.

Ao João Paulo, pelo companheirismo, incentivo e disponibilidade de me ouvir falando do


trabalho 24h por dia nos últimos meses. Você é um presente que ganhei do universo.

Aos meus tios, especialmente tia Maria, tia Carminha e tia Mônica, que são como uma
segunda mãe para mim.

Aos meus avôs, por serem tão presentes em minha vida e sempre pensarem no meu futuro.
Amo vocês. Muito obrigado por tudo!

Aos meus pais e minha irmã. A família é a base de quem sou. A vida difícil enfrentada
nas feiras livres, acordando na madrugada, pegando peso e suando muito talvez tenha
sido o principal combustível para estudar, tentar mudar de vida e acabar com todo esse
desgaste. Obrigado por todo suor derramado para me proporcionar um ensino de
qualidade. Amo vocês imensuravelmente.

Aos queridos da UFBA, Prof. Dr. José Garcia Vivas Miranda e Ma. Thaise Toutain, duas
pessoas maravilhosas que o universo deu de presente ao planeta Terra. Obrigado!

À Prof. Dra. Larissa Resende Oliveira, por toda a sensibilidade e educação que emana ao
contribuir neste trabalho. Você é verdadeiramente um exemplo para mim.

A FAPITEC, por ter viabilizado os recursos financeiros que fizeram possível a execução
deste trabalho, sendo uma grande parceira dos pesquisadores sergipanos.

Às voluntárias que fizeram parte da pesquisa, vocês contribuem com o desenvolvimento


de evidências científicas para a melhoria da vida de milhares de pessoas.

E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram neste projeto, agradeço.

Muito obrigado!

VII
“Todo mundo é capaz de dominar
uma dor, exceto quem a sente.”
William Shakespeare

RESUMO
VIII
Perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais de mulheres com fibromialgia: Estudo
transversal caso controle. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021. A
fibromialgia (FM) é uma síndrome caracterizada por dor crônica musculoesquelética
difusa associada a distúrbios psicossomáticos, tendo a hiperexcitabilidade de circuitos
neurais (sensibilização central) como principal hipótese fisiopatológica. A
eletroencefalografia é uma técnica de medição direta da atividade neural através de
oscilações elétricas que detecta disfunções cerebrais, inclusive aquelas relacionadas à dor.
No entanto, poucos estudos investigam esses mecanismos em FM. Deste modo, o objetivo
do estudo foi investigar o perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais em mulheres com
diagnóstico de fibromialgia. Neste estudo observacional transversal caso-controle, 40
voluntárias foram alocadas em dois grupos: grupo fibromialgia (n = 20) e grupo controle
(n = 20). Após avaliado o cumprimento dos critérios de inclusão e exclusão para os grupos
e respondidos os questionários socioeconômico e clínico, as voluntárias foram avaliadas
através de eletroencefalograma e potencial relacionado a evento no componente auditivo
P300. A análise eletrofisiológica realizada em pacientes fibromiálgicas indicou maior
amplitude relativa das ondas alpha (8-12 Hz) nos quadrantes anteriores cerebrais, direito
e esquerdo (p ≤ 0,05), e menores amplitudes das ondas beta 3 (24-30 Hz) no quadrante
anterior direito (p ≤ 0,05). Ao analisar os eletrodos individualmente, foram observadas
maiores amplitudes alpha nos eletrodos F7, F4, F8 e T4 (p ≤ 0,05), beta 1 (12-18Hz) em
Fp2, F3, Fz, F4, F8, Cz, C4, Pz, P4 e T6 (p ≤ 0,05) e menores amplitudes beta 3 e gama
(> 30 Hz) no eletrodo da região frontal F4 (p ≤ 0,05). As amplitudes P300 se mostraram
reduzidas nos eletrodos Fz, Cz e Pz (p ≤ 0,001) em fibromiálgicas quando comparado
com mulheres saudáveis. Houve também em FM um aumento da latência do pico P200
(p ≤ 0,05) e vale N200 (p ≤ 0,01) na região parietal Pz. Alterações na atividade cerebral
para ondas de alta frequência como alpha e beta já foram relatadas na literatura no
envolvimento em diversas doenças dolorosas e parece que assim também acontece para
a FM. Os potenciais P300 reduzidos nas regiões frontais, centrais e parietais, e as latências
aumentadas na região parietal podem refletir no caráter cognitivo disfuncional
experienciado pelas pessoas diagnosticadas com esta síndrome. A predileção pelo
hemisfério direito e região anterior cerebral evidenciada neste trabalho talvez represente
uma modificação do referencial alostático produzido pela cronicidade da sensação
dolorosa produzida através das alterações nociplásticos mal adaptativas.

Descritores: Fibromialgia, Dor crônica, Neuroplasticidade, Ondas cerebrais, Potencial


Relacionado a Eventos.

ABSTRACT
IX
Electrophysiological profile of brain waves of women with fibromyalgia: cross-
sectional case-control study. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021.
Fibromyalgia (FM) is a syndrome characterized by chronic diffuse musculoskeletal pain
associated with psychosomatic disorders, having hyperexcitability of neural circuits
(central sensitization) as the main pathophysiological hypothesis.
Electroencephalography is a technique for direct measurement of neural activity through
electrical oscillations, which detects brain dysfunctions, including those related to pain.
However, few studies investigate these mechanisms in FM patients. Thus, the aim of the
study was to investigate the electrophysiological profile of brain waves in women
diagnosed with fibromyalgia. In this cross-sectional observational case-control study, 40
volunteers were allocated into two groups: fibromyalgia group (n=20) and control group
(n=20). After evaluating the fulfillment of the inclusion and exclusion criteria for the
groups and answering the socioeconomic and clinical questionnaires, volunteers were
assessed using an electroencephalogram and event-related potential in the P300 hearing
component. The electrophysiological analysis showed that FM patients showed a greater
relative amplitude of alpha waves (8-12 Hz) in the anterior brain quadrants, right and left
(p ≤ 0.05), and lower amplitudes of beta 3 waves (24-30 Hz) in the right anterior quadrant
(p ≤ 0.05). When analyzing the electrodes individually, greater alpha amplitudes were
observed in the electrodes F7, F4, F8 and T4 (p ≤ 0.05), beta 1 (12-18Hz) in Fp2, F3, Fz,
F4, F8, Cz, C4, Pz, P4 and T6 (p ≤ 0.05), and lower beta 3 and gamma amplitudes (> 30
Hz) at the electrode of the frontal region F4 (p ≤ 0.05). P300 amplitudes were reduced in
the Fz, Cz and Pz electrodes (p ≤ 0.001) in FM subjects when compared to healthy
women. In FM group, there was also an increase in the latency of the peak P200 (p ≤
0.05) and N200 (p ≤ 0.01) in the parietal region Pz. Changes in brain activity for high
frequency waves such as alpha and beta have already been reported in the literature in the
involvement in several painful pathologies and it seems that this is also the case for FM.
Reduced P300 potentials in the frontal, central and parietal regions, and increased
latencies in the parietal region may reflect on the dysfunctional cognitive character
experienced by patients with the syndrome. The predilection for the right hemisphere and
anterior cerebral region evidenced in this work may represent a modification of the
allostatic reference produced by the chronicity of the painful sensation produced by
maladaptive nociplastic changes.

Key-words: Fibromyalgia, Chronic pain, Neuroplasticity, Brain waves, Event Related


Potential.

X
RESUMO PARA A SOCICEDADE
Perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais de mulheres com fibromialgia: Estudo
transversal caso controle. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021. A
fibromialgia (FM) é uma doença sobre a qual ainda pouco se sabe. Suas características
conhecidas incluem ansiedade, depressão, fadiga, problemas cognitivos e,
principalmente, dor persistente em todo o corpo. Pesquisadores ao redor do mundo têm
buscado elucidar as causas, diagnóstico e tratamento adequado da doença. Dentre as
hipóteses sugeridas, está a ativação exagerada do sistema nervoso. Esse trabalho
desenvolvido na Universidade Federal de Sergipe investigou tal ativação neural em
mulheres com FM em comparação àquela que se observa em mulheres sem a doença.
Participaram do estudo 40 mulheres sergipanas, sendo 20 fibromiálgicas e 20 saudáveis,
avaliadas através de questionários sobre a intensidade de dor, sintomas de depressão e
ansiedade, pessimismo no enfrentamento à doença e fatores socioeconômicos; e de
eletroencefalografia e estimulação auditivo com resposta cerebral. O EEG revelou
ativação aumentada em duas regiões específicas do cérebro: o lado direito e a região
anterior. O lado direito do cérebro é conhecido como o lado emocional, ligado aos
sentimentos, enquanto a região anterior é responsável por atividades cognitivas como
atenção e memória. Ainda não está esclarecido se a alta atividade concentrada nessas duas
regiões que diferencia o cérebro de uma pessoa com FM de uma sem a doença é o fator
causador da sensação de dor ou se é uma consequência dela. É possível dizer, contudo,
que essas regiões estão relacionadas aos diversos sintomas da FM. A estimulação auditiva
com resposta cerebral, que avalia o potencial cognitivo cerebral, também revelou um
comportamento diferenciado entre os dois grupos de mulheres. As respostas produzidas
pelos estímulos de som foram baixas e lentas entre as fibromiálgicas, o que revela um
cérebro com dificuldade de atenção. Esse achado evidencia o fator por trás de muitas das
dificuldades e desafios que as pessoas com diagnóstico de FM enfrentam no seu dia a dia
e em seus tratamentos. Acreditamos que haja um processo de competição entre as funções
cerebrais e a dor sentida, e que o sistema nervoso não consegue retornar ao estado anterior
a ela, se acostumando ao novo estado. Esse trabalho reforça a necessidade de novos
estudos, feitos de forma colaborativa por pesquisadores de todas as partes do mundo,
poderão ampliar os horizontes para compreensão da FM, assim como testes com
tratamentos voltados para as atividades cognitivas auxiliando essa população no
diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento.

XI
ABSTRACT FOR THE COMMUNITY
Electrophysiological profile of brain waves of women with fibromyalgia: Cross-
sectional case-control study. Matheus Liniker de Jesus Santos, São Cristóvão, 2021.
Fibromyalgia (FM) is a disease about which little is known. Its known characteristics
include anxiety, depression, fatigue, cognitive problems and, mainly, persistent pain
throughout the body. Researchers around the world have sought to elucidate the causes,
diagnosis and appropriate treatment of the disease. Among the suggested hypotheses is
the exaggerated activation of the nervous system. This work developed at the Federal
University of Sergipe investigated such neural activation in women with FM compared
to that observed in women without the disease. Forty women from Sergipe participated
in the study, 20 of them fibromyalgia and 20 healthy, assessed through questionnaires
about the intensity of pain, symptoms of depression and anxiety, pessimism in coping
with the disease and socioeconomic factors; and electroencephalography and auditory
stimulation with brain response. The EEG revealed increased activation in two specific
regions of the brain: the right side and the anterior region. The right side of the brain is
known as the emotional side, linked to feelings, while the anterior region is responsible
for cognitive activities such as attention and memory. It remains unclear whether the high
activity concentrated in these two regions that differentiates the brain of a person with
FM from one without the disease is the factor causing the sensation of pain or if it is a
consequence of it. It is possible to say, however, that these regions are related to the
various symptoms of FM. Auditory stimulation with brain response, which assesses brain
cognitive potential, also revealed a different behavior between the two groups of women.
The responses produced by the sound stimuli were low and slow among the fibromyalgia
patients, which reveals a brain with difficulty in attention. This finding highlights the
factor behind many of the difficulties and challenges that people diagnosed with FM face
in their daily lives and in their treatments. We believe that there is a process of
competition between brain functions and the pain felt, and that the nervous system cannot
return to the state before it, getting used to the new state. This work reinforces the need
for new studies, carried out collaboratively by researchers from all parts of the world, to
expand the horizons for understanding FM, as well as tests with treatments aimed at
cognitive activities, helping this population in early diagnosis, treatment and follow up.

XII
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Geração do Sinal Elétrico do EEG.......................................................................7

Figura 2a. Sistema Internacional 10-20 para posicionamento de eletrodos........................9

Figura 2b. Representação esquemática da deformação de onda gerada – ERPs...............11

Figura 3. Distribuição das avaliações por laboratório de pesquisa....................................20

Figura 4. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por quadrantes (AD - F3,


F7, T3, C3; AE - F4, F8, T4, C4; PE - T5, P3, O1; e PD - T4, P4, O2) comparando
mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis............................................................23

Figura 5. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos


individualizados da região frontal e pré-frontal do cérebro na disposição 10/20
comparando mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis........................................24

Figura 6. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos


individualizados da região central e temporal do cérebro na disposição 10/20 comparando
mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis............................................................25

Figura 7. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos


individualizados da região parietal e temporal do cérebro na disposição 10/20
comparando mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis........................................26

Figura 8. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos


individualizados da região occipital do cérebro na disposição 10/20 comparando mulheres
com fibromialgia e mulheres saudáveis............................................................................27

Figura 9. Esquema demonstrativo dos eletrodos e quadrantes que apresentaram diferenças


significativas (P ≤ 0,05) quanto a atividade elétrica cerebral quando comparando
mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis............................................................27

Figura 10. Amplitude (µV) da onda P300 nos eletrodos frontal (FZ), central (CZ) e
parietal (PZ) da linha Z comparando fibromiálgicas mulheres
saudáveis..........................................................................................................................28

Figura 11: Latência (ms) do pico P200 (P2) e vale N200 (N2) e amplitude (µV) do pico
P300 da região frontal comparando fibromiálgicas e mulheres saudáveis........................30

Figura 12. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos


individualizados da região anterior do cérebro na disposição 10/20 comparando mulheres
com fibromialgia e mulheres saudáveis............................................................................62

Figura 13. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos


individualizados da região posterior do cérebro na disposição 10/20 comparando
mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis............................................................63

XIII
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica e clínica das participantes do estudo............21

Tabela 2. Valores numéricos das análises da deformação da onda P300. FZ – P300: pico
P300 da região frontal da linha Z; CZ – P300: pico P300 da região central da linha Z; PZ
– P300: pico P300 da região parietal da linha Z................................................................29

Tabela 3. Valores numéricos das análises da deformação da onda P300 da região parietal.
PZ – P200: latência do pico P200; PZ – N200: latência do vale N200; PZ – P300: pico
P300.................................................................................................................................29

Tabela 4. Dados obtidos no EEGq por eletrodo................................................................58

Tabela 5. Dados obtidos no EEGq por quadrante.............................................................61

XIV
LISTA DE ABREVIATURAS

ACR Coéegio Americano de Reumatologia (American College of Reumatology)


AD Quadrante cerebral anterior direito
AE Quadrante cerebral anterior esquerdo
dB Decibel
EEG Exame de eletroencefalograma
ERP Potencial relacionado a evento (event related potential)
FM Fibromialgia
HPA Hipotálamo-hipófise-adrenal
Hz Hertz
IDATE – T Inventário de Ansiedade Estado
IDATE – T Inventário de Ansiedade Traço
IDB Inventário de Depressão de Beck
IMC Índice de massa corporal
LAPENE Laboratório de Pesquisa em Neurociência
LCR Líquido cefalorraquidiano
LDP Limiar de dor por pressão
LNFS Laboratório de Neurofisiologia
N2 Componente N200 (ERP)
P2 Componente P200 (ERP)
P3 Componente P300 (ERP)
PD Quadrante cerebral posterior direito
PE Quadrante cerebral posterior esquerdo
QCD Questionário de Catastrofização da Dor
QIF Questionário de Impacto da Fibromialgia

XV
Sumário
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 4
2.1 Histórico da fibromialgia ..................................................................................... 4

2.2 Fisiopatologia da fibromialgia ............................................................................. 5

2.3 Eletroencefalografia ............................................................................................. 7

2.4 Potencial Evocado ............................................................................................. 10

3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 13
Objetivo Geral ......................................................................................................... 13

Objetivos Específicos .............................................................................................. 13

4 MATERIAS E MÉTODOS ...................................................................................... 14


4.1 Aspectos éticos .................................................................................................. 14

4.2 Delineamento .................................................................................................... 14

4.3 Critérios de Inclusão e Exclusão ........................................................................ 14

4.3 Local da Pesquisa .............................................................................................. 15

4.4 Cálculo do n amostral ........................................................................................ 15

4.5 Variáveis mensuradas ........................................................................................ 15

4.5.1 Impacto da Fibromialgia ............................................................................. 16

4.5.2 Intensidade de dor....................................................................................... 16

4.5.3 Depressão ................................................................................................... 16

4.5.5 Catastrofização da dor ................................................................................ 17

4.5.6 Ansiedade ................................................................................................... 17

4.6 Limiar de dor por pressão (LDP) ....................................................................... 18

4.7 Eletroencefalograma .......................................................................................... 18

4.8 Potencial endógeno evocado P300 ..................................................................... 19

4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................... 20


5 RESULTADOS ....................................................................................................... 21

XVI
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 31
Limitações ............................................................................................................... 36

Perspectivas............................................................................................................. 36

7 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 37
8 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 38
APÊNDICES .............................................................................................................. 54
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................................ 54

QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO....................................... 56

DESCRIÇÃO DOS DADOS EEGq ......................................................................... 58

ANEXOS .................................................................................................................... 63

XVII
1 INTRODUÇÃO

A fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor crônica musculoesquelética


caracterizada por hiperalgesia mecânica difusa, alodinia, fadiga crônica, alterações
circadianas, problemas psicofisiológicos como depressão e ansiedade, catastrofização da
dor, distúrbios do sono e comprometimento cognitivo (WOLFE et al., 1990; BELT et al.,
2009; WOLFE et al., 2010; EL-SAWY et al., 2012; LIMA et al., 2015). Estudos apontam
que essa síndrome afeta de 1,6% a 6,4% da população mundial, sendo 85% desses
pacientes, mulheres de meia idade (JENSEN et al., 2012; VINCENT et al. 2013).
Com etiologia e fisiopatologia ainda não bem esclarecidas, a ciência busca
relacionar a fibromialgia com disfunções do sistema nervoso, central e periférico, tanto
do ponto de vista funcional quanto anatômico, alterações de neurotransmissores, sistemas
endócrino e imunológico, estressores externos e aspectos psicológicos. Esta busca
incessante visa contribuir para que se estabeleça um padrão mais significativo na
patogênese da fibromialgia (LEVINE et al., 2015; SLUKA & CLAUW, 2016).
Estudos mostram que o desenvolvimento e a progressão da doença podem estar
relacionados tanto à sensibilização periférica como central (LITTLEJOHN et al., 1987;
CLAUW, 2007; YUNUS, 2007; STAUD et al. 2008), que sustentaria em fibromiálgicas,
o menor limiar de dor e a maior sensibilidade à dor em resposta a estímulos nocivos e não
nocivos quando comparadas com pessoas saudáveis (GRANGES & LITTLEJOHN,
1993; DESMEULES, 2003; PETZKE et al., 2003).
Embora as regiões cerebrais envolvidas no processamento da dor não sejam
totalmente conhecidas, a sintomatologia complexa, associada a hiperalgesia e resposta de
dor exacerbada à pressão parecem ser produzidas a partir de um processo de
sensibilização central na fibromiálgica. Acredita-se que, nesses pacientes, a
sensibilização central deva estar relacionada às alterações por todo o neuroeixo
nociceptivo, envolvendo o funcionamento de neurônios e vias nociceptivas, provenientes
de aumento da excitabilidade da membrana, redução da inibição ou eficiência sináptica,
deste modo, comprometendo o funcionamento do sistema modulador descendente
(WOOLF, 1983; DEITOS et al. 2015; BOTELHO et al. 2016).
A existência de uma complexa matriz de processamento da dor que agrupa
estruturas cerebrais, periféricas e medula espinal nos traduz um abstrato funcionamento.
No cérebro, especificamente, é apontada a interação de diversas regiões corticais, como

1
frontal, pré-frontal e parietal, e o sistema límbico que, durante a sensação desagradável
de dor, formam uma rede cerebral complexa (OSSIPOV et al., 2010).
Em 2020 a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) incluiu a
fibromialgia no grupo das dores nociplasticas, sendo este grupo composto por patologias
em que a dor surge de uma nocicepção alterada, apesar de não haver evidência clara, ou
ameaça, de lesão tecidual real provocando a ativação de nociceptores periféricos, ou
evidência de doença ou lesão no sistema somatossensitivo que cause a dor (RAJA et al.,
2020).
Neste contexto, a técnica de eletroencefalografia, sendo uma técnica de baixo
custo, tem sido fundamental na busca de descobertas no campo da cognição, função e
disfunção cerebral, uma vez que apresenta alta precisão temporal e medição direta da
atividade neural através das oscilações elétricas (COHEN, 2017). Os estudos de
eletroencefalografia até então realizados em pacientes diagnosticadas com fibromialgia
diferem-se nos achados, enquanto alguns apontam maior densidade de potência apenas
nos segmentos das bandas beta (16-23 Hz e 23-30 Hz), outros relatam potências elevadas
também de ondas gama (30-50 Hz), maior coerência intra-hemisférica centro-parietal
esquerda nas bandas theta (4-8 Hz) e beta-3 (23-30 Hz), e maior atividade theta pré-
frontal, evidenciando alterações nos padrões de ondas cerebrais. Sugere-se que essas
alterações podem estar relacionadas a mudanças na atividade e conectividade funcional
do cérebro devido à manutenção da dor ao longo do tempo (GONZALES-ROLDAN et
al., 2016; FALLON et al., 2018; LEE et al., 2019).
Ainda na área da eletrofisiologia cerebral, os potenciais relacionados a eventos
(ERP, do inglês event-relataded potentials) são marcadores que permitem a identificação
da relação entre atividade neural e processamento de estímulos (CHARNEY &
NESTLER, 2008). O componente P300 é um ERP caracterizado como uma deformação
de onda positiva que ocorre especificamente entre 300 e 500 ms após o início do estímulo
desviante e avalia sua detecção rápida pelo participante sem comprometer a precisão
(SUTTON et al., 1965), correspondendo-se à resposta cognitiva cerebral.
Sabendo que a disfunção cognitiva é um fenômeno bastante característico nas
portadoras da síndrome e, muitas vezes, não é investigado minuciosamente, seja pelo foco
principal em componentes físicos funcionais ou nociceptivos, ou mesmo pela dificuldade
instrumental, o ERP tem sido utilizado para investigar componentes cognitivos nestas
pacientes (GLASS & PARK, 2001). A literatura inconsistente não aponta uma posição
comum sobre esses pacientes possuírem ou não menor desempenho nessas atividades

2
cerebrais (GRACE et al., 1999; GLASS E PARK, 2001; PARK et al., 2001; DICK et al.,
2008; SUHR, 2003; WALITT et al., 2008; GLASS et al., 2011; WALITT et al., 2016),
muito pouco sabe-se sobre a real condição funcional cognitiva em fibromiálgicas.
Diante do exposto, a proposta desse estudo é investigar, através da eletrofisiologia,
o perfil de atividade elétrica cerebral e possíveis alterações de fibromiálgicas comparadas
com mulheres saudáveis a partir da técnica de eletroencefalografia quantitativa (EEGq);
investigar a tarefa de potencial relacionado a evento, na latência dos componentes N200
e P200 da região parietal, a amplitude do componente P300 nas regiões frontal, central e
parietal. Vale ressaltar que esse é o primeiro estudo caso-controle avaliando atividade
elétrica cerebral em fibromiálgicas realizado no Brasil.

Nossa hipótese é que essas pacientes possuem padrões de ondas cerebrais com
predomínio de ondas especificas, beta e/ou gama, que sejam coerentes com a situação de
processamento de dor contínuo, uma deformação incomum na onda P300 que
corroboraria os estudos que evidenciam a disfunção cognitiva das mulheres com
fibromialgia quando comparadas com o grupo controle. Logo, esse projeto visa fornecer
contribuições para o melhor entendimento da fisiopatologia da FM.

3
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Histórico da fibromialgia

A fibromialgia é caracterizada como uma síndrome por possuir um grande


espectro de sintomas incluindo dor crônica generalizada, fadiga, alterações de humor, na
qualidade de vida, distúrbios do sono, entre outras comorbidades funcionais, fisiológicas
e psicossociais (MEASE & SEYMOUR, 2008). Descrita em relatos clínicos desde o
século XVI, no século XIX passou a ser conhecida pelo termo “neurastenia”, foi
rebatizada por Gowers em 1904 de “Fibrosite” (GOWERS, 1904; INANICI & YUNUS,
2004; MEASE, 2005; BESSET et al., 2010).
Sabendo-se muito pouco sobre a patologia, com suspeitas de envolvimento
articular na condição de dor musculoesquelética, os pesquisadores da época se
debruçaram a estudar os pacientes “fibrosíticos” e entender melhor os sinais associados
a síndrome. Em 1975, Moldofksy e seu grupo publicou o estudo “fibrositis syndrome”,
apresentando um conjunto de distúrbios consideráveis nas ondas eletroencefalográficas
captadas durante as fases do ciclo sono-vigília e associando essas alterações com
distúrbios serotoninérgicos (MOLDOFSKY et al., 1975; BESSET et al., 2010).
Entendendo um pouco mais sobre a condição, na década de 1970 com os estudos
do Hench et al. (1976), a fibrosite foi renomeada de fibromialgia (fibro - tecido fibroso,
mio - músculos e algia - dor) promovendo uma melhor compreensão uma vez que o novo
termo era formado pelas três condições mais incidentes na população que apresentava a
patologia. Sendo bem aceita pelos estudiosos da época, o novo termo incentivou a busca
de outros critérios (YUNUS et al., 1981, 1989; WOLFE, CATHEY & KLEINHEKSEL,
1984; YUNUS, 1984; BENNETT et al., 1989).
O American College of Reumatology (ACR) em 1990 classificou a síndrome como
um subgrupo de dor generalizada crônica, entendendo-a como uma condição de dor
contínua por no mínimo 3 meses, prevalente nos quatro quadrantes do corpo, melhor
localizada no esqueleto axial, sensibilidade em pelo menos 11 dos 18 pontos sensíveis
bem definidos no exame físico (tender points) relatando dor a partir de 4 kg de pressão,
apresentando ainda outros sinais concomitantes de hiperalgesia mecânica generalizada
(WOLFE et al., 1990). Apesar de contribuírem para definir a patologia, estes critérios
sofreram fortes críticas por se concentrarem apenas na dor e não levar em consideração
os outros sintomas que os pacientes experimentavam (JAIN et al., 2003; MEASE, 2005;
HARTH & NIELSON, 2007). Em 2009, Boomershine e Crofford relataram que os

4
critérios até então estabelecidos eram limitados e não agrupavam mais de 40% dos
pacientes com fibromialgia. Após revisados, os novos critérios de diagnóstico
abandonaram apenas a contagem superior a 10 dos 18 tender points e incluíram outros
sintomas comuns a essa patologia, tais como: fadiga, rigidez matinal, distúrbios do sono,
comprometimento cognitivo, ansiedade e depressão (MEASE, 2005; ABELES et al.,
2007; BELT et al., 2009; WILLIAMS & CLAUW, 2009; WOLFE et al., 2011).

2.2 Fisiopatologia da fibromialgia

A fisiopatologia da síndrome fibromiálgica permanece tão desconhecida quanto


sua etiologia. A inexistência de mecanismos conhecidos para a condição impossibilita o
diagnóstico por meio de testes laboratoriais. A busca por compreender a síndrome conta
com movimentações em diversas áreas das ciências da vida. Na década de 70 já se
apontavam mudanças na atividade cerebral de repouso dessas pacientes, o que poderia
sugerir uma alteração via sistema nervoso central para promoção da síndrome.
Posteriormente, estudos evidenciaram um aumento da concentração de duas
substâncias no líquido cefalorraquidiano (LCR) na ordem de duas a três vezes o normal:
glutamato, neurotransmissor excitatório (SARCHIELLI et al., 2007) e substância P,
neuromodulador, ambos envolvidos na nocicepção (RAO et al., 2008; VAEROY et al.,
1988; RUSSELL et al., 1994; WELIN et al., 1995; BRADLEY et al., 1996). Embora o
funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) em fibromiálgicas seja muito
pouco conhecido, foi observado uma resposta diminuída ao cortisol e leve aumento da
Concentração do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) a um desafio do fator de
liberação de corticotrofina (RAO et al., 2008). Pouco tempo depois Williams e Clauw,
(2009) observaram uma diminuição dos principais metabólitos da noradrenalina e
serotonina no LCR e níveis baixos de L-triptofano e serotonina no sangue.
Dentre as diversas possibilidades, a sensibilização central tem tomado posição de
destaque. Estudos que utilizaram exames de neuroimagem como ressonância magnética
funcional, tomografia de emissão de pósitrons e magnetoencefalografia em pacientes com
dor apontam distribuição generalizada de alterações no processamento cerebral. De fato,
a associação entre dor crônica e alterações na atividade cerebral têm sido a bastante tempo
apontada em regiões cerebrais diversas como frontal, parietal, somatosensoriais e
sensoriomotoras (VALERIANI et al., 2002; COGHILL et al., 2001; BENTLEY et al.,
2002; NIDDAM et al., 2002).

5
A desregulação dos circuitos de interneurônios inibitórios e alterações no
processamento de estímulos nociceptivos periféricos levando ao comprometimento do
funcionamento do sistema modulatório descendente proposto por Deitos et al. (2015)
representa um mecanismos consistente para que seja evidenciada alterações nos processos
neuroplásticos dos sistemas neurobiológicos, resultando os componentes fisiopatológicos
das sintomatologias clínicas e das alterações neurofisiológicas como a diminuição no
limiar de dor (BOTELHO et al., 2016).
As dimensões da dor proposta por Melzack e Casey (1968) são categóricas a
endereçar a experiência dolorosa com a atividade de uma grande rede de interação
cerebral com diferentes funcionalidades e intimamente relacionada a domínios distintos
da dor. Posteriomente, Jones et al. (2012) se debruçando sobre estes conhecimentos
propõe que a matriz de processamento doloroso compreende os domínios Sensório-
discriminativo, afetivo-motivacional e cognitivo-avaliativo. Deste modo, em uma
condição habitual, a informação sináptica nociceptiva ao chegar no centro gerenciado,
representado pelo tálamo, seguiria vias distintas. Uma parte da informação seria
direcionada para o córtex somatosensorial primário e secundário onde seria dado o
processamento localizacional do estímulo, correspondendo a discriminação do local que
dar início ao estimulo; uma segunda parte da informação seria direcionada para a região
do córtex cingulado anterior e córtex insular, compreendendo o domínio afetivo-
motivacional, que processaria a informação quanto a intensidade, ou seja o nível de
sensação desagradável produzido; e para finalizar a informação seria encaminhada ao
domínio cognitivo-avaliativo, representado pela interação entre córtex pré-frontal, córtex
insular e amigdala mais intimamente, traduzindo o potencial doloroso real a partir das
percepção individual quanto ao acontecimento. Posteriormente, a informação resultante
dos três domínios seria encaminhada ao local de origem do estimulo nociceptivo
(MELZACK & WALL, 1965; MELZACK E CASEY, 1968; JONES et al. 2012). Para a
fibromialgia especificamente, apesar de se compreender a rede de processamento da dor
a ausência do estimulo desencadeador produz uma lacuna muito grande no conhecimento.
As alterações eletroencefalográficas em fibromiálgicas não são concisas.
Enquanto alguns estudos têm apontado aumentadas atividades de ondas de alta frequência
como beta e gama, e diminuição das ondas alpha (GONZÁLEZ-ROLDÁN et al., 2016;
HARGROVE et al., 2010; NAVARRO-LÓPEZ et al., 2015), outros evidenciam alta
ativação das frequências alpha e beta como descrito por Vanneste e colaboradores (2017),
em seu trabalho recente. Essas alterações eletrofisiológicas se localizam em regiões

6
envolvidas na modulação da dor, proposta por Melzack e Casey (1968) e complementada
por Jones et al. (2012), mas ainda necessitam de maiores evidências para se chegar a um
consenso da fisiologia envolvida na fibromialgia.

2.3 Eletroencefalografia

O exame de eletroencefalograma (EEG) é um registro da diferença de potencial


elétrico ou de voltagem entre os vários pares de eletrodos colocado na superfície do
escalpo que registram os sinais elétricos gerados pela movimentação de cargas elétricas
nos tecidos cerebrais.
O registo elétrico ocorre continuamente e a intensidade e o ritmo destes sinais
dependem do nível global de excitação do cérebro (COSTA, 1994). Os sinais elétricos
cerebrais são pequenos e circundados por uma variedade de grandes potenciais elétricos
ambientais, necessitando que sejam filtrados e amplificados (DUFFY et al., 1989).
As células piramidais exercem a maior contribuição para os potenciais do EEG,
estando orientadas radialmente, perpendicularmente à superfície cortical. A ativação
sináptica no terminal de uma destas células piramidais produz uma corrente iônica que
promove alterações na permeabilidade da membrana (KIRSCHSTEIN & KOHLING,
2009).

Figura 1: Geração do Sinal Elétrico do EEG. Adaptado de Bear, Connors e Paradiso,


2016, p. 648-49.

7
Deste modo o EEG se caracteriza como uma sequência de oscilações no decorrer
do tempo, com frequências variantes entre 1 a 70 Hz (PEDLEY & TRAUB, 1990). As
células piramidais recebem muitas entradas sinápticas e o traçado EEG é fruto do
somatório destas. Se as ativações sinápticas acontecem em intervalos irregulares, a
atividade somada detectada pelo eletrodo apresentará uma pequena amplitude. De forma
diferente, se as entradas acontecem em uma janela de tempo estreita a resposta EEG
resultante é maior produzindo uma amplitude de onda aumentada (BEAR, CONNORS &
PARADISO, 2016). Este processo pode ser visualizado na Figura 1.
Essas frequências são divididas em faixas, ritmos ou bandas que caracterizam
padrões distintos de funcionalidade cerebral. No dia a dia, os ritmos são representados
por letras gregas: Delta (0,1 a 3,5 Hz), Theta (4,0 a 7,5 Hz), Alpha (8,0 a 12,5 Hz), Beta
(13 a 30) e Gama (> 30 Hz) (POBLET, 1988; GEDDES & BAKER, 1989;
NIEDERMEYER et al., 2005; COHEN 2014; NORTHROP 2012; MUNIAN;
SIVALINGAM; JAYARAMAN, 2014).
O ritmo delta caracteriza-se com a onda de menor frequência e está normalmente
predominante no sono profundo e nas enfermidades cerebrais graves. As ondas theta estão
associadas a estados de sonolência, pensamentos criativos e estados de hipnose. A
predominância de ambas é comum na infância (MUNIAN; SIVALINGAM;
JAYARAMAN, 2014).
As ondas alpha possuem formato sinusoidal e são melhores detectadas na região
occipital em condições normais. Este ritmo aparece intenso em pessoas saudáveis em um
estado desperto, sem realizar nenhuma atividade e com os olhos fechados, normalmente
associadas a estados mentais relaxados e calmos. Por corresponder a uma elevada
variação de frequência a banda beta é subdividida em beta 1 (13 a 18,5 Hz), beta 2 (19 a
24,5 Hz) e beta 3 (25 a 30 Hz). As ondas beta estão relacionadas a processos de atenção,
esforço mental, alta ativação do sistema nervoso central ou durante estados de tensão. O
ritmo gama possui a maior faixa de frequência e está associada a uma alta ativação do
cérebro em funções motoras, trabalho simultâneo e outras tarefas múltiplas (MUNIAN;
SIVALINGAM; JAYARAMAN, 2014; LEHEMBRE, 2012).
O exame de eletroencefalograma é realizado de forma não invasiva. O método
pioneiro e mais comum para colocação dos eletrodos é o Sistema 10-20 (MALMIVUO
& PLONSEY, 1995). O método capta os sinais eletrofisiológicos de cada região cerebral
utilizando 20 eletrodos: frontal (Fp1, Fp2, F3, F4, F7, F8 e Fz); central (C3, C4 e Cz);
parietal (P3, P4 e Pz); temporal (T3, T4, T5 e T6); e occipital (O1, O2 e Oz). O lado

8
direito agrupa os eletrodos pares, o lado esquerdo agrupa os ímpares e os terminados com
a letra Z estão dispostos na linha Z do crânio (DAVIDSON et al., 2000), como pode ser
observado na Figura 2.

Figura 2a: Sistema Internacional 10-20 para posicionamento de eletrodos


(MALMIVUO & PLONSEY, 1995).

Cohen (2014) ressalta que não são definidos limites precisos que definam as
bandas de frequência e que as diferenças individuais como estrutura do cérebro, idade,
capacidade de memória de trabalho e composição química do cérebro são refletidas em
picos de frequência. O EEG tem ganhado cada vez mais espaço nos ambientes
acadêmicos se mostrando uma ferramenta sensível para investigar o sistema nervoso
central e as diversas patologias que comprometem este sistema. Sendo sugerido até como
uma alternativa viável e de baixo custo no manejo de pacientes com dor crônica (LELIC
et al., 2014).
Apesar de muito se ter pesquisado sobre ativações incomuns em diferentes dores
neuropáticas (SARNTHEIN et al., 2006; DREWES et al., 2008; OLESEN et al., 2011;
SCHMIDT et al., 2012; VAN DEN BROEKE et al., 2013; VUCKOVIC et al. 2014),
ainda é encontrada uma lacuna muito grande de informação para as dores crônicas de
etiologia pouco esclarecida como a Síndrome Fibromiálgica.
Quando nos voltamos para os estudos da fibromialgia através do EEGq, nos
deparamos com poucos trabalhos que investiguem a patologia. Pinheiro et al. (2016) em
seu trabalho revisional sobre atividade EEGq e dor reuniu, até a data de sua publicação,
apenas quatro trabalhos que investigavam o comportamento eletrofisiológico relacionado

9
a fisiopatologia dolorosa em fibromiálgica (MONTOYA et al., 2006; SITGES et al.,
2007; GONZALEZ-ROLDAN et al., 2013; SITGES et al., 2010). Dos trabalhos incluídos
nesta revisão apenas Gonzalez-Roldan et al. (2013) avaliaram as frequências
eletroencefalográficas, no entanto o estudo seguiu um protocolo de intervenção com
utilização de imagens e não avaliando as fibromiálgicas em condição -, em repouso. Os
outros três estudos se debruçaram a entender Potenciais Relacionados a Eventos em
fibromiálgicas e concluíram uma diminuição na amplitude do potencial evocado
relacionado a dor.
Hargrove et al. (2010) apesar de não incluído no trabalho de Pinheiro et al. (2016)
identificaram em fibromiálgicas um aumento de amplitude das ondas de alta frequência,
como beta e gama, e diminuição das baixas frequências, como delta, theta e alpha.
Posteriormente, Navarro-López et al. (2015) reafirmou em seu estudo a redução dos
potenciais alpha na ativação cerebral de fibromiálgicas. Contrariando os estudos
anteriores, Vanneste et al. (2017) apresentou alta ativação das ondas alpha e beta
conjuntamente.
Em estudos mais recentes Villafaina et al. (2019) voltou a ressaltar a amplitude
das ondas alpha aumentadas em fibromiálgicas e propuseram uma íntima relação destas
ondas com a intensidade da dor vivenciada pela população de estudo. Como é possível
observar na literatura, ainda está longe de se chegar a um consenso sobre um perfil
especifico para a atividade cerebral de fibromiálgicas e há grande necessidades de estudos
que venham a contribuir com os achados, visto que a fibromialgia ainda se caracteriza
como uma patologia complexa e pouco elucidada.

2.4 Potencial Evocado

O potencial evocado é um potencial eletrofisiológico gerado a partir de alterações


na atividade cortical em resposta a um estímulo sensoriais apresentado. Esse potencial
pode ser registrado a partir do córtex cerebral, tronco ou mesmo da medula espinal,
geralmente apresentando uma baixa amplitude (microvolts) quando comparados a sinais
de eletroencefalograma (FELIX, 2006; PFURTSCHELLER; DA SILVA, 2011).
A atividade cerebral evocada ou Potenciais Relacionados a Eventos (Event
Related Potential, ERP) é revelada a partir de técnicas de promediação e processamento
de sinais exigidos a partir da presença contínua de um estímulo específico (SUR; SINHA,
2009; RANAUDO, 2012).

10
Os potenciais evocados são classificados quanto a sua frequência de estimulação
em transitórios e de regime permanente. Os transitórios apresentam-se a partir de
estímulos com baixa taxa de repetição (< 2Hz), possibilitando que cada resposta termine
antes do início do próximo estímulo. Por outro lado, os potenciais evocados permanentes
são produzidos a partir de uma taxa de frequência elevada (> 5Hz), o que promove
sobreposição de respostas a diferentes estímulos sucessivos (ALTENMÜLLER;
MÜNTE; GERLOFF, 2005).
Os ERPs são compostos por uma sequência de ondas caracterizadas por latência,
amplitude e polaridade. Esses potenciais são identificados pela letra “P”, representando
uma deflexão positiva (Pico), ou “N”, deflexão negativa (Vale); seguidas por um numeral
que revela a sua latência média (N100 ou P300), a ordem em que aparecem (P1, N1, P2,
N2, etc.) ou a latência experimental (N148, P125) (ALTENMÜLLER; MÜNTE;
GERLOFF, 2005). Na deformação da onda dos ERPs, a amplitude representa o alcance
do poder neural ou dos processos cognitivos específicos sensibilizados a partir do
estímulo e a latência que corresponde a evolução temporal deste processamento
(DINTEREN et al., 2014).

Figura 2b: Representação esquemática da deformação de onda gerada - ERPs.

A amplitude dos componentes ERP variam de acordo com a quantidade de


recursos atencionais alocados para realização da tarefa. Os componentes localizados nos
primeiros 100ms são de natureza exógena, uma vez que dependem em grande parte dos

11
parâmetros físicos do estímulo (SUR E SINHA, 2009). Os componentes seguintes (ou
seja, após 100ms) são de natureza endógenas, dependendo exclusivamente da avaliação
e processamento do estímulo (SUR E SINHA, 2009). Os componentes N100, P200 e
N200 são geralmente relacionados a mecanismos de seleção da atenção, enquanto o P300
trata da interpretação/categorização do estímulo (SOKHADZE et al., 2017). Deste modo,
N100 representa a atenção de orientação para com o estímulo. O vale N200 é descrito na
literatura como um componente endógeno de detecção de conflitos e processamento de
estimulo (SOKHADZE et al., 2017). O pico P200 reflete os processos de atenção e
discriminação do estimulo levando em consideração as dificuldades da tarefa (CONLEY
et al., 1999).
Segundo Mcpherson, Ballachanda & Kaf (2007), o componente P300 corresponde
a um ERP auditivo endógeno ou cognitivo e reflete a estimulação do nervo e núcleo
coclear, córtex auditivo e tronco cerebral, sendo o componente ERP mais estudado em
investigações de processamentos cognitivas individualizados ou relacionados a processos
patológicos.
Já é conhecido a bastante tempo os problemas atencionais presentes na população
fibromiálgica (DICK et al., 2002; DICK et al., 2008) e justificados pelo mecanismo de
competição do processamento cognitivo com a dor, que segundo Eccleston & Crombez
(1999) gera menor quantidade de recursos atencionais disponíveis para desempenho de
outras funções.
Os estudos mais recentes sobre a ativação atencional em portadores da síndrome
fibromiálgica apontam que existe uma redução na amplitude P300, e outros componentes
do ERP como N200 e P200. Essas alterações no processamento cognitivo estariam
relacionadas a alocação de informações prejudicados e possivelmente interferências com
o processamento da dor crônica (GONZÁLEZ-VILLAR et al., 2019; SAMARTIN-
VEIGA et al., 2019; GENTILE et al., 2020).

12
3 OBJETIVOS

Objetivo Geral
 Investigar o perfil e possíveis alterações das ondas cerebrais em mulheres
com diagnóstico de fibromialgia.
Objetivos Específicos
 Caracterizar o perfil socioeconómico e clínico das voluntárias
fibromiálgicas do estudo;
 Caracterizar o perfil de atividade cerebral em mulheres fibromiálgicas;
 Investigar o processamento cognitivo cerebral através da amplitude da
onda P300 no EEG de pacientes fibromiálgicas nas regiões frontal, central
e parietal;
 Investigar o processamento cognitivo cerebral através da latência dos
componentes ERP N200 e P200 da região parietal de pacientes
fibromiálgicas.

13
4 MATERIAS E MÉTODOS

4.1 Aspectos éticos

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e conduzido


respeitando as normas de conduta experimental com seres humanos da Universidade
Federal de Sergipe, respondendo pelo CAAE - 97669018.6.0000.5546/2.897.520, sob as
orientações das Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
Todas as voluntárias do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), disponível no Apêndice A

4.2 Delineamento
Trata-se de estudo tipo observacional transversal caso controle.
O projeto adota as recomendações internacionais para esse tipo de desenho
experimental, segundo o Strengthening the Reportinf of Observational Studies in
Epidemiology – STROBE Statement. Baseando-se na Newcastle-Ottawa Scale (NOS),
este estudo apresenta baixo risco de viés, atendendo os quesitos: seleção, comparabilidade
e exposição.
A amostra foi composta por voluntárias com diagnóstico clínico de fibromialgia
(CID 10–M79.7), comprovado por relatório médico atendendo os critérios estabelecidos
por Wolfe et al. (2010) e mulheres saudáveis sem histórico de dores crônicas que
atenderam aos critérios de inclusão e exclusão do presente estudo.
As voluntárias foram recrutadas no Ambulatório de Atendimento fisioterapêutico
localizado no Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Sergipe através
de uma lista de interesse em participar dos estudos. O contato inicial se deu através de
telefonema, sendo posteriormente agendada a triagem para cumprimento dos critérios de
inclusão e exclusão.

4.3 Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram incluídas no estudo: i) Grupo Caso: voluntárias com diagnóstico clínico de


fibromialgia, avaliado de acordo com os critérios classificatórios do Colégio Americano
de Reumatologia atualizados em 2010 por Wolfe et al (2010), do sexo feminino, com
idade entre 18 e 60 anos, que aceitaram assinar o TCLE; e ii) Grupo controle: voluntárias
sem diagnóstico clínico de fibromialgia ou outras doenças caracterizadas por dor crônica,
com idade entre 18 e 60 anos, que aceitaram assinar o TCLE. Foram excluídas as

14
voluntárias que apresentassem hipótese ou quadro sugestivo de doença psiquiátrica,
audiométrica ou neurológica que poderiam ocasionar alterações e impossibilitariam a
análise dos dados.
As voluntárias não foram avaliadas durante as fases menstrual e pré-menstrual,
evitando-se interferências hormonais na coleta EEG e sensibilização periférica.

4.3 Local da Pesquisa

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Neurofisiologia (LNFS) e no


Laboratório de Pesquisa em Neurociência (LAPENE), ambos localizados no Campus de
São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

4.4 Cálculo do n amostral

O tamanho amostral foi calculado considerando os dados do presente estudo. Foi


considerada a média e o desvio padrão dos grupos estudados, Grupo Fibromialgia e Grupo
Controle, respectivamente (22,3 ± 3,2), da variável amplitude relativa da frequência de
onda alpha no quadrante anterior direito, foi utilizado o poder do teste de 80% e nível de
confiança de 95%, sendo necessário 20 voluntárias em cada grupo, totalizando 40
voluntárias na amostra. A variável escolhida se baseou em estudos anteriores que
indicavam alterações eletrofisiológicas em FM quando comparados com pessoas
saudáveis. Foi utilizado o software SPSS Statistics 20 (SPSS Inc.®, Chocago, IL, EUA)
para realizar o cálculo.

4.5 Variáveis mensuradas

Grupo Fibromailgia: inicialmente, as voluntárias responderam ao Questionário


Sociodemográfico 1, com informações sobre data do diagnóstico, sinais e sintomas da
doença, existência de outros problemas de saúde, uso de medicamentos, entre outras
(APÊNDICE B). Em seguida, passaram por uma avaliação composta por questionários,
escalas, exames de eletroencefalograma e potencial relacionado a evento no componente
P300.
Grupo Controle: as voluntárias responderam ao Questionário Sociodemográfico
2, com informações sobre uso de medicamentos, problemas de saúde, entre outras
(APÊNDICE B). Em seguida, também foram avaliadas por meio de questionário
socioeconômico, exames de eletroencefalograma e potencial relacionado a evento no

15
componente P300. Todos as variáveis avaliadas no trabalho são descritas detalhadamente
a seguir.

4.5.1 Impacto da Fibromialgia

O Grupo Fibromialgia respondeu o Questionário de Impacto da Fibromialgia


(QIF). Este questionário foi desenvolvido na década de 1980 e validado por Burckhardt
et al. (1991). A versão brasileira do QIF foi validada por Marques et al. (2006). O
instrumento é composto por 10 questões que avaliam a capacidade funcional, sintomas,
impacto da doença na vida profissional e atividades de vida diária dos pacientes.
A primeira questão é composta por 10 itens, pontuados de 0 a 3, relacionados à
frequência com que o indivíduo consegue realizar algumas tarefas de vida diária, como
lavar pratos e cozinhar. A segunda e a terceira questões se referem ao número de dias que
o sujeito se sentiu bem ou faltou ao trabalho na última semana, recebendo pontuações de
0 a 7. Já as questões de 4 a 10 são compostas por escalas lineares horizontais que
quantificam a intensidade de alguns sintomas presentes nesta síndrome, como dor, fadiga
e depressão.

O escore total do questionário varia de 0 a 100, sendo que, quanto maior o score,
maior o impacto da fibromialgia na vida do paciente. Escore acima de 70 indica
acometimento grave (BURCKHARDT et al.,1991; BENNETT, 2005; MARQUES et al.,
2006) (ANEXO A).

4.5.2 Intensidade de dor

Em seguida, para o mesmo grupo, foi aplicada a escala numérica de 11 pontos


(EN), que mensura a intensidade de dor em repouso. As pacientes indicaram um número
de 0 a 10, que representa a intensidade de dor sentida no momento, sendo “0” considerado
ausência de dor e “10” uma dor intensa e insuportável. A escala de 11 pontos é válida,
confiável e de fácil aplicação para avaliar intensidade de dor em populações de dor
crônica e aguda (KREMER et al.,1980; JENSEN et al.,1986; WILLIAMSON &
HOGGART, 2005).

4.5.3 Depressão

As fibromiálgicas foram avaliadas no quesito depressão por meio do Inventário


de Depressão de Beck (IDB) (ANEXO B), validado no Brasil por Gorenstein et al. (1996),
16
um instrumento amplamente utilizado para quantificar depressão em diversas populações
sejam psiquiátricas ou não (BECK et al.,1988). O inventário é composto por 21 itens,
advindos da observação de 21 atitudes e sintomas presentes em pacientes deprimidos
(BECK et al., 1961).
As atitudes e sintomas avaliados são: estado de espírito, pessimismo, sensação de
fracasso, insatisfação, sentimento de culpa, senso de punição, auto-aversão, auto-
acusação, desejo suicida, ato de chorar, irritabilidade, retirada social, distorção da
imagem, inibição do trabalho, perturbação do sono, fadiga, perda de apetite, perda de
peso, preocupação somática e perda de libido (BECK et al.,1988). Os itens são
quantificados de zero a três, sendo que pontuações mais altas significam índices maiores
de depressão. O escore varia de 0-63, sendo: 0-13 depressão mínima, 14-19 depressão
leve, 20-28 depressão moderada e 29-63 depressão severa (BECK et al.,1988).

4.5.5 Catastrofização da dor

A Escala de Catastrofização da Dor (Pain Catastrophizing Scale - PCS) é uma


escala de autorrelato desenvolvida por Sullivan, Bishop & Pivik (1995), e validada no
Brasil por Sehn et al. (2012) (ANEXO C). Na sua construção, os autores incorporaram
estudos teóricos relativos à definição do pensamento catastrófico acerca da dor
(CHAVES & BROWN, 1987; SPANOS et al., 1979).
A escala é composta por 13 itens que avaliam o grau em que os indivíduos
experienciam determinados pensamentos e sentimentos quando têm dor, numa escala
Likert de 5 pontos. A cotação total do PCS varia entre zero e 52 e é obtida através do
somatório dos valores assinalados. Valores mais elevados mostram níveis mais elevados
de catastrofização. As subescalas são cotadas através do somatório dos itens específicos
de cada dimensão (Ruminação: soma dos itens 8, 9, 10 e 11; Maximização: soma dos
itens 6, 7 e 13; Desamparo: soma dos itens 1, 2, 3, 4, 5 e 12).

4.5.6 Ansiedade

Para a avaliação de sinais de ansiedade, foi utilizado o Inventário de Ansiedade


Traço-Estado (IDATE) (ANEXO D). Este questionário foi publicado por Spielberger
(1970) e traduzido no Brasil por Biaggio e Natalício em 1977. O IDATE é dividido em
duas escalas, cada uma composta por 20 itens, sendo a primeira escala (IDATE-E)
utilizada para mensurar o estado de ansiedade no exato momento de aplicação,

17
caracterizando a ansiedade como um estado emocional transitório, que se modifica ao
longo do tempo.

Já a segunda escala (IDATE-T), é utilizada para mensurar a ansiedade traço, que


traduz uma característica da personalidade. Todos os itens recebem pontuações de 1 a 4,
porém alguns itens que não expressam estados ansiosos têm sua pontuação invertida. O
escore total varia de 20 a 80 em cada escala e quanto maior a pontuação, maior o nível de
ansiedade do sujeito (SPIELBERGER, 1970; BIAGGIO et al.,1977; ANDRADE et al.,
2001).

4.6 Limiar de dor por pressão (LDP)

Esse teste foi executado com auxílio de um algômetro digital (Impac®, Paulínia,
São Paulo, Brasil; probe com área de 1 cm²), previamente calibrado pelo fabricante. Para
realização da medida, foi aplicada uma pressão progressiva, partindo de zero, nos 18
tender points sequencialmente. As pacientes foram orientadas a falar “pare” ao início da
sensação dolorosa. Realizando três medidas em cada ponto, a média do valor entre elas
em kg/cm² foi considerada.

4.7 Eletroencefalograma

A avaliação do padrão de ondas cerebrais foi realizada com auxílio de um aparelho


de eletroencefalograma (EEG) amplificador TiEEG1 de 32 canais (EMSA®,
Equipamentos Médicos, RJ, Brasil), no entanto, nem todos os canais foram utilizados
uma vez que se optou pela amostragem padrão de 20 eletrodos. A execução foi realizada
no Laboratório de Neurofisiologia em um ambiente fechado, tranquilo e silencioso, com
a voluntária deitada em posição confortável de decúbito dorsal e olhos abertos.
O protocolo utilizado consistia na medição EEG durante 5 minutos enquanto
olhava para uma superfície branca. As voluntárias foram instruídas a não se
movimentarem e piscarem os olhos com menor frequência. Foram posicionados 23
eletrodos, 20 no couro cabeludos para coleta, 1 no centro da testa para aterramento e dois
referenciais no lóbulo da orelha, de acordo com o sistema clássico 10/20. O equipamento
utilizado capta, amplifica e converte o sinal elétrico gerado pelo cérebro em sinal digital
e o envia para entrada de dados do computador, onde é armazenado para posterior análise
(DAVIDSON et al., 2003).

18
A taxa de amostragem para aquisição do sinal foi mantida em 600 Hz. Foi
realizada filtragem automática dos dados coletados através do próprio amplificador, com
filtro passa alta de 0,5 Hz e passa-baixa de 40 Hz. A remoção de artefatos se deu através
da eliminação das épocas cujas amplitudes eram superiores a 750 μV e inferiores a -750
μV, e houve inspeção visual. A análise do sinal foi apresentada em amplitude relativa
para as ondas delta (0,1 a 3,5 Hz), theta (4,0 a 7,5 Hz), alpha (8,0 a 12,5 Hz), beta (13 a
30) e Gama (> 30 Hz).
Para a realização do exame, os pacientes seguiram o protocolo de preparação para
o exame de eletroencefalograma, adaptado de Fregonezi et al. (2012), entregue com
antecedência às pacientes, disponibilizado no ANEXO E.

4.8 Potencial endógeno evocado P300

O potencial cerebral relacionado ao evento P300 está relacionado à atividade


neuroelétrica envolvida em processos cognitivos, como a alocação de atenção e a ativação
da memória imediata (POLICH, 1995). Para análise desse potencial eletrofisiológico, foi
utilizado o estimulador sonoro 300P (EMSA®, Equipamentos Médicos, RJ, Brasil).
Foram aplicados 200 estímulos acústicos biauriculares (tone burst), por meio de fones de
inserção (3A) com 86 dB de ganho, tempo de rise-fall de 10 ms, platô de 100 ms e
frequência de estímulo de 300 Hz, com 20% de probabilidade para o estímulo-não-alvo.
A taxa de amostragem para aquisição do sinal elétrico cerebral durante o P300 foi
mantida em 200 Hz. Os estímulos-alvo são apresentados na frequência de 1000 Hz e
ocorrem 80% das vezes (140 estímulos), e os não-alvo em 2000 Hz, ocorrem em 20% (40
estímulos) em sequência aleatória, técnica conhecida como paradigma oddball, com
discriminação de duas frequências tonais (BORJA & PONDE, 2009).
O protocolo de realização do exame consistiu na estimulação auditiva
anteriormente citada durante 5 min com a voluntária deitada em posição confortável e
olhos fechados. Fones de ouvidos foram utilizados para garantir a recepção sonora no
ouvido das voluntárias. As regiões cerebrais selecionadas para análise da deformação da
onda P300 foram frontal, central e parietal, representadas pelos eletrodos FZ, CZ e PZ
respectivamente. A região parietal foi selecionada para análise da latência dos
componentes N200e P200, N2 e P2 devido abrigar uma região cortical importante para
atividades motoras. Para a realização do exame, as pacientes seguiram o protocolo de
preparação recomendado nos exames de eletrocardiograma e eletroencefalograma,
descrito no ANEXO E.
19
Figura 3: Distribuição das avaliações por momentos e laboratórios de pesquisa.

4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise descritiva é exposta em média, desvio padrão e erro padrão da média. O


teste de normalidade de Shapiro Wilk foi utilizado para verificar se os dados possuíam
distribuição normal. Após a verificação da normalidade dos dados EEG, foi utilizado o
Teste t para amostras independentes comparando a atividade elétrica cerebral de ambos
os grupos do estudo. Os dados de deformação da onda P300, latência N200 e P200 se
apresentaram não normais e foram analisados através do teste não paramétrico para duas
amostras independentes Mann Whitney. A significância estatística foi considerada com o
valor de p<0,05. Para analisar os dados, utilizamos o SPSS Statistics 20 (SPSS Inc.®,
Chicago, IL, EUA).

20
5 RESULTADOS

A partir da caracterização sociodemográfica dos participantes, foi observado que


o grupo das fibromiálgicas apresentaram média de idade próximas, no entanto índice de
massa corporal (IMC) elevado quando comparados com o grupo controle. Algumas
avaliações foram restritas às pacientes com FM por fazer parte do contexto policlínico da
doença. As pacientes apresentaram duração média da doença de 11,2 ± 8 anos. O impacto
da doença na qualidade de vida avaliado por meio do FIQ foi elevado (71,18 ± 11,86 de
100). Observou-se o escore para presença de ansiedade característica/traço (53,8 ± 9,7 de
20 a 80) e o escore para estado de ansiedade (38,35 ± 8,41 de 20 a 80), valores dentro dos
índices apontados pela literatura como característico da população de estudo. Sugestão
de perfil depressivo de moderado a grave (21,35 ± 9,96 de 0 a 63), alto nível
catastrofização da dor (35,5 ± 10,59 de 0 a 52). Ademais, a intensidade de dor, no
momento da avaliação, apresentou-se como moderada (5,85 ± 2,53 de 10) e o limiar de
dor por pressão menor do que ≥4 kgf/cm2, caracterizando hiperalgesia, foi observado em
16 dos 18 tender points específicos da fibromialgia (2,82 ± 0,94).
Na Tabela 1 é possível visualizar a caracterização da amostra a partir de dados
referentes a aspectos sociais, demográficos, emocionais e clínicos, obtidos na avaliação
através de questionários.

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica e clínica dos participantes do estudo.


Controle (n = 20) Fibromialgia (n = 20)
CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS
Idade (Média ± DP) 45,40 ± 11,07 47,4 ± 14,19
IMC (Média ± DP) 23,05 ± 4,11 26,96 ± 4,49
Nível de escolaridade (%)
Fundamental incompleto 5% 15%
Médio incompleto 15% 10%
Médio completo 30% 55%
Superior 50% 20%
Etnia (%)
Negra 30% 45%
Parda 25% 25%
Branca 45% 30%
Estado civil (%)
Solteira 60% 40%
Casada 25% 40%
Divorciada 10% 15%
Viúva 5% 5%
Realiza atividade física (%)
Sim - 55%
Não - 45%
Afastamento do emprego (%)
Sim - 55%

21
Não - 45%

CARACTERÍSTICAS CLINICAS (Média ± DP)


Tempo do diagnostico (Anos) - 11,2 ± 8
Limiar de dor por pressão (kgf/cm2) - 2,92 ± 0,94
FIQ - 71,18 ± 11,86
Escala Numérica de11 pontos - 5,85 ± 2,53
IDATE-T (Ansiedade – Traço) - 53,8 ± 9,7
IDATE-E (Ansiedade – Estado) - 38,35 ± 8,41
Catastrofização da Dor - 35,5 ± 10,59
Inventário depressão de Beck - 21,35 ± 9,96

USO DE MEDICAMENTOS (%)


Antidepressivos - 70%
Ansiolíticos - 60%
Analgésicos/AINEs* - 90%
Fitoterápicos - 10%
Outros - 70%
*AINEs = Anti-Inflamatórios Não Esteroides

As fibromiálgicas incluídas relataram o uso de diversos medicamentos, variando


desde os antidepressivos, ansiolíticos, analgésicos até os fitoterápicos, todos esses
relacionados ao tratamento das comorbidades associadas a síndrome. A prática de
atividade física, apesar de comprovadamente eficiente no tratamento na síndrome
fibromiálgica, apresentou-se pouco praticada pelo grupo, sendo realizada por 55% das
voluntárias.
Mais da metade das voluntarias do grupo fibromialgia indicaram afastamento do
emprego devido a doença, sendo um acontecimento bastante comum nesta população pela
incapacidade produzida pela dor persistente. No mesmo grupo é observado um percentual
maior de mulheres de pele negra e parda, com menores níveis de escolaridade.
As análises dos dados obtidos a partir dos exames eletroencefalográficos foram
estratificadas inicialmente por quadrantes (anterior esquerdo [AE] - F3, F7, T3, C3;
anterior direito [AD] - F4, F8, T4, C4; posterior esquerdo [PE] - T5, P3, O1; e posterior
direito [PD] - T4, P4, O2) nas ondas delta, theta, alpha, beta1, beta2 e beta3, e eletrodos
individualizados nas ondas anteriormente citadas com o acréscimo da onda gama.
Diferenças entre pacientes com FM e controles livres de dor são exibidos na figura 4, por
quadrantes, nas figuras 5, 6, 7 e 8 são apresentados os resultados por eletrodos individuais.

22
D ELTA TH ETA

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
CO N TRO LE
F IB R O M IA L G IA

20 20

10 10

0 0

AE AD PE PD AE AD PE PD

A LFA BETA 1
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30

* *
20 20

10 10

0 0

AE AD PE PD AE AD PE PD

BETA 2 B ETA 3
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

20 20
*

10 10

0 0

AE AD PE PD AE AD PE PD

______________________________________________________________________
Figura 4. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por quadrantes (AD - F3,
F7, T3, C3; AE - F4, F8, T4, C4; PE - T5, P3, O1; e PD - T4, P4, O2) comparando
mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul). Representação em
média e erro padrão, *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.

23
FP1 FP2

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
CO N TRO LE
30 30 F IB R O M IA L G IA

20 20 *

10 10

0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B

F7 F4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30

* ** *
20 * 20

*
10 10

0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B

F3 F8
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30 30

* *
20 20 *

10 10

0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B

FZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

*
20

10

0
A

A
A

2
A

3
1
H
T

M
T

A
A

A
E

P
L

A
T
T

T
E

E
E

G
D

A
T

______________________________________________________________________
Figura 5. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região frontal e pré-frontal do cérebro na disposição 10/20,
comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) em
média e erro padrão, *P ≤ 0,05, **P ≤ 0,01, Teste t para amostras independentes.

24
T3 T4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
CO N TRO LE
30 30 F IB R O M IA L G IA

20 20 *

10 10

0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B

C3 C4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30

* *
20 20

10 10

0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A M T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G D T A E E E G
B B B B B B

CZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

20

10

0
A A A 1 2 3 A
T T H A M
E
L
H
E
L
P TA T TA A
D T A E E E G
B B B

______________________________________________________________________
Figura 6. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região central e temporal do cérebro na disposição 10/20,
comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos
em média e erro padrão, *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.

25
T5 T6

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
CO N TRO LE
30 30 F IB R O M IA L G IA

*
20 20

10
10

0
A 1 2 A 0
A A 3
LT E
T
P
H TA TA TA A
M
T
A A A 1 2 3 A
E T A M
D TH A
L B
E
B
E
B
E G E
L E P
H TA T TA A
D H L E E E G
T A B B B

P3 P4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30

*
20 20

10 10

0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
LT E
T
P
H TA TA TA A
M LT E
T
P
H TA TA TA A
M
E E E E E E
D TH A
L B B B
E G D TH A
L B B B
E G

PZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

20

10

0
A A A 1 2 3 A
T T A M
E
L E P
H TA T TA A
D H L E E E G
T A B B B

______________________________________________________________________
Figura 7. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região parietal e temporal do cérebro na disposição 10/20,
comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos
em média e erro padrão. *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.

26
O1 O2
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
CO N TRO LE
F IB R O M IA L G IA

20 20

10 10

0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
LT E
T
P
H TA TA TA A
M LT E
T
P
H TA TA TA A
M
E E E E E E
D TH A
L B B B
E G D TH A
L B B B
E G

OZ
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

20

10

0
A A A 1 2 3 A
T T A M
E
L E P
H TA T TA A
D H L E E E G
T A B B B

_____________________________________________________________________
Figura 8. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos
individualizados da região occipital do cérebro na disposição 10/20, comparando
mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos em média e
erro padrão. *P ≤ 0,05, Teste t para amostras independentes.

_________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 9. Esquema demonstrativo dos eletrodos e quadrantes que apresentaram diferenças
significativas (P ≤ 0,05) quanto à atividade elétrica cerebral.

27
Essas análises mostraram que as pacientes com FM apresentam redução de
potência na faixa beta3 no quadrante anterior direito, bem como aumentada energia na
banda alpha nos quadrantes anteriores, tanto direito como esquerdo, em comparação com
controles saudáveis.
Quando observamos as figuras 5, 6, 7 e 8, é possível identificar com maior
precisão as diferenças eletrofisiológicas cerebrais encontradas na comparação entre os
grupos fibromialgia e controle. A Figura 9 apresenta um resumo dos achados
eletrofisiológicos. A onda alpha se apresentou com maior amplitude nos eletrodos F7, F4,
F8 e T4, mostrando predomínio na região frontal. Enquanto a onda beta1 mostrou
amplitude relativa maior no hemisfério direito quase por completo. Apenas o eletrodo O2
não apresentou diferença estática. Os eletrodos F4 e F8 somaram a maior quantidade de
diferenças em amplitude relativa do estudo, especialmente o eletrodo F4, que se
diferenciou em quatro frequências distintas (alpha, beta1, beta3 e gama). Deste modo,
observa-se que a região anterior direita obteve destaque na diferenciação entre as
voluntárias saudáveis e pacientes fibromiálgicas participantes do projeto.
Os resultados obtidos a partir da análise do potencial relacionado a evento, no
componente P300, dos eletrodos frontal (FZ), central (CZ) e parietal (PZ) podem ser
visualizados na Figura 10 e Tabela 2. A amplitude do potencial P300 foi obtida a partir
da medição da distância entre o vale N200 (N2) e o pico P300B expresso em microvolts.

FZ CZ PZ
20 20 20
A M P L IT U D E ( V )

A M P L IT U D E ( V )
A M P L IT U D E ( V )

15 15 15

*** *** ***


10 10 10

5 5 5

0 0 0

CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA

______________________________________________________________________
Figura 10. Amplitude (µV) da onda P300 nos eletrodos frontal (FZ), central (CZ) e
parietal (PZ) da linha Z comparando fibromiálgicas e mulheres saudáveis, descritos em
média e erro padrão da média. ***P ≤ 0,001, teste Mann Whitney para duas amostras
independentes.

28
Tabela 2. Dados expressos em média, SD e EPM. Valores numéricos das análises da
deformação da onda P300. FZ – P300: pico P300 da região frontal da linha Z; CZ – P300:
pico P300 da região central da linha Z; PZ – P300: pico P300 da região parietal da linha
Z. Significância testada por meio do teste Mann Whitney para duas amostras
independentes. ***P ≤ 0,001.

Controle (n = 20) Fibromialgia (n = 20)


Potencial Evocado
Média ± SD (EPM) Média ± SD (EPM) P
Auditivo – P300
FZ - P300 (µV) 15,4 ± 6,8 (1,52) 9,04 ± 4,9 (1,11) 0,001***
CZ - P300 (µV) 15,04 ± 7,43 (1,66) 9,07 ± 4,34 (0,97) 0,001***
PZ - P300 (µV) 13,45 ± 5,58 (1,25) 8,32 ± 3,84 (0,86) 0,001***

Em se tratando da região parietal e seu envolvimento com o processamento da dor


(MORTON et al., 2016), este estudo buscou investigá-lo comparando as últimas
deformações da onda P300 antes do pico de interesse. As regiões investigadas foram o
pico P200 (P2) e vale N200 (N2), descritos em latência na Figura 11 e Tabela 3.

Tabela 3. Dados expressos em média, SD e EPM. Valores numéricos das análises da


deformação da onda P300 da região parietal. PZ – P200: latência do pico P200; PZ –
N200: latência do vale N200; PZ – P300: pico P300. Significância testada por meio do
teste não paramétrico para duas amostras independentes Mann Whitney.
*P ≤ 0,05; ** P ≤ 0,01; ***P ≤ 0,001.

Controle (n = 20) Fibromialgia (n = 20)


P300 – Região parietal Média ± SD (EPM) Média ± SD (EPM) P
P200 (ms) 138,89 ± 48,9 (10,9) 166,8 ± 39,8 (8,9) 0,033*
N200 (ms) 196,6 ± 49,2 (11,01) 227,87 ± 36,47 (8,15) 0,009**
P300 (µV) 13,45 ± 5,58 (1,25) 8,32 ± 3,84 (0,86) 0,001***

29
PZ - P2 PZ - N2 P Z - P300
200 270 20

180

A M P L IT U D E ( V )
240 **
L A T Ê N C IA ( m s)
L A T Ê N C IA ( m s)

* 15
160
210
140 10
***
180
120
5
100 150

0 0 0
CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA CO N TRO LE F IB R O M IA L G IA

_____________________________________________________________________
Figura 11: Latência (ms) do pico P200 (P2) e vale N200 (N2) e amplitude (µV) do pico
P300 da região frontal comparando fibromiálgicas e mulheres saudáveis, descritos em
média e erro padrão da média. *P ≤ 0,05; ** P ≤ 0,01; ***P ≤ 0,001. Teste Mann Whitney
para duas amostras independentes

Em nosso estudo, a região parietal recebeu uma atenção ampliada não apenas para
o potencial P300, mas outros componentes da deformação da onda, como o pico P200 e
os vales N100 e N200. O gráfico da Figura 11 foi construído a partir das médias entre os
grupos de estudo para os componentes da onda. Identificamos, deste modo, na paciente
fibromiálgica, além de uma amplitude P300 menor já comentada anteriormente, uma
lentificação no aparecimento das ondas, o que é representado em latências maiores e pôde
ser observado anteriormente.

30
6 DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo investigar as diferenças eletrofisiológicas


cerebrais encontradas em mulheres com diagnóstico clínico de fibromialgia quando
comparadas com mulheres saudáveis pertencentes a um grupo controle. Foram
encontradas alterações significativas nessa população para as faixas de frequência alpha,
beta1, beta3 e gama.
Nossos achados apontaram maior amplitude da banda alpha, especialmente na
região do córtex frontal, e beta 1 no hemisfério direito de pacientes com FM. A atividade
alpha aumentada e sua relação com dores neuropáticas diversas já foi discutida em
estudos anteriores, tais como Sarnthein et al. (2006), Drewes et al. (2008), Olesen et al.
(2011), Schmidt et al. (2012), van den Broeke et al. (2013) e Vuckovic et al. (2014). A
associação entre as maiores amplitudes das ondas beta e alpha já foi relatada em estudos
anteriores e apresentaram-se correlacionadas a experiências dolorosas (CHEN, 1994;
DOMNICK et al., 2009; HUBER et al., 2006; NIR et al., 2010, VILLAFAINA et al.,
2019).
Especificamente para fibromialgia, González-Roldán et al. (2016) encontraram
maior densidade de potência na banda beta ao longo do lobo frontal médio direito e córtex
cingulado anterior. Hargrove et al. (2010) também apontaram aumento de onda de alta
frequência beta em região frontal e central, mas adicionou a literatura reduções das ondas
de baixa e média frequência delta, theta e alpha, em regiões frontais, o que não foi
observado em nosso estudo. Nos estudos de Navarro-López et al. (2015), as ondas alpha
reduzidas voltaram a ser evidenciadas em fibromiálgicas quando comparadas como
pessoas saudáveis. Villafaina et al. (2019) propuseram que alterações em fragmentos da
faixa de frequência alpha na população fibromiálgica é associada a mudanças da
intensidade de dor que os portadores da síndrome apresentam.
A frequência beta persistente em estados patológicos é proposta por Engel e Fries
(2010) como uma deterioração do domínio cognitivo comportamental, significando que
os mecanismos de inibição da dor são mantidos e não adaptativos. Segundo NIR et al.
(2012), a frequência beta elevada pode refletir o tônus de dor do indivíduo.
Vanneste et al. (2017) sugeriram que a dinâmica funcional das regiões cerebrais
integradas nas redes cerebrais em pacientes com fibromialgia representada pela alta
ativação das frequências alpha e beta pode indicar que um estado doloroso se tornou parte
de rede autoreferencial. Desta forma, o estado doloroso experimentado por pacientes com

31
fibromialgia se tornando a norma, apontado pelos autores como um mecanismo de
redefinição de referência alostática (Sterling, 2012; Martinez-Lavin & Vargas, 2009), ou
seja, um processo compensatório produzindo plasticidade e gerando um novo padrão de
normalidade e funcionamento de atividade cerebral para a realidade daquela população.
Baliki et al. (2014) chamaram este processo de plasticidade maladaptiva.
Alguns autores como Botvinick et al. (2001) e Kerns et al. (2004) relataram que
a comunicação do córtex frontal com o córtex cingulado anterior é responsável por um
papel chave no processo de controle cerebral. Sabendo-se ainda que o córtex cingulado
anterior desempenha em conjunto com o córtex insular, segundo Jones et al. (2012), o
processamento afetivo-motivacional na rede de modulação da dor. Apesar do elevado
poder das ondas alpha e beta encontrado neste trabalho, não é possível chegar a uma
conclusão quanto a ordem dos acontecimentos em si. A condição alterada que se
estabelece na atividade cerebral de fibromiálgicas é produzida pela dor experienciada na
doença ou seria de forma contrária o motivo da dor. De fato, a alta atividade nesse
processamento contínuo, na situação de dor crônica, que irradia seus estímulos sinápticos
até o córtex superior correspondente a região do cingulado anterior, o córtex frontal, nos
parece bastante possível.
Peng et al. (2015), trabalhando com a rede thalamocortical disfuncional na dor
neuropática, apontaram que esse processo disfuncional é refletido nas oscilações de
frequência alpha, estas produzidas a partir de mecanismos inibitórios/excitatórios na rede.
Sadaghiani et al. (2010), correlacionando a atividade do sistema cingulado-
insular- talâmico com as oscilações da frequência alpha, propuseram que essa interação
pode representar um marcador eletrofisiológico robusto das flutuações da vigilância,
sugerindo, assim, que esse sistema desempenha papel fundamental na manutenção do
estado de alerta tônico. Este mecanismo proposto por Sadaghiani et al. (2010) é
compatível com as evidências de Klimesch et al. (2007) que sugeriram a sincronização
alpha como um mecanismo ativo para controle inibitório de cima para baixo. Evidências
semelhantes foram propostas também para as oscilações beta (TOWNSEND &
JOHNSON, 1979; BELYAVIN & WRIGHT, 1987, VANNESTE et al., 2017).
Estudos experimentais em que a dor foi induzida mostraram que a potência da
banda alpha nem sempre se apresentava aumentada, mas reduzida em situações dolorosas
(DOWMAN et al., 2008; CHANG et al., 2003; CHANG et al., 2005), o que diverge dos
achados de outros estudos. Levando Schmidt et al. (2012), em seus estudos com pacientes

32
de lombalgia, a sugerir uma interação entre a onda alpha e o processo de cronificação da
dor, mas não a própria dor.
A amplitude relativa da onda beta1 se apresentou maior no hemisfério direito em
detrimento do esquerdo, mostrando certa preferência e sugerindo ativação assimétrica
entre os hemisférios cerebrais, o que é sugestivo de esforço neural para a manutenção da
condição patológica. Do ponto de vista funcional, os hemisférios não são simétricos e o
hemisfério direito tem sido considerado na literatura especializada como sendo o
dominante para o processamento emocional (BOROD, 1992) e, em especial, quando se
trata de emoções negativas (DAVIDSON & IRWIN, 1999).
Seeman et al. (2002) indicaram que o estresse e o ineficiente gerenciamento da
alostase podem levar a uma sobrecarga alostática, elevando os níveis de cortisol e
catecolaminas e produzindo alterações estruturais e funcionais no cérebro do indivíduo
(VYAS et al., 2002; LISTON et al., 2006; MCEWEN, 2006; EILAND & MCEWEN,
2012). Essa sobrecarga alostática seria responsável, segundo Gormsen et al. (2010), pela
relação entre o déficit de aprendizado e problemas emocionais, frequentemente
observados em indivíduos com dor crônica, produzidas pelas mudanças funcionais
adaptativas. Eventos traumáticos que se relacionaram ao surgimento de doenças crônicas
como a fibromialgia já são descritos na literatura (NICOL et al., 2016; HELLOU et al.,
2017; COPPENS et al., 2017).
O potencial relacionado a evento (ERP) no componente auditivo P300 nas regiões
frontal (FZ), central (CZ) e parietal (PZ) se apresentaram com menor amplitude em
fibromiálgicas quando comparado ao controle. Alterações significativas das amplitudes
de ERP têm sido frequentemente associadas a dor crônica (BJORK et al., 2011; SITGES
et al., 2010), o que sugere funcionamento cerebral prejudicado associado a processos
cognitivos, como concentração e atenção.
O componente ERP de latência tardia (P300) reflete a ativação de processamentos
cognitivos de atenção direcionados a estímulos relevantes e que necessitam de respostas
rápidas. Esses processamentos estão associados a ativação de rede cerebral complexa que
inclui o córtex frontal e o córtex cingulado anterior (PINHEIRO et al., 2016).
Montoya et al. (2006) sugerem que os processamentos atencionais prejudicados
se dá devido a déficits da codificação e avaliação cognitiva de informações
somatossensoriais em fibromiálgicas. Veldhuijzen et al. (2006) apontaram que a alocação
de recursos de atenção se apresenta deficiente em pacientes com dor e não a capacidade
de atenção. Pinheiro et al. (2016) propuseram então que a aumentada alocação de recursos

33
de atenção e deficiente elaboração de resposta atencional observada em pacientes com
dor crônica durante o processamento de informações somatosensoriais possa ser mais
uma consequência das alterações neuroplásticas proveniente da sensibilização central
associada a patologia.
Samartin-Veiga et al. (2019) evidenciaram que fibromiálgicas apresentam déficits
de flexibilidade na alocação de recursos atencionais e controle cognitivo durante tarefas
complexas, fato que, segundo os autores, pode explicar o processo de “descognição”
relatada pelas pacientes de dor crônica. Estudos indicam com frequência a disfunção
cognitiva associada a fibromialgia (JARCHO et al., 2012; BERRYMAN et al., 2013),
entretanto a funcionalidade cognitiva é, muitas vezes, negligenciada por não ser
considerada uma medida de desfecho primário.
A maior latência no surgimento das deformações P200 e N200 no eletrodo PZ em
fibromiálgicas em comparação com controles saudáveis nos faz refletir além do processo
cognitivo disfuncional às limitações motoras frequentemente observadas nesta
população. Entendendo o componente N200 como evento endógeno e responsável pela
detecção de conflitos e processamento do estímulo (SOKHADZE et al., 2017) e P200
refletindo os processos atencionais, discriminação do estímulo e variáveis relacionadas à
dificuldade da tarefa (CONLEY et al., 1999), é possível associar essa lentificação em
decorrência de uma competitividade na realização da atividade cognitiva com a
modulação da dor em decorrência das adaptações nociplásticas.
Sabendo-se que o componente P300 possui possivelmente sua origem neural na
porção medial do córtex cingulado e porção inferior do córtex frontal (HUSTER et al.,
2010), a sua amplitude e latência é interpretada também como uma avaliação cognitiva
da inibição motora (HUSTER et al., 2013). Gentile et al. (2020) avaliaram a interação
entre ativação motora e dor crônica, identificando baixo potencial de ativação do córtex
motor em fibromiálgicas e sugerindo ativação motora prejudicada, caraterística intrínseca
da síndrome responsável por produzir menor modulação descendente da dor.
González-Villar et al. (2019), apesar de não detectarem mecanismos de inibição
motora prejudicados em fibromiálgicas nos componentes N200 e P300, observaram que
alterações na banda alpha sugerem maior dificuldade em mobilizar e manter recursos de
atenção em atividades visuais, ressaltando que estas alterações podem explicar a
característica disfuncional da cognição na síndrome fibromiálgica.
Os dados eletrofisiológicos observados neste estudo parecem representar uma
ativação incomum no cérebro das voluntarias fibromiálgicas. As respostas corticais a

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estímulos externos e eventos internos são moduladas por processos dolorosos,
consequentemente está relacionado também a processos motores, cognitivos e
psicológicos já mostrados em outros trabalhos (MONTOYA et al., 2006; RIQUELME et
al., 2010; MARTÍNEZ-JAUAND et al., 2012; GONZÁLEZ-ROLDÁN et al., 2013).
Nossas observações parecem reforçar esses achados anteriores.
Mercado et al. (2013) sugeriram que condições estressantes, como é o caso da dor
crônica, podem produzir consequências disfuncionais. Levando em consideração
possíveis sobrecargas alostática e modificações cerebrais experimentadas pela população
fibromiálgica, fica fácil relacionar e entender a elevada quantidade de comorbidades
associadas a dor crônica como depressão, ansiedade e disfunções cognitivas (WOLFE,
2011). Extrapolando para a transversalidade e aplicações clínicas desses achados,
poderíamos, assim, abrir um grande campo de possibilidades de intervenções cognitivas
para as pacientes, uma vez que a rede de processamento da dor alterada em fibromiálgicas
competindo com a rede cognitiva poderia ser de mesmo modo confrontada a partir de
uma competição reversa à dor o que poderia promover, lógico a longo prazo, novas
alterações na rede autoreferencial.

35
Limitações

As limitações desse estudo decorrem dos efeitos confundidores relacionados ao


consumo de medicação pelas voluntárias portadoras da síndrome (principalmente os
antidepressivos, ansiolíticos e analgésicos). Apesar de se saber que alguns destes
fármacos possuem efeito no sistema nervoso central, não se é conhecida a real
interferência nos resultados eletrofisiológicos (MCGUIRE, 2013).
Caso houvesse esta interferência, os resultados poderiam ser variáveis para ambos
os lados sendo que a medicação poderia reduzir o nível de atenção e, assim, diminuir a
amplitude P300, como também podendo restaurar o sono e aumentar os níveis de atenção,
possivelmente melhorando a execução da tarefa e aumentando a amplitude P300. A
exclusão das pacientes que utilizam medicamentos de ação central inviabilizaria o estudo,
geraria viés de seleção e não refletiria características comuns ao grupo como a
polifarmácia.
Alguns questionários poderiam ter sido aplicados ao grupo controle, no entanto a
nossa ideia aqui neste trabalho foi apenas caracterizar o grupo fibromialgia pela
sintomatologia complexa associada a síndrome e já relatada em tantos outros estudos.

Perspectivas

Levando em consideração a interação entre as variações hormonais e a atividade


cerebral em mulheres, temos a perspectiva de avaliar em diferentes momentos do ciclo
menstrual variáveis funcionais e neuroelétricas comparando-as com mulheres saudáveis.
A investigação do funcionamento cerebral através do EEG quantitativo, como
usado neste trabalho, pode a partir de novos estudos, padronizações e maiores
conhecimento acerca da FM, representar mais uma ferramenta de avaliação para
diagnostico, investigação, acompanhamento e prognostico em fibromialgia, uma vez que
já se é utilizada em diversas doenças neurológicas com comprometimento central.

36
7 CONCLUSÃO

As ondas de média e alta frequência alpha e beta demonstraram-se com amplitude


relativa aumentadas em mulheres fibromiálgicas quando comparadas com mulheres
saudáveis. O aumento alpha foi maior evidenciado na região frontal cerebral e a
frequência beta mostrou uma predileção pelo hemisfério direito. Ambas regiões
importantes para processamentos cognitivos, funcionais e modulatório da dor.
A deformação da onda P300 encontrada em nossos estudos reforça estudos
anteriores evidenciando uma diminuição da amplitude do potencial evocado auditivo em
mulheres fibromiálgicas.
As latências aumentadas nos componentes N200 e P200 carecem de novos
estudos, mas nos sugere uma dificuldade da própria rede atencional em lidar com a dor
enquanto se realiza uma tarefa.
Apesar dos achados interessantes e em consonância com outros estudos, ainda se
fazem necessários novos estudos de caráter multicêntrico observacional e ensaios clínicos
para que se tente ao máximo entender a fibromialgia e, desse modo, proporcionar às
pacientes diagnóstico, acompanhamento e tratamento, aumentando assim a qualidade de
vida destas pacientes.

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171, ago. 1981.

53
APÊNDICES

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
FISIOLÓGICAS

Você está sendo convidada a participar, como voluntária, do projeto de pesquisa


intitulado “Perfil eletrofisiológico de ondas cerebrais e cardíacas em mulheres com
fibromialgia: estudo transversal”, o qual se refere a um projeto de mestrado desenvolvido
pelo aluno Matheus Liniker de Jesus Santos, sob a orientação do Prof. Dr. Murilo
Marchioro e Coorientação da Dra. Josimari Melo de Santana. Os objetivos desse estudo
são investigar alterações eletroencefalográficas e eletrocardiográficas em pacientes
femininas com fibromialgia. Sua participação consistirá em participar de uma avaliação
composta de questionários sobre impacto da fibromialgia, déficit de atenção e
hiperatividade, intensidade de dor, catastrofização da dor, ansiedade e depressão, além de
alguns exames como avaliação da dor, avaliação dos sinais elétricos do cérebro e coração
através dos exames de eletroencefalograma e eletrocardiograma, respectivamente. Para
os exames serão utilizados eletrodos de superfície colocados sob alguns pontos da cabeça
e nos pulsos. Todos os exames e avaliações serão realizados por profissionais treinados e
capacitados. Nenhum benefício individual será obtido pelas voluntarias dessa pesquisa,
uma vez que os objetivos visam contribuir com a ciência para o melhor conhecimento da
doença fibromialgia. Existe o risco de algum questionário ou avaliação causar a você
algum constrangimento. Caso você venha se sentir constrangido, você poderá explicar os
motivos e desta forma tentaremos resolvê-los, atentando para a sua necessidade, mas em
caso de persistência você poderá solicitar o desligamento da pesquisa. Se em qualquer
momento dessa pesquisa você sentir algum desconforto ou mal-estar deverá relatar ao
pesquisador responsável, ele irá tentar resolver da melhor forma para você.
A sua participação não é obrigatória. Você poderá desistir de participar e retirar
seu consentimento a qualquer momento que desejar. Sua recusa, desistência ou retirada
de consentimento não acarretará prejuízo ou danos. A sua participação não será

54
remunerada e nem implicará em gastos pessoais. Visando assegurar o sigilo de sua
participação, os dados obtidos por meio desta pesquisa serão confidenciais e não serão
divulgados de forma individual. O pesquisador responsável se compromete a tornar
públicos nos meios acadêmicos e científicos os resultados obtidos sem qualquer
identificação dos participantes. Caso você concorde em participar desta pesquisa, assine
ao final deste documento, que possui duas vias, sendo uma delas sua e a outra do
pesquisador responsável pela pesquisa. Essa pesquisa segue os critérios éticos das
resoluções 466/2012 e 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde.

Considerando que fui informada dos objetivos e importância desse


estudo, de como será minha participação, riscos e benefícios, declaro
o meu consentimento em participar da pesquisa.

São Cristóvão, ____ de _________________ de _________.


Impressão
datiloscópica
_________________________________________________

Assinatura da voluntária

_________________________________________________

Assinatura do pesquisador

Em caso de qualquer dúvida sobre o presente estudo, segue endereço institucional e


telefone do pesquisador responsável: Matheus Liniker de Jesus Santos, Mestrando do
Programa de Pós graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de Sergipe,
Cidade Univ. Prof. José Aloísio de Campos Av. Marechal Rondon, s/n, Jd. Rosa Elze São
Cristóvão/SE CEP 49100-000, telefones: 99941-1534 e 99844-9367. Contatos do Comitê de
Ética em Pesquisa da UFS: Rua Claudio Batista, s/n. Bairro Cidade Nova. Aracaju -
Sergipe. CEP: 49.060-108. Telefone: 79 3194-7208

55
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO
Questionário 1

1. Nome:________________________________________
2. Endereço: _________________________________________
3. Cidade: ______________ Estado: ______
4. Telefones para contato:_________________________
5. Data de nascimento: _________________ Idade:________
6. Etnia: Branco ( ) Negro ( ) Pardo ( ) Outras: ________________
7. Ocupação:________________________
8. Encontra-se afastado do emprego: ( ) Sim ( ) Não Quanto tempo:_______
9. Estado civil:__________________
10. Escolaridade:____________________ Religião:_____________________
11. Data do diagnóstico da fibromialgia:________________________
12. Data do início do quadro:___________ Sintoma inicial: ___________________
13. Sintomas mais frequentes da fibromialgia: ( ) Dor Região:______________
14. Fatores de piora da dor:______________________________________
15. Fatores de melhora da dor:__________________________________
16. Medicação em uso e horário:_______________________________________
17. Efeitos colaterais da medicação:______________________________________
18. Faz uso de medicação SOS? Qual? Freq.?____________________________
19. Faz uso de anticoncepcional ou reposição hormonal?______________________
20. Período atual do ciclo menstrual? Data última M?________________________
21. Outras doenças : ( )Diabetes ( )Hipertensão ( ) Cardiopatia ( ) Outras:
____________________________________________
22. Tratamento psicoterapêutico: ( ) Sim ( ) Não
23. Atividade física: ( ) Sim ( ) Não Qual? _______________________
24. ( ) tabagismo ( ) etilismo
25. Peso:_______ Altura:____________ IMC:___________
26. Obs.:____________________________________________________
27. Data de avaliação ____/____/___ Data do início do tratamento ____/____/___

Acesso a WIFI?________
Acesso a Whatsapp? ________
Som para CD?_______

56
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E CLÍNICO
Questionário 2

1. Nome:________________________________________
2. Endereço: _________________________________________
3. Cidade: ______________ Estado: ______
4. Telefones para contato:_________________________
5. Data de nascimento: _________________ Idade:________
6. Etnia: Branco ( ) Negro ( ) Pardo ( ) Outras: ________________
7. Ocupação:________________________
8. Estado civil:__________________
9. Escolaridade:____________________ Religião:_____________________
10. Possui alguma doença de dor? Qual?___________________________________
11. Faz uso de medicação? Qual? Freq.?_______________________________
12. Faz uso de anticoncepcional ou reposição hormonal?______________________
13. Período atual do ciclo menstrual? Data última M?_________________________
14. Outras doenças : ( )Diabetes ( )Hipertensão ( ) Cardiopatia ( ) Outras:
________________________________________________________________
15. Tratamento psicoterapêutico: ( ) Sim ( ) Não
16. Atividade física: ( ) Sim ( ) Não Qual? ________________________________
17. ( ) tabagismo ( ) etilismo
18. Peso:_______ Altura:____________ IMC:___________
19. Obs.:____________________________________________________
20. Data de avaliação ____/____/___

57
APÊNDICE C
DESCRIÇÃO DOS DADOS EEGq

Tabela 4. Dados obtidos no EEGq por eletrodo expressos em média ± SD (erro padrão da
média).
Erro C 14,790 3,383 ,756
Desvio F7 Beta2
Eletrodo/Onda Média Padrã
Padrão F 13,870 2,930 ,655
o
C 10,370 5,996 1,341 C 13,865 4,003 ,895
FP1 Delta F7 Beta3
F 9,410 3,830 ,856 F 13,100 3,063 ,685

C 14,470 3,543 ,792 C 24,330 6,176 1,381


FP1 Theta F7 Gama
F 15,755 5,389 1,205 F 21,795 4,799 1,073

C 14,285 2,804 ,627 C 11,440 5,220 1,167


FP1 Alpha F3 Delta
F 16,415 5,012 1,121 F 10,265 3,813 ,853

C 17,665 2,262 ,506 C 18,450 3,033 ,678


FP1 Beta1 F3 Theta
F 19,320 3,146 ,703 F 18,950 4,920 1,100

C 14,455 4,142 ,926 C 17,505 2,500 ,559


FP1 Beta2 F3 Alpha
F 15,375 3,751 ,839 F 19,480 3,754 ,839

C 15,170 4,663 1,043 C 18,840 2,922 ,653


FP1 Beta3 F3 Beta1
F 14,060 3,429 ,767 F 21,110 3,728 ,834

C 25,925 5,240 1,172 C 14,285 2,460 ,550


FP1 Gama F3 Beta2
F 23,610 6,489 1,451 F 14,010 3,140 ,702

C 10,270 5,983 1,338 C 13,190 3,597 ,804


FP2 Delta F3 Beta3
F 9,880 3,791 ,848 F 11,820 2,511 ,562

C 14,625 4,165 ,931 C 20,650 4,195 ,938


FP2 Theta F3 Gama
F 16,190 5,613 1,255 F 19,135 4,897 1,095

C 14,320 3,249 ,726 C 12,090 5,498 1,229


FP2 Alpha FZ Delta
F 16,225 4,856 1,086 F 11,000 3,569 ,798

C 17,455 2,640 ,590 C 19,210 5,080 1,136


FP2 Beta1 FZ Theta
F 19,315 2,862 ,640 F 20,705 5,371 1,201

C 15,155 3,148 ,704 C 19,265 3,682 ,823


FP2 Beta2 FZ Alpha
F 15,140 2,751 ,615 F 20,660 3,958 ,885

C 15,310 4,373 ,978 C 19,155 3,250 ,727


FP2 Beta3 FZ Beta1
F 13,675 3,294 ,737 F 21,450 3,605 ,806

C 26,070 6,095 1,363 C 13,650 2,534 ,567


FP2 Gama FZ Beta2
F 23,575 6,243 1,396 F 13,340 3,136 ,701

C 10,895 6,239 1,395 C 12,165 3,391 ,758


F7 Delta FZ Beta3
F 9,615 3,383 ,756 F 11,105 2,364 ,529

C 15,780 4,073 ,911 C 18,305 4,156 ,929


F7 Theta FZ Gama
F 17,225 4,276 ,956 F 17,000 3,757 ,840

C 15,535 2,623 ,587 C 10,650 5,744 1,284


F7 Alpha F4 Delta
F 18,685 4,767 1,066 F 10,610 3,843 ,859

C 18,280 2,072 ,463 C 17,055 3,854 ,862


F7 Beta1 F4 Theta
F 20,130 3,594 ,804 F 19,390 5,332 1,192

58
C 16,535 2,984 ,667 C 19,480 3,310 ,740
F4 Alpha C3 Beta1
F 19,185 3,578 ,800 F 21,930 4,008 ,896
C 18,305 2,594 ,580 C 13,870 2,286 ,511
F4 Beta1 C3 Beta2
F 20,875 3,139 ,702 F 13,725 3,101 ,693
C 14,720 3,083 ,689 C 12,270 3,256 ,728
F4 Beta2 C3 Beta3
F 13,850 3,029 ,677 F 11,500 2,167 ,485
C 14,100 3,983 ,891 C 18,980 4,265 ,954
F4 Beta3 C3 Gama
F 11,735 2,364 ,529 F 17,805 4,427 ,990
C 22,580 5,876 1,314 C 12,775 5,464 1,222
F4 Gama CZ Delta
F 19,160 4,461 ,998 F 11,435 5,515 1,233
C 11,025 5,741 1,284 C 20,930 2,386 ,534
F8 Delta CZ Theta
F 10,140 2,876 ,643 F 19,735 6,371 1,425
C 16,025 4,109 ,919 C 19,680 3,874 ,866
F8 Theta CZ Alpha
F 17,715 4,690 1,049 F 19,810 4,696 1,050
C 15,495 3,050 ,682 C 19,440 2,896 ,648
F8 Alpha CZ Beta1
F 18,165 3,456 ,773 F 20,785 3,479 ,778
C 18,465 2,572 ,575 C 13,465 2,624 ,587
F8 Beta1 CZ Beta2
F 20,430 2,768 ,619 F 12,995 3,503 ,783
C 14,765 3,275 ,732 C 12,070 3,376 ,755
F8 Beta2 CZ Beta3
F 13,935 2,032 ,454 F 11,830 3,357 ,751
C 13,930 3,944 ,882 C 16,740 3,852 ,861
F8 Beta3 CZ Gama
F 12,455 1,979 ,443 F 18,330 6,747 1,509
C 23,985 6,428 1,437 C 11,645 5,065 1,133
F8 Gama C4 Delta
F 21,470 4,724 1,056 F 10,635 4,176 ,934
C 10,815 5,167 1,155 C 18,855 2,546 ,569
T3 Delta C4 Theta
F 9,220 2,957 ,661 F 19,045 5,388 1,205
C 15,850 4,021 ,899 C 19,065 3,842 ,859
T3 Theta C4 Alpha
F 16,405 3,818 ,854 F 20,465 4,099 ,917
C 16,485 3,850 ,861 C 19,395 3,226 ,721
T3 Alpha C4 Beta1
F 18,615 4,137 ,925 F 21,865 3,658 ,818
C 19,135 2,201 ,492 C 13,975 2,713 ,607
T3 Beta1 C4 Beta2
F 20,560 3,145 ,703 F 13,810 3,345 ,748
C 13,815 2,656 ,594 C 12,510 3,380 ,756
T3 Beta2 C4 Beta3
F 13,785 2,322 ,519 F 11,410 2,706 ,605
C 13,225 3,087 ,690 C 19,180 4,601 1,029
T3 Beta3 C4 Gama
F 12,730 2,340 ,523 F 17,800 3,918 ,876
C 24,310 6,106 1,365 C 10,610 5,532 1,237
T3 Gama T4 Delta
F 22,875 4,048 ,905 F 9,400 3,282 ,734
C 11,665 4,928 1,102 C 15,540 4,149 ,928
C3 Delta T4 Theta
F 10,545 3,956 ,885 F 16,675 3,925 ,878
C 19,030 2,591 ,579 C 16,295 4,114 ,920
C3 Theta T4 Alpha
F 18,740 4,280 ,957 F 18,715 3,065 ,685
C 19,355 4,027 ,900 C 19,225 2,398 ,536
C3 Alpha T4 Beta1
F 20,820 4,276 ,956 F 20,695 2,350 ,526

59
C 14,170 2,853 ,638 C 11,685 3,575 ,799
T4 Beta2 PZ Beta3
F 13,580 1,935 ,433 F 10,840 2,599 ,581
C 13,165 3,181 ,711 C 17,435 4,036 ,902
T4 Beta3 PZ Gama
F 12,485 2,465 ,551 F 16,215 4,554 1,018
C 24,545 6,747 1,509 C 12,085 5,416 1,211
T4 Gama P4 Delta
F 22,540 5,200 1,163 F 11,105 4,940 1,105
C 11,990 5,439 1,216 C 18,900 2,387 ,534
T5 Delta P4 Theta
F 10,005 3,674 ,821 F 19,135 4,063 ,908
C 17,985 2,585 ,578 C 20,270 4,273 ,955
T5 Theta P4 Alpha
F 18,665 4,879 1,091 F 21,630 4,114 ,920
C 19,475 4,892 1,094 C 20,170 3,597 ,804
T5 Alpha P4 Beta1
F 20,905 5,058 1,131 F 22,690 4,148 ,928
C 20,400 3,350 ,749 C 13,200 2,706 ,605
T5 Beta1 P4 Beta2
F 22,265 4,179 ,934 F 13,360 3,342 ,747
C 13,340 2,462 ,550 C 11,970 3,485 ,779
T5 Beta2 P4 Beta3
F 13,255 2,165 ,484 F 10,610 2,033 ,455
C 11,785 2,994 ,669 C 18,200 4,216 ,943
T5 Beta3 P4 Gama
F 11,425 2,201 ,492 F 16,205 3,512 ,785
C 19,560 4,521 1,011 C 11,905 5,211 1,165
T5 Gama T6 Delta
F 18,615 4,929 1,102 F 10,430 3,746 ,838
C 11,915 4,988 1,115 C 17,980 2,475 ,553
P3 Delta T6 Theta
F 10,810 4,555 1,018 F 18,765 4,050 ,906
C 19,345 2,464 ,551 C 19,755 4,999 1,118
P3 Theta T6 Alpha
F 19,430 4,621 1,033 F 21,760 4,864 1,088
C 20,505 4,631 1,036 C 20,250 3,047 ,681
P3 Alpha T6 Beta1
F 21,820 4,489 1,004 F 22,510 3,644 ,815
C 20,435 3,362 ,752 C 13,160 2,503 ,560
P3 Beta1 T6 Beta2
F 22,795 4,508 1,008 F 13,025 2,176 ,487
C 13,440 2,692 ,602 C 11,655 2,972 ,665
P3 Beta2 T6 Beta3
F 13,260 3,080 ,689 F 10,830 2,089 ,467
C 11,460 3,293 ,736 C 19,795 4,615 1,032
P3 Beta3 T6 Gama
F 10,715 2,187 ,489 F 17,710 3,997 ,894
C 17,810 4,138 ,925 C 12,075 4,705 1,052
P3 Gama O1 Delta
F 16,585 4,723 1,056 F 10,225 4,503 1,007
C 11,990 5,011 1,121 C 19,005 2,386 ,534
PZ Delta O1 Theta
F 11,145 5,032 1,125 F 18,895 5,279 1,180
C 19,645 2,424 ,542 C 21,275 5,651 1,264
PZ Theta O1 Alpha
F 20,055 5,454 1,220 F 22,240 5,578 1,247
C 20,570 4,466 ,999 C 20,985 3,474 ,777
PZ Alpha O1 Beta1
F 21,725 4,414 ,987 F 22,865 4,612 1,031
C 20,265 3,166 ,708 C 12,645 2,150 ,481
PZ Beta1 O1 Beta2
F 22,165 4,289 ,959 F 12,880 2,794 ,625
C 13,395 2,884 ,645 C 11,015 3,059 ,684
PZ Beta2 O1 Beta3
F 13,285 3,343 ,748 F 10,680 2,649 ,592

60
C 17,880 4,017 ,898 F 16,205 5,007 1,120
O1 Gama
F 17,435 6,148 1,375 C 11,715 4,623 1,034
O2 Delta
C 12,010 4,904 1,096 F 11,030 4,722 1,056
OZ Delta
F 10,905 4,387 ,981 C 18,525 2,475 ,553
O2 Theta
C 19,100 2,377 ,532 F 19,140 4,416 ,988
OZ Theta
F 20,010 5,298 1,185 C 21,505 6,008 1,343
O2 Alpha
C 21,495 5,527 1,236 F 22,725 5,060 1,132
OZ Alpha
F 22,945 5,313 1,188 C 20,820 3,192 ,714
O2 Beta1
C 20,925 3,384 ,757 F 22,675 4,132 ,924
OZ Beta1
F 22,515 4,349 ,972 C 12,750 2,387 ,534
O2 Beta2
C 12,565 2,305 ,515 F 12,725 2,505 ,560
OZ Beta2
F 12,640 2,567 ,574 C 11,095 2,918 ,652
O2 Beta3
C 10,825 2,928 ,655 F 10,245 2,043 ,457
OZ Beta3
F 10,290 2,330 ,521 C 18,355 4,542 1,016
O2 Gama
OZ Gama C 17,915 4,117 ,921 F 16,325 4,054 ,907

Tabela 5. Dados obtidos no EEGq por quadrante expressos em média ± SD (erro padrão
da média).
QUADRANTE/
Média
Desvio Erro F 14,765 3,052 0,682
Onda Padrão Padrão
C 14,480 5,671 1,268
PE Delta
C 13,805 5,825 1,302
AE Delta F 12,355 4,797 1,073
F 12,225 3,964 0,886
C 22,635 2,599 0,581
PE Theta
C 21,545 3,198 0,715
F 22,590 5,311 1,188
AE Theta
F 21,985 4,587 1,026 C 24,575 5,361 1,199
PE Alpha
C 21,470 3,140 0,702
F 25,565 4,946 1,106
AE Alpha
F 23,715 3,551 0,794
C 24,910 4,208 0,941
PE Beta1
C 24,045 3,773 0,844
F 26,850 4,170 0,932
AE Beta1
F 25,780 3,507 0,784
C 15,920 3,269 0,731
PE Beta2
C 18,235 3,851 0,861
F 15,945 3,667 0,820
AE Beta2
F 17,245 3,755 0,840
C 13,910 4,099 0,917
PE Beta3
C 16,875 4,915 1,099 F 13,425 3,624 0,810
AE Beta3
F 15,375 3,395 0,759
C 13,985 5,760 1,288
PD Delta
C 13,595 6,122 1,369 F 12,690 4,971 1,111
AD Delta
F 12,545 3,911 0,875
C 21,690 2,881 0,644
PD Theta
C 21,095 3,395 0,759
F 22,465 5,346 1,196
AD Theta
F 22,460 5,373 1,201
C 23,915 5,152 1,152
PD Alpha
C 21,075 3,087 0,690
F 25,265 4,067 0,909
AD Alpha
F 23,665 3,469 0,776
C 24,880 3,884 0,869
PD Beta1
C 23,920 3,530 0,789 F 26,510 3,452 0,772
AD Beta1
F 25,920 3,051 0,682
C 16,665 3,848 0,860
PD Beta2
C 18,670 4,373 0,978
F 16,035 3,230 0,722
AD Beta2
F 16,995 3,371 0,754
C 15,055 4,599 1,028
PD Beta3
AD Beta3 C 17,540 5,343 1,195
F 13,550 2,710 0,606

61
62
FP1 FP2
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30 30
20 20 *
10 10
0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A A A M T T H A A A M
L E P T T T A L E P T T T A
E H L E E E G E H L E E E
D T A B B B D T A B B B G
F7 F3 FZ F4 F8
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30 30
* * **
20 20 20 * *
*
20 * 20 *
*
10 10 10
10 10
0 0 0 0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A A A M T T H A A A M T T H A A A M T T H A A A M T T H A A A M
L E P T T T A L E P T T T A L E P T T T A L E P T T T A L E P T T T A
E H L E E E E H L E E E G E H L E E E E H L E E E E H L E E E
D T A B B B G D T A B B B D T A B B B G D T A B B B G D T A B B B G
T3 C3
CZ C4 T4
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
30 CO N TRO LE
* 30 F IB R O M IA L G IA
*
20
20 20 20
20 *
10 10
10 10
10
0
A 1 2 3 A
0
A A
T
E
T H A A A M A A A 1 2 3 A 0 0 0
L P T T T A T T H M
E H L E E E L E P A A A A 2 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
D T A B B B G E L T T T A A A 1 3 T T H T T H
H E E E G T T H A A A M L E P A A A M L E A A A M
D T A B B B L E P T T T T T T A P T T T A
E H L A E H L E E E G E H L E E E G
D T A E E E G D T A B B B D T A B B B
B B B
Figura 12. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos individualizados da região anterior do cérebro na disposição
10/20 comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos em média e erro padrão, *P ≤ 0,05,
**P ≤ 0,01, determinado por Teste t student para amostras independentes.
63
P3 PZ P4 T6
T5

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )

30
* *
20 20 20 20
20
10 10 10 10
10
0 0 0 0
0
2 A 2 A 2 A A A A 1 2 3 A
A A 1 2 3 A A A A 1 3 A A A 1 3 A A A 1 3 T T A A M
T A T T H A A M T T H A A M T T H A A M L E H T T A
L T H A A A M L E T T A A L E T T A A L E T T A A E P E T A
E E P T T T A E P E E T E P E E T E P E E T D H L E E G
H L E E E G D H L B B E G D H L B B E G D H L B B E G T A B B B
D T A B B B T A B T A B T A B
O1 OZ O2

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30

A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
A M P L IT U D E R E L A T IV A ( % )
30
CO N TRO LE
F IB R O M IA L G IA
20 20 20
10 10 10
0 0 0
A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A A A A 1 2 3 A
T T H A A A M T T H A A A M T T H A A M
L E T T T A L E T T T A L E T T A A
E P E E E P E E E P E E T
D H L B B E G D H L B B E G D H L B B E G
T A B T A B T A B
Figura 13. Amplitude relativa de ondas eletroencefalográficas por eletrodos individualizados da região anterior do cérebro na disposição
10/20 comparando mulheres com fibromialgia (vermelho) e mulheres saudáveis (azul) descritos em média e erro padrão, *P ≤ 0,05,
**P ≤ 0,01, determinado por Teste t student para amostras independentes.
ANEXOS

ANEXO A
QUESTIONÁRIO DE IMPACTO DA FIBROMIALGIA

Nos últimos sete dias:

63
ANEXO B

INVENTÁRIO DE BECK

NOME:

Leia cuidadosamente cada uma das alternativas. A seguir, selecione com um círculo a
afirmativa em cada grupo que melhor descreve como você se sentiu na semana que
passou, incluindo o dia de hoje. Certifique de ler todas as alternativas de cada grupo
antes de fazer a sua escolha.
1.
0 Não me sinto triste.
1 Sinto-me triste
2 Sinto-me triste o tempo todo e não consigo sair disso
3 Estou muito triste e tão infeliz que não posso mais agüentar
2.
0 Não estou particularmente desencorajado (a) quanto ao futuro
1 Sinto-me desencorajado (a) quanto ao futuro
2 Sinto-me que não tenho mais nada por esperar
3 Sinto que o futuro é tão sem esperança que as coisas não podem melhorar
3.
0 Não me sinto fracassado (a)
1 Sinto que falhei mais que o indivíduo médio
2 Quando olho para traz em minha vida, tudo o que vejo é uma porção de fracassos
3 Sinto que sou um fracasso completo como pessoa
4.
0 Sinto-me satisfeito (a) com as coisas como sempre me senti
1 Não gosto das coisas como gostava antes
2 Não consigo sentir satisfação real com coisa alguma
3 Estou insatisfeito(a) ou aborrecido(a) com tudo
5.
0 Não me sinto particularmente culpado (a)
1 Sinto-me culpado (a) boa parte do tempo
2 Sinto-me muito culpado (a) maior parte do tempo
3 Sinto-me culpado (a) o tempo todo
6.
0 Não sinto que esteja sendo punido (a)
1 Sinto que posso ser punido (a)
2 Espero ser punido
3 Sinto que estou sendo punido (a)
7.
0 Não me sinto desapontado (a) comigo mesmo (a)

64
1 Sinto-me desapontado(a) comigo mesmo (a)
2 Sinto-me aborrecido comigo mesmo (a)
3 Eu me odeio
8.
0 Não acho que sou pior que os outros
1 Critico-me por minhas fraquezas ou erros
2 Responsabilizo-me o tempo todo por minhas falhas
3 Culpo-me por todas as coisas ruins que me acontecem
9.
0 Não penso nunca em me matar.
1 As vezes penso em me matar, mas não levo isso a diante
2 Gostaria de me matar
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade
10.
0 Não costumo chorar mais do que o normal
1 Choro mais do que antes
2 Atualmente choro o tempo todo
3 Eu costumava conseguir chorar, mas agora não consigo, mesmo querendo
11.
0 Agora as coisas não me irritam mais do que antes
1 Fico chateado(a) ou irritado (a)mais facilmente do que costumava
2 Atualmente sinto-me irritado o tempo todo
3 Já não irrito mais com as coisas como antes
12.
0 Não perdi o interesse nas outras coisas ou pessoas
1 Interesso-me menos do que antes pelas as outras pessoas
2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas
3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas
13.
0 Tomo decisões mais ou menos tão bem quanto antes
1 Adio minhas decisões mais do que antes
2 Tenho muito mais dificuldades em tomar decisões do que antes
3 Não consigo mais tomar decisões alguma
14.
0 Não sinto que minha aparência seja pior do que antes
1 Preocupo-me por estar parecendo velho(a) ou sem atrativos
2 Sinto que mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecerem sem
atrativos
3 Considero-me feio (a)
15.
0 Posso trabalhar tão bem quanto antes
1 Preciso de mais força para começar qualquer coisa
2 Tenho que me esforçar demais para fazer qualquer coisa

65
3 Não consigo fazer nenhum trabalho
16.
0 Durmo tão bem quanto de costume
1 Não durmo tão bem quanto costumava
2 Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que costume e tenho dificuldade de voltar a dormir
3 Acordo varias horas mais cedo do que costumava e não consigo voltar a dormir
17.
0 Não fico mais cansado (a) como costumava
1 Fico cansado (a) com mais facilidade do que antes
2 Sinto-me cansado (a) ao fazer qualquer coisa
3 Estou cansado (a) demais para fazer qualquer coisa
18.
0 Meu apetite continua como de costume
1 Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser
2 Meu apetite está muito pior agora
3 Não tenho mais nenhum apetite
19.
0 Não tenho perdido peso ultimamente
1 Emagreci mais de 2,5 kg
2 Emagreci mais de 5 kg
3 Emagreci mais de 7 kg

20.
0 Não tenho maiores preocupações com a minha saúde
1 Problemas físicos (dores de cabeça, estômago, prisão de ventre, etc.) me preocupam
2 Estou preocupado (a) com problemas físicos e isto me dificulta a pensar em outras
coisas
3 Estou muito ocupado com meus problemas físicos e isso me impede de pensar em
outras coisas
21.
0 Ultimamente não tenho observado mudanças em meu interesse sexual
1 Estou menos interessado (a) em sexo do que costumava
2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente
3 Perdi completamente o interesse sexual

ESCORE

66
ANEXO C

ESCALA DE CATASTROFIZAÇÃO DA DOR

Todas as pessoas experienciam situações dolorosas em alguma altura de suas


vidas. Essas experiências dolorosas podem ser dores de cabeça, dores de dente, dores
musculares ou das articulações. As pessoas são frequentemente expostas a situações que
podem causas dor como por exemplo, uma doença, uma lesão ou um procedimento
cirúrgico.
Gostaríamos de saber os tipos de pensamento e sentimentos que tem sempre que
experiência dor. Em baixo encontram-se listadas 13 afirmações descrevendo diferentes
pensamentos e sentimentos que podem estar associados à dor. Utilizando a escala que se
segue, indique, por favor, em que medida tem estes pensamentos e sentimentos quando
sente dor.

0 – nunca 1 – poucas vezes 2 – algumas vezes 3 – muitas vezes 4 – sempre

Quando tenho dor...


( ) Preocupo-me constantemente sobre quando terminará a dor
( ) Sinto que não sou capaz de continuar assim
( ) É terrível e penso que nunca irá melhorar nem um pouco
( ) É horrível e sinto que isso me domina
( ) Sinto que não consigo aguentar mais
( ) Fico com medo que a dor se torne pior
( ) Penso continuamente noutras situações dolorosas
( ) Desejo ansiosamente que a dor desapareça
( ) Parece que eu não posso afastar a dor do meu pensamento
( ) Penso continuamente sobre o quanto me dói
( ) Penso constantemente sobre o quão desesperadamente quero que a dor acabe
( ) Não há nada que eu possa fazer que reduza a intensidade de minha dor
( ) Eu pergunto a mim mesmo se algo de grave poderá acontecer

67
ANEXO D
INVENTÁRIO DE ANSIEDADE TRAÇO-ESTADO

68
69
ANEXO E

PROTOCOLO DE PREPARAÇÃO PARA OS EXAMES DE


ELETROENCEFALOGRAMA E ELETROCARDIOGRAMA

Instruções para realização dos exames de


Eletroencefalograma e Eletrocardiograma
O EEG é um exame que analisa a atividade elétrica cerebral espontânea, captada
através da utilização de eletrodos colocados sobre o couro cabeludo. O objetivo desse
exame é obter registro da atividade elétrica cerebral para o diagnóstico de eventuais
anormalidades dessa atividade.
Já o eletrocardiograma (ECG) avalia o ritmo dos batimentos cardíacos em
repouso. O objetivo é ver se há alguma alteração na condução elétrica pelo coração. Ou
seja, se existem bloqueios ou partes do músculo que não estão se movendo como
deveriam, o que pode sinalizar problemas cardíacos.
Como são feitos os exames?
Os exames são realizados através da colocação de eletrodos no couro cabeludo e
pulsos, com auxílio de uma pasta condutora que, além de fixá-los, permite a aquisição
adequada dos sinais elétricos que constituem a atividade elétrica cerebral e cardíaca.
Preparação para os exames

 Lavar o cabelo no dia anterior usando simplesmente shampoo ou sabão de coco,


sem o uso de condicionador ou creme de pentear, com o objetivo de desengordurar
o máximo o couro cabeludo.
 O cabelo deve estar seco.
 Não ingerir bebidas alcoólicas a partir da noite anterior ao exame.
 Se alimentar com comidas leves no dia do exame, evitando bebidas estimulantes
como energéticos e café.
 Vestir roupas confortáveis.
 Tomar seus medicamentos normalmente.
 Chegar no local do exame 20 min antes do horário agendado.

70

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