2022 - Nhamuave, Maria Tomás

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Faculdade de Educação

Departamento de Organização e Gestão da Educação


Curso de Organização e Gestão da Educação

Monografia

Análise da Influência dos Ritos de Iniciação na Escolarização da Rapariga: Estudo de Caso


da Comunidade Maconde da “Zona Militar” da Cidade de Maputo (Bairro da Coop)

Maria Tomás Nhamuave

Maputo, Abril de 2022


Universidade Eduardo Mondlane
Faculdade de Educação
Departamento de Organização e Gestão da Educação
Curso de Organização e Gestão da Educação

Análise da Influência dos Ritos de Iniciação na Escolarização da Rapariga: Estudo de Caso


da Comunidade Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo (Bairro da Coop)

Monografia apresentada ao Departamento de


Organização e Gestão de Educação como requisito
final para a obtenção do grau de Licenciatura em
Organização e Gestão de Educação.

Autora: Maria Tomás Nhamuave


Supervisora: dra. Jofina Félix

Maputo, Abril de 2022


Declaração de originalidade

Esta monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau de
Licenciatura em Organização e Gestão de Educação e aprovada na sua forma final pelo Curso de
Licenciatura em Organização e Gestão de Educação, Departamento de Organização e Gestão de
Educação da Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane.

Mestre Nelson Buque

(Director do Curso de Organização e Gestão de Educação)

O Júri da Avaliação

O presidente do júri O examinador O supervisor

__________________ __________________ __________________

i
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela oportunidade e pela vida que me concedeu desde que
nasci até aos dias de hoje.

Em seguida, os profundos agradecimentos aos meus docentes do curso de licenciatura, em especial


a minha supervisora, pela paciência, dedicação, interesse e disponibilidade que sempre manifestou
ao longo do desenvolvimento do trabalho, desde o desenho do projecto até a realização da
monografia final.

Os meus agradecimentos vão a estrutura da Zona Militar que permitiu a realização da pesquisa e
também as anciãs, as raparigas e os seus pais e encarregados de educação, por terem aceite fazer
parte da pesquisa.

Aos meus colegas do curso e do Centro dos Estudos Africanos pela ajuda ao longo da realização
da pesquisa em algumas fases do desenvolvimento do trabalho.

A minha família, pela devida atenção ao longo da realização do estudo como também pelo facto
de me ter ajudado em alguns aspectos, dado que sem eles me tornaria difícil concluir o curso, em
especial ao meu marido Aulino Maculuve, aos meus filhos (Crizalda, Aulino, Jr, Tiago, Elisa e
Orlanda) e a todos que directa ou indirectamente contribuíram para a minha formação.

Meu Khanimambo,

Muito obrigada

ii
Dedicatória
Dedico este trabalho a Deus e a minha família

“Quando a educação não é libertadora,

o sonho do oprimido é tornar opressor” (Paulo Freire)

iii
Declaração de Honra
Eu, Maria Tomás Nhamuave, declaro por minha honra, que esta monografia nunca foi apresentada
para a obtenção de qualquer grau académico e que a mesma constitui o resultado do meu labor
individual, estando indicadas ao longo do trabalho e nas referências bibliográficas todas as fontes
utilizadas.

Maputo, 13 de Abril de 2022

_____________________________________
(Maria Tomás Nhamuave)

iv
Índice
Declaração de originalidade ............................................................................................................. i

Agradecimentos .............................................................................................................................. ii

Dedicatória ..................................................................................................................................... iii

Declaração de Honra ...................................................................................................................... iv

Lista de Tabelas ........................................................................................................................... vii

Resumo ........................................................................................................................................ viii

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1. Contextualização .............................................................................................................. 1

1.2. Problematização ....................................................................................................................... 2

1.3. Objectivos ................................................................................................................................ 3

1.3.3. Perguntas de pesquisa ........................................................................................................... 4

1.4. Justificativa .............................................................................................................................. 4

CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 5

2.1. Definição dos conceitos ........................................................................................................... 5

2.2. Contexto histórico dos ritos de iniciação em Moçambique ..................................................... 6

2.3. Ritos de iniciação em Moçambique ......................................................................................... 7

2.5. Aspectos negativos dos ritos de iniciação no contexto social................................................ 10

2.6. Influência dos ritos de iniciação na educação formal ............................................................ 11

CAPÍTULO III: METODOLOGIA .............................................................................................. 13

3.1. Descrição do local do estudo ................................................................................................. 13

3.2 Classificação da pesquisa ........................................................................................................ 13

3.2.1 Classificação da pesquisa quanto à natureza ....................................................................... 14

3.2.2 Classificação da pesquisa quanto à abordagem ................................................................... 14

3.2.3 Classificação da pesquisa quanto aos procedimentos .......................................................... 14

v
3.2.4 Classificação da pesquisa quanto aos objectivos ................................................................. 15

3.3. Técnicas de Recolha de Dados .............................................................................................. 15

3.3.3. Discussão Grupo Focal ....................................................................................................... 15

3.4. População e Amostra ............................................................................................................. 16

3.5. Questões Éticas ...................................................................................................................... 17

3.6. Limitações .............................................................................................................................. 17

CAPITÚLO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 18

4.1. Período de realização dos ritos de iniciação na comunidade Maconde da Zona Militar ....... 18

4.2. O papel social dos ritos de iniciação da rapariga na comunidade Maconde da Zona Militar 20

4.3. Influencia dos ritos de iniciação da comunidade Maconde da Zona Militar na escolarização da
rapariga ......................................................................................................................................... 21

CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................... 23

5.1. Conclusões ............................................................................................................................. 23

5.2. Sugestões................................................................................................................................ 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 25

Apêndices ...................................................................................................................................... 28

Anexo ............................................................................................................................................ 35

vi
Lista de Tabelas
Tabela 1. Sexo, nível da escolarização e faixa etária dos respondentes……………………Pág. 16

vii
Resumo
O estudo versa sobre a influência dos ritos de iniciação na escolarização da rapariga, um estudo de
caso da Comunidade Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo, tendo como objectivo geral
analisar a influência dos ritos de iniciação na escolarização da rapariga da comunidade Maconde
da zona Militar. Recorreu-se a uma pesquisa qualitativa com o carácter exploratório, tendo-se
usado como técnicas de recolha de dados discussão em grupo focal, a entrevista semiestruturada e
pesquisa bibliográfica. A amostra do presente estudo foi composta por (30) respondentes, sendo
três (3) anciãs, (20) raparigas e (6) pais e mães das raparigas e (1) chefe do quarteirão, selecionados
com base numa amostragem não probabilística, por acessibilidade e conveniência. Com o presente
estudo verificou-se que os ritos de iniciação na Comunidade Maconde da Zona Militar são
realizados nos meses de Dezembro a Janeiro, período de férias escolares. Constatou-se ainda que
os ritos de iniciação para o povo Maconde têm um grande significado pelo facto de tratar-se de um
período de transição da vida infantil à vida adulta, ou seja, de aquisição de um estatuto mais
respeitável na sociedade, é um meio de socialização e educação da rapariga onde aprende novas
maneiras de se comportar como um membro na sociedade. Assim, concluiu-se que para a
comunidade maconde residente na zona militar, os ritos de iniciação não exercem uma influência
negativa na escolarização da rapariga, pois são realizados num período não lectivo e os
ensinamentos adquiridos nessa cerimónia ajudam na formação da personalidade da rapariga, no
desenvolvimento de habilidades para saber estar com os outros e no cuidado com a higiene pessoal.

Palavras-chave: Ritos de Iniciação, Escolarização, Rapariga, Comunidade Maconde.

viii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização
A presente monografia tem como tema: análise da influência dos ritos de iniciação na
escolarização da rapariga: Estudo de caso da comunidade maconde da Zona militar da Cidade
de Maputo. Onde se faz a análise destas práticas sociais e a sua correlação com a escolarização da
rapariga.

Tradicionalmente, a educação em Moçambique tem a sua génese em aspectos de educação familiar


que se manifestam de algum modo através dos ritos de iniciação. Antes do período colonial, os
ritos de iniciação da puberdade eram realizados de modo a serem considerados adultos e estarem
aptos para se casarem (Madeiros, 1995 citado por Maivasse, 2016).

Nas comunidades africanas, em particular as moçambicanas, os ritos de iniciação marcam a


passagem da criança para a idade adulta e as preparam socialmente para o casamento, a vida após
o casamento, como se comportar perante uma cerimónia fúnebre, como preparar um funeral e
como se comportar perante pessoas mais velhas (Medeiros, 1995).

Portanto, os ritos de iniciação são uma instituição socializadora, estes vêm sofrendo
transformações e reajustamentos a medida que a sociedade vai-se transformando, preservando os
valores tradicionais do povo específico.

A presente monografia está organizada em cinco capítulos: O capítulo I apresenta a introdução,


que inclui a contextualização, a problematização, os objectivos, as perguntas, e pesquisa, por
último, a justificativa. O capítulo II discute os conceitos-chave e estudos relevantes sobre o tema
em destaque. O capítulo III diz respeito a caracterização do local do estudo, a metodologia usada
para a realização da pesquisa, a amostra, os instrumentos e os procedimentos de recolha e análise
de dados e as limitações do estudo. O Capítulo IV refere a análise e a discussão dos resultados. O
capítulo V apresenta as conclusões e as recomendações. Por fim são apresentadas as referências
bibliográficas dos autores citados neste trabalho, os apêndices e anexos.

1
1.2. Problematização
A diversidade cultural que se manifesta em Moçambique é uma evidente demostração de que se
trata de um país multiétnico. Uma das práticas culturais da maioria das comunidades étnicas em
Moçambique são os ritos de iniciação em que participa os rapazes e raparigas.

Devido a predominância da educação tradicional em Moçambique muitas famílias levam os seus


filhos, em particular as raparigas, a estes ritos, normalmente sem obedecer o cumprimento do
calendário escolar. Um outro elemento que se destaca nos ritos de iniciação é o tipo de ensinamento
que tem o objectivo de preparar a rapariga para desempenhar os seus papéis socialmente definidos.

Nesta onda de ideias, Osório e Macuacua (2013) mostram a concepção das famílias, afirmando
que há evidências segundo as quais, existem famílias que acreditam na ideia de que para as suas
filhas terem sucesso na vida devem ser submetidas aos ritos de iniciação, através dos quais as
raparigas são consideradas prontas para a vida adulta. Acrescentam os autores que era previsível
que os ritos de iniciação tivessem sido sujeito aos reajustamentos e a possíveis rupturas, já que nos
últimos 50 anos produziram-se mudanças a nível político, económico e social.

Tal como afirma Osório & Silva (2008) que no contexto moçambicano a prática dos ritos
desapareceu em algumas zonas e em outras foi alterados, devido a actuação de factores
diversificados como o colonialismo, guerras, migrações, modernidade, sendo a região norte do
país o local onde ainda é possível encontrar povos e grupos étnicos que preservam esta prática.

Porém, mesmo nos locais onde persistem, os ritos sofreram algumas transformações. Na
comunidade Maconde são evidentes os valores da educação tradicional que se manifestam através
dos ritos de iniciação, sendo que a comunidade Maconde residente na zona militar da Cidade de
Maputo é um exemplo da persistência dos ritos de iniciação em Moçambique. É notório a
existência de algumas manifestações culturais nos valores defendidos pela comunidade Maconde
que tem um considerável impacto no Processo de Escolarização.

De acordo com o relatório apresentado pela UNICEF (2011), na zona norte e centro o índice dos
casamentos prematuros das raparigas antes dos 15 anos é de 23% contra apenas 7% nas províncias
da zona sul, fenómeno caracterizado pela predominância dos ritos de iniciação nestas
comunidades. No entanto, a Comunidade Maconde da Zona militar, apesar de estar localizado na

2
zona sul, ainda é conservadora dos valores tradicionais da zona norte especificamente da
Comunidade Maconde.

Um estudo realizado na Comunidade Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo por


Mapiningo (2015), verificou que os ritos de iniciação nestas comunidades têm uma grande
influência na vida escolar da rapariga, tendo em conta que são realizados nos meses de Novembro
e Dezembro compreendendo raparigas dos 11 anos até 15 anos. Acrescenta o autor que os ritos de
iniciação também possui alguns ensinamentos que contribuem para as gravidezes precoces e
consequentemente para o abandono escolar devido a pedagogia utilizada e os significados
conferidos aos ritos de iniciação. Este estudo revela que os ritos de iniciação têm uma influência
negativa na escolarização da rapariga. Assim, visto que na Comunidade Maconde, em particular
dos que residem na Zona Militar da Cidade de Maputo, há ocorrência destas práticas que têm
impacto na escolarização da rapariga em particular. Pretende-se neste estudo responder a seguinte
pergunta de pesquisa: De que forma os ritos de iniciação influenciam a escolarização da Rapariga
da Comunidade Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo?

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral


Analisar a influência dos ritos de iniciação na escolarização da rapariga da comunidade maconde
da Zona Militar da Cidade de Maputo.

1.3.2. Objectivos Específicos


 Identificar o período em que decorrem os ritos de iniciação da rapariga na comunidade
Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo.
 Descrever o papel social dos ritos de iniciação da rapariga da comunidade Maconde da
Zona Militar da Cidade de Maputo;
 Identificar a influência dos ritos de iniciação da comunidade Maconde da Zona Militar na
escolarização da rapariga.

3
1.3.3. Perguntas de pesquisa
 Qual é o período em que decorrem os ritos de iniciação da rapariga da comunidade
Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo?
 Que papel os ritos de iniciação têm na escolarização da rapariga da comunidade Maconde
da Zona Militar da Cidade de Maputo?
 Qual é influência dos ritos de iniciação da comunidade Maconde da Zona Militar na
escolarização da rapariga?

1.4. Justificativa
Em Moçambique, as práticas tradicionais são quotidianos de algumas culturas, uma vez que o país
é caracterizado por manifestações culturais diversificadas. A educação tradicional faz parte dos
modus vivendu das comunidades moçambicanas. Em várias regiões de Moçambique, ela se
manifesta através dos ritos de iniciação.

A escolha do tema deve-se ao facto de se constatar que a comunidade Maconde residente na Zona
militar na Cidade de Maputo, tem realizado os ritos de iniciação onde são transmitidos
ensinamentos que de alguma forma influenciam a escolarização da rapariga.

No âmbito social, a pesquisa é importante porque ajuda a perceber como as práticas de ritos de
iniciação podem influenciar na vida das raparigas e acredita-se que a pesquisa pode despertar as
estruturas locais a chegar a um acordo sobre o período de ocorrência dos ritos de iniciação que não
pode coincidir com o período lectivo.

No âmbito académico, a pesquisa é de importante na medida em que contribui para o


enriquecimento da literatura que versa sobre os ritos de iniciação numa comunidade específica.

4
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Neste segundo capítulo faz-se uma análise em relação aos aspectos chave da pesquisa com base
na concepção de vários autores. Portanto, apresentam-se os conceitos-chave da pesquisa (ritos de
iniciação, educação informal e a educação formal), discute-se as potencialidades dos ritos de
iniciação, as limitações ou aspectos negativos dos ritos de iniciação, fazendo uma análise sobre os
ritos de iniciação em Moçambique.

2.1. Definição dos conceitos


A definição dos conceitos básicos da pesquisa constitui um importante aspecto na realização de
qualquer trabalho. Seria inoportuno procurar-se analisar um tema sem antes, porém, discutir os
conceitos base. Esta secção da pesquisa apresenta o quadro conceptual, onde se discute os
principais conceitos (ritos de iniciação, educação informal e educação formal).

2.1.1. Conceito de Ritos de iniciação e educação informal


Educação informal – define-se a educação informal como sendo uma modalidade de educação
que ocorre fora do ambiente escolar, sendo que o objectivo desta educação é a socialização do
indivíduo. Esta socialização do indivíduo pode-se realizar a partir dos ritos de iniciação (Cascais
e Teran, 2014).

De acordo com Menezes (2001) educação informal é aquela que se desenvolve fora das instituições
de ensino ou aquela que ocorre sem planificação, e transcorre em ambientes culturais e em família.

Tomando em conta o conceito de Menezes (2001) e Cascais & Teran (2014), entende-se que os
autores são unânimes em considerar a educação informal como aquela que ocorre fora do
estabelecimento escolar. Os autores enfatizam a transmissão de valores culturais e acrescentam
demostrando que a educação informal visa a formação do indivíduo para a sua inserção social.

Ritos de iniciação – são instituições de caris social que inculcam no individuo a forma de agir em
determinadas situações (Berger e Luckmann, 2004). Os autores dizem ainda que os ritos de
iniciação têm um poder autoritário e coercivo sobre o indivíduo. Portanto, estes autores definem
os ritos de iniciação numa perspectiva educativa, centrando-se na formatação da consciência moral
do membro do grupo social.

5
Por sua vez, Maivasse (2016) citando Bordon (1990), define os ritos de iniciação como sendo
acções que ocorrem de forma codificadas, solenes, de modo verbal, gestual e postural de forte
valor simbólico, fundado na crença, na força actuante de seres ou de poderes sagrados, com os
quais o homem tenta comunicar, por forma a obter um efeito determinado. Esta autora analisa o
conceito sob uma perspectiva da sua vitalidade e também dos seus significados sócio-culturais.

Assim, com base nas definições apresentadas acima os autores citados, entende que os ritos de
iniciação seriam um conjunto de actos sociais que são transmitidos de geração a geração com
objectivo fulcral de preparar o indivíduo como membro social para a resposta dos seus papéis
sócias.

2.1.2. Conceito de Educação formal


Os vários estudiosos que procuram analisar o conceito de educação formal, apresentam definições
similares. Desta forma, segundo Cascais & Teran (2014), a educação formal é aquela que acontece
no espaço escolar institucionalizado, onde há um currículo a seguir, normas a cumprir e onde o
principal objectivo é a aprendizagem.

Gohn (2006) traz uma concepção da educação formal que se alinha com a presente pesquisa, onde
define educação formal como aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente
demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de
socialização - na família, no bairro, no clube, com amigos, etc., carregada de valores e cultura
própria, de pertencimento e sentimentos herdados; e a educação informal é aquela que se aprende
no mundo da vida, via processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços
e acções colectivas quotidianas.
Assim, as definições dos autores são similares, pelo facto de considerar esta educação como sendo
aquela que se configura e se manifesta no ambiente escolar, com conteúdos programados e
codificados. No entanto, os autores notam mais evidências de que o principal objectivo desta
educação é a aprendizagem em espaços colectivos.

2.2. Contexto histórico dos ritos de iniciação em Moçambique


Os ritos de iniciação marcam a história do povo moçambicano. Antes do período colonial, os ritos
de iniciação eram realizados na fase da adolescência de modo a serem considerados adultos e
estarem aptos para se casarem (Madeiros 2005, citado em Maivasse, 2016).

6
Casimiro (2000) e Braco (2008) referem que ao longo da história da educação em Moçambique, a
educação tradicionalmente moçambicana nem sempre teve aceitação. Durante o período colonial
os ritos de iniciação foram totalmente reprovados de forma oficial. Neste período, o povo
moçambicano sentiu-se obrigado a abster-se da educação e cultura tradicional moçambicana
associando assim, a tradição e cultura colonial portuguesa que era considerada superior pelo
colono.

Já no período pós-independência, Braco (2008) afirma que apesar de Moçambique ter alcançado
a independência política, continuou com a colonização cultural, tendo ainda reconhecido a cultura
eurocêntrica como sendo a melhor cultura. Actualmente, nota-se uma tentativa de resgate de alguns
valores tradicionais nas sociedades moçambicanas, através do reconhecimento da importância dos
valores sagrados da cultura africana. Portanto, há que salientar que nos momentos marcantes da
história de Moçambique, os ritos de iniciação foram caracterizados por alterações na sua
configuração social. Nota-se que em várias comunidades os ritos de iniciação não se manifestam
de forma tradicionalmente moçambicana. Em algumas sociedades, sobretudo, na zona sul, as
manifestações culturais realizam-se dentro do convívio familiar sem a necessidade do isolamento
domiciliar.

2.3. Ritos de iniciação em Moçambique


Moçambique é um país multicultural em que a maior parte das pessoas passa pelos ritos de
iniciação ao longo da vida e as cerimónias rituais, incluindo as de iniciação, são uma prática que
caracteriza todas as sociedades Moçambicanas (Rangel, 1999). Os ritos de iniciação celebram a
passagem das crianças da infância ou adolescência a vida adulta através da instrução sobre as
tradições, instruções rituais e segredos da comunidade em que elas pertencem.

Em Moçambique os ritos de iniciação não são uniformes, variando conforme o contexto social, as
épocas históricas e práticas que constroem as identidades das pessoas tanto individuais quanto de
grupos.

De acordo com Roseiro (2013) citado por Mapiningo (2016), na comunidade maconde, por
exemplo, os rituais culturais ocorrem desde o nascimento da pessoa até a morte. Neste sentido,
eles acontecem durante as mudanças significativas que passam pelo nascimento, entrada da vida
adulta, casamento e morte. Acrescenta o autor que nesta comunidade os ritos de iniciação, são o

7
marco mais solene na vida do membro. Os ensinamentos transmitidos nessas cerimónias são
sagrados e não se podem transmitir a um indivíduo que não seja iniciado.

Na comunidade macua, tal como afirma Talapa (2013), os ritos de iniciação tanto para os rapazes
como para a rapariga ocorrem na fase de adolescência, como baptismo para a fase adulta. Estes
ritos ocorrem na idade dos 10 aos 12 anos, por ser um período de mudanças biológicas, que
consiste no isolamento dos iniciados num acampamento ou residências designadas “Onverani”,
que significa residência isolada.

Para o caso específico da rapariga, a autora supracitada afirma que ocorrem no período da primeira
menstruação, em que a progenitora da criança comunica a madrinha da criança designada malye
ou posiye, da necessidade de preparação da rapariga para ser mulher. Este período caracteriza-se
pela transmissão de ensinamentos do modo de se vestir, se movimentar e se comportar; aprende
também os deveres e afazeres domésticos de forma mais específica, bem como, cuidar do marido
e dos filhos.

Os ritos de iniciação feminino da Comunidade Lomwé dos montes Namuli na província da


Zambézia são geridos por anciãs que usam deste momento para transmitir os valores sagrados de
comunidade como a forma de vestir, de sentar, de saudar, de servir o seu esposo, como anunciar o
período de menstruação ao seu esposo, entre outros aspectos inerentes a vida na comunidade e em
comunidade. Os ritos de iniciação se denomina-se Emwali como sendo uma forma de conservação
dos valores culturais daquele do povo Lomwé, através da transmissão de valores culturais
(Dunduro, Sousa e Gonzagas 2016).

Assim, entende-se a partir das explicações acima que os ritos de iniciação em algumas
comunidades, do norte e centro do país, apresentam linhas comuns no que é concernente aos
ensinamentos e significado dos ritos de iniciação. Estas práticas ensinam os valores, e hábitos
defendidos pela sociedade que perpetuam desde as gerações passadas até as actuais.

Na comunidade maconde os ritos de iniciação constituem uma forma de educação de transmissão


de valores, conhecimentos, costumes que são transmitidos pelos mais velhos ou alguém que já
passou pelos ritos, mas duma forma oral. Por outro lado, ritos de iniciação são a transmissão de
valores, no contexto Maconde, valores morais e físicos (Malido, 2017).

8
Na comunidade Maconde, os ritos de iniciação femininos são designados Ing’oma como forma de
educar as raparigas, no mesmo tempo, é uma forma de prevenção e transmissão dos valores
culturais e hábitos.

Os ritos de iniciação são uma forma de educação social informal, é nos ritos de iniciação que as
iniciadas são ensinadas diferentes normas locais, sociais e culturais da comunidade Maconde. De
acordo com (Malido, 2017), na comunidade maconde os ritos de iniciação passam por três fazes:

A primeira fase é a kuvika (pôr, ser submetida ao rito de iniciação). A cerimónia inicia numa sexta-
feira à noite por volta das 20 até às 03 horas da manhã, com as danças tradicionais de algumas
senhoras, madrinhas e outras pessoas que já foram iniciadas;

A segunda fase é a kulanda (saber, apreender). Esta fase é o período de aprendizagem, que é feito
em dois momentos: no primeiro momento, as iniciadas aprendem aspectos relacionados com o dia-
dia em casa, na sociedade. No segundo momento, aprendem assuntos relacionados com a, como
cuidar de doentes e tratar dos mortos.

A terceira e a última fase é a de kujaluka (saída das iniciadas dos ritos). Aqui as iniciadas voltam
ao convívio familiar depois de todas actividades feitas no processo de ritual.

2.4. Potencialidades dos Ritos de Iniciação

Não resta nenhuma dúvida em relação a importância dos ritos de iniciação para o adolescente e
também para a comunidade. A educação tradicionalmente africana manifesta-se através dos ritos
de iniciação.

Assim, na perspectiva de Altuna (1985), os ritos de iniciação providenciam nos rapazes, bem como
nas raparigas, uma educação de modo a cumprir os seus deveres socioculturais. Estas práticas são
elementos indispensáveis para integração do indivíduo na sociedade.

Golias (1993) afirma, por sua vez, que os ritos de iniciação são instituições sociais de capital
importância na educação do indivíduo. Este argumento apresentado por Golias associa-se a ideia
de Altuna (1985), pelo facto de ambos reconhecerem o papel pedagógico dos ritos de iniciação na
comunidade.

9
Num relatório apresentado por Osório (2015), constatou-se que os ritos de iniciação: pelo que
ensinam e pelo modo como são transmitidas as aprendizagens, as crianças do sexo feminino e do
sexo masculino aprendem a distinguir-se e a adoptar práticas que lhes condicionam o acesso aos
direitos, Ou seja, os ritos de iniciação têm uma primeira função que é de formar identidades, de
nos dizer o que está certo e errado no nosso comportamento. Assim, as aprendizagens dos ritos de
iniciação de geração em geração. Foi notório das análises das concepções dos diversos autores que
os ritos de iniciação perpetram os valores e hábitos de uma comunidade para além de ser uma
forma de educação integral do indivíduo, isto é, no seu modo de agir e pensar.

2.5. Aspectos negativos dos ritos de iniciação no contexto social


Para além das potencialidades dos ritos de iniciação, alguns pesquisadores defendem que
apresentam algumas limitações ou aspectos negativos.

Algumas vozes feministas vêm contestando os ritos de iniciação demostrando o impacto negativo
no âmbito social. Assim, Segundo Osório e Silva (2008), os ritos de iniciação são práticas sociais
que reproduzem desigualdades de género na comunidade. Estes autores mostram que os ritos de
iniciação são fontes primárias das desigualdades sociais entre homens e mulheres, devido aos
ensinamentos que dão supremacia a classe dos homens dentro do contexto da comunidade.

Segundo Osório (2015) acredita na mesma opinião, afirmando que os ritos de iniciação causam a
divisão sexual do trabalho.

A divisão sexual do trabalho é uma componente que se inicia nos primeiros anos da criança
(carregar água, tratar das mais pequenas) e que os ritos reforçam, delimitando bem o papel do
homem e da mulher. A aprendizagem da construção de casa pelos rapazes ou a aprendizagem das
tarefas domésticas pelas mulheres, pode parecer à primeira vista uma forma natural de partilha de
tarefas, mas na verdade constitui desde logo, uma forma simbólica de demonstrar quem é o
responsável pela família e quem é o dono da casa, sendo a mulher remetida para a execução do
trabalho que permite que a casa do dono seja preservada e reproduzida através da educação dos
filhos (Osório, 2015).

Osório & Silva (2008) diz que nos ritos de iniciação ensina-se também a obediência cega aos
adultos, o não questionamento das imposições dos mais velhos ou com mais estatuto e acima de

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tudo, que “estudar é bom, mas o bom mesmo é arranjar marido, ter casa e ter filhos”. Portanto, a
autora diz que os ritos de iniciação transmitem conteúdos que incentivam a vida marital do
adolescente. Nestes ensinamentos há uma imposição, sendo que apenas deve se obedecer sem
nenhum questionamento.

Assim, no âmbito social, os ritos de iniciação são práticas que apresentam algumas irregularidades
no que diz respeito a violação dos direitos humanos caracterizados pela igualdade de género, pois,
para as raparigas, os ensinamentos inserem-se na submissão e para os rapazes no poder dominante.

2.6. Influência dos ritos de iniciação na educação formal


Geralmente, a educação prepara o ser humano para o desenvolvimento de suas actividades no
percurso de sua vida. Tanto a educação informal como a formal apresentam um objectivo comum
que é a formação integral do homem e a sua aceitação social.

Portanto, de acordo com Mapiningo (2015), os ritos de iniciação exercem uma pressão sobre as
raparigas como os rapazes a desenvolver as actividades sexuais bem como os casamentos
prematuros resultando desta forma no abandono escolar. Desta forma se percebe que na
perspectiva deste autor os ritos de iniciação apresentam são de lado negativo uma lastimável acção
na vida do adolescente, isto é incitam a violência sexual e ao mesmo tempo os casamentos
prematuros que são consideradas como uma das principais caudas da evasão escolar.

O relatório da UNICEF (2010) (...) as tradições culturais podem funcionar como barreiras à
educação (...) os ritos de iniciação de rapazes e raparigas tendem a influenciar negativamente as
taxas de frequência do ensino primário e secundário. Assim, o relatório mostra a que maior parte
das crianças que passam pelos ritos de iniciação não conseguem concluir o ensino primário e ou
secundário.

A educação formal, no que concerne aos seus objectivos, centra-se no ensino e aprendizagem de
conteúdos historicamente sistematizados, que preparam o indivíduo para actuar em sociedade
como cidadão activo. A educação informal tem como objectivo socializar os indivíduos e
desenvolver hábitos e atitudes (Gohn, 2006).

11
Portanto, entende-se que tanto a educação informal manifeste pelos ritos de iniciação tanto a
educação oficial realizada no ambiente escolar são indispensáveis na vida do indíviduo. Assim,
elas exercem uma relação de complementaridade, sendo que os ritos de iniciação ocorrem no
ambiente social e a educação escolar ocorre na escola.

12
CAPÍTULO III: METODOLOGIA
Neste capítulo apresentam-se os procedimentos metodológicos que alicerçaram a realização da
pesquisa servindo de guia. Desta forma, apresenta-se a classificação da pesquisa quanto a
abordagem e quanto aos objectivos, as técnicas de recolha de dados e a amostragem.

3.1. Descrição do local do estudo


A Zona Militar localiza-se nos bairros da Coop e da Sommerschield, na cidade de Maputo e está
dividida em duas partes: Zona Militar 1, que pertence ao bairro da Coop com os seguintes limites:
Norte, Av. Kenneth Kaunda; sul, Av. Kwame Nkrumah; Este, Av. General Teixeira e oeste, Av.
Base N'tchinga. E a Zona Militar 2, pertencente ao bairro da Sommerschield, tem os seguintes
limites: Norte, av. Kenneth Kaunda; sul, av. Kwame Nkrumah; este, Rua Maia e Oeste, rua Aquino
de Bragança.

Segundo Mapiningo (2015), pensa-se que é devido a esta característica simbólica do povo
guerreiro (inculcado nos ritos de iniciação), que os Maconde foram “naturalmente” incorporados
nas fileiras militares, desde a luta de libertação nacional, e mais tarde em outras cidades fora do
Cabo Delgado, constituindo bairros de militares Maconde no activo e na reserva.

Dade (2012) afirma que após a tomada de posse do governo de transição em 1974 e consequente
independência nacional em 1975, um número considerável de combatentes da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO) constituído por soldados provenientes do norte de Moçambique foi
destacado para garantir a segurança do governo recém-formado na capital do país, e a maior parte
desses soldados fixaram residência na Zona Militar.

A Zona Militar caracteriza-se por próximas unidades militares (quartéis, hospital e clube militar)
facto que lhe confere o nome de Zona Militar. Até 2004 a Zona Militar ostentava o estatuto de um
bairro, com o nome Zona Militar e a actual Zona Militar passou a pertencer ao bairro da Coop e
da Sommershield.

3.2 Classificação da pesquisa


Neste subtema, classificamos a presente pesquisa quanto a sua natureza, quanto abordagem, quanto
aos procedimentos e quanto aos objectivos.

13
3.2.1 Classificação da pesquisa quanto à natureza
A presente pesquisa enquadra-se na pesquisa aplicada. Segundo Gil (1994), descreve dois
momentos de natureza da pesquisa, a básica e aplicada.

 Pesquisa básica: objectiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem
aplicação prática prevista, envolve verdades e interesses universais.
 Pesquisa aplicada: objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos solução
de problemas específicos, envolve verdades e interesses locais.

A presente pesquisa enquadra-se na pesquisa básica, por pretendermos gerar novos conhecimentos
científicos, mas a sua aplicação de ponto de vista prático, será de longo prazo.

3.2.2 Classificação da pesquisa quanto à abordagem


Quanto a abordagem a pesquisa é qualitativa. Marconi e Lakatos (2010), definem a pesquisa
qualitativa como aquela que procura analisar e interpretar os aspectos mais profundos, fazendo
assim uma análise mais detalhada em torno da investigação dos hábitos, opiniões e tendências
comportamentais.

A escolha desta abordagem deve-se ao facto de não se priorizar dados numéricos ou estatísticos
para a pesquisa. Mas o uso destas informações visam sintetizar as suas opiniões ou seja, o recurso
aos dados numéricos ajudam a aprofundar a pesquisa qualitativa.

3.2.3 Classificação da pesquisa quanto aos procedimentos


Quanto ao procedimento, recorreu-se ao estudo de caso, que na visão de Marconi e Lakatos (2003),
o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenómeno dentro do seu contexto
da vida real. É amplamente usado nas ciências sociais e pode ser caracterizado como um estudo
de uma entidade, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma entidade social.

A escolha da presente abordagem deve-se a necessidade de aproximação a Comunidade Maconde


da Zona Militar com a intenção de melhor perceber a influência dos ritos de iniciação na
escolarização da rapariga.

14
3.2.4 Classificação da pesquisa quanto aos objectivos
Prodonov & Freitas (2013) classifica as pesquisas em três abordagens sendo a exploratória, a
descritiva e a explicativa. De acordo com os seus objectivos, o presente estudo é de carácter
exploratório.

Nesta ordem de ideias, segundo Gil (1999), a pesquisa exploratória realiza descrições da situação
e requer descrição das relações existentes entre os elementos componentes da mesma. Prodonov e
Freitas (2013) acrescentam que a pesquisa exploratória visa familiarizar o pesquisador com um
assunto.

Desta forma, a escolha da abordagem exploratória, deve-se ao facto de se considerar que na


pesquisa pretende-se familiarizar mais com os ritos de iniciação na comunidade Maconde residente
na zona militar na cidade de Maputo bem como a sua influência para a escolarização da rapariga
em particular.

3.3. Técnicas de Recolha de Dados


3.3.1. Entrevista

Entrevista – A entrevista é uma técnica de colecta de dados, aplicada quando se quer atingir um
numero restrito de indivíduos, sua maior vantagem é a interacção entre o pesquisador e o
entrevistado (Rosa & Arnoldi, 2008). A escolha da entrevista como técnica de recolha de dados
deveu-se a necessidade de conversar com as raparigas, pais, mães e anciãs para perceber melhor o
problema em análise.

Na presente pesquisa optou-se pelo uso do guião de entrevista composto por perguntas abertas. A
escolha de perguntas argumentativas correspondem a estratégia adoptada pela pesquisadora com
vista a exploração de conhecimentos e obtenção de opiniões e ou perceções diversificadas em
relação a manifestação dos ritos de iniciação da comunidade Maconde e os seus significados
socioculturais.

3.3.3. Discussão Grupo Focal


De acordo com Gil (1999) o grupo focal é uma técnica ou método de pesquisa em grupo de carácter
qualitativo que se basea na interacção social entre pessoas com características comuns para analisar
e levantar feedbacks sobre uma situação. Neste caso, vai-se reunir participantes em uma entrevista,

15
de modo a recolher-se informações sobre as opiniões dos participantes em relação aos ritos de
iniciação naquelas comunidades.

A elaboração das perguntas irá basear-se no problema e nas perguntas de pesquisa. Sendo que,
para se garantir a fiabilidade de informação vai se fazer um pretexto do instrumento de modo a
verificar-se a sua precisão. Este instrumento será composto por perguntas mistas, aplicadas às
raparigas, da comunidade Maconde residente em Maputo na zona Militar que já passaram por ritos
de iniciação.

3.4. População e Amostra


Richardson (1999) descreve a população como o conjunto de elementos que possuem
determinadas características. Neste caso a população do estudo corresponde a todos os elementos
da comunidade Maconde que tem ligação com os ritos de iniciação da rapariga que residem na
Zona Militar da cidade de Maputo.

Segundo Marconi e Lakatos (2003), a amostra, revela-se “como uma parcela convenientemente
selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo.”

Tabela 1. Sexo, nível de escolarização e faixa etária dos respondentes

Respondente Sexo Total de respondentes


M F
Raparigas 0 20 20
Anciãs 0 3 3
Pais e mães 3 3 6
Chefe do Quarteirão 1 0 1
Total 30
Fonte: elaborado pela autora

Assim para o presente estudo, a amostra da pesquisa será composta por 30 participantes, sendo 20
raparigas da comunidade Maconde que passaram pelos ritos de iniciação, 1 chefe do quarteirão, 3
mães e 3 pais cujas filhas passaram pelos ritos de iniciação, 3 anciãs que conhecem de forma
detalhada as práticas dos ritos de iniciação.

16
Quanto ao tipo de amostragem, a pesquisa vai-se cingir numa amostragem não probabilística, pelo
facto de se recorrer apenas a pessoas que se acha ter uma relação ou conhecimento com o tema em
estudo.

3.5. Questões Éticas


Segundo Creswell e Clark (2014), as questões éticas devem ser consideradas durante todo o
processo de elaboração de uma proposta de um trabalho-científico, inclusive antes mesmo da
realização do próprio estudo. Como sinonimo de ética solicitou-se uma credencial à Direcção da
Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), que serve como
instrumento de identificação. Em seguida conversar com o líder da comunidade maconde na zona
militar da cidade de Maputo com vista a pedir autorização da obtenção das informações, elaborar
um consentimento informado aos participantes do grupo focal que deve ser previamente assinado
pelos mesmos visando autorizar a obtenção da informação, observar o distanciamento social e o
uso de máscaras no âmbito do grupo focal devido a situação actual do Covid-19.

3.6. Limitações
Devido a coincidência do período da realização do estudo com a produção agrícola, houve
dificuldades de reunir com as anciãs porque encontravam-se em Boane na prática da agricultura.

17
CAPITÚLO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo faz-se a análise e interpretação dos dados colhidos na comunidade Maconde da
Zona Militar. No entanto, analisa-se os ritos de iniciação, abordando o perfil do respondente,
significado dos ritos de iniciação na comunidade maconde, importância dos ritos de iniciação na
comunidade Maconde, ocorrência dos ritos de iniciação.

4.1. Período de realização dos ritos de iniciação na comunidade Maconde da Zona Militar
Este subtema visa responder o primeiro objectivo específico. Para tal, foram formuladas várias
questões com vista a conhecer o período do ano em que decorrem os ritos de iniciação de modo a
identificar a influência que isso tem na escolarização da rapariga.

Procurou-se saber das raparigas se já participaram dos ritos de iniciação e em relação a esta
questão, as raparigas responderam que já tinham participado dos ritos de iniciação. Em seguida,
questionou-se aos pais se já tinham mandado as suas filhas para participar dos ritos de iniciação.
No geral os pais, as mães e as anciãs responderam que já tinham mandado as suas filhas para
participar dos ritos de iniciação.

Pode-se notar que todos os pais, mães e anciãs que participaram do estudo tem mandado as suas
filhas para participar dos ritos de iniciação. A pesquisadora constatou que estas cerimónias são
importantes para as raparigas da comunidade maconde, porque através destas cerimónias as
raparigas aprendem sobre a higiene corporal e o respeito aos mais velhos, Osório & Silva (2008)
considera que o tipo de respeito ensinado nos ritos de iniciação é fundamentado em uma a
obediência cega aos adultos, impedido os adolescentes a questionar as imposições dos mais velhos
no nosso entender este tipo de obediência pode ser prejudicial para a rapariga.

Com a pretensão de saber o período do ano em que os ritos de iniciação são realizados com vista
a verificar se estes coincidem ou não com o período lectivo. Em relação a esta questão, as raparigas
em concordância com os pais, mães e anciãs responderam que os ritos de iniciação têm sido
realizados uma vez por ano no período de férias de Dezembro a Janeiro. Em seguida questionou-
se, acerca da observância do calendário escolar. No que se refere a esta questão, os pais, as mães
e as anciãs responderam que têm observado o calendário escolar: “tudo já esta mudar, não é como
acontecia anteriormente, que não olhava para o calendário escolar, hoje em dia os ensinamentos

18
não desviam a rapariga para a vida conjugal, mas ensina-se a se comportar na sociedade em que
ela faz parte e a respeitar a sua cultura e a origem dos seus pais”

Considerando as respostas dadas, verifica-se que os ritos de iniciação não coincidem com o período
das aulas e é observado o calendário com vista a não prejudicar a participação das raparigas nas
aulas e nem nos ritos de iniciação. Verificou-se também que os ritos de iniciação não pressionam
a rapariga para o casamento, contrariando assim a ideia de Mapiningo (2015) segundo a qual os
ritos de iniciação exercem uma pressão sobre as raparigas às actividades sexuais bem como os
casamentos prematuros resultando desta forma no abandono escolar.

Tendo em conta as mudanças causadas pela pandemia da Covid-19 no calendário académico,


procurou-se saber sobre as estratégias adoptadas em caso de coincidência da cerimónia com o
período das aulas. Em relação a esta questão os pais, as mães e as anciãs afirmaram que as
cerimónias nunca coincidiam com o período das aulas, devido a sua observância ao calendário
escolar, actualmente, devido a pandemia da Covid-19 a cerimónia tem sido realizada num período
de duas semanas, sempre num período não lectivo, observando as medidas de proteção da Covid-
19 no decorrer das cerimónias.

Em relação a esta questão ao local onde são realizadas as cerimonias, as raparigas em concordância
com os pais, mães e anciãs responderam que as cerimónias são realizadas: “primeiro na capela
militar, e depois é escolhida uma casa onde a rapariga será ensinada ou recebe a educação”.

Para saber, em que período do ciclo da rapariga ela participa dos ritos de iniciação, formulou-se
seguinte questão: Quando é que participou dos ritos de iniciação?

As raparigas no geral responderam que participaram dos ritos de iniciação antes da primeira
menstruação. Desse modo, a realização dos ritos de iniciação antes da primeira menstruação
constitui uma estratégia da comunidade maconde para que a rapariga chegue ao momento da
primeira menstruação após ter adquirido conhecimentos relativos a higiene pessoal e saúde
menstrual para poder cuidar de si mesma. Esta prática é mencionada por Talapa (2013) ao
considerar que os ritos de iniciação ocorrem na fase de adolescência, como baptismo ou preparação
para a fase adulta.

19
4.2. O papel social dos ritos de iniciação da rapariga na comunidade Maconde da Zona
Militar
Pretende-se aqui alcançar o segundo objectivo específico, descrevendo o papel social dos ritos de
iniciação da rapariga da comunidade Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo. Assim
questionou-se aos participantes do estudo sobre o valor social e cultural dos ritos de iniciação para
a comunidade maconde. A esse respeito, os pais, as mães e as anciãs responderam que no geral os
ritos de iniciação da comunidade maconde simbolizam “a cultura de um povo transmitida de
geração em geração através da educação baseada nos conhecimentos dos nossos antepassados”.
Esta afirmação assemelha-se ao que foi defendido por Osório (2015) as aprendizagens dos ritos de
iniciação passam de geração em geração e perpetuam os valores e hábitos de uma comunidade.

Questionou-se aos pais, mães e anciãs acerca da importância dos ritos de iniciação para a
comunidade maconde, estes responderam que os ritos de iniciação são importantes porque
constituem um momento de aprendizagem para a rapariga, momento em que ela aprende a cuidar
do seu próprio corpo, o respeito aos mais velhos e como comporta-se na sociedade.

Pretendia-se saber das consequências nos casos em que a rapariga não participa nos ritos de
iniciação através da seguinte questão: O que acontece quando a rapariga não vai aos ritos?

Em resposta a esta questão, os pais, as mães e as anciãs responderam que a rapariga é desprezada
e não participa de nenhuma cerimónia. A mesma questão foi feita as raparigas e estas afirmaram
que “a rapariga é desprezada…” “não participa de nenhuma cerimónia das raparigas que passaram
dos ritos, ficam insoladas” “ela não é bem vista na sociedade”, sobre esta exclusão, Medeiros
(1995) defende que os ritos de iniciação constituem forma de afirmação de pertença a um grupo.
Quando uma rapariga não participa dos ritos ela não é reconhecida como membro daquele grupo
social e não tem direito a participar das festas, rituais e demais celebrações e cerimonias com os
iniciados.

Para conhecer o impacto dos ritos de iniciação na vida da rapariga, formulou-se a seguinte questão:
Qual é o impacto dos ritos de iniciação na sua vida?

As raparigas responderam que elas frequentam a escola e lá também aprendem acerca da higiene
pessoal, o respeito e os bons modos de convivência na sociedade.

20
A pesquisadora constatou que os ritos de iniciação contribuem para a educação da rapariga, devido
a diversidade de conhecimentos que elas têm adquirido no âmbito destas cerimónias relacionados
a sua tradição e origem dos seus pais.

4.3. Influência dos ritos de iniciação da comunidade Maconde da Zona Militar na


escolarização da rapariga
Neste subtema, pretende-se responder ao terceiro objectivo específico, para tal, foi formulada a
seguinte questão: Que influência os ritos de iniciação têm na escolarização da rapariga?

Os pais, as mães e as anciãs no geral responderam que “as raparigas têm liberdade para frequenta
a escola". A mesma questão foi feita as raparigas, que afirmaram também que os ritos de iniciação
não têm influência negativa na sua escolaridade.

A pesquisadora constatou que os ritos de iniciação não influenciam de forma negativa na


escolaridade da rapariga porque elas tem liberdade para estudar.

Qual é a relevância e aplicabilidade dos ensinamentos dos ritos de iniciação? Questionou-se aos
pais, mães e anciãs. Estes responderam que a relevância dos ritos de iniciação deve ao facto de
permitir que a rapariga conheça as suas origens. No que refere a aplicabilidade dos ensinamentos
dos ritos de iniciação, afirmaram ter a sua aplicabilidade no dia-dia na sociedade e na família:
“ensina-os a comportar-se na sociedade, e a respeitar a sua cultura e origem dos seus pais”. Cuidar
da higiene pessoal, o respeito para com os outros. Assim, os ritos de iniciação possuem importância
e aplicabilidades em diversos contextos da vida, como afirma (Medeiros, 1995). Os ensinamentos
transmitidos nestes ritos têm sua relevância no dia-dia das sociedades e ajudam na padronização
do comportamento dos membros destas sociedades.

Em seguida questionou-se aos pais, as mães e as anciãs quem eram os participantes dos ritos de
iniciação. Em relação a essa questão, pais, mães e anciãs afirmaram que os participantes são: as
raparigas e as anciãs.

Os ritos de iniciação feminina constituem uma cerimónia cujos participantes, no geral, são do sexo
feminino, dentre os quais: raparigas e as anciãs, e constitui um ambiente de transmissão de
conhecimentos tradicionais relativos a mulher Maconde, sua forma de comportar-se na sociedade,
o respeito aos mais velhos e a higiene pessoal.
21
A pesquisadora constatou que os conhecimentos transmitidos nos ritos de iniciação tais como: o
respeito, a higiene e o bom comportamento não só têm sua aplicabilidade na sociedade e na família
como também no ambiente escolar.

22
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1. Conclusões
O presente estudo tinha como objectivo, analisar a influência dos ritos de iniciação na
escolarização da rapariga, o estudo foi realizado na comunidade Maconde da Zona Militar na
Cidade de Maputo. Para o alcance deste objectivo, recorreu-se a abordagem qualitativa através de
um estudo de caso.

Realizado o estudo, foi possível concluir que o período de realização dos ritos de iniciação na
Comunidade Maconde da Zona Militar da Cidade de Maputo, não coincide com o período das
aulas das raparigas, pois decorrem nos meses de Dezembro a Janeiro. Com a pandemia da Covid-
19 houve adaptações de modo que as raparigas cuja idade permite participar da cerimónia neste
período, não fiquem de fora e nem percam as aulas. Assim verifica-se que o período de realização
dos ritos de iniciação nesta comunidade, não influência de forma negativa na escolarização da
rapariga.

Em relação ao papel dos ritos de iniciação na escolarização das raparigas, constatou-se que nestas
cerimónias a rapariga aprende a valorizar a sua cultura, a comportar-se na sociedade, a cuidar da
sua saúde menstrual e a desenvolver relações sociais saudáveis. Esses ensinamentos são benéficos
no processo da escolarização da rapariga pois esta saberá como se comportar perante o professor
e os seus colegas de forma a desenvolver relações sociais que a ajudem a evoluir no seu
desenvolvimento pessoal.

Sobre a influência dos ritos de iniciação na escolarização da rapariga, conclui-se que os ritos de
iniciação feminino não exercem uma influência negativa na escolarização da rapariga porque não
são realizados no período das aulas, ajudam na formação da personalidade do indivíduo, eles tem
uma ligação regular com a educação escolar, porque os seus ensinamentos ajudam na escola como
o caso de saber estar com os outros (professores, colegas e CTA) a higiene pessoal, os ritos de
iniciação são importantes na educação da rapariga.

5.2. Sugestões
Face as conclusões obtidas na pesquisa, apresentam-se as seguintes sugestões:

A comunidade Maconde da Zona militar da Cidade de Maputo deve:

23
 Ao ensinar as raparigas sobre o respeito aos mais velhos, usar uma abordagem que permite
a rapariga questionar em casos que esta perceba a violação dos seus direitos.
 Continuar a trabalhar sempre em coordenação com as direções das escolas, de modo a
facilitar a interação no sentido de fornecer o calendário académico.

24
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UNICEF (2011). Pobreza infantil e disparidades em Moçambique. WLSA Moçambique.


Disponível em http://www.unicef.org.mz/cpd/documents/CPD-Sumario.pdf

27
Apêndices

28
Guião de entrevista
Guião de entrevista para (mães e anciãs), pais e Chefe do quarteirão da Zona Militar

O presente guião de entrevista insere-se no âmbito de uma pesquisa para o trabalho de fim
do curso de Organização e Gestão da Educação, cujo objectivo é de compreender a
influência dos ritos de iniciação na escolarização da rapariga da comunidade Maconde na
zona Militar

As respostas não serão analisadas de forma isolada, por isso devem ser em anonimato.

Antecipadamente agradece.

Perfil do respondente

1. Idade________
2. Profissão_____________
3. Nível de escolarização _________
4. Estado civil__________

Ritos de iniciação nas Comunidades maconde

1- Já participou nos ritos de iniciação da rapariga? (mãe e anciãs)

______________________________________________________________________________
______________________________________

2- Já mandou filha, irmã para os ritos de iniciação?

3- Em que período são realizados os ritos de iniciação na comunidade?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

4- Tem observado o calendário académico?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

29
5- O que fazem quando a cerimonia coincide com o período de aulas?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

6- Quantas vezes por ano são realizados os ritos de iniciação?

______________________________________________________________________________
_______________________________________

7- O que simboliza os ritos de iniciação para a (comunidade maconde e para a relação das
raparigas com a sociedade no geral)?

______________________________________________________________________________
_________________________________________________

8- Qual é a importância dos ritos de iniciação para a rapariga na comunidade maconde?

______________________________________________________________________________
________________________________________________

9- Quanto a escolarização. Que impacto os ritos de iniciação tem na escolarização da rapariga?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

10- O que se ensina a rapariga nesses ritos?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

11- Qual é a relevância, aplicabilidade dos ensinamentos?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

12- Onde são realizadas as cerimónias?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

13- Quem são os participantes dessas cerimónias?

30
______________________________________________________________________________
_______________________________

14- O que acontece quando uma rapariga não vai aos ritos?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

15- Que comentário deixa sobre os ritos de iniciação nas comunidades macondes?

______________________________________________________________________________
___________________________________________

31
Perguntas para as raparigas

O presente guião de entrevista insere-se no âmbito de uma pesquisa para o trabalho de fim
do curso de Organização e Gestão de Educação, cujo objectivo é de recolher informações
inerentes aos ritos de iniciação de comunidade Maconde na vida da rapariga.

As respostas não serão analisadas de forma isolada, por isso devem ser em anonimato.

Dados pessoais

1. Idade
A) 10 -12 ________
B) 13-15________
C) 16-18 ________

2. Classe
A) 6ª’ - 7ª Classe ______
B) 8ª - 10ª Classe ________
C) 11ª -12ª Classe ________

Ritos de iniciação

1. Quem já participou nos ritos de iniciação?

2. Onde é que se realizou a cerimónia?


a. Casa______
b. Acampamento__________
c. Outro. Qual?_____________________________
3. Quanto tempo dura a cerimónia?

______________________________________________________________________________
________________________________________________

32
4. Em que momento são realizadas os ritos de iniciação?
a. No período das férias______
b. No período das aulas_______
c. Outro.
________________________________________________________________________

5. Qual é o impacto dos ritos de iniciação na sua vida? O que gostaram? O que não gostaram?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

6. Quem transmitiu ensinamentos para ti.

a. Mãe_____
b. Anciã______
c. Tias______
d. Outra. Qual__________________________________

7. Quando é que participou nos ritos de iniciação?

a. Antes da primeira menstruação__________

b. No período da primeira menstruação ________

c. Depois da primeira menstruação___________

d. Outro.

Qual é_____________________________________________________________

8. O que acontece quando uma rapariga não vai aos ritos?

33
Consentimento Informado

34
Anexo

35
Credencial

36

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