Potencial Da Canábis Medicinal No Tratamento Da Doença de Huntington
Potencial Da Canábis Medicinal No Tratamento Da Doença de Huntington
Potencial Da Canábis Medicinal No Tratamento Da Doença de Huntington
da doença de Huntington
Experiência Profissionalizante na Vertente de
Investigação e Farmácia Comunitária
Julho de 2023
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Declaração de Integridade
Eu, Rafael Oliveira Salvador, que abaixo assino, estudante com o número de inscrição
38367 do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências da
Saúde, declaro ter desenvolvido o presente trabalho e elaborado o presente texto em
total consonância com o Código de Integridades da Universidade da Beira
Interior.
Mais concretamente afirmo não ter incorrido em qualquer das variedades de Fraude
Académica, e que aqui declaro conhecer, que em particular atendi à exigida
referenciação de frases, extratos, imagens e outras formas de trabalho intelectual, e
assumindo assim na íntegra as responsabilidades da autoria.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Agradecimentos
Por último, obrigado todos os meus amigos, de infância e de faculdade. Foi convosco
que me testei, errei, cresci e evoluí. Por todos os momentos que partilhámos. Espero
levar-vos a todos para a vida, independentemente, do destino de cada um.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Resumo
A Cannabis sativa é uma planta de origem asiática, cujos componentes têm vindo a ser
utilizadas pelo ser humano tanto a nível terapêutico como recreativo. O seu uso para
fins medicinais foi relatado pela primeira vez há 5000 anos pelo imperador chinês
Cheng Nung, autor da primeira farmacopeia do mesmo país, para casos de fadiga,
reumatismo e malária. No século 20, a planta foi removida da farmacopeia britânica e a
sua produção, posse e venda foi também criminalizada nos Estados Unidos devido às
suas propriedades psicoativas. A descoberta do sistema endocanabinóide no final dos
anos 90, reacendeu o interesse por esta planta de ponto de vista medicinal.
Este trabalho teve como principal objetivo analisar o impacto e avaliar o potencial da
canábis nesta doença, fazendo uma revisão sobre os estudos in vivo, in vitro e estudos
realizados em humanos publicados. A partir dos resultados obtidos podemos concluir
que os canabinóides atuam como agentes neuroprotetores em diferentes culturas
celulares e modelos animais e que têm potencial no alívio de capacidades motoras,
comportamentais e cognitivas em pacientes com DH. No entanto, é necessário um
maior número de estudos em seres humanos com amostra superior, para se obterem
resultados estatisticamente mais significantes.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Palavras-chave
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Abstract
Cannabis Sativa is a plant of Asian origin, whose parts have been used by humans for
both therapeutic and recreational purposes. Its use for medicinal purposes was first
reported 5.000 years ago by the Chinese emperor Cheng Nung, author of the country's
first pharmacopoeia, for cases of fatigue, rheumatism, and malaria. In the 20th century,
the plant was removed from the British pharmacopoeia, and its production, possession,
and sale were also criminalized in the United States due to its psychoactive properties.
The discovery of the endocannabinoid system in the late 1990s rekindled interest in
this plant from a medicinal point of view.
The main objective of this study was to analyse the impact and assess the potential of
cannabis in this disease, conducting a review of in vivo, in vitro, and human studies
published. Based on the obtained results, we can conclude that cannabinoids act as
neuroprotective agents in different cell cultures and animal models, and they have the
potential to alleviate motor, behavioural and cognitive abilities in patients with
Huntington's disease. A greater number of studies in humans with larger samples are
needed to obtain statistically more significant results.
The second chapter is the result of the internship in Community Pharmacy carried out
from March 1st to July 9th, 2021, at Farmácia Central in São João da Madeira. This
chapter describes my entire professional experience during this period, from the
functioning and organization of the pharmacy to the activities carried out at the counter
and in the back office.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Keywords
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Índice
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Lista de Figuras
Figura 1. Cannabis Sativa L. (A) Semente com uma semana, (B) Planta com 4 semanas
e (C) plantas na fase de flor……………………………………………………………………………………4
Figura 2. Flores masculinas (esquerda) e flores femininas (direita)……………………………5
Figura 3. Principais derivados da planta de canábis e a sua respetiva fórmula
molécula..............................................................................................................................7
Figura 4: Estrutura molecular do CBG…….………………………………………………………………8
Figura 5. Estrutura molecular do VCE-003.2…………………………………………………..……...8
Figura 6. Estrutura molecular do HU-210……………………………………………………………....9
Figura 7. Estrutura molecular do Win55,212-2………………………………………………………..9
Figura 8. Sistema endocanabinóide humano, distribuição dos recetores CB1 e CB2 e
respetiva função…………………………………………………………………………………………………..11
Figura 9. Prevalência do uso de canábis entre jovens adultos (15-34 anos) entre 1995-
2022…………………………………………………………………………………………………………………..12
Figura 10. Percentagens e razões terapêuticas do uso de canábis medicinal entre os
consumidores……………………………………………………………………………………………………...15
Figura 11. Países onde o consumo de canábis é legal (apontados a vermelho) e países
onde este uso é legal para fins médicos (apontados a verde) ……………………………..…….16
Figura 12. Distribuição em percentagem das mortes causadas por doenças
neurodegenerativas em todo o mundo. Dados até ao ano 2017………………………………...18
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Lista de Tabelas
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Lista de Acrónimos
Δ8 -THC delta-8-tetra-hidrocanabinol
Δ9 -THC delta-9-tetra-hidrocanabinol
2-AG 2- Araquidonilglicerol
3-NP Ácido 3-Nitropropiónico
AC Antes de Cristo
AEA Anandamida
ACEA Araquidonil-2-cloroetilamida
AIM Autorização de Introdução no Mercado
ATC Anatomical Therapeutic Chemical
BDNP Base de Dados Nacional de Prescrições
BPF Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária
CAG Citosina- Adenina -Guanina
CB1 Recetor Canabinóide 1
CB2 Recetor Canabinóide 2
CBC Canabicromeno
CBD Canabidiol
CBDA Ácido Canabidiólico
CBDV Canabidavarina
CBG Canabigerol
CBGA Ácido Canabigerólico
CBN Canabinol
CNP Código Nacional do Produto
CNPEM Código Nacional de Prescrição Eletrónica do Medicamento
CVP Cruz Vermelha Portuguesa
DAGL Diacilglicerol Lipase
DCI Denominação Comum Internacional
DH Doença de Huntington
ECS Sistema Endocanabinóide
fMRI Imagem por Ressonância Magnética Funcional
FAAH Amida Hidrolase de Ácidos Gordos
FC Farmácia Central
FGP Formulário Galénico Português
GABA Ácido Gama-Aminobutírico
GPR55 Recetor Acoplado à Proteína G55
HDL High-Density Lipoprotein
HTA Hipertensão Arterial
Htt Proteína Huntingtina
HTT Gene HTT
INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
IMC Índice de Massa Corporal
IVA Imposto de Valor Acrescentado
LDL Low-Density Lipoprotein
MAGL Monoacilglicerol Lipase
MICF Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
MNSRM Medicamentos Não Sujeito a Receita Médica
MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeito a Receita Médica de Dispensa Exclusiva
em Farmácia
MRS Espectroscopia por Ressonância Magnética
MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica
MUV Medicamentos de Uso Veterinário
NAPE-PLD Acetilfosfatidiletanolamina Fosfolipase D
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
1. Introdução
Historicamente, as plantas começaram por ser utilizadas pelo ser humano a
nível terapêutico de forma intuitiva e experimental, apesar dos seus conhecimentos
limitados no que diz respeito a doenças e respetivo tratamento. A primeira evidência
escrita do uso de plantas para fins medicinais foi encontrada na cidade de Nagpur e
data cerca de 5 mil anos antes de cristo (AC). Neste documento estão descritas 12
receitas e mais de 250 variedades de plantas. Os derivados de plantas são componentes
de destaque nas farmacopeias ao longo de milhares de anos por todo o mundo.(1) A
fitoterapia é a área da medicina que se dedica ao estudo e uso de plantas para
tratamento e agente promotor de saúde.(2)
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
2. Métodos
Para elaboração deste trabalho, foi efetuada uma pesquisa bibliográfica de
artigos científicos na base de dados Web of Science, Google Scholar e Pubmed, entre
abril e maio de 2023. Foram usadas as seguintes palavras-chave: “cannabis”,
“cannabinoids”, “Huntington disease”, “marijuana”, “treatment”, “medical use”,
“herbal products”, “in vivo” e “in vitro” articulados com os marcadores AND e OR. Não
foi aplicado qualquer limite temporal na pesquisa.
3. Canábis
3.1. Breve História
A canábis é uma planta com milhares de anos e desde muito cedo conhecida pelo
ser humano(1). Com origem na Ásia e Médio Oriente, acredita-se que tenha surgido há
pelo menos 12 mil anos e que fosse usada fundamentalmente para fabrico de fibras
para cordas e cestas e para alimentação através das suas sementes(6).
2
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Em 2018, foi aprovada em Portugal a Lei n.º 33/2018, de 18 de julho que regula a
utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis
para determinados fins medicinais. Tem por base tornar acessível o tratamento e
garantir que as preparações disponibilizadas cumprem todos os requisitos necessários
no que concerne à demonstração da respetiva qualidade e segurança, contribuindo
dessa forma para a salvaguarda e proteção da saúde pública. Desempenha também um
papel importante na prevenção do uso indevido de medicamentos, preparações e
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
substâncias à base da planta da canábis de acordo com a Convenção das Nações Unidas
contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e de Substâncias Psicotrópicas (7).
Figura 1: Cannabis Sativa L. (A) Semente com uma semana, (B) Planta com 4 semanas e (C) plantas na
fase de flor (14).
4
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
A canábis é uma planta anual de dia curto, isto é, para florescer precisa de pouca
exposição solar e completa o seu ciclo de vida em menos de um ano, acabando por
morrer ao atingir o estado reprodutivo. É considerada maioritariamente como dioica
por apresentar flores, órgãos reprodutores, do sexo feminino e masculino em diferentes
plantas (15). O sexo da planta só é determinado depois da formação das flores.
As plantas masculinas são mais altas, mas menos robustas que as femininas. As
plantas femininas apresentam mais ramos e são mais folhosas. Os caules são eretos de
lenhoso e podem atingir até 6 metros de altura, no entanto as plantas não têm
tendência a superar os 3 metros. As raízes são fortes e ramificadas e podem chegar até
aos 2.5m em solos mais húmidos (10).
As flores masculinas estão dispostas de forma solta com muitos ramos e são
constituídas por cinco sépalas e cinco estames pendentes. A planta feminina é
compacta e mais curta que as folhas e quase sem pedicelo, as suas flores estão aos
pares. A flor tem uma bráctea verde que envolve um ovário com dois longos estigmas
projetados para cima (Figura 2) (16). O seu fruto é um aquénio único de casca dura,
acastanhado e ovoide com 2 a 5 mm de comprimento.
5
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
e estima-se que o THC total presente na mesma varie entre os 10 e 12%, a maior
percentagem dentro do que são as diferentes partes da planta(16).
6
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Figura 3: Principais derivados da planta de canábis e a sua respetiva fórmula molecular (23).
Isolado pela primeira vez em 1940 e sem os efeitos psicoativos apresentados pelo
THC, o CBD é um fitocanabinóide de grande segurança e com elevado interesse graças
às suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, ansiolíticas e anti tumorais.
Resulta da descarboxilação do ácido canabidiólico (CBDA), atua como antagonista dos
recetores CB1 e CB2 e agonista da serotonina(16). Recentemente tem sido alvo de
estudo para diversas doenças neurológicas(24).
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
O CBG (Figura 4) foi o primeiro composto a ser isolado da resina da canábis (18).
É biossintetizado a partir do ácido canabigerólico (CBGA), precursor do THC, CBD e
CBC e atua como agonista parcial dos recetores CB1 e CB2. Foi testado como candidato
terapêutico para a doença de Huntington no alívio de sintomas motores e neurológicos
através do recetor-γ nuclear ativado pelo proliferador de peroxissoma (PPARγ), cuja
ativação é associada a atividades neuroprotetoras (25). Um dos seus derivados de
quinona não psicotrópicos, VCE- 003.2 (Figura5), tem um melhor perfil farmacológico
e não apresenta os efeitos adversos dos potentes ativadores PPARγ. Os seus efeitos
terapêuticos na doença de Parkinson e de Huntington têm sido alvo de
desenvolvimento científico nos últimos anos (25–28).
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Após a ligação do agonista ao recetor, eles são ativados e inibem a enzima adenil-
ciclase, impedindo a conversão de adenosina monofosfato (AMP) em AMP cíclico,
provocando a abertura dos canais de potássio e fecho dos canais de cálcio, levando à
diminuição de libertação de neurotransmissores GABA e glutamato na fenda sináptica,
inibindo a neuro-transmissão. Apesar de ainda não se conhecer por completo o
mecanismo deste sistema, é sabido que o aumento de cálcio estimula a síntese dos
endocanabinóides (34).
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Figura 8: Sistema endocanabinóide humano, distribuição dos recetores CB1 e CB2 e respetiva função
(30).
11
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Unidos que haviam consumido canábis pelo menos uma vez na vida subira de 5% para
44% (3).
Figura 9: Prevalência do uso de canábis entre jovens adultos (15-34 anos) entre 1995-2022 (37).
12
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
O fácil acesso ao canábis e a sua legalização para uso recreativo em alguns países
como o Canadá, Países Baixos, alguns estados norte americanos, poderão estar na
origem do aumento desta prevalência em todo o mundo. É, no entanto, necessário
equilibrar o seu uso uma vez que as substâncias psicoativas da canábis são capazes de
provocar danos a curto e longo prazo na saúde do ser humano.
13
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Os canabinóides podem passar para o leite materno e por sua vez passar para os
recém-nascidos. O THC pode ser detetado durante semanas no leite, mesmo se a mãe
parar o consumo de canábis. Os efeitos da exposição de canabinóides a recém-nascidos
ainda são incertos (58,59), no entanto nas mulheres grávidas, o consumo prolongado
está associado a um baixo peso do recém-nascido, pouco tempo de gestação e um risco
acrescido de o recém-nascido precisar de cuidados neonatais (60).
14
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
permitam associar este consumo crónico como causa de morte. As causas de morte
mais comuns associadas ao seu consumo resultam principalmente de acidentes e
suicídios, sendo que em muitos destes casos são encontradas também outras
substâncias psicoativas, como o álcool (68).
Figura 10: Percentagens e razões terapêuticas do uso de canábis medicinal entre consumidores (71).
15
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Figura 11: Países onde o consumo de canábis é legal (apontados a vermelho) e países onde este uso é legal
para fins médicos (apontados a verde)(9).
O único medicamento à base de canábis comercializado atualmente em Portugal é
o Sativex®. Este medicamento, aprovado desde 2012, é uma solução para pulverização
bucal com Δ9-THC e CBD, indicado para o alívio da rigidez muscular na esclerose
múltipla. Os efeitos adversos mais frequentes resultantes da sua aplicação são tonturas
16
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Também está disponível no mercado a Tilray Flor Seca THC 18, que consiste em
flores secas da planta fêmea de canábis, contendo 18% de THC e cerca de 1% de CBD.
Tem como indicações terapêuticas o alívio de náuseas e vómitos, estimulação de
apetite, dor crónica, glaucoma resistente à terapêutica, síndrome de Gilles Tourette e
espasticidade associada à esclerose múltipla (74).
Apesar da extensa lista de indicações terapêuticas para qual o uso de canábis está
autorizado, os cientistas continuam a estudar e testar hipóteses em diferentes modelos,
avaliando a sua ação anti-inflamatória, antioxidante e neuro protetora de forma a
retardar doenças, controlar sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes
(32).
A alta distribuição de CB1 em diferentes partes do cérebro (substância nigra,
gânglios da base, globus pallidus, hipocampo, hipotálamo) e na medula espinhal, bem
como a sua modulação na transmissão dos neurotransmissores GABA e glutamato
fazem da canábis, um objeto de estudo no que diz respeito ao tratamento de doenças
neurodegenerativas. Neste tipo de doenças é possível observar uma diminuição no
número e na atividade dos recetores canabinóides (76). Nos últimos anos foram
realizados vários estudos que testaram e demonstram a eficácia da canábis em doentes
com Alzheimer e Parkinson (77), incentivando a pesquisa dos seus benefícios
terapêuticos noutras doenças como a DH (78). Em 2018, durante a conferência da
sociedade canadiana da DH, Lynn Raymond da British Columbia University, reportou
que alguns dos seus pacientes apresentaram uma melhoria da distonia e em alguns
17
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
4. Doenças Neurodegenerativas
As doenças neurodegenerativas são doenças crónicas, sem cura e idade-
dependentes associadas ao funcionamento do sistema nervoso. Existem mais de 600
condições que afetam os neurónios no cérebro, ocorrendo muitas vezes destruição
progressiva e irreversível da rede neuronal em partes especificas do sistema nervoso
central (80). As doenças mais comuns são a Alzheimer, Parkinson, Huntington e
Esclerose Múltipla. Estas doenças apresentam os mais variados sintomas e o
conhecimento incompleto dos mecanismos associados às mesmas, leva à falta de
tratamento (81,82). A predisposição genética, histórico familiar, estilo de vida e
exposição a certos agentes ambientais desempenham também um papel importante na
suscetibilidade destas doenças.
Figura 12: Distribuição em percentagem das mortes causadas por doenças neurodegenerativas em todo o
mundo. Dados até ao ano 2017 (83).
18
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Apesar de ser uma doença que afeta pessoas em todo o mundo, há aspetos
importantes a considerar na sua prevalência. Apresenta uma taxa de prevalência
superior na América do Norte, Austrália e Europa, com aproximadamente 6 a 14
indivíduos em cada 100.000. Já na Ásia, esta prevalência baixa para um valor de 0.40
por cada 100 mil habitantes (85). Estima-se que a incidência da DH em Portugal seja
de 5-10 doentes por cada 100 mil habitantes(87).
19
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
(Htt), que por sua vez também é gerada com mutação. O número de repetições está
relacionado com a idade de início da doença, sendo que quanto mais vezes o trio se
repete, mais cedo se manifesta a DH (88).
20
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
antes dos 20 anos de idade (também conhecida por variante juvenil da DH), estes
pacientes têm menos movimentos involuntários, mas exibem mais rigidez e distonia.
Outro sintoma motor muito comum são as alterações dos movimentos oculares, como a
dificuldade de fixação do olhar (90).
21
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Os resultados deste exame são vistos por um médico que posteriormente avalia o
grau de confiança para o diagnóstico de DH. A UHDRS é uma avaliação clínica
essencial, usada tanto por profissionais de saúde como grupos de investigação (89).
22
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
23
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Um dos estudos avaliou o efeito da ligação do Δ9-THC, CBD, CBG e dos seus
percursores acídicos ao recetor PPARy. Este recetor desempenha um papel
fundamental nos processos inflamatórios da DH, por diminuição da concentração da
proteína huntingtina. O percursor acídico Δ9-THCA, demonstrou ser um potente
agonista dos recetores PPARy, mais potente até que o Δ9-THC, revelando propriedades
neuroprotetoras de alto potencial (100). A ligação de CBDA em altas concentrações a
este recetor foi superior à do seu produto descarboxilado, no entanto não se verificaram
diferenças entre o CBG e CBGA.
24
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Os roedores são os animais mais usados neste tipo de estudos científicos, uma vez
que apresentam semelhanças genéticas e fisiológicas com os seres humanos, tamanho
reduzido, ciclo de vida curto e taxa elevada de reprodução (98).
25
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
para expressar a proteína huntingtina, que provoca sintomas semelhantes aos dos seres
humanos, tornando o modelo muito útil para o estudo da DH (103).
O potencial terapêutico do CBD foi avaliado num estudo que envolveu ratos
previamente injetados com 3-NP. Os ratos foram injetados com 5mg/kg de CBD
durante 5 dias consecutivos. Estes ratos apresentaram uma redução significativa da
atrofia cerebral induzida pelo 3-NP, associada à diminuição de CB1(106).
26
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Ratos Malonato, Os ratos foram tratados com uma combinação 1:1 de Δ9-THC (108) - 2012
Linhagem não e CBD. Resultados demonstraram evidências da atividade
especificada neuroprotetora desta combinação, de composição semelhante
ao medicamento Sativex®.
Ratos QA, CD1 do Um grupo de ratos, foi injetado diariamente com 10mg/kg de (28) - 2016
sexo masculino Ratos VCE-003.2, e outro grupo, foi injetado quatro vezes por dia
3-NP, C57BL/6 com 10mg/kg por dia do mesmo canabinóide. Os resultados
adultos do sexo demonstraram melhorias nas capacidades motoras, redução
masculino da expressão de mediadores pró-inflamatórios, prevenção de
astrogliose e da ativação da microglia, redução de perdas
neuronais e efetividade da neurogénese.
27
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Ratos 3-NP, C57BL/6 Os ratos foram injetados diariamente com 20mg/kg de Δ9- (100) - 2017
adultos do sexo THCA. O percursor acídico revelou melhorias nas
masculino capacidades motoras dos animais, redução da expressão de
mediadores pró-inflamatórios, prevenção de astrogliose e
ativação da microglia e redução de perdas neuronais.
Ratos C57BL/6N Um grupo de ratos tomou uma dose diária oral de VCE- (25) - 2019
adultos do sexo 003.2(10mg/kg) durante 3 dias, e outro grupo foi injetado
masculino com 100mg/kg do mesmo canabinóide duas vezes por dia. Os
resultados demonstraram melhorias nas suas capacidades
motoras, diminuição da taxa de neuroinflamação e formação
de neuroblastos.
Em 1991, foi avaliado o efeito do CBD em 15 pacientes com DH. Com exceção da
retirada de antipsicóticos, os pacientes continuaram a tomar a sua medicação habitual
durante as 6 semanas do estudo. Foi dada aos pacientes uma dose diária de 10mg/kg ao
dia (média dos pacientes foi de 700mg de CBD diárias). Observaram-se ligeiras
melhorias de sintomas motores no grupo que tomou CBD em comparação com o
placebo ao longo do estudo, apesar não serem significativas. A avaliação dos efeitos do
CBD foi feita semanalmente e teve em conta um elevado número de escalas e testes,
atualmente menos utilizados como por exemplo: The Marsden and Quinn's, uma escala
de avaliação da severidade da coreia e The Shoulson and Fahn’s, uma escala de
incapacidade funcional. Um problema mencionado na avaliação dos pacientes foi a
dificuldade de interpretação das escalas (110).
28
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
O efeito da nabilona foi também analisado num estudo que envolveu 44 pacientes
com DH e que teve a duração de 5 semanas. Os participantes continuaram a tomar a
sua medicação habitual durante o estudo e foram divididos em 3 grupos: 22
participantes fizeram parte do grupo de controlo, 11 do grupo que tomaria 1 mg de
nabilona por dia e os restantes 11 do grupo que tomariam 2 mg de nabilona por dia. Os
efeitos da nabilona foram avaliados através da escala UHDRS e revelaram melhorias a
nível comportamental e motor. Não se encontrou qualquer evidência de que a toma de
2 mg de nabilona produzisse melhores efeitos do que de 1 mg de nabilona. O fármaco
foi bem tolerado e os efeitos adversos mais reportados foram secura e sonolência,
presentes também no grupo do placebo (112).
29
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
medicamento, sem que fossem detetadas quaisquer tipo de melhorias motora, cognitiva
ou comportamental, ao usar a escala de avaliação UHDRS (115).
30
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
5. Discussão
A falta de eficácia e efeitos significativos dos atuais tratamentos para a DH, fez
com que os investigadores passassem a olhar para a canábis como uma possibilidade
terapêutica para a doença, pelas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e
neuroprotetoras dos seus compostos ativos.
Por ser seguro, o Sativex®, é um bom candidato a ser usado em mais estudos, de
preferência com amostras superiores, apesar da necessidade de realização de estudos
com amostras mais pequenas para expor resultados que justifiquem o tempo, dinheiro
e uso de recursos.
31
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
6. Conclusão
A presente revisão de literatura foi realizada com o objetivo de avaliar o potencial
terapêutico na DH, da canábis medicinal, visto que a fitoterapia tem sido amplamente
utilizada no tratamento sintomatológico e prevenção de diversas doenças
neurodegenerativas que não respondem a terapias convencionais.
32
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
tivessem acesso a esta terapia, mas também aumentar o número de ensaios clínicos
com pacientes reais.
Apesar de ser popularmente conhecido pelo seu uso recreativo, é inegável que a
canábis medicinal constitui um futuro promissor para o tratamento da DH. O
investimento na produção, cultivo e exportação e o apoio na investigação e
comunicação da ciência, são aspetos fundamentais para a criação de novos produtos à
base de canábis que possam chegar ao mercado.
33
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
7. Referências Bibliográficas
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44
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
1. Introdução
Fundada em 1950, a FC sita em São João da Madeira, uma cidade da Grande Área
Metropolitana do Porto, situada na região Norte e sub-região Entre Douro e Vouga,
com cerca de 22 162 habitantes (4). De acordo com os dados preliminares dos censos de
2021 a sua população cresceu cerca de 2.1%, contrariando o decréscimo registado a
nível nacional. Também se registou um aumento do número de famílias, alojamentos e
edifícios (5).
Com apenas 8.11 km2 de área, é a sede do mais pequeno município do país,
conferindo-lhe uma elevada densidade populacional: 2732.67 habitantes/km2. Trata-se
de uma cidade em transformação, com um dos melhores centros urbanos e industriais
do país que tenta assumir-se como o grande centro de toda a região Aveiro Norte (6).
No que diz respeito ao perfil do utente da FC, a maior percentagem dos seus
utentes faz parte da população idosa ou da população trabalhadora do setor secundário
e terciário. Aos primeiros, era feita principalmente a dispensa de medicação destinada a
combater doenças crónicas como a hipertensão arterial (HTA), hipercolesterolemia e
diabetes. Na população trabalhadora destaco a maior procura por medicamentos de uso
familiar e de problemas relacionados com o sistema nervoso como depressão e
ansiedade.
46
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
47
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Começando pela fachada lateral, esta é composta por uma porta de entrada, usada
exclusivamente pelo pessoal da farmácia, durante a hora de abertura e encerramento
da farmácia. É também por esta entrada que é feita a descarga das encomendas diárias
por parte dos funcionários dos diferentes distribuidores grossistas. Esta fachada
apresenta ainda uma montra composta por um painel digital com publicidade rotativa,
rodeada por publicidade de vinil removível. Estas montras são elementos essenciais,
cuja exposição, varia ao longo do ano conforme as flutuações do mercado, promoções
feitas pela própria farmácia e acordos com fornecedores. O distribuidor automático de
produtos PharmaShop24, completa, juntamente com um sistema iluminado com a
inscrição “farmácia central”, a fachada lateral da FC. Esta máquina de vendas, funciona
como um negócio real, aberto 24 horas por dia e não requer nenhum operador. O
produto é exposto de forma visível e permite a compra de produtos em qualquer
horário e garante privacidade ao cliente, sem que este se sujeite a filas de espera. Os
produtos introduzidos na máquina, apresentam boas margens comerciais para as
farmácias e incluem principalmente dispositivos médicos de contraceção/prevenção de
doenças sexuais transmissíveis, como preservativos e ainda lubrificantes e brinquedos
sexuais.
48
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Fazem ainda parte dos elementos exteriores da FC, dois lugares de estacionamento
exclusivos para utentes da farmácia. A ocupação destes lugares por pessoas
desassociadas dos serviços prestados na FC, tornava o acesso dificultado para os
utentes que recorriam ao próprio veículo para se dirigirem à farmácia, sendo necessária
por vezes a intervenção da Polícia de Segurança Pública para a regularização da
situação.
2.3.2. Espaço Interior
➢ Back Office
Como no final deste breve período de transição, o andar superior deixou de ser
utilizado, será abordada apenas a disposição final do back office da farmácia depois da
sua completa transformação e recolocação.
O back office está distribuído pelos dois pisos da farmácia. Este pode ser dividido
em 4 zonas no primeiro piso e em 3 zonas no piso inferior.
49
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Começando pelo primeiro piso, nas traseiras do front office, encontramos a zona
onde é feito todo o processo de receção e gestão de encomendas. Esta zona apresenta
uma bancada em “V” equipada com um computador que apresenta o 4DigitalCare®, o
sistema informático da farmácia, um telefone fixo interligado aos telefones da farmácia
e várias impressoras de papel A4, etiquetas e rótulos. Por cima da mesa temos um
armário onde é feito armazenamento da bibliografia mais importante para consulta, de
faturas de fornecedores, notas de encomendas, listas de controlo de psicotrópicos e
benzodiazepinas e outros documentos de informação científica. É também nesta zona
que podemos encontrar o acesso ao interior do robô, onde é feito o armazenamento da
maior percentagem de medicamentos e produtos de saúde, o local onde são realizadas
as preparações extemporâneas, uma câmara frigorífica e um dispensador de água.
Alguns produtos sujeitos a receita médica, cujas dimensões não permitem o seu
armazenamento no robot, produtos cosméticos de marcas menos trabalhadas pela
farmácia e alguns dispositivos médicos de classe I, IIa e IIb estão armazenados num
armário deslizante aqui localizado. Os objetivos mensais, os laboratórios preferenciais,
genéricos mais lucrativos e outras informações relativas a alguns produtos e
procedimentos estão afixadas numa parede adjacente a esta primeira zona. Os produtos
reservados, pagos ou não pagos, e os produtos com menos de 6 meses de validade estão
aqui armazenados em prateleiras respetivas e visíveis para os colaboradores da
farmácia. É a partir desta zona que podemos aceder ao restante back office do piso
superior.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
suas funções de gestão de farmácia e são feitas as reuniões com os delegados das
diferentes marcas. Todas atividades relacionadas com processo de vendas e marketing
efetuadas pelo site da farmácia são realizadas neste espaço.
Ainda no piso inferior, mas localizado noutra zona, damos de caras com o maior
armazém da farmácia. Apresenta três estantes de grandes dimensões, um armário com
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
➢ Front Office
Desde o momento em que se entra na farmácia, todo o espaço que vai até à zona
dos balcões de atendimento é de acesso livre ao público. Fazem parte deste espaço a
área de atendimento ao público e o gabinete de atendimento personalizado para
prestação de serviços.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
limpeza, desinfeção e organização dos postos de trabalho são aspetos diferenciais que
exercem influência na preferência do cliente. Deste modo, fui desde cedo alertado para
a manutenção destes hábitos.
Nesta área de acesso ao público, está afixada uma placa com a identificação do
Diretor Técnico, os serviços que a farmácia presta, bem como os respetivos preços, um
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
O Diretor Técnico, apesar de poder reproduzir qualquer uma das tarefas acima
mencionadas, apresenta deveres distintos dos demais. Sendo o responsável pelos atos
farmacêuticos efetuados na farmácia, deve garantir e supervisionar o funcionamento
correto da mesma, assegurando o cumprimento dos princípios e deveres previstos na
legislação reguladora da atividade farmacêutica, bem como o cumprimento destas
regras deontológicas. As reuniões com delegados comerciais e o envio mensal do registo
dos psicotrópicos são também da sua responsabilidade. Qualquer problema ou
imprevisto que ponha em causa o correto funcionamento da farmácia é apresentado ao
Dr. Tiago Santos, de modo a possam ser tomadas as melhores decisões e soluções.
55
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
O acesso ao software é feito através de um código pessoal criado pelo Dr. Tiago
Santos para cada um dos seus colaboradores. Algumas das funcionalidades do
programa são de acesso restrito, tendo em conta as funções e responsabilidades de cada
um dos elementos da equipa. Desta forma fica facilitado o controlo e monitorização dos
procedimentos realizados na farmácia.
56
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
5. Aprovisionamento e Armazenamento
5.1. Gestão de Encomendas
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
informático de modo a auxiliar todo este processo. Na eventualidade dos produtos não
serem recebidos, eles são automaticamente gerados para a próxima encomenda diária a
realizar. Esta proposta de encomenda pode ser personalizada de forma a alterar as
quantidades dos produtos a pedir e o respetivo fornecedor ou inserir/retirar produtos
já gerados pelo sistema. Depois de analisada e confirmada, a encomenda é enviada para
o fornecedor e entregue posteriormente na farmácia em horário estabelecido.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Se todo este processo estiver uniforme e não houver necessidade de reclamação aos
fornecedores, por erros nas encomendas relativos a produtos em falta ou excesso,
danificados ou mal faturados, é feito o armazenamento dos restantes produtos no local
respetivo e colocação de alarmes se o produto for para exposição.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
No que toca ao preço dos MNSRM e outros produtos de saúde de venda livre, cabe
à farmácia estabelecê-lo. Este preço é definido tendo em conta o valor do IVA (23% ou
6%), o tipo de produto, preço de venda do armazenista e a margem estabelecida pela
farmácia. O PVP para cada um destes produtos é revisto e atualizado periodicamente de
forma a uniformizar e haver concordância de valores.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
5.7. Armazenamento
5.7.1. Condições de Armazenamento
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
do mercado representam alguns dos motivos que podem levar à devolução dos
produtos de saúde. Assim sendo, as devoluções podem ser efetuadas no momento de
receção de encomendas ou quando determinada situação o justifique.
6. Interação Farmacêutico-Utente-Medicamento
6.1. Aspetos Éticos e Deontológicos e Informação ao
Utente
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
6.2. Farmacovigilância
Nesta notificação deve estar descrita a reação adversa, a usa duração, gravidade e
evolução, o medicamento suspeito e modo de utilização, medicação não suspeita e a sua
relação com os sinais e sintomas presentes.
6.3. Reencaminhamento dos Medicamentos Fora de
Uso e Gestão de Resíduos
6.3.1. Valormed®
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
7. Dispensa de Medicamentos
A prescrição por DCI dá opção de escolha ao utente, mas em certos casos pode ser
prescrito por nome comercial se essa substância ativa não tiver genérico, ou se forem
apresentadas justificações técnicas que inibam esse direito, nomeadamente: a
prescrição de medicamento com índice terapêutico estreito, utente com intolerância ou
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo e devem dispensar o
medicamento de menor preço salvo se for outra a opção do utente (22). É feita a dispensa
máxima de 2 embalagens, por linha de prescrição, ou de 4 embalagens, no caso das
embalagens em dose unitária, por mês, com exceção de situações em que a quantidade
de embalagens necessária para cumprir a posologia é superior a 2 embalagens por mês,
extravio, perda ou roubo de medicamentos, dificuldade de deslocação à farmácia ou
ausência prolongada do país (23).
7.1.1. Tipos de Prescrição médica
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Os produtos dietéticos infantis são alguns dos produtos mais importantes das
farmácias. Seja uma mãe ou outro elemento do agregado familiar, quando se
dirigem à farmácia na procura deste tipo de produtos, um atendimento
esclarecedor e assertivo por parte do farmacêutico permite a criação de laços de
confiança e segurança, possibilitando a fidelização de clientes.
Este tipo de produtos não era muito procurado na FC, no entanto tive
oportunidade de dispensar alguns para tratamento de perturbações de sono e
ansiedade, em chá ou comprimido.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Estes produtos são dos mais procurados pelos utentes da FC, principalmente
para solucionar problemas de fadiga e cansaço físico e psicológico.
9.5. Medicamentos de uso Veterinário
Dividem-se em quatro classes de risco (I, IIa, IIb e III) tendo em conta a duração
do contacto com o corpo humano, invasibilidade, parte do corpo afetada pela sua
utilização e riscos decorrentes da conceção técnica e fabrico.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
A pressão arterial diz respeito à força exercida pelo sangue nas paredes das
artérias e pode classificar-se como sistólica ou diastólica, tendo em conta a o
momento em que o coração contrai, expulsando sangue do seu interior e relaxa
entre cada batimento, respetivamente. Valores de pressão arterial sistólica (PAS)
igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica (PAD) igual ou
superior a 90 mmHg, em várias medições e diferentes ocasiões estabelecem o
diagnóstico de HTA, a doença cardiovascular mais comum a nível mundial e
principal fator de risco cardiovascular em Portugal.
A braçadeira é colocada sobre a artéria braquial para que o bordo inferior fique
2,5 cm da prega do cotovelo e é ativado o equipamento para fazer a medição. Faz-se
o mesmo no braço contralateral. A medição é repetida duas vezes no membro com
maiores valores iniciais e é feita a média das medições.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Com uma prevalência cada vez maior em Portugal, a redução de fatores de risco
modificáveis da etiologia da doença, o diagnóstico precoce, tratamento adequado e
reabilitação dos doentes são um desafio para os profissionais de saúde que pretendem
aumentar a qualidade da prestação dos cuidados diariamente.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
de alta densidade (HDL) ou uma combinação das mesmas. Estas anormalidades podem
levar a um espessamento e rigidez das artérias e predispor doenças coronárias,
cerebrovasculares e artérias vascular periféricas.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Durante o estágio, alguns dos clientes que requisitavam este serviço, não se
mostraram disponíveis para mostrar os resultados obtidos, por motivos pessoais.
Nestes casos, era feita uma sensibilização relativamente ao papel do farmacêutico na
comunidade.
10.5. Administração de injetáveis
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
A diálise é uma técnica que substitui, de forma parcial, algumas das funções do
rim, em que o sangue é limpo e enriquecido com substâncias em falta, levando a uma
maior qualidade e esperança de vida. A única alternativa a esta técnica é a
transplantação renal, que pode levar anos a executar, tendo em conta o elevado número
de candidatos.
Durante o estágio, acompanhei por diversas vezes este serviço nobre, que me
permitiu compreender a realidade destes doentes e perceber a importância do
farmacêutico no dia a dia dos cidadãos.
10.8. Preparação individualizada da medicação
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Como o serviço foi posto em prática numa fase tardia do estágio curricular, não
tive a oportunidade de fazer qualquer tipo de preparação de PIMs. No entanto,
durante os atendimentos, efetuei a dispensa destas preparações, identificação de
utentes candidatos e sensibilização para o serviço.
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
O valor dos honorários tem por base um fator (F), atualizado automaticamente
e anualmente, a forma farmacêutica e quantidades do produto acabado. O valor das
matérias-primas é determinado pelo valor de aquisição e pela quantidade
preparada e o valor dos materiais de embalagem corresponde ao preço de aquisição
desses materiais multiplicado pelo fator 1.2.
Formulado com pó talco, amido de batata, ácido bórico e dermatol, é aplicado nos
pés, de forma a interromper ou atrasar o crescimento de microrganismos vivos.
89
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
Para este programa foram determinados 5 postos de rastreio, que iam variando
diariamente, de forma a atingir toda a população universitária. Os 5 postos escolhidos
foram: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Pavilhão Desportivo, Fábrica do
Moço, Faculdade de Engenharia e Faculdade de Ciências da Saúde.
91
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
nasofaríngeo para o tubo coletor. Esta fase foi a única fase em que não estive presente
durante a semana, uma vez que era limitada a alunos de Medicina.
Para finalizar, era necessária a introdução dos dados dos formulários e dos
resultados obtidos num documento Excel, de forma a registar toda a informação e
facilitar o processo de interpretação de resultados.
13. Conclusão
92
Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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Potencial da canábis medicinal no tratamento da doença de Huntington
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