Cannabis Medicinal

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fins terapêuticos

Daniela Vargas da Rosa

Diante dos diversos benefícios da Cannabis em todos os distúrbios do nosso organismo,


entendendo os seus meios atuação e propriedades, e se deparando com forças contrárias à
terapia canabinoide, como o próprio CFM que tenta barrar a expansão da Cannabis
medicinal no Brasil, qual é o seu posicionamento em relação ao tratamento?
Discuta os assuntos abaixo:
1. Com base nos conhecimentos que adquiriu sobre o S.E.C. e a terapia canabinoide
até o momento nesta disciplina, o que você pode compartilhar com as pessoas que
desconhecem o tratamento ou são preconceituosas em relação à planta?

Dependendo da situação e de quem esteja conversando, eu procuro usar uma linguagem


bem simples e desdramatizar o assunto, tratando-a como uma planta que de fato é,
comparando-a com outras plantas medicinais como o alecrim, a babosa e etc. Digo que é
uma planta repleta de substâncias terapêuticas, que nossos antepassados utilizavam e
cultivavam em seus quintais e que exitem muitos registros que comprovam isso.
Explico que até a década de 30, era utilizada livremente em muitos países, inclusive no
Brasil e estava tudo bem até o dia em que um presidente preocupado com poder e com
dinheiro resolveu proibir e criou uma narrativa falaciosa sobre a planta, dizendo que era
porta de entrada para outras drogas, erva do demônio e etc proibindo o seu uso até pouco
tempo atrás em alguns países e ainda proibida em outros.
Enquanto isso, os cientistas tiveram que abandonar as pesquisas ou realizá-las na
clandestinidade, o que atrasou a evolução do uso medicinal e industrial da Cannabis.
Muita gente foi e é presa, muita gente morreu e ainda morre pelo tráfico de drogas e
muita gente deixa de tratar suas doenças porque o proibicionismo atrasa o
desenvolvimento de pesquisas e a livre comercialização.
A maconha é revolucionária, ela derruba prateleiras das farmácias e por isso, tem muita
gente que não deseja o crescimento dela, assim como a indústria textil também teria sua
economia afetada.
Sobre a medicinal, quando falam que sentem medo de usar porque não sabem os efeitos a
longo prazo, digo que os alopáticos causam muito mais efeitos colaterais e
desenvolvimento de outras patologias, enquanto a maconha regula os sistemas mais
importantes do nosso corpo, equilibrando e tornando possível a prevenção, a cura ou e/ou
a melhora na qualidade de vida.
As pessoas sentem medo ou preconceito de usar maconha terapêutica, mas não de álcool,
cigarro, refrigerantes, alimentos industrializados, muito mais nocivos a saúde. Não se
preocupam com os efeitos colaterais das medicações alopáticas, mas se preocupam se
vão ficar viciados em maconha.
Em resumo, explico que para acessar o tratamento é preciso passar por consulta médica
e, depois disso, acessar o óleo através de importação ou das associações.

2. Quais funções e propriedades dos canabinoides você considera de maior


relevância para o equilíbrio do nosso organismo e como você poderia descrever seus
meios de ação? CBD

O canabidiol (CBD) é uma das mais de 400 substâncias encontradas na maconha e é


considerado um dos principais, pois atua em dois tipos de receptores CB, o CB1 receptor
canabinoide tipo 1 e CB2 (receptor canabinoide tipo 2), por meio de dois ligantes
endógenos: o 2-araquidonoilglicerol (2-AG) e Naraquidonoiletanolamida (AEA ou
anandamida). Os efeitos farmacológicos dos canabinoides são oriundos da interação entre
eles com os receptores endocanabinoides CB1 e CB2. Os receptores CB1 são distribuídos
de forma ampla no ser humano e encontrados principalmente em regiões pré-sinápticas
no sistema nervoso central (SNC). Os receptores CB2 localizam-se principalmente no
sistema imunológico e em regiões específicas do SNC, como a microglia e em
localidades pós-sinápticas. Esses receptores podem estar associados à regulação da
liberação de citocinas provenientes de células imunitárias e de migração das mesmas,
atenuando a inflamação e alguns tipos de dor. Estudos sugerem que o receptor CB2
também pode ser encontrado em células neurais envolvidas com a percepção/modulação
da dor. o CBD, por ter uma baixa afinidade aos receptores CB, causa pouco ou nenhum
desses efeitos. Além disso, o CBD apresenta efeitos terapêuticos como anticonvulsivante.
Sobre o mecanismo de ação do canabidiol (CBD), tanto a anandamida quanto o THC são
agonistas parciais do receptor CB1, ou seja, induzem uma resposta mais fraca do que o
agonista, ou seja, estimulante total. Por outro lado, o CBD apresenta baixa afinidade pelo
CB1, atuando como agonista inverso no receptor CB2. Apesar do mecanismo de ação do
CBD não estar completamente esclarecido, é provável que ele interaja com receptores
específicos. O CBD possui a habilidade de facilitar a sinalização dos endocanabinoides
por intermédio do bloqueio da recaptação ou hidrólise enzimática da anandamida (AEA).

3. Cite quais benefícios da cannabis você desconhecia totalmente dentre os sistemas


e distúrbios apresentados nas aulas.

O Canabinol (CBN) como regulador do sono tem sido alternativa para o paciente
alcançar um sono profundo e reparador. É extraído de folhas mais velhas da Cannabis e é
considerado o mais potente canabinóide para efeitos sedativos e indução do sono. Além
disso, é indicado para doenças neurodegenerativas com esclerose e Alzheimer. Estima-se
que 5mg de CBN equivale a 10mg de Diazepan. Também há estudos apontando que
cepas de Cannabis com alto teor de CBN foram associadas a um melhor controle dos
sintomas de TDAH.

4. Você identifica como a Cannabis pode te auxiliar hoje? Faça uma análise de como
ela pode atuar na sua saúde e no seu bem-estar.

Eu iniciei o uso de CBD 4% para sintomas de ansiedade, há 2 anos, na ocasião eu era


tabagista. Logo no início do tratamento, já tive como resultado a diminuição do cigarro e
com o tempo, parei de fumar. Atualmente, eu sigo tomando o óleo de CBD e faço uso
adulto de maconha todos os dias, pela manhã, evitando utilizar antes de dormir. Outro
efeito incrível foi a qualidade do meu sono e a disposição, que melhoraram
consideravelmente. Agora, entrando em período pré-menopausa, percebo que preciso de
uma nova prescrição para regular a questão hormonal e humor.
Eu não tenho dúvida dos benefícios da Cannabis, acompanho pessoas que fazem uso do
óleo e vejo a melhora e a transformação em suas vidas. Além disso, a Cannabis tem um
potencial econômico muito grande que pode melhorar financeiramente a vida das
pessoas, pois podem atuar em diversas vertentes que a cannabis proporciona.

5. Finalize a sua discussão opinando sobre o apoio do CFM (Conselho Federal de


Medicina) e da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) no Brasil para não-
expansão da terapia canabinoide, mesmo mediante tantas evidências científicas
positivas, e os motivos de ambos para este posicionamento.

Prepare sua discussão seguindo a ordem proposta acima, entrelaçando os assuntos. A


profundidade dos assuntos, a riqueza de detalhes e as argumentações fundamentadas nos
conteúdos abordados em aula irão caracterizar o melhor desempenho na pontuação da
atividade.
“Diante da falta de evidências científicas que comprovem a segurança e a eficácia dos
canabinóides, só é aceitável, no momento, seu uso em ensaios clínicos controlados ou,
no contexto do uso compassivo e na falta de alternativas terapêuticas em menores com
crises epilépticas refratárias aos tratamentos usuais. Desse modo, a regulação do
plantio e uso dessa droga coloca em risco toda a população, além de causar forte
impacto na sociedade em sua luta contra o narcotráfico e suas consequências”, afirmou
o 3º vice-presidente do CFM, relator da Resolução CFM nº 2.113/2014, Emmanuel
Fortes.”
Diante da falta coerência, fica difícil realizar uma escrita acadêmica e imparcial sobre
esse assunto, sem que a indignação não transpareça. Quando os interesses econômicos e
o preconceito estão acima do bem comum causa revolta e cólera, mas é necessário
debater sobre o assunto e informar a sociedade.
O que se percebe é que existe uma parcela da categoria médica que é preconceituosa,
reacionária e fechada sobre o assunto Cannabis e sobre outros assuntos considerados
tabus na nossa sociedade. Declarar que não há evidências suficientes que comprovem a
eficácia da Cannabis parece até falta de conhecimento, de tão absurdo, mas não se trata
disso. Trata-se da mais clara demonstração de preconceito, pois sabe-se que a categoria
tem acesso a diferentes formas de conteúdo científico. Além disso, eu acredito que o
lobby farmacêutico seja ainda o grande impeditivo para essa categoria romper com
paradigmas e conceitos ultrapassados.
Não é de hoje que se discute sobre o poder que a indústria farmacêutica exerce sobre as
sociedades, transformando a doença em oportunidade de negócios e com a Cannabis não
seria diferente. Sabendo do potencial terapêutico da maconha, que os produtos dessa
planta derrubam as prateleiras das farmácias, os grandes laboratórios unidos aos
pensamentos retrógrados dentro da medicina, disseminam informações erradas
dificultando o acesso e a aceitação do público em geral. E sabe-se também o quanto uma
boa parte da categoria médica é “vendida” a essa indústria e que qualquer fórmula que
evite o uso excessivo de alopáticos, se transforma em ameaça ao seu poder econômico e
de controle sobre os corpos.
Portanto, tudo o que coloca em cheque o poder econômico, a disciplina dos corpos e as
“certezas” do paradigma médico-cartesiano combatidos pelo corporativismo médico, em
qualquer área da medicina.
No caso da Psiquiatria, essa área da medicina tão vantajosa para os grandes laboratórios,
que sobrevive da patologização da sociedade, não vê vantagens na Cannabis terapêutica,
justamente porque ela substitui os medicamentos convencionais (que causam efeitos
colaterais terríveis) e devolve ao paciente a reintegração de sua saúde mental, sua
funcionalidade e qualidade de vida.
Por fim, ainda temos muito o que caminhar aqui no Brasil sobre esse tema, mas acredito
que difundir conhecimento, compartilhar experiências, pesquisar e publicar os resultados
seja a forma mais eficaz de posicionar a maconha no mercado e dentro dos lares das
pessoas.

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