Paciente Infantil Abuso Sexual

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 26

CENTRO UNIVERSITÁRIO DR.

LEÃO SAMPAIO – UNILEÃO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

REBECA MARIÁ DE SOUSA FÉRRER

O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO COM PACIENTES VÍTIMAS DE


VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL SOB A ÓTICA DA GESTALT-TERAPIA

Juazeiro do Norte
2019
2

REBECA MARIÁ DE SOUSA FÉRRER

O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO COM PACIENTES VÍTIMAS DE


VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL SOB A ÓTICA DA GESTALT-TERAPIA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Graduação em Psicologia do Centro
Universitário Dr. Leão Sampaio, como
requisito para a obtenção do grau de
bacharelado em Psicologia.
Orientadora: Jessica Queiroga

Juazeiro do Norte
2019
3

O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO COM PACIENTES VÍTIMAS DE


VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL SOB A ÓTICA DA GESTALT-TERAPIA

Rebeca Mariá de Sousa Férrer1


Jessica Queiroga de Oliveira2
José Ricardo de Sousa Santana3
RESUMO
Um sofrimento advindo da infância gerado por situações adversas, como por exemplo, o abuso
sexual, dependendo da estrutura emocional da criança vir a ser uma conjuntura interpretada
como uma situação que excede todos os limites de segurança e suporte da vítima, ocasionando
vários tipos de danos emocionais e consequências psicológicas como resultado de um
acontecimento ameaçador. Em reflexo aos danos causados pelas situações de violência sexual
faz-se imprescindível o processo psicoterapêutico diante desses casos, este, sobretudo, é
necessário em virtude das sequelas que quando não tratadas, podem influenciar de forma
prejudicial no processo de desenvolvimento do indivíduo. O estudo se caracteriza por uma
pesquisa bibliográfica, de caráter exploratório quanto aos seus objetivos. A forma de selecionar
as obras se deu a partir dos títulos que mais se debruçaram sobre o tema, partindo então para os
resumos e a fundamentação teórica destas, em busca daqueles que mais se ajustam ao tema,
realizando assim, uma análise de dados de cunho qualitativo e uma leitura mais ampla. Percebe-
se que o trabalho da psicologia somada ao aporte teórico procedente da Gestalt-Terapia tem um
subsídio significativo para esse tema no curso de aprimorar e ampliar a visão acerca da atividade
cognitiva e das questões emocionais implicadas em uma situação de violência sexual. Levando
em consideração a relevância do tema, sugere-se maior produção de pesquisas na área, bem
como, a aprimoração destas.
Palavras-chave: Violência sexual. Infância. Gestalt-Terapia. Psicoterapia.

ABSTRACT

Suffering from childhood caused by adverse situations, such as sexual abuse, depending on the
child's emotional structure becomes a situation interpreted as a situation that exceeds all safety
limits and support of the victim, causing various types of harm. emotional and psychological
consequences as a result of a threatening event. Reflecting the damage caused by the situations
of sexual violence, the psychotherapeutic process is essential in view of these cases. This is
especially necessary due to the sequelae that, when left untreated, can negatively influence the
individual's development process. The study is characterized by a bibliographical research,
exploratory regarding to its objectives, the way to select the works was based on the titles that
most focused on the theme, then moving to the abstracts and their theoretical foundation,
seeking those who best fit the subject, then conducting a qualitative data analysis and a broader
reading. It is noticed that the work of psychology plus the theoretical support from Gestalt
Therapy has a significant support for this theme in the course of improving and broadening the
view on cognitive activity and emotional issues implied in a situation of sexual violence. Taking
into account the relevance of the theme, it is suggested a larger production of research in the
area, as well as its improvement.
Keywords: Sexual violence. Childhood. Gestalt Therapy. Psychotherapy.

1
Discente do curso de psicologia da UNILEÃO. [email protected]
2
Docente do curso de psicologia da UNILEÃO. [email protected]
3
Graduado em psicologia pela UNILEÃO. [email protected]
4

1. INTRODUÇÃO

O conceito de violência sexual infantil é bastante vasto na literatura brasileira, dentre


estes, a conotação que a violência sexual ocorre quando se pratica um ato ou jogo sexual entre
um ou mais adultos que podem ter grau de parentesco e consanguinidade, responsável legal ou
apenas responsável, ou mesmo que tenha uma relação de afinidade, versus uma criança ou um
adolescente, até 18 anos, para obtenção ou estimulação de prazer (MARQUES, AMPARO e
FALEIROS, 2009). Constituindo assim uma relação abusiva de poder, em que uma das partes
exerce força sobre outro menor e frágil para gratificação pessoal. Estas experiências podem
abalar de infinitos e diversos modos a subjetividade destas pessoas, que tendem a criar barreiras
como uma forma de proteção e segurança. O abuso sexual pode vir a ser uma conjuntura
interpretada como uma situação que excede todos os limites de segurança e suporte, ao mesmo
tempo que denotam uma circunstância de negligência e silenciamento, ocasionando um tipo de
dano emocional como resultado de um acontecimento ameaçador.
Conforme o Art. 2º do vigente Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.8.069, de 13
de julho de 1990), considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade (BRASIL, 1990). Em conformidade com
a Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece o pressuposto que toda criança tem
direito à saúde e à vida distante da violência.
Percebe-se que é de suma importância o cuidado e o amparo focado nessas pessoas
fragilizadas por terem sofrido esse tipo de abuso, pois estes por muitas vezes são esquecidos ou
invisibilizados gerando comprometimento no decorrer da vida adulta, de forma que essas
consequências podem interferir em aspectos psicológicos na forma como o sujeito irá lidar com
as suas demandas. Tendo em vista que este é um fenômeno que ocorre nos mais variados
contextos, incluindo o âmbito familiar e que este torna-se cada vez mais recorrente, salienta-se
que o tema merece destaque nas produções científicas, ainda, observa-se a ausência de
produções que relacionem estas duas temáticas.
Esta produção objetiva obter informações que orientam possíveis práticas no manejo
clínico sob a perspectiva da Gestalt-Terapia com pacientes vítimas de violência sexual infantil,
tal como, de que forma esses eventos podem impactar na vida adulta, não obstante, as
contribuições desta pesquisa para o constante aprimoramento de saberes e práticas que se torna
imprescindível na psicologia.

2. METODOLOGIA
5

O caminho seguido pela pesquisa se deu em torno de uma pesquisa bibliográfica, de caráter
exploratório quanto aos seus objetivos, onde embasou-se de forma substancial em obras de autores
de referência nos debates que tratam do tema abuso infantil, violência sexual infantil, Gestalt-
Terapia e o manejo clínico desta nessas situações, em teses, dissertações e artigos encontrados nas
bases de dados Google Acadêmico, PePSIC e CAPES, e ainda em revistas que abordam o
tema. Recorrendo aos descritores “maus tratos sexuais infantis”, “violência infantil”,”contextos
facilitadores”, “Gestalt-terapia”, “Psicoterapia Gestáltica” é possível encontrar uma considerável
quantidade de artigos, sendo que foram selecionadas as publicações após o ano de 2009 e escritas
na língua portuguesa, faz-se necessário a ressalva que foram utilizados dois artigos dos anos de
2005 e 2008 respectivamente, pois, os mesmos foram julgados como indispensáveis diante das
suas contribuições com a pesquisa. A princípio, a forma de selecionar as obras se deu a partir dos
títulos que mais se debruçaram sobre o tema, partindo então para os resumos e a fundamentação
teórica destas, em busca daqueles que mais se ajustam ao tema, realizando assim, uma análise de
dados de cunho qualitativo e uma leitura mais ampla.

3. VIOLÊNCIA E SUAS MANIFESTAÇÕES NO ABUSO SEXUAL INFANTIL

A violência contra crianças, adolescentes e mulheres é estimada como sendo um sério e


agravante problema de saúde pública em muitos países. No Brasil, essa problemática vem
assumindo uma proporção extensa frente às denúncias de abusos sexuais envolvendo crianças
e adolescentes, intitulados como vulneráveis pela Lei nº 12.015/09 (BRASIL, 2009)
Considera-se violência o “uso intencional de força física ou do poder, real ou em
ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que
resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação” (OMS, 2002).
Compreendendo o fenômeno da violência, Escorsim (2014) salienta que este se qualifica
como um acontecimento humano e social pelo seu caráter relacional, multicausal e que
apresenta várias significações, o que o torna complexo em sua gênese e em suas manifestações.
Assume aspectos e configurações diversas em diferentes sociedades, culturas e contextos
históricos, sendo um acontecimento que perpassa ao tempo e ao espaço geográfico, abalando
diferentes cenários e classes sociais e ainda, em situações em que seu impacto possa ser sentido
com maior vigor nos considerados vulneráveis e em países suburbanos ao desenvolvimento
capitalista mundial. Entre as formas de violência podemos aqui assinalar a violência sexual,
que é retratada como:
6

Toda a ação na qual uma pessoa em relação de poder e por meio de força física,
coerção ou intimidação psicológica, obriga uma outra ao ato sexual contra a sua
vontade, ou que a exponha em interações sexuais que propiciem sua vitimização da
qual o agressor tenta obter gratificação. A violência sexual ocorre em uma variedade
de situações como estupro, sexo forçado no casamento, abuso sexual infantil, abuso
incestuoso e assédio sexual (BRASIL, p.17, 2001).

Entre as ramificações da violência sexual, pode-se evidenciar algumas formas como:


assédio sexual, estupro, atentado violento ao pudor e a exploração sexual. O assédio sexual se
qualifica como insistência importuna, junto de alguém, independente do sexo ou orientação
sexual. Ato de constranger alguém com gestos, palavras, ou com o emprego de violência,
prevalecendo-se de relações de confiança, de autoridade, com a finalidade de obter vantagem
sexual (BRASIL, 2008). O estupro pode ser representado por uma conjunção carnal que ocorre
quando há penetração mediante violência ou ameaça grave (Código Penal Brasileiro, Artigo
213). A ramificação do atentado violento ao pudor ocorre ao se constranger alguém, mediante
violência, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção
carnal (Código Penal Brasileiro, Artigo 214). A exploração sexual caracteriza-se pela
manipulação sexual de pessoas, independentemente da idade e do sexo, com finalidade
comercial e de lucro, levando-os a manter relações sexuais (Código Penal Brasileiro, Artigo
240).
Conforme afirma o Conselho Nacional da Justiça, consta no Código Penal Brasileiro,
que a violência sexual pode ser caracterizada de forma física, psicológica ou como ameaça,
compreendendo o estupro, a tentativa de estupro, o atentado violento ao pudor e o ato obsceno.
Assim, toda ação que podendo envolver realização de práticas sexuais, sem que tenha
consentimento, acontecendo por meio de força física ou mesmo influência psicológica é
considerada crime mesmo se a ação for exercida por um familiar (BRASIL, 2001)
O Abuso sexual infantil pode ser definido como um tipo de violência onde exista
qualquer contato ou interação entre uma criança ou adolescente e alguém em estágio
psicossexual mais avançado do desenvolvimento, onde a vítima estiver sendo usada para
estimulação sexual do perpetrador (AZEVEDO, et al, 2005).O jogo sexual denotado como
abuso se firma em uma relação abusiva de poder, onde uma das partes exerce a força sobre
outro menor e frágil em prol de gratificação pessoal. (ALMEIDA;ANTONY, 2018)
É assinalado importante fator de risco para possíveis problemas de saúde na infância e
na vida adulta que impactam diretamente na saúde física e principalmente psicológica das
vítimas acometidas por este. Estimar a prevalência desse tipo de violência se assinala como
essencial para examinar causas do problema e possíveis intervenções, sendo a notificação desse
7

agravo uma ação imprescindível para uma atenção integral às pessoas em situação de violência
(PLATT et al, 2018).
A quantidade de notificações entre menores de 10 anos é baixa (16,9%) e inferior à
realidade estimada, sendo este mais especial se for considerado alguns fatores como: a
fragilidade física e emocional deste grupo, o seu maior acesso ao serviço de saúde e ainda a
obrigatoriedade da notificação preconizada pelo ECA, pois, a prática de notificar os casos
suspeitos ou confirmados de violência contra a criança não é uniforme no país e ainda apresenta
fragilidades (ASSIS et al, 2012). A omissão da notificação sendo uma forma de silenciar em
busca de manter uma cumplicidade dos envolvidos, resulta em uma ineficiência quanto à
transformação dos dados alarmantes da violência sexual, destaca-se que há nessa situação
vários aspectos sobre esse silêncio a serem postos como agravantes da situação.
A partir dessas informações vale a reflexão sobre a “Lei do silêncio” que emerge nos
diversos contextos onde essas práticas acontecem. Esta, impera tanto no seio familiar como na
participação dos profissionais em termos de notificação. Guerra (1992) discorre que há em torno
da violência praticada contra a criança e ao adolescente, inclusive por parte dos profissionais,
uma recusa em debater sobre ela de forma científica e, até mesmo, de notificar os casos
recorrendo às chamadas instâncias de proteção à infância conforme dispõe o Estatuto da
Criança e do Adolescente. Devido se encontrarem em processo de desenvolvimento, as crianças
e adolescentes são consideradas mais vulneráveis pelo fato de possuírem maior dificuldade para
se defender, onde acontecimentos de violência sexual fazem parte cotidianamente do cenário
da sociedade brasileira, relacionando-se a questões sociais, culturais e econômicas.

3.1 CONTEXTOS FACILITADORES DO ABUSO SEXUAL INFANTIL

A violação sexual não acontece ao acaso, na maioria dos casos, os agressores agem de
maneira premeditada e de forma planejada sobre a criança elegida. Inicialmente cumprimenta,
presenteia e seduz, busca contatos frequentes com a criança, brinca, passa algum tempo em sua
companhia, e de forma sutil oferece carinhos com toques corporais diversos para ir conhecendo
suas reações (SERAFIM et al, 2019).
Os índices mais elevados de abuso sexual ocorrem dentro da própria residência. Mais
de 80% dos casos são registrados no âmbito intrafamiliar, sendo que 90% deles não deixam
vestígios no corpo da vítima (WILLIAMS; ARAÚJO, 2010).
A família exerce forte influência na formação da subjetividade e da identidade da
criança, sendo a criança, em muitos casos, a representação de uma dor emocional presente no
universo familiar. A conduta de silêncio e tolerância para com o contexto abusivo por parte das
8

figuras parentais pode possuir a finalidade de preservar a criança, no entanto acaba tendo efeito
contrário, sendo este um dos fatores que mais agravam os casos e desprotegem a criança.
(ALMEIDA; ANTONY, 2018).
A fase da infância protegida, segura e feliz não é uma realidade para muitas crianças.
Crianças que crescem em uma esfera desfavorável, hostil, permeada por relações de desamor
podem antecipadamente criar condutas disfuncionais para a sustentação da estabilidade
emocional própria e da família (ANTONY, 2009).
Platt et al (2018), ao destacar questões de gênero e fatores econômicos afirma que a
dominação masculina e a submissão feminina cristalizadas naturalizam a produção e repetição
de comportamentos abusivos por parte do homem detentor do poder de pai, considerado chefe
da família. Na condição de inferioridade, as próprias mulheres se submetem a serem controladas
por seus maridos, companheiros e pais. E é nesse lugar que podem ser reproduzidos
comportamentos agressivos.
Na perspectiva social, o risco de abuso físico está relacionado ao isolamento social e
afetivo e a eventos de vida estressantes, desencadeados por fatores como desemprego, pobreza
e a violência, que contribuem para que as famílias não tenham acesso a recursos básicos como:
saúde, educação e trabalho, o que limita as possibilidades de estabelecimento de redes de apoio
e podem levar ao isolamento da família e, consequentemente, ao abuso familiar (ALVES;
EMMEL, 2009).

3.1.1 Fatores que facilitam a denúncia

Apesar da Constituição Federal de 1988 possuir como argumento a colocação que é


obrigação do Estado, da família e da sociedade manter a infância e a adolescência a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, somente
em 1990 com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi concretizado
esse regulamento que determina a adoção legal de mecanismos específicos de proteção.
Podemos destacar entre estes, a função dos Conselhos Tutelares, um dos mecanismos utilizados
como responsáveis por receber, averiguar e encaminhar às autoridades judiciárias denúncias de
violação aos direitos da criança e do adolescente. A partir deste, nos Juizados da Infância e
Juventude, após a observação de cada caso por uma equipe multiprofissional que pode ser
composta por psicólogos e assistentes sociais é realizada a averiguação da situação de risco a
que a criança está exposta, assim, os juízes determinam medidas protetivas que podem se dar
pelo afastamento do agressor da moradia comum ou a perda familiar da guarda da criança,
seguida pelo encaminhamento para os abrigos sociais (FRANÇA, 2018).
9

O momento em que a situação de abuso sexual no âmbito familiar é revelada é sucedido


de uma implosão na família, em reflexo do choque emocional sentido. A conduta reveladora
desencadeia sofrimento, medo e angústia, deixando todos em estado de vulnerabilidade e
exposição. A forma que a revelação ressoa dentro do sistema familiar decreta mudanças nas
relações e interações podendo, muitas vezes, ocasionar rupturas do vínculo familiar
(ALMEIDA; ANTONY, 2018).
No Brasil, é possível desde 1997, a utilização de uma ferramenta social de denúncia
denominada Disque Denúncia, popularmente conhecido como Disque 100. Quando do
atendimento de crianças e adolescentes é obrigatória a comunicação ao Conselho Tutelar, sem
prejuízo de outras providências legais (Lei nº 8.069/1990 – ECA). O Decreto nº 7.508/2011
regulamenta a Lei nº 8.080/1990 e orienta a organização de redes de atenção à saúde para o
SUS, onde se inclui a rede de serviços de atenção para pessoas em situação de violência sexual
(BRASIL, 2015).
Com isto, torna-se importante o estudo das contingências que incidem no processo de
revelação. É provável que os fatores que afetem o desenvolvimento entrelaçados às dinâmicas
do abuso sexual atuam como variáveis para facilitar ou dificultar o processo de revelação da
situação. Tais variáveis devem ser explicitadas nos documentos de registro e nas entrevistas
psicossociais realizadas em centros especializados, com o objetivo de utilizá-los como
indicadores compreensivos, apontando ou não a possibilidade de revelação, negações e
retratações. É imprescindível não negligenciar o grau de desenvolvimento da vítima, e fornecer
um contexto de entrevista adequado à faixa etária da mesma, analisando também as
contingências anteriores ao encaminhamento da vítima para o atendimento (BAÍA et al, 2013).

4. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS EM GESTALT-TERAPIA

Fundada por Friederich Salomon Perls e sua esposa Laura Perls, tem como objetivo
fazer com que os clientes se tornem conscientes do que fazem, como fazem e ainda aceitar-se
e valorizar-se, além de ter um foco maior na descrição do que está acontecendo no momento
presente do que o conteúdo que se discute (YONTEF, 1998).
Apesar da sua base na psicanálise Freudiana, a Gestalt-Terapia traz uma proposta um
tanto distante do que lança a psicanálise, o behaviorismo e outras teorias que buscavam suas
verdades nesse mesmo período. O espaço principal da prática psicológica, para onde a teoria e
a prática tem de debruçar sua atenção é o próprio contato, o lugar onde organismo e ambiente
organizam seu encontro e se envolvem reciprocamente (GOODMAN; HEFFERLINE; PERLS,
1997).
10

Compreende o organismo em sua totalidade e em relação com o ambiente, tendo


potencial, sendo consciente e responsável, construindo-se no contato. Além de contemplar a
base fenomenológica e existencial, abrange fundamentos como contato, aqui-e-agora, figura e
fundo, polaridades, self e awareness (GINGER; GINGER, 1995).
Instrumenta-se na Gestalt-Terapia o trabalho da autonomia do sujeito para que assim
possa lidar com seus problemas em qualquer momento da sua vida e com todos os recursos
disponíveis. A compreensão de autosuporte surgiria, então, como composto de todas as suas
vivências singulares que lhes distanciam da necessidade de apoio ambiental. O ato de tomar
consciência de si potencializaria sua capacidade de ação, aprimorando seus recursos de
manipulação do meio a partir de uma orientação de si mesma. O propósito do estudo
fenomenológico da Gestalt-Terapia é a awareness, que é compreendida como a clarificação ou
tomada ampla de consciência sensorial, motora e reflexiva da estrutura da situação em questão.
Assim, a maneira como o cliente torna-se consciente do seu processo é de extrema importância
para a investigação fenomenológica (YONTEF, 1998).
Não é da competência do Gestalt-terapeuta formar sobre seu cliente um pré-conceito.
Não se pode reduzir o relato do cliente em um diagnóstico prévio. Para escapar das definições
a priori, o senso comum é colocado em suspensão, bem como, todas as estruturas prévias de
interpretação e da tradição sedimentada. Sair de uma posição prévia de visão, de uma rede
referencial, para buscar uma nova compreensão já é um fazer fenomenológico (REHFELD,
2013).
Baseado no método fenomenológico, temos a perspectiva existencial, que define o
homem como um ser único, concreto, com vontades próprias e liberdade pessoais, sendo este
consciente e responsável. Para o existencialismo, o indivíduo deve ser compreendido a partir
de sua singularidade, de seu manifestar-se subjetivo. Assimilando-se assim com a proposta da
Gestalt-terapia, que enxerga o homem como um ser particularizado, singularizado em sua forma
de ser e de agir. Tanto para o existencialismo quanto para a Gestalt-terapia o ser humano só
pode ser compreendido por ele mesmo, através de uma experiência direta de seu ser no mundo.
O encontro entre psicoterapeuta e cliente é um encontro existencial, baseado na relação. Ambos
estão e são no mundo. Eles se encontram para tentar compreender, experienciar, reavaliar,
fortalecer e singularizar o que significa de fato existir (RIBEIRO, 1985).
A relação terapêutica é o aspecto mais importante da psicoterapia, sendo o diálogo uma
ferramenta primordial, este é conhecido como o evento relacional em que o sujeito se manifesta,
vivendo uma inter-relação, nesse caso, entre o cliente e o terapeuta, onde existe um desejo
genuíno de encontrar o outro (BARRETO, 2017).
11

Entre os conceitos fundamentais da teoria gestáltica podemos mencionar a teoria do self


que é sempre uma elaboração de algo iminente que nunca pode ser alcançado como
possibilidade atual, mas, ao mesmo tempo, se anuncia nessa atualidade como um horizonte de
orientação para onde, enfim, a própria atualidade se escoa. Não é uma entidade, e sim o conjunto
de funções e dinâmicas, uma espécie de espontaneidade que somos nós mesmos, sempre
envolvidos e implicados em uma situação, que se desvela através do meio, onde o indivíduo
pode sentir-se único ou finito de diversas formas e em diferentes realidades. Torna possível
elucidar três funções diferentes operando no processo de contato que se constitui no decorrer
de uma relação, sendo estas: id, ego e personalidade. Se relacionando com os três processos
intencionais de awareness sensorial, awareness deliberada e awareness reflexiva (MULLER-
GRANZOTTO; MULLER-GRANZOTTO, 2012)
De acordo com Perls (1997) chamamos de self todo o sistema de contatos que são
necessários ao ajustamento, podendo ser considerado na fronteira do organismo. É composto
pelas estruturas do Id, ego e da personalidade. Processo que corresponde ao ser humano como
ser que se constitui na relação daquilo que aprende no aqui-agora. O self significa apenas “si
mesmo”, por melhor ou pior que seja, doente ou sadio, e nada mais.
A teoria do self pode ser representada através das funções e das dinâmicas específicas
do todo espontâneo de correlação que se configura no campo clínico como um tipo de enlace
ambíguo entre clínico e o seu cliente (SANTANA; BELMINO, 2017)
Há, dentro desses sistemas três funções que operam no sistema de contatos que é
estabelecido no decorrer de uma relação. Sendo estas: id, ego e personalidade.

o Id é o fundo determinado que se dissolve em suas possibilidades, incluindo as


excitações orgânicas e as situações passadas inacabadas que se tornam conscientes, o
ambiente percebido de maneira vaga e os sentimentos incipientes que o conectam o
organismo e o ambiente. O Ego é a identificação progressiva com as possibilidades e
a alienação destas, a limitação e a intensificação do contato em andamento, incluindo
o comportamento motor, a agressão, a orientação e a manipulação. A Personalidade é
a figura criada na qual o self se transforma e assimila ao organismo, unindo-a com os
resultados de um crescimento anterior (GOODMAN; HEFFERLINE; PERLS, p.184,
1997).

Não são partes do sistema self ou etapas cronológicas, são apenas três perspectivas
diferentes que podemos ter da mesma experiência, as três funções apresentam-se
concomitantemente, sendo o sistema self em funcionamento (GRANZOTTO e GRANZOTTO,
2012).
Na Gestalt-Terapia, é comum o cliente ser perguntado o que faz, o que se sente, o que
deseja, ou seja, do que está aware, porém para isso, o cliente precisa voltar sua atenção para si
mesmo, tornando possível identificar o que acontece e relatar para outra pessoa. Afirma-se,
12

então, que as pessoas que fazem terapia já estão aware do que está acontecendo (POLSTER;
POLSTER, 2001). Uma awareness eficaz é energizada pela necessidade dominante atual do
organismo. Esse exercício requer além do autoconhecimento um conhecimento de como está o
self na situação atual. O ato de dar-se-conta é sempre aqui e agora, mesmo que o conteúdo não
esteja presente (YONTEF, 1998).
Descrita por Polster e Polster (2001) como uma função de orientação, permite que o
indivíduo deixe de ser imobilizado, movendo-se para um senso de completude. Existem quatro
áreas da experiência humana na qual a awareness pode ser focalizada: awareness das sensações
e ações, awareness dos sentimentos, awareness dos desejos e awareness dos valores e
avaliações.
No primeiro aspecto, ressalta-se que as sensações do indivíduo e o que ele faz com
relação a estas estão relacionados. Na situação da terapia, a awareness possui três objetivos:
acentuação da realização, facilitação do processo de elaboração e recuperação de experiências
antigas. Na awareness dos sentimentos, estes possuem uma qualidade que vai além do alcance
da sensação fundamental, onde relatar o sentimento de medo, por exemplo, pode incluir, ou
não, sensações específicas, como palpitações, suor na palma das mãos, entre outros. A
awareness do desejo mobiliza, foca, funciona como um radar para o futuro, além de ter a função
de ligar e integrar a experiência atual com o futuro e com o passado. Esporadicamente as
pessoas têm awareness daquilo que desejam. Por fim, a awareness de valores e avaliações é
uma atividade que inclui grande parte da vida anterior do indivíduo e sua reação a ela, não se
resume somente a sensações, sentimentos e desejos ( POLSTER; POLSTER, 2001).
A awareness é um instante de encontro com o todo, que busca sempre a ampliação de
consciência de variadas formas. É a partir da diferenciação do que é saudável e do que é nocivo
e da consequente introjeção ou rejeição, que o organismo irá se ajustar. É esta tomada de
consciência que permite o sujeito reconhecer a sua necessidade atual e responder a ela, para que
uma outra possa surgir, é ela que permite que uma gestalt seja fechada para que outra seja
aberta. Quando não ampliada irá prejudicar esse processo de formação de gestalt e,
consequentemente, o crescimento do indivíduo já que ele perderá a sua capacidade de perceber
suas necessidades para satisfazê-las, acumulando grande número de situações inacabadas no
seu fundo (BARRETO, 2017).
Uma angústia manifestada se dá no presente, no aqui-e-agora, embora a awareness seja
sempre presente, o objeto dela pode pertencer a um outro tempo e espaço. O entendimento com
todas as possibilidades de nossos sentidos, da ocorrência do mundo dos fenômenos dentro e
fora de nós. Mesmo quando lembramos de algo do passado, o ato de lembrar está se dando no
13

presente (YONTEF, 1998).


A cada vez que a situação for trabalhada no agora, o paciente usará com mais facilidade
o tempo presente, trabalhando na base fenomenológica e, fornecerá o material necessário para
fechar a gestalt, assimilar uma memória e corrigir o equilíbrio do organismo (PERLS, 1988).
Para que o processo de ajustamento aconteça, é fundamental que o indivíduo tome
consciência daquilo que está experienciando, seja no âmbito afetivo, fisiológico ou social, em
algum momento, onde estará desenvolvendo a referida awareness no aqui-e-agora. A terapia
gestáltica, sendo uma terapia experiencial, é constituída no aqui e agora, onde é possibilitado
ao cliente experienciar novamente suas situações inacabadas no presente. É fundamental que
durante a sessão o indivíduo volte toda sua atenção ao que está fazendo no momento, se dê
conta dos seus gestos, da sua respiração, das emoções que vão surgindo, e de como seu corpo
transmite aquilo que o pressiona (PERLS, 1988).
A vida requer contato em todos os momentos e de muitas formas, somente através da
função de contato que percebemos nossas identidades se desenvolverem plenamente. Este é
vital para que exista o crescimento, é o meio para mudar a si mesmo e a experiência que se tem
do mundo, não há como estar em contato e permanecer o mesmo. É preciso que exista uma
distinção entre o que é o contato, da intimidade ou união, cabe aqui, fixar que o contato acontece
numa fronteira em que é mantido um senso de separação, onde a união das pessoas envolvidas
neste não venha a causar sobrecargas ou sensação de dependência (PERLS, 1988).
Perls, Hefferline e Goodman (1997) descrevem o contato como sendo
fundamentalmente, um organismo que vive em seu ambiente e se mantêm diante das diferenças,
usando a discrepância para assimilar o ambiente em suas diferenças. É na fronteira que se
depara com perigos e obstáculos, podendo rejeitá-los ou superá-los, contemplando assim a
assimilação e a integração. Nesse momento, aquilo que é selecionado e assimilado torna-se
novo, e o organismo persiste ao assimilar o novo, mudando e crescendo. Essencialmente, o
contato é a consciência de algo e o comportamento para com as novas coisas a serem
assimiladas, ou rejeição das novidades não forem assimiláveis. Aquilo difuso ou indiferente
não é um objeto de contato.
Ao contatar com algo novo, é necessário que seja feita a awareness da situação para que
seja possível o movimento do organismo criar estratégias adaptativas para lidar com o novo que
surge nesse contato (VOGEL, 2012). O contato está ligado às relações consigo mesmo e com
o meio, sendo a psicoterapia lugar que não desfruta de julgamentos ou pré-conceitos uma
oportunidade para defrontar-se e experienciar situações que podem ser reconstruídas ou
negadas.
14

O conceito de Limite de Contato, é explicado por Perls (1988) como a relação de


interdependência entre o sujeito e o seu meio, suas ferramentas para conseguir a homeostase,
fechar sua gestalt e os possíveis impedimentos nesse processo, evidencia-se em implicar que,
enquanto não possuir sucesso em suprir suas necessidades, o sujeito continuará a agir
desorganizado e ineficaz, sentindo efeitos colaterais da quantidade de esforços empenhados na
sua autorregulação.
O ajustamento criativo é uma forma saudável do organismo manter o equilíbrio,
processo pelo qual o corpo-pessoa, usando sua espontaneidade, encontra em si, no ambiente ou
em ambas soluções disponíveis de se autorregular. Refere-se à habilidade do indivíduo de se
relacionar com o ambiente na fronteira de contato, adaptando, sempre que necessário, a
demanda das necessidades às possibilidades de atendimento do ambiente. Sendo assim, o
ajustamento criativo implica uma relação saudável do indivíduo com o meio e com ele mesmo
à medida que favorece a autorregulação a partir da satisfação das necessidades (FRAZÃO,
1999).
Ao entrar em contato com essas situações novas o processo de autorregulação é
constante, ou seja, quando o sujeito está buscando o seu equilíbrio, onde busca aquilo que é
considerado satisfatório, a homeostase. A pessoa tem essa autorregulação quando prioriza
realizar atividades que tenham mais satisfação pessoal.
Relembrando o conceito de autorregulação organísmica, onde entendemos o processo
de percepção sobre qual a necessidade dominante, a qual se transforma em uma figura, onde o
organismo busca a satisfação na interação com o meio, possibilitando o reinício deste ciclo.
Conforme o processo em que o organismo não identifica a figura dominante de forma eficaz,
também não busca a satisfação, impedindo assim o curso natural do processo de figura e fundo.
Em contrapartida, a atualização acontece toda vez que o organismo satisfaz a necessidade
premente. Assim o processo dinâmico de figura-fundo depende sempre do grau de consciência
e auto-regulação (BARRETO, 2017).
É explícito que de acordo com a Gestalt-Terapia, a relação terapeuta-cliente se encontra
em uma visão holística e, sobretudo, humanista, para alcançar um resgate da harmonia e do
bom funcionamento do organismo, em todos os aspectos, sejam físicos ou psicológico que o
circundam (ALMEIDA, 2010).
A homeostase pode ser comumente conhecida como adaptação, é portanto, o processo
através do qual o organismo satisfaz suas necessidades. É caracterizada pelo jogo contínuo de
estabilidade e desequilíbrio no organismo. Assim, quando esse processo falha, o indivíduo
encontra-se desequilibrado e fica doente, quando não consegue reequilibrar-se e fica assim por
15

muito tempo, o organismo morre. Aqui, encontramos o processo de autorregulação, quando


organismo interage com seu meio. Podemos ver mais claramente esse processo, quando um
organismo aprende a funcionar eficientemente em diversas situações, estimando quais são suas
novas necessidades, encontrando meios adaptáveis de satisfazê-las. Para que a Gestalt se feche
e o indivíduo satisfaça suas necessidades deve ser capaz de manipular a si próprio e ao seu meio
(PERLS, 1988).
Quando o indivíduo não é capaz de manobrar suas técnicas de manipulação e interação
surge a neurose. Uma pessoa ao se engajar tem meios inadequados de autossuficiência, que tem
um sentido de identidade inadequado a ponto de não poder se distinguir adequadamente de si
mesmo e dos outros, que cuja homeostase psicológica não funciona, e cujo comportamento
surge de esforços mal dirigidos para aquisição de equilíbrio (PERLS, 1988).
Na definição de Perls (2002) a personalidade neurótica se origina a partir do conflito
entre as necessidades do mundo externo e as do próprio sujeito, ou ainda entre as necessidades
sociais e biológicas, podendo afetar o seu processo de autorregulação. Para entrar em contato
com o meio, o organismo, usa de suas habilidades para adentrar o ambiente com o intuito de
desestruturar o objeto da satisfação de modo que possa compreender o que é interessante. Sendo
esta atividade de desestruturação chamada de agressão. Sendo a neurose, entendida como uma
forma de evitação, nesse caso, patológica, entre o organismo e o mundo através do contato,
interferindo no processo de autorregulação. Diante do exposto, compreende-se que esta
interrupção de contato é o fator fundamental da neurose.
Sendo unânime a consideração de que o ser humano não possui recursos e capacidades
para sobreviver sozinho dependendo assim da vida em sociedade, Perls (1988) profere um
fenômeno que decorre durante a vivência social: na abordagem gestáltica considera-se como o
nascimento e contato com a neurose o momento em que o indivíduo se vê incapaz de alterar as
técnicas de manipulação e contato social para que assim supra as suas necessidades. Poderia-se
dizer, pois, que, todo esse esforço frustrado em conseguir o equilíbrio de suas demandas
corresponde ao contato direto com a ocorrência da neurose. Consistindo em mecanismos que
atuam na evitação ou no contato direto com suas gestalts inacabadas e assim em formas de
resolvê-las, as formas de defesa se refletem em movimento para se defender do contato real.
Polster e Polster (2001), caracterizam a introjeção como o depósito de energia de forma
passiva naquilo que o ambiente o proporciona, onde o indivíduo faz pouco esforço para suprir
suas reais necessidades.
16

Exemplificado por Perls (1988) o mecanismo da Projeção acontece através das diversas
formas em que o neurótico elabora sua concepção de mundo de acordo com o levantamento de
hipóteses alimentadas por suas próprias fantasias
A retroflexão é a capacidade do sujeito voltar contra si mesmo aquilo que ele gostaria
de fazer com outra pessoa, ou, ainda, faz consigo aquilo que ele gostaria que outra pessoa
fizesse. Abandona qualquer tentativa de manipular seu meio, tornando-se uma unidade separada
restringindo o fluxo entre ele próprio e o ambiente (POLSTER; POLSTER, 2001).
Como afirma Polster e Polster (2001), no mecanismo da deflexão ou o indivíduo não
investe movimentos suficientes para assim obter uma devolutiva razoável, ou movimenta-se
totalmente sem foco, acaba esgotado, sem retorno. Já a confluência, o neurótico identifica-se e
se mistura com o outro, assumindo uma identidade alheia para definir sua própria estrutura e
evitar o conflito e a responsabilização com o outro (TENÓRIO, 1994).
A função do terapeuta é ser catalisador da experiência fenomenológica do paciente,
mantendo o equilíbrio através de um relacionamento na tradição Eu e Tu, no aqui-e-agora,
trabalhando os comportamentos evitativos como forma de aprender a partir da experimentação
(YONTEF, 1998).

5. A VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL SOB A ÓTICA DA GESTALT-TERAPIA

Por se caracterizar como uma abordagem fenomenológico-existencial, sabe-se que a


Gestalt-Terapia possui uma visão holística de homem e mundo que dá ênfase à relação e
valoriza a influência mútua entre a pessoa e o ambiente. As trocas emocionais vividas na
unidade criança-outro-mundo no entrelaçar das relações humanas podem dar lugar para que
fenômenos psicológicos venham a emergir (COUTO; CUNHA, 2017).
Os danos provocados em situações de abuso sexual vão para além da violência física,
sendo o prejuízo psicológico um dos âmbitos que apresenta maior impacto na vida das vítimas,
levando em consideração que suas sequelas podem perdurar por tempos, caso não venham a
serem trabalhadas. (CATTANI, 2008)
Sob a perspectiva da Gestalt-terapia, a violência praticada para com as crianças é uma
figura que advém de um fundo histórico de abandono, negligência e exclusão, onde a prática
dessa violência caracteriza-se como um sintoma de um ajustamento disfuncional (ALMEIDA;
ANTONY, 2018). Qualquer padecimento nos familiares ou que é causado por estes afeta
profundamente o comportamento e a forma de ser no mundo que a criança mostra, de forma
que pode vir a interferir na forma como irá assimilar essas vivências.
17

Em razão de estar sedimentada em uma visão holística, a Gestalt-Terapia gera a


exploração das relações significativas que se estabelecem entre a parte e o todo, retratando o
conceito de figura-fundo, buscando integrar as dimensões internas e relacionais da criança,
ainda apresentando ajustamentos criativos que existem por trás de um sintoma ou patologia. Há
sempre algo dominante que predomina como figura, conforme a situação traumática vivida.
Sendo assim, se faz significativo nesse processo buscar a compreensão fenomenológica da
unidade de experiência, que se expressa através da emoção, pensamento e da ação, que orienta
o conflito e deixa em evidência qual a adversidade do contato essencial (ANTONY, 2009).
Toda interrupção ou bloqueio do contato para uma experiência retida que denota uma
situação inacabada, ou seja, o que entenderíamos por uma gestalt aberta. Assim, do ponto de
vista gestáltico, o que a situação de sofrimento gera, se alude a perturbações da auto-regulação
originadas por mecanismos psicológicos defensivos de contato, que visam inibir a consciência
de sentimentos, desejos, e comportamentos que causam angústia por estarem diretamente
ligados à relação que estabelecemos com o meio a que pertencemos (ANTONY, 2009).
Múltiplos transtornos psicológicos, problemas físicos e dificuldades sociais se
relacionam a eventos traumáticos ocorridos na infância. Existem variadas configurações de
violência vivenciadas por crianças e adolescentes, que podem afligir o sentido de autoestima,
impedir o desenvolvimento e ainda, naturalizar o comportamento violento (UNICEF, 2017). A
Gestalt-Terapia expõe-se a contribuir com a sua proposta que enfatiza o cuidado relacional,
onde os vínculos e o encontros humanos embasam a relação terapeuta-cliente (ANTONY,
2009).

Diante disto, a Gestalt-Terapia possibilita, a partir da awareness, um olhar sobre o


próprio trauma, ou seja, respeita aquilo que a criança traz no aqui e agora. Desta forma,
a criança não se revitimizará ou reviverá o trauma de outrora. A vítima percebe, nesta
terapia, que o sofrimento/abuso pelo qual passou se tornará suportável na medida em
que é discutido. Pela visão holística que apresenta das situações, possibilita a retomada
de experiências vividas, sem que estas traumatizem aqueles que dela fazem uso. É um
ato intencional que valoriza o presente e a capacidade de reconstrução de fatos
passados (CATTANI, p. 29, 2008)

A awareness refere-se à capacidade de perceber o que se passa dentro e fora de si


naquele momento nos três níveis: corporal, mental e emocional (FRAZÃO, 1999), está
relacionado a uma tomada de consciência, um dar-se conta; onde possibilita-se através da
psicoterapia que o cliente venha a ter insights sobre os seus processos.
Existe um conjunto do qual participam também a ação e a expressão, este se apresenta
como awareness sensorial. Neste, pode ser abordada a concentração como técnica terapêutica
de suma importância para a recuperação da sensação, com isso, destacam-se duas vantagens na
18

ampliação da experiência: retornar com facilidade a acontecimentos comuns e a experiência


que a sensação traz de ser algo que o próprio indivíduo ajudou a construir (POLSTER;
POLSTER, 2001) Nos casos de situação de violência sexual, a criança que vive em um
ambiente desfavorável procura formas criativas para enfrentá-lo, tendo em vista que a dimensão
sensorial e intuitiva predomina em sua existência. (ANTONY, 2009)
Os sentimentos abarcam uma avaliação do próprio indivíduo, como uma tentativa de
encaixar um determinado acontecimento dentro do esquema mais amplo das próprias
experiências. Nesses casos, a meta é abrir espaços para os sentimentos e usá-los como uma
maneira de integrar os vários detalhes de sua vida; descrever o tom do sentimento, reconhecer
incongruências, entre outras, são maneiras de usá-lo na abertura de uma awareness. Uma das
principais ênfases na gestalt-terapia é a acentuação daquilo que existe, sendo um dos meios
básicos para lidar com o sentimento (POLSTER; POLSTER, 2001). Oferecer ao cliente espaço
em busca de propiciar a integração dos sentimentos que relacionam por exemplo a um
acontecimento traumático se faz ponte para que este entre em contato com seus afetos
propiciados pelas suas relações.
Na ausência de um desejo claro, o indivíduo pode ficar imobilizado ou se encontrar num
impasse com um conjunto de sensações e sentimentos, ou ainda, tornar-se desorganizado.
Relacionando-se á awareness do desejo, costuma-se perguntar ao cliente o que quer,
ocasionando, muitas vezes, uma compreensão mais aberta daquilo que se ouviu (POLSTER;
POLSTER, 2001).
A awareness de valores, mobiliza uma gama de julgamentos e contradições internas,
com isso, os valores que este constrói para si mesmo precisam ser reconstruídos frequentemente
(POLSTER; POLSTER, 2001) A criança adoecida interrompeu sua eficácia de responder a
situações conflitivas, em um cenário específico e às suas necessidades internas. Apresenta uma
visão petrificada do outro, elaborando um repertório de comportamentos e interação repetitivos,
que estão vinculados a uma gestalt fixada, assim, enrijecendo a formação de novas figuras,
afetando diretamente o fluxo natural da percepção das necessidades (ANTONY, 2009)
Se a pessoa sente que seus esforços estão sendo recompensados e o ambiente propicia
um retorno nutridor, serão desencadeados sentimentos de vontade e confiança, porém se seus
esforços não conseguirem aquilo que deseja, se vê em um dilema, despertando sentimentos
como raiva, desapontamento e impotência, assim, precisa redirecionar essa energia, que reduz
a interação plena de contato com o seu ambiente. Na Gestalt-Terapia, quando o indivíduo se
mostra resistente, no lugar de remover a resistência o manejo se debruça em focalizá-la,
supondo que um indivíduo cresce ao resistir. A resistência é representada por qualquer força
19

que possa afetar o movimento de direções tomadas pelo cliente, sendo esta estranha ao seu
comportamento, como se fosse uma barreira na qual precisa ser excluída para que o cliente
possa atingir seus objetivos. Sendo assim, é vista como sabotadora, não há como remover a
barreira da resistência, pois a partir do momento que o cliente resiste, se torna um novo
organismo. O terapeuta deve reconhecer seu cliente como ele é (POLSTER; POLSTER, 2001).
Os processos de interrupção de contato podem se dar através de alguns mecanismos
exemplificados pela Gestalt-Terapia, diante do exposto em reflexo às situações de violência:
Esses mecanismos formam dinâmicas internas e relacionais cujos padrões de
comportamento fixados bloqueiam o desabrochar pleno do potencial psicoemocional
da criança. Cada forma de psicopatologia tem seus mecanismos de ajustamentos
defensivos específicos, que retratam um conflito psicológico particular calcado em
experiências introjetadas (ANTONY, p.360, 2009)

Um cliente vítima de violência sexual, pode vir a apresentar desordem e confusão no


processo de autorregulação, estes gerados por mecanismos psicológicos defensivos de contato,
que se destinam a inibir a consciência de sentimentos, pensamentos e necessidades, gerando
angústia e colocando sua relação com o outro como ameaçadora. Faz uso do seu conjunto de
ajustamentos criativos em busca da homeostase por meio do processo de contato, que quando
não é capaz de satisfazer a necessidade dominante, fica com a situação inacabada, levando ao
comprometimento de novos ciclos de contato. A situação traumática afeta o processo de
autorregulação e, por consequência, interfere no início do ciclo de contato, pois contamina as
sensações e as percepções. A fronteira de contato sofre com as memórias traumáticas, pois
torna-se rígida, assim, afetado pela experiência traumática, o sujeito a uma hipervigilância
ambiental, com ajustamentos criativos disfuncionais (ANTONY, 2009).
O suporte a crianças vítimas de abuso sexual infantil é imprescindível, e é realizado de
acordo com as necessidades de cada sujeito, não sendo possível apontar de forma generalizada
os impactos deste para todas as crianças, uma vez que a gravidade e a forma como irá refletir
biopsicossocialmente variam de caso a caso de acordo com a experiência vivida pela vítima
(FEIJÃO; MARQUES e TELES, 2013).
É papel do terapeuta sugerir que a família realize a denúncia caso ainda não tenha
acontecido, como forma de promover a atenção e proteção da criança. Caso haja rigidez e
resistência por parte dos responsáveis, cabe ao profissional tomar a iniciativa em defesa da
vítima, para que não venha a ocorrer do mesmo agir com terror e omissão tornando-se parte
que compactua com a situação traumática (ALMEIDA; ANTONY, 2018).
O Conselho Federal de Psicologia – CFP. Resolução CFP Nº 011/98, de 22 de novembro
de 1998. Institui a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia. Através
20

da resolução CFP Nº 010/05, de 21 de julho de 2005 aprova o Código de Ética Profissional do


Psicólogo. De acordo com os princípios fundamentais deste, podemos afirmar sobre o trabalho
do psicólogo nessas situações que:

O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e


das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (CONSELHO FEDERAL
DE PSICOLOGIA, p.7, 2005)

A forma de intervir como Gestalt-terapeuta tem por premissa cuidar do sujeito em sua
totalidade e não da demanda exposta como sintoma ou adoecimento. Refletir sobre sintoma nos
remete a pensar sobre o lugar que o terapeuta ocupa no processo, principalmente quando se
percebe que o sintoma sempre se apresenta e simboliza a existência e história de vida do sujeito,
ao terapeuta cabe, pois, buscar compreender essa relação e propiciar o contato do cliente com
suas experiências (COUTO; CUNHA, 2017).
É válido ressaltar que deve ser constante a busca por estratégias mais delicadas e menos
invasivas para a escuta da vítima, que se proponham ao acolhimento, a empatia e ao respeito
em relação ao processo de desenvolvimento da criança. Procurando minimizar possíveis danos
secundários que estas poderiam vir a sofrer (OLIVEIRA; SEI, 2014).
O crescimento ocorre do contato real e genuíno entre duas pessoas reais. Esta, é muito
mais uma exploração que uma modificação direta. Tudo o que acontece posteriormente é
oriundo da experiência direta dos dois participantes (YONTEF, 1998).
Na obra Gestalt: uma terapia de contato, Ginger e Ginger (1995) clarificam que a
Gestalt-Terapia foca na tomada de consciência da experiência atual do sujeito, ou seja, o aqui-
e-agora que refere-se ao próprio momento da terapia incluindo o retorno eventual de uma
experiência antiga, o enfoque não é a repetição da cena, mas sim a sua descrição e atualização
no momento presente.
A clínica gestáltica almeja desenvolver um trabalho dialógico, que possibilita o processo
de autorregulação e ajustamento criativo para os pacientes. Sendo assim, buscará propiciar um
ambiente livre, seguro e acolhedor onde a vítima poderá reorganizar e estabelecer a experiência
do vínculo, bem como a confiança, sendo este o processo de autorregulação organísmica e o
desenvolvimento do seu potencial criativo através do aprimoramento dos ajustamentos
(ANTONY, 2009).
O processo terapêutico deve abarcar a família e o meio em que a vítima está inserida,
sendo orientado para oferecer apoio e direcionamentos, de maneira a evidenciar a importância
da realização da denúncia como fator primordial no início do processo. Assim, este promoverá
21

espaço em busca de nortear sobre as consequências físicas, psicológicas e cognitivas do trauma,


as condutas de proteção e cuidado e os limites no contato (ALMEIDA; ANTONY, 2018).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em reflexo aos danos causados pelas situações de violência sexual faz-se imprescindível
o processo psicoterapêutico diante desses casos. Como evidenciado, para além do
comprometimento físico, as consequências psicológicas podem afetar diretamente na forma
como o indivíduo irá manejar suas demandas e necessidades, bem como, sua forma de se
relacionar com o meio.
Nessa direção, a relação terapeuta-cliente proporcionada pela Gestalt-Terapia irá atuar
de forma a forma a fortalecer primordialmente os laços de confiança, que em muitos casos se
encontram rompidos, de forma a acolher e aceitar a vítima como um sujeito singular com uma
história de vida e necessidades únicas. Vale ressaltar que a vítima é, antes de toda a situação,
um indivíduo singular no mundo, com potencialidades para além da situação traumática, assim,
deve ser observada e acolhida em sua totalidade, respeitando aquilo que é trazido e trabalhado
no aqui-e-agora.
Percebe-se que o trabalho da psicologia somada ao aporte teórico procedente da Gestalt-
Terapia tem um subsídio significativo para esse tema no curso de aprimorar e ampliar a visão
acerca da atividade cognitiva e das questões emocionais implicadas em uma situação de
violência sexual. Considerando a importância do respeito ao silêncio enquanto se trabalha
juntamente ao sigilo ético enquanto um limite diante do que foi vivido, e ressaltando o ato da
denúncia como imprescindível fator para minimizar os possíveis danos e oferecer proteção à
vítima.
Ressaltando a relevância e a importância do tema, sugere-se maior produção de
pesquisas na área, bem como, aprimoração destas, tendo em vista que esta foi uma significativa
dificuldade para desempenhar este estudo, a julgar pela escassez de trabalhos encontrados para
o levantamento de dados do estudo.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, J. M. T. Reflexões sobre a prática clínica em Gestalt-Terapia: Possibilidades de
acesso à experiência do cliente. Revista da Abordagem Gestáltica – XVI(2): 217-221, jul-
22

dez, 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v16n2/v16n2a12.pdf

ALMEIDA, E. M.; ANTONY, S. Crianças vítimas de violência sexual intrafamiliar: Uma


abordagem gestáltica. Rev. Nufen: v.10, n.02, 184-201 Belém..2018.Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-
25912018000200012&lng=pt&nrm=iso>

ALVES, H. C.; EMMEL. M. L.G. Abordagem bioecológica e narrativas orais: Um estudo


com crianças vitimizadas. Paidéia, 18(39), 85-100, 2009. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/paideia/article/view/6474/7945>

ANTONY, S. M. R. Os ajustamentos criativos da criança em sofrimento: uma compreensão


da gestalt-terapia sobre as principais psicopatologias da infância. Estud. pesqui. psicol. v. 9,
n. 2, set. Rio de Janeiro 2009 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812009000200007&lng=pt&nrm=iso>.

ASSIS, S. G.; AVANCI J. Q.; PESCE, R. P.; PIRES, T. O.; GOMES, D. L. Notificações de
violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças no Brasil. Ciência & Saúde
Coletiva, 17(9):2305-2317 Rio de janeiro, 2012. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n9/a12v17n9.pdf

AZEVEDO, G. A.; HABIGZANG, L. F.; KOLLER, S. H.; MACHADO P. X. Abuso Sexual


Infantil e Dinâmica Familiar: Aspectos Observados em Processos Jurídicos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa. Vol. 21 n. 3, pp. 341-348. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/ptp/v21n3/a11v21n3.pdf>

BAÍA, P. A. D.; VELOSO, M. M. X.; MAGALHÃES, C. M. C.; DELL’AGLIO, D. D.


Caracterização da Revelação do Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes: Negação,
Retratação e Fatores Associados. Temas em Psicologia, Vol. 21, nº 1, 193 – 202, 2013.
Disponível em:< https://www.redalyc.org/pdf/5137/513751531014.pdf>

BARRETO, C. E. S. Um estudo sobre a Gestalt-Terapia na contemporaneidade. Psicologia.pt


ISSN 1646-6977. 2017. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0411.pdf.

BELMINO, M. C. Fritz Perls e Paul Goodman: duas faces da Gestalt Terapia. Premius:
Fortaleza, 1ª Edição, 2014.

BIANCHI, D.; KUBLIKOWSKI, I.; Efetividade na clínica Gestáltica no tratamento do


trauma infantil: Estudo de caso. Promover e inovar em psicologia da saúde. São Paulo.
2018. Disponível em:
http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/6185/1/12CongNacSaude251.pdf
BRASIL. ECA: ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 2019 Disponível em:
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/mmfdh/eca_atualizado_mmfdh_2019.pdf

BRASIL. LEI Nº 12.015, DE 7 DE AGOSTO DE 2009. Institui o Código Civil. Diário


Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8.

BRASIL. Código Penal Brasileiro. Disponível em:


http://www.amperj.org.br/store/legislacao/codigos/cp_DL2848.pdf.
23

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar:


orientações para prática em serviço Brasília, 2001. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/violencia_intrafamiliar_cab8.pdf

BRASIL. Ministério da saúde. Norma técnica Atenção Humanizada às pessoas em situação de


violência sexual com registro de informações e coleta de vestígios. Brasília, 2015. Disponível
em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_pessoas_violencia_sexua
l_norma_tecnica.pdf

CATANNI, L. S. O Fenômeno da violência sexual sob a ótica da Gestalt-Terapia:Princípios


básicos. Florianópolis. 2008. Disponível em:
http://www.comunidadegestaltica.co2008m.br/sites/default/files/Lisiane_Souza_%20Cattani_
O_%20feno%CC%82meno_da_%20vole%CC%82ncia_sob_a_%20o%CC%81tica_da_%20g
estalt.pdf

CATALDO, U. H. P. Gestalt-terapia: fenomenologia na prática clínica. Revista IGT na


Rede, v. 10, nº 18, 2013, p.187 - 222. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/igt/v10n18/v10n18a09.pdf

Código de Ética Profissional do Psicólogo. Conselho Federal de Psicologia, Brasília. 2005.

COUTO, D. L.; CUNHA, L.S.P. Marcas na pele: A autolesão sob a ótica da Gestalt-terapia.
IGT rede, v. 14, n. 27, p. 233-259. Rio de Janeiro. 2017. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-
25262017000200007&lng=pt&nrm=iso>

ESCORSIM, S. M. Violência de gênero e saúde coletiva: um debate necessário. R. Katál.,


Florianópolis, v. 17, n. 2, p. 235-241, jul./dez. 2014. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rk/v17n2/1414-4980-rk-17-02-0235.pdf

FEIJÃO, G. M. M.; MARQUES, G. M. V.; TELES, M. S. B.; Psicologia e abuso Sexual


Infantil: Uma delicada e essencial intervenção. ANAIS do I Encontro de Iniciação à
Docência da Faculdade Luciano Feijão. Sobral. 2013. Disponível em:
http://www.faculdade.flucianofeijao.com.br/site_novo/encontro_de_iniciacao_a_docencia/ser
vico/pdfs/Artigos/Psicologia_e_abuso_sexual_infantil_uma_delicada_e_essencial_intervenca
o.pdf

FRANÇA, C. P. Um corpo maculado na infância: a necessidade de intervenção precoce dos


profissionais de saúde. Pesqui. prát. psicossociais: v. 13, n. 1, p. 1-10. São João Del rei.
2018. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
89082018000100007&lng=pt&nrm=iso>.

FRAZÃO, L.M. A compreensão do funcionamento saudável e não-saudável a serviço do


pensamento diagnóstico processual em Gestalt-terapia. Revista do V encontro Goiano da
Abordagem Gestáltica, 1999

GINGER, S.; GINGER, A. Gestalt: uma terapia do contato. 4 ed. São Paulo: Summus, 1995.

GUERRA, V. N. A violência de pais contra filhos: procuram-se vítimas. São Paulo. 1992.
24

GOODMAN, P.; HEFFERLINE, R.; PERLS, F. Gestalt-terapia. Editora afiliada: São Paulo,
3ª ed., 1997.

GRANZOTTO, M. J. M.; GRANZOTTO, R. L. M. Clínicas Gestálticas. Sentido ético,


político e antropológico da teria do self. São Paulo. Summus, 2012.

KRUG, E.G. et al., eds. World report on violence and health. Geneva, World Health
Organization, 2002.

MARQUES, H.; AMPARO, D. & FALEIROS, V. O vínculo transgeracional e o teste de


Rorschach de um abusador incestuoso. In Penso, A. & Costa, L. (Orgs.). A transmissão
geracional em diferentes contextos: da pesquisa à intervenção. São Paulo: Summus. 2009

OLIVEIRA, M. D.; SEI, M. B. Abuso sexual e as contribuições da psicologia no âmbito


judiciário. Barbarói, Santa Cruz do Sul. 2014. Disponível em:
https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/3732/3821

PLATT, V. B.; BACK, I. C.; HAUSCHILD, D. B.GUEDERT, J. M. Violência sexual contra


crianças: autores, vítimas e consequências. Ciência & Saúde Coletiva, 23(4):1019-1031,
2018. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n4/1413-8123-csc-23-04-1019.pdf>

PERLS, F. A abordagem gestáltica e a testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: LTC.


1998

PERLS, F.S. Gestalt-terapia: Frederick Perls, Ralph Hefferline, Paul Goodman. 2. ed. São
Paulo: Summus editorial, 1997.

PERLS, F. S. Ego, Fome e Agressão: uma revisão da teoria e do método de Freud. São
Paulo: Summus, 2002.

POLSTER, E.; POLSTER, M. Gestalt-terapia integrada. Summus: São Paulo, 1ª Edição,


2001.

REHFELD, A. Fenomenologia e Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e


influências filosóficas. São Paulo: Summus, 2013.

RIBEIRO, J. P. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. 6ª edição. São Paulo: Summus


editorial, 1985, p. 32-64.

SANTANA, J. R. S.; BELMINO, M. C. B. Identidades de gênero na perspectiva da teoria do


self: uma leitura “gestáltica” acerca da sexualidade na contemporaneidade Revista IGT na
Rede, v. 14, nº 27, p. 136 – 162. 2017. Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs

SERAFIM, A.; SAFFI, F.; RIGONATTI, S.; CASOY, I. ; BARROS, D. Perfil Psicológico e
comportamental de agressores sexuais de crianças. Rev Psiq Clín. São Paulo. 2009.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v36n3/v36n3a04.pdf>

TENÓRIO,C.M.D. Os distúrbios da fronteira de contato: Um estudo teórico em Gestalt


Terapia. Dissertação de Mestrado, 1994. Universidade de Brasília. Brasília.
25

UNICEF. A familiar face: Violence in the lives of children and adolescents. 2017.Disponível
em: www.unicef.org/publications/index_101397.html

VOGEL, A. R. O papel do terapeuta na relação terapêutica na Gestalt-terapia e na terapia de


família sistêmica construcionista social. Revista IGT na Rede, V.9, Nº 16, 2012. Disponível
em http://www.igt.psc.br/ojs/ISSN1807-2526.

WILLIAMS, L. ; ARAÚJO, E. Prevenção do Abuso Sexual Infantil: um enfoque


interdisciplinar. ed Juruá. Curitiba. 2010

YONTEF, G. M. Processo, Diálogo e Awareness: ensaios em Gestalt-Terapia. São Paulo,


Summus, 1998.

Você também pode gostar