Cap.6. Nutrição e Alimentação de Peixe
Cap.6. Nutrição e Alimentação de Peixe
Cap.6. Nutrição e Alimentação de Peixe
1. Introdução
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
2. Hábitos alimentares
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Nutrição e alimentação de peixes
Recomendações técnicas
1. A alimentação dos peixes deve considerar as peculiaridades impostas pelo ambiente aquático,
como dificuldade de avaliação do consumo alimentar, exigindo o uso de rações flutuantes e perda
dos nutrientes por lixiviação na água, caso o alimento não seja consumido de imediato;
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
a. Alimentos naturais
b. Alimentos completos
Compreendem as rações formuladas e processadas artificialmente.
a. Rações úmidas
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Nutrição e alimentação de peixes
b. Semiúmidas
c. Secas
a. Peletizadas
b. Extrusadas
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
c. Fareladas
d. Floculadas
A B
C D
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Nutrição e alimentação de peixes
e. Microencapsuladas
Durante essa fase, deve-se prezar mais pela sobrevivência e saúde das larvas,
do que com o custo da dieta, uma vez que apenas uma pequena quantidade de
alimento é utilizada nessa fase.
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
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Nutrição e alimentação de peixes
cuidado de conhecer a origem genética dos peixes utilizados. Estes e outros fatores
contribuem para o baixo conhecimento sobre nutrição e alimentação de reprodutores.
Recomendações técnicas
2. Uma ração de qualidade aliada a boas práticas de cultivo maximiza o desempenho produtivo
do peixe com reduzido custo e impacto ambiental;
3. O ideal é alimentar os peixes com rações extrusadas, as quais possuem capacidade de flutuar
na água, maior digestibilidade e reduzida quantidade de pós e finos.
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
4. Alimentação
a. Temperatura da água
b. Fotoperíodo
Exerce maior influência nas espécies de clima temperado, nas quais um maior
fotoperíodo estimula a ingestão alimentar.
1
A transição alimentar de várias espécies nativas para piscicultura é descrita no livro
organizado por Baldisserotto e Gomes (2010), cuja referência se encontra no item Bibliografia
recomendada deste capítulo.
180
Nutrição e alimentação de peixes
c. Luminosidade
Após uma sequência de dias nublados ou logo nas primeiras horas do dia,
no entanto, a alimentação dos peixes pode ser afetada independentemente de serem
visuais ou crepusculares. Isso ocorre devido à redução da atividade fotossintética do
viveiro e consequente redução na concentração de oxigênio dissolvido na água de
cultivo (vide capítulo de “Monitoramento e manejo da qualidade da água”).
d. Ventos e chuvas
e. Qualidade da água
f. Poluentes e toxinas
g. Doenças
h. Densidade de estocagem
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
i. Estrutura social
j. Presença humana
2
Para maiores informações sobre a relação entre a morfologia do trato digestório e os
hábitos e estratégias alimentares dos peixes, consultar o capítulo sobre “Anatomia e fisiologia de
peixes de água doce”.
182
Nutrição e alimentação de peixes
Fase do Taxa de
Frequência Característica da dieta
cultivo alimentação
Larvicultura e Até saciedade Alimento vivo e ração farelada
Até 10 vezes ao dia
Alevinagem aparente 55-40% proteína bruta
A B
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
A B
184
Nutrição e alimentação de peixes
Recomendações técnicas
2. Nas fases mais jovens dos peixes, é necessário maior frequência alimentar, já que suas
exigências nutricionais e taxa de crescimento são maiores;
3. O tamanho ideal do alimento para a maioria das espécies de peixe está entre 25 e 50% da
abertura bucal;
4. Após uma sequência de dias nublados ou logo nas primeiras horas do dia, o consumo alimentar
dos peixes pode ser afetado devido à redução da atividade fotossintética do viveiro e consequente
redução na concentração de oxigênio dissolvido na água de cultivo;
5. Exigências nutricionais
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
5.1. Energia
Sendo a proteína o nutriente mais caro da dieta, as rações devem ser formuladas
para que o fornecimento de energia seja oriundo dos lipídios e carboidratos. Para tanto,
a ração deve apresentar um correto balanço entre energia e proteína. Isso porque a
ingestão pelos peixes é regulada pela quantidade de energia da dieta. Dessa forma, a
deficiência de energia na dieta em relação à proteína levará ao catabolismo da proteína
186
Nutrição e alimentação de peixes
para fornecimento de energia antes que a proteína seja utilizada para crescimento. Já
o excesso de energia levará à redução na ingestão da dieta antes que a quantidade
necessária de proteína e outros nutrientes essenciais para máximo crescimento
seja consumida. Além disso, altas quantidades de energia em proporção aos demais
nutrientes podem levar a uma alta deposição de gordura na cavidade visceral e demais
tecidos, prejudicando a produtividade, bem como a qualidade e tempo de prateleira do
produto final.
Digestão
Alimento Energia bruta
Fezes
Energia digestível
Energia metabólica
Incremento calórico
Energia líquida
Energia líquida para mantença:
- Metabolismo basal
- Atividade involuntária
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
5.3. Lipídios
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Nutrição e alimentação de peixes
5.4. Carboidratos
5.5. Vitaminas
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Tabela 3. Principais funções das vitaminas em peixes de água doce (Fonte: Pezzato
et al., 2004; NRC, 2011).
Vitamina Função
190
Nutrição e alimentação de peixes
5.6. Minerais
Tabela 4. Funções biológicas de alguns minerais para peixes e seus respectivos sinais
clínicos e subclínicos de deficiência (Fonte: Pezzato et al., 2004; NRC, 2011).
- Redução no crescimento e
eficiência alimentar;
- Desenvolvimento e manutenção do sistema esquelético;
constituinte dos ácidos nucleicos, da membrana celular
Fósforo - Amolecimento e
e da molécula de energia ATP; atua no metabolismo de deformação dos ossos
carboidratos, lipídios e aminoácidos. da cabeça, vértebras e
costelas.
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Recomendações técnicas
6.1. Água
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Nutrição e alimentação de peixes
6.3. Antioxidantes
6.4. Pigmentos
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
6.5. Imunoestimulantes
6.6. Atrativos
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Nutrição e alimentação de peixes
6.7. Aglutinantes
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Inativação
Principais
ou formas de
fatores Ação Ocorrência
amenizar sua
antinutricionais
ação
- São inativados
pela pepsina no
estômago, não
representando
grandes problemas
Agentes - Aglutinam as células para peixes - Soja.
hemaglutinantes vermelhas do sangue. com estômago
verdadeiro;
- Processamento a
quente associado
com umidade.
- Suplementação
de fitase na dieta
- Peixes não produzem fitase (porém ainda está - Representa
para quebrar a molécula e sendo estudada); cerca de 70%
liberar seu fósforo;
do fósforo na
Ácido fítico ou fitato - Suplementação
- Liga-se a proteínas e minerais maioria dos
mineral em maior
reduzindo a biodisponibilidade ingredientes
quantidade;
destes para os peixes. vegetais.
- Tratamento ácido-
alcoólico.
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Nutrição e alimentação de peixes
- Afetam o funcionamento
da tireoide, prejudicando - Tratamento térmico
Glicosinolatos - Colza e canola.
a absorção de iodo e o aquoso.
funcionamento dos rins e fígado.
- Rações que
contenham
- Enzima responsável pela preparos com
destruição da tiamina (vitamina - Tratamento com peixes crus,
Tiaminase
B1), ocasionando sua calor ou ensilagem. sendo mais
deficiência. comum em
peixes de água
doce.
- Ação hemolítica;
- Retardo no crescimento e
diminuição da digestibilidade da
proteína.
- Redução da absorção de
nutrientes;
- Aumento da viscosidade da
digesta;
- Farelo de
- Redução da digestibilidade algodão, farelo
do amido, da proteína e dos de canola, farelo
lipídeos; de girassol,
Polissacarídeos não - Adição de enzimas
- Redução da taxa de passagem farelo de arroz,
amiláceos exógenas à dieta.
no trato gastrintestinal com farelo de soja,
consequente redução do farelo de linhaça,
consumo; farelo de trigo,
centeio, triticale.
- Redução na absorção dos
nutrientes no intestino.
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Tipo de Gênero de
Ingredientes Efeitos mais comuns
micotoxina fungo
- Problemas neurológicos;
- Milho e outros
Fumonisina Fusarium carcinogênese; hepatoxicidade;
grãos.
imunossupressão.
Fusarium,
Myrothecium,
- Inibição da síntese proteica;
Phomopsis,
- Milho e outros redução do ganho em peso;
Tricotecenos Stachybotrys,
grãos. recusa alimentar; danos aos
Trichoderma,
tecidos hepáticos.
Trichothecium,
Verticimonosporium
- Milho e outros
Zearalenona Fusarium - Problemas reprodutivos.
grãos.
198
Nutrição e alimentação de peixes
Os metais pesados são definidos como sendo aqueles situados entre o cobre
e o chumbo na tabela periódica e, dependendo do metal e/ou de sua concentração,
podem agir tanto como nutrientes, a exemplo do cobre e zinco, quanto como agentes
tóxicos aos peixes, tais como mercúrio, cádmio e arsênio. A toxicidade de um metal
depende não só de sua concentração na dieta, mas também da concentração de outros
minerais, bem como do tamanho do peixe e espécie em questão. Os peixes absorvem
estes metais pelas brânquias, pela superfície corporal e pela ingestão de alimentos
ou água contaminados, podendo acumulá-los no tecido muscular. Em quantidades
subletais, os metais pesados podem causar mudanças morfológicas, fisiológicas e
comportamentais, tais como redução no crescimento, modificações na respiração e
movimentos natatórios.
Esses compostos destacam-se como um dos dez poluentes com maior potencial
de biotoxicidade, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
de 2003. São lipofílicos, ou seja, acumulados em lipídios, sendo bioacumulados ao longo
da cadeia alimentar. O uso de resíduos de peixes marinhos e de água doce de ambientes
contaminados para a produção de farinha e óleo de peixe torna esses ingredientes a
principal fonte de contaminação com bifenis policlorados nas dietas. Quando em níveis
acima do tolerado pelos peixes, podem ocasionar 100% de mortalidade no lote, podendo,
também, ocorrer lesões hepáticas, alterações no metabolismo do fígado e diminuição da
atividade da glândula tireoide, quando em doses não letais.
199
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
3
A composição nutricional destes ingredientes e outros utilizados para a formulação de
rações para peixes é encontrada no livro organizado por Rostagno et al. (2011), cuja referência
encontra-se no item Bibliografia recomendada deste capítulo.
200
Nutrição e alimentação de peixes
201
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Existem vários tipos de farinha de carne, de acordo com o teor proteico (de 36
a 60%), quantidade de ossos e origem (bovina, suína ou mista). Essas características
determinam a qualidade nutricional e digestibilidade proteica da farinha. Portanto,
um dos maiores problemas relacionados com proteínas de origem animal é o fato
de haver muita variação entre produtos. Além disso, o conhecimento dos tipos de
resíduos que entram na composição das farinhas é importante, pois, dependendo
de suas proporções, podem alterar a digestibilidade e qualidade do ingrediente. Não
se admite e é considerada adulteração a adição de pelos, pó de chifre ou cascos,
conteúdo gastrintestinal, couro e excesso de sangue.
202
Nutrição e alimentação de peixes
e. Farinha de sangue
203
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
a. Farelo de soja
b. Farelo de canola
c. Farelo de girassol
O farelo de girassol possui teor de proteína bruta entre 30 e 40%, o que permite
seu uso como fonte proteica em dietas para peixes. Por ser deficiente em lisina, um
aminoácido essencial, deve ser utilizado em combinação com outros ingredientes
proteicos. Pelo fato de possuir alto teor de fibra, sua inclusão na dieta de peixes limita-
se a no máximo 30%. Uma forma de melhorar a qualidade desse ingrediente é a
eliminação das cascas do grão antes da extração do óleo, o que resulta em farelo de
girassol com maior teor proteico e menor quantidade de fibras. Além da fibra, outros
fatores antinutricionais presentes no farelo de girassol são o ácido fítico, os compostos
fenólicos e os taninos (Tabela 5).
204
Nutrição e alimentação de peixes
d. Farelo de algodão
a. Milho
b. Farelo de trigo
205
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
c. Farelo de arroz
d. Sorgo
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Nutrição e alimentação de peixes
- Arejado;
- Iluminado;
- Temperatura ambiente.
50 cm
Palete
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
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Nutrição e alimentação de peixes
Biometria
Considerando, por exemplo, uma amostra com 54 peixes e peso total de 6.480 g,
tem-se que:
a. Peso médio dos peixes: Peso total da amostra/ Número de peixes na amostra
= 6.480/54 = 120 g;
Considerando que um total de 1.000 peixes foi estocado no tanque, com peso
médio final de 120 g e inicial de 10 g e que o consumo de ração durante o período foi
de 132 kg, tem-se que:
c. Biomassa final: Peso médio final x número total de peixes = 120 g x 1.000 =
120.000 g ou 120 kg;
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Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Recomendações técnicas
1. O armazenamento de rações deve ser feito em locais arejados, protegidos da chuva e raios
solares, livres de goteiras e pragas e com temperatura ambiente;
2. A ração não deve ser fornecida aos peixes quando apresentar alterações na coloração, odor,
temperatura e textura, bem como presença de insetos ou excretas de roedores.
210
Nutrição e alimentação de peixes
211
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
212
Nutrição e alimentação de peixes
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