Emilia

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ÍNDICE

I Introdução.......................................................................................................................2

1.1 Objectivos....................................................................................................................2

1.1.1 Geral.........................................................................................................................2

1.1.2 Específicos................................................................................................................2

1.2.2 Metodologia..............................................................................................................2

2 Ideologias das independências na África.......................................................................3

2.1 As independências.......................................................................................................5

2.1.1 Os primeiros anos e os primeiros governos..............................................................8

III Conclusão...................................................................................................................10

IV Referências bibliográficas..........................................................................................11
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I Introdução

Antes e depois do período da independência, a luta de ideias e a produção e


confronto das ideologias desempenharam um papel considerável no movimento de
libertação africano, muitas vezes sem proporção relativamente as forcas materiais de
que dispõe os produtos da ideologia. Ao falarmos de descolonização, nem sempre nos
damos conta de que estamos incluindo numa única palavra vários processos, que
ocorreram em sociedades diversas e em momentos também diferentes. Mais do que isso,
é comum vermos essa expressão englobando países ou regiões, tanto da Ásia quanto da
África.

1.1 Objectivos

1.1.1 Geral

 Compreender as ideologias das independências na africa.


1.1.2 Específicos

 Saber os primeiros anos e os primeiros governos;


 Analisar as independências.

1.2.2 Metodologia

Este trabalho foi realizado com recurso a análise documental onde fez-se
consulta de alguns livros e brochuras, e posteriormente, fez-se a sua selecção e
sistematização por forma a permitir que se produzisse uma redacção clara e objectiva
sobre o tema em abordagem.
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2 Ideologias das independências na África

É preciso ter em conta que, antes das lutas de libertação nacional, o continente
africano conheceu manifestações políticas e mesmo culturais, sobretudo no período
entre as duas Guerras Mundiais, que pleiteavam mudanças e até mesmo o fi m dos
regimes coloniais. Estamos falando das chamadas ideologias supranacionais, como o
pan-africanismo, a negritude e o pan-arabismo (Benot, 1980).
O pan-africanismo, termo cunhado por intelectuais negros das Américas e das
Caraíbas que lutavam por direitos civis, na segunda metade do século XIX, chegaria à
África através de estudantes africanos que na Europa tomaram contacto com tal ideia.
Logo, ganharia uma conotação política de melhoria das condições de vida dos africanos
submetidos ao colonialismo e de igualdade de direitos. Acabaria tendo maior penetração
nas colónias de língua inglesa e assumiria já nos anos1940 a postura de que a libertação
dos africanos deveria ser um fenómeno continental. Seu maior expoente, Kwame N
´Krumah, primeiro-ministro na independência do Gana (antiga Costa do Ouro), pregava
a criação dos Estados Unidos da África.
A negritude, por sua vez, teve maior impacto nas colónias francesas, estando
relacionada, de início, à actividade literária. Seu desdobramento foi no sentido de
construir uma identidade comum para os africanos e afrodescendentes, capaz de
alimentar uma coesão cultural necessária à luta política. Sua politização, no entanto,
ficaria nesse terreno da valorização do negro, não chegando a propor projectos de
independência, como o pan-africanismo. Entre suas lideranças, o destaque fi caria para
Léopold Sédar Senghor, primeiro presidente do Senegal, cargo que ocupou entre 1960 e
1981 (Benot, 1980).
O pan-arabismo, por sua vez, envolveu regiões do Oriente Médio e do norte da
África em torno da identidade árabe e da defesa do Islã contra os inimigos ocidentais.
Seu auge ocorreu um pouco depois das duas anteriores, já de forma paralela à ascensão
dos nacionalismos, sobretudo durante a permanência de Gamal Abdel Nasser na
presidência do Egito, nas décadas de 1950 e 1960.
Fortalecidas pela ideia de união dos africanos independentemente das fronteiras
coloniais traçadas pelo colonizador, as ideologias supranacionais foram uma base
importante de reivindicação política, contribuindo para a eclosão de projectos
nacionalistas independentes, ainda que acabassem suplantadas por tais projectos.
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Os movimentos de libertação, os partidos políticos e as guerrilhas vitoriosas


assumiriam faces nacionais e a luta pela independência teria um formato limitado às
fronteiras coloniais.
Outras organizações políticas, sindicais e estudantis de amplitude regional
também seriam suplantadas pelas lutas de carácter nacional, como foram os casos do
National Congress of British West Africa, das elites comerciais e profissionais da Costa
do Ouro, Nigéria, Serra Leoa e Gâmbia, e do Rassemblement Démocratique Africain,
um grande partido que reunia jovens universitários e comerciantes das colónias
francesas na África Ocidental, além de Camarões, Congo Brazzaville e Gabão. Ou ainda
a West African Students Union, que representava muitos jovens africanos de diferentes
colónias inglesas.
Passada a fase regional, quando esta existiu, pois não foram todas as colónias
que conheceram a liberdade de criar organizações políticas, a reivindicação assumiu um
formato nacionalista, encampado em grande parte dos casos africanos por lideranças
que tinham maior proximidade ao colonialismo, viviam nas cidades e possuíam algum
grau de instrução formal. Também as regiões mineiras do interior, que tinham
sindicatos, foram fundamentais para o avanço dos movimentos de independência. O
curioso é que muitos partidos nacionalistas obtiveram apoio de um número
relativamente pequeno de africanos, já que sua capacidade de mobilização era limitada
às questões locais, além de defrontarem obstáculos quanto às fi liações étnicas.
Segundo Benot (1980), os primeiros partidos apareceram em função da abertura
para a participação de deputados africanos nas Assembleias metropolitanas da França e
da Inglaterra, nos anos 1950. Em seguida, eles começaram a ter uma actuação
legislativa no nível das colónias, o que reforçaria as reivindicações de cunho nacional.
O nacionalismo urbano chegaria também ao campo, essencialmente através do
comércio. Muitos fazendeiros africanos tinham contactos nas cidades e preocupavam-se
com as políticas comerciais traçadas pelos governos. Acabariam sendo vitais para o
avanço do nacionalismo nas zonas rurais.
A alteração na forma de reivindicação por parte dos africanos, assumindo cores
nacionais, implicou que os africanos construíssem previamente uma ideia de nação, para
na sequência lutar pela sua independência. Esse processo foi desenvolvido a partir da
noção de território, construída ou moldada pelo colonialismo. Os angolanos, os
quenianos e os senegaleses passam a se pensar como tais e a reivindicar essas
nacionalidades, e identidades, num certo desdobramento do processo colonial.
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Evidentemente, os mais próximos ao colonialismo ou às instâncias coloniais


foram os mais susceptíveis a apostar nesse novo ideal. Fortalecido o desejo de
independência, a postura anticolonial tenderia a se concentrar em dois cenários: luta
política e luta militar.
No primeiro caso, as possibilidades de negociação com a metrópole, ciente de
seu poderio e das relações económicas e comerciais, existentes com as colónias sob seu
controle, foram levadas adiante. Desenvolve-se um crescente embate no campo da
reivindicação política, resultando, sem prejuízo de momentos de tensão e violência,
incluindo prisões e assassinatos, na discussão e na obtenção das independências.
O cenário alternativo seria o da inexistência de uma margem mínima de
negociação, em que a metrópole fazia crer ser impossível qualquer pretensão à
independência. Fechadas as portas da política, não restaria outro caminho além do
conflito armado.
Evidentemente, ao reagirem aos desafios lançados pelos nacionalistas africanos,
todas as metrópoles estavam atentas aos cálculos dos custos de reprimir os
nacionalismos ou modernizar o colonialismo. A segunda alternativa não foi levada a
sério e a opção pelo embate ou não dependeu das condições de cada colónia e de cada
governo metropolitano.
Para Benot (1980), a análise mais acurada do fenómeno da descolonização no
continente africano pode impedir uma perspectiva superficial que a associar formas de
governo existentes na Europa com os desfechos das disputas políticas ocorridas na
África. Mais uma vez, é preciso ter atenção ao tempo e ao espaço. A mesma França que
negociou com suas colónias da África Ocidental e Equatorial, em 1958, um plebiscito a
respeito da manutenção destas nos quadros da União Francesa levou adiante, na Argélia,
oito longos anos de guerra (1954-1962) contra a independência, capitaneada pela FLN
(Front de Libération Nationale). Para entender o porquê desse comportamento
divergente, é fundamental recordar que mais de 1 milhão de europeus residiam na
Argélia, sendo esse montante composto por mais de 700 mil franceses.

2.1 As independências

Curiosamente, é possível pensar um sentido geográfico da onda das


independências no continente africano. Este seria do norte para o sul. A movimentação
no norte e as conquistas começam já no início dos anos 1950, com a Líbia em 1951, que
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conquista sua independência da combalida Itália, após sua derrota na Segunda Guerra
Mundial, mas que seria seguida por Marrocos e Tunísia em 1956, estes até então sob o
controle francês. A derrota dos franceses, na Indochina, em 1954, foi fundamental para
que os africanos ganhassem força em suas demandas e para que, ao mesmo tempo, no
próprio governo francês surgissem dúvidas quanto ao investimento na manutenção
colonial nesses dois casos. Percepção e interesses muito diferentes seriam activados em
relação à Argélia, que como vimos passaria por uma sangrenta guerra anticolonial até a
conquista da sua independência, em 1962 (Santiago,1977).
Na África Ocidental, tanto as colónias britânicas da Costa do Ouro, Nigéria,
Serra Leoa e Gâmbia, como as colónias francesas do Senegal, Mali, Guiné, Costa do
Marfi m, Níger, Alto Volta (actual Burkina Faso) e Benin conheciam o sistema de
eleição de representantes para os governos coloniais e mesmo para as assembleias
nacionais, na Inglaterra e na França. Esse embrião de vida eleitoral, ainda que não
democrática, foi responsável pelo surgimento de organizações políticas, sobretudo
partidos políticos que acabariam funcionando como canais de comunicação com a
metrópole. Entre 1957 e 1960, todas essas colónias alcançariam suas independências.
No Congo Léopoldville, a pressão exercida pelos trabalhadores africanos por
melhores salários e condições de vida, ao longo dos anos 1950, acabou sendo canalizada
por sindicatos e movimentos políticos para o desejo de independência. Após a prisão,
em 1957, de Patrice Lumumba, que actuava no meio sindical e no jornalismo,
defendendo o fim do colonialismo belga, a radicalização aumentou. A ausência de um
sistema representativo nos moldes existentes nas colónias francesas e inglesas da África
Ocidental dificultou o aparecimento de lideranças africanas nacionais.
De acordo com Santiago (1977), em 1959, os boicotes dos africanos avançam
para as greves e em sequência para alguns levantes localizados. O governo belga acelera
a retirada e convoca eleições para o ano seguinte, tentando, no entanto, manter o
controle administrativo e militar, abrindo mão apenas do político. O partido de
Lumumba sai vencedor e a independência é proclamada em 30 de Junho de 1960,
atrapalhando os planos do governo belga e das empresas mineradoras que actuavam na
região mais ao sul do país. Lumumba seria derrubado em Dezembro desse mesmo ano
por um golpe militar, patrocinado por Joseph Mobutu e assassinado no mês seguinte por
uma coligação política que envolvia os interesses dessas empresas, do governo belga,
dos EUA e de lideranças congolesas regionais.
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Na África Oriental, as independências, à exceção do caso moçambicano,


ocorreriam entre 1960 e 1965. A região possuía a peculiaridade de reunir muitas
colónias britânicas, o que certamente influenciou para um efeito em série.
Na parte central do lado oriental do continente, as colónias inglesas que
formavam a Central African Federation conheceram também a violência dos protestos
dos africanos e da repressão das forças policiais inglesas sob a pressão dos colonos,
envolvidos na exploração mineira e agrícola no Malauí e nas Rodésias do Norte e do
Sul. A desobediência civil, encampada por partidos políticos com grande penetração
popular, levou às independências do Malauí e da Zâmbia, antiga Rodésia do Norte. A
Rodésia do Sul, actual Zimbábue, como vimos anteriormente, declarou sua
independência em 1965, ainda que controlada pelos colonos brancos. Enfrentariam uma
longa guerrilha que forçaria a negociação com o governo racista em 1979, abrindo
espaço para as eleições que promoveram a vitória da ZANU, de Robert Mugabe
(Santiago,1977).
Nas colónias portuguesas, onde não se reconhecia direitos políticos aos
africanos, os movimentos de libertação iniciaram combates em Angola, em 1961, na
Guiné Bissau, em 1963, e em Moçambique, em 1964. Angola, como vimos na aula
anterior, teve a presença de três movimentos de libertação: Frente Nacional pela
Libertação de Angola, Movimento Popular de Libertação de Angola e União Nacional
para a Libertação Total de Angola. A independência, em 1975, conduziu ao poder o
MPLA, apoiado pela União Soviética e por Cuba, dando origem a uma longa guerra
civil com a Unita, que naquele contexto de guerra fria era apoiada pela África do Sul,
representando as forças capitalistas.
Em Moçambique, a Frente de Libertação de Moçambique, formada em 1962, a
partir de três movimentos de libertação já existentes, libertou grande parte do norte e
estava prestes a libertar o centro quando ocorreu, em 1974, a Revolução dos Cravos em
Portugal, que derrubou o regime salazarista, motivada em grande parte pelo cansaço do
exército com as guerras coloniais. A Frelimo assumiu o poder em Moçambique, em
1975, e em 1978 decidiu se transformar em partido marxista-leninista. Seguiu-se longa
guerra civil, opondo a Frelimo à Resistência Nacional Moçambicana, um movimento
criado pelo governo da Rodésia e posteriormente apoiada pela África do Sul
(Bittencourt, 1999).
As negociações para a paz na África Austral, em especial os conflitos
envolvendo Angola e Moçambique por um lado e de outro a África do Sul, que
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suportava as guerrilhas que actuavam nesses países, respectivamente Unita e Renamo,


abriram espaço para a última independência ocorrida na região, a do sudoeste africano,
actual Namíbia, em 1990 (Bittencourt, 1999).

2.1.1 Os primeiros anos e os primeiros governos

Obtida a libertação, as novas nações africanas teriam de defrontar um cenário


internacional pouco amistoso. No tocante às relações internacionais, a bipolarização do
mundo nos anos 1960 ditava as regras. No interior dos países africanos, faltava crédito
de curto, médio e longo prazo, capacidade de endividamento, recursos humanos,
medicamentos, alimentos e tudo o mais que se possa imaginar para a operacionalidade
dos novos Estados. Na ausência de ajudas caridosas e desinteressadas, iria prevalecer o
jogo duro das alianças político-económicas, sempre pautadas pelo desejo da
exclusividade (Boahen, 1991).
Esse contexto internacional de disputas e de apoios ajudou a impulsionar as
novas elites políticas africanas a buscarem projectos de desenvolvimento para seus
países recém-independentes, fossem de orientação capitalista, fossem socialistas. O
fundamental é que tais projectos permitissem aos novos países saltarem etapas,
avançarem no tempo, potencializarem suas economias e com isso melhorarem as
condições de vida de suas populações. Não se questionava as ideias de progresso e
desenvolvimento, qual o custo social e político para implementá-las. Muito pelo
contrário. O futuro estava à porta e seria alcançado pelas mãos dos líderes africanos.
A urgência desses líderes em promover mudanças nos seus respectivos países
estava muito relacionada às alterações impostas pelo colonialismo ao continente. A
África passara por uma experiência colonial relativamente curta no tempo decorrido,
mas muito intensa no sentido das mudanças económicas, sociais e culturais. É preciso
considerar que, em alguns casos, a dominação colonial deu-se no percurso de uma vida.
Vale lembrar o caso de Mandande Moisés Machel, pai do primeiro presidente da
República Popular de Moçambique, Samora Machel. Nascido em finais da década de
1880, o velho Machel viveu seus primeiros anos sob a liderança do soberano 350
Ngungunhana, até que em 1895 as tropas coloniais portuguesas derrotaram as forças
militares de Gaza. Machel passaria então por longos 80 anos de jugo colonial, até que
seu fi lho declarasse a independência de Moçambique, em 1975. Sua longevidade, rara
num continente de baixa expectativa de vida, permitir-lhe-ia ainda saborear os primeiros
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anos da independência de Moçambique. Em sua longa trajectória, experimentou a


última grande força político militar africana ao sul de Moçambique a defrontar os
colonizadores, a monarquia e a república expansionista portuguesa, o trabalho nas
minas da África do Sul, a sequiosa exploração da mão-de-obra moçambicana, a ditadura
salazarista, a longa guerra de libertação e o socialismo da Frelimo (Frente de Libertação
de Moçambique). Mandande morreu, em 1984.
Segundo Boahen (1991), o reconhecimento da curta duração da dominação
colonial na África deve ressaltar a já citada velocidade da transformação económica,
social e cultural. Passo importante para entender que as elites políticas das novas nações
africanas fossem quase inevitavelmente oriundas das áreas de maior contacto com a
exploração colonial, em grande parte urbanizadas e capazes de implementar uma
perspectiva nacional.
Não obstante os centralismos que iriam marcar os regimes africanos, será
exactamente no terreno da política que irá residir um dos principais desafios para os
novos poderes africanos: a construção do Estado-Nação. Na verdade, a criação de um
Estado que irá preceder a nação e agregar nações. O receio confirmar-se-ia na sequência
de conflitos internos e golpes de Estado que grassaram no continente, nos anos 1960 e
1970. Mas estes serão temas e discussões para a nossa próxima aula.
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III Conclusão

O colonialismo criou cicatrizes profundas nos países africanos. Longe de ser um


episódio de menor importância na longa história dessas regiões e populações, sua
brevidade no tempo histórico nem sempre explicita a profundidade dos abalos
provocados. As próprias lutas anticoloniais reflectiriam tais mudanças. Novos
segmentos populacionais e núcleos de poder formaram-se e em muitos casos
conduziriam o processo de independência e o sonhado futuro da nova nação. A lição
que fica é a importância quanto à necessidade de relacionarmos a luta anticolonial ao
colonialismo vivido pelos africanos.
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IV Referências bibliográficas

Benot, Y. (1980). Ideologias das independências africanas. Lisboa: Sá da Costa.


2 Volumes.
Bittencourt, M. (1999). Colonialismos, descolonizações e crises na África. In:
Com Ciência.
Boahen, A. A. (1991). História Geral da África. São Paulo: Ática/Unesco, V.
VII.
Santiago, T. (1977). Descolonização. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.

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