Moçambique inde-WPS Office
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ÍNDICE
I Introdução......................................................................................................................................2
1.1 Objectivos..................................................................................................................................2
1.1.1 Geral:......................................................................................................................................2
1.1.2 Específicos:.............................................................................................................................2
1.2 Metologia...................................................................................................................................2
3.1 SADCC....................................................................................................................................10
II Conclusão...................................................................................................................................32
I Introdução
O presente trabalho visa em fazer uma abordagem geral sobre a situação económica,
social e política de Moçambique nos primeiros anos de independência onde dentro do mesmo
veremos que depois da independência nacional, a Frelimo adaptou uma política marxista que já
tinha raízes no ano de conflitos da guerra colonial. Para levar os seus objectivos de uma
sociedade de mais igualitária e justa seguiu o modelo já implementado noutros países, como
Cuba e China. Nesse sentido dedicou-se sobre tudo no III congresso da Frelimo, nacionalizar os
principais sectores de actividades como terra agrícola, empresas, banca, ensino e saúde.
1.1 Objectivos
1.1.1 Geral:
1.2 Metologia
Para a realização deste trabalho, não distantes daquilo que as directrizes para a
abordagem científica, baseou-se nos métodos bibliográficos, focado na pesquisa de informações
relacionados a História de Moçambique pós independência de seguida usar-se-ia o método
hermenêuticos e heurísticos, focado na interpretação das obras consultadas para posteriormente a
compilação de informações patentes no trabalho.
3
Política Interna
A nacionalização da Banca;
A nacionalização do Ensino;
A nacionalização da Habitação;
A nacionalização da Terra;
A nacionalização da Saúde.
A 4 e 7 de Fevereiro de 1977 o III congresso define o Banco de Moçambique como
instrumento de controlo de economia e a palavra de poder do PEC era a nacionalização da
economia num forte trabalho de centralização do estado.
A coperativização do campo;
O desenvolvimento do sector estatal e agrário;
Acção e desenvolvimento da indústria pesada, particularmente o ferro e o aço.
O Sistema político vigente na altura influenciou sobremaneira as decisões políticas pois,
ao conceber este Plano por 10 anos (1980-1990), procurava encontrar instrumentos que poderiam
reconstruir o desenvolvimento e a economia do país assolada pela guerra civil entre 1977-1992.
(Mosca e Oppenheimer,2005).
É por estes factores que este plano foi desenvolvido dentro das directrizes do III
Congresso da Frelimo realizado em 1977, com vista a reforçar os sinais que se aparentavam na
economia em recuperação.
construção de um Estado novo e este é o elemento que justifica, a escolha pelo governo destes
instrumentos de planeação, (Carvalho, 2008).
noutros sectores notou-se que a principal tendência foi o declínio. As primeiras taxas de
crescimento feitas em 1990, indicavam uma contínua queda da economia (Marchall, 1990).
De acordo com Oppenheimer & Raposo, (2002,p.45), o que ficou atrás exposto, o PRE
não alcançou seus objectivos dentro do quadro geral para que foi desenhado. Só a partir de 1989,
no segundo ano do PRE é que a pobreza foi encarada como um objecto particular de
preocupação, no contexto da iniciativa dos doadores26 que levaria posteriormente à
transformação do PRE em Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES).
Este programa começou a ser implementado de acordo com padrões desenvolvidos pelo
Banco Mundial (BM) e o FMI27. Assim, o PRES tomava mais em consideração as dimensões
sociais da reabilitação económica e passava a ter uma abertura em relação as forças do mercado,
numa perspectiva de liberalização do comércio interno para tornar mais fácil a actividade do
sector privado bem como o acesso aos insumos de capitais, (Abrahamson & Nillson, 1994:49).
Segundo PARPA I (200,p.2), a luta contra a pobreza tem sido realizada desde os
primeiros dias da Independência. Foi dada uma elevada prioridade às despesas da educação e
saúde, de modo a acentuar o desenvolvimento humano. Também foram realizados investimentos
profundos na reabilitação da infra-estrutura básica. A partir de 1987, foi iniciado um programa
de estabilização e ajustamento estrutural cujo objectivo era o restabelecimento da produção e
melhoria dos rendimentos individuais num processo de reformas profundas no sentido do
lançamento de uma economia propulsionada pela iniciativa privada e pelas forças de mercado.
Foram alcançados sucessos assinaláveis. Nos últimos dez anos, Moçambique atingiu um
crescimento económico de cerca de 8 por cento ao ano, em termos reais, num ambiente de
estabilização económica e política. A democracia e a paz foram fortalecidas e o povo
Moçambicano continua a sua luta na procura do progresso. Porém, os progressos alcançados não
permitiram que fossem superados problemas sociais e económicos graves. O país continua a ser
dos mais pobres do Mundo. Claramente, o problema da pobreza é o desafio chave que se coloca
ao país. A capacidade de enfrentar estes desafios ainda é muito limitada devido a carências
severas de recursos, derivada de uma profunda fraqueza estrutural da economia.
O PARPA 2001-2005, também conhecido por PARPA I, como se o inicial tivesse sido
um PARPA-0, foi aprovado em Abril de 2001 (MPF 2001); o PARPA 2006-2009, também
conhecido por PARPA II, estendeu-se até 2010 (MPD 2006); e o PARPA 2011-2014, foi
aprovado pelo GdM, na 15ª sessão ordinária do Conselho de Ministros (CM), de 3 de Maio de
2011, e pelo Conselho de Administração do FMI, a 17 de Junho de 2011 (IMF 2011b; MPD
2011) e tem como meta principal reduzir o índice de incidência da pobreza alimentar dos actuais
54.7% em 2010 para 42% em 2014. (CM, 2011:5).
Em todos os PARP’s podemos constatar que o objectivo central foi e continua a ser
diminuir a incidência da pobreza para níveis progressivamente baixos de ano a ano. Este
objectivo nos PARP’s – a redução da pobreza – não se altera, mas os instrumentos, políticas e
metas podem e vêm sendo alterados à medida que se vai aprimorando o conhecimento sobre as
diferentes variáveis. Portanto, o PARP é um instrumento de políticas e acções que são revistas e
aperfeiçoadas periodicamente, envolvendo também um processo permanente de consultas.
Desde que Moçambique se tornou uma nação independente, optou pelo não-alinhamento.
O movimento dos não-alinhados é uma associação livre de países que durante a Guerra fria, não
se posicionaram das superpotências, os EUA e URSS. Apesar de Moçambique e maior parte dos
outros membros desta associação não se reverem, nem tão-pouco subscreverem as políticas
militares de qualquer de um dos blocos, mantinham uma política socialista. Isto é , Moçambique
apesar de formalmente não se colocar do lado da URSS estava politicamente bem mais próximo
dela do que dos EUA. (Christie,1996).
10
Segundo a Frelimo (1977, p.81), Está tomada de posição de Machel teve vantagens e
desvantagens, por um lado Machel e os demais não-alinhados limitaram a geografia da Guerra
Fria. Ao não se declararem do lado de qualquer potências impediram a escalada de violências em
muitos confrontos, por outro lado serviriam muitas vezes de mediadores contudo, a aproximação
de Machel e dos seu governo ao socialismo marxista foi vista em maus olhos pelo apoiante dos
EUA, países de matriz capitalista; isto afastou o investimento capitalista do país.
A linha da frente
A linha da Frente foi uma organização que pretendia apoiar países da região na sua luta
pela emancipação ou independência com destaque para o apoio a luta do sudoeste africano,
Namíbia, Zimbabwe e África do Sul. Em 1980, o Zimbabwe e África do Sul tornaram-se
independentes e aliou-se a linha da frente. (Zeca 2015).
3.1 SADCC
A região austral de África enfrenta uma série de dificuldade de natureza diversas, desde
os problemas ou adversidades naturais como seca prolongadas, cheias cíclicas doenças
endémica, como a malária, Duda, e a pobreza extrema. Neste quadro problemático a SADC
surge como como uma organização que tem como objectivo de unir esforço na região para a
promoção do desenvolvimento económico, político, cultural e desportivo de todos países
membros, mas isso de que forma?
Segundo Abrahamsson & Nilsson, (1998), a desestabilização pode ser definida como um
método político para forçar mudanças no comportamento de um governo, sem necessariamente
ter que o derrubar, ou seja, um processo em que acontecimentos observáveis indicam a perda de
controlo pelas autoridades governamentais, gerando uma ameaça física ou psicológica difusa ao
governo ou à segurança em geral.
Na África Austral, África do Sul escolheu a desestabilização como uma táctica dentro de
uma grande estratégia regional em defesa dos seus interesses políticos e económicos. Para o
Governo de Moçambique, a desestabilização visava destruir a produção agrária e o sistema de
comércio para provocar a fome e desencorajar a produção de excedentes; inviabilizar a
socialização do campo; paralisar a economia nacional através de bloqueio de estradas, linhas
férreas, linhas de telecomunicações e de transporte de energia para afectar indústrias e outras
unidades de produção; frustrar o esforço de cooperação e desenvolvimento regional, com a
destruição dos sistemas de comunicação rodoviário e ferroviário da Conferência de Coordenação
do Desenvolvimento da África Austral.
Segundo Newitt (1995, p. 481), África do Sul procurava impedir o apoio dos países
vizinhos ao Congresso Nacional Sul-Africano, sabotar a tentativa da Conferência de
Desenvolvimento da África Austral de criar um bloco económico fora da órbita sul-africana e
criar uma destruição económica e social em países seleccionados para denegrir a imagem tanto
do socialismo quanto de governos de maioria negra na região.
Sendo assim entende-se deste trecho que a desestabilização movida pela África do Sul
visava essencialmente defender o sistema do Apartheid contra a oposição interna e externa do
país, criar um sistema social na África do Sul que fosse aceite internacionalmente, permitindo o
país voltar ao convívio normal no concerto das nações e dominar a região política e
economicamente. Além de defender a sobrevivência do sistema do Apartheid e a dominação
económica e política na região, Pretória procurava forçar mudanças políticas ou orientação dos
Estados-alvo. Em Moçambique, um dos objectivos mais importantes da África do Sul era
impedir a utilização do sistema de transporte moçambicano pelos países vizinhos.
informações oficiais, a bomba havia sido colocada por contra-revolucionários que pretendiam
denegrir a imagem da Frelimo.
Em Novembro, mais de três mil pessoas provenientes dos principais centros urbanos do
país, acusados de comportamentos desviantes, foram enviados forçosamente para os campos de
produção, alegadamente para a sua reabilitação. Acredita-se que esta operação criou uma onda
de descontentamento no seio dos enviados, propiciando o seu recrutamento a redes consideradas
reaccionárias.
Outro Jornal rodesiano, o Rhodesia Herald (1976), emitia uma outra informação sobre
um ataque perpetrado pelo povo Makonde no norte de Moçambique. Havia também artigos que
anunciavam que Moçambique estava à beira de uma guerra civil. Esta e outras informações
difundidas vieram a ser denunciadas pela imprensa nacional.
O objectivo inicial era recolher informação sobre as operações destes dois movimentos de
libertação, para melhor contrapor as suas as investidas militares. Ainda segundo Vines (1991),
16
este objectivo foi frustrado pelo golpe de Estado em Portugal e consequente independência de
Moçambique.
A partir da independência de Moçambique, o grupo foi reerguido, mas desta vez contra o
governo de Moçambique, porque este era hostil à Declaração Unilateral da Independência da
Rodésia, apoiava o Exército de Libertação Nacional Africano do Zimbabwe e, principalmente,
pelo encerramento das fronteiras em 1976. O encerramento das fronteiras pelo Governo de
Maputo, em 1976, serviu de pretexto para Rodésia iniciar ataques directos contra alvos militares
e objectos socioeconómicos de importância estratégica em território moçambicano. No ano
seguinte, 1977, a Rodésia conseguiu infiltrar elementos da Resistência Nacional Moçambicana,
por si criada, para realizar ataques a alvos civis, militares, assim como sabotagens de infra-
estruturas e destruição de bens públicos e privados.
Segundo Hanlon, (1997, p. 12), em 1979, assinou-se o Acordo de Lancaster House, Grã-
Bretanha, entre o regime de Ian Smith e os Movimentos de Libertação do Zimbabwe, facto que
culminou com a independência do Zimbabwe, em 1980. Durante a transição, a Resistência
Nacional Moçambicana passou ao Comando e apoio directo das Forças de Defesa da África do
Sul. “Durante a transição no Zimbabwe, os serviços secretos da Rodésia transferiram a direcção
da Renamo36 para a África do Sul cuja Inteligência Militar se passou a ocupar dela. A Renamo
passou a beneficiar-se de muito mais apoio e melhor treino. Desta forma, a Resistência Nacional
Moçambicana tornou se no principal instrumento da África do Sul para a desestabilização.
17
Segundo a revista Tempo (1981), África do Sul passou, assim, a recrutar, treinar, equipar,
e infiltrar agentes através da fronteira moçambicana. A fonte avança que os agentes, por sua vez,
recebiam ordens directas dos serviços secretos sul-africanos. Como evidências, as Forças
Armadas de Moçambique capturaram trinta e seis armas diversas entre ligeiras e pesadas,
incluindo uma grande quantidade de munições no território moçambicano, através da fronteira de
Pafuri, na Província de Gaza. Além disso, África do Sul apoiava directamente a Resistência
Nacional Moçambicana em abastecimentos por via área. Outras acções incluíam a fabricação de
moedas falsas e lançamento de panfletos propagandísticos pelo ar, pelos rios e pelo mar.
Segundo Vines (1991), diz que quando a Resistência Nacional Moçambicana passou ao
controlo da inteligência sul-africana, foi reestruturada, passando a incluir forças especiais da
África do Sul. O movimento rebelde tornava-se assim o principal instrumento de
desestabilização (DAVIES; O’MEARA, 1986). De acordo com os mesmos autores, até 1983,
140 aldeias já haviam sido destruídas, incluindo 840 escolas, 900 cantinas rurais e mais 200
unidades sanitárias.
A questão que interessa aqui é saber os objectivos que moviam África do Sul para
desestabilizar Moçambique. De acordo com Olson (1991), os objectivos estratégicos da África
do Sul eram defender és estruturas e instituições básicas do Apartheid e “manter África do Sul do
Apartheid como potência regional rodeada por uma cintura de Estados subjugados, servindo de
mercados para produtos sul-africanos e fornecimento de mão-de-obra, matérias-primas e,
quando, necessário, serviços de transporte” (OLSON, 1991, p.18). Ainda na versão do mesmo
autor, África do Sul procurava que os Estados vizinhos não se transformassem em economias
fortes e independentes. Estes deveriam manter e aumentar os seus laços económicos e a sua
relação de dependência com Pretória.
Nos dizeres de Newitt (1995), a Resistência Nacional Moçambicana tinha ordens para
atacar e sabotar infra-estruturas económicas e sociais, tais como pontes, estradas, linhas férreas,
aldeias comunais, cooperativas, hospitais, escolas, edifícios governamentais e armazéns das
plantações estatais. O objectivo primário da África do Sul era a destruição. A médio prazo a
África do Sul pretendia forçar Moçambique a adoptar uma postura favorável ao sistema político
18
Segundo Minter, (1998, p. 55), o objectivo último da África do Sul era agora criar uma
região da África Austral na qual todos os Estados aceitassem a legitimidade e hegemonia sul-
africanas e colaborassem activamente no policiamento da oposição ao regime do apartheid.
Objectivos maximalistas mais específicos incluíam a instalação da Renamo em Maputo.
Fica evidente que os objectivos da África do Sul eram amplos, mas o principal era
garantir a sobrevivência do sistema político do Apartheid e manter a sua hegemonia regional. De
1980 a 1984, a Resistência Nacional Moçambicana já actuava em quase todo o território
moçambicano. As acções da Resistência Nacional Moçambicana se ampliaram, atingindo, para
além das províncias centrais de Manica e Sofala, Tete e Zambézia, a província de Niassa e Cabo
Delgado no Norte, bem como Maputo, Gaza e Inhambane no Sul, não apenas para destruir a base
económica e comercial do país, mas também para aterrorizar a população.
De acordo com Vines (1981), entre 6.000 e 7.000 elementos da Resistência Nacional
Moçambicana operavam activamente em Moçambique, distribuídos por todas as províncias. Hall
(1990) fala de, praticamente, uma duplicação de efectivos do movimento, de 5.000 em 1981,
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Segundo Hall e Young (1997), afirmam que o aumento dos efectivos da Resistência
Nacional Moçambicana deveu-se ao recrutamento forçado, com recurso à violência. Na mesma
linha, recrutamento forçado foi um componente essencial da construção da força insurgente.
De acordo com Minter, (1998, p. 227 - 228), os recrutas eram obrigados a caminhar para
campos de treino no interior de Moçambique, alguns deles começando por ter de transportar bens
para os soldados da Renamo ou por servir de guias nas suas zonas de origem. Eram raptados nos
campos, no caminho para visitar parentes ou em casa. Outros eram capturados em grandes
grupos, no decorrer de ataques a escolas, aldeias, plantações ou pequenas vilas.
Outros recrutamentos decorriam entre jovens e adultos que eram encontrados a procura
de emprego no Malawi e na Rodésia e entre imigrantes ilegais na África do Sul.
Na visão de Christie (1996, p. 177-178), ele acredita que Eles conseguiram recrutar
largamente entre os homens que perderam poder e privilégios quando a Frelimo conquistou o
poder e nos campos de reeducação, praticamente sem guardas.
guerrilheiros da Frelimo, aborrecidos por várias razões, também aderiram, e alguns trabalhadores
emigrados na África do Sul foram recrutados à base de dinheiro. Houve também emigrantes
ilegais na África do Sul que foram recrutados porque lhes disseram que a alternativa era a prisão.
Repare-se que estes autores explicam os métodos de recrutamento, mas fica em aberto a
questão relacionada com a rápida inserção ou expansão da Renamo em todo o território
moçambicano, tendo em conta a sua origem (Rodésia) e sua base de apoio logístico-militar
(África do Sul).
“Como se poderia explicar que um movimento rebelde, criado pelos rodesianos e depois
apoiado pelos sul-africanos, tão poderosos e peritos em manipulação social, tenha vindo a
operar eficazmente em mais de 95% do território sem qualquer base social? Como explicar que
não houve resistência militar popular contra esta agressão, que se tratava de uma guerra
privada entre o exército oficial e as forças militares rebeldes?”
Cahen (1993), admite que Rodésia e África do Sul desempenharam um papel chave na
criação, desenvolvimento e apoio à Resistência Nacional Moçambicana. Todavia, nega que o
factor externo seja o principal motor da sua expansão e defende: “esta guerra é uma verdadeira
guerra civil” (CAHEN, 1993, p.53), embora seja difícil de admitir38. Argumenta que não há
dúvida que o apoio externo foi importante, mas este factor não explica porque a guerra se
expandiu para todo o país. Cahen (1993), entende que, sem uma crise social profunda dentro da
Frente de Libertação de Moçambique, a Resistência Nacional Moçambicana nunca teria
encontrado possibilidades de crescimento.
pobreza e baixa escolaridade, e o medo ou terror podem ter contribuído para rápida
instrumentalização política da população por parte da Resistência Nacional Moçambicana.
Ainda para Minter, (1998, p. 57), O objectivo dessa reivindicação consistia em convencer
os aliados ocidentais da África do Sul que Moçambique era um país genuinamente não-alinhado
e que a África do Sul era a verdadeira responsável pela instabilidade na região. Moçambique
procurava uma détente militar com África do Sul, ao mesmo tempo que se recusava a abandonar
o seu apoio político ao ANC.
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A vontade de ter uma solução negociada já vinha desde o início das agressões militares
directas da África do Sul a Moçambique. Por exemplo, a 8 de Fevereiro de 1981, num discurso à
Nação em reacção aos ataques dos Comandos sul-africanos a Matola a 30 de Janeiro do mesmo
ano, Samora Machel, presidente de Moçambique, disse que o povo desejava a paz, mas não
temia a guerra.
De acordo com Christie (1996, p. 186), “Samora sabia que a guerrilha tinha tomado
proporções para as quais o seu país não estava equipado para lidar. Calculou o pacto de não-
agressão com a África do Sul poderia pôr fim a tudo isso”. Desta feita, a 5 de Abril de 1984,
Samora Machel aludiu, num discurso à Assembleia Popular, que “nas nossas relações directas
com África do Sul sempre estivemos disponíveis para uma solução negociada”. De facto, as
conversações formais directas, de nível ministerial, entre Moçambique e África do Sul haviam
iniciado em Dezembro de 1982, com apoio dos Estados Unidos, tendo progredido em Maio de
1983
Os consensos alcançados nestes encontros não são bem conhecidos, mas tudo leva a crer
que consistiam em concertações de pontos a serem negociados ao nível mais alto, rumo a
assinatura de um pacto de não-agressão e boa vizinhança.
Samora Machel ter efectuado uma tournée diplomática a vários países Ocidentais,
especificamente à Europa, para obter apoio diplomático aos esforços de busca de paz para
Moçambique e África Austral e ao programa construtivo de desenvolvimento de Moçambique.
Segundo Christie (1996), Samora, em conversas com funcionários do Departamento de Estado
americano, tinha pedido ao Ocidente para pressionar a África do Sul para assinar um tal acordo.
Segundo Silva, (2013, p.191), dessa viagem, Machel voltou desiludido, porque a ajuda
que foi oferecida era claramente insuficiente para compensar o estado ruinoso da economia
moçambicana. Paralelamente à desilusão, os ataques da África do Sul contra Moçambique
continuaram, e a Resistência Nacional Moçambicana intensificou as operações de sabotagem e
assassinatos, principalmente nas zonas rurais. A economia rural ficou paralisada. Até Dezembro
de 1983, 900 estabelecimentos comerciais rurais haviam sido destruídos; 102 postos de saúde e
489 escolas primárias e 86 secundárias, incluindo 140 aldeias comunais também foram
destruídas; mais de 1,5 milhão de pessoas abandonaram as suas zonas de origem.
A economia, no seu todo, empalideceu De acordo com Shaw e Msabaha (1987), o custo
total das agressões directas e indirectas da África do Sul entre 1982 e 1983, eram estimados em
333 milhões de dólares norte-americanos.
A questão que se coloca é: porque é que África do Sul aumentou o seu apoio a
Resistência Nacional Moçambicana para destruir Moçambique, no meio de negociações? Na
literatura a que se acedeu não se levanta esta questão. Mas sabe-se que Moçambique e África do
Sul eram Estados hostis e economicamente diferentes. África do Sul era e é muito mais forte do
que Moçambique em quase todos os aspectos.
No dizer de Silva, (2012, p. 166), a negociação iniciada em 1982 era, sem dúvida, entre
um Estado forte e outro fraco e, as negociações diplomáticas entre nações fortes e fracas poderão
por vezes transformar-se num mero processo de troca de pontos de vista em que o Estado
poderoso, independentemente das opiniões do seu interlocutor, impõe a sua vontade.
Maganya (1987), afirma categoricamente que a África do Sul não tinha vontade de parar
as incursões de desestabilização em Moçambique.
27
Com base nestas asserções afirma-se que África do Sul optou pela diplomacia coerciva
no processo de negociações com Moçambique, com objectivo de obrigar este último a fazer
concessões favoráveis aos seus interesses políticos e económicos.
Porém, não se pode negar que África do Sul estava interessada em negociar. A situação
interna do país e o seu isolamento internacional impingiam-no a buscar soluções ao nível da
região, soluções que as operações militares não traziam.
Além disso, havia uma enorme pressão internacional sobre o Governo da África Sul
vinda das Nações Unidas e dos principais aliados, principalmente dos Estados Unidos no sentido
de pôr termo às suas investidas militares (CROKER, 1992). Estes factores foram determinantes
para África do Sul procurar a via negocial como forma de regular as relações regionais e
melhorar a sua reputação internacional. Estes factos, conjugados com o interesse de Moçambique
em estabelecer a paz, culminaram com a assinatura do Acordo de Inkomati.
A saída foi a criação de quatro comissões para conduzirem conversações bilaterais nos
meados de Janeiro de 1983, em matérias de segurança, relações económicas, turismo e a
Barragem Hidroeléctrica de Cahora Bassa. As conversações culminaram com a assinatura de um
acordo, a 16 de Março de 1984, nas margens do Rio Inkomati, na fronteira entre Moçambique e
África do Sul, posto fronteiriço de Ressano Garcia. Por isso, o acordo tomou o nome de - Acordo
de Inkomati, ou Acordo de Não Agressão e Boa Vizinhança.
A assinatura do Acordo de Inkomati foi norteada pela convicção das partes de que as
relações de boa vizinhança contribuiriam para a paz, segurança, estabilidade e progresso na
África Austral, no Continente Africano e no Mundo. Com base nesta convicção e nos princípios
básicos42 do Direito Internacional, Moçambique e África do Sul comprometiam-se a não
permitir que os seus espaços territoriais (terrestre, marítimo e aéreo) fossem usados por outros
Estados, governos, forças militares estrangeiras, organizações ou indivíduos que planeassem ou
preparassem cometer actos de violência, terrorismo ou agressão da integridade territorial ou
independência política de cada uma das partes do Acordo.
Para o efeito, ambas partes deveriam proibir e prevenir nos seus respectivos territórios a
organização de forças regulares ou bandidos armados, incluindo mercenários, cujo objectivo
fosse levar a cabo actos de violência, terrorismo e agressão, incluindo a eliminação de bases,
centros de treino, acomodação, trânsito, centros ou depósitos de armamentos, comunicação e
instalações de comunicação, estações de rádio; proibição e prevenção do recrutamento de
elementos para fins de actos de violência, terrorismo e agressão, bem como a proibição de
provisão logística para os mesmos fins.
Entende-se, assim, que o Acordo de Inkomati foi interpretado como uma grande vitória
diplomática de Moçambique sobre o regime do Apartheid e “um pesado revés” da África do Sul
ou seja, uma derrota da política de desestabilização. Dentro da África do Sul, o Acordo de
Inkomati foi percebido como uma capitulação humilhante de Moçambique.
O Estados da Linha da Frente (Angola, Botswana, Tanzânia e Zâmbia), após uma troca
de pontos de vista com a liderança moçambicana em volta do acordo de Inkomati na Conferência
de 29 de Abril de 1984, em Arusha, Tanzânia, expressaram a esperança de que África do Sul se
comprometeria a parar com os actos de desestabilização, e apreciaram o cometimento de
Moçambique de continuar a prestar o apoio moral, político e diplomático ao Congresso Nacional
Africano na sua luta contra o Apartheid.
Todavia, não se sabe se esta declaração significava o cessar-fogo, pois os resultados não
passaram de uma teatralização política. A confrontação militar entre as Forças Armadas de
Moçambique e a guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana ganhou um novo ímpeto.
África do Sul reavivou o uso do Malawi como base de apoio logístico à Resistência
Nacional Moçambicana e, a partir daí, as incursões da Resistência Nacional Moçambicana
intensificaram-se. Desde Março de 1984 até Janeiro de 1985, Moçambique foi denunciando actos
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de violação do acordo. Entre Março e Junho de 1984, África do Sul forneceu armas, munições e
equipamento militar diverso à Resistência Nacional Moçambicana através do Mar, em Sofala.
A Inteligência Militar sul-africana também o confirmava, mas dizia que era apenas
material e equipamento não letal destinado a facilitar a negociação entre o Governo de
Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana, Como se pode depreender, ficou provado
que o Acordo de Inkomati foi violado. A justificação da África do Sul era que Moçambique não
deixara de ser canal de apoio e trânsito do Congresso Nacional Africano.
II Conclusão
Erasmus, G. (2018). The Accord of Nkomati: Context and Content. Braamfontein, South
Africa: The South African Institute of International Affairs, 1984. Ebook. Disponível em:
https://media.africaportal.org/documents/The_Accord_Of_Nkomati.pdf. Acesso em: 18 out.