Intervenção Vale Do Rubi
Intervenção Vale Do Rubi
Intervenção Vale Do Rubi
LONDRINA
2021
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-POÉTICA 3
3. MEMORIAL DESCRITIVO 6
REFERÊNCIAS 30
3
INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-POÉTICA
casa e resolveu fazer sua morada no jardim de inverno. Tatus, porcos espinhos,
aranhas e cobras também reivindicam, às vezes, o espaço do quintal e precisamos
encontrar modos de conviver com estes fatores, sem afetar, mais ainda, a vida que
há no vale do Rubi.
Mesmo após tantos meses, ainda encaro com espanto a natureza que se
apresenta para nós, com tanta boa vontade. Embora não seja, exatamente, boa
vontade. Sabemos que estes animais se deslocam até em casa por busca de
alimentos, o que deve refletir, em alguma medida, o desequilíbrio dos seus habitats
dentro do vale.
E é de se esperar que londrinenses como nós não estejam habituados a este
contato com a natureza, trata-se da segunda cidade mais populosa do estado,
conhecida pelo expressivo número de prédios e a intensa movimentação de
veículos. Ainda assim, a cidade conta com esses espaços verdes, que atuam como
verdadeiros oásis na paisagem urbana.
O mesmo espanto que a natureza do vale provocava em nós desejamos
provocar naqueles que passam pelo bairro. Durante as orientações do projeto, o
professor Kennedy Piau levantou a possibilidade de investigarmos o vale do Rubi a
partir da rota dos indígenas kaingang, que traçavam suas rotas de viagem pelos
vales dos rios. A partir desse eixo, o projeto foi ganhando corpo e a arte indígena se
inseriu nas reflexões.
Mas um texto que busque assemelhar a intervenção urbana proposta pelas
autoras com a arte indígena brasileira começa com alguns paradoxos: em primeiro
lugar, essas intervenções foram feitas por artistas que não são indígenas. Em
segundo lugar, os povos originários não partilham a mesma noção de arte que os
ocidentais. Essas questões, no entanto, dizem muito a respeito da intencionalidade
desta intervenção urbana.
Sabemos que uma das problemáticas focalizadas nessa experiência da
intervenção urbana foi a nossa identidade, enquanto artistas e enquanto mãe e filha,
que encontraram neste projeto uma possibilidade de investigar as nossas raízes. Na
condição de mulheres brasileiras, nos percebemos herdeiras da vontade de devorar
os antepassados, e de refletir sobre o presente.
5
3. MEMORIAL DESCRITIVO
2.1 ANTÓTIPOS
Luta tradicional é uma foto que foi revelada perto do Parque Nacional do
Xingu e, ao que tudo indica, trata-se da arte marcial huka-huka. De acordo com o
site da FUNAI, o huka-huka é um ritual tradicional para testar a força de jovens
índios, cujo “objetivo é tocar a coxa do adversário ou derrubá-lo segurando a sua
perna. Quem conseguir isso primeiro ganha” 1. Esta luta é praticada após o Quarup,
ritual Xingu de homenagem aos mortos. Os guerreiros passam a noite do Quarup
em claro, arranhando-se com espinhas de peixe, passando ervas sobre a pele e
pintando-se com urucum e jenipapo. Após o combate entre os adultos, grupos de
jovens também se enfrentam para provar sua virilidade.
Esta fotografia foi escolhida pela importância do registro cultural que
representa e pelo simbolismo de força, unicidade e tradição.
1
Disponível em http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/4990-kuarup-o-ritual-funebre-
que-expressa-a-riqueza-cultural-do-xingu
15
optamos por adiar esta etapa do processo e o resultado final estará registrado no dia
18 de junho.
Quando revelados os antótipos, eles serão dispostos na trilha do vale do
rubi, pendurados com sisal no tronco dos eucaliptos e intercalados com as pinturas
de pigmentos naturais.
2.2 PINTURAS
Fig. 21: Pigmentos aplicados no eucalipto. Em sequência da esquerda para a direita: terra
avermelhada, terra acinzentada, urucum e terra amarelada.
Fig. 22: Pigmentos utilizados para a confecção das tintas naturais: carvão, terra e açafrão.
20
Fig. 23: Pintura Kempiro, terra e carvão sobre tronco de eucalipto. 120 cm x 35 cm
para desenho, que era mais macio e o resultado pode ser observado nas fotos
acima.
No dia em que realizamos esta pintura, parte da tinta escorreu e formou
várias linhas verticais, que tentamos limpar com um pano umedecido, sem sucesso.
Fomos até a árvore onde realizamos o teste das tintas e constatamos que a chuva
intensa das últimas semanas não foi capaz de remover os pigmentos, pintados há
quase 20 dias. Além disso, as linhas que se formaram lembram os fios da tecelagem
e acreditamos que o acidente de execução se incorporou ao resultado final de forma
satisfatória.
Durante as leituras para esse trabalho percebemos como é evidente a figura
da anaconda ou jiboia como origem de todos os motivos decorativos usados na
pintura corporal, no tecido e na cestaria. Encontramos diferentes mitos de origem do
desenho, e também textos que tratam de modos distintos de obtenção dessa
padronagem como derivação da pele da cobra. De acordo com Lagrou, “O fato de
existir, em todas estas culturas, uma associação entre desenho e a sucuri, mostra
que se trata de algo mais do que uma simbologia idiossincrática de uma cultura
particular, trata-se de um dado transcultural amazônico, um símbolo-chave da
região” (LAGROU, 2009, p. 77).
22
Fig. 24: Cobra, terra, açafrão e carvão sobre tronco de eucalipto. 210 cm x 15 cm
Fig. 25: Lua, terra, açafrão e carvão sobre tronco de eucalipto. 180 cm x 50 cm
● Colégio Estadual Dr. Gabriel Carneiro Martins, R. Dep. Nilson Ribas, 520 -
PR, 86060-000, localizado a 900 metros do Vale. Trata-se de uma escola com
educação infantil, ensino fundamental e médio.
25
O início do projeto se dará com uma aula itinerante pelo Vale do Rubi. Os
alunos farão a trilha do vale, acompanhados pelos professores, e entrarão em
contato com as intervenções artísticas feitas pelas autoras. Nessa ocasião, eles
terão tempo de observar as intervenções livremente e, depois, será feita uma roda
de conversa.
Algumas perguntas norteadoras poderão ser feitas para promover uma
discussão de aquecimento sobre o tema e levantar os conhecimentos prévios dos
alunos. É importante que o mediador deixe que eles apresentem respostas livres às
questões, individualmente ou em grupo.
REFERÊNCIAS
LAGROU, Els. Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte:
c/ arte, 2009.
Sugestões da banca
Ione performance https://drive.google.com/file/d/1TZfdJQe-
v91vNYB0gNEHT7hWkds2Keax/view
Fernanda Magalhães dançando no ouro verde
Rosangela rennó https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10376/rosangela-
renno
https://www.facebook.com/cmckaingang/
kleber Kronun de Almeida
https://www.facebook.com/festivalrectyty/posts/134128398765930/
Mariana Silva Franzim20:21
Aníbal Quijano
31
Walter Mignolo
Cleber kronun de Almeida fotógrafo Kaingang do TI do Apucaraninha