Sebenta DC II - Luis
Sebenta DC II - Luis
Sebenta DC II - Luis
Atos Legislativos
Art. 112º
2- Lei como fonte intencional unilateral de Direito (criação de normas jurídicas por ato de
autoridade).
3- Lei como fonte intencional unilateral centralizada ou estatal de Direito (criação do Direito do
Estado por obra de autoridade estatal).
4- Lei como ato da função legislativa latissimo sensu (ato normativo da função política
subordinado à Constituição, com eficácia externa e interna).
5- Lei como ato da função legislativa stricto sensu (ato normativo da função política
subordinado à Constituição, com eficácia externa, ou seja, dirigido à comunidade política).
6- Lei como ato legislativo da assembleia política representativa ou Parlamento, como lei em
sentido nominal.
A lei como ato da função legislativa ou como Direito decretado pelo Estado, apresenta diversos
entendimentos:
A cada tipo histórico de Estado corresponde uma certa configuração da lei. A lei a partir do
século XVI passou a ser o “corolário essencial da soberania” e a cada espécie de poder político
corresponde um tipo particular de legislação.
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Antes do Iluminismo e da Revolução Francesa, o peso da lei era relativamente pequeno. Lei e
Direito objetivo não se confundiam devido ao papel do costume e à aceitação de certos
princípios ético-jurídicos.
Também há diferenças entre a lei na época do Estado Liberal e a lei nos sécs. XX E XXI. No séc.
XIX, em que dominava uma sociedade homogénea, a lei era uma prescrição normativa que se
definia pela generalidade e pela abstração e que via na codificação o seu maior triunfo. A
racionalidade era o seu limite único e necessário e a Constituição não interferia na maioria das
matérias legais; Já no séc.XX e XXI, em que predomina uma sociedade heterogénea, a lei é
utilizada em intervenções contingentes nos vários setores e assiste-se a uma “inflação
legislativa”, com deficiências de formulação ou de legística formal que não reforçam a
autoridade da lei. Acrescenta-se a retração da lei perante o Direito Internacional.
No séc. XIX, a Constituição ocupa-se da organização política, mas deixa à lei o tratamento dos
direitos que declara. Já no séc. XX, a Constituição deixa de se mostrar neutra perante a
sociedade para se carregar também ela de intencionalidades conformadoras e
transformadoras, alargando as matérias sobre que versa e assumindo conteúdos diversos.
Ex: O Regimento da Assembleia da República não é uma lei – é um ato normativo dotado de
eficácia interna, não cumprindo os requisitos da lei em sentido material.
Ex: A Resolução da AR nº1/2017 não é uma lei, porque não é um ato com conteúdo normativo.
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Lei em sentido orgânico-formal:
• Podem existir atos com forma de lei que não devam qualificar-se como leis por não
terem um “conteúdo legislativo”?
- O problema das leis-medida, que são leis concretas dirigidas à resolução imediata de certos
problemas considerados prementes, mas conservam a caraterística de opções de 1ª linha, por
oposição a medidas administrativas em forma de lei. São leis que não visam criar uma
disciplina jurídica nova, mas sim realizar uma finalidade concreta.
- O problema das leis-individuais, que segundo o Dr. Jorge Miranda, devem continuar a
considerar-se leis sempre que sob a medida individual seja possível recortar um princípio geral
e se reconheça uma intenção geral.
Estas leis não são admitidas em matéria de restrição de direitos. Iguais problemas geram as
leis de amnistia, as leis que declaram o estado de sítio ou de emergência e as leis
orçamentais.
• Podem existir atos sem forma de lei que devam qualificar-se como leis por terem um
“conteúdo legislativo”?
A Constituição determina a forma de lei e os atos que devem ter força de lei (princípio de
tipicidade) não sendo admissível a delegação do poder legislativo fora dos casos previstos na
CRP.
Problemas:
- Os regulamentos (por não terem conteúdo legislativo) não podem ter caráter inovador nem
ser elevados à categoria de lei – proibição de regulamentos delegados (problema dos
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regulamentos autónomos e independentes dos regulamentos das entidades administrativas
independentes);
- Há uma limitação à liberdade de deslegalização, ou seja, os órgãos constitucionais no
exercício da função legislativa têm o dever de disciplinar as matérias, não sendo permitido
degradar o poder legislativo em poder regulamentar em matérias que a CRP inclua na reserva
de lei.
- Indeterminação da densidade da lei, o que pode suscitar problemas no uso de conceitos
indeterminados em áreas onde seja exigível o princípio da tipicidade (ex: lei penal, lei fiscal).
- As decisões judiciais não têm (nem podem ter) conteúdo legislativo (problema das sentenças
intermédias).
Categorias de Lei:
1. Lei Constitucional
2. Lei orgânica
• Categoria de lei introduzida a 1989 para matérias políticas, impondo nestes casos um
procedimento legislativo agravado.
• Revestem esta forma os atos que constam no art.166º/2, obedecendo ao princípio da
tipicidade: eleições dos titulares dos órgãos de soberania; regimes dos referendos;
organização, funcionamento e processo do TC; organização da defesa nacional, definição
dos deveres delas decorrentes e bases gerais da organização, do funcionamento, do
reequipamento e da disciplina das Forças Armadas; regimes do estado de sítio e do
estado de emergência; aquisição, perda e reaquisição da cidadania portuguesa;
associações e partidos políticos; eleições dos deputados às Assembleias Legislativas das
regiões autónomas; eleições dos titulares dos órgãos do poder local; regime do sistema
de informações da República e do segredo de Estado; regime de finanças das RA; lei de
criação das regiões administrativas.
• As leis orgânicas são um tipo específico de leis, com qualificação, numeração e forma
autónomas, diferentes das restantes leis da AR e que quando alteradas têm de ser
republicadas.
• Carecem de aprovação, na votação final global, por maioria absoluta dos Deputados
em efetividade de funções, devendo as disposições relativas à delimitação territorial
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das regiões, previstas no art.255º, ser aprovadas, em Plenário, por idêntica maioria
(art.168º/5).
• Todas as leis orgânicas são leis de valor reforçado (art.112º/3).
• A confirmação dos decretos que revistam a forma de lei orgânica, para superação de
um veto político, carece de maioria de 2/3 dos Deputados presentes, desde que
superior à maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções (art.136º/3).
• Para além do PR, podem pedir a fiscalização abstrata preventiva da
constitucionalidade de norma constante de decreto que tenha sido enviado ao PR
para promulgação como lei orgânica, o Primeiro-Ministro ou 1/5 dos Deputados à AR
em efetividade de funções (art.278º/4).
• O Presidente da AR, na data em que enviar ao PR o decreto que deva ser promulgado
como lei orgânica, dará dele conhecimento ao Primeiro-Ministro e aos grupos
parlamentares da AR (art.278º/5).
3. Lei Estatutária
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• São leis de valor reforçado por serem leis que servem de parâmetro material aos
decretos-lei autorizados (art.112º/2).
• Têm um conteúdo mínimo tipificado na Constituição, que é requisito de validade da
autorização legislativa, ou seja, devem definir o objeto, o sentido, a extensão e a
duração da autorização, a qual pode ser prorrogada (art.165º/2).
- Limites materiais das autorizações:
✓ Só podem incidir sobre as matérias ao art.165º e têm de especificar qual, sob
pena de subversão da distribuição de competências legislativas pela
constituição.
✓ Têm de prescrever o sentido da autorização (indicar a orientação a seguir
pelo decreto-lei).
- Limites procedimentais e formais:
✓ Têm de seguir algumas normas procedimentais e específicas na sua
elaboração.
✓ Tem de indicar expressamente que se destina a essa finalidade.
- Limites subjetivos:
✓ É concedida pela AR em plenas funções a um Governo em funções e não é
transmissível.
✓ Caducam com a demissão do Governo a que tiverem sido concedidas, com o
termo da legislatura ou com a dissolução da AR (art.165º/4).
- Limites temporais:
✓ Têm um prazo de duração.
✓ Não podem ser utilizadas mais de uma vez, sem prejuízo da sua execução
parcelada (art.165º/3)
✓ As autorizações concedidas ao Governo na lei do Orçamento observam o
disposto no presente artigo e, quando incidam sobre matéria fiscal, só
caducam no termo do ano económico a que respeitam (art.165º/5)
• As leis de autorização legislativa não produzem efeitos externos, mas uma vez utilizadas
perduram como parâmetros dos decretos-lei autorizados.
• Vícios em caso de desconformidades:
- Se o Governo emanar um decreto-lei cujo objeto não se encontra abrangido pela
lei de autorização, o decreto-lei padece de inconstitucionalidade orgânica (o
Governo neste caso está a legislar em matéria reservada à AR e sem autorização
legislativa válida).
- Se o Governo emanar o decreto-lei depois de a lei de autorização ter caducado o
decreto-lei padece de inconstitucionalidade orgânica (o Governo neste caso está a
legislar em matéria reservada À AR e sem autorização).
- Se o Governo emanar o decreto-lei ao abrigo de uma autorização legislativa
concedida a um Governo anterior o decreto-lei padece uma de
inconstitucionalidade orgânica (o Governo neste caso está a legislar em matéria
reservada à AR e sem autorização).
- Se o decreto-lei autorizado não indica a lei de autorização legislativa padece de
inconstitucionalidade formal.
- Se a lei de autorização legislativa não define o sentido da autorização ou se não
respeita os limites materiais impostos pela constituição, a lei padece de
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inconstitucionalidade material e o decreto-lei autorizado de inconstitucionalidade
derivada (invalidade consequencial), mas é necessária uma declaração expressa
de inconstitucionalidade do decreto-lei.
- Se o decreto-lei autorizado não respeita o sentido da autorização legislativa
teremos uma ilegalidade material.
• Exceções: As autorizações que são especificamente de matéria financeira e
orçamental beneficiam de um regime menos exigente em matéria de sentido da
autorização, na medida em que o mesmo pode ser extraído das restantes normas. As
que dizem respeito a matéria tributária podem ser utilizadas mais do que uma vez e só
caducam com o termo do ano. Não podem ser alteradas pela AR a não ser em sede de
lei de alteração do orçamento (cuja iniciativa pertence ao Governo). Para além disso,
vigoram para além da demissão do Governo, pois destinam-se à execução do
orçamento, independentemente do Governo, e não podem ter uma duração superior
ou inferior a um ano.
• As autorizações legislativas sobre matérias não financeiras e sobre as financeiras que
tenham caráter permanente ou uma vigência superior ao ano orçamental são em regra
designados como “cavaleiros orçamentais” e não beneficiam do regime das
autorizações que são especificamente de matéria financeira e orçamental.
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- Regime geral das taxas e demais contribuições financeiras a favor das entidades
públicas.
• Se a AR elaborar uma lei de bases em outras matérias (ex: em matéria concorrente),
esse regime jurídico pode ser modificado por um decreto-lei simples, mas não,
obviamente, por um decreto-lei de desenvolvimento.
• Nos casos do art.164º (reserva de competência legislativa absoluta da AR) as bases
ou o regime geral têm de constar de lei da AR.
• Nos casos do art.165º (reserva de competência legislativa relativa da AR) as bases ou
o regime geral podem constar de decreto-lei autorizado, se a AR autorizar o Governo a
legislar nessa matéria.
• Nos casos em que a reserva absoluta se limita às bases (como sucede com as bases
gerais de organização, funcionamento, reequipamento e da disciplina das Forças
Armadas) mas as matérias a desenvolver fazem parte da reserva relativa (como sucede
com a matéria penal e disciplinar do art.165º/c/d), concluímos que o desenvolvimento
só se pode fazer mediante decreto-lei autorizado.
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• Nem em todas as matérias onde existem leis de bases é admissível o desenvolvimento
legislativo regional, pois há-de tratar-se de matérias que não se considerem reservadas
aos órgãos de soberania e que tenham relevância diferenciada no contexto regional.
• A ALR apenas pode desenvolver em decreto legislativo regional as seguintes
matérias:
- Bases do sistema de proteção da natureza, do equilíbrio ecológico e do património
cultural (art.165º/1/g).
- Bases da política agrícola, incluindo a fixação dos limites máximos e mínimos das
unidades de exploração agrícola (art.165º/1/n)
- Bases gerais do estatuto das empresas públicas e das fundações públicas (art.165º/1/u)
- Bases do ordenamento do território e do urbanismo (art.165º/1/z)
• Não há uma reserva de competência legislativa regional, nem o Estatuto a pode
estabelecer.
• A competência legislativa regional está estipulada no art.37º da CRP.
8. Lei de Enquadramento
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. As disposições das leis que regulam as matérias referidas nos arts. 148º
(composição da AR) e 149º (círculos eleitorais), e as relativas ao sistema e ao
método de eleição dos órgãos previstos no art.239º/3 (órgãos deliberativos e
executivos municipais de natureza colegial).
. As disposições que regulam a matéria do art.164º/a (restrições ao exercício de
direitos por militares e agentes militarizados dos quadros permanentes em
serviço efetivo, bem como por agentes dos serviços e forças de segurança).
. As disposições dos estatutos político-administrativos das RA que enunciem as
matérias que integram o respetivo poder legislativo.
- Aquelas que, força da Constituição, sejam pressuposto normativo necessário de
outras leis (parametricidade específica): as leis de autorização legislativa e as leis de
bases.
- Aquelas que por outras razões devam ser respeitadas (parametricidade geral): leis
estatuárias e leis de enquadramento.
• Caraterísticas das leis de valor reforçado:
- Constituem parâmetro de validade de outros atos legislativos no âmbito do processo
judicial de fiscalização de legalidade (arts. 280/2/a e 281º/1/b), seja quando são
pressuposto material e/ou formal destas (ex: leis de bases), seja apenas pelo seu valor
absoluto (ex: leis orgânicas).
- Exigem maiorias reforçadas para a sua aprovação.
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Principais Fases do Procedimento Legislativo Parlamentar:
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2. Apreciação
• Discussão e votação na especialidade – versa sobre cada artigo, número, alínea, pela
seguinte ordem: propostas de eliminação, substituição, emenda, texto discutido com as
alterações eventualmente já aprovadas e propostas de aditamento; A discussão e votação
na especialidade cabem à comissão parlamentar competente em razão da matéria; A AR
pode deliberar que se faça sobre mais de um artigo simultaneamente ou, com fundamento
na complexidade da matéria ou das propostas de alteração apresentadas, que se faça por
números. São obrigatoriamente votadas na especialidade pelo Plenário as leis sobre as
matérias previstas no art.164º/a) a f), h), n) e o o) e no art.165º/1/q.
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4. A promulgação (art.136º, 137º, Título IV)
5. Referenda
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Os Decretos-Lei
A suspensão caduca decorridas 10 reuniões plenárias sem que a AR tenha decidido. Se for
aprovada a cessação da sua vigência, o diploma deixará de vigorar desde o dia em que a
resolução for publicada e a cessação de vigência toma a forma de resolução; Se, requerida a
apreciação, a AR não se tiver pronunciado ou não tiver votado a respetiva lei até ao termo da
sessão legislativa em curso, considera-se caduco o processo; Se não for aprovada a cessão de
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vigência e tiverem sido apresentadas propostas de alteração, o decreto-lei e as propostas
baixam à comissão parlamentar competente para proceder à discussão e votação na
especialidade.
1. As Resoluções do Parlamento
• Categoria residual que abrange atos muito diversos.
• Não precisam de promulgação pelo PR.
• São publicadas no DR (art.119º/1/e).
• Proposta de classificação tricotómica:
- Resoluções que são pressuposto de outros atos jurídico-constitucionais
(ex: aprovação de convenções internacionais).
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- Resoluções relativas a órgãos e titulares de órgãos. (ex: consentimento
para o PR sair do país.)
- Resoluções conexas com a fiscalização política (ex: cessação da vigência
dos decretos-lei).
• Atualmente utiliza-se regularmente a Resolução para exercer atividade
política.
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O Regulamento Administrativo
Tendo em conta o art.112º da CRP, é possível uma lei disciplinar certa matéria e remeter para
regulamentos outros aspetos, desde que não abranja matérias da reserva. O que se proíbe é
que um regulamento com eficácia externa interprete, integre, modifique, suspenda ou
revogue uma lei.
Os regulamentos do Governo revestem a forma de decreto-regulamentar bem como no caso
de regulamentos independentes.
Os regulamentos devem indicar expressamente as leis que visam regulamentar ou, no caso, de
regulamentos independentes, as leis que definem a competência subjetiva e objetiva para a
sua emissão. (Princípio da precedência de lei)
Os regulamentos independentes não procuram regulamentar uma lei, mas apenas dinamizar a
ordem jurídica em geral (por isso têm um caráter inovador), fora das áreas da reserva.
As autarquias locais dispõem de poder regulamentar próprio nos limites da Constituição, das
leis e dos regulamentos emanados das autarquias de grau superior ou das autoridades com
poder tutelar (art.241º)
• Noção e Fundamento:
• Tipos de Regulamentos:
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- Regulamentos das entidades reguladoras independentes (art.267º/3) = são regulamentos
técnicos que complementam os regimes legais (regulamentos complementares de natureza
técnica).
• Regulamentos do Governo:
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de atribuições legais (princípios da subsidiariedade, da autonomia local e da descentralização
democrática).
Distinguem-se regulamentos autónomos (iniciativa regulamentar do muncípio) de
regulamentos em que é o legislador que impõe ao município a adoção, por regulamento, de
normas densificadores e concretizadoras da lei.
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Os atos normativos transnacionais:
As normas emanadas dos órgãos competentes das OI de que Portugal seja parte vigoram
diretamente na ordem interna e as normas emanadas das instituições da EU são aplicáveis na
ordem interna, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático.
(art.8º).
Para exercerem as competências da EU, as instituições adoptam regulamentos e diretivas. O
regulamento é obrigatório e aplica-se diretamente em todos os Estados-Membros; a diretiva
vincula o Estado-Membro destinatário quanto ao resultado a alcançar (art.288º TFUE).
A transposição de atos jurídicos da EU para a ordem jurídica interna assume a forma de lei,
decreto-lei ou decreto legislativo regional.
Compete à AR aprovar os tratados e acordos internacionais que versem matérias da sua
competência ou que o Governo entenda submeter à apreciação. (art.161º).
A inconstitucionalidade orgânica ou formal de tratados internacionais regularmente ratificados
não impede a sua aplicação da ordem interna, salvo se tal inconstitucionalidade violar uma
disposição fundamental (art.277º).
Cabe ao Governo aprovar os acordos internacionais não submetidos à AR (art.200º)
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Direitos Fundamentais
Art.16º /1. – “ Os DF consagrados na CRP não excluem quaisquer outros constantes das leis e
das regras aplicáveis e de DI.”
Não existe um princípio de tipicidade dos direitos fundamentais, o que significa que o seu
conceito é material e aberto:
- Radical subjetivo = normas que contemplam posições jurídicas subjetivas individuais ou de
categorias abertas de indivíduos.
- Função de proteção de bens jurídicos das pessoas ou do conteúdo das suas posições ou relações
na sociedade = bens ou conteúdos que sejam essenciais ou primários.
- Função de explicitação da ideia de Homem e da dignidade da pessoa humana.
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- Direitos-liberdades: protegem espaços de decisão livres da interferência do Estado
(ex: escolha da profissão).
3. Direitos análogos a direitos, liberdades e garantias = direitos que embora não integrem o
título II se devem considerar materialmente equivalentes aos DLG e que podem estar em
outras normas Constitucionais ou de DI.
- DF de pessoas coletivas = Não existe uma posição unânime em relação aos DF exclusivos de
organizações privadas ou públicas. Embora a CRP consagre direitos das associações sindicais, das
Comissões de trabalhadores e o direito de antena como um direito dos partidos políticos, uma
parte da doutrina entende que devem ser equiparados a garantias institucionais e não a direitos
subjetivos fundamentais.
- DF de exercício coletivo = Aqueles que não podem ser exercidos pelos indivíduos de forma
isolada por pressuporem atuações concertadas (ex: direito à greve) embora esse exercício
coletivo não ponha em causa a titularidade individual do direito (o direito à greve é exercido
individualmente por cada trabalhador).
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• Dimensões objetivas dos DF:
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Âmbito de aplicação do regime jurídico dos DLB:
- Direitos, liberdades e garantias (Título II).
- Direitos análogos a direitos, liberdades e garantias (art.17º) – sendo que uma parte da doutrina
entende que nem todos os direitos análogos podem beneficiar deste regime jurídico.
- Princípio da eficácia imediata dos DF = As normas que consagram DLG’s são dotadas de
um conteúdo determinável e de auto-suficiência aplicativa, pelo que o juiz pode mobilizá-las
para solucionar um caso concreto, mesmo sem lei – exequibilidade imediata dos DLG; As
normas que consagram DLG, mesmo quando não se possam considerar imediatamente
exequíveis, são comandos vinculados para o Estado, o que significa que o juiz pode declarar
a existência do direito, mesmo na ausência de lei ou, quando tal não seja possível, condenar
o Estado à prática do ato omitido e ainda à reparação dos danos causados pela omissão –
deverosidade estrita dos DLG; Os órgãos administrativos não podem suprir as omissões
legislativas, nem desaplicar as normas legais com fundamento em violação de DLG, pois
estão vinculados pelo princípio da legalidade – conflito entre o princípio da separação dos
poderes e o princípio da constitucionalidade.
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Vinculação de entidades privadas:
. State action – teoria norte-americana que amplia a proteção dos DF, “equiparando” a
atuações do Estado (e, assim, ao dever de respeitar e promover os DLG) a atuações de certas
entidades privadas.
. Tipos de limitações:
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3. Restrições legais constitucionalmente autorizadas – o legislador constituinte autorizou
expressamente o legislador ordinário a restringir o conteúdo de certos DLG ou habilitou-
o a regular a matéria, o que também pode ser interpretado como uma restrição.
4. Restrições legais tacitamente autorizadas – construção teórica do TC para admitir a
conformidade constitucional de restrições legais de DLG em que não existe um comando
constitucional expresso para a restrição (“ restrições necessárias para salvaguardar
outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos”).
5. Reserva geral imanente de ponderação – existência de uma restrição justificada em
função das exigências da vida prática.
* Têm de revestir um caráter geral e abstrato - não se admitem leis individuais restritivas de
DLG nem leis-medida restritivas de DLG.
* Não podem ter efeito retroativo - não se admitem leis restritivas de DLG com efeitos
retroativos, mas podem ser retrospetivas sempre que a proteção da confiança legítima o
permita.
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restringido a não ser que tal seja necessário para salvaguardar outro direito ou valor
considerado prevalecente, valendo aqui a aplicação do principio da proporcionalidade).
Para solucionar estes conflitos recorre-se ao princípio da concordância prática, ou seja, busca-
se otimizar cada um dos direitos em conflito, o que significa que vale assim o princípio da
proporcionalidade na “distribuição de benefícios e custos” e em certos casos, a solução
consiste na prevalência de um direito sobre o outro, valendo o critério da “prevalência do
interesse preponderante”.
- Direitos a prestações estaduais (embora também seja possível reconhecer em alguns casos
dimensões negativas ou de defesa entre os direitos sociais).
- Direito cujo conteúdo não está totalmente determinado na Constituição e que por isso
carecem de conformação político-legislativa, de acordo com opções político-ideológicas e
condições de facto para a sua efetividade.
- Direitos cujo conteúdo nuclear tem uma especial força jurídica, o que significa que estamos
perante verdadeiros direitos e não meras normas programáticas.
- Núcleo dos direitos sociais encontra o seu fundamento jurídico na ideia de dignidade da pessoa
humana.
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• Força jurídica dos direitos sociais:
- Imposição legislativa concreta das medidas necessárias para tornar exequíveis as normas
constitucionais (ex: art.63º/2 – não é uma opção, o Estado tem de instituiu um sistema de
segurança social).
- Padrão jurídico de controlo judicial de normas e de interpretação normativa (ex:
art.64º/3/a) – se a lei passar a exigir um pagamento prévio obrigatório para acesso a
tratamentos ou não reconhecer isenções para os mais carenciados será inconstitucional).
- Fundamento constitucional de restrição ou de limitação de DF, incluindo DLG. (ex: art.64º/3
– a lei pode sancionar atividades como a plantação de cannabis.)
- Força irradiante, que se traduz na tendencial resistência dos direitos derivados (direitos
legalmente positivados) a modificações legislativas que impliquem uma diminuição do grau
de realização dos direitos não fundamentada em interesse público superior. (ex: modificação
do regime jurídico que estabelece a idade de reforma).
Alguns autores sustentam a existência de um princípio do retrocesso social, mas o consenso
atual, no quadro do modelo social europeu é no sentido de aplicar a metódica do princípio da
proteção da confiança legítima para assegurar a liberdade constitutiva do legislador, com
respeito pela intangibilidade, também aqui, do núcleo concretizador do direito social.
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Justiça e Processo Constitucional
• Conceitos operatórios:
- Sistema difuso: qualquer juiz, em qualquer tribunal, pode controlar a constitucionalidade das
normas que vai aplicar. Ex: modelo norte-americano
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dúvidas quanto à conformidade de algumas normas com o art. 67º da CRP solicita a
fiscalização preventiva daquelas normas ao TC.
- Legitimidade processual: pessoa ou entidade a quem a lei reconhece o poder para estar em
juízo a realizar aquele pedido, naquele processo (distingue-se da capacidade ativa, que é
apenas a capacidade de poder estar em juízo) e no processo constitucional a legitimidade pode
ser: universal (reconhecida a qualquer pessoa que tenha um interesse direto na demanda) ou
restrita (limitada a certas entidades ou a pessoas que tenham uma determinada relação com o
processo).
- Fiscalização Ex officio: no caso de a lei prever que os órgãos de controlo poderiam realizar o
controlo de constitucionalidade por iniciativa própria.
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• Caraterização do modelo português de controlo de constitucionalidade
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• Organização e funcionamento do TC:
- A lei estabelece as regras relativas ao seu funcionamento, podendo determina-lo por
secções, salvo para efeito da fiscalização abstrata da constitucionalidade. Também
regula o recurso para o pleno do TC das decisões contraditórias das secções no
domínio de aplicação da mesma norma (art.224º).
- As decisões do TC são obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas e
prevalecem sobre as dos restantes tribunais. (art.2º LOFPTC).
- São publicadas na 1ª Série – A do Diário da República as decisões do TC que tenham
por objeto a declaração de inconstitucionalidade de uma norma, a existência de
inconstitucionalidade por omissão e a constitucionalidade das propostas de referendo.
As demais decisões são publicadas na 2ª Série do Diário da República. (art. 3º LFPTC)
- O TC funciona em sessões plenárias e por secções, havendo 3 não especializadas. Só
pode funcionar estando presente a maiorias dos respetivos membros em efetividade
de funções e as deliberações são tomadas à pluralidade de votos dos membros
presentes. Cada juiz dispõe de um voto e todos têm o direito de fazer lavrar voto de
vencido. (art.40º, 41º e 42 LFPTC).
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fundamento na violação de normas ou princípios constitucionais diversos daqueles
cuja violação foi invocada (princípio do pedido – art.51º/5 da LOFPTC). Ou seja, o
Tribunal está limitado ao objeto mas não aos fundamentos.
Admitido o pedido, o presidente notifica o órgão de que tiver emanado a norma
impugnada para, querendo, se pronunciar sobre ela no prazo de 3 dias.
Na tramitação é apresentado o memorando pelo relator, discutido e votado no
plenário e elaborado o acórdão.
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forma legal mas que transportam regras gerais e abstratas reconduzíveis a um
das situações indiciadora de normatividade.)
2. Imediação constitucional (Estamos perante uma norma para efeitos de
controlo quando ela emergir imediatamente da Constituição, não existindo
qualquer outro ato hierarquicamente superior a regular a matéria disciplinada
nessa norma senão a Constituição).
3. Heteronomia normativa (Se uma norma se impuser aos destinatários sem
que esses sejam parte no seu processo formativo, então ela é passível de ser
controlada pelo TC, exceto regras aprovadas por condomínios.)
4. Reconhecimento jurídico-político (Caso o Estado reconheça a uma norma
força vinculativa para se impor a terceiros ao seu processo formativo, como
acontece com as convenções coletivas de trabalho, através de portarias de
extensão, essa é uma norma que deve ser controlada pelo TC, mas não é uma
posição unânime.)
- O pedido de controlo pode ser apresentado a todo o tempo e é igualmente
dirigido ao Presidente do Tribunal.
- Segue-se a tramitação em que o pedido e a resposta do autor da norma são
distribuídos pelos juízes, juntamente com um memorando onde o Presidente
formula as questões de fundo a que o Tribunal deve responder. Decorridos 15
dias, o memorando é debatido e fixada a orientação do Tribunal, sendo o
processo distribuído a um relator. Finalmente, após 40 dias é apresentado o
projeto de acórdão.
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❖ Objeto do controlo/ Tipo processual:
Cabe recurso para o TC as decisões dos tribuanis que recusem a aplicação de
qualquer norma com fundamento na sua inconstitucionalidade ou que apliquem
norma cuja inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o processo.
É fiscalizada a norma que é parâmetro de decisão do letígio (controlo concreto)
mediante um recurso de inconstitucionalidade (controlo por via incidental).
Os recursos só podem ser interpostos pela parte que haja suscitado a questão da
inconstitucionalidade de modo processualmente adequado perante o tribunal
que proferiu a decisão recorrida, em termos de estar obrigada a dela reconhecer:
- A decisão recorrida já não admite recurso ordinário;
- A questão de constitucionalidade foi suscitada no processo antes da decisão
do tribunal a quo, ou seja, a inconstitucionalidade tem de ser suscitada e
decidida na decisão da qual se recorre;
- Não se recorre da decisão e sim da norma utilizada na decisão.
O recurso para o TC interpõe-se por meio de requerimento, no qual se indica
alínea do nº1 do art. 70º ao abrigo da qual o recurso é interposto e a norma cuja
inconstitucionalidade se pretende que o tribunal aprecie. Do requerimento deve
também constar a indicação da norma ou o princípio constitucional que se
considera violado, bem como da peça processual em que o recorrente suscitou a
questão de inconstitucionalidade. Nos casos das alíneas g) e h) do art. 70º
também deve ser identificada a decisão do TC que, com anterioridade, julgou
inconstitucional a norma aplicada pela decisão recorrida.
O Tribunal só pode julgar inconstitucional a norma da decisão recorrida, conforme
os casos, tenha aplicado ou a que haja recusado aplicação, mas pode fazê-lo com
fundamento na violação de normas ou princípios constitucionais diversos
daqueles cuja violação foi invocada.
Os recursos de inconstitucionalidade são sempre julgados pelas secções, podendo
haver apenas uma decisão sumária, nomeadamente quando a norma em questão
já tiver sido objeto de decisão anterior do Tribunal ou quando é manifestamente
infundada.
Por fim, a tramitação segue as regras do recurso do processo civil mas com as
devidas adaptações. Em caso de divergência entre as secções pode ainda haver
recurso para o plenário.
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- Se não – não há recurso obrigatório para o MP (é facultativo) e a questão só
chegará ao TC quando já não admitir recurso ordinário e se o MP ou a parte na
decisão quiserem interpor recurso (art. 70º/5 e 72º/1 LTC).
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As decisões e efeitos do TC:
• Efeitos das decisões que não se pronunciem pela inconstitucionalidade das normas
(art. 136º): o PR deve promulgar o diploma ou exercer o poder de veto político.
1 - Eficácia retroativa = anula os efeitos jurídicos produzidos pela norma desde que a
mesma tenha entrado em vigor (efeito constitutivo). Nos casos em que a norma seja
anterior à CRP os efeitos retroagem apenas até à data da entrada em vigor da CRP.
2 - Efeito repristinatório = reentrada em vigor das normas revogadas pela norma
agora declarada inconstitucional.
3 - Salvaguarda dos casos julgados = salvo em matéria penal, disciplinar ou de ilícito
de mera ordenação social, se o regime jurídico que resulta da declaração de
inconstitucionalidade (a norma que é repristinada) for de conteúdo favorável ao
arguido, caso em que o TC pode decidir reabrir os casos julgados, sendo que para tal
tem de haver decisão expressa do TC nesse sentido.
4 - Possibilidade de o TC limitar os efeitos das decisões = pode fazê-lo seja o efeito
retroativo ou repristinatório com fundamento em segurança jurídica, razões de
equidade ou interesse público de excecional relevo e a decisão tem de ser
expressamente fundamentada.
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✓ Efeitos das decisões na fiscalização concreta (art. 80º LOFPTC)
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