Aula 01 - Gêneros Textuais e Conceitos - CM - 6º Ano 2024

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 20

Prof.

ª Fabíola Soares

Sumário

1. Introdução ........................................................................................................................................ 3
2. O que são gêneros textuais?........................................................................................................... 4
3. O que são tipos textuais? ………………..………………..................................................……….. 5

4. Tipos textuais ……………….......……………………………………………………………........…..6


4.1 Texto narrativo .................................................................................................................... 6
4.2 Texto descritivo .................................................................................................................. 9
4.3 Dissertativo-argumentativo .............................................................................................10
4.4 Expositivo ..........................................................................................................................11
4.5 Injuntivo .............................................................................................................................11

5. Gêneros textuais (conto, romance, novela, fábula, crônica, lenda, mito, biografia)
...............................................................................................................................................................12

6. LISTA DE EXERCÍCIOS ………………………………………………............................................. 22

6.1 Exercícios ……..........................……………………………..............................................22


6.2 Gabarito ..…………………………………………………..................................................67
6.3 Exercícios comentados ……………………......……………............................................68

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ………..……………………………..................................................139


Prof. ª Fabíola Soares

1. Introdução

Olá, meus lindos!

Nesta aula, a minha proposta é apresentar os principais gêneros textuais que costumam
aparecer nas provas dos Colégios Militares. Então, iniciaremos com alguns conceitos e
exemplos de cada um e, depois, partiremos para a prática, que é a feitura dos exercícios, tudo
bem?!

Para tudo ficar mais claro e para reconhecerem o objetivo da aula, vamos relembrar o
que vem escrito em seu edital sobre essa parte?!

Sobre os gêneros textuais, o que se aponta é o seguinte:

1) Gêneros textuais e conceitos:

a) localizar informações explícitas em um texto;

b) inferir o sentido de uma palavra a partir do contexto em que foi empregada;

c) inferir o sentido de uma expressão a partir do contexto em que foi empregada;

d) inferir uma informação implícita em um texto; e

e) identificar os elementos de um texto (narrador/foco narrativo).

Em outras palavras, quem fará sua prova quer que você entenda e interprete as
informações presentes nos textos que podem vir por meio de palavras e/ou imagens. E, na
maioria das vezes, esses textos serão do tipo narrativo.

Vamos lá?!
Prof. ª Fabíola Soares

2. O que são gêneros textuais?

Ao nos depararmos com um texto que se inicia com “Querido amigo, lhe escrevo para
que possa diminuir a distância entre nós e a saudade que estou sentindo...”, sabemos que se
trata de um bilhete ou de uma carta pessoal. Se o texto se iniciar com “Prezados Senhores,
vendo por meio desta...”, sabemos que se trata de uma correspondência formal. Se você se
colocar na situação de remetente (quem envia a carta), saberá como iniciar, pois todos nós
temos um “modelo de carta” na mente; isso é tão marcante que uma pessoa não alfabetizada
tem interiorizado esse “modelo” e, se tiver de ditar uma carta para que outra pessoa escreva,
saberá o que precisa ser dito e como deve ser dito. Não sei se já viu o filme brasileiro “Central
do Brasil”, que conta a história de uma professora aposentada que vive de escrever cartas
ditadas por pessoas não alfabetizadas; esse filme exemplifica muito bem essa situação.

Mas vamos continuar a nossa ideia inicial. Ao nos depararmos, por exemplo, com um
texto que se inicia com “Alô? Quem fala?”, sabemos que se trata de uma conversa telefônica.
O mesmo ocorre ao lermos uma bula de remédio, as instruções de uso de um produto
qualquer, um horóscopo, um cardápio de restaurante, etc.

Isso tudo mostra a importância de compreendermos que os textos desempenham


papel fundamental em nossa vida social, já que estamos nos comunicando o tempo todo. No
processo comunicativo, os textos têm uma função e cada esfera de utilização da língua, cada
campo de atividade, elabora determinados tipos de textos que são estáveis, ou seja, se
repetem tanto no assunto, como na função, no estilo, na forma. É isso que nos permite
reconhecer um texto como carta, ou bula de remédio, ou poesia, ou notícia jornalística, por
exemplo.

O que é falado, a maneira como é falado e a forma que é dada ao texto


são características diretamente ligadas ao gênero. Como as situações de
comunicação em nossa vida social são inúmeras, inúmeros são os gêneros
textuais: bilhete, carta pessoal, carta comercial, telefonema, notícia
jornalística, editorial de jornais e revistas, horóscopo, receita culinária,
texto didático, ata de reunião, cardápio, palestra, resenha crítica, bula de
remédio, instruções de uso, e-mail, aula expositiva, piada, romance, conto,
crônica, poesia, verbete de enciclopédias, dicionários, etc.

Identificar o gênero textual é um dos primeiros passos para uma competente leitura de
texto. Pense em uma situação bem comum: um colega se aproxima e começa a contar algo
que, em determinado momento, passa a soar esquisito, até que um dos ouvintes indaga “É
piada ou você está falando sério?”. Observe que o interlocutor quer confirmar o gênero
textual, uma vez que, dependendo do gênero, temos um ou outro entendimento.
Prof. ª Fabíola Soares

3. O que são tipos textuais?

Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se constituem de


sequências com determinadas características linguísticas, como classe gramatical
predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais,
relações lógicas. Assim, dependendo dessas características, temos os diferentes tipos
textuais.

Como já vimos, os gêneros textuais são inúmeros, dependendo da função de cada texto
e das diferentes situações comunicacionais. O mesmo NÃO acontece com os tipos textuais,
que são poucos:

Narrativo;

Descritivo;

Argumentativo (ou dissertativo argumentativo);

Expositivo (ou dissertativo expositivo);

Injuntivo ou instrucional.

Resumindo...

Quando analisamos e entendemos a que tipologia ou gênero pertence um


texto, conseguimos entender elementos linguísticos essenciais à compreensão do
texto. Cada tipologia e gênero apresentam características próprias que, se
conhecidas, já constroem uma relação de significados e de construções.
Prof. ª Fabíola Soares

Caminho para a interpretação de texto


Antes de apresentar um pequeno caminho para auxiliar na interpretação do
texto, é importante destacar que não existe fórmula para essa relação. Aqui, faço um
caminho com o objetivo de direcionar a sua leitura para a compreensão e
interpretação dos textos. Vamos lá!

4. Tipos textuais

4.1 Texto narrativo

Narrativo: A característica determinante do tipo textual é a narração, isto é, ele tem


como objetivo contar uma história, a qual pode ser ficcional (inventada) ou não (real). Outra
característica determinante desse tipo textual é que ele normalmente vai apresentar um lugar
e um tempo determinados. Assim, nesse lugar e tempo há os personagens da história.

É muito importante que você saiba que esse é o tipo textual mais
cobrado em sua prova e os gêneros textuais que se apropriam dessa
estrutura narrativa também. Alguns deles são: contos, crônicas, fábulas,
romance, biografias, entre outros.

Sendo assim, o tipo textual narrativo apresenta elementos como narrador, espaço
(lugar), tempo, personagens e enredo com a finalidade de narrar algum acontecimento ou
contar uma história, podendo essa história ser verdadeira ou não.
Prof. ª Fabíola Soares

Como exemplo de um texto narrativo, verifique uma narrativa de aventura de Ruth


Rocha.
A COISA
A casa do avô de Alvinho era uma dessas casas antigas, grandes, que têm dois andares
e mais um velho porão, onde a família guarda tudo que ninguém sabe bem se quer ou não
quer.
Um dia Alvinho resolveu ir lá embaixo procurar uns patins que ele não sabia onde é que
estavam. Pegou uma lanterna, porque as lâmpadas do porão estavam queimadas, e foi
descendo as escadas com cuidado.
No que foi, voltou aos berros:
– Fantasma! Uma coisa horrível! Um monstro de cabelo vermelho e uma luz medonha
saindo da barriga.
Ninguém acreditou, está claro! Onde é que já se viu monstro com luz saindo da barriga?
Nem em filme de guerra nas estrelas!
Então o vovô foi ver o que havia. E voltou correndo, como o Alvinho. – A Coisa! - ele
gritava.
– A Coisa! É pavorosa! Muito alta, com os olhos brilhantes, como se fossem de vidro! E
na cabeça uns tufos espetados pra todos os lados!
Nessa altura a família toda começou a acreditar. E tio Gumercindo resolveu investigar.
E voltou, como os outros, correndo e gritando:
– A Coisa! É uma Coisa! Com uma cabeça muito grande, um fogo na boca. É muito
horrorosa!
O Alvinho já estava roendo as unhas de tanto medo. Dona Julinha, a avó de Alvinho,
era a única que não estava impressionada.
– Deixa de bobagem, Alvinho. Pra que este medo? Fantasmas não existem!
– Mas o meu existe! – disse Alvinho.
– Tá bem, tá bem, eu vou – disse Dona Julinha. Eu vou ver o que há...
E Dona Julinha foi tirar a limpo o que estava acontecendo. Foi descendo as escadas
devagar, abrindo as janelas que encontrava.
A família veio toda atrás, assustada, morrendo de medo do monstro, fantasma, alma
penada, fosse ele o que fosse. Até que chegaram lá embaixo e Dona Julinha abriu a última
janela.
Então todos começaram a rir, muito envergonhados.

A Coisa era... um espelho!


Dona Julinha tinha levado o espelho para baixo e tinha coberto com um lençol (Dona
Julinha não tinha medo de fantasmas, mas tinha medo de raios...).
Um dia o lençol desprendeu e caiu e se transformou na... Coisa...
Cada um que descia as escadas, no escuro, via uma coisa diferente no espelho. E todos
eles pensavam que tinham visto... a Coisa.
Prof. ª Fabíola Soares

A Coisa eram eles mesmos!


Não ria, não! Você já reparou como um espelho no escuro é esquisito?
Texto retirado do livro “As Aventuras de Alvinho”, Ruth Rocha, ed. Melhoramentos.

• As principais características do tipo narrativo são:


Texto apresentado em prosa (texto em parágrafos) ou versos (poemas);
Existência de personagens (no texto, havia Alvinho, o avô, a avó Julinha);
Narrador na 1ª pessoa (narrador personagem) ou 3ª pessoa (narrador observador);
Enredo (história) apresentando uma sucessão de fatos para chegar a um clímax (ponto auge
da história);
Existência de tempo cronológico (isto é, os acontecimentos são marcados pelas horas, dias e
anos) ou tempo psicológico (ou seja, pelas lembranças das personagens).
Prof. ª Fabíola Soares

• Narrador ou foco narrativo

https://editoraviseu.com

4.2 Texto Descritivo


O tipo descritivo tem como objetivo descrever coisas, pessoas ou situações.

Os gêneros que utilizam desse tipo textual são: cardápio, guia de viagem,
laudo, relatório, entre outros.

Desse modo, os textos descritivos buscam realizar uma descrição objetiva ou subjetiva.
Assim sendo, nesse tipo de texto há predominantemente o tempo presente e o pretérito
imperfeito. Além disso, nesse tipo textual há frases nominais (frases sem verbos) e verbos de
ligação. Vejamos um exemplo de texto descritivo.
O texto a seguir é o início do conto “Uma história de Natal”, do escritor inglês Charles
Dickens.
“Ah! Mas esse Scrooge era um mão-fechada, se era! Um velho avarento, mesquinho,
sovina somítico, unha de fome, pão-duro. Um coração de pedra, de onde jamais saíra uma
faísca generosa. Secreto e trancadão, fechado e solitário como uma ostra. O frio dentro dele
gelava suas feições velhas, afilava seu nariz pontudo, chupava seu rosto, endurecia seu andar,
avermelhava seus olhos, azulava seus lábios finos e falava agudo em sua voz rascante. Havia
uma moldura de gelo em sua cabeça, em suas sobrancelhas, em seu queixo de fios espetados.
Para onde ia, levava sua temperatura glacial. Gelava o escritório nos dias de calor. E não
derretia nem um grau na época de Natal.”
Prof. ª Fabíola Soares

Características mais importantes do texto descritivo:


É um texto que apresenta adjetivos ou expressões qualificativas;
Apresenta uma descrição objetiva ou subjetiva (no caso do texto de exemplo);
Tem uma linguagem temporal estática;
Existem muitos verbos de ligação, aqueles que não apresentam ação.

4.3 Dissertativo-argumentativo
Argumentativo: a característica determinante de um texto dissertativo-argumentativo é
ser um texto opinativo. Dessa forma, as ideias do texto são desenvolvidas por intermédio de
estratégias argumentativas que possuem como finalidade convencer o leitor.

Os gêneros do texto dissertativo-argumentativo são: ensaio, carta-


argumentativa, dissertação-argumentativa, editorial, entre outros.

Assim, o texto dissertativo-argumentativo trata de um texto de opinião, ou seja, as suas


ideias são colocadas para convencer o leitor a respeito de um assunto específico. Por isso, o
texto deve ser preferencialmente escrito na 3° pessoa.
As características mais importantes da Dissertação-argumentativa são:
Linguagem clara, objetiva e que convença;
Geralmente apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução há a presença
da tese (a opinião do autor sobre algum tema); no desenvolvimento, são apresentados os
argumentos (informações para convencer o leitor) e, na conclusão, é apresentada uma solução
ou sugestão;
Os verbos normalmente se apresentam na 1ª ou na 3ª pessoa, dependendo do gênero textual;
Os verbos geralmente se apresentam no presente do indicativo e no futuro do presente.
Prof. ª Fabíola Soares

4.4 Expositivo
O tipo textual expositivo tem a finalidade de apresentar informações sobre um objeto
ou fato específico, apresentando as suas características por intermédio de uma linguagem
concisa e clara.

Os gêneros que pertencem ao tipo expositivo são: reportagem,


seminário, resumo, artigo científico, fichamento, entre outros.

As principais características da dissertação-expositiva:


– É um tipo não persuasivo (não tem a intenção de convencer ninguém);
– Tem a função informativa ou explicativa;
– O seu texto é estruturado com: introdução, desenvolvimento e conclusão;
– Apresenta muitos verbos na terceira pessoa e no presente;
– Tem uma linguagem concisa, objetiva, clara e imparcial.

4.5 Injunção
O tipo textual conhecido por injuntivo apresenta como finalidade a instrução do
interlocutor, por meio de verbos no imperativo para atingir sua finalidade.

Os gêneros que são escritos através da estrutura injuntiva são: manual de


instruções, receitas culinárias, editais, bulas, regulamentos, entre outros.

Características mais importantes do tipo textual injuntivo:


Apresenta frases objetivas e curtas;
As informações são colocadas em uma ordem determinada;
Existem muitos verbos no imperativo;
Muitos pronomes e verbos de 2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural.
Prof. ª Fabíola Soares

5. Gêneros textuais

Como já vimos, são muitos os gêneros textuais, por isso, vou apresentar alguns dos gêneros
verbais narrativos mais recorrentes em sua prova.
Mas, antes disso, atenção! Esses textos apresentarão uma estrutura semelhante.

Estrutura da narrativa

Apresentação - também chamada de introdução, nessa parte inicial o autor do texto


apresenta os personagens, o local e o tempo em que se desenvolverá a trama.
Desenvolvimento - aqui grande parte da história é desenvolvida com foco nas ações dos
personagens.
Clímax - parte do desenvolvimento da história, o clímax designa o momento mais
emocionante da narrativa.
Desfecho - também chamada de conclusão, ele é determinado pela parte final da narrativa,
onde a partir dos acontecimentos, os conflitos vão sendo desenvolvidos.

❖ Conto

O conto é um gênero de narrativa curta e tem sua origem na necessidade humana de


contar e ouvir histórias. Passa por narrativas orais de povos antigos, trilhando pelos gregos e
romanos, pelas lendas orientais, parábolas bíblicas, novelas medievais, até chegar a nós como
é conhecido hoje.
O conto sofreu diversas transformações ao longo da história, originando tipos, como:
Conto de ficção científica: caracterizado por possuir elementos que não fazem parte de uma
realidade comum. Seu enredo é construído com base em percepções científicas e
tecnológicas.
Conto infantil juvenil: narrativa destinada a crianças e adolescentes. Possui linguagem mais
simples e elementos que fazem parte do mundo do seu público-alvo.
Conto fantástico: construído com personagens e narrativas impossíveis na realidade, é
inspirado em narrativas clássicas, como Odisseia, de Homero.
Conto de fadas: caracterizado por iniciar com a expressão “Era uma vez...” e apresentar
alguma maldade feita por alguém, costuma ter desfecho favorável aos personagens, podendo
ou não ter interferência de seres encantados (fadas, bruxas, duendes).
Prof. ª Fabíola Soares

Veja um exemplo de conto:

A moça tecelã - Marina Colasanti

A moça tecelã conta a história de uma menina que passava os seus dias tecendo e tudo o que tecia ganhava
vida - o sol, as nuvens, a chuva. Se lhe dava fome, tecia um peixe e logo havia um peixe em sua mesa, se tecia
leite, o leite aparecia.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos
fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia
um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha
cumprimentá-la à janela.
Tudo o que a moça fazia era tecer, mas um dia sentiu-se sozinha e teceu um marido. Ao terminar de tecê-lo, o
homem abriu a porta de sua casa e entrou. A moça pensava no que mais teceria para sentir-se ainda mais feliz
e teceu os filhos.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu.
Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que
ele poderia lhe dar.
O homem, então, passou a exigir que a moça trabalhasse para comprar uma casa maior e então um palácio. A
moça passou a tecer para oferecer ao marido os luxos que desejava. Sentiu-se triste e pensou em como seria
bom estar sozinha novamente.
Em uma noite, esperou o marido dormir, levantou-se e foi até seu tear. Começou a desfazer os palácios, as
carruagens e tudo o que havia nele.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em
volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus
pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito
aprumado, o emplumado chapéu.

❖ Romance
Os romances são narrativas longas, cheias de desdobramentos da vida de cada
personagem que, ao final, irão se entrelaçar.
É oriundo dos contos épicos e revela ações em conjunto com a distribuição de
personagens ao longo da trama. Entre as características marcantes desse gênero está a
proximidade com a realidade.
A obra Dom Quixote, do espanhol Miguel Cervantes, é apontada como precursora do
romance moderno.
No Brasil, os principais autores são Machado de Assis, Jorge Amado e Graciliano Ramos.
Prof. ª Fabíola Soares

Os romances podem ser do tipo:


✓ Romance Histórico
O romance histórico destaca vida e costumes em determinada época e lugar na história.
Está entre os que mais utiliza a união entre ficção e realidade.
✓ Romance Romântico
O romance romântico é caracterizado pelo idealismo, heroísmo, amor a alguém ou à
pátria. Há constância na luta entre o bem e o mal nesta narrativa.
O amor romântico é bastante explorado e, em geral, o desfecho está no final feliz após a
saga dos personagens principais.
Também explora a idealização do homem herói e cavalheiro e da mulher romântica, em
geral, submissa à espera de um provedor.
✓ Romance Realista
A principal característica do romance realista é a crítica social e às instituições, sejam elas
políticas, religiosas ou familiares.

Existem outros tipos, mas para o nosso estudo, esses já estão de bom tamanho, tá bom?!

❖ Novela

A Novela é um gênero literário do tipo narrativo, caracterizado por ser breve. Ainda assim,
ela apresenta mais personagens que o conto e é menor que um romance, por isso, é
intermediário entre esses dois. Para entender mesmo o que são novelas, você ainda precisa
saber diferenciá-la das telenovelas, ver exemplos e conhecer sua origem.
A palavra “novela” veio do italiano e significa “notícia e narração de um acontecimento”,
seja real ou imaginário. Portanto, fica fácil entender que a novela é um dos gêneros literários
que se enquadra no gênero narrativo e é de duração mais breve.
Mas e a novela da TV?
Na realidade, as coisas que passam na TV são filmes, séries ou Telenovelas. Acontece
que, no Brasil, nós abreviamos a palavra e cortamos o “tele”. Mas não confunda! A novela
mesmo, que estamos aprendendo agora, é um gênero literário.
E como temos certeza disso? É porque ela possui os elementos típicos de uma narração, como
já vimos: o narrador ou foco narrativo, personagens, conflito, tempo, espaço e enredo.

As principais características da novela são:


Enredo: Diferentemente do que acontece com o Romance, cuja extensão é maior e tem um
ritmo mais lento, a Novela segue um ritmo mais acelerado. As ações dos personagens são
Prof. ª Fabíola Soares

essenciais para a narrativa, por isso a novela tornou-se um texto que pode ser facilmente
adaptado para a TV ou rádio.
Pluralidade dramática: Ao contrário do que acontece com o conto, a novela desenvolve mais
de um enredo ao longo da narrativa.
Personagens: Não há limite de personagens e, ao longo da trama, novos podem surgir, assim
como outros podem ser retirados.
Sucessividade: O enredo é desenvolvido de maneira sequencial, embora essa sequência
possa ser alterada ao longo da narrativa.
Tempo: Na novela, o tempo é histórico, ou seja, determinado pelo calendário e pelo relógio.
Espaço: há pluralidade dramática, pois as ações dos personagens são responsáveis por
deslocá-los para diferentes ambientes na narrativa.

Como as Novelas surgiram há muitos anos e os seres humanos têm necessidade de


expressar os seus contextos, elas também foram ganhando novas temáticas. De acordo com
cada tema abordado, as Novelas podem ser divididas em subtipos:
1. Novelas sentimentais
Surgidas no século XVI, aborda o amor cortês e o desenrola em ocasiões de desejo e
morte. Apresenta personagens humorísticos e malandros, que apesar de muito antigos,
influenciaram produções atuais.
Exemplo disso é Memórias de um sargento de milícias (1852-53), de Manuel Antônio
de Almeida, que apresenta traços semelhantes a essa construção.
2. Novelas históricas
Nos tempos do Romantismo, entre os séculos XVIII e XIX, a novela tornou-se um dos
entretenimentos mais caros à Burguesia, por oferecer-lhe alimento à imaginação e preencher
as prolongadas horas de ócio.
É um estilo de narrativa ambientada em algum momento histórico, antigo ou recente,
com a presença de personalidades do passado. É o tipo de leitura que diverte mas também
acrescenta. James Fenimore Cooper, autor de O último dos moicanos (1826), é tido como o
precursor desse subgênero.
3. Novela policial ou de mistério
O século XIX trouxe também a novela policial ou de mistério. O protagonista dessa
temática foi o de Edgar Allan Poe que, depois de escrever muitos Contos, arriscou-se nas
novelas como Os assassinatos da Rua Morgue, de 1841.

❖ Fábula

As fábulas são narrativas curtas seguidas de uma moral. Em geral, são protagonizadas por
animais inteligentes e falantes que nos ensinam como nos devemos comportar em diferentes
situações ao longo da vida.
Grande parte das fábulas que conhecemos hoje foram escritas pelo grego Esopo, há dois
mil anos.
Prof. ª Fabíola Soares

La Fontaine está entre os principais autores do gênero e, no Brasil, o nome de maior


destaque é Monteiro Lobato.
Vejam dois exemplos de fábula com a moral da história:

A cigarra e a formiga

Havia uma cigarra que passou todo o verão a cantar, aproveitando os agradáveis fins de tarde
e curtindo o tempo de forma despreocupada.
Mas quando chegou o gelado inverno, a cigarra já não estava alegre, pois estava faminta e
tremendo de frio.
Assim, foi pedir ajuda à formiga, que havia trabalhado muito no verão. Pediu que a colega lhe
desse alimento e abrigo. Ao que a formiga perguntou:
O que você fez durante todo o verão?
— Estive a cantar - respondeu a cigarra.
E a formiga lhe deu uma resposta grosseira:
— Pois então, agora dance!

Moral da história

Essa é uma das fábulas em que a moral pode ser comparada a um ditado popular, no
caso: “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Aqui, percebemos a importância do planejamento
e do trabalho.
A formiga, por trabalhar incansavelmente durante o verão, conseguiu poupar recursos para
a chegada do inverno. Já a cigarra, que passou muito tempo a cantar, não se preparou para
momentos de escassez e padeceu no inverno.
Prof. ª Fabíola Soares

O coelho e a tartaruga

Era uma vez uma tartaruga e um coelho que viviam na floresta. O coelho era muito rápido e,
sempre que podia, zombava da tartaruga, dizendo que ela era lerda demais.
A tartaruga um belo dia se cansou das "brincadeiras" e desafiou o coelho para uma corrida.
O coelho achou graça e aceitou o desafio.
Assim, os dois partiram para a disputa. A tartaruga andava determinada com passos lentos,
enquanto o coelho corria veloz.
Percebendo estar bem à frente da tartaruga, o coelho resolveu parar para dar um cochilo.
Quando acordou viu a tartaruga quase na linha de chegada e tentou alcançá-la, mas não
conseguiu.
Assim, a lenta tartaruga venceu a corrida com o rápido coelho.
Moral da história
Não subestime a capacidade dos outros. Devagar se vai longe.
Por conta de sua arrogância e comportamento de superioridade, o coelho acabou se
dando mal.

❖ Crônica
A crônica é um gênero textual curto escrito em parágrafos, geralmente produzido para
meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc. Além de ser um texto curto, possui
uma "vida curta", ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos simples do nosso dia a dia.

A palavra “crônica”, do latim chronica, refere-se a um registro de eventos


marcados pelo tempo cronológico. Do grego khronos, significa “tempo”.
Portanto, as crônicas estão extremamente conectadas ao contexto em que são
produzidas, por isso, com o passar do tempo, elas perdem sua “validade”, ou seja,
ficam fora do contexto.
Prof. ª Fabíola Soares

As principais características das crônicas são:


narrativa curta;
uso de uma linguagem simples e informal;
presença de poucos personagens, se houver;
espaço reduzido;
temas relacionados a acontecimentos cotidianos.

Tipos de crônicas

Crônica Jornalística: mais comum das crônicas da atualidade são as crônicas chamadas de
“crônicas jornalísticas” produzidas para os meios de comunicação, onde utilizam temas da
atualidade para fazerem reflexões. Aproxima-se da crônica dissertativa.
Crônica Histórica: marcada por relatar fatos ou acontecimentos históricos, com personagens,
tempo e espaço definidos. Aproxima-se da crônica narrativa.
Crônica Humorística: Esse tipo de crônica apela para o humor como forma de entreter o
público, ao mesmo tempo que utiliza da ironia e do humor como ferramenta essencial para
criticar alguns aspectos seja da sociedade, política, cultura, economia, etc.
Importante destacar que muitas crônicas podem ser formadas por dois ou mais tipos, por
exemplo: uma crônica jornalística e humorística.
Vejamos um exemplo de crônica:

Conversinha mineira, Fernando Sabino

—É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?


— Sei dizer não senhor: não tomo café.
— Você é dono do café, não sabe dizer?
— Ninguém tem reclamado dele não senhor.
— Então me dá café com leite, pão e manteiga.
— Café com leite só se for sem leite.
— Não tem leite?
— Hoje, não senhor.
— Por que hoje não?
— Porque hoje o leiteiro não veio.
— Ontem ele veio?
— Ontem não.
— Quando é que ele vem?
— Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em
geral não vem.
— Mas ali fora está escrito “Leiteria”!
— Ah, isso está, sim senhor.
— Quando é que tem leite?
— Quando o leiteiro vem.
Prof. ª Fabíola Soares

— Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?


— O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?
— Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que
vai indo a política aqui na sua cidade?
— Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
— E há quanto tempo o senhor mora aqui?
— Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso a garantir com certeza: um pouco mais, um
pouco menos.
— Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
— Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
— Para que Partido? — Para todos os Partidos, parece.
— Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
— Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida...
— E o Prefeito?
— Que é que tem o Prefeito?
— Que tal o Prefeito daqui?
— O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
— Que é que falam dele?
— Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.
— Você, certamente, já tem candidato.
— Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
— Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?
— Aonde, ali? Ué, gente: penduraram isso aí...

Fernando Sabino (1923 — 2004), escritor e jornalista nascido em Belo Horizonte, faz uma
viagem bem-humorada às suas origens na crônica "Conversinha mineira".
O texto publicado na obra A Mulher do Vizinho (1962) utiliza um registro de linguagem
bastante próximo da oralidade, reproduzindo uma conversa banal.
Aquilo que chama a atenção no diálogo são as respostas estranhas do dono do
estabelecimento que parece não ter consciência daquilo que o rodeia.
Além de não se interessar pelo próprio negócio, se desviando das várias questões colocadas,
ele também não se importa com a situação política do local e prefere não tomar uma posição.

❖ Lenda

Lenda é uma narrativa transmitida oralmente pelas pessoas, visando explicar


acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais, misturando fatos reais, com imaginários ou
fantasiosos, e que vão se modificando através do imaginário popular.
Conforme vão se popularizando, as lendas tendem a ser reproduzidas e registradas em
forma de contos e histórias escritas, principalmente em livros.
Etimologicamente, a palavra lenda vem do latim medieval que quer dizer “aquilo que deve
ser lido”.
Prof. ª Fabíola Soares

Inicialmente, as lendas contavam histórias de santos, mas estes conceitos foram se


transformando em histórias que falam da cultura de um povo e de suas tradições.
As lendas tentam fornecer explicações para todos os acontecimentos e situações, inclusive
para coisas que não apresentam explicação científica comprovada, como por exemplo os
supostos fenômenos sobrenaturais.
A lenda pode ser explicada como uma degeneração do mito, porque como são repassadas
oralmente de geração a geração, vão com o passar do tempo sendo alteradas.
Alguns exemplos de lendas:
Lendas folclóricas

O Brasil é um país riquíssimo de cultura popular e, uma das características que ajuda a
reconhecer este título, é justamente a grande quantidade de lendas folclóricas.
De Norte a Sul, cada região brasileira tem as suas lendas próprias, como a lenda do
Saci-Pererê, lenda do Curupira, lenda da Iara, lenda da Caipora, lenda da Mula-sem-
Cabeça, do Boto cor-de-rosa, e muitos outros.

Lenda urbana

A principal característica das lendas urbanas é a sua contemporaneidade, ou seja,


estão relacionadas com acontecimentos atuais ou modernos.
Por norma, as lendas urbanas têm um caráter sensacionalista ou conspiratório, com
a intenção de, assim como as lendas clássicas, encontrar respostas para qualquer tipo de
informação e acontecimento que não tenha uma explicação científica.
Entre algumas das lendas urbanas que chamaram mais atenção no Brasil, destaca-se: a
lenda do Chupa-Cabra, da Loira do Banheiro, do Homem do Saco e a lenda do Boneco
do Fofão, por exemplo.
Frequentemente as lendas urbanas são criadas com o objetivo de assustar e causar medo nas
pessoas.

❖ Mito
Mitos são narrativas utilizadas pelos povos gregos antigos para explicar fatos da realidade
e fenômenos da natureza, as origens do mundo e dos seres humanos. Os mitos se utilizam de
muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Esses componentes são
interligados com fatos, características humanas e pessoas que realmente existiram.
O objetivo principal do mito era transmitir conhecimento e explicar tudo aquilo que era
importante na vida das pessoas.
O conhecimento mítico era transmitido através de rituais, danças, sacrifícios e orações, mas
principalmente pela figura do rapsodo. Acompanhados de um instrumento musical, a lira,
esses poetas declamavam as narrativas míticas, entretinham e educavam as pessoas.
Um mito também pode ter a função de manifestar alguma ideia de forma clara ou de dar
explicações e tornar o mundo conhecido para as pessoas.
Prof. ª Fabíola Soares

Mito nem sempre é utilizado no seu sentido original, também é usado em referência às
crenças comuns que não têm fundamento objetivo ou científico. Porém, acontecimentos
históricos podem se transformar em mitos, se tiver uma simbologia muito importante para uma
determinada cultura.
Os mitos têm caráter simbólico e didático, explicam a origem dos seres humanos através
da união de fatos históricos com personagens sobrenaturais e histórias sagradas.
Um mito não é um conto de fadas ou uma lenda, mas a própria verdade para aqueles que
compartilham desse tipo de conhecimento.
A mitologia é o estudo do mito, das suas origens e significados. Alguns dos mitos mais
conhecidos fazem parte da mitologia grega, que exprime a maneira de pensar, conhecer e
falar da cultura grega. Alguns exemplos da mitologia grega são os deuses do Olimpo, os
Titãs, e outras figuras mitológicas como minotauros e centauros.

❖ Biografia
A biografia é um tipo de texto que conta a história da vida de alguém. Ela é escrita na
terceira pessoa, ou seja, por um narrador que não participa dos fatos contados.
Os fatos seguem a ordem dos acontecimentos durante as fases da vida de alguém, que
pode ser uma pessoa ou personagem.

A palavra biografia é composta pelos termos de origem grega bio (que


significa vida) e grafia (que significa escrita).

Características da biografia:
Narração da história da vida de uma pessoa ou personagem;
Escrita em terceira pessoa;
Sequência cronológica dos fatos;
Utilização de marcadores temporais (na infância, na adolescência, naquela época, etc.);
predomínio de verbos no pretérito perfeito (foi) e imperfeito (era).
Exemplo de biografia:
Biografia de Clarice Lispector
Haya Pinkhasovna Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920 na cidade
ucraniana de Tchetchelnik.
Descendente de judeus, seus pais, Pinkhas Lispector e Mania Krimgold Lispector,
passaram os primeiros momentos de vida de Clarice fugindo da perseguição aos judeus.

Você também pode gostar