Leg762 Empreendedorismo - Unidade Iii
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INICIAR
Introdução
Empreender envolve riscos e incertezas. Isso, mesmo com toda a evolução no
conhecimento sobre o que é empreendedorismo e a criação de cursos de capacitação
para empreender, o que representa uma melhoria significativa em relação ao início da
década de 1980, quando não existiam cursos no Brasil e nem mesmo livros brasileiros
sobre o assunto.
Ainda assim, muitas pessoas decidem iniciar seu próprio negócio, seja por vocação ou
necessidade, e essa decisão pode ocorrer por uma série de fatores externos, ambientais
ou sociais, por conta das aptidões e habilidades individuais, ou, então, devido a um
pouco de cada um desses elementos (DORNELAS, 2017).
Somado a esses fatores, existe também uma ideia inicial do empreendedor potencial, a
ideia de um produto, de um serviço ou de um tipo de mercado que combina com os
fatores descritos acima. Mas como que o empreendedor tem uma ideia para um
negócio? Ou ainda, talvez mais importante, como saber se a ideia tem potencial para
virar um negócio de sucesso?
Depois da ideia, ou da visão do que pode ser o seu futuro negócio, qual o primeiro
passo para empreender? A ideia é o fato gerador de um negócio, certo? Mas uma boa
ideia em si não é suficiente para que haja o empreendedorismo. Então, como
transformar a ideia, o sonho ou a visão numa realidade? Que tipo de apoio existe para
superar as dificuldades e fazer com que o negócio sobreviva?
Neste capítulo, você vai descobrir como utilizar a criatividade para transformar uma
ideia numa oportunidade de negócio e como funciona o processo do empreendedor
para fazer com que o negócio se torne realidade. Além disso, irá conhecer os principais
instrumentos de apoio ao empreendedorismo.
Vamos à leitura? Bons estudos!
3.1 Criatividade para solução de
problemas
As pessoas que pensam em ter um negócio vão criando, em suas cabeças, ideias de
produtos com base em suas experiências. Essas ideias, inicialmente, estão num estado
bruto, como um sonho, algo ainda não muito bem definido. O empreendedor nascente
vai, aos poucos, alterando a ideia inicial, moldando, reunindo novas características,
mudando elementos, descobrindo e inventando. Contudo, é necessário que este pré-
empreendedor consiga distinguir entre ideia de oportunidade, o que vamos trabalhar
neste tópico.
As ideias não surgem do nada. A criatividade gera novas ideias por combinar os
conhecimentos existentes de uma nova maneira, podendo resultar de um rompimento
do pensamento, tirar algo de seu contexto e aplicar a uma nova situação, por exemplo.
Inovações radicais são aquelas que criam conceitos completamente novos que podem
transformar a indústria, são mais raros e envolvem maiores riscos. Qualquer inovação
de sucesso necessita dos seguintes ingredientes: ter foco no cliente, ter bom design e
funcionar efetivamente, e fornecer os benefícios que o consumidor deseja (RAE, 2007).
Pesquisas sobre empreendedorismo indicam que quanto mais experiente for uma
pessoa, maior é a chance de identificar novas oportunidades e explorá-las. Isso ocorre
porque o sistema cognitivo da memória, associado com a experiência, armazena e
depois utiliza uma gama de informações para criar ou reconhecer algo novo. Porém, a
memória e experiência são apenas uma parcela desse quadro. É necessário também ser
capaz de interpretar as novas informações e integrar com as informações já existentes
na memória (BARON; SHANE, 2007).
A criatividade é algo que pode e deve ser desenvolvida pelo empreendedor. O
pensamento criativo é resultado da combinação e expansão de conceitos e do
raciocínio por analogia. Os empreendedores precisam combinar de forma equilibrada a
inteligência analítica, prática, criativa e social para serem bem sucedidos. Existem
diversas abordagens, com passos concretos, que possibilitam o aumento da
criatividade que, consequentemente, resulta numa melhoria da capacidade de formular
novas ideias e ter negócios bem-sucedidos.
Depois dos processos de geração de ideias e da criatividade, é necessário reconhecer as
oportunidades. De acordo com Rae (2007), existem os seguintes tipos de
oportunidades:
Baron e Shane (2007) consideram que o componente mais importante para reconhecer
uma oportunidade é a informação, tanto em relação ao maior acesso à informação
quanto ao melhor uso das ferramentas disponíveis. Veja na figura a seguir, a
importância do maior acesso à informação e a habilidade de usá-la para o
reconhecimento de oportunidades.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Figura 2 - O papel central da informação, em termos de acesso e habilidade de uso, no reconhecimento das
oportunidades. Fonte: BARON; SHANE, 2007, p. 81.
3.2 Effectuation
Para se trabalhar de maneira sistemática a ideia, ou melhor, a oportunidade de um novo
negócio, a ferramenta mais utilizada é o Plano de Negócio (Business Plan). Para Patrício
e Candido (2016, p. 37), o Plano de Negócio trata-se de “uma forma atual de
planejamento empresarial que ganhou notoriedade a partir do desenvolvimento dos
conceitos de empreendedorismo e da melhoria na compreensão dos benefícios da
atividade empreendedora no desenvolvimento sustentável de sociedades, economias e
países”.
Na visão de Dornelas (2017, p. 89), “quando se fala em empreendedorismo, remete-se
naturalmente ao termo plano de negócios (...) [que] é parte fundamental do processo
empreendedor”. Contudo, Sarasvathy (2001) apresenta uma alternativa a este modelo
tradicional de empreendedorismo que denominado de Effectuation, assunto do nosso
próximo item de estudo.
VOCÊ O CONHECE?
Saras Sarasvathy é professora da Universidade de Virgínia Darden School of Business e autora do livro
“Effectuation: Elements of Entrepreneurial Expertise” (sem versão em português). Indiana radicada nos Estados
Unidos, ela é considerada uma das principais educadoras de empreendedorismo do mundo (SIMÕES, 2010).
Este método tradicional, que a autora denominou de Causation, é “o processo que pega
um determinado efeito como objetivo e foca em selecionar entre os meios para criar
este efeito”. Já Effectuation “é o processo de pegar uma série de meios e focar em
selecionar os possíveis efeitos que podem ser criados a partir deste conjunto de meios”
(SARASVATHY, 2001, p. 245). A autora procura explicar a diferença entre as duas
abordagens com o exemplo de um chefe de cozinha que tem que preparar um jantar.
Existem duas formas para organizar essa tarefa. Uma seria o cliente escolher o que
deseja comer a partir de um cardápio, o chefe lista os ingredientes que vai usar, vai ao
mercado comprá-los e, assim, prepara o prato escolhido. Este seria o processo de
Causation, a partir de um objetivo, o cardápio escolhido, o chefe procura a maneira mais
efetiva de se preparar o prato.
A segunda opção seria o chefe olhar o que tem na cozinha e na geladeira do cliente,
quais ingredientes e utensílios estão disponíveis para cozinhar, imaginar o que pode ser
preparado com eles e, assim, cozinhar o melhor prato possível. Este seria o processo de
Effectuation¸ para um conjunto de ingredientes, o chefe foca em preparar o melhor
prato com o que tem disponível (SARASVATHY, 2001).
O Causation seria, então, baseado numa lógica de previsão, em que o maior problema é
de decisão. Este modelo auxilia o empreendedor a fazer escolhas adequadas,
principalmente quando o futuro é previsível, com objetivos claros e num ambiente
independente de suas ações. Já o Effectuation seria baseado numa lógica de controle,
sendo mais eficiente num ambiente de incerteza abundante. Neste caso, o maior
problema seria de design e o modelo auxilia a construir, sendo mais útil quando o futuro
é imprevisível, com objetivos que não são claros e o ambiente mudasse de acordo com
a ação humana (SARASVATHY, 2001).
Esses dois modelos não são mutuamente excludentes, mas sim as duas facetas da
racionalidade humana, podendo ocorrer de forma simultânea ou em sobreposição. Não
é possível afirmar que um modelo seja superior ao outro, mas que cada um tem
vantagens específicas em cada situação. Assim, o empreendedor pode utilizar um
modelo ou o outro para lidar com uma mesma situação e depois escolher aquele que
melhor se encaixa nas circunstâncias do momento de tomar a decisão e de acordo com
seu estilo de decidir.
Figura 3 - Ciclo do Effectuation ilustra como o empreendedor pode aplicar os cinco princípios, num processo
interativo do tipo tentativa e erro. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Sarasvathy, 2011; Kumar, et al.,
2014.
O empreendedor parte do seu inventário de meios a partir dos quais, ele imagina seus
objetivos, aquilo que ele pode fazer, representado pelas ações que pode tomar dentro
das suas perdas toleráveis. A construção e o alcance do objetivo funcionam como as
duas faces de uma moeda. Na sequência, as interações com a rede de relacionamento
reúnem pessoas comprometidas para cocriar o novo negócio, que influenciam o
empreendedor e transformam a ideia original num novo conjunto de ideias e objetivos
com os quais todos estão comprometidos. O ciclo continua até que o empreendedor
chega cada vez mais perto de definir um novo produto (SARASVATHY, 2011).
A lógica do processo de criação de um negócio pelo método do effectuation faz com que
o empreendedor parta logo no início para a ação e para a experimentação, por meio da
tentativa e erro, em que planos são feitos e refeitos. Dessa forma, é possível criar
produtos e negócio inovadores com baixo custo. Esse método não é o único que pode
ser adotado, a seguir vamos ver outras formas de conduzir o processo de empreender.
A Fase 1, identificação da oportunidade para inovação, tem início com uma ideia, que
por meio da criatividade gera uma oportunidade. O surgimento de uma nova ideia está
associado a fatores pessoais e do ambiente como: alternativas de carreira, apoio e
incentivo de amigos e familiares, exemplo de pessoas próximas que tiveram sucesso
como empreendedores, criatividade, momento econômico do país ou do local onde se
vive, disponibilidade de recursos, oportunidade e modelo de empreendedores que
deram certo. Geralmente, a parte mais difícil do processo é identificar e avaliar uma
ideia (DORNELAS, 2017).
Mesmo que este pré-empreendedor se depare com uma oportunidade, nada garante
que ele vá passar para a ação efetiva. A Fase 2 é justamente sobre este momento
específico que aciona os planos de criação da empresa e que está sujeito aos fatores da
fase 1 acrescentados aos seguintes fatores: disposição para correr risco, insatisfação
com o trabalho, ficar desempregado, educação, idade, competição, recursos e políticas
governamentais, a existência de incubadoras de empresas, rede de relacionamento,
equipe e condição familiar.
A criação da empresa e implementação do empreendimento, a Fase 3, é composta das
seguintes subfases: validação da ideia, definição da escala de operação e dos recursos
necessários, elaboração do plano de negócios e sua operacionalização. É influenciada
pelos seguintes fatores, que se somam aos fatores das fases anteriores: atitude
empreendedora, liderança, visão, competição, clientes, fornecedores, investidores,
bancos, recursos, equipes, estratégia, cultura, estrutura e produtos. A elaboração do
plano de negócio pode ser o que mais dá trabalho para os empreendedores novatos
(DORNELAS, 2017). Na Fase 4, o empreendedor passa a exercer o papel de
administrador que busca garantir a consolidação e sobrevivência a longo prazo da
empresa. Os fatores que influenciam esta fase são os mesmo que influenciaram as
etapas de criação. A capacidade do empreendedor de se adaptar e gerenciar as
mudanças podem ser o fator determinante entre o sucesso e o fracasso do negócio
(MARIANO; MAYER, 2011).
CASO
O Buscapé (www.buscape.com.br (http://www.buscape.com.br)) é
considerado a primeira grande startup de sucesso brasileira. Criada em 1998 por
quarto estudantes da Universidade de São Paulo, a ideia do negócio surgiu
quando um deles precisava comprar uma impressora e não conseguia encontrar
o preço numa pesquisa na internet (Fase 1 do processo empreendedor). Para
resolver o problema, o grupo de estudante partiu para ação (Fase 2) e
desenvolveram um site na internet para listar o preço praticado por diferentes
empresas, preços eles coletavam a partir do contato telefônico com os lojistas.
Percebendo a dificuldade de conseguir os preços pelo telefone, eles tiveram que
se adaptar e decidiram desenvolver um so ware que buscasse o preço dos
produtos diretamente nas poucas lojas online que existiam na época.
A empresa foi criada e começou a operacionalização (Fase 3). A equipe inicial era
formada apenas pelos quatro fundadores, que trabalhavam numa pequena sala e
começaram com um investimento de menos de R$ 5 mil na época. Em 1999, eles
conseguiram o primeiro investidor e somente em 2002 a empresa alcançou o
ponto de equilíbrio, (Fase 4). Em 2009, o Buscapé foi vendido por USD 342
milhões (BUSCAPÉ COMPANY, 2018).
Existe outra forma de se analisar os aspectos críticos ao processo do empreendedor, e
que se apresenta como uma alternativa ao Effectuation. Trata-se do Modelo de
Timmons, criado pelo professor Jeffry Timmons da Babson College, dos Estados
Unidos, conforme mostra a figura a seguir.
Figura 5 - O processo empreendedor na visão de Timmons, composto por três fatores fundamentais:
Oportunidade, Recursos e Equipe. Fonte: DORNELAS, 2017, p. 37.
O primeiro fator é a Oportunidade, que deve ser avaliada para se determinar se vale a
pena ou não continuar com o projeto. O segundo fator é a Equipe que está trabalhando
junto com o empreendedor no projeto. Já o terceiro fator se refere aos Recursos e como
a equipe vai conseguir os recursos necessários, e deve ser a última análise a ser feita
neste ciclo, para não restringir a análise da oportunidade (DORNELAS, 2017).
Segundo esse modelo, qualquer impacto que ocorra em qualquer um dos três fatores
afeta o resultado do processo como um todo. Isso ocorre porque existem forças
externas que influenciam o funcionamento do modelo. Além disso, as condições
verificadas nos três fatores não são fixas e sim circunstanciais, pois há um contexto de
incertezas, riscos e contradições que influenciam e alteram os fatores (TIMMONS;
SPINELLI, 2008).
O modelo tem como peça-chave o empreendedor que busca por uma oportunidade e a
molda num negócio de alto potencial. O empreendedor reúne os recursos necessários
para iniciar um negócio e capitalizar a oportunidade. A equipe do empreendedor é
outro componente importante para o sucesso, pois garante que as habilidades
necessárias estão disponíveis para aumentar as chances de sucesso do negócio. Para
identificar as melhores oportunidades deve-se aplicar o roteiro dos 3M, proposto
também por Timmons, definido como: Demanda de Mercado (Market demand),
Tamanho e Estrutura do Mercado (Market structure & size) e Análise de Margem (Margin
analysis) (TIMMONS; SPINELLI, 2008). Para analisar a Demanda de Mercado, o
empreendedor deve responder às seguintes perguntas (DORNELAS, 2014, p. 81):
0:00 / 2:29
quais são as forças do seu negócio? (Exemplo: baixo custo, alta qualidade, agilidade,
inovação, atendimento ao cliente etc.);
qual a margem de lucro típica de uma empresa desse setor? (Exemplo: margem
bruta de 20% e margem de lucro de 5%);
quais os custos típicos de uma empresa desse setor? Qual o investimento inicial
mínimo? Qual a previsão de prazo para retorno do investimento inicial nesse
setor?
Dornelas (2014) conclui que o modelo do 3Ms é muito útil para avaliar e selecionar as
melhores oportunidades para serem desenvolvidas, desde que bem entendidas e
respondidas. Mesmo assim ele recomenda fazer um checklist final (DORNELAS, 2014, p.
82):
existe um problema a ser resolvido? (Ou só você, mais ninguém, está vendo esse
problema no mercado?);
existe um produto ou serviço que solucionará o problema? (A solução que você
está propondo pode atender à necessidade do mercado?);
é possível identificar com clareza os potenciais clientes? (Quem é o comprador da
solução? Procure descrever em detalhes o principal cliente-alvo: como ele é, o que
compra, como se comporta, quanto gasta, a qual classe social pertence e assim por
diante);
será possível implantar uma estratégia de marketing/vendas que funcione? (O
investimento necessário para vender a solução aos clientes trará resultado? A
estratégia utiliza canais de venda rentáveis e permitem ganhos de escala?);
a janela da oportunidade está aberta? (O momento é este? Ou será que já passou,
pois há muitos competidores fazendo o mesmo? Ou será que ainda não é o momento,
pois sua proposta é muito inovadora, e poucas pessoas mostram-se interessadas
agora – quem sabe no futuro?);
VOCÊ SABIA?
Bootstrap originalmente é a alça que fica acima do calcanhar da bota usada para ajudar a
calçar a bota. O termo Bootstrapping “se levantar usando a alça da bota” era utilizado
desde o século XIX para se referir a tarefas impossíveis. Mas hoje em dia, na área de
Empreendedorismo, significa criar um negócio utilizando recursos próprios, com o menor
custo possível e sem recorrer a investidores externos. Um processo autossustentável de
alavancar o negócio (MOREIRA, 2011).
Figura 6 - Taxa de mortalidade de empresas de dois anos, de acordo com o porte, surpreende a elevada
mortalidade das microempresas. Fonte: SEBRAE, 2016, p. 17.
Por conta da elevada taxa de mortalidade de empresas nascentes e da importância que
o empreendedorismo tem para o desenvolvimento econômico de uma região, é
importante algum tipo de apoio nos primeiros anos dos novos empreendimentos. Os
entes políticos e sociais devem dar mais importância a este apoio para estimular o
crescimento do país (DOLABELA, 2006).
O suporte às empresas nascentes deve ser feito através de ações concretas como linhas
de financiamento específicas, consultorias, incubadoras, aceleradoras e parques
tecnológicos, por exemplo. Vamos tratar mais detalhadamente dos três últimos
exemplos, como forma de criar um ambiente propício para o florescimento e a
consolidação de novos empreendimentos.
,-s
Fora de uma incubadora não são encontrados esses tipos de infraestruturas com preço
tão competitivo, muito menos o acesso a todo esse suporte, ainda mais de forma tão
integrada. A taxa de mortalidade de empresas incubadas é significativamente menor
daquelas que operam fora desse ambiente (DORNELAS, 2017).
Muitas empresas buscam as incubadoras atraídas justamente pela estrutura física de
baixo custo, mas estudos mostram que os principais ganhos para as empresas
incubadas estão nos benefícios intangíveis como a orientação e as redes de
relacionamento (VIEIRA, 2016).
Por conta disso, a busca por vagas em incubadoras tem aumentado a cada ano. Para ser
aceita numa incubadora, a empresa e o empreendedor devem passar por um processo
seletivo, devendo apresentar o plano de negócios para avaliação e entrevistas. O
principal objetivo da incubadora é desenvolver empresas de sucesso, competitivas e
economicamente viáveis. O prazo de incubação é geralmente de 2 a 4 anos. Em 1984, foi
criada em São Carlos (SP) a primeira incubadora de empresas do Brasil e desde então o
número de incubadoras tem crescido a cada ano, com mais de 400 instaladas por todo
país. Tal crescimento se deve principalmente ao apoio do SEBRAE (DORNELAS, 2017).
3.4.2 Aceleradoras
As aceleradoras podem ser consideradas um fenômeno bastante recente, com a
primeira criada em 2005, em Cambridge, nos Estados Unidos. Elas têm como objetivo
“apoiar e investir no desenvolvimento e rápido crescimento de Startups, auxiliando-as
na obtenção de recursos para este fim” (ABREU; CAMPOS, 2016, p. 19).
O apoio oferecido é para definir e construir os produtos ou serviços iniciais, identificar o
mercado de atuação e na obtenção de recursos, especialmente de investimento.
Atualmente, existem cerca de 250 aceleradoras no mundo, sendo 45 no Brasil (ABREU;
CAMPOS, 2016).
VOCÊ SABIA?
Qualquer pequena empresa iniciando nos negócios pode ser considerada uma startup,
mas uma das definições mais aceitas foi apresentada no livro a “Startup Enxuta” de Eric
Ries, como sendo um grupo de pessoas trabalhando num ambiente de extrema incerteza
desenvolvendo um produto ou serviço, inovador, repetível e escalável (RIES, 2017).
Figura 8 - No Vale do Silício (Silicon Valley) fica o mais famoso parque tecnológico do mundo com as sedes
de grandes empresas de tecnologia, como o Facebook, Google, Apple e Microso . Fonte: Sundry
Photography / imagestockdesign / jejim / turtix / Uladzik Kryhin, Shutterstock, 2018.
Síntese
Chegamos ao final deste conteúdo. Estudamos a importância da criatividade para
transformar uma ideia de negócio em uma oportunidade. Também compreendemos
quais são os primeiros passos do empreendedor para construir o seu negócio, a partir
de duas metodologias para apoiar esse processo, e conhecemos como funcionam os
principais instrumentos de apoio aos empreendedores.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
conhecer a importância da criatividade para desenvolver e validar ideias de
negócio;
entender como se transforma uma ideia numa oportunidade de negócio;
aprender como aplicar a teoria do Effectuation para dar os primeiros passos no
empreendedorismo;
descobrir o processo do empreendedor, baseado na oportunidade, nos recursos e
na equipe;
entender o papel das incubadoras, aceleradoras e parques tecnológicos no apoio
ao empreendedorismo.
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