Dis DimilsonPinto 2017

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 160

INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO

DIMILSON PINTO COELHO

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA ESPECIALIZADO EM INSPEÇÕES


VISUAIS APLICADO À SEGURANÇA DE BARRAGENS

CURITIBA
2017
DIMILSON PINTO COELHO

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA ESPECIALIZADO EM INSPEÇÕES


VISUAIS APLICADO À SEGURANÇA DE BARRAGENS

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Desenvolvimento
de Tecnologia, Área de Concentração
em Geração e Transferência de
Tecnologia, do Instituto de Tecnologia
para o Desenvolvimento, em parceria
com o Instituto de Engenharia do
Paraná, como parte das exigências para
a obtenção do título de Mestre em
Desenvolvimento de Tecnologia.

Orientadora: Dra. Isabella Françoso


Rebutini Figueira
Coorientadora: Dra. Josiele Patias

CURITIBA
2017
Dedico este trabalho aos meus pais Miralda e Dirceu,
que sempre me incentivaram,
e em especial à minha esposa Ariane S. Zempulski,
por permanecer pacientemente e amorosamente
ao meu lado em todos os momentos.
AGRADECIMENTOS

Ao longo desta formação, ampliei meu conhecimento científico e agradeço a


todos os professores do programa pela transmissão dos conhecimentos necessários
ao meu crescimento intelectual.
Agradeço a professora orientadora doutora Isabella Françoso Rebutini
Figueira e a Coorientadora doutora Josiele Patias pelos ensinamentos, prontidão ao
atendimento, generosidade, apoio e estímulo.
A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a
realização deste trabalho permitindo que este estudo fosse concretizado, as quais
tenho a destacar e fazer um reconhecimento: Victor Rodrigo Ruiz Garay pela valiosa
contribuição com o desenvolvimento e implantação do software em ITAIPU e Hugo
Medina pelo apoio e elaboração da base de dados.
Aos companheiros e colegas de trabalho Claudio Porchetto Neves, Cláudio
Neumann Júnior, Silvia Frazão Matos, Paola Maria Camila Villalba Fiore, Fernando
Javier Ramos Gimenez, Karimi Francesca Mussi Carpinelli, Vanderley Fabrício Porto
através do apoio, conselho, incentivo, paciência e confiança.
A minha esposa Ariane e Porfírio pelas revisões gramaticais e ortográficas
por acreditar em minha capacidade.
Um agradecimento particular as pessoas especiais que sou grato por
fazerem parte da minha história de vida, minha irmã Karina e meus amigões.
RESUMO

A segurança de barragem tem o objetivo de reduzir a possibilidade de


acidentes e suas consequências mantendo as estruturas seguras contra qualquer
tipo de acidente através da análise da instrumentação, inspeções visuais entre
outras ações. As inspeções devem ser realizadas frequentemente, atendendo aos
critérios e às diretrizes estabelecidas pelo projeto e pela Política Nacional de
Segurança de Barragens. Trata-se de atividades técnicas de alta relevância que
exigem, dos profissionais envolvidos, conhecimento aprofundo do projeto executivo.
O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um sistema especializado em
inspeções visuais aplicado à segurança de barragens que auxilie os especialistas
durante as atividades de campo e, para atingir este objetivo, foi desenvolvido um
software aplicado à barragem de terra de ITAIPU. O sistema permite ao especialista:
a) gerenciar as inspeções realizadas; b) conduzir de forma sistemática e organizada
a avaliação de todos os elementos estruturais através do preenchimento das fichas
de inspeções pré-estabelecidas; c) armazenar as imagens obtidas em campo; d)
realizar comparações com os registros anteriores otimizando os procedimentos
adotados; e) garantir que o monitoramento existente seja aperfeiçoado, eficaz e
confiável. Os itens a serem observados em campo durante as inspeções são pré-
cadastrados no sistema e são baseados no projeto de ITAIPU, nas fichas de
inspeções propostas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Bureau
of Reclamation e Boletim de Inspeção das Barragens emitido pela Comissão
Internacional de Grandes Barragens (ICOLD) em 2016. Os resultados obtidos são
através da aplicação direta na Barragem de Terra da Margem Esquerda de ITAIPU.
É notória a importância da utilização do sistema durante a realização das inspeções
visuais, validando as atividades de campo com uma padronização das informações
de análise, elevando assim a qualidade das inspeções e gerando resultados mais
fidedignos do que as mesmas conduzidas sem o auxílio do sistema, garantindo a
excelência em segurança de barragens.

Palavras-chave: Inspeções visuais, sistema de inspeções, monitoramento de


barragens.
ABSTRACT

Dam safety is intended to reduce the possibility of accidents and their


consequences, maintaining the structures safe against any kind of accident via the
analysis of instrumentation, visual inspections, and other actions. Inspections should
be carried out frequently, taking into account the criteria and guidelines established
by the project and by the National Policy for the Safety of Dams. These are highly
relevant technical activities that demand of the professionals involved an in-depth
knowledge of the executive project. The object of this work is the development of a
specialized visual inspection system applied to dam safety, for the purpose of
assisting experts during field activities. To achieve this goal, software was developed
to be used with ITAIPU's Earthfill Dam. The system allows the specialist to: a)
manage the inspections carried out; b) execute in a systematic and organized way
the evaluation of all structural elements via the filling out of pre-defined inspection
forms; c) storing the images obtained in the field; d) performing comparisons with
previous records, thereby optimizing the applied procedures; e) and ensuring that
existing monitoring activities be effective, reliable, and constantly improved. The
items to be observed during the field inspections are pre-defined in the system, and
are based on the ITAIPU project and on the inspections proposed by the (Brazilian)
National Laboratory of Civil Engineering (LNEC), the Bureau of Reclamation and the
Dam Inspections Newsletter published by the International Commission of Large
Dams (ICOLD) in 2016. The results obtained are from the application of the system
to ITAIPU’s earthfill wing dam. The importance of using the system during the visual
inspections is self-evident, since it makes possible the verification of the field
activities with a standardization of analysis information, thereby raising the quality of
inspections and producing results that are more reliable and less biased than the
same inspections carried out without the help of the system, with the final result of
ensuring excellence in dam safety.

Key-words: Visual inspections, inspections systems, dam monitoring.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ACIDENTES E INCIDENTES OCORRIDOS NO BRASIL 2010 A


2015. ................................................................................................ 18
FIGURA 2 – ARRANJO GERAL DA BARRAGEM DE ITAIPU. ............................ 41
FIGURA 3 – VISTA AÉREA DA BARRAGEM DE TERRA DA MARGEM
ESQUERDA, TRANSIÇÃO COM ENROCAMENTO, TRECHO 1
E TRECHO 2. .................................................................................. 42
FIGURA 4 – SEÇÃO TÍPICA DA BARRAGEM DE TERRA NA ESTACA
126+50 (1° TRECHO) DE 10 A 30 m DE ALTURA. ......................... 43
FIGURA 5 – SEÇÃO TÍPICA ESTACA. 135+00 m (2° TRECHO) DE 0 A 10 m
DE ALTURA. .................................................................................... 44
FIGURA 6 – BASALTO FRAGMENTADO E FISSURADO. ................................. 47
FIGURA 7 – DESLIZAMENTO PROFUNDO COM TRINCA EM FORMATO
DE ARCO, DETRITOS E ÁRVORES NO TALUDE A
MONTANTE EM UMA BARRAGEM NOS EUA.. ............................. 49
FIGURA 8 – EROSÃO NO RIPRAP, TALUDE A MONTANTE. ........................... 50
FIGURA 9 – FISSURA E EROSÃO NO TALUDE A MONTANTE.. ...................... 51
FIGURA 10 – COLORAÇÕES DIFERENCIADAS DA ÁGUA DO
RESERVATÓRIO PRÓXIMO AO TALUDE DE MONTANTE EM
UMA BARRAGEM NOS EUA. ......................................................... 54
FIGURA 11 – CRESCIMENTO DE VEGETAÇÃO NO TALUDE DE
MONTANTE EM UMA BARRAGEM NOS EUA.. ............................. 55
FIGURA 12 – DETRITOS NO TALUDE DE MONTANTE. ..................................... 55
FIGURA 13 – TRINCAS ORIUNDAS DE RESSECAMENTO. ............................... 57
FIGURA 14 – COMO SE FORMAM AS FISSURAS TRANSVERSAIS. ................. 58
FIGURA 15 – TRINCAS TRANSVERSAIS EM UMA BARRAGEM EM UMA
BARRAGEM NOS EUA. .................................................................. 59
FIGURA 16 – TRINCAS LONGITUDINAIS, RECALQUES DIFERENCIAIS EM
UMA BARRAGEM NOS EUA. ......................................................... 59
FIGURA 17– COMO SE FORMAM AS FISSURAS LONGITUDINAIS. ................. 60
FIGURA 18 – POÇO PARA ANÁLISE DA PENETRAÇÃO EM
PROFUNDIDADE DA FISSURA EM UMA BARRAGEM NOS
EUA.................................................................................................. 61
FIGURA 19 – DESALINHAMENTO DOS MARCOS DE SUPERFÍCIE DA
CRISTA DA BARRAGEM DE SALINAS. CEMIG, 2002. .................. 62
FIGURA 20 – DIFERENÇA ENTRE DEPRESSÃO E SUBSIDÊNCIA. .................. 63
FIGURA 21 – SUBSIDÊNCIA NA CRISTA DE UMA BARRAGEM EM UMA
BARRAGEM NOS EUA. .................................................................. 64
FIGURA 22 – ACÚMULO DE DETRITOS NAS CANALETAS DE DRENAGEM. ... 67
FIGURA 23 – DIQUES DE SACOS DE AREIA E PRINCÍPIO DE PIPING. ........... 69
FIGURA 24 – ANIMAIS NO TALUDE DE JUSANTE.............................................. 71
FIGURA 25 – DESLIZAMENTO NO TALUDE DE JUSANTE. ............................... 72
FIGURA 26 – TRINCAS DO TIPO ARCO NO TALUDE DE JUSANTE.................. 73
FIGURA 27 – FORMAÇÃO DE UMA SUBSIDÊNCIA. ........................................... 74
FIGURA 28 – FLUXOGRAMA PARA DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE
INSPEÇÃO. ..................................................................................... 80
FIGURA 29 – CODIFICAÇÃO DA INSPEÇÃO. ...................................................... 90
FIGURA 30 – DEFINIÇÃO DAS PRINCIPAIS TELAS DE NAVEGAÇÃO. ............. 95
FIGURA 31 – ICONE DE ACESSO E TELA DE ACESSO..................................... 97
FIGURA 32 – PANORAMA GERAL DAS INSPEÇÕES. A) INSPEÇÕES POR
TRECHO, B) SITUAÇÃO GERAL DAS INSPEÇOES E C)
INSPEÇÕES PREVISTAS X REALIZADAS. ................................... 98
FIGURA 33 – BARRA DE FERRAMENTA DO SOFTWARE DE INSPEÇÃO. ....... 99
FIGURA 34 – TELA DE NAVEGAÇÃO PARA CADASTRAR UMA INSPEÇÃO. . 100
FIGURA 35 – TELA DE FILTRO PARA INICIAR A INSPEÇÃO. .......................... 101
FIGURA 36 – TELA PARA INICIAR A INSPEÇÃO. ............................................. 102
FIGURA 37 – TELA DE NAVEGAÇÃO DA INSPEÇÃO. ...................................... 103
FIGURA 38 – TELA DE NAVEGAÇÃO DE REGISTROS. ................................... 104
FIGURA 39 – TELA DE NAVEGAÇÃO PARA COMPARAÇÃO COM OS
REGISTROS ANTERIORES. ......................................................... 105
FIGURA 40 – TELA DE NAVEGAÇÃO PARA ACESSO A EDIÇÃO DAS
INSPEÇÕES. ................................................................................. 106
FIGURA 41 – FICHA DE INSPEÇÃO DE ITAIPU. ............................................... 107
FIGURA 42 – CALENDÁRIO DE INSPEÇÕES. ................................................... 109
FIGURA 43 – GERENCIAMENTO DOS REGISTROS......................................... 110
FIGURA 44 – RELATÓRIOS TÉCNICOS. ........................................................... 111
FIGURA 45 – TELA DE NAVEGAÇÃO DE CONFIGURAÇÕES. ......................... 112
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - RESOLUÇÕES E PORTARIAS EMITIDAS PELAS ENTIDADES


BRASILEIRAS FISCALIZADORAS .................................................. 29
TABELA 2 - MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS PELA ANEEL. ... 31
TABELA 3 - PERIODICIDADE LIMITE DAS INSPEÇÕES DEFINIDAS PELA
ANEEL. ............................................................................................ 31
TABELA 4 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DEFINIDO
PELA ANA. ...................................................................................... 32
TABELA 5 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS
BARRAGENS DE REJEITO DEFINIDO PELO DNPM. ................... 34
TABELA 6 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS
BARRAGENS FISCALIZADAS PELO INEMA. ................................ 34
TABELA 7 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS
BARRAGENS FISCALIZADAS PELA CETESB/SP ......................... 35
TABELA 8 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS
BARRAGENS FISCALIZADAS PELO DAEE. .................................. 36
TABELA 9 - DEFINIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS GERAIS PARA A FICHA
DE INSPEÇÃO DE ITAIPU. ............................................................. 83
TABELA 10 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES NO TALUDE DE
MONTANTE PARA A CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE
INSPEÇÃO DE ITAIPU. ................................................................... 84
TABELA 11 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DA CRISTA DA
BARRAGEM PARA A CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE
INSPEÇÃO DE ITAIPU. ................................................................... 85
TABELA 12 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DO TALUDE DE JUSANTE
PARA A CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE INSPEÇÃO DE
ITAIPU. ............................................................................................ 86
TABELA 13 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DA ÁREA DE JUSANTE DA
BARRAGEM PARA A CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE
INSPEÇÃO DE ITAIPU. ................................................................... 87
TABELA 14 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DA INSTRUMENTAÇÃO
PARA A CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE INSPEÇÃO DE
ITAIPU. ............................................................................................ 88
TABELA 15 - CODIFICAÇÃO, INSPEÇÕES E PERIODICIDADE. ........................ 90
TABELA 16 - INSPEÇÕES POR TRECHO ........................................................... 92
TABELA 17 - SITUAÇÃO GLOBAL DAS INSPEÇÕES. ........................................ 93
TABELA 18 - VALIDAÇÃO DO SISTEMA, COMPARAÇÃO ENTRE AS
INSPEÇÕES VISUAIS. .................................................................. 113
LISTA DE SIGLAS

ANA – Agência Nacional das Águas


ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
BTME – Barragem de Terra Margem Esquerda
BUREAU – Bureau of Reclamation
CBDB – Comitê Brasileiro de Barragens
CETESB/SP – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CHI – Central Hidrelétrica de ITAIPU
CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná
DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral
DPA – Dano Potencial Associado
EUA – Estados Unidos da América
ICOLD – Comissão Internacional de Grandes Barragens
INEMA – Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia
IOS – iPhone Operating System
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil
PNSB – Política Nacional de Segurança de Barragens
PSB – Plano de Segurança de Barragens
RDE – Resolução da Diretoria Executiva
SAMARH/AL – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos de Alagoas
SATedms – Sistema de Arquivo Técnico
SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Maranhão
SFG – Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração
SOAA – Sistema de Otimização da Análise da Auscultação
TI – Tecnologia da Informação
UWP – Plataforma Universal Windows
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................... 17
1.1 IMPORTÂNCIA DO TEMA ......................................................................... 17

1.1 OBJETIVO .................................................................................................. 20

1.2 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 20

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 20

1.4 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 21

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................. 23

2 REVIS ÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................. 25


2.1 VISÃO DA COMISSÃO INTERNACIONAL DE GRANDES
BARRAGENS ............................................................................................. 25

2.2 ASPECTOS DAS LEGISLAÇÕES INTERNACIONAIS .............................. 27

2.3 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL .............................................. 28

2.4 AVALIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA DE


BARRAGENS SOBRE AS INSPEÇÕES .................................................... 37

2.5 CARACTERÍSTICAS DAS BARRAGENS DE ITAIPU................................ 39

2.5.1 Característica da Barragem de Terra Margem Esquerda ........................... 42

2.6 INSPEÇÕES NA BARRAGEM DE TERRA ................................................ 45

2.6.1 Condições gerais ........................................................................................ 45

2.6.2 Taludes a montante .................................................................................... 46

2.6.3 Proteção dos taludes .................................................................................. 46

2.6.4 Desagregação de blocos ............................................................................ 47

2.6.5 Deslocamento de blocos ............................................................................ 48

2.6.6 Movimento de deslizamento ....................................................................... 48

2.6.7 Granulometria ............................................................................................. 50

2.6.8 Erosões ...................................................................................................... 50

2.6.9 Fissuras ...................................................................................................... 51


2.6.10 Recalques, deformações e subsidências na face de montante .................. 51

2.6.11 Colorações diferenciadas da água do reservatório próximo ao talude de


montante..................................................................................................... 52

2.6.12 Crescimento de vegetações ....................................................................... 54

2.6.13 Detritos ....................................................................................................... 55

2.6.14 Animais, buracos de animais ...................................................................... 56

2.6.15 Identificação do local .................................................................................. 56

2.6.16 Crista .......................................................................................................... 56

2.6.17 Deformações, recalques, trincas e fissuras no maciço ............................... 56

2.6.18 Desalinhamento da crista, muros de montante e jusante ........................... 61

2.6.19 Ondulações ................................................................................................ 63

2.6.20 Depressões, subsidências .......................................................................... 63

2.6.21 Drenagem Superficial ................................................................................. 64

2.6.22 Problemas de pavimentação das estradas ................................................. 64

2.6.23 Condições Gerais ....................................................................................... 65

2.6.24 Crescimento de vegetações ....................................................................... 65

2.6.25 Identificação ............................................................................................... 65

2.6.26 Taludes a jusante ....................................................................................... 65

2.6.27 Proteção dos taludes de jusante ................................................................ 65

2.6.28 Erosões e mau funcionamento dos sistemas de drenagem ....................... 66

2.6.29 Percolações, áreas úmidas ........................................................................ 67

2.6.30 Drenagem de pé e contatos da estrutura com o terreno natural ................ 69

2.6.31 Animais ....................................................................................................... 70

2.6.32 Movimento de deslizamentos e deslocamentos ......................................... 71

2.6.33 Recalques, deformações e subsidência no maciço .................................... 73

2.6.34 Fissuras ...................................................................................................... 74

2.6.35 Poços de alívio ........................................................................................... 74


2.6.36 Arrastamento de finos por ação das águas pluviais ................................... 75

2.6.37 Área a Jusante da Barragem ...................................................................... 75

2.6.38 Existência surgências ................................................................................. 76

2.6.39 Subsidências .............................................................................................. 76

2.6.40 Solos instáveis............................................................................................ 76

2.7 FERRAMENTAS QUE AUXILIAM AS INSPEÇÕES NAS BARRAGENS


BRASILEIRAS ............................................................................................ 77

3 MATERI AIS E MÉTODOS .................................................... 79


3.1 SELEÇÃO DO SOFTWARE PARA DESENVOLVIMENTO........................ 80

3.2 EQUIPAMENTO PARA INSPEÇÃO ........................................................... 81

3.3 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS PARA AS FICHAS DE


INSPEÇÕES............................................................................................... 81

3.4 SELEÇÃO DAS OBSERVAÇÕES A SEREM REALIZADAS EM


CAMPO ...................................................................................................... 82

3.5 PERIODICIDADE E OS LOCAIS A SEREM INSPECIONADOS ................ 89

3.6 CALENDÁRIO DE INSPEÇÕES ................................................................ 92

3.7 ESTADO DO ANDAMENTO DAS INSPEÇÕES ........................................ 92

3.8 COMPARAÇÃO ENTRE INSPEÇÕES ....................................................... 93

3.9 GERENCIAMENTO DOS REGISTROS ..................................................... 94

3.10 RELATÓRIO DE INSPEÇÃO ..................................................................... 94

3.11 PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES PARA A ELABORAÇÃO DO


SISTEMA .................................................................................................... 95

3.12 PROCEDIMENTOS PARA VALIDAÇÃO DO SISTEMA ............................. 95

4 RESULTADOS .................................................................... 97
4.1 ESTRUTURAÇÃO DAS TELAS DE NAVEGAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA ......................................................... 97

4.2 VALIDAÇÃO DO SISTEMA ...................................................................... 112

5 CONCLUS ÃO ................................................................... 116


6 REFERÊNCI AS ................................................................. 118
APÊNDICE 1 - FLUXOGRAM A GERAL DO SISTEMA ........... 122
APÊNDICE 2 - MODELO DA FICHA DE INSPEÇÃO DA
BARRAGEM DE TERRA MARGEM
ESQUERDA DE ITAIPU BINACIONAL ........... 124
APÊNDICE 3 - RESULTADO DAS INSPEÇÕES DA
BARRAGEM DE TERRA MARGEM
ESQUERDA DE ITAIPU BINACIONAL COM A
UTILIZAÇ ÃO DO SISTEMA DE INSPEÇÕES. . 133
17

1 INTRODUÇÃO

1.1 IMPORTÂNCIA DO TEMA

As barragens desempenham um papel importante para o desenvolvimento


de uma nação através do armazenamento de água para a aplicação em diversas
finalidades como abastecimento, controle de enchentes, hidroeletricidade, pesca
aquicultura, turismo, navegação e irrigação. Órgãos regulamentadores estão
diligenciando as diretrizes básicas a serem atendidas pelos proprietários na gestão
de segurança de barragens, embora exista uma baixa probabilidade de ocorrência
de maiores danos e rupturas desde que seja bem projetada, construída, monitorada
e mantida.
Os acidentes, quando ocorrem, representam, normalmente, catástrofes e
trazem prejuízos e impactos diretos ao ecossistema, fauna, flora e ainda
socioeconômicos com a perda de vidas humanas, danos materiais, devastação de
localidades, destruição de estruturas públicas, privadas, isolamento de áreas
habitadas, mortandade de animais, impacto à produção rural, ao turismo, além de
gerar traumas psicológicos à sociedade e à região atingida trazendo uma sensação
de perigo e desamparo à população.
Nas últimas décadas, aproximadamente quarenta países adotaram
programas e políticas de segurança de barragens. Dentre eles, destacam-se:
Estados Unidos, Espanha, Suíça, Canadá, Portugal e mais recentemente o Brasil.
Tais políticas têm o objetivo de melhorar e aperfeiçoar os procedimentos adotados
nos projetos, construções e monitoramento, visando a redução do número de
acidentes.
Desde a promulgação da Lei 12.334/2010 ocorreram no Brasil até o ano de
2015, 39 acidentes e incidentes em barragens (FIGURA 1). São considerados
acidentes quando ocorre o comprometimento da integridade estrutural através do
colapso parcial ou total das barragens, os incidentes são ocorrências que se não
controlada pode causar um acidente. (ANA, 2106).
18

FIGURA 1 – ACIDENTES E INCIDENTES OCORRIDOS NO BRASIL 2010 A 2015.

FONTE: ANA (2016).

Segurança de barragens é um tema abrangente e complexo, considerando


que as barragens fazem parte de uma infraestrutura crítica no desenvolvimento
socioeconômico. Diante dessa realidade, mantê-las seguras contra qualquer tipo de
acidente é um imperativo. Logo, ações como análise da instrumentação e inspeções
visuais devem ser realizadas constantemente, atendendo aos critérios e às diretrizes
de segurança, estabelecidos pela Política Nacional de Segurança de Barragens
(PNSB), e previstos na Lei 12.334/2010.
Segundo ANA (2016) para 96% das 16.638 barragens sob responsabilidade
da agência não há informação quanto a realização de inspeções.
Pretende-se com este trabalho aperfeiçoar o processo e os registros das
inspeções da barragem de terra, através do desenvolvimento de um sistema de
inspeções visuais, em linguagem de programação C#, que contenha uma lista
específica de observações que podem ser constatadas durante o procedimento de
inspeção, comparar imagens e observações realizada em inspeções anteriores,
permitir o armazenamento das fotos e imagens centralizado em um único servidor
permitindo a geração de relatórios de inspeções.
O desenvolvimento e a aplicação do sistema de inspeções visuais em
ITAIPU foi autorizado pela empresa através da Resolução da Diretoria Executiva
(RDE) 017/2015 por tratar de um tema atual ligado a aplicação de tecnologias de
19

monitoramento de barragens e seguindo importantes padrões e normas nacionais e


internacionais.
O sistema de inspeção é aplicado na Barragem de Terra da Margem
Esquerda da Central Hidrelétrica de Itaipu (CHI) que é considerada, até o presente,
o maior projeto hidrelétrico mundial. Foi construída no rio Paraná, na fronteira entre
Brasil e Paraguai, e possui uma capacidade instalada de 14.000 Megawatts
construído. Sua construção foi iniciada em 1975, com a operação da primeira
unidade geradora em 1984 e a conclusão da 20ª unidade geradora foi em 2007. Em
2016 bateu o recorde mundial de produção de energia 100.098.366 MWh.
A usina é responsável, atualmente, pelo suprimento de 17% energia do
Brasil e 75% das necessidades totais de energia do Paraguai. É constituída de 9
barragens sendo duas barragens de terra e um vertedouro, três barragens de
contrafortes, uma barragem de gravidade aliviada, uma estrutura de desvio e uma
barragem de enrocamento com núcleo de argila. Embora tenha 9 barragens, o
trabalho apresentado deter-se-á na inspeção visual da barragem de terra da margem
esquerda, por se tratar de uma estrutura com comprimento de 2.294 m e que
representa quase 30% da extensão total da barragem, considerando que ITAIPU
possui uma extensão de 7.919 metros e altura máxima de 196 m. Sua fundação é
constituída por rocha basáltica oriunda dos derrames que compõem a Formação
Serra Geral, a qual está inserida na Bacia Sedimentar do Paraná.
Na fase de construção os relatórios de inspeções foram emitidos com maior
frequência para subsidiar a análise dos engenheiros projetistas, consultores
nacionais e internacionais. Nesta fase, as discussões eram focadas para avaliar o
desenvolvimento dos serviços, o comportamento das instrumentações e respectivas
estruturas. Atualmente, os relatórios de inspeções visuais regulares são anuais e
tem como objetivo registrar a situação em que se encontra a barragem, identificar
possíveis anomalias e avaliar continuamente a eficiência estrutural. A segurança da
barragem é um processo complexo e contínuo que exige muita dedicação, atenção
em seu monitoramento, além de constantes manutenções preventivas que
normalmente são identificadas através das inspeções visuais.
O resultado do desenvolvimento do sistema de inspeções visuais promoveu
o aperfeiçoamento dos procedimentos de inspeções, a padronização dos locais a
20

serem inspecionados, a aplicação das fichas de inspeções específicas e o


acompanhamento da periodicidade das inspeções através do calendário de
inspeções.

1.1 OBJETIVO

1.2 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver um sistema que auxilie as


atividades na inspeção de barragem, realizadas por profissionais de segurança de
barragens, com capacidade de análises comparativas e aponte qualitativamente os
locais com anomalias para fins de manutenção, intervenção e/ou monitoramento. O
enfoque do trabalho é aplicado nas inspeções da barragem de terra da margem
esquerda, garantindo e aperfeiçoando as melhores técnicas na gestão da
auscultação.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Avaliar as legislações vigentes;


 Identificar os riscos e fatores mais comuns de problemas em barragens que
podem ser observados durante as inspeções visuais;
 Identificar os locais e os principais aspectos de inspeção de ITAIPU;
 Desenvolvimento do sistema especializado em inspeções visuais aplicado à
segurança de barragens;
 Realizar um processo de avaliação da inspeção visual, otimizar e auxiliar o
profissional especialista durante a inspeção;
 Desenvolver e validar a emissão de relatórios de inspeção com fotos e o
preenchimento das fichas de inspeções regulamentadas pela Comissão
Internacional de Grandes Barragens (ICOLD), Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC) e Bureau of Reclamation;
 Aplicar e validar os métodos de gestão de auscultação na barragem de terra
da margem esquerda que compõem ITAIPU.
21

1.4 JUSTIFICATIVA

Esta dissertação visa preencher uma lacuna na área de conhecimento e


atividades de inspeção de barragens, através do desenvolvimento de um sistema
computacional que auxilie o profissional com agilidade durante a inspeção e
avaliação do desempenho estrutural, e também, com base na sistematização e
análises comparativas das imagens e observações obtidas durante as inspeções
realizadas ao longo de todo o período de construção e operação da barragem.
Esse sistema será aplicado e utilizado por profissionais que realizam a
atividade de inspeção, de forma a facilitar a aquisição dos dados, melhorando a
qualidade da informação, evitando falhas de registros e melhorias na avaliação
integrada entre os diversos levantamentos da análise do comportamento estrutural
da barragem especificamente na CHI.
O setor responsável pela segurança de barragens de ITAIPU atua desde a
concepção inicial do projeto até hodiernamente. O programa de monitoramento foi
planejado, elaborado e executado de maneira abrangente. Considerando todas as
estruturas com o objetivo de garantir a segurança conforme o avanço da construção.
As barragens de concreto e aterro, incluindo as suas fundações, são monitoradas
com a instalação de mais de 2.700 instrumentos, tais como: pêndulos diretos e
invertidos, extensômetros, medidores de vazão, piezômetros tipo standpipe e
elétricos, bases de alongâmetro e triortogonais.
A Usina de ITAIPU, construída com muito rigor técnico, gerou uma vasta e
detalhada documentação contendo: estudos, projetos, ensaios e relatórios,
encontram-se disponíveis no Sistema de Arquivo Técnico (SATedms) da empresa.
O SATedms permite o acesso fácil e rápido às informações.
Durante a construção, o monitoramento das estruturas foi realizado através
de inspeções visuais e leituras dos instrumentos. A periodicidade dessas leituras na
maioria dos instrumentos transcorreu no intervalo de uma a duas semanas. No
enchimento do reservatório, os instrumentos foram lidos com uma maior frequência.
No período considerado de operação, em que atualmente se encontra a CHI, com
exceção dos piezômetros e medidores de vazão, que são medidos duas vezes ao
mês, os demais instrumentos são lidos uma vez ao mês. Este monitoramento, que
22

inclui as leituras e respectivas inspeções visuais, foi aplicado para garantir o


desempenho global satisfatório das estruturas que compõem ITAIPU.
Hoje, os relatórios de inspeções visuais regulares são anuais, seguindo os
períodos de temperaturas mais elevadas, entre os meses de outubro a março, e de
temperaturas mais baixas, entre o período de abril a setembro. Esses períodos
foram definidos a partir da análise dos dados adquiridos pela instrumentação que
revelam um comportamento sazonal, com alguma defasagem. Ou seja, um inverno
rigoroso que ocorre no mês de julho, alguns instrumentos da barragem registram os
picos em setembro. Os relatórios de análises do comportamento estrutural, que
inclui a análise da instrumentação, as inspeções técnicas, e as recomendações para
manutenções preditivas e corretivas, são emitidos no mês de novembro, após o
período de inverno.
ITAIPU, atualmente, passa por uma modernização de seus sistemas de
monitoramento, por meio do desenvolvimento de softwares de última geração para o
apoio das tomadas de decisões que garantam a máxima segurança do
empreendimento. A modernização consiste de um trabalho contínuo com a
implantação de sistemas computacionais de última geração que fazem parte do
Sistema de Otimização da Análise da Auscultação (SOAA) que é constituído de uma
base de dados que permite acesso pela Maquete Digital, Sistema de Gestão de
Medição, Módulo Analítico, Planimetria e o Sistema Analítico que possibilita realizar
rapidamente a análise do comportamento estrutural da barragem. O software mais
recente é o sistema de inspeção que auxilia a execução das atividades dos
profissionais especialista nas atividades de inspeção de barragens regulares e
especiais. (COELHO, 2015).
O software conduz a adequada inspeção que por meio de um banco de
dados único, permite realizar comparações e análises históricas dos locais
inspecionados, e facilita o acesso rápido das informações para todos os profissionais
envolvidos.
Neste sentido, o desenvolvimento de um sistema especializado para auxiliar
no processamento das informações coletadas durante as inspeções de campo de
uma barragem existente, enfatizando o processo de inspeção de campo na sua
avaliação global é de fundamental importância. (FRANCK; KRAUTHAMMER, 1988).
23

Desta maneira, o sistema desenvolvido, permite o profissional conduzir a


inspeção de forma sistemática e organizada, de modo que os elementos necessários
permaneçam acessíveis, e que todas as estruturas sejam inspecionadas com
critérios preestabelecidos e o preenchimento das fichas de inspeções e os relatórios
sejam produzidos de forma automática. Esse sistema permite uniformizar as
descrições técnicas de eventuais anormalidades possibilitando a perfeita
caracterização de uma ocorrência, assim como: otimizar os procedimentos
adotados, e garantir que as inspeções sejam completas de modo a reduzir as
possíveis falhas durante os trabalhos de campo.
O software de inspeções visuais foi desenvolvido em linguagem de
programação C sharp (C#) e utiliza a plataforma Windows. Desta forma perante a
aplicação em tablets, permite realizar a inspeção em campo, registrar fotografias,
comentários e avaliar de forma sistemática o comportamento da barragem através
de comparações com as inspeções feitas em períodos anteriores e, ainda permite
cadastrar e definir o calendário, além de realizar a edição final e a emissão do
relatório de inspeção.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está organizada em seis capítulos, sendo o primeiro a


introdução, onde consta os objetivos da dissertação, justificativa da necessidade das
inspeções de barragens e da elaboração de um sistema que contribua com as
atividades de campo.
O segundo capítulo a partir da revisão bibliográfica contempla os principais
aspectos técnicos referentes à segurança de barragens, a importância das
inspeções, a regulamentação da legislação em alguns países. Apresenta ainda uma
avaliação dos principais órgão e profissionais que atuam nesta área.
As metodologias para a elaboração do software são apresentadas no
terceiro capítulo, a seleção do hardware, os aspectos construtivos do sistema, a
definição das fichas de inspeções, os locais, o calendário e as definições das
principais informações necessárias para o desenvolvimento.
24

O quarto capítulo é dedicado à descrição e discussão dos resultados obtidos


na aplicação e validação através de ilustrações e imagens do sistema.
O quinto e sexto capítulo, respectivamente, apresentam a conclusão deste
estudo, sugestões para futuros trabalhos acadêmicos na área de segurança de
barragem e as referências bibliográficas utilizadas para o desenvolvimento deste
trabalho.
25

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta revisão bibliográfica apresenta um panorama geral das principais


instituições internacionais sobre a segurança de barragens. Na sequência, a leis
brasileiras, os aspectos das novas legislações e a avaliação dos especialistas em
segurança de barragem. Além disso, oferta-se nessa peça acadêmica uma visão
geral do projeto da barragem de ITAIPU, bem como a forma construtiva da barragem
de terra da margem esquerda, a qual constitui o local de estudo deste trabalho. Por
fim, as possíveis anomalias e ações que podem ser observadas em uma barragem
de terra são destacadas.

2.1 VISÃO DA COMISSÃO INTERNACIONAL DE GRANDES BARRAGENS

Diversas instituições internacionais estão preocupadas com a segurança de


barragens, um exemplo é a International Commission On Large Dams (ICOLD) que
possui vários comitês técnicos, organiza seminários e cursos nesta área.
No congresso internacional de grandes barragens de 1979 da ICOLD, em
Nova Delhi, discutiu-se intensamente o tema de segurança de barragens, em função
da ocorrência de incidentes com graves consequências para a época. O
envelhecimento das estruturas e a construção de novas barragens, em países com
pouca experiência em engenharia de barragens, foram os principais pontos de
discussão. Desde então, muitos trabalhos, entre eles o boletim número nº 62, de
1988, foram publicados com o objetivo de aperfeiçoar os critérios de projeto,
construção e monitoramento das barragens. (ICOLD, 1988).
Segundo a ICOLD (1988) as inspeções devem ser realizadas
impreterivelmente a pé, por uma equipe de profissionais capacitados, e que todos os
locais da barragem sejam inspecionados. Essa equipe deve ser coordenada por um
engenheiro generalista e, se possível, acompanhado de um engenheiro especialista
seja ele em concreto ou em geotecnia. É importante que todos os membros da
equipe de inspeção, conheçam detalhadamente o projeto e suas particularidades. É
admissível que as inspeções também sejam realizadas por inspetores
independentes.
26

Mesmo quando não há regulamentação ou lei que obrigue a existência do


controle da segurança estrutural das barragens, o proprietário deve manter em
perfeitas condições o comportamento estrutural do empreendimento. A ICOLD
afirma que os órgãos reguladores têm o direito de realizar intervenções e inspeções
caso exista alguma circunstância que exija essa ação.
As inspeções geram recomendações, que constituem medidas necessárias
para manter, melhorar ou reestabelecer a segurança da barragem. A equipe de
auscultação deve dispor de poderes de decisão para especificar qualquer tipo de
ensaios e investigações, necessários para chegar a conclusões definitivas, visando à
aplicação de medidas corretivas e, existindo algum risco iminente ou emergência,
realizar o rebaixamento ou o esvaziamento do reservatório.
Todas as barragens e/ou reservatórios devem ser inspecionados. As
inspeções são divididas em dois tipos principais: especial e regular. As especiais são
realizadas após a ocorrência de grandes enchentes ou eventos incomuns como
sismos, enchentes, sabotagens, mau funcionamento dos equipamentos mecânicos
com comportas e unidades geradoras. As inspeções regulares devem ser realizadas
em intervalos de tempos menores e com frequência pré-estabelecida, os
procedimentos de inspeções devem ser revisados periodicamente visando à redução
de falhas.
Em 2016 a ICOLD emitiu o boletim 166, uma atualização do boletim 62 de
1988, denominado diretrizes para inspeção de barragens após um terremoto. Este
boletim fornece orientações voltadas ao potencial modo de falha em uma barragem
após a ocorrência de um sismo e estabelece um guia geral para os procedimentos
das inspeções imediatamente após o evento. (ICOLD, 2016).
Para uma melhor eficiência durante a realização da inspeção pressupõe-se
que os inspetores atentem-se aos aspectos de segurança, e que as inspeções
devam ser realizadas com uma ficha de inspeção, obrigando a uma verificação
sistemática dos aspectos importantes que possam vir a ocorrer. (CALDEIRA, 1999).
As observações realizadas durante as inspeções são registradas nas fichas
e em relatórios, os quais serão assinados e submetidos às pessoas envolvidas nos
processos. As conclusões e recomendações devem fazer parte de um relatório de
27

análise do comportamento estrutural da barragem, o mesmo deve ser disponibilizado


para o alto escalão da empresa.
A ICOLD (2016), também recomenda realizar treinamentos de capacitação e
atualização dos profissionais inspetores, principalmente, devido à rotina de
atividades envolvidas; e orienta a implantação de medidas e procedimentos
adequados para evitar conflito nas atribuições técnicas, limitando responsabilidades
de cada área e profissional.

2.2 ASPECTOS DAS LEGISLAÇÕES INTERNACIONAIS

Nos Estados Unidos da América, na década 70, após quatro rupturas de


barragens em 5 anos consecutivos, procedeu-se uma revisão geral da legislação de
segurança e inspeção de barragens no país. Para isso foram criados quatro órgãos
competentes, sendo os três primeiros encarregados de desenvolver e divulgar a
segurança de barragens, e o último responsável pelos planos de ações
emergenciais em barragens. (U.S. BUREAU OF RECLAMATION, 2016).

 FEMA (Federal Emergency Management Agency);


 ICODS (Interagency Committee on Dam Safety);
 ASDSO (Association of State Dam Safety);
 FERC (Federal Energy Regulatory Commission).

Em Portugal a Regulamentação de Segurança de Barragens foi promulgada


em 1990, a qual determinou um prazo de cinco anos aos proprietários para a
aplicação e a imposição do regulamento e inspeções periódicas por meio da portaria
n° 847/1993. Em outubro de 2007, foi aprovado um novo regulamento de segurança
de barragens. (PORTUGAL, 2007).
No Canadá, na década de 80, o Comitê de Segurança de Barragens do
Canadian National Commitee on Large Dams, identificou que havia poucos
programas governamentais de segurança e monitoramento. A partir desta data, foi
finalizado em 1997, um guia de segurança de barragens denominado Dam Safety
Guidelines e sua última atualização ocorreu no ano de 2013. (CDA, 2004).
28

2.3 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), publicou na década de


70 um documento contendo as diretrizes para a realização de inspeção e avaliação
da segurança de barragens em operação. Em 1989, um grupo de trabalho
coordenado pela Eletrobrás, através da Portaria n.°739/1988, emitiu um relatório que
abordou mecanismos de monitoração das barragens bem como a definição da
periodicidade de inspeção e procedimentos em caso de acidentes. (CBDB, 2001).
O Ministério da Integração Nacional, em julho de 2002, elaborou o manual
de segurança e inspeção de barragens com o objetivo de estabelecer e orientar os
procedimentos de segurança a serem seguidos. (MINISTÉRIO DE INTEGRAÇÃO
NACIONAL, 2002).
O projeto de Lei de número° 1.181/2003, determinou que inspeções visuais
devessem ser realizadas de acordo com as dimensões de cada barragem e que
estas deveriam se enquadrar nos termos definidos por este projeto. Somente em 20
de setembro de 2010 foi sancionada a Lei 12.334 que implantou a PNSB, com o
objetivo de orientar a manutenção da integridade estrutural e operacional, a
preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente. Essa lei confere
competência de fiscalização de segurança de barragens à entidade que concedeu
ou autorizou o uso do potencial hidráulico e estabelece diversas obrigações à
regulamentação do tema, destacando-se: classificação das barragens, diretrizes
para a elaboração do plano de segurança e critérios correspondentes à revisão
periódica de segurança. (BRASIL, 2010).
Segundo a Lei N.º 12.334/2010 as inspeções visuais podem ser divididas em
duas categorias: inspeções de segurança regular e inspeções de segurança
especial:
As atividades de inspeção de segurança regular são normalmente realizadas
pela equipe própria do empreendimento, consideradas como cotidianas, com
frequência mínima estabelecida pela legislação vigente ou estudos da projetista que
indiquem a necessidade de menor periodicidade. Devem abranger todas as
estruturas associadas, contemplando as particularidades, complexidade e
29

características técnicas, retratando as condições de segurança, conservação e


operação das estruturas das barragens.
Já as inspeções de segurança especial são realizadas em condições
excepcionais, sempre que detectadas anomalias relevantes, como por exemplo:
problemas decorrentes de grandes cheias, esvaziamentos significativos, abalos
sísmicos e ventos de magnitudes não usuais, entre outros. (BRASIL, 2013).
Os órgãos fiscalizadores estão emitindo regulamentações para atender a Lei
N.º 12.334/2010 e as normativas emitidas até o final do ano de 2016 são
apresentadas na Tabela 1.

TABELA 1 - RESOLUÇÕES E PORTARIAS EMITIDAS PELAS ENTIDADES BRASILEIRAS


FISCALIZADORAS.

OBJETO
REVISÃO
ENTIDADE
PLANO DE INSPEÇÕES INSPEÇÕES PERIÓDICA
FISCALIZADORA/ PLANO DE
AÇÕES DE DE DE DE
UNIDADE DA SEGURANÇA OUTROS
EMERGÊNCIA SEGURANÇA SEGURANÇA SEGURANÇA
FEDERAÇÃO DE BARRAGEM
(PAE) REGULAR ESPECIAL DE
BARRAGEM

Res. Res. Res. Res.


ANA – União
91/2012 742/2011 91/2002 132/2016
Port. Port. Port. Port. Port.
DNPM – União
416/2012 526/2013 416/2012 416/2012 416/2012
Res. Res. Res. Res. Res.
ANEEL – União
696/2015 696/2015 696/2015 696/2015 696/2015
Port. Port. Port. Res.
INEMA/BA
4672/2012 4673/2013 4672/2013 10/2011
ADASA/DF
Port. Port. Port.
SEMARH/AL
492/2015 491/2015 492/2015
AGUASPARANA Port. Port. Port.
/PR 14/2014 15/2014 14/2014
Port.
SEMA/MA
05/2016
Port. Port. Port.
SEDAM/RO
265/2015 305/2015 265/2015
Port.
SEMARH/SE
20/2015
30

OBJETO
REVISÃO
ENTIDADE
PLANO DE INSPEÇÕES INSPEÇÕES PERIÓDICA
FISCALIZADORA/ PLANO DE
AÇÕES DE DE DE DE
UNIDADE DA SEGURANÇA OUTROS
EMERGÊNCIA SEGURANÇA SEGURANÇA SEGURANÇA
FEDERAÇÃO DE BARRAGEM
(PAE) REGULAR ESPECIAL DE
BARRAGEM

DN DN DN DN DN
CETESB/SP
279/2015/C 279/2015/C 279/2015/C 279/2015/C 279/2015/C
FONTE: ADAPTADO ANA (2016).

As usinas hidrelétricas brasileiras são fiscalizadas pela Agência Nacional de


Energia Elétrica (ANEEL) a qual realizou uma Consulta Pública, Nº 13/2013, com o
objetivo de reunir subsídios para a elaboração da Resolução sobre a PNSB. Neste
mesmo ano foram deliberadas duas Notas Técnicas, Nº 76/2013 e 77/2013, da
Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração (SFG). A Nota Técnica,
N° 76/2013, propõe os critérios para classificação dos empreendimentos de energia
elétrica por categoria de risco e dano potencial associado (BRASIL, 2013). A Nota
Técnica, Nº 77/2013, determina as características, periodicidades dos tipos de
inspeção, a revisão periódica da documentação relativa à segurança de barragens e
as obrigações do empreendedor. Esses itens são considerados fundamentais para o
Plano de Segurança de Barragens (PSB). (BRASIL, 2013).
Em 2015, a resolução normativa N.º 696/2015 da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), regulamenta a periodicidade mínima para as inspeções,
de acordo com ao dano potencial e categoria de risco. (ANEEL, 2015).
O risco de uma barragem de acumulação de água é definido através de uma
análise técnica sobre: as características técnicas, estado de conservação e plano de
segurança de barragens. Esta classificação está descrita no anexo II da resolução
N.° 696/2015 da ANEEL. Nas características técnicas são avaliadas: a altura,
comprimento, tipo de barragem, tipo de fundação, a idade, vazão de projeto e se a
casa de força é associada ou não a barragem. No estado de conservação a
avaliação considera: a confiabilidade da estrutura, se existe percolações,
deformações, recalques e deterioração dos taludes do paramento, situações que
possam colocar a estrutura em risco. Já no plano de segurança de barragens,
avalia-se: a documentação de projeto, a estrutura organizacional, os procedimentos
31

de inspeções, monitoramento, regras operacionais de descarga e relatórios de


inspeções de segurança com a análise e interpretação da instrumentação. Com o
preenchimento dos requisitos, a barragem é classificada como risco alto, médio ou
baixo.(ANEEL, 2015).
O dano potencial associado que também é integrante do anexo II da
resolução N.° 696/2015 da ANEEL, avalia o volume total do reservatório, o potencial
de perdas de vidas humanas, impacto ambiental e impacto socioeconômico. O
preenchimento dos requisitos com os somatórios da pontuação proposta qualifica se
a barragem apresenta um alto, médio ou baixo dano potencial (TABELA 2).

TABELA 2 - MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS PELA ANEEL.

DANO POTENCIAL ASSOCIADO


CATEGORIA DE RISCO ALTO MÉDIO BAIXO
ALTO A B B
MÉDIO B C C
BAIXO B C C
FONTE: ANEEL (2015).

Definida a classificação da barragem, obtêm-se as periodicidades máximas


das inspeções regulares que são definidas de acordo com a TABELA 3.

TABELA 3 - PERIODICIDADE LIMITE DAS INSPEÇÕES DEFINIDAS PELA ANEEL.

CLASSE DA BARRAGEM

A B C

PERIODICIDADE 6 meses 1 ano 2 anos


FONTE: ANEEL (2015).

A resolução da Agência Nacional de Águas (ANA) N.°742/2011 define a


periodicidade das inspeções de acordo com a classificação da estrutura com
respeito ao dano potencial e categoria de risco definido (TABELA 4). A resolução
também define a qualificação da equipe responsável, designando profissionais
treinados e capacitados para a realização das inspeções. Os relatórios de inspeção
de segurança regular devem ser elaborados por uma equipe de profissionais com
32

atribuições para atuação como responsável técnico pela segurança da estrutura de


barragens de terra e de concreto compatíveis com os registros do CREA/CONFEA.
(ANA, 2011).

TABELA 4 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DEFINIDO PELA ANA.

PERIODICIDADE DAS
DANO POTENCIAL RISCO
INSPEÇÕES
Alto Alto
Semestral
Médio Alto

Médio Médio

Médio Baixo
Anual
Baixo Alto

Baixo Médio

Bianual Baixo Baixo

FONTE: ANA (2011).

Em 2012, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), através


da portaria 416/2012 (TABELA 5), estabeleceu o plano de segurança que contempla
a revisão periódica de segurança, inspeções regulares e especiais das barragens de
mineração. É definida nessa portaria que as inspeções regulares deverão ser
realizadas quinzenalmente, ou em menor período, devendo ser preenchida a ficha
de inspeção Regular. Anualmente deve ser elaborado um relatório de inspeção,
emitindo declaração de estabilidade da barragem e o extrato das inspeções. Já as
inspeções especiais, quando detectadas as anomalias, deverão ser realizadas em
uma periodicidade semanal ou em menor prazo, até que a anomalia detectada seja
33

classificada como extinta ou controlada. Um formulário para a realização da


inspeção especial é fornecido por esta resolução. (BRASIL, 2012).
34

TABELA 5 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS BARRAGENS DE REJEITO


DEFINIDO PELO DNPM.

PERIODICIDADE DAS TIPO DE


INSPEÇÕES INSPEÇÃO
Quinzenal Regular

Semanal Especial

FONTE: BRASIL (2012).

Em seguida, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia


(INEMA) promulgou a portaria 4.673/2013 que determina a periodicidade,
qualificação da equipe responsável, conteúdo mínimo e nível de detalhamento das
inspeções regulares. As periodicidades das inspeções regulares são determinadas
conforme a classificação do dano potencial independente do risco da estrutura, ver
TABELA 6. A portaria do INEMA estabelece que as fichas de inspeção regular
devam ser definidas pelo empreendedor e sua abrangência compreender todos os
componentes da estrutura. A equipe responsável deve ser composta por
profissionais treinados e capacitados. (BAHIA, 2013).

TABELA 6 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS BARRAGENS FISCALIZADAS


PELO INEMA.

PERIODICIDADE DAS DANO


INSPEÇÕES POTENCIAL
Semestral Alto

Anual Médio

Bianual Baixo

FONTE: BAHIA (2013).

No ano de 2014, o Instituto de Águas do Paraná (Águas Paraná) através da


portaria Nº 15/2014 estabeleceu a periodicidade, a qualificação da equipe
responsável, o conteúdo mínimo e o nível de detalhes das inspeções regulares. A
periodicidade é a mesma apresentada na TABELA 6 e define que as fichas de
35

inspeções terão o modelo elaborado pelo empreendedor e deverá abranger todos os


componentes e estruturas associadas à barragem. (PARANA, 2014).
Em 2015, seis entidades fiscalizadoras estabeleceram as portarias, tendo
por objetivo, a inspeção de segurança regular. Duas dessas incluindo informações
complementares sobre as inspeções especiais. A primeira a estabelecer os
regimentos nesse ano foi a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos de Alagoas, SAMARH/AL. No mês de setembro ela publicou a portaria
491/2015 que estabeleceu a periodicidade das inspeções definido conforme o dano
potencial e o risco. Seus prazos são idênticos aos da ANA, os quais são
apresentados na TABELA 4. (ALAGOAS, 2015).
Após o rompimento da barragem de Fundão da empresa Samarco, ocorrido
no dia 05/11/2015, na cidade de Mariana/MG, as entidades fiscalizadoras
aceleraram as publicações de regulamentações das barragens sob suas jurisdições.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB/SP) publicou os
procedimentos relativos à segurança de barragens de resíduos industriais através da
decisão de diretoria n.°279/2015. As inspeções regulares são realizadas conforme a
classificação do Risco e ao Dano Potencial Associado, conforme descrito na
TABELA 7. (SÃO PAULO, 2015).

TABELA 7 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS BARRAGENS FISCALIZADAS


PELA CETESB/SP.

PERIODICIDADE DAS CATEGORIA DE RISCO E DANO


INSPEÇÕES POTENCIAL ASSOCIADO
Anual Classe A

Bianual Classe B

Tri anual Classe C e D

FONTE: SÃO PAULO (2015).

O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), através da portaria


3907/2015, aprovou os critérios para a implantação e a revisão periódica de
segurança de barragens de acumulação de água de domínio do estado de São
Paulo. As informações referentes às inspeções regulares e especiais devem fazer
36

parte do Plano e Procedimentos do Plano de Segurança da Barragem. A


periodicidade das inspeções regulares é bianual, conforme mostra a TABELA 8. Já
as inspeções especiais deverão ser realizadas sempre que ocorrer um incidente com
a barragem. (SÃO PAULO, 2015).

TABELA 8 - PERIODICIDADE MÍNIMA PARA AS INSPEÇÕES DAS BARRAGENS FISCALIZADAS


PELO DAEE.

PERIODICIDADE DAS CATEGORIA DE RISCO E DANO


INSPEÇÕES POTENCIAL ASSOCIADO
Bianual Independente

FONTE: SÃO PAULO (2015).

Em dezembro de 2015, foi regulamentada a resolução normativa da ANEEL


N° 696/2015 que estabelece os critérios, prazos para a classificação, inspeções e a
formulação do Plano de Segurança.
O Plano de Segurança de Barragens é um instrumento da PNSB, tratando
de um documento obrigatório para todas as barragens que estão enquadradas na
Lei 12.334/2010. (BRASIL, 2010). Sua aplicação ocorre se o empreendimento
apresentar no mínimo uma das seguintes características técnicas:
 Altura da barragem superior a 15 m;
 Capacidade do reservatório igual ou superior a 3.000.000 m³;
 Categoria do Dano Potencial Associado (DPA) médio ou alto.
Uma vez que a barragem se enquadra nestes parâmetros a documentação
mínima exigida para sua segurança são os manuais de procedimento dos roteiros
das inspeções de segurança e de monitoramento, relatórios de segurança da
barragem, relatórios de inspeções de segurança regular e especial. O PSB deve ser
atualizado conforme os resultados das inspeções devido às alterações das
características do empreendimento decorrentes da operação, monitoramento e
manutenção. (BRASIL, 2013).
O plano de segurança de uma barragem tem o objetivo de controlar e
garantir o desempenho satisfatório da estrutura. O monitoramento realizado através
da instrumentação, em conjunto com as inspeções visuais, é essencial para
37

assegurar as condições de segurança. A auscultação é uma atividade técnica de


alta relevância no controle da segurança que abrange desde o conhecimento do
projeto, a inspeção minuciosa da barragem e a elaboração de relatórios técnicos
para aferir o estado da estrutura, emitindo recomendações com o objetivo de
executar obras de melhorias, manutenções preventivas e corretivas, monitoramento
e intervenções.
A ANA prevê que em 2016 os demais estados e entidades responsáveis por
barragens regulamentem o artigo 9° da lei de segurança que trata das inspeções
regulares. A secretaria de estado do meio ambiente (SEMA), do estado do
maranhão, foi a primeira secretaria neste ano a estabelecer a periodicidade e a
qualificação da equipe técnica responsável pelas barragens de acumulação de água.
Os critérios para as inspeções regulares e periodicidades são determinadas
conforme o a classificação do dano potencial independente do risco da estrutura e
são similares ao adotado pelo INEMA e instituto de águas do Paraná, ver a TABELA
6. (MARANHÃO, 2016).

2.4 AVALIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA DE BARRAGENS


SOBRE AS INSPEÇÕES

Para realizar inspeções periódicas os profissionais especialistas de


segurança precisam ter acesso completo e ilimitado a todos os dados de operação e
dispositivos de registro da barragem. É imprescindível que todos os relatórios,
ensaios realizados e projetos, desde o projetado ao construído, estejam disponíveis
e com fácil acesso.
As inspeções permitem identificar de maneira rápida muitas das possíveis
anomalias e suas respectivas causas, além das proposições de reparos preventivos,
visando à execução de intervenções em tempo hábil, mantendo o nível de
segurança desejado.
Ter uma vigilância contínua e rigorosa com a inspeção da barragem
estabelece uma base segura contra os riscos de ruptura. Para considerar uma
barragem segura, a estrutura precisa estar bem documentada, bem controlada por
profissionais habilitados e qualificados, monitorada por sistemas confiáveis,
38

dispondo de planos de inspeções periódicas e de ação emergencial. (OLIVEIRA,


2008).
Todas as estruturas construídas pelo ser humano apresentam algum nível
de risco. As barragens estão entre as que potencialmente podem provocar maiores
danos em caso de ruptura, embora o seu risco de colapso seja inferior ao de outras
obras. Das rupturas já ocorridas, muitos casos poderiam ter sido evitados se as
estruturas e fundações tivessem sido inspecionadas e monitoradas, e as medidas
corretivas adequadas tivessem sido executadas em um tempo hábil. (KUPERMAN et
al., 2003).
Apesar de toda a atenção dispensada durante as grandes obras de
engenharia - o monitoramento antes, durante e após a construção - é impossível
considerar que os riscos inerentes a estas estruturas sejam nulos. Os principais
riscos associados às estruturas são relativos às forças naturais, tais como: grandes
cheias e sismos. (FUSARO et al., 2015). Neste sentido a preocupação com o
controle e acompanhamento do comportamento de uma barragem cresce cada vez
mais e os principais meios para avaliar a continuidade física e operacional da
barragem são as inspeções visuais e a auscultação através da instrumentação. As
anomalias com potencial risco têm maiores possibilidades de serem detectadas
quando associadas às inspeções e leituras dos instrumentos. (OLIVEIRA, 2008).
As leituras automatizadas da instrumentação possibilitam grandes
vantagens, como leituras contínuas e análise de dados no escritório, permitindo a
análise do desempenho estrutural da barragem. Porém, enfatiza-se que as
inspeções visuais para a observação das estruturas são indispensáveis para manter
níveis de segurança adequados. (PIASENTIN, 2003).
A decisão de automatizar os instrumentos não dispensa as inspeções
visuais, e estas não devem ser reduzidas. Segundo Piasentin (2003), para aprimorar
a eficiência das inspeções é necessário que estas sejam efetuadas por pessoal
técnico experiente, treinado, conhecedor dos fenômenos, dos detalhes importantes
da obra e do comportamento da barragem. Para realizar tais inspeções, deve-se
analisar os tópicos críticos e vitais da estrutura, com a utilização de uma lista de
itens de verificação. As observações não são restritas à essa lista, mas a indicação
39

de eventuais anormalidades é obrigatória. Além disso, não se limita somente a área


da barragem, mas também, a seus arredores.
Segundo Fusaro (2015) as atividades de monitoramento são obrigatórias e
compostas pelas inspeções visuais, coleta e análise dos dados da instrumentação.
Estas atividades visam manter o monitoramento constante das diversas estruturas e
identificar alterações no comportamento estrutural observado.
Durante a execução de uma inspeção o primeiro item analisado é a
concepção estrutural, a metodologia do projeto, como foi projetado, seus critérios, a
compatibilidade com as características da obra e se os dados utilizados para o
dimensionamento são compatíveis com as informações encontradas em campo.
Deve-se avaliar na construção, se os recursos, procedimentos e materiais utilizados
estão de acordo com o projetado, através dos resultados das investigações
geotécnicas e dos ensaios referentes à construção do maciço. Finalmente, avalia-se
o manual de operação, se as instruções e procedimentos estão claros e completos e
se a equipe está capacitada para realizar os procedimentos operacionais de rotina e
emergenciais. Esses documentos permitem ao inspetor avaliar a segurança da
estrutura. Se uma barragem não estiver bem documentada, mesmo se bem
executada representará uma estrutura não confiável por não ser conhecido os
parâmetros técnicos de construção. (OLIVEIRA, 2008).

2.5 CARACTERÍSTICAS DAS BARRAGENS DE ITAIPU

Nesta etapa são apresentadas as principais características técnicas da


barragem de ITAIPU, e em sua sequência a descrição da Barragem de Terra da
Margem Esquerda (BTME) que é o objeto de estudo para a implantação do sistema
de inspeções.
O início da construção da barragem de ITAIPU se deu em 1973 com a
assinatura de um acordo entre Brasil e Paraguai. Os resultados dos esforços de
profissionais nacionais e internacionais contribuíram para a formulação do plano de
desenvolvimento e aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná.
Foram 190 Km de estudos do rio Paraná para definir o melhor potencial
energético. Localizada entre as cidades de Foz do Iguaçu, no Brasil e Cidade de
40

Leste, no Paraguai, Itaipu conta com um total de 120 metros de queda bruta e
14.000MW construído. (ITAIPU BINACIONAL, 2009).
Os estudos de viabilidade do projeto foram divididos em quatro fases sendo
a primeira os locais mais favoráveis referentes a pluviometria, fluviometria,
sedimentação, topografia, condições geológicas e geotécnicas, condições técnicas
visando a segurança estrutural do empreendimento. A segunda fase referente a
aspectos técnicos e econômicos visando à formulação do melhor plano de
desenvolvimento de projeto e pré-viabilidade. Já na terceira fase foi criada uma
comissão mista técnica entre Brasileiros e Paraguaios com o objetivo de estudos de
viabilidade adicionais. A quarta e última fase contou com a elaboração de um
cronograma executivo, um relatório final de viabilidades nos padrões exigidos pelas
instituições financeiras internacionais e pela comissão mista. (ITAIPU BINACIONAL,
2009).
Itaipu está localizada a uma pequena distância da fronteira trinacional, que
requer um alto nível de segurança de suas estruturas e uma proteção efetiva das
populações, dos bens materiais e do meio ambiente.
As considerações de custos não tiveram prioridade sobre os aspectos de
segurança e de confiabilidade estrutural. As soluções de engenharia seguiram as
normas técnicas internacionais vigentes na época e os principais aspectos
favoráveis para a sua construção foram:
 As características geológicas do local de sua implantação, em geral,
superiores e adequadas para a implantação de uma barragem de 196 m de
altura;
 A execução do desvio do rio foi facilitada devido a existência da Ilha de
Itaipu e da pouca profundidade do canal do rio;
 O acesso por terra e balsa, em ambas as margens foi facilitado pela
existência de estradas não pavimentadas, além da proximidade das cidades
de Foz do Iguaçu e Cidade de Leste;
 O reservatório capaz de regular a vazão do rio Paraná controlando até 75%
do escoamento da Bacia Hidrográfica do Paraná;
41

 O material escavado do canal de desvio seria totalmente aproveitado para a


construção da barragem de enrocamento e como agregado para a
construção das barragens de concreto;
O projeto de Itaipu consiste em uma série de barragens de diversos tipos
com uma extensão de 7.919 m e coroamento na El. 225,00 m. A barragem principal,
no leito do rio, é de concreto do tipo gravidade aliviada. Esta barragem se prolonga
na margem direita por uma barragem de contrafortes até o vertedouro e dessa
estrutura em diante por uma barragem de terra. Na margem esquerda, a barragem
principal estende-se através da estrutura de desvio, que é uma barragem maciça de
concreto. Segue-se uma barragem de contrafortes e em continuação uma barragem
de enrocamento, seguida de uma barragem de terra. Na sequência do trabalho será
detalhado a Barragem de Terra da Margem Esquerda, identificada na FIGURA 2
como letra L, as suas principais características técnicas e o que deve ser observado
durante uma inspeção visual. (ITAIPU BINACIONAL, 2009).

FIGURA 2 – ARRANJO GERAL DA BARRAGEM DE ITAIPU.

FONTE: ITAIPU BINACIONAL (2016).


42

2.5.1 Característica da Barragem de Terra Margem Esquerda

A Barragem de Terra da Margem Esquerda (BTME) tem um comprimento de


2.294 m, altura máxima de 30 m e volume de 4,4x106 m³ dos quais 0,6 x106 m³ de
enrocamento, transição de materiais e filtros. Na FIGURA 3 é apresentada uma foto
aérea da barragem.

FIGURA 3 – VISTA AÉREA DA BARRAGEM DE TERRA DA MARGEM ESQUERDA, TRANSIÇÃO


COM ENROCAMENTO, TRECHO 1 E TRECHO 2.

Transição com
enrocamento
1° Trecho

2° Trecho

FONTE: Adaptado ITAIPU BINACIONAL (2009).

Os estudos realizados para a implantação da barragem de terra da margem


esquerda revelaram que a fundação existente continha uma camada de solo residual
espessa e extensa de materiais homogêneos bastante argilosos com plasticidade,
compressibilidade e permeabilidade de mediana a alta e pouco resistente. A
disponibilidade de grandes volumes de solos, com características ideais para a
construção da barragem, oriundos de áreas de empréstimos próximas a construção
e a escavação da barragem de enrocamento reduziram o custo para a sua
implantação. (ITAIPU BINACIONAL, 2009).
Essas combinações de fatores aliados à pequena altura da barragem
permitiram a adoção de uma solução adequada de máxima estabilidade,
estanqueidade e recalques diferenciais mínimos.
43

Visando maior otimização, o projeto foi dividido em dois trechos sendo de 10


a 30 m e de 0 a 10 m de altura. O trecho com altura superior a 10 m foi denominado
de 1° trecho e inicia-se na estaca 122+47,17 m até à estaca 127+30 m. O 2° trecho,
com altura inferior a 10 m, inicia-se na estaca 128+80 m até se encontrar na
ombreira esquerda. A transição entre os dois trechos encontra-se entre as estacas
127+30 m e 128+80 m, totalizando 150 m de extensão. (ITAIPU BINACIONAL,
2009).
A transição entre a barragem de enrocamento e barragem de terra foi
projetada com material rochoso nas granulometrias específicas e obedecendo as
características de não desagregabilidade.
O trecho mais alto da barragem inicia-se na transição da barragem de
enrocamento, com 30 m de altura e 630 m de comprimento, é constituído de uma
seção central homogênea de argila plástica compactada com taludes a montante e a
jusante. (ITAIPU BINACIONAL, 2009).
Nas FIGURA 4 e FIGURA 5 são apresentadas as seções típicas da
barragem no 1° e 2° Trecho.

FIGURA 4 – SEÇÃO TÍPICA DA BARRAGEM DE TERRA NA ESTACA 126+50 (1°


TRECHO) DE 10 A 30 m DE ALTURA.

1
12 EI. 225,00
II 10 3,5
1
3,5
1 11
5
1
6 5 9
1
1
2 7 6
1

4
6

FONTE: Adaptado ITAIPU BINACIONAL (2009).


44

FIGURA 5 – SEÇÃO TÍPICA ESTACA. 135+00 m (2° TRECHO) DE 0 A 10 m DE ALTURA.

1
12
10 EI. 225,00
I 11
9 8
3
3 1
1
2 5

1 Eixo da barragem 4 Rocha intemperizada 7 Berma 10 Talude a montante


2 Núcleo de argila impermeável 5 Filtro de areia artificial 8 Transição graúda 11 Talude a jusante
3 Argila plástica 6 Basalto denso 9 Riprap 12 Crista

FONTE: Adaptado ITAIPU BINACIONAL (2009).

Os filtros foram executados com material granular composto por areia,


provenientes do leito do rio Paraná (nas proximidades da Ilha de Acaray) e/ou areia
artificial, proveniente da britagem do basalto. Foram utilizadas areias artificiais,
naturais e mistas, sendo essa última compostas de 80% de areia artificial e 20% de
areia natural.
O sistema de drenagem interna de toda a BTME é formado basicamente
por um filtro vertical contínuo que vai da El. 223,00 m até seu encontro com um
tapete drenante horizontal. O filtro tem uma espessura de 2,0 m e situa-se a 3,0 m à
jusante do eixo da barragem.
O tapete drenante horizontal do primeiro trecho, entre as estacas
122+85 m e 127+30 m, encontra-se localizado a meia altura da barragem.
No 1° trecho foram construídas bermas de equilíbrio de montante e de
jusante. Para a construção das bermas foi utilizado argilas arenosas e/ou plásticas
e/ou saprolito sem controle de compactação.
45

2.6 INSPEÇÕES NA BARRAGEM DE TERRA

2.6.1 Condições gerais

As inspeções das barragens são ações que visam preservar as concepções


adotadas no projeto, garantindo que qualquer situação atípica seja registrada.
Mesmo não existindo fatores anormais, deve-se durante toda a fase de operação do
empreendimento realizar as inspeções visuais.
Detectar visualmente e registrar qualquer fato novo ou ocorrência que possa
implicar na segurança ou no bom funcionamento do empreendimento permite aos
engenheiros responsáveis realizar comparações entre inspeções e acompanhar a
evolução histórica de uma determinada anomalia.
As barragens devem ser regularmente inspecionadas com o objetivo de
determinar as condições operativas. Quanto mais antiga, mais preocupações podem
acarretar e, somente as avaliações periódicas de inspeção e a análise da
instrumentação, realizada por profissionais qualificados é que poderão garantir que a
barragem esteja segura. (OLIVEIRA, 2008).
Para iniciar a inspeção de uma barragem, o primeiro passo do inspetor é a
análise da documentação técnica, compreender os estudos e resultados das
investigações geotécnicas da fundação e do maciço, a concepção do projeto, os
métodos de dimensionamento, os critérios adotados, métodos executivos, os
problemas de construção e registros das inspeções anteriores. Após análise inicial,
deve-se realizar uma avaliação do comportamento estrutural da barragem através da
instrumentação.
O arquivo técnico tem um papel fundamental nesta etapa, que consiste em
manter todas as documentações organizadas, com fácil acesso das informações ao
inspetor. O conhecimento da documentação da barragem é a garantia de uma
inspeção criteriosa, com qualidade e precisa.
Boa parte das anomalias das barragens são detectadas pelas inspeções
visuais. Porém, a avaliação do comportamento da instrumentação não deve ser
menorizada e a análise do comportamento da instrumentação deve ser
minuciosamente realizada. (CALDEIRA, 1999).
46

As detecções em tempo hábil de qualquer ocorrência entre o intervalo de


duas inspeções, em muitas vezes na fase incipiente, podem colaborar para a
resolução do problema.
Deve-se caminhar sobre os taludes e a crista em diferentes direções, não
importa se o trajeto é em zigue-zague ou paralela ao eixo longitudinal, o importante
é que toda a superfície seja coberta pela inspeção. (ANA, 2016).
A ICOLD (2016) apresentou no boletim 166 uma lista com os principais
aspectos a serem observados em uma inspeção especial para uma barragem de
terra após um terremoto. Estas informações são o subsídio para a elaboração do
sistema de inspeção visando aplicação em Itaipu Binacional. As definições dos itens
a serem inspecionados durante uma inspeção regular seguem o critério de avaliação
de desempenho da barragem que estabelece os possíveis modos de falha que
podem ocorrer na estrutura. Estes modos são obtidos a partir do estudo de
concepção do projeto e da experiência dos profissionais que atuam na área de
segurança de barragem. A lista com os itens a serem inspecionados são
apresentados na metodologia deste trabalho.
Na sequência, os locais e os principais itens a serem observados durante
uma inspeção de uma barragem de terra são apresentados. Cada modo de falha
será detalhado com o objetivo de contribuir com a realização da atividade de campo
e a elaboração do sistema de inspeções. Os principais itens apresentados são
baseados na lista de observações propostas pela ICOLD, LNEC e Bureau of
Reclamation do ano de 2016.

2.6.2 Taludes a montante

O talude a montante de uma barragem é constituído de uma proteção com


blocos de rochas submetidos às oscilações do nível d’água do reservatório e ações
erosivas devido ao impacto das ondas.

2.6.3 Proteção dos taludes

As proteções dos taludes a montante das barragens de terra, normalmente


são de blocos de rochas, são denominados de riprap. Estas proteções são
47

constituídas por blocos de rocha sã, de granulometria especificada em projeto, e tem


o objetivo de proteger os taludes de montante contra ações erosivas das ondas que
formam no reservatório.
Estes blocos de rocha são submetidos a constantes ciclos de molhagem e
secagem devido à variação do nível do reservatório e ao intemperismo. Ao longo do
tempo pode ocorrer uma eventual ciclagem natural, alterando a sua composição
granulométrica, provocando um efeito de desagregação de blocos por desgaste e/ou
envelhecimento, podendo causar erosões superficiais e escorregamento dos blocos
de rocha.

2.6.4 Desagregação de blocos

A exposição às intempéries, o impacto das ondas e o crescimento da


vegetação contribuem diretamente para a ciclagem natural do material, onde os
blocos se desagregam por tensões de tração.
Durante a inspeção visual deve-se verificar a existência de áreas com blocos
desagregados, com redução de suas dimensões por fraturamento, ver FIGURA 6,
com cavidades deixadas pelos arrastes. Estas desagregações poderão resultar em
um arraste dos blocos menores, desestabilizando os blocos maiores e causando
deslizamentos, ravinamentos e/ou deslocamento dos blocos devido à ação da
gravidade.
FIGURA 6 – BASALTO FRAGMENTADO E FISSURADO.

FONTE: CEASB (2015).


48

As ações corretivas incluem levantamento topográfico e batimétrico,


escaneamento, comparação com os levantamentos anteriores para conduzir o
projeto de recuperação e reconstituição do talude original.

2.6.5 Deslocamento de blocos

A utilização de materiais no riprap inapropriados se alteram rapidamente


quando submetidos à processos de ciclagem natural, além da ação das ondas
permitindo que os blocos de maiores dimensões se desloquem devido à falta de
base de sustentação. A existência de recalques, deformações e erosões na
estrutura também são fatores que contribuem diretamente com o deslocamento de
blocos.
Deve-se verificar durante a inspeção a existência de blocos de rochas que
se deslocam pelo talude, áreas de vazios nas cotas mais elevadas e existência de
concentração de blocos em local específico do talude. A não correção destas
anomalias pode levar a um processo erosivo, atingindo o solo subjacente do corpo
da barragem.
Ao identificar casos conforme relatado, deve-se mapear topograficamente a
região exposta, realizar batimetrias e utilizar escaneamento a laser, o que permite
trabalhar e identificar com precisão os locais de movimentações.

2.6.6 Movimento de deslizamento

Os deslizamentos no talude de montante normalmente são devido a sua


inclinação excessiva ou a perda na resistência do material do maciço. Podem ser
classificados em deslizamento superficial e deslizamento profundo. O deslizamento
superficial é oriundo de uma má compactação do maciço durante a execução da
obra, a saturação do talude por percolação, obstrução do sistema de drenagem
aliado ao rebaixamento rápido do nível do reservatório. Inicialmente haverá a
formação de fissuras na parte superior do talude, que permitirá a entrada de águas
decorrentes da precipitação, que tendem a instabilizar o talude através da formação
de caminhos preferenciais.
49

Os deslizamentos superficiais, na maioria das vezes, não representam


problemas estruturais que venham a comprometer a segurança estrutural da
barragem. Recomenda-se realizar registros fotográficos, topografia, restringir as
percolações da superfície e efetuar a recuperação. (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO
NACIONAL, 2002).
Os deslizamentos profundos são movimentos delimitados pela formação de
trincas em formato de arco, FIGURA 7, com movimento rotacional e horizontal bem
definido e/ou com um deslizamento de um talude íngreme que indica sérios
problemas estruturais. Podem ser causados, ainda, por obstrução do filtro e a má
compactação do talude. Existindo a suspeita, deve-se realizar uma inspeção
minuciosa para identificar a causa e determinar a magnitude do evento. Recomenda-
se o rebaixamento do reservatório.(MINISTÉRIO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL,
2002).

FIGURA 7 – DESLIZAMENTO PROFUNDO COM TRINCA EM FORMATO DE ARCO, DETRITOS E


ÁRVORES NO TALUDE A MONTANTE EM UMA BARRAGEM NOS EUA.

FONTE: GAGNER (2016).


50

2.6.7 Granulometria

Os enrocamentos de proteção devem ser compatíveis com a granulometria


indicada nos desenhos de projetos, a principal função é de proteção do talude contra
as oscilações do reservatório, ações erosivas das ondas e os intemperismos. A
identificação de menores granulometria exigem a sua reposição conforme os
critérios de projeto.
Os processos de ciclagem podem reduzir a granulometria, pois causam
fissuras e desagregação das partículas constituintes dos blocos.

2.6.8 Erosões

A falta de proteção do talude de montante pode ocasionar erosões estreitas


e profundas e formação de taludes subverticais, ver FIGURA 8. O impacto das
ondas iniciará um processo de queda ou tombamento dos blocos do talude, perda
de solo do maciço, ocasionando uma coloração de água diferenciada junto ao
talude. Sua evolução ocasionará deformações como recalques, formação de dolinas
no talude e posterior na crista. Se constatada esta anomalia, realizar topografia,
batimetria da região e campanhas altimétricas da crista visando identificar as causas
e restabelecer as condições do talude e suas respectivas proteções seguindo os
critérios do projeto. (CALDEIRA, 1999).

FIGURA 8 – EROSÃO NO RIPRAP, TALUDE A MONTANTE.

FONTE: ITAIPU BINACIONAL (2016).


51

2.6.9 Fissuras

As fissuras na barragem de terra podem ser causadas por diversos fatores.


No talude de montante normalmente são observadas fissuras originadas pelo
ressecamento do maciço devido ao rebaixamento do reservatório. A princípio, não
indica uma grande preocupação estrutural. Essas fissuras, caso não sejam tratadas
e protegidas, podem contribuir para formações de caminhos preferências para a
água da chuva, desse modo a anomalia tende evoluir para ravinas, conforme
FIGURA 9, causando instabilidades em partes do maciço da barragem. A existência
de fissuras profundas pode provocar a formação de uma brecha durante o
enchimento do reservatório. Ver o item de movimento de deslizamento.

FIGURA 9 – FISSURA E EROSÃO NO TALUDE A MONTANTE EM UMA BARRAGEM NOS EUA.

FONTE: GAGNER (2016).

2.6.10 Recalques, deformações e subsidências na face de montante

Os recalques e deformações em uma barragem podem resultar na redução


da borda livre e causar problemas, tal como transbordamento durante o período de
52

enchentes máximas, o que caracteriza sinais de instabilidade e até rupturas. Essas


anomalias são divididas em dois tipos: os recalques localizados e as subsidências.
Os recalques localizados, na maioria dos casos, não representam perigo imediato
para a barragem e podem indicar o início de outros sérios problemas. (MINISTÉRIO
DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2002).
Caso seja constatado durante a inspeção a ocorrência de recalques e/ou
deformações no talude de montante, deve ser verificado na mesma direção e suas
áreas adjacentes, a existência de trincas longitudinais e transversais na crista. O
talude de jusante também deve ser inspecionado se existir a presença de áreas
úmidas e fluxo de água que possa indicar a presença de uma subsidência.
A constatação de uma subsidência exige a realização de uma inspeção
criteriosa e pode indicar sérios problemas entre eles o piping. Observar a existência
de vazios subjacente com o início da formação de dolinas. As recomendações
realizadas para os recalques também devem ser aplicadas. (MIRANDA, 2011).
Se constatada a anomalia, realizar um levantamento topográfico, registro
fotográfico e sondagem para identificar as dimensões e profundidade da
subsidência.

2.6.11 Colorações diferenciadas da água do reservatório próximo ao talude de


montante

Denominada de turvamento, trata-se da constatação de uma coloração da


água do reservatório próximo ao talude de montante com aparência barrenta ou com
coloração diferente da água acumulada no reservatório. Essa ocorrência é evidente
quando o talude de montante está sendo erodido pelo impacto das ondas. A falta de
proteção do talude de montante e a operação do reservatório em uma elevação
superior que atinja a transição de materiais acarretam essa situação, (FIGURA 10).
A falta de manutenção ou ação específica para a correção das anomalias,
pode realizar um processo de deslocamento dos blocos, erosões superficiais
podendo evoluir para uma subsidência com a remoção do material interno da
barragem.
53

Existindo esta anomalia, realizar o registro, verificar a existência de erosões,


desagregação, deslocamentos dos blocos e tomar ações mitigadoras para a
resolução do problema.
54

FIGURA 10 – COLORAÇÕES DIFERENCIADAS DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO PRÓXIMO AO


TALUDE DE MONTANTE EM UMA BARRAGEM NOS EUA.

FONTE: GAGNER (2016).


2.6.12 Crescimento de vegetações

A desagregação dos blocos de rochas constituintes do enrocamento


ocasiona a deposição de material argiloso e propicia o crescimento de vegetação
rasteira ou arbustos.
O crescimento de vegetações propicia a penetração das raízes no corpo da
barragem, permitindo a percolação da água, ocasionando um processo de
deterioração da barragem, ver FIGURA 11. Estas vegetações devem ser extinguidas
por meio da aplicação de herbicidas e/ou arrancamento das mesmas. No talude de
montante, crista e talude de jusante não deve existir qualquer tipo de árvores.
(CDA,2016).
55

FIGURA 11 – CRESCIMENTO DE VEGETAÇÃO NO TALUDE DE MONTANTE EM UMA


BARRAGEM NOS EUA.

FONTE: CDA (2016).

2.6.13 Detritos

Todos os materiais que não fazem parte da estrutura da barragem,


provenientes do reservatório, são denominados detritos e tratam-se de entulhos,
troncos, lixos que devem ser retirados, (FIGURA 12).

FIGURA 12 – DETRITOS NO TALUDE DE MONTANTE.

FONTE: GAGNER (2016).


56

2.6.14 Animais, buracos de animais

A constatação de animais nas barragens de aterro como formigas, corujas,


tatus exigem medidas de atenção especial com a exterminação e /ou
remanejamento. As cavidades produzidas pelos animais podem se tornar perigosos
devido a criação de caminhos preferenciais para a percolação da água.

2.6.15 Identificação do local

A identificação das estacas e dos instrumentos é fundamental para que os


profissionais envolvidos na auscultação, na manutenção e outras atividades afins
possam executar seus serviços nas localidades corretas. Se constatada alguma
anormalidade na estrutura, faz-se necessária a rápida identificação do local para que
as informações cheguem aos especialistas em segurança de barragens e as
medidas corretivas sejam tomadas.

2.6.16 Crista

A crista da barragem de terra é constituída de pavimento com concreto


asfáltico. Além da função de pavimento é um elemento importante para a detecção
qualitativa das deformações diferenciais. Por ser um elemento semirrígido pode
apresentar problemas a serem identificados pelas inspeções visuais. A crista
também é constituída de muro quebra-ondas e guarda corpo de concreto separando
a crista e talude, da jusante e calçadas, que contribuem na detecção de problemas
de deformação da barragem. (ITAIPU BINACIONAL, 1990).

2.6.17 Deformações, recalques, trincas e fissuras no maciço

A existência de trincas na crista pode ser indício de deformações no maciço,


as quais, dependendo da localização ou extensão, merecem observações e
registros minuciosos. (U. S. BUREAU OF RECLAMATION, 2016).
Existem dois tipos importantes de trincas, as de ressecamento (retração) e
as resultantes de recalques diferenciais. As trincas de ressecamento são motivadas
pela perda de umidade, por evaporação e/ou rebaixamento do reservatório, tendo
57

como consequência a retração do solo. Normalmente, são trincas de dimensões


pequenas, de 0,30 a 0,50m de extensão, dispostas em várias direções, todas com
aberturas pequenas e aproximadamente iguais, conforme mostra a FIGURA 13.
Apesar de serem consideradas superficiais, se observa a redução da espessura
conforme a profundidade. Deve-se realizar um tratamento para evitar que ocorra a
penetração de águas pluviais.

FIGURA 13 – TRINCAS ORIUNDAS DE RESSECAMENTO EM UMA BARRAGEM NOS EUA.

FONTE: GAGNER (2016).

As trincas de recalques diferenciais do maciço normalmente são trincas


transversais ao eixo da barragem e localizada próximo às ombreiras, ver FIGURA 14
e FIGURA 15. Esses tipos de fissuras se desenvolvem quando o material
compressível se apoia em ombreiras de rocha íngreme ou irregular, a existência de
regiões escavadas e reaterradas com a presença de diferentes materiais
compressíveis na fundação. (MIRANDA, 2011).
58

FIGURA 14 – COMO SE FORMAM AS FISSURAS TRANSVERSAIS.

FONTE: MIRANDA, (2011).


59

FIGURA 15 – TRINCAS TRANSVERSAIS EM UMA BARRAGEM EM UMA BARRAGEM NOS EUA.

FONTE: GAGNER (2016).

As fissuras por recalques diferenciais também podem ser longitudinais e


paralelas ao eixo da barragem (FIGURA 16 e FIGURA 17). Normalmente ocorre
quando a barragem é construída com diferentes tipos de materiais com
compressibilidades diferentes.

FIGURA 16 – TRINCAS LONGITUDINAIS, RECALQUES DIFERENCIAIS EM UMA BARRAGEM


NOS EUA.

FONTE: GAGNER (2016).


60

FIGURA 17– COMO SE FORMAM AS FISSURAS LONGITUDINAIS.

FONTE: MIRANDA (2011).

Durante as inspeções, situações como as descritas, devem ser investigadas


e aprofundadas as causas e origens das anomalias. Estas investigações devem ser
realizadas através de um mapeamento topográfico, acompanhando as progressões
da deformação da abertura, extensão e profundidade. Para a análise da penetração
em profundidade um poço de inspeção, com escoramento, deve ser aberto, ver
FIGURA 18, devidamente protegido contra intempéries. As deformações devem ser
monitoradas através da instalação de marcos topográficos fixos e seu
comportamento observado diariamente a partir de dois marcos fixos.
61

FIGURA 18 – POÇO PARA ANÁLISE DA PENETRAÇÃO EM PROFUNDIDADE DA FISSURA EM


UMA BARRAGEM NOS EUA.

FONTE: GAGNER (2016).

2.6.18 Desalinhamento da crista, muros de montante e jusante

O desalinhamento da superfície dos muros quebra ondas, em sua maior


parte, é acompanhado de depressões na crista que reduzem a cota de segurança.
Durante a inspeção, é de fundamental importância realizar visadas a olho nu sobre a
borda superior dos muros quebra ondas, objetivando a identificação de trechos
deformados ou abaulados. Estas visadas devem ser sempre paralelas ao eixo da
barragem e ao longo de toda estrutura. O alinhamento das faixas de sinalização, dos
postes de iluminação, do muro de jusante e marcos de superfície, conforme a
FIGURA 19, auxiliam na avaliação do desalinhamento da crista.
62

FIGURA 19 – DESALINHAMENTO DOS MARCOS DE SUPERFÍCIE DA CRISTA DA BARRAGEM


DE SALINAS. CEMIG, 2002.

FONTE: OLIVEIRA, (2008).

Segundo o Manual de Segurança Inspeção de Barragens (MINISTÉRIO DA


INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2002), áreas com desalinhamentos, movimentos entre
as partes adjacentes da estrutura, representam uma deformação estrutural ou
ruptura próxima. Se constatada situações como as descritas, deve-se instalar
marcos transversalmente à crista com o objetivo de determinar a extensão do
problema. Um acompanhamento minucioso com ações remediadoras para detectar
os movimentos futuros com a instalação de radares, realização de escaneamento e
a avaliação dos cálculos de estabilidade devem ser aplicados. Se constatado um
índice de estabilidade baixo deve-se, acionar o Plano de Ação de Emergência com o
rebaixamento e/ou esvaziamento do reservatório.
63

2.6.19 Ondulações

Devido ao trânsito de veículos e/ou deformações da base do pavimento,


deve-se verificar a existência de ondulações superficiais ao longo da crista. Se
constatado, deve-se realizar um mapeamento topográfico com uma representação
gráfica em planta das regiões que apresentam as ondulações e uma correlação com
os resultados da instrumentação (campanhas altimétricas), com o objetivo de
identificar possíveis recalques.

2.6.20 Depressões, subsidências

As depressões são formadas pelo recalque do maciço devido a sua má


compactação ou por uma erosão nos taludes de montante que removem o material
fino e cria caminhos de percolação para a passagem da água. Algumas depressões
podem ser o resultado final de um mau acabamento durante a construção da
barragem.
A subsidência é formada pelo carreamento de materiais, originado por um
processo de erosão interna ou piping. O material no interior do maciço ou da
fundação da barragem é retirado lentamente e a superfície inicia um processo de
subsidência que são conhecidas como dolinas (FIGURA 20 e FIGURA 21).
(CALDEIRA, 1999).
Existindo anomalias, deve-se identificar e realizar um registro fotográfico,
levantamento topográfico e identificar as possíveis causas e reparar a estrutura.

FIGURA 20 – DIFERENÇA ENTRE DEPRESSÃO E SUBSIDÊNCIA.

FONTE: MIRANDA, (2011).


64

FIGURAS 21 – SUBSIDÊNCIA NA CRISTA DE UMA BARRAGEM EM UMA BARRAGEM NOS EUA.

A B
FONTE: GAGNER (2016).

2.6.21 Drenagem Superficial

As saídas dos sistemas de drenagem superficial merecem uma atenção


especial. As inspeções devem ser realizadas cuidadosamente em todas as áreas da
drenagem. O sistema deve estar em perfeitas condições de funcionamento. Todas
as saídas de escoamento e bocas de lobo devem estar limpas e isentas de
obstruções. O acúmulo de água no corpo da barragem permite uma percolação da
água no maciço podendo iniciar um processo de carreamentos de materiais. (ITAIPU
BINACIONAL, 1992).
Para avaliação da eficiência do sistema de drenagem, as inspeções devem
ser realizadas após a ocorrência de chuvas.

2.6.22 Problemas de pavimentação das estradas

A existência de um pavimento na crista da barragem tem o objetivo de


proteger a superfície sob a ação erosiva das águas na superfície e evitar a infiltração
no maciço. Durante as inspeções deve-se verificar a existência de regiões com
acúmulo de água, trincas superficiais que podem ser devidas ao trânsito, infiltrações
de água de chuva ou deformações na base e sub-base do pavimento. A existência
de ondulações, cavidades superficiais no pavimento devido ao trânsito de veículos
ou de deformação da base se constatado, devem ser corrigidos.
65

2.6.23 Condições Gerais

Avaliar as condições de manutenção da crista da barragem com respeito à


aparência, limpeza, manchas de umidade e efeitos de agentes agressivos de
atmosfera, identificação das estacas, blocos, marcos de referência, iluminação, além
dos principais instrumentos e estado de conservação geral. (U.S. BUREAU OF
RECLAMATION, 1995).

2.6.24 Crescimento de vegetações

O crescimento de vegetação rasteira ou arbustos na crista devem ser


extintas através da aplicação de inseticidas e/ou arrancamento.

2.6.25 Identificação

A identificação das estacas e dos instrumentos é fundamental para que os


profissionais envolvidos na auscultação, na manutenção e outras atividades afins
possam executar seus serviços nas localidades corretas. Se constatada alguma
anormalidade na estrutura, faz-se necessária a rápida identificação do local para que
as informações cheguem aos especialistas em segurança de barragens e as
medidas corretivas sejam tomadas.

2.6.26 Taludes a jusante

Os taludes de jusante das barragens de terra são os taludes que não estão
em contato com a água do reservatório e devem ser protegidos contra a erosão da
água da chuva. Normalmente são protegidos superficialmente por grama ou
enrocamento desde que seja economicamente viável. Em conjunto a esta proteção,
são construídas canaletas de drenagem para coletar a água.

2.6.27 Proteção dos taludes de jusante


66

As proteções dos taludes normalmente são realizadas com grama. Esta


vegetação tem o papel de evitar erosões e o carreamento do material superficial. A
conservação e aparência do talude a jusante deve ser homogêneo. Regiões
ressecadas, com exposição do solo vegetal, com pragas ou com crescimento de
vegetação diferenciada heterogênea, devem ser registradas e tratadas. Garantir o
bom estado de conservação dos taludes de jusante é fundamental para evitar o
carreamento de materiais seguido de erosões superficiais e possível
desestabilização visando manter a estabilidade da estrutura. A vegetação deve
sempre estar cortada, a identificação de problemas do tipo recalques e piping
somente são possíveis se forem observados com a vegetação baixa. As regiões com
falta de proteção dos taludes devem ser recompostas logo após a constatação. O
crescimento de vegetação diferenciada e em maior velocidade do que as demais
áreas sugerem indícios de locais excessivamente úmidos. Verificar no item de
percolação as ações que devem ser realizadas.
O crescimento de árvores e arbustos contribui com a abertura de caminhos
de percolação da água, causando a ruptura da estrutura.

2.6.28 Erosões e mau funcionamento dos sistemas de drenagem

Os taludes de jusante, bermas e ombreiras, embora normalmente sejam


protegidos com elementos contra erosão, não suportam escoamentos concentrados
de águas pluviais, similares a enxurradas. Ao identificar caminhos preferenciais de
escoamento, deve-se averiguar as causas, tais como: entupimento das caixas de
passagem, baixas declividades do pavimento da crista e/ou berma, desalinhamentos
ou recalques das juntas das canaletas da drenagem e falhas na camada de proteção
do talude.
As canaletas construídas para realizar o escoamento da drenagem interna
da barragem são de concreto com seções retangulares, quadradas ou
semicirculares. As observações a serem realizadas são: limpeza, trincas,
deslocamentos entre os segmentos e segmentos rompidos. (U.S. BUREAU OF
RECLAMATION, 2001).
67

A existência de qualquer tipo de bloqueio que possa prejudicar o fluxo


normal das águas, como acúmulos de detritos, assoreamentos e poças de água
devem ser eliminados, (FIGURA 22). Durante a inspeção das canaletas, observar e
registrar a existência de trincas ou fissuras. Se as juntas de construção estão
estanques e sem degraus ou deformações entre trechos, se as bordas superiores,
laterais, e também o fundo estão em perfeitas condições. Essas observações devem
ser registradas e acompanhadas. (U.S. BUREAU OF RECLAMATION, 2001).

FIGURA 22 – ACÚMULO DE DETRITOS NAS CANALETAS DE DRENAGEM.

FONTE: ITAIPU BINACIONAL (2016).

2.6.29 Percolações, áreas úmidas

A presença de áreas úmidas e percolações nas áreas a jusante como nos


taludes, ombreiras e no terreno natural é indicativa da presença de caminhos
preferenciais de percolação. A falta de controle da percolação na barragem ou em
sua fundação é uma das principais causas de rupturas. O crescimento de vegetação
diferenciada, com maior velocidade de crescimento, pode representar a presença
excessiva de umidade, no talude de jusante.
A percolação torna-se um problema quando os materiais percolados iniciam
o carreamento de materiais. Com o aumento das erosões há um aumento excessivo
das pressões internas no corpo da barragem ou de sua fundação, acompanhado
pela perda de resistência do aterro, associados à respectiva saturação,
potencializando as condições de instabilidade dos taludes. Estas ações podem
causar deslizamentos e escorregamentos de grandes massas. (CALDEIRA, 1999).
68

A existência de camadas de maior permeabilidade, fissurações no núcleo e


insuficientes tratamentos na fundação propiciam uma percolação da água em
condições não previstas em projeto. O sistema de drenagem por meio dos filtros
verticais e do tapete drenante tem o papel de controlar a vazão de percolação
oriunda do talude de montante e da fundação, porém a obstrução e/ou colmatação
pode conduzir ao aumento das percolações e áreas úmidas. (CALDEIRA, 1999).
Identificando esta ocorrência, faz-se necessário o registro do nível do
reservatório e do local da percolação, fotografar, estabelecer um sistema para
medição diária das vazões, com o objetivo de monitorar a existência de carreamento
de materiais e materiais em suspensão através da análise química. Limpar os
drenos/poços de alívio e instalar piezômetros para monitoramento são ações
subsequentes ao trabalho. (MIRANDA, 2011).
Uma solução para a medição das vazões é a execução de um sistema de
valas preenchidas com areia média, limpa, envolvendo uma camada de brita,
direcionando toda a surgência de água para um medidor de vazão, permitindo
realizar medições diretas, 2 vezes ao dia. Após 15 dias de observação constante,
caso a vazão se mantenha constante ou com tendência de redução. A frequência de
medição poderá ser reduzida para valores rotineiros, semanais. Se a vazão
continuar aumentando, deve-se manter o monitoramento constante, inclusive avaliar
a existência de sólidos em suspensão.
A identificação de carreamento de partículas ou sólidos em suspensão com
aumento da vazão estabelece um indício de erosão interna denominada de piping. O
transporte de partículas juntamente com solo, indica a perda de coesão do solo, ou
seja, ruptura iminente (DUNNICLIFF,1988). A ocorrência de piping nas fundações,
nas estruturas de transição denominadas de abraços e ombreiras está ligada às
possíveis falhas do projeto, construção ou colmatação do sistema de drenagem,
permitindo a passagem não controlada das águas e iniciando um processo de
erosão interna. Alguns procedimentos que se mostram eficientes para conter este
tipo de erosão são descritos a seguir:
a) Construir um dique com sacos de areia ao redor do ponto de saída
visando, aumentar a altura de água acima do cone e, deste modo,
diminuir o gradiente hidráulico ao longo da percolação, reduzindo assim a
69

possibilidade de ocorrer a erosão regressiva propriamente dita (FIGURA


23). A execução de drenagem dessa água pode aumentar o gradiente
hidráulico e induzir ao piping. (CALDEIRA, 1999).

FIGURA 23 – DIQUES DE SACOS DE AREIA E PRINCÍPIO DE PIPING.

A B
FONTE: GAGNER (2016).

b) Construção de uma nova berma de estabilização, com granulometria


adequada para atuar como filtro invertido, iniciando com areia, e
aumentando a granulometria dos materiais para impedir o carreamento
dos grãos, diminuindo a vazão e consequentemente o seu carreamento;
c) Execução do filtro invertido poderá reestabelecer as condições de
segurança da barragem, porém, esta região deverá ser monitorada pelo
resto de sua vida útil.

2.6.30 Drenagem de pé e contatos da estrutura com o terreno natural

As saídas dos sistemas de drenagem interna, o pé dos taludes de jusante,


contatos da estrutura com o terreno natural e bermas merecem uma atenção
especial. As inspeções devem ser realizadas cuidadosamente, em todas as áreas de
drenagem interna deve-se verificar a existência de carreamento de materiais sólidos,
de água acumulada e/ou se a água efluente se apresenta colorida ou turva, blocos
desagregados, erosões, escorregamentos de blocos e crescimento de vegetação.
(ITAIPU BINACIONAL, 1990).
Caso exista a presença de materiais sólidos carreados, solicitar
imediatamente um ensaio de análise química, verificar indício de piping se
70

constatado, aplicar procedimentos imediatos para sua contenção, ver a descrição no


item de percolação e áreas úmidas.
Nos casos de água acumulada, verificar a eficiência do sistema de
drenagem, realizar limpeza e o registro do acúmulo de água. Se necessário,
executar novos drenos. Nos locais que possuírem saídas de água, a vazão deve ser
estabelecida e a qualidade da água ensaiada. As inspeções devem ser realizadas
em períodos sem chuva ou após alguns dias da última chuva, para não falsear as
observações.
Durante a inspeção visual, deve-se analisar a existência de áreas com
blocos desagregados, com redução de suas dimensões por fraturamento e com
cavidades deixados pelos arrastes dos blocos desagregados. Estas desagregações
poderão resultar em um processo de colmatação do filtro da barragem e interferir no
seu comportamento estrutural. Ao constatar situações como as descritas, identificar
a região, realizar levantamento topográfico com o objetivo de determinar a extensão
do problema. Um acompanhamento minucioso com ações remediadoras deve ser
aplicado. (ITAIPU BINACIONAL, 1990).
A ocorrência de erosões na drenagem de pé e escorregamentos dos blocos
de rochas, devido ao escoamento de água pluvial não captado pelo sistema de
drenagem superficial do talude de jusante, devem ser registrados.
O crescimento da vegetação é constituinte da deposição de materiais
argilosos provenientes do carreamento de materiais do talude e da ciclagem natural
do bloco de rocha. Ao registrar o fato, as vegetações devem ser extintas através da
aplicação de herbicidas e/ou arrancamento.

2.6.31 Animais

As cavidades produzidas por animais no talude de jusante podem se tornar


problemáticos devido ao enfraquecimento da barragem e a facilidade de percolação
da água nos seus vazios, propiciando, desse modo, a redução da trajetória da água
do reservatório com o talude de jusante, e criando condições para a ocorrência de
piping. (CALDEIRA, 1999).
71

A constatação de animais nas barragens de aterro como formigas, corujas,


tatus e capivaras entre outros exigem medidas de atenção especial com a
exterminação e /ou remanejamento. Os formigueiros, particularmente as saúvas e
cupinzeiros devem ser exterminados. Logo depois, realizada a recuperação da
superfície com a plantação da grama de proteção. Os animais de pequeno porte
como: corujas, tatus e capivaras devem ser remanejados, e suas tocas recuperadas.
(FIGURA 24).

FIGURA 24 – ANIMAIS NO TALUDE DE JUSANTE.

FONTE: DNR (2007).

2.6.32 Movimento de deslizamentos e deslocamentos

A identificação de áreas com movimentos de deslizamentos ou


deslocamentos do talude de jusante durante a inspeção indica um possível
deslizamento superficial ou um deslizamento profundo. As ocorrências de
movimentos de deslizamentos dos taludes de jusante são mais fáceis de identificar
e, dependendo de suas características, podem indicar sérios problemas devido à
perda de resistência por saturação do material de aterro ou pela percolação d’água
superficial. Cargas adicionais ao talude também podem contribuir com o
agravamento das condições. (MIRANDA, 2011).
A existência de trincas horizontais ou sub-horizontais principalmente nas
extremidades superiores da barragem pode indicar a ocorrência de deslizamentos
72

superficiais. As trincas são associadas ao acúmulo de material na base do talude ou


da massa que se movimentou, (FIGURA 25). Averiguar a existência de percolação
junto à região de escorregamento é de fundamental importância. Um levantamento
topográfico minucioso com o objetivo de monitorar o movimento deve ser realizado,
como também, a recomposição do talude e o plantio de grama em leiva cravada em
estacas, para que não permitam o deslizamento.

FIGURA 25 – DESLIZAMENTO NO TALUDE DE JUSANTE.

FONTE: GAGNER (2016).

Os deslizamentos profundos são uma séria ameaça para a segurança da


barragem. Se identificado zonas protuberantes junto ao pé do talude, com fissuras
do tipo arco e presença de escarpa, FIGURA 26. Deve-se realizar uma inspeção
minuciosa com o objetivo de identificar a motivação, e se comprovada, rebaixar o
reservatório imediatamente. (CALDEIRA, 1999).
73

FIGURA 26 – TRINCAS DO TIPO ARCO NO TALUDE DE JUSANTE.

FONTE: GAGNER (2016).

2.6.33 Recalques, deformações e subsidência no maciço

A presença de recalques e deformações no talude de jusante de uma


barragem, na maioria dos casos, não representa perigo imediato, porém pode ser o
indicativo do início de outros sérios problemas. (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO
NACIONAL, 2002).
Constatado durante a inspeção a ocorrência dos casos citados acima, deve-
se verificar na mesma direção e em suas áreas adjacentes a existência de áreas
úmidas, fluxo de água que possa indicar a presença de uma subsidência e/ou piping,
e também a existência de trincas longitudinais e transversais na crista.
A subsidência formada no talude de jusante é devido à remoção de materiais
do maciço através do carreamento de materiais, originado por um processo de
erosão interno denominado piping, ver o subitem de percolações e áreas úmidas,
FIGURA 27. Se constatada estas anomalias deve-se realizar imediatamente um
registro fotográfico, chamar um engenheiro qualificado, identificar as possíveis
causas e reparar a estrutura. (MIRANDA, 2011).
74

FIGURA 27 – FORMAÇÃO DE UMA SUBSIDÊNCIA.

FONTE: MIRANDA, (2011).

2.6.34 Fissuras

As fissuras localizadas no talude de jusante podem ser ocasionadas pela


existência de recalques, deformações e afundamentos no maciço. Se constatada
esta anomalia durante a inspeção, avaliar as possíveis causas e providenciar a
selagem. Ver os subitens de recalques, deformações, afundamentos no talude e os
movimentos de deslizamento.

2.6.35 Poços de alívio

Os poços de alívio são drenos que têm por objetivo reduzir a subpressão e
rebaixar o nível do lençol freático. A principal anomalia que pode ocorrer neste tipo
de instrumento é a sua colmatação, que normalmente ocorre devido à presença de
raízes da vegetação e/ou devido à presença de íons de ferro no solo e/ou águas, e
podem formar uma crosta de materiais endurecidos nos vazios do sistema de
drenagem. Outra anomalia possível de ser identificada é através da lixiviação de
materiais de preenchimento de camadas, descontinuidades rochosas nas fundações
e ombreiras. Com a passagem das águas de percolação o material é carreado,
provocando a criação de vazios na estrutura e provocando o aumento de fluxo nos
poços de alívio.
A colmatação dos drenos tende a levar a redução da vazão e o aumento das
subpressões e dos níveis de água. As águas irão procurar um novo caminho, seja
uma região mais fofa, permeável ou com falha de compactação para a passagem do
fluxo ocorrendo novas surgências de água. (ITAIPU BINACIONAL, 1990). Estas
surgências poderão ocorrer nas proximidades dos drenos colmatados e no talude de
jusante, normalmente sem grandes problemas. A não ser que a pressão de saída
75

seja elevada e esteja ocorrendo carreamentos de partículas podendo criar uma


erosão interna piping.
Os drenos devem ser inspecionados e verificados se existem alguma
obstrução que possa impedir a saída d’água, avaliar a presença de sólidos
carreados no sistema de drenagem, periodicidade de limpeza e identificação. (U. S.
BUREAU OF RECLAMATION, 2016).

2.6.36 Arrastamento de finos por ação das águas pluviais

A vegetação influência de diversas maneiras no arrastamento de finos por


ação da pluviosidade. A existência de uma boa proteção do talude reduz o impacto
das gotas da chuva e, consequentemente, a possibilidade de carreamento dos
materiais. (GERRA e CUNHA, 1998).
As anomalias identificadas pelo arrastamento dos materiais devem ser
inibidas através da melhoria da camada de vegetação, da instalação de canaletas
e/ou um sistema de drenagem.

2.6.37 Área a Jusante da Barragem

As áreas a jusante da barragem estão sujeitas ao afloramento do nível de


água em função das percolações pela variação do posicionamento do lençol freático
local. Em geral, regiões como ombreiras, onde as escavações para implantação das
barragens não se aprofundam muito, estão sujeitas a afloramentos que normalmente
ocorrem em seguida ao enchimento do reservatório. Considera-se que é uma região
susceptível a estas ocorrências. Existe uma possibilidade da perda de capacidade
de suporte do terreno devido ao afloramento de nível de água, ou surgência,
podendo ocorrer a formação de lamaçal. Em regiões mais baixas poderá ocorrer a
formação de alagados que proporcionam o mesmo tipo de problema.
A partir da constatação de situações descritas acima, prever a instalação de
dispositivos adequados de drenagem superficial nos locais. As inspeções devem
ocorrer em períodos chuvosos, visando identificar eventuais problemas relacionados
a declividades, e obstruções devido aos assoreamentos e queda de material. Esta
área não pode ser utilizada como depósitos de materiais. O crescimento de
76

vegetação natural, como arbustos com raízes, deve ser inibido e o seu crescimento
pode interferir diretamente no bom funcionamento da drenagem. O corte da
vegetação deve ser constante, mantendo-se a área sempre limpa e protegida.
Durante a inspeção, deve-se avaliar o estado de conservação e manutenção
do dispositivo de drenagem, anotando-se rupturas, trincas, descalçamento de peças
devido a eventuais erosões superficiais, e outros fatos que possam comprometer o
estado de conservação e o bom funcionamento do sistema. A descrição das
observações do sistema de drenagem, poços de alívio e proteção do talude são
similares ao apresentado no talude de jusante.

2.6.38 Existência surgências

As surgências são oriundas da saturação do terreno que normalmente


ocorrem em seguida ao enchimento do reservatório. Se houver a constatação da
existência de afloramentos, o inspetor deve realizar a instalação da drenagem
superficial, e caso já exista um sistema de drenagem, o mesmo deve ser
recuperado. (MIRANDA, 2011).

2.6.39 Subsidências

A constatação de uma subsidência exige uma inspeção criteriosa e pode


indicar sérios problemas. Realizar medidas imediatas visando avaliar a atual
situação. Registros fotográficos e sondagens devem ser realizadas para a
verificação das dimensões da dolina. (MIRANDA, 2011).

2.6.40 Solos instáveis

As áreas a jusante da barragem devem ser vistoriadas visando à


identificação de alguma anomalia. As infiltrações podem causar problemas de
instabilidade quando uma pressão elevada d’agua em conjunto com a saturação do
maciço reduz a resistência do solo. (MIRANDA, 2011).
Ante a identificação de solos instáveis durante a inspeção, devem-se realizar
as medidas descritas no item percolações e áreas úmidas.
77

2.7 INSTRUMENTOS QUE AUXILIAM AS INSPEÇÕES NAS BARRAGENS


BRASILEIRAS

Segundo o Relatório de Segurança de Barragens 2015 da ANA as inspeções


de segurança de barragens do Brasil são atividades do empreendedor, porém mais
de 96% (16.638) barragens cadastradas não há informação quanto a realização de
inspeções pois as entidades fiscalizadoras não foram informadas.
A maioria das barragens realizam as inspeções com a utilização de câmeras
fotográficas e/ou celulares, e uma prancheta para anotações das observações
realizadas. Após a inspeção estas fotos são armazenadas, em sua maioria, em
computadores individuais. As melhores fotos são selecionadas para materializar o
relatório de inspeção e de análise do comportamento estrutural da barragem.
A CEMIG no ano de 2003 visando a informatização de todo o processo de
inspeção de barragens implantou um sistema visando o controle do cronograma das
inspeções, registros das deteriorações, causas prováveis, registros dos reparos
realizados e a elaboração do relatório de inspeção. Atualmente o sistema passa por
um período de modernização e as inspeções são realizadas manualmente com o
preenchimento das fichas específicas, e após o retorno da inspeção no escritório, é
realizado o preenchimento das informações no módulo do sistema inspetor. (BALBI,
2003).
A COPEL realiza as inspeções com o preenchimento manual das fichas
disponibilizadas pela ANA, pequenas adaptações foram realizadas para serem
aplicadas a barragem da companhia. Após as inspeções as fichas são compiladas e
fazem parte do relatório de inspeção e análise do comportamento. (PIRES, 2017).
As barragens de Jirau gerida pela empresa Energia Sustentável do Brasil e
Belo Monte gerida pela Norte Energia estão em fase de implantação do sistema
desenvolvido pela empresa Themag denominado SIBar (Sistema de Instrumentação
de Barragens). O sistema visa realizar a gestão integrada da instrumentação, da
inspeção visual e de todas as atividades definidas no Plano de Segurança da
Barragem. As fichas de inspeção podem ser preenchidas de modo online ou off-line
de acordo com a conveniência do usuário. As informações são armazenadas em
78

uma base de dados dinâmica que permite realizar diversas pesquisas através da
visualização das fotos e fichas de inspeções. (THEMAG, 2017).
As empresas Eletronorte, Eletrosul, Chesf, adotam em suas inspeções os
procedimentos convencionais através da utilização de câmera fotográfica, papel para
anotações, checklist da ANA com alterações devido a particularidade de cada
barragem em conjunto com os desenhos da barragem.
79

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo são apresentados os materiais e os métodos utilizados para o


desenvolvimento desta pesquisa, bem como os procedimentos e requisitos utilizados
para a elaboração do Sistema de Inspeções de Barragens.
A primeira etapa consistiu na definição da linguagem de programação a ser
utilizada, devendo ser compatível com os softwares de monitoramento já existentes
na plataforma de ITAIPU, permitindo o acesso à base de dados sem restrições, além
da homologação pela equipe de tecnologia da informação da superintendência da
engenharia. Outra definição considerada fundamental para o sucesso do projeto foi
a aquisição de equipamentos móveis, do tipo tablet, homologado por ITAIPU que
atenda aos requisitos do sistema.
Na sequência, foi iniciado o processo relativo aos aspectos construtivos do
sistema através de um levantamento de requisitos, como:
 As definições dos locais a serem inspecionados;
 As observações a serem realizadas durante as inspeções;
 A forma de armazenamento das informações;
 Definição do calendário de inspeções;
 Comparação entre as inspeções;
 Necessidade de gerenciamento dos registros através de um módulo
de auditoria;
 Gestão através de gráficos de controle;
 Emissão dos relatórios de inspeção conforme fluxograma, descrito na
FIGURA 28;
 Processo de validação.
80

FIGURA 28 – FLUXOGRAMA PARA DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE INSPEÇÃO.

FONTE: O autor (2016).

3.1 SELEÇÃO DO SOFTWARE PARA DESENVOLVIMENTO

Os sistemas existentes de monitoramento da barragem de ITAIPU utilizam a


plataforma InfragisticTM, uma linguagem de programação em C# de alto
desempenho utilizada por diversas empresas no mundo.
Para definição do software a ser utilizado neste projeto, algumas definições
foram adotadas, tais como: plataforma moderna, integração com os softwares
existentes, disponibilidade de licenças para o desenvolvimento, aplicabilidade para
os objetivos deste trabalho, sincronia com a base de dados, segurança, estética e a
evolução contínua do sistema.
O InfragisticTM@ é a plataforma que atende estas premissas e, como ITAIPU
já dispõe deste software para desenvolvimento, este foi selecionado.
A tecnologia utilizada é denominada Plataforma Universal Windows (UWP)
que permite o desenvolvimento em plataforma Windows e migração para
81

plataformas móveis. Em ITAIPU, atualmente apenas a tecnologia iPhone Operating


System (IOS) e Windows são homologadas para as plataformas móveis.
O banco de dados utilizado para o armazenamento das informações é o
Oracle, o qual é utilizado pelos sistemas de auscultação da barragem de ITAIPU e
esta dispõe de licenças comerciais para sua utilização.

3.2 EQUIPAMENTO PARA INSPEÇÃO

Um tablet foi adquirido para facilitar o processo de inspeção em campo.


Suas funcionalidades para o desenvolvimento deste projeto estão em tirar
fotografias com qualidade, realizar apontamentos e armazenar os dados de forma
segura. O modelo adquirido é da marca Microsoft, Surface, com memória de
4,00GB, sistema operacional de 64 bits, processador de 1.6GHz com Windows 10 e
hard disk de 120GB.
O equipamento é homologado pela equipe de Tecnologia da Informação (TI)
de ITAIPU e permite acesso à rede interna e ao banco de dados da CHI. Por conter
sistema operacional Windows, com pequenos ajustes, a instalação dos demais
sistemas de monitoramento de ITAIPU.

3.3 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS PARA AS FICHAS DE INSPEÇÕES

É de fundamental importância a utilização de fichas específicas de


inspeções da Barragem de Terra para a realização deste trabalho. As verificações
sistemáticas do levantamento de requisitos, das características de cada projeto e
das possíveis falhas que podem ocorrer na barragem, contribuem diretamente para
a qualidade da inspeção. Os órgãos reguladores, em sua maioria, sugerem que o
empreendedor elabore este documento compreendendo todos os componentes da
estrutura.
Para subsidiar a definição dos modelos das fichas a serem utilizadas, foi
realizado um levantamento entre as principais instituições que atuam em segurança
de barragens do mundo, e analisado minuciosamente, sendo selecionados os
principais itens que apresentaram maior aplicabilidade para este trabalho. A seleção
82

se baseou no conhecimento dos projetos, nos procedimentos adotados para


inspeção da barragem e na experiência da equipe de auscultação de ITAIPU, Patias
J, Frazao, Neumann Jr, Framos, Monges, Garay e Mussi (2015, 2017) na análise
dos requisitos e fatores necessários na elaboração do Sistema de Inspeções de
Barragens.
O conjunto de fichas de inspeções consideradas neste trabalho foram
compostas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Bureau of
Reclamation e Boletim de Inspeção das Barragens (ICOLD), todas atualizadas no
ano de 2016.
A adoção e padronização das fichas de inspeção permite sistematizar os
aspectos que devem ser considerados durante a inspeção visual, seja ela de rotina
e/ou especial devendo ser atualizadas constantemente com o objetivo de respaldar
a análise do comportamento estrutural da barragem e as futuras inspeções.
Os dados de cada ficha foram analisados e organizados sob a justificativa de
serem aplicados diretamente às barragens de terra de ITAIPU. Essas informações
foram tabuladas e descritas, objetivando facilitar o conhecimento com base no
projeto e construção. Na sequência as informações são apresentadas nas TABELA
9 a TABELA 14. Tais informações são subsídios para serem inseridas no Sistema de
Inspeções, e são utilizadas para avaliar e validar a aplicação em ITAIPU.
Em seguida foram descritos os procedimentos adotados, a forma como as
informações foram organizadas e os métodos adotados para a análise em campo
dos itens apresentados no capítulo 2. Na sequência, foi realizada a definição do
calendário de inspeções, a comparação entre inspeções, os gerenciamentos e as
principais funcionalidades necessárias para o funcionamento Sistema de Inspeções
desenvolvido neste trabalho.

3.4 SELEÇÃO DAS OBSERVAÇÕES A SEREM REALIZADAS EM CAMPO

O processo de seleção foi realizado através da elaboração de uma planilha


eletrônica contendo todas as descrições que devem ser observadas durante uma
inspeção na barragem de terra de ITAIPU. Para facilitar a análise, foram
subdivididas em seis itens, sendo eles: características gerais, talude de montante,
83

crista, talude de jusante, áreas a jusante da barragem e instrumentação. Os


principais itens aplicáveis à barragem em estudo são apresentados na 4ª coluna,
denominada ITAIPU conforme as TABELA 9 a TABELA 14. Os subitens são
apresentados no apêndice deste documento e sua constituição é oriunda do capítulo
2 deste trabalho.
As características gerais contemplam as informações consideradas
imprescindíveis para iniciar as inspeções e têm o objetivo de descrever a situação
em que se encontra no determinado instante que será realizado a inspeção. Os itens
a serem preenchidos são temperatura, precipitação, participantes da inspeção, a
data de realização, o nível do reservatório e nível a jusante. Essas informações são
consideras fundamentais para os registros históricos e comparações futuras entre
inspeções.
Informações complementares como inspeção regular, especial, local de
início, fim, a operação das calhas da estrutura do vertedouro e as unidades
geradoras desligadas foram inseridas para possibilitar futura análise comparativa,
ver TABELA 9.

TABELA 9 - DEFINIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS GERAIS PARA A FICHA DE INSPEÇÃO DE


ITAIPU.

CARACTERÍSTICAS GERAIS
(ICOLD,
Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) ITAIPU
2016)
Participantes da inspeção; Participantes da Inspeção; Participantes da inspeção;
Data da inspeção; Nível do reservatório; Duração da inspeção;
Duração da inspeção; Condições do tempo; Tipo da inspeção;
Nível do reservatório; Recente precipitação; Data da inspeção;
Condições do tempo; Nível de água a montante;
Estado do tempo da
Nível de água a jusante;
semana anterior;
Data da última inspeção; Condições do tempo;
Temperatura ambiente;
Operação do Vertedouro;
Unidades Geradoras
desligadas;
FONTE: O autor (2016).

Para o talude de montante foram selecionadas as principais informações


sugeridas pela ICOLD. Trata-se uma lista abrangente que contempla todos os itens
84

estabelecidos pelo LNEC e BUREAU, além de ser aplicado integralmente a


barragem de ITAIPU.
As características e condições do talude de montante a serem observados
são apresentadas na (TABELA 10).

TABELA 10 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES NO TALUDE DE MONTANTE PARA A


CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE INSPEÇÃO DE ITAIPU.

TALUDE DE MONTANTE

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU

Assentamento, Proteção dos taludes


Estado geral; Proteção dos taludes;
depressão, buracos; (riprap);
Movimentação de Desagregação de Desagregação de
Vegetação;
blocos (instabilidade); blocos; blocos;
Perturbações
localizadas
(deslocamentos vazios,
Deslocamento de Deslocamento de
erosões, fendas, Fissuras;
blocos; blocos;
depressões,
escorregamentos ou
subsidências);
Arrastamento de finos
Vegetação Movimento e Movimento e
por drenagem de águas
inapropriada; deslizamento; deslizamento;
pluviais;
Buracos ou vazios de
Granulometria; Granulometria;
roedores;
Processo de erosão; Erosões; Erosões;
Condição do talude de
Fissuras; Fissuras;
proteção;
Recalques,
Recalques,
deformações e
deformações e
Outras deficiências; subsidências no
subsidências no
maciço;
maciço;
Coloração diferenciada
Coloração diferenciada
da água do reservatório
da água do reservatório
próximo ao talude de
próximo ao talude de
montante;
montante;
Crescimento de
Crescimento de
Vegetações;
Vegetações;
Detritos;
Detritos;
Animais, buracos de
Animais, buracos de
animais;
animais;
Identificação;
Identificação;
Condições gerais;
Condições gerais;
FONTE: O autor (2016).
85

Os itens selecionados que compõem a ficha de inspeção para a crista da


barragem são compostos por uma análise das condições de circulação, pavimento,
passeios e muro de montante e jusante. Como na barragem de ITAIPU as
características são semelhantes ao longo de toda a crista, optou-se em realizar uma
mescla das informações do ICOLD com contribuições do BUREAU e LNEC,
conforme a TABELA 11.

TABELA 11 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DA CRISTA DA BARRAGEM PARA A


CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE INSPEÇÃO DE ITAIPU.

CRISTA

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU

Deformações,
Deformações,
Condições de Assentamento, recalques, trincas e
recalques, trincas e
circulação; depressão, buracos; fissuras no maciço;
fissuras no maciço;
Desalinhamento da
Desalinhamento da
Em geral; Deflexão lateral; crista, muros de
crista;
montante e jusante;
Passagem na crista
sobre o descarregador Fissuras; Ondulações; Ondulações;
de superfície
Condições de Vegetação Depressões e Depressões e
acessibilidade da crista; inapropriada; subsidências; subsidências;
Problemas de
Pavimento; drenagem ou danos Desalinhamento; Drenagem superficial;
causados pela erosão;
Problemas de
Buracos ou vazios de
Estado geral; Drenagem superficial; pavimentação das
roedores;
estradas;
Problemas de
Crescimento de
Nivelamento visual; pavimentação das Condições gerais;
vegetação;
estradas;
Descrição de
perturbações Barreiras de segurança Crescimento de
Identificação;
localizadas (fissuração do tráfego; vegetação;
ou depressões);
Sistema de escoamento
Outras deficiências; Identificação; Condições gerais;
das águas pluviais;
Muro de montante e
jusante, Passeio de
montante e jusante;

Estado geral;
Descrição de
perturbações
localizadas (fissuração,
esmagamento,
movimento relativo nas
86

CRISTA

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU

juntas e roturas);

Alinhamento;

Nivelamento;
FONTE: O autor (2016).

O talude de jusante é a região que merece atenção, pois, está susceptível a


ocorrência de afloramentos do nível de água. É uma região que deve estar seca e a
ocorrência de surgências podem levar à perda de capacidade de carga e
estabilidade da barragem. Os itens selecionados (TABELA 12) foram os propostos
pelo ICOLD, acrescido de alguns itens proposto pelo LNEC.

TABELA 12 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DO TALUDE DE JUSANTE PARA A


CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE INSPEÇÃO DE ITAIPU.

TALUDE DE JUSANTE

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU

Assentamento, Proteção dos taludes a -Proteção dos taludes a


Talude;
depressão, buracos; jusante; jusante;
Movimentação de Erosões, mau -Erosões, mau
Estado geral; blocos funcionamento do funcionamento do
(instabilidade); sistema de drenagem; sistema de drenagem;
-Percolações, áreas
Ravinamentos; Fissuras; Percolações, áreas
úmidas;
úmidas;
Perturbações
localizadas
(deslocamentos Drenagem de pé e -Drenagem de pé e
Vegetação
vazios, erosões, contatos da estrutura contatos da estrutura
inapropriada;
fendas, depressões, com o terreno natural; com o terreno natural;
escorregamentos ou
subsidências);
Buracos escavados Animais, buracos de -Animais, buracos de
Danos e erosão;
por animais; animais; animais;
-Movimento de
Movimento de
Vegetação de Buracos ou vazios de deslizamento e
deslizamento e
excessivo porte; roedores; deslocamentos;
deslocamentos
Recalques,
Arrastamento de finos -Recalques,
Infiltração (nova ou deformações e
por ação das águas deformações e
existente); subsidência no
pluviais; subsidência no maciço;
maciço;
Ressurgências e Outras deficiências; Fissuras; -Fissuras;
87

TALUDE DE JUSANTE

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU

zonas húmidas;
Banquetas; Poços de alívio; -Poços de alívio;

-Arrastamento de finos
Nivelamento visual; Condições gerais; por ação das águas
pluviais;

Vegetação;
Canaletas; -Condições gerais;
Tipo;
Secção;
Limpeza (finos);
Roturas;
Apoio deficiente;
Condições de
escoamento;
Perturbações (blocos
ou detritos);
FONTE: O autor (2016).

A área à jusante da barragem é uma região que existe a possibilidade da


perda de capacidade de suporte do terreno devido à surgência, podendo ocorrer a
formação de lamaçal. Em regiões mais baixas poderá ocorrer a formação de
alagados que proporcionam o mesmo tipo de problema. Os itens selecionados são
apresentados na TABELA 13.

TABELA 13 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DA ÁREA DE JUSANTE DA BARRAGEM PARA A


CONSTITUIÇÃO DA FICHA DE INSPEÇÃO DE ITAIPU.

ÁREAS A JUSANTE DA BARRAGEM

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU


Preocupações de Existência de Existência de
Surgências;
escorregamento; surgências; surgências;
Assentamento,
Depressões; Subsidências; Subsidências;
depressão, buracos;
Vegetação
Vegetação; Solos instáveis; Solos instáveis;
inapropriada;
Drenagem e/ou poços
Subsidências; Percolações;
de alívio;
Drenagem e/ou poços
Canaletas;
de alívio;
Seção;

Limpeza;
88

ÁREAS A JUSANTE DA BARRAGEM

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU

Roturas;

Apoio deficiente;

Funcionalidade;
FONTE: O autor (2016).

A inspeção da instrumentação está limitada à observação das características


gerais do funcionamento e identificação conforme apresentado na TABELA 14.
Deficiências correlacionadas à leitura dos instrumentos e transmissão são avaliadas
pelos técnicos leituristas e pelos sistemas de monitoramento da usina de ITAIPU.

TABELA 14 - DEFINIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES DA INSTRUMENTAÇÃO PARA A CONSTITUIÇÃO


DA FICHA DE INSPEÇÃO DE ITAIPU.

INSTRUMENTAÇÃO

Fonte: (LNEC, 2016) (BUREAU, 2016) (ICOLD, 2016) ITAIPU

Piezômetro hidráulicos
Danos nos instrumentos; Danos nos instrumentos;
abertos (standipipe);
Necessidade de
Manutenção dos
Medidor de nível; manutenção dos
instrumentos adequado?
instrumentos;
Identificação da
Drenos; Outras deficiências?
instrumentação;
A instrumentação lida e
Medidores de vazão;
transmitida;
Existe uma lista de
verificação visual da
Marcos altimétricos; inspeção para a barragem
e nela rotineiramente
preenchida como exigido.
Qualquer preocupação
relatada sobre a
instrumentação.
Precisa de instrumentos
adicionais.
FONTE: O autor (2016).

A ficha de inspeção é constituída do preenchimento das observações


realizadas durante as inspeções, sejam ela regulares ou especial. Todos os registros
89

e observações são apresentados de forma sistemática, seguida de fotos e


comentários inseridos pelos profissionais responsáveis pela inspeção.
No apêndice deste documento é apresentada a ficha de inspeção proposta
por esta pesquisa para ser utilizada na BTME de ITAIPU.

3.5 PERIODICIDADE E OS LOCAIS A SEREM INSPECIONADOS

A Barragem de ITAIPU é classificada pela resolução 696/2015 da ANEEL


como uma barragem de tipo B, sendo de alto dano potencial e baixo risco. Essa
classificação determina que as inspeções regulares devam ter uma periodicidade
máxima anual, e/ou estudos do projetista que indiquem a necessidade de menor
periodicidade.
Um dos critérios para a definição dos locais a serem inspecionados leva em
consideração a duração das inspeções. Em ITAIPU o período de inspeção tem
duração máxima de 2 horas, em função das altas temperaturas ambientes que
ocorrem na região. Acima deste período a concentração do inspetor pode reduzir.
Seguindo essas combinações de duração da inspeção e trecho do projeto,
as inspeções para a barragem de terra da margem esquerda foram readequadas e
aperfeiçoadas com a subdivisão em 12 inspeções conforme segue.
A região transição da barragem de terra com a barragem de enrocamento da
estaca 119+42,17 m até a 122+47,17 m é constituída de 300 m de extensão e foi
dividia em três inspeções sendo a primeira inspeção do talude de montante e crista
da barragem. A segunda o talude de jusante incluindo as instrumentações existentes
e a última inspeciona as áreas a jusante da barragem em conjunto com o sistema de
drenagem.
O segundo trecho da barragem localizado entre as estacas 122+47,17 m a
128+80 m, por se tratar de uma extensão de 600m foram divididos em 5 inspeções
sendo: os taludes de montante e crista, os taludes de jusante e instrumentação,
drenagem de pé, seguido das áreas a jusante da barragem e os poços de alívio.
O último trecho da barragem sem bermas, localizado entre as estacas
128+80 m a 142+36,50 m, apresenta extensão aproximada de 1300 m. Este trecho
foi dividido em quatro inspeções: o talude de montante, crista, talude de e
90

instrumentação e, por último, as áreas a jusante da barragem e o sistema de


drenagem.
Para organizar os dados para a implementação do sistema, definiu-se uma
codificação de números e letras para que seja facilmente identificada pelo usuário,
não existindo codificações duplicadas e permitindo o armazenamento das
informações no banco de dados de forma organizada, além de possibilitar a
realização de comparações entre as inspeções. A codificação segue o critério
apresentado na FIGURA 29.
FIGURA 29 – CODIFICAÇÃO DA INSPEÇÃO.

FONTE: O autor (2016).

Os dados utilizados no sistema foram organizados com a definição das


inspeções e as respectivas codificações e periodicidades, conforme descrito na
TABELA 15:

TABELA 15 - CODIFICAÇÃO, INSPEÇÕES E PERIODICIDADE.

INSPEÇÕES BARRAGEM DE TERRA MARGEM


ESQUERDA PERIODICIDADE
CÓDIGO INSPEÇÕES PARA O SISTEMA
Transição Barragem de Terra e Enrocamento
Estaca 119+42,17 a Est. 122+47,17
INS-L-001/REG Semestral
Talude de Montante
Crista
Transição Barragem de Terra e Enrocamento
Estaca 119+42,17 a Est. 122+47,17
INS-L-002/REG Semestral
Talude de jusante
Instrumentação
INS-L-003/REG Transição Barragem de Terra e Enrocamento Semestral
91

INSPEÇÕES BARRAGEM DE TERRA MARGEM


ESQUERDA PERIODICIDADE
CÓDIGO INSPEÇÕES PARA O SISTEMA
Estaca. 119+42,17 a Est. 122+47,17
Sistema de drenagem
Áreas a jusante da barragem
Barragem de Terra
Estaca. 122+47,17 a Est. 128+80 (com berma)
INS-L-004/REG Semestral
Talude de Montante
Crista
Barragem de Terra
Estaca. 122+47,17 a Est. 128+80 (com berma)
INS-L-005/REG Semestral
Talude de jusante
Instrumentação
Barragem de Terra
INS-L-006/REG Estaca. 122+47,17 a Est. 128+80 (com berma) Semestral
Sistema de Drenagem (tapete drenante)
Barragem de Terra
INS-L-007/REG Estaca. 122+47,17 a Est. 128+80 (com berma) Semestral
Áreas a jusante da barragem
Barragem de Terra
INS-L-008/REG Estaca. 122+47,17 a Est. 128+80 (com berma) Semestral
Sistema de Drenagem (poço de alívio)
Barragem de Terra
INS-L-009/REG Estaca. 128+80 a Est. 142+36,50 (sem berma) Semestral
Talude de Montante
Barragem de Terra
INS-L-010/REG Estaca. 128+80 a Est. 142+36,50 (sem berma) Semestral
Crista
Barragem de Terra
Estaca. 128+80 a Est. 142+36,50 (sem berma)
INS-L-011/REG Semestral
Talude de jusante
Instrumentação
Barragem de Terra
Estaca. 128+80 a Est. 142+36,50 (sem berma)
INS-L-012/REG Semestral
Áreas a jusante da barragem
Sistema de drenagem
FONTE: O autor (2016).
92

3.6 CALENDÁRIO DE INSPEÇÕES

As inspeções são realizadas por no mínimo dois profissionais e a definição


prévia do calendário é imprescindível para que não coincida com as outras
atividades e/ou outras inspeções desenvolvidas pelos profissionais.
Neste estudo o calendário foi constituído de uma agenda que apresenta
além da data e mês a visualização do número da inspeção e os profissionais
responsáveis por estas atividades. Reagendamentos das inspeções são permitidas
quantas vezes forem necessárias, porém, se ultrapassar o prazo inicialmente
previsto entre uma inspeção e outra, a inspeção receberá uma nova atribuição
denominada atrasada e será contabilizada na análise do andamento das inspeções
apresentado a seguir.

3.7 ESTADO DO ANDAMENTO DAS INSPEÇÕES

Com o objeto de realizar o gerenciamento do status das inspeções


realizadas pelos profissionais de ITAIPU, o sistema apresentará um panorama geral
da situação em que se encontram as inspeções da barragem. Os dados utilizados
para a obtenção dos gráficos são extraídos do calendário de inspeções. As
inspeções foram classificadas como: previstas, realizadas, realizadas com atraso e
não realizadas. Para fazer esta gestão, três tipos de gráficos foram selecionados.
O primeiro, denominado inspeções por trecho, apresenta a quantidade de
inspeções previstas, as realizadas, realizadas com atraso e não realizadas. Esse
gráfico tem o objetivo de obter uma visualização rápida de como se encontram as
inspeções. Ele está estruturado para a aplicação nos demais trechos da barragem,
conforme apresentado na TABELA 16.

TABELA 16 - INSPEÇÕES POR TRECHO

REALIZADA NÃO
TRECHO / BARRAGEM PREVISTO REALIZADA
COM ATRASO REALIZADA
Barragem de Terra Margem Direita 12 12 0 0
93

REALIZADA NÃO
TRECHO / BARRAGEM PREVISTO REALIZADA
COM ATRASO REALIZADA
Barragem de Enrocamento 0 0 0 0

Vertedouro 0 0 0 0
FONTE: O autor (2016).

Dada as características das informações das inspeções, o segundo gráfico


realiza a sua gestão global. Ele apresenta um panorama de como se encontram
todas as inspeções da barragem, no status de realizada, realizada com atraso e não
realizada, ver TABELA 17.

TABELA 17 - SITUAÇÃO GLOBAL DAS INSPEÇÕES.

REALIZADA NÃO
TRECHO / BARRAGEM REALIZADA
COM ATRASO REALIZADA
Situação global das inspeções 12 0 0
FONTE: O autor (2016).

O último gráfico permite a análise geral do percentual das inspeções (eq. 1)


realizadas comparado com as previstas.

inspeções realizadas
Análise geral = ×100, (eq. 1)
inspeções previstas

Esses gráficos são apresentados na tela inicial do sistema, onde todos os


envolvidos no processo poderão acompanhar a situação das inspeções.

3.8 COMPARAÇÃO ENTRE INSPEÇÕES

Durante a realização das atividades de campo, os profissionais envolvidos


têm acesso aos registros anteriores para possibilitar uma análise criteriosa, e obter
comparações entre as respectivas inspeções.
Devido à falta de sinal de rede disponível em todas as áreas de atividade de
campo, elaborou-se uma rotina de sincronização automática entre a base de dados
e o equipamento de inspeção para que o sistema possa apresentar os relatórios das
94

inspeções anteriores. No instante que o dispositivo móvel estiver conectado à rede


de dados de ITAIPU, automaticamente o sistema identifica e sincroniza as
informações com o banco de dados. Isto permite que, mesmo não existindo conexão
de rede, as atividades possam ser realizadas sem prejuízo. Para não ocorrer falta de
desempenho, estipulou-se a possibilidade de comparação entre as últimas
inspeções.

3.9 GERENCIAMENTO DOS REGISTROS

Para acessar ao sistema, os usuários devem ser cadastrados


individualmente, assim como ocorre com os demais sistemas de ITAIPU, por
questão de segurança da informação. O software possui um módulo de segurança
que e permite definir o nível de acesso dos usuários, seja para somente visualizar
e/ou executar as atividades.
Outro módulo, chamado auditoria, foi implantado. Ele registra as ações e
alterações realizadas pelos usuários, permitindo avaliar os principais registros e as
informações alteradas. Todos os históricos de alterações são registrados no sistema.
Caso exista alguma dúvida, ou a necessidade de análise do histórico, as
informações são disponibilizadas.

3.10 RELATÓRIO DE INSPEÇÃO

Para obter o relatório de uma inspeção, seja ela regular ou especial, deve-se
selecionar o trecho e o período definido. Semestralmente todas as inspeções
realizadas são agrupadas e é gerado um relatório que é assinado por todos os
responsáveis e encaminhado para o arquivo técnico de ITAIPU. Estes registros são
importantes para acompanhar a evolução dos pontos analisados, bem como a
estrutura da barragem.
95

3.11 PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES PARA A ELABORAÇÃO DO SISTEMA

Para iniciar o desenvolvimento do sistema, foi realizado um levantamento de


requisitos junto aos profissionais que elaboram diariamente suas atividades de
inspeção na barragem. Em conjunto com o Engenheiro de Sistemas, foi definido a
sequência de funcionamento do sistema, a definição das telas de navegação e os
respectivos resultados alcançados.
Na primeira etapa foram definidas as principais interfaces com os usuários, a
tela inicial através da apresentação de gráficos e a tela de inspeções que permite
cadastrar, iniciar uma inspeção, editar e visualizar as inspeções anteriores. Na
sequência o calendário, com a agenda das inspeções e o calendário empresarial,
que define as datas de atividades, feriados da empresa e gerenciamento dos
registros com o objetivo de ter um histórico das atividades realizadas no sistema e a
emissão dos relatórios. Para finalizar, uma tela de configuração que permite definir a
periodicidade das inspeções, trechos, o tipo de inspeção, condições do tempo, as
calhas do vertedouro em operação e as respectivas unidades geradoras paradas,
conforme a FIGURA 30.

FIGURA 30 – DEFINIÇÃO DAS PRINCIPAIS TELAS DE NAVEGAÇÃO.

FONTE: O autor (2016).

O fluxograma, apresentado no apêndice, contém as principais informações


de cada tela de navegação do sistema. Definições de engenharia relacionadas aos
aspectos técnicos de qualidade do software foram empregadas visando o
desenvolvimento de um sistema confiável, amigável e eficiente. Na sequência do
trabalho estão apresentadas as principais telas de navegação e descritas as suas
96

respectivas funcionalidades. Para melhor visualização e a interpretação é


apresentado no apêndice neste trabalho.

3.12 PROCEDIMENTOS PARA VALIDAÇÃO DO SISTEMA

Para a validação das funcionalidades do sistema foi definido através de


reuniões técnicas com a orientadora, a seleção de uma inspeção e que esta fosse
realizada por duplas de engenheiros diferentes e em horários distintos, pelo no
mínimo 3 vezes. Os resultados alcançados, apresentados através de uma análise de
observações, comparando as observações, e o preenchimento das fichas de
inspeções elaboradas.
97

4 RESULTADOS

Neste capítulo, descreve-se os resultados a serem obtidos com a aplicação


dos métodos e procedimentos descritos no Capítulo 3. Está dividido em etapas de
desenvolvimento do sistema, a estruturação das telas de navegação e testes de
campo para sua validação. A aplicação do sistema é realizada na barragem de terra
da margem esquerda da Central Hidrelétrica de ITAIPU, utilizando os parâmetros
pré-definidos na ficha de inspeção, apêndice deste trabalho. Para a validação do
sistema um local a ser inspecionado foi selecionado para ser inspecionado por
diferentes engenheiros em distintos horários. As observações e os resultados
obtidos são apresentados e discutidos.

4.1 ESTRUTURAÇÃO DAS TELAS DE NAVEGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO


SISTEMA

O acesso ao sistema de inspeção é realizado após ativação do ícone de


inspeção. O sistema habilita a tela para o preenchimento do nome do usuário e
senha conforme a FIGURA 31. Como o sistema de inspeção é integrado com os
demais sistemas de auscultação de ITAIPU, o banco de dados foi estruturado para
permitir a reutilização das informações dos sistemas existentes, entre uma delas, o
usuário e senha, otimizando o banco de dados e garantindo desempenho do
sistema.

FIGURA 31 – ICONE DE ACESSO E TELA DE ACESSO.

FONTE: O autor (2016).


98

Ao inserir o nome do usuário e senha o inspetor terá o acesso à tela inicial


dos gráficos estatísticos. Esta tela permite realizar o gerenciamento da situação que
se encontram as inspeções. Na FIGURA 32A, no gráfico intitulado inspeções por
trecho, realiza-se uma avaliação da situação do andamento das inspeções, a
quantidade de inspeções previstas por trecho, as inspeções realizadas e as
realizadas com atraso, além de um panorama geral com as inspeções não
realizadas. No gráfico (FIGURA 32B), denominado de situação geral das inspeções,
observa-se um panorama geral da barragem. Nesse caso são contabilizadas todas
as inspeções de todos os trechos e, pode-se observar a quantidade de inspeções
realizadas, as realizadas com atraso e as não realizadas.
No último gráfico, (FIGURA 32C), denominado de Inspeções realizadas &
previstas, é apresentado um percentual das inspeções realizadas com as previstas.

FIGURA 32 – PANORAMA GERAL DAS INSPEÇÕES. A) INSPEÇÕES POR TRECHO, B)


SITUAÇÃO GERAL DAS INSPEÇOES E C) INSPEÇÕES PREVISTAS X REALIZADAS.

(C) (A)

(B)

Barragem de Terra Margem Direita Enrocamento Barragem de Terra Margem Esquerda

FONTE: O autor (2016).

A barra de ferramenta de cor preta localizada na lateral esquerda do


sistema, (FIGURA 33), permite ao usuário navegar acessando a tela de inspeções, o
99

calendário, o gerenciamento, os relatórios, as configurações e retornar para o menu


principal.

FIGURA 33 – BARRA DE FERRAMENTA DO SOFTWARE DE INSPEÇÃO.

FONTE: O autor (2016).

Para facilitar a compreensão do funcionamento do sistema, a partir desta


etapa, são apresentados os procedimentos que o especialista em segurança de
barragens realiza para elaborar uma inspeção na barragem de terra da margem
esquerda de ITAIPU. Foi selecionada, para o exemplo prático, a inspeção
denominada INS-L-001/REG que prevê a inspeção da Transição da Barragem de
Terra e Enrocamento, no talude de montante e crista, entre as estacas 119+42,17 m
à estaca 122+47,17 m.
Antes de iniciar os procedimentos de campo, deve-se realizar o cadastro da
inspeção, ver a FIGURA 34, através do menu inspeções e selecionar o item
cadastrar. Nesta etapa o especialista insere o trecho, o local de início, o local de fim,
o nome da inspeção, o tipo da inspeção regular ou especial e sua respectiva
periodicidade. O sistema automaticamente realiza uma codificação única e
sequencial para a inspeção.
Após o preenchimento das informações iniciais, o usuário cadastra os itens a
serem inspecionados conforme apresentado na TABELA 10 a 14. Uma vez
cadastrado, o sistema permite ao usuário inserir novos itens, copiar e editar as
informações para as novas inspeções. Esta inserção é realizada através do menu
100

itens de inspeção. A tabela com todos os itens a serem avaliados na inspeção da


barragem de terra são apresentados no apêndice.

FIGURA 34 – TELA DE NAVEGAÇÃO PARA CADASTRAR UMA INSPEÇÃO.

FONTE: O autor (2016).

Na sequência, para concluir o processo de cadastramento, o especialista


acessa o calendário através do botão calendário e define a data da inspeção e os
responsáveis pela execução. Automaticamente o sistema define a data que a
inspeção deverá ser repetida.
Para iniciar uma inspeção, o usuário deve acessar a barra de ferramenta de
inspeções, no campo de filtro e descrever algumas informações que permitam
localizar a atividade a ser realizada como: trecho, nome, tipo local e periodicidade,
ver FIGURA 35.
101

FIGURA 35 – TELA DE FILTRO PARA INICIAR A INSPEÇÃO.

Filtro

Inspeções selecionadas

FONTE: O autor (2016).

Com um duplo clique na inspeção selecionada o usuário ativa uma nova tela
de navegação que permite inserir as características gerais, informações
complementares e específicas no instante que será realizada a atividade de campo.
Neste momento, o especialista confirma os participantes da inspeção, informa as
condições do nível de água do reservatório ou nível a montante, o nível a jusante,
temperatura ambiente e as condições do tempo como: nublado, ensolarado ou
chuvoso. Os campos referentes à operação da calha do vertedouro e as unidades
geradoras desligadas devem ser informadas. O especialista tem a opção de voltar à
tela anterior, cancelar a inspeção, salvar as informações cadastradas ou iniciar a
inspeção propriamente dita, ver FIGURA 36.
102

FIGURA 36 – TELA PARA INICIAR A INSPEÇÃO.

FONTE: O autor (2016).

Ao clicar em iniciar a inspeção o sistema registra automaticamente o horário


de início da inspeção e ativa uma nova tela de navegação para realizar os registros
de campo. Essa tela é constituída de um cabeçalho que permite visualizar o número
da inspeção, o nome, local de início e fim das atividades. Existem dois campos
dinâmicos na parte superior da tela de navegação para selecionar o local que foi
identificado e/ou observado uma determinada anomalia. Estes campos, conforme o
usuário realiza a inspeção, precisam ser alterados para realizar os registros.
Os itens de observações já cadastrados são apresentados. Nesta etapa o
especialista, ao identificar alguma observação em campo a ser registrada deve
selecioná-lo (FIGURA 37). Uma nova janela de navegação é ativada, permitindo,
realizar a descrição da observação e os registros fotográficos.
103

FIGURA 37 – TELA DE NAVEGAÇÃO DA INSPEÇÃO.

FONTE: O autor (2016).

O usuário pode fotografar, excluir as imagens ruins e/ou selecionar as


favoritas para serem inseridas no relatório de inspeção. A seleção das imagens não
é obrigatória neste instante, e pode ser editada futuramente em escritório. As
observações e ações necessárias para mitigar o problema podem ser selecionadas
para que façam parte do relatório de inspeção.
No momento que é registrado e armazenado as informações, um sinal
indicativo na observação principal é apresentado ao especialista, indicando que os
registros foram realizados com sucesso (FIGURA 38).
104

FIGURA 38 – TELA DE NAVEGAÇÃO DE REGISTROS.

FONTE: O autor (2016).

Existindo registros anteriores neste item e local, poderá ser realizada uma
comparação com a situação atual. O especialista, ao selecionar o ícone com um
sinal de mais, ativa a janela de navegação com as fotos e descrições da última
inspeção, permitindo avaliar e comparar as observações (FIGURA 39).
Após concluir as atividades de campo, deve-se ativar o botão concluir a
inspeção, para que o sistema armazene o tempo de duração, horário e data de sua
finalização. Neste instante, a inspeção realizada pode ser acessada pelo menu
editar.
105

FIGURA 39 – TELA DE NAVEGAÇÃO PARA COMPARAÇÃO COM OS REGISTROS ANTERIORES.

Registro
atual

Registro
anterior

FONTE: O autor (2016).

Todas as inspeções concluídas podem ser acessadas pelo menu editar. O


acesso é similar à aba de iniciar uma inspeção. Contém um campo de filtro que
permite localizar a inspeção desejada através do preenchimento de algumas
informações como trecho, código da inspeção, local de início, fim, nome da
inspeção, tipo e periodicidade. As inspeções são ordenadas na lista pela data de
realização da mais recente, para as mais antigas, ver a FIGURA 40.
A edição da inspeção, de preferência, deve ser realizada no escritório logo
após a execução das atividades de campo. Como as informações são recentes, para
o especialista é muito mais fácil recordar das informações, realizar os complementos
necessários nas descrições realizadas em campo, apontar recomendações e
selecionar as fotografias que farão parte da ficha de inspeção.
106

FIGURA 40 – TELA DE NAVEGAÇÃO PARA ACESSO A EDIÇÃO DAS INSPEÇÕES.

FONTE: O autor (2016).

Para realizar a edição, após preencher as informações no filtro, realiza um


duplo clique na inspeção ativando uma nova janela com todos os registros
realizados, ver FIGURA 41.
Todas as observações e descrições registradas em campo são
apresentadas. Neste momento, o especialista realiza a edição das informações
através da inserção de detalhes técnicos e de complementos que visam o
enriquecimento dos registros realizados em campo. A conclusão da edição permite
ao especialista emitir a ficha de inspeção que faz parte do relatório semestral de
inspeções realizadas por ITAIPU, e que deve ser encaminhado para o arquivo
técnico. Estas informações são subsídios para a emissão do relatório de análise do
comportamento estrutural da barragem emitido anualmente, que contempla a análise
da instrumentação, das inspeções e a emissão de recomendações.
107

FIGURA 41 – FICHA DE INSPEÇÃO DE ITAIPU.

FONTE: O autor (2016).


108

Ao concluir a edição da ficha de inspeção o sistema altera o calendário para


inspeção concluída, atualiza os gráficos da tela inicial e pré-determina a data da
futura inspeção. O calendário é constituído de duas agendas, uma denominada
empresarial e outra agenda de inspeções. A ITAIPU, no transcurso do final de todos
os anos, emite um calendário com as informações empresariais que servem como
subsídio para a programação das atividades do ano subsequente. As informações
deste calendário são repassadas à agenda empresarial do sistema de inspeções
permitindo programá-las.
A agenda das inspeções regulares utiliza como base a data da primeira
inspeção, a periodicidade pré-determinada durante o cadastramento das inspeções
e a agenda empresarial. Para a determinação das datas das inspeções algumas
definições e combinações são necessárias, conforme segue:
 Inspeção deve ser realizada durante os dias úteis;
 As inspeções regulares devem ocorrer dentro da periodicidade
prevista;
 No mínimo dois profissionais devem ter disponibilidade para sua
execução;
 A programação automática prevê a execução de 15 dias
antecedentes ao vencimento do prazo.
Para acessar o calendário, através do menu de ferramentas, deve-se
acionar o ícone calendário. É apresentada uma agenda, contendo todas as
inspeções cadastradas com uma visão mensal, semestral e anual. Abaixo da
agenda, através de um filtro, o usuário pode visualizar as inspeções por código,
trecho, nome, situação (executadas, reprogramadas, a executar e canceladas),
periodicidade, local de início, fim, além de permitir a busca por data de execução e
especialistas que participaram da inspeção e/ou que estão previstos para executar a
atividade (FIGURA 42).
Existindo a necessidade de reprogramação, o usuário realiza um duplo
clique na inspeção e seleciona reprogramar. A reprogramação pode ser realizada a
qualquer momento e os registros de alterações são armazenados no sistema através
do gerenciamento de registros. As reprogramações das inspeções podem ser
realizadas devido às condições climáticas e/ou disponibilidade dos profissionais.
109

FIGURA 42 – CALENDÁRIO DE INSPEÇÕES.

FONTE: O autor (2016).

Para acessar o gerenciamento de registros, o usuário, através do menu de


ferramentas, deve ativar o item gerenciamento. Neste instante, abre-se uma nova
janela, que contém um filtro na parte superior esquerda, que permite localizar a
inspeção desejada. O preenchimento de algumas das informações como código da
inspeção, período inicial, final, trecho, local de início, local de fim, nome da inspeção
e periodicidade, permite visualizar as informações registradas em campo e comparar
com a ficha de inspeção concluída. Existindo mais de uma inspeção durante o
período selecionado, o usuário pode navegar através de setas para as próximas
inspeções.
O usuário também tem a opção, na parte superior direita, de observar a
quantidade de reprogramações, os participantes, a data de realização e duração da
inspeção, além de poder selecionar a visualização das informações de campo e da
ficha de inspeção concluída. (FIGURA 43).
110

FIGURA 43 – GERENCIAMENTO DOS REGISTROS.

FONTE: O autor (2016).

Os relatórios de análise do comportamento estrutural da barragem são


emitidos anualmente. Este relatório é constituído de capítulos referente aos trechos
da barragem e cada capítulo dividido em subitens como: inspeções,
instrumentações, conclusões e recomendações. As inspeções sintetizam as
principais observações realizadas durante o período de análise. A análise das
instrumentações avalia o comportamento estrutural da barragem. As conclusões e
recomendações devem ser executadas para manter o excelente comportamento
estrutural.
O módulo de relatório do sistema de inspeções vem ao encontro da
demanda de ITAIPU para a elaboração do relatório de análise do comportamento
estrutural de modo organizado, padronizado e ágil.
Este módulo é acessado através da barra de menu ferramentas, relatórios.
O usuário através de um filtro preenche algumas das informações como código da
inspeção, trecho, período inicial, período final, nome da inspeção e tipo de inspeção.
O sistema gera um relatório compreendendo as informações selecionadas e permite
visualizar e salvar o arquivo em *.pdf, *.doc, conforme apresentado na (FIGURA 44).
111

O relatório gerado contém uma capa compreendendo informações gerais da


área técnica de ITAIPU, e seu conteúdo são as fichas de inspeções selecionadas.

FIGURA 44 – RELATÓRIOS TÉCNICOS.

FONTE: O autor (2016).

Para que o sistema apresente as funcionalidades de periodicidade, trecho,


tipo de inspeção, condições do tempo, vertedouro e unidades geradoras no menu de
configurações devem ser preenchidas as informações técnicas. Para seu
preenchimento, o usuário deve selecionar o item a ser configurado, clicar em
adicionar e preencher as informações. Existindo a necessidade de edição ou
exclusão, o acesso é realizado pelos botões correspondentes localizados na lateral
direita de cada item.
As informações são utilizadas pelo sistema para permitir o cadastramento,
edição e, configuração de uma inspeção. Além de serem utilizadas para busca
padronizada de informações nos filtros do sistema (FIGURA 45).
112

FIGURA 45 – TELA DE NAVEGAÇÃO DE CONFIGURAÇÕES.

FONTE: O autor (2016).

Para sair do sistema, duas opções são apresentadas aos usuários. A opção
de clicar no ícone superior direito ou através do menu ferramentas, selecionar fechar
a seção.

4.2 VALIDAÇÃO DO SISTEMA

Para validação do sistema foi selecionado a inspeção denominada INS-L-


001/REG da transição da barragem de terra e enrocamento que abrange o talude de
montante e a crista da barragem de terra entre as Estacas 119,17 a 122+47,17.
Foram realizadas 3 inspeções compostas por duplas de engenheiros e horários
distintos.
113

Os procedimentos iniciais foram realizados no escritório com o


preenchimento da tela de navegação para iniciar uma inspeção, a verificação dos
níveis de montante e jusante, temperatura, operação do Vertedouro e Unidade
Geradoras.
A primeira inspeção, realizada no dia 11/01/2017, com duração de 47
minutos, foi composta de 51 registros fotográficos. Foram observados 28 itens
previstos na ficha de inspeção, sendo 14 itens no talude de montante e 14 na crista
da barragem. As informações são apresentadas na TABELA 18.
A segunda inspeção, realizada no dia 09/03/2017, teve duração de 1h19min,
porém dentro do tempo máximo previsto de 2 horas. A maior duração ocorreu devido
à adaptação do funcionamento do sistema. Durante a inspeção foram registradas 42
fotografias. As quantidades de itens observados foram iguais a primeira inspeção,
constituído de 28 itens, sendo: no talude de montante 17 e crista da barragem 11.
Esta inspeção teve a participação de um engenheiro experiente e que já realizou
esta inspeção diversas vezes em conjunto a um engenheiro júnior.
A terceira inspeção, realizada no dia 10/03/2017, durou 1h03 min. Foi
realizada por um engenheiro de nível pleno e um júnior. Houve a necessidade da
adaptação dos usuários ao sistema, porém, sem registros de dificuldades para sua
utilização. Foram registradas 33 fotos, observados 27 itens da ficha de inspeção
sendo: 13 itens no talude de montante e 14 itens na crista da barragem.
As compilações dos resultados obtidos são apresentadas na TABELA 18 e
no apêndice deste trabalho. Comprovam que 85,71% dos itens observados e
selecionados pelos engenheiros se repetem em no mínimo duas inspeções. Durante
os procedimentos de campo, não foram identificados novos itens a serem incluídos
na lista de observações, comprovando a eficácia da ficha de inspeção elaborada
neste trabalho.

TABELA 18 – PERCEPÇÃO E VALIDAÇÃO DO SISTEMA, COMPARAÇÃO ENTRE AS


INSPEÇÕES VISUAIS.

INSPEÇÃO INSPEÇÃO INSPEÇÃO


BARRAGEM DE TERRA DA MARGEM ESQUERDA
1 2 3
Talude a Montante
1 Proteção dos taludes X X X
114

INSPEÇÃO INSPEÇÃO INSPEÇÃO


BARRAGEM DE TERRA DA MARGEM ESQUERDA
1 2 3
2 Ciclagem natural X X X
3 Desagregação de blocos X X
4 Desagregação de blocos X X X
5 Região com blocos menores de rocha X X X
6 Possível deslizamento ou rolamentos X
7 Deslocamentos de blocos X X X
Identificar áreas de vazios nas elevações
8 X X X
mais elevadas identificar possíveis causas
Recalques e Deformações e subsidências no
9 X X
maciço;
Inspecionar a crista e verificar a existência de
10 X
trincas longitudinais e transversais
11 Crescimento de Vegetações X X X
12 Rasteira X X X
13 Aplicar inseticidas X X X
14 Arbustos X X X
15 Realizar o arrancamento X X X
16 Detritos X X X
17 Troncos e Galhos X X
Deformações, recalques, trincas e fissuras no
18 X X X
maciço
19 Trincas de ressecamento X X X
20 Trincas de dimensões pequenas X X
21 Disposição em várias direções X X X
22 Abertura aproximadamente iguais X
23 Trincas de deformação diferencial X X
24 Trincas paralelas X
Recalques Diferenciais (trincas
25 paralelas e perpendiculares ao eixo da X
barragem)
Desalinhamento da Crista, muros de montante e
26 X X
jusante
Observar o alinhamento da borda superior do
27 muro quebra ondas. Sempre paralelo ao eixo X X
da barragem
28 Observar alinhamento do muro a jusante X X
29 Drenagem Superficial X X X
Bocas de lobo e saídas de escoamento
30 X X
obstruídas
31 Problemas de Pavimentação e estradas X X X
32 Trincas superficiais X X X
33 Deformação da base X X
34 Identificação das estacas X X
35 Instrumentos X X
TOTAL DE ITENS SELECIONADOS NO TALUDE DE
14 17 13
MONTANTE
115

INSPEÇÃO INSPEÇÃO INSPEÇÃO


BARRAGEM DE TERRA DA MARGEM ESQUERDA
1 2 3
TOTAL DE ITENS SELECIONADOS NA CRISTA 14 11 14
TOTAL GERAL DOS ITENS SELECIONADOS 28 28 27

FONTE: O autor (2017).

O sistema conta com diversos itens aplicáveis à segurança de barragem


trazendo confiabilidade e agilidade ao processo. Permite realizar a avaliação
qualitativa do desempenho estrutural através das inspeções visuais com base nas
informações da ficha de inspeção e as inspeções anteriores. Os aspectos técnicos
de funcionalidade e aplicabilidade foram aprovados pela equipe de engenheiros da
Central Hidrelétrica de Itaipu. Os resultados obtidos são disponibilizados logo após a
atividade de campo através de um relatório. Os arquivos são armazenados de forma
organizada no servidor visando o aperfeiçoando e a melhoria na qualidade da
informação.
116

5 CONCLUSÃO

O presente estudo teve como proposta o desenvolvimento de um sistema


especializado em inspeções visuais, aplicado à segurança de barragens. Buscou-se
técnicas e conceitos utilizados por entidades nacionais e internacionais para auxiliar
o especialista na tomada de decisão, contribuindo com qualidade no
desenvolvimento das atividades de inspeções visuais.
Os resultados permitiram aperfeiçoar a padronização dos locais a serem
inspecionados, com a definição da periodicidade e o tempo médio para a realização
das inspeções.
Com este trabalho, demonstra-se a importância de realizar as programações
das inspeções, atendendo a legislação vigente, adotando o controle rigoroso das
periodicidades máximas de cada inspeção, bem como na disponibilidade e
compatibilidade da agenda dos profissionais que realizam as atividades de campo. A
utilização de um calendário de gerenciamento da situação das inspeções garante a
qualidade no processo de auscultação da barragem.
As anomalias que podem ser identificadas na barragem de terra são
previamente listadas e cadastradas no sistema por trecho e local, facilitando a
análise durante a execução das atividades de campo. Tais informações visam
aperfeiçoar a análise do especialista durante a inspeção. Os registros com
fotografias e observações são armazenados de forma dinâmica no sistema,
permitindo realizar comparações com as situações anteriormente cadastradas. A
comparação entre inspeções fornece subsídios, e também auxilia o especialista na
tomada de decisão para com a segurança estrutural da barragem.
A utilização deste sistema permite que o especialista realize a
complementação do preenchimento da ficha de inspeção com a seleção das
melhores fotos e a inserção das observações no escritório. Essas informações são
concentradas em um único banco de dados, centralizando as informações e o
armazenamento dos registros histórico que servem de subsídios para o
monitoramento da barragem.
É notória a importância da utilização do sistema durante a realização das
inspeções visuais, comprovando que as atividades de campo com uma
117

padronização das informações de análise, em conjunto com o armazenamento das


imagens, elevam a qualidade das inspeções gerando resultados mais fidedignos,
menos parciais do que a mesma conduzida sem auxílio do sistema, garantindo a
excelência em segurança de barragens.
Como já comprovada, a eficiência deste projeto, sugere-se como trabalho
futuro a extensão dos resultados alcançados às demais estruturas das barragens de
aterro, de concreto, casa de máquinas e vertedouro.
A utilização de georreferenciamento nas fotografias obtidas através do
sistema vem ao encontro do aperfeiçoamento e aprimoramento dos sistemas
utilizados por ITAIPU.
O emprego de tecnologias IOS e Android permitirão maior usabilidade do
sistema, tornando o tablet uma ferramenta adicional e optativa.
118

6 REFERÊNCIAS

ALAGOAS. Secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de


Alagoas. Portaria n.°491/2015. Estabelece a periodicidade, qualificação da equipe
responsável, conteúdo mínimo e nível de detalhamento das inspeções de segurança
regulares de barragens de acumulação de água, conforme art. 9º da Lei Federal nº
12.334 de 20 de setembro de 2010, Alagoas, 08 set. 2015.

ANA Agência Nacional de Águas. Manual do Empreendedor sobre Segurança de


Barragens-Volume II- Guia de Orientação e Formulários para Inspeções de
Segurança de barragens. Brasília: ANA,2016.

ANA, Agência Nacional de Águas. Resolução nº 742/11. Estabelece a


Periodicidade, Qualificação da Equipe Responsável, Conteúdo Mínimo e Nível de
Detalhamento das Inspeções de Segurança Regulares de Barragem, Brasília, ANA,
17 out. 2011.

ANA Agência Nacional de Águas. Relatório de Segurança de Barragens 2015.


Brasília: ANA, 2016.

ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa n.º 696, de


15 de dezembro de 2015. Estabelece critérios para classificação, formulação do Plano
de Segurança e realização da Revisão Periódica de Segurança em barragens
fiscalizadas pela ANEEL de acordo com o que determina a Lei nº 12.334, de 20 de
setembro de 2010. In: RUFINO, Donizete R.

BALBI, D. A. F.; FUSARO, T. C. Inspetor – Sistema Inteligente de Controle e


Segurança de Barragens. Comitê Brasileiro de Barragens, XXV Seminário Nacional
de Barragens, Salvador, 2003.

BAHIA. INEMA, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Portaria


n.°4.673/2013. Estabelece a periodicidade, qualificação da equipe responsável,
conteúdo mínimo e nível de detalhamento das inspeções de segurança regulares de
barragens de acumulação de água, Brasília, DF, 29 mar. 2013.

BRASIL. ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Nota Técnica nº 76/2013.


Regulamentação dos Critérios para Classificação dos Empreendimentos de Energia
Elétrica por Categoria de Risco e Dano Potencial Associado. Brasília, DF, 29 out.
2013.

BRASIL. ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Nota Técnica nº 77/2013.


Regulamentação do Conteúdo Mínimo do Plano de Segurança de Barragens,
Características e Periodicidade dos Tipos de Inspeção, Revisão Periódica de
Segurança de Barragens e Obrigações do Empreendedor. Brasília, DF, 29 out.
2013.
119

BRASIL. Lei n.º12.334, de 10 setembro de 2010. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 set. 2010. Seção 1,p.01.
Disponívelem:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2010/Lei/L12334.ht
m.>. Acesso em 18/12/2016.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Departamento Nacional de Produção


Mineral. Portaria n.°416/2012. Cria o cadastro nacional de barragens de mineração
e dispõe sobre o plano de segurança, revisão periódica de segurança e inspeções
regulares e especiais de segurança de barragens de mineração, Brasília, DF, 03 set.
2012.

CALDEIRA, L. et al. Curso de Exploração e Segurança de Barragens, V1.


Agência Portuguesa do Ambiente. Portugal, Lisboa, 1999.

CBDB. Guia Básico de Segurança de Barragens. Comitê Brasileiro de Barragens,


Rio de Janeiro, 2001.

CDA. Canadian Dam Association. Inspection & Maintenance of Dams, Dam


Safety Guidelines. British Columbia. Canada, 2004.

CDA. Canadian Dam Association. Inspection & Maintenance of Dams, Dam


Safety Guidelines. British Columbia. Canadá, 2016.

CEASB. Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barragens. Mapeamento


Superficial da Alteração dos Blocos da Barragem de Terra, 2015.

COELHO, D. P.; PATIAS, J.; GARAY, V. R. Sistema de otimização e análise de


auscultação de barragem de Itaipu 2015. In: XXX Seminário Nacional de Grandes
Barragens. Foz do Iguaçu, 2015.

DNR- Dam Safety Inspection Manual – Part 3 Department of Natural resources


Division of Water Indiana. EUA, Indiana, 2007.

DUNNICLIFF, J. Geotechnical Instrumentation for Monitoring Field Performace.


A Wiley Interscience Publication, 1988.

FRANCK, B. M.; KRAUTHAMMER, T. Development of an expert system for


preliminary risk assessment of existing concrete dams. Engineering with
computers, v. 3, n. 3, p. 137–148, 1988.

FUSARO, T. C. et al. Complementariedade entre os Monitoramento e Análises


de Risco na Gestão da Segurança de Barragens. Comitê Brasileiro de Barragens,
XXX Seminário Nacional de Barragens, Foz do Iguaçu, 2015.

GAGNER,K.P.E. Course Examination of Embankment Dams. Department of the


Interior Bureau of Reclamation. United States, 2016.

GUERRA, Antonio J. T & CUNHA, Sandra B. Geomorfologia: Uma atualização de


120

bases e conceitos.3 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

ICOLD - CIGB. Inspection of Dams - Bulletin 62. Paris: International Comission on


Large Dams/Comission Internationale des Grand Barrages, 1988.

ICOLD - CIGB. Inspection of Dams Following earthquake guidelines - Bulletin 166.


Paris: International Comission on Large Dams/Comission Internationale des Grand
Barrages, 2016.

ITAIPU BINACIONAL, I. Instrução de inspeção maciço de terra. Foz do Iguaçu,


1990.

ITAIPU BINACIONAL. Diretoria Técnica de Itaipu. Usina Hidrelétrica de Itaipu


Aspectos de Engenharia. 2009.

ITAIPU BINACIONAL. Diretrizes para inspeção e segurança dos maciços


compactados e sistema de drenagem. Foz do Iguaçu,1992.

ITAIPU BINACIONAL. Apresentação sobre segurança de barragens de Itaipu


Binacional. Foz do Iguaçu, 2016.

ITAIPU BINACIONAL. Relatório do comportamento estrutural da barragem de


Itaipu. Foz do Iguaçu, 2016.

KUPERMAN, S. C. et. al.Reavaliação da segurança e dos valores de controle da


instrumentação das estruturas civis da UHE Jurumirim. Comitê Brasileiro de
Barragens, XXV Seminário Nacional de Barragens. Salvador, 2003.

MARANHÃO. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais. Portaria


n.°5/2016. Estabelecimento da periodicidade, a qualificação da equipe técnica
responsável, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento das Inspeções de
Segurança Regulares de Barragens de Acumulação de Água, conforme art. 9º da Lei
nº 12.334 de 20 de setembro de 2010. Maranhão, 22 jan. 2016.

MINISTÉRIO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL (BRASIL). Manual de Segurança e


Inspeção de Barragens. Brasília, DF, 2002.

MIRANDA, A. N. Inspeção de Barragens de Aterro. Treinamento em segurança de


barragens. ANA, Agência Nacional de Águas, 2011.

OLIVEIRA, J.R.C. Contribuição para a Verificação e Controle da Segurança de


Pequenas Barragens de Terra. Dissertação, Escola de Minas UFOP, Ouro Preto.
Minas Gerais, 2008.
121

PARANÁ. Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Portaria n.°14/2014.


Estabelece a periodicidade de atualização, a qualificação do responsável técnico, o
conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança de Barragem de
Acumulação de Água e da Revisão Periódica de Segurança da Barragem de
Acumulação de Água. Diário Oficial do Paraná, Curitiba, 26 mar. 2014.

PARANÁ. Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Portaria n.°15/2014.


Estabelece a periodicidade de atualização, a qualificação do responsável técnico, o
conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança de Barragem de
Acumulação de Água e da Revisão Periódica de Segurança da Barragem de
Acumulação de Água. Diário Oficial do Paraná, Curitiba, 26 mar. 2014.

PIASENTIN, C. Considerações sobre a Importância das Observações Visuais


na Auscultação de Barragens. Comitê Brasileiro de Barragens, XXV Seminário
Nacional de Barragens. Salvador, 2003.
PIRES, K. O. Estrutura de Funcionamento da inspeção visual das barragens da
COPEL. Curitiba, 2017. (Informação verbal)

PORTUGAL. Decreto de Lei n.º 344/2007. Diário Oficial [de] Portugal, Ministério de
Obras Públicas Transportes e Comunicações. Lisboa, 15 out. 2007.

SÃO PAULO. CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Decisão


de Diretoria Nº 279/2015/C. Procedimentos para implantação do Plano de
Segurança, Revisão Periódica de Segurança e Inspeções Regulares e Especiais de
Segurança das Barragens de Resíduos Industriais, conforme a Lei Federal nº
12.334, de 20 de setembro de 2010, que dispõe sobre a Política Nacional de
Segurança de Barragens. São Paulo, 18 de nov. 2015.

SÃO PAULO. Secretária de Saneamento e recursos Hídricos. Departamento de


Águas e Energia Elétrica DAEE. Portaria n.°3.907/2015. Aprova os critérios e os
procedimentos para a classificação, a implantação e a revisão periódica de
segurança de barragens de acumulação de água de domínio do Estado de São
Paulo, considerando o disposto na Lei Federal nº 12.334, de 20/09/2010. São Paulo,
15 dez. 2015.
THEMAG ENGENHARIA, SIBar-Sistema de Instrumentação de Barragens.
Disponível em: <http://www.themag.com.br/sistemas> Acesso em: 28 fev. 2017.

U.S.BUREAU OF RECLAMATION, Guidelines for Inspection and Maintenance of


Dams. Denver, Colorado, 2001

U.S.BUREAU OF RECLAMATION, Safety Evaluation of Existing Dams


International Technical Seminar and Study Tour. Examination of Embankment
Dams. United States, Denver, Colorado, 2016.

U.S.BUREAU OF RECLAMATION, Safety Evaluation of Existing Dams, A manual


for the safety evaluation of embankment and concrete dams. Denver, Colorado,
1995.
122

APÊNDICE 1 - FLUXOGRAMA GERAL DO SISTEMA


123
124

APÊNDICE 2 - MODELO DA FICHA DE INSPEÇÃO DA BARRAGEM DE


TERRA MARGEM ESQUERDA DE ITAIPU BINACIONAL
125
126
127
128
129
130
131
132
133

APÊNDICE 3 - RESULTADO DAS INSPEÇÕES DA BARRAGEM DE TERRA


MARGEM ESQUERDA DE ITAIPU BINACIONAL COM A UTILIZAÇÃO DO
SISTEMA DE INSPEÇÕES.
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
159

Você também pode gostar