Hidrogeografia

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Impactos causadas pelas alterações climáticas aos recursos hídricos


Amina Aliasse 708220947

Curso: Ensino de Geografia


Disciplina: Hierogeografia
Ano de Frequência: 2º
Turma : J
Docente:

Nampula, Setembro de 2023


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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação Subtot
do
máxima al
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
 Rigor e coerência das
Referências 6ª edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução...................................................................................................................................4

Objectivos...................................................................................................................................4

Geral............................................................................................................................................4

Específico....................................................................................................................................4

Justificativa.................................................................................................................................4

Relevância...................................................................................................................................5

Problematização..........................................................................................................................5

Fundamentação teórica...............................................................................................................6

Impactos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos...................................................6

Representação e discursão dos resultados.................................................................................10

Conclusões................................................................................................................................12

Referências bibliográfica..........................................................................................................13
Introdução
O presente trabalho debruça sobre uma temática de maior valor na actualidade e na cadeira de
Hierogeografia em particular,
O impacto das alterações climáticas sobre os recursos hídricos tem sido estudado sobretudo
para a parte superficial do ciclo da água, havendo no geral um grande desconhecimento dos
impactos sobre os recursos hídricos subterrâneos, que no entanto são geralmente vitais para as
zonas insulares.
Importa salientar que para a efectivação dos trabalho recorra-se á pesquisa Bibliográfica,
abordagem qualitativa e ao estudo de caso, de forma a alcançar os objectivos.
No que concerne á estrutura organizacional deste trabalho, pode se destacar: a Introdução,
Objectivos Geral e específicos, Metodologias, Análise e discussão, conclusão e referencias
Bibliográficas.
Objectivos
Para a realização do trabalho de forma exaustiva, o autor optou pelos seguintes objectivos:
Geral
 Falar do Impactos causadas pelas alterações climáticas aos recursos hídricos
Específico
 Descrever Impactos causadas pelas alterações climáticas aos recursos hídricos.
 Demonstre causadas de alterações climáticas aos recursos hídricos O programa de
ensino é uma lei e uma lei deve ser cumprida.
1.3. Metodologia
A metodologia e técnicas de pesquisa usadas consistiram em selecção, leituras, análises de
várias obras bibliográficas, artigo e com ajuda da internet, em seguida que culminará com a
compilação de dados em trabalho final.
Justificativa
As alterações climáticas, motivadas por origens naturais e/ou acção antrópica, têm impactos
nas várias componentes do ciclo da água. As regiões insulares são, pelas suas características
de litologia, estrutura geotectónica, dimensões, topografia, condicionantes geográficas e
natureza hidrogeológica, bastante susceptíveis aos impactos das alterações climáticas, que se
podem reflectir segundo duas vertentes: (1) a alteração do nível médio das águas do mar; (2) a
alteração dos parâmetros climáticos (precipitação e temperatura).

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Os impactos das alterações climáticas actuam sobre os recursos hídricos modificando a sua
qualidade (ex.: via intrusão salina) e a sua quantidade (ex.: por redução da precipitação total e
aumento da temperatura média, causando um decréscimo nos volumes de recarga).
O impacto das alterações climáticas sobre os recursos hídricos tem sido estudado sobretudo
para a parte superficial do ciclo da água, havendo no geral um grande desconhecimento dos
impactos sobre os recursos hídricos subterrâneos, que no entanto são geralmente vitais para as
zonas insulares. Neste estudo apresenta-se uma análise dos possíveis impactos das alterações
climáticas sobre os recursos hídricos essencialmente no vector quantidade – analisando tanto
os impactos devidos à modificação local do nível das águas do mar, face aos cenários de
subida global do nível médio das águas do mar, como às modificações do clima que se admite
venham a ocorrer nesta região. Com base nos resultados obtidos relativamente à previsão
destes impactos e nas respostas admissíveis dos sistemas aquíferos a estas modificações,
procurou-se desenvolver uma metodologia de determinação da vulnerabilidade dos recursos
hídricos subterrâneos das regiões insulares às alterações climáticas, extensível às zonas
costeiras.
Relevância
Espera-se que este trabalho possa servir de orientação para os que pretendem aprofundar o
mesmo tema e o mesmo crie um aceso debate no seio da sociedade em particular académica,
servindo de motivação para o seu aprofundamento.
Problematização
As mudanças climáticas aumentam os fatores que levam as pessoas à pobreza e as mantêm
nessa situação. Inundações podem assolar favelas urbanas, destruindo casas e meios de
subsistência. O calor pode dificultar o trabalho ao ar livre. A escassez de água pode afetar a
agricultura.
As mudanças climáticas determinam a maior ameaça à saúde que a humanidade enfrenta. Os
impactos climáticos já estão prejudicando a saúde, com poluição do ar, doenças, eventos
climáticos extremos, deslocamento forçado, pressões sobre a saúde mental e aumento da fome
e subnutrição em locais onde as pessoas não conseguem cultivar ou encontrar alimentos
suficientes. A cada ano, fatores ambientais tiram a vida de cerca de 13 milhões de pessoas. A
mudança dos padrões climáticos está expandindo o número de doenças, e os eventos
climáticos extremos aumentam as mortes e dificultam a manutenção dos sistemas de saúde.

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Fundamentação teórica
Impactos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos
A compreensão dos complexos fenómenos naturais que envolvem o ciclo hidrológico, bem
como das suas inter-relações, desde a precipitação até a ocorrência de escoamento nos cursos
d’água, é de suma importância (MELLO et al., 2008). Inúmeros são os fatores que podem
influenciar no regime hidrológico de uma bacia hidrográfica, destacando-se as mudanças
climáticas, as quais têm potencial para impactar os diferentes processos que ocorrem no ciclo
hidrológico.

De acordo com o IPCC (2013), a resposta do ciclo hidrológico ao aquecimento global ao


longo do século XXI não será uniforme, evidenciando o constrante na precipitação entre
regiões úmidas e secas e entre as estações úmidas e secas, com exceções regionais. É muito
provável, segundo o IPCC (2013) que regiões úmidas de altas latitudes experenciem maiores
quantidades de precipitação, enquanto que é provável que regiões de latitude média e áridas e
semiáridas subtropicais experenciem diminuição da precipitação, e que regiões úmidas de
latitude média experenciem aumento.

Quanto aos eventos de precipitação de curta duração, o IPCC (2013) indica que estes
ocorrerão com maior intensidade, sendo muito provável eventos extremos mais intensos e
frequentes em porções terrestres de latitude média e em regiões tropicais úmidas. O IPCC
(2013) indica ainda, dentre outros prognósticos, que a evaporação média da superfície irá
aumentar a medida que o temperatura global for se elevando, assim como o risco de
ocorrência de secas agrícolas, sendo proeminentes na África austral e no noroeste da África ao
longo do Mediterrâneo.

Para Döll et al. (2015), todos os usuários da água são afetados com as mudanças climáticas,
em especial a agricultura irrigada, o abastecimento e a geração de energia. A agricultura
irrigada – o setor de maior uso de água no mundo – é afetada tanto pela alteração na
disponibilidade quanto na demanda hídrica, segundo os autores, uma vez que temperaturas
mais elevadas e maior variabilidade da chuva tendem a aumentar a demanda por unidade de
área irrigada. No setor de geração de energia, Döll et al. (2015) ressaltam os impactos
decorrentes das alterações no regime de vazões dos rios.

As mudanças hidrológicas provenientes das mudanças no clima, combinadas com outras


pressões sobre os recursos hídricos, tais como crescimento populacional, mudança de uso e

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cobertura do solo e mudanças de estilo de vida, serão um grande desafio para a gestão de
recursos hídricos no século XXI, relatam Kundzewicz et al. (2008).

Tendo em vista a segurança hídrica em um clima sob mudança, Döll et al. (2015) ressaltam a
necessidade da gestão integrada dos recursos hídricos perante os riscos provenientes destas
mudanças. Neste contexto, os autores definem o risco de um dado impacto como a interação
entre desastres, exposição e vulnerabilidade. Todavia, o risco frequentemente é estimado a
partir da probabilidade de ocorrência de eventos catastróficos ou tendências multiplicadas
pelos impactos que decorrem caso estes eventos ou tendências de fato ocorram (IPCC, 2014).
Segundo Döll et al. (2015), avaliações probabilísticas de desastres têm sido utilizadas para
gestão de recursos hídricos em virtude da natureza estocástica do clima, sendo possível citar
aplicações para elaboração de mapas de risco e de cheias, variabilidade de vazões, etc.

Thirel et al. (2015) relatam que a previsão do impacto de mudanças ambientais sobre bacias
hidrográficas tem se tornado uma atividade útil para profissionais que trabalham na área de
recursos hídricos; entretanto, estes têm tido preocupações crescentes, visto que os modelos
usados para simulação na avaliação do impacto, bem como ferramentas de suporte à tomada
de decisão, podem não ser adequados para tal fim.

A avaliação dos impactos potenciais das mudanças no clima sob o ponto de vista quantitativo
é extremamente útil, no entanto, é necessário envolver a aplicação de uma série de modelos,
estando os resultados de saída destes sujeitos a incertezas significativas (DÖLL et al., 2015).
Frente às incertezas, tais pesquisadores sugerem que os impactos devem ser quantificados por
meio de um intervalo de projeções plausíveis. Neste contexto, o estado-da-arte consiste em
estudos multi-modelo, onde os resultados de diversos modelos climáticos alimentam um ou
mais modelos hidrológicos a fim de gerar um conjunto de cenários de alterações potenciais de
riscos.

Ressalta-se assim três conclusões de Kundzewicz et al. (2008) sobre as projeções climáticas e
suas implicações nos recursos hídricos de água doce e na gestão:

1) os impactos das mudanças climáticas e as alternativas mais eficazes para se adaptar a elas
dependem substancialmente das condições hidrológicas, econômicas, sociais e políticas,
sendo difícil extrapolar resultados ou conclusões de uma bacia para outra;

2) mudanças climáticas são sobrepostas a outras pressões sobre os recursos hídricos; e

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3) atualmente, pouco pode ser dito a respeito das implicações das mudanças climáticas na
disponibilidade de água para os mais vulneráveis, ou seja, para os mais carentes em zonas
urbanas e rurais de países em desenvolvimento.

A estimativa dos impactos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos e sua gestão
devem ser melhoradas (KUNDZEWICZ et al., 2008); ademais, o avanço, no que se refere à
compreensão destas, está condicionado à disponibilidade adequada de dados observados, o
que evidencia a necessidade de ampliação da rede de monitoramento, principalmente em
países em desenvolvimento, onde praticamente são inexistentes em termos de quantidade.
Neste sentido, Kundzewicz et al. (2008) salientam que dados apropriados são fundamentais
para o entendimento das mudanças e para melhorar o desempenho dos modelos climáticos. Os
autores destacam ainda que, dentre as necessidades urgentes de pesquisa, estão aquelas que
podem levar à redução de incertezas para melhor compreender como as mudanças climáticas
podem afetar os recursos hídricos e para dar suporte aos gestores, os quais precisam se
adaptar a elas.

Visando um planejamento futuro, torna-se fundamental – especialmente com relação aos


cenários para as próximas décadas – o emprego da modelagem climática. Viola (2011) relata
que, de acordo com o IPCC, um dos pontos que precisam ser avaliados com critério científico
no Mocambique diz respeito aos impactos hidrológicos decorrentes de mudanças climáticas,
haja vista que são projetadas alterações nos regimes térmico e pluvial, tendo consequências
diretas sobre o ciclo hidrológico e, consequentemente, na capacidade de produção de água de
bacias hidrográficas. No intuito de avaliar o comportamento hidrológico de bacias
hidrográficas, geralmente são calibrados e validados modelos hidrológicos do tipo chuva-
vazão.

Neste contexto, Viola (2011) ressalta que a simulação hidrológica representa uma importante
ferramenta no que se refere à gestão de recursos hídricos, especialmente para a determinação
de vazões de outorga e avaliação dos impactos nos recursos hídricos de uma bacia
hidrográfica frente às diferentes pressões, tais como alterações no uso do solo e mudanças
climáticas.

Inúmeros são os estudos que buscam avaliar, via modelagem hidrológica, o impacto das
mudanças climáticas sobre diversos indicadores hidrológicos em bacias hidrográficas, dentre
eles, pode-se mencionar Ribeiro Neto et al. (2016), Oliveira et al. (2017), Alvarenga et al.
(2018), Bajracharya et al. (2018) e Nilawar e Waikar (2019).

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Ribeiro Neto et al. (2016) avaliaram o impacto do clima futuro projetado pelos RCP’s 4.5 e
8.5 do AR5 do IPCC sobre os processos hidrológicos das principais regiões hidrográficas
mocambiqueeiras, empregando para tal finalidade modelagem hidrológica forçada pelos
dados climáticos dos modelos ETA-HadGEM2-ES e ETA- MIROC5. Segundo os autores,
pode-se esperar redução na disponibilidade hídrica em toda a área de estudo, com exceção da
região sul, afetando as principais bacias hidrográficas geradoras de energia hidrelétrica do
país.

Oliveira et al. (2017) avaliaram o impacto das mudanças climáticas sobre a vazão e o
potencial hidroenergético de uma bacia de cabeceira da bacia hidrográfica do rio Grande, no
sul de Minas Gerais. Os autores empregaram, para tal finalidade, o modelo hidrológico Soil
and Water Assessment Tool (SWAT) e os dados do clima presente e de projeções futuras dos
modelos climáticos ETA- HadGEM2-ES e ETA-MIROC5 frente aos RCP’s 4.5 e 8.5. Os
resultados encontrados por Oliveira et al. (2017), por ambos os modelos climáticos e RCP’s,
dão indícios de que haverá uma redução considerável na vazão e, por consequência, no
potencial de geração de energia, ao longo do século XXI. Tal redução pode acarretar em
sérios problemas de disponibilidade de água na região, causando impactos não somente
locais, mas em todo o sistema hidrelétrico instalado na bacia do rio Grande, ressaltam os
autores.

Alvarenga et al. (2018) avaliaram o impacto das mudanças climáticas na hidrologia de uma
pequena bacia hidrográfica localizada na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. Os autores
empregaram o modelo hidrológico Distributed Hydrology Soil Vegetation Model (DHSVM)
forçado pelo modelo climático ETA-

HadGEM2-ES frente aos RCP’s 4.5 e 8.5. Os resultados encontrados apontam para uma
redução nas vazões médias sazonais em todos os períodos futuros analisados e para os dois
RCP’s, tendo a situação mais crítica ocorrido durante o verão, entre 2011 e 2040 (RCP 4.5) e
2071-2099 (RCP 8.5). Além disso, reduções preocupantes também foram verificadas no
balanço hídrico da bacia, o que pode implicar em escassez de água para abastecimento,
agricultura e geração de energia, relatam os autores, destacando ainda a necessidade de
estudos mais aprofundados dos impactos das mudanças climáticas frente aos cenários do AR5
do IPCC.

Bajracharya et al. (2018) avaliaram o impacto das mudanças climáticas sobre o regime
hidrológico de uma bacia hidrográfica do Nepal, dominada pela ocorrência de neve. A

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simulação hidrológica foi conduzida junto ao modelo SWAT e, as projeções climáticas,
obtidas para os RCP’s 4.5 e 8.5. Segundo relatam os autores, o efeito sinérgico de aumento da
precipitação e da temperatura provoca maior derretimento de neve, implicando diretamente no
aumento das vazões e produção de água no exutório da bacia.

Nilawar e Waikar (2019) avaliaram o impacto das mudanças climáticas nas vazões e
concentração de sedimentos em uma bacia hidrográfica da China. Os autores empregaram o
modelo hidrológico SWAT e três modelos climáticos sob os RCP’s 4.5 e 8.5, obtendo
resultados que indicam acréscimo nas vazões médias mensais e na concentração média
mensal de sedimentos, sendo mais pronunciado quando analisado o RCP 8.5. Para Nilawar e
Waikar (2019) o estudo fornece informações úteis sobre futuros cenários hidrológicos,
fomentando a formulação e implementação de estratégias de gestão dos recursos hídricos.

Representação e discursão dos resultados


As alterações climáticas têm impactos significativos nos recursos hídricos. Em Moçambique,
as mudanças climáticas podem afetar a qualidade e quantidade de água disponível, bem como
a saúde humana, a agricultura e os recursos costeiros. As temperaturas crescentes, provocadas
pelas mudanças climáticas, afetam negativamente o ciclo hidrológico, resultando em secas
prolongadas e chuvas intensificadas.

A vulnerabilidade de Moçambique às mudanças climáticas é uma função da sua localização e


geografia: grandes áreas do país estão expostas a ciclones tropicais, secas (a cada três a quatro
anos) e inundações de tempestades de rios / costeiras. O impacto das alterações climáticas
sobre os recursos hídricos tem sido estudado sobretudo para a parte superficial do ciclo da
água, havendo no geral um grande desconhecimento dos impactos sobre os recursos hídricos
subterrâneos, que no entanto são geralmente vitais para as zonas insulares

Independente do posicionamento discursivo entre a gama de pesquisadores que debatem as


causas das mudanças climáticas globais seja ela originada pelas atividades humanas e/ou
naturais, uma série de estudos apontam que a disponibilidade e a qualidade dos recurso
hídricos vêm sendo alterada pelos atuais dinamismos climáticos.

Cunha et al. (2002) destacam que os impactos das mudanças climáticas sobre os recursos
hídricos são sentidos tanto na oferta como na demanda. Segundo os pesquisadores,
modificações no elemento climático (precipitação) provocam uma variação na distribuição
temporal dos recursos hídricos. Esse fator pode proporcionar um aumento na procura por
este recurso em algumas áreas (conflitos) e disponibilidade além da demanda em outras.
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Em levantamentos realizados por Milly (2005) e Marengo (2006) a bacia hidrográfica do rio
Paraná e outras da mesma região do continente sul americano, vêm apresentando aumentos
entre 3 a 30% nas vazões. Ampliação proporcionada pelo crescimento na tendência de
chuvas na região. Já para a bacia hidrográfica do rio Amazonas e do rio São Francisco não
foram observadas tendências consideráveis em suas vazões.

Já Bates et al. (2008) destacam que a gama de estudos que vem sendo divulgados referentes à
relação mudanças climáticas e recursos hídricos apresentam três resultados. Em algumas
regiões do planeta vem sendo evidenciados aumentos significativos no escoamento
superficial, a exemplo das altas latitudes e boa parte dos Estados Unidos. Em regiões
localizadas na África Ocidental, sul da Europa e parte da América do Sul vem sendo
focalizadas diminuições no escoamento superficial. Há também áreas que não são
identificadas tendências negativas e nem positivas no escoamento superficial

Indícios também dos reflexos das mudanças climáticas vem sendo detectados no fator
disponibilidade de água em alguns rios da Grã Bretanha. De acordo com Marsh et al. (1994)
a região sul e oriental da Inglaterra experimentou, entre os períodos de 1988 e 1992 e entre
1995 e 1997, um pequeno aumento na temperatura média mensal do ar. A resposta desse
acréscimo na temperatura reflete nos regimes das vazões das bacias hidrográficas locais,
proporcionando diminuições das mesmas. Conseqüentemente acendeu um alerta sobre o
futuro da disponibilidade de água para os diversos usos nesta ilha, principalmente frente aos
futuros quadros das mudanças climáticas.

Tingem et al. (2008) analisaram os efeitos dos eventos extremos climáticos sobre a produção
agrícola do milho em Camarões, país da África Subsaariana. De acordo com o estudo, a cada
evento extremo, seja caracterizado pelo aumento das chuvas e/ou principalmente pela
ausência considerável desta, há uma perda na produtividade do milho e gigantescos impactos
sociais. Verificou-se também, que nos últimos anos as ocorrências destes eventos extremos
tornaram-se cada vez mais freqüentes, fator que deve ser levado em consideração para as
futuras políticas que envolvam a distribuição dos recursos hídricos neste país, principalmente
a água destinada para irrigação

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Conclusões
As alterações climáticas têm impactos significativos nos recursos hídricos. Em Moçambique,
as mudanças climáticas podem afetar a qualidade e quantidade de água disponível, bem como
a saúde humana, a agricultura e os recursos costeiros. As temperaturas crescentes, provocadas
pelas mudanças climáticas, afetam negativamente o ciclo hidrológico, resultando em secas
prolongadas e chuvas intensificadas.

Nesta perspectiva, por mais que sejam levantadas medidas para conter as emissões dos gases
estufas, caso as mudanças climáticas atuais sejam realmente proporcionada pelo modo de vida
humano, os reflexos positivos não serão sentidos em um curto espaço de tempo. Portanto,
também, deve-se planejar como a sociedade lidará com os impactos presentes e futuros, a
exemplo do problema da disponibilidade dos recursos hídricos para as atividades humanas.

Neste contexto, o gerenciamento dos recursos hídricos deve levar em consideração os usos
múltiplos da água, princípio que garante o direito de usar os recursos hídricos em todos os fins
para os quais são necessários, em equidade de condições (Gavião et. al., 2003).

A projeção para o futuro não é nada otimista. Com a tendência de aumento da população
global crescerá a demanda de água para a produção de alimento, consumo doméstico e
atividades industriais.

Demanda que já é afetada pelas mudanças climáticas pontuadas anteriormente e resultando


em uma série de conflitos pelos diversos usos deste recurso

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Referências bibliográfica
ALVES, M. C. 1998. Os recursos hídricos e a possibilidade de mudança climática. Congresso
da água. Lisboa-Portugal (15-20 outubro).

ANDRÉ, I. R. N. 2006. Algumas considerações sobre mudanças climáticas e eventos


atmosféricos severos recentes no Brasil. Climatologia e estudos da paisagem. 1(1/2): 1-9.

AYOADE, J. O. 2003. Introdução à climatologia para os trópicos. (9ed.) Trad. Maria Juraci
Zani dos Santos. Bertrand Brasil. Rio de Janeiro-Brasil. 332 p.

BATES, B.; ZBIGNIEW W. K.; WU, S. & J. PALUTIKOF. 2008. El cambio climático y el
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BINDER, W. L. C. 2006. Climate Change and Watershed Planning in Washington State.


Journal of the American Water Resources Association. 42 (4): 915-926

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