Análise e Produção Textual I M - Mimi

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS 2º ANO

Problemas da Escrita no Ensino Secundário

Mimi Alfredo

Nampula

Março de 2024
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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS 2º ANO

Problemas da Escrita no Ensino Secundário

Mimi Alfredo

Trabalho de Campo da Cadeira de Análise e


Produção Textual I a ser submetido na
Coordenação do Curso de Licenciatura Em Ensino
de Portuues UnISCED.

Tutor:

Nampula

Março de 2024

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Índice
1.0.Introdução ................................................................................................................... 4
1.0.1.Objetivos: ................................................................................................................ 4
1.0.2.Metodologia ............................................................................................................. 4
1.1.Dificuldades de leitura e escrita nos alunos do ensino primário caso dos alunos ...... 5
1.2.Localização geográfica da escola ............................................................................... 5
1.3.A prática pedagógica .................................................................................................. 5
1.4.Ensino ......................................................................................................................... 5
1.5.Princípios básicos de ensino ....................................................................................... 6
1.6.Aprendizagem ............................................................................................................. 7
1.7.Leitura......................................................................................................................... 7
1.8.Escrita ......................................................................................................................... 8
1.9.A compreensão da linguagem escrita ......................................................................... 9
2.0.Recurso pedagógico .................................................................................................. 10
2.1.Métodos de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita ....................................... 10
2.3.A leitura e a sua aprendizagem ................................................................................. 11
2.4.A escrita e a sua aprendizagem................................................................................. 11
2.5.Relação entre a leitura e escrita ................................................................................ 12
3.0.Conclusão ................................................................................................................. 16
Referências bibliográficas .............................................................................................. 17

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1.0.Introdução
O presente trabalho de Técnica de expressão de Língua portuguesa tem como o tema:
Dificuldades de leitura e escrita nos alunos do ensino primário caso dos alunos da 5ª
classe da escola primária do 1º e 2º grau de Coalane – Quelimane. As dificuldades de
aprendizagem de leitura e escrita é um assunto que tem sido discutido, pois a escola não
tem dado conta de umas das suas funções primordiais que é a acesso ao conhecimento
científico. Apesar de as legislações permanência de todos na escola, o que se constata é
que, muitos alunos não foram excluídos fisicamente das escolas, todavia são excluídos
do conhecimento que a escola oferece. Dessa forma a escola não tem cumprido a tarefa
de transmitir os conteúdos historicamente produzidos e socialmente necessários aos
seus alunos. O fracasso escolar tem sido estudado sob diferentes enfoques. A família e
as condições de vida material dos alunos eram apontadas como a causa. Posteriormente,
atribuíram-se as causas do fracasso às questões biológicas (fome, desnutrição) e
culturais. Acreditava-se que o indivíduo oriundo de meio pobre, sem acesso a uma boa
alimentação e aos bens culturais fracassariam na escola.

1.0.1.Objetivos:
Geral

 Conhecer as dificuldades de leitura e escrita nos alunos do ensino primário caso


dos alunos da 5ª classe da escola primária do 1º e 2º grau de Coalane Quelimane.

Específicos

 Descrever as dificuldades de leitura e escrita nos alunos do ensino primário caso


dos alunos da 5ª classe da escola primária do 1º e 2º grau de Coalane Quelimane;
 Identificar as razões das dificuldades de leitura e escrita nos alunos do ensino
primário caso dos alunos da 5ª classe da escola primária do 1º e 2º grau de
Coalane Quelimane.

1.0.2.Metodologia
Para a elaboração do trabalho usou-se a metodologia de pesquisa bibliográfica, que é
um apontamento geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de
importância por serem capazes de fornecer dados actuais.

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1.1.Dificuldades de leitura e escrita nos alunos do ensino primário caso dos alunos
da 5ª classe da escola primária do 1º e 2º grau de Coalane – Quelimane

1.2.Localização geográfica da escola


A escola primária do 1º e 2º Grau do Coalane situa-se na Avenida Julius Nyerere, bairro
coalane. No norte faz fronteira com o bairro coalane I, Sul faz fronteira com o bairro
coalane II, Este faz fronteira com a Universidade Licungo e Oeste faz fronteira com
bairro 25 de Junho.

1.3.A prática pedagógica


É destinada ao processo de obtenção do conhecimento relacionado ao ensino-
aprendizagem, buscando encontrar maneiras para avaliar atributos que beneficiam ou
dificultam a qualidade do aprendizado de uma criança. Muitas vezes as dificuldades de
aprendizagem de um indivíduo são bem recorrentes no ambiente escolar, podendo ser
identificadas pelos professores no início do processo de alfabetização (Almeida, 2016).

A aprendizagem depende do seu próprio desenvolvimento intelectual, neste sentido,


torna-se um ato individual, que nem sempre é simultâneo ao processo do ensino, pois
cada pessoa constrói na sua mente um caminho individual de aprendizagem, envolvendo
sua história de vida, sem acompanhar a ordem do ensino.

1.4.Ensino
O termo ensinar, do latim signare, significa “colocar dentro, gravar no espírito” (Piletti,
2008, p. 28). Com este conceito, o autor defende que o termo ensinar é gravar ideias na
cabeça do aluno o que discordamos plenamente, porque contraria a pedagogia actual
que defende que o aluno é o sujeito da sua própria aprendizagem, portanto, não é
nenhuma tábua raza como se depreende nesta definição de conceito. Adiante, Piletti
esclarece que depois do conceito etimológico surgiu o conceito tradicional do ensino
onde ensinar significa transmitir conhecimentos (2008). Neste conceito encontramos o
ensino que é exercido pelo professor e totalmente dependente dele. Porém, com o
desenvolvimento das sociedades e da filosofia educacional, actualmente, o professor é
apenas um estimulador, orientador e facilitador das aprendizagens.

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Scheffler (1973), como citado em Passmore (1980, p. 1), defende que, ensino ou acto de
ensinar “pode ser caracterizado como uma actividade que visa promover a
aprendizagem e que é praticada de modo a respeitar a integridade intelectual do aluno e
a sua capacidade para julgar de modo independente”.

1.5.Princípios básicos de ensino


Libâneo (1994) afirma que os princípios básicos do ensino são os aspectos gerais do
processo de ensino que fundamentam teoricamente a orientação do trabalho docente na
sala de aula. Fundamentalmente, os princípios básicos conduzem a actividade do
professor para o alcance dos objectivos gerais e específicos da aprendizagem. O autor
realça que os princípios básicos de ensino referem-se aos seguintes aspectos
primordiais:

Ter carácter científico e sistemático, onde o professor busca a explicação científica do


conteúdo e orienta o estudo independente, utilizando métodos científicos; consolidar a
matéria anterior antes de introduzir novas matérias e organizar a sequência entre
conceitos e habilidades, tendo em conta a unidade entre objectivos-conteúdos-métodos;

Ser compreensível e possível de ser assimilado, onde os conteúdos são doseados de


modo a que o grau de dificuldade seja menor para permitir o desenrolar cabal do
processo de ensino; fazer diagnósticos periódicos e analisando a correspondência entre
o nível de conhecimento e a capacidade dos alunos além de aprimorar a actualização
constante do professor, o elemento imprescindível na facilitação das aprendizagens de
seus educandos;

Assegurar a relação conhecimento-prática, onde estabelece-se vínculos entre os


conteúdos, experiências e problemas da vida prática. Portanto, fazer com que as
aprendizagens baseiem-se na experiência prática dos aprendentes, ou seja, na vivência
dos alunos;

Assentar-se na unidade ensino-aprendizagem, ou seja, na prática, esclarecer os alunos


sobre os objectivos das aulas e oferecer condições didácticas para que aprendam
independentemente; propor tarefas que exercitem o pensamento e soluções criativas;
criar situações didácticas que ofereçam novas aprendizagens e aplicar os métodos de
soluções de problemas (Libâneo, 1994).

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Os princípios apresentados por Libâneo tornam o ofício de ensinar um intrumento de


procura permanente de soluções para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem.

1.6.Aprendizagem
A aprendizagem, segundo Piletti (2008, p. 31), “é um processo de aquisição e
assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas de perceber,
ser, pensar e agir”. Este autor justifica o seu posicionamento pelo facto de a
aprendizagem não ser apenas um processo de aquisição, pois embora as informações
recebidas sejam importantes, mas precisam passar por um processamento muito
complexo, a fim de se tornarem muito significativas para a vida das pessoas. Deste
modo, pode-se sintetizar a aprendizagem como um processo pelo qual as competências,
habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores são adquiridos ou modificados,
como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e observação.

No que concerne a aquisição de novos comportamentos, Piletti (2008, p. 32), discorda


deste arrebatamento, pois para ele, “o termo comportamento geralmente é reduzido a
algo exterior e observável”, quando na verdade, o mais essencial da aprendizagem é “a
consciência, a formação de novos valores, disposições e formas interiores de pensar, ser
e sentir que se exteriorizam apenas em algumas atitudes e acções” (ibidem), que por
vezes são pouco observáveis. Ainda segundo o autor, existem diferentes tipos de
aprendizagem podendo ser: (a) aprendizagem motora ou motriz - aprendizagem de
hábitos que incluem desde simples habilidades motoras até habilidades verbais e
gráficas; (b) aprendizagem cognitiva - aquisição de informações e conhecimentos; e (c)
aprendizagem afectiva ou emocional - aprendizagem relativa a sentimentos e emoções
(Piletti, 2008).

1.7.Leitura
Leitura, de acordo com Reis e Adragão (1992), é o processo de decifrar símbolos de
linguagem escrita para lhes conferir correspondência com os sons que representam.
Portanto, a leitura apresenta-se como percepção e interpretação dos símbolos escritos
com o intuito de transmitir alguma mensagem.

Amor (1993), referindo-se à concepção do que é leitura, afirma que foi durante muito
tempo tida como uma prática de base perceptiva que integrava a apreensão elementar -

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reconhecimento e decifração dos códigos de comunicação socialmente estabelecidos - e


a construção do significado - assimilação directa do conteúdo informacional circunscrito
ao próprio texto.

No entanto, Reis e Adragão (1992) esclarecem que, actualmente, a leitura é vista como
um processo no qual o leitor obtém informação a partir de símbolos escritos, sendo para
tal necessário que aquele comece por ser capaz de dominar o código escrito, para depois
poder alcançar o seu significado. Assim, aprender a ler envolve ligar dois conjuntos de
regiões do cérebro que já estão presentes na infância: o sistema de reconhecimento de
objectos e o circuito da linguagem (Dehaene, 2010).

A aprendizagem da leitura, segundo Dehaene (2010), tem três fases principais:

a) A fase pictórica, um período curto no qual as crianças “fotografam” algumas


Palavras;

b) A fase fonológica, na qual aprendem a descodificar grafemas em fonemas; e

c) A fase ortográfica, na qual o reconhecimento das palavras se torna rápido e


automático (ibidem).

Partindo do ponto de vista do leitor, Contente (1995) defende que a leitura é, também,
um domínio privado, uma relação com o livro, mas também uma relação consigo
próprio através de livro. Portanto, a leitura aparece como uma relação do leitor consigo
mesmo usando como pretexto o livro. Como se pode depreender pelas diferentes
reflexões apresentadas pelos autores, o conceito da leitura ultrapassa o simples decifrar
de símbolos de linguagem escrita para lhes dar correspondência com os sons que
representam, mas a todo um conjunto de relações que permitem que o leitor tenha
intimidade com o livro e consigo mesmo através da leitura além do uso das capacidades
inatas presentes na pessoa humana que são o sistema de reconhecimento de objectos e o
circuito da linguagem.

1.8.Escrita
A escrita ou grafia pode ser entendida como o acto da utilização de sinais (símbolos)
para exprimir as ideias humanas. Portanto, é uma tecnologia de comunicação,
historicamente criada e desenvolvida na sociedade humana, e basicamente consiste em
registar marcas em um suporte (Bello, 2003). Segundo o autor, a escrita como meio de

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representação, é uma codificação sistemática de sinais gráficos que permitem registar


com grande precisão a linguagem falada por meio de sinais visuais regularmente
dispostos. Assim, existem dois principais tipos de escrita, a baseada em ideogramas, que
representam conceitos e a baseada em grafemas, que representa a percepção de sons ou
grupos de sons, ou seja, escrita alfabética (ibidem).

1.9.A compreensão da linguagem escrita


É efetuada, primeiramente, por meio da linguagem falada; mas essa via é reduzida,
abreviada, e a linguagem falada desaparece como elo intermediário. A linguagem
escrita adquire o caráter de simbolismo direto, passando a ser percebida da mesma
maneira que a linguagem falada. A linguagem escrita e a capacidade de ler,
transformam o desenvolvimento cultural do homem, por meio delas podemos tomar
ciência de tudo que os gênios da humanidade criarem no universo da escrita. A escrita
deve ter significado para a criança. Deve ser despertada nela e ser incorporada a uma
tarefa necessária e relevante à vida, como uma forma nova e complexa de linguagem. O
escrever pode ser “cultivado” e não ser “imposto”. (Luria, & Teberosky 1986).

Vygotsky (1989) buscava uma solução científica para os problemas do ensino inicial da
língua escrita e, neste sentido, deixou algumas recomendações. Acreditava ser
necessário que as letras se convertessem em elementos da vida das crianças tal como o é
a linguagem, ressaltando que do mesmo modo que as crianças aprendem a falar, devem
aprender a ler e a escrever. Em suas conclusões práticas, o autor entende que para levar
o aluno a uma compreensão interna da língua escrita, é preciso organizar um plano.
Assim, ao expressar-se pelo desenho, a criança pode chegar a perceber num
determinado momento que este não lhe é suficiente.

Luria (1988, p, 84).) Afirma que a escrita da criança começa muito antes da primeira
vez que o professor coloca um lápis em sua mão, e é preciso que o professor considere
tais habilidades, pois “se formos estabelecer a pré-história da escrita, teremos adquirido
um importante instrumento para os professores: o conhecimento daquilo que a criança
era capaz de fazer antes de entrar na escola.”

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2.0.Recurso pedagógico
Recurso pedagógico é todo o recurso a que se recorre na escola com finalidade
pedagógica, ou seja, com vistas à construção do conhecimento por parte dos sujeitos
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem (Eiterer & Medeiros, 2010).
Debruçando-se sobre as palavras “recurso” e “pedagógico”, para o primeiro termo,
Eiterer e Medeiros (2010, p. 1) referem que, dentre muitas definições, o termo recurso
pode ser definido como um “meio para resolver um problema; remédio, solução;
auxílio, ajuda, socorro, proteção”. Entretanto, Houaiss (2001) em Eiterer e Medeiros
(2010, p. 1) destaca que a palavra “pedagógico”, remete ao que “possui características
ou finalidades educativas que visem assegurar a adaptação recíproca do conteúdo
informativo aos indivíduos que se deseja formar”.

2.1.Métodos de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita


Os métodos de ensino da leitura e da escrita são geralmente classificados em sintéticos e
analíticos. Segundo Gomes et al. (1991), os sintéticos são métodos que levam o
aprendente a combinar os elementos isolados da língua como os sons, as letras e as
sílabas e baseiam-se na concepção de uma aprendizagem que começa pelos elementos
que compõem a palavra para depois atingir toda palavra. Assim, os métodos sintéticos
podem ser: alfabético ou soletrativo, fonético e silábico.

Os métodos analíticos ou globais são aqueles que privilegiam uma aprendizagem da


leitura onde o aprendente começa por analisar toda palavra para chegar às partes que a
compõem. Isto é, começa-se pela palavra-chave para chegar-se às suas componentes. Os
métodos analíticos podem ser de palavração, de sentenciação e de contos e historietas.

Para o ensino e aprendizagem da leitura e escrita em Moçambique, o Programa do


Ensino Básico, Disciplina de Língua Portuguesa, I Ciclo, refere que o “método
analítico-sintético, versão fónica, sofre uma adaptação de modo a que, no lugar do som,
se ensine o nome da letra e se dê um maior enfoque ao percurso da síntese, exercitando
a combinação de letras para a formação de novas sílabas e palavras (INDE/MINED,
2003, p. 8).

Portanto, o novo programa adoptou o método analítico-sintéctico de base grafémica pela


necessidade de complementaridade que o mesmo imprime no processo de ensino e
aprendizagem da leitura e da escrita, pois sendo o método analítico aquele que parte da

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frase para a palavra e desta para a letra e o método sintético aquele que parte da letra
para a palavra e da palavra para a frase, a criança tem a oportunidade de numa vez
começar a sua aprendizagem da palavra a partir das componentes para chegar a “toda”
ela enquanto noutra ocasião começa com a palavra “toda” para chegar a suas
componentes. No nosso entender, esta pretensão representa um grande ganho para as
nossas crianças, porque, segundo a literatura, enquanto o método sintético favorece a
estratégia de decifração o método analítico favorece as estratégias visuais e de
antecipação (Gomes et al., 1991).

2.3.A leitura e a sua aprendizagem


Ler corresponde à capacidade para descodificar e interpretar o que está escrito com base
naquilo que já se conhece. A leitura desempenha um papel primordial nos primeiros
anos de escolaridade e o percurso futuro do aluno irá depender da forma como adquiriu
as respetivas competências. Para Carvalho (2011), a leitura ajuda no desenvolvimento
do sujeito, possibilitando muitas outras aprendizagens. Sim-Sim (2010) acrescenta que a
leitura é “… um acto complexo, simultaneamente linguístico, cognitivo, social e
afectivo. A sua essência reside na negociação do significado entre o leitor e os
conhecimentos que possui sobre o tema a ler, entre o texto e o respectivo autor.” (p. 8).

2.4.A escrita e a sua aprendizagem


A linguagem escrita, tal como a leitura, necessita também de um processo formal de
ensino/aprendizagem. A produção escrita é essencial para o crescimento de um
indivíduo, integrado numa sociedade onde se exige que os cidadãos sejam capazes de
redigir corretamente e de adequar os diferentes tipos de texto à sua respetiva função
(Sim-Sim, 2007).

Rebelo (2001) considera que escrever é codificar a linguagem, utilizando “... os sinais
gráficos convencionais de que uma língua dispõe, mas também o seu sistema sintático e
semântico, em textos portadores de mensagens significativas.” (p. 44).

A aprendizagem da escrita não é uma tarefa fácil, pois requer o desenvolvimento de um


conjunto de capacidades motoras, em particular, a motricidade fina que se concretiza no
ato de segurar o instrumento de escrita e de o movimentar, sendo estas, atividades
complexas controladas pelos olhos e pela mão (Rebelo, 2001).

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2.5.Relação entre a leitura e escrita


Para Soares (1995), ler e escrever não são categorias opostas, mas sim complementares
e que exigem um conjunto de habilidades e conhecimentos linguísticos: “ler é um
processo de relacionamento entre símbolos escritos e unidades sonoras, e é também um
processo de construção da interpretação de textos escritos”.

De acordo com Kleiman (1992), os processos de leitura e escrita envolvem múltiplas


actividades cognitivas (a percepção, a atenção, memória), engajando o leitor na
construção do sentido de um texto escrito. Refere o mesmo autor que a leitura e a
escrita, são duas situações do universo da comunicação verbal cujo objectivo é a
construção do objecto linguístico com significado. O escritor parte das ideias para a
construção do texto, enquanto o leitor parte do texto para resgatar as ideias do autor.

2.6.Factores que influenciam no processo de ensino e aprendizagem de leitura e escrita


Segundo Illeris (2013) trata dos processos básicos que levam à aprendizagem, dizendo-
nos que há três dimensões que fazem parte desse processo:

 A matéria/o que vai ensinar (objectivos/domínios da aprendizagem);


 Como vai ensinar (habilidades/estratégias) e
 A quem vai ensinar (público alvo).

O mesmo autor acima citado, refere que há vários factores ou condições que concorrem
para que ocorra a aprendizagem, os quais podem facilitar ou inibir o processo, onde por
sua vez, aponta os factores internos ou externos ao sujeito.

Factores internos
De acordo Illeris (2013) define factores internos como as características do indivíduo,
que influenciam as possibilidades que estão envolvidos no processo de aprendizagem,
onde fazem parte quer das suas características de personalidade, quer das suas
características físicas, que podem ser:

Factores Cognitivos
 A percepção;
 A atenção e
 A memória.

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Segundo Thinès (1984), a personalidade é o conjunto de características, de experiências


e de processos de um indivíduo, é a totalidade intuitiva que confere o seu sentido aos
fenómenos psíquicos particulares.

De acordo com Ausubel (1980), a personalidade está intimamente ligada à estrutura


cognitiva, influenciando-se mutuamente, através de muitos mecanismos, como o da
aptidão. A aptidão, como geralmente é compreendida, implica que o nível evolutivo de
funcionamento cognitivo seja tal que torna uma dada tarefa de aprendizagem possível
com razoável economia de tempo e esforço.

Factores Biológicos
 Os neurofisiológicos e
 Os genéticos.

Apesar da existência de diversas teorias que se ocupam de explicar o processo de


aprendizagem, as que apresentam maior destaque actualmente na educação são as
teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky. A Epistemologia Genética
desenvolvida por Piaget foi desenvolvida por meio da experiência com crianças desde o
nascimento até a adolescência, tendo como premissa o facto de que o conhecimento é
construído a partir da interacção do sujeito com seu meio, a partir de estruturas
existentes (Piaget, 1974). Já os estudos de Vygotsky se baseiam na dialéctica das
interacções do sujeito com o outro e com o meio para que possa ocorrer o
desenvolvimento sócio cognitivo (Vygotsky, 1999).

Fatores Emocionais

 Estados de espírito

Segundo Bisquerra (2003) a emoção é “um estado complexo do organismo


caracterizado por uma excitação ou perturbação que predispõe a uma resposta
organizada. As emoções surgem como uma resposta a um acontecimento externo ou
interno.”

Factores externos

De acordo Illeris (2013) define os factores externos como as características situadas fora
do indivíduo que influenciam as possibilidades que estão envolvidos no processo de

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aprendizagem. O autor afirma que os factores externos ao indivíduo, podem facilitar o


processo de aprendizagem são da responsabilidade do professor que são:

 Definir objectivos e dá-los a conhecer;


 Avaliar pré-requisitos;
 Explicitar as estratégias;
 Motivação (compreender o contexto);
 Manter o grupo activo e participativo (proporcionar trabalhos de grupo e de
investigação);
 Utilizar os meios técnicos e práticos disponíveis (vídeo, data – show e outros);
 Fazer sínteses parcelares e conclusões;
 Desenvolver exercícios práticos;
 Realizar a avaliação da aprendizagem e
 Discutir os resultados.

Factores Socioculturais

 A família;
 Os grupos de pertença;
 A comunidade e
 A sociedade (valores, representações e estereótipos).

Os aspectos sociais da abordagem de Vygotsky são claros e directos. A aprendizagem


ocorre com as outras pessoas, sejam os pais, os professores ou as pessoas mais próximas
da criança. Para este autor, a cultura influencia tanto quanto os processos do
desenvolvimento cognitivo infantil, pelo facto de que o desenvolvimento acontece
dentro deste contexto cultural.

Segundo Coimbra (1990), a escola e família são contextos de desenvolvimento dos


indivíduos com papéis complementares no processo educativo, cujo significado cultural,
económico e existencial reside no encontro dinâmico das realidades, valores e projectos
de cada uma destas unidades sociais. As relações interpessoais e as interacções que são
estabelecidas no grupo de amigos e na família são importantes para a resolução de
conflitos pessoais. Toda a interacção provoca necessariamente alguma mudança nos
indivíduos envolvidos, no domínio dos conhecimentos, dos sentimentos ou dos
comportamentos (Ribeiro, 1990).

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Para Keller & Meuss (1984), a capacidade para diferenciar e integrar diferentes pontos
de vista sobre uma dada situação, é a tomada de perspectiva social, estrutura sócio -
cognitiva subjacente ao pensamento interpessoal e social. A tomada de perspectiva
social é, neste sentido, a grelha de análise a partir da qual construímos conhecimento e
significado sobre o mundo interpessoal e social (Coimbra, 1990). Os factores sociais
são tão amplos e exercem, de facto, tantas influências directas e indirectas na
aprendizagem, que a escola e o professor devem ter particular atenção a este factor,
procurando não transformar diferenças em desigualdades, motivação em desinteresse,
mas sim estimular um relacionamento positivo e enriquecedor.

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3.0.Conclusão
Apos ter feito o trabalho verificou-se que para que a criança tenha sucesso na
apropriação da leitura e escrita é necessário que a escola retome desenvolvimento
infantil e proponha tarefas de acordo com eles. É importante que as escolas trabalhem a
pré-leitura, pois o não desenvolvimento dessas habilidades poderá fazer com que a
criança fracasse na aprendizagem da leitura e escrita. A pesquisa nos mostra que as
crianças, apesar de terem estudado a educação infantil e dois anos do ensino
fundamental não estavam alfabetizadas e ao estarem no terceiro ano era necessário que
se trabalhasse a apropriação da leitura e escrita. Por estar em atraso nesse processo,
foram encaminhadas para a sala de recursos.

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Referências bibliográficas
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Conedu Congresso Nacional de Educação.

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Disponível a 20 de Julho de 2012
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Leontiev, A. N. (1988)Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo:
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Sim-Sim, I. (2009). O Ensino da Leitura: A Decifração. Direcção Geral de Inovação e


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