Tes PPGDCH 2019 Londero Angelica
Tes PPGDCH 2019 Londero Angelica
Tes PPGDCH 2019 Londero Angelica
Santa Maria, RS
2019
Angélica Dotto Londero
Santa Maria, RS
2019
___________________________________________________________________________
©2019.
Todos os direitos autorias reservados à Angélica Dotto Londero. A reprodução de parte ou do todo
deste trabalho só poderá ser feita mediante citação da fonte. E-mail: [email protected]
DEDICATÓRIA
“Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante”
(Antoine de Saint-Exupéry).
AGRADECIMENTOS
Agradeço, de todo meu coração, a todas as pessoas que fizeram parte deste
trabalho e contribuíram, direta ou indiretamente, para que se tornasse realidade.
Em especial agradeço aos pais e mães que aceitaram participar e contribuir
com este estudo, doando parte de suas vidas, sentimentos e emoções;
às Instituições que acolheram a mim e a minha proposta de estudo;
à Suzana e ao Sílvio por sua generosidade e carinho;
à Tamires e à Bianca por sua companhia e dedicação;
ao Diogo por sua disponibilidade;
ao Professor Vitor por permitir que a EPAD, de sua autoria, dessa vida a este
trabalho;
à Orientadora Ana Paula por ter me acolhido com amorosidade, por orientar
esta pesquisa, por nunca se cansar em compartilhar seu vasto conhecimento;
à Professora Anaelena por me receber sempre com tanto carinho, atenção e
profissionalismo;
aos amigos e colegas de trabalho, Mônica e Alberto, por todo seu carinho e
atenção, no âmbito pessoal e profissional, disponibilizados a mim. Sabem o papel
fundamental que tiveram para eu chegar até aqui;
à Tia Ci, Tititi, Oraci, por estar ao meu lado em momentos difíceis e de
felicidade, por me acompanhar dia após dia, doando uma parte da sua vida para mim
e para meus filhos, por todo teu carinho;
ao meu marido, Márcio, por estar ao meu lado, por ser meu companheiro de
vida;
ao meu pai, Ocir, e à minha mãe, Claire, por me darem a Vida, por todo o amor
que têm por mim e por meus filhos. Amor incondicional que possibilitou que eu
chegasse até aqui;
aos meus filhos, Affonso, Otávio, Theo (in memorian) e Gael. Sem vocês, eu
não saberia o que é o verdadeiro amor em suas diferentes formas e tudo o que essa
palavra implica. Certamente, sem vocês, eu não seria quem sou hoje. Vocês terão
eternamente TODO o meu AMOR;
a Deus, porque sem Ele nada faria sentido.
“Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
(Antoine de Saint-Exupéry)
RESUMO
Esta tese tem como objetivo realizar a validação preliminar da Escala Parental de
Adaptação à Deficiência-EPAD. Foram realizados dois estudos: a validação de
conteúdo quanto à clareza/pertinência, quanto à fidedignidade, à consistência interna
da EPAD e a validação de construção; e a comparação do processo de adaptação à
deficiência, considerando possíveis influências de aspectos socioeconômicos,
psicossociais e demográficos. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa que
teve seu foco na adaptação parental à deficiência. Seis juízes experts participaram
da análise de conteúdo da EPAD. Para a validação de construto, a amostragem se
deu de forma não probabilística e intencional e contou com 361 pais de sujeitos com
deficiência. Seus(suas) filhos(as) frequentavam instituições que atendem pessoas
com deficiência nos municípios de Santa Maria/RS, Agudo/RS e São Pedro/RS, bem
como o Serviço de Atendimento Fonoaudiológico de uma Universidade de Santa
Maria/RS. Foi realizada uma consulta aos prontuários para a obtenção dos dados
sociodemográficos da família e foi aplicada a EPAD com os pais biológicos. Os efeitos
dos dados sociodemográficos também foram analisados em relação aos resultados
da EPAD. Na análise de conteúdo, os juízes identificaram a pertinência e a clareza
dos itens propostos. Os resultados da análise fatorial mostraram que alguns itens da
escala poderiam ser suprimidos por estarem se sobrepondo e indicou 12 fatores
capazes de avaliar a adaptação parental à deficiência, com especial relevância à
dimensão diagnóstica na diferenciação das observações. Na análise dos dados
sociodemográficos, observou-se que, quanto maior a escolaridade e renda dos pais,
melhores as condições para adaptação parental. O sexo e o estado civil dos pais não
apresentaram interferência relevante no processo de adaptação parental. Observou-
se também que pais de filhos com duas ou mais deficiências apresentaram resultados
piores na adaptação parental. Como conclusão do estudo, é possível afirmar que a
EPAD é capaz de medir a adaptação parental e ser utilizada em investigações clínicas
e também no processo de avaliação inicial e controle de intervenções realizadas junto
a pais de sujeitos com deficiência.
This thesis aims to carry out the preliminary validation of the Parent Adaptation to
Deficiency Scale - PADS. Two studies were carried out: validation of content regarding
clarity / pertinence, reliability and internal consistency of the PADS and the validation
of construction; and the comparison of the re-idealization in the different deficiencies,
considering possible influences of socioeconomic, psychosocial and demographic
aspects. It is a quantitative approach study that focused on parental adaptation to
disability. Six expert judges participated in the content analysis of the PADS. For the
criterion validation, the sampling was non-probabilistic and intentional and counted on
361 parents of subjects with disabilities. Her children attended institutions that serve
people with disabilities in the municipality of Santa Maria, Agudo and São Pedro, as
well as the Speech and Hearing Service of the Federal University of Santa Maria. A
medical records consultation was carried out to collect the sociodemographic data of
the family and the application of the PADS with biological parents. The effects of the
sociodemographic data were also analyzed in relation to the results of the PADS. In
the content analysis the judges identified the pertinence and clarity of the proposed
items. The results of the factorial analysis indicated that some items of the scale could
be suppressed because they were overlapping factors and indicated 12 factors
capable of evaluating the parental adaptation to the deficiency, with special relevance
to the diagnostic dimension in the differentiation of the observations. In the analysis of
sociodemographic data, it was observed that the higher the parents' schooling and
income better the conditions for parental adaptation. The gender and marital status of
the parents did not present any relevant interference in the parental adjustment
process. It was also observed that parents of children with two or more deficiencies
had worse results in parental adaptation. As conclusion of the study it is possible to
affirm that the PADS is able to measure the parental adaptation and be used in clinical
investigations and also in the process of initial evaluation and control of interventions
performed with the parents of disabled subjects.
1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 9
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 13
2.1 O DIAGNÓSTICO DA DEFICIÊNCIA E O IMPACTO NA FAMÍLIA......... 15
2.2 ESTADOS EMOCIONAIS PARENTAIS E SINTOMAS
DECORRENTES DO DIAGNÓSTICO DA DEFICIÊNCIA...................... 16
2.3 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO, FUNÇÃO FAMILIAR,
ADAPTAÇÃO FAMILIAR, REDES DE APOIO: FATORES
ENVOLVIDOS........................................................................................ 20
2.4 UM MODELO CONCEITUAL SOBRE A ADAPTAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DOS PAIS DE FILHO COM DEFICIÊNCIA........ 25
3 METODOLOGIA.................................................................................... 29
3.1 ASPECTOS ÉTICOS.............................................................................. 29
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA..................................................... 30
3.3 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO QUANTO À CLAREZA/PERTINÊNCIA,
À FIDEDIGNIDADE E À CONSISTÊNCIA INTERNA............................. 32
3.4 VALIDAÇÃO DE CONSTRUTO – ANÁLISE FATORIAL
EXPLORATÓRIA................................................................................... 33
3.5 ANÁLISE CLÍNICA DA EPAD QUANTO A VARIÁVEIS
SÓCIODEMOGRÁFICAS....................................................................... 33
3.6 VERSÃO EXPERIMENTAL DA EPAD................................................... 34
4 RESULTADOS....................................................................................... 39
4.1 ARTIGO 1 – EVIDÊNCIA DE VALIDADE DA ESCALA DE
ADAPTAÇÃO PARENTAL À DEFICIÊNCIA (EPAD).............................. 41
4.2 ARTIGO 2- ADAPTAÇÃO PARENTAL À DEFICIÊNCIA DO FILHO E
SUA RELAÇÃO COM VARIÁVEIS SÓCIODEMOGRÁFICAS................ 57
5 DISCUSSÃO.......................................................................................... 79
6 CONCLUSÕES...................................................................................... 85
REFERÊNCIAS...................................................................................... 87
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO (TCLE) ........................................................................ 93
APÊNDICE B - TERMO DE AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL............. 97
APÊNDICE C - CARTA EXPLICATIVA AO JUIZ.................................... 99
APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO (TCLE) – JUIZ.............................................................. 101
APÊNDICE E - NORMAS CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA............... 103
APÊNDICE F - NORMAS REVISTA CIÊNCIA & SAÚDE COLETIVA..... 113
ANEXO A - ROTEIRO DE COLETA DE DADOS DO PRONTUÁRIO
DO FILHO/A COM DEFICIÊNCIA.......................................................... 125
ANEXO B - ESCALA PARENTAL DE ADAPTAÇÃO À DEFICIÊNCIA –
EPAD (v.1) ............................................................................................. 129
8
9
1 INTRODUÇÃO
Portanto, foram realizados dois estudos que serão expostos no formato de dois artigos
científicos no capítulo de resultados.
Este estudo possui um caráter inovador em relação ao que a EPAD se propõe
medir e aos princípios teóricos que a constituem, mobilizados e aplicados na clínica
de intervenção terapêutica. Conhecer a adaptação parental ao filho (o uso da palavra
filho nesta pesquisa refere-se a filho ou filha) com deficiência pode contribuir para
pensarmos como acontece esse processo e quais variáveis podem ser promotoras ou
perturbadoras do mesmo. A partir disso, pensar em estratégias de intervenção com
os pais (o uso da palavra “pais” nesta pesquisa refere-se a pai e mãe; somente pai ou
somente mãe) com o objetivo de promover a re-idealização se essa ainda não tenha
se estabelecido. É somente a partir da re-idealização (FRANCO, 2015a) que podemos
garantir o vínculo afetivo e o envolvimento emocional dos pais com seu filho com
deficiência, e, deste modo, possibilitar a este último um desenvolvimento pleno
mesmo que contornado pela limitação que o biológico impõe. A família é a principal
promotora do desenvolvimento infantil (PLUCIENNIK; LAZZARI; CHIARO, 2015). Se
os pais não estão vinculados afetivamente ao filho, não existirá envolvimento
emocional, e o desenvolvimento deste último ficará prejudicado em alguma área.
É fundamental compreender o processo da elaboração do luto pelo filho ideal,
mas é emergente pensar sobre o filho real, aquele que permanece vivo e que
necessita ser cuidado. Portanto, torna-se necessário investigar sobre a adaptação
parental à deficiência aprofundando, desse modo, os estudos sobre a re-idealização
do filho com deficiência (FRANCO, 2015a, 2015b) e as variáveis envolvidas para
planejar estratégias eficazes de intervenção.
12
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
bebê ideal. Todas as crianças começam a existir assim, idealizadas por seus pais,
imaginadas, inteligentes e com uma expectativa futura traçada. Todas perfeitas.
A constatação da morte simbólica ou da perda do filho imaginado pode gerar
uma imensa tristeza acompanhada do sentimento de perda, desajustamento
psicossocial, revolta, rejeição, desamparo, culpa, incerteza e frustração. Também
pode ocorrer, segundo Miller (1995), o engajamento dos pais na busca incessante por
uma “cura” da condição do seu filho, o que pode denotar um processo de negação em
relação ao filho real e a tentativa de busca do filho idealizado, sem deficiência.
Essa tentativa na busca de uma cura para a deficiência do filho se relaciona
com o processo de luto. Segundo Assumpção Jr. e Sprovieri (2000), há reações nesse
processo. O choque, quando há um sentimento de descrédito aos fatos. A negação,
quando a família tenta buscar outros profissionais, outros diagnósticos que poderiam
invalidar o diagnóstico da deficiência do filho. A cólera, que surge quando os pais não
podem mais lutar contra o diagnóstico da deficiência e questionam o motivo disto ter
acontecido com seu filho, com sua família.
Quando constatada a deficiência, pode-se iniciar um processo de
desinvestimento ao mundo externo para viver a dor da perda do filho ideal ao mesmo
tempo em que iniciam uma batalha pelos direitos do filho real. A fase da convivência
com a realidade tem como característica principal a instabilidade. Os sentimentos e
as ações dos pais irão transitar da aceitação à rejeição em relação à condição da
criança. É importante destacar que o sentimento de aceitação se relaciona com o fato
de os pais conhecerem a verdadeira condição do filho em relação às suas limitações
e possibilidades, relacionando os seus sentimentos à realidade do quadro da criança.
Há ainda a fase da expectativa frente ao futuro, quando os sentimentos estarão
perpassando pelo medo, pela dúvida, pelo desamparo, pela tristeza, pela
insegurança, sentimentos ligados à condição real, mas também às fantasias dos pais.
O pesar simbólico, da perda pelo filho ideal, produz um sentimento de vazio,
uma dor que é real e que desafia tanto quem a sente quanto quem está e encontra-
se próximo aos pais. Como nos mostra a literatura, são os cuidados iniciais que
garantem a sobrevivência física e o nascimento psíquico do ser humano. Pode-se
inferir, portanto, que, nesses casos onde a deficiência se instala, ser fundamental
vivenciar o processo de luto pelo filho outrora idealizado para que seja possível
estabelecer um vínculo de amor e cuidado com o filho que nasceu (FRANCO, 2015a).
A idealização possibilita criar um vínculo antecipatório entre os pais e o bebê. Só
15
assim esse último poderá ser cuidado e estar protegido de um abandono, de maus
tratos ou negligência (FRANCO, 2015a, 2016). O filho real, com deficiência, precisa
ser idealizado novamente, caso contrário poderá sofrer por negligência, maus-tratos
e/ou abandono físico e emocional.
É gerado um forte impacto emocional entre todos os membros da família com
a chegada de um filho com deficiência. O curso de desenvolvimento desse filho e da
família torna-se gravemente alterado pelo inesperado (FRANCO, 2002). A família
demanda, com emergência, ser cuidada para que possa cuidar dessa criança. Os pais
e mães não devem ser considerados apenas em função da criança, mas também pela
alteração do seu próprio processo de desenvolvimento (FRANCO, 2016), pois será
apenas com a retomada desse último que estes pais poderão exercer plenamente a
sua parentalidade de forma emocionalmente adequada e consistente.
2010). Segundo o estudo realizado por Resch et al. (2012), o sintoma depressivo tem
relação significativa com o nível de satisfação familiar e de saúde física das mães de
crianças com deficiência. Quanto menor o sentimento de satisfação familiar, maiores
as chances de os sintomas depressivos estarem presentes. Essa relação também fica
evidente se as mães apresentam sintomas físicos relacionados à sua saúde.
O stress é outro sintoma que acompanha os pais de filhos com deficiência.
Darling et al. (2012) afirmam que esse sintoma aparece com maior frequência nesses
pais quando comparados com pais de crianças com o desenvolvimento típico. O
primeiro grupo apresentou maior nível de stress devido a aborrecimentos diários, às
mudanças na rotina familiar, às demandas dos filhos que repercutem negativamente
no tempo que precisam para realizarem outras atividades e ao estado emocional
desses últimos. Os resultados desse estudo apontam ainda que ter um filho com
deficiência faz com que o nível de satisfação com a vida seja menor. Majnemer et al.
(2012) acrescentam que essas famílias também vivenciam sentimentos de angústia,
que estão fortemente relacionados às dificuldades de comportamento apresentadas
pelos filhos com deficiência. Já as dificuldades motoras e de cognição não tiveram
relação importante com a presença desse sentimento. Para Thurstone et al. (2011),
existem outras associações possíveis, relacionadas à presença da angústia nesses
pais, como o insuficiente apoio social, a disfunção familiar, o impacto adverso da
criança na família, o déficit de comportamento da criança, um pobre funcionamento
psíquico e social e estilos parentais desfavoráveis. Neste estudo, corroborando com
o estudo de Majnemer et al. (2012), a severidade da disfunção física da criança não
tem relação importante com a presença do sentimento de angústia relatado por esses
pais.
Cuidar de uma criança com incapacidades, como crianças que sobreviveram a
uma grave lesão cerebral, pode causar, principalmente nas mães, sintomas de
ansiedade, sentimento de culpa e a sensação de que o ato de cuidar é sofrido e
encarado como uma responsabilidade, um fardo. Suas mães se sentem
marginalizadas e isoladas socialmente (JORDAN; LINDEN, 2013). Brown et al. (2013)
acrescentam que tornar-se pai e mãe de uma criança com deficiência e
incapacidades, decorrente de lesão cerebral, gera desafios e necessidades, afetando
a família como um todo. As dificuldades de comportamento, sociais, de comunicação
e emocionais, que os pais passaram a perceber em seus filhos são causas de tristeza,
frustração, ansiedade e medo, principalmente pela incerteza quanto ao futuro desse
18
capacidades da criança com deficiência. Ver e valorizar aquilo que ela pode fazer e
imaginar, a partir disso, coisas importantes para a vida dela. A dimensão do futuro é
a possibilidade de pensar um futuro para o filho com deficiência, deixando de viver
localizado num presente que tudo domina e de ter grande angústia relativa ao futuro.
Aqui há a esperança.
O processo de re-idealizar o filho com deficiência acontece a longo prazo, exige
tempo dos pais, é um trabalho emocional, é o que possibilita o início e a manutenção
da relação dos pais com seu filho, é o que possibilita que o vínculo se estabeleça o
quanto antes e a tempo de permitir o desenvolvimento deste filho, de garantir seu
futuro enquanto ser humano incluído na família, na escola, na sociedade, no mundo.
Os pais da criança com deficiência terão de percorrer este caminho. Isso possibilitará
com que ambos, pais e filho, retomem o seu processo de desenvolvimento.
Para avaliar esse processo e como os pais estão enfrentando o luto em relação
ao filho idealizado, como está a adaptação à deficiência do filho real e as dimensões
do processo de re-idealização, foi elaborada uma escala, de autoria de Vitor Franco,
denominada Escala Parental de Adaptação à Deficiência (EPAD), composta por 60
itens que versam sobre o processo de luto e re-idealização a partir do modelo proposto
por Franco (2015a).
28
29
3 METODOLOGIA
Considerando que a EPAD foi idealizada pelo Dr. Vitor Daniel Franco em
pesquisas realizadas na Universidade de Évora, no Quadro 1 está sua versão inicial
e, a seguir, é apresentada a estrutura e análise proposta.
No Quadro 1, estão relatados os itens da EPAD utilizados para a avaliação dos
juízes. Os seis juízes escolhidos e que aceitaram participar da avaliação são
psicólogos com experiência em clínica infantil.
Estrutura da EPAD
não adaptação, obtidos em cada uma das dimensões, espera-se que seus valores
sejam inferiores aos que medem adaptação e desenvolvimento.
Para o somatório dos valores obtidos nos itens da EPAD, fez-se necessário o
uso do critério espelho. Por exemplo, na opção “concordo totalmente” para os itens
da subescala Desenvolvimento, a qual avalia aspectos positivos à retomada do
desenvolvimento dos pais, foram pontuados como 5, enquanto os itens da subescala
Passado/não adaptação, que avaliam os aspectos que dificultam a retomada
desenvolvimental, foram pontuados como 1 para a atribuição das opções “concordo
totalmente”. O mesmo critério espelho foi utilizado para demais itens da escala likert
cujas opções foram as mesmas já explicitadas na escala utilizada na avaliação de
conteúdo pelos juízes.
38
39
4 RESULTADOS
RESUMO
Este estudo teve como objetivo fazer a validação preliminar da Escala Parental de Adaptação à
Deficiência-EPAD. Foi realizada a validação de conteúdo quanto à clareza/pertinência, quanto
à fidedignidade e à consistência interna da EPAD e a validação de construto através da análise
fatorial exploratória. Seis juízes experts participaram da análise de conteúdo da EPAD. Para a
validação de construto, a amostragem deu-se de forma não probabilística e intencional e contou
com 361 pais biológicos, sendo 193 pais e 168 mães de sujeitos com deficiência. Seus filhos(as)
frequentavam instituições de municípios do interior do Rio Grande do Sul que atendem a
pessoas com deficiência. A aplicação da EPAD foi realizada com os pais em reunião com o
pesquisador. Na análise de conteúdo, os juízes identificaram a pertinência e a clareza dos itens
propostos. Alguns itens foram re-escritos mas, nesta etapa, nenhum foi eliminado. Os resultados
da análise fatorial indicaram que alguns itens da escala poderiam ser suprimidos por estarem se
sobrepondo e indicaram 12 fatores capazes de avaliar a adaptação parental à deficiência. A
EPAD consegue explicar 59,90% da variação encontrada por meio de 12 fatores, demonstrando
que o instrumento é capaz de medir o que se propõe, com sensibilidade aos aspectos
constituintes da adaptação parental, podendo ser utilizado em investigações clínicas e também
no processo de avaliação inicial e controle de intervenções realizadas junto a pais de sujeitos
com deficiência.
ABSTRACT
This study aimed to make the preliminary validation of the Parent Adaptation to Deficiency
Scale (PADS). Content validation was performed for clarity/pertinence, reliability and internal
consistency of the PADS and the construct validation through exploratory factorial analysis.
Six expert judges participated in the content analysis of the PADS. For the criterion validation,
the sampling was non-probabilistic and intentional and counted on 361 biological parents, being
193 parents and 168 mothers, of subjects with deficiency. Their children attended institutions
that serve people with disabilities in municipalities in the interior of Rio Grande do Sul. The
1
Revisa Cadernos de Saúde Pública. Instruções no Apêndice E.
42
application of the PADS was carried out with the parents in a meeting with the researcher. In
the content analysis the judges identified the pertinence and clarity of the proposed items. Some
items were rewritten but, at this stage, none were deleted. The results of the factorial analysis
indicated that some items of the scale could be suppressed because they were overlapping
factors and indicated 12 factors capable of evaluating the parental adaptation to the deficiency.
The PADS can explain 59.90% of the variation found by means of 12 factors, demonstrating
that the instrument is able to measure what is proposed, demonstrating sensitivity to the
constituent aspects of the parental adaptation, being able to be used in clinical investigations
and also in the evaluation process and control of interventions performed with the parents of
disabled individuals.
INTRODUÇÃO
Identificar como está o processo de adaptação parental de pais à deficiência do filho é
fundamental para que haja sucesso no cuidado oferecido a esses usuários no sistema de saúde,
pois são conhecidos os impactos na qualidade de vida familiar que a deficiência pode ter1,2.
Atualmente há no mundo 500 milhões de pessoas com deficiência, sendo que uma em cada dez
pessoas tem uma deficiência física, mental ou sensorial, e a presença dessa deficiência repercute
de forma negativa em pelo menos 25% de toda a população3, o que estabelece a relevância do
tema na saúde coletiva.
Esses pais vivenciam vicissitudes como o significativo aumento de responsabilidades;
dificuldade para conciliar as exigências de cuidar do filho com outras funções como trabalhar
em tempo integral, gerenciar as tarefas domésticas, enfrentar um futuro incerto. Experimentam
tensão emocional constante, lidando com problemas comportamentais e operacionais do filho,
com as relações de dentro e de fora do núcleo familiar2. Soma-se a isso o pouco apoio da família
extensa, a falta de acesso a serviços integrados, a necessidade de assumir a responsabilidade de
coordenar os serviços que prestam tratamento a seus filhos, as dificuldades de acessibilidade
no uso de cadeira de rodas. Ainda passam a conviver com o pré-conceito, a exclusão e a
estigmatização social3.
Essa crise estabelecida demanda modificações e reconstrução nos papéis, na estrutura e
no estilo de vida familiar, tornando a adaptação parental ao filho com deficiência mais
complexa do que em famílias de sujeitos típicos, o que demanda apoio psicológico, financeiro
além de serviços de aconselhamento4,5,6.
43
Franco7 propôs um modelo conceitual que explicita possíveis fases que os familiares
podem passar no processo de adaptação parental ao filho com deficiência. Ele afirma a
necessidade de um processo de re-idealização do filho, pois existe uma pré-vinculação familiar
a um filho imaginado sem deficiência. É preciso que os pais façam o luto do filho imaginado
para poderem se relacionar com o filho real, reconhecendo suas potencialidades evolutivas
(Capacidades), sua beleza (Estética) e imaginar um futuro para ele (Futuro)8-11.
Para avaliar o processo de adaptação dos pais ao filho com deficiência, foi elaborada
uma escala, de autoria do Dr. Vitor Franco, denominada Escala Parental de Adaptação à
Deficiência (EPAD)12 composta por 60 itens que versam sobre o processo de luto ao filho
idealizado e da re-idealização, a partir do modelo conceitual proposto7, o que pode facilitar o
controle do processo de intervenção junto aos familiares.
Neste artigo, objetiva-se relatar o processo de validação de conteúdo e de critério da
EPAD.
MATERIAL E MÉTODOS
Desenho do estudo e amostragem
Trata-se de um estudo de validação de conteúdo e de construto da escala, EPAD, de
abordagem quantitativa, que atendeu a critérios propostos por Pasquali13.
População e amostra
Para a validação de conteúdo, seis juízes expert no tema julgaram os 60 itens da EPAD.
Para o processo de validação, foi considerado o critério razão itens/sujeito12, o que
indicou uma proporção de 5 a 10 sujeitos por item da EPAD, prevendo-se uma amostra mínima
de 300 pais. Considerando o aceite das instituições, que assinaram o termo de autorização
institucional, e dos pais, a amostra final constou de 361 pais de filho(a), dos quais 193 são pais
do sexo masculino e 168 mães do sexo feminino. Ao total foram 367 sujeitos incluindo os seis
juízes que participaram da validação de conteúdo da EPAD nesta pesquisa. As validações
propostas para este estudo foram a validação de conteúdo quanto à clareza/pertinência, à
fidedignidade e à consistência interna e a validação de construto.
Como critérios de inclusão, adotou-se pais biológicos de um ou mais filho/a com
diagnóstico de deficiência realizado por profissional habilitado (médico, psicólogo,
fonoaudiólogo), podendo a deficiência ser única ou múltipla, com idades variadas no ciclo vital,
que frequentavam instituições clínicas de uma cidade de porte médio e duas de pequeno porte
próximas, da região central do Rio Grande do Sul. Os pais não necessitavam habitar o mesmo
44
endereço ou manter relação conjugal, apenas serem os pais biológicos para que se pudesse
avaliar o processo de idealização que é prévio ao nascimento do filho. Assim, foram excluídos
todos os casos de pais adotivos e avós que tinham a guarda dos netos.
Procedimentos
Para a execução da pesquisa, foram utilizadas as normas éticas obrigatórias para
pesquisas em seres humanos – (Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS),
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade na qual o estudo foi
realizado, no protocolo de número (02809718.2.0000.5346).
Para a validação de conteúdo, os profissionais receberam, por meio do endereço
eletrônico, a carta explicativa ao juiz (Apêndice B) e o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (Apêndice C) contendo os detalhes e esclarecimentos acerca dos objetivos
da pesquisa, dos procedimentos de coleta e de divulgação. Uma vez tendo concordado em
participar, foram enviados os itens da EPAD juntamente com as escalas Likert. Após terem
respondido, os juízes retornaram o material à pesquisadora. Como alguns itens foram
reformulados a partir de sugestões dos juízes, tais itens foram reavaliados pelos seis experts.
O procedimento foi realizado utilizando-se uma escala Likert de cinco pontos, para
investigar a Pertinência e a Clareza de cada item incluído na EPAD, possibilitando a análise
individual de conteúdo pelos juízes, partindo de 1 - discordo totalmente; 2 - discordo, 3 - não
discordo, nem concordo; 4 - concordo; e 5 - concordo totalmente. A partir das respostas
enviadas pelos juízes, foi calculado o percentual de juízes que concordaram totalmente e
parcialmente com o item do instrumento. Os percentuais inferiores ou iguais a 70% foram
avaliados quanto a sua alteração ou exclusão pelas pesquisadoras.
Para a validação de construto (análise fatorial exploratória), após aceite dos locais
de atendimento em participar, os responsáveis clínicos contataram os pais e os convidaram a
participar. As pesquisadoras, em horário agendado com os pais, esclareceram os objetivos e
procedimentos de coleta e divulgação dos dados, de modo que os sujeitos tivessem assegurado
o direito de sigilo e voluntariado. Os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndice A) e as pesquisadoras assinaram o termo de Confidencialidade. No
mesmo dia responderam à EPAD (Anexo B). Antes da aplicação da EPAD as pesquisadoras
usaram o roteiro de coleta de dados do prontuário do filho(a) com deficiência (Anexo A) para
buscar informações como grau de escolaridade, idade, estado civil, profissão/função
ocupacional e renda (Anexo A). Posteriormente, foi aplicada a EPAD que consta de uma escala
de tipo Likert com 60 itens cujo tempo de resposta dos pais variou entre 15 minutos e 1 hora.
45
Nos casos em que os pais pudessem ter alguma dificuldade para a leitura dos itens, a
pesquisadora lia o material para que sua resposta oral fosse marcada pela mesma no
instrumento. Os dados foram digitados em uma planilha eletrônica do tipo Excell para posterior
análise estatística. Foi realizada a Análise Multivariada – Análise Fatorial, para identificar os
fatores que compõem a EPAD, considerando-se o nível de significância de 5%.
Instrumento
A EPAD12 permite identificar o percurso adaptativo à deficiência do filho7-11, por meio
de uma avaliação individual. Com a EPAD, pode-se investigar os efeitos de programas e
práticas de intervenção; testar o valor dos construtos que compõem o modelo; estudar a ligação
das variáveis que compõem o modelo com outras de natureza psicológica, psicossocial ou
demográfica.
A estrutura geral da EPAD é constituída por um total de 60 itens. Estes itens estão
agrupados em 10 dimensões, cada uma delas constituída por seis itens. As dimensões são
Desenvolvimento (apontam desenvolvimento dos pais rumo à adaptação) Re-idealização
(forma de investimento emocional a partir das dimensões estética, capacidades e futuro).
Outras dimensões são analisadas como o suporte (recuros internos como Resiliência e externos
como Apoio social). Há também itens relacionados ao passado ou não adaptação que abordam
a ligação dos pais à idealização do filho imaginado na gravidez, o modo como os pais estão
dominados pelo impacto do diagnóstico, podendo estar dominados por sentimentos de
depresssão, culpa, e absorvidos pelas questões práticas do dia a dia, de modo a terem
funcionalidade, cujos itens estão identificados no quadro 1.
Espera-se que os itens que compõem o Desenvolvimento pontuem de modo superior aos
que abrangem a escala Passado/Não adaptação. Por isso, os valores obtidos em, por exemplo,
concordo totalmente para itens da subescala Desenvolvimento foram pontuados como 5,
enquanto os itens da subescala Passado/não adaptação foram pontuados como 1 para a
atribuição concordo totalmente. O mesmo critério espelho foi utilizado para demais itens da
escala likert cujas opções foram as mesmas já explicitadas na escala utilizada na avaliação de
conteúdo pelos juízes.
46
RESULTADOS
A seguir, apresenta-se o resultado da avaliação dos juízes em relação à pertinência e à
clareza do instrumento (Tabela1).
Tabela 1. Avaliação dos juízes quanto à pertinência e à clareza pela escala de Likert.
Pertinência Clareza
Item %CT %CT+CP %CT %CT+CP
1 16,66 66,66 33,33 83,33
2 66,66 100 66,66 100
3 66,66 100 66,66 83,33
4 66,66 83,33 66,66 66,66
5 50 100 50 83,33
6 50 100 50 100
7 66,66 83,33 83,33 100
8 33,33 66,66 33,33 33,33
9 33,33 83,33 66,66 100
10 50 83,33 50 100
11 50 83,33 66,66 83,33
12 50 83,33 50 66,66
13 83,33 100 100 100
14 66,66 83,33 66,66 83,33
15 66,66 100 83,33 83,33
16 50 66,66 66,66 66,66
17 66,66 100 50 83,33
18 50 83,33 83,33 100
19 66,66 100 66,66 83,33
20 66,66 100 66,66 100
21 100 100 100 100
22 83,33 100 100 100
23 100 100 100 100
24 33,33 50 33,33 50
25 83,33 100 83,33 83,33
26 66,66 83,33 66,66 100
27 100 100 100 100
28 100 100 100 100
29 50 100 50 83,33
30 50 100 66,66 100
31 50 83,33 50 83,33
32 83,33 83,33 83,33 83,33
33 83,33 100 83,33 100
34 83,33 100 66,66 83,33
35 100 100 100 100
36 50 100 50 83,33
37 83,33 100 83,33 100
38 66,66 83,33 66,66 83,33
39 83,33 83,33 83,33 83,33
40 66,66 100 66,66 83,33
41 83,33 100 83,33 100
42 100 100 100 100
43 50 83,33 66,66 83,33
48
44 66,66 83,33 50 50
45 50 100 50 100
46 83,33 100 83,33 83,33
47 83,33 83,33 100 100
48 50 66,66 50 83,33
49 83,33 100 66,66 100
50 66,66 83,33 66,66 66,66
51 100 100 100 100
52 66,66 83,33 66,66 83,33
53 83,33 83,33 66,66 100
54 50 83,33 50 83,33
55 66,66 100 66,66 100
56 83,33 100 83,33 100
57 83,33 100 83,33 100
58 50 50 50 66,66
59 83,33 100 83,33 100
60 83,33 100 83,33 100
Legenda: J = juiz; %CT= percentual de concordância na escala de Likert em concordância total; %CT+CP=
percentual de concordância na escala de Likert em concordância total ou parcial.
Alguns dos itens, iguais ou abaixo a 66,66%, receberam sugestões e críticas dos juízes
e, por isso, foram submetidos à reformulação. Foram eles os itens 1, 8, 12, 16, 44, 48 e 50. A
partir das considerações dos juízes, os itens reformulados foram submetidos à nova apreciação
dos juízes e integraram nova versão experimental. A nova versão dos itens ficou assim:
1. Muitas pessoas acham meu filho(a) bonito(a).
8. A minha vida perdeu o sentido após saber sobre a deficiência do meu filho.
12. As limitações dele(a) me fazem forte para enfrentar a situação.
16. Minha vida tem girado em torno de ganhar dinheiro para sustentar as necessidades do meu
filho(a)
24. Tenho dificuldades em perceber qualidades no meu filho(a).
44. Meu filho(a). embora tendo mais capacidades em relação a algumas crianças com menos
capacidades que ele(a), me parece menos feliz.
48. Com a situação de meu filho(a) tenho tido dificuldade para dormir.
50. Descobri coisas boas em ter um filho com deficiência.
Os resultados de análise dos juízes quanto aos itens reformulados estão na Tabela 2.
49
O próximo passo da análise foi o da validação de construto. Para isso, foi realizada a
análise multivariada, constando inicialmente da Análise de Cluster ou Grupamento, seguida da
Análise Fatorial.
Fator 11 59 Tenho recebido muita ajuda dos serviços/ instituições e Apoio social 2,40
profissionais.
Fator 12 12 As limitações dele(a) me dão forças para enfrentar a Resiliência 2,37
situação.
Os resultados da análise fatorial demonstram que os primeiros quatro fatores são os que
possuem maior contribuição para o instrumento, portanto devem ser os mais valorizados no
processo de avaliação com a EPAD. O Fator 1 é representado prioritariamente pelo item 49,
que representa a dimensão Diagnóstico e oriundo de um autovalor de 9,145 (Figura 1) e
corresponde a um percentual de variância explicada de 21,26%.
Portanto, os itens apresentados na Tabela 4 são os mais relevantes para o EPAD nas
suas respectivas dimensões. Também foi analisada a consistência interna do instrumento
EPAD, e, para isso, obteve-se o Coeficiente Alpha de Cronbach que resultou em 0,841,
significando que os itens do instrumento estão correlacionados e mantendo uma boa
consistência interna.
10,000 9,145
9,000
8,000
7,000
Autovalores
6,000
5,000
4,000 3,530
3,000
1,969
1,591 1,383 1,346
2,000 1,252 1,189 1,152 1,148 1,034 1,020
1,000
0,000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Fatores
DISCUSSÃO
Os resultados da análise de conteúdo evidenciaram que a EPAD foi considerada com
clareza e pertinência de grande parte de seus itens pelos juízes, atingindo percentuais superiores
a 70% nesses quesitos, indicando sua validade de conteúdo. Na análise multivariada, diversos
itens apresentaram-se sobrepostos, o que pôde ser observado durante a aplicação com os pais e
permitiu eliminar alguns itens para a realização da análise fatorial. Esta identificou que a EPAD
conseguiu explicar 59,90% da variação encontrada por meio de 12 fatores, demonstrando que
52
Esse apoio pode ser verificado no Fator 3, quando a ajuda de amigos facilita o processo de
adaptação parental.
Na ausência de amigos, o apoio de profissionais das áreas de saúde e educação é
fundamental para que os pais superem os desafios do diagnóstico de deficiência do filho e
possam re-idealizá-lo7,8,10. Infelizmente, os pais, sujeitos desta pesquisa, possuem filhos que
frequentam instituições que não conseguem, pelo número de usuários, sanar essas demandas.
Há pouco espaço para o trabalho psicológico na sustentação da re-idealização, seja pelo número
de famílias, seja pelo pequeno número de profissionais de Psicologia, seja pelo
desconhecimento do modelo conceitual de re-idealização. Isso coloca em relevo dois aspectos
importantes. O primeiro é a necessidade de se valorizar a integração de serviços2 e o segundo
sua qualificação, por meio de formação continuada, cujo controle deveria ser exercido por
secretarias municipais e estaduais de saúde, por meio de uma descentralização e olhar mais
específico de cada realidade na formação e atenção, pois pouco se avançou na implementação
do que prevê a legislação do SUS15. De fato, na atenção às pessoas com deficiência, em grande
parte exercida pelas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), recentemente
o Estado passou a ter uma relação mais profissional por meio da criação dos Centros
Especializados em Reabilitação (CER), inseridos na rede de cuidados à pessoa com
deficiência16. Cabe ressaltar que apenas uma das instituições investigadas é um CER II
(deficiência física e intelectual) e que sua inserção foi recente.
Outro aspecto a ser ressaltado é que há apenas um profissional da Psicologia para
atender todos os 376 pacientes que estão em atendimento e acompanhamento semanal. Isso
também é o caso dos usuários que passam pelo CER e não estão em acompanhamento semanal.
Também não há a abordagem de intervenção Centrada na Família, pois o foco é o atendimento
ao paciente, na maior parte das vezes, de modo instrumental.
Segundo o modelo conceitual para que a re-idealização aconteça e para que os pais
possam seguir seu desenvolvimento e proporcionar o desenvolvimento do filho(a) com
deficiência, é fundamental que a família receba intervenção e não apenas a pessoa com
deficiência⁶. Quando a intervenção não incorpora os pais no processo de reabilitação do filho,
os primeiros podem ter intensificados seus problemas de saúde, consequentemente poderá
haver prejuízo na função familiar adequada e no bem-estar da família. O processo de
reabilitação da criança deve considerar e acolher o cuidado à saúde mental dos seus pais17, pois
o estado emocional dos pais pode ter efeitos negativos ou positivos sobre o desenvolvimento
do filho no seu processo de reabilitação². Cuidar da saúde mental dos pais é tão importante
quanto cuidar do processo de reabilitação dos filhos. Esse cuidado pode produzir um efeito
54
moderador importante entre o cuidar do filho com deficiência e o bem-estar da saúde parental
e familiar18. Por isso, a intervenção com foco na família e não apenas no filho com deficiência
passa por identificar e entender a necessidade dos pais disponibilizando o apoio e a orientação
necessários para ampliar a qualidade de vida da família e da pessoa com deficiência19.
Outro aspecto que despontou como relevante na re-idealização foi o Fator 2,
representado pelo item 21. Independentemente do que as outras pessoas pensam, eu acho meu
filho(a) bonito. Esse fator indica que o pai encontrar beleza no filho é evidência de que há
melhor adaptação parental6. Na amostra estudada, havia casos com síndromes e sem síndromes,
o que sugere que a beleza se relaciona aos sentimentos positivos que os pais desenvolvem pelos
filhos e não apenas a sua aparência real e a como o mundo vê seu filho. Perceber a beleza no
filho(a) é fundamental na constituição do vínculo pais-filho. É o que impulsiona os pais a
desejarem apresentar seu filho para o mundo. Para isso precisam admirá-lo. Admirar o filho em
suas reais características possibilita a ele nascer novamente aos olhos e desejos de seus pais. É
fundamental para o processo de re-idealização e impede que muitos filhos fiquem limitados aos
muros e paredes de suas casas. Pais que desejam, admiram e percebem o belo em seus filhos
com deficiência estão aptos a cuidarem de seus filhos de forma amorosa, o que vai além do
simples alimentar e higienizar, e isso é fundamental para a promoção do desenvolvimento da
criança com deficiência e de seus pais8,9.
Considerando que um dos objetivos da EPAD é verificar se os pais re-idealizaram seu
filho(a) com deficiência ou não, pode-se pensar que uma validação de critério clínico seria
fundamental, pois a aplicação da escala nas várias etapas da intervenção recebida por pais e
filho poderia ratificar os resultados do instrumento, complementando-os com a percepção
clínica do profissional e ou dos profissionais que acompanham individualmente esses pais. Esse
entendimento iria aprofundar e esclarecer o quanto a EPAD realmente consegue avaliar o
processo de adaptação e quais os itens relacionados aos doze fatores encontrados que se
mostram mais sensíveis a essa avaliação. Além disso, seria de fundamental importância a
realização de uma análise fatorial confirmatória com o objetivo de ratificar ou de retificar os
fatores e itens encontrados, como mais significativos e que devem realmente estar no corpo da
escala. Dessa forma, seria possível ter uma versão final da EPAD e um resultado do seu alcance
na avaliação da adaptação parental à deficiência do filho.
CONCLUSÃO
A validação preliminar da EPAD realizada por meio das análises de conteúdo e de
construto (multivariada e fatorial) evidenciou que ela apresenta uma sensibilidade de 59,90%
55
REFERÊNCIAS
18. Ha J-H, Greenberg JS, Seltzer MM. Parenting a Child with a disability: The Role of social
support for african american parents. Fam Soc, 2011; 92(4):405-411.
19. Davis K, Gaviidia-Payne S. 2009. The impact of child, Family and professional support
characteristics on the quality of life in families of Young children with disabilities. J
Intellect Dev Disabil,2009; 34(2):153-162.
57
Resumo
Este estudo investigou a adaptação parental ao filho(a) com deficiência, a partir da análise de
fatores e subescalas da Escala de Adaptação Parental à Deficiência (EPAD) e sua relação com
variáveis dos filhos com deficiência, número de diagnósticos do filho (uma ou mais);
escolaridade e sexo dos pais, situação conjugal e renda familiar. Participaram da pesquisa 361
pais de crianças com deficiência, sendo 193 pais e 168 mães. Foi utilizada a versão da EPAD
aplicada em reuniões realizadas na instituição de coleta, e um roteiro de coleta de dados do
prontuário do filho(a) com deficiência para buscar informações sociodemográficas familiares.
Os resultados evidenciaram melhor adaptação parental ao filho com deficiência em algumas
das dimensões analisadas para pais de sujeitos com um diagnóstico quando comparados a pais
de sujeitos com duas deficiências, pais com maior escolaridade e renda. Pode-se concluir que o
maior número de diagnósticos do filho, a menor renda familiar e escolaridade dos pais são
fatores que podem dificultar a adaptação parental.
Abstract
This study investigated the parental adaptation to the disabled child, based on the analysis of
factors and subscales of the Parent Adaptation to Deficiency Scale (PADS), in relation to the
variables of children with disabilities, the number of children's disabilities (one or more);
schooling and parents' sex, marital status and family income. A total of 361 parents of children
with disabilities participated in the study, 193 fathers and 168 mothers. The PADS version was
used in meetings held at the collection institution, and a roadmap for collecting data from the
disabled child's chart to search for family socio-demographic information. The results showed
a better parental adaptation to the disabled child in some of the analyzed dimensions for parents
of subjects with a diagnosis when compared to parents of subjects with two disabilities, parents
with higher schooling and income. It can be concluded that the greater number of the child's
deficiencies, the lower family income and parents' schooling are factors that may hinder
parental adaptation.
Introdução
tecnologias coloca novos desafios às equipes de saúde para aprimorar o cuidado dessas pessoas,
pela supervalorização social dos corpos perfeitos. Goldson1 defende que o foco do cuidado deve
2
Revista Ciência e Saúde Coletiva - Instruções no Apêndice F.
58
ser nas habilidades do sujeito a partir de componentes de um modelo que inclui suporte médico,
psicológico, econômico, social e educacional. Destaca que as famílias com um filho com
deficiência precisam participar do cuidado porque são submetidas a muito estresse e desafios
econômicos por toda a logística demandada para o cuidado do filho. Esse aspecto também é
ressaltado por Cerqueira, Alves e Aguiar2 ao afirmarem que a inclusão da família no cuidado é
fundamental para que ela possa exercer o papel protetivo necessário ao sujeito com deficiência,
já que se trata de um problema que repercute nas dinâmicas, nas identidades e nos papéis
familiares.
desenvolvimento do filho, mas também o curso do desenvolvimento familiar, que pode tornar-
sofrimento e demanda o luto do filho idealizado com reconhecimento dessa perda4, já que se
cria uma tensão proveniente da necessidade de conviver com limitações do filho real que não
atende às expectativas parentais5. Isso gera uma crise na vida dos pais e a necessidade de
raiva5,6. Se esse sentimento não diminui, pode significar que os pais estão apegados ao filho
luto e re-idealização não estão ocorrendo como se espera, o que pode gerar a emergência de
pais funcionais que cuidam do filho apenas por senso de responsabilidade. Podem até tornarem-
do filho com deficiência de modo a amá-lo e investir em suas capacidades a partir de sua
59
condição real7. É necessário que haja um processo de adaptação parental ao filho com
deficiência a partir da re-idealização que atinge dimensões como capacidades, estética e futuro,
e que depende de condições de resiliência parental e da rede de apoio com a qual a família
conta8. Portanto, são condições internas parentais e externas que, dialeticamente, criam
condições para que os pais re-idealizem o filho com deficiência a partir das dimensões
mencionadas, ou seja, que possam investir nas capacidades do filho para gerar seu
desenvolvimento, que encontrem beleza nele (dimensão estética) e que vislumbrem um futuro
O cuidado de filho com deficiência é intenso, o que cria o sentimento nos pais de que
possuem pouco tempo para cuidar de suas necessidades10 e acreditem que as outras pessoas não
social10,11. Na comparação entre pais e mães, observou-se que os pais se sentem muito fatigados
e frustrados e que tendem a negar mais a situação do filho do que as mães 12, o que coloca em
questão possíveis diferenças entre a posição paterna e materna para lidar com a deficiência do
filho.
São diversos os desafios para lidar com um filho com deficiência entre os quais aumento
de responsabilidades, vida agitada para conciliar o cuidado com filho e com o trabalho, tarefas
domésticas, cuidado com os outros filhos, lidar com problemas operacionais e comportamentais
do filho dentro e fora do núcleo familiar, enfrentar restrições na vida social por dificuldade de
encontrar pessoas em quem se possam confiar o cuidado do filho12. Tudo isso se soma ao pouco
apoio da família extensa, falta de acesso a serviços integrados em saúde, necessidade usual de
para uso de cadeira de rodas, por exemplo, e serem vítimas de preconceitos e estigmatização
social, com distanciamento de amigos13 , o que pode obstaculizar ainda mais o desenvolvimento
componentes ressaltados por Godson1. O apoio de serviços integrados aos pais é fator preditor
de qualidade de vida familiar15 e deve abranger a família como um todo: pais, filho(s) com
na intervenção junto a sujeitos com deficiência, é fundamental ter instrumentos que permitam
Franco7 propôs a Escala Parental de Adaptação à Deficiência (EPAD) composta por 60 itens
que versam sobre o processo de luto e re-idealização a partir de modelo conceitual proposto
pelo autor6. Com a EPAD acredita-se poder dimensionar objetivamente como a intervenção e
apoio dados à família estão facilitando ou não o processo de adaptação parental ao filho com
deficiência. É possível também investigar como condições internas e externas podem interferir
nesse processo. Sabe-se, por exemplo, que as limitações na resiliência dos pais podem ser
fatores decisivos na adaptação parental e que ela pode ser facilitada ou não pelas condições
ambientais como renda, escolaridade, rede de apoio, entre outros. A criação da EPAD busca
também enfrentar o desafio de criar indicadores de saúde mental para avaliar a repercussão de
objeto de estudo, a saúde mental, que é constituída de questões subjetivas, cuja objetivação e
sistematização é difícil em um processo de avaliação, o que foi ressaltado por estudos como o
deficiências observando que sujeitos mais pobres (das classes C e D) apresentaram maiores
demonstram a importância do apoio financeiro a essas famílias por meio de políticas como o
Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) no Brasil, desde que adotado
funcionalidade, como afirmam Duarte et al20. Outro estudo sobre posição socioeconômica e
deficiência na população de Belo Horizonte também mostrou que uma pior posição
deficiência e possíveis fatores que podem atuar como facilitadores ou não de tal adaptação, este
estudo investiga a adaptação parental ao filho com deficiência, as dimensões da EPAD e sua
Método
Desenho do estudo
captada nas instituições que prestam serviço a pessoas com deficiência na região na qual a
pesquisa foi realizada. Esta pesquisa se insere em um projeto amplo de validação da EPAD que
prevê a participação de pais de filhos com diferentes deficiências (sensoriais como visual e
62
crônica não progressiva, entre outras) que frequentam as instituições que aceitaram participar
da pesquisa. A divisão dos tipos de deficiências foi estabelecida a partir da realidade que se
População e amostra
da EPAD na pesquisa maior, foram considerados 5 a 10 sujeitos por item da escala de acordo
com os critérios de Pasquali. Como a EPAD possui 60 itens, a amostra foi calculada com o
mínimo de 300 e o máximo de 600 pais de sujeitos com deficiência. Considerando o aceite das
instituições, que assinaram o termo de autorização institucional, e dos pais, a amostra final
constou de 361 pais/mães de um ou mais filhos com deficiência, sendo 193 do sexo masculino
diagnóstico de deficiência realizado por profissional habilitado. O filho(a) poderia ser criança,
jovem ou adulto de modo a ter amplitude na amostra em termos de ciclo vital, e ter deficiência
Pais e Amigos dos Excepcionais de uma cidade de porte médio do interior e duas cidades
Fonoaudiologia que atende à região e uma associação que atende a pessoas com deficiência
visual. Os sujeitos foram captados nessas instituições que também serviram de local para a
coleta de dados.
63
Dentro dos critérios de inclusão, ressalta-se ainda que os pais não necessitavam habitar
no mesmo endereço nem manter relação conjugal, mas necessitavam ser pai e mãe biológicos
para que todo o processo de idealização e luto possam ter sido vivenciados desde a época da
identificação da deficiência, que, em alguns casos, ocorreu já durante a gravidez. Como critérios
de exclusão da pesquisa, situaram-se os casos em que a deficiência ou síndrome não tenha sido
diagnosticada por profissional habilitado, pais de filhos adotivos e avós que tinham a guarda
dos netos.
Procedimentos gerais
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade na qual o estudo foi
na pesquisa foram esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos e, após a leitura do Termo
de atendimento, onde os pais receberam esclarecimentos acerca dos objetivos da pesquisa, dos
procedimentos de coleta e de divulgação dos dados. Os sujeitos tiveram assegurado seu direito
pais responderam à EPAD (Anexo B). Antes da aplicação da Escala, as pesquisadoras usaram
o roteiro de coleta de dados do prontuário do filho(a) com deficiência (Anexo A) para buscar
renda. Nos casos em que os pais pudessem ter alguma dificuldade para a leitura dos itens, a
64
pesquisadora lia o material para que sua resposta oral fosse marcada por ela no instrumento. A
Instrumento
que se inicia antes do diagnóstico da deficiência e que visa à retomada do desenvolvimento por
desenvolvimento familiar quanto à adaptação à deficiência do filho, por meio de uma avaliação
individual. Pode investigar os efeitos de programas e práticas de intervenção; testar o valor dos
construtos que compõem o modelo; estudar a ligação das variáveis que compõem o modelo
Além disso, busca informações junto aos pais de sua percepção quanto à autonomia
motora, de comunicação e em atividades de vida diária da criança, cujos níveis são descritos
comunicação: comunica com facilidade através de linguagem oral; tem algumas dificuldades
na fala, mas expressa as suas necessidades e desejos; utiliza algumas palavras, mas comunica
principalmente através de sons, gestos e expressões faciais; não tem linguagem oral, mas
comunica através de expressões, gestos ou sons. Autonomia nas atividades da vida diária
65
completamente dependente.
Deficiência Auditiva; TEA; Síndrome de Down; Doença Rara (descrever); Outro (descrever).
A estrutura geral da EPAD é constituída por um total de 60 itens. Estes itens estão
agrupados em 10 dimensões, cada uma delas constituída por 6 itens. A formulação dos itens
teve em conta a literatura sobre o tema e questionários que abordam as mesmas problemáticas.
DESENVOLVIMENTO- Subescala (30 itens) que avalia os aspectos que apontam para a
RE-IDEALIZAÇÃO: Fator/ grupo de dimensões que se referem à forma como os pais investem
ESTÉTICA: Dimensão que se refere ao modo como os pais mostram gostar do aspecto do seu
filho, têm orgulho dele, e gostam que outras pessoas o vejam e gostem dele igualmente.
FUTURO: Dimensão que se refere ao modo como os pais conseguem ter expectativas positivas
em relação ao futuro e relacioná-lo com o que ocorre no presente. Em sua vertente inversa,
SUPORTE: Fator/ grupo de dimensões que se referem à forma positiva como os pais encontram
recursos para o seu processo de adaptação. Inclui recursos internos (dimensão Resiliência) e
RESILIÊNCIA: Dimensão que se refere aos recursos internos de que os pais se socorrem para
APOIO SOCIAL: Dimensão que se refere ao apoio social percebido pelos pais e que os ajudam
PASSADO/NÃO ADAPTAÇÃO: Subescala (30 itens) que avalia os aspectos negativos que se
está ainda centrada na idealização prévia à deficiência e/ou tem dificuldades em estar
IDEALIZAÇÃO: Dimensão que se refere ao modo como os pais estão ainda ligados à
idealização do filho, sem ter em conta as suas condições específicas, mas preservando as suas
expectativas iniciais.
DIAGNÓSTICO: Dimensão que se refere ao modo como os pais estão dominados pelo impacto
CULPA: Dimensão que se refere ao modo como os pais atribuem a culpa da situação que vivem,
Análise da Escala
Passado/Não adaptação, é desejável que o valor obtido nos fatores de desenvolvimento seja
Na análise comparativa da su-escala re-idealização quanto aos fatores apoio social e não
de valores elevados tanto na re-idealização como no suporte, por oposição aos valores da
nãoadaptação.
Na análise dos valores na subescala de não adaptação, obtidos em cada uma das
dimensões, espera-se que seus valores sejam inferiores aos que medem adaptação e
Estética: 1.Muitas pessoas acham meu filho(a) bonito(a); 2.Sinto orgulho de que as outras
filho(a) bonito(a);22.Fico muito incomodado com os comentários das pessoas sobre ele(a);
41.Gosto de levar o meu filho(a) comigo a lugares públicos; 42.Não gosto que as pessoas o(a)
vejam e comentem.
Capacidades: 3.Apesar das suas dificuldades, tenho orgulho das capacidades do meu filho(a);
enchem de alegria; 24.Tenho dificuldades em perceber qualidades no meu filho(a); 43. Consigo
encontrar nele(a) qualidades positivas; 44.Meu filho(a), embora tendo mais capacidades em
relação a algumas crianças com menos capacidades que ele(a), me parece menos feliz.
Futuro: 5.O futuro dele(a) depende do que ele(a) aprender; 6.Estou totalmente empenhado em
que ele(a) adquira o máximo de capacidades; 25.Quando penso no futuro, fico sem saber o que
fazer; 26.O futuro dele(a) depende da ajuda que os pais e os técnicos possam lhe dar;
45.Gostaria que ele(a) um dia aprendesse uma profissão; 46.Penso que o meu filho(a) não pode
Resiliência: 11.Tenho de ser forte para ajudá-lo(a); 12.As limitações dele(a) me fazem forte
melhor o futuro; 32. Nunca pensei ser tão forte como tenho sido para cuidar dele(a); 51.Desde
que o meu filho(a) nasceu, sinto-me mais frágil e infeliz; 52.Tornei-me uma pessoa melhor por
Apoio Social: 19. A minha família tem sido de grande ajuda; 20.O meu marido/mulher tem
sido uma grande ajuda; 39. Não tenho tido ajuda de ninguém; 40.Os meus amigos têm sido uma
grande ajuda; 59.Tenho recebido muita ajuda dos serviços, instituições e profissionais; 60.Me
Depressão: 7. Desde que o meu filho(a) nasceu, tenho estado mais triste e deprimido; 8. A
minha vida perdeu o sentido após saber sobre a deficiência do meu filho(a); 27.Vivo um
sofrimento insuportável, em grande parte por causa da situação dele(a); 28.Me sinto esgotado(a)
e sem forças; 47. Sinto muitas vezes vontade de chorar; 48. Com a situação de meu filho(a),
Diagnóstico: 9. Sempre tive medo que me dissessem que o meu filho(a) tinha uma deficiência;
10.Tenho de ser forte para ajudá-lo(a); 29. O diagnóstico dele(a) me ajudou a ajustar o meu
comportamento e expectativas; 30.Teria sido melhor não saber o diagnóstico; 49. Deixei de
Idealização: 13. Sempre imaginei ter um filho bem diferente dele(a); 14. Quando penso na
gravidez e no nascimento dele(a) me sinto muito triste; 33. O nascimento dele(a) foi uma grande
desilusão; 34. Preferia que ele(a) não tivesse nascido; 53.Tenho esperança que um dia haja uma
cura para ele(a); 54. Se ele tiver os tratamentos certos pode vir a não ter qualquer deficiência.
Funcionalidade: 15. Estou sempre dizendo a mim mesmo que tenho de aceitar a situação; 16.
Minha vida tem girado em torno de ganhar dinheiro para sustentar as necessidades de meu
69
filho(a); 35. O meu filho(a) me dá muito trabalho com transporte, alimentação e higiene; 36.
Penso que não dou ao meu filho(a) o que ele(a) precisa; 55. Vale a pena fazer sacrifícios por
ele(a); 56. Sinto que não sei cuidar do meu filho(a) adequadamente.
Culpa: 17. Acho que a culpa da situação do meu filho(a) é da minha mulher/marido; 18. Acho
que a culpa é da equipa médica; 37. Acho que a culpa da situação do meu filho(a) é minha; 38.
Ninguém tem culpa pela deficiência do meu filho(a); 57. Estou sempre lembrando de quem é a
culpa pela deficiência dele(a); 58. Se vivêssemos noutro país, o meu filho não teria as
Análise estatística
Os dados obtidos com a EPAD e nos prontuários constituíram o banco de dados, sendo,
portanto, avaliadas as variáveis relativas aos pais (escolaridade, situação conjugal, sexo e renda)
estatística.
e de Kruskal-Wallis, pois a escala EPAD tem como resultado escores qualitativos ordinais,
significância de 5%.
Resultados
Os resultados apresentados foram obtidos a partir de dados coletados com 361 pais de
um ou mais filhos com deficiência, sendo 193 pais (53,5%) e 168 mães (46,5%). As análises
70
realizadas abordarão a relação da adaptação parental com o número de diagnósticos (Tabela 1),
o sexo (Tabela 2), a escolaridade (Tabela 3) e a renda dos pais (Tabela 4).
Na Tabela 1, são apresentadas as medianas dos escores da EPAD dos pais de filhos com
um diagnóstico (n=275; G1) e com dois ou mais diagnósticos (n=86; G2) e as comparações
Tabela 1. Comparação dos escores das dimensões da EPAD entre os pais de filhos com
deficiência com um diagnóstico (n=275) e com dois ou mais diagnósticos (n=86)
Filhos com no.de diagnósticos (Mediana)
Dimensões do EPAD Um (G1) Dois ou mais (G2) p-valor
Subescala Desenvolvimento 123 118,5 0,000
Fator Re-idealização 75 70,5 0,000
Dimensão Estética 23 22,5 0,137
Dimensão Capacidades 26 24 0,000
Dimensão Futuro 25 23 0,000
Fator Suporte 49 47 0,013
Dimensão Resiliência 25 25 0,040
Dimensão Apoio Social 24 23 0,020
Subescala Passado 107 101 0,002
Dimensão Depressão 24 22 0,001
Dimensão Diagnóstico 20 19 0,100
Dimensão Idealização 22 20 0,001
Dimensão Funcionalidade 19 18 0,009
Dimensão Culpa 23 22 0,184
Soma total 230 219 0,000
Teste U de Mann-Whitney (p≤0,05)
Estética, Culpa e Diagnóstico não apresentaram diferenças significativas nos escores dos dois
significativamente maiores no G1 quando comparados ao G2. Isso significa que os níveis dessas
Tabela 2. Comparação dos escores das dimensões da EPAD, entre os sexos dos pais e mães
(n=361)
Sexo (Mediana)
Dimensões do EPAD Feminino(n=168) Masculino(n=193) p-valor
Subescala Desenvolvimento 122 122 0,587
Fator Re-idealização 73 74 0,097
Dimensão Estética 23 23 0,118
Dimensão Capacidades 25,5 26 0,060
Dimensão Futuro 24 25 0,416
Fator Suporte 49 49 0,504
Dimensão Resiliência 25 25 0,428
Dimensão Apoio Social 24,5 24 0,145
Subescala Passado 104 108 0,102
Dimensão Depressão 24 24 0,703
Dimensão Diagnóstico 19 20 0,020
Idealização 21 21 0,376
Dimensão Funcionalidade 19 20 0,093
Dimensão Culpa 22 23 0,543
Soma total 227,5 229 0,229
Teste U de Mann-Whitney (p≤0,05)
Em relação à variável sexo dos pais, em geral, não houve diferença significativa na soma
total das dimensões e nas dimensões específicas, quando comparados os resultados na EPAD
com os pais e mães, exceto a dimensão Diagnóstico, na qual se observou que, para as mães, é
mais difícil elaborar e superar questões relativas ao momento em que o filho(a) com deficiência
recebeu o diagnóstico.
Quanto à soma total da EPAD, observou-se que houve diferença significativa entre pais
com ESC e EMC em relação aos pais com EFI, demonstrando que, quanto maior a escolaridade
dos pais, melhor a adaptação parental. Isso também se refletiu nas subescalas da EPAD.
significativamente melhores do que para os sujeitos com EFI apenas. No fator Re-idealização,
os sujeitos que tinham ESC e EMC tiveram significativamente melhores escores do que aqueles
com EFI.
sujeitos com EMC e EMI se comparados aos que tinham apenas o EFI. Nas dimensões
EMC quando comparados àqueles com EFI. Na dimensão da Idealização, as diferenças foram
significativamente melhores para quem tinha o ESC e EMC do que para quem tinha o EFI,
assim como houve diferença significativa com escores maiores para quem tinha o ESC do que
para quem tinha o EFC. Já para a dimensão Funcionalidade, os escores maiores e com diferença
significativa ficaram no grupo que tinha ESC e EMC e não para os que tinham apenas o EFI.
sujeitos com ESC e EMC, que obtiveram escores maiores do que os sujeitos com EFI.
apresentaram diferenças significativas nos valores de seus escores após comparação em relação
Tabela 4. Comparação dos escores, das dimensões da EPAD, em relação à faixa de renda dos
pais
Dimensões p-valor Comparações múltiplas
Subescala Desenvolvimento 0,029 *
Fator Re-idealização 0,051 -
Dimensão Estética 0105 -
Dimensão Capacidades <0,01 Fx 1>Fx 3
Dimensão Futuro 0,325 -
Fator Suporte 0,047 *
Dimensão Resiliência 0,606 -
Dimensão Apoio Social <0,01 Fx 1>Fx 3
Subescala Passado <0,01 Fx 1>Fx 3 e Fx 1>Fx 4
Dimensão Depressão <0,01 Fx 1>Fx 3 e Fx 1>Fx 4
Dimensão Diagnóstico <0,01 Fx 1>Fx 4
Dimensão Idealização 0,031 *
Dimensão Funcionalidade <0,01 Fx 1>Fx 3 e Fx 1>Fx 4
Dimensão Culpa <0,01 Fx 1>Fx 2 e Fx 1>Fx3
Soma total <0,01 Fx 1>Fx3 e Fx1>Fx 4
Teste de Kruskal-Wallis e teste de comparações múltiplas (p≤0,05). Até um salário mínimo (Faixa 4); até dois salários mínimos
(Faixa 3); até três salários mínimos (Faixa 2) e mais de três salários mínimos (Faixa 1); *as comparações múltiplas não
acusaram significância estatística.
Pode-se inferir, a partir dos resultados encontrados, que a renda dos sujeitos, da Faixa
1, se comparada à renda das Faixas 4, 3 e 2, está relacionada com melhores escores nas
dimensões que favorecem o processo de adaptação parental ao filho(a) com deficiência. Esses
resultados foram confirmados pelas comparações múltiplas dos escores das faixas de renda com
os resultados da EPAD, que sugerem que, quanto maior a renda, melhor a adaptação parental.
Tabela 5. Comparação dos escores, das Dimensões da EPAD, em relação ao estado civil dos
pais (n=361)
Dimensões p-valor Comparações múltiplas
Subescala Desenvolvimento 0,194 -
Fator Re-idealização 0,146 -
Dimensão Estética 0,417 -
Dimensão Capacidades 0,357 -
Dimensão Futuro 0,118 -
Fator Suporte 0,592 -
Dimensão Resiliência 0,122 -
Dimensão Apoio Social 0,361 -
Subescala Passado 0,079 -
Dimensão Depressão 0,061 -
Dimensão Diagnóstico 0,176 -
Dimensão Idealização 0,493 -
74
A única diferença significativa ocorreu para a soma total dos escores da EPAD, por meio
das comparações múltiplas, pois ocorreu no caso de divorciados terem melhor adaptação do
Discussão
Ao nascer um filho com deficiência, a vida dos pais transforma-se, exigindo um trabalho
emocional contínuo e árduo. Surgem demandas externas e internas ao ter de lidar com o
diagnóstico da deficiência6,13. O diagnóstico de deficiência na família gera uma crise que exige
modificações e reconstrução nos papéis, na estrutura e no estilo de vida familiar, o que torna
esta adaptação mais complexa do que a de famílias com filhos em desenvolvimento típico14.
Esse fato pôde ser visualizado nesta pesquisa por haver mais recursos de adaptação nos pais de
filhos com apenas uma deficiência do que com duas ou mais, pois conseguem desenvolver
expectativas positivas em relação ao futuro do filho, possuem mais recursos internos favoráveis
à maior resiliência e maior apoio externo. Esse resultado se alinha aos de alguns estudos que
apontam no sentido de que ter mais de um filho com deficiência, ou deficiências que se
modificam ou pioram com o passar do tempo, podem gerar sintomas que dificultam a adaptação
dos pais e a retomada de seu desenvolvimento22,23. Darling11 corrobora este resultado ao afirmar
que o número, a natureza e a severidade da deficiência do filho podem afetar as percepções das
experiências individuais de vida dos pais e as percepções relacionadas aos fatores estressantes,
também. Esses pais podem experienciar reações mais complexas as quais podem contribuir
negativamente para os desafios e tarefas diários, com um alto nível de stress, percebendo os
Os pais que têm um filho com apenas um diagnóstico também apresentaram escores
despender ao filho). Portanto esses pais conseguem enfrentar melhor o processo de idealização
o filho. Observou-se também que o modo como os pais mostram gostar do aspecto físico do
modo como os pais atribuem a culpa da situação que vivem, relativa à deficiência a si mesmos
e a outros (dimensão culpa), não apresentaram escores com diferenças significativas entre os
dois grupos. Nesse caso, ter uma deficiência é o suficiente para que algumas dimensões estejam
alteradas.
Em relação ao sexo dos pais, em geral, não houve diferenças significativas, exceto na
dimensão diagnóstico, evidenciando maior dificuldade para as mães neste aspecto. A hipótese
explicativa para tal fato é elas poderem ser mais impactadas neste momento pela sobrecarga
cuidado dos filhos, o que inclui a reabilitação do filho com deficiência24, que pode vir
para a importância dos profissionais estarem preparados para acolher os pais, sobretudo as mães
para neste momento do diagnóstico, sobretudo no ambiente hospitalar onde muitos diagnósticos
ocorrem27.
dos pais demonstrou que, quanto maior a escolaridade, melhor a adaptação parental à
comprometimento em relação à sua adaptação ao filho com deficiência. Segundo Thabet et al.23,
há alteração na qualidade de vida familiar quando os pais têm uma baixa escolaridade,
Quanto à comparação dos escores das dimensões da EPAD em relação à faixa de renda
dos pais, é possível afirmar que os sujeitos com renda da Faixa 1, se comparadaos aos das
adaptação parental ao filho(a) com deficiência. Quanto mais baixa a renda, neste estudo abaixo
de três salários mínimos, menos facilitado fica o processo de adaptação parental à deficiência.
Esses resultados foram confirmados pelas comparações múltiplas dos escores das faixas de
respectivas dimensões. Segundo Thabet et al.23, a alteração na percepção dos pais da qualidade
de vida familiar se correlaciona a um nível socioeconômico baixo, o que sugere que, quanto
A comparação dos escores das Dimensões da EPAD em relação ao estado civil dos pais
companheiro, mesmo que sem o convívio na mesma casa, parece facilitar a adaptação, o que
traz à tona o tema do apoio familiar e social como aspecto crucial neste processo10-14.
Conclusão
Pode-se concluir que o menor número de diagnósticos do filho, a maior renda familiar
e a escolaridade dos pais são fatores que podem facilitar a adaptação parental. A variável sexo
para facilitar o cuidado familiar do filho com deficiência, o que reforça a importância de se
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5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÃO
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Acesso em: 02 out., 2017.
Eu discuti com a Dra. Ana Paula Ramos de Souza sobre a minha decisão em participar
neste estudo.
Consentimento: Declaro ter lido – ou me foram lidas – as informações acima antes de
assinar este termo. Foi-me dada oportunidade de fazer perguntas, esclarecendo
totalmente as minhas dúvidas. Declaro que ficou clara a possibilidade de contatar o
pesquisador pelo telefone acima indicado ou os membros do Comitê de Ética em
Pesquisa da UFSM. Por este documento, tomo parte, voluntariamente, deste estudo.
95
___________________________________________
Assinatura do sujeito de pesquisa/representante legal
Número da Identidade: ________________________
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste
estudo.
Santa Maria _____ de ________________ de 2018.
--------------------------------------------------------------------
Assinatura do responsável pelo estudo
Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM: Av. Roraima, 1000 - 97105-900 - Santa Maria - RS - 2º andar do prédio da Reitoria. Telefone:
(55) 3220-9362 - E-mail: [email protected].
96
97
_____________________________
Assinatura e carimbo do responsável institucional
98
99
Prezado Dr.
Convidamos você para participar de uma pesquisa que está sendo
desenvolvida na Universidade Federal de Santa Maria, com objetivo de validar a
Escala Parental de Adaptação à Deficiência (EPAD). Esta escala objetiva avaliar se a
re-idealização desse filho/a, pelos seus pais, já aconteceu, se não aconteceu ou está
em processo.
Para que participe desta pesquisa, é necessário acessar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, e, se estiver de acordo, assiná-lo e enviar à equipe
de pesquisa.
Sua participação se dará como juiz avaliador nos procedimentos de validação
de conteúdo – fidedignidade do instrumento e clareza. Você foi escolhido por seu
conhecimento e prática adquirida no atendimento a pais com filhos com deficiência. É
importante ressaltar que os dados fornecidos nos procedimentos são confidenciais e
que, para confirmar sua participação na pesquisa, é necessário enviar o TCLE em
conjunto com a resposta às solicitações de análise realizadas no prazo de uma
semana após o recebimento desta carta.
Após assinatura do TCLE, enviaremos os próximos procedimentos.
Atenciosamente,
Dra. Fga. Ana Paula Ramos de Souza / Ms. Psi. Angélica Dotto Londero.
100
101
________________________________
Profª Draª Fgª Ana Paula Ramos de Souza
________________________________
Pesquisadora Angélica Dotto Londero
Santa Maria ___/___/___
Para dúvidas sobre a ética na pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa: Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM: Av. Roraima, 1000 - 97105-900 -
Santa Maria - RS -
2º andar do prédio da Reitoria. Telefone: (55) 3220-9362 - E-mail:
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Escopo e política
Forma e preparação de manuscritos
ISSN 1678-4464versión on-
line
Escopo e política
4. Fontes de financiamento
5. Conflito de interesses
6. Colaboradores
7. Agradecimentos
8. Referências
9. Nomenclatura
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob
uma Licença Creative Commons
Seções da publicação
Apresentação de manuscritos
Autoria
Nomenclaturas
Ilustrações e Escalas
Agradecimentos
Referências
Artigos em periódicos
Maximiano AA, Fernandes RO, Nunes FP, Assis MP, Matos RV,
Barbosa CGS, Oliveira-Filho EC. Utilização de drogas veterinárias,
agrotóxicos e afins em ambientes hídricos: demandas,
regulamentação e considerações sobre riscos à saúde humana e
ambiental. Cien Saude Colet 2005; 10(2):483-491.
9. Capítulo de livro
Sarcinelli PN. A exposição de crianças e adolescentes a agrotóxicos.
In: Peres F, Moreira JC, organizadores. É veneno ou é remédio.
Agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 43-
58.
Material eletrônico
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uma Licença Creative Commons
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124
125
AVALIADOR: __________________________________
DATA: ___/____/_____
LOCAL: ________________________________________________________
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Renda Familiar:
( ) Muito boa
( ) Boa
( ) Regular
( ) Precária
Residência:
Própria ( )
Alugada ( )
Cedida ( )
Outros: ________________________
Outro: ______________________________________________________
CID-10:
Observações
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Ter uma criança com um problema de desenvolvimento afecta muito a vida dos seus pais e
cuidadores. Através deste questionário pretendemos conhecer melhor a sua experiência
pessoal como pai ou mãe.
Pedimos-lhe que responda de acordo com aquilo que sente neste momento. Não há respostas
certas nem erradas. Por isso pedimos que responda com a máxima sinceridade. As suas
resposta são completamente confidencias, serão usadas apenas para fins de investigação e
pessoa alguma terá acesso à sua identificação
Grau de Autonomia
Motora Comunicação Atividades de vida diária
☐ Completamente ☐ Comunica com facilidade ☐ Completamente
independente através de linguagem oral independente
Agora leia atentamente todas as frases que lhe vamos apresentar e marque com um X a
que melhor corresponde à sua opinião, numa escala de 1 a 5.
1- significa que discorda completamente da afirmação
2- significa que discorda da afirmação
3- significa que não concorda nem discorda da afirmação
4- significa que concorda com a afirmação
5- significa que concorda completamente com a afirmação
concordo
concordo
concordo
completa
completa
discordo
discordo
discordo
mente
mente
nem
não
1 Todas as pessoas acham o meu filho(a) bonito(a)
2 Sinto orgulho em que as outras pessoas o(a)
conheçam
3 Apesar das suas dificuldades, tenho orgulho nas
capacidades do meu filho(a)
4 Reconheço as competências do meu filho(a)
5 O futuro dele(a) depende do que ele(a) aprender
6 Estou totalmente empenhado em que ele(a)
adquira o máximo de capacidades
7 Desde que o meu filho(a) nasceu, tenho estado
mais triste e deprimido
8 A minha vida perdeu o sentido
9 Sempre que me lembro de quando me deram o
diagnostico fico nervoso ou ansioso
10 Sempre tive medo que me dissessem que o meu
filho(a) tinha uma deficiência
11 Tenho de ser forte para o(a) ajudar
12 As limitações dele(a) dão-me forças para
enfrentar a situação
13 Sempre imaginei ter um filho bem diferente
dele(a)
14 Quando penso na gravidez e no nascimento
dele(a) sinto-me muito triste
15 Estou sempre a dizer a mim mesmo que tenho de
aceitar a situação
16 A minha principal função é ganhar dinheiro para
sustentar o meu filho(a)
17 Acho que a culpa da situação do meu filho(a) é da
minha mulher/ marido
18 Acho que a culpa é da equipa médica
19 A minha família tem sido uma grande ajuda
20 O meu marido/ mulher tem sido uma grande ajuda
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