TCC Jessica Daiane Rosa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

Jéssica Daiane Rosa

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES E AÇÕES EDUCATIVAS EM


ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO DA IMPERATRIZ – SC,
BRASIL

Florianópolis,
2015
Jéssica Daiane Rosa

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES E AÇÕES EDUCATIVAS EM


ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO DA IMPERATRIZ – SC,
BRASIL

Trabalho de conclusão de curso de Graduação em


Farmácia, apresentado ao Departamento de Análises
Clínicas da Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito para a conclusão da disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientador: Profª. Ms. Lenilza Mattos Lima

Florianópolis,
2015
1

AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais, pelo apoio incondicional, pela paciência e pelo incentivo.
Vocês sempre serão minha maior fonte de inspiração independente do que aconteça, pois são
meus maiores exemplos de força, coragem e perseverança.
Agradeço a minha querida orientadora, professora Lenilza, pela dedicação e empenho
prestados. Obrigada por todos os ensinamentos, pelo carinho, pela atenção e pela magnífica
oportunidade de participar deste projeto, pois ele foi a melhor coisa que eu fiz desde que entrei
na faculdade.
Ao meu melhor amigo, Guilherme, minha eterna gratidão por sempre acreditar no meu
potencial e pelo apoio nos momentos mais difíceis e desesperadores da minha vida. Obrigada
por estar sempre presente.
Agradeço minhas queridas colegas de faculdade, Camila e Flávia. Obrigada pelos anos
de companheirismo, de cumplicidade, de paciência e de ótimas risadas. Esse tempo ao lado de
vocês me mostrou que nada na vida é totalmente ruim, pois se fosse eu não teria encontrado
vocês.
Ao Professor Ronaldo Salum, que idealizou e possibilitou o desenvolvimento desse
maravilhoso projeto em Santo Amaro da Imperatriz.
A secretaria de Saúde e Educação do município de Santo Amaro da Imperatriz por toda
pelo apoio e colaboração.
A todos os alunos, professores, diretores e funcionários das escolas participantes: muito
obrigada pelo carinho, apoio, disponibilidade e interesse na contribuição para a realização desse
trabalho. Foi um imenso prazer conhece-los, estar com vocês e ter a oportunidade de trocar
experiências e conhecimentos com todos vocês.
Agradeço as minhas colegas Emília, Natalia e Bruna, que trabalharam junto comigo
como bolsistas na execução deste projeto. Foi ótimo compartilhar com vocês momentos
maravilhosos sempre repletos de muita troca de vivências e conhecimentos.
Ao bioquímico Marcellus, do setor de parasitologia do Hospital Universitário e aos
colegas estagiários que passaram por lá, pelo apoio e colaboração na pesquisa.
Aproveito para agradecer ao querido professor Marcos, pelo auxilio prestado em relação
aos dados estatísticos, pela paciência e pela atenção. O senhor além de ser um grande professor
é uma pessoa maravilhosa.
A todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para que este trabalho fosse
realizado: gratidão.
2

RESUMO
Atualmente, no Brasil as enteroparasitoses ainda são muito frequentes em diversas regiões. Esse
fato está relacionado com a ausência de saneamento básico e a inadequada higiene pessoal e
coletiva da população. Este trabalho teve como objetivo diagnosticar as enteroparasitoses em
escolares de seis Instituições Educacionais do município de Santo Amaro da Imperatriz/SC,
com idades entre 0 a 17 anos, e promover a ampliação de conhecimentos sobre saúde e
parasitoses através de ações educativas. Foram analisadas 357 amostras de fezes, conservadas
em solução SAF, através do método de Lutz e de Faust e cols. Em amostras diarreicas também
foram realizadas as colorações tricrômica e pelo Kinyoun. As ações educativas, sobre
parasitoses e suas formas de prevenção, foram desenvolvidas através de teatro de fantoches para
as crianças de 5 a 9 e palestra interativa para alunos de 10 a 17 anos. Para analisar a eficiência
das ações educativas, os alunos receberam uma tarefa de acordo com sua faixa etária
(construção de um texto e/ou desenhos sobre o tema). Na análise das amostras fecais observou-
se que 21% foram positivas para enteroparasitas, encontrando-se uma maior prevalência na
faixa de etária de 6 a 9 anos (57,3%). Das amostras positivas, 80% estavam monoparasitadas,
13% estavam biparasitadas e 7% encontravam-se poliparasitadas. Os parasitas encontrados
foram: Blastocystis hominis (56%), Endolimax nana (14%), Entamoeba coli (13%), Giardia
lamblia (11%), Ascaris lumbricoides (2%), Entamoeba histolytica/E. dispar (2%), Iodameba
butschlii (1%) e Trichuris trichiura (1%). Os resultados dos exames foram encaminhados aos
pais dos alunos para tratamento dos casos positivos. Pelas ações educativas, notou-se que houve
uma compreensão acerca do tema. Os resultados mostraram uma prevalência de
enteroparasitoses relevante, sendo assim, esses dados reforçam a importância e a necessidade
de implantar as ações educativas, pois através delas é possível fornecer noções básicas de
promoção a saúde para prevenção das enteroparasitoses. Dessa forma pode-se interferir no
mecanismo de transmissão dos parasitos, proporcionando a população uma melhoria de sua
qualidade de vida.

Palavras-chave: Enteroparasitoses. Ações educativas. Escolares.


3

ABSTRACT

Currently, in Brazil the intestinal parasites are still very common in many regions. This fact is
related to the lack of sanitation and collective and personal hygiene inadequate of population.
This study aimed to diagnose intestinal parasites in schoolchildren of six educational
institutions in the city of Santo Amaro da Imperatriz / SC, with ages between 0 to 17 years and
promote the expansion of knowledge about health and parasitic diseases through educational
activities. Were analyzed 357 fecal samples, preserved in SAF solution, by Lutz method and
Faust et al. In diarrheal samples were carried out trichrome and Kinyoun colorations.
Educational activities on parasitic diseases and its prevention were developed through puppet
shows for children 5-9 and interactive talk for students 10-17 years. To analyze the efficiency
of educational activities, students were given a task according to their age group (construction
of a text and / or drawings on the subject).
In the analysis of fecal samples it was observed that 22.10% were positive for intestinal
parasites, finding a higher prevalence in the age range 6-9 years (57.3%). Of the positive
samples, 80% were monoparasitism, 13% were biparasitism and 7% were polyparasitism. The
parasites were: Blastocystis hominis (57.1%), Endolimax nana (13.3%), Entamoeba coli
(12.4%), Giardia lamblia (11.4%), Ascaris lumbricoides (1.9%) Entamoeba histolytica / E.
dispar (1.9%), Iodameba butschlii (1%) and Trichuris trichiura (1%). The results of
examinations were sent to parents of students for the treatment of positive cases. During the
analysis of texts and children's drawings, it was noted that there was an understanding on the
theme. The results showed a prevalence relevant of intestinal parasites, therefore, these data
increase the importance and necessity to implement educational activities, because through
them it's possible provide basic notions promotion of health and prevention of enteroparasitosis.
Thus it's possible interrupt in the mechanism of transmission of parasites, providing the public
an improvement in their quality of life.

Keywords: Enteroparasitosis. Educational activities. Schoolchildren.


4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 17
2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 17
2.2 Objetivos Específicos............................................................................................. 17
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 18
3.1 Locais e sujeitos do estudo ..................................................................................... 18
3.2 Reunião com os professores, pais e/ou responsáveis pelos alunos ........................... 18
3.2.1 Colheita das amostras fecais ........................................................................... 18
3.2.2 Orientações da colheita das amostras fecais .................................................... 19
3.3 Métodos para o exame parasitológico das fezes ...................................................... 20
3.3.1 Métodos de sedimentação espontânea de Hoffman, Pons e Janer ..................... 20
3.3.2 Método de Faust e cols ................................................................................... 20
3.3.3 Método de coloração pelo Tricrômico ............................................................. 21
3.3.4 Método de coloração pelo Kinyoun ................................................................. 21
3.4 Análise dos resultados............................................................................................ 22
3.5 Ações educativas ................................................................................................... 22
4 RESULTADOS ............................................................................................................ 24
4.1 Exames parasitológicos .......................................................................................... 24
4.2 Ações educativas: .................................................................................................. 30
4.2.1 Desenvolvimento das ações educativas em saúde nas escolas municipais de
Santo Amaro da Imperatriz ........................................................................................... 31
4.2.2 Avaliação do processo de aprendizagem pelos alunos ..................................... 33
5 DISCUSSÃO ................................................................................................................ 35
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 44
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 45
8 ANEXOS ...................................................................................................................... 52
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1 INTRODUÇÃO

Segundo Neves (2011), o parasitismo consiste em uma associação entre os seres vivos,
onde há uma unilateralidade de benefícios. O parasita como agente agressor, se beneficia
utilizando o hospedeiro como abrigo e fonte alimentar, podendo causar prejuízos.
Historicamente, esse tipo de associação ocorre a milhares de anos. Alguns estudos da
área de paleoparasitologia com material encontrado em sítios arqueológicos têm evidenciado a
existência de enteroparasitas em vários continentes. Estudos realizados com fezes ressecadas
ou mineralizados e outros materiais orgânicos, nas Américas, identificaram a presença de
Ancilostomídeos, Ascaris lumbricoides, Hymenolepis nana, Trichuris trichiura, Enterobius
vermicularis, Entamoeba spp., Giardia lamblia (DAMAZIO, 2013).
Ainda hoje, as parasitoses intestinais representam um sério problema de saúde pública
no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Nessas regiões o parasitismo pode ocorrer
com grande intensidade e diversidade, pois o clima quente e úmido das regiões tropicais e
subtropicais favorece o ciclo de vida parasitaria, e, além disso, a disseminação dos parasitos é
facilitada devido à ausência ou precariedade de saneamento básico, baixo nível sócio
econômico, alguns hábitos culturais, carência de hábitos de higiene pessoal e coletiva (BIASI
et al., 2010; LEITE; LAUGART et al., 2012; TOMA; ADAMIL, 2014;).
Indivíduos de todas as faixas etárias estão sujeitos a infecções parasitarias, porém as
crianças em idade escolar estão entre os mais acometidos. Elas estão expostas constantemente
a condições de infecção e reinfecção por terem um contato maior com o ambiente, não
possuírem hábitos de higiene pessoais bem consolidados e por sustentarem hábitos alimentares
que as torna mais propicias a contaminação (BELLOTO et al., 2011; SANTOS et al., 2014).
No Brasil, as enteroparasitoses estão distribuídas de forma ampla em diversas regiões
do país. Elas podem ser encontradas tanto nas zonas rurais quanto em zonas urbanas, atingindo
indivíduos de todas as idades, mas com o predomínio em crianças em idade escolar (SILVA et
al., 2011; BELO et al.,2012).
As parasitoses intestinais são doenças endêmicas de populações de baixa renda e são
consideradas doenças negligenciadas, por apresentam investimentos reduzidos no seu controle
e na pesquisa e produção de medicamentos. Sendo assim, a elevada prevalência das parasitoses
intestinais nos países em desenvolvimento, é considerada responsável por causar altos índices
de morbidade da população infantil, devido aos efeitos debilitantes que podem ocasionar sobre
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o estado nutricional e no desenvolvimento físico e cognitivo. (UCHOA, 2009; MACCHIONI


et al., 2015).
A desnutrição nas fases iniciais da vida é capaz de promover a redução da capacidade
de realizar atividades físicas, aumenta a vulnerabilidade às infecções, diminui a capacidade
cognitiva e leva à má-absorção intestinal de nutrientes (BISCEGLI et al., 2009).
Para entender o desenvolvimento das enteroparasitoses, fatores relacionados aos
parasitos e ao hospedeiro devem ser levados em conta, como por exemplo, o número de
exemplares de parasitos e sua virulência, a idade do hospedeiro, a imunidade, os hábitos
alimentares e o uso de medicamentos. Esses fatores podem determinar o início ou não de uma
infecção parasitária (REY, 2010). As parasitoses intestinais podem ser causadas por
protozoários e/ou helmintos e sua transmissão ocorre principalmente por via fecal-oral,
podendo ocorrer também por via cutânea, no caso de algumas espécies de helmintos. Os
veículos de disseminação parasitária são variados, podendo ocorrer através da água, do solo, de
alimentos, mãos e material subungueal, vetores como artrópodes e moluscos, e por objetos
contaminados (NEVES et al., 2011).
As protozooses intestinais mais frequentes mundo são a giardíase, a amebíase e a
criptosporidíase (CDC [a], 2015). Essas doenças podem causar diarreia intensa, má absorção de
nutrientes, dores abdominais, náuseas e vômitos que implicam em graves consequências,
principalmente durante a infância (CDC [a], 2015). Esses protozoários contaminam a água e os
alimentos, ressaltando-se que todos os cistos de protozoários e oocistos de Cryptosporidium
spp são infectantes quando eliminados nas fezes (NEVES et al., 2011).
A giardíase é causada pelo protozoário flagelado denominado G. lamblia, que possui
duas formas evolutivas: o trofozoíto e o cisto. O trofozoíto localiza-se geralmente no duodeno
onde se fixa na mucosa e se multiplica. Esta forma é responsável por espoliar o hospedeiro. A
via normal de infecção no homem é a ingestão de cistos maduros. Os seres humanos atuam
como reservatório da doença, sendo que os animais selvagens e domésticos podem atuar da
mesma forma. (NEVES et al., 2011; SANTANA et al. 2014).
A giardíase é responsável por aproximadamente 280 milhões de casos de infecções por
ano, em âmbito mundial (BERNE et al., 2014). Estima-se uma prevalência de 2% a 7% nos
países desenvolvidos e de 20% a 30% nos países em desenvolvimento (KAMEL et al., 2013).
Esta parasitose foi incluída na Iniciativa para as Doenças Negligenciadas da Organização
Mundial da Saúde, em 2004, devido ao seu potencial altamente debilitante (BERNE et al.,
2014). Na América Latina, a giardíase é uma das três principais causas de morbidade em
crianças de 0 a 5 anos de idade, pois seu quadro clínico varia desde infecções assintomáticas
7

até episódios de diarreia persistente e intensa, com síndrome de má absorção intestinal de


nutrientes e de gorduras, que pode acarretar em desnutrição, desidratação e comprometimento
no desenvolvimento e crescimento da população infantil (BERNE et al., 2014).
A amebíase é causada pela ameba patogênica conhecida como Entamoeba histolytica.
Esse protozoário ocupa o terceiro lugar, dentre as doenças parasitarias, responsável pelos
maiores índices de mortalidade no mundo, ficando atrás apenas da malária e da esquistossomose
(OUATTARA et al., 2010). Estima-se que por ano cerca de 40 a 50 milhões de pessoas no
mundo são acometidas pela amebíase, e aproximadamente 40 mil evoluem a óbito (NAGATA
et al., 2012).
No Brasil, há uma ampla distribuição da amebíase. Alguns trabalhos mostram que a E.
histolytica costuma ser mais comum nas regiões norte e nordeste do país, com prevalências que
variam entre 6,8% a 29,35% (SANTOS et al., 2013).
Há duas espécies distintas, porém morfologicamente idênticas capazes de contaminar
o ser humano: a espécie patogênica e invasiva, a E. histolytica e outra de baixa virulência e não
invasiva a Entamoeba dispar. Esse fato deu origem ao complexo E. histolytica/ E. dispar
(NEVES et al., 2011)
Indivíduos com amebíase podem apresentar quadros assintomáticos ou com
sintomáticos. Nas formas sintomáticas o indivíduo infectado apresenta cólicas abdominais com
diarreia aquosa, que podem ser sanguinolentas acompanhadas de perda de peso. A E. histolytica
possui um caráter invasivo, podendo levar ao desenvolvimento de ulcerações intestinais.
Através destas ulcerações os trofozoítos podem invadir outros tecidos do corpo. O fígado
costuma ser o mais frequente, dando origem aos abcessos hepáticos. A forma hepática costuma
causar um número maior de mortes em relação as outras. Geralmente, após a ruptura do abcesso
hepático, outros tecidos costumam ser invadidos, como é o caso do trato respiratório, encéfalo,
sistema geniturinário, região perianal, pele e até ossos, sendo os três últimos raramente
observados (CORDEIRO; MACEDO, 2007).
Nos últimos anos, tem sido demonstrada a importância da investigação de coccídios
oportunistas como Cryptosporidium spp., Cystoisospora belli e Cyclospora cayetanensis. A
água é o principal veículo de disseminação, seja ela teoricamente potável ou de recreação,
podendo também ocorrer a transmissão por alimentos contaminados (CARVALHO, 2009;
MARIANO, 2014). Esses protozoários infectam pacientes imunodeprimidos e indivíduos
imunocompetentes. A doença pode ser assintomática ou sintomática. As manifestações clínicas
na criptosporidíase, na ciclosporíase e na cistoisosporíase são semelhantes e caracterizada por
surtos de diarreia aquosa, intermitente, acompanhada de dor abdominal, náuseas, vômitos e
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consequente perda de peso. A maioria dos indivíduos sem patologias que afetem o sistema
imunológico poderão se recuperar desta parasitose, sendo a doença autolimitada em 10 a 14
dias (PAINTER et al., 2015; CDC [b] [c] [d], 2015).
A criptosporidíase é considerada uma doença emergente, e estima-se que por ano ocorram
748.000 casos de infecção por Cryptosporidium spp., e que apenas 2% desses casos sejam
reportados (PAINTER et al., 2015). São várias as espécies que parasitam o homem, sendo
algumas com potencial zoonótico. O Cryptosporidium spp tem sido encontrado em crianças
com idade entre 1 e 5 anos e com diarreia (MARIANO, 2014).
O B. hominis é o parasita mais frequentemente encontrado em levantamentos
epidemiológicos, muitas vezes sendo o mais prevalente nos países em desenvolvimento,
atingindo uma prevalência de 30% a 50%. (BEYHAN et al., 2015).
A patogenicidade do B. hominis em humanos ainda não foi completamente definida, e
envolve várias controvérsias. Enquanto os indivíduos acometidos por este parasito podem ser
assintomáticos ou sintomáticos. Em casos sintomáticos o quadro clinico é composto por dores
abdominais, prurido anal, flatulência, meteorismo, náusea, vômito e diarreia. Não é evidenciada
a presença de leucócitos nas fezes. Pode haver a remissão dos sintomas sem que tenha ocorrido
tratamento específico (MACEDO et al., 2010; COYLE et al, 2012)
Além dos protozoários intestinais patogênicos, o exame parasitológico de fezes pode
detectar protozoários comensais, não patogênicos como Entamoeba coli, Endolimax nana e
Iodamoeba butschlii. A presença deles reflete o contato do indivíduo com material fecal em
água e/ou alimentos ingeridos pelo homem, e indica também hábitos de higiene precários. São
encontrados em praticamente todos os países do mundo, mais frequentemente em regiões
tropicais e subtropicais (BELLOTO et al., 2011; NEVES, 2011).
As helmintoses podem ser assintomáticas, em caso de infecções leves, e sintomáticas.
As infecções sintomáticas são caracterizadas por desencadear uma série de alterações orgânicas,
pois a localização no intestino é favorável a nutrição do helminto, devido ao fácil acesso aos
nutrientes dissolvidos. Os helmintos competem com o hospedeiro pelos micronutrientes
presentes na dieta e, além disso, modificam o epitélio intestinal diminuindo a ação de enzimas
e a absorção de nutrientes. Isto afeta o estado nutricional do indivíduo e como consequência,
pode ocasionar dores abdominais, fraqueza e mal estar, diarreia, obstrução intestinal, prolapso
retal, sangramento, desnutrição, anemia, baixo rendimento escolar e atraso no desenvolvimento
corporal das crianças infectadas (SEIXAS et al., 2011).
Os ovos e as larvas de helmintos eliminados recentemente nas fezes não são diretamente
infectantes ao homem, pois precisam de um período de amadurecimento no solo, exceto o E.
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vermicularis e o H. nana que são diretamente transmissíveis ao homem, pois não necessitarem
de um hospedeiro intermediário ou de um período de amadurecimento no solo (NEVES et al.,
2011).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2015), mais de 1,5 bilhão de pessoas
ou 24% da população mundial estão infectadas por helmintos, onde o A. lumbricoides, T.
trichiura e ancilostomídeos (Necator americanus e Ancylostoma duodenale) são os mais
prevalentes. Mais de 270 milhões de crianças pré-escolares e mais de 600 milhões de crianças
em idade escolar vivem em áreas onde estes parasitas são intensamente transmitidos,
destacando a importância da implementação de medidas preventivas e políticas sanitárias.
No Brasil, os helmintos mais comuns são A. lumbricoides e T. trichiura, sendo o
primeiro o mais frequente. (ARAUJO FILHO et al., 2011; SEIXAS et al., 2011). A distribuição
é ampla e varia de acordo com as regiões do país, podendo ocorrer tanto em zonas urbanizadas
como rurais, predominando nas áreas mais carentes, cujo solo é contaminado e onde não há
disponibilidade de água tratada e saneamento básico (ANDRADE et al., 2010).
A ascaridíase é a doença causada pelo A. lumbricoides, conhecido popularmente como
lombriga. Estima-se que cerca de 807.000 a 1,221 milhões de pessoas no mundo estão
infectados por este nematelminto, que é responsável por altos índices de morbidade e
[e]
mortalidade nos países em desenvolvimento (CDC , 2015). O A. lumbricoides é um geo-
helminto, pois possui fases de seu desenvolvimento no solo. A casca espessa de seus ovos, os
torna impermeáveis e favorece sua viabilidade no ambiente, ainda que estejam em areia seca,
por exemplo (CHEN; MUCCI, 2012). A transmissão ocorre pela ingestão dos ovos larvados
que podem ser encontrados contaminando alimentos e água, pela geofagia, pelo ato de levar as
mãos sujas a boca e por objetos contaminados (OMS, 2015; NEVES 2011).
As infestações por A. lumbricoides podem ser de baixa intensidade (3 a 4 vermes), média
intensidade (30 a 40 vermes) ou maciças (100 ou mais vermes). No primeiro caso, não ocorrem
sintomas. Já nos dois últimos casos, os vermes adultos podem causar ação espoliadora, tóxica
ou mecânica. Isso pode resultar num grande consumo de nutrientes e resultar em desnutrição,
principalmente em crianças. Além disso, reação alérgica aos antígenos do parasito pode causar
edema ou urticária, lesões pulmonares devido ao ciclo biológico do parasito, podendo resultar
na Síndrome de Loeffler (resultante de um edema pulmonar com infiltrado eosinofílico e
manifestações alérgicas, com sintomatologia semelhante a pneumonia). A complicação mais
comum é o quadro de obstrução intestinal que pode levar crianças a óbito, nestes casos é
indicado tratamento cirúrgico (ANDRADE et al., 2010).
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O T. trichiura é o agente causador da tricuríase. Estima-se que aproximadamente 1 bilhão


de pessoas estejam infectadas com esse helminto. A transmissão ocorre pela ingestão de ovos
larvados em alimentos contaminados e pela geofagia. Além disso, sua disseminação pode ser
facilitada pelo vento, pela água ou por vetores (nas patas das moscas domésticas, por exemplo)
(NEVES et al., 2011; CDC, 2015). As infecções costumam ser assintomáticas. Os casos graves
costumam ocorrer em indivíduos desnutridos, nesses casos há o comprometimento do intestino
grosso, do ceco ao reto, podendo levar ao prolapso retal (MENEZES, 2013).
Como a maioria das doenças parasitárias não pode ser diagnosticada apenas pela clínica
exibida pelo paciente, o exame parasitológico de fezes torna-se necessário para a confirmação
ou não da presença de parasitos. O exame parasitológico compreende duas principais etapas: o
exame macroscópico, onde se procura por formas macroscópicas dos helmintos que possam ter
sido eliminadas pelo hospedeiro, e o exame microscópico, realizado a partir do processamento
das amostras fecais por meio de diferentes métodos que visam concentrar as formas parasitarias
a fim de evidencia-las e identifica-las. Os métodos utilizados são: método de sedimentação
espontânea de Hoffman Pons e Janner ou Lutz, baseado na sedimentação espontânea das formas
parasitarias em água; método de Ritchie baseado na centrifugo-sedimentação utilizando
formalina a 10% e éter; método de Faust e cols, baseado na centrifugo-flutuação utilizando uma
solução de sulfato de zinco com densidade 1.18g/ml; método de Baermann-Moraes ou de
Rugai, Mattos e Brisola, baseado no termohidrotropismo das larvas; e o método direto, indicado
para pesquisa de trofozoítos em fezes frescas, e emitidas em no máximo 30 minutos. São
recomendadas colorações como a solução de Lugol, e as colorações permanentes como a
hematoxilina férrica ou o tricrômico. As colorações permanentes permitem a melhor
visualização dos protozoários e facilitam a identificação dos trofozoítos encontrados em fezes
diarreicas e pastosas. A coloração pelo Kinyoun, derivada da fucsina fenicada, é utilizada para
o diagnóstico de oocistos de coccídios intestinais (DE CARLI, 2011).
Atualmente, já existem métodos imunoenzimáticos e imunocromatográficos para
detecção de antígenos parasitários nas fezes. Além disso, a biologia molecular também pode
ser utilizada como ferramenta para a diferenciação e determinação das espécies de
enteroparasitas. Comparados com os métodos tradicionais, esses são métodos possuem um
custo mais alto, porém são muito mais sensíveis e específicos (DE CARLI, 2011).
Inúmeros autores ao redor do mundo, principalmente em países em desenvolvimento,
como no continente africano e na América latina, têm realizado pesquisas e constatado a
prevalência das parasitoses. Na província de Santiago em Cuba, Sánchez et al. (2012)
analisaram 1.253 amostras fecais de crianças e constataram uma prevalência de 37,8% de
11

enteroparasitas. Observou-se G. lamblia (15,6%), B. hominis (2,3%), E. histolytica/ E. dispar


(4,8%), T. trichiura (4,8%), A.lumbricoides (4,8%), E. vermiculares (2,5%), ancilostomideos
(2,9%), Fasciola hepatica (0,1%).
Na Venezuela, Laugart et al (2012) analisaram 262 amostras fecais de crianças com
idades entre 1 a 14 anos, e revelaram uma prevalência de 89,7% de enteroparasitoses. Foram
encontrados: E. nana (38,9%), B. hominis (36,6%), G. lamblia (32,1%), E. coli (32,1%), E.
histolytica/E. dispar (6,1%), Chilomastix mesnili (2,3%), I. butschlii (2,3%), ancilostomideos
(2,3%) e A. lumbricoides (1,9%).
Um estudo envolvendo 50 crianças, com idades entre 7 e 12 anos, realizado por Carrero
(2013) na Colômbia, revelou uma prevalência de 96% de parasitas intestinais. Das amostras
positivas, encontrou-se B. hominis (88%), E. coli (56%), Giardia intestinalis (34%), e. E.
histolytica / E. dispar (24%), C. mesnili (24%), I. butschilii (2%) e E. nana (2%).
No Egito, 300 amostras fecais provenientes de crianças com idades de 1 a 6 anos que
frequentavam o ambulatório do Assiut University Childrem Hospital foram analisadas. Foi
encontrado um percentual de 55,7% de positividade para parasitos intestinais. As espécies de
enteroparasitas detectadas foram: G. lamblia (15,7%), Cryptosporidium spp. (11,7%), B.
hominis (9,3%), E. coli (3,3%), H. nana (2,3%) e I. belli (1%) (YONES et al., 2015).
Em 2015 no Peru, um estudo realizado por Cabada et al teve o objetivo de revelar a
prevalência das geohelmintoses, anemia e desnutrição em 240 crianças com idades entre 3 a 12
anos, em seis comunidades. Neste estudo, verificou-se que 48,8% das crianças estavam com
anemia, 10% abaixo do peso e 47% das crianças encontravam-se parasitadas. Os parasitos
detectados nos exames parasitológicos foram: E. coli (23%), E. nana (19%), G. intestinalis
(9%), E. histolytica/dispar (3%), Entamoeba hartmanni (3%), A. lumbricoides (2%),
Ancilostomideos (2%), E. vermicularis (1%) e Taenia spp (1%).
No Brasil, vários estudos feitos em diferentes regiões do país demonstram que as
parasitoses se distribuem de forma heterogênea, pois as condições socioeconômicas e de
saneamento básico tendem a variar entre as regiões do país (LEITE; TOMA; ADAMIL, 2014;
MACCHIONI et al., 2015).
Em 2010, um estudo foi realizado por Santos e Merlini no município de Maria
Helena/PR, com 413 indivíduos com idade entre 0 a 89 anos. Os autores obtiveram uma
prevalência de 16% de positividade. Os parasitos mais prevalentes foram: E.nana (6,5%), G.
intestinalis (6,3%), E. coli (3,5%), A. lumbricoides (1,4%), Strongyloides stercoralis (0,7%),
E. vermicularis (0,7%), Ancilostomídeo (0,2%), E. hystolitica/ E. díspar (0,2%) e Taenia sp
(0,2%).
12

A população atendida pelo Laboratório Central do município de Chapadinha/MA, foi


alvo do estudo de Silva et al., no ano de 2010. Em um total de 3.933 amostras analisadas
observou-se uma positividade de 33,1%. E. histolytica/ E. dispar, E. coli, G. intestinalis e A.
lumbricoides foram as espécies mais prevalentes.
Lander et al (2010) estudaram a prevalência das parasitoses intestinais em escolares de
creches em Salvador/ BA, com idades entre 3 a 5 anos. Das 325 amostras fecais analisadas, 95
foram positivas para parasitas intestinais (29,2%). Dos helmintos o T. trichiura (12%) e A.
lumbricoides (10,5%) foram os mais prevalentes. Já os protozoários mais encontrados foram
G. duodenalis (12,9%) e E. histolytica / E.dispar (3,7%). Um percentual de 24,6% das amostras
positivas era de protozoários comensais.
Em duas creches de Uberlândia/MG, um trabalho foi desenvolvido por Gonçalves et al.
(2011) com 133 crianças de 6 meses a 6 anos de idade. Foi encontrada uma prevalência de
29,3% de enteroparasitos, sendo a G. lamblia (19,2%) o protozoário mais frequente, seguido
por E. histolytica (3,8%). Os helmintos detectados nas creches foram o H. nana (2,3%), o E.
vermicularis (1,5%) e o ancilostomídeo (0,8%).
Belloto et al (2011), no Município de Mirassol/SP, analisaram 310 amostras fecais de
crianças de 2 a 15 anos. A prevalência de enteroparasitas foi de 30,32%. Dentre os protozoários
detectados, a G. lamblia foi o mais frequente (15,16%), seguido da E. histolytica/ E.
dispar (0,64%). A. lumbricoides (3,55%), S. stercoralis (0,32%) e Taenia sp. (0,32%) foram
os helmintos mais prevalentes. A faixa etária de 8 a 10 anos apresentou a maior positividade
(47,37%), seguida de indivíduos da faixa etária de 2 a 4 anos (38,46%), 5 a 7 anos (36,22%) e
11 a 15 anos (30,0%).
Seixas et al (2011) realizaram um estudo com 200 escolares em Salvador, e obtiveram
uma prevalência de 94% de positividade para enteroparasitos. Detectou-se entre os helmintos
A. lumbricoides (25%), T. trichiura (10,5%), E. vermicularis (3%), S. stercoralis (2,5%),
Ancilostomídeos (1,5%) e S. mansoni (1%). Dentre os protozoários, os mais frequentes foram:
E. nana (53,5%), E. coli (43,5%), E. hystolitica/E.dispar (21,5%), G. lamblia (12%) e
I.butschlii (3%).
Em 2012, no município de Coari/AM, Silva; Silva e Freitas analisaram as fezes de 65
crianças na faixa etária de 1 a 12 anos. Os exames demonstraram uma positividade de 83,1%
para parasitos, sendo encontrados A. lumbricoides (53,7%), T. trichiura (16,6%),
ancilostomideos (15%), E. coli (9,2%) e G. lamblia (5,5%).
Belo et al (2012) desenvolveram uma pesquisa no município de São João Del Rei/MG,
em 21 escolas, sendo 6 escolas da zona urbana e 15 escolas da zona rural. Analisaram um total
13

de 1.172 amostras (711 escolares da zona urbana e 461 da zona rural). Nas escolas localizadas
na zona rural obtiveram uma positividade de 36,4%, enquanto que as escolas da zona urbanas
apresentaram uma positividade de 23,5%. Os estudantes da zona rural possuíam maior número
de fatores de risco associados a ocorrência de parasitoses intestinais que variava desde a
condição sanitária até a condição socioeconômica das famílias desta região. Do total das
amostras positivas das duas escolas, 22% apresentavam-se biparasitados ou poliparasitados. Os
protozoários mais frequentes foram E. histolytica/E.dispar (14,3%), E. coli (9,5%) e G.
lamblia (5,5%). Quanto aos helmintos o Ancylostoma spp. (2,1%), Ascaris
lumbricoides (1,9%), E. vermicularis (1,5%) e T. trichiura (1,1%) foram os mais prevalentes.
No município de Gurupi/TO os autores realizaram um estudo com crianças de 5 a 12
anos de idade, em 6 escolas públicas da região. Das 205 amostras fecais analisadas houve uma
positividade de 42,43%. Foi observado maior prevalência em crianças na faixa etária de 7 a 9
anos. Os protozoários mais encontrados foram G. lamblia (18,54%), E. coli (16,10%), E.
histolytica (7,80%). Já os helmintos mais comuns foram H. nana (7,80%), E. vermicularis e A.
lumbricoides (3,9%), ancilostomídeos (1,95%) (SILVA; TEIXEIRA; GONTIJO, 2012).
No Rio Grande do Sul, Berne et al (2012) avaliaram uma população de 165 crianças,
buscando determinar a prevalência de parasitos intestinais nas mesmas. Eles encontraram uma
prevalência de 64,2% de positividade. No estudo, os seguintes parasitos foram identificados:
G. lamblia (30,3%), T. trichiura (24,2%), A. lumbricoides (22,4%), E. coli (15,2%),
Enteromonas hominis (4,8%), E. nana (3,6%), Cryptosporidium sp. (2,4%), C. belli (0,2%) e
E. vermicularis (0,2%).
Em um assentamento de trabalhadores rurais sem-terra, em São Paulo, uma pesquisa foi
realizada durante dois anos a fim de avaliar a prevalência das parasitoses intestinais. No
primeiro ano, foram analisadas 29 amostras de crianças com idades entre 4 e 15 anos, e a
prevalência encontrada foi de 96,6% de positividade. Das espécies observadas, G.
intestinalis foi a mais frequente (96,6%), seguido de E. coli (27,6%), E. nana (13,8%). Entre os
helmintos, o mais prevalente foi o ancilostomideo (6,9%), seguido por H. nana (3,4%), T.
trichiura (3,4%), A. lumbricoides (3,4%) e S. stercoralis (3,4%). O monoparasitismo aconteceu
em 35,7% das amostras analisadas, enquanto que as infecções por mais de uma espécie de
parasita ocorreram em 64,3%. No segundo ano de estudo, foram analisadas 14 amostras fecais
e obteve-se uma prevalência de 85,7% para enteroparasitas. Das amostras positivas, 75%
apresentaram um único parasita, enquanto 25% apresentaram mais de uma espécie de
parasita. A G. intestinalis estava presente em 64,3%, E. nana em 21,5% e A. lumbricoides em
14

7,1%. A positividade não variou muito entre as diferentes faixas etárias nos dois períodos de
estudo LIMA JUNIOR; KAISER; CATISTI, 2013).
No ano de 2014, Santos et al desenvolveram um estudo em uma creche comunitária de
Florianópolis/SC, afim de verificar a prevalência de parasitoses intestinais. Foram analisadas
57 amostras fecais e uma prevalência de 61,4% foi detectada. Os principais parasitos
encontrados foram: B. hominis (40,4%), G. lamblia (24,6%), E. coli (22,8%), E. nana (12,3%),
E. histolytica/E. dispar (7,1%), E. hartmanni (1,8%), E. vermicularis (1,8%) e I. bütschli
(1,8%).

Santos, Gurgel-Gonçalves e Machado publicaram um trabalho no ano de 2014, onde


avaliaram a ocorrência de parasitos intestinais em crianças moradoras das cidades de Riacho
Fundo II e Ceilândia, localizadas no Distrito Federal. 193 crianças com idades entre 4 a 14 anos
participaram do estudo. Um total de 63,7% das crianças estavam contaminadas. Em Riacho
Fundo II os parasitos mais prevalentes foram: H. nana (44%), A. lumbricoides (30%), E. coli
27%, G. intestinalis (15%), Ancilostomideos (5%), E. histolytica/díspar (7%), T. trichiura
(4%), E. nana (3%) e I. butschlii (1%). Já na Ceilândia, os parasitos mais frequentes foram: E.
coli (23%), E. nana (19%), G. intestinalis (9%), E. histolytica/dispar (3%), E. hartmanni (3%),
Ascaris lumbricoides (2%), Ancilostomideos (2%), E. vermicularis (1%) e Taenia spp (1%).
Em uma instituição localizada em Niterói/RJ, um estudo foi feito com 43 crianças de 0
a 12 anos de idade e 25 adultos, a fim de estabelecer a prevalência das parasitoses intestinais.
70% das crianças e 44% dos adultos estavam contaminados por parasitas intestinais, e no total
houve uma prevalência de 60% de enteroparasitoses na instituição estudada. Os protozoários
encontrados foram: B. hominis (44%), E. nana (15%), G. lamblia (12%), E. histolytica/E.
dispar (10%) e E. coli (7%). Os helmintos foram: H. nana (3%), E. vermicularis (3%), T.
trichiura (1,5%) e A. lumbricoides (1,5%). A maior prevalência foi em crianças de 6 a 8 (85,7%)
(LEITE; TOMA; ADAMIL, 2014).
Para diminuir a contaminação é necessário aplicar medidas de controle capazes de
interromper os mecanismos de transmissão. Isto reforça a importância de fornecer subsidio
imediato para a conscientização da população sobre higiene, prevenção das parasitoses e
educação sanitária.
A educação em saúde visa a promoção da saúde e funciona como um processo de
ensino/aprendizagem que busca empoderar os indivíduos, de forma que estes possuam
autonomia necessária para escolher as melhores alternativas afim de transformar sua qualidade
de vida e o meio onde vivem. Para que essa pratica seja possível, o educador deve atuar como
15

um facilitador no processo de reflexão sobre a realidade em que essa comunidade está


inserida. Essas atividades auxiliam a população a evitar doenças de impacto social, como as
parasitoses intestinais. (BARBOSA et al., 2009; VICENTE et al., 2012)
As ações educativas realizadas em comunidades escolares, para a promoção da saúde,
prevenção contra as enteroparasitoses e também na preservação do meio ambiente, possui um
papel extremamente importante, pois transformam os escolares em disseminadores do
conhecimento para sua família e comunidade, onde a aplicação do mesmo gera a redução das
parasitoses intestinais. (BARBOSA et al., 2009). Além disso, por meio da educação em saúde
constrói-se o conhecimento que permite o exercício pleno da cidadania.
Silva Neto et al (2013) realizaram um trabalho na Escola Estadual Francisco Nunes, da
cidade de Pau dos Ferros-RN, com 42 crianças na faixa etária de 5 a 11 anos. Verificaram que
64,28% dos escolares apresentaram algum tipo de enteroparasitos, sendo que 21,42% dos
escolares estavam poliparasitados. A partir de tais indicadores e conhecendo a realidade a ser
trabalhada, planejaram estratégias de ações educativas com objetivo de repassar informações
que ajudassem na mudança de hábitos higiênicos e consequentemente na diminuição da
incidência de casos de enteroparasitoses. Foram realizadas oficinas, peças teatrais, dinâmicas,
produção textual, curso para boas práticas de manipulação de alimentos, e cursos sobre as
parasitoses com os professores. As crianças trabalharam na confecção de cartazes com ênfase
nas parasitoses. Os autores relataram a importância da continuidade das ações educativas pelos
professores da escola.
As ações educativas com ênfase à prevenção de parasitoses intestinais foram realizadas
por Da Cruz et al (2014), em 29 estudantes de 12 a 16 anos de idade, do ensino fundamental de
uma localidade rural do município de Uberlândia/MG. Os autores também verificaram a
ocorrência de parasitoses intestinais, constatando-se 21% de escolares parasitados e 3% de
poliparasitismo. B. hominis foi o parasito mais frequente (57,15%), seguido de E. coli e G.
lamblia com uma frequência de 14,28% cada um. As ações educativas em saúde incluíram a
aplicação de jogo didático, palestras, microscópio para visualização de estruturas dos parasitos
e mostra de exemplares macroscópicos dos parasitos, sendo avaliadas mediante a aplicação de
questionários. O jogo didático “tabuleiro da saúde” abordou as principais parasitoses de
importância médica, além de temas relativos à higiene pessoal. Os resultados dos questionários
aplicados após a realização das ações educativas apontaram uma notável melhora quanto à
assimilação de conhecimentos por parte dos estudantes.
O presente estudo foi desenvolvido no Município de Santo Amaro da Imperatriz, que
compreende a Região da Grande Florianópolis, situado ao lado da BR 282 e integra a Bacia do
16

Rio Cubatão Sul. O município é caracterizado por pequenas propriedades rurais, com lavouras
temporárias e permanentes (IBGE, 2014). Segundo o censo do IBG, a população de 2014 era
de 21.572 habitantes.
Na área rural, em relação ao abastecimento de água nas residências, 66,25% é abastecido
pela rede pública, 33,38% de poço ou nascente e 0,3% de outros. Já na área urbana, 82,64%
tem abastecimento de água pela rede pública, 17,17% de poço ou nascente e 0,9% de outros.
Quanto ao destino de esgoto, na área rural 1,88% das residências tem sistema de esgoto, 91,09%
possuem fossa séptica e 7,03% o esgoto é a céu aberto. Na área urbana, 7,22% das residências
tem sistema de esgoto, 85,95% possuem fossa séptica e 6,83% o esgoto é a céu aberto.
O presente trabalho permitiu avaliar a presença de enteroparasitoses que afetam os
escolares e o desenvolvimento de ações educativas que visam à promoção da saúde,
contribuindo para a melhora da qualidade de vida.
17

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


O presente estudo visou determinar a prevalência de parasitoses intestinais em alunos
de seis Instituições Educacionais do Município de Santo Amaro da Imperatriz, e promover a
ampliação de conhecimentos sobre saúde e parasitoses.

2.2 Objetivos Específicos


- Verificar a ocorrência de parasitas intestinais em crianças e adolescentes na faixa etária de 0
a 17 anos, do município de Santo Amaro da Imperatriz/SC.
- Relacionar os resultados do levantamento parasitológico com as condições de saneamento
local.
- Analisar as noções de higiene e quais as nomenclaturas populares sobre as parasitoses
intestinais conhecidas na comunidade.
- Proporcionar educação em saúde e medidas preventivas no combate as doenças parasitárias
humanas, promovendo um processo de aprendizado.
- Incentivar a mudança de hábitos de higiene pessoal e coletiva, para a qualidade de vida da
população.
18

3 METODOLOGIA

3.1 Locais e sujeitos do estudo


O presente estudo teve início em agosto de 2014 e finalizou-se em setembro de 2015.
Esse estudo envolveu 357 crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 17 anos de idade,
matriculados nas seguintes Instituições Educacionais do Município de Santo Amaro da
Imperatriz/SC: Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff, Escola Municipal Braço São
João, Escola Municipal Sul do Rio Cubatão, Escola Municipal Professor José Higino Martins,
Centro Educacional Antônio Rodolfo Fabrício e Escola Básica Municipal Vila Santana.
O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de Santa Catarina (No do Parecer: 802.105) (Anexo A).
As ações educativas foram realizadas em 2014 com escolares na faixa etária de 6 a 17
anos de idade, e teve a participação dos professores das referidas escolas.

3.2 Reunião com os professores, pais e/ou responsáveis pelos alunos


Foi realizado uma reunião com professores, pais e/ou responsáveis pelos alunos e os
seguintes temas foram abordados: os objetivos e metodologia da pesquisa; a importância e
benefícios de se fazer o exame de fezes; as orientações sobre a coleta das fezes; apresentação
do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (Anexo B) e “Termo de Assentimento”
(Anexo C). Os pais ou responsáveis foram informados sobre o encaminhamento dos resultados
(positivos ou negativos) dos exames parasitológicos, e aconselhados a levar as crianças ao
Centro de Saúde do Município, no contato prévio com a Secretária de Saúde, para atendimento
com o médico e adequado tratamento da parasitose. O projeto teve o apoio dos professores das
escolas, para a divulgação do trabalho aos pais ou responsáveis pelos alunos.

3.2.1 Colheita das amostras fecais


Para a coleta das fezes, foram entregues para os pais ou responsáveis nas escolas as
orientações impressas para a coleta de fezes (abaixo descrito) e os frascos coletores, contendo
solução conservante SAF (acetato de sódio, ácido acético e formol). Os frascos estavam
devidamente etiquetados com o nome, sexo e idade da criança. Após a coleta, que foi realizado
em casa, o frasco contendo as fezes foi entregue na escola juntamente com o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e Termo de Assentimento assinados pelos pais e/ou
responsáveis. Um prazo para a entrega e recolhimento das amostras era combinado com a
direção da escola.
19

Foi coletada uma amostra fecal de cada criança participante do estudo. As amostras,
preservadas em solução conservadora SAF, foram encaminhadas ao Laboratório Didático de
Parasitologia Clinica do Departamento de Análises Clínicas, do Centro de Ciências da
Saúde/UFSC e para o Laboratório de Análises Clinicas do Hospital Universitário Polydoro
Ernani de São Thiago (HU/UFSC), onde foram processadas e analisadas
3.2.2 Orientações da colheita das amostras fecais
- Não jogar o líquido conservante fora, não beber e não deixar ao alcance de crianças,
pois o líquido conservante é tóxico.

- A criança não deve estar utilizando remédio para vermes no período que vai colher as
fezes. Se estiver tomando remédio, tem que esperar de 7 a 10 dias para depois colher as fezes
para fazer o exame.
- Antes da evacuação, a criança deve urinar ou no vaso sanitário ou na privada. Isso é
para não contaminar as fezes com urina e água.

- Após, a criança deve evacuar diretamente em penico limpo e seco ou sobre uma folha
de papel, ou jornal limpo. Quando as fezes forem diarreicas ou moles, as mesmas devem ser
evacuadas em penico ou em um recipiente bem limpo e seco.
- Com o auxílio de espátula de madeira ou uma colher de plástico, colher uma porção
de fezes, do tamanho de uma noz, e colocar imediatamente no frasco contendo o líquido
conservante. A porção de fezes deverá ficar totalmente coberta pelo líquido conservante. Não
se deve encher o frasco com fezes.

- Em caso de crianças menores de 2 anos e que usam fraldas, colher as fezes da fralda
com uma espátula, logo após a evacuação.
- Após colocar as fezes no frasco, o mesmo deve ser bem fechado.
- Escrever no rótulo do frasco o nome completo, o sexo e a idade da criança e, data da
colheita das fezes.
- Conservar os frascos em temperatura ambiente até a entrega. Não precisa ser
refrigerado.

IMPORTANTE:

- Não colher as fezes contidas no vaso sanitário.


- Não devem ser usadas as fezes evacuadas no solo.
- As fezes não devem estar misturadas com urina, água e terra.
20

3.3 Métodos para o exame parasitológico das fezes

3.3.1 Métodos de sedimentação espontânea de Hoffman, Pons e Janer


Foi utilizada a técnica descrita por DE CARLI (2011). Este método tem como
fundamento a sedimentação espontânea em água de ovos e larvas de helmintos, cistos e oocistos
de protozoário, e a vantagem na recuperação de ovos considerados pesados. O uso de grande
quantidade de material fecal nesse processo favorece um diagnóstico satisfatório e seguro.
Em um frasco contendo 10 mL de água corrente, adicionou-se cerca de 4g de fezes
retiradas de vários pontos da amostra fecal. Homogeneizou-se as fezes com bastão de vidro e
acrescentou-se mais 60 mL de água corrente ao frasco. Em alguns casos misturou-se o material
fecal fixado pela solução conservante. Em seguida, a suspensão foi filtrada através de filtro
descartável (Parasitofiltro ) para um cálice cônico de sedimentação com capacidade de 200ml.
Adicionou-se água corrente até completar aproximadamente ¾ do volume do cálice. A
suspensão foi deixada em repouso durante duas horas. Após esse período, com pipeta de
Pasteur, retirou-se uma pequena porção do sedimento formado no fundo do cálice, depositando-
o sobre uma lâmina, onde adicionou-se uma gota da solução corante de Lugol e cobriu-se com
lamínula. A preparação foi examinada ao microscópio com objetivas de 10 x e 40 x.
3.3.2 Método de Faust e cols
A técnica descrita por DE CARLI (2011), foi utilizada com algumas modificações. Este
método fundamenta-se na centrífugo-flutuação de ovos, larvas, cistos e oocistos, separando-os
do excesso de detritos fecais, mediante o uso de solução de densidade elevada. Tem a vantagem
de concentrar os cistos de protozoários.
Inicialmente, foi colocado cerca de 12 mL do filtrado do método de Hoffman, Pons e
Janer, em um tubo de centrífuga com capacidade de 15ml. Centrifuga-se por 1 a 2 minutos a
650 x g. Decantou-se o sobrenadante e o sedimento foi ressuspendido em água corrente,
completando o volume de 12 ml com água e novamente centrifugou-se por 1 a 2 minutos a 650
x g. Repete-se a lavagem do sedimento até que o sobrenadante se apresentasse relativamente
claro. Após a última lavagem, decantou-se o sobrenadante, ressuspendeu-se o sedimento e
adicionou-se a solução de sulfato de zinco (densidade 1,18g/ml) até 0,5cm da borda do tubo de
centrífuga. Centrifugou-se por 1 minuto a 650 x g. Com uma alça de arame (diâmetro de 5 a
7mm), retirou-se a película sobrenadante, transferindo 3 a 4 alçadas do material para uma
lâmina de microscopia. Adicionou-se uma gota da solução corante de Lugol, cobrindo o
preparado com lamínula e observou-se ao microscópio com objetivas de 10 x e 40 x.
21

3.3.3 Método de coloração pelo Tricrômico


Foi utilizada a técnica descrita por DE CARLI (2011) nas amostras de fezes que se
apresentaram pastosas e diarreicas. Essa coloração permanente permite um minucioso estudo
da morfologia dos trofozoítos corados, ocasionalmente dos cistos e para a confirmação das
espécies.
Em um frasco adicionou-se a mistura SAF-fezes, homogeneizou-se com bastão de vidro,
e em seguida filtrou-se a suspensão através de filtro descartável para tubo de centrífuga com
capacidade de 15 ml. Centrifugou-se a 650 x g por 1 a 2 minutos, decantou-se o líquido
sobrenadante e preparar o esfregaço com o sedimento (0,5 a 1,0 ml) formado. Depois de seco,
colocou-se o esfregaço diretamente no álcool etílico a 70% durante 5 minutos, em cubas
adequadas para a coloração. Após isso procedeu-se com a continuação da coloração do
esfregaço nas seguintes etapas:
1. Álcool etílico a 70%, 5 minutos;

2. Álcool etílico a 70%, 2-5 minutos;

3. Corante tricrômico, 10 minutos;

4. Solução de álcool etílico a 90% acidificado com solução de 1% de ácido acético, 3 segundos;

5. Álcool etílico absoluto para lavar;

6. Álcool etílico a 70%, 2-5 minutos;

7. Álcool etílico a 70%, 2-5 minutos;

8. Xilol, 10 minutos.

Deixou-se o esfregaço secar, e a leitura foi feita com objetiva de 100x e com o auxílio da ocular
micrométrica para a morfometria das estruturas parasitárias.

3.3.4 Método de coloração pelo Kinyoun


Utilizou-se a técnica descrita por DE CARLI (2011) nas amostras de fezes diarreicas.
Esta coloração permite diagnosticar os coccídios intestinais.
Em um frasco adicionou-se a mistura SAF-fezes, homogeneizou-se com bastão de vidro, e em
seguida cerca de 3 ml da suspensão foram filtrados através de filtro descartável para tubo de
centrífuga com capacidade de 15 ml. Adicionou-se cerca de 3 ml de éter e agitou-se
vigorosamente por 30 segundos. Centrifugou-se a 500 x g por 10 minutos, e o líquido
sobrenadante foi decantado. Preparou-se um esfregaço com o sedimento (0,5 a 1,0 ml) formado.
Deixou-se secar a temperatura ambiente e fixou-se o esfregaço com álcool metílico por 30
22

segundos. Corou-se com o corante de Kinyoun por 5 minutos. Lavou-se com água destilada. A
solução álcool-ácido sulfúrico foi usada por 2 minutos para diferenciar. Lavou-se com água
destilada. Corou-se o fundo da preparação com solução alcoólica de azul de metileno a 0,3%
por um minuto. Lavou-se com água e deixou-se secar. A leitura foi realizada com objetiva de
100x e com auxílio da ocular micrométrica para a morfometria dos oocistos.

3.4 Análise dos resultados


A análise dos resultados dos exames parasitológicos de fezes foi realizada através de
estudos observacionais, e os dados obtidos foram analisados pelo programa estatístico MedCalc
e o teste aplicado foi o Qui Quadrado para comparação de médias, ao nível de 0,1% de
probabilidade.

3.5 Ações educativas


A realização das atividades educativas teve a participação de alunas bolsistas e
professoras do projeto de extensão/PROEX/UFSC. Foram elaborados e utilizados recursos
pedagógicos, baseando-se nas diferenças cognitivas presentes entre alunos das diversas séries
escolares. Durante as ações educativas foi possível descobrir qual era o conhecimento que os
escolares possuíam sobre verminoses e quais as nomenclaturas populares conhecidas na
comunidade. Por meio de perguntas e diálogo, e também na análise observacional do
comportamento na escola, pode se analisar as noções de higiene das crianças. As perguntas
foram: "Já ouviram falar de vermes?" "O que são?" "O que fazer para não pegar vermes?".
Para as crianças de 5 a 9 anos foi apresentado um teatro de fantoches, encenando a peça
infantil “Zé Descalço” (Anexo B), uma adaptação da obra original escrita por Cardoso, em
1998. Com uma linguagem simples e divertida a ação lúdica abordava as parasitoses e
prevenção.
Para os alunos de 10 a 17 anos de idade as ações educativas foram: oficinas com uso de
data show, e tinha como objetivo apresentar a parasitologia para alunos maiores, envolvendo
conceitos mais específicos de helmintos e protozoários. A palestra consistiu em uma
apresentação de slides contendo imagens, e baseado nelas uma linha de raciocínio era
desenvolvida para fluir na forma de diálogo, onde os alunos eram questionados sobre as
mesmas.
Após o teatro de fantoches e da palestra interativa, foram mostrados exemplares de
vermes adultos de A. lumbricoides (cerca de 30 cm), Taenia spp. (cerca de 8 m) e de E.
23

vermiculares (cerca de 1 cm), acondicionados em frascos contendo solução conservante. Além


disso, foram mostrados larvas e ovos de vermes ao microscópio, por meio de lâminas lacradas
com esmalte.
Ao final das ações educativas os escolares receberam uma tarefa de acordo com sua faixa
etária, para que pudessem demonstrar o seu aprendizado através da construção de um texto e/ou
desenhos sobre as parasitoses, transmissão e principais formas de prevenção. Os alunos de 5 a
9 anos, receberam uma folha com duas questões: - Como os vermes entram no corpo das
pessoas? - Onde os vermes ficam?
Para os alunos de 10 a 17 anos foi solicitado que escrevessem sobre o tema, utilizando a
seguinte questão: “De acordo com a palestra dada, pense e escreva sobre quais as necessidades
da sua comunidade e o que poderia ser feito para melhorar a condição dela”.
24

4 RESULTADOS

4.1 Exames parasitológicos


Do total de 613 crianças matriculadas, a adesão ao exame de fezes foi de 357, onde 180
crianças eram do sexo masculino e 177 do sexo feminino. Foram analisadas 357 amostras fecais
de crianças e adolescentes com idades entre 0 a 17 anos, matriculados em seis escolas da rede
municipal de ensino de Santo Amaro da Imperatriz/SC, no período de agosto de 2014 a
setembro de 2015.
Do total de 357 amostras analisadas, 75 (21%) apresentaram positividade para um ou
mais parasitos intestinais e em 282 (79%) nenhum parasito foi encontrado, como pode ser
observado na Figura 1.

21%

79%

Negativo Positivo
Figura 1. Porcentagem total dos resultados positivos e negativos das 357 amostras fecais analisadas.

A positividade também foi avaliada entre as escolas participantes, como pode ser
observado na Figura 2. No Centro Educacional Antônio Rodolfo Fabrício, um total de 94
crianças participaram do estudo e 23 (24,5%) delas apresentaram resultado positivo para algum
parasito intestinal. Na Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff houve 113
participantes e 19 (16,8%) apresentaram-se contaminados por enteroparasitos. A Escola
Municipal Braço São João contou com 28 participantes, sendo que 8 deles (28,6%) estavam
contaminados. Na Escola Municipal Professor José Higino Martins 16 crianças participaram e
3 delas (18,8%) apresentaram resultado positivo para parasitas intestinais. Dos 33 participantes
da Escola Municipal Sul do Rio Cubatão 5 deles (15,2%) estavam parasitados. E por fim, a
Escola Básica Municipal Vila Santana que contou com 73 participantes, apresentou 7 alunos
25

(23,3%) contaminados. De acordo com o teste do qui- quadrado, não houve diferença
estatística.

Total de alunos participantes


113 (100%)
Porcentagem de alunos
94 contaminados

16,8% 73
24,5%

33

23,3%
28
28,6%
16

18,8%

15,2%
Centro Escola Básica Escola MunicipalEscola MunicipalEscola Municipal Escola Básica
Educacional Municipal Braço São João Profº. José Sul do Rio Municipal Vila
Antônio Rodolfo Prefeito Augusto Higino Martins Cubatão Santana
Fabrício Althoff

Figura 2. Porcentagem de positividade de acordo com o número de alunos participantes por escola.

Quanto ao gênero da população estudada, entre as 75 amostras positivas, 43 (57,3%)


eram do sexo feminino e 32 (42,7%) pertenciam ao sexo masculino. Estatisticamente, não
houve diferença significativa entre eles (Figura 3).

42,70%
57,30%

Feminino Masculino

Figura 3. Frequência por gênero das 75 amostras positivas

Em relação a faixa etária dos participantes, cujo resultado foi positivo para um ou mais
parasitos, 1 (1,3%) possuía idade entre 0 a 1 ano, 17 (22,7%) entre 2 a 5 anos, 43 (57,3) entre 6
a 9 anos e 14 (18,7) entre 10 a 14 anos (Figura 4). Na faixa etária de 15 a 17 anos nenhum
parasito foi encontrado.
26

57,3%

22,7%
18,7%

1,3%

0 a 1 ano 2 a 5 anos 6 a 9 anos 10 a 14 anos

Figura 4. Frequência das 75 amostras positivas de acordo com a faixa etária (p <0,0001).

O histograma abaixo apresenta a frequência relativa da positividade para enteroparasitos


em relação as idades dos alunos. Ele demonstra que a positividade variou entre as crianças de
1 a 13 anos, e que entre as idades de 5 a 11 anos a contaminação ocorreu com maior frequência,
como se pode observar na Figura 5.

25

20
Frequência Relativa (%)

15

10

0
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Idade (anos) Crianças Parasitadas

Figura 5. Frequência relativa de positividade de acordo com a faixa etária (p <0,0001).

Das 75 amostras positivas 60 (80%) apresentavam monoparasitismo, 10 (13%)


biparasitismo e 5 (7%) poliparasitismo. As associações com duas espécies de parasitas foram:
G. lamblia + B. hominis (2 casos); B. hominis + E. nana (5 casos); B. hominis + E. coli (2
casos) e Entamoeba histolytica/E. díspar + E. coli (1 caso). O poliparasitismo ocorreu com: G.
27

lamblia + E. nana + B. hominis (1 caso); E. coli + E. nana + B. hominis (1 casos); I. butschlii


+ B. hominis + E. nana (1 caso); Entamoeba histolytica/E. díspar + E. coli + B. hominis (1 caso)
e G. lamblia + E. coli + E. nana + B. hominis + T. trichuris (1 caso).

Negativos: 80%
Positivos: 13%
79% 21%
7%

Monoparasitado Biparasitado Poliparasitado

Figura 6. Frequência de positividade segundo o grau de parasitismo. (p< 0,0001)

O grau de parasitismo também foi avaliado por escola, como pode ser observado na
Figura 7. Encontrou-se na Escola Municipal Sul do Rio Cubatão 3 alunos (60%)
monoparasitados e 2 alunos (40%) biparasitados. Já a Escola Básica Municipal Vila Santana
apresentou 13 alunos (76,5%) monoparasitados, 1 aluno (5,9%) biparasitado e 3 alunos (17,6%)
poliparasitados. Na Escola Municipal Professor José Higino Martins apenas 3 alunos estavam
contaminados e monoparasitados. A Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff contou
com 15 alunos (79%) monoparasitados e 4 alunos (21%) biparasitados. O Centro Educacional
Antônio Rodolfo Fabrício apresentou 19 alunos (82,6%) monoparasitados, 3 alunos (13,1%)
biparasitados e 1 aluno (4,3%) poliparasitado. Na Escola Municipal Braço São João 7 alunos
(87,5%) estavam monoparasitados e 1 aluno (12,5%) poliparasitado.
28

Poliparasitados Biparasitados Monoparasitados

Escola Municipal Sul do Rio Cubatão 40%


60%
17,6%
Escola Básica Municipal Vila Santana 5,9%
76,5%

Escola Municipal Profº. José Higino Martins


100%

Escola Básica Municipal Prefeito Augusto


21%
Althoff 79%
4,3%
Centro Educacional Antônio Rodolfo Fabrício 13,1%
82,6%
12,5%
Escola Municipal Braço São João
87,5%

Figura 7. Frequência de positividade segundo o grau de parasitismo, por escola.

Entre as 75 amostras positivas, 72 delas (96%) estavam contaminadas com protozoarios,


enquanto que apenas 3 (4%) continham helmintos (Figura 8). Pelo teste Qui Quadrado foi
encontrado significancia estatistica (p < 0,0001) .

4%

96%

Protozoários Helmintos

Figura 8. Frequência de helmintos e protozoários nas 75 amostras positivas (p < 0,0001).

De acordo com a Figura 9, durante o estudo foram encontrados oito tipos de parasitos
diferentes nas amostras fecais analisadas, sendo o B. hominis o mais frequente, abrangendo 56
amostras (56%). Também foram detectados E. nana em 14 amostras (14%), E. coli em 13
29

amostras (13%), G. lamblia em 12 amostras (12%), A. lumbricoides em 2 amostras (2%), E.


histolytica/E. dispar em 2 amostras (2%), I. butschlii em 1 amostra (1%) e T. trichiura em 1
amostra (1%). Não foi encontrado parasitismo por coccídios intestinais nas amostras analisadas
e coradas pelo Kinyoun.

E. A. lumbricoides T. trichiura I. butschlii


histolytica/E. 2% 1% 1%
dispar
2% G. lamblia
E. coli 11%
13%

E. nana
14%

B. hominis
56%

Figura 9. Frequência de parasitos encontrados nas 75 amostras fecais positivas.

Em relação a distribuição dos parasitos por escola (Figura 10), no Centro Educacional
Antônio Rodolfo Fabrício encontrou-se 19 (67,9%) amostras positivas para B. hominis, 4
(14,3%) para E. coli, 2 (7,1%) para E. nana, 2 (7,1%) para G. lamblia e 1 (3,6%) para E.
histolytica/E. dispar. A Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff apresentou 10 (40%)
amostras positivas para de B. hominis, 1 (3,3%) para E. coli, 7 (23,3%) para E. nana, 6 (24%)
para G. lamblia e 1 (3,3%) para A. lumbricoides. Detectou-se na Escola Básica Municipal Vila
Santana 15 (62,5 %) amostras positivas para B. hominis, 3 (12,5%) para E. coli, 3 (12,5%) para
E. nana, 2 (8,3 %) para G. lamblia e 1 (4,2%) para I. butschlii. Na Escola Municipal Braço São
encontrou-se 7 (58,3%) amostras positivas para de B. hominis, 1 (8,3% ) para E. coli, 1 (8,3%
) para E. nana, 1 (8,3% ) para de G. lamblia, 1 (8,3% ) para A. lumbricoides e 1 (8,3% ) para
T. Trichiura. A Escola Municipal Sul do Rio Cubatão apresentou 2 (25%) amostras positivas
para B. hominis, 4 (50%) para E. coli, 1 (12,5%) para E. nana e 1 (12,5%) para E. histolytica/E.
dispar. O B. hominis apresentou-se nas 3 (100%) amostras positivas dos alunos participantes
da Escola Municipal Professor José Higino Martins.
30

100,0%
B. hominis E. coli E. nana

G. lamblia E. histolytica/E. dispar A. lumbricoides

T. trichiura I. butschlii
67,9%

62,5%

58,3%

50,0%
40,0%
28,0%

25,0%
24,0%
14,3%

12,5%
12,5%

12,5%
12,5%
8,3%
8,3%

8,3%
8,3%
8,3%
8,3%
7,1%
7,1%

4,2%
4,0%

4,0%
3,6%

Centro Escola Básica Escola Básica Escola Municipal Escola Municipal Escola Municipal
Educacional Municipal Prefeito Municipal Vila Braço São João Sul do Rio Profº. José Higino
Antônio Rodolfo Augusto Althoff Santana Cubatão Martins
Fabrício

Figura 10. Frequência de enteroparasitos encontrados nas amostras fecais positivas, por escola.

4.2 Ações educativas:

Em relação às nomenclaturas populares, percebeu-se que ainda existem muitas dúvidas na


diferenciação de vermes para germes e bactérias. Algumas das crianças conhecem os vermes
como lombrigas, outras como bichos ou bichinhos.
Na pergunta “O que devemos fazer para não pegar vermes? ”, as respostas da maioria
das crianças foram: lavar as mãos todo dia, lavar os alimentos antes de comer, lavar as frutas e
saladas, tomar banho, cortar as unhas, lavar embaixo da unha, não pegar água direto no rio,
tomar “remédio de verme” para ele sair, limpar os animais domésticos (resultados não
tabulados). Nas escolas, algumas crianças lavavam as mãos e outras não, antes da merenda. Em
todos os colégios, a comida era preparada por cozinheiras da própria escola que tinham um bom
controle higiênico da cozinha. Além disso, os banheiros estavam limpos e tinha sabonete para
lavar as mãos.
31

4.2.1 Desenvolvimento das ações educativas em saúde nas escolas municipais de Santo
Amaro da Imperatriz

Figura 11. Apresentação do teatro de fantoches com a peça “Zé Descalço” Escola Básica Municipal Vila Santana,
2014.

Figura 12. Visualização de ovos e larvas de parasitos no microscópio pelas crianças da Escola Básica Municipal
Prefeito Augusto Althoff, 2014.
32

Figura 13. Visualização de exemplares de vermes adultos pelas crianças da Escola Básica Municipal Vila Santana,
2014.

Figura 14. Palestra educativa sobre parasitas intestinais e pediculose na Escola Básica Municipal Vila Santana,
2014.
33

4.2.2 Avaliação do processo de aprendizagem pelos alunos

Figura 15. Desenhos realizados por alunos de 5 a 9 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.

Figura 16. Desenhos realizados por alunos de 5 a 9 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.
34

Figura 17. Textos realizados por alunos de 10 a 17 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.

Figura 18. Textos realizados por alunos de 10 a 17 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.
35

5 DISCUSSÃO

O município de Santo Amaro da Imperatriz tem como base de sua economia a


agricultura e o turismo. A região é caracterizada por pequenas propriedades rurais e diversos
encantos naturais, que nos últimos anos vem passando por um constante crescimento urbano e
demográfico. Fatores como inadequadas práticas de higiene pessoal e coletiva, ingesta de água
e alimentos contaminados, carência de saneamento básico, podem estar presentes nessa
comunidade e aumentam a probabilidade de disseminação parasitária.
De acordo com a Figura 1, das 357 amostras fecais analisadas nesse estudo, 21%
encontravam-se parasitadas por pelo menos um parasito intestinal, e em 79% nenhum parasito
foi encontrado. Vários autores realizaram estudos semelhantes em diversas regiões do Brasil e
do mundo, porém a frequência de positividade foi bastante heterogenia devido as diferentes
metodologias empregadas, número de amostras analisadas, características epidemiológicas,
socioeconômicas e culturais da região estudada.
Lander et al (2010), em Salvador/BA, analisaram 325 amostras fecais e relataram uma
prevalência de enteroparasitos em 29,2% delas. Gonçalves et al (2011), em Uberlândia/MG,
detectaram uma prevalência de 29,3% de parasitos intestinais em 133 amostras fecais
analisadas. Comparando os resultados dos autores com o presente trabalho, nota-se que os
valores de prevalência foram aproximados nestes estudos.
Alguns pesquisadores que encontraram resultados inferiores aos deste estudo foram:
Santos e Merlini (2010), no município de Maria Helena/PR, que obtiveram 16% de
positividade, após análise de amostras fecais de 413 indivíduos; Cavagnolli et al (2015), no
município de Cunha/RS, que analisaram 341 amostras fecais e encontraram uma positividade
de 10% para parasitas intestinais.
Os estudos com taxas de prevalência superiores ao do presente trabalho foram: Seixas
et al (2011) analisaram 200 amostras fecais de escolares em Salvador/BA e obtiveram uma
prevalência de 94% de positividade; Belloto et al (2011) realizaram uma pesquisa no Município
de Mirassol/SP com 310 amostras fecais e verificaram uma prevalência de 30,32%; Silva, Silva
e Freitas (2012) em Coari/AM, obtiveram uma positividade de 83,1% para parasitos intestinais
em amostras fecais de 65 crianças; Silva, Teixeira e Gontijo (2012) no município de Gurupi/TO,
realizaram um estudo com 205 crianças e obtiveram uma positividade de 42,43%; Lima Junior,
Kaiser e Catisti (2013), num estudo ao longo de dois anos em um assentamento de trabalhadores
rurais sem-terra/SP, encontraram no primeiro ano uma positividade de 96,6% para
36

enteroparasitos, e no segundo ano a taxa de 85,7% de positividade; Santos, Gurgel-Gonçalves


e Machado (2014) realizaram um estudo com 193 crianças de duas cidades do Distrito Federal
e encontraram uma positividade de 63,7%; Santos et al (2014) analisaram 57 amostras fecais
de crianças em Florianópolis/SC e obtiveram uma positividade para parasitas intestinais de
61,4%.
A prevalência das parasitoses intestinais de acordo com cada escola participante está
demonstrada na Figura 2. O número de participantes de cada escola mostra que a adesão ao
exame parasitológico de fezes variou entre elas, devido ao número de alunos matriculados e o
interesse dos pais e alunos em participar. Mesmo tendo números de participantes bem
heterogêneos, o percentual de positividade foi semelhante entre as seis escolas, o que foi
comprovado pelo teste Qui Quadrado que não acusou diferença estatística quando foi aplicado.
Considerando-se que os pais receberam um convite e que o exame de fezes foi oferecido
gratuitamente e de forma sigilosa, percebeu-se a falta de interesse na participação por parte de
alguns pais e também, de muitos adolescentes. Em adição, algumas crianças comentavam que
já estavam tomando “remédio para vermes”.
Em paralelo ao presente estudo, as representações sociais dos escolares sobre as
parasitoses eram realizadas pelas alunas bolsistas do projeto de extensão, fornecendo relevantes
informações para o estudo. A diferente localização das escolas (ambiente urbano e maioria
rural) proporcionou diferentes debates, onde as crianças trouxeram questões de impacto social
relacionados à sua condição de vida, que pode influenciar diretamente na saúde. Um fator
relevante foi a questão sobre o abastecimento de água, onde alguns estudantes da área rural
relataram que era inexistente. Eles utilizavam água de poços, bicas e açudes. Sabe-se que esses
reservatórios podem ser contaminados com resíduos fecais, dependendo da proximidade de
fossas sépticas e de esgotos sanitários inadequados. Outra questão levantada, dessa vez por
grande parte de estudantes da região urbana, foi a poluição dos rios e da cidade, outro fator
ambiental que tem influência direta sobre a saúde da comunidade.
Um dos fatores considerados de grande importância na veiculação de cistos de
protozoários, ovos e larvas de helmintos é a água. Deve-se considerar ainda que, algumas
espécies de helmintos, mesmo sendo veiculados pela água, necessitam permanecer no solo por
um período de tempo para tornarem-se infectantes.
Em uma reunião com o Secretário de Saúde de Santo Amaro da Imperatriz foi
questionado sobre o saneamento básico do município. Ele relatou que em muitas localidades já
foi implantado o sistema de tratamento do esgoto, porém nem todas as residências fizeram a
ligação da rede de esgoto, e de água tratada. Como exemplo, ele citou que no Centro
37

Educacional Antônio Rodolfo Fabrício há saneamento básico, porém no Morro do Fabrício,


local onde a maioria dos alunos reside, não há saneamento. Esse fator pode explicar a
prevalência de parasitoses nessa localidade.
Em relação ao gênero mais acometido, pode-se observar na Figura 3 que 57,3% (43)
dos alunos infectados pertenciam ao sexo feminino e 42,7% (32) pertenciam ao sexo masculino.
O teste do Qui Quadrado foi aplicado e não houve diferença significativa entre eles. Esse
resultado se assemelha aos estudos de Santos et al. (2010) que encontraram 56,6% para o sexo
feminino e 43,6% para o sexo masculino; e de Cabral-Miranda, Dattoli e Dias-Lima (2010) que
encontraram 50,6% de positividade no sexo feminino e 49,4% no sexo masculino. Por outro
lado, Belloto et al (2011) registraram 58,51% de positividade no sexo masculino e 41,49% no
feminino; e Silva, Silva e Freitas (2012) registraram frequência de 57.4% para o sexo masculino
e 42,6% para o sexo feminino.
A frequência de positividade de acordo com a faixa etária esta apresentada na Figura 4,
que mostra uma prevalência maior para enteroparasitoses em crianças de 6 a 9 anos (57,3%). A
frequência relativa de positividade neste estudo se estabeleceu em crianças com idades entre 5
a 11 anos, conforme histograma da Figura 5. Em diversos estudos, mesmo que os autores
coloquem sua população estudada em diferentes faixas etárias, a maior prevalência ocorre
naqueles que tem idades entre 5 a 11 anos. Em Florianópolis/SC, Aguiar e Fachini (2010)
também encontraram uma prevalência de parasitoses em crianças com idades entre 6 a 9 anos
(64,8%); Belloto et al. (2011), em Mirassol/SP, verificaram maior prevalência em crianças de
8 a 10 anos (47,37%), e nos estudos de Santos et al (2014), em Florianópolis/SC, a faixa etária
mais acometida foi a de 5 a 6 anos (72,2%).
Em relação ao grau de parasitismo (Figura 6), 80% corresponde aos casos de
monoparasitismo, 13% foram de biparasitismo e 7% dos casos foram de poliparasitismo, o qual
compreendeu de 3 até 5 parasitos. Por meio do teste Qui Quadrado, observou-se a diferença
significativa (p< 0,0001) entre os resultados quando comparados ao monoparasitismo. Muitos
autores encontraram em seus estudos o predomínio do monoparasitismo: Aguiar e Fachini
(2010) observaram monoparasitismo (39%), biparasitismo (29%) e poliparasitismo (32%);
Seixas et al. (2011) relataram monoparasitismo (39%), biparasitismo (33%) e poliparasitismo
(22%); Silva, Silva e Freitas (2012) encontraram monoparasitismo (55%), biparasitismo (37%)
e poliparasitismo (7,4%).
O grau de parasitismo foi avaliado entre as escolas (Figura 7), observando-se o
predomínio do monoparasitismo entre elas. O teste do teste Qui Quadrado foi aplicado visando
38

comparar o monoparasitismo, o biparasitismo e o poliparasitismo por escola e não houve


diferença significativa.
O hospedeiro humano pode albergar diferentes espécies de enteroparasitas e se o meio
ambiente apresentar graus elevados de contaminação, pode aumentar a probabilidade de
infecções com poliparasitismo (NEVES et al., 2011). O predomínio do monoparasitismo
possivelmente pode estar relacionado a competição dos parasitos pelo mesmo habitat, baixa
frequência com que o hospedeiro entra em contato com o meio ambiente contaminado por
diferentes espécies, limitações dos métodos utilizados e número de amostras analisadas
(ORLANDINI; MATSUMOTO, 2010).
De acordo com a Figura 8, houve um predomínio de protozoários (96%) em relação aos
helmintos (4%), o que acarretou em uma diferença significativa no teste Qui Quadrado
(p<0,0001). O predomínio de protozoários também foi observado porAguiar e Fachini (2010),
que encontraram 58,7% para protozoários e 23,8% para helmintos. Silva et al (2010) que
obtiveram um percentual de 80,1% para protozoários e 19,9% para helmintos. Santos et al
(2014) que detectaram 61,4% de protozoários e 1,8% de helmintos. Esses resultados podem
estar associados a contaminação da água ou de alimentos, sendo necessário uma maior
investigação.
Como pode ser observado na Figura 9, o B. hominis foi o protozoário mais encontrado
com 56% de positividade. Muitos autores no Brasil também detectaram o B. hominis como o
parasito mais frequente em seus estudos: Silva-Neto et al. (2010) encontraram nas duas etapas
de seu estudo, uma porcentagem de 31% e 38%; Pezzani et al. (2012) obtiveram uma
porcentagem de 27,5% em crianças da zona suburbana e 11,9% da zona rural; Santos et al.
(2014) encontraram um percentual de 40,4%; Leite, Toma e Adamil (2014) detectaram um
percentual de 44% para esse protozoário. Na Venezuela, Laugart et al (2012) detectaram B.
hominis como o segundo parasito mais encontrado com percentual de 36,6%, e na Colômbia,
Carrero (2013) encontrou 88% de positividade para B. hominis.
O B. hominis é um protozoário de natureza pleomórfica, cuja presença é amplamente
variável no Brasil e no mundo. Ele é facilmente encontrado em estudos epidemiológicos
podendo ser o parasito mais prevalente, em determinadas regiões, principalmente em países em
desenvolvimento. Este protozoário causa infecção tanto em seres humanos como em animais
(COYLE et al., 2012; BEYHAN et al., 2015).
A elevada frequência de B. hominis tem sido associada com a carência de higiene,
ingestão de consumo de água e alimentos contaminados e contato com animais (BEYHAN et
al., 2015).
39

Na Figura 9, E. nana (14%), E. coli (13%) e G. lamblia (11%) estão entre os


enteroparasitos mais frequentes encontrados nesse estudo. Santos e Merlini (2010) e Gomes et
al. (2010) encontraram esses três protozoários como os mais prevalentes em seus estudos,
ocorrendo divergência apenas entre as porcentagens obtidas.
No presente estudo, a taxa de ocorrência verificada para G. lamblia foi semelhante aos
estudos de Aguiar e Fachini (2010) que encontraram 12,64% de positividade para G. lamblia,
e de Barreto et al. (2012) que verificaram 13% de positividade. Santos et al. (2014) e Machado,
Campos e Nascimento (2014) encontraram resultados superiores para G. lamblia: 24,6% e 24%,
respectivamente. Na Colômbia, Carrero (2013) encontrou um resultado de 34% de positividade,
e no Peru Cabada et al (2015) verificaram uma positividade de 27,5%. Resultados inferiores
foram encontrados por Silva; Silva e Freitas (2012) e por Belo et al (2012) que encontraram,
cada um, a frequência de 5,5% para G. lamblia.
G. lamblia é um protozoário patogênico que ocorre com grande frequência no mundo,
principalmente nos países em desenvolvimento, sendo comumente encontrado infectando
crianças (ANDRADE et al., 2010). Neste estudo, a ocorrência de G. lamblia pode estar
relacionada com a ingestão de cistos pela água ou alimentos contaminados, pela transmissão
interpessoal entre as crianças, pois os cistos são infectantes quando eliminados nas fezes ou
pela resistência dos cistos ao tratamento da água com cloro (NEVES et al., 2011; BORGES;
MARCIANO; OLIVEIRA, 2011). A presença de animais domésticos como o cão e o gato nas
residências dos escolares, pode estar contribuindo para a ocorrência de G. lamblia (SANTANA
et al, 2014).
E. histolytica/E. dispar foi encontrada em 2% das amostras fecais analisadas (Figura
9). Este resultado divergiu bastante quando comparado com os de outros autores, sendo que foi
superior ao encontrado por Belloto et al (2011), que obtive um percentual de 0,64%. Em 2010,
Aguiar e Fachini verificaram um índice de 8,04% de positividade, sendo superior ao deste
trabalho. A análise da amostra fecal detectou cistos e trofozoitos do referido protozoário, sendo
que a coloração tricrômica permitiu um estudo minucioso das características morfológicas dos
trofozoítos.
E. coli, E. nana e I. butschlii, embora não sejam considerados patogênicos, e sim,
protozoários comensais, sua presença nos exames parasitológico de fezes é um forte indicativo
de que os indivíduos estão sendo expostos a contaminação fecal do ambiente, da água e de
alimentos, compartilhando as mesmas vias de transmissão dos parasitos patogênicos
(BORGES; MARCIANO; OLIVEIRA, 2011).
40

Quanto aos helmintos, foram encontrados neste trabalho A. lumbricoides em 1,9% e T.


trichiura em1% dos casos (Figura 9). Resultados semelhantes ao deste estudo foram
encontrados por Laugart et al (2012) que verificaram um percentual de 1,9% para A.
lumbricoides; e por Leite, Toma e Adamil (2014) que encontraram para T. trichiura (1,5%) e
A. lumbricoides (1,5%). Os resultados superiores foram: Belloto et al (2011) para A.
lumbricoides (3,55%); Silva; Silva e Freitas (2012) para A. lumbricoides (53,7%) e T. trichiura
(16,6%); Lima Junior; Kaiser e Catisti (2013) para A. lumbricoides (3,4%) e T. trichiura
(3,4%). No Peru, Cabada et al (2011) registraram 14,2% de positividade para A. lumbricoides
e 1,3% para T. trichiura; em Cuba, Sánchez et al. (2012) encontraram 4,8% para A.
lumbricoides e T. trichiura.
O presente estudo chama atenção para a baixa prevalência de helmintos nessa região,
fato que pode ser explicado pela crescente utilização da automedicação. Em adição, também
justifica-se que os geohelmintos podem não estar circulando em algumas das localidades
estudadas, e ainda, que o fato das crianças usarem calçados, podem estar tendo menor contato
com larvas de helmintos que infectam por via cutânea (Santos et al, 2014).
O E. vermicularis não foi encontrado neste trabalho, pois o exame parasitológico de
fezes não é suficientemente sensível para a detecção desse helminto, sendo o melhor método o
do Graham ou fita adesiva (NEVES et al., 2011).
A Figura 10 demonstra a frequência dos enteroparasitos encontrados nas amostras fecais
positivas por escola. O B. hominis estava presente em todas as escolas e foi o mais prevalente,
exceto na Escola Municipal Sul do Rio Cubatão, onde a E. coli foi mais prevalente. Em relação
aos outros protozoários, o complexo E. histolytica/E. dispar estava presente apenas no Centro
Educacional Antônio Rodolfo Fabrício (3,6%) e na Escola Municipal Sul do Rio Cubatão
(12,5%); I. butschlii presente apenas na Escola Básica Municipal Vila Santana (4,2%); G.
lamblia e E. nana não estavam presentes na Escola Prof. José Higino Martins. Os helmintos
apareceram somente na Escola Municipal Braço São João (8,3%) e na Escola Básica Municipal
Prefeito Augusto Althoff (4%).
Em relação à água fornecida pela CASAN e sistema de esgoto nas referidas escolas,
as informações fornecidas pelo Secretário de Saúde, Sr. Willian Westphal foram: na Escola
Prefeito Augusto Althoff, Escola Vila Santana, Escola Braço São João, Escola Sul do Rio
Cubatão e Escola Professor José Higino Martins a água é fornecida pela CASAN e o esgoto é
com fossa individual. Já no Centro Educacional Antônio Rodolfo Fabrício a água é fornecida
pela CASAN e existe rede de esgoto.
41

No momento das ações educativas uma aluna da escola vila Santana ao observar o
exemplar do verme adulto de A. lumbricoides relatou: “Então é isso que eu tenho na minha
barriga! Eu fui ao médico e fiz o exame e ele disse que eu tinha lombriga. Agora minha mãe
está me dando remédio para matar a lombriga. ” Esse relato mostra que existiu parasitismo por
A. lumbricoides em criança da escola Vila Santana, mas devido o tratamento com anti-
helmíntico, não foi encontrada positividade na amostra fecal.
Durante as ações educativas ao serem questionados sobre o uso de “remédio para
vermes”, a grande maioria dos alunos respondeu que fazia uso pelo menos uma vez por ano. É
importante ressaltar que o uso de medicamentos no ano favorece ocorrência de um número
maior de casos negativos (BARRETO et al., 2012). Cavagnolli et al. (2015) realizaram um
estudo no município de Cunha/RS, onde 85,9% dos participantes confirmaram fazer uso de
algum antiparasitário, sendo que 22,6% afirmaram ingerir Albendazol, 10,3% Mebendazol e
3,8% Nitazoxanida. Eles adquiriam esses medicamentos em farmácias ou retirando na unidade
de saúde exclusivamente com prescrição médica (55,9%). O uso de antiparasitários sem a
realização do exame parasitológico de fezes é infundado, pois sabe-se que em casos realmente
positivos de enteroparasitoses, se o tratamento não for realizado corretamente e não houver
eliminação da fonte de contaminação, poderá ocorrer reinfecção. Além disso, para o tratamento
dos diferentes parasitos é necessário utilizar diferentes antiparasitários em diferentes
concentrações (CAVAGNOLLI et al., 2015).
No ano de 2007, Silveira realizou um estudo em Santo Amaro da Imperatriz que deu
origem a sua dissertação de mestrado. No referido trabalho, a autora visou relacionar a
prevalência das enteroparasitoses com as condições de saneamento básico. Foi realizado um
levantamento de resultados de exames parasitológicos de 1433 indivíduos na faixa etária de 0
a maiores de 18 anos, nos anos de 2003 a 2005. Obteve-se uma prevalência de 33,08% para
enteroparasitas, com predominância de protozoários. A faixa etária de 4 a 6 anos foi a mais
infectada. Os parasitos encontrados foram: G. lamblia (35,04%), A. lumbricoides (17,41%), E.
vermiculares (15,63%), E. coli (12,28%), E. nana (9,6%), T. trichiura (3,57%), E. histolytica/E.
dispar (3,57%), Ancilostomideos (0,89%), S. stercoralis (1,34%) e I. butschilii (0,67%).
Comparando os resultados de Silveira (2007) com a presente pesquisa, nota-se que a
prevalência para enteroparasitoses encontrada pela autora foi um pouco superior, porém a
prevalência de protozoários sobre os helmintos também foi detectada neste trabalho. Em relação
aos helmintos, no atual estudo não foram encontrados E. vermicularis, ancilostomideos e S.
stercoralis. Por outro lado, Silveira (2007) não encontrou B. hominis em seu estudo. Ao concluir
seu estudo, a autora alegou que além do acesso ao saneamento básico, é necessário implementar
42

medidas complementares como as ações educativas, ferramenta esta que foi proposta e utilizada
no presente trabalho, afim de impactar de maneira positiva na qualidade de vida da população.

As ações educativas realizadas com escolares, para a promoção da saúde, prevenção


contra as parasitoses intestinais e pediculose, e também na preservação do meio ambiente,
possui um papel extremamente importante, pois transformam os escolares em disseminadores
do conhecimento para sua família e comunidade, onde a aplicação do mesmo gera a redução
das parasitoses intestinais. (BARBOSA et al., 2009; Da Cruz et al, 2014). Em adição, por meio
da educação em saúde constrói-se o conhecimento que permite o exercício pleno da cidadania.
As Figuras 11, 12, 13 e 14 representam as atividades realizadas nas seis escolas participates
deste trabalho. Durante a encenação do teatro de fantoches (Figura 11) foi possivel perceber
que as crianças estavam envolvidas, atentas e empolgadas com a atividade e manifestaram suas
duvidas, seus conhecimentos e suas emoções de forma espontânea. As crianças, principalmente
as mais novas, demonstraram grande afeto pelo personagem principal da peça “Zé descalço”
(CARDOSO,1998), e muitas vezes o aconselhavam sobre a prevenção das parasitoses,
demonstrando que tinham perfeita noção de aspectos errados como mãos e unhas sujas, pés
descalços, comer alimentos que caem no chão, por exemplo. Em algumas escolas foi percebido
que os professores incentivavam a lavação das mãos com sabonete antes de comer, pequenos
gestos que podem fazer grande diferença na aprendizagem dessas crianças.
A visualização dos ovos e larvas de parasitos no microscópio (Figura 12) e dos
exemplares de vermes adultos (Figura 13) foi uma atividade realizada com crianças na faixa
etária de 6 a 17 anos. Esse momento foi o mais esperado pelos alunos devido a oportunidade
de entrar em contato com coisas novas. O objetivo era mostrar os vermes e esclarecer que eles
possuem formas e tamanhos diferentes, e que os ovos e larvas só podem ser vistos com o auxílio
de um microscópio. Além disso, teve-se o intuito de promover o despertar cientifico nesses
escolares. Todos demonstraram grande interesse em ver no microscópio e saber mais sobre
formas parasitarias. Durante essa atividade, aproveitou-se para consolidar ainda mais os
conhecimentos acerca da educação em saúde e para o esclarecimento de mais dúvidas.
A palestra educativa sobre parasitas intestinais (Figura 14) foi realizada para os alunos
com idade a partir de 10 anos. Durante essa atividade houve um grande envolvimento e interesse
por parte dos alunos, fato que surpreendeu a equipe. As palestras seguiram sendo muito
interativas, funcionando como uma conversa entre os alunos e o palestrante, de forma que a
maioria demonstrou e manifestou suas duvidas e suas vivências. Houve também a participação
43

dos professores no debate e dúvidas. Foi possível perceber que o desenvolvimento das ações
educativas contribuiu para a ampliação de conhecimentos sobre parasitoses.
Ao final de cada atividade educativa, os alunos receberam uma tarefa de acordo com
sua faixa etária, para que esses pudessem demonstrar sua compreensão do tema que lhes foi
apresentado. Crianças de 5 a 9 anos receberam uma folha com as seguintes questões: “Como
os vermes entram no corpo das pessoas?” e “Onde os vermes ficam?”. Foi solicitado que
respondessem essas questões através de desenhos ou frases. Para os alunos de 10 a 17 anos foi
solicitado que discorressem sobre o tema, utilizando a seguinte questão: “De acordo com a
palestra dada, pense e escreva sobre quais as necessidades da sua comunidade e o que poderia
ser feito para melhorar a condição dela”. Com base nos desenhos entregues e na analise dos
textos (Figura 15, 16, 17 e 18), notou-se que houve uma compreensão acerca do tema, e que as
noções basicas de higiene e cuidados que previnem a transmissão de parasitoses intestinais
ficaram claras para os participantes. Além disso, os alunos conseguiram identificar os
problemas de sua comunidade e em alguns casos, deram sugestões de como resolve-los.
44

6 CONCLUSÕES

- O presente estudo mostrou que a taxa de prevalência para enteroparasitoses nos escolares foi
relevante do ponto de vista epidemiológico.
- A automedicação é um fator muito difundido na comunidade estudada. O uso indiscriminado
de medicamentos antiparasitários pode ter contribuído para o maior número de casos negativos.
- Houve uma prevalência significativa de protozoários sobre os helmintos.
- O B. hominis foi o parasito mais prevalente no estudo e o mais frequente na maioria das escolas.
- A presença de protozoários comensais, que em algumas vezes foi encontrada em altas
porcentagens, indica que a contaminação fecal oral está ocorrendo nesses indivíduos. Isso torna-
os propícios a adquirir parasitos patogênicos, pois estes possuem a mesma via de transmissão
que os comensais.
- A água é fornecida pela CASAN, entretanto, a carência de água tratada e de rede de esgoto em
algumas localidades, contribui para a disseminação das parasitoses intestinais na população.
- A maioria dos alunos participantes do estudo demonstrou possuir noções básicas de higiene,
mas em contrapartida poucos tinham noções básicas acerca das enteroparasitoses.
- A implementação de programas de educação em saúde é de grande importância, visto que
através delas pode-se interferir no mecanismo de transmissão de diversas moléstias que atingem
a população.
- As ações educativas para a promoção da saúde devem ser contínuas, pois transformam as
crianças em disseminadores do conhecimento para sua família e comunidade, atuando de forma
ativa na melhoria do meio em que vivem.
45

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8 ANEXOS
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de Santa Catarina (No do Parecer: 802.105).
53
54

ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


55
56

ANEXO C – Termo de Assentimento


57
58

ANEXO D – Adaptação da peça teatral infantil “Zé Descalço”

Narrador Olá galerinha!


O meu nome é.......................... e hoje eu vim contar uma história que aconteceu há
algum tempo com um coleguinha que morava perto da minha casa.
O bairro onde eu moro é bem animado tem muitas arvores de frutas e dois riachos
pertinho das casas, onde a criançada adorava se banhar. Já faz algum tempo que não
podem mais brincar nos riachos, porque o meu bairro cresceu muito e as pessoas
passaram a jogar lixo dentro deles. Agora as crianças só brincam nas calçadas, nos
terrenos, soltam pipa, jogam bola.
Mas eu vim contar a vocês a história de um menino que vivia lá e que não participava
de nenhuma das nossas brincadeiras. Ele se chamava José e como ele nunca usava
nenhum tipo de calçado, a turma passou a chama-lo de Zé descalço.
Vamos ver como tudo aconteceu?
Dona Neusa Zé levanta dessa cama, meu filho.
Vai lá fora dar uma volta, tomar um ar, brincar um pouco.
Zé descalço Levanta e vai até a janela. Fica espiando as crianças e resmunga:
Não sei o porquê acham tão legal ficar correndo atrás de uma bola, ou ficar soltando
pipa. Gosto mesmo é de ficar aqui na minha caminha, deitadão, só descansando.
Dona Neusa Falando sozinha enquanto enxugava uma panela:
Não sei o que esse menino tem! Só quer ficar deitado e sempre reclama de dor de
barriga. Parece até que está sempre doente!

Zé descalço Acho que vou dar uma volta no pátio.


(Sai com o dedo no nariz, assoviando pela casa).
Na porta da cozinha encontra sua irmã:
Oi Clara, tudo bem contigo?
Clara Tampando o nariz para se proteger do mau hálito do irmão:
Credo Zé parece que você não escova os dentes desde que nasceu!
Como é que você pretende conquistar a Mariana fedendo desse jeito moleque?
Zé descalço Deixa de ser enjoada mana.
Eu escovei os dentes a pouco tempo, acho que na semana passada
Dona Neusa Em um tom mais severo, retruca:
Deixa seu irmão, Clara.
Ele mal saiu da cama.Depois ele escova os dentes.
Clara Mãe!!! E esses pés descalços?
Vai colocar um chinelo, Zé!
As crianças do bairro colocaram um apelido nele por causa disso.
Agora todo mundo chama ele de Zé descalço!
Clara sai rindo.
Dona Neusa Filho, sua irmã tem razão.
Vai colocar um chinelo nos pés e escovar esses dentes. Anda filho!
Zé descalço Da de ombros e sai andando de mansinho:
Não sei porque o pessoal pega tanto no meu pé. Pra que toda essa frescura?
Narrador FRESCURAAAAAAA???
O Zé pisava em cima de tudo: poça de lama, areia com cocô de cachorro, água parada.
Um verdadeiro desastre!
As unhas? Ele não cortava e não deixava ninguém cortar. Elas eram pretas, cheias de
sujeira embaixo.
Ele dizia que as unhas cumpridas o ajudavam a cortar folhas de papel e para se coçar.
Zé descalço Em seu passeio pelo pátio, resmunga:
Que fome. Vou voltar para casa e pegar alguma coisa para comer.
Dona Neusa Já voltou do passeio, filho?
Zé não mexe no pão com as mãos sujas!
Olha a dor de barriga menino!
Zé descalço Com cara de espanto retruca:
Que é isso mãe, minhas mãos estão bem limpinhas. Eu lavei ontem a noite. Que mania
de implicar comigo.
Vou pegar o pão e nem vai acontecer nada.
Dona Neusa Mas Zé você foi ao banheiro hoje de manhã!
Tem certeza que suas mãos estão limpinhas?
Zé descalço Responde com vontade:
Mãe eu vou sair! Já volto.
No caminho ele derruba o pedaço de pão:
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Ops!! Caiu mas vou comer mesmo assim, esse chão nem tá sujo.
Assim que saiu do portão, viu Mariana passando:
Oi Mariana, tudo bom contigo?
Mariana Sim Zé, tudo bem.
Mas acho que com você as coisas não vão bem!
O cabelo, ainda não penteou! Os dentes, eu acho que não escovou! E o banho?
Também não rolou?
Zé descalço Que é iiiiiiiiiiiiiiisso Mariana!
Até você pegando no meu pé?
Assim não tem como a gente ser amigo. Mas... (Zé tenta abraçar Mariana).
Mariana Não Zé! Não vai dar mesmo!
Você precisa se cuidar melhor, não ta vendo que é por isso que todos estão se
afastando de você?
Zé descalço AAAA! Mas vocês não me entendem mesmo!
Olha Mariana, se você pensa assim também, o problema é seu.
(Ele dá meia volta e deixa Mariana sozinha).
Narrador O Zé voltou para casa e foi deitar em sua cama, sem nem ao menos limpar os pés.
Lavar as mãos e escovar os dentes? Nem pensar.
Pentear o cabelo? Nunca!
Não demorou muito e ele gritou desesperado para sua mãe:
Zé descalço Mããããeeeee, a dor de barriga voltoooou!
Está muito forte!
Acho que não vou conseguir chegar ao banheiro!
Dona Neusa Filho, calma, que a mãe já vai!
Dona Neca! (Grita para uma vizinha).
O que eu faço agora? O chá que eu sempre dou para o Zé não faz mais efeito. A conta
na farmácia já esta nas nuvens de tão alta.E ele esta gritando de dor na barriga!
Dona Neca Leva ele para o Posto de Saúde, fiquei sabendo que tem uma médica pediatra nova
por lá, muito boa. Corre porque se é emergência, não precisa ficar na fila!
Dona Neusa Obrigada Dona Neca, vou aceitar seu conselho.
Narrador Enquanto isso, Zé gemia de dor.
Dona Neusa Filho, vamos tomar um banho morno porque vou te levar no Posto de Saúde para uma
consulta.
Zé descalço “PRA QUE” MÃE!
Eu já vou ficar bom!
Dona Neusa Me obedeça, menino!
Vamos logo antes que fique pior.
Zé descalço Tá bom, mãe.
Narrador Chegando lá, Zé foi logo atendido e mandado para o consultório da médica. Ele foi
cuidadosamente examinado.
A médica ficou espantada com o estado do menino:
Médica Olha mãezinha, seu filho não esta nada bem.
Ele está muito pálido, com a barriga enorme. Deve estar cheio de vermes.
Dona Neusa Não doutora.
Toda vez que o Zé reclama de dor de barriga, eu faço um chá de ervas e depois preparo
uma garrafada para ele tomar.
Quando não adianta, eu vou na farmácia e compro um remédio.
Médica Não, dona Neusa!
Só o médico pode receitar remédio de vermes, e somente com o exame de fezes feito
recentemente.
Dona Neusa, o Zé costuma andar calçado?
Lava as mãos depois de ir ao banheiro e antes das refeições?
Toma banho todos os dias?
Corta as unhas?
Dona Neusa Ah doutora! O danado não para um minutinho calçado e vive sujo, e tudo que vê no
chão coloca na boca.
Lavar as mãos, nem pensar.
Cortar as unhas é uma guerra.
Escovar os dentes, de vez em quando (uma vez por semana).
Acho que o meu filho não tem jeito mesmo.
Médica Pois é mãezinha.
Não vai adiantar eu pedir o exame de fezes e receitar o remédio de vermes correto, se
ele não mudar esses hábitos feios que tem.

Veja vou lhe explicar algumas coisas:


(Neste momento fazer interação com as crianças).
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Podemos pegar vermes principalmente pela água, alimentos e até pela terra, se
estiverem contaminados. E pela falta de higiene. Isso porque geralmente os vermes
entram no nosso corpo pela boca ou penetram pela pele.
Os vermes são transmitidos pelos seus ovinhos e larvas, que são muito pequenos e
não conseguimos enxergar.
Esses vermes prejudicam muito o nosso corpo, podendo causar diarreias, vômitos,
anemias, dores na barriga e fraqueza.
Devemos prevenir as infestações com cuidados de higiene que é a melhor maneira de
lidar com esses vermes.

(Aqui, fazer aparecer os vermes (lombrigas) que passam a acompanhar tudo que a
médica fala).
Dona Neusa Doutora, o que eu devo fazer para ajudar meu filho a se livrar desses vermes?
(Perguntar para as crianças)
Médica Deve insistir para que o Zé ande sempre calçado, para que ele corte e limpe as unhas,
para que ele lave as mãos antes das refeições e após ir ao banheiro.
Lavar bem as frutas e verduras antes de comê-las e beber água tratada, que pode ser
filtrada ou fervida.
Se na sua casa tem poço, você deve ferver a água e depois colocá-la em um filtro, para
que ela possa ser consumida.
Dona Neusa Olha doutora, nós temos um poço lá em casa, mas o pai do Zé cuidou para construir
ele bem longe da fossa sanitária.

Perguntar para as crianças:


De onde vem a água que chega à casa de vocês?
Médica Muito bem dona Neusa!
Agora só mais um detalhe:
O Zé tem algum animal de estimação?
Dona Neusa Tem sim doutora. Um cachorrinho.

Perguntar para as crianças:


Vocês têm algum bichinho de estimação?
Médica Então dona Neusa, não é bom que as crianças convivam muito perto dos animais, por
exemplo, dormindo com eles ou até abraçando, beijando.
Cães e gatos também podem transmitir vermes, por isso eles devem ter um local próprio
para fazer suas necessidades, de preferência uma caixa de areia.
Os porcos e os bois e vacas também podem transmitir vermes através da carne
contaminada, por isso é muito importante cozinhar bem a carne.
Dona Neusa Puxa doutora, quanta coisa eu aprendi hoje nessa consulta!

(As lombrigas olham e ficam assustadas).


Narrador Enquanto isso, Zé, que estava deitado na maca, ouvia tudo e como não era bobo nem
nada, prestou atenção na conversa toda, e resmungando na maca disse:
Zé descalço De hoje em diante vou ser um novo menino.
Vou mudar essa minha vida.
Vou tomar banho, pentear os cabelos, cortar as unhas, escovar os dentes, fazer esforço
para andar calçado, e vou lavar sempre as mãos depois de ir ao banheiro e antes de
comer.
Se eu fizer tudo certinho eu vou poder voltar a correr e brincar com o pessoal lá do
bairro, e não vou precisar tomar remédios e Injeções!
Vou me transformar no Zé: o bonitão!
E aí vou conquistar o coração da Mariana, hehehehe.

(As lombrigas saem com mochilinhas nas costas, e bem tristes, deixando o corpo do
Zé).
Narrador E assim acontece.
Hoje, Zé está com 15 anos e é o craque da bola no bairro.
Todos na rua voltaram a serem seus amigos e pararam de chamá-lo de Zé descalço.
Zé descalço (Aparece o boneco limpo - Zé, o bonitão).
E vocês querem saber de uma coisa?
Agora a Mariana é minha namorada.

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