TCC Jessica Daiane Rosa
TCC Jessica Daiane Rosa
TCC Jessica Daiane Rosa
Florianópolis,
2015
Jéssica Daiane Rosa
Florianópolis,
2015
1
AGRADECIMENTOS
Primeiramente aos meus pais, pelo apoio incondicional, pela paciência e pelo incentivo.
Vocês sempre serão minha maior fonte de inspiração independente do que aconteça, pois são
meus maiores exemplos de força, coragem e perseverança.
Agradeço a minha querida orientadora, professora Lenilza, pela dedicação e empenho
prestados. Obrigada por todos os ensinamentos, pelo carinho, pela atenção e pela magnífica
oportunidade de participar deste projeto, pois ele foi a melhor coisa que eu fiz desde que entrei
na faculdade.
Ao meu melhor amigo, Guilherme, minha eterna gratidão por sempre acreditar no meu
potencial e pelo apoio nos momentos mais difíceis e desesperadores da minha vida. Obrigada
por estar sempre presente.
Agradeço minhas queridas colegas de faculdade, Camila e Flávia. Obrigada pelos anos
de companheirismo, de cumplicidade, de paciência e de ótimas risadas. Esse tempo ao lado de
vocês me mostrou que nada na vida é totalmente ruim, pois se fosse eu não teria encontrado
vocês.
Ao Professor Ronaldo Salum, que idealizou e possibilitou o desenvolvimento desse
maravilhoso projeto em Santo Amaro da Imperatriz.
A secretaria de Saúde e Educação do município de Santo Amaro da Imperatriz por toda
pelo apoio e colaboração.
A todos os alunos, professores, diretores e funcionários das escolas participantes: muito
obrigada pelo carinho, apoio, disponibilidade e interesse na contribuição para a realização desse
trabalho. Foi um imenso prazer conhece-los, estar com vocês e ter a oportunidade de trocar
experiências e conhecimentos com todos vocês.
Agradeço as minhas colegas Emília, Natalia e Bruna, que trabalharam junto comigo
como bolsistas na execução deste projeto. Foi ótimo compartilhar com vocês momentos
maravilhosos sempre repletos de muita troca de vivências e conhecimentos.
Ao bioquímico Marcellus, do setor de parasitologia do Hospital Universitário e aos
colegas estagiários que passaram por lá, pelo apoio e colaboração na pesquisa.
Aproveito para agradecer ao querido professor Marcos, pelo auxilio prestado em relação
aos dados estatísticos, pela paciência e pela atenção. O senhor além de ser um grande professor
é uma pessoa maravilhosa.
A todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para que este trabalho fosse
realizado: gratidão.
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RESUMO
Atualmente, no Brasil as enteroparasitoses ainda são muito frequentes em diversas regiões. Esse
fato está relacionado com a ausência de saneamento básico e a inadequada higiene pessoal e
coletiva da população. Este trabalho teve como objetivo diagnosticar as enteroparasitoses em
escolares de seis Instituições Educacionais do município de Santo Amaro da Imperatriz/SC,
com idades entre 0 a 17 anos, e promover a ampliação de conhecimentos sobre saúde e
parasitoses através de ações educativas. Foram analisadas 357 amostras de fezes, conservadas
em solução SAF, através do método de Lutz e de Faust e cols. Em amostras diarreicas também
foram realizadas as colorações tricrômica e pelo Kinyoun. As ações educativas, sobre
parasitoses e suas formas de prevenção, foram desenvolvidas através de teatro de fantoches para
as crianças de 5 a 9 e palestra interativa para alunos de 10 a 17 anos. Para analisar a eficiência
das ações educativas, os alunos receberam uma tarefa de acordo com sua faixa etária
(construção de um texto e/ou desenhos sobre o tema). Na análise das amostras fecais observou-
se que 21% foram positivas para enteroparasitas, encontrando-se uma maior prevalência na
faixa de etária de 6 a 9 anos (57,3%). Das amostras positivas, 80% estavam monoparasitadas,
13% estavam biparasitadas e 7% encontravam-se poliparasitadas. Os parasitas encontrados
foram: Blastocystis hominis (56%), Endolimax nana (14%), Entamoeba coli (13%), Giardia
lamblia (11%), Ascaris lumbricoides (2%), Entamoeba histolytica/E. dispar (2%), Iodameba
butschlii (1%) e Trichuris trichiura (1%). Os resultados dos exames foram encaminhados aos
pais dos alunos para tratamento dos casos positivos. Pelas ações educativas, notou-se que houve
uma compreensão acerca do tema. Os resultados mostraram uma prevalência de
enteroparasitoses relevante, sendo assim, esses dados reforçam a importância e a necessidade
de implantar as ações educativas, pois através delas é possível fornecer noções básicas de
promoção a saúde para prevenção das enteroparasitoses. Dessa forma pode-se interferir no
mecanismo de transmissão dos parasitos, proporcionando a população uma melhoria de sua
qualidade de vida.
ABSTRACT
Currently, in Brazil the intestinal parasites are still very common in many regions. This fact is
related to the lack of sanitation and collective and personal hygiene inadequate of population.
This study aimed to diagnose intestinal parasites in schoolchildren of six educational
institutions in the city of Santo Amaro da Imperatriz / SC, with ages between 0 to 17 years and
promote the expansion of knowledge about health and parasitic diseases through educational
activities. Were analyzed 357 fecal samples, preserved in SAF solution, by Lutz method and
Faust et al. In diarrheal samples were carried out trichrome and Kinyoun colorations.
Educational activities on parasitic diseases and its prevention were developed through puppet
shows for children 5-9 and interactive talk for students 10-17 years. To analyze the efficiency
of educational activities, students were given a task according to their age group (construction
of a text and / or drawings on the subject).
In the analysis of fecal samples it was observed that 22.10% were positive for intestinal
parasites, finding a higher prevalence in the age range 6-9 years (57.3%). Of the positive
samples, 80% were monoparasitism, 13% were biparasitism and 7% were polyparasitism. The
parasites were: Blastocystis hominis (57.1%), Endolimax nana (13.3%), Entamoeba coli
(12.4%), Giardia lamblia (11.4%), Ascaris lumbricoides (1.9%) Entamoeba histolytica / E.
dispar (1.9%), Iodameba butschlii (1%) and Trichuris trichiura (1%). The results of
examinations were sent to parents of students for the treatment of positive cases. During the
analysis of texts and children's drawings, it was noted that there was an understanding on the
theme. The results showed a prevalence relevant of intestinal parasites, therefore, these data
increase the importance and necessity to implement educational activities, because through
them it's possible provide basic notions promotion of health and prevention of enteroparasitosis.
Thus it's possible interrupt in the mechanism of transmission of parasites, providing the public
an improvement in their quality of life.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 17
2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 17
2.2 Objetivos Específicos............................................................................................. 17
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 18
3.1 Locais e sujeitos do estudo ..................................................................................... 18
3.2 Reunião com os professores, pais e/ou responsáveis pelos alunos ........................... 18
3.2.1 Colheita das amostras fecais ........................................................................... 18
3.2.2 Orientações da colheita das amostras fecais .................................................... 19
3.3 Métodos para o exame parasitológico das fezes ...................................................... 20
3.3.1 Métodos de sedimentação espontânea de Hoffman, Pons e Janer ..................... 20
3.3.2 Método de Faust e cols ................................................................................... 20
3.3.3 Método de coloração pelo Tricrômico ............................................................. 21
3.3.4 Método de coloração pelo Kinyoun ................................................................. 21
3.4 Análise dos resultados............................................................................................ 22
3.5 Ações educativas ................................................................................................... 22
4 RESULTADOS ............................................................................................................ 24
4.1 Exames parasitológicos .......................................................................................... 24
4.2 Ações educativas: .................................................................................................. 30
4.2.1 Desenvolvimento das ações educativas em saúde nas escolas municipais de
Santo Amaro da Imperatriz ........................................................................................... 31
4.2.2 Avaliação do processo de aprendizagem pelos alunos ..................................... 33
5 DISCUSSÃO ................................................................................................................ 35
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 44
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 45
8 ANEXOS ...................................................................................................................... 52
5
1 INTRODUÇÃO
Segundo Neves (2011), o parasitismo consiste em uma associação entre os seres vivos,
onde há uma unilateralidade de benefícios. O parasita como agente agressor, se beneficia
utilizando o hospedeiro como abrigo e fonte alimentar, podendo causar prejuízos.
Historicamente, esse tipo de associação ocorre a milhares de anos. Alguns estudos da
área de paleoparasitologia com material encontrado em sítios arqueológicos têm evidenciado a
existência de enteroparasitas em vários continentes. Estudos realizados com fezes ressecadas
ou mineralizados e outros materiais orgânicos, nas Américas, identificaram a presença de
Ancilostomídeos, Ascaris lumbricoides, Hymenolepis nana, Trichuris trichiura, Enterobius
vermicularis, Entamoeba spp., Giardia lamblia (DAMAZIO, 2013).
Ainda hoje, as parasitoses intestinais representam um sério problema de saúde pública
no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Nessas regiões o parasitismo pode ocorrer
com grande intensidade e diversidade, pois o clima quente e úmido das regiões tropicais e
subtropicais favorece o ciclo de vida parasitaria, e, além disso, a disseminação dos parasitos é
facilitada devido à ausência ou precariedade de saneamento básico, baixo nível sócio
econômico, alguns hábitos culturais, carência de hábitos de higiene pessoal e coletiva (BIASI
et al., 2010; LEITE; LAUGART et al., 2012; TOMA; ADAMIL, 2014;).
Indivíduos de todas as faixas etárias estão sujeitos a infecções parasitarias, porém as
crianças em idade escolar estão entre os mais acometidos. Elas estão expostas constantemente
a condições de infecção e reinfecção por terem um contato maior com o ambiente, não
possuírem hábitos de higiene pessoais bem consolidados e por sustentarem hábitos alimentares
que as torna mais propicias a contaminação (BELLOTO et al., 2011; SANTOS et al., 2014).
No Brasil, as enteroparasitoses estão distribuídas de forma ampla em diversas regiões
do país. Elas podem ser encontradas tanto nas zonas rurais quanto em zonas urbanas, atingindo
indivíduos de todas as idades, mas com o predomínio em crianças em idade escolar (SILVA et
al., 2011; BELO et al.,2012).
As parasitoses intestinais são doenças endêmicas de populações de baixa renda e são
consideradas doenças negligenciadas, por apresentam investimentos reduzidos no seu controle
e na pesquisa e produção de medicamentos. Sendo assim, a elevada prevalência das parasitoses
intestinais nos países em desenvolvimento, é considerada responsável por causar altos índices
de morbidade da população infantil, devido aos efeitos debilitantes que podem ocasionar sobre
6
consequente perda de peso. A maioria dos indivíduos sem patologias que afetem o sistema
imunológico poderão se recuperar desta parasitose, sendo a doença autolimitada em 10 a 14
dias (PAINTER et al., 2015; CDC [b] [c] [d], 2015).
A criptosporidíase é considerada uma doença emergente, e estima-se que por ano ocorram
748.000 casos de infecção por Cryptosporidium spp., e que apenas 2% desses casos sejam
reportados (PAINTER et al., 2015). São várias as espécies que parasitam o homem, sendo
algumas com potencial zoonótico. O Cryptosporidium spp tem sido encontrado em crianças
com idade entre 1 e 5 anos e com diarreia (MARIANO, 2014).
O B. hominis é o parasita mais frequentemente encontrado em levantamentos
epidemiológicos, muitas vezes sendo o mais prevalente nos países em desenvolvimento,
atingindo uma prevalência de 30% a 50%. (BEYHAN et al., 2015).
A patogenicidade do B. hominis em humanos ainda não foi completamente definida, e
envolve várias controvérsias. Enquanto os indivíduos acometidos por este parasito podem ser
assintomáticos ou sintomáticos. Em casos sintomáticos o quadro clinico é composto por dores
abdominais, prurido anal, flatulência, meteorismo, náusea, vômito e diarreia. Não é evidenciada
a presença de leucócitos nas fezes. Pode haver a remissão dos sintomas sem que tenha ocorrido
tratamento específico (MACEDO et al., 2010; COYLE et al, 2012)
Além dos protozoários intestinais patogênicos, o exame parasitológico de fezes pode
detectar protozoários comensais, não patogênicos como Entamoeba coli, Endolimax nana e
Iodamoeba butschlii. A presença deles reflete o contato do indivíduo com material fecal em
água e/ou alimentos ingeridos pelo homem, e indica também hábitos de higiene precários. São
encontrados em praticamente todos os países do mundo, mais frequentemente em regiões
tropicais e subtropicais (BELLOTO et al., 2011; NEVES, 2011).
As helmintoses podem ser assintomáticas, em caso de infecções leves, e sintomáticas.
As infecções sintomáticas são caracterizadas por desencadear uma série de alterações orgânicas,
pois a localização no intestino é favorável a nutrição do helminto, devido ao fácil acesso aos
nutrientes dissolvidos. Os helmintos competem com o hospedeiro pelos micronutrientes
presentes na dieta e, além disso, modificam o epitélio intestinal diminuindo a ação de enzimas
e a absorção de nutrientes. Isto afeta o estado nutricional do indivíduo e como consequência,
pode ocasionar dores abdominais, fraqueza e mal estar, diarreia, obstrução intestinal, prolapso
retal, sangramento, desnutrição, anemia, baixo rendimento escolar e atraso no desenvolvimento
corporal das crianças infectadas (SEIXAS et al., 2011).
Os ovos e as larvas de helmintos eliminados recentemente nas fezes não são diretamente
infectantes ao homem, pois precisam de um período de amadurecimento no solo, exceto o E.
9
vermicularis e o H. nana que são diretamente transmissíveis ao homem, pois não necessitarem
de um hospedeiro intermediário ou de um período de amadurecimento no solo (NEVES et al.,
2011).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2015), mais de 1,5 bilhão de pessoas
ou 24% da população mundial estão infectadas por helmintos, onde o A. lumbricoides, T.
trichiura e ancilostomídeos (Necator americanus e Ancylostoma duodenale) são os mais
prevalentes. Mais de 270 milhões de crianças pré-escolares e mais de 600 milhões de crianças
em idade escolar vivem em áreas onde estes parasitas são intensamente transmitidos,
destacando a importância da implementação de medidas preventivas e políticas sanitárias.
No Brasil, os helmintos mais comuns são A. lumbricoides e T. trichiura, sendo o
primeiro o mais frequente. (ARAUJO FILHO et al., 2011; SEIXAS et al., 2011). A distribuição
é ampla e varia de acordo com as regiões do país, podendo ocorrer tanto em zonas urbanizadas
como rurais, predominando nas áreas mais carentes, cujo solo é contaminado e onde não há
disponibilidade de água tratada e saneamento básico (ANDRADE et al., 2010).
A ascaridíase é a doença causada pelo A. lumbricoides, conhecido popularmente como
lombriga. Estima-se que cerca de 807.000 a 1,221 milhões de pessoas no mundo estão
infectados por este nematelminto, que é responsável por altos índices de morbidade e
[e]
mortalidade nos países em desenvolvimento (CDC , 2015). O A. lumbricoides é um geo-
helminto, pois possui fases de seu desenvolvimento no solo. A casca espessa de seus ovos, os
torna impermeáveis e favorece sua viabilidade no ambiente, ainda que estejam em areia seca,
por exemplo (CHEN; MUCCI, 2012). A transmissão ocorre pela ingestão dos ovos larvados
que podem ser encontrados contaminando alimentos e água, pela geofagia, pelo ato de levar as
mãos sujas a boca e por objetos contaminados (OMS, 2015; NEVES 2011).
As infestações por A. lumbricoides podem ser de baixa intensidade (3 a 4 vermes), média
intensidade (30 a 40 vermes) ou maciças (100 ou mais vermes). No primeiro caso, não ocorrem
sintomas. Já nos dois últimos casos, os vermes adultos podem causar ação espoliadora, tóxica
ou mecânica. Isso pode resultar num grande consumo de nutrientes e resultar em desnutrição,
principalmente em crianças. Além disso, reação alérgica aos antígenos do parasito pode causar
edema ou urticária, lesões pulmonares devido ao ciclo biológico do parasito, podendo resultar
na Síndrome de Loeffler (resultante de um edema pulmonar com infiltrado eosinofílico e
manifestações alérgicas, com sintomatologia semelhante a pneumonia). A complicação mais
comum é o quadro de obstrução intestinal que pode levar crianças a óbito, nestes casos é
indicado tratamento cirúrgico (ANDRADE et al., 2010).
10
de 1.172 amostras (711 escolares da zona urbana e 461 da zona rural). Nas escolas localizadas
na zona rural obtiveram uma positividade de 36,4%, enquanto que as escolas da zona urbanas
apresentaram uma positividade de 23,5%. Os estudantes da zona rural possuíam maior número
de fatores de risco associados a ocorrência de parasitoses intestinais que variava desde a
condição sanitária até a condição socioeconômica das famílias desta região. Do total das
amostras positivas das duas escolas, 22% apresentavam-se biparasitados ou poliparasitados. Os
protozoários mais frequentes foram E. histolytica/E.dispar (14,3%), E. coli (9,5%) e G.
lamblia (5,5%). Quanto aos helmintos o Ancylostoma spp. (2,1%), Ascaris
lumbricoides (1,9%), E. vermicularis (1,5%) e T. trichiura (1,1%) foram os mais prevalentes.
No município de Gurupi/TO os autores realizaram um estudo com crianças de 5 a 12
anos de idade, em 6 escolas públicas da região. Das 205 amostras fecais analisadas houve uma
positividade de 42,43%. Foi observado maior prevalência em crianças na faixa etária de 7 a 9
anos. Os protozoários mais encontrados foram G. lamblia (18,54%), E. coli (16,10%), E.
histolytica (7,80%). Já os helmintos mais comuns foram H. nana (7,80%), E. vermicularis e A.
lumbricoides (3,9%), ancilostomídeos (1,95%) (SILVA; TEIXEIRA; GONTIJO, 2012).
No Rio Grande do Sul, Berne et al (2012) avaliaram uma população de 165 crianças,
buscando determinar a prevalência de parasitos intestinais nas mesmas. Eles encontraram uma
prevalência de 64,2% de positividade. No estudo, os seguintes parasitos foram identificados:
G. lamblia (30,3%), T. trichiura (24,2%), A. lumbricoides (22,4%), E. coli (15,2%),
Enteromonas hominis (4,8%), E. nana (3,6%), Cryptosporidium sp. (2,4%), C. belli (0,2%) e
E. vermicularis (0,2%).
Em um assentamento de trabalhadores rurais sem-terra, em São Paulo, uma pesquisa foi
realizada durante dois anos a fim de avaliar a prevalência das parasitoses intestinais. No
primeiro ano, foram analisadas 29 amostras de crianças com idades entre 4 e 15 anos, e a
prevalência encontrada foi de 96,6% de positividade. Das espécies observadas, G.
intestinalis foi a mais frequente (96,6%), seguido de E. coli (27,6%), E. nana (13,8%). Entre os
helmintos, o mais prevalente foi o ancilostomideo (6,9%), seguido por H. nana (3,4%), T.
trichiura (3,4%), A. lumbricoides (3,4%) e S. stercoralis (3,4%). O monoparasitismo aconteceu
em 35,7% das amostras analisadas, enquanto que as infecções por mais de uma espécie de
parasita ocorreram em 64,3%. No segundo ano de estudo, foram analisadas 14 amostras fecais
e obteve-se uma prevalência de 85,7% para enteroparasitas. Das amostras positivas, 75%
apresentaram um único parasita, enquanto 25% apresentaram mais de uma espécie de
parasita. A G. intestinalis estava presente em 64,3%, E. nana em 21,5% e A. lumbricoides em
14
7,1%. A positividade não variou muito entre as diferentes faixas etárias nos dois períodos de
estudo LIMA JUNIOR; KAISER; CATISTI, 2013).
No ano de 2014, Santos et al desenvolveram um estudo em uma creche comunitária de
Florianópolis/SC, afim de verificar a prevalência de parasitoses intestinais. Foram analisadas
57 amostras fecais e uma prevalência de 61,4% foi detectada. Os principais parasitos
encontrados foram: B. hominis (40,4%), G. lamblia (24,6%), E. coli (22,8%), E. nana (12,3%),
E. histolytica/E. dispar (7,1%), E. hartmanni (1,8%), E. vermicularis (1,8%) e I. bütschli
(1,8%).
Rio Cubatão Sul. O município é caracterizado por pequenas propriedades rurais, com lavouras
temporárias e permanentes (IBGE, 2014). Segundo o censo do IBG, a população de 2014 era
de 21.572 habitantes.
Na área rural, em relação ao abastecimento de água nas residências, 66,25% é abastecido
pela rede pública, 33,38% de poço ou nascente e 0,3% de outros. Já na área urbana, 82,64%
tem abastecimento de água pela rede pública, 17,17% de poço ou nascente e 0,9% de outros.
Quanto ao destino de esgoto, na área rural 1,88% das residências tem sistema de esgoto, 91,09%
possuem fossa séptica e 7,03% o esgoto é a céu aberto. Na área urbana, 7,22% das residências
tem sistema de esgoto, 85,95% possuem fossa séptica e 6,83% o esgoto é a céu aberto.
O presente trabalho permitiu avaliar a presença de enteroparasitoses que afetam os
escolares e o desenvolvimento de ações educativas que visam à promoção da saúde,
contribuindo para a melhora da qualidade de vida.
17
2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA
Foi coletada uma amostra fecal de cada criança participante do estudo. As amostras,
preservadas em solução conservadora SAF, foram encaminhadas ao Laboratório Didático de
Parasitologia Clinica do Departamento de Análises Clínicas, do Centro de Ciências da
Saúde/UFSC e para o Laboratório de Análises Clinicas do Hospital Universitário Polydoro
Ernani de São Thiago (HU/UFSC), onde foram processadas e analisadas
3.2.2 Orientações da colheita das amostras fecais
- Não jogar o líquido conservante fora, não beber e não deixar ao alcance de crianças,
pois o líquido conservante é tóxico.
- A criança não deve estar utilizando remédio para vermes no período que vai colher as
fezes. Se estiver tomando remédio, tem que esperar de 7 a 10 dias para depois colher as fezes
para fazer o exame.
- Antes da evacuação, a criança deve urinar ou no vaso sanitário ou na privada. Isso é
para não contaminar as fezes com urina e água.
- Após, a criança deve evacuar diretamente em penico limpo e seco ou sobre uma folha
de papel, ou jornal limpo. Quando as fezes forem diarreicas ou moles, as mesmas devem ser
evacuadas em penico ou em um recipiente bem limpo e seco.
- Com o auxílio de espátula de madeira ou uma colher de plástico, colher uma porção
de fezes, do tamanho de uma noz, e colocar imediatamente no frasco contendo o líquido
conservante. A porção de fezes deverá ficar totalmente coberta pelo líquido conservante. Não
se deve encher o frasco com fezes.
- Em caso de crianças menores de 2 anos e que usam fraldas, colher as fezes da fralda
com uma espátula, logo após a evacuação.
- Após colocar as fezes no frasco, o mesmo deve ser bem fechado.
- Escrever no rótulo do frasco o nome completo, o sexo e a idade da criança e, data da
colheita das fezes.
- Conservar os frascos em temperatura ambiente até a entrega. Não precisa ser
refrigerado.
IMPORTANTE:
4. Solução de álcool etílico a 90% acidificado com solução de 1% de ácido acético, 3 segundos;
8. Xilol, 10 minutos.
Deixou-se o esfregaço secar, e a leitura foi feita com objetiva de 100x e com o auxílio da ocular
micrométrica para a morfometria das estruturas parasitárias.
segundos. Corou-se com o corante de Kinyoun por 5 minutos. Lavou-se com água destilada. A
solução álcool-ácido sulfúrico foi usada por 2 minutos para diferenciar. Lavou-se com água
destilada. Corou-se o fundo da preparação com solução alcoólica de azul de metileno a 0,3%
por um minuto. Lavou-se com água e deixou-se secar. A leitura foi realizada com objetiva de
100x e com auxílio da ocular micrométrica para a morfometria dos oocistos.
4 RESULTADOS
21%
79%
Negativo Positivo
Figura 1. Porcentagem total dos resultados positivos e negativos das 357 amostras fecais analisadas.
A positividade também foi avaliada entre as escolas participantes, como pode ser
observado na Figura 2. No Centro Educacional Antônio Rodolfo Fabrício, um total de 94
crianças participaram do estudo e 23 (24,5%) delas apresentaram resultado positivo para algum
parasito intestinal. Na Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff houve 113
participantes e 19 (16,8%) apresentaram-se contaminados por enteroparasitos. A Escola
Municipal Braço São João contou com 28 participantes, sendo que 8 deles (28,6%) estavam
contaminados. Na Escola Municipal Professor José Higino Martins 16 crianças participaram e
3 delas (18,8%) apresentaram resultado positivo para parasitas intestinais. Dos 33 participantes
da Escola Municipal Sul do Rio Cubatão 5 deles (15,2%) estavam parasitados. E por fim, a
Escola Básica Municipal Vila Santana que contou com 73 participantes, apresentou 7 alunos
25
(23,3%) contaminados. De acordo com o teste do qui- quadrado, não houve diferença
estatística.
16,8% 73
24,5%
33
23,3%
28
28,6%
16
18,8%
15,2%
Centro Escola Básica Escola MunicipalEscola MunicipalEscola Municipal Escola Básica
Educacional Municipal Braço São João Profº. José Sul do Rio Municipal Vila
Antônio Rodolfo Prefeito Augusto Higino Martins Cubatão Santana
Fabrício Althoff
Figura 2. Porcentagem de positividade de acordo com o número de alunos participantes por escola.
42,70%
57,30%
Feminino Masculino
Em relação a faixa etária dos participantes, cujo resultado foi positivo para um ou mais
parasitos, 1 (1,3%) possuía idade entre 0 a 1 ano, 17 (22,7%) entre 2 a 5 anos, 43 (57,3) entre 6
a 9 anos e 14 (18,7) entre 10 a 14 anos (Figura 4). Na faixa etária de 15 a 17 anos nenhum
parasito foi encontrado.
26
57,3%
22,7%
18,7%
1,3%
Figura 4. Frequência das 75 amostras positivas de acordo com a faixa etária (p <0,0001).
25
20
Frequência Relativa (%)
15
10
0
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Idade (anos) Crianças Parasitadas
Negativos: 80%
Positivos: 13%
79% 21%
7%
O grau de parasitismo também foi avaliado por escola, como pode ser observado na
Figura 7. Encontrou-se na Escola Municipal Sul do Rio Cubatão 3 alunos (60%)
monoparasitados e 2 alunos (40%) biparasitados. Já a Escola Básica Municipal Vila Santana
apresentou 13 alunos (76,5%) monoparasitados, 1 aluno (5,9%) biparasitado e 3 alunos (17,6%)
poliparasitados. Na Escola Municipal Professor José Higino Martins apenas 3 alunos estavam
contaminados e monoparasitados. A Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff contou
com 15 alunos (79%) monoparasitados e 4 alunos (21%) biparasitados. O Centro Educacional
Antônio Rodolfo Fabrício apresentou 19 alunos (82,6%) monoparasitados, 3 alunos (13,1%)
biparasitados e 1 aluno (4,3%) poliparasitado. Na Escola Municipal Braço São João 7 alunos
(87,5%) estavam monoparasitados e 1 aluno (12,5%) poliparasitado.
28
4%
96%
Protozoários Helmintos
De acordo com a Figura 9, durante o estudo foram encontrados oito tipos de parasitos
diferentes nas amostras fecais analisadas, sendo o B. hominis o mais frequente, abrangendo 56
amostras (56%). Também foram detectados E. nana em 14 amostras (14%), E. coli em 13
29
E. nana
14%
B. hominis
56%
Em relação a distribuição dos parasitos por escola (Figura 10), no Centro Educacional
Antônio Rodolfo Fabrício encontrou-se 19 (67,9%) amostras positivas para B. hominis, 4
(14,3%) para E. coli, 2 (7,1%) para E. nana, 2 (7,1%) para G. lamblia e 1 (3,6%) para E.
histolytica/E. dispar. A Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff apresentou 10 (40%)
amostras positivas para de B. hominis, 1 (3,3%) para E. coli, 7 (23,3%) para E. nana, 6 (24%)
para G. lamblia e 1 (3,3%) para A. lumbricoides. Detectou-se na Escola Básica Municipal Vila
Santana 15 (62,5 %) amostras positivas para B. hominis, 3 (12,5%) para E. coli, 3 (12,5%) para
E. nana, 2 (8,3 %) para G. lamblia e 1 (4,2%) para I. butschlii. Na Escola Municipal Braço São
encontrou-se 7 (58,3%) amostras positivas para de B. hominis, 1 (8,3% ) para E. coli, 1 (8,3%
) para E. nana, 1 (8,3% ) para de G. lamblia, 1 (8,3% ) para A. lumbricoides e 1 (8,3% ) para
T. Trichiura. A Escola Municipal Sul do Rio Cubatão apresentou 2 (25%) amostras positivas
para B. hominis, 4 (50%) para E. coli, 1 (12,5%) para E. nana e 1 (12,5%) para E. histolytica/E.
dispar. O B. hominis apresentou-se nas 3 (100%) amostras positivas dos alunos participantes
da Escola Municipal Professor José Higino Martins.
30
100,0%
B. hominis E. coli E. nana
T. trichiura I. butschlii
67,9%
62,5%
58,3%
50,0%
40,0%
28,0%
25,0%
24,0%
14,3%
12,5%
12,5%
12,5%
12,5%
8,3%
8,3%
8,3%
8,3%
8,3%
8,3%
7,1%
7,1%
4,2%
4,0%
4,0%
3,6%
Centro Escola Básica Escola Básica Escola Municipal Escola Municipal Escola Municipal
Educacional Municipal Prefeito Municipal Vila Braço São João Sul do Rio Profº. José Higino
Antônio Rodolfo Augusto Althoff Santana Cubatão Martins
Fabrício
Figura 10. Frequência de enteroparasitos encontrados nas amostras fecais positivas, por escola.
4.2.1 Desenvolvimento das ações educativas em saúde nas escolas municipais de Santo
Amaro da Imperatriz
Figura 11. Apresentação do teatro de fantoches com a peça “Zé Descalço” Escola Básica Municipal Vila Santana,
2014.
Figura 12. Visualização de ovos e larvas de parasitos no microscópio pelas crianças da Escola Básica Municipal
Prefeito Augusto Althoff, 2014.
32
Figura 13. Visualização de exemplares de vermes adultos pelas crianças da Escola Básica Municipal Vila Santana,
2014.
Figura 14. Palestra educativa sobre parasitas intestinais e pediculose na Escola Básica Municipal Vila Santana,
2014.
33
Figura 15. Desenhos realizados por alunos de 5 a 9 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.
Figura 16. Desenhos realizados por alunos de 5 a 9 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.
34
Figura 17. Textos realizados por alunos de 10 a 17 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.
Figura 18. Textos realizados por alunos de 10 a 17 anos da Escola Básica Municipal Prefeito Augusto Althoff,
2014.
35
5 DISCUSSÃO
No momento das ações educativas uma aluna da escola vila Santana ao observar o
exemplar do verme adulto de A. lumbricoides relatou: “Então é isso que eu tenho na minha
barriga! Eu fui ao médico e fiz o exame e ele disse que eu tinha lombriga. Agora minha mãe
está me dando remédio para matar a lombriga. ” Esse relato mostra que existiu parasitismo por
A. lumbricoides em criança da escola Vila Santana, mas devido o tratamento com anti-
helmíntico, não foi encontrada positividade na amostra fecal.
Durante as ações educativas ao serem questionados sobre o uso de “remédio para
vermes”, a grande maioria dos alunos respondeu que fazia uso pelo menos uma vez por ano. É
importante ressaltar que o uso de medicamentos no ano favorece ocorrência de um número
maior de casos negativos (BARRETO et al., 2012). Cavagnolli et al. (2015) realizaram um
estudo no município de Cunha/RS, onde 85,9% dos participantes confirmaram fazer uso de
algum antiparasitário, sendo que 22,6% afirmaram ingerir Albendazol, 10,3% Mebendazol e
3,8% Nitazoxanida. Eles adquiriam esses medicamentos em farmácias ou retirando na unidade
de saúde exclusivamente com prescrição médica (55,9%). O uso de antiparasitários sem a
realização do exame parasitológico de fezes é infundado, pois sabe-se que em casos realmente
positivos de enteroparasitoses, se o tratamento não for realizado corretamente e não houver
eliminação da fonte de contaminação, poderá ocorrer reinfecção. Além disso, para o tratamento
dos diferentes parasitos é necessário utilizar diferentes antiparasitários em diferentes
concentrações (CAVAGNOLLI et al., 2015).
No ano de 2007, Silveira realizou um estudo em Santo Amaro da Imperatriz que deu
origem a sua dissertação de mestrado. No referido trabalho, a autora visou relacionar a
prevalência das enteroparasitoses com as condições de saneamento básico. Foi realizado um
levantamento de resultados de exames parasitológicos de 1433 indivíduos na faixa etária de 0
a maiores de 18 anos, nos anos de 2003 a 2005. Obteve-se uma prevalência de 33,08% para
enteroparasitas, com predominância de protozoários. A faixa etária de 4 a 6 anos foi a mais
infectada. Os parasitos encontrados foram: G. lamblia (35,04%), A. lumbricoides (17,41%), E.
vermiculares (15,63%), E. coli (12,28%), E. nana (9,6%), T. trichiura (3,57%), E. histolytica/E.
dispar (3,57%), Ancilostomideos (0,89%), S. stercoralis (1,34%) e I. butschilii (0,67%).
Comparando os resultados de Silveira (2007) com a presente pesquisa, nota-se que a
prevalência para enteroparasitoses encontrada pela autora foi um pouco superior, porém a
prevalência de protozoários sobre os helmintos também foi detectada neste trabalho. Em relação
aos helmintos, no atual estudo não foram encontrados E. vermicularis, ancilostomideos e S.
stercoralis. Por outro lado, Silveira (2007) não encontrou B. hominis em seu estudo. Ao concluir
seu estudo, a autora alegou que além do acesso ao saneamento básico, é necessário implementar
42
medidas complementares como as ações educativas, ferramenta esta que foi proposta e utilizada
no presente trabalho, afim de impactar de maneira positiva na qualidade de vida da população.
dos professores no debate e dúvidas. Foi possível perceber que o desenvolvimento das ações
educativas contribuiu para a ampliação de conhecimentos sobre parasitoses.
Ao final de cada atividade educativa, os alunos receberam uma tarefa de acordo com
sua faixa etária, para que esses pudessem demonstrar sua compreensão do tema que lhes foi
apresentado. Crianças de 5 a 9 anos receberam uma folha com as seguintes questões: “Como
os vermes entram no corpo das pessoas?” e “Onde os vermes ficam?”. Foi solicitado que
respondessem essas questões através de desenhos ou frases. Para os alunos de 10 a 17 anos foi
solicitado que discorressem sobre o tema, utilizando a seguinte questão: “De acordo com a
palestra dada, pense e escreva sobre quais as necessidades da sua comunidade e o que poderia
ser feito para melhorar a condição dela”. Com base nos desenhos entregues e na analise dos
textos (Figura 15, 16, 17 e 18), notou-se que houve uma compreensão acerca do tema, e que as
noções basicas de higiene e cuidados que previnem a transmissão de parasitoses intestinais
ficaram claras para os participantes. Além disso, os alunos conseguiram identificar os
problemas de sua comunidade e em alguns casos, deram sugestões de como resolve-los.
44
6 CONCLUSÕES
- O presente estudo mostrou que a taxa de prevalência para enteroparasitoses nos escolares foi
relevante do ponto de vista epidemiológico.
- A automedicação é um fator muito difundido na comunidade estudada. O uso indiscriminado
de medicamentos antiparasitários pode ter contribuído para o maior número de casos negativos.
- Houve uma prevalência significativa de protozoários sobre os helmintos.
- O B. hominis foi o parasito mais prevalente no estudo e o mais frequente na maioria das escolas.
- A presença de protozoários comensais, que em algumas vezes foi encontrada em altas
porcentagens, indica que a contaminação fecal oral está ocorrendo nesses indivíduos. Isso torna-
os propícios a adquirir parasitos patogênicos, pois estes possuem a mesma via de transmissão
que os comensais.
- A água é fornecida pela CASAN, entretanto, a carência de água tratada e de rede de esgoto em
algumas localidades, contribui para a disseminação das parasitoses intestinais na população.
- A maioria dos alunos participantes do estudo demonstrou possuir noções básicas de higiene,
mas em contrapartida poucos tinham noções básicas acerca das enteroparasitoses.
- A implementação de programas de educação em saúde é de grande importância, visto que
através delas pode-se interferir no mecanismo de transmissão de diversas moléstias que atingem
a população.
- As ações educativas para a promoção da saúde devem ser contínuas, pois transformam as
crianças em disseminadores do conhecimento para sua família e comunidade, atuando de forma
ativa na melhoria do meio em que vivem.
45
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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epidemiológicos, clínicos e terapêuticos. Revista de APS. v. 13, n. 2, p. 231-240, 2010.
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crianças da comunidade de Tamarindo em Campos dos Goyatazes, RJ. Perspectivas Online.
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47
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known as Whipworm Infection). Disponível em
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Recreação Infantil de Creches no Município de Várzea, São Paulo, BRASIL. Revista de
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Universidade Estadual do Norte do Paraná, Campus Luiz Meneghel (UENP/CLM). Disponível
em <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1655-8.pdf>. Acesso em:
24/10/15, às 15:43.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara koogan, 2010.
SÁNCHEZ, G. P. et al. Prevalencia de parasitismo intestinal en escolares de 6-11 año.
Santiago, Cuba. MEDISAN. vol.16, n.4, p. 551-557, 2012
8 ANEXOS
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de Santa Catarina (No do Parecer: 802.105).
53
54
Ops!! Caiu mas vou comer mesmo assim, esse chão nem tá sujo.
Assim que saiu do portão, viu Mariana passando:
Oi Mariana, tudo bom contigo?
Mariana Sim Zé, tudo bem.
Mas acho que com você as coisas não vão bem!
O cabelo, ainda não penteou! Os dentes, eu acho que não escovou! E o banho?
Também não rolou?
Zé descalço Que é iiiiiiiiiiiiiiisso Mariana!
Até você pegando no meu pé?
Assim não tem como a gente ser amigo. Mas... (Zé tenta abraçar Mariana).
Mariana Não Zé! Não vai dar mesmo!
Você precisa se cuidar melhor, não ta vendo que é por isso que todos estão se
afastando de você?
Zé descalço AAAA! Mas vocês não me entendem mesmo!
Olha Mariana, se você pensa assim também, o problema é seu.
(Ele dá meia volta e deixa Mariana sozinha).
Narrador O Zé voltou para casa e foi deitar em sua cama, sem nem ao menos limpar os pés.
Lavar as mãos e escovar os dentes? Nem pensar.
Pentear o cabelo? Nunca!
Não demorou muito e ele gritou desesperado para sua mãe:
Zé descalço Mããããeeeee, a dor de barriga voltoooou!
Está muito forte!
Acho que não vou conseguir chegar ao banheiro!
Dona Neusa Filho, calma, que a mãe já vai!
Dona Neca! (Grita para uma vizinha).
O que eu faço agora? O chá que eu sempre dou para o Zé não faz mais efeito. A conta
na farmácia já esta nas nuvens de tão alta.E ele esta gritando de dor na barriga!
Dona Neca Leva ele para o Posto de Saúde, fiquei sabendo que tem uma médica pediatra nova
por lá, muito boa. Corre porque se é emergência, não precisa ficar na fila!
Dona Neusa Obrigada Dona Neca, vou aceitar seu conselho.
Narrador Enquanto isso, Zé gemia de dor.
Dona Neusa Filho, vamos tomar um banho morno porque vou te levar no Posto de Saúde para uma
consulta.
Zé descalço “PRA QUE” MÃE!
Eu já vou ficar bom!
Dona Neusa Me obedeça, menino!
Vamos logo antes que fique pior.
Zé descalço Tá bom, mãe.
Narrador Chegando lá, Zé foi logo atendido e mandado para o consultório da médica. Ele foi
cuidadosamente examinado.
A médica ficou espantada com o estado do menino:
Médica Olha mãezinha, seu filho não esta nada bem.
Ele está muito pálido, com a barriga enorme. Deve estar cheio de vermes.
Dona Neusa Não doutora.
Toda vez que o Zé reclama de dor de barriga, eu faço um chá de ervas e depois preparo
uma garrafada para ele tomar.
Quando não adianta, eu vou na farmácia e compro um remédio.
Médica Não, dona Neusa!
Só o médico pode receitar remédio de vermes, e somente com o exame de fezes feito
recentemente.
Dona Neusa, o Zé costuma andar calçado?
Lava as mãos depois de ir ao banheiro e antes das refeições?
Toma banho todos os dias?
Corta as unhas?
Dona Neusa Ah doutora! O danado não para um minutinho calçado e vive sujo, e tudo que vê no
chão coloca na boca.
Lavar as mãos, nem pensar.
Cortar as unhas é uma guerra.
Escovar os dentes, de vez em quando (uma vez por semana).
Acho que o meu filho não tem jeito mesmo.
Médica Pois é mãezinha.
Não vai adiantar eu pedir o exame de fezes e receitar o remédio de vermes correto, se
ele não mudar esses hábitos feios que tem.
Podemos pegar vermes principalmente pela água, alimentos e até pela terra, se
estiverem contaminados. E pela falta de higiene. Isso porque geralmente os vermes
entram no nosso corpo pela boca ou penetram pela pele.
Os vermes são transmitidos pelos seus ovinhos e larvas, que são muito pequenos e
não conseguimos enxergar.
Esses vermes prejudicam muito o nosso corpo, podendo causar diarreias, vômitos,
anemias, dores na barriga e fraqueza.
Devemos prevenir as infestações com cuidados de higiene que é a melhor maneira de
lidar com esses vermes.
(Aqui, fazer aparecer os vermes (lombrigas) que passam a acompanhar tudo que a
médica fala).
Dona Neusa Doutora, o que eu devo fazer para ajudar meu filho a se livrar desses vermes?
(Perguntar para as crianças)
Médica Deve insistir para que o Zé ande sempre calçado, para que ele corte e limpe as unhas,
para que ele lave as mãos antes das refeições e após ir ao banheiro.
Lavar bem as frutas e verduras antes de comê-las e beber água tratada, que pode ser
filtrada ou fervida.
Se na sua casa tem poço, você deve ferver a água e depois colocá-la em um filtro, para
que ela possa ser consumida.
Dona Neusa Olha doutora, nós temos um poço lá em casa, mas o pai do Zé cuidou para construir
ele bem longe da fossa sanitária.
(As lombrigas saem com mochilinhas nas costas, e bem tristes, deixando o corpo do
Zé).
Narrador E assim acontece.
Hoje, Zé está com 15 anos e é o craque da bola no bairro.
Todos na rua voltaram a serem seus amigos e pararam de chamá-lo de Zé descalço.
Zé descalço (Aparece o boneco limpo - Zé, o bonitão).
E vocês querem saber de uma coisa?
Agora a Mariana é minha namorada.