Literatura Infantil 2

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LITERATURA

INFANTIL

Me. Hellyery Agda Gonçalves da Silva

INICIAR
introdução
Introdução

Nesta unidade, continuaremos viajando pela história. Com isso,


conheceremos a fundo as contribuições de autores que fizeram a diferença
no que se refere a uma literatura voltada para a criança.

Nesse sentido, aprofundaremos os estudos de Charles Perrault e de seus


contemporâneos, os Irmãos Grimm. Veremos, por meio de uma comparação
de enredo, as principais diferenças entre esses autores, lembrando que os
contos de fadas de ambos partem da transmissão oral.

Ainda estudando os contos de fadas desses autores, discutiremos as histórias


pelo viés da psicanálise. Assim, leremos os postulados de Bruno Bettelheim e
demais estudiosos. Ainda, veremos os possíveis intertextos das obras
clássicas com as contemporâneas; em especial, as cinematográficas.

Em seguida, conheceremos as contribuições de Hans Christian Andersen e


evidenciaremos as principais inovações em relação às obras de Perrault e dos
Irmãos Grimm. Também veremos de que modo os contos de fada desses
autores são, ainda hoje, de suma importância para o desenvolvimento
infantil.

Por fim, discutiremos, sobre os contos de fada modernos, que se diferem dos
clássicos em algumas situações. Veremos também os seus desdobramentos
neste período que vivemos (o século XXI).
As Leituras dos Contos de Fada
dos Grimm e de Perrault

O estudo dos contos de fada contribui para a descoberta de valores, ideais e


aspirações que definem a cultura e a civilização de cada período. Quando
falamos sobre contos de fada, os primeiros autores que nos vêm à mente são
Charles Perrault e os Irmão Grimm (e são esses autores que abordaremos
nesta unidade).

Abordaremos brevemente sobre a história de Charles Perrault e suas


contribuições para a Literatura Infantil. Antes de o autor organizar os contos
por meio da escrita, havia uma produção que era de natureza popular e de
vinculação oral. Quando Perrault iniciou seu trabalho de recriação da
literatura folclórica, não havia uma preocupação com a infância.

No início de sua produção, adentrando as temáticas, os contos selecionados


por Perrault focalizavam as mulheres, em especial as que eram vítimas,
injustiçadas e ameaçadas. Assim, podemos depreender que o autor
manifestava apoio à causa feminista.

Após a publicação, em 1696, da obra “A pele de Asno”, o escritor sentiu-se


motivado a produzir uma literatura voltada para as crianças, com o objetivo
de orientá-las moralmente e entretê-las. Assim, no ano seguinte, publicou a
obra “Contos da Mamãe Gansa”, que originalmente englobava histórias ou
narrativas do tempo passado com moralidades.

A referida obra era composta pelas histórias: A Bela Adormecida;


Chapeuzinho Vermelho; Barba Azul; O Pequeno Polegar; As fadas; Riquet, o
Topetudo; e O Gato de Botas. Ao dar uma nova roupagem aos contos
populares, o autor transformou as histórias, que antes eram vistas como
vulgares e imorais, em contos considerados viáveis para se educar e socializar
as crianças.

Assim, como estratégia, inseriu-se, no final de cada história, uma lição moral,
que defendia que a virtude é sempre recompensada e que o vício é sempre
punido, ou seja, fazer o bem sempre vale a pena.

Figura 2.1 - A Bela Adormecida


Fonte: Viola Di Pietro / 123RF.

Em relação à literatura dos Irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm Grimm eram dois
filólogos, folcloristas e estudiosos dos mitos germânicos que tiveram o
trabalho de coletar histórias de fontes populares, de traduções e de
reproduções em linguagem escrita. Para isso, realizaram os seguintes
procedimentos:

1. Levantamento dos elementos linguísticos para a realização de estudos


filológicos da língua alemã.
2. Coleta e valorização de textos do folclore literário germânico.

Após os procedimentos, houve uma compilação e, entre 1812 e 1857, todo o


material foi publicado, nascendo a obra “Contos de Casa”, ou “Contos
Domésticos”. Nesse período, os intelectuais europeus objetivavam recuperar
as tradições dos diferentes povos e, ao mesmo tempo, deixar de lado os
cânones clássicos. Além disso, tendo em vista que a maioria das línguas era
derivada de uma antiga língua comum, a indo-europeu, aumentou-se o
interesse pelos idiomas alemão e polonês. No caso dos Grimm, eles se
interessaram pela tradição oral, por isso se debruçaram nos estudos da língua
alemã e de suas origens.

saiba mais
Saiba mais
"[...] A Alemanha se tornou o centro da música e do pensamento filosófico,
respectivamente, com a música de Ludwig van Beethoven e com as ideias de
Hegel se espalhando por todo o continente europeu. É nesse contexto de busca
de raízes culturais que se afirma a carreira de dois irmãos: Jacob e Wilhelm. [...]
nasceram em 1785 e 1786, respectivamente, na cidade de Hanau, perto de
Frankfurt, e foram estudar em Kassel. Em 1807, o imperador francês Jêrome
Bonaparte invadira e ocupara Kassel, onde os Grimm viviam. A ocupação durou
até 1813, quando os franceses tiveram de abandonar a cidade, sendo derrotados
em toda a Europa. Esse fato histórico aumentou ainda mais o fervor nacionalista
nos dois irmãos” (CANTON, 2006, p. 8).

ACESSAR

Os Grimm são considerados coletores e editores das narrativas populares,


uma vez que, no processo de coleta dos contos, os folcloristas solicitavam que
as histórias fossem narradas da mesma forma como eram passadas de boca
em boca, sem acréscimos. Após essa espécie de transcrição, as histórias eram
traduzidas para o alemão padrão.
Naquele período, havia diferentes dialetos germânicos, e a língua das classes
populares era realmente diferente da língua dos mais abastados. Dessa
maneira, o intuito era registrar e preservar a cultura alemã, visto que se
tratava de um contexto repleto de mudanças culturais rápidas, em direção à
modernidade. Resultante disso, no ano de 1812, surgiu o volume 1, composto
por 86 contos, da obra Kinder-und Hausmärchen. Alguns anos depois,
especificamente em 1815, para comporem o volume 2, mais 70 contos foram
publicados. Somando tudo, existem 156 contos.

Vale pontuar que, inicialmente, a obra era destinada ao público adulto, em


decorrência da presença de elementos violentos, sexuais e grotescos. Apesar
disso, a obra chamou a atenção das crianças, fato que contribuiu para que os
contos fossem adaptados para este público. Assim, nasciam outras edições,
ao longo do século XIX, desembocando na edição de 1857, com 211 contos.

As estórias de Grimm apelavam ao social e ao religioso, guiados


pela ideologia da Igreja Protestante, disseminando valores morais
em seus contos, como: família, ética, pátria, trabalho e,
principalmente, nas delimitadas definições de gênero da classe
média patriarcal. Observa-se também que a punição, a violência e
a moral são recorrentes em sua literatura, enfatizando que as
pessoas boas e generosas são premiadas, e as malvadas são
punidas enfaticamente, havendo, inclusive, algumas cenas de
extrema violência (como as invejosas irmãs de Cinderela terem os
olhos picados por pombos, ficando cegas, no final), ao contrário
das estórias de Perrault (embora neste haja estórias em que a
sensualidade esteja marcada). Mesmo assim, seus contos
tornaram-se uma espécie de “bíblia” infantil, contados e recontados
ao longo do tempo, modificados e usados em outros contextos,
mas sempre tendo a base mantida através dos séculos (MARTINS;
REIS, 2014-5, p. 145).

Conforme vimos, não havia uma literatura infantil até os autores citados e,
com isso, as crianças acessavam a literatura adulta. Foi então a partir do
século XVIII, com a diferenciação entre criança e adulto, que surgiu uma
educação cuja função era preparar a criança para a vida adulta. É assim que
desabrocham os contos de fada, que apresentam, também para muitos
adultos, reflexões preciosas sobre o mundo e sobre como viver em sociedade.

Ademais, considera-se que o início da Literatura Infantil tenha ocorrido com a


publicação da obra “Os Contos da Mamãe Gansa”, de Perrault. Em
contrapartida, foi somente a partir da publicação da obra dos Irmãos Grimm,
aproximadamente cem anos depois, que ocorreu uma consolidação dessa
literatura enquanto gênero literário.

Leitura Comparada: Cinderela


s contos de fada são recontados por diferentes autores, todos advindos da
tradição oral. A fim de compararmos as versões, utilizaremos como suporte a
teoria de Vladimir Propp, “Morfologia do Conto Maravilhoso” (2011), e nos
respaldaremos, também, no trabalho desenvolvido por Christofoletti (2011).
Antes disso, porém, veremos as sinopses do conto da Cinderela, conforme as
óticas de Perrault e dos Irmãos Grimm.

Charles Perrault
Esta versão apresenta a história de uma moça amável e passiva, que sofre
maus tratos por parte das irmãs postiças e da madrasta. A passividade é tanta
que Cinderela nem chega a pedir para ir ao baile, mesmo desejando muito ir.
Então, sua fada madrinha chega para auxiliá-la e transforma suas vestimentas
simples em um lindo vestido, a abóbora em carruagem, o rato em cocheiro e
dá a ela um par de sapatos de cristal. Após ir ao baile, Cinderela perde um
sapato, que será encontrado pelo príncipe, havendo então o casamento. Por
fim, Cinderela perdoa as irmãs e as casa com nobres da corte. Essa atitude
passa a ideia de um modelo perfeito de comportamento feminino.

Irmãos Grimm
Nesta versão da história, não há o sapato de cristal e a fada madrinha.
Cinderela não é tão passiva. A moça, ao lamentar sua condição de vida, planta
um ramo de árvore e o rega com suas lágrimas, fazendo nascer uma árvore
com poderes mágicos, na qual um pássaro sempre pousa e lhe concede
desejos. Próximo ao baile, Cinderela pede à madrasta para ir, mas esta lhe
passa a tarefa de recolher as lentilhas que haviam sido jogadas nas cinzas. A
moça cumpre o serviço, mas mesmo assim a madrasta lhe nega o direito de ir
baile. Então, Cinderela recorre à árvore e ao pássaro, sendo presenteada com
belíssimos vestidos e com sapatos. Após o último dos três bailes, Cinderela
perde o sapato. O príncipe a encontra e se casa com ela, e os dois vivem
felizes para sempre. Já as irmãs, como castigo pelas maldades, têm seus olhos
perfurados por pombos.

Na teoria de Propp (2011), a partir de uma situação inicial há uma sequência


de funções que podem estar presentes nos contos maravilhosos, e tal
sequência é derivada de uma regra de composição rígida e que orienta o
sentido da narrativa. Desse modo, temos nos contos: 1- parte introdutória; 2-
nó da intriga; 3- intervenção dos doadores; e 4- retorno do herói
(CHRISTOFOLETTI, 2011).

Vejamos, a seguir, as funções da narrativa e uma análise comparativa de


enredo das versões de Cinderela, proposta por Christofoletti (2011), em sua
monografia intitulada “Análise comparativa de duas versões do conto de
Cinderela: a de Charles Perrault e a dos Irmãos Grimm”, com base nas
funções de Propp (2011).

Na perspectiva de Vladimir Propp (2011), o conto maravilhoso diz respeito a


toda narrativa que apresenta a ocorrência das funções apresentadas. Em
Cinderela, das 31 funções propostas pelo referido autor, foi possível
encontrarmos 21. Vale comentar, também, que os contos possuem sete
personagens básicos, atuando na história: Herói-buscador; Herói-vítima;
Mandante; Malfeitor; Doador; Auxiliar (ser vivo ou objeto mágico); Princesa
e/ou Pai da Princesa e Falso Herói.

As personagens são definidas levando-se em consideração as suas ações e


seu impacto sobre o herói. Nas palavras de Propp (2011, p. 79): “O importante
não é o que eles [personagens] querem fazer nem tampouco os sentimentos
que os animam, mas suas ações em si, sua definição e avaliação do ponto de
vista de seu significado para o herói e para o desenvolvimento da ação”.
atividade
Atividade
Leia o trecho a seguir:

“[Os contos] são típicas expressões de culturas orais (sem escrita), ou seja, culturas
que não contam com recursos para fixar informações. De narrador em narrador,
guardados, através dos séculos, na plasticidade da memória e da voz, viajaram para
todos os lados sendo disseminados pela transmissão boca a boca”.

AZEVEDO, R. Conto popular, literatura e formação de leitores. Revista Releitura,


Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, n. 21, abr. 2007, p. 2.

Com base no trecho apresentado, qual é a função principal dos contos populares,
levando em consideração seu formato? Assinale, a seguir, a alternativa correta:

a) Apresentar um mundo ficcional que não se pode associar ao mundo real.


b) Apresentar a oralidade, a partir de histórias grafadas conforme a língua do
povo
c) Apresentar uma moral, que atua como reguladora do comportamento
humano.
d) Apresentar histórias para entretenimento dissociadas de ensinamentos,
que servem para deleite.
e) Apresentar um ensinamento que funcione dentro da história, mas que não
pode ser replicado no cotidiano.
As Leituras dos Contos de Fada
de Grimm/Perrault

Em seu livro “A Psicanálise dos Contos de Fadas”, Bruno Bettelheim (1980)


aborda de que modo os contos de fada podem contribuir para os processos
evolutivos da criança. Assim, o autor seleciona as histórias infantis mais
famosas e apresenta um sentido que não é visto por todos, por meio de uma
análise psicanalítica.

Conforme estudamos, a literatura infantil tem por função passar um


ensinamento para a criança, sendo mais fácil e saudável aprender o que é
certo e o que errado por meio das histórias. Por esse viés, a criança identifica-
se com a história e pode encontrar refúgio, solução e amparo para os seus
problemas: tudo ficará bem, pois há um “felizes para sempre” aguardando ao
final.

Bettelheim (1980) apresenta em seu trabalho alguns aspectos que são


comuns nos contos, por exemplo, as personagens, que as crianças podem
relacionar com os adultos em sua volta. Nos contos de fada em que a mãe
morre, por exemplo, há uma substituição: surge uma madrasta. Essa situação
pode ajudar a criança a aceitar a morte da mãe ou de algum ente querido,
bem como auxiliá-la a lidar com o luto, visto que a vida deve continuar,
mesmo sem aquela pessoa especial. Por meio dos contos de fada, a criança
cria expectativas para o futuro.

Para as crianças, as histórias maravilhosas são muito importantes e


significativas, pois criam um paralelo com o mundo mágico e o mundo real,
sendo que este, muitas vezes, não é tão bom quanto o mundo dos contos de
fada. Vejamos, a seguir, os principais contos de fada e as lições deixadas aos
pequenos:

Três Porquinhos: a preguiça e a comodidade só atraem coisas ruins.


João e Maria: os problemas não são resolvidos com a fuga; a
independência é conquistada por meio da coragem e das
experiências.
Chapeuzinho Vermelho: não é seguro falar com estranhos, por mais
que eles se mostrem gentis.
João e o Pé de Feijão: na vida, há sempre um lado bom em tudo.
Branca de Neve e os Sete Anões: às vezes, é preciso abandonar
aquilo que é apreciável no momento para transcender.
Cachinhos de Ouro e os três ursos: a fuga, apesar de parecer mais
fácil, não é a melhor maneira de resolver os problemas.

Apresentamos algumas histórias e as possíveis lições; mas, como sabemos, há


inúmeros contos e podemos depreender a eles mais de um significado. Além
disso, nem toda criança terá a mesma leitura, podendo perceber a história de
modo diferente e relacioná-la com sua vivência, sua experiência e seu
contexto.

Conforme já abordamos, os contos estimulam o desenvolvimento cognitivo


das crianças e trabalham com a imaginação. Assim, além do entretenimento,
eles proporcionam prazer e contribuem para o desenvolvimento crítico e para
a resolução de conflitos internos e externos.

Um meio viável de inserir a criança no mundo dos contos de fada, que não
seja o livro físico, é com os filmes. Na contemporaneidade, estão surgindo
muitos remakes dos clássicos da Disney, em especial. Além disso, em sala de
aula é interessante lançar um paralelo entre a obra escrita e a obra fílmica, a
fim de evidenciar, por exemplo, as diferenças nos enredos. Devemos nos
lembrar, porém, que toda obra adaptada para o cinema possui o seu valor e a
sua originalidade, uma vez que se trata de um tipo diferente de arte. Para
Gomides (2017, p. 1014):

Após séculos de adaptações nas recontagens orais, os contos de


fadas se tornaram peças teatrais, filmes e séries de televisão e
desde o início do século XXI atraem um público fiel, seduzidos pelas
recontagens modernas. Devido a essa proliferação de
transformações nos contos de fadas devemos considerar que o
leitor, mesmo aquele em formação, é um conhecedor da obra
exterior às páginas. Sua interpretação, subjetiva e repleta de
imagens cinematográficas, constituirá contos de fada muito
diferente da sua narrativa original.

Vale pontuar que os contos de fada podem sofrer transformações, as quais


estão intimamente ligadas à época e são reflexos dos valores, da moral e dos
costumes de uma sociedade, ou seja, um reflexo de como determinado povo
vivia em determinado momento histórico. Essas transformações podem gerar
uma nova versão e/ou adaptação do texto original, dos clássicos. Então, para
a produção de um novo texto, utilizam-se dos artifícios das intertextualidades,
que são, nas palavras de Koch e Elias (2007, p. 86), “[...] os diversos tipos de
relação que um texto mantém com outros textos”.

Já pelo viés de Gomides (2017, p. 1018-1019):

[...] a intertextualidade é manifestada na estrutura do texto, nas


personagens e suas ações, na trama dos fatos, em referências a
determinados objetos, enfim, em tudo que estabelece um diálogo
entre os textos. Esse diálogo pode se manifestar na presença de
epígrafe, citação, referência (manifestações explícitas de
intertextualidade), alusão, eco, traço, paráfrase, ironia e pastiche
(manifestações implícitas de intertextualidade).
Partindo para a questão da intertextualidade, nos últimos anos surgiram
séries e filmes baseados em contos de fada populares, trazendo versões e
adaptações, algumas sendo muito criticadas por apresentarem distorções,
enfraquecendo o enredo. Porém, é preciso pontuar que o cruzamento
intertextual impacta, significativamente, no letramento cultural do leitor, visto
que conhecer os contos populares originais é imprescindível para a
preservação das narrativas históricas.

Vejamos, a seguir, algumas versões em live action de contos famosos:

A companhia dos Lobos (1984).


Floresta Negra (1997) - adaptação dos Irmãos Grimm.
Para sempre Cinderela (1998).
A garota da capa vermelha (2011).
Espelho, espelho meu (2012).
João e Maria – Caçadores de Bruxas (2013) - adaptação dos Irmãos
Grimm.
Malévola (2014).
Cinderela (2015) - adaptação de Charles Perrault.

A linguagem do cinema aproxima-se da linguagem literária, pois ambas


contam histórias. Assim, ao contar uma história, o cinema pode interferir no
contexto social e político de um determinado período, além de exercer
influências ideológicas sobre o espectador. As versões citadas, a partir do
texto original, foram produzidas e apresentam histórias encantadoras,
principalmente pela ótica do público infantil, bem como são compostas pelos
valores do período de sua produção, como os contos populares no passado.
atividade
Atividade
“As origens dos contos de fadas são as mais diversas. Proveniente de contos
folclóricos europeus e orientais, há neles um interessante cruzamento de princípios,
entre os quais predominam os judaicos-cristãos e os da vertente mística da
antiguidade greco-latina”.

KHÉDE, S. S. Personagens da Literatura Infanto-juvenil. São Paulo: Ática, 1986, p. 16.

Considerando a citação apresentada e a temática dos contos de fada, a respeito das


suas contribuições para a infância, analise as afirmativas a seguir:

I. Os contos de fada possibilitam a diversão e o encantamento, bem como permitem


que a criança reflita sobre a sua realidade.

II. Muitos contos populares podem referir-se a dramas cotidianos.

III. Os contos de fada deixam fluir o imaginário e levam a criança a ter curiosidade.

IV. Por meio dos contos de fada, é possível formar opiniões sobre o que é certo e o
que é errado.

V. Os contos populares ampliam e mobilizam os limites do imaginário pessoal e


coletivo das crianças.

Está correto o que se afirma em:

a) I e IV, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) III, IV e V,apenas.
d) I, II, IV e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.
As Leituras dos Contos de Fada
de Andersen

O escritor dinamarquês Hans Christian Andersen nasceu em Odense, no dia 2


de abril de 1805, em uma família muito pobre. Cresceu ouvindo as histórias
de seu pai, que estimulava as fantasias e o dom criativo do filho. Por meio de
uma marionete, presente de seu pai, Andersen aprendeu a ler e interessou-se
por teatro, tanto que memorizou algumas peças de William Shakespeare.

Após a morte de seu pai, quando tinha 11 anos, teve que parar de estudar e
começou a trabalhar. Aos 14 anos, mudou-se para Copenhague, onde
conheceu Jonas Collin, diretor do Teatro Real. Essa amizade garantiu a
Andersen uma vaga no Teatro Real, em que atuou como ator, bailarino e
compositor de peças.

Com a ajuda financeira de Collin, Andersen foi para a Universidade de


Copenhague, em 1828. Após os estudos, publicou a obra “O Improvisador”,
em 1935, tornando-se conhecido mundialmente.

A produção literária de Hans Christian Andersen é composta por romances,


poemas e narrativas de viagens. No entanto, o escritor ganhou
reconhecimento pela publicação de contos de fada, o qual, naquele período,
era um gênero muito raro. Assim, Andersen editou seis volumes de contos
infantis e escreveu 156 histórias, entre 1835 e 1872.

A infância sofrida e pobre contribuiu para a percepção do social como um


todo, em especial no que diz respeito às diferenças entre as esferas
socioeconômicas. Essa vivência inspirou grande parte das narrativas infantis e
adultas de Andersen. Da produção do referido autor, podemos destacar: A
Princesa e a Ervilha; O Patinho Feio; A Caixinha de Surpresas; Os Sapatinhos
Vermelhos; A Pequena Sereia; e A Roupa Nova do Rei.

Figura 2.2 - O Patinho Feio


Fonte: Kadriya Gatina / 123RF.

Nas obras citadas, Andersen objetivava transmitir modelos comportamentais


aos leitores e colocá-los para refletirem a respeito dos conflitos sociais. Para o
referido autor, deveria haver igualdade de direitos no mundo.

Hans Christian Andersen, após uma queda, ficou debilitado, vindo a falecer
em 4 de agosto de 1872, em Copenhague. Como um meio de homenageá-lo
pela sua contribuição para a literatura, em 2 de abril, data de seu nascimento,
é celebrado o Dia Internacional do Livro Infanto-juvenil.

Adentrando a obra produzida para o público infantil, vale pontuar que


Andersen introduziu novas características aos contos, além de modificar os
ideais de herói de sua época. Algumas de suas histórias não se iniciam com
“Era uma vez”, bem como não terminam com “...e viveram felizes para
sempre”. Além disso, a linguagem empregada em seus contos possui um tom
coloquial, em decorrência de suas vivências e história de vida.

A experiência do mundo na sua ascensão social não evita que fale


de gente humilde e descreva ambientes pobres, o que não era
usual na literatura dinamarquesa. [...] E para os seus contos trouxe
uma multidão de personagens que a sua volta se encontravam e o
país onde viveu, a Fiónia, a Zelândia, reproduzindo, em lugar da
paisagem vazia do conto tradicional, uma paisagem verdadeira
com sol, natureza e clima, com a flora dinamarquesa que tão bem
conheceu (DUARTE, 1995, p. 18-62).

Os temas abordados por Andersen não são efêmeros, uma vez que retratam
a essência da alma humana. Assim, são passíveis de provocarem reflexões
sobre valores, identidade, aparência versus essência, o bem versus o mal,
dentre outras temáticas. Assim, sua obra apresenta, por exemplo, as
seguintes lições: A existência é maravilhosa; É preciso sofrer para vencer; Há
forças boas que auxiliam os infelizes, porém virtuosos etc. Por meio do
exposto, podemos perceber que a literatura de Andersen difere-se,
significativamente, da literatura de Perrault e dos Irmãos Grimm.

reflita
Reflita
Hans Christian Andersen é “[...] a primeira voz autenticamente romântica a contar
histórias para as crianças e a sugerir-lhes padrões de comportamento a serem
adotados pela nova sociedade que naquele momento se organizava”.

Fonte: Coelho (2003, p. 25).


Abordaremos, a seguir, um tema recorrente nas histórias do dinamarquês: a
morte, sob duas perspectivas:

a) Como um meio para atingir um determinado objetivo.

Sobre essa função, podemos observar a obra “O Isqueiro Mágico”, na qual o


rei e a rainha são mortos pelo cão maior, que realiza os desejos do soldado (o
protagonista). Assim, este é privilegiado, visto que a princesa se tornou a
herdeira do trono. No final, o soldado casa-se com a princesa e torna-se o rei.

b) Para enaltecer a pureza do personagem.

Sobre essa função, observaremos o clássico “A Pequena Sereia”. Na história,


há uma sereia boa e pura, que está disposta a se doar e, por se manter fiel à
sua pureza, prefere a morte. Assim, por sua escolha, perde o amor de sua
vida, ao invés de ferir alguém (VAGULA; SOUZA, 2015).

Figura 2.3 - Estátua da Pequena Sereia, em Copenhague


Fonte: Vichaya Kiatying-Angsulee / 123RF.

Os contos de Hans Christian Andersen que apresentam a morte como


temática fazem com que os leitores reflitam e cheguem à conclusão de que a
morte faz parte da vida, e que não há como prevê-la e/ou evitá-la.

De modo geral, seus contos diferenciam-se dos contos de outros escritores do


gênero, pois suas fontes não são apenas folclóricas, uma vez que o autor
adaptou histórias, bem como inventou muitas outras. Seus contos não são
somente constituídos pelo maravilhoso, pois muitas de suas histórias foram
inspiradas na realidade.

Nesse sentido, podemos relacionar uma obra literária com uma obra fílmica,
como um meio de potencializar a aprendizagem e despertar o gosto pela
leitura no aluno. Tendo isso em vista, sugerimos a relação entre o conto “A
rainha da neve” e a animação “O Reino Gelado” (2012), que é, na verdade,
uma aventura em tom de fábula. Vejamos, a seguir, a sinopse.

Na animação, um homem, ao criar um espelho capaz de mostrar as


características negativas da pessoa, acaba por irritar a Rainha Má, que
desencadeia uma forte nevasca, destruindo tudo pela frente e matando
pessoas, inclusive um homem e sua mulher, que deixam duas crianças órfãs.
Passa-se o tempo e, em um orfanato, Gerta é obrigada a costurar luvas,
reencontrando, por um acaso, seu irmão, Kai, no mesmo lugar.

Na sequência, um troll, mandado pela Rainha, captura as crianças e as leva


para um mundo mágico, no qual os irmãos se separam. Kai encontra a
Rainha, que acredita que ele possui poderes que poderiam exterminá-la, pelo
fato de ele ser desenhista. Assim sendo, a Rainha quer congelá-lo. No entanto,
quem tem poderes é Gerda, a irmã. Enquanto isso, junto a um furão e ao troll,
Gerda busca o irmão perdido. Pelo caminho, o trio se depara com uma
mulher ambiciosa que vende flores sem perfume a preços exorbitantes. Ao
perceber que a menina é capaz de transformar suas plantas, a vendedora
tenta sequestrá-la.

Analisando a questão da intertextualidade, dos elementos que não seguem o


conto original, a maior mudança refere-se à personagem do troll, que, na
história de Andersen, é representada pelo demônio. Na animação, trata-se de
um ser inofensivo e atrapalhado.

Outros filmes foram inspirados em suas obras, como “A Pequena Sereia”,


“Polegarzinha”, “Os Sapatinhos Vermelhos”, dentre outros.

Em suma, como vimos, os contos de Andersen diferem-se dos de Perrault e


dos Irmãos Grimm. Assim, observamos que nem todas as histórias
apresentam fadas; porém, todas elas contêm um elemento extraordinário,
que surpreende e encanta o leitor/espectador, além de auxiliá-lo a superar
questões interiores e exteriores, favorecendo o desenvolvimento de sua
personalidade.
atividade
Atividade
Analise a afirmação: “A produção dos contos de Andersen não se restringiu a coleta
e reconto das narrativas da cultura popular, como foi o caso de Perrault e dos
Irmãos Grimm”.

VAGULA, V. K. B.; SOUZA, R. J. de. A morte na literatura infantil de Hans Christian


Andersen. Caderno Seminal Digital, ano 21, n. 23, v. 1, jan./jun. 2015, p. 324.

Tendo em vista a afirmativa e a produção literária de Hans Christian Andersen,


assinale, a seguir, a alternativa correta:

a) Andersen, assim como os Irmãos Grimm, transcrevia as histórias antigas


contadas pelos moradores de sua cidade
b) Andersen dedicou parte de sua vida à coleta de histórias, as quais traziam
uma lição moral, como as fábulas.
c) As histórias de Andersen partiram de experiências vividas, bem como do
folclore de seu país de origem.
d) Andersen recontava as histórias de escritores famosos de literatura
infantil, como Charles Perrault.
e) Andersen produziu parte de suas histórias, porém a grande maioria advém
dos contos populares.
Os Contos de Fada Modernos:
Pinóquio, Alice no País das
Maravilhas e Peter Pan

Agora, discutiremos sobre os contos de fadas modernos. Traçaremos, a


seguir, uma linha do tempo, evidenciando as mudanças que levaram a uma
nova visão do conto.

O ponto de partida corresponde ao avanço do racionalismo cientificista e ao


pragmatismo da sociedade progressista, que culminaram em uma
marginalização do maravilhoso dos contos de fada, cuja natureza advém de
magia. Então, em 1856, na França, a Condessa de Ségur publicou a obra
“Novos contos de fadas”, a qual não agradou muito o público. No entanto, em
1856, a autora lançou a obra “Meninas exemplares”, conseguindo sucesso,
uma vez que as histórias traziam modelos de conduta, os quais deveriam ser
seguidos pelos leitores.
saiba mais
Saiba mais
"Os romances da Condessa compõem-se de histórias que falam das relações no
universo familiar e que fixam modelos e contra-modelos de infância, passando
pelas brincadeiras, travessuras e rivalidades entre irmãos e primos, com temas
sobre a orfandade e o acolhimento, a piedade religiosa e os salões mundanos,
entre outros fatos e lições da rotina nos velhos castelos europeus. [...] as histórias
da Condessa apresentam uma proposta de formação dos valores e de educação
sentimental das crianças”.

ACESSAR

Posteriormente, nasceu, com Lewis Carroll, o fantástico absurdo,


representado pela obra “Alice no País das Maravilhas”, publicada em 1865, na
Inglaterra. Já na Itália, em 1883, surgiu uma outra vertente de história, a qual
fundia o maravilhoso dos contos de fada com o racionalismo realista. A obra
representante desse estilo é “Pinóquio”, de Collodi. A história do boneco de
madeira é utilizada como instrumento do racional, apresentando-se como um
manual de conduta para as crianças. Já em 1092, o escritor escocês J. M.
Barrie, por meio do maravilhoso, trouxe ao público a história de Peter Pan no
livro intitulado “The Little White Bird”, história essa que foi adaptada para o
teatro.

Após essas importantes publicações, por algum tempo, os contos de fada e o


conto maravilhoso entraram em hibernação, voltando para a ativa apenas no
século XX.

No século XXI, por sua vez, há um retorno da magia do maravilhoso, por meio
de edições clássicas e de novas versões dos contos de fada, dos contos
maravilhosos, das lendas e dos mitos. No âmbito cinematográfico, algumas
obras renderam. São exemplos de obras para esse período as produções
cinematográficas, que renderam muito dinheiro aos produtores, como os
contos de fada modernos Harry Potter e Shrek.
Os contos de fada continuam vivos e ainda seguem formando valores, pois
venceram a barreira do tempo, estando disponíveis por meio de livros, filmes,
animações, dentre outras multimídias.

reflita
Reflita
"Tudo tem uma moral, basta saber encontrá-la”.

Fonte: Carroll (2000, p. 112-113).

Entretanto, diferentemente dos contos de fada clássicos, os modernos


nascem a partir do labor do escritor, isso é, de sua criatividade, pois não
advêm da tradição oral. Os contos modernos apresentam por características:
A personagem individual é incorporada à coletividade.

As personagens reaparecem por meio da sátira e da crítica.

O narrador pode aparecer em 1ª ou 3ª pessoa.

O tempo pode ser histórico ou indeterminado.

O realismo se alterna com a fantasia.

As soluções dos problemas nos contos são resultado do trabalho em


equipe.

As personagens são encorajadas a enfrentarem os obstáculos, sem a


ajuda de magia.

Quadro 2.2 - Características dos contos modernos


Fonte: Adaptado de Juvino (2010).

Na atualidade, muitos contos clássicos são modificados e há um apelo voltado


para o visual, uma vez que a geração de hoje é ligada às tecnologias. Por
exemplo, os contos de fada abordados nos filmes de Disney, como Branca de
Neve, Cinderela, A Bela Adormecida, A Pequena Sereia etc., apresentam-se
em uma nova roupagem, ligada ao contexto histórico contemporâneo.

Partindo para a onda cinematográfica, em 2003, a empresa Warner Bros


apresentou ao público o filme “Peter Pan”, repleto de efeitos visuais,
agradando o telespectador pela fidelidade com o conto e a peça teatral.
Tempos depois, saiu o filme “Em busca da terra do nunca”, apresentando
aspectos biográficos de J. M. Barrie e como se deu a produção da história do
Peter Pan. Ainda, vale comentar sobre a minissérie britânica “Neverland”,
transmitida, pelo canal Syfy, que conta como Peter Pan e os meninos perdidos
foram parar na Terra do Nunca e apresenta o verdadeiro motivo pelo qual o
Capitão Gancho odeia tanto o protagonista.

Quanto à obra “Alice no País das Maravilhas”, em 2010, surgiu uma versão
dirigida por Tim Burton, sendo uma sequência do livro de Lewis Carroll. No
filme, Alice volta ao País das Maravilhas dez anos depois, mas não se lembra
de ter ido para lá quando criança. Sobre a obra “Pinóquio”, está previsto um
live action para o ano de 2019.

Conforme já conversamos, as produções cinematográficas contribuem para o


despertar do nosso interesse em relação aos contos de fada.

A respeito dos significados dos textos e dos filmes, cabe analisar os enredos
antes de aplicá-los em sala de aula, pois é a partir de um olhar cuidadoso e de
uma leitura atenciosa que essas histórias, nas diferentes esferas (escola,
família etc.) podem se transformar em algo significativo para os profissionais,
uma vez que podem permanecer no inconsciente de cada um e interferir nos
diferentes níveis psicológicos do ser humano.
atividade
Atividade
Analise a afirmação: “Os contos de fadas modernos são frutos da imaginação e
criatividade dos autores, diferente dos contos tradicionais, que eram recolhidos da
tradição oral, baseados em histórias contadas pelo povo”.

JUVINO, A. da S. A relação entre o conto de fadas tradicional e o moderno. 51 f.


Monografia (Graduação em Letras) – Departamento de Letras e Educação,
Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira-PR, 2010, p. 25.

Considerando a afirmação apresentada sobre a diferença entre os contos de fada


modernos e tradicionais, analise as afirmativas a seguir sobre as características dos
contos de fada modernos:

I. Há uma valorização da coletividade em detrimento da individualidade.

II. Há a presença do maravilhoso.

III. Como nos clássicos, há uma moral da história.

IV. Os problemas dos protagonistas são individuais.

V. Por serem destinados ao público infantil, não há crítica social nesses contos

Está correto o que se afirma em:

a) I e IV, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) III, IV e V, apenas.
d) I, II, IV e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.
in dica ções
Material Complementar

LIVRO

A Psicanálise da Terra do Nunca


Diana L. Corso; Mário Corso
Editora: Penso
ISBN: 856389904X
Comentário: Nesta obra, os autores apresentam
alguns conflitos comuns a todos nós, por meio de uma
análise de histórias e personagens contemporâneas,
como Shrek, Alice, Família Addams, Noviça Rebelde,
Mary Poppins, Matilda etc. O livro traz interpretações
dos valores do mundo contemporâneo intrínsecos
nessas histórias de entretenimento.
FILME

Caminhos da Floresta
Ano: 2015
Comentário: Trata-se de um musical que traz histórias
já conhecidas pelo público. Na floresta de um reino
distante, aparecem versões modernas de Rapunzel,
João e o Pé de Feijão, Chapeuzinho Vermelho e Cinderela
de forma entrelaçada. É uma mistura que dá certo e
vem para quebrar estereótipos dos contos de fada
clássicos.

TRAILER
con clusã o
Conclusão

Chegamos ao fim de mais uma unidade, em que adentramos os ideais de


autores famosos e importantes para a Literatura Infantil, os quais
contribuíram para a solidificação do gênero.

Descobrimos que o período histórico determina o modo como as histórias


foram criadas e os seus objetivos. A partir disso, foi possível evidenciar, por
exemplo, as diferenças presentes nos contos de fada.

Ao longo desta unidade, discutimos a produção literária de grandes autores,


como Charles Perrault, os Irmãos Grimm e Hans Andersen Christian, os quais
deixaram uma bagagem gigantesca de histórias, personagens, moralidades e
ensinamentos. Podemos afirmar que a literatura infantil é riquíssima. Por
meio da história de produção individual de cada autor, descobrimos o intuito
de suas obras e traçamos algumas diferenças. Uma dessas diferenças, por
exemplo, é a transcrição e as adaptação das histórias orais para as páginas
dos livros, coisa que Andersen não fez.

Além dessas descobertas, foi possível relacionar os contos de fada com as


produções atuais, as quais estão muito ligadas ao cinema. Essa
intertextualidade é um caminho possível em sala de aula para se trabalhar os
contos de fada clássicos, bem como os modernos.

referên cias
Referências Bibliográficas

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Releitura, Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, n. 21, abr.
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São Paulo: Colégio Objetivo, 2000.

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Cinderela: a de Charles Perrault e a dos Irmãos Grimm. 78 f. Trabalho de
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JUVINO, A. da S. A relação entre o conto de fadas tradicional e o moderno.


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