Hidrologia Basica
Hidrologia Basica
Hidrologia Basica
1
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. 03
LISTA DE TABELAS................................................................................................. 03
1. CICLO HIDROLÓGICO......................................................................................... 04
1.1 Introdução à hidrologia....................................................................................... 04
1.1.1 História da hidrologia....................................................................................... 05
1.1.2 Aplicação da Hidrologia …............................................................................... 07
1.2 Ciclo hidrológico................................................................................................. 09
1.3 Bacia hidrográfica.............................................................................................. 11
1.3.1 Área de drenagem1......................................................................................... 14
1.3.2 Ordem da Bacia............................................................................................... 15
1.3.3 Tempo de concentração................................................................................... 17
1.4 Precipitação........................................................................................................ 18
1.4.1 Tipos de precipitação....................................................................................... 20
1.5 Interceptação...................................................................................................... 23
1.6 Infiltração............................................................................................................. 26
1.6.1 Grandezas características................................................................................ 27
1.6.2 Fatores intervenientes...................................................................................... 28
1.6.3 Determinação da capacidade de infiltração..................................................... 29
1.7 Evaporação......................................................................................................... 30
1.8 Escoamento superficial e regime dos cursos d'água.......................................... 36
1.8.1 Escoamento superficial.................................................................................... 36
1.8.2 Regime dos cursos d’água............................................................................... 45
1.9 Transporte de sedimentos................................................................................... 47
1.9.1 Ciclo hidrossedimentológico............................................................................. 48
1.10 Balanço hídrico.................................................................................................. 51
2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ciclo Hidrológico
Figura 2 – Bacia Hidrográfica
Figura 3 – Divisor de águas
Figura 4 – Regiões Hidrográficas do Brasil
Figura 5 – Precipitações ciclônicas
Figura 6 – Precipitações orográficas
Figura 7 – Precipitações convectivas
Figura 8 - Ietograma e hidrógrada de uma chuva isolada
Figura 9 – Hidrograma de saída
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Equações empíricas baseadas na expressão aerodinâmica
Tabela 2 - Valores do coeficiente de deflúvio, C.
Tabela 3 – Variáveis de entrada e saída de água do Balanço Hídrico
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1. CICLO HIDROLÓGICO
1.1 Introdução à hidrologia
4
da bacia hidrográfica, que implica o aproveitamento racional dos recursos com o
mínimo dano ao ambiente.
A convivência com o meio físico natural existe desde a origem do homem. De acordo
com Tucci (1993), filósofos gregos tentaram erroneamente explicar o ciclo hidrológico, e
apenas Marcus Vitruvius Pollio (100 a.C.) apresentou conceitos próximos do
entendimento atual do ciclo hidrológico. Admitia-se que o mar alimentava os rios
através do subsolo. Até no início deste século ainda existiam pessoas que
questionavam o conceito moderno do ciclo hidrológico.
5
(1993), apenas a partir do século 15, com Leonardo da Vinci e Bernard Palissy, o ciclo
hidrológico passou a ser melhor compreendido. O problema era aceitar que a
precipitação tinha um volume maior que a vazão e que os rios são mantidos perenes
pelo retardamento do escoamento do subsolo. Pierre Perrault, no século 17 (1608-
1680), avaliou os elementos da relação precipitação-vazão, ou seja a precipitação,
evaporação e capilaridade da bacia do rio Sena e comparou estas grandezas com
medições de vazão realizadas por Edm‚ Mariotte, constatando que a vazão era
apenas cerca de 16% da precipitação.
6
Nesta mesma década outros métodos quantitativos foram apresentados, o que
possibilitou a ampliação dos conhecimentos nessa ciência. Porém, mesmo com esse
avanço, até a década de 50 a hidrologia se limitava a indicadores estatísticos dos
processos envolvidos.
7
c. Estabelecimento de método de construção;
3. Drenagem:
a. Estudo das características do lençol freático;
b. Exame das condições de alimentação e de escoamento natural do lençol:
precipitação, bacia de contribuição e nível d’ água nos cursos ‘d água;
4. Irrigação:
a. Problema de escolha do manancial;
b. Estudo de evaporação e infiltração;
5. Regularização de cursos d’ água e controle de inundações:
a. Estudo das variações de vazão; previsão de vazões máximas;
b. Exame das oscilações de nível e das áreas de inundação;
6. Controle de Poluição:
a. Análise da capacidade de recebimento de corpos receptores dos efluentes
de sistemas de esgotos: vazão mínima de cursos d’ água, capacidade de
reaeração e velocidade de escoamento;
7. Controle da Erosão:
a. Análise de intensidade e frequência das precipitações máximas,
determinação de coeficiente de escoamento superficial;
b. Estudo da ação erosiva das águas e da proteção por meio de vegetação e
outros recursos;
8. Navegação:
a. Observação de dados e estudos sobre construções e manutenção de
canais navegáveis;
9. Aproveitamento Hidrelétrico:
a. Previsão das vazões máximas, mínimas e médias dos cursos d’ água para
o estudo econômico e o dimensionamento das instalações;
8
b. Verificação da necessidade de reservatório de acumulação; determinação
dos elementos necessários ao projeto e construção do mesmo: bacias
hidrográficas, volumes armazenáveis, perdas por evaporação e infiltração;
10.Operação de sistemas hidráulicos complexos;
11. Recreação e preservação do meio ambiente; e
12.Preservação e desenvolvimento da vida aquática.
Para entender melhor, o ciclo pode-se visualizá-lo como tendo início com a evaporação
da água dos oceanos. O vapor resultante é transportado pelo movimento das massas
de ar. Sob determinadas condições, o vapor é condensado, formando as nuvens que
por sua vez podem resultar em precipitação. Esta precipitação que ocorre sobre a terra
pode ser dispersa de várias formas. A maior parte fica retida temporariamente no solo
próximo onde caiu, que por sua vez, retorna à atmosfera através da evaporação e
transpiração das plantas. Uma parte da água que sobra escoa sobre a superfície do
solo ou para os rios, enquanto que a outra parte penetra profundamente no solo,
abastecendo o lençol d’ água subterrâneo. A Figura 1 demonstra melhor como ocorrem
essas relações entre as fases.
9
• q: umidade específica do ar em gramas de vapor d’ água por quilo de ar, ou g/kg;
• P: precipitação (mm);
• i: intensidade de chuva (mm/h);
• Q: deflúvio superficial ou vazão (m³/s);
• f: taxa de infiltração (mm/h);
• ET: evapotranspiração (mm/d).
Embora o ciclo hidrológico possa parecer um ciclo contínuo, com a água se movendo
de uma forma permanente e com uma taxa constante, é na realidade bastante
diferente, pois o movimento que a água faz em cada uma das fases do ciclo ocorre de
forma bastante aleatória, variando tanto no espaço como no tempo.
10
Em determinadas circunstâncias, a natureza parece trabalhar com os excessos. Ora
provoca chuvas torrenciais que ultrapassam a capacidade de suporte dos cursos d’
água, acarretando em inundações, ora parece que todo o ciclo hidrológico parou
completamente. Esses extremos de enchente e seca são os que mais interessam para
os engenheiros, pois muitos dos projetos de Engenharia Hidráulica são feitos com a
finalidade de proteção contra estes mesmos extremos, e quando não previsto podem
acarretar em danos.
Para cada trabalho que irá realizar, uma análise hidrológica deve ser feita, seja para
saber se a precipitação irá interferir no processo, ou se a drenagem é adequada para o
tipo de empreendimento.
Uma bacia hidrográfica de um curso de água é uma área de captação natural da água
da precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu
exutório. É composta basicamente de um conjunto de superfícies vertentes de uma
rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar um leito único
no exutório. Bacia hidrográfica é, portanto, uma área definida topograficamente,
drenada por um curso d’água ou por um sistema conectado de cursos d’água, de forma
11
tal que toda a vazão efluente seja descarregada por uma simples saída. Pode ser
considerada um sistema físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída
é o volume de água escoado pelo exutório (Figura 2), considerando-se como perdas
intermediárias os volumes evaporados e transpirados e também os infiltrados
profundamente.
A formação da bacia hidrográfica dá-se através dos desníveis dos terrenos que
direcionam os cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas. É
uma área geográfica e, como tal, mede-se em km².
12
superficial (SILVEIRA, 1993). Ela pode ser definida como uma área limitada por um
divisor de águas (Figura 3), que a separa das bacias adjacentes e que serve de
captação natural da água de precipitação através de superfícies vertentes.
13
Figura 4 – Regiões Hidrográficas do Brasil
É a área plana (projeção horizontal) inclusa entre seus divisores topográficos. A área é
o elemento básico para o cálculo das outras características físicas. A área de uma
14
bacia hidrográfica é geralmente expressa em km2. Na prática, determina-se a área de
drenagem com o uso de um aparelho denominado planímetro, porém pode-se obter a
área com uma boa precisão, utilizando-se o “método dos quadradinhos”.
O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários.
A classificação dos rios quanto à ordem reflete o grau de ramificação ou bifurcação
dentro de uma bacia. Os cursos d´água maiores possuem seus tributários, que por sua
vez possuem outros até que chegue aos minúsculos cursos d´água da extremidade.
Normalmente, quanto maior o número de ramificações maior serão os cursos d´água.
Dessa forma, podem-se classificar os cursos d´água de acordo com o número de
bifurcações (PEDRAZZI, 2003).
15
direção) da rede de drenagem. Sua aplicabilidade em escala global, com o emprego de
poucos dígitos, além da amarração nos dígitos da relação topológica entre as bacias
hidrográficas, são as características marcantes do método de Otto Pfafstetter.
O primeiro princípio dessa forma de classificação é que o rio principal de uma bacia é
sempre o que tem a maior área de contribuição a montante. Isto contraria, em muitos
casos, a atribuição de nomes feita tradicionalmente na bacia, mas é um critério que
certamente tem uma base hidrológica mais sólida. A partir da identificação do rio
principal, classificam-se suas bacias afluentes por área de drenagem.
Cada uma das bacias determinadas pode ser novamente classificada, sendo então
atribuído um algarismo adicional. As bacias pares são classificadas como uma nova
bacia integral, sendo o rio principal o que na fase anterior foi um afluente. As bacias
16
incrementais, ímpares, são classificadas considerando-se o mesmo rio principal da fase
anterior, restrito ao trecho incremental considerado. O processo pode ser repetido
enquanto houver afluentes na rede hidrográfica. A classificação de Pfafstetter tem como
objetivo as bacias, mas nada impede que seja adaptada, como foi feito, para a
classificação dos rios. Basta para isso que o rio receba o número da bacia principal ao
qual é associado. Desta maneira os códigos dos rios sempre terão sua terminação em
um algarismo par. (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2002).
Fórmula de Kirpich
( )
0,385
L2
t c=57
I eq
Onde:
Ieq = declividade equivalente em m/km
L = comprimento do curso d´água em km.
Fórmula de Picking
17
( )
1
L2
t c=5,3 3
I eq
Onde:
L = comprimento do talvegue em km;
Ieq = declividade equivalente em m/m.
1.4 Precipitação
18
Outros fatores climáticos de suma importância são a temperatura, a umidade e o vento,
principalmente pela influência que exercem sobre a precipitação e a evaporação.
A partir do momento em que as gotas d’ água atingem tamanho suficiente para vencer
a resistência do ar, elas se deslocam em direção ao solo. Nesse movimento de queda,
as gotas maiores caem com maior velocidade do que os menores, o que faz com que
as gotas menores sejam alcançadas e incorporadas às maiores aumentando, portanto,
seu tamanho.
O processo de difusão do vapor é aquele no qual o ar, após o nível de condensação,
continua evoluindo, provocando difusão do vapor supersaturado e sua consequente
condensação em torno das partículas que aumenta de tamanho.
2
O movimento Browniano é o movimento aleatório de partículas macroscópicas num fluido como consequência dos
choques das moléculas do fluido nas partículas.
19
1.4.1 Tipos de precipitação
As precipitações ciclônicas
Costumam ser de longa duração, apresentando intensidade de baixa a moderada,
espalhando-se por grandes áreas.
20
Figura 5 – Precipitações ciclônicas
• Precipitações Orográficas
21
Fonte: Villela & Mattos, 1975.
• Precipitações Convectivas
Caso esse equilíbrio, por qualquer motivo (vento, superaquecimento) for quebrado,
provocará uma ascensão brusca e violenta do ar menos denso, que é capaz de atingir
grandes altitudes. Essas precipitações costumam ser de grande intensidade e curta
duração, concentradas em pequenas áreas. A Figura 7 demonstra como esse
fenômeno acontece.
22
Fonte: Villela & Mattos, 1975.
1.5 Interceptação
Ainda de acordo com Tucci (1993), a retenção de parte do escoamento também pode
ocorrer por depressões do solo, mas não pode ser considerada uma interceptação
propriamente dita, já que parte do volume retido retorna ao fluxo da bacia através da
infiltração. Essas depressões do solo ou a baixa capacidade de drenagem podem
provocar o armazenamento de grandes volumes de água, reduzindo a vazão média da
bacia.
• Interceptação vegetal
Esse tipo de interceptação pode depender de algumas variáveis, dentre elas: características da
precipitação e condições climáticas, tipo e densidade da vegetação e período do ano. As
23
características principais da precipitação são a intensidade, o volume precipitado e a chuva
antecedente.
As folhas geralmente interceptam a maior parte da precipitação, mas a disposição dos troncos
contribui significativamente. Em regiões em que ocorre uma maior variação climática, ou seja, em
latitudes mais elevadas, a vegetação apresenta uma significativa variação da folhagem ao longo
do ano, que interfere diretamente com a interceptação. A época do ano também pode
caracterizar alguns tipos de cultivos que apresentam as diferentes fases de crescimento e
colheita. A equação da continuidade do sistema de interceptação pode ser descrita por
S i =P −T − C
Onde:
Si = precipitação interceptada;
P = precipitação;
T = precipitação que atravessa a vegetação;
C = parcela que escoa pelo tronco das árvores.
De acordo com Tucci (1993), Horton (1919) foi um dos primeiros a descrever e
apresentar resultados e equações para descrever o comportamento da interceptação
24
vegetal. O referido autor relacionou o volume interceptado durante uma enchente com a
capacidade de interceptação da vegetação e a taxa de evaporação.
( AvA ) . E . tr
S i =S v +
Onde:
Sv = capacidade de armazenamento da vegetação para a área;
Av = área de vegetação;
A = área total;
E = evaporação da superfície de evaporação;
tr = duração da precipitação.
25
al. (1949) utilizou a seguinte expressão empírica para retratar o volume retido pelas
depressões do solo após o início da precipitação (TUCCI, 1993).
1−e −kPe
V d =S d
Onde:
Vd = volume retido;
Sd = capacidade máxima;
Pe = precipitação efetiva;
K = coeficiente equivalente a 1/Sd
1.6 Infiltração
26
A água de chuva precipitada sobre terreno permeável é geralmente succionada
totalmente pelo solo até o instante em que se inicia a formação de um espelho d’água
na superfície e, por conseguinte, a ocorrência de deflúvio superficial. Esse fato pode ser
observado por qualquer pessoa, porém é regido por leis físicas complexas, cuja
quantificação é supostamente conseguida por meio de experimentos, leis empíricas e
solução de equações diferenciais que governam o movimento da água no solo
(RIGHETTO, 2008).
A infiltração pode ser dividida em três fases essenciais, sendo elas a fase de
intercâmbio, de descida e de circulação. Na fase de intercâmbio, a água está próxima à
superfície do terreno, sujeita a retornar a atmosfera por uma aspiração capilar,
provocada pela ação da evaporação ou absorvida pelas raízes das plantas e em
seguida transpirada pelo vegetal.
Quando o deslocamento vertical da água ocasionado pela ação de seu próprio peso
supera a adesão e a capilaridade, chamamos de fase de descida. Esse movimento se
efetua até atingir uma camada-suporte de solo impermeável.
• Capacidade de infiltração
27
É a quantidade máxima de água que um solo, sob uma dada condição, pode absorver
na unidade de tempo por unidade de área horizontal. A penetração da água no solo, na
razão de sua capacidade de infiltração, verifica-se somente quando a intensidade da
precipitação excede a capacidade do solo em absorver a água, isto é, quando a
precipitação é excedente. A capacidade de infiltração pode ser expressa por milímetros
por hora (mm/h), milímetros por dia (mm/dia), metros cúbicos por metro quadrado
(m3/m2) ou metros cúbicos por dia (m3/dia).
• Distribuição granulométrica
É a distribuição das partículas constituintes do solo em função das suas dimensões.
• Porosidade
É a relação entre o volume de vazios de um solo e o seu volume total, expressa
comumente em porcentagem (%).
• Velocidade de infiltração
É a velocidade média de escoamento da água através de um solo saturado,
determinada pela relação entre a quantidade de água que atravessa a unidade de área
do material do solo e o tempo. Pode ser expressa por metros por segundo (m/s), metros
por dia (m/dia), metros cúbicos por metro quadrado (m3/m2) ou metros cúbicos por dia
(m3/dia).
1.6.2 Fatores intervenientes
• Tipo de solo
28
A capacidade de infiltração varia diretamente com a porosidade, o tamanho das
partículas do solo e o estado de fissuração das rochas. As características presentes em
pequena camada superficial, com espessura da ordem de 1 cm, têm grande influência
sobre a capacidade de infiltração.
As águas das chuvas quando se chocam com o solo promovem a compactação da sua
superfície, diminuindo a capacidade de infiltração, transportam os materiais finos que,
pela sua sedimentação posterior, tenderão a diminuir a porosidade da superfície,
umedecem a superfície do solo, saturando as camadas próximas, aumentando a
resistência à penetração da água; e atuam sobre as partículas de substancias coloidais
que, ao intumescerem, reduzem as dimensões dos espaços intergranulares.
29
O método de Horner e Lloyd também pode ser utilizado para conhecer a capacidade de
infiltração do solo de uma dada área, porém para pequenas bacias hidrográficas. Ele é
baseado na medida direta da precipitação e do escoamento superficial resultante, o que
possibilita a determinação da curva da capacidade de infiltração em função do tempo.
1.7 Evaporação
30
vento e umidade. Os mais conhecidos são os atmômetros e os tanques de
evaporação;
• Transferência de massa: é baseado na primeira Lei de Dalton, que estabelece a
relação entre evaporação e pressão de vapor, expressa da seguinte forma:
E=C . ( e s− e )
Onde:
E = intensidade da evaporação;
C = coeficiente influenciado por fatores interferentes;
eS = pressão de saturação do vapor de água à temperatura da água;
e = pressão do vapor d’água presente no ar atmosférico.
s−e a
e
Nf ( w )
E 0=
Onde:
N = parâmetro que considera dos efeitos da densidade do ar e da pressão;
f(w) = função da velocidade do vento;
31
f(r) = parâmetro de rugosidade.
De acordo com Tucci e Beltrame (1993), as funções introduzidas, que retratam o efeito
do vento, são obtidas com bases nos conceitos de camada limite que ocorre na ação do
vento próximo da superfície de interesse. Várias expressões são utilizadas para a
estimativa da evaporação em intervalos de tempo superiores a um dia. Segue a
equação apresentada por Sverdrup (1946):
2
0,63 ρK w8 ( e2−e8 )
E 0=
[ ( )]
2
800
p ln
r
Onde:
ρ
= massa específica do ar;
K = 0,41 (constante de Von Karman);
w8 = as velocidades do vento a 8 metros acima da superfície;
e2 e e8 = pressão de vapor a 2 e 8 metros;
p = pressão atmosférica;
r = altura da rugosidade.
• Equações Empíricas: foram estabelecidas com base no ajuste por regressão das
variáveis envolvidas, para algumas regiões e condições específicas. Por isso
devem ser utilizadas com cautela. São baseadas usualmente na equação
aerodinâmica:
• Equação
32
E 0 =Kf ( w ) [ e s ( T s ) −e a ]
Onde:
K = constante;
f(w) = função da velocidade do vento.
33
• Equação – Balanço hídrico
dV
=I −Q −E 0 . A+P . A
dt
Onde:
V = volume de água contido no reservatório (hm);
t = tempo (s);
I = vazão total de entrada no reservatório (m3/s);
Q = vazão de saída do reservatório (m3/s);
E0 = evaporação (mm/mês);
P = precipitação sobre o reservatório (mm/mês);
A = área do reservatório (km2).
• Equação – Evaporação
dV
I −Q dt
E 0= +P −
A A
34
Onde:
EP = Evaporação Potencial
I = Infiltração;
∆AS = variação do armazenamento de água no solo.
• Equação – Evapotranspiração
900
δ+γ∗. . ( e −e )
( T+ 273 ) s a
1 γ
δ+γ∗( R n −G ) +
λ
δ
ET 0 =
Onde:
ET0 = evapotranspiração diária de referência (mm);
� = calor latente de vaporização (MJkg-1);
δ = inclinação da curva da pressão de vapor saturado versus temperatura (k
Pa K-1);
Rn = saldo de radiação (MJ m-2 dia-1);
G = fluxo de calor no solo (MJ m-2 dia-1);
es = pressão de vapor saturado do ar (k Pa);
ea = pressão de vapor do ar na altura z (k Pa);
T = temperatura do ar na altura z (ºC);
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γ * = coeficiente psicrométrico modificado (k Pa K-1) = γ (1+ 0,33 U2); (U2 é a
velocidade do vento medida a 2 metros de altura (m s-1);
900 = Constante (k J-1 kg ºK).
De acordo com Martins (1976), parte da água das chuvas é absorvida pela vegetação e
outros obstáculos, a qual é evaporada posteriormente. Da quantidade de água que
atinge o solo, parte é retida em depressões do terreno e parte é infiltrada. Após o solo
alcançar sua capacidade de absorver a água, ou seja, quando os espaços nas
superfícies retentoras tiverem sido preenchidos, ocorre o escoamento superficial da
água restante.
36
No inicio do escoamento superficial é formada uma película laminar que aumenta de
espessura, à medida que a precipitação prossegue, até atingir um estado de equilíbrio.
Volumetotalescoado
C=
Volumetotalprecipitado
37
• Métodos de Estimativa do Escoamento Superficial
38
A figura 8 mostra uma hidrógrafa de uma chuva isolada (ietograma) de uma
precipitação que ocorreu em uma bacia, assim como a curva de vazão correspondente
registrada em uma seção de um curso d’água.
39
É possível observar quatro trechos diferentes na Figura xx, aonde o primeiro vai até o
ponto A. Neste primeiro trecho o escoamento ocorre devido exclusivamente à
contribuição do lençol freático, fazendo com que a vazão decresça. Entre os pontos A e
B acontece a contribuição simultânea dos escoamentos superficial e da base, formando
escoamento superficial direto, o qual promove aumento da vazão à medida que
aumenta a área de contribuição para o escoamento.
Quando a chuva durar tempo suficiente para que toda a área da bacia hidrográfica
contribua para a vazão na seção de controle, atinge-se o ponto B, onde ocorre a vazão
de pico, ou seja, o valor máximo para a vazão resultante da precipitação sob análise.
40
aproximação como o é a integração numérica, com base, por exemplo, na regra dos
trapézios, cuja aplicação resulta:
Qi
Q 1 +Q n n−1
+∑ ;
2 1=2
VESD=∆T
Desde que ∆t seja constante. Deve-se utilizar para ∆t a mesma unidade de tempo da
vazão.
VESD
Pe=
A BH
Onde:
Pe = precipitação efetiva;
VESD = volume escoado superficialmente direto;
ABH = área da bacia hidrográfica.
41
A determinação do hidrograma de projeto de uma bacia hidrográfica depende de dois
componentes principais, a separação do volume de escoamento superficial e a
propagação deste volume para jusante. Este último componente dos modelos
hidrológicos geralmente utiliza da teoria de sistemas lineares, ou seja, o hidrograma
unitário (HU) (Tucci, 1993).
42
inversamente proporcional à intensidade. Em bacias pequenas, as condições
mais críticas ocorrem devido às precipitações convectivas que possuem
pequena duração e grande intensidade.
2) Adotar um coeficiente único de perdas (coeficiente de escoamento), estimado
com base nas características da bacia.
3) Não avalia o volume de cheia e a distribuição temporal das vazões.
Q= 0,27 . C . i . A
Onde:
Q = vazão máxima (m³/s);
0,027 = correção quando usando a área da bacia em km²;
C: coeficiente de escoamento, também conhecido como run-off ou deflúvio;
i: intensidade da precipitação (mm/h);
A: área da bacia (km²).
43
Áreas livres: matas, parques, campos 0,05 a 0,20
Pavimentos 0,70 a 0,95
Solos com vegetação -
• Arenoso 0,05 a 0,15
• Argiloso 0,15 a 0,35
Fonte: RIGHETTO, 1998
Este método deve ser utilizado para áreas maiores que 80 ha até 200 ha. A equação
seguinte representa o método.
C .i. A
Q= .D
360
Onde:
D = 1 – 0,009.L/2 (L = comprimento axial da bacia, km).
• Método de I – Pai – Wu
Método desenvolvido em 1963 sendo aplicado a áreas maiores que 200 ha até 20.000
ha.
44
Equação – Método de I – Pai – Wu
0,90
C∗. i . A
Q= .K
360
Sendo que:
( 1+F2 ).
C∗
C
( 4
2 +F )
L
F=
√ A
π
Onde:
F = fator de ajuste relacionado com a forma da bacia;
L = comprimento axial da bacia;
A = área da bacia;
K = coeficiente de distribuição espacial da chuva.
d) Fórmulas Empíricas
45
De grande importância no estudo das bacias hidrográficas é o conhecimento do sistema
de drenagem, ou seja, que tipo de curso d’água está drenando a região de acordo com
seu regime. Segundo Carvalho e Silva (2006), uma maneira utilizada para classificar os
cursos d’água é a de tomar como base a constância do escoamento com o que se
determinam três tipos:
a) Perenes: contém água durante todo o tempo. O lençol freático mantém uma
alimentação contínua e não desce nunca abaixo do leito do curso d’água, mesmo
durante as secas mais severas.
b) Intermitentes: em geral, escoam durante as estações de chuvas e secam nas
de estiagem. Durante as estações chuvosas, transportam todos os tipos de deflúvio,
pois o lençol d’água subterrâneo conserva-se acima do leito fluvial e alimentando o
curso d’água, o que não ocorre na época de estiagem, quando o lençol freático se
encontra em um nível inferior ao do leito.
c) Efêmeros: existem apenas durante ou imediatamente após os períodos de
precipitação e só transportam escoamento superficial. A superfície freática se encontra
sempre a um nível inferior ao do leito fluvial, não havendo a possibilidade de
escoamento de deflúvio subterrâneo.
3
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial. São Paulo: Edgard Blucher, 1981.
46
subida e descida das águas consideradas no decorrer de um ano civil (janeiro a
dezembro) ou um ano hidrológico (ciclo de vazante-cheia-vazante) corresponde ao
regime fluvial ou regime de cursos d’água ou hidrológico (DESTEFANI, 2005).
Tucci (1993) cita que a variabilidade do regime hidrológico é controlada por alguns
elementos que formam a bacia hidrográfica ou fatores que nela ocorrem. Dentre eles
estão: as condições climáticas, como a precipitação, evapotranspiração e a radiação
solar; a geologia; a geomorfologia; os tipos e uso dos solos; a cobertura vegetal e as
ações antrópicas.
Quando a água está se movimentando rumo à saída de uma bacia hidrográfica, passa
sobre as rochas e os solos que formam ou revestem as vertentes e as calhas da rede
de drenagem. Os obstáculos que a água encontra determinam os caminhos que ela vai
seguir e a velocidade que se deslocará, propiciando que partículas sejam removidas e
transportadas vertente ou rio abaixo, pelo fluxo líquido. Embora eventuais, o
deslocamento dos sedimentos carregados pela água podem ocasionar a alteração do
ciclo hidrológico, e certamente afetar o uso, a conservação e a gestão dos recursos
hídricos (BORDAS & SEMMELMANN, 1993).
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A composição do material do leito e as características geométricas e hidráulicas da
seção e do trecho do rio são fatores importantes que influenciam na quantidade de
sedimentos transportada. Por essa razão qualquer intervenção que altere o equilíbrio
natural do rio pode trazer sérias consequências em termos de erosão e deposição de
sedimentos.
Righetto (1998) afirma que grande parte do sedimento transportado por um rio, por
exemplo, é proveniente da erosão do solo da bacia hidrográfica, retirando significativa
quantidade de nutrientes de terras férteis para agricultura. Esse fato pode acontecer por
decorrência de chuva em solos desprotegidos, provocando a erosão por um processo
físico complexo de desprendimento e transporte de partículas de solo pela ação do
impacto das gotas da chuva e pelo arraste do escoamento superficial.
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Esse ciclo é paralelo, vinculado fortemente e dependente do ciclo hidrológico. É um
ciclo aberto que envolve o deslocamento, o transporte e o depósito de partículas sólidas
presentes na superfície da bacia. No entanto, ao contrário das moléculas da água, os
sedimentos não terão como voltar ao meio de onde vieram.
A gestão integrada dos recursos hídricos, os riscos de degradação dos solos, dos leitos
dos rios e dos ecossistemas fluviais e estaurinos, ou de contaminação de sedimentos
por produtos químicos, fizeram com que se fosse dada mais atenção ao ciclo
hidrossedimentológico, pois o custo dos impactos decorrentes da remoção não
controlada de sedimentos nas bacias hidrográficas é bastante elevado (BORDAS &
SEMMELMANN, 1993).
• Desagregação
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Erosão é o processo de deslocamento das partículas sólidas de seu local de origem.
Esse deslocamento ocorre quando as forças hidrodinâmicas exercidas pelo
escoamento sobre uma partícula ultrapassam a resistência por ela oferecida. A
resistência tem sua origem, principalmente, no peso das partículas e nas focas de
coesão. A coesão constitui a força de resistência por excelência das partículas mais
finas, enquanto o peso da partícula é a principal força resistente para as areias e o
material mais graúdo. No primeiro caso, os sedimentos são qualificados de coesivos, no
segundo de não coesivos ou granulares.
• Transporte
O processo de transporte de material erodido pela água pode ocorrer de diversas
formas. As partículas mais pesadas deslocam-se sobre o fundo por rolamento,
deslizamento ou, em alguns casos, por saltos curtos, e constituem a chamada descarga
sólida de fundo ou arraste. As mais leves deslocam-se no seio do escoamento e
constituem a descarga sólida em suspensão. Estas podem ser provenientes da bacia
vertente, ou do fundo e paredes da calha, enquanto o arraste é exclusivamente
constituído de material encontrado no fundo.
• Sedimentação ou Decantação
• Depósito
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Entende-se por depósito a parada total da partícula em suspensão recém-decantada
sobre o fundo, ou daquela transportada por arraste. Esse processo, por algumas vezes,
é confundido com a decantação. No entanto ele se difere, pois uma partícula recém-
decantada pode continuar movimentando-se após entrar em contato com o fundo, de
acordo com as forças hidrodinâmicas existentes rentes ao fundo.
• Consolidação
O balanço hídrico pode ser entendido como o resultado da quantidade de água que
entra e sai de um sistema em um determinado intervalo de tempo. Diversas escalas
espaciais podem ser analisadas para se contabilizar o balanço hídrico. Em escala
global, o “balanço hídrico” é o próprio “ciclo hidrológico”, cujo resultado nos mostrará a
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quantidade de água disponível no sistema (no solo, rios, lagos, vegetação úmida e
oceanos), ou seja, na biosfera, apresentando um ciclo fechado.
Dessa forma, em uma escala intermediária, que pode ser representada por uma
microbacia hidrográfica, o balanço hídrico resulta na vazão de água desse sistema.
Para períodos em que a chuva é menor do que a demanda atmosférica por vapor d
´água, a vazão diminui, ao passo em que nos períodos em que a chuva supera a
demanda, a vazão aumenta.
Na escala local, no caso de uma cultura, o balanço hídrico tem por objetivo estabelecer
a variação de armazenamento e, consequentemente, a disponibilidade de água no solo.
Conhecendo-se qual a umidade do solo ou quanto de água este armazena é possível
se determinar se a cultura está sofrendo deficiência hídrica, a qual está intimamente
ligada aos níveis de rendimento dessa lavoura.
∆V=ΣI − ΣO
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Sendo:
ΔV = variação de volume no tempo, que consideraremos de um mês (m3);
ΣI = somatório dos volumes de água que entram no sistema isolado (m3);
ΣO = somatória dos volumes de água que saem do sistema isolado (m3).
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importância para o planejamento agropecuário, principalmente para saber quais são as
épocas propícias para plantio e o controle de pragas, para o planejamento de obras de
engenharia, previsão e acompanhamento de enchentes, zoneamento de áreas
inundáveis, entre outros.
S ( t+ 1 ) =S ( t )+ ( P − E −Q ) . Dt
Onde:
S (t+1) e S(t) = quantidade de água no tempo t+1 e t;
P = precipitação na área da bacia no intervalo;
E = evapotranspiração real no intervalo de tempo na bacia;
Q =vazão de saída no intervalo de tempo Dt.
• Equação
P − E=Q
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Fonte: Tucci, 2009. Disponível em: Blog do Tucci
(http://rhama.net/wordpress/?p=116
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