Método Biografico
Método Biografico
Método Biografico
DOI: http://dx.doi.org/10.33361/RPQ.2019.v.7.n.13.231
Vanessa Weber1
Abstract: Teacher’s identity is construed through social and professional relationships. Understanding
this construction demands knowledge of subjective elements of their lives. One principle of methodologies
relating to biographical methods is the presence of the subject’s “voice” during research development. The
pertinence of the biographical method is presented, and the biographical-narrative research is suggested for
the investigation of teacher’s professional identity. Discussion on professional identities is based on Dubar
(2005), while discussion on biographical method is based on Bueno (2002), Abrahão (2004), Galvão
(1995), Bolívar and Domingo (2006), Souza (2011), and other authors. It is concluded that the
aforementioned method is suited for research on teacher’s professional identities for providing paths and
strategies that allow the researcher to find out meaningful aspects of teacher’s life experiences (DUBAR,
2005) through their own narratives.
1 Introdução
1
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, Rio Grande do
Sul, Brasil. Email: [email protected]
Revista Pesquisa Qualitativa. São Paulo (SP), v.7, n.13, p. 43-56, abr. 2019 43
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história oral de vida, história oral temática, relato oral de vida e as narrativas de formação
são modalidades tipificadas da expressão polissêmica da História Oral” (SOUZA, 2011,
p. 45).
Bolívar e Domingo (2006) também fazem menção a essa multiplicidade
terminológica. Os autores apontam que os termos mais utilizados desde a antiguidade e
que possuem maior dificuldade de delimitação são a “biografia e a autobiografia,
associadas com múltiplos usos no território dos escritos de si: casos, histórias,
autobiografias, narrativas, histórias de vida, autobiografias sociológicas, autohistórias,
etc” (BOLÍVAR; DOMINGO, 2006, p. 6).
Bueno e colaboradores (2006) realizaram uma revisão dos trabalhos da área da
Educação que utilizaram o método biográfico e as histórias de vida para a pesquisa sobre
a formação de professores. A partir da análise dos trabalhos produzidos entre 1985 e 2003,
percebeu a utilização de diversas denominações metodológicas utilizadas pelos autores,
dentre elas: memórias, lembranças, relatos de vida, depoimentos, biografias, biografias
educativas, memória educativa, histórias de vida, história oral de vida, história oral
temática, narrativas, narrativas memorialísticas, método biográfico e perspectiva
autobiográfica. A autora aponta que
[...] o exame realizado tornou evidente que essa produção se caracteriza por
uma enorme dispersão, tanto temática quanto metodológica, decorrente, entre
outros fatores, da multiplicidade de referenciais teóricos utilizados nas
pesquisas. Os teóricos que dão sustentação aos trabalhos têm sido buscados em
vários campos disciplinares, fazendo-se empréstimos conceituais e
combinações as mais variadas, nem sempre isentas de ambigüidades quanto às
denominações metodológicas utilizadas (BUENO et al., 2006, p. 388).
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Média. Porém, a partir do século XIX, este método passou a ser menos utilizado, devido
ao predomínio das pesquisas quantitativas e da “história positivista”. Com isso
“considerava-se que o depoimento não poderia ter valor de prova, já que era imbuído de
subjetividade, de uma visão parcial sobre o passado e estava sujeito a falhas de memória”
(ALBERTI, 2005, p. 18).
Esta situação começou a modificar-se após a 2ª Guerra Mundial, momento em que
os pesquisadores, insatisfeitos com os métodos quantitativos, voltaram a utilizar métodos
qualitativos em suas investigações. Outro fator que contribuiu para o retorno da história
oral foi o recurso do gravador portátil, a partir de 1960. Com isso os depoimentos
passaram a poder ser consultados em qualquer momento e utilizados em diversas
pesquisas, passando, assim, a ser consideradas como documentos.
[...] mas isso não quer dizer que a história oral tenha se ajustado aos ditames
da história ‘positivista’. Ao contrário: trata-se de tomar a entrevista produzida
como documento, sim, mas deslocando o objeto documentado: não mais o
passado ‘tal como efetivamente ocorreu’, e sim as formas como foi e é
aprendido e interpretado (ALBERTI, 2005, p. 19).
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Segundo Aragão (2011), as investigações narrativas têm sido cada vez mais
frequentes nas pesquisas sobre a experiência humana e nas pesquisas em Educação. A
autora entende narrativa como o “termo de referência a uma qualidade que estrutura a
experiência que vai ser estudada e, além disso, como designativo dos padrões de
investigação que vão ser utilizados para estudo desta experiência” (ARAGÃO, 2011, p.
15).
Clandinin e Connelly (2011) consideram que a pesquisa narrativa é o estudo sobre
a forma que os seres humanos experimentam o mundo. Na opinião desses autores a
“experiência acontece narrativamente. Pesquisa narrativa é uma forma de experiência
narrativa” (CLANDININ; CONNELLY, 2011, p. 49). Assim, justificam o uso das
narrativas nas investigações em educação afirmando que “nós – os seres humanos –
somos organismos contadores de história, organismos que, individual e socialmente,
vivemos vidas relatadas” (CLANDININ; CONNELLY, 2011, p. 11).
A pesquisa narrativa prevê observações e contato direto com o meio do professor
colaborador. “O pesquisador narrativo pode notar histórias, mas mais frequentemente
registra ações e fazeres, além de acontecimentos, tudo aquilo que constitui expressões
narrativas. Isso é o objeto da pesquisa narrativa [...]” (CLANDININ; CONNELLY, 2011,
p. 117).
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4 A investigação biográfico-narrativa
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Com relação à análise dos dados narrativos, Bolívar (2002) aponta que esta pode
ser de dois tipos: análise paradigmática e análise narrativa. O tipo de análise
paradigmática é organizado por tipologias paradigmáticas ou categorias, para que o
pesquisador chegue a determinadas conclusões a respeito do grupo estudado. Já a análise
narrativa tem como resultado uma narração particular, da qual não se espera
generalizações.
A tarefa do investigador, neste tipo de análise, é configurar os elementos dos dados
em uma história que unifica e dá significado aos dados, com o fim de expressar
de modo autêntico a vida individual, sem manipular a voz dos participantes. A
análise requer que o investigador desenvolva uma trama ou argumento que lhe
permita unir temporal ou tematicamente os elementos, dando uma resposta
compreensiva de por que sucedeu algo (BOLÍVAR, 2002, p. 13-14).
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5 Considerações finais
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Referências
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