Simone M Muller - Construcao-da-Identidade-Docente

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Construção da Identidade Docente Artigos/Articles

Construção da IdentIdade doCente: uma revIsão sIstemátICa


ConstruCtion of teaChing identity: a systematiC review

Gildison Alves de SOUZA1


Osni Oliveira Noberto da SILVA2

Resumo: O presente estudo apresenta e analisa por meio de revisão sistemática a produção acadêmica de
Dissertações e Teses sobre a construção da identidade docente. Nas buscas realizadas foram encontrados
trezentos e doze estudos. Após a leitura dos títulos ficaram vinte e sete estudos e a quantidade diminuiu
para quatorze depois da análise dos resumos. Foram selecionados dez textos - nove Dissertações de
Mestrado e uma Tese de Doutorado - para leitura integral. As dez produções acadêmicas escolhidas foram
defendidas em oito Universidades, sendo sete públicas e uma privada de caráter filantrópico. No que diz
respeito à distribuição por regiões do país, temos cinco produzidas na região Sudeste (três no Estado de
Minas Gerais e duas em São Paulo), três na região Nordeste (Alagoas, Piauí e Rio Grande do Norte), uma
no Sul (Paraná) e uma na região Norte (Pará). Não foram encontrados estudos produzidos por
Universidades na região Centro Oeste.
Palavras-Chave: Docência. Identidade docente. Revisão sistemática.

Introdução
A Identidade Docente é formada a partir de atribuições oriundas do
processo relacional e do biográfico evidenciando as suas particularidades para
que possamos ter uma maior clareza de como essa identidade é construída. Dessa
forma, conceituaremos Identidade à luz de teóricos que abordam sobre a
temática relacionando-o ao trabalho, sociedade e as histórias de vida enquanto
pontos dotados de elementos influenciadores na construção da Identidade
Docente.
Tratando-se de Identidade em seu viés cultural Hall (2014) aponta que as
velhas identidades, que por um longo período deram estabilidade ao mundo
social, estão declinando, e com isso novas identidades estão surgindo e
fragmentando o sujeito moderno visto por muito tempo como unificado. Essa
assertiva apontada por Hall é tida por ele como consequência da globalização.
O mesmo autor continua sua explanação sobre a temática em questão
enfatizando que “o sujeito assume identidades diferentes em diferentes
momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um ‘eu’
1 Mestrando em Educação na Universidade do Estado da Bahia (UNEB); professor visitante da Faculdade
de
Ciências Educacionais Capim Grosso (FACE). E-mail:[email protected]. https://orcid.org/
00000002-9198-9736.

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SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N.

coerente” (p. 13). A não unificação de identidades dá-se, para Hall, por conta da
constante descentralização e deslocamento existente graças à modernidade.
Em relação ao trabalho, Dubar (2012) o aponta como sendo, em algumas
interpretações, algo sofrido e negativo até mesmo na derivação desse verbo, que
é advindo de tripalium palavra do idioma chamado de latim vulgar pelo autor.
Tripalium faz referência à um instrumento de tortura que é sustentado por uma
tríade de estacas. Dubar continua dizendo que essa definição remete à ideia do
trabalho como “uma obrigação [...] uma subordinação [...] e uma fonte de
sofrimentos” (p. 1).
O mesmo autor afirma que algumas atividades, mesmo que denominadas
de trabalho, não possuem essa definição negativa, por serem aquelas que
produzem obras de ciências, artesanato, arte ou que produzem algo denominado
por ele de “serviços úteis a outro” (p. 2), essas atividades são as dos médicos,
profissionais que prestam serviços jurídicos e professores, quanto a elas Dubar
diz que:
Elas dão um sentido à existência individual e organizam a vida de coletivos.
Quer sejam chamadas de “ofícios”, “vocações”, ou “profissões”, essas
atividades não se reduzem à troca econômica de um gasto de energia por um
salário, mas possuem uma dimensão simbólica em termos de si e de
reconhecimento social (2012 p.2).

As atividades supramencionadas permitem que os profissionais que a


exercem identifiquem-se com seu trabalho uma vez que nelas é possível realizar
a troca de empregos no decorrer da vida e simultaneamente garantir a
continuidade da trajetória (DUBAR, 2012). As identidades são construídas
dentro das instituições por meio de um processo particular de socialização que
conecta educação com o trabalho e a carreira, com essas interações, é assegurado
o reconhecimento dos indivíduos que exercem suas funções como sendo
profissionais (DUBAR, 2012).
Identidade é “algo formado, ao longo do tempo, através de processos
inconscientes, e não algo inato, existente na consciência no momento do
nascimento” (HALL, 2014, p. 38). Essa constante (re) formulação de identidade
é vista por Hall como uma identificação, uma vez que ela é um processo
contínuo. Quanto a isso o referido autor nos diz que:
A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que já está dentro de
nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é ‘preenchida’ a partir
de nosso exterior, pelas formas através das quais nós imaginamos ser vistos
por outros (HALL, 2014, p. 39).
2 Doutorando em Educação na Universidade Federal da Bahia (UFBA); professor da Universidade do
Estado da Bahia (Jacobina, BA). E-mail: [email protected]. https://orcid.org/0000-0001-
5028-0889.
https://doi.org/10.36311/2236-5192.2020.v21n01.02.p9

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Com isso percebemos que não é descartado que haja uma identidade inata,
mas também que ela não é a única determinante de si mesma. Levando em
consideração que o exterior está diretamente ligado à formação de identidade,
assim como a percepção de si mesmos. Entendemos assim que há uma inegável
e direta relação entre as condições de trabalho e a identidade docente.
Quanto à interação com o exterior como fator influenciador da formação
de identidades Dubar (2005) retrata a identidade como sendo produto de
socializações consecutivas. Nessas, a identidade é composta pelo resultado de
dois processos “o Processo biográfico” e o “Processo relacional”, esses são
chamados de “categorias de análise de identidade” (p. 142).
Nesse sentido, Dubar (2005) afirma que “a divisão do Eu como expressão
subjetiva da dualidade social aparece claramente através dos mecanismos de
identificação” (p. 137). Essa identificação a qual o autor faz referência diz
respeito à que é realizada pelo outro em relação a um segundo, mas que pode ser
recusada por esse indivíduo que se define de outra forma.
A identidade é, para Dubar (2005), advinda do encontro de dois processos,
esses são: a atribuição que é a identidade para o outro moldada a partir do
processo relacional e que pode ser estudado apenas por meio da análise do cerne
dos sistemas de ação, e a incorporação, derivada do processo biográfico e que é a
identidade do indivíduo para si, essa incorporação pode ser analisada somente no
âmago das “trajetórias sociais pelas e nas quais os indivíduos constroem
‘identidades para si’” (p. 139), nesse sentido utilizaremos as narrativas (auto)
biográficas.
A atribuição refere-se à “identidade pelas instituições e pelos agentes que
estão em interação direta com os indivíduos” (p. 139). Os sistemas de ação pelos
quais a atribuição pode ser analisada é onde a pessoa está inserida e as
circunstâncias no ambiente é resultante de relações de força entre todos os
indivíduos que dele participa, essas por sua vez dão origem às identidades
sociais virtuais (DUBAR, 2005).
A categoria supramencionada é criticada por Oliveira (2018), pois, ela
afirma que as políticas direcionadas para a preparação dos docentes em relação
ao atendimento das necessidades de aprendizagem dos alunos tem como objetivo
a moldagem desses profissionais para atenderem os objetivos do Programme for
International Student Assessment (PISA)3, que segundo a mesma autora é um
mecanismo avaliativo produz evidências meramente quantitativas, assim como é
responsável por modelar os docentes e suas funções, promovendo a
reestruturação de componentes-chave da profissão. Para a mesma autora, esse
processo faz com que “os professores acabam tendo suas identidades definidas

3 Em português a sigla é denominada de: Programa Internacional de Avaliação de Estudantes.

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pelo que se espera dele e de suas funções” (p. 56). Dessa forma, a identidade
docente fica limitada à atribuição.
Já a incorporação é descrita por Dubar (2005) como sendo a interiorização
ativa da identidade pelos próprios indivíduos. A construção das identidades dos
indivíduos sobre e para si, são “a história que eles contam sobre o que são” (p.
139), essa é denominada de identidades sociais reais.
Essas, por sua vez precisam legítimas para a própria pessoa e “para o
grupo a partir do qual ele define sua identidade-para-si” (p.139), entretanto, a
legitimidade só é dada a partir do reconhecimento dessa identidade de si também
pelo outro, a isso o autor chama de legitimidade subjetiva. Essa é subjetivamente
importante para o indivíduo sendo indispensável para a existência da identidade-
para-si.
A transação de identidade construída através do processo relacional para o
biográfico é o ponto central do processo identitário na sociedade. Quanto a isso
Dubar (2005) diz que:
A transação subjetiva depende, de fato, das relações para com o outro,
constitutivas da transação objetiva. A relação entre as identidades herdadas,
aceitas ou recusadas pelos indivíduos, e as identidades visadas, em
continuidade às identidades precedentes ou em ruptura com elas, depende dos
modos de reconhecimento pelas instituições legítimas e por seus agentes que
estão em relação direta com os sujeitos envolvidos. A construção das
identidades se realiza, pois, na articulação entre os sistemas de ação, que
propõem identidades virtuais, e as ‘trajetórias vividas’, no interior das quais se
forjam as identidades ‘reais’ às quais os indivíduos aderem [...] Pode ser
traduzida tanto por acordo quanto desacordos entre identidade ‘virtual’,
proposta ou imposta por outrem, e identidade ‘real’, interiorizada ou projetada
pelo indivíduo”. (p. 140-141).

Observamos, portanto, que a construção da identidade docente é algo


mutável em todo o decorrer de sua história de vida. Para além disso, existe um
mecanismo que é comum aos dois processos, que é chamado de tipificação
(DUBAR, 2005). Isso quer dizer que as categorias que são usadas para
identificar outrem e para a auto identificação variam a depender dos espaços
sociais e das temporalidades biográficas do indivíduo, ou seja, na forma como as
suas histórias se desenvolveram durante sua trajetória individual (DUBAR,
2005).
Dubar (2012), ao falar de identidade profissional, explica de forma a
complementar o supracitado que é por meio de um procedimento específico de
socialização que conecta a educação, trabalho e carreira, que as identidades são
construídas dentro de instituições e de grupos que tem suas interações
normalmente organizadas.

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A identidade do trabalhador ou trabalhadora em seu ofício profissional é


descrita por Dubar (2012) como sendo algo forjado pela aprendizagem através
da execução e observação, o que traria o desenvolvimento do que é chamado
pelo autor de “saberes práticos na experiência direta das tarefas a realizar” (p.
257).
Para Lima et al (2015, p. 131) as identidades são “fruto de vivências
partilhadas, por meio das quais se constroem significados coletivamente” e
prosseguem afirmando que ela “não se dá sem conflitos ou disputas” e são
“fundamentadas a grupos que trabalham em função de objetivos comuns”. As
mesmas autoras apontam que é atribuída ao trabalho e à escola o
desenvolvimento da capacidade de construir, gerar ou dar novos significados às
identidades (LIMA et al. 2015). Nesse sentido, identidade é:
[...] um processo de construção coletiva de significados que conduzem à ação
de grupos sociais, tem por base relações sociais contextualizadas, isto é,
características de cada tempo/espaço histórico, que geram determinadas
relações com o conhecimento, que produzem determinados projetos coletivos.
Essas relações (LIMA et al. 2015. p. 133).

Lawn (2001) nos traz a ideia de que após as reformas educacionais dadas
na década de 1990 o Estado tentou criar novos tipos de profissionais adequando-
os às novas políticas educativas, e isso foi uma das principais maneiras de
construir e manter a identidade docente. Entretanto, essa construção identitária
de uma forma positiva ou negativa depende de fatores relacionados diretamente
com as condições de trabalho do profissional, no caso do presente estudo, o
docente. Nesse sentido, podemos tomar o conceito de identidade docente como
sendo:
Um conjunto de características, experiências e posições de sujeito atribuídas
(e autoatribuídas) por diferentes discursos e agentes sociais aos docentes no
exercício de suas funções, em instituições educacionais mais ou menos
complexas e burocráticas [...] A identidade docente é, ao mesmo tempo, um
processo de identificação e diferenciação, não fixo e provisório, que resulta de
negociações de ordem simbólica que os professores realizam em meio a um
conjunto de variáveis como suas biografias, as relações e condições de
trabalho, a história e a cultura que caracteriza a docência enquanto atividade
profissional, e representações colocadas em circulação por discursos que
disputam os modos de ser e agir dos docentes no exercício do ensino e do
trabalho docente (GARCIA, 2010, p. 1).

Por isso, este artigo tem como objetivo apresentar e analisar por meio de
revisão sistemática as produções acadêmicas de Dissertações e Teses sobre a
construção da identidade docente.

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SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N.

metodologIa
De acordo com Medina e Pailaquilén (2010) a revisão sistemática é um
tipo de revisão de literatura que analisam estudos buscando “resumir os dados
existentes, refinar hipóteses, estimar tamanhos de amostra e ajudar a definir
agendas de trabalho futuro considerados como seus sujeitos” (MEDINA;
PAILAQUILÉN, 2010, pág. 7). De acordo com Sampaio e Mancini (2007):
Uma revisão sistemática, assim como outros tipos de estudo de revisão, é uma
forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre
determinado tema. Esse tipo de investigação disponibiliza um resumo das
evidências relacionadas a uma estratégia de intervenção específica, mediante a
aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica
e síntese da informação selecionada. As revisões sistemáticas são
particularmente úteis para integrar as informações de um conjunto de estudos
realizados separadamente sobre determinada terapêutica/ intervenção, que
podem apresentar resultados conflitantes e/ou coincidentes, bem como
identificar temas que necessitam de evidência, auxiliando na orientação para
investigações futuras (pág. 84).
A revisão sistemática vem sendo utilizada com mais frequência em
estudos contemporâneos, e cada vez mais vem sendo colocada como uma
alternativa importante em contraponto aos tipos de revisão de literatura já
consagrados (MEDINA; PAILAQUILÉN, 2010).
O presente estudo pode ser caraterizado como descritivo e com
delineamentos do tipo revisão sistemática, com o levantamento de trabalhos
acadêmicos realizado no Portal de Teses e Dissertações da CAPES, no dia 03 de
junho de 2019, tendo como critérios de inclusão Dissertações de Mestrado e
Teses de Doutorado defendidas nos últimos cinco anos (2014 – 2018),
exclusivamente em idioma português, utilizando como palavra chave
“Identidade docente”.

apresentação e análIse dos dados


Nas buscas realizadas no Portal de Teses e Dissertações da CAPES, foram
encontradas 312 produções acadêmicas. Após a delimitação para apenas estudos
produzidos no campo das ciências humanas o resultado caiu para 204 estudos.
Ao restringir ainda mais para pesquisas apenas na área de Educação sobraram
181 estudos. Após a leitura dos títulos ficaram 27 estudos. Após os resumos
serem analisados a quantidade diminui para 14 e depois dos trabalhos lidos na
íntegra chegamos ao total de 10 textos, sendo 9 Dissertações de Mestrado e
apenas uma Tese de Doutorado. Essa amostragem representa o todo encontrado
durante o período nesse banco de dados acerca da temática da construção da
identidade docente.

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Construção da Identidade Docente Artigos/Articles

A amostra final para este estudo foi composta por dez trabalhos
acadêmicos, sendo nove Dissertações de Mestrado e uma Tese de Doutorado. O
quadro 01 apresenta informações mais gerais sobre os trabalhos acadêmicos
selecionados.
Quadro 1 – Descrição dos estudos selecionados.
Título Autor Ano Tipo Universidade Cidade
A constituição Luciane Helena 2015 Dissertação Pontifícia São Paulo – SP
identitária docente do Mendes de Universidade
professor de educação Miranda Católica de São
básica e a educação Paulo
inclusiva
Constituição da Angelita de 2015 Dissertação Universidade Uberaba - MG
identidade profissional Fátima Souza Federal do
docente no curso de Triângulo
pedagogia a partir do Mineiro
estágio supervisionado
Atendimento Felipe Lisboa 2016 Dissertação Universidade do Belém - PA
educacional Linhares Estado do Pará
especializado: uma
análise sobre a
construção identitária
de
professores que atuam
na sala de recursos
multifuncionais
O processo de Aline Diniz de 2016 Dissertação Universidade Araraquara
constituição da Amorim Estadual Paulista – SP
identidade docente
do professor iniciante:
egressos do curso de
pedagogia da Unesp/
Bauru
Tornar-se professor: Diego dos Santos 2017 Dissertação Universidade Uberaba - MG
a construção da Leon Federal do
identidade profissional Triângulo
docente no ensino Mineiro
técnico
Processo de constituição Alisson José 2017 Dissertação Universidade Uberaba - MG
da identidade Oliveira Duarte Federal do
profissional de Triângulo
professores da educação Mineiro
escolar de uma unidade
prisional de Minas
Gerais
Eu, professora Eliana da Silva 2018 Dissertação Universidade do Mossoró – RN
militante: a formação Filgueira Estado do Rio
da identidade docente Grande do Norte
Será que eu quero Luana Lima 2018 Dissertação Universidade Teresina - PI
mesmo ser professora?: Fonseca Couto Federal do Piauí
significações sobre
a prática docente

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SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N.

e sua relação com


a constituição da
identidade do professor
A construção da Igor Guterres 2018 Dissertação Universidade Curitiba – PR
identidade docente na Farias Federal do Paraná
educação profissional
técnica de nível médio
no Instituto Federal de
Santa Catarina –
campus Canoinhas
A constituição Copérnico Mota 2016 Tese Universitário Maceió - AL
da identidade da Silva Federal de
dos professores e Alagoas
o significado da
melhoria da qualidade
da educação na
escola diante das
políticas educacionais
contemporâneas
Fonte: Elaboração própria, 2019.

As dez produções acadêmicas escolhidas foram defendidas em oito


Universidades, sendo sete públicas e uma considerada privada de caráter
filantrópico. No que diz respeito a distribuição por regiões do país, temos cinco
delas produzidos na região Sudeste (três no estado de Minas Gerais e dois no
estado de São Paulo), três na região Nordeste (estados de Alagoas, Piauí e Rio
Grande do Norte), um Sul (Paraná) e um na região Norte (Pará). Não foram
encontrados estudos produzidos por Universidades na região Centro Oeste.
O primeiro texto do quadro 1 trata-se de uma dissertação de Mestrado que
tem como autora Miranda (2015). O estudo faz uso do método qualitativo e teve
como objetivo realizar a análise do processo de construção da identidade docente
relacionada com a inclusão de pessoas com deficiências, altas
habilidades/superdotação e transtornos globais do desenvolvimento, além disso,
buscou-se analisar de que forma a formação inicial interfere nesse processo.
A autora teve como colaboradora da pesquisa uma professora que se
enquadrava nos critérios de inclusão que eram: ser graduada em Pedagogia; ter
de dois a cinco anos de atuação profissional; atuar no ensino regular público ou
privado da Educação Básica; ter ou ter tido ao menos um aluno ou aluna com
deficiência em sua classe; e trabalhar em um município próximo do Alto Tietê,
São Paulo.
A autora utilizou como instrumento para a coleta de dados a entrevista
semiestruturada que foi aplicada duas vezes com a mesma professora. Após a
organização das informações em categorias, e a efetivação da análise destas, a
autora identificou que existem diversas crises identitárias oriundas do trabalho
da professora entrevistada.

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Construção da Identidade Docente Artigos/Articles

Miranda (2015) assinala ainda que a docente colaboradora afirma que sua
formação inicial teve subsídios que auxiliam na sua atuação profissional, mas
que também há lacunas. Por fim, a autora descreve que a crise identitária advém
da complexidade do trabalho principalmente no que se refere às atribuições
profissionais que são alteradas de acordo com as proposições da educação
inclusiva em contradição até mesmo com as disposições legais, o que gera, de
acordo com a autora, um choque entre funções, obrigando assim a professora
reconstruir sua identidade continuamente.
Sequencialmente temos o texto de Souza (2015), pesquisa qualitativa
realizada à nível de Mestrado e que tem como problemática a construção da
identidade profissional na formação docente. A autora teve como questão
norteadora da pesquisa: de que maneira o estágio supervisionado auxilia na
construção da identidade do professor em formação nos cursos de Pedagogia? O
objetivo geral da pesquisa foi compreender de que forma os pedagogos em
formação se constituem como professores a partir do estágio supervisionado.
Souza (2015) realizou um estudo bibliográfico e documental, além de
pesquisa de campo no qual foi feita a aplicação de um questionário juntamente
com uma entrevista semiestruturada. Os documentos analisados foram os
relatórios de estágio e o projeto político pedagógico do curso, e o levantamento
bibliográfico foi feito a partir de pesquisa na internet. Além disso, a autora teve
como fonte de dados um diário de campo. O local da pesquisa foi uma
universidade que oferta o curso presencial de Pedagogia em Uberaba – Minas
Gerais. A identificação da instituição foi ocultada pela autora.
Os sujeitos na pesquisa de Souza (2015) foram três graduandas em
Pedagogia que estavam matriculadas no estágio supervisionado realizado no
Ensino Fundamental I. A maneira como ocorreu a análise dos dados não foi
especificada pela autora. Os resultados apontam que a construção da identidade
docente acontece em contextos diversos e que o estágio e suas particularidades
contribuem para essa construção.
Linhares (2016) traz em seu texto o debate acerca de dois pontos
observados nas Salas de Recursos Multifuncionais, esses são: a identidade dos
professores e as suas demandas do Atendimento Educacional Especializado
(AEE) no que tange à políticas e programas. O autor teve como problema de
pesquisa: de que forma as demandas implicam na construção da identidade do
docente que atua com AEE nas salas de recursos multifuncionais nas escolas
estaduais de Belém?
O objetivo geral do estudo de Linhares (2016), foi efetuar uma análise
sobre a construção a identidade dos professores do AEE que trabalham nas Salas
de Recursos Multifuncionais em escolas Estaduais de Belém. Tendo como
objetivos específicos fazer a verificação das particularidades da prática do

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SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N.

professor de AEE identificando o que o diferencia dos demais docentes,


utilizando as memórias sobre as trajetórias profissionais dos docentes; identificar
elementos relacionados à sua identidade profissional; realizar a análise da
identidade dos professores do AEE através dos seus relatos de experiência de sua
rotina profissional.
Para que os objetivos fossem alcançados, Linhares (2016) realizou uma
pesquisa com abordagem qualitativa com foco na fenomenologia, fazendo uso da
entrevista livre como técnica para a coleta de dados. Essa entrevista foi feita
oralmente onde a pessoa entrevistada falou sem interferência do entrevistador. A
Análise de Conteúdo foi utilizada para averiguar e sistematizar os dados, a partir
da organização dos relatos em categorias temáticas e analíticas.
Os resultados encontrados por Linhares (2016) foram que há uma evidente
vinculação entre o ser professor de Educação Especial e trabalho que esse
profissional realiza, marcada pela influência nas fases de desenvolvimento dos
alunos e alunas. Foi identificado na fala dos entrevistados que eles buscam se
dedicar mais enfaticamente ao aperfeiçoamento para intervir em uma área
específica, por exemplo, surdez, deficiência física, etc.
O autor demonstra em sua conclusão a sua defesa do atendimento sendo
feito de forma mais particularizada, onde o profissional pode se dedicar
exclusivamente à seu aprimoramento para lidar com uma deficiência específica,
o que ocasionará na ampliação da qualidade de seu trabalho. Por fim, Linhares
(2016) aponta que algo – não deixando claro o que seria - pode ser realizado nos
planejamentos para que eles considerem a identidade docente no que tange ao
processo organizacional e de implementação do AEE nas escolas.
A dissertação de Amorim (2016) tem como foco as inquietações
existentes no início da carreira docente, bem como a identidade desse
profissional. O estudo teve como objetivo principal realizar investigação sobre a
situação profissional dos docentes em início de carreira, com a delimitação de
até cinco anos de docência, relacionando a formação inicial e a constituição de
suas identidades.
Amorim (2016) realizou uma investigação qualitativa na qual a
metodologia foi constituída pela aplicação de questionários à seis professores
atuantes nos anos iniciais do Ensino Básico e da Educação Infantil, formados no
curso de Pedagogia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Bauru – SP.
Após a aplicação das entrevistas semiestruturadas, e realização das análises
destas, foram obtidos os seguintes resultados: há o reconhecimento por parte dos
docentes que a formação inicial é basilar para a preparação do professor, porém,
os entrevistados apontam que essa formação possui limitações ao considerarem
os saberes adquiridos na atuação profissional após a graduação, principalmente
nos primeiros anos de trabalho.

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Construção da Identidade Docente Artigos/Articles

Foi constatado também que para a maioria dos entrevistados, existiram


desafios durante a sua inserção no ambiente escolar, entretanto, a aprendizagem
foi significativa no que sentido da troca de experiências com professores que
atuam a mais tempo e com os gestores das escolas. Amorim (2016) verificou,
por fim que as maneiras de identificação com a docência são moldadas desde o
princípio da formação e que a identidade profissional docente é construída
continuamente de maneira instável, tendo influências tanto da formação quanto
da atuação.
O estudo de Leon (2017) trata da profissionalização docente e a
construção de sua identidade. Como objetivo principal Leon (2017) aponta a
realização de uma verificação do processo de construção da identidade docente
assim como o processo de profissionalização destes.
O trabalho é apresentado como uma pesquisa qualitativa que utilizou
como metodologia a Análise de Discurso, que, de acordo com o autor,
possibilitou realizar a análise das subjetividades inerentes aos fenômenos
estudados, além de permitir a participação dos sujeitos de forma ativa na
construção de sua identidade a partir a autorreflexão de seu percurso
profissional.
A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas feitas em um grupo
focal tendo como participantes cinco professores da Escola Técnica Estadual de
Pedro Badran, na unidade do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula
Souza em São Paulo. As entrevistas evidenciaram que os docentes do Ensino
Profissional se articulam na criação de uma rede de saberes que são providos
pelas experiências advindas da atuação desses professores. Para o autor, o
processo de reflexão e interação com os colegas de profissão, bem como sobre a
própria prática, são constituintes da identidade docente.
Em sua dissertação, Duarte (2017) intencionou fazer uma investigação
sobre a influência da realização de aulas para alunos em privação de liberdade
sobre o processo de construção da identidade profissional docente. Essa
investigação foi feita no sistema educacional em uma instituição prisional de
Minas Gerais.
O autor diz que, apesar de a educação escolar em presídios não ser algo
recente na história das prisões brasileiras, essa ainda é um dos campos mais
negligenciados e marginalizados pelas políticas públicas e também pela
educação universitária, principalmente, referente ao docente. Duarte (2017)
justifica sua pesquisa no fato de existir a necessidade de realização de estudos
que deem amparo teórico e reflexivo acerca da educação escolar em prisões,
sobretudo, referente à construção da identidade dos docentes que atuam nesses
espaços.

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SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N.

A metodologia utilizada por Duarte (2017) na construção de sua


dissertação ancorou-se numa perspectiva qualitativa, fazendo uso de
investigações em campo e de busca por referencial teórico. A referida pesquisa
teve como colaboradores voluntários cinco professores que trabalham na escola
de uma instituição prisional, e a diretora da mesma escola. O autor utilizou
entrevistas abertas que foram gravadas em áudio e o diário de campo como
instrumentos para a coleta de dados. As entrevistas com os professores passaram
então por análise de conteúdo temática e foram somadas à entrevista da diretora
da mesma escola e com o que foi registrado no diário de campo. As informações
coletadas foram cruzadas com o uso do método de triangulação de dados.
Buscando atingir o objetivo do estudo, Duarte (2017) elencou três
unidades temáticas para as entrevistas: a relação do docente com os alunos;
identidade para os outros e o sentimento de incompreensão; e as especificidades
do perfil docente. Na primeira. Os resultados das análises evidenciam que as
singularidades da educação escolar em prisões podem ser responsáveis pela
efetivação de grandes mudanças na identidade dos docentes que atuam nesses
espaços. Isso ocorre porque as especificidades sociais, morais, éticas e
institucionais fazem com que os desafios sejam maiores do que em escolas fora
de sistemas prisionais.
A dissertação de Filgueira (2018) é de cunho qualitativo e teve como
objeto o seu próprio processo de formação docente e a construção de sua
identidade profissional. Os objetivos do estudo foram: rememorar o processo de
formação docente e pessoal da autora; fazer a identificação e problematização de
categorias empíricas existentes nessas memórias; e produzir reflexões teóricas
sobre o processo de formação docente e a construção de sua identidade
profissional. A metodologia descrita pela autora foi a problematização da
realidade e ocorreu no âmbito da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte, em Mossoró.
Para construir seu trabalho a autora resgatou, problematizou e refletiu
sobre suas memórias relativas à sua formação pessoal, escolar, docente e
militante, fundamentando-se prioritariamente em Paulo Freire. Filgueira (2018)
realizou a elaboração escrita de um relato das memórias e após sua leitura
selecionou os elementos mais significativos. Elencando, por fim, a formação e
identidade docente e a militância acadêmica e política como categoria geral para
a análise.
Como resultado, Filgueira (2018) aponta que a rememoração e reflexão
sobre sua trajetória formativa pessoal, política e acadêmica auxiliaram na
reconstrução de sua identidade docente, reiterando que ela será modificada
durante todo o seu processo existencial e pelas experiências que a autora
continuará a ter.

20 Educação em Revista, Marília, v.21, n. 01, p. 9-24, 2020.


Construção da Identidade Docente Artigos/Articles

Em sua investigação, Couto (2018) trata da construção da identidade


docente a partir das relações estabelecidas pelos indivíduos e suas vivências. A
autora elencou como objetivo geral: compreender as significações construídas
por uma professora da Educação Básica acerca da prática docente e as relações
com a construção de sua identidade. Como objetivos específicos foram
escolhidos: analisar as significações que se articulam com os sentidos e
significados produzidos pela professora colaboradora sobre a identidade docente;
obter conhecimento sobre os processos basais que constroem a identidade
docente; e compreender como a relação pedagógica interfere na construção da
identidade docente.
Caracterizada como de natureza qualitativa, a pesquisa de Couto (2018)
contou com a colaboração de uma professora que atua na Educação Básica em
uma escola da rede estadual em Teresina, no Piauí. A coleta de dados ocorreu
por meio de entrevista narrativa, e os mesmos foram interpretados a partir do que
a autora chama de Núcleos de Significação.
Os resultados obtidos por Couto (2018) foram que a identidade docente é
construída a partir de fatores determinantes que são desenvolvidos no percurso
da vida da professora, e não apenas durante o exercício da profissão. Entre os
pontos que são constituintes da identidade docente, a autora destaca as
contradições encontradas: no processo de escolha da profissão; na formação
inicial; no início da carreira e, nos processos de desvalorização, sobrecarga e
novas atribuições profissionais.
A dissertação de Faria (2018) é o resultado de investigações sobre as
compreensões acerca da identidade docente para construção de ambientes de
formação continuada para professores da Educação Profissional Técnica de
Nível Médio, na prestação do Ensino Médio Integrado. O local da pesquisa foi o
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, campus
de Canoinhas, e teve como colaboradores professores que trabalharam nos eixos
de Infraestrutura e Produção Alimentícia dessa instituição em 2016.
A pesquisa foi de cunho qualitativo, cujo objetivo foi o de compreender e
analisar quais são as motivações que conduzem os docentes a atuarem na
Educação Profissional Técnica de Nível Médio. O autor iniciou com um estudo
exploratório, com 20 docentes que se submeteram a aplicação de questionário
semiestruturado. Sequencialmente foram feitas oficinas onde 9 professores (as)
narraram suas experiências problematizando a identidade docente levando em
consideração a diversidade na sua formação – licenciatura, bacharelado e
tecnólogo – e em suas trajetórias.
Os resultados da pesquisa de Faria (2018) apontam que a prática docente
está relacionada a sua identidade e ambos demandam domínio teórico-prático
onde o conhecimento e saber são mobilizados para conduzirem a real

Educação em Revista, Marília, v.21, n. 01, p. 9-24, 2020. 21


SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N.

aprendizagem. Para Faria (2018) a formação da identidade docente é


caracterizada como o conhecimento da experiência do professor e a forma como
este interage com suas práticas profissionais, constituindo assim um novo
modelo de atuação e, por conseguinte inferindo na construção da identidade
docente.
A tese de Silva (2016) foi construída sob um viés qualitativo, nela, o autor
realiza um estudo de caso com o objetivo de compreender o significado dado
pelos professores à qualidade da educação no processo da formação de sua
identidade perante o que é determinado e proposto pelas políticas educacionais
do Brasil. Em seu texto, Silva (2016) discute sobre a qualidade da educação
como influenciadora na construção da identidade dos docentes do Colégio da
Polícia Militar da Bahia, na Unidade Lobato, uma escola pública de Educação
Básica em Salvador.
Para chegar ao objetivo do estudo, Silva (2016) observou o cotidiano dos
docentes, realizou entrevistas, coletou depoimentos e aplicou questionários
semiabertos aos sujeitos da pesquisa. Após ser feita a seleção das informações
em categorias temáticas, os dados das entrevistas foram trabalhados com a
análise de conteúdo. Os questionários objetivaram a coleta de informações
referente a qualidade da educação e sua relação com as garantias dadas pelo
Estado, os aspectos socioeconômicos, culturais e a relação professor aluno.
Os resultados da investigação de Silva (2016) mostram que a identidade
docente é construída em um processo de interação dos professores durante a sua
atuação profissional, sendo essa constituição determinada também pela gestão,
organização e acolhimento que são materializados em momentos formais e
informais no ambiente de trabalho, assim como pela participação dos professores
no processo de tomada de decisões na instituição de ensino.

ConsIderações FInaIs
Retomamos aqui o objetivo deste artigo que foi apresentar e analisar por
meio de revisão sistemática as Dissertações e Teses produzidas nos últimos
cinco anos sobre a construção da identidade docente.
Os dados demonstram que metade dos estudos analisados se concentração
nas Universidades da região sudeste, majoritariamente no estado de Minas
Gerais. Em contrapartida nenhuma Dissertação ou Tese do tema proposto nesta
revisão sistemática foi encontrada na região Centro Oeste.
Destas Universidades, sete são públicas, sendo três federais e três
estaduais e apenas uma instituição privada ainda que de caráter filantrópico.
Deste universo, destaque para a Universidade Federal do Triângulo Mineiro com

22 Educação em Revista, Marília, v.21, n. 01, p. 9-24, 2020.


Construção da Identidade Docente Artigos/Articles

três estudos, o que demonstra articulação de grupos de pesquisa atuando sobre o


tema nesta instituição.
Não é possível afirmar que existe uma tendência de crescimento no
número de publicações nem tampouco diminuição, haja vista que a quantidade
de estudos se manteve estável ao longo dos anos.
No que diz respeito a identidade docente, é importante observar que as
pesquisas analisadas demonstraram grande variedade em seus temas, ainda que
inseridos no tema da construção da identidade docente. Os olhares dos estudos se
voltaram para especificidades, tais como Educação Especial e Inclusiva, com
dois estudos; ensino técnico e tecnológico, também com dois estudos; estágio
curricular; militância docente; prática docente; políticas educacionais; professor
iniciante.
Assim, a produção de outros estudos se mostra importante, haja vista a
pertinência do tema, inclusive na atualidade, por conta do continuo descrédito da
figura do professor e da própria educação brasileira

ConsIderações FInaIs
O objetivo deste artigo foi apresentar e analisar, por meio de revisão
sistemática, as Dissertações e Teses produzidas nos últimos cinco anos sobre a
construção da identidade docente. Os dados demonstram que metade dos estudos
analisados concentram-se nas Universidades da região sudeste, majoritariamente
em Minas Gerais. Em contrapartida nenhuma Dissertação ou Tese do tema
proposto nesta revisão sistemática foi encontrada na região Centro Oeste. Destas
Universidades, sete são públicas: três federais, três estaduais e uma instituição
privada, de caráter filantrópico. Deste universo, merece destaque a Universidade
Federal do Triângulo Mineiro com três estudos, o que demonstra articulação de
grupos de pesquisa atuando sobre o tema nesta instituição. Não é possível
afirmar que existe uma tendência de crescimento no número de publicações nem
tampouco diminuição, haja vista que a quantidade de estudos se manteve estável
ao longo dos anos.
Quanto à identidade docente, é importante observar que as pesquisas
analisadas demonstraram grande variedade de temas: os olhares dos estudos
voltaram-se para especificidades, tais como Educação Especial e Inclusiva (dois
estudos); Ensino Técnico e Tecnológico (dois estudos); Estágio Curricular;
Militância Docente; Prática Docente; Políticas Educacionais; Professor Iniciante.
A produção de novos estudos mostra-se importante, haja vista a pertinência do
tema na atualidade por conta do continuo descrédito da figura do professor e da
própria educação brasileira.

Educação em Revista, Marília, v.21, n. 01, p. 9-24, 2020. 23


SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N.

SOUZA, G. A.; SILVA, O. O. N. Construction of teaching identity: a systematic review.


Educação em Revista, Marília, v. 21, n. 1, p. 9-24, 2020.

Abstract: The present study had the objective of presenting and analyzing through a systematic review
the academic productions of Dissertations and Theses on the construction of the teaching identity. In the
searches performed, 312 studies were found. After reading the titles were 27 studies. After the abstracts
were analyzed, the quantity decreased to 14 and after the works read in full we arrived at the total of 10
texts, being 9 Master Dissertations and only a Doctoral Thesis. The ten academic productions chosen
were defended in eight Universities, seven public and one considered private philanthropic. Regarding the
distribution by region of the country, we have five produced in the Southeast region (three in the state of
Minas Gerais and two in São Paulo), three in the Northeast region (Alagoas, Piauí and Rio Grande do
Norte), one in the South) and one in the Northern region (Pará). There were no studies produced by
Universities in the Central West region.
Keywords: Teaching. Teaching identity. Systematic review.

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Recebido em: 27/11/2019.


Aprovado em: 04/03/2020.4

Educação em Revista, Marília, v.21, n. 01, p. 9-24, 2020. 25

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