Fracasso Escolar
Fracasso Escolar
Fracasso Escolar
FRACASSO ESCOLAR
O PSICOPEDAGOGO NO COMBATE AO
FRACASSO ESCOLAR
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3
2 A PSICOPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ........... 4
3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .............................................................. 6
4 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .......................................................... 8
5 UMA INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM .............................................................................................. 9
6 MODELO DE PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO E ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM ............................................................................................ 12
7 REFLETINDO SOBRE ALGUNS PROBLEMAS EDUCACIONAIS
BRASILEIROS ................................................................................................. 17
8 CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA COGNITIVA NA MELHORIA DO
RENDIMENTO ESCOLAR DE ALUNOS BRASILEIROS ............................... 21
9 ALGUMAS PESQUISAS RELATIVAS ÀS ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS BRASILEIRAS ......................................... 23
10 INFLUÊNCIAS NA PSICOPEDAGOGIA .................................................... 25
11 O CONCEITO DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA ...................................... 31
12 O CONCEITO DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL ......................... 34
ENCERRAMENTO ........................................................................................... 37
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38
1 INTRODUÇÃO
3
2 A PSICOPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
4
pela disforia, retraimento, medo e ansiedade). Pesquisas mostram que, quando
existe a associação entre dificuldade de aprendizagem e comportamentos
externalizantes, a criança pode vir a ter dificuldades de se relacionar, além de
que problemas de comportamento podem exacerbar as dificuldades
acadêmicas.
Para evitar tais consequências, Smith e Strick (2001) afirmam que os
pais devem estar alerta aos sinais que a criança emite. Ao identificarem algum
atraso na leitura, escrita ou na matemática em relação ao nível de seu
ano/série escolar, devem encaminhar para uma avaliação psicopedagógica.
Perceberemos, porém, que muitas são as causas do fracasso escolar.
Como identificar tais causas? É nesse momento que a psicopedagogia se faz
tão necessária, pois possui a capacidade de analisar com cuidado as muitas
facetas dessa realidade e intervir para solucionar os problemas.
5
3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
6
processo de aprendizagem, pois algumas dificuldades apresentadas podem ser
decorrentes da carência sociocultural, problemas de relacionamento familiar,
distúrbios psiquiátricos ou ainda problemas de ordem orgânica, como visual,
auditivo e síndromes neurológicas. Nesses casos, deve-se encaminhar a
criança para outro profissional que possa investigar o caso e dar o
direcionamento necessário para a intervenção.
Segundo Machado (2000 apud MEIRA e ANTUNES, 2003), não se deve
considerar o aluno como objeto de avaliação, mas as diferentes relações e
práticas que implicam a queixa em relação ao aluno e que levam ao
encaminhamento para o atendimento psicológico. Assim, a pergunta passa de
"o que o aluno tem que não aprende?" para "como é o campo social no qual
esta queixa foi produzida?". Assim, devem-se utilizar os dados que o aluno
apresenta, para compreender melhor as várias determinações presentes no
processo de produção do fracasso escolar.
Para Weiss (2011), ao final do diagnóstico psicopedagógico, o terapeuta
já deve ter formado uma visão global do paciente e sua contextualização na
família, escola e seu meio social. Assim, se faz um laudo ou relatório com a
finalidade de resumir as conclusões a que se chegou na busca de respostas às
perguntas iniciais que motivaram o diagnóstico. Como afirma Weiss (1999), em
alguns casos será necessário realizar um encaminhamento para dar
continuidade no trabalho. Esse trabalho subsequente pode ocorrer por meio da
intervenção psicopedagógica.
7
4 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
8
5 UMA INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM
9
ensaio envolvem repetir ativamente tanto pela fala como pela escrita o material
a ser aprendido.
As estratégias de elaboração implicam na realização de conexões entre
o material novo a ser aprendido e o material antigo e familiar (por exemplo,
reescrever, resumir, criar analogias, tomar notas que vão além da simples
repetição, criar e responder perguntas sobre o material a ser aprendido). As
estratégias de organização referem-se à imposição de estrutura ao material a
ser aprendido, seja subdividindo-o em partes, seja identificando relações
subordinadas ou superordinadas (por exemplo, topificar um texto, criar uma
hierarquia ou rede de conceitos, elaborar diagramas mostrando relações entre
conceitos).
As estratégias de monitoramento da compreensão implicam que o
indivíduo esteja constantemente com a consciência realista do quanto ele está
sendo capaz de captar e absorver do conteúdo que está sendo ensinado
(por exemplo, tomar alguma providência quando se percebe que não entendeu,
auto- questionamento para investigar se houve compreensão, usar os
objetivos a serem aprendidos como uma forma de guia de estudo, estabelecer
metas e acompanhar o progresso em direção à realização dos mesmos,
modificar estratégia utilizadas, se necessário). As estratégias afetivas referem-
se à eliminação de sentimentos desagradáveis, que não condizem com a
aprendizagem (por exemplo, estabelecimento e manutenção da
motivação,manutenção da atenção e concentração, controle da
ansiedade, planejamento apropriado do tempo e do desempenho).
Investigando o que os alunos fazem quando aprendem Zimmerman e
Martinez-Pons (1986) também encontraram 14 tipos de estratégias:
autoavaliação, organização e transformação, estabelecimento de metas e
planejamento, busca de informação, registro de informação,
automonitoramento, organização do ambiente, busca de ajuda e revisão.
Mckeachie, Pintrich, Lin, Smith e Sharma (1990, citados por Dembo,
1994) acreditam que as estratégias de aprendizagem anteriormente
mencionadas podem ser organizadas em três grandes grupos:
10
1) estratégias cognitivas (estratégias de ensaio, elaboração e
organização),
2) estratégias metacognitivas (estratégias de planejamento,
monitoramento e regulação) e
3) estratégias de administração de recursos (administração do
tempo, organização do ambiente de estudo, administração do esforço e busca
de apoio a terceiros).
Da Silva e De Sá (1997) apontam que a instrução em estratégias de
aprendizagem abre novas perspectivas para uma potencialização da
aprendizagem permitindo aos estudantes ultrapassar dificuldades pessoais e
ambientais de forma a conseguir obter um maior sucesso escolar.
11
6 MODELO DE PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO E ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM
12
Figura 1 - Um Modelo de Processamento da Informação Humana
13
de decodifição de palavras automatizadas e, por isso, possuem mais espaço
na memória para entender o que estão fazendo. Entretanto, quando se usa
esses processos de controle conscientemente (com controle voluntário) trata-
se dos Processos Metacognitivos, que são processos que os indivíduos
utilizam para controlar o seu próprio pensamento (Dembo, 1988; 1994).
Os Processos Executivos de Controle são parte do Sistema de
Processamento da Informação. Esses processos controlam os processos
cognitivos envolvidos no ato de aprender monitorando e dirigindo o progresso
das atividades cognitivas. O funcionamento dos Processos Executivos de
Controle está baseado na Metacognição, que tem dois aspectos separados,
porém relacionados. O primeiro aspecto da Metacognição é relativo ao
conhecimento dos próprios processos cognitivos e diz respeito ao: 1)
conhecimento sobre si mesmo (pontos fortes, pontos fracos, preferências
pessoais); 2) conhecimento sobre a tarefa (níveis de dificuldade, demandas); e,
3) conhecimento sobre o uso de estratégias (quais, quando, por quê e para
quê).
O segundo aspecto da Metacognição refere-se à regulação e ao controle
do comportamento, considerando-se a existência de três tipos de controle:
Planejamento, Monitoramento e Regulação. Para Corno e Mandinach (1983),
as estratégias de planejamento envolvem a organização de uma sequência de
atividades que são apropriadas para a aprendizagem de uma dada tarefa
(exemplo: estabelecer metas a serem realizadas; antecipar quanto tempo será
necessário para completar uma dada tarefa).
As estratégias de monitoramento dizem respeito à capacidade do sujeito
de supervisionar o seu próprio processo de aprendizagem (exemplo: manter
a atenção quando está lendo um texto; auto-questionar-se quanto ao conteúdo
do material para avaliar a própria compreensão).
Essas estratégias alertam o aluno quanto a possíveis problemas na
atenção e na compreensão de um determinado conteúdo de modo que
entraves possam ser resolvidos. As estratégias de regulação ajudam o
aluno a modificar seu comportamento de estudo e permitem que esse
melhore seus déficits de compreensão (exemplo: voltar e reler uma parte do
14
texto que o aluno percebe que não entendeu; responder primeiro as questões
mais fáceis de uma prova e depois retornar para as difíceis; Dembo, 1988;
1994).
A Memória de Curta Duração tem condições de guardar mais informação
quando a informação é organizada em unidades maiores; a organização
reduz a carga da memória. As estratégias de ensaio (repetir ou ensaiar a
informação) podem ser ensinadas e usadas para organizar e reter a
informação por períodos mais longos.
A Memória de Longa Duração, por sua vez, tem como função
armazenar toda a informação que nós possuímos e não estamos usando
(Gagné, Yekovich & Yekovich, 1993; Pfromm Neto, 1987). A informação entra
na Memória de Longo Prazo através da Memória de Curto Prazo ou em
Funcionamento. As informações armazenadas na Memória de Longa Duração
são permanentes. Para Gagné e colaboradores (1993), a sensação de não
lembrar de alguma coisa está mais associada à falta de uma boa pista de
recuperação da informação do que à perda da informação propriamente dita.
Enquanto a informação precisa ser ensaiada para se manter na Memória
de Curta Duração, ela precisa ser elaborada para ir para a Memória de Longa
Duração, isto é, precisa ser classificada, organizada, conectada e armazenada
com a informação que já existe na Memória de Longa Duração. Como
aponta Dembo (1994), o propósito das estratégias de aprendizagem é de
ajudar o aluno a controlar o processamento da informação de modo que
ele possa melhor armazenar e recuperar a informação na Memória de Longa
Duração.
A professora Nadia Bossa, uma escritora contemporânea enriquece as
pesquisas anteriores com suas contribuições através de livros como: Fracasso
Escolar: um olhar psicopedagógico; Dificuldades de Aprendizagem: O que são?
Como tratar?; A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática;
Avaliação Psicopedagógica da Criança de 0 a 6 anos; Avaliação
Psicopedagógica da Criança de 7 a 11 anos; Avaliação Psicopedagógica do
Adolescente; entre outros.
15
Segundo Bossa (2000): “O aprendizado deve levar ao desenvolvimento
de capacidades específicas pela modificação da eficiência sináptica e das
conexões anatômicas pré-existentes.” Para a escritora, “memória é a
persistência do aprendizado ao longo do tempo”. Sobre a memória de curta
duração, afirma que esta “mantém na mente, de forma acessível, uma pequena
quantidade de informações por pouco tempo, antes de ser armazenada ou
esquecida e é utilizada para tarefas corriqueiras.” Para Bossa, a Memória de
Trabalho “dura apenas o suficiente para a execução de uma tarefa (questão de
segundos); Associa as informações novas com as antigas e resolve problemas;
Foca no estímulo novo ou que considere importante.” Classifica a Memória de
Longa Duração em “memórias implícitas (não declarativa) e memórias
explícitas (declarativas).” Explora ainda conceitos de Memória Sensorial,
Memória Visual e Memória Auditiva.
16
7 REFLETINDO SOBRE ALGUNS PROBLEMAS EDUCACIONAIS
BRASILEIROS
17
dominantes, retirando de si a responsabilidade do fracasso e repassando ao
sujeito a condição de fracassado e excluído. No entanto, qualquer pessoa que
se dispõe a aprender corre o risco de fracassar em algum momento ou por
algum tempo, o que não significa a impossibilidade de mudança (Ireland &
cols., 2007).
Nesse sentido, Esteban (2009) propõe a valorização das múltiplas
aprendizagens e das diferentes experiências escolares, bem como a
importância de a escola e os professores reconhecerem a realidade dos
alunos, favorecendo o direito às diferenças e singularidades e evitando rótulos
e marginalizações.
Assim, faz-se necessário considerar não somente os aspectos cognitivos,
mas também os afetivos e sociais que estão envolvidos no processo de
construção do saber, além de outras variáveis intra e extra-escolares,
ampliando o olhar não somente sobre o fenômeno chamado fracasso escolar,
que é multifacetado, mas também sobre esse termo, uma vez que ele não é a
expressão da incapacidade de aprender, mas da insuficiência de novos
modelos necessários no processo de ensino-aprendizagem (Patto, 2007;
Esteban, 2009), bem como de políticas públicas mais atentas às demandas
educacionais da população (UNESCO, 2014).
Segundo Fernández (1990) o fracasso escolar responde a duas ordens
de causas que se encontram imbricadas na história do sujeito próprios da
estrutura familiar e individual daquele que fracassa em aprender e próprios do
sistema escolar, sendo estes últimos determinantes. E que é preciso não
confundir os fracassos escolares com problemas de aprendizagem para poder
intervir antes que sejam produzidos, pois, muitas vezes, um pode derivar do
outro.
Para prevenir o fracasso escolar, é necessário trabalhar em e com a
escola, realizar um trabalho para que o professor possa conectar-se com sua
própria autoria e, portanto, seu aluno possa aprender com prazer, denunciar a
violência encoberta e aberta instalada no sistema educativo. Mas uma vez
gerado o fracasso e conforme o tempo de sua permanência, o psicopedagogo
também deverá intervir para que o fracasso do aprendente, encontrando um
18
terreno fértil na criança e em sua família, não se constitua em um sintoma
neurótico. (Fernandez,1990 p. 64).
É importante e necessário que se permita estar em conexão com
variadas relações no intuito de entender as possibilidades de abordagem do
trabalho psicopedagógico. A contribuição acima vem reforçar, também, a ideia
da prevenção na psicopedagogia e mostra como esta deve estar interligada
com os olhares da psicologia, pedagogia, fonoaudiologia, sociologia,
antropologia, enfim possibilitando uma conexão contínua com o objetivo de
entender o paciente na sua complexidade e ao mesmo tempo na sua
singularidade.
O cenário do fracasso escolar no Brasil não está margeado em apenas
um fator específico, isolado apenas à responsabilidade de alguém ou de algum
fator. Dessa maneira, podemos inferir que o aluno está inserido num contexto
social, escolar e familiar e não há como culpar a escola ou uma área de
atuação dela, visto que a escola é um conglomerado de estímulos culturais,
sociais, padrões, regras, subordinações.
Além disso, é um contexto com uma vasta gama de pessoas envolvidas
no processo escolar, portanto não há possibilidade de se dizer que a existência
de um fator, de alguém, ou algum estímulo ou falta de, seja o responsável pelo
fracasso escolar, já que cada vertente possui sua parcela de responsabilidade
por tal. Sendo assim, a família, os pais pode ser uma parcela, aparentemente,
maior no que se refere a cuidados com seus filhos para que o fracasso escolar
não chegue até eles, sendo necessário que afeto, atenção e estimulação da
aprendizagem sejam contínuos.
Digno de nota é a grande mudança que houve no Brasil no que diz
respeito à atenção dada à primeira etapa da Educação Básica, a Educação
Infantil. Percebemos avanços significativos nesse campo da educação. Neste
sentido, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), comenta:
19
separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se
incorporarem a uma situação de socialização estruturada.
Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infantil, a
concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como
algo indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as creches
e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos
construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de
sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm
o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e
habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas
aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação
familiar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e
das crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito
próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização,
a autonomia e a comunicação.
Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o
desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o
compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de
Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a instituição
precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com
a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade.” (BNCC,
2018, p. 36,37.)
20
8 CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA COGNITIVA NA MELHORIA DO
RENDIMENTO ESCOLAR DE ALUNOS BRASILEIROS
21
para a melhoria do desempenho escolar de alunos (Hattie, Biggs &
Purdue, 1996) constituem-se nas principais contribuições da Psicologia
Cognitiva baseada na Teoria do Processamento da Informação para a
educação. Estratégias de aprendizagem podem ser ensinadas para alunos de
baixo rendimento escolar. É possível ensinar a todos os alunos a expandir
notas de aulas, a sublinhar pontos importantes de um texto, a
monitorar a compreensão na hora da leitura, usar técnicas de memorização,
fazer resumos, entre outras estratégias. Resultados de pesquisas revelam que
o treinamento em estratégias de aprendizagem tem sido bem sucedido de
modo geral, pois é capaz de produzir tanto uma melhora imediata no uso das
estratégias envolvidas, quanto no rendimento escolar geral dos alunos (Garner,
Hare, Alexander, Haynes & Winograd, 1984; Pressley & Levin, 1983; Weinstein
& Mayer, 1985).
Ressaltam os teóricos nessa área que conhecer as estratégias não é
suficiente para melhorar o rendimento escolar dos estudantes. Faz-se
necessário que os alunos compreendam como e quando usá-las. Além disso,
se por um lado, o ensino de estratégias de aprendizagem é capaz de
melhorar significativamente o rendimento escolar dos alunos, por outro lado,
não há dúvidas de que o mero treinamento em estratégias é infrutífero para se
desenvolver a capacidade do aluno para aprender a aprender, se ao ensino
de estratégias não forem acopladas de estratégias de apoio afetivo
destinadas a modificar variáveis psicológicas, tais como: ansiedade,
autoeficácia, autoconceito, atribuição de causalidade, muitas vezes
incompatíveis ao uso apropriado das estratégias (Hattie, Biggs &
Purdue,1996).
22
9 ALGUMAS PESQUISAS RELATIVAS ÀS ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS BRASILEIRAS
23
e salientam que o trabalho corretivo deve dividir o espaço com o trabalho
formativo no que tange a promoção da autorreflexão e dos processos
metacognitivos.
Numa outra perspectiva, que visa compreender o que os alunos fazem
para aprender e para estudar, Boruchovitch (1995; 1998a; 1998b; 1999)
investigou o uso espontâneo de estratégias de aprendizagem por parte de
alunos do primeiro, terceiro, quinto e sétimo anos do ensino fundamental de
uma escola pública de Campinas. Resultados parciais revelam que, embora
pouco diversificadas e às vezes inapropriadas para a situação de
aprendizagem proposta, as estratégias mencionadas pelos sujeitos mostraram-
se, de modo geral, semelhantes às encontradas na literatura (Purdie & Hattie,
1996; Weinstein & Mayer, 1985; Zimmerman & Martinez-Pons, 1986).
Diferentemente dos estudos anteriormente mencionados, Darsie (1996)
vem utilizando o exercício metacognitivo (uso de diários para registro da
reflexão sobre a aprendizagem) como uma forma de se avaliar a aprendizagem
de alunos de um curso de formação de professores. Esta pesquisa
conclui pela necessidade de se converter a avaliação num instrumento
de aprendizagem que possibilite a construção do conhecimento através do
exercício da metacognição que permita constantemente a tomada de
consciência da própria aprendizagem.
24
10 INFLUÊNCIAS NA PSICOPEDAGOGIA
25
resolução de um complicado problema matemático) pode ser
explicado pelo encadeamento de associações simples entre
estímulos e respostas. De acordo com esta posição, Watson opôs-
se vigorosamente aos defensores de teorias inatistas (segundo as
quais a aprendizagem depende do potencial de inteligência com
que nascemos) e maturacionistas (segundo as quais a aprendizagem
depende do processo de maturação fisiológica) (GONÇALVES,
2007, p. 27).
26
descobrir o que as está tornando infelizes e de provocar mudanças em suas
vidas, mas esta capacidade pode estar latente. Com essa abordagem um fator
importante foi esquecido, o social”.
O materialismo-histórico surgiu nos anos 80, foi uma oposição ao
behaviorismo e ao humanismo. No entanto, segundo Neves (1991) as três
fundamentações teóricas eram inflexíveis em seus posicionamentos e
ignoravam aspectos relevantes de ordem biológica, psicológica e social. O
materialismo- histórico não legitima o presente sem considerar o passado em
seus acontecimentos, políticos, econômicos e sociais segundo, conforme
revela os autores ao apontarem que:
27
a essa teoria, o autor apresentou uma opção teórica, a do construtivismo
piagetiano.
Para Sisto (1996), a teoria do construtivismo não beneficia somente os
conteúdos, a prioridade está na construção do conhecimento, com a
valorização das interações feitas no cotidiano. Colocar o construtivismo como
base teórica da psicopedagogia, não seria somente transferir o compromisso
de aprender ao aluno e seu intelecto, seria um entendimento que o
conhecimento não pode ser apenas recebido, somente com instruções ou
reconstruções do ensino. A conjectura dessa aprendizagem se distinguiu por
entender que o conhecimento deve exigir procedimentos que não privilegie
apenas o cognitivo ou afetivo do aluno, segundo Moreira:
Outra consequência clara é a do conflito cognitivo. Segundo a teoria
piagetiana, o sujeito, interagindo com o mundo, constrói esquemas de
assimilação com os quais, então, assimila situações conhecidas. Quando a
situação é nova é preciso acomodar, ou seja, reformular um esquema de
assimilação, construir um novo esquema, ou abandonar a tarefa. O ensino, em
consequência, deve provocar conflitos cognitivos, quer dizer, propor situações
para as quais os esquemas dos alunos não funcionem, de modo a provocar a
necessidade de construção de novos esquemas. Em termos técnicos, dir-se-
ia que o ensino deve conduzir à equilibração majorante e, portanto, a
aprendizagens (MOREIRA, 2009, p.17).
Piaget postula que a criança precisa assimilar e depois pode acomodar
ou não, as informações recebidas, modificando seus esquemas com essas
construções cognitivas. Quando há interação com o mundo o indivíduo se
encaminha para uma integração organizada, pois a cada novo conhecimento
ele ganha mais meios de adaptação ao meio, elevando seu grau de
organização. A cada conhecimento que leve a acomodação, o sujeito também
alcançará a adaptação e a organização (MOREIRA, 2009, p.13).
Para Piaget as relações sociais são determinantes para o
desenvolvimento, pois o sujeito influencia e acaba por ser influenciado pelo
ambiente social. As crianças aprendem a se comportar por meio da interação
com os adultos, a cada contato, novos comportamentos vão surgindo. O nível
28
de socialização é algo que impacta de maneira contundente a sua identidade.
Contudo, é importante ressaltar que os estágios de maturação vão influenciar
o nível de socialização. Piaget definiu graus de socialização que variam do zero
para o recém-nascido, ao maior que seria quando a criança tem autonomia.
Segundo Piaget a socialização conta com dois requisitos básicos, a
cooperação e a coação.
A relação de cooperação é dinâmica por gerar possibilidades; como
afirma Piaget, os caminhos, para aquele que se compromete em ser
cooperativo com o outro, são muitos. Quanto à criança, as primeiras relações
que estabelece são as de coação – pai, mãe/filhos (as); adulto,
professor/criança. Isso, pelo fato de que o infante é aquele que deverá ser
educado e orientado pelo adulto. O próprio Piaget afirma ser esta fase
obrigatória e necessária para se estabelecer o processo de socialização da
criança. (GOMEZ et al,2010,p.1)
Piaget cita a coação e a cooperação como condutas de relações sociais.
A coação indicaria a relação de prestígio de uma pessoa para com a outra,
como a de um aluno com seu mestre, ou pela disseminação de ideais,
conceitos e princípios tradicionais do meio social. Quando o sujeito é coagido
ele se limita a acreditar, sem questionamento, divulgando essas ideais acaba
conservando as ideias, crenças, pensamentos e dogmas. Com esse tipo de
comportamento o sujeito produz uma relação desequilibrada e não consegue
se desenvolver plenamente, já que não tem criticidade e acredita em verdades
prontas e acabadas. Esse tipo de relação é considerado de nível baixo, pois
não há conversação, perde-se na socialização tanto o que é coagido quanto o
que coagi. (GOMEZ et al, 2010, p.1). A cooperação seria uma maneira crítica
de socialização, mas para Piaget a criança necessita de normas e por isso a
relação de coação se faz necessária.
As teorias influenciaram as concepções psicopedagógicas, porém deve-
se ser considerado também as áreas de conhecimento que foram e são
responsáveis pela composição da psicopedagogia. Pois, como já informado, a
psicopedagogia surge da união de várias áreas do conhecimento como
Filosofia, Neurologia, Sociologia, Linguística e a Psicanálise. Contudo, segundo
29
Sisto (1996) a psicopedagogia no Brasil tem sido sustentada, sobretudo, por
três pilares, a psicanálise, o associacionismo e o construtivismo.
A psicanálise tem um viés baseado na emoção, para essa área do
conhecimento só vai haver aprendizagem se houver afetividade, para a
criação do vínculo, segundo Klein:
30
11 O CONCEITO DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
31
necessidades do sujeito, e a adaptação é feita constantemente (GAMBA e
TRENTO, 2009, p.3).
O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas
dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como,
provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), estórias, material
pedagógico etc. Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os
pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões,
honorários, a importância da frequência e da presença, e o que mais ocorrer.
No primeiro momento não é recomendável falar sobre o histórico do
sujeito, já que isto poderá atrapalhar a investigação. O histórico do sujeito,
desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista
chamada Anamnese, com os pais ou responsáveis.
O tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o
diagnóstico, ou poderá ser feito com outro psicopedagogo. Neste caso, este
último solicitará o informe psicopedagógico para análise. Durante o tratamento
são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma
de se aprender e o que poderá estar causando este bloqueio. Para isto, o
psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos,
brincadeiras, histórias, mídias educativas e outras ferramentas oportunas. A
criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de
atividades lúdicas que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade.
Através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter
limites, aprende a ganhar e perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se
concentrar e adquire maior atenção. O psicopedagogo solicitará, algumas
vezes, as tarefas escolares, observando cadernos, a organização e os
possíveis equívocos, ajudando a criança a compreender o conteúdo em
questão. Irá ajudar a criança ou adolescente a encontrar a melhor forma de
estudar para que ocorra a aprendizagem.
O profissional poderá ir até a escola para conversar com o (a) professor
(a), afinal é ele ou ela que tem contato diário com o aluno e pode dar muitas
informações que possam ajudar no tratamento. O psicopedagogo precisa ser
estudioso e estar em constante formação.
32
Muitas vezes será necessário recorrer a outro profissional para
conversar, trocar ideias e pedir opiniões. Precisa ter claro em sua mente qual é
sua linha de trabalho, mas sem desconsiderar as contribuições que novas
linhas de pensamento podem lhe dar.
33
12 O CONCEITO DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
34
Quando recebe conhecimentos, o ser humano é incluído, de um jeito
coordenado, nos ambientes culturais e simbólicos, que acabam o integrando a
coletividade. A escola tendo o dever de ajudar na obtenção do conhecimento
passa a ser mediadora nessa inclusão do sujeito (BOSSA, 2011, p.141).
Contudo, é importante lembrar que a criança quando inicia a vida escolar
já tem conhecimentos prévios, das vivências do seu meio, esses
conhecimentos devem ser levados em conta sempre, especialmente no que diz
respeito às intervenções a serem feitas, pois só serão bem sucedidas caso
possuam algum significado para o aluno. Portanto, o sujeito quando entra na
escola, em torno dos seus quatro anos de idade, leva as suas vivências, suas
experiências familiares e disso depende sua aprendizagem plena, segundo
BOSSA:
35
psicopedagogo deve ter um olhar atento para entender o sujeito em suas
características multidisciplinares, como ser cognoscente envolvido na teia das
relações sociais, sendo influenciado por condições orgânicas e culturais.
Além disso, uma das ações do psicopedagogo é a intervenção, que visa
fazer a mediação entre os alunos e seus objetos de conhecimentos, trabalhar
as relações interpessoais, bem como estimular a aprendizagem e o
desenvolvimento do aluno, numa perspectiva preventiva. Na intervenção, a
ação psicopedagógica contribui para o processo educacional, buscando
compreendê-lo, explicitá-lo, ou modificá-lo. Ao introduzir novos elementos para
o sujeito pensar é possível conduzi-lo à quebra de paradigmas anteriormente
estabelecidos.
36
ENCERRAMENTO
37
REFERÊNCIAS
38
REIS, Linda G. A classificação da pesquisa acadêmica. In: Produção de
monografia: da teoria à prática. 2.ed. Brasília: Senac-DF, 2008.
39
NAGEL, Lízia. Avaliação, Sociedade e Escola: fundamentos para reflexão.
Curitiba: Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 1989.
40