O Processo de Letramento e Da Aquisição Da Linguagem
O Processo de Letramento e Da Aquisição Da Linguagem
O Processo de Letramento e Da Aquisição Da Linguagem
1 INTRODUÇÃO
Escolhemos esse tema partindo da ideia de que a sociedade, hoje, está cada vez mais centrada
na formação de um “ser” alfabetizado. Porém, entende–se que a simples ideia de ler e escrever se
tornou insuficiente para atender as necessidades do mundo contemporâneo.
Temos como objetivo apresentar concepções de alfabetização e letramento, bem como
procedimentos metodológicos que visem ilustrar o referido processo, buscando chamar a atenção do
leitor para a questão do letramento, que é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e
escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade, ocorrendo antes
mesmo do indivíduo conhecer o código em si.
O que podemos constatar é que a palavra escrita amedronta e intimida, desafia e provoca,
aprisiona e liberta. Conferindo uma série de distinções àqueles que a dominam, ela separa os cidadãos
que têm acesso ao conhecimento construído daqueles que dele ficam privados; ela instala direitos
que, simultaneamente, nega aos analfabetos; ela confere prazer, mas causa hesitação e medo quando
guarda, em seus sinais, o inapreensível. Via de inserção ou exclusão social, a palavra escrita interfere
1
Doutora em Comunicação e Semiótica. Professora universitária. E-mail: [email protected]
Edição 17 – Março de 2019
na posição hierárquica dos indivíduos, diferenciando também o mundo dos adultos do mundo das
crianças.
O domínio da leitura é uma experiência tão importante na vida da criança, que determina o
modo como ela irá perceber a escola e a aprendizagem em geral. Em decorrência disso, o esforço
despendido pela criança no reconhecimento de letras e palavras precisa aliar–se à certeza de que será
compensado pela leitura de textos altamente estimulantes.
Na escola deve–se ter a responsabilidade de aperfeiçoar a leitura, de modo a garantir ao
indivíduo o domínio de uma prática cuja finalidade não se esgota em si mesma. Cabe à escola, mais
que alfabetizar, ajudar a formar leitores.
No entanto tal tarefa não tem apresentando resultados eficazes, visto que os alunos têm
manifestado seu desinteresse pela leitura e pela escrita. Para tanto, alguns fatores devem ser
observados, pois figuram como agentes responsáveis em conjunto pela falha neste processo, por isso
destacaremos como a escola vem trabalhando a questão do acesso ao código linguístico e como se
desenvolve este processo, problematizando: a alfabetização, processo ou método?
Além disso, há outros aspectos como o fator econômico, que muitas vezes impede o acesso à
boa leitura, a falta do hábito por parte da família na qual a criança tem como referência, e muitas
vezes a falta de preparo dos próprios professores em relação ao aproveitamento da leitura e da
literatura são alguns agentes responsáveis pela falta de estímulo da criança em relação ao ato de ler.
Desta forma, o papel da escola neste processo torna – se fundamental, já que a mesma está
presente nas fases mais importantes da criança onde se encontra a aquisição da leitura, da escrita e da
compreensão.
2 CONCEITOS DE ALFABETIZAÇÃO
“Alfabetizar é ensinar a ler, dar instrução primária, aprender a ler por si mesmo”.
- Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa
Com essa definição podemos constatar que alfabetizar, vai além do ato mecânico de ensinar a
ler, voltado para aquisição do código escrito; é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano,
apropriar–se da função social dessas duas práticas.
"A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos
econômicos e políticos: é a língua criada ou herdada pelo povo."
- Olavo Bilac
Em verdade, a escrita, seja ela qual for, sempre foi uma forma de representar a memória
coletiva de uma comunidade, seja no campo científico, religioso, político, artístico, cultural, etc. São
grandes marcos na História da humanidade a invenção dos livros, dos jornais e da imprensa de modo
Estamos tão acostumados a ler e a escrever em nossa vida diária, que não percebemos que
nem todos escrevem e leem como nós. Em muitas famílias de classe social baixa, escrever pode se
restringir a assinar o próprio nome ou, no máximo, a redigir listas de palavras ou recados curtos. Para
as pessoas que vivem nesse mundo restrito, escrever como a escola propõe pode ser algo estranho,
fora de sua realidade, inútil. Contudo, as pessoas que vivem num meio social onde se leem jornais,
revistas, livros, etc. e que escrevem frequentemente, num ambiente em que as crianças, desde cedo,
tomam contato com o texto escrito, acham muito natural o que a escola ensina, pois isso representa
uma continuação do que essas pessoas já faziam e já esperavam que a escola propusesse esse mesmo
procedimento. Para alguns educadores, alfabetizar grupos sociais que encaram a escrita como uma
simples garantia de sobrevivência é diferente de alfabetizar grupos sociais que consideram a escrita,
além de necessária, uma forma de expressão individual de arte, de cultura e de passatempo.
É sabido que isso implica diretamente na questão do analfabetismo ou do “pseudo-
alfabetismo” que atinge a uma grande parcela da sociedade. Segundo Fiore, nesse novo tipo de
sociedade – na qual os países desenvolvidos já estão inseridos – a mercadoria mais valiosa é a
informação. Não é o dinheiro que está em falta, mas o cidadão altamente capacitado, que se auto-
educa, o trabalhador bem informado.
Fiore ainda acrescenta que “em nosso país a capacidade de usar a informação escrita em seu
benefício próprio, de sua família e de sua nação encontra-se restrita às poucas elites letradas. A
grande maioria do povo não tem acesso aos benefícios profissionais, sociais, políticos, econômicos
e de lazer inteligente que apenas a familiaridade com a leitura pode proporcionar (Revista D.O.
Leitura, janeiro de 2001).
A epígrafe acima, extraído do livro O menino que aprendeu a ver, de Ruth Rocha, é parte de
uma obra que, embora simples e de linguagem acessível, demonstra com sutileza e sensibilidade a
“magia” interior da criança no momento em que ela começa a aprender a ler, tornando-se alfabetizada.
É como se a cada letra aprendida um imenso código fosse, passo a passo, desvendado, e, aos poucos,
o indivíduo torna-se capaz de compreender com clareza o sistema linguístico a que pertence.
Na frente das lojas, por exemplo, em cima dos prédios, nos cartazes...
Algumas figuras João entendia: flores, cigarros, meninas...
Mas havia outros sinais que Joãozinho não sabia.
O que seriam?
Assim, indo de encontro às concepções de Paulo Freire (1986), temos que o indivíduo, o
homem e a mulher, é o único ser capaz de aprender com alegria e esperança, na convicção de que a
mudança é possível. E Freire conclui que “aprender é uma descoberta criadora, com abertura ao
risco e à aventura do ser, pois ensinando se aprende e aprendendo se ensina”.
Paulo Freire (1986), em seus estudos acerca dos processos de aprendizagem definiu com
perfeição qual a relação do alfabetizando com aquele que alfabetiza: uma troca mútua de experiências
e realizações.
Na fase 2, a hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas
diferentes. A criança procura combinar de várias maneiras as poucas formas de letras que é capaz de
reproduzir. Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas exigências básicas: a quantidade de
letras (nunca inferior a três) e a variedade entre elas, (não podem ser repetidas). A seguir, a criança
cria a hipótese de que coisas escritas devem ter as seguintes propriedades:
a) As letras devem estar dispostas em linhas.
b) Deve haver espaços entre grupos de letras.
c) Cada grupo de letras, ou seja, cada palavra, deve ter pelo menos três letras.
d) Não pode haver muitas letras repetidas na mesma palavra.
Dessa forma, letras espalhadas, não-agrupadas ou dispostas de forma não-linear, bem como
palavras com menos de três letras ou com letras repetidas são rejeitadas pela criança porque "não
servem para ler".
Na fase 3, são feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a
palavra. Surge a chamada hipótese silábica, isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba
pronunciada, podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste momento, um conflito entre
a hipótese silábica e a quantidade mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida. A criança,
neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa usar duas formas gráficas para escrever
palavras com duas sílabas, o que vai de encontro às suas idéias iniciais de que são necessários, pelo
menos três caracteres. Este conflito a faz caminhar para outra fase. Quando a criança, finalmente,
Na fase 4 ocorre, então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se
estabeleceu - entre uma exigência interna da própria criança ( o número mínimo de grafias ) e a
realidade das formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure soluções. Ela, então, começa a
perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, ainda que não o
faça corretamente. Antes de atingir o chamado nível fonético, que é a escrita convencional, em que
cada fonema é representado por uma letra, a criança passa por uma fase intermediária denominada
silábico-alfabética. Nessa fase, a criança escreve cada sílaba, ora com uma letra, ora com duas.
Exemplo: CAVAO, CAAO.
O processo de transição das fases até este nível é o mesmo pelo qual ela chegou até o nível
silábico: fazendo suas descobertas à medida que lê, escreve, compara a sua escrita com a da
professora, faz perguntas sobre sua própria escrita para verificar se escreveu corretamente, observa e
copia palavras memorizadas como nomes de pessoas e marcas comerciais.
As cinco fases descritas acima, classificadas como hipóteses, as quais as crianças elaboram
durante o processo de aquisição da escrita, segundo os estudos feitos por Emília Ferreiro e Ana
Teberosky podem ser resumidas da seguinte maneira:
1 - Garatujas: Fase dos rabiscos. A criança rabisca e lê o que representa os rabiscos.
A prática na sala de aula não pode estar voltada apenas para a transferência de conteúdos, mas
deve possibilitar a construção para formar alunos críticos e que tenham instrumentos para seu
ambiente.
Conforme Paulo Freire (1996, p. 34) não é só o aluno que aprende (como muitos dos professores
acham que acontece) a aprendizagem ocorre de todas as formas na interação entre os indivíduos,
portanto o professor ensina, interage e aprende com os alunos, que ensinam, interagem e aprendem
com o professor.
O grande desafio proposto ao professor no contexto atual é alfabetizar crianças tendo o texto
como unidade básica e ensinar a ler e escrever a partir da reflexão sobre o processo envolvido na
alfabetização. A autonomia na leitura desenvolve-se com o aumento da experiência, na medida em
que ocorre a ampliação de conhecimentos que servem de apoio à identificação de palavras, de frases
e de modalidades de texto.
Idealmente, a criança vem à escola com habilidades de linguagem oral bem desenvolvidas, o
que constitui um fundamento para o domínio da língua, da leitura e da escrita. Traz também, o
conhecimento de narrativas, poemas, parlendas, trava-línguas e adivinhações. Porém, a aquisição da
escrita requer o conhecimento das estruturas fonológicas da língua e de como as unidades gráficas se
conectam às unidades faladas.
Segundo Juracy Assmann Saraiva (2001, p. 87):
No processo de alfabetização, é essencial incorporar às práticas de sala de aula o
texto literário – narrativas e poemas – para, de maneira particular, compor o
conhecimento da criança e redimensionar a afetividade pela mediação dos signos
verbais ou mesmo não – verbais. Alfabetizar, assim, inclui a reinvenção da
linguagem, a expressão da subjetividade e as singularidades próprias do código
escrito.
Entre três e quatro anos, a maioria das crianças possui uma competência oral com uma
complexidade sintática próxima à do adulto. Seu domínio da linguagem oral permite-lhe compreender
o conteúdo de textos escritos de uso social: contos, avisos, cartazes, anúncios, embalagens, notícias,
etc.
Em entrevista dada à revista Nova Escola (Nova Escola n.º 143, jun./jul. 2001), Emília
Ferreiro cita algumas de suas constatações, ao longo destes 20 anos de estudos acerca da psicogênese
da língua escrita:
Nenhuma criança chega à escola ignorando totalmente a língua escrita. Elas não
aprendem porque vêem e escutam ou por ter lápis e papel à disposição, e sim porque
trabalham cognitivamente com o que o meio lhes oferece. Para aprender a ler e a
escrever é preciso apropriar-se desse conhecimento, através da reconstrução do
modo como ele é produzido. Isto é, é preciso reinventar a escrita. Os caminhos dessa
reconstrução são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe social. Um
dos maiores danos que se pode fazer a uma criança é levá-la a perder a confiança
em sua própria capacidade de pensar. (Nova Escola n.º 143, jun./jul. 2001)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta afirmação sintetiza, de forma muito simples, as complexas pesquisas dessa psicolinguísta
argentina, conhecidas como a psicogênese da língua escrita, a qual foi uma das bases do presente
trabalho por nós concluído.
Emília Ferreiro, cujas ideias têm revolucionado a prática alfabetizadora no Brasil,
contribuindo para a valorização do conhecimento prévio das crianças e dos jovens e adultos sobre a
escrita, deixou claro o seu compromisso com a melhoria da sociedade, ao partilhar, generosamente,
as suas leituras, estudos, hipóteses e conhecimentos. Com a psicóloga e educadora Ana Teberosky,
as ideias construtivistas atingiram maior viabilidade de aplicação.
As pesquisas de Emília Ferreiro consubstanciaram a Epistemologia Genética de Jean Piaget
em relação à aprendizagem da escrita e da leitura. A partir desses trabalhos, a preocupação dos
professores não poderia mais ser só com os métodos escolares de alfabetização: existe um processo
de aprendizagem no aluno que precisa ser conhecido e estimulado por quem ensina.
A partir dos resultados obtidos em suas pesquisas, Ferreiro, juntamente com Teberosky,
contribuiu para que tivéssemos bases para crer que o processo de alfabetização nada tem de mecânico
do ponto de vista da criança que aprende. Ferreiro e Teberosky (1986, p.98) concluem que “a criança
constrói seu sistema interativo, pensa, raciocina e inventa buscando compreender esse objeto social
complexo que é a escrita. Essa mudança conceitual sobre a alfabetização acaba levando a mudanças
profundas na própria estrutura escolar”.
O importante é que o educador saiba que, antes de adotar esta ou aquela teoria de
aprendizagem, é preciso construir uma postura de respeito diante dos diferentes saberes, dos saberes
do outro - que nunca serão os nossos - repensando o papel e a função da escola nessa sociedade, que
apesar de toda modernidade, ainda é discriminadora e excludente.
Portanto, ao repensarmos se a alfabetização ocorre devido a um processo ou em decorrência
de um método específico, temos que ambos são importantes. O processo estaria ligado a todo período
em que a alfabetização transcorre, o qual, conforme já foi mencionado, se dá desde que a criança é
Edição 17 – Março de 2019
muito pequena, naquelas que foram denominadas como fases, segundo Emília Ferreiro e Ana
Teberosky (1986). Em relação ao método, pudemos constatar a eficácia e a flexibilidade do
construtivismo, o qual procura aproveitar o conhecimento prévio da criança, bem como sua vivência
com a sociedade para construir, conforme sua própria denominação, a linguagem e a escrita.
6 REFERÊNCIAS
CAGLIARI, L.C. Fala, escrita e leitura. In: SANFELICE, J.L. (org.) A Universidade e o
ensino de 1º e 2º graus. Campinas/SP: Papirus,1988
CÓCCO, Maria Fernandes e HAILER, Marco Antônio. Didática de Alfabetização: decifrar
o mundo: alfabetização e socioconstrutivismo. São Paulo: FTD, 1998.
CURTO, Lluís Maruny. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como os
professores podem ensiná-las a escrever e a ler. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 2000.
ESTEBAN, Maria Teresa. Outra Qualidade. In Revista Presença Pedagógica. São Paulo, v.2 n.8,
páginas 45 a 53, mar./abr. 1996,
FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986.
_________ Os filhos do analfabetismo: proposta para a alfabetização escolar na América
Latina. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
_________, Emília. Reflexões sobre a Alfabetização, trad.bras. 2º ed. São Paulo: Cortez/Editores
Associados, 1987.
__________, Emília. Educação e o livro didático. In Jornal Folha Dirigida, São Paulo, 21/08/1995.
__________, Emília. O ato de ler evolui. In Revista Nova Escola n.º 143, pág. 13. São Paulo: Editora
Abril, jun./jul. 2001.
FERREIRO, Emília e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Lìngua Escrita. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1986.
FIORE, Ottaviano de. Como tornar o Brasil uma nação letrada? In Revista D.O. Leitura. São
Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, ano 18, nº 1, pág. 27, jan. 2001.
FREIRE, Madalena. A Aventura de Ensinar, Criar e Educar. In FREIRE, Madalena (org.)
Observação, registro, reflexão. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.
FREIRE, Paulo – A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1983.
_______, Paulo. Educação como prática da liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1975. 150
p.
_______. Pedagogia do oprimido. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1975. 218 p.
_______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 7. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra. 1998. 165 p. (Coleção Leitura).
KLEIMAN, Angela B. Os significados do Letramento. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1995.
KRAMER, SÔNIA & ANDRÉ, Marli Eliza D.A. Alfabetização: um estudo sobre professores das
camadas populares. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, 65 (151): 523-37, set/dez.
1984.
LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura. Trad. bras. 3ºed. Petrópolis, R.J: Ed.
Vozes, 1977.
LUFT, Celso. Língua e Liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu estilo.
Porto Alegre: L&PM, 1985.