Projeto de Estabilidade de Talude Rodoviário
Projeto de Estabilidade de Talude Rodoviário
Projeto de Estabilidade de Talude Rodoviário
ESCOLA DE ENGENHARIA
COMISSÃO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Fábio Conterato
Porto Alegre
Julho 2019
FÁBIO CONTERATO
Porto Alegre
Julho 2019
FÁBIO CONTERATO
Este Trabalho de Diplomação foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do
título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora,
pelo/a Professor/a Orientador/a e pela Comissão de Graduação do Curso de Engenharia Civil
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
BANCA EXAMINADORA
Agradeço a minha família, em especial aos meus pais e meus irmãos que sempre me
incentivaram.
Agradeço ao Professor Luiz Antônio Bressani pela orientação deste trabalho e por todo o
conhecimento transmitido.
Agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Sul por tudo que foi fornecido a mim
durante o período da graduação.
Agradeço a todos os amigos e colegas que sempre estiveram comigo durante o curso.
Agradeço à FGS Geotecnia pelo aprendizado adquirido e pela disponibilização de dados para
poder realizar este trabalho.
Os que se encantam com a prática sem a ciência são como
os timoneiros que entram no navio sem timão nem
bússola, nunca tendo certeza do seu destino.
Leonardo da Vinci
RESUMO
Figura 1: Localização da área de estudo sobre imagem de satélite (CPRM – GeoSGB) ........ 15
Figura 2: Geologia da área de estudo (CPRM, 2004) ............................................................ 16
Figura 3: Pedologia da área de estudo (adaptado de INDE, 2018)......................................... 17
Figura 4: Vista geral da área ................................................................................................. 19
Figura 5: Vista geral da lateral de montante da rodovia (esquerda) e vista do aterro (direita) 20
Figura 6: Vista da entrada do bueiro (esquerda) e vista da saída do bueiro (direita) .............. 20
Figura 7: Danificações observadas no bueiro ........................................................................ 20
Figura 8: Aberturas observadas no bueiro............................................................................. 21
Figura 9: Localização dos ensaios sobre a planta baixa topográfica ...................................... 22
Figura 10: Perfil geotécnico de estudo .................................................................................. 23
Figura 11: Envoltória de resistência para o solo do colúvio ensaiado em laboratório ............ 23
Figura 12: Resultado da retroanálise – método de Morgenstern-Price ................................... 25
Figura 13: Representação do piezômetro instalado ............................................................... 26
Figura 14: Posição dos piezômetros em relação ao aterro da rodovia .................................... 27
Figura 15: Tabela para definição do FS mínimo, segundo a NBR 11682/2009...................... 28
Figura 16: Determinação da força necessária para obter o FS pretendido .............................. 29
Figura 17: Forças que atuam em uma microestaca (adaptado de FHWA, 2005). ................... 31
Figura 18: Disposição das microestacas em relação à superfície de ruptura .......................... 32
Figura 19: Variação de H em função de ψ ............................................................................ 32
Figura 20: Resultado da análise em elementos finitos (deslocamentos exagerado) ................ 35
Figura 21: Variação do momento ao longo do perfil das microestacas .................................. 36
Figura 22: Comportamento das estacas para atuação do momento fletor e esforço axial ....... 37
Figura 23: Seção transversal das microestacas ...................................................................... 37
Figura 24: Seção tipo geral da solução ................................................................................. 38
Figura 25: Detalhes e vista superior da solução .................................................................... 39
Figura 26: Determinação da força necessária para obter o FS pretendido .............................. 40
Figura 27: Disposição das microestacas em relação à superfície crítica ................................ 41
Figura 28: Variação de H em função de ψ ............................................................................ 42
Figura 29: Resultado da análise em elementos finitos (deslocamentos exagerado) ................ 45
Figura 30: Distribuição dos momentos fletores ao longo do estaca ....................................... 45
Figura 31: Comportamento das estacas para atuação do momento fletor e esforço axial ....... 46
Figura 32: Seção transversal das microestacas ...................................................................... 47
Figura 33: Seção tipo geral da solução ................................................................................. 48
Figura 34: Detalhes e vista superior da solução .................................................................... 49
Figura 35: Coeficiente C por R. Peltier e J.L. Bonneenfant, adaptado de Jabor (2018) .......... 50
Figura 36: Área de contribuição (imagem do Google Earth) ................................................. 50
Figura 37: Curva IDF calculada da estação 2950063 - Vila Tainhas ..................................... 51
Figura 38: Valores de coeficiente de rugosidade, adaptado de ABTC (2004) ........................ 52
Figura 39: Diâmetros de perfuração para instalação de tubos de PEAD ................................ 52
Figura 40: Detalhe da instalação dos tubos de drenagem ...................................................... 53
Figura 41: Emissões por categorias de materiais ................................................................... 58
Figura 42: Emissões por categorias de materiais ................................................................... 59
LISTA DE TABELAS
1 APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 13
2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 14
2.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................................. 14
3 GEOLOGIA E PEDOLOGIA ....................................................................................... 15
3.1 GEOLOGIA .......................................................................................................... 15
3.1.1 Formação Caxias ............................................................................................ 16
3.1.2 Formação Gramado......................................................................................... 16
3.2 PEDOLOGIA ........................................................................................................ 17
3.2.1 Neossolos Litólicos ......................................................................................... 17
3.2.2 Chernossolos Argilúvicos ............................................................................... 18
3.3 COMPORTAMENTO ESPERADO ...................................................................... 18
4 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO TALUDE.............................................................. 19
5 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA ............................................................................... 21
5.1 OBTENÇÃO DO PERFIL GEOTÉCNICO ........................................................... 22
5.2 OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA EM LABORATÓRIO ... 23
5.3 OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS POR MEIO DA
RETROANÁLISE DA RUPTURA .................................................................................. 24
6 MONITORAMENTO ................................................................................................... 26
7 ANÁLISE DAS SOLUÇÕES ....................................................................................... 27
7.1 ESTABILIZAÇÃO COM MICRO ESTACAS....................................................... 28
7.1.1 Determinação da força necessária para estabilizar o talude .............................. 28
7.1.2 Avaliação do comprimento das microestacas .................................................. 29
7.1.3 Verificação da capacidade de resistência de um grupo de microestacas ........... 30
7.1.4 Modelagem da geometria ................................................................................ 31
7.1.5 Cálculo do espaçamento necessário para se obter o fator de segurança ............ 32
7.1.6 Avaliação do potencial fluxo de solo entre as microestacas ............................. 33
7.1.7 Verificação da capacidade estrutural da microestaca ....................................... 34
7.1.8 Geometria final da solução .............................................................................. 37
7.2 ESTABILIZAÇÃO COM MICRO ESTACA ASSOCIADA A TIRANTE ............. 39
7.2.1 Determinação da força necessária para estabilizar o talude .............................. 39
7.2.2 Avaliação do comprimento das microestacas .................................................. 40
7.2.3 Modelagem da geometria ................................................................................ 41
7.2.4 Verificação da capacidade de resistência da microestaca e espaçamento
necessário ..................................................................................................................... 41
7.2.5 Avaliação do potencial fluxo de solo entre as microestacas ............................. 42
7.2.6 Verificação da capacidade estrutural das microestacas .................................... 44
7.2.7 Determinação do comprimento de ancoragem dos tirantes .............................. 47
7.2.8 Geometria final da solução .............................................................................. 48
7.3 DRENAGEM SUBSUPERFICIAL ........................................................................ 49
7.3.1 Cálculo da vazão de projeto ............................................................................ 49
7.3.2 Dimensionamento do bueiro de drenagem ....................................................... 51
8 QUANTIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES ........................................................................ 53
8.1 SOLUÇÃO DE ESTABILIZAÇÃO UTILIZANDO BINÁRIO DE
MICROESTACAS ........................................................................................................... 54
8.2 SOLUÇÃO DE ESTABILIZAÇÃO UTILIZANDO MICROESTACAS E
TIRANTES ...................................................................................................................... 55
9 QUANTIFICAÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2 ............................................................ 56
9.1 FATORES DE EMISSÃO ..................................................................................... 56
9.2 EMISSÕES DE CO2 .............................................................................................. 56
9.2.1 Solução de estabilização com microestacas ..................................................... 57
9.2.2 Solução de estabilização com microestacas e tirantes ...................................... 58
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 59
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 60
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1 APRESENTAÇÃO
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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2 INTRODUÇÃO
A área de interesse se situa em uma região com relevo de transição entre a depressão central,
que apresenta altitude próxima dos 50 m, e o planalto meridional, que apresenta altitude da
ordem dos 800 m. Por ser uma zona de transição, as inclinações do terreno são bastante
elevadas, sendo comum a movimentação de massas de solo nesses locais, principalmente
associados às movimentações coluviais.
Como as regiões com elevadas inclinações são bastante sensíveis a eventos chuvosos, fluxos de
água e às variações de geometria no terreno, cortes e aterros de rodovias podem apresentar
muitos problemas relacionados à instabilidade de massas de solo. Especificamente no caso
deste estudo, no início do ano de 2017 foram observadas trincas no pavimento e no aterro da
rodovia RS-020 que passa pelo local, as movimentações pararam de ser observadas durante
alguns meses e voltaram a acontecer durante os meses finais do ano de 2017.
A Figura 1, sobre imagem de satélite, mostra a localização da rodovia RS-020 juntamente com
o talude de interesse. A região nas proximidades do local se encontra vegetada com mata
fechada e árvores de médio porte, não são encontrados moradores ou construções nas
proximidades. Uma eventual ruptura ocasionaria como consequência imediata a interdição da
rodovia, que é a principal ligação da cidade de São Francisco de Paula com a região
metropolitana de Porto Alegre.
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3 GEOLOGIA E PEDOLOGIA
3.1 GEOLOGIA
A região em estudo se situa na escarpa sul da denominada Bacia Sedimentar do Paraná que
recobre toda a região centro-oriental da América do Sul, abrangendo uma área de 1.600.000
km² dos países do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai. A estratigrafia da bacia do Paraná
compreende na porção basal uma séria de camadas de arenitos originados de deposições
arenosas de origem eólicas da denominada Formação Botucatu. A porção superior, por sua vez,
compreende várias camadas de derrames basálticos da Formação Serra geral.
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A Figura 2 mostra o contexto geológico no qual a área em estudo se insere. Pode ser observado
uma zona de transição entre a Formação Caxias, superior, e a Formação Gramado, inferior.
A Formação Gramado aflora na região da escarpa sul da Formação Serra Geral, e se caracteriza
por uma série de derrames basálticos com espessura máxima de 300 m e que representam as
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As rochas que compõem esta litofácie são basaltos maciços e básicos distribuídos em camadas
com espessura que variam entre 15 e 35 m, frequentemente apresentando textura de fluxo e
zonas vesiculares bem desenvolvidas no topo e incipientes na base, preenchidas principalmente
por zeólitas, carbonatos e apofilitas. A parte central é formada por rocha granular homogênea
com estrutura colunas bem desenvolvida
3.2 PEDOLOGIA
Neossolos compreendem solos constituídos por material mineral, ou por material orgânico
pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao material originário
devido à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos (Embrapa, 2013).
Os Neossolos podem apresentar características variadas, como alta ou baixa saturação por
bases, acidez e altos teores de alumínio e sódio, podem ainda, possuir alta ou baixa
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A origem dos Neossolos pode ser associada a uma série de ambientes e relevos diferentes. Desse
modo, podem apresentar elevados teores de areia, propiciando erosão ou apresentando
deficiência hídrica. Também podem apresentar maiores teores de argila e retenção de água,
ocorrendo em locais propensos à inundação ou presença constante ou temporária de água.
Existem Neossolos com contato de rocha alterada ou inalterada praticamente na superfície,
dificultando a utilização e vegetação.
Os Chernossolos são solos constituídos por material mineral, rasos a profundos. Em alguns
casos podem ocorrer a presença de gleização ou de horizonte glei que se caracteriza pela
presença de reduções de ferro e saturação por água durante longos períodos.
Chernossolos Argilúvicos são solos com horizonte superficial A chernozênico sobre horizonte
B textural avermelhado ou B nítico, com argila de atividade e saturação por bases alta.
Normalmente não são profundos e sua origem está associada à rochas pouco ácidas em climas
com estação seca acentuada.
detritos. De maneira geral o solo é bastante argiloso, com fragmentos de rochas e são pouco
profundos.
No local onde se situa o talude, o aterro da rodovia foi construído sobre um pequeno platô
existente no terreno. À direita e à esquerda deste platô existem declividades elevadas,
característica da própria da região, que também é bastante vegetada.
A seguir são apresentadas algumas fotografias que caracterizam o talude em estudo. A Figura
4 mostra a vista geral da pista com a posição da trinca observada em campo. A Figura 5 mostra
uma vista geral da lateral do lado de montante da rodovia (esquerda) e uma vista do talude do
aterro do lado jusante (direita).
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Figura 5: Vista geral da lateral de montante da rodovia (esquerda) e vista do aterro (direita)
Sob ao aterro da rodovia foi observado em bueiro de PVC do tipo Rib Loc e diâmetro de 1 m,
o mesmo fazia a transposição das águas de montante para jusante da rodovia. Foi possível
verificar aberturas na parte superior da tubulação, permitindo a queda de material granular do
aterro para dentro do bueiro, conforme a Figura 7. Também foi observado que
aproximadamente na região central do aterro o tubo apresentava grandes deformações e
aberturas entre os anéis constituintes da tubulação, permitindo o escoamento de água para o
interior do aterro, Figura 8.
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5 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
A Figura 9 mostra a posição das sondagens mistas e da amostra indeformada sobre a planta
baixa topográfica.
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Com o auxílio dos cinco ensaios de sondagem mista foi obtido a perfil geotécnico do local.
Conforme é esperado pela caracterização inicial, o perfil apresenta um aterro rodoviário
sobreposto à uma camada de solo coluvionar. Posteriormente é observado uma camada de solo
residual maduro de basalto, uma camada de solo residual jovem de basalto e por fim a rocha
matriz, pouco intemperizadas ou sã. Os valores de Nspt mostram que o solo tem consistência
média, apresentando vários blocos de rocha imersos. O nível de água medido no dia das
sondagens se encontrava a aproximadamente 7 m de profundidade.
A Figura 10 mostra a perfil geotécnico obtido através dos ensaios de sondagem mista.
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Para a obtenção dos parâmetros de resistência do material coluvionar, foram realizados três
ensaios de cisalhamento direto inundado em amostras indeformadas obtidas em campo. As
tensões normais utilizadas nos ensaios foram de 25 kPa, 50 kPa e 100 kPa. Os valores de
intercepto coesivo e de ângulo de atrito foram de aproximadamente 9 kPa e 36°
respectivamente.
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Tomando como base os dados mostrados acima, a principal variável da retroanálise é o nível
de água no momento da ruptura do talude. Tendo em vista que nos dias que antecederam a
ruptura houve altos índices de precipitação pluviométrica, é esperado que o nível de água tenha
ficado muito próximo à superfície. Essa hipótese é reforçada pelo fato de que à montante do
aterro existe em ponto de concentração de água, que é a entrada do tubo que atravessa a rodovia,
o mesmo que se encontra danificado no interior do aterro. Ainda, à jusante do aterro existe um
pequeno patamar onde é observado o acúmulo de água, favorecendo a presença do nível de
água próximo à superfície.
O procedimento descrito foi adotado porque espera-se que o material com as propriedades mais
variáveis e críticas seja o colúvio e a região de transição com o solo residual maduro.
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6 MONITORAMENTO
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Nesta parte do trabalho será abordado o procedimento utilizado para o dimensionamento das
soluções, que deverão ser viáveis economicamente e tecnicamente.
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Neste trabalho será feita a análise de solução com a utilização de microestacas não reticuladas
e o dimensionamento foi realizado conforme as recomendações de FHWA (2005). O processo
de cálculo, bem como as etapas realizadas serão descritas a seguir.
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Com o auxílio do software slide foi possível determinar qual é a força estabilizadora mínima, a
cada metro de talude, que retornará o fator de segurança satisfatório (1,5). Essa análise é
realizada inserindo uma única estaca vertical no solo, na posição escolhida, de forma que o
aumento das forças estabilizantes sejam suficientes para atingir o fator de segurança.
A análise realizada resultou em uma resistência mínima (Hrec) de 633 kN/m, com o
comprimento das microestacas suficiente para ultrapassarem a superfície de ruptura e serem
ancoradas no terreno competente. A Figura 16 mostra a análise realizada.
𝑃𝑢𝑙𝑡 = 𝑞𝑠 𝑥 𝐿𝑎𝑐𝑖𝑚𝑎 𝑥 𝜋 𝑥 𝑑
Onde:
d = diâmetro da microestaca
Para o solo coluvionar, o valor de qs é de 50 kPa, enquanto que para o solo residual maduro é
de 150 kPa. O diâmetro da microestaca foi considerado 25 cm. Como essa análise é realizada
com base no comprimento da microestaca equivalente única, acima da superfície se ruptura são
10,5 m, destes, 5 m são no material coluvionar e 5,5 m são no solo residual maduro. O valor de
Pult encontrado foi de 844 kN.
O comprimento da microestaca abaixo da superfície crítica deverá suportar todo o valor de Pult
calculado acima. Neste trabalho, optou-se por realizar toda a ancoragem do valor de Pult na
superfície rochosa, dessa forma, o comprimento de ancoragem em rocha (Lanc) foi determinado
conforme a expressão a seguir.
𝑃𝑢𝑙𝑡 𝑥 𝐹𝑆
𝐿𝑎𝑛𝑐 =
𝑞𝑠 𝑥 𝜋 𝑥 𝑑
Onde:
O valor de qs utilizando (1000 kPa) é baseado nas recomendações da FHWA. O valor mínimo
de ancoragem em rocha (Lanc) encontrado foi de 1,65 m.
Após a modelagem ter sido realizada considerando o grupo de microestacas como uma única
estaca vertical, a análise deverá ser feita considerando o verdadeiro número de microestacas
inclinadas, analisando cada uma individualmente. Ao final, cada conjunto de estacas deverá
oferecer resistência igual ou superior à resistência da estaca vertical única (Hrec)
O máximo esforço estabilizante que uma microestaca pode dispor ao talude depende de sua
inclinação em relação à normal da superfície de deslizamento crítica (ψ). Quando este ângulo
tem o valor mínimo (0°), a força axial induzida na microestaca têm valor nulo, para inclinações
maiores do que 30° a resistência axial atinge o valor máximo, e para valores intermediários
pode-se interpolar, segundo FWHA (2005). Como a inclinação exata das estacas é difícil de ser
obtida em campo, considera-se de forma conservadora que para valores de ψ até 10°, o mesmo
seja considerado igual a 0.
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Figura 17: Forças que atuam em uma microestaca (adaptado de FHWA, 2005).
O cálculo de cada uma das componentes representadas acima é feito conforme as equações que
seguem:
𝑄 = 𝐻. 𝑐𝑜𝑠𝜓 + 𝑉𝑠𝑒𝑛𝜓
𝑃 = 𝑉. 𝑐𝑜𝑠𝜓 + 𝐻𝑠𝑒𝑛𝜓
𝐻 = 𝑄. 𝑐𝑜𝑠𝜓 + 𝑃𝑠𝑒𝑛𝜓
Onde:
Fazendo-se a soma dos valores de H de cada umas das microestacas, chega-se ao valor final
resistente do conjunto ou Hult.
Para a verificação dos esforços e validação de um modelo de solução, foi adotado um binário
de microestacas, cada qual com um valor de resistência ao cisalhamento igual à metade do valor
de Hrec. Dessa forma, utilizando o software Slide, foi possível manter a mesma superfície crítica
obtida anteriormente, porém, com diferentes disposições do reforço.
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O binário de estacas foi disposto de forma que a componente 1 tivesse inclinação (ψ) de 0° em
relação à normal de superfície crítica, enquanto que a componente 2 ficou com inclinação de
24°, conforme a Figura 18.
Para a estaca com ψ igual a 0°, o valor de H é igual ao valor da resistência ao cisalhamento,
portanto H2=350 kN.
Para a estaca com ψ igual a 24°, foi necessário realizar a interpolação entre os valores de 10°
(considerado 0°) e 30°, dessa forma, o valor de H1=613 kN. Conforme a Figura 19.
Considerando o conjunto composto pelas duas microestacas, o valor de Hult (H1 +H2) = 963 kN.
Se o espaçamento entre as microestacas for muito grande ou se o solo sobre a superfície crítica
for pouco resistente, pode acontecer o chamado fluxo plástico entre as microestacas. Para
avaliar o fluxo plástico, deve-se comparar a resistência do solo contra fluxo plástico com
metade do valor de Hult.
A resistência do solo contra o fluxo plástico Hult solo-est é calculado fazendo a integral ao longo
da profundidade, da força lateral que atua na microestaca por unidade de espessura de solo (q).
A seguir seguem as equações necessárias ao cálculo do valor de q, segundo FHWA (2005).
1
𝑞 = 𝐴×𝑐×[ × [𝐵 − (2 × 𝐸 ) − 1] + 𝐹] − 𝑐 × (𝐷1 × 𝐹 − 2 × 𝐷2 × 𝑁∅ (−0,5) )
(𝑁∅ × 𝑡𝑎𝑛∅)
𝑍
+ (𝛾 × ) × [(𝐴 × 𝐵) − 𝐷2]
𝑁∅
𝜋 ∅
𝑁∅ = 𝑡𝑎𝑛2 [( ) + ( )]
4 2
𝐷1 [𝑁 0,5×𝑡𝑎𝑛∅−𝑁 −1]
𝐴 = 𝐷1 × ( ) ∅ ∅
𝐷2
𝐷1 − 𝐷2 𝜋 ∅
𝐵 = exp[( ) × 𝑁∅ × 𝑡𝑎𝑛∅ × tan ( + )]
𝐷2 8 4
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Onde:
c = coesão do material
Z = profundidade
Compara-se o valor de Hult solo-est com o valor de Hult/2. Se Hult solo-est ≥ Hult/2, não é necessário
alterar o valor de espaçamento entre as microestacas. Caso contrário, deve-se reduzir o
espaçamento até alcançar a condição necessária.
1 12,9 12,9
2 22,2 30,4
3 31,4 57,2
4 40,7 93,3
5 50,0 138,6
6 74,6 200,9
7 86,1 281,3
8 97,6 373,2
9 109,1 476,6
10 120,6 591,4
11 132,1 717,8
A análise realizada até então não considera o efeito do momento fletor atuando sobre as estacas.
Como forma de proteger a estrutura, e poder dimensionar a armadura da estaca, utilizou-se de
uma modelagem em elementos finitos por meio do software Phase2. Este modelo utiliza a
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redução dos parâmetros de resistência dos materiais envolvidos para chegar às solicitações de
cálculo. As propriedades dos materiais foram baseadas em Azambuja et al. (2017) e podem ser
vistas na Tabela 6.
Tabela 6: Propriedades dos materiais adotados na análise numérica
Material Peso Ângulo de Coesão Módulo Coef.
específico atrito (KN/m²) elasticidade Poisson
(KN/m³) (°) (kPa)
Aterro 18 30 10 50000 0,2
Colúvio 16 28 6 15000 0,4
Solo residual maduro 10 30 7,0 40000 0,3
Solo residual jovem 17 30 10 60000 0,3
Rocha 22 35 100 2000000 0,2
O resultado da análise pode ser vista Figura 20. Os maiores de deslocamentos acontecem na
região de transição entre o material coluvionar e o solo residual maduro, possivelmente pelas
características de deformações altas do primeiro.
Também é observado que a região aonde são observadas as maiores tensões cisalhantes é
condizente com a superfície crítica obtida na análise de equilíbrio limite.
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O dimensionamento da armadura das microestacas ao esforço cisalhante foi feito com base no
critério de ruptura de Von Mises:
√3
𝐴𝑠 = 𝑄 𝑥
𝜎𝑒
Onde:
Para o dimensionamento das armaduras para o momento fletor máximo (79 kNm) e do esforço
axial máximo (721 kN) foi utilizado um software que gerou as curvas de resistência para a seção
da estaca considerando a atuação conjunta dos dois esforços, conforme pode ser visto na Figura
22.
Somando-se com as armaduras para o esforço normal e momento fletor tem a armadura para o
esforço cisalhante máximo, calculado acima. Dessa forma, a área de aço na seção da estaca é
de 50,4 cm². Distribuída uniformemente ao longo do perímetro da seção, considerando um
cobrimento de 2,0 cm e estribos de 6,3 mm de diâmetro espaçados a cada 25 cm, conforme
Figura 23.
Tomando como base a seção de cálculo, a estaca 1 tem inclinação para a esquerda, portanto ela
será tracionada pelas solicitações do terreno, enquanto que a estaca 2, com inclinação para a
direita, tenderá a ser comprimida. Como forma de simplificar a execução será adotado somente
um padrão de armaduras, portanto, o dimensionamento das estacas levará em consideração
somente a situação de maior momento fletor com a atuação do esforço axial de tração.
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Figura 22: Comportamento das estacas para atuação do momento fletor e esforço axial
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As microestacas deverão ser ancoradas na rocha, portanto o comprimento das mesmas deverá
ser de 27 m. Por questões executivas, pelo menos 3 m deverão ser em rocha.
A injeção deverá ser feita com argamassa de cimento e areia, com relação água cimento de 0,5
e resistência à compressão simples aos 28 dias de 20 Mpa. A injeção deverá ser feita por meio
de um tubo de injeção com pressão de 3 MPa
A viga de coroamento deverá ter 100 cm de base e 60 cm de altura e ser executada com concreto
de fck 25 MPa aos 28 dias. O dimensionamento estrutural não será realizado neste trabalho.
Para efeito de quantificação será utilizado uma taxa de armadura longitudinal de 0,5%, e
estribos de diâmetro 6,3 mm com espaçamento de 20 cm.
Para dar estabilidade ao talude do aterro está previsto a execução de um enrocamento com
rachão, o mesmo será executado entre o aterro e a viga de coroamento das micro estacas.
A Figura 25 mostra detalhes da execução do aterro com rachão, filtro de brita e viga de
coroamento. Também pode ser visualizada a vista superior da solução, mostrando a disposição
das microestacas. O espaçamento entre microestacas consecutivas é de 75 cm, visando a
facilidade executiva.
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A solução prevê a utilização de uma linha de tirantes associada a uma linha de microestacas
injetadas, dessa forma, optou-se pela utilização de tirantes com diâmetro de 32 mm com carga
de trabalho de 350 kN.
Com o auxílio do software Slide verificou-se qual deveria ser o incremento de força
estabilizadora no terreno para se atingir o fator se segurança desejado de 1,5, considerando a
existência de um tirante mais uma microestaca instalados no terreno.
Como esta análise tem uma nova variável (tirante), optou-se pela definição de um espaçamento
de 1,5 m entre cada conjunto de microestaca mais tirante. Dessa forma, encontrou-se um valor
de força estabilizadora (Hrec) de 530 kN para cada 1,5 m de comprimento do talude. Essa força
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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é o valor que deverá ser transferida ao solo pelas microestacas, por meio da resistência ao
cisalhamento e resistência axial. A Figura 26 mostra a análise realizada.
Como as forças axiais desenvolvidas na microestaca acima da superfície crítica devem ser
ancoradas na região competente abaixo da mesma, é possível definir a força axial máxima que
poderá atuar na microestaca (Pult), que é dada pela expressão a seguir:
𝑃𝑢𝑙𝑡 = 𝑞𝑠 𝑥 𝐿𝑎𝑐𝑖𝑚𝑎 𝑥 𝜋 𝑥 𝑑
Onde:
d = diâmetro da microestaca
O valor de qs do solo coluvionar foi considerado 50 kPa, enquanto que para o solo residual
maduro foi de 150 kPa. O diâmetro da microestaca utilizada foi de 25 cm. Como essa análise é
realizada com base no comprimento da microestaca equivalente única, o comprimento acima
da superfície se ruptura é de 10,5 m, destes, 5 m são no material coluvionar e 6,5 m são no solo
residual maduro. O valor de Pult encontrado foi de 962 kN.
O comprimento da microestaca abaixo da superfície crítica deverá suportar todo o valor de Pult
calculado acima. Optou-se por realizar toda a ancoragem do valor de Pult na superfície rochosa,
dessa forma, o comprimento de ancoragem em rocha (Lanc) foi determinado conforme a
expressão a seguir:
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𝑃𝑢𝑙𝑡 𝑥 𝐹𝑆
𝐿𝑎𝑛𝑐 =
𝑞𝑠 𝑥 𝜋 𝑥 𝑑
Onde:
O valor de qs utilizando (1000 kPa) é baseado nas recomendações da FHWA. O valor mínimo
de ancoragem em rocha (Lanc) encontrado é de 1,85 m.
Para a verificação dos esforços e validação de um modelo de solução, foi adotado um binário
composto por uma microestaca mais um tirante. Utilizando o software slide foi possível
verificar a posição mais favorável da microestaca em relação à superfície de ruptura.
Para valores de ψ entre 0 e 10° considera-se conservadoramente o valor nulo para valores
maiores do que 30° considera-se que o valor mobilizado de P = Pult. Portanto, para o valor de
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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24° foi necessário realizar uma interpolação, conforme Figura 28, obtendo-se o valor de
Hult=560 kN.
Para avaliar o fluxo plástico, deve-se comparar a resistência do solo contra fluxo plástico com
metade do valor de Hult.
A resistência do solo contra o fluxo plástico Hult solo-est é calculado fazendo a integral ao longo
da profundidade da força lateral que atua na microestaca por unidade de espessura de solo (q).
A seguir seguem as equações necessárias ao cálculo do valor de q, segundo FHWA (2005).
1
𝑞 = 𝐴×𝑐×[ × [𝐵 − (2 × 𝐸 ) − 1] + 𝐹] − 𝑐 × (𝐷1 × 𝐹 − 2 × 𝐷2 × 𝑁∅ (−0,5) )
(𝑁∅ × 𝑡𝑎𝑛∅)
𝑍
+ (𝛾 × ) × [(𝐴 × 𝐵) − 𝐷2]
𝑁∅
𝜋 ∅
𝑁∅ = 𝑡𝑎𝑛2 [( ) + ( )]
4 2
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𝐷1 [𝑁 0,5×𝑡𝑎𝑛∅−𝑁 −1]
𝐴 = 𝐷1 × ( ) ∅ ∅
𝐷2
𝐷1 − 𝐷2 𝜋 ∅
𝐵 = exp[( ) × 𝑁∅ × 𝑡𝑎𝑛∅ × tan ( + )]
𝐷2 8 4
Onde:
c = coesão do material
Z = profundidade
Compara-se o valor de Hult solo-est com o valor de Hult/2. Se Hult solo-est ≥ Hult/2, não é necessário
alterar o valor de espaçamento entre as microestacas. Caso contrário, deve-se reduzir o
espaçamento até alcançar a condição necessária.
1 12,9 12,9
2 22,2 30,4
3 31,4 57,2
4 40,7 93,3
5 50,0 138,6
6 74,6 200,9
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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7 86,1 281,3
8 97,6 373,2
9 109,1 476,6
10 120,6 591,4
11 132,1 717,8
12 143,6 855,7
Para poder dimensionar a armadura das estacas considerando a interação do momento fletor,
foi utilizada uma modelagem em elementos finitos utilizando o software Phase2. As
propriedades dos materiais foram baseadas em Azambuja et al. (2017) e podem ser vistas na
Tabela 8.
Tabela 8: Propriedades dos materiais adotados na análise numérica
Material Peso Ângulo de Coesão Módulo Coef.
específico atrito (KN/m²) elasticidade Poisson
(KN/m³) (°) (kPa)
Aterro 18 30 10 50000 0,2
Colúvio 16 28 6 15000 0,4
Solo residual maduro 10 30 7,0 40000 0,3
Solo residual jovem 17 30 10 60000 0,3
Rocha 22 35 100 2000000 0,2
O resultado da análise pode ser visto na Figura 29. Assim como a análise para a solução anterior,
os maiores deslocamentos da estaca acontecem na região de transição entre o solo coluvionar e
ao solo residual maduro. A região aonde ocorrem as maiores tensões cisalhantes são
condizentes com a superfície de ruptura crítica obtida na análise de equilíbrio limite.
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O dimensionamento da armadura das microestacas ao esforço cisalhante foi feito com base no
critério de ruptura de Von Mises:
√3
𝐴𝑠 = 𝑄 𝑥
𝜎𝑒
Onde:
Para o dimensionamento das armaduras para o momento fletor máximo (60 kNm) e do esforço
axial máximo de compressão (815 kN) foi utilizado um software que gerou as curvas de
resistência para a seção da estaca. A Figura 31 mostra o resultado dos cálculos realizados.
Como a estaca tem inclinação para a direita na seção de estudo, a tendência é que ocorra a
compressão das mesmas. Entretanto, como forma de ser conservador nos cálculos, a força de
compressão na estaca será desconsiderada nos cálculos da armadura.
Figura 31: Comportamento das estacas para atuação do momento fletor e esforço axial
Juntamente com as armaduras necessárias ao momento fletor, soma-se a armadura necessárias
ao esforço cisalhante máximo. Dessa forma, a área de aço total na seção é de na seção 50,4 cm²,
distribuída uniformemente ao longo do perímetro da seção, considerando m cobrimento de
2,0 cm e estribos de 6,3 mm de diâmetro espaçados a cada 25 cm, conforme a Figura 32.
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Os tirantes utilizados na solução deverão ter carga de trabalho de 350 kN, diâmetro de 32 mm
e perfuração de 120 mm. Optou-se pela ancoragem total das cargas na região de rocha sã do
perfil. O cálculo do comprimento de ancoragem necessário foi realizado pela seguinte
expressão.
𝑇 𝑥 𝐹𝑆
𝐿𝑎𝑛𝑐 =
𝑞𝑠 𝑥 𝜋 𝑥 𝑑
Onde:
O valor de qs foi adotado conservadoramente como 1000 kPa, embora vários estudos como
Azevedo et al. (2018) mostram que os valores de qs para rocha basáltica da Formação Serra
Geral possam chegar próximos à 5000 KPa.
O valor mínimo de ancoragem em rocha (Lanc) é de 1,4 m. Será adotado o comprimento mínimo
de ancoragem em rocha de 2,0 m.
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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A injeção das estacas deverá ser feita com argamassa de cimento e areia, com relação água
cimento de 0,5, resistência à compressão simples aos 28 dias de 20 Mpa, e ser realizada por
meio de tubo de injeção com pressão de 3 Mpa. A injeção dos tirantes deverá ser feita com nata
de cimento de relação água cimento de 0,5, a ser realizada por meio de tubo de injeção com
pressão de 5 Mpa.
Para dar estabilidade ao talude do aterro está previsto a execução de um enrocamento com
rachão, o mesmo será executado entre o aterro e a viga de coroamento.
A viga de coroamento deverá ter 100 cm de base e 60 cm de altura e ser executada com concreto
de fck>25 MPa aos 28 dias. O dimensionamento estrutural não será realizado neste trabalho.
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Para efeito de quantificação será utilizado uma taxa de armadura longitudinal de 0,5%, e
estribos de diâmetro 6,3 mm com espaçamento de 20 cm.
A posição das estacas e dos tirantes deverá ser alternada e com espaçamento de 75 cm. Este
espaçamento foi adotada para facilitar a execução da solução.
Conforme foi mostrado no item 4, a tubulação de drenagem existente sob o aterro se encontra
danificado e com deformações expressivas, apresentando fuga de água para dentro do aterro.
O cálculo do volume de água escoada foi realizado pelo Método Racional, segundo a expressão:
𝑄 = 0,0028 × 𝐶 × 𝑖 × 𝐴
Onde:
C = coeficiente de deflúvio
Figura 35: Coeficiente C por R. Peltier e J.L. Bonneenfant, adaptado de Jabor (2018)
A área de contribuição foi calculada com base na topografia extraída do Google Earth e resultou
em 0,17 km² ou 17 hectares. Conforme pode ser vista na Figura 36.
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2950063 - Vila Tainhas, localizada no município de São Francisco de Paula. Foram utilizados
os coeficientes de desagregação de DAEE/CETESB (1980). Conforme recomendação do
Manual de Drenagem do DNIT (2006), foi utilizado o tempo de retorno de 10 anos, e tempo de
concentração de 5 minutos, resultando na precipitação 145,3 mm/h. A Figura 37 mostra a curva
IDF calculada e adotada neste projeto.
O novo sistema de drenagem consiste em duas tubulações de PEAD com diâmetros menores.
A implantação será feita pelo método não destrutivo do aterro, com perfuração direcional e que
não necessita de interdição no fluxo da via.
O dimensionamento da vazão dos bueiros foi feito com base na equação de Manning,
considerando o tubo um canal aberto e funcionando como conduto não forçado:
1 2 1
𝑄= 𝐴𝑚. 𝑅ℎ3 . 𝑆 2
𝑛
Onde:
Q = vazão (m³/s)
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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S = declividade (m/m)
Utilizando o coeficiente de rugosidade Manning igual a 0,009, chega-se que a vazão escoada
por um tubo de 630 mm de diâmetro é de 2,52 m³/s. Usando duas tubulações paralelas a vazão
escoada é de aproximadamente 5,0 m³/s, satisfazendo a vazão de projeto que é de 4,5 m³/s.
O diâmetro da perfuração para tubos de PEAD com diâmetro de 630 mm, deve ser de 930 mm,
segundo Dezotti (2018), Figura 39.
Está prevista a construção de uma canaleta de drenagem para a coleta da água proveniente dos
tubos de drenagem, porém, as mesmas não serão objeto de estudo deste trabalho.
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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2.2.5 Preço de mercado Tubo pvc rígido D=32mm m 2.268,00 4,50 10.206,00
2.2.5 Preço de mercado Tubo pvc rígido D=32mm m 1.092,00 4,50 4.914,00
2.3.2 M2031 Porca de ancoragem para tirante UN. 42,00 102,60 4.309,20
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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Neste item será apresentado o estudo das soluções com base na Análise do Ciclo de Vida
Energético (ACVE), que tem como objetivo mensurar de forma quantitativa o impacto que a
implantação das soluções causaria sobre o meio ambiente.
A ACVE é baseado na análise de todas as entradas de energia que acontecem em uma obra ou
em um projeto. São considerados entradas de energia em uma obra, por exemplo, o consumo
de combustível para fazer o transporte de materiais até o local, a energia elétrica ou térmica
usada para a fabricação do cimento e do aço e entre outras formas.
A análise do ciclo de vida de um determinado material, desde a captação das matérias primas
para sua produção até o uso final é bastante complexo e os dados nem sempre estão disponíveis.
Dessa forma, a quantificação das emissões de CO 2 podem ser feitas por meio dos Fatores de
Emissão (FE).
Os FE são entendidos como a quantidade de CO2 gerado por uma unidade de produto produzido
ou usado, por exemplo, toneladas de CO2/m³ de concreto ou toneladas de CO2/litro de diesel
queimado.
Os valores de FE podem ser obtidos por maio da análise detalhada do ciclo produtivo dos
produtos ou por meio de dados de produção das indústrias, que incluem a quantidade total
produzida e os gastos totais com energia elétrica, transporte e outras formas de gastos
energético. Ainda, podem ser consideradas as emissões que ocorrem devido a reações químicas
durante a produção e processamento dos materiais.
As emissões totais de CO2 foram feitas com base no quantitativo de materiais para cada uma
das soluções propostas. Neste trabalho serão considerados somente os materiais utilizados na
execução das soluções, não sendo consideradas emissões provenientes do consumo de
combustível para a movimentação de terra. O transporte dos materiais até o local da obra será
considerado apenas para o rachão.
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Total 210,66
O material que mais emite CO2 é o aço, representando 68% das emissões totais, sendo seguindo
por materiais que utilizam cimento, cerca de 26%, enquanto que o restante dos insumos e
serviços correspondem a 6,1%. A Figura 41 mostra graficamente as distribuição de emissões
de CO2.
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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Segundo estudo realizado pelo Instituto Totum, ESALQ-USP e a Fundação SOS Mata Atlântica
estima-se que cada árvore da mata atlântica absorve 163 kg CO2 ao longo de seus primeiros 20
anos (Instituto Totum, 2019), dessa forma, pode-se compensar as emissões de CO2 por meio do
plantio de 1295 árvores nativas da mata atlântica.
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59
Total 146,29
4 - Braskem (2012)
Nesta solução, o material que mais emite CO2 é o aço, representando 63% das emissões totais,
sendo seguindo por materiais que utilizam cimento, cerca de 28%, enquanto que o restante dos
insumos e serviços correspondem a 8,8%. A Figura 42 mostra graficamente as distribuição de
emissões de CO2.
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Projeto de estabilidade de talude rodoviário
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11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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reticuladas de estacas injetadas – caso de projeto de construção. XII COBRAE, Santa Catarina,
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Concreto e Construção, v. XXXVI, IBRACON, p.32-36, 2008.
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redução dos custos sociais gerados pela instalação, manutenção e substituição de infraestruturas
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Fábio Conterato. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2019
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urbanas subterrâneas. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, São Paulo,
2008.
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INSTITUTO TOTUM, Cada árvore da Mata Atlântica chega a retirar 163 kg de CO2 da
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verificacao-de-inventarios-de-gases-de-efeito-estufa/135-cada-arvore-da-mata-atlantica-
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PERAZZOLO, L., Estudo geotécnico de dois taludes da formação Serra Geral, RS. Dissertação
de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
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Rio Grande do Norte, Rio Grande do Norte, 2016.
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SCHNEIDER, P.; GIASSON, E.; PINTO, L.F.S. Solos do Rio Grande do Sul, 2ª edição, Porto
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