Túneis Revestidos Por Concreto Projetado: Análise Da Interação Maciço-Revestimento
Túneis Revestidos Por Concreto Projetado: Análise Da Interação Maciço-Revestimento
Túneis Revestidos Por Concreto Projetado: Análise Da Interação Maciço-Revestimento
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Porto Alegre
julho 2011
LUIZ GIVAGO FRANCO DUTRA
Porto Alegre
julho 2011
LUIZ GIVAGO FRANCO DUTRA
Este Trabalho de Diplomao foi julgado adequado como pr-requisito para a obteno do
ttulo de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pela Professora Orientadora e
pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Diplomao Engenharia Civil II (ENG01040) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
BANCA EXAMINADORA
Agradeo Profa. Denise Bernaud Maghous, orientadora deste trabalho, pela ateno
dispensada sempre quando solicitada e pela ajuda para tornar este um bom trabalho.
Agradeo Profa. Carin Maria Schmitt pelo empenho nas disciplinas do Trabalho de
Concluso, as quais foram essenciais para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeo Universidade Federal do Rio Grande do Sul por importante parcela da minha
formao pessoal e profissional, que se deu atravs de diversas experincias e do convvio
com mestres e colegas.
Agradeo aos amigos da poca do CMPA, os quais sempre esto presentes, nem sempre
fisicamente, mas sempre lembrados.
Eu no tenho uma resposta simples,
mas sei que posso responder
algo melhor.
Brandon Flowers
RESUMO
Dentre os mtodos de anlise estrutural de tneis, aqueles que consideram o efeito acoplado
da interao entre macio e suporte so os mais adequados para uma melhor anlise desse
problema. Esse trabalho avaliou a influncia dos seguintes parmetros nos deslocamentos
radiais de um tnel revestido por concreto projetado: distncia da colocao de revestimento
face de escavao, velocidade de escavao e propriedades mecnicas dos materiais.
Atualmente o concreto projetado tido como um dos principais suportes de tneis e sua
caracterstica principal a dependncia que suas propriedades mecnicas tm do tempo. Aqui
o concreto projetado foi modelado, num primeiro momento, como material viscoplstico e,
num segundo, como material elstico. O meio no qual est inserido o tnel foi considerado
um meio viscoplstico modelado pelo critrio de resistncia de Drucker-Prager. A avaliao
foi feita por intermdio do programa GEOMEC91 desenvolvida por Bernaud (1991), o qual
baseado no mtodo dos elementos finitos e usa o procedimento chamado ativao-
desativao de elementos. Como resultado dos clculos realizados, so apresentadas as
curvas de avaliao dos deslocamentos radiais da estrutura, tambm chamadas de curvas de
convergncia, para os valores 300 MPa, 3.000 MPa e 30.000 MPa do mdulo de elasticidade
do concreto projetado, para as velocidades 1 m/dia, 5 m/dia, 10 m/dia e 20 m/dia e para as
distncias no-revestidas de 2/3 e 4/3 do raio. Aqui o tnel estudado profundo e cumpre as
condies de axissimetria. Foi observado que para baixas velocidades de escavao h
maiores deslocamentos radiais, assim como maiores distncias no revestidas entre a face de
escavao e o revestimento. Alm disso, verificou-se que quanto menor a rigidez, maiores so
os efeitos a longo prazo e que, para determinadas situaes, importante escolher de forma
adequada o modelo para o concreto projetado, pois h diferenas ao model-lo em
viscoplasticidade e, aps, em elasticidade.
= taxa de desconfinamento
H = profundidade (m)
R = raio (m)
U = convergncia
t = tempo (s)
= deformao total
e = deformao elstica
vp = deformao viscoplstica
= tenso (MPa)
= coeficiente de Poisson
C = coeso (MPa)
1 INTRODUO ............................................................................................................ 13
2 DIRETRIZES DE PESQUISA .................................................................................... 15
2.1 QUESTO DE PESQUISA ........................................................................................ 15
2.2 OBJETIVOS DO TRABALHO .................................................................................. 15
2.2.1 Objetivo Principal .................................................................................................. 15
2.2.2 Objetivos Secundrios ............................................................................................ 15
2.3 HIPTESES ................................................................................................................ 16
2.4 PRESSUPOSTOS ....................................................................................................... 16
2.5 PREMISSA ................................................................................................................. 16
2.6 DELIMITAO ......................................................................................................... 17
2.7 LIMITAES ............................................................................................................. 17
2.8 DELINEAMENTO ...................................................................................................... 17
3 O PROBLEMA DE INTERAO MACIO-REVESTIMENTO.......................... 20
3.1 CLASSIFICAO DOS MTODOS DE CLCULO .............................................. 20
3.1.1 Mtodos Empricos ................................................................................................. 20
3.1.2 Mtodos Semi-Empricos ....................................................................................... 21
3.1.3 Mtodos das Reaes Hiperestticas .................................................................... 21
3.1.4 Mtodos da Interao Macio-Revestimento........................................................ 22
3.2 SIMPLIFICAES NO USO DO MTODO DE INTERAO MACIO-
REVESTIMENTO ........................................................................................................ 22
3.3 O MTODO CONVERGNCIA-CONFINAMENTO .............................................. 25
3.4 LEI DE COMPORTAMENTO DO MACIO............................................................ 32
3.5 CONCRETO PROJETADO COMO REVESTIMENTO DE TNEIS...................... 35
3.5.1 Resistncia Mecnica .............................................................................................. 37
3.5.2 Mdulo de Elasticidade .......................................................................................... 39
4 ANLISE PARAMTRICA ....................................................................................... 41
4.1 DESCRIO DO PROCEDIMENTO DE CLCULO ............................................. 44
4.2 INFLUNCIA DA RIGIDEZ DO REVESTIMENTO ............................................... 47
4.3 INFLUNCIA DA VELOCIDADE DE ESCAVAO E DA DISTNCIA DE
COLOCAO DO REVESTIMENTO FACE ........................................................ 48
4.4 INFLUNCIA DA VISCOSIDADE ........................................................................... 52
4.5 CONCRETO PROJETADO MODELADO EM ELASTICIDADE............................ 53
5 CONCLUSES.............................................................................................................. 55
REFERNCIAS .............................................................................................................. 57
13
1 INTRODUO
O espao subterrneo utilizado pela humanidade desde o tempo em que as moradias dos
seres humanos eram as cavernas. As civilizaes que surgiram aps essa Era se utilizavam do
subsolo para enterrar seus mortos e para explorar riquezas l encontradas. Na Idade Moderna
e Contempornea, a necessidade de uma melhor infraestrutura, para dar vazo transferncia
de riquezas entre as naes, exigiu solues de Engenharia mais complexas e eficientes.
Nesse sentido, a construo de tneis foi impulsionada, pois ferrovias e rodovias foram
projetadas, e seus traados passavam por morros ou montanhas que se encontravam entre a
origem e o destino de recursos.
No sculo XX, a partir da dcada de 60, d-se uma maior importncia s questes relativas ao
meio ambiente e melhoria da qualidade de vida, buscando o menor impacto ambiental
possvel nos projetos de Engenharia. Nesse sentido, o espao subterrneo surge como
alternativa para a implantao de infraestrutura. Isso faz com que os meios urbanos, por
exemplo, se transformem em locais mais confortveis e agradveis para viver, uma vez que a
superfcie fica disponvel para o uso mais nobre: moradia, locais de trabalho e lazer.
No meio urbano, a tendncia mundial a expanso dos sistemas de metrs e ferrovias, como
em centros urbanos norte-americanos, europeus e asiticos. Essa tendncia no
acompanhada em mesmo ritmo pelos pases em desenvolvimento, como o Brasil. Esses
sistemas de transporte acarretam, na maioria das vezes, a construo de vias subterrneas.
Devido ao crescimento econmico brasileiro da ltima dcada e sua tendncia de
continuidade, as solues usuais de Engenharia de Trfego, para o meio urbano, se tornam
insuficientes para atender o aumento de fluxo ocasionado pelo aumento do poder aquisitivo da
populao.
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Dado o exposto, esse trabalho teve como objetivo fazer uma anlise de um tnel revestido por
concreto projetado, material que apresenta variao de resistncia conforme o tempo, em
macio que tambm possui caractersticas viscoplsticas. Para isso, foi utilizada anlise
numrica.
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2 DIRETRIZES DE PESQUISA
Dada a variao ao longo do tempo das caractersticas mecnicas do concreto projetado e sua
aplicao como revestimento, esse trabalho responder a seguinte questo: de que forma os
parmetros do problema de interao macio-revestimento influenciam nos deslocamentos
radiais das sees de um tnel viscoplstico?
Esse trabalho tem como objetivo principal a anlise da forma como os parmetros do
problema de interao macio-revestimento influenciam os deslocamentos radiais de um tnel
revestido por concreto projetado.
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2.3 HIPTESES
2.4 PRESSUPOSTOS
2.5 PREMISSA
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2.6 DELIMITAO
2.7 LIMITAES
2.9 DELINEAMENTO
O trabalho foi realizado atravs das etapas apresentadas a seguir que esto representadas na
figura 1 e detalhadas nos prximos pargrafos:
a) pesquisa bibliogrfica;
g) concluso do trabalho.
A definio das leis de comportamento dos materiais teve por objetivo indicar de forma
adequada o comportamento dos materiais estudados, atravs de formulaes existentes na
literatura. Para o macio, consistiu na descrio do modelo viscoplstico e, para o concreto
projetado, na definio das formulaes adequadas relativas resistncia compresso e ao
mdulo de elasticidade. A definio dos parmetros a serem avaliados ocorreu de forma
simultnea etapa anterior e teve por fim estabelecer os valores das variveis a serem
avaliadas posteriormente. Alm disso, deu-se a descrio desses parmetros, tais como
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a) empricos;
b) semi-empricos;
d) de interao macio-revestimento.
escavao do tnel. Portanto, no existem clculos a serem realizados, mas sim uma
abordagem essencialmente emprica, baseada em diversas experincias, que no consideram a
interao macio-revestimento, nem problemas de deformaes por consequncia. Seu uso
aconselhvel em fase de estudo do projeto e limitado a categorias particulares de terrenos. Os
mtodos mais recentes so o RMR (Rock Mass Rating), desenvolvido por Bieniawski e o
mtodo do coeficiente Q, desenvolvido por Barton. O Novo Mtodo Austraco de Tneis
(NATM) tambm prope dimensionamento emprico da estrutura (ASSOCIATION
FRANAISE DES TUNNELS ET DE LESPACE SOUTERRAIN, 2001, p. 76).
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a) elementos finitos;
b) diferenas finitas;
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1 Referncia conforme dados informados na obra lida: FENNER, R. Untersuchungen zur Erkenntis des
Gebirgsdruckers, Glkauf, 74, 1938.
2 Referncia conforme dados informados na obra lida: PACHER, F. Deformations messungen in
Versuchsstollen als Mittel zur Erfoschung des Gebirgs verhaltens und zur Bemessung des Ausbaues,
Felsmechanik und Ingenieursgeologie, Supplementum IV, 1964.
3 Referncia conforme dados informados na obra lida: LOMBARDI, G. Dimensionning of tunnel linings with
regard to constructional procedure. Tunnels and Tunneling, July 1973.
4 PANET, M.; GUELLEC, P. Contribuition ltude du soutnement derrire le front de taille. In: 3rd
CONGRESS OF THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR ROCK MECHANICS, 1974, Denver.
Proceedings v. 2, part B.
5 Referncia conforme dados informados na obra lida: PANET, M. Le calcul des tunnels par la mthode
convergence-confinement. Presses de lENPC, Paris, 1995.
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(frmula 1)
Onde:
U = convergncia;
R = raio, em metros.
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Pi = (1-).P (frmula 2)
Onde:
P = .H (frmula 3)
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Onde:
H = profundidade.
medida que a taxa de desconfinamento aumenta ocorre alvio de tenses no macio que
gera um deslocamento radial das paredes (u), ou seja, ocorre a convergncia do macio.
Abaixo apresentada uma ilustrao do avano da escavao.
6
PANET, M.; GUENOT, A. Analysis of convergence behind the face of a tunnel. In: TUNNELLING82 IMM.,
1982, Brighton. Proceeding London: [s. n.], 1982.
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LESPACE SOUTERRAIN, 2002, p. 87). Esse efeito pode ser avaliado pelo mtodo de forma
grfica conforme ilustrado pela figura 5.
Para revestimentos rgidos a curva apresenta maior inclinao e a interseco com a curva de
convergncia do macio d-se num ponto de maior presso de equilbrio e menor
deslocamento radial. Para revestimentos flexveis a curva apresenta inclinao menor e a
interseco com a curva de convergncia do macio d-se num ponto de menor presso de
equilbrio e maior deslocamento radial. Outra anlise que pode ser feita a comparao entre
revestimentos elstico-lineares e revestimentos no lineares, o que ilustrado pela figura 6.
As figuras 6 e 7 ilustram, respectivamente, o efeito da flexibilidade do revestimento no
equilbrio e a diferena entre um suporte linear e um suporte no-linear.
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Estudo realizado por Einsenstein e Branco7 (1991 apud GOMES, 2006, p. 55) mostrou que o
mtodo convergncia-confinamento pode apresentar resultados discrepantes realidade
quando aplicado a tneis rasos, mas resultados satisfatrios quando aplicado a tneis
profundos, j que esses esto de acordo com as condies de axissimetria. Ainda assim, Wong
e Kaiser8 (1991 apud GOMES, 2006, p. 55) e Bernaud et al. (1994, p. 6-7) mostraram que o
mtodo no determina corretamente o parmetro u0, subestimando, dessa forma, o valor da
presso de equilbrio o que no vai ao encontro da segurana. De acordo com Bernaud et al.
(1994, p. 7) e Bernaud e Rousset (1996, p. 679), em elasticidade os erros sobre a presso de
equilbrio (Ps) ficam em torno de 20%, enquanto em plasticidade podem atingir 50%. Essa m
avaliao da convergncia inicial d-se porque o mtodo no considera a influncia da rigidez
Ks do revestimento na sua determinao. A figura 8, abaixo, ilustra esse problema.
Graziani et al. (2005, p. 346) afirmam que um acordo precisa ser encontrado entre os mtodos
simplificados de projeto e os mtodos numricos detalhados a fim de obter-se uma ferramenta
efetivamente adequada para a prtica de tneis. O mtodo convergncia-confinamento,
baseado no pressuposto simplificado de tnel circular em um campo de tenses hidrosttico,
representa uma resposta clssica a esse requerimento. O fato dos carregamentos serem
subestimados implicou o aprimoramento desse mtodo, gerando o chamado Novo Mtodo
Implcito (NIM) por Bernaud e Rousset9 (1992).
Dadas as suas propriedades mecnicas, o macio pode ser modelado atravs de trs modelos
bsicos:
a) elsticos;
b) plsticos;
c) viscosos.
De acordo com Campos Filho (2003, p. 2), o modelo elstico o modelo um reolgico bsico,
o qual apresenta a propriedade da elasticidade. Um material trabalhando em regime elstico,
quando submetido a um carregamento, tem deformaes imediatas e reversveis. As
deformaes imediatas iniciam ao mesmo tempo em que suas tenses correspondentes
aparecem e permanecem constantes ao longo do tempo, caso as tenses assim tambm
permaneam. As deformaes reversveis so aqueles que com a retirada do carregamento no
mais existiro. O material estudado pode ser elstico linear ou elstico no-linear, conforme
mostrado na figura 9. Na primeira situao, ele seguir a Lei de Hooke.
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Segundo Campos Filho (2003, p. 2) [...] o segundo modelo reolgico bsico o plstico.,
modelo o qual apresenta o "[...] aparecimento de deformaes imediatas no reversveis, ou
seja, deformaes imediatas, que no desaparecem na descarga..
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(frmula 4)
Onde:
= deformao total;
e = deformao elstica;
vp = deformao viscoplstica.
(frmula 5)
Onde:
F0 = critrio de referncia;
= viscosidade do material;
Graziani et al. (2005, p. 345) afirmam que o concreto projetado considerado como material
fundamental para o suporte de tneis escavados pelos mtodos convencionais em macios
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frgeis. A camada de concreto projetado geralmente aplicada prxima da face do tnel a fim
de reduzir o deslocamento das redondezas e limitar deformaes a curto prazo. Graas ao
aumento da resistncia conforme o tempo e s propriedades de deformao do concreto
projetado jovem, as condies das tenses no revestimento podem satisfazer os requisitos de
segurana mesmo em massas de rocha de m qualidade, nas quais grandes deformaes tm
maior probabilidade de ocorrer antes que o macio atinja seu equilbrio.
A Association Franaise des Tunnels et de lEspace Souterrain (2001, p. 69) classifica o uso
do concreto projetado em trs categorias, ou seja, como:
a) pele protetora;
b) pele resistente;
c) anel estrutural.
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b) a deformabilidade.
Esses dois parmetros citados acima so, portanto, os parmetros chave para definio da lei
de comportamento do concreto projetado. Dado a mudana das caractersticas desse material
ao longo do tempo, esses parmetros devem levar em conta essa propriedade. Gomes (2006,
p. 2) afirma que as rotinas de clculo, que so utilizadas geralmente no dimensionamento do
suporte de tneis, no consideram a existncia do fator tempo, nem os efeitos tridimensionais
do carregamento na regio da face de escavao. Deve-se levar em conta que para os mtodos
de clculo de deslocamentos, necessrio a introduo de um valor de mdulo para
caracterizar o comportamento do concreto projetado. Segundo a Association Franaise des
Tunnels et de lEspace Souterrain (2001, p. 73) a dificuldade, nesse caso, de utilizar um
mtodo de clculo que permita considerar, de maneira relativamente simples, a evoluo
simultnea das caractersticas do concreto e do carregamento imposto pelo terreno ao longo
do trabalho de escavao.
a um dia. Quando a sua resistncia atingida, ele tem ainda uma significativa resistncia
residual e a sua ruptura completa dar-se- a uma grande deformao. Em outras palavras,
quando ainda jovem, tem alta capacidade de absorver as deformaes do macio escavado. Na
idade de ruptura, ele se torna frgil e menos deformvel (GOMES, 2006, p. 17 e 22).
(frmula 6)
Onde:
t = tempo em horas.
(frmula 7)
(frmula 8)
10
STERREICHISCHER BETONVEREIN. Richtlinien fur Spritzbeton.. [S. l.], 1989. Teil I
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(frmula 9)
(frmula 10)
Onde:
t = tempo em horas.
Uma alta rigidez do revestimento resulta geralmente numa alta absoro de carga do
macio suportada por este, em contraste com valores no to altos de resistncia
compresso so necessrio para tal funo. [] a utilizao de aceleradores de
resistncia que promovem alm de uma alta resistncia a pequena idades, tambm
resultam numa alta rigidez, neste mesmo perodo de tempo.
11
Usualmente as frmulas propostas pelo Comit Euro-International du Bton (1990 apud
MESCHKE et al., 1996, p. 3159) so utilizadas para modelar o comportamento em funo do
tempo relativo ao mdulo de elasticidade do concreto projetado.
11
COMIT EURO-INTERNACIONAL DU BTON. Model Code. Lausanne, 1990. Bulletin dlnformation.
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(frmula 11)
(frmula 12)
Onde:
aE = 0,85;
bE = 100,8;
t = tempo em horas.
(frmula 13)
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4 ANLISE PARAMTRICA
Em trabalho realizado por Bernaud (2010, p. 6-7, 12-13) foi avaliado o comportamento da
escavao de um tnel cujo macio viscoplstico com as seguintes caractersticas:
a) E = 500 MPa;
b) = 0,4;
c) C = 1MPa;
d) = 1x107 MPa.s;
e) P = 4 MPa.
a) = 0,3;
b) fcu(1) = 6 MPa;
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c) fcu(28) = 20 MPa;
d) = 1x107 MPa.s.
Ao mdulo de elasticidade aos 28 dias do concreto projetado foram dados trs valores:
a) 300 MPa;
b) 3.000 MPa;
c) 30.000 MPa.
Foi estudada uma nica distncia entre a colocao de revestimento e a face que foi de 2/3 do
raio e o passo de escavao de 1/3 do raio, o qual tinha valor de 1m. Esse estudo concluiu que
para esses parmetros:
a) E = 500 MPa;
b) = 0,4;
c) C = 1 MPa;
d) = 1x107 MPa.s;
e) P = 4,5 MPa;
f) = 15.
Sendo, portanto, a presso do macio que apresenta um valor diferente com relao ao estudo
anterior, alm da presena de um ngulo de atrito. Esses parmetros podem caracterizar uma
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argila profunda, por exemplo. As variveis do concreto projetado, para esse trabalho, esto
apresentadas abaixo:
a) = 0,3;
b) fcu(1) = 6 MPa;
c) fcu(28) = 20 MPa;
d) = 1x107 MPa.s.
a) 300 MPa;
b) 3.000 MPa;
c) 30.000 MPa.
A diferena bsica entre o estudo realizado por Bernaud (2010) est na avaliao da
influncia da distncia de colocao do revestimento face (d0), j que aquele trabalho
avaliou somente a distncia de 2/3 do raio para d0. Aqui so apresentados resultados para as
curvas de convergncia para os seguintes valores de d0:
a) 2/3 de R;
b) 4/3 de R.
Para cada valor de d0 foram feitos clculo para quatro velocidades (v) de escavaes:
a) 1 m/dia;
b) 5 m/dia;
c) 10 m/dia;
d) 20 m/dia.
Outra avaliao, aqui feita, a influncia da viscosidade nas curvas de convergncia. Foram
avaliados os seguintes valores para viscosidade () para uma dada velocidade (v) e uma dada
distncia de colocao de revestimento face (d0):
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a) = 1x105 MPa.s;
b) = 1x106 MPa.s;
c) = 1x107 MPa.s.
Assim como existem diversos mtodos simplificados para a anlise da interao macio-
revestimento, existem diversos mtodos numricos, os quais continuam a se desenvolver dado
o avano das tecnologias computacionais. Nesse trabalho foi usado o programa GEOMEC91
proposto por Bernaud (1991). Trata-se de uma anlise axissimtrica em duas dimenses do
processo de execuo de um tnel, o qual considera as sequncias de escavao e a colocao
do revestimento. O modelo proposto pode ser definido da seguinte maneira (BERNAUD;
ROUSSET, 1996, p. 675-676):
A malha utilizada contm 1298 elementos com 9 ns. No programa, primeiramente ela
construda, aps os contornos da zona a escavar e da zona de revestimento so previstos. O
comprimento da malha superior distncia de influncia da face do tnel, assim os efeitos
de bordo podem ser desprezados (BERNAUD, 2010, p. 5-6). A figura 12 ilustra um esquema
semelhante malha utilizada.
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Tendo como base o esquema das figuras 13 e 14, pode-se explicar o procedimento de clculo
empregado para a distncia de 2/3 do raio, por exemplo. Em determinada escavao, os
elementos <109>, <110>, <173>, <174> e <175> tm suas propriedades anuladas e tornam-se
elementos escavados. Os elementos <114> e <113>, no mesmo momento, tm suas
propriedades, as quais foram anuladas na escavao anterior, substitudas pelas propriedades
do concreto projetado. Dessa forma, os elementos <109>, <110>, <111>, <112>, <170>,
<171, <172>, <173>, <174> e <175> vo constituir o trecho no revestido dessa etapa de
escavao.
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Como dados de sada, o programa fornece as curvas de convergncia para cada escavao e a
curva em tempo de estabilizao. So realizadas 36 escavaes com passo de escavao 1/3
do raio, o qual possui 1 metro. Como o passo de escavao constante, a velocidade de
escavao dada em funo dos intervalos de tempo adequados das paradas de escavao. A
figura 15 exemplifica resultados tpicos do clculo para uma situao especfica.
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Menores velocidades, para um passo de escavao constante, ocorrem devido ao tempo entre
duas escavaes sucessivas ser maior, permitindo, nesse intervalo, deslocamentos iniciais nos
trechos no revestidos, como ilustrado pela figura 18.
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Com relao ao d0, quanto maior for a distncia entre o fim da colocao do revestimento com
a face do tnel, maiores sero as convergncias iniciais naquela regio em perodo de parada.
Por consequncia, a curva de convergncia final, em perodo de estabilizao, apresentar
deslocamentos maiores quanto maior for a distncia d0. As figuras 23 e 24 ilustram esse
fenmeno. Para baixos mdulos de elasticidades, todavia, essa diferena no se verifica,
principalmente para distncias mais afastadas da face de escavao.
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(frmula 5)
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Alm do modelo viscoplstico utilizado para o concreto projetado, o modelo elstico, com o
mdulo de elasticidade variando com o tempo, foi utilizado para caracterizar o material.
Dessa forma possvel comparar resultados obtidos com ambos os modelos e demostrar o
efeito acoplado do problema de interao macio-revestimento em meio viscoplstico.
Abaixo, a figura 26 demostra os resultados obtidos para uma velocidade de 20 m/dia e
distncia no-revestida de 2/3 do raio.
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possvel verificar que para essa situao pouca diferena existe entre os modelos utilizados,
sendo que, para uma baixa rigidez do revestimento, essa diferena no existe e, para uma alta
rigidez do revestimento, ela se faz presente, mas na ordem de 0,18% do raio. A figura 27 traz
o resultados para uma situao limite aqui estudada, que a menor velocidade, 1 m/dia,
associada maior distncia no revestida, de 4/3 do raio, com o mdulo de elasticidade de
E=30.000 MPa. Nessa situao, a diferena entre ambos os modelos mais expressiva.
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5 CONCLUSES
Nesse trabalho foi analisado de que forma a velocidade de escavao, a distncia de colocao
do revestimento face, a rigidez do revestimento e a viscosidade dos materiais influenciam o
comportamento dos deslocamentos radiais de um tnel profundo revestido por concreto
projetado. O clculo numrico realizado levou em considerao as condies de axissimetria,
bem como um mdulo de elasticidade e resistncia, do concreto projetado, dependentes do
tempo.
Em situaes cujo revestimento possui baixa rigidez, os efeitos a longo prazo, os que ocorrem
aps o trmino da escavao, so mais significativos. Foi visto que h uma boa diferena
entra as curvas de convergncia da ltima escavao e de estabilizao, quando o
revestimento tinha o seu mdulo de elasticidade igual a 300 MPa. Para valores de rigidez
maiores, os efeitos a longo prazo tendem a diminuir. Alm disso, para menores velocidades os
efeitos a longo prazo tendem tambm a diminuir.
Em uma ltima anlise realizada, foi verificado que, para os casos em que a taxa de escavao
baixa e a rigidez do revestimento alta, h diferena entre o modelo em elasticidade e o
modelo viscoplstico utilizados para o concreto projetado. A diferena pouco significativa
para velocidades maiores e valor de rigidez baixo. Isso mostra a importncia da correta
definio do modelo a ser utilizado para o concreto projetado dadas as circunstncias.
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REFERNCIAS
_____. Simulao numrica de um tnel revestido com concreto projetado. 2010. In:
JORNADAS SUDAMERICANAS DE INGENERA ESTRUCTURAL, n. 34, 2010, San
Juan, Argentina. Anais... Porto Alegre: Associao Sul Americana de Engenharia Estrutural.
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