Armazém Graneleiro: Projeto Com Placas Pré-Fabricadas de Concreto
Armazém Graneleiro: Projeto Com Placas Pré-Fabricadas de Concreto
Armazém Graneleiro: Projeto Com Placas Pré-Fabricadas de Concreto
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Porto Alegre
novembro 2014
FLÁVIA BENIN ZEN
Porto Alegre
novembro 2014
FLÁVIA BENIN ZEN
Este Trabalho de Diplomação foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do
título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador e
pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Diplomação Engenharia Civil II (ENG01040) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
BANCA EXAMINADORA
Agradeço ao Prof. Roberto Domingo Rios, meu orientador, pelo auxílio durante o trabalho de
conclusão e pelos conhecimentos passados a mim durante todo o curso.
Agradeço a professora Carin Maria Schmitt, cujas aulas me ensinaram como realizar um
trabalho com organização e responsabilidade.
Agradeço aos meus colegas de curso, especialmente as amigas Samantha, Virginia, Luísa,
Astrid, Rebeca, Larissa e Bruna, pelo companheirismo durante toda a graduação, pela ajuda
nas horas de aperto e por tornarem os dias na faculdade mais divertidos.
Agradeço especialmente ao colega Matheus Carini pelas dicas e conselhos durante o trabalho
e o curso, por sempre escutar as minhas perguntas e respondê-las com bondade e paciência.
Agradeço a minha família, meus pais Flávio e Isabel, meu irmão Pedro e meu namorado
Douglas, pelo incentivo e apoio desde o início da faculdade, por entenderem minha ausência
física e mental durante o período de conclusão deste trabalho, e por me fazerem sentir
tamanha felicidade quando estou em suas presenças. Eu amo vocês.
Eu estou sempre fazendo aquilo que não sou capaz,
numa tentativa de aprender como fazê-lo.
Pablo Picasso
RESUMO
Palavras-chave: Projeto de Armazém Graneleiro. Estrutura para Silos Horizontais. Placas Pré-
Fabricadas de Concreto.
LISTA DE FIGURAS
Quadro 1 – Classificação das paredes de silos devido aos materiais e suas rugosidades 27
LISTA DE TABELAS
hc – altura do segmento da parede vertical do silo da transição até a superfície equivalente (ver
figura 4) (m)
gl – valor mais baixo do peso específico usado para estimar o volume requerido do silo e
definir sua capacidade (kN/m³)
gu – valor mais alto do peso específico usado para o cálculo das ações (kN/m³)
m – coeficiente de atrito
V0 – velocidade básica do vento, indicada por uma rajada de três segundos, exercida em
média uma vez em 50 anos, a 10 metros acima do terreno, em campo aberto e plano (m/s)
S3 – fator estatístico que considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação
Ca – coeficiente de arrasto
VRd2 – força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas
de concreto (kN)
Vsw – parcela de força cortante resistida pela armadura transversal em vigas (kN)
Fd – força que atua na alça de içamento aplicada do coeficiente de segurança igual a 4 (kN)
Acont – área de contato efetivo dos pneus com a placa de concreto (m²)
As,placa – área de armadura para tela soldada com aço CA60 (cm²/m)
qadm – máximo carregamento distribuído suportado pela placa de concreto (MN/m²)
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 18
2 DIRETRIZES DA PESQUISA .................................................................................. 20
2.1 QUESTÃO DA PESQUISA ..................................................................................... 20
2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA .................................................................................... 20
2.2.1 Objetivo principal ................................................................................................. 20
2.2.2 Objetivo secundário .............................................................................................. 20
2.3 PRESSUPOSTOS ...................................................................................................... 21
2.4 PREMISSA ................................................................................................................ 21
2.5 DELIMITAÇÕES ...................................................................................................... 21
2.6 LIMITAÇÕES ............................................................................................................ 21
2.7 DELINEAMENTO .................................................................................................... 22
3 SILOS ........................................................................................................................... 24
3.1 CLASSIFICAÇÃO ..................................................................................................... 25
3.2 GEOMETRIA DO ARMAZÉM GRANELEIRO ...................................................... 27
3.2.1 Fundação ................................................................................................................ 27
3.2.2 Piso .......................................................................................................................... 28
3.2.3 Paredes ................................................................................................................... 28
3.2.4 Cobertura ............................................................................................................... 29
3.3 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA ............................................................................. 29
4 CARREGAMENTOS ................................................................................................. 32
4.1 CARREGAMENTO DEVIDO AO EMPUXO DO GRÃO ...................................... 32
4.1.1 Empuxo na parede vertical ................................................................................... 33
4.1.2 Empuxo no fundo do armazém ............................................................................ 34
4.2 CARREGAMENTO DEVIDO AS CARGAS PERMANENTES ............................. 35
4.3 CARREGAMENTO DEVIDO AO VENTO ............................................................. 36
4.4 CARGAS TÉRMICAS .............................................................................................. 37
5 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA ............................................................. 38
5.1 DIMENSIONAMENTO DAS PLACAS PRÉ-FABRICADAS ................................ 38
5.1.1 Métodos utilizados ................................................................................................. 38
5.1.2 Resultados .............................................................................................................. 44
5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRELIÇA METÁLICA ......................................... 50
5.3 DIMENSIONAMENTO DOS PILARES .................................................................. 53
5.3.1 Métodos utilizados ................................................................................................. 53
5.3.2 Resultados .............................................................................................................. 56
5.4 DISPOSITIVOS DE FIXACAO ENTRE AS PLACAS E OS PILARES.................. 60
5.5 ALÇAS DE IÇAMENTO .......................................................................................... 62
5.6 DIMENSIONAMENTO DO PISO DE CONCRETO ............................................... 65
5.6.1 Carga móvel ........................................................................................................... 65
5.6.2 Carga uniformemente distribuída ....................................................................... 69
5.6.3 Juntas ...................................................................................................................... 69
5.6.4 Resultados .............................................................................................................. 71
5.7 LIGAÇÃO PILAR X FUNDAÇÃO .......................................................................... 74
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 77
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 78
APÊNDICE A .................................................................................................................. 81
APÊNDICE B .................................................................................................................. 101
18
1 INTRODUÇÃO
Uma das formas de armazenagem de grãos é o estoque a granel em silos horizontais, também
conhecidos como armazéns graneleiros. Eles se caracterizam por possuírem a base maior do
que a altura, baixo custo e maior rapidez construtiva em relação aos silos verticais, e por
estocarem um significativo volume de grãos (PUZZI, 1986).
Ainda segundo Puzzi (1986), estruturas como estas são recomendadas para lavouras que
apresentam alta rotatividade, visto que as aberturas laterais nos graneleiros permitem a
entrada de insetos e conduzem a uma menor eficácia na aeração dos grãos. Indica-se também
sua utilização juntamente com silos verticais de grande capacidade e que permitam alto índice
de rotatividade. Conforme o autor, o uso de graneleiros tem crescido no sul do Brasil, e os
resultados observados em armazenagem de curto prazo têm sido satisfatórios, recomendando-
-se, porém, não ultrapassar o período de seis meses em estoque.
Para a concepção estrutural, optou-se pelo uso de elementos pré-fabricados tanto nas
fundações como nos pilares e no fechamento da estrutura, visando rapidez e facilidade no
momento da montagem, tendo em vista que na maioria das vezes os armazéns são construídos
em locais mais afastados dos grandes centros urbanos, o que acarretaria maiores dificuldades
caso fossem moldados no local. Para a cobertura foram usadas peças metálicas,
dimensionadas principalmente para a força de vento atuante sobre elas. Quanto à forma,
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Flávia Benin Zen. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2014
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Para melhor compreensão do trabalho, o mesmo foi dividido em seis capítulos. No capítulo
um foram apresentadas as considerações iniciais do trabalho, ressaltando sua importância para
o setor. No capítulo dois desenvolveram-se as diretrizes do trabalho, compostas pela questão
de pesquisa, pelos objetivos da pesquisa, pelos pressupostos, pelas delimitações, pelas
limitações e, finalmente, pelo delineamento do trabalho. No capítulo três abordaram-se
aspectos gerais sobre a classificação e geometria dos silos e a caracterização da obra estudada,
onde se descreveu a localização da obra, o material armazenado e a geometria escolhida. No
capítulo quatro, todos os carregamentos atuantes na estrutura e o método para calculá-los
foram transcritos. No capítulo cinco abordaram-se os métodos para dimensionamento dos
elementos estruturais que compõe o projeto, bem como os resultados encontrados. Por fim, no
capítulo seis, apresentaram-se as considerações finais. Os Apêndices A e B apresentam,
respectivamente, o cálculo das forças atuantes na treliça metálica e o detalhamento dos
componentes estruturais.
Pretendeu-se, assim, com este trabalho, elaborar um projeto estrutural que atendesse de forma
segura e econômica as necessidades de armazenagem de grãos, mantendo suas características
e nutrientes essenciais para o seu adequado uso.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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2 DIRETRIZES DA PESQUISA
A questão de pesquisa do trabalho é: qual um projeto de armazém graneleiro com placas pré-
fabricadas de concreto que atenda ao contexto pré-definido?
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2.3 PRESSUPOSTO
2.4 PREMISSA
O trabalho tem por premissa que há déficit na quantidade de locais para estocagem de grãos
no Brasil, assim como na qualidade do armazenamento, não atendendo a demanda produzida
e gerando perdas na produção, portanto a busca de técnicas construtivas com menor tempo de
execução é muito interessante para o setor.
2.5 DELIMITAÇÕES
2.6 LIMITAÇÕES
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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2.7 DELINEAMENTO
O trabalho foi realizado através das etapas apresentadas a seguir que estão representadas na
figura 1 e são descritas nos próximos parágrafos:
a) pesquisa bibliográfica
b) concepção da estrutura;
c) estudo e análise do modelo estrutural;
d) dimensionamento da estrutura;
e) detalhamento dos componentes estruturais;
f) considerações finais.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
CONCEPÇÃO DA ESTRUTURA
ESTUDO E ANÁLISE DO
MODELO ESTRUTURAL
DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA
DETALHAMENTO DOS
COMPONENTES ESTRUTURAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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3 SILOS
Silos podem ser definidos como estruturas de contenção usadas para armazenar partículas
sólidas, isto é, partículas que se comportam como sólidos discretos e independentes
(EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION, 2006, p. 14, tradução nossa). Na
maioria das vezes, o produto armazenado nessas estruturas se destina à alimentação, o que
explica o crescimento dos estudos envolvendo silos e a importância de seu correto
dimensionamento.
Região Produção
(toneladas/ano)
Sul 71.439.800
Centro-Oeste 78.155.700
Sudeste 17.893.400
Nordeste 17.329.000
Norte 6.429.200
Total 191.247.100
deixa de obter, mas também com a quantidade de alimento que é desperdiçado, visto o grande
número de pessoas que ainda passam fome no mundo. Havendo local apropriado para
armazenagem, também é possível estocar a safra excedente para ser comercializada em
épocas de menor rendimento na produção, como em épocas de seca.
Assim, vê-se a importância dos silos e armazéns para a agricultura. Esse capítulo aborda as
principais características construtivas referentes a estas estruturas, priorizando os armazéns
graneleiros, base deste trabalho.
3.1 CLASSIFICAÇÃO
Os silos podem ser classificados como verticais ou horizontais. Puzzi (1986, p. 470) explica
que a diferença se encontra no fato de que os silos horizontais, também conhecidos como
armazéns graneleiros, apresentam a altura menor do que a base, conforme ilustra a figura 2.
Ainda segundo o autor, esse tipo de estrutura possui baixo custo e maior rapidez na
construção se comparados aos silos verticais, o que explica o crescimento do número de
armazéns construídos para armazenagem de grãos.
Onde:
hc – altura do segmento da parede vertical do silo da transição até a superfície equivalente (ver
figura 3a) (m);
dc – dimensão característica interna do silo (ver figura 3b) (m).
Ainda segundo a mesma Norma, também pode-se classificar os silos conforme a rugosidade
da parede, conforme mostra o quadro 1.
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O silo projetado no presente trabalho foi enquadrado na categoria D3, já que sua estrutura é de
concreto armado.
Para a escolha da geometria, foi necessário analisar o volume e o tipo de material a ser
armazenado, bem como a topografia do terreno e as características do solo no local onde será
executada a obra. A seguir são citadas as características dos principais componentes das
estruturas dos silos.
3.2.1 Fundação
As fundações rasas são geralmente as escolhidas para os armazéns graneleiros, já que essas
estruturas permitem uma boa distribuição das cargas para o solo, podendo ser utilizadas até
mesmo em terrenos de baixa resistência (GOMES; CALIL JÚNIOR, 2005). A ligação da
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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fundação com o pilar ocorre por meio de um elemento de ligação chamado cálice, que
usualmente é uma peça pré-fabricada.
3.2.2 Piso
O silo ainda conta com um sistema de aeração para injeção de ar entre os grãos, que é
constituído de dutos perfurados posicionados no piso e cobertos por placas microfuradas, cujo
espaçamento é função da geometria do piso, do tipo de grão estocado e da capacidade do
armazém graneleiro. A intensidade de injeção de ar depende da temperatura dos grãos,
medida através de um sistema de termometria. Segundo Faoro (2014, p. 61):
3.2.3 Paredes
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3.2.4 Cobertura
Usualmente a cobertura é executada com estrutura metálica, projetada para suportar a ação do
vento e de seu peso próprio, bem como o peso de elementos como a correia transportadora de
grãos e os controladores de temperatura, presos à sua estrutura.
Para a realização do projeto foi necessário definir qual o produto a ser estocado no armazém a
fim de obter suas propriedades características para uso nos cálculos de dimensionamento.
Entende-se por lavoura temporária a área de plantio utilizada para culturas de curta duração,
geralmente inferiores a um ano, onde após a colheita é necessário outro plantio, pois a planta
é destruída (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1996). Sendo
assim, a cultura de soja se enquadra neste parâmetro e foi escolhida para realização deste
trabalho. As propriedades deste grão podem ser vistas na tabela 2.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Propriedades
Ângulo
Peso Coeficiente
de Ângulo de atrito Coeficiente de Coeficiente de
específico de carga
Repouso interno (°) pressão lateral atrito
Partícula [kN/m³] variável
(°)
fi K m
g Cop
fr
parede
gl gu fr fim af Km am am -
D3
Soja 7,0 8,0 29° 32 1,19 0,50 1,11 0,48 1,16 0,50
silo por veículos de carga, tendo sido necessário prever um portão para o acesso dos mesmos.
Foi escolhido um portão com dimensões de cinco metros de altura por cinco metros de
largura, totalizando 25 metros quadrados.
Quanto à cobertura, a distância do topo dos pilares até o banzo superior da cobertura metálica
é de quinze metros, respeitando o ângulo de repouso do cone formado pela queda dos grãos de
soja no silo, informado na tabela 2.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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4 CARREGAMENTOS
Para desenvolver um projeto de silos podem-se utilizar os mesmos critérios a que são
submetidas as estruturas usuais de concreto armado (ALVES, 2001). Contudo, a autora ainda
observa que, devido à especificidade do carregamento a que são submetidos, à sua geometria
e às suas características funcionais, há necessidade de um estudo mais detalhado para o
dimensionamento dessas estruturas.
O empuxo causado pelos grãos em silos é uma das mais importantes ações a serem analisadas
e consideradas, combinadas com as solicitações usualmente adotadas nos cálculos como peso
próprio, peso de equipamentos e pressão do vento (GOMES; CALIL JÚNIOR, 2005, p. 35).
Este capítulo refere-se a estes tipos de carregamentos atuantes e seus aspectos relevantes para
um correto dimensionamento.
Para Safarian e Harris (1985, p. 5, tradução nossa) as forças exercidas nas paredes e fundo de
silos são influenciadas pelas propriedades físicas no material estocado, as quais têm influência
direta também sobre a fluidez do material na estrutura. Ainda segundo o autor, materiais que
contém óleo, como os grãos de soja, podem lubrificar as paredes da estrutura e aumentar as
pressões nas paredes laterais. Assim, as propriedades mais importantes para o cálculo da
pressão são:
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O cálculo das forças na parede do armazém pôde ser calculado de acordo com o Eurocode 1
(EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION, 2006, p. 62, tradução nossa).
Através da fórmula 2 obteve-se a pressão horizontal causada pelo grão na parede vertical. Pela
fórmula 3, calculou-se a força vertical resultante (compressiva) na parede por unidade de
comprimento. Ambas as fórmulas são consideradas para silos classificados como
retangulares. A representação da pressão pode ser visualizada na figura 5.
As formulas 2 e 3 são:
ph = gK(1+senfr)zs (fórmula 2)
Onde:
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Com o cálculo destas solicitações, foi possível partir para o dimensionamento das paredes da
estrutura, que neste caso são as placas pré-fabricadas de concreto.
As cargas sobre o fundo dos silos, segundo o Eurocode 1 (EUROPEAN COMMITTEE FOR
STANDARDIZATION, 2006, p. 66, tradução nossa), são avaliadas de acordo com a
inclinação do mesmo. Quando o ângulo de inclinação b (ver figura 3a):
A fórmula 4 é:
Onde:
b é o ângulo de inclinação do fundo do silo a partir da vertical no sentido anti-horário (º);
Kb é o valor mais baixo do coeficiente entre as pressões laterais horizontais e verticais;
mh é o valor mais baixo do coeficiente de atrito.
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Ainda segundo os autores, neste caso o piso deve ser dimensionado baseado na resistência à
tração do concreto, resultando na altura total da placa a ser utilizada. No caso da tensão
atuante ser maior que a tensão de resistência do concreto à tração, deve ser previsto uma
armadura (geralmente escolhem-se telas soldadas) a ser posicionada na face superior da placa
de concreto, já que surge um momento fletor negativo de valor máximo no topo da mesma.
Com esta armadura, evita-se também o aparecimento de fissuras nas áreas descarregadas,
onde apenas trafegam veículos.
Os autores ainda citam que, no caso do solo abaixo do piso conter material compressível,
como argilas moles, é necessário avaliar possíveis recalques por adensamento que possam
acontecer. Assim, recomenda-se a presença de um engenheiro geotécnico para
reconhecimento do solo e evitar possíveis riscos à obra.
No caso do tráfego de veículos, as cargas geradas pelos caminhões e pás carregadeiras são
consideradas móveis e concentradas, e dependem do peso destes equipamentos. A área de
contato dos veículos com o solo se dá pelos pneus de borracha, não havendo, então,
problemas quanto a desgaste e abrasão do piso (CHODOUNSKY; VIECILI, 2007).
O peso próprio das placas pré-fabricadas, dos pilares, da cobertura metálica e dos
instrumentos mecânicos utilizados no processo de estocagem são cargas que estarão sempre
presentes na vida útil da estrutura. Devem ser considerados, portanto, em todos os cálculos de
dimensionamento do armazém graneleiro.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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A ação variável causada pelo vento nas estruturas de armazenamento deve ser considerada,
principalmente, segundo Andrade Júnior e Calil Júnior (2007), quando a estrutura se encontra
vazia, já que quando cheia, a grande massa de grãos dificilmente permite estragos devidos ao
vento. A cobertura metálica também deve ser dimensionada para a pressão exercida pelo
vento em cada um de seus componentes.
São consideradas para todos os cálculos das solicitações de vento as recomendações da NBR
6123 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988). Primeiramente, é
necessário determinar a pressão dinâmica causada pelo vento na edificação, dadas pelas
fórmulas 5 e 6:
Vk = V0 S1 S2 S3 (fórmula 6)
Onde:
q é a pressão dinâmica (N/m²);
Vk é a velocidade característica do vento (m/s);
V0 é a velocidade básica do vento, indicada por uma rajada de três segundos, exercida em
média uma vez em 50 anos, a 10 metros acima do terreno, em campo aberto e plano (para a
cidade de Bagé pode ser considerada 45 m/s);
S1 é o fator topográfico que leva em consideração as variações do relevo do terreno (para
terrenos planos o valor considerado é igual a 1,0);
S2 é o fator que considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, da variação da
velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação;
S3 é o fator estatístico que considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação
(para silos, o valor normativo para armazéns e silos é igual a 0,95).
Para determinar a força global na edificação como um todo e encontrar os esforços nos pilares
e fundações, é necessário calcular a força de arrasto de vento sobre a estrutura. Para isso, a
fórmula 7 pode ser utilizada:
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Fa = Ca q Ae (fórmula 7)
Onde:
Fa é a força de arrasto (N);
Ca é o coeficiente de arrasto;
q é a pressão dinâmica do vento (N/m²);
Ae é a área frontal efetiva da projeção ortogonal da edificação sobre um plano perpendicular à
direção do vento (m²).
O material a ser estocado no armazém em questão não é considerado ‘quente’, ou seja, sua
temperatura pode ser considerada igual à temperatura ambiente. Assim, foi desprezado os
efeitos gerados devido a cargas termais para este trabalho.
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5 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA
Neste capítulo são apresentadas as características dos elementos estruturais adotados para o
projeto, bem como os cálculos para seus dimensionamentos. Entende-se por elementos
estruturais os pilares, as placas de concreto do piso da estrutura, as placas pré-fabricadas
nervuradas para as paredes e o cálice de fundação. Todos os métodos adotados seguem as
recomendações da NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2014).
As placas adotadas para o projeto são nervuradas, tendo sua geometria demonstrada na figura
6.
Dessa forma, a armadura da placa pode ser calculada considerando-a uma viga de seção T, já
que o momento fletor solicitante é positivo, comprimindo a mesa e tracionando a nervura.
Onde:
bw é a largura da nervura (cm);
bf é a largura da mesa (cm);
h é a altura total da seção (cm);
hf é a espessura da mesa (cm);
d é a altura útil da seção (cm);
As é a área de armadura tracionada (cm²);
As’ é a área de armadura comprimida (cm²);
d’ é a distância do centroide de As’ até a borda comprimida (cm);
Md é o momento solicitante de cálculo da seção (kNcm).
O valor da largura colaborante bf da mesa é dado pelo comprimento total da placa pré-
fabricada, e bw pode ser considerada a soma das larguras das nervuras.
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Onde:
xlim é a profundidade limite da linha neutra (cm);
x23 é o limite entre os domínios 2 e 3 (cm);
eyd é a deformação de cálculo de escoamento de aço (2‰);
d é altura efetiva da seção flexionada (cm).
Onde:
M é o momento solicitante na seção (kNm);
q é a carga linear atuante na placa (kN/m);
l é o vão livre das placas (m).
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Onde:
Mdlim é o momento máximo para seções normalmente armadas (kNcm);
bf é a largura da mesa (cm);
fcd é a resitência de cálculo à compressão do concreto (kN/cm²);
ylim é o valor referente à 0,8xlim (cm);
d é altura efetiva da seção flexionada (cm).
Se o momento solicitante de cálculo Md devido ao grão for inferior ao valor de Mdlim, então a
hipótese está correta e a seção tem armadura simples. Caso contrário, necessita-se armadura
dupla (ARAÚJO, 2003, p. 87).
Onde:
As é a área de aço tracionada (cm²);
Md é o momento solicitante de cálculo da seção (kNcm);
bf é a largura da mesa (cm);
bw é a largura da nervura (cm);
fcd é a resistência de cálculo à compressão do concreto (kN/cm²);
fyd é a resistência de cálculo à tração do aço (kN/cm²);
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A taxa mínima de armadura de vigas é dada pela tabela 3, sendo Ac a área da seção estudada.
Para o cálculo dos estribos, a verificação ao corte é realizada como para as lajes. Se a força
cortante de cálculo obedecer à fórmula 14, então não é necessária a utilização de armadura
transversal. Caso contrário, o cálculo da área de estribos deve ser feito de acordo com o
critério das bielas e tirantes utilizados para as vigas:
Onde:
Vsd é o esforço cortante de cálculo (kN);
VRd1 é a tensão resistente de cálculo do concreto ao cisalhamento (kN).
Onde:
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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5.1.2 Resultados
Com os parâmetros da soja apresentados na tabela 2, foi calculado o empuxo devido aos grãos
nas placas pré-moldadas utilizando as fórmulas 2 e 3. Utilizou-se concreto com resistência à
compressão de 30 MPa e aço de resistência à tração de 500 MPa.
A altura total da parede do armazém é de 5,20 metros, totalizando quatro placas de 1,30
metros. O empuxo nas placas obtido pela fórmula 3 resulta na pressão para a altura total da
parede. No entanto, cada placa absorve um valor diferente de carregamento, já que o empuxo
apresenta um diagrama triangular de distribuição de pressões. Assim, foi calculado a pressão
horizontal para cada placa pela a fórmula 1, obtendo-se os resultados apresentados na tabela
4. Calculou-se, então, o empuxo resultante através da área do trapézio formado pelos grãos na
face da placa, como mostra a figura 9.
Aplicando a fórmula 10 para cada empuxo resultante, obtém-se o momento máximo em cada
placa, demonstrado na tabela 5. Na mesma tabela, também está demonstrado o momento
máximo de projeto, obtido multiplicando-se o momento máximo característico pelo
coeficiente de majoração do concreto (1,4), e o esforço cortante, que foi obtido simulando o
comportamento da placa submetida a carregamentos lineares no programa de análise elástica
linear FTOOL (MARTHA, 2012), conforme demonstrado na figura 10.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Para fins de facilidade construtiva e no intuito de otimizar a fabricação das peças, foram
escolhidos apenas dois tipos de placas, aplicando-se a área de aço encontrada para a placa 2
nas placas 1 e 2, e a área de aço da placa 4 nas placas 3 e 4. Dessa forma, as placas foram
renomeadas conforme a figura 11.
Para o cálculo das armaduras foi necessário definir a geometria da seção transversal da placa
pré-fabricada, respeitando as recomendações da NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2014) para a largura mínima da mesa e das nervuras. A figura 12,
juntamente com a tabela 6, apresentam a geometria final e os parâmetros necessários para
calcular a área de aço necessária.
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bf [cm] 130
hf [cm] 8
h [cm] 30
d [cm] 26
d' [cm] 4
bw [cm] 24
Vão livre [m] 5
(fonte: elaborado pela autora)
1
Trabalho não publicado apresentado no Salão de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, orientado pelo professor Roberto Domingo Rios.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Flexão
Momento
As,min As por As por
y ylim de projeto por nervura As da mesa
Placa nervura
nervura
(cm) (cm) Md (kNm) (cm²)
adotado adotado
(cm²) (cm²)
1 1,22 9,4 73,1 1,63 3,31 2 f 16 tela Q196
2 2,94 9,4 170,6 1,63 7,34 4 f 16 tela Q196
Cisalhamento – verificação pelo Cisalhamento – verificação pelo critério
critério de lajes das bielas e tirantes
Para o cálculo dos estribos, foi utilizado o método da treliça fictícia de Mörsch, verificando a
segurança frente ao esmagamento das bielas comprimidas formando 45º em relação à
horizontal. A fórmula 16 conduz à área mínima de aço referente ao esforço cortante.
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Onde:
Asw é a área da seção transversal dos estribos (cm²/m);
s é o espaçamento dos estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento estrutural
(cm);
q é a inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural (º);
bw é a largura da nervura (cm);
fck é a resistência característica à compressão do concreto (kN/cm²);
fct,m é a resistência média à tração do concreto, dada por [0,3 (fck)2/3]/10 (kN/cm²);
fyd é a resistência de cálculo ao escoamento do aço (kN/cm²);
fctd corresponde a 0,7fct,m/gsc (kN/cm²);
gsc é o coeficiente de segurança para o concreto (1,4);
fcd é a resistência de cálculo à compressão do concreto (kN/cm²);
VSd é a força cortante solicitante de cálculo na seção (kN);
VRd2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de
concreto (kN);
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Vc + Vsw é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal, onde
Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao da treliça e
Vsw a parcela resistida pela armadura transversal (kN).
O cálculo da força do pelo vento nas placas está apresentado no Apêndice A deste trabalho, e
também gera esforços que precisam ser analisados. O momento gerado pelo vento pode ser
contrário ao momento gerado pelos grãos, dependendo do ângulo de incidência do mesmo. A
situação mais crítica de vento é quando o armazém se encontra vazio, pois a parte solicitada
na placa é a mesa, ao contrário de quando o armazém está cheio, onde as partes tracionadas
são as nervuras.
Foi calculado, assim, a área de aço necessária para cada força resultante considerando uma
viga de seção retangular, concluindo-se que, mesmo para o pior momento gerado, só a
armadura mínima para a seção basta para absorver os esforços, conforme mostra a tabela 8.
Logo, a tela Q196 adotada para a mesa é suficiente, não sendo necessária armadura adicional.
Força Momento Mk As As
adotada
(kN/m) (kNm) (cm²)
(cm²)
1,88 5,87 1,01
0,27 0,84 1,01
0,07 0,21 1,01 tela
0,20 0,63 1,01 Q196
0,74 2,31 1,01
1,27 3,98 1,01
(fonte: elaborado pela autora)
Assim, delimitou-se a disposição final das barras ao ângulo de 41 graus, conforme mostra a
figura 13. Essa inclinação respeita não somente o ângulo formado pelo volume dos grãos,
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Flávia Benin Zen. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2014
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como também a altura necessária para que uma pessoa possa caminhar na correia
transportadora para manutenção da mesma. Todas as barras da treliça são formadas por perfis
do tipo “U” laminados, como mostra a figura 14.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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O dimensionamento das barras da treliça à tração e compressão foge ao escopo deste trabalho,
sendo somente analisado o modelo a fim de obterem-se os esforços que a treliça causa nos
pilares. Para tanto, foi necessário o cálculo das forças permanentes e variáveis que atuam na
cobertura, e posteriormente a realização das combinações de ações nos Estado Limite Último
e Estado Limite de Serviço. Todos estes cálculos estão apresentados no Apêndice A deste
trabalho.
Dentre as combinações geradas, a pior combinação para cada ângulo de incidência do vento
foi escolhida para encontrar os esforços gerados pela cobertura. Essas solicitações foram
encontradas através do software de análise elástica linear FTOOL (MARTHA, 2012),
simulando um pórtico engastado na base e com rótulas no encontro dos pilares com a
cobertura, como o apresentado na figura 15.
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A carga devida aos grãos é passada aos pilares através das placas pré-fabricadas de concreto.
Assim, para encontrar o momento resultante em cada seção se determinou as reações de cada
placa no pilar de apoio.
A carga do vento gerada na estrutura devido à passagem do fluido foi determinada de acordo
com a NBR 6123 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988, p. 27),
sendo seus cálculos apresentados no Anexo A deste trabalho. Neste mesmo Apêndice
encontram-se os cálculos para os carregamentos atuantes na cobertura e para as combinações
de ações do Estado Limite Último, que resultaram nas reações verticais e horizontais da
treliça nos pilares.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Para os pilares localizados na lateral de sessenta metros do armazém e que formam os pórticos
com a cobertura foram calculadas as solicitações simulando, juntamente com as resultantes
vertical e horizontal oriundas da cobertura, as seguintes hipóteses:
Para as laterais que medem trinta metros, os pilares não recebem as solicitações da cobertura,
mas absorvem os esforços de momento devido ao vento atuando na parede de oitão. Para
tanto, foi calculada força do vento para essa situação e simulado as situações de armazém
cheio e vazio com ventos a 0º e a 90º, como no caso anterior. Foi considerado que estes
pilares também são engastados na base, mas a estrutura do oitão apoia-se na treliça de
cobertura, sendo necessário um sistema de contravento no dimensionamento do telhado.
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Para os cantos do armazém foi adotada uma solução com geometria em L para facilitar a
montagem das placas, conforme mostra a figura 17, que apresenta também o detalhe em
planta baixa da identificação e geometria dos pilares.
2
Programa desenvolvido pelo Prof. Américo Campos Filho para a disciplina de Concreto Armado II, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: http://chasqueweb.ufrgs.br/~americo/eng01112/.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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vantagem da solução de armaduras simétricas está no fato de evitar uma possível inversão
de lados das armaduras. Além disso, esta solução conduz à maior economia no caso de
solicitações alternadas (CAMPOS FILHO, 2014, p. 19). Foi escolhido, portanto, esta solução
para os pilares.
5.3.2 Resultados
Os pilares foram divididos em seis seções ao longo de toda a sua altura, conforme demonstra
a figura 19, de forma a escalonar a armadura necessária de acordo com o momento atuante em
cada seção.
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A tabela 9 apresenta o resumo dos esforços solicitantes dos pilares, da área de aço necessária
para suportar essas solicitações e do diâmetro escolhido para as barras de armadura. O fck
escolhido para os pilares é de 30 MPa.
Para as seções 3, 4, 5 e 6, que possuem altura maior do que 60 cm, foi prevista uma
complementar indicada pela NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014, p. 132) como tendo valor de 0,10% da área de concreto da seção,
resultando em 3 cm² de aço para a seção de 30x100 cm². O diâmetro escolhido para as barras
foi de 10 mm com espaçamento de 15 cm.
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As fórmulas 23 e 24 são:
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Onde:
lb,nec é o comprimento de engastamento necessário (cm);
al é tomado como 0,7 devido a presença de gancho;
f é o diâmetro da armadura do pilar (cm);
fyd é a resistência de cálculo ao escoamento do aço (kN/cm²);
As,cal é a área de armadura necessária (cm²);
As,ef é a área de armadura utilizada (cm²)
fbd é a resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto (kN/cm²);
fct,m é a resistência média à tração do concreto, dada por 0,7 0,3 (fck)2/3 (MPa);
h1 é tomado como 2,25 para barras nervuradas;
h2 é tomado como 0,7 para situações de má aderência e 1,0 para boa aderência;
h3 é igual a 1 para barras de diâmetro menor que 32 mm.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Para fixação das placas nos pilares são utilizados dispositivos chamados chumbadores
químicos. Eles funcionam por meio da capacidade de adesão de uma resina química ao
material base, no caso, ao concreto. A reação química acontece quando o componente base da
resina, ao ser corretamente misturado a um catalisador, inicia o processo de cura, ou seja, o
endurecimento, que forma um intertravamento da barra através dos sulcos da rosca
(WALSYWA, 2014). A ancoragem por aderência química não produz tensão de expansão no
concreto, por isso não exige grandes distâncias entre os furos e as bordas (FISCHER, 2009).
Há inúmeros tipos de dispositivos para fixação no mercado, sendo que a capacidade máxima
de sustentação de cada modelo é especificada nos catálogos dos fabricantes dos produtos.
Como medida de segurança, recomenda-se a escolha de chumbadores com a bitola maior do
que a necessária, já que pode haver corrosão ou falta de manutenção que limite a capacidade
dos mesmos.
O tipo escolhido para este projeto é o Chumbador Químico RM, do fabricante Fischer (2009).
Ele é composto por uma ampola química RM e por uma barra roscada FTR, com arruela e
rosca. A força de cisalhamento atuante no dispositivo é o peso da placa pré-fabricada, já que
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Flávia Benin Zen. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2014
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ela não possui nenhum outro carregamento vertical. Já a força de tração atuante acontece na
situação em que o armazém se encontra vazio, quando apenas a força do vento carrega as
placas. Quando o armazém está cheio, o dispositivo é comprimido contra o pilar de concreto,
já que ele é fixado no lado interno da estrutura.
O peso de cada placa de concreto é de 19,6 kN. Porém, cada placa será fixada por quatro
chumbadores localizados em cada um de seus cantos. Assim, a força cortante em cada
parafuso é de 4,9 kN. Já a maior força de tração, conforme a tabela 8 apresentada
anteriormente, é de 1,88 kN/m, o que implica em uma reação em cada chumbador de 2,4 kN
de tração.
A aplicação correta do aplicativo está representada na figura 23. Deve-se respeitar o tempo de
cura indicado no catálogo do fabricante, que varia conforme a temperatura do concreto e as
condições de umidade, e também a distância mínima do furo à borda da peça de concreto.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Para o cálculo das alças, foi considerado que as peças são içadas com a carga na vertical, ou
seja, é utilizado um dispositivo chamado de balancim para garantir a verticalidade, como
mostra a figura 24.
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Sabendo que o peso da placa é de 19,6 kN, que possui duas alças e que cada uma delas
suporta metade da carga, considerou-se coeficiente de segurança igual a 4 para calcular a
resistência da alça (EL DEBS, 2000), resultando em uma força total de 39,2 kN por alça.
De acordo com El Debs (2000), é comumente utilizado aço CA25 para estes dispositivos
(encontrado comercialmente como barras lisas) devido à falta de ductilidade das barras de aço
CA50 e CA60. O diâmetro necessário da alça, segundo o mesmo autor, pode ser encontrado
pela fórmula 25, resultando em um diâmetro de 16 mm neste caso:
(fórmula 25)
Onde:
Fd é a força de projeto aplicada na alça (kN);
fyd é a tensão de cálculo de escoamento do aço (kN/cm²);
f é o diâmetro da barra (cm).
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Para os pilares, repetiu-se o mesmo procedimento, considerando uma carga por alça de 65,6
kN, já majorada pelo coeficiente de segurança igual a 4. Assim, utilizando a fórmula 24
chegou-se a um diâmetro necessário para as alças dos pilares de 20 mm, o que não é
permitido pela NBR 9062 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006,
p. 12), adotando-se, então, quatro alça de 16 mm.
Foi simulado somente o peso próprio atuando nos pilares durante o seu içamento, e analisado
os momentos e esforços cortantes resultantes, demonstrados na figura 26. Concluiu-se, assim
como para as placas, que a armadura existente é suficiente para resistir aos esforços.
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As alças foram posicionadas conforme o centro de gravidade das peças, de forma que, ao
serem içadas, fiquem no prumo e facilitem a montagem.
O piso plano adotado para o projeto está sujeito a cargas concentradas móveis, devido aos
veículos em circulação, e a cargas distribuídas, como o peso dos grãos estocados. Todas as
equações adotadas para este dimensionamento foram retiradas de Rodrigues (2010).
Para dimensionar uma placa de concreto armado devido a cargas móveis deve-se conhecer o
tipo de veículo que circulará sobre ela, além de:
a) a carga no eixo do veículo, que é dada pela soma do peso próprio com a carga
útil que o caminhão consegue transportar (P);
b) se a rodagem é simples ou dupla;
c) a pressão de enchimento dos pneus (qe);
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Primeiramente é necessário encontrar a carga atuante no pneu (Pr), que é dada pela divisão da
carga P pelo número de rodas por eixo do veículo. Assim, através da relação entre Pr e a
pressão de enchimento dos pneus, dada em Pa, encontra-se a área Acont de contato efetivo dos
pneus:
Precisou-se determinar o raio da área de contato do pneu com o pavimento, dada pela fórmula
27:
(fórmula 27)
O momento fletor resultante na placa depende do tipo de rodado do veículo. Para o rodado
duplo, o momento é dado pela fórmula 28:
(fórmula 28)
Onde:
Pr é a carga por roda do veículo (MN);
r é o raio da área de contato do pneu com a placa de concreto (m);
Ic é o raio de rigidez da placa de concreto (m)
Sd é a distância entre rodas, conforme figura 27 (m);
Mpiso é momento resultante no piso de concreto devido às cargas móveis (MNm).
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Para o cálculo de Ic é necessário arbitrar uma altura inicial para a placa de concreto (hplaca),
que será confirmada se é adequada ou não ao final do dimensionamento. A fórmula 29 indica
o cálculo do raio de rigidez do concreto.
As fórmulas são:
(fórmula 29)
(fórmula 30)
(fórmula 31)
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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Onde:
Ic é o raio de rigidez da placa de concreto (m);
Ec é o módulo de elasticidade do concreto, dado pela fórmula 33 (MPa);
n é o coeficiente de Poisson do concreto, tomado como 0,2 segundo a NBR 6118;
k é o coeficiente de recalque do solo abaixo da placa (MPa/m)
hplaca é a espessura da placa de concreto, utilizada em metros para o cálculo do Ic e em
centímetros para o cálculo da área de aço;
Mpiso é o momento resultante na placa de concreto (kNm);
sadm é a tensão de tração admissível do concreto, dado pela fórmula 32;
f é o coeficiente de atrito entre a placa e o solo, geralmente adotado entre 1,5 e 2,0;
L é o comprimento da placa de concreto (m);
As,placa é a área de armadura resultante para tela soldada com aço CA60 (cm²/m).
As fórmulas 32 e 33 são:
Onde:
fck é a resistência à compressão do concreto (MPa);
sadm é a tensão de tração admissível do concreto (MPa);
gsc – coeficiente de segurança para o concreto, tomado como 1,4;
Ec é o módulo de elasticidade do concreto (MPa);
aa é um coeficiente que depende da característica do agregado utilizado no concreto, tomado
como 1 para granito.
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(fórmula 34)
Onde:
qadm é o máximo carregamento distribuído suportado pela placa de concreto (kN/m²);
k é o coeficiente de recalque do solo abaixo da placa, obtido através de ensaios geotécnicos
para o solo do local da construção do armazém graneleiro (MPa/m);
hplaca é a espessura da placa de concreto (cm);
sadm é a tensão de tração admissível do concreto, dada pela fórmula 31 (MPa).
5.6.3 Juntas
Segundo Rodrigues (2010, p. 69), o piso deve trabalhar independente dos outros componentes
estruturais, sendo necessário, portanto, prever juntas de encontro em pilares e paredes,
conforme mostra a figura 28.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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O piso armado, mesmo que não estruturalmente, permite placas maiores do que pisos de
concreto simples, chegando a 30 metros de comprimento por 5 metros de largura. Porém, o
tamanho é estabelecido baseado na geometria do armazém e na interferência com outros
componentes do projeto, dando liberdade ao projetista para racionalizar a execução do piso
(RODRIGUES, 2010, p. 71).
Ainda segundo o autor, quando há trafego de veículos sobre as juntas, devem-se empregar
barras de transferências de cargas, sendo que um de seus lados não deve aderir ao concreto
para que possam se movimentar e absorver os efeitos da retração, sendo previsto lubrificação
por graxa ou um dispositivo conhecido como luva plástica tamponada, localizado na
extremidade da barra, que tenha uma folga de pelo menos vinte milímetros para
movimentação. As barras estão representadas na figura 29.
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Flávia Benin Zen. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2014
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5.6.4 Resultados
Foi utilizado o valor de peso máximo por eixo de roda de 30 toneladas, peso máximo
permitido por eixo pela Resolução n.210 da Secretaria Nacional de Trânsito
(DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO, 2006). O valor de pressão de enchimento
do pneu adotado foi de 0,7 MPa e uma distância entre rodas de 45 centímetros
(RODRIGUES; CASSARO, 1998). As fórmulas 25 a 32 foram aplicadas utilizando-se os
dados disponibilizados na tabela 12.
DADOS
Pr [MN] 0,3 n 0,2
q [MPa] 0,7 k [MPa/m] 44
n. rodas 12 sadm [MPa] 1,45
Pr [MN] 0,025 f 1,5
hplaca [m] 0,15 L [m] 30
hplaca [cm] 15 Sd [m] 0,45
Econcreto [MPa] 14083,3
fck [MPa] 30
(fonte: elaborado pela autora)
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k hplaca [cm]
[MPa/m] (mínimo)
16 14
60 13
(fonte: elaborado pela autora)
O carregamento atuante devido à carga distribuída foi considerado como o peso dos grãos
armazenados por metro quadrado, obtido considerando o volume do sólido geométrico de
base retangular formada pelo conjunto de grão no interior do armazém, demonstrado na
fórmulas 35:
Onde:
Vol,p é o volume do polígono (m³);
Ab é a área da base do armazém (m²);
g é o peso específico da soja (kN/m³);
q é o carregamento distribuído atuante na placa (kN/m²).
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Utilizando a fórmula 35, chegou-se ao valor de 37,38 kN/m² atuando na placa, já majorado
pelo coeficiente com valor de 1,4. Os resultados referentes aos carregamentos tanto da carga
móvel quanto da carga distribuída e à área de aço necessária estão demonstrados na tabela 14.
CARGA MÓVEL
Área de Raio de Verificação
Raio da área Momento
contato efetiva rigidez da da altura da As,placa
de contato Solicitante
do pneu placa placa [cm²/m]
r [m] Mpiso [kNm]
Ac [m²] Ic [m] hplaca [m]
0,036 0,107 0,553 4,79 0,13 2,027
(fonte: elaborado pela autora)
CARGA DISTRIBUÍDA
qadm q atuante
[kN/m²] [kN/m²]
46,42 37,38 < qadm Ok!
(fonte: elaborado pela autora)
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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A área de aço necessária encontrada foi de 2,03 cm²/m, sendo, portanto, escolhidas telas
metálicas de aço CA60 do tipo Q246 para absorver os esforços.
As barras adotadas possuem diâmetros de 20 mm, conforme mostra a tabela 11 para placas de
15 cm. O espaçamento adotado entre barras consecutivas foi de 30 centímetros, sendo
posicionadas no ponto médio da placa e aplicadas em toda a extensão da junta
(ACELORMITTAL, 2010). Ainda segundo o fabricante, deve-se aplicar uma camada leve de
graxa em 60% de seu comprimento, ou seja, em 30 cm da barra, para que ela se movimente
longitudinalmente no concreto.
Onde:
ht é a dimensão paralela ao plano de ação do momento fletor Mk (cm);
Mk é o momento fletor atuante (kNcm);
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Neste caso o cálice não possui função de suportar esforços, servindo apenas de guia para a
locação do pilar e de fôrma para o enchimento de concreto durante a execução da obra. Logo,
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho de conclusão de curso teve como objetivo praticar os conceitos e expandir
os conhecimentos adquiridos na área de estruturas durante o curso de graduação em
Engenharia Civil. Realizar o projeto de um armazém graneleiro proporcionou o
reconhecimento de como bem organizado e detalhado deve ser um projeto realizado com
peças pré-fabricadas de concreto, exigindo do projetista um bom planejamento.
Por isso, é de extrema importância que o projeto estrutural seja bem feito, assim como a
compatibilização com o projeto de fundações e cobertura, a fim de garantir que a estrutura ao
todo trabalhe corretamente e não apresente patologias. O diálogo entre os responsáveis pelo
projeto da cobertura, pelo projeto de fundações e pelo projeto estrutural é indispensável para
proporcionar ao cliente uma obra com qualidade e durabilidade.
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Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
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REFERÊNCIAS
ACELORMITTAL. Aços longos: telas soldadas nervuradas. [S. l.], 2009. Disponível em:
<https://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/telas_belgo/pdf/telas_belgo.pdf>.
Acesso em 12 out. 2014.
_____. Aços longos: barras de transferência. [S. l.], 2010. Disponível em:
<https://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/barras_transferencia/pdf/barras_transfe
rencia.pdf>. Acesso em 12 out. 2014.
_____. NBR 9062: projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro,
2006.
_____. NBR 8800: projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de
edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
_____. NBR 6118: projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
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FISCHER. Sistemas de fixação: chumbadores químicos. São Paulo, 2009. Disponível em:
<http://www.fischerbrasil.com.br/PortalData/5/Resources/fixing_systems/productonline_catal
ogue/chemicalfixings/_documents/Catologue_Chemical_Anchors.pdf>. Acesso em 12 out.
2014.
GOMES, F. C.; CALIL JÚNIOR, C. Estudo teórico e experimental das ações em silos
horizontais. Caderno de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 24, p. 35-63, 2005.
Disponível em:
<http://www.set.eesc.usp.br/cadernos/pdf/cee24_33.pdf>. Acesso em: 7 maio 2014.
3
estando no site <http://sisdep.conab.gov.br/capacidadeestatica/>, preencher o campo <Tipo de Relatório> com
a opção <Mapa da Capacidade Estática>, e o campo <Código de Segurança> com o código indicado no site.
Após, clique em <consultar>.
4
estando no site <http://www.denatran.gov.br/resolucoes.htm>, procurar na tabela indicada na página pela
Resolução n. 210.
__________________________________________________________________________________________
Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
80
_____. [Bagé: quantidade produzida de soja em grão]. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em:
<http://cidades.ibge.gov.br/cartograma/mapa.php?lang=&coduf=43&codmun=430160&idtem
a=123&codv=v131&search=rio-grande-do-sul|bage|sintese-das-informacoes-2012>. Acesso
em: 2 abr. 2014.
SAFARIAN, S. S.; HARRIS, E. C. Desing and construction of silos and bunkers. New
York: Van Nostrad Reinhold, 1985.
WALSYWA. Fixação para a construção civil. São Paulo, 2014. Disponível em:
<http://www.walsywa.com.br/pdf/Catalogo-Web.pdf>. Acesso em: 12 out. 2014.
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Flávia Benin Zen. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2014
81
__________________________________________________________________________________________
Armazém graneleiro: projeto com placas pré-fabricadas de concreto
82
Para este projeto foi utilizado telhas de aço do tipo trapezoidal revestidas com Zn-Al,
conhecidas como Aluzinc, e de espessura 0,50 milímetros, cujo peso próprio é de 4,56 kg/m²,
segundo catálogo da Associação Brasileira de Construção Metálica (2009), apresentado na
figura AP-A1.
Para consideração do peso das barras, foi arbitrado que os banzos superior e inferior têm
bitola de oito polegadas com espessura da alma de 5,59 milímetros, pesando 17,10 kg/m. Já as
barras que fazem ligação entre os banzos têm menor espessura, para possibilitar o encaixe
entre elas na montagem. As terças são formadas por perfil do tipo I. As informações
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referentes ao peso foram retiradas do catálogo do fabricante Gerdau (2009), conforme figura
AP-A2, e o aço utilizado é do tipo AR350.
O peso próprio das barras foi obtido somando-se o comprimento linear de todas as barras da
treliça, dividindo-se pela área de influência da mesma, representadas na figura AP-A3, e
multiplicando o valor encontrado pelo peso linear das mesmas. A carga encontrada foi
distribuída entre os nós da treliça, dividindo o peso total pela área de influência do nó. O peso
das terças e das telhas foi encontrado seguindo a mesma linha de raciocínio.
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A tabela AP-A1 apresenta o resumo das cargas e o carregamento total devido ao peso próprio
da cobertura.
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Perfil U
Comprimento
Peso linear Peso total
das barras
(kN/m) (kN)
(m)
83 0,156 12,95
83,4 0,171 14,26
26 0,122 3,17
Total 30,38
Área de inf. da treliça (m²) 150,00
Peso por m² (kN/m²) 0,20
Terças + contraventamento
Comprimento
Peso linear Peso total
das barras
(kN/m) (kN)
(m)
150 0,0848 12,72
Peso por m² (kN/m²) 0.0848
Telhas
Inclinação do Peso por m² Peso total
telhado (°) (kN/m²) (kN/m²)
41° 0,046 0,061
Peso total da cobertura 0,35 kN/m²
Separação da treliça (m) 5
Carga total (kN/m) 1,74
(fonte: elaborado pela autora)
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A ação do vento nas estruturas metálicas é uma das cargas mais importantes a considerar. A
avaliação das forças devidas ao vento é regida pela NBR 6123 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988).
A força estática devida ao vento é determinada através da pressão dinâmica atuante, que
depende essencialmente da velocidade do vento e dos fatores que a influenciam. Para a cidade
de Bagé, a velocidade básica do vento (V0) tem valor corresponde a 45 m/s, de acordo com o
mapa das isopletas de velocidade presentes nesta mesma norma.
Para fins de rugosidade, o terreno deste projeto foi classificado como sendo da Categoria III,
que corresponde a terrenos planos ou ondulados com obstáculos como edificações baixas e
esparsas. Quanto à classe, foi classificado como sendo de Classe C, uma vez que a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal excede 50 metros.
Por fim, tem-se que o valor da altura da edificação (z) é de 20,25 metros, resultando em um
valor de 0,96 para o coeficiente S2, obtido através de interpolação pela tabela presente na
figura AP-A4, retirada da NBR 6123.
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De acordo com a mesma norma, o valor de S3 a ser adotado para edificações e instalações
industriais com baixo fator de ocupação, ou seja, silos e armazéns é de 0,95, valor utilizado
para a estrutura projetada.
(fórmula AP-A1)
(fórmula AP-A2)
Onde:
q – pressão dinâmica, em N/m²;
Vk – velocidade característica, em m/s.
Neste projeto, a pressão dinâmica que irá multiplicar os coeficientes de pressão interna e
externa é de 1032,47 N/m².
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Os coeficientes de pressão externa foram calculados para telhados com duas águas,
simétricos, em edificações de planta retangular, conforme figura AP-A5. Os valores foram
encontrados interpolando-se o valor de inclinação do telhado para o vento a 0° e a 90°.
Segundo a Norma de vento, o coeficiente de pressão interna pode ser calculado por um
método iterativo, onde é necessário saber a área total das aberturas e os coeficientes de
pressão externa referente às paredes onde elas estão situadas. Esse coeficiente é encontrado
através da figura AP-A7 e estão representados na figura AP-A8.
Figura AP-A5 – Coeficiente de pressão externa para telhados com duas águas
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Foram analisados os coeficientes de pressão interna mais críticos para que, juntamente com os
coeficientes de pressão externa, pudesse ser encontrada a resultante dos coeficientes de
pressão, representados na figura AP-A9.
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F= Cq (fórmula AP-A3)
Onde:
F é a força resultante do vento na estrutura (N/m²);
C é a resultante entre os coeficientes de pressão interna e externa;
q é a pressão dinâmica do vento (N/m²)
As cargas de vento foram decompostas em suas componentes verticais e horizontais para cada
ângulo de incidência do vento, a fim de realizar as combinações de carregamentos para o
dimensionamento. Os valores encontrados estão apresentados nas tabelas AP-A2 e AP-A3 a
seguir.
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2 COMBINAÇÃO DE AÇÕES
Para esse projeto, as cargas combinadas dizem respeito ao peso próprio como carregamento
permanente, à solicitação do vento como carga variável e a uma carga acidental de 0,25
kN/m² recomendada para coberturas comuns.
As combinações últimas normais decorrem do uso previsto para a edificação, e em cada uma
devem estar incluídas as ações permanentes, a ação variável principal e a ação variável
secundária, aplicadas conforme a fórmula AP-A4:
(fórmula AP-A4)
Onde:
Fgi,k representa os valores característicos das ações permanentes;
FQ1,k é o valor característico da ação variável considerada principal para a combinação;
FQj,k representa os valores característicos das ações variáveis que podem atuar
concomitantemente com a ação variável principal;
gg é o coeficiente de ponderação das ações para a carga permanente;
gQ é o coeficiente de ponderação das ações para a carga variável;
y0 é o fator de redução para as cargas variáveis.
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A seguir, nas tabelas AP-A4 e AP-A5 estão listadas todas as combinações realizadas e os
resultados encontrados para verificar as solicitações nas águas de sotavento e barlavento do
telhado. Os coeficientes de ponderação utilizados para multiplicar as cargas foram:
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Essas combinações são aquelas que podem atuar durante grande parte da vida útil da
estrutura, e são utilizadas para efeitos de aparência de construção. No caso da treliça estudada,
o limitador para o Estado Limite de Serviço é o deslocamento que a estrutura pode sofrer. A
expressão para as combinações é a dada pela fórmula AP-A5:
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(fórmula AP-A5)
Onde:
Fgi,k representa os valores característicos das ações permanentes;
FQj,k representa os valores característicos das ações variáveis;
Y2 é o fator de redução para as cargas variáveis.
Como o coeficiente y2 para o vento é igual a zero, há apenas uma carga variável: o
carregamento acidental, cujo valor de y2 é 0,6. A combinação resultante é apresentada na
tabela AP-A6.
COMBINAÇÃO (kN/m)
F1 2,446
(fonte: elaborado pela autora)
São aquelas que se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura, e são
utilizadas para a verificação de movimentos laterais excessivos na estrutura. As combinações
frequentes são dadas pela fórmula AP-A6:
(fórmula AP-A6)
Onde:
FGi,k representa os valores característicos das ações permanentes;
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Combinações
Lado de Barlavento Lado de Sotavento Ação
(kN/m)
Vertical Horizontal Vertical Horizontal
F1 3,52 1,1 2,87 0,250 Sobrepressão
F2 1,92 -0,55 1,92 -0,55 Sucção
(fonte: elaborado pela autora)
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A força dinâmica de vento que atua nas placas depende da velocidade característica do vento
e do relevo do local onde o projeto será executado. Esses parâmetros, definidos pela NBR
6123 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988), foram apresentados
na seção 1.4 deste Apêndice. Assim, foram calculados os coeficientes de pressão externo e
interno, que somados, resultaram em um coeficiente C de pressão para cada parede da
edificação, conforme mostra a figura AP-A10.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS 2014/2
Prof. orientador: Roberto D. Rios
Assunto: Geometria
Escala: 1/200
01 /06
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