Dissertacao Mestrado Tania Kiehl Lucci 2013
Dissertacao Mestrado Tania Kiehl Lucci 2013
Dissertacao Mestrado Tania Kiehl Lucci 2013
SÃO PAULO
2013
TANIA KIEHL LUCCI
SÃO PAULO
2013
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Catalogação na publicação
Biblioteca Dante Moreira Leite
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
BF721
Nome: Tania Kiehl Lucci
Aprovado em:
Banca Examinadora
Instituição:________________________Assinatura______________________
Prof. Doutor_____________________________________________________
Instituição:________________________ Assinatura______________________
Prof. Doutor_____________________________________________________
Instituição:________________________ Assinatura______________________
Aos meus pais, irmãos e sobrinha,
pelo vínculo afetivo presente desde sempre.
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Vinícius de Moraes
Agradecimentos
A Vera Sílvia Bussab, pela paciência e carinho que lhe são próprios. A Marie-
Odile Chelini, pela prontidão em ajudar. Agradeço igualmente os excelentes
comentários e sugestões feitos pela Profa. Briseida Dôgo por ocasião da banca de
qualificação. Aos pesquisadores companheiros deste Projeto, em especial Bruna
Karen Theodoro de Souza e Juraci Aparecida de Mendonça Moreira, pela dedicação
e profissionalismo com que investiram no Projeto Ipê.
A Aline Dias, Prof. Adriano Polpo e Ágatha Rodrigues pelo trabalho estatístico
desenvolvido. Ao colega Vinicius Frayze David, pela permanente disposição em
contribuir. Ao Luiz Silva dos Santos e ao Prof. José Siqueira pela disponibilidade em
colaborar com as análises estatísticas relacionadas ao Projeto Ipê.
Aos funcionários do Serviço de Arquivo Médico Estatístico (SAME) do
Hospital Universitário pela acolhida durante a coleta os dados que constavam nos
prontuários. Ao Dr. Rodrigo Ruano e à enfermeira Eugênia Salustiano durante a
coleta de dados relacionados ao uso de ocitocina nos partos realizados neste
mesmo hospital. Ao auxílio fornecido pelos funcionários Caio Lunardi e Zulmira
Parros no laborioso processo de prestação de contas.
A Rosie Kiehl e Juliana Kiehl pelo auxílio na revisão do texto. A todos que
direta ou indiretamente ajudaram neste longo percurso: funcionários do
Departamento de Psicologia Experimental, em especial Sônia Maria Caetano de
Souza, e aos funcionários da secretaria de pós-graduação do IPUSP.
Agradeço também ao periódico Journal of Neuroscience e ao Copyright
Clearance Center pela concessão das imagens para uso neste trabalho. É
importante registrar o apoio da FAPESP, que viabilizou suporte para que o Projeto
Temático fosse possível.
The mother-infant bond, created from the earliest dyadic interactions, affects the
infant emotional development. The postpartum depression (PPD) is a depressive
disorder that can impair the quality of these interactions. During the first year of life
the infant is particularly susceptible to external stimuli and totally dependent on
parental care. The goal of the research reported in the dissertation was to investigate
the impact of PPD on psychomotor development in a sample of children living in an
urban area of the city of Sao Paulo, Brazil. This study is part of a FAPESP Thematic
Project which aimed to investigate the risk factors related to Postpartum Depression
(PPD) and its influence on children's development over the first three years of life.
Mothers’ mental state was assessed by the Edinburgh Postpartum Depression Scale
(EPDS) at four and eight months after delivery and neurodevelopmental milestones
were evaluated at four (N = 144), eight (N = 127) and twelve months (N = 94)
through items based on Gesell and Amatruda, M-Chat, Denver and IRDI. Information
was also collected about pregnancy, birth and neonatal evaluation from University
Hospital reports. The sex ratio was biased at birth in favor of girls, consistent with
Trivers and Willard Theory that harsh environmental conditions affects sex-ratio.
Data were analyzed through logistic regression, considering the influence of
postpartum depression, sex, age and day-care support. The results showed that
child development was negatively affected by maternal postpartum depression at
eight and twelve months, but not at four months. The baby's sex was also significant.
At eight month male babies had worse psychomotor performance when compared to
female, in accordance with literature showing that boys of PPD mothers are at
greater risk of poor development. Unlike expected, at 12 months children attending
day-care service showed poorer performance when compared to children who
stayed at home. The high prevalence of PPD in this population (26,7%) and the
results of the developmental evaluation are worrying, pointing to the need for mental
health public policies and early intervention. Even in adverse conditions high impact
solutions can be created, as Kangaroo care method. Furthermore, the results of this
research can contribute to a multidisciplinary effort, relevant to address issues
related to depression.
1. APRESENTAÇÃO 16
2. INTRODUÇÃO
2.1. PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA: BASES EVOLUTIVAS DO COMPORTAMENTO HUMANO
2.1.1. A contribuição de Darwin na descrição do desenvolvimento infantil 18
2.1.2. A Teoria do Apego 19
2.1.3. Teoria Comparativa do Desenvolvimento 21
2.1.4. Efeito da privação materna em primatas 25
2.1.5. Imaturidade do bebê humano e necessidade ampliada de cuidado parental 26
2.1.6. Teoria do Investimento Parental 30
2.1.7. Diferenciação entre os sexos e Teoria de Trivers 32
2.1.8. Evolução do Cérebro Social e da cultura 35
2.2. DESENVOLVIMENTO INFANTIL
2.2.1. Psicologia do Desenvolvimento Evolucionista (PDE) 37
2.2.2. Desenvolvimento neuropsicomotor 43
2.2.3. Formação do Sistema Nervoso Central e sua relação com o ambiente 47
2.2.4. Experiências iniciais e seu impacto na regulação hormonal e funcionamento do cérebro 52
2.3. DEPRESSÃO PÓS-PARTO
2.3.1. Função Adaptativa da depressão sob a Perspectiva Evolutiva 55
2.3.2. Depressão Pós-parto: sintomas 58
2.3.3. Prevalência da Depressão Pós-parto 60
2.3.4. Depressão Pós-parto: diagnóstico específico? 63
2.3.5. Fatores de risco para a Depressão Pós-parto 65
2.4. EFEITOS DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
2.4.1. Influência da depressão pós-parto: considerações iniciais 67
2.4.2. Influência da depressão pós-parto na qualidade das interações 68
2.4.3. Influência depressão pós-parto no desenvolvimento neuropsicomotor infantil 71
2.4.4. Influência da depressão pós-parto em função do sexo do bebê 73
3. OBJETIVOS E HIPÓTESES
3.1. Objetivo geral 76
3.2. Objetivos específicos 76
3.3. Hipóteses. 77
4. MÉTODO
4.1. Participantes 78
4.2. Instrumentos de medida 79
4.3. Procedimentos 83
4.4. Análises dos dados 85
4.4.1. Análises: considerações gerais 85
4.4.2. Análise objetivo 1: condições de saúde dos recém-nascidos 85
4.4.3. Análise objetivo 2: influência da Depressão Pós-parto no desenvolvimento infantil 86
4.4.4. Análise objetivo 3: investigar a razão do sexo ao nascimento 87
5. RESULTADOS
5.1. Análise descritiva geral 89
5.2. Resultado objetivo 1: avaliação das condições de saúde dos recém-nascidos 91
5.3. Resultado objetivo 2: avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor em função da DPP 92
5.3.1. Modelo 1: Desenvolvimento infantil aos 4 meses e depressão materna aos 4 meses. 96
5.3.2. Modelo 2: Desenvolvimento infantil aos 8 meses e depressão materna aos 8 meses 99
5.3.3. Modelo 3: Desenvolvimento infantil aos 8 meses e depressão materna aos 4 meses 101
5.3.4. Modelo 4: Desenvolvimento infantil aos 12 meses e depressão materna aos 8 meses 102
5.4. Resultado objetivo 3: análise da razão do sexo ao nascimento 104
6. DISCUSSÃO
6.1. Resultados descritivos gerais 107
6.2. Resultados principais 110
6.2.1. Influência da DPP sobre o desenvolvimento neuropsicomotor 110
6.2.2. Desenvolvimento infantil em função do sexo 116
6.2.3. Influência da creche no desenvolvimento infantil 118
6.2.4. Idade e desenvolvimento infantil 119
6.2.5. Comparação razão de sexo ao nascimento 121
6.3. Considerações metodológicas do estudo 123
6.4. Direcionamento de políticas públicas 125
128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS e APÊNDICES 147
16
1. APRESENTAÇÃO
2. INTRODUÇÃO
18
Darwin publicou seu livro “A origem das Espécies”, em 1858, no qual expôs
suas ideias sobre a seleção natural e, para complementar sua teoria da evolução,
publicou outros dois livros: “A descendência do Homem” em 1871, no qual
considera as semelhanças e a continuidade filogenética entre os símios e os
humanos e “A expressão das emoções no Homem e nos animais”, em 1872. O
trecho descrito anteriormente faz parte deste último livro, no qual Darwin relata
observações de animais e humanos com intuito de mostrar que compartilhamos
emoções básicas como raiva, alegria e medo. Sua ideia era defender que algumas
expressões humanas foram herdadas de antepassados primitivos e utilizou-se de
suas anotações sobre o filho para exemplificar emoções exibidas em tenra idade,
que não poderiam ter sido aprendidas. Assim como os órgãos e estruturas
corporais, os comportamentos e as expressões das emoções também passam por
um processo adaptativo e são produtos da evolução filogenética. Sob esta
perspectiva, os comportamentos não são vistos apenas em termos causais, mas
também em termos funcionais.
Figura 1 – ‘Macaco Rhesus’ fêmea interagindo com seu filhote através de sinal com a
boca (lip smacking). Imagem retirada do artigo ‘Reciprocal Face-to-Face Communication
between Rhesus Macaque Mothers and their Newborn Infants’, 2009. Current Biology
19, pg. 1769. Ferrari, F. Paukner, A. Ionica, C., & Suomi, S. Licença para reprodução da
imagem dada pela Copyright Clearance Center.
sociais adultas (Suomi, 1997). As crianças humanas também passam a maior parte
do tempo brincando e uma das explicações em termos funcionais é que a
brincadeira sirva de experimentação e preparação para as complexas interações
sociais da vida adulta.
“Nos humanos cujos bebês são tão onerosos, e para quem o planejamento
consciente (graças ao neocortex) é um fator de peso, o investimento
maternal na progênie é complicado por uma série de considerações
profundamente novas: expectativas culturais, papéis do gênero, sentimentos
como honra ou vergonha, preferências sexuais e percepção materna do
futuro. Tais complexidades não apagam predisposições mais antigas para
criar os filhos. Todos os sistemas nesta desordenada combinação são
minunciosamente examinados de acordo com custos, benefícios e relação
genética com o beneficiário infantil dos atos de altruísmo materno. Mas
nada disso garante a perfeita sincronia entre os sistemas.” (Hrdy, 2001, p.
398).
acasalar com fêmeas adicionais e aumentar sua taxa reprodutiva, enquanto a fêmea
não pode e, portanto deve investir na escolha de um ‘bom’ parceiro. A escolha da
fêmea baseia-se nos benefícios reprodutivos que o macho pode lhe oferecer e pode
estar associado aos genes, ao suporte social, ao auxílio com cuidados parentais ou
ainda uma combinações destas características anteriores (Campbell, 2002; Geary,
2006).
Contudo, outros animais podem apresentar inversão do padrão sexual de
cuidado parental, em função do tipo de acasalamento da espécie. Fêmeas de
espécies poliândricas com taxa rápida de reprodução irão acasalar com mais de um
parceiro, enquanto os machos podem incubar os ovos. Nestes casos as fêmeas
geralmente são maiores e mais combativas, enquanto os machos demonstram ser
mais exigentes. Um exemplo são as galinhas d’água. Nesta espécie os machos são
os principais responsáveis pela incubação dos ovos e as fêmeas competem entre si
para conseguir parceiros machos de alta qualidade, e é nesta espécie que está
representada pela maior reserva de gordura (Petrie, 1983).
As diferenças proximais entre os sexos nos humanos podem ser
interpretadas à luz da perspectiva evolutiva. Nossos ancestrais moravam em grupos
sociais em que as tarefas eram bem diferenciadas. As mulheres eram responsáveis
pela coleta de alimentos, pela construção de algumas ferramentas usadas na coleta
e no processamento de alimento e vestimentas, além da criação dos filhos,
enquanto os homens eram responsáveis pela caça. Durante milhares de anos estas
atribuições favoreceram a aquisição de diferentes habilidades que correspondem às
diferenças físicas, neurológicas e hormonais entre os sexos. As mulheres tornaram-
se cada vez mais hábeis nas tarefas relacionadas ao aspecto motor fino, geralmente
associadas às atividades de coleta e construção de ferramentas. O cuidado parental
prolongado e a comunicação entre as mulheres impulsionou a evolução de áreas
cerebrais responsáveis pelo desenvolvimento da linguagem. Ao contrário, os
homens precisavam percorrer longas distâncias em silêncio na busca de uma presa,
o que lhe rendeu melhor capacidade perceptiva visão espacial e comportamentos
mais agressivos (Joseph, 2000).
Compreender a variação sexual na proporção de nascimentos tem sido um
desafio. A Teoria de Trivers-Willard (1973) propõe que mães adotam uma estratégia
reprodutiva ajustando a proporção sexual de nascimento dos filhos conforme os
benefícios reprodutivos. Fêmeas em boas condições de saúde conseguem cuidar
34
melhor dos filhos e, portanto, estes também serão favorecidos até chegar à idade
adulta com maior sucesso reprodutivo do que os filhos de mães em condições
menos favoráveis. Em espécies poligínicas, os machos têm sucesso reprodutivo
mais variável do que o das fêmeas, já que machos em melhores condições
conseguem excluir outros machos da competição por acasalamento, podendo
inseminar diversas fêmeas. As fêmeas, por sua vez, têm sucesso reprodutivo mais
uniforme, e praticamente todas reproduzem. Em síntese, fêmeas em condições
favoráveis têm melhor sucesso reprodutivo quando concebem um filho do sexo
masculino, pois têm mais chances de deixar netos descendentes, enquanto fêmeas
em condições desfavoráveis têm melhor sucesso reprodutivo caso concebam um
filhote do sexo feminino (Trivers & Willard, 1973; Cameron, 2004).
Os mecanismos pelos quais é possível a viabilização desta estratégia
reprodutiva são pouco conhecidos. Muitas hipóteses investigam diferenças durante
a concepção ou ainda durante o desenvolvimento inicial após o parto. Uma delas é
a regulação de glicose no útero durante a divisão celular inicial, sendo o excesso de
glicose associado ao desenvolvimento de embriões do sexo masculino. Diferenças
nas taxas de mortalidade durante o período de investimento parental ou durante a
concepção também têm sido investigadas. Uma metanálise feita por Cameron
(2004), baseada em estudos de mamíferos não humanos, encontrou inconsistência
nos resultados, mas conclui que esta inconsistência parece estar mais associada às
condições de avaliação das medidas que à inexistência do ajuste parental. Sua
análise sugere maior probabilidade do ajuste ocorrer durante ou próximo ao
momento da implantação do embrião no útero. Os resultados de uma metanálise
realizada com base em estudos de aves e vespas (West & Sheldon, 2002) mostrou
que o controle na determinação do sexo em espécies haplodiploides (quando
fêmeas exercem controle do sexo da prole pela fertilização do ovo) não impede
necessariamente o ajuste da proporção sexual. Além disto, a habilidade parental em
predizer as condições do ambiente parece influenciar a evolução de padrões na
proporção de nascimentos de sexos diferentes.
Em humanos, estudos encontraram associação de eventos estressores na
redução das proporções entre os sexos, como terremotos, desastres ambientais e
guerras. Um estudo com humanos foi realizado comparando as razões sexuais de
nascimento entre a Alemanha Ocidental e Oriental entre 1946 e 1999. Foi
confirmada a hipótese inicial de que o colapso econômico da Alemanha Oriental em
35
1
ou “peek-a-boo”, brincadeira na qual o adulto esconde o rosto e depois retorna ao campo visual da
criança, geralmente seguida por um “achou”.
43
aquisição de habilidades por parte da criança, de acordo com sua idade cronológica
(Figura 4). No entanto, é preciso estar atento às diferenças culturais que podem
influenciar o desenvolvimento. Novos estudos que avaliam o desenvolvimento
neuropsicomotor em diferentes culturas têm contribuído para apontar a grande
variação na sequência, forma e momento de aquisição de habilidades, mostrando
que as práticas de cuidado parental podem influenciar resultados diferentes (Adolph,
Karasik & Tamis-LeMonda, 2012).
As mudanças rápidas que acontecem no sistema nervoso durante os
primeiros anos, em conjunto com o desenvolvimento físico e aquisição de novas
habilidades, faz aumentar a capacidade de exploração do bebê. Maior capacidade
de exploração influencia o desenvolvimento perceptivo e cognitivo, afetando
também o desenvolvimento do cérebro.
2
Affordance é a qualidade de um objeto, ou de um ambiente, que permite que um indivíduo realize uma ação.
47
ambiente tem influência desde muito cedo no organismo. Alguns autores sugerem
inclusive que a aprendizagem pode ter início durante o desenvolvimento no útero,
sofrendo aceleração depois do nascimento. Daí pode-se concluir que a qualidade
das interações iniciais, como o vínculo entre pais e filhos, por exemplo, é
fundamental para o desenvolvimento tanto biológico quanto psicossocial (Eisenberg,
1999).
Darwin, em 1872, já havia previsto um pressuposto importante para a
neurociência, de que o comportamento repetido interfere nas células nervosas.
“Não se sabe ao certo como pode o hábito ser tão eficiente na facilitação de
movimentos complexos (...) a força condutora das fibras nervosas aumenta
com a frequência da sua excitação. Isso se aplica tanto nos nervos motores e
sensitivos quanto àqueles envolvidos com o ato de pensar. Dificilmente
podemos duvidar que alguma mudança física se produza nas células
nervosas e nos nervos que são habitualmente utilizados…” (Darwin,
1872/2000, p. 37).
3
O índice de Apgar é uma avaliação de 5 sinais do recém-nascido (frequência cardíaca, respiração, tônus
muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele) feita no 1°, 5° e no 10° minuto após o nascimento. A soma dos
pontos resulta no Índice de Apgar: entre 8 e 10, significa que o bebê nasceu em ótimas condições; score 7
significa dificuldade leve; pontuação entre 4 e 6, traduz uma dificuldade de grau moderado, e de 0 a 3
dificuldade de ordem grave. O Apgar do 5° e 10° minuto são considerados mais acurados, e dão indícios sobre
a saúde neurológica da criança.
64
Field (1984) mostrou que a DPP materna afeta a qualidade das interações
mãe-bebê aos três meses após o parto. Ela pediu às mães com e sem depressão
que brincassem normalmente com as crianças e intercalassem um curto período em
que fingiam estar tristes. As mães do grupo sem depressão exibiram maior
frequência de vocalizações e expressões faciais positivas e passaram mais tempo
olhando e tocando seus filhos quando comparadas às mães com depressão pós-
parto. Por sua vez, filhos de mães sem depressão também demonstraram maior
vocalização e frequência de expressões faciais positivas, além de maior frequência
cardíaca do que filhos de mães com depressão. Também exibiram mais
comportamentos reativos quando suas mães fingiam estar tristes.
Neste estudo, a situação perturbadora das mães fingindo tristeza causou
maior reação negativa nas mães e nos bebês do grupo sem depressão. Field
interpretou que as respostas menos variadas dos bebês do grupo com depressão
67
DPP percebem-se mais impacientes com o bebê e relataram com maior frequência
que seus filhos davam “muito trabalho”, quando comparadas às mães sem DPP, em
três avaliações feitas durante o primeiro ano após o parto. Aos quatro meses, mais
mães com DPP relataram ter dificuldades nos cuidados despendidos aos bebês,
avaliaram dedicar pouco tempo ao filho e também relataram maior conflito conjugal
quando comparadas às mães sem DPP (Lucci, Morais & Otta, 2011).
Em contraposição a estes achados, um estudo realizado com mães jovens de
origem africana e porto-riquenhas não encontrou diferença na qualidade da
interação mãe-bebê entre mulheres com e sem indicativos de depressão pós-parto
(Leadbeater & Bishop, 1996). Uma pesquisa associada ao Projeto Temático
realizado na cidade de São Paulo encontrou diferença marginal na qualidade de
interação entre mães depressivas e bebês aos quatro meses apenas no item
‘estruturação’, que avalia a capacidade materna de fornecer estrutura adequada
durante a interação propiciando maior autonomia dos bebês (Fonseca, Silva & Otta,
2010).
A identificação da duração da DPP também parece ser um fator importante.
Mulheres casadas de classe média foram avaliadas durante a interação com seus
bebês aos dois, quatro e seis meses em três situações: durante a alimentação,
durante brincadeiras com um brinquedo e em interações face-a-face. As mães que
estavam deprimidas durante os seis meses seguidos apresentaram interações mais
negativas do que as mães que estavam deprimidas durante menor tempo
(Campbell, Cohn & Meyers, 1995). Este resultado sugere que a cronicidade da
depressão materna é um fator importante que deve ser considerado nas pesquisas
que investigam a qualidade da interação mãe-bebê e seus prejuízos para o
desenvolvimento infantil, assim como a severidade da depressão materna.
Um estudo realizado pelo National Center for Education Statistics e baseado
nos dados do Early Childhood Longitudinal Study (ECLS), utilizou uma amostra com
5.089 crianças, muitas delas pertencentes a grupos étnicos minoritários (como
índios americanos, asiáticos e das ilhas do pacífico, recém-nascidos de baixo peso
e gêmeos). Nesta amostra, tanto a depressão materna quanto paterna foram
associadas a menor frequência de atividades realizadas junto com as crianças como
leitura, canções, contar histórias e jogos (Paulson, Dauber, & Leiferman, 2006).
Atividades interativas entre pais e filhos estreitam as relações afetivas e estimulam o
desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças. Menor frequência de
69
1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
Pessoal/ Social Mental/Cognição Motor Linguagem
3. OBJETIVOS E HIPÓTESES
3.3. Hipóteses
1) A hipótese nula (H0) é que os bebês filhos de mães com depressão pós-
parto aos quatro meses apresentam, quando recém-nascidos índices comparáveis
de APGAR, peso, comprimento e perímetro cefálico em comparação aos filhos de
mães sem DPP. Vale notar que o Hospital Universitário da USP atende casos de
mulheres que não apresentam complicações durante a gestação, o que sugere que
a amostra não terá diferenças com relação a estes aspectos.
5) A hipótese é que a razão de nascimento por sexo difere entre as mulheres com
indicativos de depressão que realizaram o parto no hospital público em comparação
às mulheres sem indicativos de depressão que realizaram o parto no hospital
privado.
76
4. MÉTODO
4.1. Participantes
Desenvolvimento Neuropsicomotor
Para acompanhar o desenvolvimento dos bebês foram usados itens
selecionados de quatro instrumentos, além de itens elaborados por pesquisadores
do Projeto Temático. A ideia foi selecionar aspectos que representassem marcos de
desenvolvimento infantil e que pudessem ser avaliados durante
observação/entrevista das díades. Cada item esperado para a idade avalia a
capacidade do bebê em realizar determinada tarefa (sucesso ou fracasso). A
construção passou pelo crivo de duas pediatras, uma psiquiatra e uma psicóloga -
todas com longa prática clínica e em observação do desenvolvimento infantil. Os
itens foram selecionados a partir de quatro instrumentos (Anexos B, C, D): Escala
Denver, Escala Gesell/Amatruda, Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-Chat)
e Indicadores de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI).
Escala Denver
A Escala Denver foi construída por Frankenburg e Dodds em 1967, com base
no trabalho de Arnold Gesell e foi reformulada em 1992, passando a ser chamada
Denver II. O instrumento é recomendado para crianças entre zero e seis anos e tem
por objetivo comparar a o desempenho com o padrão esperado para crianças da
mesma idade em realizar determinada tarefa, permitindo a identificação de
possíveis riscos de desenvolvimento. Tem como propósito definir as idades em que
a maioria das crianças deveria realizar tarefas específicas (Frankenburg, 1992 in
Fritx, 2007; Vieira, Ribeiro & Formiga, 2009). São 125 questões organizadas em
quatro áreas distintas de desenvolvimento neuropsicomotor: pessoal-social,
adaptação motora fina, linguagem e motricidade ampla. A quantidade de itens a
depende da idade e capacidade da criança. Cada item do teste é graficamente
representado por uma barra, que indica o percentual de crianças que conseguiram
realizar aquela tarefa, além de indicar a idade mínima e máxima. A avaliação é
realizada através da observação dos comportamentos pelo pesquisador e, quando
isto não é possível, solicita-se que a mãe (ou cuidador) responda se o filho é capaz
de realizar determinada tarefa.
Escala Gesell/Amatruda
O teste de Gesell foi elaborado na década de 20 e reformulado década de 80,
conhecido atualmente como teste de Gesell e Amatruda. Pode ser aplicado em
79
crianças com idade entre quatro semanas e 36 meses e tem por objetivo avaliar,
através da observação direta, quatro categorias de comportamento: comportamento
‘adaptativo’ (organização e adaptação sensório-motora relacionada com a
cognição), comportamento ‘motor grosso’ (sustentação da cabeça, sentar,
engatinhar, andar) e ‘fino’ (manipulação de objetos com as mãos); ‘linguagem’
(comportamento verbal e não-verbal para expressão e compreensão) e
comportamento ‘pessoal-social’ (aptidões em lidar com seus sentimentos e em
interagir com outras pessoas). O resultado final é quantitativo e expresso como
quociente de desenvolvimento. Os dados são comparados a uma escala construída
a partir de comportamentos padrão apresentados por crianças para cada faixa
etária.
M-Chat4
O M-Chat foi elaborado por Robins, Fien e Barton em 1990 e traduzido para o
português por Pondé e Losapio em 2008. Contém 23 questões sobre o
desenvolvimento e comportamento de crianças entre 16 e 30 meses e tem por
objetivo rastrear perturbações do espectro do autismo. As respostas levam em
conta observações dos pais com relação ao comportamento das crianças e devem
ser respondidas com sim ou não para avaliar determinada habilidade. Esta escala é
uma extensão do instrumento anterior CHAT, sendo que as primeiras nove questões
foram mantidas e as outras 14 questões foram elaboradas através de uma lista de
sintomas recorrentes em crianças com autismo.
4
Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-Chat)
80
Entrevistas estruturadas
No Projeto Temático ao qual esta pesquisa está associada, foram realizadas,
no total, oito entrevistas entre o período de gestação e 36 meses de vida da criança.
Para o trabalho aqui relatado foram selecionadas algumas questões das entrevistas
realizadas durante o último trimestre de gestação nas UBS, logo após o parto no
Hospital Universitário da USP, e das entrevistas realizadas aos quatro, oito e doze
meses realizadas no Laboratório de Observação do Comportamento do IPUSP. Os
dados analisados foram:
Primeira Entrevista realizada com a mãe (Gestação): Idade, escolaridade,
número de filhos, número de abortos, se a mãe convive com o companheiro e se já
teve depressão anteriormente, não relacionada à gestação.
Terceira Entrevista com a mãe (entre quatro e 16 semanas após o parto):
Aplicação da Escala de Depressão Pós-parto de Edinburgh.
Quarta Entrevista/Observação com a mãe/bebê (quatro meses após o parto):
Idade do bebê, quem é o cuidador principal e se frequenta creche. Além destas
questões, o desenvolvimento neuropsicomotor da criança foi avaliado a partir de
vinte e duas questões do Instrumento construído: doze questões relacionadas à
interação social, cinco questões relacionadas ao aspecto motor-adaptativo, três
questões sobre desenvolvimento motor grosso e duas questões sobre linguagem.
81
Quinta Entrevista com a mãe/bebê (oito meses após o parto): Idade do bebê,
cuidador principal e se frequenta creche. A avaliação do desenvolvimento
neuropsicomotor deu-se através de vinte e cinco questões: treze questões relativas
à interação social da criança, seis questões ligadas ao aspecto motor-adaptativo,
quatro relacionadas ao desenvolvimento motor grosso e duas sobre linguagem.
Sexta Entrevista com a mãe/criança (doze meses após o parto): idade da
criança, cuidador principal e se frequenta creche ou escolinha. Com relação ao
desenvolvimento neuropsicomotor, foram avaliados vinte e três itens: quinze
questões relacionadas à interação social, duas referentes ao motor fino, quatro ao
motor grosso e duas à linguagem.
4.3. Procedimentos
5
APGAR consiste na avaliação de cinco sinais objetivos do recém-nascido no primeiro, no quinto e no décimo
minuto após o nascimento.
82
Para uma descrição geral da amostra foi feita uma análise descritiva com as
informações sociodemográficas e relativas ao contexto familiar dos participantes. A
análise descritiva levou em conta todas as mães que participaram da entrevista aos
quatro meses, aos oito e/ou aos 12 meses, totalizando 171 díades. Estas
informações foram complementadas com dados constantes dos prontuários do
Hospital Universitário (no caso das mães cujo parto ocorreu no HU), ou de
entrevistas posteriores. Foi calculada a média; valor mínimo e máximo; e desvio
padrão das variáveis e foi realizado um “t” para comparação das médias entre o
grupo controle e o experimental. Foram realizados testes de qui-quadrado para
verificar a associação entre as variáveis nominais e a depressão materna.
6
A análise dos resultados associados ao Objetivo 2 foi realizada pela aluna de graduação
do curso de Estatística da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Aline Dias, como
parte de sua Tese de Conclusão de Curso. A aluna contou com a supervisão do Professor
Adriano Polpo, da Universidade Federal de São Carlos e da estatística Agatha Rodrigues,
associada ao Instituto de Psicologia da USP e mestre em estatística pelo Instituto de
Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo IME-USP.
84
exp( 0 1 X 1i 2 X 2i 3 X 3i 4 X 4i
i
1 exp( 0 1 X 1i 2 2i 3 X 3i 4 X 4i
X 1i = variável sexo
X 2 i = variável frenquenta creche
X 3i = idade do i.ésimo indivíduo
X 4 i = escore de depressão avaliado através da EDPE aplicada na mãe
do i.ésimo indivíduo.
0 , 1 , 2 , 3 , 4 são os parâmetros a serem estimados.
86
5. RESULTADOS
Mulheres com DPP tinham em média mais filhos (1,1) do que as mulheres
sem DPP (0,8) (t(163) = 2,674, p = 0,008). Os pais tinham em média 30 anos e a
maioria estava empregado (86,3%). A maioria das participantes morava com o
companheiro (78,4%) e com os filhos, compondo uma família nuclear (51,5%) ou
nuclear estendida (24,6%). No entanto, menos mulheres com DPP (68,2%) tinham
companheiro em comparação àquelas sem DPP (83,5%) (X²(1) = 4,610; p = 0,029).
Com relação às informações sobre a gestação, pode-se verificar, na
Tabela 3, que a maior parte das mulheres, tanto nos grupos com DPP com nos
grupos sem DPP, não havia planejado a gravidez. No entanto, a maioria declarou na
entrevista realizada no terceiro trimestre da gravidez que, apesar de não ter sido
planejada, a gravidez era desejada (76,7% no Grupo Sem DPP e 72,1% no Grupo
Com DPP). Apenas duas mulheres do grupo sem DPP declararam que não haviam
aceitado a gravidez. A maior parte das mulheres que desenvolveu depressão pós-
parto declarou ter tido episódio de depressão anterior não relacionada à gravidez
(61,3%), enquanto que apenas 16,3% das mulheres que não desenvolveram DPP
relataram episódios de depressão anterior.
De modo geral pode-se concluir que os bebês participantes das três amostras
nasceram em condições equivalentes de tamanho e de saúde, independentemente
de a mãe ter ou não desenvolvido depressão pós-parto algumas semanas depois.
Esta informação é útil para podermos comparar o desempenho na avaliação do
desenvolvimento neuropsicomotor nas três etapas seguintes. Ressalta-se que não
eram esperadas diferenças entre os grupos, visto que o Hospital Universitário não
realiza partos considerados de risco e estes casos são encaminhados para outros
hospitais.
Análise Descritiva
0,95
0,9
0,85
0,8
0,75
0,7
Social Motor Fino Linguagem Motor grosso
0,95
0,9
0,85
0,8
0,75
0,7
Social Motor Fino Linguagem Motor grosso
0,95
0,9
0,85
0,8
0,75
0,7
Social Motor Fino Linguagem Motor grosso
100
98
96
94
92
90 feminino
88 masculino
86
84
82
80
feminino masculino
*OR – Odds Ratio; **IC – Intervalo de 95% confiança para Odds Ratio
Para melhor ilustrar estes resultados, foi construído um gráfico (Figura 13)
com as pontuações médias esperadas de desempenho infantil na avaliação do
DNPM em função da idade das crianças (em semanas) e da média da pontuação de
indicadores depressivos das mães através do EDPE. As idades foram selecionadas
com base na média e dois desvios padrão para melhor representar a amostra. A
pontuação da EDPE materna foi selecionada com base na pontuação média na
EDPE de mães sem depressão (5) e de mães com depressão (18).
100
frequentavam. No que diz respeito à idade das crianças, o parâmetro também foi
negativo, indicando que quanto maior a idade da criança menor foi o desempenho
na avaliação do DNPM.
6. DISCUSSÃO
Uma hipótese alternativa proximal é que estas mães sofreram mais situações
de estresse durante a gestação, o que pode ter afetado o desenvolvimento do feto.
Estudos mostram que estresse crônico ligado a fatores psicossociais influencia a
regulação hormonal, podendo levar a alterações permanentes no sistema
endócrino, que podem resultar, por sua vez, em maior lentidão nos processos
associados ao crescimento e ao sistema imunitário (Lupien, McEwen, Gunnar &
Heim, 2009; Pierrehumbert, Torrisia, Glatza, Dimitrovab, Heinrichsc, & Halfond,
2009). Embora o feto se desenvolva protegido pela placenta dentro no útero
materno, não está livre de sofrer as influências das condições físicas, sociais e
psicológicas da mãe, pois estas condições podem resultar em alterações fisiológicas
que serão transmitidas através do cordão umbilical, como o hormônio cortisol,
relacionado ao estresse. Além disto, o feto também é capaz de perceber e
responder a circunstâncias sociais externas, como sons vindos de fora do corpo
materno (Cole & Cole, 2001).
Apesar destas diferenças apontadas anteriormente, a alta pontuação do
APGAR avaliado aos 10 minutos de vida indicou que todos os bebês estavam com
boas condições de saúde.
O presente estudo mostrou que a grande maioria das crianças atingiu mais
de 80% de indicadores positivos previstos para cada faixa etária na avaliação do
desenvolvimento neuropsicomotor, indicando que, de forma geral, as crianças
apresentaram desempenho desejável e esperado para cada idade avaliada. Ainda
assim, os resultados sugerem que a depressão pós-parto materna prejudicou o
desenvolvimento neuropsicomotor.
Os resultados apontam que o estado depressivo materno afetou de forma
negativa o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças avaliadas aos oito e aos
109
doze meses de vida, mas não aquelas com quatro meses. Outras pesquisas
também encontraram resultado de prejuízos no desenvolvimento de bebês de pouca
idade. Figueiredo (1996) encontrou prejuízo no comportamento de bebês filhos de
mães com DPP avaliados aos três, seis e doze meses, e problemas cognitivos aos
seis e doze meses, mas não aos três meses. Este resultado também foi coerente
com o demonstrado pela revisão feita por Parsons, Young, Rochat, Kringelbach e
Stein (2011) com intuito de verificar os efeitos da depressão materna em países em
desenvolvimento. Bebês indianos filhos de mães com DPP tiveram pior
desenvolvimento mental aos seis meses de vida, mas seu desempenho motor não
foi afetado. Bebês da Ilha de Barbados filhos de mães com DPP mostraram
dificuldades sociais e cognitivas aos seis meses de vida. Na Etiópia, os filhos de
mães com DPP tiveram pior desempenho em itens de interação social, motor-fino e
motor-grosso, avaliados entre três e 24 meses, mas não apresentaram déficit de
linguagem. No Paquistão, filhos de mães com depressão pós-parto também
mostraram prejuízos neuropsicomotores quando avaliados aos dois, seis e doze
meses (Iqbar, 2008).
Na presente pesquisa, as habilidades neuropsicomotoras foram analisadas
em conjunto e, portanto, não é possível realizar a comparação dos aspectos
específicos que foram mais ou menos prejudicados. Em outro trabalho, esta autora
integrouuma equipe do Projeto Temático FAPESP que investigou as diferenças no
desempenho de cada item avaliado aos quatro, oito e doze meses entre filhos de
mães com e sem depressão (Morais, Lucci & Otta, 2013). Aos quatro meses os
dois indicativos de interação associados à DPP foram: menor frequência de fala da
mãe com seu bebê e menor procura do bebê pelo olhar da mãe. Este resultado está
de acordo com a literatura, que sugere que as mães com DPP apresentam menor
qualidade de interação com seu bebê. Segundo Murray e Cooper (1997), a
depressão pós-parto reflete-se numa interação caracterizada por menor frequência
de falas, de contato visual, expressão emocional e ainda menor responsividade,
indicando menor disponibilidade emocional da mãe em cuidar de seu bebê. Há
evidências de que os bebês são capazes de perceber as alterações do
comportamento do adulto como direção do olhar, entonação da voz e ainda estados
afetivos das pessoas ao seu redor. Field (1984) sugere que os bebês, além de
perceberem as informações do ambiente, adaptam seu comportamento às
respostas das mães. Isto sugere que a menor procura pelo olhar da mãe dos bebês
110
de quatro meses filhos de mães com DPP do Projeto Temático é uma resposta ao
comportamento materno.
Aos oito meses, os bebês filhos de mães com DPP tenderam a ter prejuízos
em dois indicadores motores: ‘sentar sem apoio’ e ‘aceitar alimentos sólidos ou
variados’. Já aos doze meses apresentaram menor capacidade de ‘andar com
suporte do adulto’. Destaca-se que os prejuízos de indicadores neuropsicomotores
dos bebês de oito e doze meses filhos de mães com DPP foram exclusivamente
motores, sugerindo menor estimulação de interações que promovessem este tipo de
desenvolvimento. Este resultado está de acordo com a descrição apresentada
anteriormente sobre a frequência de prejuízos relatados por 30 estudos sobre o
tema. O número de prejuízos foi mais frequentemente encontrado nos aspectos
pessoal-social e motor.
Segundo Shonkoff e Phillips (2000), o primeiro ano de vida representa o
período de maior desenvolvimento do sistema nervoso e é durante este período que
o sistema neural vai sendo construído e organizado. Aos três anos, as crianças
apresentam o dobro de conexões sinápticas de um adulto (Cole & Cole, 2001).
Quando o caminho neural é ativado por algum tipo de estímulo, as sinapses deste
percurso armazenam um sinal químico. As conexões repetidas irão aumentar a
força do sinal, de forma que na idade adulta estas conexões não serão eliminadas
(Chugani, 1998). Os primeiros meses de vida estão associados a uma intensa
capacidade metabólica que indica que os bebês estão formando milhares de
conexões sinápticas durante as interações com o ambiente. Algumas regiões
específicas do cérebro dos bebês parecem ser mais estimuladas como o córtex
sensório motor (responsável pela integração do input sensorial e output motor),
tálamo (relacionado à sensibilidade, motricidade e comportamento emocional),
gânglios basais (relacionado à aprendizagem de novas capacidades, formação de
hábitos e sistemas de recompensa), córtex parietal (responsável por integrar e
traduzir informações sensoriais para adequar o movimento ao espaço), e, após a
metade do primeiro ano, o córtex frontal (responsável pelo planejamento de
comportamentos e pensamentos complexos, expressão da personalidade e
modulação do comportamento social). Menos oportunidades de trocas interativas
com o ambiente resultam em menor ativação metabólica e menor quantidade de
sinapses. Apesar de a literatura demonstrar uma grande capacidade plástica do
111
resultados associados ao Projeto Temático. Assumindo que as mães com DPP são
menos diretivas, esta característica poderia estar senvindo de impulso para o
desenvolvimento mais rápido de alguns aspectos da linguagem, como um
mecanismo compensatório (Morais, Lucci & Otta, 2013).
A não influência da depressão materna no desenvolvimento dos bebês aos
quatro meses poderia indicar que nesta idade as crianças não tiveram tempo de
exposição suficiente a experiências menos estimuladoras no dia a dia com a mãe a
ponto de apresentar prejuízo nas respostas neuropsicomotoras, já que a depressão
pós-parto foi avaliada entre quatro e 16 semanas após o parto, praticamente no
mesmo período da avaliação do DNPM e não há indicação dos sinais depressivos
anteriores a este período avaliado. A maior parte dos estudos relata a necessidade
de exposição prolongada a situações de estresse para que haja alterações
permanentes e prejudiciais no sistema hormonal HPA ou mesmo das estruturas
cerebrais (Lupien, McEwen, Gunnar & Heim, 2009; Pierrehumbert, Torrisia, Glatza,
Dimitrovab, Heinrichsc, & Halfond, 2009).
Watt e Panksepp (2009) sugerem que a depressão é um traço adaptativo que
surge diante de situações que envolvem separação ou perda social, com intuito de
proteger o ‘cérebro social’ dos possíveis prejuízos de uma angústia prolongada.
Muitas vezes o nascimento de um filho envolve perdas ou reorganização dos papéis
sociais e estas situações podem ser consideradas um peso excessivo para algumas
mulheres. Sob esta perspectiva, pode-se pensar na hipótese de que estas mães
passaram os primeiros meses após o parto esforçando-se para se dedicarem aos
cuidados dos filhos e lutando contra a angústia associada à possível reorganização
de papeis ou perdas sociais. Após alguns meses, no entanto, este mecanismo foi
interrompido pelos sintomas da depressão, e as mães passaram então a uma fase
de ‘baixa disposição para lutar contra as adversidades’. Assim, a hipótese é que os
sintomas depressivos são uma resposta protetiva do organismo após um período de
grande exigência física e emocional. Podemos inferir que as mães do Projeto
Temático passaram os primeiros meses após o parto tentando reagir às dificuldades
e somente a partir da ‘desistência’ ou a partir do surgimento dos sintomas maternos
associados à depressão, é que as interações passaram a ser prejudicadas.
No entanto, outros estudos mostraram que bebês de poucos meses podem
ser afetados pela depressão pós-parto materna. Um estudo de Moszkowski, Stack,
Girouard, Field, Hernandez-Reif e Diego (2009) mostrou que bebês com quatro
113
meses de vida, filhos de mães com DPP, foram mais reativos a situações em que a
mãe fingia indisponibilidade emocional e física, sugerindo que os comportamentos já
podem ser influenciados pela depressão materna nesta idade. A revisão de
Parsons, Young, Rochat, Kringelbach e Stein (2011) também indicou prejuízos
associados à depressão materna no desenvolvimento de crianças a partir de três
meses de vida, assim como foram registrados resultados de pior desempenho de
bebês de dois meses em um estudo no Paquistão (Iqbal, 2008). Para confirmar esta
hipótese seria necessário saber se as mães do Projeto Temático exibiam sinais de
depressão antes dos quatro meses, fator não controlado pela pesquisa. Um estudo
integrado ao Projeto Temático indica que aos quatro meses as mães com DPP
neste mesmo período relataram maiores dificuldades quanto aos cuidados
despendidos aos bebês e avaliaram que dedicavam pouco tempo ao filho quando
comparadas às mães sem DPP (Lucci, Morais & Otta, 2011), o que mostra que, aos
quatro meses, as mães com sinais de DPP já estavam tendo dificuldades no
cuidado com os filhos.
O presente estudo mostrou que desenvolvimento infantil aos oito meses foi
prejudicado tanto pela depressão pós-parto materna avaliada quatro meses antes
quanto pela avaliação feita no mesmo período da avaliação do desenvolvimento
infantil. O desenvolvimento aos doze meses foi afetado pelos sinais depressivos
maternos avaliados dois meses antes. No estudo longitudinal realizado na
Inglaterra, Murray, Arteche, Fearon, Halligan, Croudace e Cooper (2010) foi
evidenciada a associação entre exposição aos sinais de depressão pós-parto nas
relações iniciais e vulnerabilidade para desenvolvimento de sintomas depressivos
16 anos mais tarde, sem associação com cronicidade ou exposição a episódios
mais recentes de depressão. No presente estudo foram encontrados efeitos de
prejuízos em uma distância temporal de quatro meses, insuficiente para afirmar que
os filhos de mães com DPP desta amostra apresentam maior risco de apresentar
prejuízos futuros, ainda mais considerando a grande capacidade plástica do
desenvolvimento de crianças nos primeiros anos de vida. No entanto, estudos
integrados ao Projeto Temático mostraram menor engajamento dos filhos de mães
com depressão pós-parto em uma tarefa de compreensão de intencionalidade
(Prado, 2013) e menor cooperação com o pesquisador em uma tarefa para avaliar o
comportamento cooperativo, ambos realizados com crianças de três anos (Stobaus,
Seidl-de-moura & Bussab, 2011).
114
feminino. Este resultado foi contrário aos resultados apontados na literatura, que
indicam maior prejuízo do desenvolvimento em bebês do sexo masculino.
As diferenças sexuais entre bebês pequenos são difíceis de serem notadas,
mas podem se revelar através de alguns padrões de comportamentos e reações
fisiológicas diferentes. A metanálise de Campbell e Eaton (1999) mostrou que os
bebês masculinos são mais ativos do que os do sexo feminino durante o primeiro
ano de vida. O estudo de Tronick, Cohn e Olson (1999) também encontrou
resultado semelhante. No paradigma da face imóvel, os bebês entre cinco e
seismeses reagiram diferentemente, confome o sexo. Os meninos mostraram com
maior frequência expressões faciais que indicavam raiva, mostraram-se mais
agitados e choraram com mais frequência em comparação às meninas.
O melhor desempenho de crianças do sexo masculino aos quatro meses
sofreu uma inversão aos oito meses, o que aproximou o resultado dentro do que é
esperado pela literatura. O desempenho das crianças do sexo masculino foi em
média menor do que o desempenho das crianças do sexo feminino. Uma criança do
sexo feminino apresentou 66% vezes mais chance de responder de forma positiva
aos itens avaliados, em comparação a uma criança do sexo masculino. Para fins de
comparação, supondo duas crianças com a mesma idade (oito meses) e com mães
que tiveram a mesmo score na EDPE de 25 pontos, seria esperado que a menina
tivesse 91,53% de indicativos positivos de DNPM, enquanto que o menino teria
chance de ter 86,64% de respostas positivas. Neste modelo, as diferenças entre
sexo foram maiores quando comparadas ao efeito aos quatro meses, e estão de
acordo com os resultados encontrados em estudos precedentes.
Na revisão dos artigos sobre os efeitos da depressão materna no
desenvolvimento neuropsicomotor infantil, cinco estudos evidenciaram os efeitos
associados ao sexo e todos apontaram prejuízos para as crianças do sexo
masculino, com exceção de um. No entanto, estes estudos descreviam resultados
relacionados às crianças mais velhas, entre quatro e 16 anos. Apenas um estudo,
entre os revisados, evidenciou prejuízos motores e cognitivos em meninos com 15
meses de idade nos aspetos motor e cognitivo avaliado pela Escala Bayley
(Cornish, McMahon, Ungerer, Barnett, Kowalenko & Tennant, 2005).
Um estudo associado a este projeto demonstrou que as meninas interagiram
e falaram mais com suas mães durante o período de interação livre, independente
da depressão pós-parto materna aos três anos de idade (Brocchi & Bussab, 2012).
116
No estudo que teve por objetivo investigar o impacto da DPP materna, Murray
(1992) observou que os bebês filhos de mães com DPP apresentaram com mais
frequência apego inseguro com suas mães e também tiveram pior desempenho na
tarefa de identificação de permanência do objeto. Outro estudo que envolveu a
tarefa do paradigma da face imóvel indicou que os bebês do sexo masculino
tendiam a se desinteressar com maior frequência pelas brincadeiras durante as
fases de teste (Weinberg, Karen, Olson, Beeghly & Tronick, 2006)
Sharp, Hay, Pawlby, Scmucker, Allen e Kumar (1995) também observaram
pior desempenho cognitivo de crianças do sexo masculino aos quatro anos de idade
em função da depressão materna e propõem três hipóteses explicativas. Os
meninos mostram ter um desenvolvimento mais lento em comparação as meninas e
este atraso pode dar-lhes uma desvantagem diante de interações mais pobres com
uma mãe que apresenta sinais de depressão pós-parto. Outra sugestão explicativa
é que as mães podem interagir de modo diverso, dependendo do sexo do seu filho.
A última hipótese explilcativa sugerida pelos autores, e que vai na mesma direção
do que foi discutido anteriormente sobre a sensibilidade da mãe em ‘avaliar’ os
custos e benefícios dos filhos, é que o sexo do bebê poderia ser um fator que
influencia o desenvolvimento de sinais depressivos maternos. Em países que
adotam políticas que favorecem um ou outro sexo, esta evidência talvez possa ser
mais notada.
Aos doze meses, além da DPP e da idade, a variável creche foi significativa
no modelo de regressão logística. A amostra avaliada neste tempo foi a que tinha
maior número de crianças que frequentavam creche (aproximadamente 20%). Ao
contrário do esperado, as crianças que frequentavam creche tiveram em média
menor DNPM em comparação com aquelas que não frequentavam. Esperava-se
que, por ser um ambiente que promove a interação com outros adultos de referência
e outras crianças, a participação na creche seria um estímulo para o
desenvolvimento. No entanto, os resultados do presente estudo mostraram o
contrário. Uma metanálise realizada por Goffroy, Côté, Parent e Séguin (2006)
117
avaliação realizada aos quatro meses de vida, maior idade dos bebês não foi
significativa para o aumento do desempenho na avaliação do DNPM. Isto
provavelmente se deve à menor variação da idade das crianças neste tempo
avaliado. Entre a criança mais nova e a mais velha a diferença foi de 11 semanas e
o resultado sugere que esta variação não foi significativa para detectar diferenças
quanto às habilidades neuropsicomotoras. Já aos oito meses, a diferença de idade
entre o bebê mais novo e o mais velho foi de 14 semanas. Neste modelo a variável
idade foi significativa e teve parâmetro positivo, indicando que quanto maior a idade,
maior o desenvolvimento da criança, como o esperado. Aos 12 meses a diferença
de idade entre o bebê mais novo e o mais velho foi de 16 semanas, mostrando que
esta amostra foi a que teve maior variação de idade. Neste modelo a variável idade
foi significativa, contudo teve um parâmetro negativo, indicando que quanto maior a
idade menor o desempenho infantil. Este resultado indica uma diminuição da
proporção esperada de indicadores positivos conforme a maior a idade do
participante. Apesar de todas as crianças apresentarem piora com o aumento da
idade, os bebês filhos de mães com DPP que frequentavam creche foram os mais
prejudicados.
Um estudo de Halpern, Giugliani, Victora, Barros e Horta (2000) avaliou o
desempenho neuropsicomotor de 1.363 crianças da cidade de Pelotas, com 12
meses de idade, de acordo com o instrumento Denver II. Os resultados indicaram
que 34% das crianças estavam com suspeita de atraso no desenvolvimento. Para
esta amostra, os fatores de risco que determinaram prejuízo do desenvolvimento
estavam associados aos fatores socioeconômicos (50% das crianças mais pobres
apresentaram atraso), número de irmãos maior do que três (responsável por 90%
de probabilidade do atraso do desenvolvimento), características ao nascimento
(menor peso, perímetro cefálico e comprimento), prematuridade e falta de
aleitamento materno (crianças que não mamaram no peito apresentaram 88% de
chance de atraso). O estudo em questão conclui que o atraso no desenvolvimento
tem causas multifatoriais, e ressalta o efeito cumulativo do risco.
A amostra do presente estudo foi caracterizada por famílias de baixa renda
da periferia da cidade de São Paulo e daí pode-se inferir que estas crianças estão
mais expostas a condições adversas. Uma hipótese para este resultado é que
tempo de exposição às situações consideradas de risco ou prejudiciais pode estar
influenciando a piora do desenvolvimento, conforme o aumento da idade. Esta
119
Esta foi uma análise inicial para investigar se a Teoria de Trivers e Willard
(1973), tão discutida na literatura, se refletiria nas amostras de mulheres que
participaram do Projeto Temático. Como dito anteriormente, esta teoria propõe que
as condições desfavoráveis de vida podem ter impacto na variação da razão de
nascimentos por sexo. Em condições adversas, as mulheres que concebem filhos
do sexo feminino teriam mais chances de sucesso reprodutivo do que se tivessem
tido filho do sexo masculino. Já em condições favoráveis torna-se mais vantajoso,
em termos reprodutivos, ter filhos do sexo masculino.
Em estudos com humanos, há evidências de viés no sentido de maior
proporção de nascimentos de bebês de sexo feminino em condições de guerra,
desastres naturais e crises econômicas (Catalano, 2003). Embora talvez menos
impactante, existe uma diferença significativa na qualidade de vida entre indivíduos
de diferentes segmentos sociais de um país em desenvolvimento e a proposta deste
trabalho foi avaliar se esta condição poderia atingir a variabilidade de sexo ao
nascimento. A distinção entre classes foi representada nesta amostra pelas
diferentes condições socioeconômicas entre mulheres atendidas pelo sistema púlico
de saúde e mulheres atendidas pelo hospital privado. Ainda seguindo o mesmo
120
diferença na avaliação do desempenho. Uma solução para este problema foi utilizar
no modelo estatístico a idade avaliada através da contagem de dias de vida.
Sugere-se que estudos futuros considerem a utilização desta técnica, de modo a
obter avaliações mais exatas. O sexo dos bebês também foi uma variável
importante que sugere diferenças no desenvolvimento infantil precoce e que podem
contribuir para esclarecer como estas diferenças acontecem na prática.
A variável que considerou se o bebê frequentava creche teve o intuito de
avaliar a influência de outros aspectos do ambiente no desenvolvimento infantil.
Sabe-se que as mães precisam cada vez mais do apoio de instituições que cuidem
de seus filhos para que possam trabalhar num emprego formal ou mesmo nas
tarefas relacionadas à gestão familiar. Outras variáveis também poderiam ter sido
utilizadas, como o apoio de familiares ou mesmo de filhos mais velhos, mas
faltavam dados mais precisos sobre quanto cada uma destas pessoas de fato
contribui no cuidado. O resultado contrário ao esperado, ou seja, que as crianças
que frequentam creche tiveram pior desempenho trouxe à tona outros aspectos
importantes a serem considerados, como a qualidade dos serviços prestados ou,
ainda, a idade em que as crianças podem se beneficiar desses serviços sem
prejuízo para seu desenvolvimento. Estudos futuros são necessários para avaliar
estes aspectos.
Outra questão importante nos estudos longitudinais é considerar as perdas
de participantes. Inicialmente houve a adesão de 400 gestantes, mas, ao longo de
três anos, apenas por volta de 100 mulheres continuaram a participar da pesquisa.
Se considerarmos a dificuldade de deslocamento e ainda outros entraves como a
liberação do trabalho ou, ainda, gerenciar as tarefas diárias para dedicar tempo para
a pesquisa, podemos avaliar que este número final de participantes é alto, ainda
mais considerando que a amostra contava com aproximadamente 28% de mulheres
com indicativos de depressão. Outros países aceitam o pagamento ou outros
incentivos aos participantes pelo tempo disponibilizado a pesquisa, mas no Brasil
isto não é possível. Oferecemos uma ajuda de custo para o deslocamento de
ônibus, um DVD com as filmagens realizadas a cada etapa e duas reuniões de
confraternização em agradecimento pela participação. Para os estudos futuros
sugere-se considerar o deslocamento dos pesquisadores para o acompanhamento
dos participantes.
123
diversas outras áreas não associadas diretamente à saúde (Marmot, Allen, Bell &
Goldblatt, 2012). Sabendo que a DPP é resultado de causas biológicas, psicológicas
e sociais, o apoio social é um dos pilares que podem ter impacto na prevenção e
redução das taxas de depressão. Assim, além das iniciativas apontadas
anteriormente, políticas públicas também devem investir em escolas e creches de
boa qualidade, além de centros recreativos e culturais. Um artigo escrito pela equipe
de pós-parto de uma organização sem fins lucrativos afirma:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, D. F., Tavares, H. R., & Valle, R. C.(2000). Teoria da Resposta ao Item.
Conceitos e Aplicações. Associação Brasileira de Estatística: São Paulo.
Ariès, P. (1981). História social da criança e da família. (D. Flaksman, trad.) (2ª ed.).
Rio de Janeiro: Zahar Editores.
Bard, K. A., Platzman, K. A., Lester, B. M., & Suomi, S. J. (1992). Orientation to
social and nonsocial stimuli in neonatal chimpanzees and humans. Infant
Behavior and development, 15 (1), 43-56.
Connellan, J., Baron-Cohen, S., Wheelwright, S., Batki, A., & Ahluwalia, J. (2000).
Sex differences in human neonatal social perception. Infant Behavior and
Development, 23(1), 113-118.
129
Barrett-Connor, E., Muhlen, D. V., Laughlin, G. A., & Kripke, A. (1999) Endogenous
levels of dehidroepiandrosterone sulfate, but not other sex hormones, are
associated with depressed mood in older women: the Rancho Bernardo Study,
Journal of the American Geriatrics society, 47(1) 685-691.
Bloch, M., Daly, R. C., & Rubinow, D. R. (2003). Endocrine Factors in the Etiology of
Postpartum Depression. Comprehensive Psychiatry, 44 (3), 234-246.
Blumberg, N. L. (1980). Effects of neonatal risk, maternal attitude, and cognitive style
on early postpartum adjustment. Journal of Abnormal Psychology, 89(2), 139-
150;
Bowlby J. (1969/1973). Attachment and loss. New York: Basic Books; 1973. v.1, 2.
Brüne, M., & Brüne-Cohrs, U. (2006). Theory of mind evolution, ontogeny, brain
mechanisms and psychopathology. Neuroscience & Biobehavioral Reviews,
30(4) 437–455.
Burgess, R. L., & Drais, A. A. (1999). Beyond the “Cinderella effect”. Human
Nature, 10(4), 373-398.
Bussab, V.S. R., & Ades, C. (no prelo). Etologia e Desenvolvimento. In J. Assunção,
& Kuczynski. Tratado de Psiquiatria da Infância e Adolescência Francisco
Assunção. São Paulo, SP: Livraria Ateneu, 2° edição.
Campbell, D. W., & Eaton, W. (1999). Sex Differences in the Activity Level of Infants.
Infant and Child Development, 8, 1-17.
Catalano, R. A. (2003). Sex ratios in the two Germanies: a test of the economic
stress hypothesis. Human Reproduction, 18(9), 1972-1975.
Chelini, M.O.M., Fonseca, V. R. J. R. M., Rocha, Ruano, R., Zugaib, M. & Otta, E.
(submitted). Postpartum depression: early impact on newborn cortisol levels is
modulated by mother behavior.
Cole, M., & Cole, S. R. (2001). The development of Children. (4ª. Ed.), New York:
Worth Publishers.
Collins, N. L., Dunkel-Schetter, C., Lobel, M., & Scrimshaw, S. C. (1993). Social
support in pregnancy: psychosocial correlates of birth outcomes and
131
Cooper, P.J., & Murray, L. (1995). Course and recurrence of postnatal depression.
Evidence for the specificity of the diagnostic concept. The British Journal of
Psychiatry, 166, 191-195. Recuperado em 30 de março de 2012 de
http://bjp.rcpych.org/content/166/2/191#BIBL
Cosmides, L.; & Tooby, J. (1992). Cognitive Adaptations for Social Exchange. Em J.
Barkow, L. Cosmides & J. Toob (Eds.), The Adapted Mind: Evolutionary
psychology and the generation culture. New York: Oxford University Press,
pag. 163-228.
Cosmides, L., Toolby, J., & Barkow, J. (1995). Introduction: Evolutionary Pscyhology
and conceptual integration. Em J. Barkow, L. Cosmides & J. Toob (Eds.), The
Adapted Mind: Evolutionary psychology and the generation culture. New York:
Oxford University Press, pag. 3-18.
Cossette, L.; Pomerleau, A.; Malcuit, G.; & Kaczorowski, J. (1996). Emotional
expressions of female and male infants in a social and a nonsocial context. Sex
Roles, 45 (11;12), 693-709.
Cox, J. L., Murray, D., & Chapman, G. (1993). A controlled study of the onset,
duration and prevalence of Postnatal Depression. British Journal of Psychiatry,
163, 27-31. Recuperado em 04 de abril de 2012 de http://bjp.rcpsych.org/
Daly, M., & Wilson, M. (1995). Discriminative parental solicitude and the relevance of
evolutionary models to the analysis of motivational systems. In M. Gazzaniga,
(ed.)The cognitive neurosciences. Cambridge MA: MIT Press.
Darwin, C. (1872). The expression of emotions in man and animals. (1a ed.).
London: John Murray. Recuperado em 13 de abril, de http://darwin-
online.org.uk/content/frameset?pageseq=387&itemID=F1142&viewtype=side
Davis, M., & Emory, E. (2008). Sex Differences in Neonatal Stress Reactivity. Child
Development, 66(1), 14-27.
Deave, T., Heron, J., Evans, J., & Emond, A. (2008). The impact of maternal
depression in pregnancy on early child development. BJOG, 115 (1), 1043-
1051.
132
Deoni, S. C. L, Mercure, E. Blasi, A., Gasston, D., Thomson, A., & Johnson, M.
(2011). Mapping Infant Brain Myelination with Magnetic Resonance Imaging.
The Journal of Neuroscience, 31(2),784 –791.
DeSilva, J. M., & Lesnik, J. J. (2008). Brain size at birth throughout human evolution:
a new method for estimating neonatal brain size in hominins.Journal of Human
Evolution, 55(6), 1064-1074.
Ditzen, B., Schaer, M., Gabriel, B., Bodenmann, G., Ehlert, U., & Heinrichs, M.
(2009). Intranasal Oxytocin Increases Positive Communication and Reduces
Cortisol Levels during coulpe conflict. Psychiatry, 65(1), 728-731.
Dunbar, R. I. M., & Shultz, S. (2007). Evolution in the Social Brain. Science,
317(5843), 1344-1347.
Eibl-Eibesfeldt, I. (2009). Human Ethology. (2a. ed.), New York: Aldine de Gruyter.
Emery, N.J., Lorincz, E. N., Perrett, D. I., Oram, M. W., & Baker, C. I. (1997). Gaze
following and Joint Attention in Rhesus Monkeys (Macaca mulatta). Journal of
Comparative Psychology, 111 (3), 286-293.
Fan, F., Zou, Y., Ma, A., Yue, Y., Mao, W., & Ma, X. (2009). Hormonal changes and
somatopsychologic manifestations in the first trimester of pregnancy and
postpartum. International Journal of Gynecology and Obstetrics, 105 (1), 46-49.
Ferrari, P. F., Visalberghi, E., Paukner, A. Fogassi, L., Ruggiero, A., & Suomi, S. J.
(2006). Neonatal Imitation in Rhesus Macaques. Plos Biology, 4 (9), 1501-
1508.
Ferrari, P. F., Paukner, A., Ionica, C., & Suomi, S. (2009). Reciprocal face-to-face
communication between rhesus macaque mothers and their newborn infants.
Current Biology 19, 1768–1772.
Field, T., Sandberg, D. Garcia, R. Vega-Lahr, N., Goldstein, S. & Guy, L. (1985).
Pregnancy problems, postpartum depression, and early mother-infant
interactions. Developmental Psycholoy. 21(6), 1152-1156.
Field, T., Grizzle, N., Scafidi, F., Abrams, S., Richardson, S., Kuhn, C., & Schanberg,
S. (1996). Massage theraphy for infants of depressed mothers. Infant Behavior
and Development, 19(1), 107-112.
Field, T. (2001). Massage therapy facilitates weight gain in preterm infants. Current
Directions in Psychological Science, 10(2), 51-54.
Fonseca, V. R. J. R. M, Silva, G. A., & Otta. E (2010). Relação entre depressão pós-
parto e disponibilidade emocional materna. Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 26 (4), 738-746.
134
Forman, D. N., Videbech, P., Hedegaard, M. Salvig, J. D., & Secher, N. J. (2000).
Postpartum depression: identification of women at risk. Journal of Obstetrics &
Gynaecology, 107(10),1210–1217.
Frankenbug, W. K., Dodds, J. Archer, P. Shapiro, H., & Bresnick, B. (1992). The
Denver II: A major revision and restandardization of the Denver Developmental
Screening Test. American Academy of Pediatrics, 89, 91-97.
Galler, J. R, Harrison, R. H., Ramsey, F., Forde, V., & Butler, S. C. (2000). Maternal
Depressive Symptoms Affect Infant Cognitive Development in Barbados.
Journal of Child Psychology and Psychiatry, 41(6), 747-757.
Geary, D. C. (2006). Sexual selection and the evolution of human sex diferences.
Psychological Topics, 15(2), 203-238.
Gelman, R. (1990). First principles organize attention to and learning about relevant
data: Number and animate-inanimate distinction as examples. Cognitive
Science, 14, 79-106.
Gilbert, P. (1998). Evolutionary psychopathology: Why isn't the mind designed better
than it is? British Journal of Medical Psychology, 71(4), 353–373.
Grace, S. L., Evindar, A., & Stewart, D. E. (2003). The effect of postpartum
depression on child cognitive development and behavior: A review and critical
analysis of the literature. Arch Womens Ment Health 6, 263–274.
Grote, V., Vik, T., Kries, R., Luque, V. Socha, J., Verduci, E., Carlier, C. & Koletzko.
(2010). Maternal postnatal depression and child growth: a European cohort
study. BioMed Central Pediatrics, 10 (1), 14-21. Recuperado em 05 de janeiro
de 2012, de http://www.biomedcentral.com/1471-2431/10/14
Hadley, C. Tegegn, A., Tessema, F. Asefa, M., & Galea, S. (2008). Parental
Symptoms of common mental disorders and children’s scoial, motor, and
language development in sub-Saharan Africa. Annals of Human Biology, 35(3),
259-275.
Hay, D. F., Pawlby, S., Waters, C. S., & Sharp, D. (2008). Antepartum and
postpartum exposure to maternal depression: different effects on different
adolescent outcomes. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 49(10),
1079–1088.
Halpern, R., Victora, C. G., Barros, F. C., Horta, B. L., & Giugliani, E. R. J. (2000).
Fatores de risco para suspeita de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor
aos 12 meses de vida. Jornal de pediatria, 76 (6),421-428.
Hartley, C., Pretorius K., Mohamed, A., Laughton, B., Madhi, S., Cotton, M. F.,Steyn,
B., & Seedat, S. (2010). Maternal postpartum depression and infant social
withdrawal among human immunodeficiency virus (HIV) positive mother-infant
dyads. Psychol Health Med, 15(3), 278-87
Hansen, J., Macarini, S. M., Martins, G. D. F., Wanderlind, F. H., & Vieira, M. L.
(2007). O brincar e suas implicações para o desenvolvimento infantil a partir da
psicologia evolucionista. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento
Humano, 17(2), 133-143.
Herrera, E.,Reissland, N., & Shepherd, J. (2004). Maternal touch and maternal child-
directed speech:effects of depressed mood in the postnatal period. Journal of
Affective Disorders 81, 29 – 39.
Hinde, R. A., & Spencer-Booth, Y. (1967). The behaviour of socially living rhesus
monkeys in their first two and a half years. Animal Behaviour, 15(1), 169-196.
Young, A. D., Suomi, S. S., Harlow, H. F., & Mckinney, W. T. (1973). Early Stress
and Later Response to Separation in Rhesus Monkeys. The American Journal
of Psychiatry, 130(4), 400-405.
Latendresse, G., & Ruiz, R.J. (2011). Maternal Coping Style and Perceived
Adequacy of Income Predict CRH levels at 14–20 Weeks of Gestation.
Biological Research for Nursing, 12(2) 125-136
Lee, H. K. (2006). The effects of infant massage on weight, height, and mother-infant
interaction. Taehan Kanho Hakhoe Chi, 36(8), 1331-9.
Lentini, E., Kashara, M., Aaver, M., e Savic, I. Sex diferences in the human brain and
the impact of sex chromossomes and sex hormones. Cerebral cortex, 1-15.
Recuperado em 2 de julho de http:cercor.oxfordjournals.org
Losapio, M. F., & Pondé, M.P. (2008). Tradução para o português da escala M-
CHAT para rastreamento precoce de autismo. Revista Psiquiatr RS, 30(3),
221-229.
Lovejoy, C. M., Graczyk, P. A., O’hare, E., & Neuman, G. (2000). Maternal
depression and parenting behavior: a meta-analytic review. Clinical Psychology
Review, 20 (5), 561-592.
Lupien, S. J., McEwen, B. S., Gunnar, M. R., & Heim, C. (2009). Effects of stress
throughout the lifespan on the brain, behaviour and cognition. Nature Reviews
Neuroscience 10, 434-445.
Lucci, T. K., Morais, M. L. S., & Otta, E. (2011). Impacto da Depressão pós-parto na
percepção de mães sobre seu relacionamento com o bebê. In 7º Congresso
Norte Nordeste de Psicologia, Salvador, BA.
Lucci, T.K., Morais, M. L. S., Vicente, C. C., Bussab, V. S., & Otta, E. (2013). The
effect of attachment patterns on infant development: gender differences. In 6th
International Attachment Conference, Pavia, Italia.
Luz, F., Brüne, M., & Bussab, V. S. R. (2004). Considerações Básicas a respeito da
Psicopatologia Evolucionista. Revista de Etologia, 6(2), 119-129.
Mancini, M. C., Megale, L., Brandão, M. B., Melo, A. P. P., & Sampaio, R. F. (2004).
Efeito moderador do risco social na relação entre risco biológico e
desempenho funcional infantil. Rev Bras Saude Matern Infant, 4(1), 25-34.
Marmot, M., Allen, J., Bell, R., & Goldblatt, P. (2012). Building of the global
movement for health equity: from Santiago to Rio and beyond. Lancet , 379,
181–88
McEwen, B. S. (2012). Brain on stress: how the social environment gets under the
skin. PNAS, 110(4), 448-456.
McArthur, S., McHale, E., Dalley J., W., Buckingham, J. C., & Gillies G. E. (2005).
Altered mesencephalic dopaminergic populations in adulthood as a
consequence of brief perinatal glucocorticoid exposure. Journal of
Neuroendocrinology,17(8), 475–48.
Meltozoff, A. N., & Moore, M. K. (1977). Imitation of facial and manual gestures by
human neonates. Sciences, new series, 198(4312), 75-78.
Mendonça, J. S., Bussab, V. S. R., Rodrigues, A., Siqueira, J., & Cossette, L. (2012).
Postpartum depression, father's involvement, and marital and co-parental
relationships from mothers' and fathers' perspectives in a low-income Brazilian
sample. Family Science, 3(3-4), 164-173.
Morais, M. L. S., Lucci, T. K., & Otta, E. (2013). Postpartum depression and child
development in first year of life. Estudos de Psicologia, Campinas, 30(1), 7-17.
Moszkowski, R. J.; Stack, D. M.; Girouard, N.; Field, T. M., Herandez-Reif, M., &
Diego, M. (2009). Touching behaviors of infants of depressed mothers during
normal and perturbed interactions. Infant Behavior & Development, 32, 183-
194.
Murray, L., Stanley, C., Hooper, R., King, F., & Fiori‐Cowley, A. (1996). The role of
infant factors in postnatal depression and mother‐infant
interactions. Developmental Medicine & Child Neurology, 38(2), 109-119.
Murray, L., & Cooper, P. (1997) Pospartum depression and child development. New
York: The Guilford Press.
Murray, L. Arteche, A., Fearon, P. Halligan, S., Croudace, T., & Cooper, P. (2010).
The effects of maternal postnatal depression and child sex on academic
140
Moraes, M. V. M.; Raniero, E. P.; Tudella, E.; Moraes, J. R.; Bortolin, P.; & Martins,
J. G. (2008). Abordagem maturacionista: histórico e contribuições. Dynamis
revista tecno-científica, 14(3), 23-26. Recuperado em abril de 2013 de
http://proxy.furb.br/ojs/index.php/dynamis/article/viewArticle/1271
Murray, L., Halligan, S., & Cooper, P. (2010). Effects of Postnatal Depression on
Mother-Infant Interactions and Child Development. The Wiley-Blackwell
Handbook of Infant Development, (2a. ed.), 192-219.
Nelson, C. A., Furtado, E. A., Fox, N. A., & Zeanah, C. H. Jr. (2009). Developmental
deficits among institutionalized Romanian children and later improvements
strengthen the case for individualized care. American Scientists, 97, 222–22.
Recuperado em 30 de junho de 2013 de
http://www.americanscientist.org/issues/num2/the-deprived-human-brain/4
Onozawa, K., Glover V., Adam, D., Modi, N., & Kumar, R. C. (2001). Infant massage
improves mother–infant interaction for mothers with postnatal depression.
Journal of Affective Disorders, 63, 201–207.
Ouchi, Y., Kanno, T., Okada, H., Yoshikawa, E., Shinke, T., Nagasawa, S.,
Nagasawa, S., Minoda, K., & Doi, H. (2006). Changes in cerebral blood flow
under the prone condition with and without massage. Neuroscience
letters, 407(2), 131-135.
Paulson, J. F., Dauber, S., & Leiferman, J.A.Individual and Combined Effects of
Postpartum Depression in Mothers and Fathers on Parenting Behavior.
Pediatrics, 118 (2), 659 -668.
141
Parsons, C. E., Young, K. S., Rochat, T. J., Kringelbach, M. L., & Stein, A. (2011).
Postanatal depression and its effects on child development: a review of
evidence from low and middle income countries. British Medical Bulletin. 101,
57-79.
Papoušek, M., & Hofacker, V. N. (1998). Persistent crying in early infancy: a non-
trivial condition of risk for the developing mother-infant relationship. Child:
Care, Health and Development, 24(5), 395-424.
Patel, V. Rahman, A. Jacob, K. S., & Hughes, M. (2004). Effect of maternal mental
health on infant growth in low income countries: new evidence from South
Asia. BMJ, 328, 820-823.
Petrie, M. (1983). Female moorhens compete for small fat males. Science.
220(4595), 413-415.
Pierrehumbert, B., Torrisia, R., Glatza, N., Dimitrovab, N., Heinrichsc, M., & Halfond,
O. (2009). The influence of attachment on perceived stress and cortisol
response to acute stress in women sexually abused in childhood or
adolescence. Psychoneuroendocrinology, 34 (6), 924–938.
Quevedo, L. A., Silva, R.A., Godoy, R. Jansen, K., Matos, M. B., Pinheiro, K. A. T., &
Pinheiro, R. T. (2011). The impacto f maternal post-partum depression on the
language development of children at 12 months. Child, care, health and
development, 1-5.
Rosemblum, K. L., Dayton, C. J., & Muzik, M. Infant social and emotional
development emerging competence in a relational context. In Zeanah, C. H. Jr.
Handbook of infant mental health (pg. 80-103). Nova York: Guilford Press.
Salgin, A., Gökçay G., Yücel, B., Polat, A., Baysal, S. U., Sahip, Y, Uçar, A., &
Eraslan, E. (2007). Effects of postpartum depression on breastfeeding and
child development. Istanbul Tip Fak Derg, 70, 70-73.
Santos, I. S., Matijasevich, A., Domingues, M. R., Barros, A. J. D., & Barros, F. C. F.
(2010). Long-Lasting Maternal Depression and Child Growth at 4 Years of
Age: A Cohort Study. The Journal of Pediatrics, 157, 401-406.
Santos, M. F. S., Martins, F. C., & Pasquali, L. (1999). Post-natal depression self-
rating scales: Brazilian study. Rev Psiq Clin, 26(2), 32-40.
Sellen, D. W. (2010). Infant and young child feeding in Human Evolution. In: Moffat,
Tina; Prowse, Tracy. Human Diet and Nutrition in Biocultural perspective:
past meets present. Berghan Books, United States, 55-88.
Shore, R. (1997). Rethinking the brain: New insights into early development. New
York: Families and Work Institute.
Shonkoff, J. P., & Phillips, D. A. (Eds.). (2000). From neurons to neighborhoods: The
science of early childhood development. National Academies Press.
Silva, A. T. C., Aguiar, M. E., Winck, K., Rodrigues, K. G. W., Sato, M. E., Grisi, S. J.
F. E., Brentani, A., & Rios, I. C. (2012). Núcleos de Apoio à Saúde da Família:
desafi os e potencialidades na visão dos profissionais da Atenção Primária do
Município de São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro,
28(11), 2076-2084.
Spencer-Booth, Y., & Hinde, R. A. (1971). Effects of brief separations from mothers
during infancy on behaviour of rhesus monkeys 6–24 months later. Journal of
Child Psychology and Psychiatry, 12(3), 157–172.
Spitz, R. A. (1996). O primeiro ano de vida. (7ª ed.) São Paulo: Martins Fontes.
144
Spanglar, G., Schieche, M. Ilg, U., Maier, U., & Ackermann, C. (1993). Maternal
sensitivity as an expternal organizer for biobehavioral regulation in infancy.
Developmental psychobioloby, 27(7), 425-43.
Spanglar, G., Schieche, M., Ilg, U., Maier, U., & Ackermann, C. (1994). Maternal
sensitivity as an external organizer for biobehavioral regulation in
infancy. Developmental psychobiology, 27(7), 425-437.
Stanton, J. S., & Edelstein, R. S. (1993). The physiology of women’s power motive:
implicit power motivation is positively associated with estradiol levels in women.
Journal of Research in Personality, 43 (1), 1109-1113.
Teicher, H, M., Andersen, S., L., Polcari, A., Anderson, C. M., Navalta, C., P., & Kim,
D. M. (2003). The neurobiological consequences of early stress and childhood
maltreatment. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 27(1–2), 33–44.
Tobias, P. V. (1971). The brain in hominid evolution. New York: Columbia University
Press.
Tomasello, M., & Farrar, M. J. (1986). Joint Attention and Early Language. Child
Development, 57(6), 1454-1463.
Tomasello, M., Carpenter, M., Call, J., Behne, T., & Moll, H. (2005). Understanding
and sharing intentions: The origins of cultural cognition. Behavioral and Brain
Sciences, 28, 675-735.
Trivers, R. L., & Willard, D. E. (1973). Natural Selection of Parental Ability to Vary the
Sex Ratio of Offspring. Science, 179, 90-92.
145
Viegas, L. M., Silva, G. A., Cecchini, M., Felipe R., Otta, E., & Bussab, V. S. R.
(2008). Depressão pós-parto, histórico reprodutivo materno e apoio social.
Boletim Instituto de Saúde, 46.
Vieira, M. L., & Prado, A. B. (2004). Abordagem evolucionista sobre a relação entre
a filogênese e ontogênese no desenvolvimento infantil. In Seidl-de-Moura, M.
L. (Org.) O bebê do século XXI e a psicologia do desenvolvimento, (pp 155-
203). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Vieira, M. L., Rimoli, A. O., Prado, A. B., & Chelini, M. O. M. (2009). Cuidado e
responsividade parentais: uma análise a partir da Teoria da História de Vida e
da Teoria do Investimento Parental. In. E. Otta e M. E. Yamamoto (Orgs.),
Psicolgia Evolucionista, (pp. 86-95). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Waal, F. B. M., & Ferrari, P.F. (2012). The primate mind: built to connect with other
minds. Cambridge, Mass. Harvard University Press.
Weinberg, M. K., Tronick, E. Z., Cohn, J. F., & Olson K. L. (1999) Gender differences
in emotional expressivity and self-regulation during early infancy.
Developmental Psychology, 35(1), 175-188.
West, S. A., & Sheldon, B, C. (2002). Constraints in the evolution of sex ratio
adjustment. Science 295, 1685-1688.
Wildman, D. E., Uddin, M., Guozhen, L., Grossman, L. I., & Goodman, M. (2003).
Implications of natural selection in shaping 99.4% nonsynonymous DNA
identity between humans and chimpanzees: Enlarging genus Homo.
Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of
America – PNAS., 100 (12), 7181-188.
Zhang, T.; & Meaney, M. J. (2010). Epigenetics and the environmental regulation of
the genome and its function. Annual Review of Psychology, 61, 439-66.