Curso de Psicanálise - Apostila 26
Curso de Psicanálise - Apostila 26
Curso de Psicanálise - Apostila 26
A AVALIAÇÃO E O ACOMPANHAMENTO
Flavo e Marcio.
Índice
Apresentação . li
Prefácio 13
1. Pressupostos teóricos 19
2.Apcsquisa 37
3. O desenvolvimento do comportamento da criança 49
5. Comentários conclusivos 1 81
Apresentação
O valor do trabalho da Dra. Elizabeth Batista Pinto reside justamente nisso - isto é -, partiu da
problemática comportamental da criança no primeiro ano de vida e procurou estabelecer os
padrões normais desse comportamento, utilizando um tipo de padronização semelhante aos
que utilizáramos em nossa evolução neurológica do lactente normal. O trabalho da Dra.
Elizabeth e de sua equipe, com a notável orientação dos professores Raymundo Manno Vieira
e Luiz Celso Pereira Vilanova, reveste-se de enorme importância para a análise do
comportamento da criança brasileira no primeiro ano de vida, devendo constituir-se, daqui por
diante, em ponto de referência para se estudar não somente os desvios patológicos desse
comportamento, como também servir de modelo para futuros trabalhos para
brasileira.
Prof. Dr. Aron Diament*
São Paulo .Chete do serviço de Neurologia lnt anti do Hospital das Clínicas.
Prefácio
A publicação desta escala representa um grande êxito, não só para os autores, como também
para seus colaboradores, considerando os anos de pesquisa envolvidos em sua elaboração e
padronização e as dificuldades inerentes a uma pesquisa deste porte, especialmente em nosso
país.
Todos sabem o quanto é difícil a realização de pesquisas que envolvem pessoas. ainda mais
tratando-se de bebês. A pesquisa com crianças tem que considerar muitos aspectos. tais como
o momento mais oportuno. os horários, as atividades, as indisposições e outros, o que
demanda tempo e um grande empenho dos pesquisadores. Importante também é salientar a
necessidade de colaboração da criança, da mãe e suas substitutas, assim como dos diretores e
coordenadores dos diversos centros de convivência e outras instituições nas quais as crianças
foram contatadas.
Além disso, muito tempo foi dispendido na elaboração da escala, na formação e supervisão
das examinadoras, na escolha e preparação do material de aplicação, na seleção dos critérios
para a seleção das crianças, na formulação das fichas de anamnese e das folhas de respostas,
na análise e discussão dos resultados.
Sendo este livro uma síntese da minha Tese de Doutorado em Ciência dos Distúrbios da
Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico, apresentada à Universidade Federal de São
Paulo - Escola Paulista de Medicina -, minha gratidão aos mestres e parceiros, Prof. Dr. Luiz
Celso Pereira Vilanova, co- orientador, e Prof. Dr. Raymundo Manno Vieira, orientador, sem os
quais não teria sido possível a elaboração da Escala de Desenvolvimento do Comportamento da
Criança.
O trabalho preliminar, incluindo as pesquisas prévias, a seleção e a descrição minuciosa dos
comportamentos observados na criança no primeiro ano de vida, foi realizado com a dedicada
participação de uma equipe multidisciplinar de grande experiência no trabalho clínico com
crianças, sob a minha coordenação. Sou especialmente grata à psicóloga Vera Maria Bohner
Hoffman, à fisioterapeuta Ana Margarida Costa Vilela, à fonoaudióloga Mara Carignani Sarruf e
à pedagoga e psicóloga Beatriz Paniza Andrade e Silva.
Brito Izzo, Marina Bruno Fabiano, Jeang un Cha, Sandra Renata de Luca,
Luiza Dias, Christina Maria Meirelles da Silva Teiles, Cíntia Mári Nagamine,
Paula Guimarães, sou particularmente grata pela valiosa colaboração na execução da pesquisa
de campo.
particular à Sr Vitória Rialp, Assessora para o Bem-Estar Social, sou grata pelo
agradeço por seu auxílio à publicação deste livro, sob processo nL 96/04445-O.
Minha gratidão às crianças e suas mães, que com tanto vigor e solicitude
Assim, a atuação clínica com crianças, especialmente no primeiro ano de vida, carecia de um
instrumento moderno, realizado com procedimentos estatísticos atualizados, de fácil aplicação
e avaliação, para ser utilizado por profissionais de diversas especialidades, que apresentasse a
seqüência de desenvolvimento do comportamento da criança normal e que tivesse sido
adaptado e padronizado para a nossa população.
Pressuposto% leoricos
O pressuposto fundamental do que aqui se apresenta foi o fato de que o ser humano
exterioriza, nos movimentos de seu corpo, as realidades física e metafísica próprias de sua
essência, e esta exteriorização ocorre por meio dos comportamentos, que possibilitam tais
manifestações.
O conceito de comportamento, tomadopor referência, foi o proposto por VIEIRA (1974), que
fazendo uma análise fenornenológica da etimologia da palavra comportamento, restabeleceu o
seu significado como movimento. O comportamento foi então considerado como o conjunto de
movimentos que o ser humano realiza com o seu corpo, e que permite as manifestações de sua
realidade tanto física como metafísica.
De acordo com esta conceituação, VIEIRA (1985) formulou o seguinte:
"O de uma dupla realidade física e metafísica co-existindo no Ser do Homem, no mundo e no
tempo. Uma realidade física, material, que pode ser apreendida objetivamente a partir de sua
presença somática, o que o apresenta como uma parte integrante de todos os fenômenos da
natureza. A realidade corporal pela qual o Homem interage com os fenômenos naturais, se
comportando dentro de certos limites, como um destes, o caracteriza fisicamente
presentificado no mundo e no tempo. Uma realidade metafísica, imaterial, que só pode ser
apreendida subjetivamente a partir de comportamentos, que o apresentam distinto de outros
fenômenos da natureza. A realidade espiritual pela qual o Homem interage com os fenômenos
naturais, revelando-se soberanamente independente de todos estes fenômenos, o caracteriza
metafisicamente presentificado no mundo e no tempo" (pp. 262 - 263).
VIEIRA (1985) conceituou ainda a ORTOPSIQUÊ, como o princípio motor e o princípio de ordem
"o órgão da psiquê que garante a cada Homem a individual forma de ser do modo de
acontecer a sua interação com o ambiente e a sua presentificação no mundo e no tempo"
(p.2.8O), e a METAPSIQUÊ, COMo "O órgãO da I.'SIQUÊ que garante a cada Homem a
MF:MÓRIA de como se deu a sua pro
Considerou-se também, a partir da análise dos estudos realizados por outros autores como
PERISSINOTO (1992) e ANTUNES (1992). que o desenvolvimento motor pode ser apreciado
através da observação do comportamento motor, em seus processos - táxicos, práxicos
(motor, ideomotor e ideatório) e pslcolnotores -, e que o desenvolvimento psicológico pode ser
apreciado através de inferências a partir da observação do comportamento, considerando os
processos nos níveis de atividade e conduta ( interativa. social e cultural).
Assim, o comportamento, ou seja, o conjunto de movimentos que o ser humano realiza com o
seu corpo. pode ser entendido como a expressão simplificada do comportamento motor, o ato
motor ou atividade motora, que pressupõe uma dependência do ortopsiquismo do ser
humano, que é a fonte de energia psíquica.
Pressupostos teóricos
seguintes:
- conduta social - que se refere à organização dos comportamentos que possibilita uma
convivência mediada e objetivada, por meio de
Visando os objetivos a que se propôs, como a faixa etária estudada foi de 1 a 12 meses
incompletos, a partir das manifestações observáveis, no estudo do desenvolvimento motor
foram abordados os processos táxico e práxico-motor, tendo em vista que os processos
práxico ideo-motor, prúxico ideatório e psicomotor não ocorrem nas idades analisadas. O
comportamento motor foi então considerado, valorizando o envolvimento do sistema
nervoso, que possibilita os movimentos básicos através da organização da postura, do
equilíbrio dinâmico, incluindo a locomoção e a deambulação, do controle dos órgãos
fonoarticulatórios e das habilidades e destrezas em relação ao uso dos braços e das mãos (a
coordenação audiomotora e visomotora, a coordenação manual: a manipulação e a preensão).
Para a análise do comportamento motor, como não se pretendeu criar novos parâmetros, foi
adotado um referencial que pudesse ser o mais objetivo possível, tendo-se recorrido, então,
ao critério morfológico corporal de planos e eixos somáticos, e utilizado-se uma terminologia
próxima à da nomenclatura anatômica. Em função desse critério, foi considerado com relação
ao plano de construção do corpo humano o eixo principal longitudinal crâniocaudal, como
axial, e as expansões deste eixo, como membros ou apêndices, classificando-se
A organização das habilidades e da destreza, relativas principalmente ao uso dos braços e das
mãos, tais como a coordenação audiomotora e visomotora e a coordenação manual, foi
considerada implicada no desenvolvimento do
1950), as habilidades especializadas dos membros inferiores não puderam ser analisadas, em
função de não terem uma manifestação claramente observável na faixa etária estudada.
Tendo-se em vista o objetivo pretendido, foi utilizada para a análise do comportamento motor,
além do critério morfológico corporal, também sua relação com a estimulação, considerando- se
a manifestação como diretamente ou indiretamente associada aos estímulos apresentados,
para classificar o comportamento motor em: COMI'ORTAMINTO MOTOR FSTIMULADO E
COMPORTAMENTO
MOTOR ESPONTANEO.
Como não é mérito deste trabalho a polêmica discussão entre conceitos de comunicação e
linguagem, foi adotada operacionalmente a abordagem de PERISSINOTO (l992), assumindo-se
que o processo de desenvolvimento da linguagem ocorre em três fases: aquisição,
desenvolvimento e abrangência. Os comportamentos que implicam na diferenciação
morfológica e fisiológica progressiva das estruturas do sistema nervoso e dos órgãos envolvidos
no processo de produção e recepção da linguagem foram considerados corno aquisição da
linguagem; o processo no qual há uma inter-relação progressiva entre o sistema nervoso e o
psiquismo. e que garante o desenvolvimento funcional foram considerados como
desenvolvimento da linguagem; e os comportamentos que se referem a uma progressiva
interação do ser humano com o seu contexto social e cultural, foram considerados corno
abrangência da linguagem.
quanto:
26 Pressupostos teóricos
O MINNFSOTA INFANT STUDY; GESELL & AMATRUDA (1945), com a GESELL DEVELOPMENTAL
SCHEDULES; em 1948 BRUNET & LÉZINE (1964), com a ESCALA I)E L)ESENVOLVIMENT()
PSICOMOTOR DA PRIMEIRA INFÂNCIA; GRIFFITHS (1954), com a THE GRIFFITHS MENTAL
I)EVELOPMENT SCALF. FRANKENBURG & DOODS (1967), com o TESTE DE I)ENVER (THE
I)ENVER DEVELOPMENTAL SCREENING TEST - DDST); DIAMENT (1967), com o EXAME
NEUROLÓGICO DO LACTENTE BAYLEY (1969), com THE BAYLEY SCALES OF INFANT
I)EVELOPMENT (BSID); BLUMA et al. (1976), com o PORTAGE GUIDE TO EARLY EDuCATI0N;
MARINHO (1978), com a ESCALA BRASILEIRA DE AVALIAÇÃO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO
DA CRIANÇA; BARNARD & ERICKSON (1978), com o GUIA WASHINGTON PARA PROMOVER O
DESENVOLVIMENTO) DA CRIANÇA PEQUENA; a revisão de FRANKL & WOLF (1 979), para a
avaliação de crianças no primeiro ano de vida, dos THE BAI3Y TESTS de BUHLER (1930);
REUTER & KATOFF (1985), com a ESCALA
Pressuposlos eÓncos
Por outro lado, não se pretendeu usar o PORTAGE GUIDE T() EARLY E1)UCATR)N
(BLUMA et ai., 1976) como foi proposto, considerando-se que é um instrumento para o
planejamento de um programa de estimulação e não uma escala
Esta apreciação da literatura especializada apontou tanto para a variabilidade dos critérios
adotados pelos autores consultados, como para a subjetividade
de sua escolha, o que conduziu à procura de um critério mais lógico. Considerou-se então que,
no estudo do desenvolvimento do comportamento da criança, são particularmente relevantes
as seguintes manifestações do comportamento:
Na escolha dos critérios para a análise dos comportamentos da criança, como os conceitos de
média e de maioria dos sujeitos também podem ser imprecisos, buscou-se na estatística uma
definição mais precisa e objetiva. Assim, partindo-se da distribuição normal (GARRETT, 1974),
que pode descrever com certa exatidão a freqüência de ocorrência de muitos dados variáveis,
incluindo aspectos biológicos do ser humano, e considerando-se a probabilidade de ocorrência
dos comportamentos (p). estabeleceu-se como:
(pI>O,OO);
• ESTABILIZAÇÃO, a idade na qual o comportamento ocorre para a maioria dos sujeitos, isto é,
os valores extremos da curva (p1O,9O), que
30 Pressupostos teóricos
Deste modo, para o registro e análise dos dados obtidos neste estudo, observou-se para cada
idade (em meses) o tipo de ocorrência do comportamento correspondente, e considerou-se na
faixa etária estudada (de 1 a 12 meses incompletos) o início e a duração de cada um dos tipos de
ocorrência (APARECIMENT(), NORMALIZAÇÃO E ESTABILIZAÇÃO) para cada
comportamento.
Ao considerar-se o início e a duração de cada um dos tipos de ocorrência, tendo em vista que o
desenvolvimento se dá em um processo progressivo, e que este estudo incluía um grande
numero de variáveis, julgou-se pertinente agrupar os dados que se dispunha, mês a mês, e
analisá-los a partir da subdivisão do período em trimestres.
Referências bibliográficas:
BARNARD, K.E. & ERICKSON, M.L. - Como educar crianças com problemas de desenvolvimento.
Trad. Ruth Cabral. Porto Alegre,
Globo, 1978.
BAYL.EY, N. - Bayle scales of infant development. New York, Psychological Corporation, 1969.
- Bayley scales of infant development, second edition. San Antonio, Psychological Corporation,
1993.
BINET, A. - Les idées modernes sur les enfants. Paris, Flammarion, 1913.
BLUMA. S.: SHEARER, M.; FROHMAN. A. & HILLIARD. J. - Portage guide to early education.
Wisconsin, Portage Project, 1 976.
BRUNET, O. & LÉZINE, 1. - Desarroilo psicológico de la primera infrmcia. Trad. Guillermo Orce
Remis. Buenos Aires, Troquei, 1964.
Pressupostos teoricos
In: BUHLER, C. & HETZER, H. O desenvolvimento da criança do primeiro ao sexto ano de vida.
Testes: aplicação e interpretação. Trad. Renate Müller Sirnensen Santos. São Paulo, EPU, 1979.
(fl((,ç(5 de um a seis meses de idade: elaboração de instrumentos e sua aplicação 110 estudo
do desenvolvimento infantil. São Paulo, 1 984. [Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia,
Universidade de São Paulo].
1978.
115-44, 1974.
de Medicina].
sua significação existencial. São Paulo, 1989. [Tese de Doutorado, Escola Paulista de Medicina].
A pesquisa 2
Assim, com a colaboração de uma equipe com profissionais de diversas áreas de atuação -
fisioterapeuta. pedagoga, psicóloga e fonoaudióloga - e a partir de uma versão modificada,
baseada na escala de desenvolvimento PORTAGE GUIDF. T() F:ARLY EDUCATION (BLUMA et ai.,
1976), além de comparações com outras escalas de desenvolvimento e exames do
comportamento infantil, propôs-se uma nova formulação para a avaliação dos
comportamentos a serem observados, selecionados especialmente em função de sua
importância para o desenvolvimento da criança de O a 6 anos de vida.
A pesquisa
A PARTE 1, implicou na seleção das crianças da amostra. As crianças de 0 a 1 mês de idade não
foram incluídas neste estudo, em função das características do neonato e das especificidades
para a sua avaliação, tais como as relativas ao acesso à criança e à forma de abordagem. As
crianças da amostra, de 1 a 3 meses de idade, foram localizadas nos centros de puericultura,
quando eram trazidas para atendimento pediátrico de rotina ou para vacinação, ou na
própria casa, tendo em vista que em geral ainda não freqüentavam creches; as crianças de 4 a
12 meses incompletos de idade foram localizadas principalmente nos centros de convivência
infantil (CCI) do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo'. Os CCI foram escolhidos
por atenderem, em geral, uma população de nível socio-econômico-cultural médio e médio-
baixo, constituída por funcionários públicos, e por oferecerem boas condições de estrutura
física, cuidados e estimulação básica para as crianças que lá permaneciam, incluindo toda a
alimentação.
Os dados de cada criança foram obtidos através de anamnese, realizada com a mãe ou
familiares, e análise dos prontuários nas creches. Das 389 crianças micialmente consideradas, a
partir das informações obtidas, foram selecionadas para compor a amostra 242 crianças de 1 a
12 meses incompletos, que não mostravam quaisquer indícios de afecções no seu
desenvolvimento, indicando serem sadias. As crianças foram distribuídas mês a mês, com um
número mínimo de 10 e máximo de 15 crianças de cada sexo em cada mês, com um total de
121 crianças do sexo masculino (50%) e 121 do feminino (50%)2.
criança foram registradas em uma Ficha de Anamnese (ver pp.l 25), especialmente
confeccionada para a pesquisa.
fator de risco proposto por ORTIZ (1987), isto é, as crianças não poderiam apre-
1. RIoAçAi usu iNS ri ruiçi,is: Centro de Convivência lnfiinti da Caixa Econômica Estadual; Centro
de Convivência
1 ulanim 1 da Fundação Em eleito Faria Li mmm: Centro de COLIVi vêncma Infantil do Instituto
Adolpho Lutz Centro de Con- vivência liii uniu do 1 nstituto Dante Pazzanese de Cumrdiologia:
Ceimtro de Convivência limianiml do Instituto de Pesquisas Tecuologicas: Centro de Convms
áncia liilantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo;
Centro de Convivência Infantil do Palácio dos Bandeirantes; Centro de Convivência Infantil da
Secretaria da Cultura; Centro de Convivência Infantil dii Secretaria dos Transportes Centro de
Saúde - Hospital São Paulo - Escola Paulista de Medicina: Universidade Federal de São Paulo
Creche da Pontitïcta Universidade Catolicum de São Paulo: Creche Central da Universidade de
São Paulo: Creche do Hospital Alhert Emtmstetn: Escola Paimlmstmmmlma de Edimcaçuio
Intumimtil - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo; Hospital São
Paulo - Setor de Ptmericulitmra - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São
Paulo.
• idade entre 1 mês e 12 meses incompletos; natural de São Paulo; moradora em casa de
alvenaria ou prédio, com água encanada e
Idade
2
3
Sexo
n%n
%o
% fl
%n
% fl
rnasc
10 43
13 57
10 50
10 50
15 58
10 40
tom
13 57
10 43
10 50
10 50
11 42
15 60
Total
23 100
23 100
20 100
20 100
26 100
25 100
Idade
lO
11
Tolal
Sexo
n%n
%n
%n
%n
%n
masc
10 45
10 50
11 52
10 50
12 55
121 50
fem
- 12 55
10 50
10 48
10 50
10 45
121 50
Total
22 100
20 100
21 100
20 100
22 100
242 100
4(1 A pesquisa
Para o critério de peso e altura das crianças da amostra optou-se, para as crianças de 3 a 12
meses incompletos, pelas tabelas de crescimento e desenvolvimento da criança, formuladas a
partir de um estudo com crianças da área metropolitana da grande São Paulo (MARCONDES &
MACHADO, 1978), estabelecendo-se como critério de aceitação o peso e a altura dentro da
faixa média da população (de - 1 desvio padrão a + 1 desvio padrão) para a idade (em meses).
Como tais tabelas não incluíam a faixa etária de 1 a 3 meses, para estas idades utilizaram-se os
valores relativos ao peso esperado do cartão da criança CAMINHO DA SAÚDE (BRASIL. DINSAMI.
1987).
Assim, com cada uma das 242 crianças da amostra foi realizada uma avaliação através da
escala de desenvolvimento do comportamento da criança proposta, sempre que possível em
uma sessão de aplicação e, quando necessário, em duas ou três sessões com intervalo de
poucos dias, em sala cedida no próprio local de atendimento da criança.
4'
A pesquisa
ARRASTA-SE,
42
RABISCA,
REAGE AO SOM.
ROLA.
SEGUE VISUALMENTE OBJETO ATE 180 GRAUS.
SEGUE VISUALMENTE OBJETO NA LINHA MEDIANA,
SENTA-SE SEM O APOIO DAS MAOS.
SORRI.
OBJETO INTERMEDIARIO.
BATE PALMAS.
BRINCA DE "ESCONDE-ACHOU".
CAMINHA INDEPENDENTEMENTE.
CHOCALHA BRINQi
ENGATINHA.
FAZ CARINHOS.
Com relação às variáveis sexo e idade, as crianças selecionadas para este estudo foram
agrupadas a partir da divisão, mês a mês, da faixa etária estudada de 1 a 12 meses
incompletos, correspondendo para cada sexo a 11 grupos (grupo 1 a grupo II,
respectivamente).
Os resultados da avaliação de cada criança foram computados da seguinte forma: o
comportamento observado foi assinalado como "+", e o comportamento não observado como
"-", e os comportamentos que por qualquer razão não foram avaliados como "x".
Assim, para analisar a exteriorização dos comportamentos das crianças, considerou-se para o
sexo masculino e para o feminino a probabilidade de ocorrência (p.) de cada comportamento.
mês a mês, obtida a partir da freqilência de ocorrência do comportamento nas idades
estudadas. A fim de verificar a existência de diferenças nos resultados, conforme o sexo,
realizou-se uma análise estatística, comparando as probabilidades de ocorrência de cada
comportamento (p.), em cada idade estudada. A seguir, agrupou-se os dados dos dois sexos e
observou-se a probabilidade de ocorrência de cada comportamento (p), mês a mês.
44 A pesquisa
O Teste do Quiquadrado (X2) para tabelas 2 x 2 (SIEGEL, 1975) foi utilizado na comparação dos
grupos, em relação ao início e à duração dos tipos de ocorrência, quanto ao desenvolvimento
dos comportamentos e o sexo. Quando ocorreu significância, realizou-se o Teste da Partição do
Quiquadrado para tabelas 2 x N, com a finalidade de comparar os grupos de crianças por
idades, em trimestres, com relação às variáveis estudadas.
(SIEGEL, 1975).
Referências bibliográficas:
Corporation, 1969.
45
Sarvier, 1978.
J.R.S. & CRUZ, A.R., org. Neurologia infantil - estudo inultidisciplinar. Belo Horizonte, ABENEPI,
1987. pp.27-34.
VICTORA, C.G.; BARROS, F.C.: MARTINES, J.C.; BÉRIA, J.U. & VAUGHAN, J.P. Estudo longitudinal
das crianças nascidas em Pelotas, RS, Brasil: metodologia e resultados preliminares. Rev. Saúde
Púbi., 19: 58-68, 1985.
A fim de que fosse possível a comparação dos dados deste estudo com os de outras pesquisas
referidas na literatura, analisaram-se os resultados considerando as variáveis, sexo, masculino e
feminino, e idade, subdividindo a faixa etária de 1 a 1 2 meses incompletos, inicialmente mês a
mês, e posteriormente em trimestres. Estas subdivisões quanto às variáveis do sujeito foram
necessárias, para que fosse possível detectar as variações quanto à ocorrência dos
comportamentos estudados.
Chocalha brinquedo 1,00 0,57 0,61 0,18 0,31 0,23 0,45 0,50 1,00 1,00 1,00
masculino e o feminino.
Como a análise dessas diferenças significantes não revelou qualquer padrão lógico, pois
estavam distribuídas em várias idades e diversos comportamentos, não foi possível uma
interpretação de seu significado. Assim, optou-se por agrupar os resultados do sexo masculino
e do feminino, e calcular as probabilidades de ocorrência para o total das crianças.
51
E O FEMININO.
COMPORTAMENTO /
IDADE EM MESES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 lO 11
O desenvolvimento do comportamento da criança
• ESTABILIZAÇÃO (E = p._O,9O).
Deste modo, para o registro e análise dos dados obtidos no estudo apresentado, observou-se
para cada idade, em meses, o tipo de ocorrência do comportamento correspondente
(APARECIMENTO, NORMALIZAÇÃO E ESTABILIZAÇÃO), e considerou-se na faixa etária estudada
(de 1 a 1 2 meses incompletos) o início e a duração de cada um dos tipos de ocorrência de
cada comportamento.
Na quinta etapa, para uma análise mais específica dos resultados, consideraram-se os dados
obtidos no estudo da escala de desenvolvimento do comportamento da criança,
correspondentes às idades das crianças estudadas, mês a mês, agrupando-os em trimestres, e
analisando o início e a duração dos tipos de ocorrência do comportamento. Exemplificando o
procedimento realizado. apresentam-se na tabela 6 os resultados de cada um dos tipos de
ocorrência do comportamento CHOCALHA BRINQUEDO, quanto ao seu início (no 1. II, III ou IV
trimestre) e à sua duração (de 1, 2, 3 ou 4 trimestres).
Legenda
- Estabilização (p_O,9O)
IN - Início
DU - Duração
Sexo masculino
Comportamento
Tipo de ocorrência
Chocalha brinquedo
IN 1
DU 2
IN DU
II 2
IN
III
DU
Sexo feminino
Comportamento
Tipo de ocorrência
Chocalha brinquedo
IN
II
DU 2
IN DU
- -
IN
III
DU
Portanto, para que fosse possível detectar as variações quanto à ocorrência dos
comportamentos estudados, analisaram-se os resultados considerando-se as variáveis sexo
(masculino e feminino) e idade, subdividindo-se a faixa etária de 1 a 12 meses incompletos,
inicialmente mês a mês, e posterior- mente em trimestres.
Levando-se em conta que, em geral, os processos de desenvolvimento ocorrem em ritmo
diferente para o sexo masculino e para o feminino, considerou-se o sexo como variável do
sujeito, tornando importante a investigação das diferenças entre os sexos no desenvolvimento
do comportamento na faixa etária estudada.
Entretanto, constatou-se que os autores que realizaram as pesquisas dos instrumentos, escalas
ou testes psicológicos para a avaliação do desenvolvimento do comportamento da criança no
primeiro ano de vida, agruparam os dados relativos ao sexo masculino e ao feminino,
possivelmente para facilitar a composição da amostra. Além disso, várias pesquisas de
desenvolvimento do comportamento do lactente, realizadas na primeira metade do século XX,
apontaram que as diferenças nos resultados, conforme o sexo da criança, raramente
alcançavam uma significância estatística, apesar de as meninas mostrarem um desenvolvimento
adiantado com relação aos meninos em diversos aspectos, tais como no desenvolvimento da
função cognitiva, da locomoção e da linguagem, como destacou WELLMAN (1950). Mas, outros
estudos mais recentes sobre comportamentos
correspondentes aos investigados neste estudo, realizados com crianças no primeiro ano de
vida, também não encontraram diferenças estatisticamente significantes, considerando a
variável sexo, como: STAMBAK (1978) nas suas investigações sobre o desenvolvimento da
motricidade da criança; LEWIS et ai, (1986) em suas pesquisas sobre o desenvolvimento das
habilidades mentais na infância; AZEVEDO (1993) em seu estudo sobre o desenvolvimento
auditivo da criança de O a 13 meses.
Quanto à idade, também variável do sujeito, considerou-se que numa primeira etapa a análise
das probabilidades de ocorrência do comportamento deveria ser mês a mês, tendo em vista
que, em geral, as modificações do comportamento da criança no primeiro ano de vida ocorrem
em ritmo acelerado, sendo importante acompanhar tais mudanças em intervalos curtos de
tempo; posteriorniente, numa segunda etapa, para facilitar a avaliação da criança e a
interpretação dos resultados, os dados considerados mês a mês foram agrupados em
trimestres.
Para que fosse possível a comparação dos dados obtidos neste estudo, com os instrumentos
padronizados para a avaliação do desenvolvimento do comportamento da criança no primeiro
ano de vida, referidos na literatura, realizou-se uma análise pormenorizada dos principais
instrumentos, tais como:
OS TESTES BÜHLER-HETZER ou THE BABY TESTS (BÜHLER & HETZER, 1930), o MINNESOTA
INFANT STUDY (SHIRLEY, 1933), a GESELL DEVELOPMENTAL SCI-IEDULES (GESELL &
AMATRUDA, 1945), a THE GRIFFITHS' MENTAL DEVELOPMENT SCALE (GRIFFITHS, 1954), a
ESCALA DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA PRIMEIRA INFÂNCIA (BRUNET & LÉZINE,
1964), O TESTE DE DENVER (FRANKENBURG & DOODS, 1967), O EXAME NEUROLÓGICO DO
LACTENTE (DIAMENT, 1976), a revisão dos TESTES BÚHLER-HETZER OU THE BABY TESTS para o
primeiro ano de vida (FRANKL & WOLF, 1979), a THE BAYLEY SCALES OF INFANT I)EVELOPMENT
(BsII) (BAYLEY, 1969), e sua revisão, a TI-IE BAYLEY SCALES OF INFANT DEVELOPMENT SECOND
EDITION (BsID-II) (BAYLEY, 1993).
Outros instrumentos, como a ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA (BINET,
PÉREZ-RAMOS, 1992), não puderam ser comparados, pois não forneceram informações
relativas à sua Validação e padronização.
tisfações, pois, apesar de suas diversas qualidades, esses instrumentos também apresentavam
muitas restrições, que podem ser resumidas no seguinte: quanto à sua forma de avaliação
resultar em um valor quantitativo, o quociente de desenvolvimento (QD), como nos trabalhos
de BÜHLER (1930), GESELL & AMATRUDA (1945), BRUNET & LÉZINE (1964), ou o quociente geral
de inteligência (GQ) como no de GRIFFITHS (1954); quanto à relação dos comportamentos
estudados ter critérios inadequados ou não especificados, como nos estudos de BÜHLER (1930),
SHIRLEY (1933), GESELL & AMATRUDA (1945). DIAMENT (1967) e FRANKENBURG & DOODS
SHIRLEY (1933), GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964),
FRANKENBURG & DOODS (1967). BAYLEY (1969), DIAMENT (1976) e FRANKL & WOLF (1979);
ainda,
Pretendeu-se, então, estruturar uma escala que: pudesse ser utilizada nos programas de
diagnóstico e intervenção nos distúrbios de desenvolvimento, bem como na prevenção e
detecção destes; considerasse os comportamentos mais significativos para a avaliação do
desenvolvimento do comportamento da criança de 1 a 1 2 meses de vida; fornecesse uma
indicação do ritmo de desenvolvimento do comportamento, para o sexo masculino e para o
feminino, e uma avaliação qualitativa do desenvolvimento do comportamento motor e do
comportamento atividade da criança.
Considerando um dos objetivos do estudo proposto, que foi o de criar uma escala de
desenvolvimento do comportamento da criança de nosso meio, de 1 a 1 2 meses incompletos
de vida, que apresentasse as características acima referidas, e que a escala formulada cumpriu
o objetivo atendendo às características descritas, pode-se confirmar ter alcançado a
originalidade e a finalidade pretendidas.
Assim. a escala estruturada teve sua validade baseada nos fundamentos teóricos discutidos
anteriormente, destacando-se o critério de diferenciação de idade, que está intrinsecamente
associado ao desenvolvimento do comportamento humano.
liação do comportamento nos primeiros meses de vida, podendo ser utilizada nos programas
de detecção, diagnóstico e intervenção nos distúrbios de desenvolvimento.
Neste aspecto, concorda-se com PÉREZ-RAMOS & PÉREZ-RAMOS (1992) que referiram que os
programas de intervenção no desenvolvimento do comportamento da criança, também
denominados programas de estimulação precoce ou essencial, devem ser iniciados o mais cedo
possível, para possibilitarem à criança a obtenção de efejtos positivos duradouros com relação
ao desenvolvimento do seu comportariento. Tais programas de estimulação essencial podem
ser necessários na primeira infância: para estimular o desenvolvimento das habilidades básicas
das crianças normais; e para o acompanhamento do desenvolvimento das crianças de alto risco
ou daquelas com distúrbios do desenvolvimento.
Não foi possível a comparação entre os resultados obtidos no estudo realizado e a literatura,
quanto ao início da NORMALIZAÇÃO do comportamento, tendo em vista que este parâmetro,
estabelecido a partir da probabilidade de ocorrência do comportamento, não foi adotado nos
outros estudos que constam na literatura especializada.
Como o propósito de formular a escala aqui apresentada surgiu a partir de insatisfações com
os instrumentos para a avaliação do desenvolvimento do comportamento da criança no
primeiro ano de vida referidos na literatura, considera-se importante comentar cada um dos
instrumentos citados.
Esta escala foi formulada após vários anos de pesquisa em desenvolvimento infantil, sendo
uma das mais conhecidas em nosso meio, porém, como foi proposta para uso clínico, implica
em uma aplicação padronizada, a ser realizada por psicólogo treinado na avaliação do
desenvolvimento do comportamento infantil. Esta característica, somando-se ao fato de ser
uma escala extensa, com grande número de itens por idade, limita muito a sua aplicação. Além
disso, como
Tanto SHIRLEY (1933) como GESELL & AMATRUDA (1945), nos referidos estudos, fizeram a
subdivisão da faixa etária semanalmente. o que dificulta a correspondência com a idade da
criança avaliada, pois a conversão dos dados em meses pode implicar em erro, tendo em vista
que a maioria dos meses tem mais que 4 semanas de duração.
Uma escala abreviada, o TESTE DE DENVER (THE DENVER DEVELOPMENTAL SCREENING TEST -
DI)ST), foi proposta por FRANKENBURG & DOODS (1967), para a detecção precoce dos
distúrbios do desenvolvimento da criança. A principal qualidade desse teste parece ser a sua
possibilidade de utilização em uma triagem rápida das crianças, possibilitando, em caso de
qualquer suspeita de distúrbio do desenvolvimento, o encaminhamento para uma avaliação
mais detalhada. Por sua finalidade, esse teste é útil para ser usado em ambulatórios, creches,
postos de saúde ou outras instituições que atendam grande número de crianças, muitas delas
provenientes de meios desfavorecidos, e sem um acompanhamento adequado do seu
desenvolvimento. Por outro lado, sendo uma escala abreviada, o TESTE DE I)EN VER deve ser
adotado principalmente para a tria
Outro autor que ofereceu uma contribuição muito importante para o estudo do
desenvolvimento da criança, no primeiro ano de vida, foi DIAMENT (1967), com o EXAME
NEUROLOGICO DC) LACTENTE, tendo em vista que sua pesquisa foi padronizada em nosso
meio, na cidade de São Paulo, com uma amostra cuidadosamente selecionada de crianças
saudáveis. Esse autor teve também o mérito de fornecer as porcentagens obtidas para cada um
dos comportamentos estudados, mês a mês, com seus respectivos intervalos de confiança.
Porém, como o próprio nome especifica, trata-se de um instrumento para o exame neurológico
da criança no primeiro ano de vida, e portanto inclui apenas os comportamentos mais
significativos para tal avaliação, não tendo a intenção de ser uma escala de desenvolvimento ou
teste psicológico, e restringindo sua utilização ao uso médico.
realização do comportamento por 5%, 50% e 95% das crianças de sua amostra, o que
possibilita a comparação com outras escalas de desenvolvimento do comportamento. Porém,
como se trata de um teste psicológico com certa complexidade, torna-se necessário um grande
preparo do examinador, e seu uso é restrito a psicólogos. O "Teste de Bayley", como costuma
ser chamado, tem sido amplamente usado em pesquisas sobre o desenvolvimento psicológico
da criança, tais como o estudo de LEWIS et ai. (1986). BROOKS & WEINRAUB (1977) referiram
que o THE BAYLEY SCALES OF INFANT DEVELOPMENT (BAYLEY, 1969) teria sido a escala mais
bem pesquisada de sua época, e que a sua revisão e repadronização teria como maior
interesse possibilitar uma avaliação comparativa das habilidades da criança. HONZIK (1977)
referiu que esse teste teria sido formulado como um instrumento de pesquisa, e portanto teria
havido grande cuidado nas questões relacionadas à sua construção, amostra e padronização,
resultando em validade e consistência interna satisfatórias.
Na sua revisão, THE BAYLEY SCALES OF INFANT I)EVELOPMENT SECOND EDITION (B5ID- II).
BAYLEY (1993) ampliou a faixa etária para 1 a 42 meses de vida. organizando os resultados
mensalmente de 1 a 6 meses e semestralmente de 30 a 42 meses, e mantendo nas outras
subfaixas etárias a subdivisão da escala original. No entanto, como na descrição dos resultados
a autora não especificou as freqüências de ocorrência de cada comportamento, isto
impossibilitou a realização de uma correspondência com os resultados do presente estudo,
tendo-se então optado por compará-los com a primeira versão da BSID (BAYLEY, 1969).
Os TESTES BIiHLER-HETZER ou THE BABY TESTS propostos por BÜHLER & HETZER (1930)
contribuíram para o estudo do desenvolvimento da criança, com a possibilidade de uma
interpretação mais qualitativa dos resultados das avaliações da criança, e a realização de um
perfil mais detalhado do seu comportamento. Porém, assim como a GESELL DEVELOPMENT
SCHEDULES (GESELL & AMATRUDA, 1945) e a ESCALA DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
DA PRIMEIRA INFÂNCIA (BRUNET & LÉZINE, 1964), seus resultados devem ser expressos em
um QUOCIENTE DE I)ESENVOLVIMENTO, o QD, que conforme já explicitado anteriormente,
tem pouca possibilidade de predizer a capacidade intelectual da criança. VAN KOLCK (1974),
além desses aspectos, destacou que as críticas mais contundentes a esses testes seriam as
seguintes: a apresentação não ofereceria instruções para a administração e avaliação; o
material seria muito volumoso e pouco prático; a padronização pareceria inadequada, pois não
conteria informações do tratamento estatístico dos dados; a amostra utilizada na
padronização dos testes, apesar de numerosa, com 690 crianças, teria sido prove-
niente de uma população predominantemente pobre e desfavorecida. Em sua revisão dos THE
BABY TESTS (BÜHLER & HETZER, 1979) para o primeiro ano de vida, FRANKL & WOLF (1979)
procuraram sanar parte das dificuldades na aplicação dos testes, pois incluíram as instruções
para sua aplicação, assim como a descrição de cada comportamento a ser observado e do
material a ser utilizado. No entanto, as deficiências dos testes relativas à sua formulação e
padronização não foram sanadas. BROOKS & WEINRAUB (1977) apontaram que esse teste
sugere evidências de validade, apesar de sua padronização ter sido limitada, tendo em vista que
se baseou em uma amostra de 500 crianças, provenientes principalmente de orfanatos. PÉREZ-
RAMOS & PÉREZRAMOS (1992) referiram que a maior crítica aos THE BABY TESTS seria a sua
ênfase no desenvolvimento psicomotor, em detrimento do desenvolvimento cognitivo.
KENT (REUTER & KATOFF, 1985) e o I)ISCO PARA A OBSERVAÇÃO 1)0 DESENVOLVIMENT()
NORMAL DO BEBÊ (PÉREZ-RAMOS & PÉREZ-RAMOS, 1992), não forneceram informações
relativas à sua validação e padronização.
Além disso, observa-se que muitos dos instrumentos citados foram formulados com propósitos
diversos dos deste estudo, como: a ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA (BINET, 1913), que
pretendia a avaliação intelectual da criança; o EXAME NEUROLÓGICO 1)0 LACTENTE
(DIAMENT, 1967), proposto como instrumento para o exame neurológico da criança; o
PORTAGE GUIDE TO EARLY EDUCATION (BLUMA et ali, 1976) e o GUIA WASHINGTON PARA
PROMOVER O L)ESENVOLVIMENTO I)A CRIANÇA PEQUENA (BARNARD & ERICKSON, 1978), que
se caracterizam
referidos na literatura que pode ser compulsada, foi necessário estabelecer cor-
respondências entre os dados dos diversos trabalhos, seja quanto às idades de surgimento dos
comportamentos, ou quanto às freqtiências de ocorrência dos mesmos, que equivalessem às
aqui consideradas como de APARECIMENTO, de NORMALIZAÇÃO e de ESTABILIZAÇÃO.
03. EM PRON() MANTEM A CABEÇA E O TÓRAX FORA DO APOIO. Em ambos os sexos, aparece
no primeiro trimestre, com a duração de 1 trimestre de vida, e estabiliza no segundo trimestre,
com a duração de 3 trimestres. Os resultados são concordantes com os relatados por SHIRLEY
(1933), GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964), FRANKENBURG & DOODS (1967), BAYLEY
(1969), CORIAT (1977), STAMBAK (1978) e BÜHLER & HETZER (1979). GORAYEB (1984), em sua
pesquisa, não referiu freqüência superior a 90% até os 6 meses de idade, mas como utilizou
critérios de acerto muito rigorosos, incluindo a distância entre a superfície de apoio e o tórax da
criança, assim como o tempo de manutenção da postura e como os critérios utilizados no
presente estudo foram outros, não seria esperado que tivesse obtido um resultado
concordante, o que não invalida os resultados encontrados.
04. FICA EM PÉ QUANDO SEGURA PELA CINTURA. No sexo masculino, estabiliza no segundo
trimestre de vida, com a duração de 3 trimestres; no feminino, aparece no segundo trimestre,
com duração de 1 trimestre, e estabiliza no terceiro trimestre de vida, com a duração de 2
trimestres. Os resultados indicaram uma diferença estatisticamente significante entre os sexos
na probabilidade de ocorrência deste comportamento no quinto mês de vida, apontando que
a ESTABILIZAÇÃO ocorre antes no sexo masculino. Para ambos os sexos, os resultados são
concordantes com os relatados por SHIRLEY (1933), BRUNET & LÉZINE (1964), BAYLEY (1969),
CORIAT (1977) e GORAYEB (1984). Considerando ambos os sexos, o EXAME NEUROLÓGICO DO
LACTENTE (DIAMENT, 1967) referiu o aparecimento deste comportamento no segundo
trimestre de vida, a freqüência de ocorrência de 70% no terceiro trimestre e de 90% apenas no
quarto trimestre, mas tais variações podem ter sido influenciadas pela forma de aplicação do
exame, não invalidando os resultados obtidos.
05. ROLA. No sexo masculino, normaliza no segundo trimestre de vida, e estabiliza no terceiro
trimestre, ambos com a duração de 2 trimestres; no feminino, aparece no segundo trimestre,
com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no terceiro trimestre, com a duração de 2
trimestres. Os resultados indicaram uma diferença estatisticamente significante entre os sexos,
na probabilidade de ocorrência deste comportamento no quinto mês de vida, apontando que a
NoRMALIzAÇÃO ocorre antes no sexo masculino. Para ambos os sexos os resultados são
concordantes com os relatados por SHIRLEY (1933), GESELL & AMATRUDA
(1945), GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964), CORIAT (1977) e BÜHLER & HETZER
(1979). Também com relação ao total de crianças, BAYLEY (1969) e GORAYEB (1984) apontaram
O APARECIMENTO deste comportamento no primeiro trimestre de vida, sendo que este autor
indicou, para o período referido, uma freqüência baixa (4%), não se tendo detectado uma razão
específica para as diferenças dos resultados obtidos, que talvez possam ser atribuídas a fatores
ligados às amostras de sujeitos das pesquisas, ou aos critérios utilizados para considerar o
comportamento como positivo, portanto não invalidando os resultados encontrados.
06. PUXA PARA SENTAR-SE. No sexo masculino, normaliza no segundo trimestre de vida, e
estabiliza no terceiro trimestre, ambos com a duração de 2 trimestres; no feminino, aparece
no segundo trimestre, com a duração de 1 trimestre, e estabiliza no terceiro trimestre, com a
duração de 2 trimestres. Os resultados são coincidentes com os relatados por
BRUNET & LÉZINE (1964), FRANKENBURG & DOODS (1967) e BAYLEY (1969). Entretanto,
GORAYEB (1984) apontou o APARECIMENTO deste comportamento no primeiro trimestre, mas
com uma freqüência bem baixa (13% no segundo mês de vida), não sendo possível identificar
elementos que justifiquem as diferenças entre os resultados dessa autora e os aqui
encontrados.
07. MANTÉM-SE SENTADA COM O APOIO DAS MÃOS. Aparece no segundo trimestre de vida, no
sexo masculino, com a duração de 1 trimestre, e no feminino com a duração de 2 trimestres, e
estabiliza no terceiro trimestre, com a duração de 2 trimestres, em ambos os sexos. Os
resultados são coincidentes com os relatados por SHIRLEY (1933), GESELL & AMATRUDA (1945),
GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964), BAYLEY (1969), CORIAT (1977) e GORAYEB (1984).
09. SENTA-SE SEM O APOIO DAS MÃOS. Estabiliza no terceiro trimestre de vida, com a duração
de 2 trimestres, em ambos os sexos. Os resultados são concordantes com os relatados por
GRIFFITHS (1954), DIAMENT (1967) e GORAYEB (1984). Entretanto BAYLEY (1969) apontou este
comportamento como iniciando ao final do segundo trimestre de vida, mas como a freqüência
de ocorrência referida
para esta idade foi baixa (5%), pode ser considerada aleatória, o que não invalida os resultados
obtidos. ROCHAT (1992) apontou a importância da aquisição desta postura para o
desenvolvimento da habilidade manual da criança, favorecendo a transição dos movimentos
simétricos para os lateralizados.
10. MANTÉM-SE EM PE COM O MÍNIMO APOIO. Aparece no terceiro trimestre de vida, com a
duração de 1 trimestre, e estabiliza no quarto trimestre, em ambos os sexos. Os resultados são
concordantes com os relatados por SHIRLEY (l933), GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS
(1954), BRUNET & LÉZINE (1964), BAYLEY (1969) e CORIAT (1977). Os resultados também
corroboram os estudos de STAMBAK (1978), indicando que os meninos adquirem a posição em
pé antes das meninas, mas tal diferença não é significante. Considerando ambos os sexos,
DIAMENT (1967) apontou este comportamento como iniciando mais tarde, no segundo
trimestre de vida, mas esta variação pode ter sido influenciada pela forma de aplicação do
exame, não invalidando os resultados obtidos.
(1933), GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), DIAMENT (1967), FRANKENBURG &
DOODS (1967), CORIAT (1977), BÜHLER & HETZER (1979), GORAYEB (1984) e GOLDFIELD
(1989). BAYLEY (1969) observou este comportamento mais amplamente, considerando também
o arrastar, referindo seu início no segundo trimestre de vida. Já BOTTOS et aI., (1989), além dos
resultados concordantes com este estudo, indicaram uma relação significante entre
o atraso na aquisição deste comportamento e um resultado abaixo da média em teste
intelectual aos 5 anos de idade. KERMOIAN & CAMPOS (1988) Indicaram a importância do
engatinhar na aquisição da permanência de objeto, avaliada através do comportamento
"ENCONTRA OBJETO ESCONDIDO" e a relação deste com o desenvolvimento da cognição.
13. CAMINHA COM AUXÍLIO. Aparece no terceiro trimestre de vida, com a duração de 2
trimestres, e normaliza no quarto trimestre, em ambos os sexos. Os resultados são
coincidentes com os relatados por SHIRLEY (1933), BAYLEY (1969). STAMBAK (1978) e
GORAYEB (1984). DIAMENT
(1967) referiu este comportamento como iniciando no segundo trimestre de vida, mas como
propôs um exame neurológico este resultado pode ter sido influenciado por sua forma de
aplicação do comportamento proporcionar maior apoio para a criança caminhar do que a
escala aqui estudada, o que não invalida os resultados deste estudo.
14. DÁ ALGUNS PASSOS SEM APOIO. Aparece no quarto trimestre de vida, em ambOs os sexos.
Os resultados são concordantes com os relatados por BAYLEY (1969). Os estudos de STAMBAK
(1978) também coincidem com os dados obtidos, indicando que as meninas adquirem a
marcha antes dos meninos, mas tal diferença não é significante.
Icgcnd,i
IS 1(111 A
1 E CAMINHA INDEPENDENTEMENTE
80
LITERATURA COM
POR
TAME
NTO
AXIA
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SHIRLEY (1933).
+
+
GRIFFITHS (1954).
+
+
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DIAMENT (1967).
+
+
BAYLEY (1969).
+-
CORIAT (1977). +
+
STAMBAK (1978).
GORAYEB (1984). +
-+
+
KERMOIAN & CAMPOS (1988).
GOLDFIELD (1989).
+
BOTTOS ET AL.(1989).
ROCHAT (1992)
+
O desenvolvimento do comportamento da criança no primeiro ano de vida 8 1
Além disso, esta classificação revelou dois comportamentos com diferença estatisticamente
significante entre os sexos, no segundo trimestre, um deles no comportamento 04. FICA EM PÉ
QUANDO SEGURA PELA CINTURA, quanto ao início da ESTABILIZAçÃO, e outro, no
comportamento 05. ROLA, quanto ao início da NORMALIzAÇÃo, ambos apontando um ritmo
mais rápido de desenvolvimento no sexo masculino.
(1933), GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), BAYLEY (1969), BZOCH & LEAGUE
(1970) e CORIAT (1977). Também PIAGET (1970), em sua abordagem do desenvolvimento
cognitivo, indicou este comportamento como uma "reação circular primária", que ocorreria
geralmente de 1 a 4 meses de vida. Outros autores estudaram este comportamento em
investigações sobre o desenvolvimento da linguagem na criança, e seus achados são
concordantes, como: AVDEEVA & MESHCHERYAKOVA (1986), que o associaram a um estágio de
comunicação emocional, que favoreceria a formação do vínculo afetivo criança/mãe: OLLER
& EILERS (1988), que se referiram a um "estágio gooing" de 2 a 3 meses de idade; e ROUG et
ai. (1989), que sugeriram que o balbucio seguiria um padrão universal de desenvolvimento e
que o "estágio gutural" ocorreria dos 2 aos 3 meses de idade.
17. SORRI. Estabiliza no primeiro trimestre de vida, com a duração de 4 trimestres, em ambos
os sexos. Os resultados são concordantes com os relatados por SHIRLEY (1933), GESELL &
AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964), FRANKENBURG & DOODS
(1967), BZOCH & LEAGUE (1970), CORIAT (1977) e GORAYEB (1984). BAYLEY (1969) em suas
investigações, apontou a frequência de ocorrência de 90% no segundo trimestre de vida, mas
teve critérios muito específicos e diversos dos deste estudo, só considerando o comportamento
positivo quando ocorria como resposta imediata a uma determinada forma de estimulação e na
relação apenas com o examinador, não invalidando os resultados deste estudo. Outros autores
ofereceram contribuições teóricas que corroboram os resultados deste estudo, como: PIAGET
(1970), que indicou este comportamento como uma "reação circular primária", ocorrendo em
geral de 1 a 4 meses de vida; BOWLBY (1982), que considerou o sorriso da criança como um
detonador social, cuja função seria a de suscitar o comportamento materno, e que seria um
1 8. EMITE SONS VOCÁLICOS. No sexo masculino, aparece no primeiro trimestre de vida, com a
duração de 1 trimestre, e estabiliza no segundo trimestre, com a duração de 3 trimestres; no
feminino, aparece no primeiro trimestre, com a duração de 3 trimestres, e estabiliza no terceiro
trimestre, com a duração de 2 trimestres. Os resultados são concordantes com os relatados por
GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964), DIAMENT (1967),
FRANKENBURG & DOODS (1967). BAYLEY (1969), BZOCH & LEAGUE (1970), CORIAT (1977),
BÜHLER & HETZER (1979), GORAYEB (1984), BOYSSON-BARDIES et ai. (1989) e ROUG et ai.
(1989). Outros autores oferecem contribuições teóricas que corroboram os resultados deste
estudo, como: AVDEEVA & MESHCHERYAKOVA (1986), que consideraram este comportamento,
assim como a emissão de sons guturais, fazendo parte de um estágio de
comunicação emocional, que favoreceria a formação do vínculo afetivo criança/mãe; LEWIS et
ai. (1986), que apontaram a vocalização de sons diferentes, aos 3 meses de idade, como um
fator de atenção social, que estaria implicado no desenvolvimento cognitivo; e LEVITT &
UTMAN (1992), que apontaram evidências de um processo fonológico universal, com padrões
semelhantes no desenvolvimento das vocalizações e, paralelamente, a influência da língua
materna no inventário fonético da criança.
19. REPETE OS PRÓPRIOS SONS. Em ambos os sexos, aparece no segundo trimestre de vida,
com a duração de 2 trimestres, normaliza no terceiro, com a duração de 1 trimestre no sexo
masculino e 2 trimestres no feminino, e estabiliza no quarto trimestre. Os resultados são
concordantes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945) e BRUNET & LÉZINE (1964).
Vários autores fizeram outras contribuições, corroborando os resultados deste estudo, como:
PIAGET
(1970), que apontou este comportamento como uma "reação circular secundária" que ocorreria,
em geral, de 4 a 8 meses de vida; ROUG et ai. (1989) e MITCHELL & KENT (1990), que se
referiram aos balbucios consonantais duplicados ou multissilábicos repetitivos como
aparecendo no terceiro e no quarto trimestres de vida.
20. TEM REAÇÃo l)E ESQUIVA FRENTE A ESTRANHOS. No sexo masculino, aparece no segundo
trimestre de vida, com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre; no
feminino, aparece no segundo trimestre, também com a duração de 2 trimestres, normaliza no
terceiro, com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre. Os resultados são
coincidentes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945). GRIFFITHS (1954), BRUNET &
LÉZINE (1964), FRANKENBURG & DOODS (1967) e BAYLEY (1969). No entanto, GORAYEB (1984)
indicou o APARECIMENTO deste comportamento no primeiro trimestre de vida, mas com
freqüência bem baixa (4%), o que pode ser considerado aleatório. SPITZ (1991) apontou que
este comportamento indicaria uma ansiedade característica do terceiro trimestre de vida da
criança, considerando-o como o segundo organizador do desenvolvimento da psique, que
conduziria à integração do ego e ao desenvolvimento das relações objetais.
21. REPETE A MESMA SÍLABA. No sexo masculino, aparece no segundo trimestre de vida, com a
duração de 3 trimestres, e normaliza no quarto trimestre; no feminino, aparece no terceiro
trimestre, com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre. Os resultados são
concordantes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945), BAYLEY (1969), BZOCH &
LEAGUE (1970) e CORJAT (1977). Diversos autores fizeram contribuições, corroborando os
resultados deste estudo, como: AIMARD (1986), que se referiu à duplicação silábica como jogo
e diálogo; LOSIK (1988), que estudou a duplicação silábica no balbucio, indicando-a como um
elo necessário na interação entre o sistema sensorial e o sistema motor da fala; OLLER & EILERS
(1988), que referiram este comportamento como característico do estágio canônico do
desenvolvimento vocal, que funcionaria como base fonética das palavras; ROUG et ai. (1989),
que afirmaram que o balbucio seguiria um padrão universal de desenvolvimento, sendo este
comportamento característico do estágio dos balbucios consonantais duplicados.
Apresenta-se, na tabela 10, um resumo comparativo dos dados obtidos neste estudo, com os
da literatura que pôde ser compulsada, assinalando a concordância com o sinal "+", quando os
resultados foram semelhantes aos apresentados pelo autor referido e, quando não, a
discordância com o sinal "-".
87
Como pode ser constatado na tabela 10, dos 23 trabalhos dos autores listados, apenas 2
(GESELL & AMATRUDA, 1945 e BAYLEY, 1969) estudaram a maioria dos comportamentos
classificados neste estudo como COMPORTAMENT() AXIAL ESPONTÂNEo COMUNICATIVO
(respectivamente 7 e 6 comportamentos), enquanto que a grande parte dos autores referidos
estudou um pequeno número.
24. REAGE AO SOM. Estabiliza no primeiro trimestre de vida, com a duração de 4 trimestres,
em ambos os sexos. Os resultados coincidem com as investigações de GRIFFITHS (1954),
BAYLEY (1969) e AZEVEDO (1993).
25. SEGUE VISUALMENTE OBJETO NA LINHA MEDIANA. Estabiliza no primeiro trimestre de vida,
com a duração de 4 trimestres, em ambos os sexos. Os achados são coincidentes com os
estudos de SHIRLEY (1933), GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), FRANKENBURG &
DOODS (1967), BAYLEY (1969), BÜHLER & HETZER (1979) e GORAYEB (1984). PIAGET (1970)
referiu-se a este comportamento como uma "reação circular primária", que ocorreria, em
geral, de 1 a 4 meses de vida. LEWIS et ai. (1986) apontaram a importância para o
desenvolvimento cognitivo dos comportamentos relacionados à busca visual.
26. PROCURA LOCALIZAR O SOM. No sexo masculino, aparece no primeiro trimestre de vida,
com a duração de 1 trimestre, e estabiliza no segundo trimestre, com a duração de 3
trimestres; no feminino, normaliza no primeiro trimestre, com a duração de 1 trimestre, e
estabiliza no segundo trimestre, com a duração de 3 trimestres. Os resultados obtidos são
concordantes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), BRUNET-
LÉZINE (1964), BAYLEY (1969), BÜHLER & HETZER (1979) e GORAYEB (1984). Apesar de
FRANKENBURG & DOODS (1967) terem indicado uma freqüência de ocorrência de 90% apenas
no quarto trimestre de vida, esses autores não forneceram dados sobre o objeto sonoro
utilizado como estímulo, e consideraram o comportamento mais amplamente, pois incluíram
resposta à voz humana, o que pode explicar as diferenças quanto aos resultados na
comparação entre os estudos. AZEVEDO (1993), que fez um estudo minucioso sobre a reação da
criança aos estímulos auditivos utilizando vários instrumentos, obteve a freqüência de
ocorrência acima de 90% na procura lateral de localização do som apenas no quarto trimestre
de vida, tendo portanto obtido dados diferentes dos deste estudo; porém, tais diferenças
podem ser atribuídas à especificidade e rigor daquela autora, tanto na forma de apresentação
dos estímulos como na análise das respostas, por se tratar de um estudo específico de
audiologia. LEWIS et ai. (1986) apontaram este comportamento como um fator de produção
auditiva, que ocorreria no segundo trimestre de vida, e estaria positivamente relacionado ao
fator verbalsimbólico e léxico aos 24 meses, assim como aos resultados de um teste intelectual
aos 36 meses.
27. SEGUE VISUALMENTE OBJETO ATÉ 180 GRAUS. Aparece no primeiro trimestre de vida, com
a duração de 1 trimestre, e estabiliza no segundo trimestre, com a duração de 3 trimestres, em
ambos os sexos. Os resultados são coincidentes com os relatados por GESELL & AMATRUDA
(1945), BRUNET & LÉZINE (1964) e CORIAT (1977). LEWIS et ai. (1986) apontaram o
comportamento de busca de estímulos visuais aos 3 meses de idade como um componente
importante do desenvolvimento cognitivo.
28. PROCURA OBJETO REMOVIDO DE SUA LINHA DE VISÃO. Aparece no primeiro trimestre de
vida, no sexo masculino, com a duração de 2 trimestres, e no feminino, com a duração de 1
trimestre, e estabiliza no segundo trimestre, com a duração de 3 trimestres, em ambos os
sexos. Não foi encontrado comportamento correspondente em outros estudos do primeiro
ano de vida.
29. SORRI E VOCALIZA DIANTE DO ESPELHO. No sexo masculino, aparece no primeiro trimestre
de vida, com a duração de 2 trimestres, normaliza no segundo trimestre, com a duração de 3
trimestres, e estabiliza no terceiro trimestre, com a duração de 2 trimestres; no sexo feminino,
normaliza no primeiro trimestre, com a duração de 3 trimestres, e estabiliza no quarto
trimestre. Os achados são concordantes com os relatados por GESELL
& AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964) e BAYLEY (1969). LEWIS et
al. (1986) apontaram este comportamento como um fator de atenção social, que aos 3 meses
de idade seria um componente importante do desenvolvimento cognitivo.
30. TIRA PANO 1)0 ROSTO. No sexo masculino, aparece no primeiro trimestre de vida,
normaliza no segundo trimestre e estabiliza no terceiro trimestre, com a duração de 2
trimestres em cada um dos tipos de ocorrência; no sexo feminino, normaliza no segundo
trimestre e estabiliza no terceiro trimestre, ambos com a duração de 2 trimestres. Os
resultados são coincidentes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945), BRUNET &
LÉZINE (1964), BÜHLER & HETZER (1979) e GORAYEB (1984). Além desses autores, PIAGET
(1970) indicou este comportamento como uma "reação circular primária", que ocorreria,
principalmente, de 1 a 4 meses de vida.
Legc Ilda
24 REAGE AO S(IM
LITERATURA
COMPORTAMENTO
AXIAL
ESTIMU
LADO
NÃO
COMUNICATIVO
24
25
26
27
28
29
30
SHIRLEY (1933).
1-
GRIFFITHS (1954).
BAYLEY (1969).
PIAGET (1970).
+
+
CORIAT (1977).
GORAYEB (1984).
+
LEWIS et ai. (1986).
AZEVEDO (1993)
Como pode ser constatado na tabela 11, dos 12 trabalhos dos autores relacionados, apenas 1
(GESELL & AMATRUDA, 1945) estudou 5 destes comportamentos, enquanto que a grande
parte dos autores referidos estudou um pequeno número.
Tal índice de concordância dos dados encontrados, com relação ao COMPORTAMENT() AXIAL
ESTIMULAI)() NÃO COMUNICATIVO, comparados com os achados dos
os sexos.
31. VIRA-SE QUANDO CHAMADA PELO NOME. No sexo masculino, aparece no segundo
trimestre de vida, e estabiliza no terceiro trimestre, ambos com a duração de 2 trimestres; no
feminino, aparece no segundo trimestre, também com a duração de 2 trimestres, normaliza no
terceiro, com a duração
33. REAGE AOS JOGOS CORPORAIS. No sexo masculino, aparece no segundo trimestre de vida,
com a duração de 3 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre; no feminino, aparece no
terceiro trimestre, com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre. Não foi
encontrado comportamento correspondente, na literatura especializada em outros estudos do
primeiro ano de vida.
34. REPETE OS SONS FEITOS POR OUTRA PESSOA. No sexo masculino, aparece no segundo
trimestre de vida, com a duração de 3 trimestres; no feminino, aparece no terceiro trimestre,
com a duração de 2 trimestres, e normaliza no quarto trimestre. Os resultados indicaram uma
diferença estatisticamente significante entre os sexos, na probabilidade de ocorrência deste
comportamento no oitavo mês de vida, apontando uma freqüência de APARECIMENTO maior
no sexo masculino. Para o total das crianças,
os resultados são concordantes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945) e BRUNET
& LÉZINE (1964). Outros autores fizeram diversas contribuições, corroborando os resultados
deste estudo, como: PIAGET (1970), que indicou este comportamento como uma "reação
circular secundária", ocorrendo, em geral, dos 4 aos 8 meses de vida; PALLADINO (1982), que
considerou a imitação da criança, ou seja a sua tentativa de repetição do enunciado do adulto,
como especular, equivalendo a uma incorporação do papel do adulto; MOURA (1988), que
constatou a ocorrência de uma troca interativa constante, entre criança e adulto, a partir do
terceiro trimestre de vida da criança, com alternância de papéis, apontando para a importância
da imitação como base de um protodiálogo.
35. REPETE AS CARETAS FEITAS POR OUTRA PESSOA. No sexo masculino, normaliza no quarto
trimestre de vida; no feminino, aparece no quarto trimestre. Os resultados indicaram uma
diferença estatisticamente significante entre os sexos, na probabilidade de ocorrência deste
comportamento no décimo mês de vida, apontando que a NORMALIZAÇÃO ocorre antes no
sexo masculino. Não foi encontrado comportamento correspondente, na literatura
especializada, em outros estudos do primeiro ano de vida.
Na tabela 12, apresento um resumo comparativo dos resultados deste estudo com os da
literatura que pôde ser compulsada, assinalando a concordância com o sinal "+", quando os
resultados foram semelhantes aos apresentados pelo autor referido e, quando não, a
discordância com o sinal "-".
Lcgciid a
Como pode ser verificado na tabela 12, dos 10 trabalhos dos autores relacionados, unicamente
BRUNET & LÉZINE (1964) estudaram 3 dos comportamentos aqui considerados, enquanto que a
grande parte dos autores referidos estudou apenas 1.
LITERATURA
COMPORTAM
ENTO AXIAL
ESTIMULADO
COMUNICATIVO
31
32
33
34
35
BAYLEY (1969).
PIAGET (1970).
+
BÜHLER & HETZER (1979).
PALLADINO (1982).
MOURA (1988).
RISHOLM-MOTHANDER (1989)
+
O desenvolvimento do comporlamento da criança no primeiro ano de vida 95
36. NÃO PERMANECE COM AS MÃOS FECHADAS. Estabiliza no primeiro trimestre de vida, com
a duração de 4 trimestres, em ambos os sexos. Os resultados são coincidentes com os de
diversos outros estudos, como os de
(1 969) obteve resultados diversos dos deste estudo, mas apesar do comportamento estudado
ser o mesmo, o critério utilizado para considerá-lo positivo foi outro, isto é, a criança deveria
manter as mãos predominantemente abertas, o que em seu estudo teria uma freqüência de
95% apenas no terceiro trimestre de vida.
37. LEVA A MÃO À BOCA. Normaliza no primeiro trimestre de vida, no sexo masculino, com a
duração de 1 trimestre, e no feminino com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no segundo
trimestre, com a duração de 3 trimestres, em ambos os sexos. Os resultados indicaram uma
diferença estatisticamente significante entre os sexos, na probabilidade de ocorrência deste
comportamento no primeiro mês de vida, apontando uma freqüência de APARECIMENTO
maior no sexo masculino. Para ambos os sexos, os resultados são concordantes com os
relatados por GRIFFITHS (1954) e GORAYEB (1984). Também PIAGET (1970) apontou este
comportamento como uma "reação circular primária", que ocorreria, principalmente, de 1 a 4
meses de vida.
38. PERCEBE E EXPLORA OBJETO COM A BOCA. No sexo masculino, aparece no primeiro
trimestre de vida, com a duração de 2 trimestres, e estabiliza
39. TEM PREENSÃO PALMAR SIMPLES. No sexo masculino, estabiliza no segundo trimestre de
vida, com a duração de 3 trimestres; no feminino, aparece no primeiro trimestre, com a
duração de 2 trimestres, e estabiliza no segundo trimestre, com a duração de 3 trimestres. Os
resultados são coincidentes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945). GRIFFITHS
(1954), BRUNET & LÉZINE (1964), DIAMENT (1967), BAYLEY (1969), CORIAT (1977), STAMBAK
(1978), BÜHLER & HETZER (1979) e GORAYEB (1984).
40. EM PRONO ALCANÇA OBJETO. No sexo masculino, normaliza no segundo trimestre de vida
e estabiliza no terceiro trimestre, ambos com a duração de 2 trimestres; no feminino, aparece
no segundo trimestre, com a duração de 1 trimestre, e estabiliza no terceiro trimestre, com a
duração de 2 trimestres. Os resultados são concordantes com os relatados por
41. APANHA OBJETO APÓS DEIXÁ-LO CAIR. No sexo masculino, normaliza no segundo trimestre
de vida e estabiliza no terceiro trimestre, ambos com a duração de 2 trimestres; no feminino,
aparece no segundo trimestre e estabiliza no terceiro trimestre, também ambos com a
duração de 2 trimestres. Os resultados são concordantes com os relatados
por SHIRLEY (1933), GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964),
FRANKENBURG & DOODS (1967), BAYLEY (1969), CORIAT (1977) e GORAYEB (1984). Outros
autores fizeram diversas contribuições, corroborando os resultados deste estudo, como: PIAGET
(1970), que indicou este comportamento como uma "reação circular terciária", ocorrendo
principalmente dos 12 aos 18 meses de vida; LEWIS & ASH (1992), que apontaram a atividade
sensório-motora da criança "alcançar-e-pegar" como indicando o primeiro subestágio de
intercoordenação das habilidades cognitivas.
42. USA OBJETO INTERMEDIÁRIO. No sexo masculino, aparece no segundo tri mestr
CIMENTO maior no sexo masculino. Para ambos os sexos, os resultados são concordantes com
os relatados por GRIFFITHS (1954), BAYLEY (1969) e BÜHLER & HETZER (1979). PTAGET (1970)
indicou este comportamento como uma "reação circular terciária", que, em geral, ocorreria a
partir dos 1 2 meses de vida.
43. ENCONTRA OBJETO ESCONDIDO. Em ambos os sexos, aparece no segundo trimestre de
vida, com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre. Os resultados são
coincidentes com os relatados por
GRIFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964), BAYLEY (1969) e BÜHLER & HETZER (1979).
Diversos autores contribuíram com ou-
44. TRANSFERE OBJETO I)E UMA MÃO PARA A OUTRA. No sexo masculino, aparece no segundo
trimestre de vida, com a duração de 3 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre; no
feminino, aparece no segundo trimestre, também com a duração de 3 trimctres, e normaliza
no quarto trimestre. Os resultados são concordantes com os relatados por SHIRLEY
(1933), GESELL & AMATRUDA (1945), GRIFHTHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964),
FRANKENBURG & DOODS (1967), BAYLEY (1969), CORIAT (1977) e KARNIOL (1989). Entretanto,
GORAYEB (1984) apontou o APARECIMENTO deste comportamento no
97
II
45. TEM PREENSÃO EM PINÇA. Em ambos os sexos, aparece no terceiro trimestre de vida, com a
duração de 1 trimestre, e estabiliza no quarto trimestre. Os resultados são concordantes com os
relatados por GESELL
& AMATRUDA (1945), GRTFFITHS (1954), BRUNET & LÉZINE (1964), DIAMENT (1967) e BAYLEY
(1969). Não constatamos a aquisição deste comportamento no sexo feminino antes que no
masculino, como referiu STAMBAK (1978).
46. RETÉM DOIS PINOS EM UMA DAS MÃOS. Em ambos os sexos, aparece no terceiro trimestre
de vida, com a duração de 2 trimestres. Os resultados são concordantes com os relatados por
BRUNET & LÉZINE (1964). BAYLEY (1969) referiu-se a este comportamento como iniciando no
segundo trimestre de vida, mas seu critério de acerto parece ter sido mais amplo.
Em síntese, constatou-se que o COMPORTAMENTO APENDICULAR ESPONTÂNEO NÃO
COMUNICATIVO foi a classificação que apresentou, segundo a sistemática aqui adotada,
quanto aos tipos de ocorrência dos comportamentos, o APARECIMENT() iniciando nos três
primeiros trimestres de vida, com a duração de 1 a 3 trimestres, a NORMALIZAÇÃO iniciando
do primeiro ao quarto trimestres, com a duração de 1 a 2 trimestres, e a ESTABILIZAÇÃO
iniciando do primeiro ao quarto trimestres, com a duração de 1 a 4 trimestres.
Na tabela 13, apresenta-se um resumo comparativo dos resultados deste estudo com os da
literatura que pôde ser compulsada, assinalando a concordância com o sinal "+", quando os
resultados foram semelhantes aos apresentados pelo autor referido e, quando não, a
discordância com o sinal "-".
SHIRLEY (1933).
GRIFFITHS (1954).
DIAMENT (1967).
BAYLEY (1969).
PIAGET (1970).
CORIAT (1977).
STAMBAK (1978).
GORAYEB (1984).
LEON (1987).
KARNIOL (1989).
+++
+++++
+++++
I.egcntl.r
O NAO PERMANECE COM AS MAOS FECHADAS
Observando a tabela 13, pode-se constatar que, de modo geral, quanto ao COMPORTAMENTo
APENDICULAR ESPONTÂNEO NÃO COMUNICATIVO, este trabalho mostrou maior abrangência
do que os estudos, referidos na literatura, que puderam ser compulsados.
Como pode ser verificado na tabela 13, dos 17 trabalhos dos autores indicados unicamente
BAYLEY (1969) estudou 9 dos comportamentos aqui considerados, enquanto que a grande
parte dos autores referidos estudou um número bem menor.
++
++
+++
+++
+
++++++
Assim, este estudo fornece uma contribuição importante a respeito do desenvolvimento dos
comportamentos classificados como COMPORTAMENTO APENDICULAR
47. BATE NOS ÓCULOS, NARIZ E CABELOS I)OS ADULTOS. No sexo masculino, normaliza no
segundo trimestre de vida, com a duração de 3 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre; no
feminino, aparece no segundo trimestre e estabiliza no terceiro trimestre, ambos com a
duração de 2 trimestres. Os resultãdos indicaram uma diferença significante entre os sexos, na
probabilidade de ocorrência deste comportamento no sétimo mês de vida, apontando que a
ESTABILIZAÇÃO ocorre antes no sexo feminino. AVDEEVA & MESHCHERYAKOVA (1986)
consideraram que na segunda metade do primeiro ano de vida surgiria um estágio de
comunicação prática, do qual este comportamento poderia ser uma manifestação, e que se
caracterizaria pelo uso da ação por parte da criança com a finalidade de comunicar.
porcentagens.
O comportamento 47. BATE NOS ÓCULOS, NARIZ E CABELOS DOS AI)ULTOS revelou diferença
estatisticamente significante entre os sexos, no terceiro trimestre de
48. TENTA PEGAR OBJETO SUSPENSO. No sexo masculino, aparece no primeiro trimestre de
vida, com a duração de 1 trimestre, e estabiliza no segundo trimestre, com a duração de 3
trimestres: no feminino, estabiliza no primeiro trimestre, com a duração de 4 trimestres. Os
resultados são coincidentes com os relatados por SHIRLEY (1933), BRUNET & LÉZINE (1964),
BAYLEY (1969), CORIAT (1977), STAMBAK (1978) e GORAYEB (1984). LEWIS et al. (1986)
mostraram que a coordenação olho-mão ao agarrar objetos e a persistente tentativa de
alcançá-los fariam parte da manipulação sensório-motora, e seriam fun damentai
49. BALANÇA BRINQUEDO SONORO. No sexo masculino, aparece no primeiro tri mestr
revela que o comportamento que essa autora observou requer uma praxia motora muito mais
desenvolvida que o aqui estudado, o que justifica as diferenças nos resultados. Diversos
autores deram outras contribui-
101
(1984). Outros autores fizeram contribuições, corroborando os resultados deste estudo, como:
PIAGET (1970), que apontou este comportamento como uma "reação circular secundária",
podendo ser observado, geralmente, a partir dos 4 meses de vida; e KARNIOL (1989), que
referiu ser este comportamento característico do estágio de "vibração", no desenvolvimento da
habilidade manual da criança, ocorrendo a partir do segundo trimestre de vida.
51. TlIA PINOS GRANDES. No sexo masculino, aparece no segundo trimestre de vida e
estabiliza no terceiro trimestre, ambos com a duração de 2 trimestres; no feminino, aparece
no segundo trimestre, com a duração de 2 trimestres, normaliza no terceiro, também com a
duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre. Os resultados indicaram uma
diferença estatisticamente significante entre os sexos, na probabilidade de ocorrência deste
comportamento no oitavo mês de vida, apontando que a ESTABILIZA-
52. TIRA PINOS PEQUENOS. Em ambos os sexos, aparece no terceiro trimestre de vida, com a
duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre. Não foi encontrado comportamento
correspondente, na literatura especializada, em outros estudos do primeiro ano de vida.
54. COLOCA PINOS GRANDES. Aparece no quarto trimestre de vida, em ambos os sexos. Não
foi encontrado comportamento correspondente, na literatura especializada, em outros
estudos do primeiro ano de vida.
55. RABISCA. Aparece no quarto trimestre de vida, em ambos os sexos. Os resultados indicaram
uma diferença estatisticamente significante entre os sexos, na probabilidade de ocorrência
deste comportamento no décimo primeiro mês de vida, apontando uma freqüência de
APARECIMENTO maior no sexo masculino. Outros autores forneceram dados, corroborando os
resultados obtidos neste estudo, como LEWIS et al. (1986), que apontaram o rabiscar como uma
atividade de imitação, que aos 12 meses de idade seria um fator importante no
desenvolvimento cognitivo; e MELTZOFF (1988), que indicou a existência de uma certa
capacidade da criança de realizar "imitações diferidas", antes de um ano de idade.
103
Apresenta-se, na tabela 14, um resumo comparativo dos resultados obtidos neste estudo com
os dados da literatura que pôde ser compulsada, assinalando a concordância com o sinal "+",
quando os resultados foram semelhantes aos apresentados pelo autor referido e. quando não,
a discordância com o sinal "-".
48 49 50 51 52 53 54 55
SHIRLEY (1933). + + + +
GRIFFITHS (1954), + +
Como pode ser verificado na tabela acima, dos 13 trabalhos dos autores listados, unicamente
SHIRLEY (1933) estudou 4 dos comportamentos aqui considerados, enquanto que a grande
parte dos autores referidos estudou um número ainda menor.
Além disso, esta classificação revelou três comportamentos com diferença estatisticamente
significante entre os sexos, um deles no terceiro trimestre de vida, no comportamento 5 1.
TIRA PINOS GRANDES, quanto ao início da ESTABILIZAÇÃO, e outro no décimo mês de vida, no
comportamento 53. COLOCA OBJETOS EM RECIPIENTES, quanto à freqüência de
APARECIMENTO, e no quarto trimestre, no comportamento 55. RABISCA, quanto ao início do
APARECIMENTO, em todos apontando um ritmo de desenvolvimento mais rápido no sexo
masculino.
105
57. PÁRA A ATIVI[)AI)E QUANDO LHE DIZEM "NÃO". No sexo masculino, aparece no segundo
trimestre de vida, om a duração de 3 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre; no feminino,
aparece no segundo trimestre, com a duração de 2 trimestres, normaliza no terceiro, também
com a duração de 2 trimestres, e estabiliza no quarto trimestre. Os resultados são
concordantes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945), BRUNET & LÉZINE (1964),
BAYLEY (1969) e BZOCH & LEAGUE (1970. SPITZ (1991) apontou que o domínio do "não" seria o
terceiro organizador do desenvolvimento da psique, estaria implicado na capacidade de
julgamento.
58. ATENDE À SOLICITAÇÃO "DÁ" MAS NÃO SOLTA O OBJETO. No sexo masculino, aparece no
segundo trimestre de vida, com a duração de 3 trimestres, e normaliza no quarto trimestre; no
feminino, aparece no terceiro trimestre, com a duração de 2 trimestres, e normaliza no quarto
trimestre. Os resultados são coincidentes com os relatados por GESELL &
AMATRUDA (1945).
59. BATE PALMAS. No sexo masculino, aparece no segundo trimestre de vida, com a duração de
3 trimestres, e normaliza no quarto trimestre; no feminino, aparece no terceiro trimestre, com a
duração de 2 trimestres. Os resultados são concordantes com os relatados por GESELL &
AMATRUDA (1945), BAYLEY (1969) e BZOCH & LEAGUE (1970). Também PTAGET (1970) indicou
este comportamento como uma "reação circular secundária", que ocorreria, em geral, dos 4 aos
8 meses de vida.
60. DÁ "TCHAU". No sexo masculino, aparece no segundo trimestre de vida, com a duração de
3 trimestres; no feminino, aparece no terceiro trimestre de vida, com a duração de 2
trimestres. Os resultados são coincidentes com os relatados por GESELL & AMATRUDA (1945),
GRIFFITHS (1954) e BZOCH & LEAGUE (1970). PIAGET (1970) apontou este comportamento
como uma "reação circular secundária", que ocorreria, em geral, dos 4 aos 8 meses de vida.
61. FAZ CARINHOS. No sexo masculino, aparece no terceiro trimestre de vida, com a duração
de 2 trimestres; no feminino, aparece no quarto trimestre. Os resultados são concordantes
com os relatados por
GRIFFITHS (1954).
63. EXECUTA GESTOS SIMPLES A PEDIDO. Em ambos os sexos, aparece no terceiro trimestre de
vida, com a duração de 2 trimestres. Os resultados são coincidentes com os relatados por
BAYLEY (1969) e BZOCH & LEAGUE (1970).
64. PARTICIPA DE JOGO SIMPLES. No sexo masculino, aparece no terceiro trimestre de vida,
com a duração de 2 trimestres; no feminino, aparece no quarto trimestre. Os resultados são
concordantes com os relatados por
BAYLEY (1969).
Apresento, na tabela 15, um resumo comparativo dos dados obtidos no estudo descrito com
os resultados da literatura que pôde ser compulsada, assinalando a concordância com o sinal
"+", quando os resultados foram semelhantes aos apresentados pelo autor referido e, quando
não, a discordância com o sinal "-".
Como pode ser verificado na tabela acima, dos 9 trabalhos dos autores relacionados, apenas
BZOCH & LEAGUE (1970) estudou 6 dos comportamen
LITERATURA
COMPORTAMENTO
APENDICULAR
ESTIMULADO
COMUNICATIVO
56
57
58
59
60
61
62
63
64
BAYLEY (1969).
+
+
PIAGET (1970).
-1-
GORAYEB (1984).
-
RISHOLM-MOTHANDER (1989).
SPITZ (1991).
.f
tos considerados nesta investigação, enquanto a grande parte dos autores refe rido
comportamentos.
aqui obtidos.
aqui apresentado com os autores compulsados, o que permitiu atribuir confiabilidade aos
resultados obtidos. Além disso, tal índice de concordância geral comprova a validade da escala
de desenvolvimento do comportamento da criança de 1 a 12 meses proposta.
109
parados às meninas.
(WELLMAN. 1950).
Por outro lado, em concordância com a literatura que pôde ser compulsada, as diferenças
significantes entre os sexos, constatadas no estudo apresentado, referentes a cada
comportamento, foram em número muito reduzido e em idades específicas, não sendo
possível, neste âmbito, explicar do que decorrem tais significâncias ou concluir a esse respeito.
Além disso, verificou-se que, no que foi possível comparar com a literatura compulsada, dos
comportamentos aqui estudados, aqueles classificados como
Assim, pelo que indicaram os resultados próprios do estudo apresentado, e pelo fato destes
resultados encontrarem correspondências na literatura, esta escala de desenvolvimento do
comportamento da criança, de 1 a 12 meses incompletos, pode ser considerada confiável,
aplicável na avaliação do desenvolVimento do comportamento, possibilitando medir as
variações, tanto do comportamento motor como do comportamento atividade, no primeiro
ano de vida, no sexo masculino e no feminino.
aqui apresentada possa vir a ser aceita como um instrumento que possibilita a
Finalizando, foi possível constatar que o estudo descrito mostrou avanços na investigação do
desenvolvimento do comportamento da criança normal, de 1 a 12 meses de idade, pois
estudou 64 comportamentos, considerando-os mês a mês e trimestre a trimestre, propondo
uma nova forma de classificá-los, incluindo, além disso, medidas de ritmo deste
desenvolvimento.
O desenvolvimento do comportamento da criança no primeiro ano de vida
O desenvolvimento do comportamento da criança no primeiro ano de vida
Referências bibliográficas:
BARNARD, K.E. & ERICKSON, M.L. - Como educar crianças com problemas de desenvolvimento.
Trad. Ruth Cabral. Porto Alegre, Globo, 1978.
- Bayley scales of infant development second edition. San Antonio, Psychological Corporation,
1993.
BINET, A. - Les idées modernes sur les enfants. Paris, Flammarion, 1913.
BLUMA, S.; SHEARER, M.; FROHMAN, A. & HILLIARD, J. - Portage guide to early education.
Wisconsin, Portage Project, 1976.
BRUNET, O. & LÉZINE, 1. - Desarrollo psicológico de la primera injancia. Trad. Guiliermo Orce
Remis. Buenos Aires, Troquei, 1964.
BÜHLER, C. - The first year of life. Trad. Peari Greenberg & Rowena
DIAMENT, A.J. - Evolução neurológica do lactente normal. Porto Alegre, EDART, 1976.
13
FRANKL, L. & WOLF, K. - As séries de testes para o primeiro ano de vida. iti: BUHLER, C. &
HETZER, H. O desenvolvimento da criança do primeiro ao sexto uno de vida. Testes: aplicação e
interpretação. Trad. Renate Müller Simensen Santos. São Paulo, EPU, 1979. pp.5-28.
curruuios. 2 cd. Brasília, Ministério da Ação Social. Coordenadoria Nacional para a Integração
da Pessoa Portadora de Deficiência, 1992.
REUTER & KATOFF, L. Kent Infant Development Scale. In: KEYSER, D.J.
primnera inflincia. Trad. Guillem Ferrer. Madrid, Pablo dei Rio, 1978.
Manual de instrução
de idade.
É importante também a familiaridade do examinador com crianças até 12 meses de vida, e com
mães, pois é necessário que desenvolva uma atitude que favoreça a redução da ansiedade,
tanto da criança como da mãe e familiares, frente à situação de avaliação e exame.
Recomenda-se que os examinadores sejam orientados e treinados na utilização da Escala de
Desenvolvimento do Comportamento da Criança em pequenos grupos de 3 a 5 profissionais.
Como parte do treinamento, recomenda-se:
119
Normas de aplicação
Como a escala pode ser realizada em crianças de 1 a 1 2 meses incompletos, deve-se levar em
conta as características próprias da fase na qual a criança se encontra e adequar a forma de
interação, de acordo com cada idade. Assim, o conhecimento prévio do desenvolvimento
infantil e a experiência com crianças em muito ajudarão a atuação do examinador, diante das
diferentes formas de reação que as crianças possam apresentar no decorrer da avaliação.
Outro aspecto importante a observar refere-se ao momento mais adequado para a avaliação,
por exemplo: que a criança não esteja com fome, com sono, indisposta, nem seja retirada de
uma brincadeira com pessoa familiar. Investigar. portanto. a rotina da criança e escolher o
horário mais apropriado para a atividade.
O ambiente físico deve ser agradável, de preferência em um espaço amplo, que permita a livre
movimentação da criança e do adulto nas atividades motoras.
O examinador deve estar treinado e familiarizado com todo o material do exame (instruções,
folhas de respostas e material de aplicação), e sempre que tiver dúvidas deve recorrer à
descrição dos itens que se encontram neste manual. É importante que saiba manipular o
material com desenvoltura, apresentando um brinquedo de cada vez, sem expor a criança a
um excesso de estímulos, que poderia prejudicar sua atenção.
O examinador pode conversar informalmente com a criança e incentivá-la a realizar o que está
sendo proposto, porém sem deixar de levar em conta as
modelo a ser imitado pela criança, caso ela não o faça espontaneamente.
Após a avaliação com cada criança, os objetos utilizados devem ser lavados com água fria e
sabão.
• Ficha de Anamnese;
Ficha de anamnese
Quando for feita a entrevista com o familiar, solicite a ficha da maternidade, para conferir
dados relativos ao parto.
8. GENETOGRAMA:
C Pais consangüíneos
O Sexo feminino
U Sexo masculino
1'
Idade: Em caso de adoção especificar que idade tinha a criança quando foi viver com os
responsáveis.
19. Ameaças de aborto: informar se houve sangramento, durante quanto tempo, e se houve
recomendação de repouso, o período e a duração.
medicação etc...).
31. e 32. Verificar na ficha médica da criança o último peso e a altura, e especificar a data e a
idade da criança quando pesada e medida. Conferir se os dados estão adequados para a idade
cronológica, conforme as tabelas do Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança -
Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento (BRASIL.MINISTÉRIO DA SAÚDE), para
crianças de 1 a 3 meses, e ABC (MARCONDES & MACHADO, 1978, pp.64-65), para crianças de 3 a
12 meses.
20. Este item que favorece a avaliação da confiabilidade dos dados investigados a seguir.
24. No parto ou pós-parto, caso tenham sido necessárias manobras de reanimação, tais como:
fototerapia (de mais de 24 horas), transfusão de sangue, tratamento cirúrgico, tratamento
prolongado no berçário, com manutenção da criança após a alta materna (mais de 5 dias após
o nascimento).
25. Internação hospitalar, por período superior a 24 horas, ou internação para cirurgias de
porte médio ou grande.
27. Convulsão, com ou sem febre; defeitos ortopédicos, que são freqüentes em crianças com
paralisia cerebral; deformidade física; estrabismo;
28. Deficiência auditiva, visual, física ou intelectual; diabetes, leucose, anemia congênita.
As folhas de respostas
mês a mês.
APEND - Apendicular.
AX - Axial.
ESP - Espontâneo.
EST - Estimulado.
COM - Comunicativo.
(E).
Regular quando foi observado cada comportamento, obtendo-se nos comportamentos que
normalizam (N) tanto "+" como "-", "+" nos que
De risco quando foi observado cada comportamento, obtendo-se "+" apenas nos
comportamentos que estabilizam (E) e "-" em comportamentos que aparecem (A) e
normalizam (N).
Estando a criança de bruços (com os cotovelos apoiados), ou sendo segurada em pé (de costas)
no colo do adulto, observe se ela controla a cabeça, elevando-a e mantendo-a na linha média.
Estando a criança deitada de bruços e apoiada nos antebraços, suspenda o brinquedo acima
de sua cabeça, a fim de que tenha que se erguer para olhar o objeto. Observe se a criança
eleva e mantém a cabeça e a parte superior do tórax.
Material: chocalho.
05. Rola.
Material: chocalho.
Coloque a criança deitada de costas; em seguida posicione seus dedos indicadores de modo
que ela possa agarrá-los, ou segure as suas mãos e verifique se ela consegue puxar para se
sentar.
08. Arrasta-se.
Material: chocalho.
09. Senta-se sem o apoio das mãos.
Coloque a criança na posição sentada sem encostar e dê-lhe brinquedos para segurar. Observe
se ela consegue ficar sentada sem o apoio das mãos.
Material: cubos.
11. Engatinha.
12.
Estando a criança em pé, ofereça-lhe um apoio (como a mão, um bastão, uma toalha etc...),
encorajando-a a andar. Observe se a criança dá alguns passos com apoio.
Coloque-se à frente da criança, segure as suas mãos e puxe-a para frente suavemente.
Gradativamente solte-a. Observe se a criança dá alguns passos sem apoio.
Coloque a criança em pé contra um móvel ou parede, de frente para você. Sente-se no chão
próximo a ela e peça que venha até você, estimulando-a com o brinquedo. Observe se a
criança caminha com independência.
presença social.
17. Sorri.
Observe se a criança sorri quando o adulto aproxima-se, toca-a, conversa com ela etc...
37
social.
Observe se, ao ver uma pessoa estranha, a criança demonstra desagrado (ex.: chorando ou
procurando o aconchego de pessoa familiar).
Observe se a criança emite palavra com significado, para designar objeto ou pessoa (ex.:
"mama", "papa", "dá"). Se necessário, fale palavras simples e observe se a criança as repete.
Estando a criança deitada de costas, soe o black-black a uma distância média de 20 cm de sua
orelha, e observe se ela apresenta mudanças em seu comportamento, como: movimentos
corporais, choro, piscar de olhos, reação de susto.
Material: black-black.
O desenvolvimento do comportamento da criança no primeiro ano de vida 139
Estando a criança deitada de costas, movimente objeto grande e colorido no seu campo visual,
aproximadamente a 20 cm do seu rosto, estimulando-a a segui-lo visualmente na linha mediana
(ângulo de até 45 graus).
Material: móbile.
Estando a criança deitada de costas ou sentada no colo de outra pessoa, soe o black-black ao
lado dela numa distância média de 20 cm, alternadamente do lado direito e do lado esquerdo.
Observe se a criança olha ou movimenta o corpo e/ou a cabeça na direção do som.
Material: black-black.
Estando a criança deitada de costas, movimente objeto grande e colorido numa área de 180
graus, aproximadamente a 20 cm do seu rosto, estimulando-a a segui-lo com os olhos (ex.:
faça movimentos circulares ou verticais). Verifique se a criança acompanha visual- mente o
objeto.
Material: móbile.
Estando a criança deitada de costas, movimente o objeto em várias direções, diante do seu
olhar, aproximadamente a 20 cm do seu rosto. Quando ela estiver seguindo visualmente o
objeto, movimente-o circularmente na linha mediana de visão, até desaparecer de um lado da
cabeça dela, surgindo do outro lado. Verifique se a criança busca o objeto visualmente após
movimentá-lo algumas vezes.
Material: móbile.
Material: espelho.
Material: fralda.
Estando a criança sentada, posicione-se lateralmente e chame primeiro por um nome qualquer
e depois pelo seu nome próprio. Observe se ela não atende ao primeiro chamado mas atende
ao seu nome, olhando na direção de onde foi chamada.
Material: fralda.
Faça jogos corporais com a criança (ex.: "serra-serra"; "elevador" etc...) e observe se quando
você pára a criança demonstra querer prosseguir continuando o movimento.
Observe se a criança imita as caretas que você faz para ela (ex.: franzir o nariz;
Observe se a criança não permanece com as mãos fechadas todo o tempo, ficando às vezes
com as mãos um pouco abertas ou abrindo os dedos levemente ao ser estimulada pela
aproximação de um brinquedo.
Estando a criança deitada de costas, ofereça-lhe o objeto e observe se ela é capaz de segurá-lo
com preensão palmar simples ou de aperto (indicador, dedo médio, anular e mínimo
pressionam o objeto contra a paIrna da mão, sem a participação efetiva do polegar).
141
Material: chocalho.
Material: chocalho.
Material: chocalho.
Coloque a criança de bruços ou sentada com apoio. Ofereça-lhe um chocalho para segurar e
observe se quando o deixa cair ela o apanha novamente.
Material: chocalho.
Estando a criança sentada com apoio, coloque o objeto fora do seu alcance, sobre um pano
próximo a ela, e observe se ela puxa o pano para pegar o objeto.
Material: chocalho.
Material: chocalho.
Estando a criança sentada, apresente a prancha com pinos, tire todos os pinos da mesma,
coloque um pino na prancha e estimule-a a colocar os outros. Observe se ela é capaz de
colocar ao menos 3 pinos na prancha, em imitação.
55. Rabisca.
Estando a criança sentada, apresente uma folha de papel sulfite, ofereça-lhe um lápis de cera,
estimulando-a a rabiscar no papel.
Material: folha de papel sulfite, lápis de cera.
Estando a criança sentada ou deitada, observe se, quando um adulto aproxima-se e diz "vem"
com o gesto significativo, ela estende os braços em sua direção.
Observe se quando outra pessoa faz um gesto significativo de proibição (ex.: menear a cabeça
lateralmente) e lhe diz "não" a criança pára a atividade ao menos momentaneamente, ou
retira a mão ao se aproximar do objeto proibido.
Estando a criança sentada com alguns brinquedos, dê-lhe um brinquedo, estenda a sua mão e
diga "dá". Observe se ela estende o objeto porém sem largá-lo. Se ocorrer uma recusa na
primeira tentativa, repita o procedimento com outro objeto.
60. Dá "tchau".
Observe se quando estimulada a criança faz gestos de carinho em pessoas familiares (ex.:
beijos, abraços, carícias etc...).
145
Estando a criança sentada com alguns brinquedos, dê-lhe um brinqu do, estenda a sua mão e
diga "dá". Observe se a criança estende o obj to e o larga. Se ocorrer uma recusa na primeira
tentativa, repita o pn cedimento com outro objeto.
Observe se quando lhe pedem para executar gestos simples a crianç atende (ex.: o adulto diz
"mande tchau para ..." e a criança acena coi forme foi pedido).
Estando a criança sentada, proponha um jogo dizendo para a criam "vamos jogar bola",
enquanto rola a bola para ela. Estimule-a a rolar bola de volta para você e observe se a criança
participa do jogo.
Material: bola.
do comportamento da criança
• 1 "black-black";
• 1 chocalho;
• 1 espelho pequeno;
• 2 lápis de cera;
• 1 fralda;
(11. ENGATINHA; 12. PASSA DE PRONO PARA A POSIÇÃO SENTADA), que estão estabilizados
aos 9 meses de idade, e um comportamento (13. CAMINHA COM AUXÍLIO), que está
normalizado com 10 meses de idade. Também não realizou dois comportamentos que apenas
aparecem com II meses de vida (15. DA ALGUNS PASSOS SEM APOIO; 1 6. CAMINHA
INDEPENDENTEMENTE).
meses de vida (22. COMBINA [)UAS SÍLABAS DIFERENTES EM JOGO sILÁBICo; 23. USA
INTENCIONALMENTE PALAVRA COM SIGNIFICADO).
SORRI E VOCALIZA DIANTE DO EsPELHO), que está estabilizado aos 9 meses de idade.
OBJETO), que está normalizado com li meses de idade. Também não realizou
Comentários conclusivos
Acredita-se que o trabalho apresentado propôs uma nova forma de classificação dos tipos de
ocorrência dos comportamentos, considerando o início e a duração do APARECIMENTO, da
NoRMALIzAÇÃo e da ESTABILIZAÇÃO de cada um dos comportamentos estudados, avançando
na caracterização do processo de desenvolvimento do comportamento da criança normal, no
primeiro ano de vida.
desenvolvimento do comportamento:
OS Sexos.
Bibliografia comentada
AIMARD. P. - A linguagem da criança. Porto Alegre, Artes Médicas, 1986. Estudou a linguagem
da criança, propondo que os processos de aquisição não poderiam ser separados dos
comportamentos de comunicação, do desenvolvimento global e do contexto da criança, e,
portanto, as aquisições lingüísticas e extralingüísticas estariam intimamente ligadas. Sugeriu
ainda que a precocidade de certos comportamentos pré-verbais da criança indicariam o inato
de certas aptidões que permitiriam um diálogo corporal entre a criança e a mãe, desde as
primeiras horas de vida, e nesse diálogo a percepção de "sinais" com significado iria sendo
aperfeiçoada nas relações adulto/criança. No início, as produções vocais da criança ocorreriam
ao acaso, derivando para um período de "balbuclo selvagem", no qual o bebê produziria todos
os sons possíveis. mesmo aqueles que não pertenceriam à língua materna; este período seria
sucedido por uma fase de ordenação, na qual a criança constituiria seu repertório fonético
conforme a linguagem materna. O balbucio seria, ao mesmo tempo, jogo e diálogo, e
possibilitaria que, aos 8 ou 10 meses, a criança emitisse formas sonoras estáveis, resultantes
da duplicação de uma sílaba ("dadada", "papapa") e as primeiras palavras, em geral "papapa"
e "mamama".
AJURIAGUERRA, J. - Manual de psiquiatria inftzntil. Trad. Célio Assis do Carmo, Mara Salvini de
Souza e Sonia Ioannides. Rio de Janeiro, Masson do Brasil, 1980. Publicou em 1976 um extenso
estudo sobre o desenvolvimento infantil e seus distúrbios, fundamentado na psicologia genética
de Piaget e de Wallon, e na teoria psicanalítica de Freud, Klein e Spitz. Especificou ter adotado o
termo comportamento em um sentido geral, relativo à noção de conduta, isto é, ao conjunto de
ações pelas quais o indivíduo tenderia a
a povo. Cóino evaluar ei crecimiento y desarrollo de los ,,iíos. México, D.F.. Pax Mexico, 1987.
Estudaram os fatores de risco que limitariam o crescimento da criança, apontando: os
relacionados diretamente com a criança tais como: as anomalias genéticas, o baixo peso ao
nascimento, a ausência de amamentação ao peito, o desmame precoce ou repentino, as
doenças, a desnutrição e a carência afetiva; os relacionados com a mãe como: nutrição e
saúde deficientes, pouca idade ou idade avançada, baixa escolaridade e dificuldades
psicológicas os relacionados com a família incluindo: recursos econômicos insuficientes.
moradia inadequada, muitos filhos nascidos em curto intervalo de tempo, instabilidade
familiar, clima emocional e fatores socioculturais negativos os relacionados com a comunidade
como: isolamento, condições ecológicas adversas, abastecimento de água inadequado e falta
de saneamento. Analisaram alguns intrumentos para a observação do desenvolvimento do
comporta-
mento, como o TESTE DE DENVER, indicando como suas principais vantagens: o formato da
folha de respostas e a forma de pontuação da prova, que permitiria uma visualização dos
adiantamentos ou atrasos da criança com relação à sua idade; as freqüências dos
comportamentos por idade, que evidenciariam as variações no ritmo de desenvolvimento de
cada criança; uma única folha de respostas, que serviria para o registro de todos os resultados
da avaliação da criança: as idades de cada comportamento, que se baseariam em observações
de crianças de uma população especificada de referência; os estudos de validação, que
indicariam que as pontuações dos comportamentos seriam semelhantes àquelas que a criança
receberia em provas mais detalhadas para a mesma idade, e ainda apontariam que muitas
crianças que haviam obtido resultados anormais ou duvidosos, em avaliações com este teste
em anos pré-escolares, apresentariam problemas importantes em seu desenvolvimento
quando na escola primária. Indicaram como principais desvantagens do TESTE DE DENVER que a
folha de respostas e as instruções do teste poderiam ser muito complicadas, principalmente
para examinadores que não tivessem uma formação profissional pertinente, requerendo um
certo nível de capacitação; a aplicação do teste demandaria, em média, 25 minutos, tempo que
poderia ser um muito longo para alguns programas ou pesquisas com crianças; alguns
indicadores seriam pouco relevantes culturalmente; teria sido formulado para detectar atrasos
severos no desenvolvimento da criança, podendo ocorrer certa confusão se a criança
apresentasse uma limitação menor, pois seria identificada como normal; incluiria poucos
comportamentos relativos aos aspectos de linguagem e interação pessoal-social nos primeiros
5 meses de vida.
BODALEV, A.A. & KOVALEV, G.A. Cominunication and mental develojnnent.A (OlleCtiOfl of
sc'ientific works. Moscow, APN SSSR., 1986.
74 Bibliografia coiiientada
vimento da comunicação: (1) o estágio neonatal, no primeiro mês de vida, quando ainda não
haveria propriamente uma comunicação da criança com o adulto; (2) o estágio de
comunicação emocional, do segundo ao sexto mês de vida, no qual a criança seria capaz de
induzir o contato e iniciar uma interação com o adulto; neste estágio a comunicação seria uma
atividade dominante, e possibilitaria a estruturação de uma das primeiras manifestações da
vida mental, ou seja, o vínculo afetivo; (3) o estágio de comunicação prática, na segunda
metade do primeiro ano de vida, coincidiria com a fase inicial (pré-lingüística) de uma forma
prática de comunicação, na qual a criança usaria a sua ação sobre os objetos com a finalidade
de comunicar; (4) o estágio de comunicação verbal prática, a partir do final do primeiro ano de
vida.
Neste roteiro indicaram, para diferentes faixas etárias, uma série de tarefas esperadas e as
atividades sugeridas, incluindo habilidades motoras, habilidades de alimentação, sono, jogo,
linguagem, disciplina, treino de toalete e de vestir.
BAYLEY, N. - Bayley scales of infant developrnent. New York, Psychological Corporation, 1969.
Publicou THE BAYLEY SCALES OF INFANT DEVELOPMENT (BsID), um teste psicológico para a
avaliação do desenvolvimento infantil. Organizou o seu teste em três partes: a ESCALA
MENTAL, com 163 itens; a ESCALA MOTORA, com 81 itens; e O REGISTRO DO
COMPORTAMENTO INFANTIL. A ESCALA MENTAL, cujos resultados seriam expressos pelo
índice de Desenvolvimento Mental (MDI), avaliaria: as acuidades e discriminações sensório-
perceptivas, a aquisição da constância de objeto, a memória, a aprendizagem e a resolução de
problemas, as vocalizações e comunicações verbais iniciais, além da habilidade para generalIzar
e classificar (consideradas como a base do pensamento abstrato); a ESCALA
MOTORA, cujos resultados seriam expressos pelo Indice de Desenvolvimento Psicomotor (PDI),
avaliaria: o grau de controle do corpo, a coordenação da musculatura ampla e a manipulação
nas atividades de coordenação fina; o REGISTRO DO (0MP0RTAMENT() INFANTIL (IBR)
avaliaria: a natureza das orientações sociais e objetivas da criança frente ao seu ambiente, que
seria expressa em atitudes, atividades e tendências para aproximar ou evitar a estimulação.
Pesquisou 1 .262 crianças de 2 a 30 meses, com as idades organizadas mensalmente de 2 a 6
meses, bimensalmente de 6 a 12 meses, trimestralmente de 12 a 30 meses, e avaliando no
mínimo 83 crianças em cada subgrupo. Alocou cada comportamento das escalas mental e
motora, nas idades correspondentes ao acerto de 50% das crianças normais, e realizou análise
estatística dos resultados, correlacionando-os com os de outras escalas e testes. Realizou a
descrição de cada comportamento estudado, tanto na ESCALA MENTAL como na ESCALA
MOTORA, com os valores de variação das idades, correspondentes respectivamente à realização
do comportamento por 5%, 50% e 95% das crianças da amostra de padronização, incluindo na
ESCALA MENTAL, para a faixa etária de 1 a 12 meses, a avaliação de comportamentos como:
reage ao som do sino (0 mês); tem coordenação visual horizontal (0, O e 2 meses); vocaliza uma
ou duas vezes (0, O e 3 meses); tem sorriso social (0, 1 e 4 meses); vocaliza 2 sons diferentes (1,
2 e 5 meses); brinca com o chocalho (2, 2 e 5 meses); tenta agarrar objeto suspenso (1, 3 e 5
meses); leva objeto à boca (2, 3 a 6 meses); vira a cabeça
para o som do sino (2, 3 e 6 meses); discrimina pessoas estranhas (3, 4 e 8 meses); recupera o
chocalho (4, 4 e 8 meses); sorri para a sua imagem no espelho (3, 5 e 12 meses); transfere
objeto de uma mão para a outra (4, 5 e 8 meses); puxa o barbante adaptativamente (5, 7 e 10
meses); coo-
pera em jogos (5,7 e 12 meses); diz "da-da" ou equivalente (5,7 e 14 meses); descobre
brinquedo (6, 8 e 12 meses); responde a perguntas verbais (6, 9 e 14 meses); põe o cubo na
xícara sob ordem (6, 9 e 13 meses); inibe-se com ordem (7, 10 e 17 meses); balança argola
pelo barbante (7, 12 e 18 meses); e na ESCALA M0TORA: retém a argola vermelha (0, O e 3
meses); mantém a cabeça ereta e firme (0, 1 e 4 meses); vira-se de lado para costas (0, 1 e 5
meses); eleva-se pelos braços (0, 2 e 5 meses); mantém as mãos predominantemente abertas
(O, 2 e 6 meses); puxa-se para a posição sentada (4, 5 e 8 meses); fica sentada sozinha por
alguns segundos (5, 6 e 8 meses); senta-se sozinha firmemente (5, 6 e 9 meses); arrasta-se ou
engatinha (5, 7 e 11 meses); tem preensão em pinça inferior (6, 7 e 10 meses); caminha com
ajuda (6, 8 a 12 meses); bate palminhas (7, 9 e 15 meses); mantém-se em pé sozinha (9, II e 16
meses); caminha sozinha (9, 11 e 17 meses); joga bola (9, 13 e 18 meses).
BAYLEY, N. - Bavley seu/es of infant developínent second edition. San Antonio, Psychological
Corporation, 1993. Publicou THE BAYLEY SCALES OF INFANT DEVELOPMENT - SECOND EIITION
(BsI[-II), uma revisão da THE BAYLEY SCALES OF INFANT DEVELOPMENT (nsio; BAYLEY, 1969)
para a avaliação do desenvolvimento infantil. Nessa revisão manteve a mesma organização do
teste original, ESCALA MENTAL, ESCALA MOTORA C REGISTRO DO COMPORTAMENTO
INFANTIL.
tendo ampliado a faixa etária e modificado a relação dos comportamentos a serem avaliados,
visando aperfeiçoar o conteúdo, a fidedignidade e a validade do teste. A ESCALA MENTAL
avaliaria principalmente: o desenvolvimento perceptivo, a resolução de problemas, o conceito
de número, a linguagem e o desenvolvimento pessoal-social: a ESCALA MOTORA avaliaria
prioritariamente: a qualidade dos movimentos e a integração sensorial e perceptivo-motora; e o
REGISTRO DO COMPORTAMENTO INFANTIL (IBR) avaliaria: a natureza das orientações sociais e
objetivas da criança frente ao seu ambiente. Pesquisou 1 .700 crianças de 1 a 42 meses, com as
idades organizadas mensalmente de 1 a 6 meses, bimensalmente de 6 a 1 2 meses,
trimestralmente de 1 2 a 30 meses e semestralmente de 30 a 42 meses, avaliando 50 crianças
de cada sexo em cada subgrupo. Subdividiu o primeiro ano de vida em subfaixas etárias,
estabelecendo o primeiro mês dos 16 dias de vida até 1 mês e 15 dias, e assim sucessivamente
até o décimo segundo mês. Alocou cada comportamento da ESCALA MENTAL e da ESCALA
MOTORA nas idades correspondentes às freqüências de acerto de 1 5% a 90%, tendo realizado a
análise estatística dos resultados, correlacionando-os com outras escalas de
desenvolvimento e testes psicológicos. Realizou a descrição minuciosa de cada
comportamento estudado.
BINET, A. - Les idées inodernes sur les enfrmnts. Paris, Flammarion, 1913. Estudou a
inteligência, caracterizando-a como uma organização psíquica que estaria baseada em um
esquema composto por: direção (visar um objetivo e conduzir-se diretamente sem desviar-se),
compreensão (percepção e interpretação das sensações e eventos), criatividade (atividade
imaginativa) e crítica (capacidade de julgamento). Definiu a inteligência como "uma faculdade
de conhecimento, que é dirigida para o mundo externo e que trabalha para reconstruí-lo por
inteiro, por meio dos pequenos fragmentos que foram dados" (p.l 17). Propôs a ESCALA
MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA, com provas para crianças a partir de 3 meses de idade até os 15
anos. Nessa escala o primeiro ano de vida seria avaliado aos 3, 9 e 12 meses, com uma prova
específica para cada uma dessas idades: ter um olhar voluntário (32 mês), escutar um som (92
mês), discernir os alimentos (122 mês). Esta escala teria sido apresentada a partir da concepção
de várias provas, em dificuldades crescentes, com a sua aplicação em um grande número de
crianças, sendo computada a idade na qual as crianças teriam obtido êxito e,
então, constituindo a escala com as provas selecionadas, o que permitiria detectar se um dado
sujeito tinha a inteligência correspondente à sua idade ou estaria atrasado ou adiantado em
meses ou anos.
BLUMA, S.; SHEARER, M.; FROHMAN, A. & HILLIARD, J. - Portage guide to earl education.
Wisconsin, Portage Project, 1976. Escreveram os resultados dos três primeiros anos do Portage
Project, desenvolvido na cidade de Portage (Wisconsin, E.U.A.) propondo um roteiro para a
estimulação do desenvolvimento do comportamento da criança. Publicaram o PORTAGF. GUII)E
TO EARLY EDUCATION para crianças de O a 6 anos, incluindo uma lista de objetivos para o
registro do desenvolvimento da criança, com uma relação dos comportamentos subdividida
ano a ano, e um fichário que descreveria como estimular o desenvolvimento dos objetivos.
Apresentaram o seu roteiro subdividido em 5 áreas de desenvolvimento do comportamento:
socialização, linguagem, cuidados próprios, cognição e motricidade.
BOTTOS, M.; DALLA BARBA, B.; STEFANI, D.; PETTENÀ, G.; TONIN, C. & D'ESTE, A. - Locomotor
strategies preceding independent walking: prospective study of neurological and language
development in 424 cases. Dcv. Mcd. Child Neurol., v. 31: 25-34, 1989. Investigaram as
estratégias de locomoção em 424 crianças, subdivididas em dois grupos, um deles composto
por 270 crianças de risco neurológico e o outro de 154 normais. As crian
75 Bibliografia comentada
BOWLBY, J. - Formação e roin/ninento dos laços afrtivos. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo, Martins
Fontes, 1982. Em um artigo originalmente publicado em 1957, propôs a abordagem etológica no
estudo do desenvolvimento infantil, enfocando os padrões de comportamento específicos da
espécie humana, assim como a identificação das condições externas relevantes para suscitar
determinados comportamentos. Estruturou um modelo básico para o comportamento
instintivo, considerando-o uma unidade que englobaria um padrão de comportamento
específico da nossa espécie. Acrescentou a este modelo um componente importante, as fases
sensíveis de desenvolvimento, que afetariam o processo nos seguintes aspectos: o
comportamento poderia se desenvolver ou não, dependendo do ambiente em determinado
período sensível; o comportamento, em virtude de uma experiência particular na infância,
poderia manifestar-se no adulto com uma intensidade diversa da que seria esperada; a
susceptibilidade a processos de aprendizagem da parte motora de um padrão de
comportamento poderia estar restrita a um período de tempo limitado; os estímulos que
desencadeariam um padrão de comportamento poderiam ser inicialmente mais amplos e, em
função de um processo de aprendizagem, tornarem-se restritos. Partiu desses conceitos básicos
para realizar um estudo etológico do sorriso do bebê, considerado como um
detonador social, e que teria como função suscitar o comportamento materno. 1dentficou o
sorriso também como um componente na organização de padrões de comportamento mais
complexos, que a criança associaria à figura materna.
O desenvolvimento do colnpol-lamento da criança no primeiro ano de vida 179
Bibliografia comentada
pouco preditiva com o desenvolvimento posterior das suas funções intelectuais. CATTELL apud
BROOKS & WEINRAUB (1977) realizou na década de 40 um extenso estudo sobre o
desenvolvimento de crianças normais, no Center for Research in Child Health and Development
da Harvard University (E.U.A.), quando propôs uma escala de desenvolvimento para crianças de
2 a 30 meses, com muitos dos comportamento originados dos testes de
Geseil, tendo subdividido a faixa etária estudada, mensalmente no l ano, bimensal- mente no 2
ano e a cada 4 meses no ano de vida, distribuindo os comportamentos em no mínimo 5 por
idade e avaliando 274 crianças de classe média, realizando estudos estatísticos.
BRUNET, O. & LÉZINE, 1. - Desarrolio psicológico de la primera injancia. Trad. Guillermo Orce
Remis. Buenos Aires, Troquei, 1964. Publicaram em 1948 a ESCALA DE DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DA PRIMEIRA INFÂNCIA, para crianças de 1 mês a 5 anos, inspirada
principalmente na GESELL [)EVELOPMENT SCHEDULES (GESELL & AMATRUDA, 1945) e nos THE
BABY TESTS (BÜHLER & HETZER, 1979). Nessa escala distribuíram 10 itens por idade,
considerando-a mensalmente de 1 a 10 meses, trimestralmente de 1 2 a 24 meses,
semestralmente de 24 meses aos 3 anos e anualmente até os 5 anos. Estudaram, em Paris, um
total de 1 .500 crianças saudáveis, de ambos os sexos, em distribuição variável, porém não
inferior a 33 crianças em cada idade. Apresentaram um manual de instruções descritivo,
incluindo especificações de sua padronização. Adotaram como critério empírico para a
classificação dos itens com relação à idade porcentagens variáveis de êxito das crianças da
amostra, dependendo da idade: de 46% a 78%. Propuseram uma análise dos resultados
individuais em um QUOCIENTE [)E DESENVOLVIMENTO (QD), relacionando a idade de
desenvolvimento obtida no teste com a idade cronológica da criança. Nos itens propostos
consideraram para o: 32 mês: LOCOMOÇÃO E CONTROLE posTuRAL: deitada em decúbito
ventral, apóia-se sobre os antebraços; COORDENAÇÃO VIS0M0T0RA: mantém firmemente o
chocalho e sacode-o; vira a cabeça para seguir um objeto com o olhar; LINGUAGEM:
CONTROLE POSTURAL: mantida verticalmente, suporta uma parte do seu corpo; LINGUAGEM:
repete os próprios sons; REAÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS: faz distinção entre rostos familiares e
estranhos; 72 mês: LOCOMOÇÃO E CONTROLE POSTURAL:
mantém-se sentada sem apoio, durante período curto; passa brinquedos de uma mão para a
outra; 8 mês: LOCOMOÇÃO E CONTROLE P0STURAL: senta-se quando se exerce uma leve
tração dos antebraços; vira de decúbito ventral para dorsal; LINGUAGEM: participa da
brincadeira de "esconde-esconde"; 92 mês: LOCOMOÇÃO E CONTROLE P0sTURAL: mantém-se
em pé com apoio; sentada, sem apoio, desfaz-se de um pano colocado sobre a sua cabeça:
COORDENAÇÃO VISOMOTORA: pega uma pastilha com o polegar e o indicador; faz soar um
sino; LINGUAGEM: verbaliza uma palavra de duas sílabas; l0 mês: COORDENAÇÃO
vISOMOT0RA: encontra um brinquedo escondido embaixo de um pano: LINGUAGEM: repete
sons; REAÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS: compreende a proibição, detendo uma ação sob ordem.
BÜHLER, C. - The Jirst year of life. Trad. Pearl Greenberg & Rowena Ripin. New York, John Day,
1930. Publicou os resultados de suas pesquisas realizadas em Viena (Áustria), com crianças de
O a 1 2 meses de idade, fornecendo um inventário detalhado do desenvolvimento no primeiro
ano de vida. Empregou inicialmente o método de observação sistemática ininterrupta de cada
criança, durante 24 horas, nas condições usuais de sua vida diária. Desenvolveu com base em
suas pesquisas de observação e na avaliação de 400 crianças (30 crianças em cada idade
mensal), provenientes de meio social predominantemente pobre, TI-IL BABY TESTS, para
crianças de 2 meses a 2 anos de idade, incluindo nesse teste 10 itens para cada mês no 12 ano e
para cada 3 meses 00 2 ano de vida, visando a avaliação: do controle corporal (controle de
cabeça, preensão, posição do corpo, controle do tronco, locomoção), da habilidade mental
(percepção visual e auditiva, imitação, sorriso), do comportamento sociai (resposta ao olhar do
adulto, expressão facial, compreensão de gestos, brincar com o adulto) e da manipulação de
objetos (exploração táctil, brincar com objetos). Os resultados da avaliação dos testes seriam
expressos em um QUOCIENTE DE DESENVOLVIMENTO (QD).
BZOCH, K.R. & LEAGUE, R. - Language skills in infancy: a handbook for the multidiniensional
analysis of emergent language. Baltimore, University Park, 1970. Publicaram o THE RECEPTIVE-
EXPRESSIVE EMERGENT LANGUAGE PROJECT - a REEL SCALE, para a avaliação da linguagem de
crianças de 1, 2 e 3 anos de idade, baseados na teoria biolingüfstica de desen
choro freqüente com variação de força: vocalização reflexiva: comunicação de "fome" através
do uso de padrão vocal ou tipo de choro específicos: comunicação de diversos estados - prazer,
desconforto ou dor - através de interações vocais com a mãe, produzindo principalmente sons
vocálicos frontais e sons guturais: imitação de sons ouvidos; jargão: uso de palavras conhecidas
na comunicação interpessoal. Na avaliação da linguagem incluíram diversos comportamentos,
tais como: LINGUAGEM RECEPTIVA: 1 mês - com freqüência olha para a pessoa que fala e
responde sorrindo; 5 meses - pára, em resposta ao "não", ao menos metade das vezes; 6
meses - responde com gestos apropriados a palavras como "vem",
"tchau"; 9 meses - com freqüência entrega o brinquedo ou outro objeto solicitado
verbalmente por adulto familiar; II a 12 meses - demonstra compreensão, respondendo com
gesto apropriado a várias solicitações verbais; LINGUAGEM EXPRESSIVA: 1 mês - algumas vezes
repete a mesma sílaba enquanto arrulha ou balbucia; 2 meses - com freqüência vocaliza duas ou
mais sílabas diferentes; 3 meses - balbucia,
COLL, C.T.G. - Developmental outcome of minority infants: a processoriented look into our
beginnings. Child Dcv. 61: 270-89, 1990. Realizou um revisão da literatura sobre o
desenvolvimento das crianças de grupos sociais minoritários, do nascimento até a idade de 3
anos, indicando os principais aspectos que influenciariam o desenvolvimento desse grupo.
Destacou como fatores de risco para problemas neurológicos e de desenvolvimento: o
contexto familiar caracterizado por mães jovens, a presença de apenas um dos pais e família
numerosa.
CORIAT, L.F. - Maturação psicomotora no pri,neiro ano de vida da ru,nçci São Paulo, Cortez e
Moraes, 1977. Descreveu detalhadamente o desenvolvimento neuromotor da criança no
primeiro ano de vida, indicando os procedimentos para o seu exame. Em sua proposta,
especificou as idades previstas para a aquisição de diversos comportamentos, tais como:
primeiro trimestre: faz sons guturais. Segundo trimestre: faz rotação da cabeça quando segue
um objeto com os olhos, alcançando progressivamente 180 graus; tem postura simétrica; faz
vocalizações; tem sorriso social; tem preensão palmar; apanha objetos que deixou cair (mais
de 5 meses); rola; esboça um apoio quando sustentada em pé (próximo aos 6 meses); em
decúbito ventral sustenta a cabeça, apóia-se nos antebraços e tenta alcançar os objetos (5
meses). Terceiro trimestre: mantém-se sentada apoiando-se nas duas mãos (6 meses) e em
uma das mãos (7 meses); mantém-se sentada com apoio manual ocasional (8 meses);
transfere objeto de uma mão para a outra (6 a 7 meses); leva objeto à boca (mais de 6 a 7
meses); mantém-se ereta segurando a mão de uma pessoa ou com outro apoio (8 a 9 meses);
faz sons linguodentais como "tátátá", "dádádá" (9 meses). Quarto trimestre: muda de
decúbito; engatinha.
COSTE, J.C. - A psicomotricidade. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, Zahar, 1981. Publicou
originalmente em 1977 um trabalho no qual realizou um levantamento histórico sobre a noção
de corpo, desde a cultura grega antiga até Freud, Wallon e Ajuriaguerra. Apontou para a
importância do corpo na psicanálise, como origem das pulsões e lugar de inscrição das
experiências prazeirosas, possíveis no âmbito da vida relacional da criança, principalmente
com a mãe. Discutiu o tono como fenômeno nervoso, como "trama" do movimento e como
função comunicativa. Explicou o conceito de projeto motor, ou seja, a intencionalidade
convertida em ato, com a passagem do movimento ao gesto. Destacou o desenvolvimento da
estruturação do esquema corporal, a evolução da preen são e da coordenação óculo-manual.
DIAMENT. A.J. - Evolução neurológica do lactente normal. Porto Alegre, EDART, 1976. Propôs o
EXAME NEuRoLÓGIco 1)0 LACTENTE para a avaliação de crianças normais no primeiro ano de
vida. Enfocou o desenvolvimento neurológico, propondo manobras e procedimentos para a
observação do comportamento do lactente. Realizou seu estudo na cidade de São Paulo. com
uma amostra de 113 crianças, de ambos os sexos, subdivididas quanto à idade, mês a mês, em
subgrupos de 20 crianças. Para a configuração da amostra, selecionou as crianças incluindo
diversos critérios, como: nascimento a termo, peso ao nascer entre 2.800 g e 4.000 g, sem
antecedentes mórbidos. Avaliou a atitude, a fala, o equilíbrio estático e o dinâmico, a
motricidade, a sensibilidade e os nervos cranianos, descrevendo as porcentagens obtidas pelos
subgrupos de crianças, para cada comportamento, e os respectivos intervalos de confiança.
Observou diversos comportamentos, tais como: LINGuAGEM: lalação (2 meses = 80%; 3 meses
= 100%): primeiras palavras (8 meses = 40%; 11 meses =
100%); sentada sem apoio (7 meses = 95%); em pé com apoio (5 meses = 20%;
lI meses = 80%); marcha voluntária sem apoio (11 meses = 10%); PREENSÃO:
pressão da existência do ser humano, uma função e um comportamento, condicionado por três
tipos de fatos: os psicofisiológicos, associados à aprendizagem e aos condicionamentos; os
psicoafetivos, relacionados às motivações e emoções; os psicossociais, relativos às implicações
da identificação de um indivíduo com outro (imitação, oposição ou afirmação). Observou que a
criança, a partir de uma atitude inicial de flexão e hipertonia das extremidades, característica do
recém-nascido, passaria sucessivamente para uma hipertonia do eixo corporal e uma hipotonia
das extremidades. Refletiu que este jogo constante de hipo e hipertonicidade, sugerindo uma
dialética entre o eixo corporal e as extremidades, permitiria à criança a aquisição dos
automatismos básicos para a sua vida (locomoção e preensão). Propôs uma síntese evolutiva da
gênese da psicomotricidade, subdividindo-a em quatro estados: o hipertônico do recém-
nascido; o dos movimentos mal-ajustados e dismétricos, que ocorreria
a partir da fase anterior até 24 meses; o dos movimentos graciosos, que iria dos dois aos
quatro anos de idade; e o da perfeição motora a partir dos quatro anos até o final da infância.
FRANKENBURG, W.K. & DODDS, J.B. - The Denver Developmental Screening Test. Pediatr., 71
(2): 18 1-91, 1967. Publicaram o TESTE DE DENVER, THE DENVER DEVELOPMENTAL SCREENING
TEST - DDST, um método simples para a avaliação de crianças na faixa etária de 1 mês a 5 anos
de idade, que visaria a detecção de atrasos no desenvolvimento infantil, abrangendo as
seguintes funções: coordenação motora ampla, linguagem, coordenação motora fina e
adaptação pessoal-social. Padronizaram O TESTE DE DENVER, a partir da avaliação de 1 .036
crianças, presumivelmente normais, com idades de 2 semanas a 6 anos, provenientes de
famílias que apresentavam as características ocupacionais e étnicas da população da cidade de
Denver (Cobrado, E.U.A.). Consideraram 3 comportamentos por idade e analisaram os
resultados obtidos nas avaliações de cada comportamento, com as idades correspondentes à
realização de 25%, 50%, 75% e 90% das crianças que participaram da pesquisa. Dentre os
comportamentos estudados, destacamos: 2 meses: sorri (1 a 3 meses), fixa e acompanha
objetos em seu campo visual (1 a 3 meses); 4 meses: colocada de bruços, levanta e sustenta a
cabeça, apoiando-se no antebraço (2 a 5 meses), alcança e pega objetos pequenos (3 a 5
meses), emite sons - vocaliza (2 a 5 meses); 6 meses: levantada pelos braços, ajuda com o corpo
(3 a 7 meses), segura e transfere objetos de uma mão para a outra (4 a 8 meses), vira a cabeça
na direção de uma voz ou objeto sonoro (4 a 9 meses); 9 meses: senta-se sem apoio (5 a 10
meses), arrasta-se ou engatinha (7 a 10 meses), responde diferentemente a pessoas familiares
e estranhas (6 a 10 meses).
FRANKL, L. & WOLF, K. - As séries de testes para o primeiro ano de vida. BÚHLER, C. & HETZER,
H. - O desenvolvimento da criança do prinieiro ao sexto ano de vida. Testes: aplicação e
interpretação. Trad. Renate Mtiller Simensen Santos. São Paulo, EPU, 1979. Elaboraram as
séries de testes para o primeiro ano de vida na reedição dos testes para crianças, THE BABY
T1STS, publicados originalmente em 1930. Incluíram os procedimentos para a aplicação da
escala, a descrição do material e dos comportamentos a serem observados e as idades
correspondentes a cada comportamento, mês a mês, de 1 a 9 meses, e de 2 em 2 meses, de 10
a 12 meses. As séries de testes propostas incluíram comportamentos tais como: 2 mês: fixa o
olhar em uma meada de lã em movimento; 32 mês: gira a cabeça procurando a origem do
som, enquanto o mesmo é emitido, balbucia; 42 mês: ergue os ombros e a cabeça na posicão
de bruços, segura o chocalho; 6 mês: deitada de costas, retira a fralda do rosto; 72 mês:
deitada de costas, gira o corpo para o lado; 8 mês:
GARDNER, D.B. - Development in early childhood: the preschool vears. Nova York, Harper &
Row, 1964. Fez uma análise das abordagens mais importantes no estudo da criança no século
XX, propondo 4 linhas principais: a comportamentalista. a normativa-descritiva, a psicanalítica
e a teoria de campo. Indicou que a GESELL DEVELOPMENTAL SCH11)ULES (GESELL &
AMATRUDA, 1945) teria uma abordagem normativa-descritiva, mas, como seria baseada na
média dos resultados das crianças para cada idade, forneceria poucas indicações sobre o que
seria certo ou errado, saudável ou deficiente, em cada comportamento, e não possibilitaria
uma avaliação mais qualitativa, que oferecesse indicações sobre como estimular uma
determinada criança. Definiu o desenvolvimento como a complexidade global dos processos,
que surgiriam das forças internas (genéticas) e externas (ambientais), que operariam em
interação, em todos os níveis e estágios do crescimento humano, dirigidas para o objetivo da
auto-realização, resultando em mudanças na forma, estrutura e funcionamento do indivíduo.
Considerou o desenvolvimento como um processo progressivo, contínuo, em uma seqüência
ordenada, regular e previsível de estágios. Discutiu os principais aspectos do desenvolvimento
da criança, desde o nascimento aos 6 anos de idade, incluindo a locomoção, as coordenações
sensório-motoras, a preensão, a linguagem e o comportamento emocional.
Bibliografia comentada
GESELL, A. & AMATRUDA, C. - Diagnostico dei desarroilo normai y anormal dei niío. inetodos
clinicos y aplicaciones practicas. Trad. Dr. Bernardo Serebrinsky. Buenos Aires, Medico
Quirurgica, 1945. Assumiram que o comportamento seria o termo adequado para todas as
reações de uma criança, fossem elas reflexas, voluntárias, espontâneas ou aprendidas, e que o
desenvolvimento poderia ser revelado pelo modo de a criança comportarse. Propuseram um
exame do comportamento da criança de O a 5 anos, a GESELL DEVELOPMENTAL SCI-IEDULES,
avaliando quatro aspectos'. o comportamento motor, considerando os movimentos corporais
amplos, as coordenações motoras finas, as reações posturais e a forma de manejar os objetos;
o comportamento adaptativo, considerando a coordenação dos movimentos oculares e
manuais, a habilidade para utilizar a motricidade na solução de problemas práticos e na
realização de novas adaptações; a linguagem, incluindo todas as formas de comunicação, como
os gestos, os movimentos posturais, as vocalizações, as palavras ou as frases, assim como a
imitação e a compreensão do que outras pessoas expressam; o comportamento pessoal-social,
considerando os cuidados pessoais, o jogo e a adaptação às situações sociais. Em sua escala,
alocaram os comportamentos, nas idades nas quais a freqLiência de ocorrência seria próxima
de 50%. Relacionaram a idade de desenvolvimento obtida pela criança na
avaliação através da escala, com a sua idade cronológica, propondo uma análise dos resultados
individuais em termos de um QUOCIENTE DE E)ESENVOLVIMENTO (QD). Forneceram normas de
desenvolvimento, incluindo para 1 a 1 2 meses de idade comportamentos tais como: 4 semanas
- ADAPTATIVO: argola: segue com o olhar na linha média; LINGUAGEM:
voz: pequenos ruídos guturais: 8 semanas - MOTOR: prono: cabeça na linha média;
ADAPTATIVO: chocalho: retém brevemente; LINGUAGEM: expressão: sorriso; voz: "a", "e", "u";
12 semanas - MOTOR: supino: posição simétrica; mãos abertas ou levemente fechadas;
ADAPTATIVO: argola: segue com o olhar até 180 graus; 16 semanas - MOTOR: prono:
tendência a rolar; ADAPTATIvO: argola:
leva à boca; PESSOAL-SOCIAL: jogo: tira pano do rosto; 20 semanas - PESSOALsociAL: social:
sorri para a imagem no espelho; 24 semanas - MOTOR: sentada:
tronco ereto; ADAPTATIVO: cubo: recupera o cubo que caiu; PESSOAL-SOCIAL: SOcial:
distingue estranhos; LINGUAGEM: campainha: volta a cabeça para o som; voz: grunhidos;
tagarela espontaneamente; 28 semanas - MOTOR: sentada:
brevemente, inclinada para a frente, apoiada sobre as mãos; ADAPTATIVO: argola; cubo;
campainha: transfere corretamente de uma mão para a outra, retém; LINGUAGEM: voz: sons
vocais polisilábicos; 32 semanas - MoToR: pé: mantém-se brevemente, apoiada pela mão; 36
semanas - LINGUAGEM: voz: "dada" (ou equivalente); imita sons; comportamento: responde
ao não;
GOLDFIELD, E.C. - Transition from rocking to crawling: postural constraints on infant movement.
Dev. Psychol., 25, (6): 9 13-9, 1989. Estudou semanalmente 55 crianças, dos 6 meses de idade
até que começassem a engatinhar, buscando a relação deste comportamento com a orientação
da cabeça, o uso das mãos e o chutar. Partiu do ponto de vista de que o engatinhar seria uma
possibilidade para a locomoção da criança, que emergiria de uma combinação de capacidades
integradas, tais como agarrar e olhar, e do desenvolvimento do ritmo de suas interações.
Baseado nessa abordagem de sistemas dinâmicos, observou que a idade média para a aquisição
do engatinhar seria aos 8 meses, e que as funções independentes, a orientação, o agarrar e o
chutar, ainda em desenvolvimento, estariam combinadas em um sistema de ação, visando uma
função locomotora específica: o engatinhar. A função de orientação evoluiria desde o controle
de cabeça, para a orientação ativa da cabeça, até a elevação da cabeça; a função de agarrar
progrediria desde a coordenação olho/mão, para o agarrar simétrico, até a preferência manual;
a função de chutar ocorreria desde o chute bilateral simétrico, para o empurrar contra o solo,
até o chute contralateral
(pernalbraço).
GOODENOUGH, F.L. & ANDERSON. J.E. - Experimental child study. New York. Century, 1931.
Realizaram um levantamento dos métodos de estudo do desenvolvimento infantil, incluindo
trabalhos de observação, biografias de crianças e o uso de crianças como sujeitos em pesquisas
sobre aspectos específicos do desenvolvimento. Analisaram as abordagens psicanalítica e
comportamental. Definiram o modelo de comportamento, também conhecido como modelo
de ação ou modelo de reação, como um ato complexo ou uma seqüência de atos, que estariam
relacionados com o todo funcional. Discutiram os princípios fundamentais do desenvolvimento,
tais como: a característica de continuidade predominando sobre a de descontinuidade; o
aumento de fatores com a idade; a ordem seqüencial; o processo do geral para o específico; a
integração que acompanha a diferenciação. Destacaram: a importância da criança como sujeito
de investigações científicas, o uso de técnicas adaptadas para crianças, a ênfase na
objetividade e os estudos simultâneos conduzidos por especialistas em diferentes aspectos do
desenvolvimento do comportamento da criança. Propuseram critérios para a avaliação de
trabalhos científicos, métodos para lidar com crianças em situações experimentais, e algumas
for-
mas de análise estatística dos resultados de pesquisas. Forneceram roteiros para a realização
de diversos experimentos com crianças desde os 1 8 meses até a idade escolar.
GORAYEB. S.R.P. - Descrição do repertório comportamental de crianças de um a seis meses de
idade: elaboração de instrumentos e sua aplicano estudo do desenvolvimento infantil. São
Paulo, 1984. [Tese Doutorado
92%); sustenta a cabeça (2 meses = 63%, 5 meses = 100%); mantém a posição simétrica (2
meses = 75%, 5 meses 100%); muda de decúbito (2 meses = 13%, 5 meses = 79%, 6 meses = 71
%); mantém-se sentada, com o apoio das mãos (5 meses = 29%, 6 meses = 21%); mantém-se
sentada, sem apoio (5 meses = 4%, 6 meses = 54%); leva a mão à boca (2 meses = 50%, 5
meses = 83%, 6 meses =
54%); puxa para sentar-se (2 meses = 13%, 5 meses = 92%): sustenta-se sobre os membros
inferiores, quando segura em pé (2 meses = 50%, 5 meses = 88%, 6 meses = 100%); anda com
apoio (2 meses = 0, 5 meses = 4%, 6 meses = 13%); em supino, leva a mão em direção a objeto
sonoro (5 meses = 75%, 6 meses = 96%); tem preensão palmar (2 meses = 88%, 5 meses = 83%,
6 meses = 92%); em prono, alcança objeto (5 meses = 58%, 6 meses = 83%); puxa pano de sobre
o rosto (5 meses = 46%, 6 meses 63%); chocalha objeto (2 meses = 29%, 5 meses 54%, 6 meses
= 63%); leva objeto à boca (2 meses = 17%, 5 meses = 71%, 6 meses = 75%); muda objeto de
mão (2 meses = 0, 5 meses = 33%, 6 meses = 58%); acompanha visualmente o movimento de
uma argola (2 meses = 54%, 5 meses = 100%, 6 meses = 92%); emite sons guturais e vocálicos,
quando estimulada verbalmente (2 meses = 71%, 5 meses = 50%, 6 meses
= 42%); sorri
HONZIK, M.P. - Value and limitations of infant tests. Lewis, M. Origins of inteiligence: inftrncy
and early childhood. New York, Plenum, 1977. pp.59-95. Discutiu o valor e as limitações de
diversas escalas de desenvolvimento e testes psicológicos para avaliação da criança nos
primeiros meses de vida, incluindo a GESELL DEVELOPMENTAL SCHEDULES (GESELL &
AMATRUDA, 1945), a ESCALA I)E DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA PRIMEIRA INFÂNCIA
(BRUNET & LÉZINE, 1964) e THE BAYLEY SCALES OF INFANT DEVELOPMENT (BAYLEY, 1969).
Enfocou, particularmente, a possibilidade preditiva desses instrumentos, quanto ao
desenvolvimento da criança, e a sua relação com os resultados posteriores em testes
intelectuais. Analisou várias pesquisas que estudaram as diferenças entre os sexos, quanto à
predição do quociente intelectual, concluindo que a previsibilidade dos resultados em testes
de inteligência aplicados posteriormente começaria a ocorrer a partir do sexto mês de vida,
apenas para o sexo feminino, especialmente em certas habilidades, como as vocalizações.
Apontou ainda que a ESCALA DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA PRIMEIRA INFÂNCIA
(BRUNET & LÉZINE, 1964) seria uma adaptação francesa da GESELL DEVELOPMENTAL
SCHEDULES, considerando
KARNIOL, R. - The role of manual manipulative stages in the infant's acquisition of perceived
control over objects. Dev. Rev., 9: 205-33, 1989. Estudou o desenvolvimento da habilidade
manual da criança, em sua interação com os objetos, seguindo longitudinalmente 2 crianças
desde o nascimento, uma delas até 7 meses e outra até 12 meses, e transversalmente, 5
crianças: 2 com 2 meses, 2 com 3 meses e 1 com 4 meses. Propôs que o desenvolvimento da
habilidade manual ocorreria em 10 estágios: rotação, que poderia ser eliciada ao colocar-se um
objeto pequeno na mão da criança, e apareceria no segundo mês de vida; translação, que
implicaria em agarrar um objeto. e poderia ser eliciada no terceiro ou quarto mês de vida;
vibração, que envolveria o balançar ou chocalhar objetos, e ocorreria a partir do quarto ou
quinto mês; preensão bilateral, que seria evidenciada ao segurar um objeto com ambas as
mãos, e surgiria a partir do quarto mês; preensão com as duas mãos, que ocorreria quando a
criança usasse as duas mãos agarrando diferentes objetos, e se manifestaria desde o terceiro ou
quarto mês; transferência mão-a-outra, que envolveria a transferência do objeto de uma mão
para a outra, e apareceria a partir do quarto mês; ação coordenada com um único objeto, que
implicaria em segurar o objeto com uma das mãos manipulando-o com a outra, e seria
observada a partir do quinto mês: ação coordenada com dois objetos, que implicaria na
manipulação de dois objetos ao mesmo tempo, sendo um em cada mão, e surgiria desde o
sexto mês; deformações, que implicaria em modificar a maneira como o objeto é percebido,
mudando-lhe a forma, produzindo sons, deformando-o, rasgando-o, e apareceria desde o
sétimo mês; ação instrumental seqüencial, que envolveria as duas mãos, cada uma delas de um
modo e com um objetivo diferente como, por exemplo, abrir uma caixa com uma das mãos e
tirar o conteúdo dela com a outra, e que seria possível a partir do sétimo mês.
LEON, I.G. - Object constancy as a developmental line. Bui. Menninger Clinic, 51 (2): 144-57,
1987. Discutiu a aquisição da conservação de objeto, buscando estabelecer uma relação entre a
teoria psicanalítica e os conceitos formulados por Piaget, referentes à noção de objeto e aos
processos de assimilação e acomodação. Sugeriu que a constância de objeto seria uma
consolidação progressiva, precisa, flexível e consistente, da representação de objeto, adquirida
através dos processos de internalização e integração. Tal representação é que possibilitaria, nas
relações sociais, considerável independência, assegurando ao mesmo tempo, através do
conceito de si próprio e das outras pessoas, um grau elevado de continuidade e consistência
no funcionamento interpessoal.
LEVITT, A.G. & UTMAN, J.G.A. - From babbling towards the sound systems of English and
French: a longitudinal two-case study. J. Child Lang., 19: 19-49, 1992. Estudaram o
desenvolvimento das primeiras vocali-zações de
LEWIS, M.D. & ASH, A.J. - Evidence for a neo-piagetian stage transition in early cognitive
development. lntern. J. Behav. Dev., 15 (3): 337-58, 1992. Estudaram a teoria de
desenvolvimento de Piaget no início do período sensóriomotor, pressupondo que o
desenvolvimento cognitivo poderia ser compreendido como a intercoordenação de
habilidades nas diferentes idades, e que, na faixa
O desenvolvimento do comportamento da criança no jrimnemro ano de vida 1
LEWIS, M.; JASKIR, J. & ENRIGHT, M.K. - The development of mental abilities in infancy. inteil.,
10: 33 1-54, 1986. Discutiram o desenvolvimento das habilidades mentais na infância.
Estudaram crianças de classe média utilizando a THE BAYLEY MENTAL SCALE OF INFANT
DEVELOPMENT nas idades de 3, 12, 24 meses e a ESCALA DE INTELIGÊNCIA DE STANFORD-
BINET aos 36 meses. Através de análise fatorial destacaram, para cada idade estudada, o seu
principal componente, ou seja. o fator G de inteligência: 3 meses seria a manipulação
sensóriomotora, incluindo comportamentos de coordenação olho-mão ao agarrar objetos e a
persistente tentativa de alcançar, abrangendo os comportamentos relaciona-
Bibliografia comentada
dos à busca visual; aos 12 meses seria a manipulação de múltiplos objetos, de forma dirigida
para um objetivo, como imitar os comportamentos apresentados pelo adulto (fator meio-
fim/imitação); aos 24 meses seriam os fatores relativos às atividades verbais simbólicas.
Referiram que a análise dos fatores indicou: 3 meses, o fator 1 seria a manipulação; o fator 2, a
atenção so-cial, como os comportamentos de sorrir para a imagem humana no espelho e
vocalizar dois sons diferentes; o fator 3 indicaria uma busca para estímulos visuais e auditivos,
como ao seguir objetos com os olhos e virar a cabeça ao som do sino; e o fator 4 seria a
produção auditiva, como o interesse na produção de sons e as vocalizações; 12 meses, o fator
1 seria o meio/fim, como a coordenação na manipulação dos objetos: o fator 2 seria a imitação,
como o rabiscar e colocar forma de encaixe; e o fator 3 seria a atividade verbal, como imitar
palavras e mostrar o objeto que foi nomeado. Estudaram quanto aos fatores considerados as
diferenças entre os sexos e encontraram: aos 3 meses, uma única diferença não significante,
que seria a de que os meninos tenderiam a ser mais manipulativos do que as meninas; aos 12
meses, as meninas mostrariam uma atividade verbal significantemente maior do que os
meninos. Na correlação entre as habilidades mentais avaliadas aos 3, 12 e 24 meses e o teste
intelectual aos 36 meses, os autores apontaram que o caminho mais forte e contínuo para o
desenvolvimento seria o verbal: o fator de produção auditiva, aos 3 meses, estaria relacionado
ao fator de atividade verbal aos 12 meses, e este, ao fator verbal-simbólico e léxico aos 24
meses, e também aos resultados do teste intelectual, aos 36 meses. O segundo caminho para o
desenvolvimento, que pareceria representar uma dimensão afetiva do comportamento da
criança, envolveria o fator de atenção social aos 3 meses, estando relacionado ao fator lexical
aos 24 meses e aos resultados do teste intelectual aos 36 meses. O terceiro caminho para o
desenvolvimento pareceria emergir aos 12 meses e ser de natureza não verbal: a imitação e os
fatores meio/fim que estariam correlacionados um com o outro e com os fatores de imitação
espacial aos 12 e aos 36 meses. Concluíram que a inteligência, em qualquer idade, seria um
conjunto de habilidades mentais separadas, mais do que uma única capacidade global, e que
haveria uma variedade de caminhos através dos quais o desenvolvimento ocorreria. Sugeriram
que nas idades estudadas a natureza social das crianças seria o fator mais importante para o
desenvolvimento mental.
MELTZOFF, A.N. - Infant imitation and memory: nine-month-olds iii immediate and deferred
tests. Child Dcv., 59: 2 17-25, 1988. Investigou a habilidade de crianças, aos 9 meses de idade,
realizarem imitações imediatas e diferidas de ações simples, com objetos desconhecidos.
Considerou que a imitação diferida possibilitaria a avaliação da memória a longo prazo, em
crianças pré-verbais. Estudou 60 crianças saudáveis, de ambos os sexos, subdivididas em 2
grupos: o grupo experimental, de 24 crianças, foi submetido a uma situação na qual as ações
com os objetos eram demonstradas; o grupo controle, de 36 crianças, foi submetido a uma
situação semelhante, mas sem qualquer demonstração das ações com os objetos. Concluiu
que o comportamento das crianças seria diretamente influenciado pelo modelo de ações
realizado pelo adulto, sendo que 20% dos sujeitos estudados foram capazes de realizar as
imitações, mesmo 24 horas após a apresentação do modelo. Discutiu a existência de certa
capacidade da criança para a realização da imitação diferida, antes de um ano de idade.
Bibliografia comentada
MITCHELL, P.R. & KENT, R.D. - Phonetic variation in multisyllable babbling. J. Child Lang. 17:
247-65, 1990. Investigaram a variação fonética nos balbucios multissilábicos em crianças de 6 e
meio a 11 e meio meses de idade. Estudaram 8 crianças (7 meninos e 1 menina) em situação
de interação com pessoa familiar, na própria casa, em 2 sessões de gravação audiovisual de 30
minutos, a cada mês, na faixa etária selecionada. Consideraram: o balbucio como uma
vocalização "semelhante à fala" ("speech-like"); o balbucio multissilábico repetitivo como um
balbucio com mais de uma sílaba e composição fonética não variável; e o balbucio multissilábico
variado como um balbucio com mais de uma sílaba com composição fonética variável.
Observaram que as variações fonéticas nos balbucios estariam presentes desde o início dos
balbucios multissilábicos, ou seja, dos 7 aos II meses, em freqüências diferentes.
MOURA, M.L.S. - Processos imitativos na ontogêneses da linguagem. Arq. Brus. Psic.. 38 (3):
54-65, 1988. Analisou o papel dos processos imitativos na ontogênese da linguagem, a partir
de uma abordagem piagetiana. Realizou um estudo longitudinal, com 2 crianças saudáveis do
sexo masculino, dos 8 aos 1 8 meses de idade, observando-as quanto às condutas imitativas e
à linguagem, em situação interativa com adultos familiares. Verificou a ocorrência de uma
troca imitativa constante entre a criança e o adulto, com a alternância de papéis e o
reconhecimento da vocalização um do outro, desde as fases de pré-compreensão e pré-
produção da linguagem da criança. Destacou a importância da imitação para o
desenvolvimento linguagem, servindo de base para um protodiálogo.
OLLER, D.K. & EILERS, R.E. - The role of audition in infant babbling. Chikl Dev., 59: 44 1-9, 1988.
Investigaram o papel da audição no desenvolvimento vocal da criança, em estudo longitudinal
com 28 crianças, sendo 21 saudáveis e 7 com deficiência auditiva profunda, através de
gravações de suas vocalizações nos 2 primeiros anos de vida. Consideraram como estágios do
desenvolvimento vocal: estágio de fonação, de O a 2 meses, quando a criança produziria "sons
de conforto", emitindo sons chamados de quase-ressonantes ou quase-vogais; o estágio
"gooing", de 2 a 3 meses, quando a criança produziria seqüências fonéticas, com sons
articulados na parte posterior da cavidade oral; o estágio de expansão, de 4 a 6 meses, quando
a criança desenvolveria uma variedade de novos tipos de sons, incluindo os gorjeios labiais,
gritos agudos e estridentes, rosnados, brados, sussurros e sons vocálicos isolados; o estágio
canônico, de 7 a 10 meses, caracterizado pelas seqüências de duplicação silábi
ca, como "mamama", "dadada", "bababa", e que funcionaria como base fonética das palavras.
Observaram que o aparecimento do balbucio canônico nas crianças normais ocorreria entre 6 e
10 meses de idade, e as crianças surdas, mesmo com amplificação e estimulação intensiva,
mostrariam um atraso substancial nesta aquisição, cujo surgimento variaria de II a 25 meses.
Sugeriram que o atraso no aparecimento do balbucio canônico poderia ser utilizado como um
critério de risco de deficiência auditiva na infância.
J.R.S. & CRUZ, A.R., org. Neurologia infantil - estudo multidisciplinar. Belo Horizonte, ABENEPI,
1987, pp.27-34. Discutiu o conceito de risco, implicando-o no aumento da probabilidade de
uma pessoa ou grupo de pessoas apresentar um dano ou um problema de saúde, pela
existência de uma ou mais características ou fatores. Estes, denominados fatores de risco,
poderiam constituir causas ou sinais, mas deveriam ser observáveis ou identificáveis
anteriormente ao evento previsto.
S.T.P. & JAEHN. S.M. - Estimulação precoce: serviços, programas e currículos. 2 cd. Brasília,
Ministério da Ação Social. Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência, 1 992. Analisaram as principais técnicas de detecção, diagnóstico e intervenção,
frente aos distúrbios de desenvolvimento do comportamento da criança. Referiram que a
maior crítica aos THE BABY TESTS seria a sua ênfase no desenvolvimento psicomotor, em
detrimento do desenvolvimento cognitivo. Sugeriram que os programas de intervenção,
também chamados de programas de estimulação precoce, deveriam ser iniciados o mais cedo
possível na vida da criança, de modo a possibilitarem efeitos positivos mais duradouros, e
favorecerem o desenvolvimento. Apresentaram um instrumento para a avaliação de crianças
de 1 a 36 meses, o DiSCO PARA A OBSERVAÇÃo 1)0 I)ESENVOLVIMENT() NORMAL DO BEBÊ.
Nesse instrumento, consideraram comportamentos tais como: l mês: emite algum ruído
gutural; 2 mês: imita ou responde ao sorriso com um sorriso ocasional, vocaliza; 3 mês:
quando de costas, levanta a cabeça e o tronco; 4mês: vira-se de um lado para outro, começa a
alcançar objetos; 62mês: tem preensão voluntária com toda a mão, passa um objeto de uma
mão para a outra ou leva-o à boca, apanha objetos, balbucia mais de 2 sons; 9mês: senta-se
sozinha, pode mudar de posição sem cair, diz "mamãe", "papai" em sons semelhantes. Não
fizeram referências aos procedimentos utilizados na formulação do referido instrumento.
PIAGET, J. - O nascimento da inteligência na criança. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, Zahar,
1970. Publicou, em 1948, um estudo sobre o nascimento da inteligência na criança, no qual
conceituou a inteligência como uma adaptação, que teria por função a estruturação do
universo (p. 15). Considerou que seria na relação criançalmundo externo que iria se
processando a adaptação, através dos mecanismos fundamentais de assimilação e
acomodação. Apresentou uma teoria sobre o desenvolvimento mental propondo-o como um
processo de construção contínua, que se iniciaria ao nascimento, com o período sensório-
motor, e evoluiria, na criança normal, ao longo do primeiro ano de vida, em uma seqüência na
qual distinguiu as seguintes fases: o exercício dos reflexos e as reações circulares - primária,
secundária e terciária. O exercício dos reflexos, típico do primeiro mês de vida, ocorreria
quando os automatismos seriam repetidos, permitindo por meio da assimilação e da
acomodação uma adaptação gradual à realidade externa. A reação circular primária que, em
geral. ocorreria do primeiro ao quarto mês de vida, surgiria quando os reflexos do recém-
nascido começassem a mudar em função da experiência, a assimilação e acomodação ativas,
possibilitando o aparecimento de hábitos simples, centrados no próprio corpo da criança, tais
como os comportamentos de: seguir visualmente um objeto, sorrir, emitir sons guturais e
vocálicos, tentar agarrar um objeto, levar a mão à boca, explorar objeto com a boca. A reação
circular secundária surgiria no período de quatro a oito meses de vida, quando os es-
PIAGET. J. - Seis estudos de psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D'amorim e Paulo Sérgio
Lima Silva. Rio de Janeiro, Forense-Universitária, 1982. Escreveu uma obra muito importante,
com contribuições em diversas áreas do conhecimento, dentre as quais destacamos sua teoria
do desenvolvimento mental da criança, publicada originalmente em 1964. Considerou o
desenvolvimento como uma equilibração progressiva, uma evolução contínua de um estágio de
menor equilíbrio para um estágio de equilíbrio superior. Cada estágio implicaria no surgimento
de formas sucessivas de equilíbrio, sendo caracterizado por um tipo de pensamento e de
relação com o ambiente que marcariam as diferenças de um nível de conduta a outro, desde o
lactente até a vida adulta. Analisou o desenvolvimento cognitivo propondo os seguintes
estágios evolutivos: período sensório-motor, período pré-operatório, período das operações
concretas e período das operações formais.
PREYER, W. - The mmd oJ the ch,ld. Part 1 - The senses and the will:
observations concerning the mental development ot the human being in the first years o,f lifi'.
New York, Appleton, 1 890. Fez um relato de observações sistemáticas do desenvolvimento de
uma criança, do nascimento até o final do terceiro ano de vida. Considerou que o
desenvolvimento mental teria por fundamento as percepções, e estudou os sentidos (visão,
audição, tato, paladar, olfato), as primeiras sensações orgânicas, as emoções e o
desenvolvimento dos desejos, considerando a sua expressão pelo movimento.
ROCHAT, P. - Self-sitting and reaching in 5- to 8-month-old infants: the impact of posture and its
development on early eye-hand coordination. J. Mot. Behav., 24 (2): 210-20, 1992. Pesquisou a
interação entre o desenvolvimento da postura e da ação na criança, sob o ponto de vista da
construção do movimento. Estudou 32 crianças normais, subdivididas em 2 grupos, de acordo
com a habilidade de se manterem sentadas: 14 crianças de 6 a 8 meses, que ficavam sentadas
pelo menos 30 minutos, e 18 crianças de 5 a 6 meses, que não permaneciam sentadas. Avaliou
o tipo de ação manual da criança, com 5 tipos de objetos, em 4 condições posturais: sentada,
reclinada, prono vertical e
supino. Analisou o impacto da postura nos movimentos de alcançar da criança. a relação entre
o alcançar e a habilidade de sentar e a consideração do alcançar implicando em um
envolvimento de todo o corpo, incluindo a coordenação potencial de ombros, braços e mãos
frente ao objeto. Seus resultados apontaram, no total das apresentações, uma maior
freqüência de contato com os objetos por parte das crianças que sentavam do que das que não
sentavam. Estas, quando eram colocadas na posição sentada com apoio, mostravam uso menor
das mãos, comparado com as outras posturas, com diferença estatisticamente significante; nas
outras posturas, estas crianças mostravam uma semelhança na freqüência de agarrar com uma
mão ou com as duas mãos. As crianças que se mantinham sentadas mostraram uma freqüência
maior de agarrar com uma das mãos, com diferença estatisticamente significante das outras
crianças. Concluiu que a aquisição do controle postura! parece participar na transição dos
movimentos de agarrar, dos simétricos para os lateralizados.
ROSE, S.A. FELDMAN, J.F.& WALLACE, I.F. - Infant information processing in relation to six-year
cognitive outcomes. Child Dev., 63: 1126-41, 1992. Realizaram um extenso estudo sobre o
processamento de informações da criança no primeiro ano de vida e sua relação com o
funcionamento cognitivo aos 6 anos de idade. Investigaram 46 crianças saudáveis e 63 crianças
de risco, incluindo as avaliações de: memória de reconhecimento visual aos 7 meses de idade;
processamento de informações (memória de reconhecimento visual, transferência cruzada
tátil-visual e permanência de objeto) aos 12 meses; inteligência (TI-w WECHSLFR INTFLLIGENCE
SCALES FOR CHiLDREN - wisc), linguagem, atividades acadêmicas e leitura, raciocínio,
organização perceptiva. Os resultados indicaram a permanência de objeto aos 12 meses, como
um comportamento relacionado ao nível intelectual aos 6 anos de idade, de forma
estatisticamente significante.
ROSS, H.S. & LOLLIS, S.P. - Communication within infant social games. Dev. Psvchol., 23
(2):241-8, 1987. Estudaram crianças normais de 9 a 18 meses de idade, quanto à sua
participação em jogos sociais. Observaram 1 9 crianças, de ambos os sexos, nas idades de 9,
12, 1 5 e 1 8 meses, em situação experimental com o adulto, envolvendo jogos previamente
estabelecidos, tais como:
bola, "esconde-achou", empilhar e derrubar, fazer som com um brinquedo, e outros. Além
desses sujeitos, 19 crianças de 18 meses formaram o grupo controle. Destacaram que, desde
os 9 meses de vida, as crianças mostravam um conhecimento das regras dos jogos, da
qualidade repetitiva dos mesmos, e da
relação entre o seu papel e o do parceiro. Salientaram que as crianças usavam os meios de
comunicação que dispunham para regular os jogos, por exemplo, aos 9 meses vocalizavam
mais durante as interrupções dos jogos ou fixavam o olhar alternadamente no adulto e no
brinquedo.
ROUG. L.; LANDBERG, 1. & LUNDBERG, L.J. - Phonetic development in early infancy: a study of
four Swedish children during the first eighteen months of life. J. Child Lang., 16: 19-40, 1989.
Investigaram o desenvolvimento das primeiras vocalizações das crianças, através de estudo
longitudinal de 4 crianças suecas, de 1 a 1 8 meses de idade. Acompanharam a produção vocal
das crianças estudadas, realizando gravações duas vezes por semana. Sugeriram 5 estágios de
desenvolvimento das primeiras vocalizações: o estágio gutural, de 2 a 3 meses de idade, com
predominância das consoantes guturais:
SHIRLEY, M.M. - The first two vears: a studv of twentv-five 1,abies. Minneapolis, University of
Minnesota, 1933. Fez um estudo longitudinal, acompanhando o deseiivolvimento do
comportamento de 25 crianças nos primeiros dois anos de vida, o MINNESOTA INFANT STU[)Y,
através de um programa de observações e avaliações, além de registros dos comportamentos
realizados pelas mães. Discutiu o processo de desenvolvimento da criança na faixa etária
referida, especialmente relativos à seqüência motora, ao início da fala, ao desenvolvimento
social e à capacidade de compreensão. Considerou o critério de acerto de 75% para a inclusão
do comportamento em sua lista de "itens de desenvolvimento" (p.l3). Em seu estudo da
seqüência do desenvolvimento da criança, avaliou muitos comportamentos, explicitando as
freqüências obtidas em quartis (25%, 50% e 75%).
segue fita horizontalmente (3, 5 e 7 semanas); balbucia uma sílaba (6. 8 e lO semanas); sorri
para uma pessoa (7, 8 e 9 semanas); levanta o peito (5, 9 e 10 semanas); deitada, agarra
objetos (13, 15 e 17 semanas); sentada, agarra objetos (14. 18 e 18 semanas); alcança objeto
que balança (16, 19 e 21 semanas); agarra objeto que balança (19, 21 e 22 semanas); chocalha
sino (21, 23 e 26 semanas); transfere objeto de uma mão para outra (21, 25 e 29 semanas); rola
(25, 28 e 30 semanas); fica em pé quando segurada (29, 30 e 33 semanas); fica sentada sozinha
por um minuto (28, 31 e 33 semanas); fica em pé com apoio (41, 42 e 42 semanas);
engatinha(41. 45 e 45 semanas); anda quando conduzida (37,45 e 45 semanas); coloca objeto
dentro da caixa (49, 58 e 70 semanas); fala palavra compreensível (47, 60 e 66 semanas).
SHIRLEY, M.M. - Las funciones locomotora y visuo-manual durante los dos primeros aõos.
MURCHINSON. C. Manual de psicología dei ,ziiio. Barcelona. Seix, 1950. pp. 286-331. Em artigo
original de 1931, descreveu em detalhes a seqüência de desenvolvimento do comportamento
motor, a partir dos estudos que realizou com um grupo de crianças em Minneapolis (E.U.A.).
Comparou os dados que obteve com relação a determinados comportamentos com os descritos
por outros autores que realizaram descrições de observações de crianças, encontrando
concordância na média obtida por idade e na ordem de sucessão dos comportamentos.
Analisou, especialmente, as funções visomotoras e de locomoção.
SPITZ, R.A. - O primeiro ano de vida: uni estudo psicanáiitico do desent'olvimento normal e
anômalo das relações objetais. Trad. Erothildes Millan Barros da Rocha. 6 cd. São Paulo, Martins
Fontes, 1991. Contribuiu de forma marcante para o estudo do primeiro ano de vida da criança,
tendo publicado urna versão revisada de seus trabalhos em 1965, fundamentados na teoria
psicanalítica, mas tendo utilizado a observação direta e métodos da psicologia experimental.
Definiu o desenvolvimento como a emergência de formas da função e do comportamento. que
constituiriam o resultado de intercâmbios entre o organismo e o ambiente, tanto interno como
externo. Realizou um estudo longitudinal no estado de Nova York (E.U.A.), com 18 crianças de
classe média. criadas pelos pais, e 23 crianças adotadas, a maioria proveniente de famílias de
baixo nível sócio-econômico. Recomendou para padronização dos comportamentos nos estudos
sobre o desenvolvimento infantil uma amostra de 20 sujeitos por nível de idade. Salientou a
importância para o desenvolvimento do bebê, das relações mãe/filho e de um clima emocional
favorável. Considerou o
levanta a cabeça apoiada nos antebraços (40% com 2 meses e 96% aos 3 meses); na posição
sentada: mantém-se sentada sem apoio (6% aos 6 meses, 46% aos 7 meses, 88% aos 8 meses e
98% aos 9 meses); na posição em pé:
mantém-se em pé com apoio (35% aos 8 meses, 68% aos 9 meses, 87% aos 10 meses e 98%
aos II meses); na marcha: anda apoiada pelas mãos (5% aos
10 meses, 19% aos 11 meses e 78% aos 12 meses); dá alguns passos sem apoio (2% aos 10
meses, 7% aos II meses e 34% aos 12 meses). Estudou, também, o desenvolvimento da
preensão: tem preensão palmar (40% aos 5 meses e 95% aos 6 meses); tenta apanhar objeto
(45% aos 4 meses e 100% aos 5 meses); tem preensão em pinça (29% aos 8 meses, 86% aos 9
meses e 100% aos lO meses): coloca objeto em recipiente (31% aos 10 meses e 86% aos 12
meses). Comparou os resultados de algumas provas posturais e o desenvolvimento da
preensão, concluindo pela existência de uma relação positiva, antes dos 8 meses de vida, entre
a evolução da posição sentada e a da preensão e,
após esta idade, uma relação negativa entre colocar-se em pé sem apoio e a preensão em
pinça. Pesquisou as diferenças entre os sexos, apontando que os meninos (quartil 3 = 9 meses)
adquirem a posição de pé um pouco antes das meninas (quartil 3 = lO meses), mas esta
vantagem diminui na aquisição da marcha (quartil 1 = 12 meses); com relação ao
desenvolvimento da preensão, não observou nenhuma diferença significante entre os sexos,
nos resultados dos comportamentos estudados, até a idade de 8 meses; entretanto, as meninas
(mediana = 8 meses) apresentariam a preensão em pinça um pouco mais cedo do que os
meninos (mediana = 9 meses).
STERN, W. Psvchoiogy of eariv chiidhood: up to the sixth year of age. Trad. Anna Barwell. New
York, Holt, 1926. Escreveu sobre a psicologia infantil baseado no diário das observações de
seus 3 filhos. Considerando, principalmente, o desenvolvimento psíquico da criança,
enfocando: a linguagem, a memória, as fantasias e as brincadeiras, a atividade criativa, o
pensamento e a atividade intelectual, os impulsos, as emoções e os desejos.
THORNDIKE, E.L. & GATES, A.I. Eiementary principies of education. New York, Macmillan, 1931.
Discutiram os princípios básicos da educação: os objetivos, as necessidades mais prementes, a
função da escola, os processos de ensino e de aprendizagem. Descreveram as características das
crianças do nascimento até a maturidade, destacando as influências da idade e das diferenças
individuais. Introduziram o conceito de plasticidade, relacionando-o à capacidade
da criança de modificação e adaptação às condições ambientais.
TIEDEMANN, D. - Ei desarrolio de las ftzcultades espirituales dei niõo. Trad. Rosario Fuentes. La
Lectura, sd. Descreveu, em 1787, suas observações sobre o comportamento de um menino, seu
filho Federico, desde os primeiros momentos até aproximadamente o terceiro ano de vida,
buscando estabelecer uma relação cronológica entre os comportamentos observados e as fases
do desenvolvimento infantil.
prático, à padronização dos testes que seriam inadequadas, pois não conteriam informações
do tratamento estatístico dos dados, à amostra utilizada na padronização dos testes, que
apesar de numerosa, com 690 crianças, teria sido proveniente de uma população
predominantemente pobre e desfavorecida.
VICTORA, C.G.; BARROS, F.C.; MARTINES, J.C.; BÉRIA. J.U. & VAUGHAN, J.P. - Estudo
longitudinal das crianças nascidas em Pelotas, RS, Brasil: metodologia e resultados
preliminares. Rev. Saúde Púbi., 19: 58-68, 1985. Indicaram alguns determinantes sociais e
biológicos, pré e pós-natais. da saúde infantil, tais como: peso ao nascimento superior a 2.500
g, mães com idades entre 20 e 30 anos, renda familiar acima de um salário mínimo e intervalo
gestacional prévio da mãe superior a 24 meses.
II 5-44, 1974. Fez uma análise da palavra comportamento, referindo que esta fala de ações, que
se manifestariam no movimento e, além da aparência, desvelariam a realidade de um ser.
VIEIRA, R.M. - A iiiente humana: urna aproximação filosófica izo seu (onheciluento. São Paulo,
1985. [Tese Doutorado - Escola Paulista de Medicinal. Conceituou o comportamento como o
movimento que o ser vivente manifestaria, sendo a resultante da utilização do corpo pelo
organismo que caracterIzaria o ser vivente como tal. Definiu processo como uma sucessão
temporal ordenada de fenômenos, que poderiam repetir-se com maior ou menor freqüência,
e que revelariam, no seu ocorrer, uma seqüência de manifestações que su
geriria uma direção para uma finalidade, que poderia ou não estar expressa. Formulou
conceitos sobre a mente, referindo que a manifestação existencial do Homem seria
caracterizada por um dualismo abrangente, ou seja, por uma relação de implicação e de
interação entre a sua realidade física e a sua realidade metafísica. A realidade física pela qual o
ser humano se realizaria no mundo e no tempo seria o seu corpo: a realidade metafísica pela
qual o ser humano se presentificaria no mundo e no tempo seria a sua ortopsiqué e a sua
metapsiquê. A ortopsiquê, como um princípio motor, caracterizaria a especificidade da
dinâmica de interação vital de cada ser humano: a metapsiquê. como dependente do processo
de interação do ser vivente com o ambiente, conteria a história de como ocorreu a progressiva
individuação e individualização de cada homem.
WALLON. H. - A evolução psicológica da Trad. Ana de Moura e Rui de Moura. Rio de Janeiro,
Andes, 1961. Em publicação original de 1941, fez um importante estudo do desenvolvimento
psicológico infantil, no qual teria analisado as atividades da criança, seu desenvolvimento
mental e seus níveis funcionais: a afetividade, o ato motor, o conhecimento e a personalidade.
Sugeriu que o comportamento dependeria mais de determinantes internos do indivíduo,
deixando em certa proporção de ser comandado pelas influências imediatas do exterior.
Afirmou que toda observação presumiria uma seleção que seria dependente tanto do
observado como do observador. Destacou a importância de numa investigação científica,
substituir-se as referências instintivas ou egocêntricas por um índice com termos
objetivamente definidos. Referiu que, no caso do estudo da criança, este índice deveria ser a
cronologia do desenvolvimento, com a sua significação baseada na freqüência relativa, obtida
através da avaliação de grupos definidos de sujeitos, e submetida a tratamento estatístico.
21 O Bibliografia comentada
WELLMAN, B.L. - Diferencias entre los sexos. MURCHINSON, C. Manitai de psicoiogía dei ni,io.
Barcelona, Seix, 1950, pp.7'78-97. Em trabalho publicado originalmente em 1931, referiu que
meninos e meninas diferiam muito pouco quanto à inteligência, de acordo com os testes para a
avaliação da capacidade intelectual global ou de aptidões específicas. Salientou que, no
lactente, a crianças de sexo feminino tenderiam a um desempenho médio superior às do sexo
masculino quanto à locomoção e à linguagem, mas estes resultados raramente alcançariam
uma significância estatística.