Emb .Decl. No Recurso Extraordinário Com Agravo

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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 45

12/09/2023 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


EMBTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS
INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, DE MÁQUINAS,
MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE
COMPONENTES E PARTES PARA VEÍCULOS
AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA
ADV.(A/S) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Embargos de declaração em processo paradigma da sistemática da


repercussão geral. 2. Direito do Trabalho. Tema 935. 3. Alegação de
omissão, contradição ou obscuridade. 4. Efeitos infringentes. Admissão
da cobrança da contribuição assistencial prevista no art. 513 da
Consolidação das Leis do Trabalho, inclusive aos não filiados ao sistema
sindical, assegurado ao trabalhador o direito de oposição. 5. A
constitucionalidade das contribuições assistenciais, respeitado o direito
de oposição, faculta a trabalhadores e sindicatos instrumento capaz de, ao
mesmo tempo, recompor a autonomia financeira do sistema sindical e
concretizar o direito à representação sindical sem ferir a liberdade de
associação dos trabalhadores. 6. Embargos de declaração conhecidos e
providos em parte para retificar a tese da repercussão geral, que passa a
ter a seguinte redação: “É constitucional a instituição, por acordo ou
convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os
empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o
direito de oposição.”
AC ÓRDÃ O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a presidência da
Senhora Ministra Rosa Weber, na conformidade da ata de julgamento e

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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Ementa e Acórdão

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ARE 1018459 ED / PR

das notas taquigráficas, por maioria de votos, acolher o recurso com


efeitos infringentes, para admitir a cobrança da contribuição assistencial
prevista no art. 513 da Consolidação das Leis do Trabalho, inclusive aos
não filiados ao sistema sindical, assegurando ao trabalhador o direito de
oposição, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco
Aurélio, que votara em assentada anterior, acompanhando a primeira
versão do voto do Relator. Foi fixada a seguinte tese (tema 935 da
repercussão geral): “É constitucional a instituição, por acordo ou
convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a
todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde
que assegurado o direito de oposição”. Não votou o Ministro André
Mendonça, sucessor do Ministro Marco Aurélio.
Brasília, Sessão Virtual de 1º a 11 de setembro de 2023.
Ministro GILMAR MENDES
Redator
Documento assinado digitalmente

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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Relatório

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15/06/2022 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


EMBTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS
INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, DE MÁQUINAS,
MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE
COMPONENTES E PARTES PARA VEÍCULOS
AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA
ADV.(A/S) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES (RELATOR): Trata-se de


embargos de declaração opostos contra acórdão-paradigma da
sistemática da repercussão geral julgado no Plenário Virtual, em
23.2.2017, em que reafirmada a jurisprudência deste Tribunal no
sentido de que é inconstitucional a instituição, por acordo, convenção
coletiva ou sentença normativa, de contribuições que se imponham
compulsoriamente a empregados da categoria não sindicalizados.
O acórdão embargado restou assim ementado:

“Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. 2. Acordos e


convenções coletivas de trabalho. Imposição de contribuições
assistenciais compulsórias descontadas de empregados não
filiados ao sindicato respectivo. Impossibilidade. Natureza não
tributária da contribuição. Violação ao princípio da legalidade
tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário não provido.
Reafirmação de jurisprudência da Corte”.

A embargante indica que a fundamentação da decisão apresenta

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Relatório

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ARE 1018459 ED / PR

contradição nos precedentes citados, ao confundir a contribuição


assistencial com a contribuição confederativa. Para tanto, afirma que três
das quatro decisões mencionadas tratam, em verdade, de contribuição
confederativa, que não possuiria a mesma natureza da contribuição
assistencial. (eDOC 74, p. 3)
Argumenta que esta Corte, ao julgar o tema 197, acerca da cobrança
de contribuição assistencial, instituída por assembleia, de trabalhadores
não filiados a sindicato, manifestou-se pela inexistência de repercussão
geral da matéria. Aduz, nesse contexto, não haver jurisprudência
dominante a possibilitar sua reafirmação por meio da repercussão geral.
Assevera que, na verdade, o entendimento desta Suprema Corte é no
sentido de que a contribuição assistencial é devida por todos os
integrantes da categoria, associados ao sindicato ou não.
A embargante alega, ainda, omissão acerca da questão da
pertinência do direito de oposição do trabalhador à tal cobrança,
conforme assentado em diversos precedentes desta Corte, bem como
ausência de manifestação quanto à questão da vinculação do trabalhador
a determinada categoria.

É o relatório.

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Voto - MIN. GILMAR MENDES

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EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

VOTO

O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES (RELATOR): Trata-se de


embargos de declaração opostos contra acórdão-paradigma da
sistemática da repercussão geral (tema 935-RG), em que assentada a
inconstitucionalidade da imposição de contribuições assistenciais
compulsórias descontadas de trabalhadores não filiados ao sindicato de
sua respectiva categoria profissional. O acórdão ficou assim ementado:

“Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Acordos e


convenções coletivas de trabalho. Imposição de contribuições
assistenciais compulsórias descontadas de empregados não
filiados ao sindicato respectivo. Impossibilidade. Natureza não
tributária da contribuição. Violação ao princípio da legalidade
tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário não provido.
Reafirmação da jurisprudência da Corte.”

A parte embargante sustenta omissão e contradição no acórdão


embargado, ao argumento de que teria ocorrido confusão entre a
jurisprudência relacionada à contribuição assistencial e à confederativa.
Indica que esta Corte já teria entendimento consolidado no sentido de ser
matéria de índole infraconstitucional a discussão sobre a cobrança de
contribuição assistencial, instituída por assembleia, a trabalhadores não
filiados a sindicato.
Aduz, ainda, a existência de jurisprudência desta Corte, no sentido
de que a contribuição assistencial prevista em norma coletiva pode ser
cobrada de todos os integrantes da categoria profissional,
independentemente de sua associação a sindicato, havendo divergência
de posicionamento entre os Ministros apenas no tocante à garantia do
direito de oposição dos trabalhadores não sindicalizados à cobrança.
Indica que a questão não foi enfrentada pelo acórdão recorrido e que

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o art. 513 da CLT não exige, para a incidência da cobrança de contribuição


associativa, a filiação ao quadro associativo da entidade sindical.
Menciona a necessidade de mera vinculação a determinada categoria
profissional ou econômica beneficiada pela norma coletiva para a sua
instituição.
Pugna, assim, pelo acolhimento dos embargos com efeitos
infringentes.
O feito foi inicialmente levado a julgamento virtual na data de
14.8.2020, quando me manifestei pela rejeição dos embargos de
declaração, tendo sido seguido pelo Ministro Marco Aurélio.
Na oportunidade, o Ministro Dias Toffoli pediu destaque do
processo, o qual foi levado a julgamento presencial em 15.6.2022, sob a
Presidência do Ministro Luiz Fux.
Em julgamento presencial, fui acompanhado pelos Ministros Dias
Toffoli, Nunes Marques e Alexandre de Moraes. O Ministro Edson Fachin
divergiu de meu posicionamento, para acolher e sanar as omissões e
contradições apontadas, porém sem efeitos modificativos. Pediu vistas
dos autos o Ministro Roberto Barroso.
O feito foi novamente devolvido a julgamento na Sessão Virtual que
se inicia hoje, dia 14.4.2023, oportunidade em que o Ministro Roberto
Barroso traz uma nova perspectiva sobre a matéria.
De acordo com o seu posicionamento, os embargos de declaração
devem ser acolhidos para reconhecer a constitucionalidade da cobrança
da contribuição assistencial a trabalhadores não sindicalizados, desde que
lhes seja garantido o direito de oposição.
Refletindo sobre os fundamentos de seu voto, entendo que é caso de
evolução e alteração do posicionamento inicialmente por mim perfilhado
para aderir àqueles argumentos e conclusões, em razão das significativas
alterações das premissas fáticas e jurídicas sobre as quais assentei o voto
inicial que proferi nestes embargos de declaração, sobretudo em razão
das mudanças promovidas pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017)
sobre a forma de custeio das atividades sindicais.
Isso porque, como mencionado pelo Ministro Roberto Barroso, a

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exigência de autorização expressa para a cobrança da contribuição


sindical prevista na nova redação do art. 578 da CLT impactou a principal
fonte de custeio das instituições sindicais.
Caso mantido o entendimento por mim encabeçado no julgamento
de mérito deste Recurso Extraordinário com repercussão geral
reconhecida – no sentido da inconstitucionalidade da “imposição de
contribuições assistenciais compulsórias descontadas de empregados não
filiados ao sindicato respectivo” –, tais entidades ficariam sobremaneira
vulnerabilizadas no tocante ao financiamento de suas atividades.
Tal ocorre porque o ordenamento jurídico brasileiro, até o advento
da Lei 13.467/2017, baseava seu sistema sindical na conjugação da
unidade sindical (princípio segundo o qual é vedada a criação de mais de
uma organização sindical, em qualquer grau, representativa da categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial – Constituição, art.
8º, II), e da contribuição sindical obrigatória.
Com o fim da natureza tributária da exação, os sindicatos perderam
sua principal fonte de receita, mas essa inovação – calcada na ideia de que
os empregados deveriam ter o direito de decidir se desejam ser
representados por determinada entidade sindical –, não veio
acompanhada do estabelecimento da pluralidade sindical (ideia de que
seria possível a instituição de mais de uma organização sindical na
mesma base territorial, sendo facultado aos trabalhadores escolher qual
sindicado melhor lhes representa e, portanto, merece a sua filiação e
contribuição).
Como resultado, os sindicatos que representam as categorias
profissionais, únicos em sua respectiva base territorial, se viram
esvaziados, pois a representação sindical, ausentes os recursos financeiros
necessários à sua manutenção, tornou-se apenas nominal (sem relevância
prática). Os trabalhadores, por consequência, perderam acesso a essa
essencial instância de deliberação e negociação coletiva frente a seus
empregadores.
Note-se que a contribuição assistencial é prioritariamente destinada
ao custeio de negociações coletivas, as quais afetam todos os

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Voto - MIN. GILMAR MENDES

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trabalhadores das respectivas categorias profissionais ou econômicas,


independentemente de filiação.
Por esse motivo, entendo que a proposta de voto trazida pelo
Ministro Roberto Barroso é mais adequada para a solução da questão
constitucional controvertida por considerar, de forma globalizada, a
realidade fática e jurídica observada desde o advento da Reforma
Trabalhista em 2017, garantindo assim o financiamento das atividades
sindicais, especialmente no que diz respeito às negociações dessa
natureza.
Além disso, a solução apresentada assegura a um só tempo a
existência do Sistema Sindicalista e a liberdade de associação do
empregado ao sindicado respectivo da categoria, conforme garantias
previstas no caput do art. 8º da Constituição Federal.
Sublinho que o entendimento acima esposado não significa o retorno
do “imposto sindical”, conforme noticiado em alguns meios de
comunicação. Trata-se, ao invés, de mera recomposição do sistema de
financiamento dos sindicatos, em face da nova realidade normativa
inaugurada pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017).
Caso a nova posição por mim agora adotada prevaleça no
julgamento desses embargos de declaração, a contribuição assistencial só
poderá ser cobrada dos empregados da categoria não sindicalizados (i) se
pactuada em acordou ou convenção coletiva; e (ii) caso os referidos
empregados não sindicalizados deixem de exercer seu direito à oposição.
Não haveria, portanto, qualquer espécie de violação à liberdade
sindical do empregado. Pelo contrário. A posição reafirma a relevância e a
legitimidade das negociações coletivas, aprofundando e densificando um
dos principais objetivos da Reforma Trabalhista.
Nesses termos, a constitucionalidade das chamadas contribuições
assistenciais, respeitado o direito de oposição, faculta a trabalhadores e
sindicatos instrumento capaz de, ao mesmo tempo, recompor a
autonomia financeira do sistema sindical e concretizar o direito à
representação sindical sem ferir a liberdade de associação dos
trabalhadores.

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Voto - MIN. GILMAR MENDES

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Desse modo, evoluindo em meu entendimento sobre o tema a partir


dos fundamentos trazidos no voto divergente ora apresentado – os quais
passo a incorporar aos meus – peço vênias aos Ministros desta Corte,
especialmente àqueles que me acompanharam pela rejeição dos presentes
embargos de declaração, para alterar o voto anteriormente por mim
proferido, de modo a acolher o recurso com efeitos infringentes, para
admitir a cobrança da contribuição assistencial prevista no art. 513 da
Consolidação das Leis do Trabalho, inclusive aos não filiados ao sistema
sindical, assegurando ao trabalhador o direito de oposição.
Incorporo ao meu voto a sugestão de alteração da tese fixada no
julgamento de mérito deste Recurso Extraordinário com repercussão
geral (tema 935-RG), conforme proposta sugerida pelo Min. Roberto
Barroso:

“É constitucional a instituição, por acordo ou convenção


coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a
todos os empregados da categoria, ainda que não
sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição.”

É como voto.

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Voto - MIN. EDSON FACHIN

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15/06/2022 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN: Ratifico o sentido do


voto que, ao início da apreciação do presente feito, proferi no plenário
presencial.

Nada obstante, considerando ter o E. Ministro-Relator Gilmar


Mendes alterado a compreensão inicial da rejeição pelo acolhimento dos
embargos, inclusive para fins de atribuir efeitos infringentes, agora, em
sede de plenário virtual, levando em conta esse fato processual, voto por
acompanhar o E. Ministro-Relator, que acolheu o voto-vista do Ministro
Luis Roberto Barroso.

Permito-me rememorar as premissas que conduziram às minhas


conclusões na matéria.

Os presentes embargos foram opostos em face do acórdão prolatado


quando do julgamento do mérito do Tema n.º 935 da Repercussão Geral,
cuja ementa reproduzo:

“Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. 2. Acordos e


convenções coletivas de trabalho. Imposição de contribuições
assistenciais compulsórias descontadas de empregados não
filiados ao sindicato respectivo. Impossibilidade. Natureza não
tributária da contribuição. Violação ao princípio da legalidade
tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário não provido.
Reafirmação de jurisprudência da Corte”.

O Plenário assentou, no acórdão embargado, a inconstitucionalidade


da instituição, seja por acordo, convenção coletiva, ou sentença
normativa, de contribuições impostas compulsoriamente a empregados
da categoria não sindicalizados. Reafirmou-se, nesse sentido, a
jurisprudência do STF na matéria.

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Voto - MIN. EDSON FACHIN

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ARE 1018459 ED / PR

Nos embargos de declaração, o Sindicato argumenta que teria


havido omissão e contradição na decisão embargada, na medida em que,
em sua visão, os precedentes citados na fundamentação fariam incorrer
em confusão entre modalidades de contribuição, ou seja, entre a
contribuição assistencial e a confederativa.

Era o que cabia rememorar.

Entendia e continuo a entender, com a devida vênia e


homenageando conclusões diversas, que os embargos merecem ser
acolhidos, com efeitos infringentes, como agora propõe o Relator, para o
fim de admitir a cobrança da contribuição assistencial prevista no art. 513
da CLT.

Os argumentos estão explicitados no voto que proferi em sessão


física presencial de 15.06.22. Realcei, naquela oportunidade, que a
contribuição assistencial é exigível de toda a categoria,
independentemente de filiação.

Como se vê, os embargantes têm razão.

Registro, por importante, que minha compreensão, inicialmente, era


no sentido de que os embargos de declaração deviam ser providos, de
modo a suprir a contradição e a omissão apontadas, porém, sem efeitos
modificativos.

Sem embargo, considerando a alteração de voto levada a efeito pelo


E. Ministro Relator, a partir do voto-vista do Ministro Luis Roberto
Barroso, compreensão esta que mais se aproxima de meu voto original,
entendo que é ocasião de acompanhar o voto do Ministro Gilmar
Mendes.

Diante do exposto, acompanho o Relator. É como voto.

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15/06/2022 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

VISTA

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Senhor


Presidente, quando o Ministro Dias Toffoli pediu destaque, imaginei que
ele fosse suscitar uma discussão que me está preocupando agora.
Vou pedir todas as vênias aos eminentes Colegas para pedir vista
regimental. Por ocasião do julgamento do ARE, votei pela posição que
considerava inconstitucional, a compulsoriedade da cobrança, e, nas
circunstâncias em que votei, votaria novamente no mesmo sentido. É essa
a posição que gostaria de ter.
Porém, de lá para cá - já se passaram quatro ou cinco anos desse
julgamento -, houve um conjunto de modificações, na realidade jurídica e
na realidade fática, que me levam a uma nova reflexão. Ainda não tenho
convicção formada, por isso que estou pedindo vista.
Como observou o Ministro Edson Fachin, podemos identificar três
tipos de contribuição previstas: a contribuição sindical, que legitimamos
que deixasse de ser compulsória e só valesse para os filiados - e acho que
essa é a posição correta -; a contribuição confederativa, que sustentamos
que também só deveria valer para os filiados - e continuo achando que
esta é a posição correta -; e há essa terceira contribuição, Presidente, que é
a contribuição assistencial.
Não tenho simpatia pela compulsoriedade, mas a contribuição
assistencial financia a atuação dos sindicatos, inclusive nas negociações
coletivas. A linha de jurisprudência que temos procurado firmar, aqui, no
Tribunal, com o meu apoio, é de que o negociado deve prevalecer sobre o
legislado e que queremos prestigiar e valorizar a negociação coletiva.
Sendo a contribuição assistencial o mecanismo de financiamento da
negociação coletiva, se ela estiver prevista em negociação coletiva,
gostaria de refletir se não a consideraria legítima, sobretudo se
ressalvarmos o direito de oposição, o direito de o empregado não querer

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Vista

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ARE 1018459 ED / PR

e se manifestar nesse sentido.


Penso que, legitimamente, validamos a retirada da contribuição
sindical compulsória, legitimamente, validamos a retirada da
contribuição confederativa compulsória, e gostaria de refletir se queremos
aplicar a mesma lógica à contribuição assistencial, diante da
jurisprudência que criamos de que o negociado deve prevalecer sobre o
legislado. Não gostaria de esvaziar inteiramente a capacidade de
negociação dos sindicatos por falta de financiamento.
Para fazer esta reflexão, Presidente, estou pedindo vista regimental -
trarei em breve. Essa é uma questão importante, que precisa ser resolvida,
mas me angustiei de cairmos em uma... À luz dos princípios e da
legislação que vigoravam, acho que foi correto quando decidimos lá atrás.
Agora gostaria, já que não transitou em julgado, de fazer uma reflexão
sobre esse ponto a que me refiro, se não estaríamos, de certa forma,
inviabilizando um dos pressupostos da nossa jurisprudência, que é a
negociação coletiva prevalecendo sobre, inclusive, o legislado, desde que
não afete patamares existenciais mínimos.
De modo, Presidente, pedindo todas as vênias aos eminentes
Colegas, comprometendo-me com a brevidade, peço vista regimental
para fazer essa reflexão.
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (PRESIDENTE) - É importante,
Ministro Luís Roberto Barroso, esse seu pedido de vista, porque,
realmente, havia esse entendimento sólido no sentido da
inconstitucionalidade de imposição por acórdão ou convenção coletiva ou
sentença normativa de contribuições. A doutrina e a jurisprudência
tratam dessas três contribuições de maneira semelhante. Vossa Excelência
trará luzes exatamente sobre essa questão.
Fui Redator para acórdão dessa ADI 5.794. Está aí o meu interesse
em ver Vossa Excelência trazendo novas luzes sobre esse tema.

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Extrato de Ata - 15/06/2022

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES
EMBTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS, DE MÁQUINAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE COMPONENTES E PARTES
PARA VEÍCULOS AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA
ADV.(A/S) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA (16764/DF, 407076/SP)
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Decisão: Após os votos dos Ministros Gilmar Mendes (Relator),


Dias Toffoli, Nunes Marques e Alexandre de Moraes, que rejeitavam
os embargos de declaração; e do voto do Ministro Edson Fachin, que
conhecia dos embargos de declaração e os acolhia para sanar a
contradição e a omissão apontadas, sem efeitos modificativos,
mantendo-se incólume a tese fixada no acórdão embargado, pediu
vista dos autos o Ministro Roberto Barroso. Ausente,
justificadamente, o Ministro André Mendonça, sucessor do Ministro
Marco Aurélio (que votara na sessão virtual em que houve o pedido
de destaque, acompanhando o voto do Relator). Presidência do
Ministro Luiz Fux. Plenário, 15.6.2022.

Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes à sessão os


Senhores Ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen
Lúcia, Dias Toffoli, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin,
Alexandre de Moraes e Nunes Marques.

Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro André Mendonça.

Procurador-Geral da República, Dr. Antônio Augusto Brandão de


Aras.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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Voto Vogal

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25/04/2023 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


EMBTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS
INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, DE MÁQUINAS,
MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE
COMPONENTES E PARTES PARA VEÍCULOS
AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA
ADV.(A/S) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

VOTO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI:


Tendo em vista a alteração do voto efetuada pelo eminente Relator,
acompanho Sua Excelência nos termos do novo voto proferido.
É como voto.

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Voto Vista

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25/04/2023 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

VOTO-VISTA:

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO:

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E DO


TRABALHO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
REPERCUSSÃO GERAL. IMPOSIÇÃO DE
CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL A EMPREGADOS
NÃO FILIADOS AO SINDICATO.
I. A Hipótese
1. Embargos de declaração opostos contra
acórdão que declarou a
inconstitucionalidade da imposição de
contribuição assistencial compulsória a
empregados não filiados ao sindicato, por
meio de acordo, convenção coletiva ou
sentença normativa.
2. No julgamento de mérito, o STF
estendeu à contribuição assistencial o
mesmo tratamento que já conferia à
contribuição confederativa.
II. Espécies de contribuições trabalhistas
3. A contribuição sindical é aquela
prevista nos arts. 578 a 610 da CLT e se
destina a custear o sistema sindical. Antes
da Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista),
ela possuía natureza tributária e, portanto,
era obrigatória, incidindo, inclusive, sobre
trabalhadores não sindicalizados. A partir

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ARE 1018459 ED / PR

da Reforma, seu caráter é facultativo.


4. Já a contribuição confederativa se
destina a custear o sistema confederativo,
ou seja, a cúpula do sistema sindical. Ela
não possui natureza tributária e tem
fundamento no art. 8º, IV, da CF. O
entendimento do STF é no sentido de que
essa modalidade de contribuição só é
exigível dos trabalhadores filiados (Súmula
Vinculante 40).
5. Por sua vez, a contribuição
assistencial é destinada a remunerar
atividades que o sindicato pratica em
assistência ao empregado e custeia, por
exemplo, negociações coletivas. Ela não
possui natureza tributária e tem
fundamento legal na previsão genérica do
art. 513, e, da CLT.
III. O julgamento do Tema 935 da
Repercussão Geral
6. No julgamento do presente caso, o
STF a um só tempo (i) reconheceu a
repercussão geral da questão relativa à
possibilidade de cobrança da contribuição
assistencial de empregados não filiados ao
sindicato e (ii) reafirmou a jurisprudência
no sentido de que ela só é exigível dos
trabalhadores sindicalizados. No acórdão,
são mencionados precedentes relativos
tanto à contribuição assistencial quanto à
contribuição confederativa.
7. Tendo em vista a natureza não
tributária dessas contribuições, o STF

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entendeu que, em ambos os casos, a


cobrança de empregados não filiados ao
sindicato violaria a liberdade de associação.
IV. Alteração de premissas fáticas e
jurídicas
8. Após o julgamento, ocorreram
alterações nas premissas fáticas e jurídicas
da demanda, que justificam a mudança da
conclusão do entendimento jurídico
firmado, com a consequente concessão de
efeitos infringentes em sede de embargos de
declaração.
9. A Reforma Trabalhista (Lei nº
13.467/2017), aprovada após o julgamento,
promoveu uma importante alteração na
forma de custeio das atividades dos
sindicatos. De acordo com a nova redação
do art. 578 da CLT, a contribuição sindical
só pode ser cobrada “desde que prévia e
expressamente autorizadas”.
10. Com a alteração legislativa, os
sindicatos perderam a sua principal fonte
de custeio. Caso mantido o entendimento
de que a contribuição assistencial também
não pode ser cobrada dos trabalhadores não
filiados, o financiamento da atividade
sindical será prejudicado de maneira severa.
Há, portanto, um risco significativo de
enfraquecimento do sistema sindical.
V. A valorização da negociação coletiva na
jurisprudência do STF
11. O enfraquecimento dos sindicatos,
todavia, vai na contramão da jurisprudência

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deste tribunal. Em diversos precedentes, o


STF reconheceu a importância da
negociação coletiva.
12. Destaque-se, nessa linha, os julgados
relacionados (i) aos planos de demissão
voluntária (RE 590.415, sob minha relatoria);
(ii) à necessidade de intervenção sindical
prévia às dispensas em massa (RE 999.435,
Red. p/ acórdão Min. Edson Fachin) e (iii)
ao entendimento no sentido de que as
negociações coletivas podem afastar direitos
previstos em lei, desde que observado o
patamar civilizatório mínimo em matéria
trabalhista (ARE 1.121.633, Rel. Min. Gilmar
Mendes).
13. Tendo em vista que a contribuição
assistencial custeia a negociação coletiva, o
entendimento anteriormente firmado deve
ser revisitado pelo tribunal.
VI. Alteração de entendimento com relação
à contribuição assistencial
14. Reafirmo, nesta oportunidade, minha
posição filosófica não cartorária em relação
à atividade sindical. A significar que, como
regra, a adesão deve ser voluntária e a
cobrança de contribuições somente aos
filiados. Essa lógica permeou as decisões em
relação à contribuição sindical e à
contribuição confederativa. Todavia, a linha
jurisprudencial firmada pelo Supremo é a
de que se deve valorizar a negociação
coletiva, prestigiando-a inclusive sobre
normas legisladas, desde que respeitado o

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patamar mínimo civilizatório assegurado


constitucionalmente.
15. A contribuição assistencial é
mecanismo essencial para o financiamento
da atuação do sindicato em negociações
coletivas. Assim sendo, vislumbro uma
contradição entre prestigiar a negociação
coletiva e esvaziar a possibilidade de sua
realização.
VII. Solução alternativa: o direito de
oposição
16. Ponderando todos os elementos em
jogo, considero válida a cobrança de
contribuição assistencial, desde que prevista
em acordo ou convenção coletivos,
assegurando-se ao empregado o direito de
oposição (opt-out). Assim, é possível evitar
os efeitos práticos indesejados mencionados
acima e, ao mesmo tempo, preservar a
liberdade de associação do trabalhador.
17. Portanto, deve-se assegurar ao
empregado o direito de se opor ao
pagamento da contribuição assistencial.
Convoca-se a assembleia com garantia de
ampla informação a respeito da cobrança e,
na ocasião, permite-se que o trabalhador se
oponha àquele pagamento.
VIII. Conclusão
18. Embargos de declaração providos
com efeitos infringentes. Fixação da
seguinte tese de julgamento: “É
constitucional a instituição, por acordo ou
convenção coletivos, de contribuições

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assistenciais a serem impostas a todos os


empregados da categoria, ainda que não
sindicalizados, desde que assegurado o direito de
oposição”.

I. A HIPÓTESE

1. Trata-se de embargos de declaração opostos contra


acórdão paradigma da sistemática da repercussão geral (Tema 935), com a
seguinte ementa:

Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. 2. Acordos e


convenções coletivas de trabalho. Imposição de contribuições
assistenciais compulsórias descontadas de empregados não
filiados ao sindicato respectivo. Impossibilidade. Natureza não
tributária da contribuição. Violação ao princípio da legalidade
tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário não provido.
Reafirmação de jurisprudência da Corte.

2. O acórdão embargado reafirmou a jurisprudência do STF,


no sentido de que é inconstitucional a instituição, por acordo, convenção
coletiva ou sentença normativa, de contribuições que se imponham
compulsoriamente a empregados da categoria, não sindicalizados.

3. O embargante afirmou existir omissão e contradição no


acórdão impugnado. Em síntese, alegou que a jurisprudência mencionada
é contraditória, pois confunde a contribuição assistencial com a
confederativa. Afirmou que inexiste jurisprudência dominante a
possibilitar sua reafirmação por meio da repercussão geral. Acrescentou
que, diversamente, há jurisprudência deste Tribunal, entendendo que a
contribuição assistencial prevista em norma coletiva é devida a todos os
integrantes da categoria profissional, associados ou não ao sindicato,
havendo divergência somente quanto à necessidade da garantia de
direito de oposição à cobrança, por trabalhadores não sindicalizados.

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4. Argumentou, ainda, que, em que pese este Tribunal tenha


tratado do direito de oposição nesses precedentes, a questão não foi
enfrentada pelo acórdão recorrido, constituindo-se em flagrante omissão.
Ao fim, explicou que o direito de impor contribuições, previsto no art.
513, e, da CLT1, não depende nem exige a filiação ao quadro associativo
da entidade sindical, mas sim a vinculação a uma determinada categoria
econômica ou profissional. Assim, o direito de filiação não é
condicionante da obrigatoriedade de contribuir para o sindicato, exceto
quanto à contribuição associativa, que não se confunde com a
contribuição sob análise. Por fim, suscitou o princípio da solidariedade e
a finalidade da contribuição assistencial, que se traduz como
contrapartida estabelecida pela atividade sindical, considerando o critério
da unicidade de representação sindical (doc. 74).

5. A Procuradoria-Geral da República apresentou


contrarrazões aos embargos de declaração. Afirmou que inexiste omissão
quanto ao julgamento de mérito, quando da reafirmação de
jurisprudência dominante da Corte. Sustentou que a decisão embargada
apresenta fundamentação suficiente, conforme a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal (doc. 90). O parecer restou assim ementado:

DIREITO CONSTITUCIONAL E DO TRABALHO.


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRARRAZÕES.
Recurso extraordinário. Reafirmação da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal. Contribuição assistencial.
Trabalhadores não filiados a sindicato. Imposição.
Inconstitucionalidade. 1 – Devem ser rejeitados os embargos de
declaração opostos quando não configurada omissão,
contradição ou erro material. 2 – Pedido de rejeição dos
embargos de declaração.

1 Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos: (...) e) impor contribuições a todos
aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais
representadas.

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6. Pedi vista dos autos, para melhor exame da matéria,


trazendo-os agora para continuidade de julgamento.

7. Os embargos de declaração devem ser acolhidos com


efeitos infringentes, de forma a se reconhecer a constitucionalidade da
cobrança da contribuição assistencial de trabalhadores não sindicalizados,
desde que lhes seja garantido o direito de oposição. Com efeito, entre o
julgamento do recurso extraordinário e destes embargos de declaração,
houve alteração significativa das premissas de fato e de direito, o que
justifica a alteração do entendimento que se firmou no mérito.

8. Antes de desenvolver as razões para a mudança de


entendimento, destaco as premissas do raciocínio. Inicialmente, reafirmo
minha posição filosófica não cartorária em relação à atividade sindical. A
significar que, como regra, a adesão deve ser voluntária e a cobrança de
contribuições somente aos filiados. Essa lógica permeou as decisões em
relação à contribuição sindical e à contribuição confederativa. Todavia, a
linha jurisprudencial firmada pelo Supremo a partir do RE 590.415, sob a
minha relatoria, relativo aos planos de demissão voluntária, é a de que se
deve valorizar a negociação coletiva, prestigiando-a inclusive sobre
normas legisladas, desde que respeitado o patamar mínimo civilizatório
assegurado constitucionalmente.

9. Portanto, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


tem caminhado no sentido de valorizar as negociações coletivas como
forma de solucionar controvérsias de natureza trabalhista. No entanto,
para que seja possível realizar essas negociações, é preciso garantir que
elas possuam um meio de financiamento.

10. Assim sendo, vislumbro uma contradição entre prestigiar


a negociação coletiva e esvaziar a possibilidade de sua realização.
Ponderando todos os elementos em jogo, considero válida a cobrança de

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contribuição assistencial, desde que prevista em acordo ou convenção


coletivos, assegurando-se ao empregado o direito de oposição (opt-out).

II. AS DIFERENTES CONTRIBUIÇÕES DE NATUREZA


TRABALHISTA

11. Inicialmente, é importante distinguir três contribuições de


natureza trabalhista:

a) Contribuição sindical – destinada ao custeio do


sistema sindical. Antes da Reforma Trabalhista de 2017, ela
possuía natureza tributária e era obrigatória. Após a reforma, só
pode ser cobrada desde que prévia e expressamente autorizada
(art. 578, CLT2).

b) Contribuição confederativa – destinada ao


custeio do sistema confederativo, ou seja, a cúpula do sistema
sindical. Ela não possui natureza tributária e tem fundamento
no art. 8º, IV, da CF3. O entendimento do STF é no sentido de

2 CLT, Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a
denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo,
desde que prévia e expressamente autorizadas.(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas
ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a
denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo,
desde que prévia e expressamente autorizadas. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 579 - A contribuição sindical é devida por todos aquêles que participarem de uma
determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato
representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo êste, na conformidade do disposto no art.
591.
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa
dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão
liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na
conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
3 CLT, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: IV - a
assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será

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que essa modalidade de contribuição só é exigível dos


trabalhadores filiados (Súmula Vinculante 404).
c) Contribuição assistencial – destinada a custear as
atividades assistenciais do sindicato, principalmente
negociações coletivas. Ela é instituída em instrumento coletivo,
com base legal na previsão genérica do art. 513, e, CLT5, para
cobrir os custos da atividade negocial. Não possui natureza
tributária. No acórdão embargado, o STF entendeu que ela não
pode ser cobrada de empregados não filiados ao sindicato. O
tribunal estendeu para as contribuições assistenciais o
entendimento relativo às contribuições confederativas.

12. No julgamento do presente caso, o STF, a um só tempo, (i)


reconheceu a repercussão geral da questão relativa à possibilidade de
cobrança da contribuição assistencial de empregados não filiados ao
sindicato e (ii) reafirmou a jurisprudência no sentido de que ela só é
exigível dos trabalhadores sindicalizados. No acórdão, são mencionados
precedentes relativos tanto à contribuição assistencial, quanto à
contribuição confederativa.

13. Tendo em vista a natureza não tributária dessas


contribuições, o STF entendeu que, em ambos os casos, a cobrança de
empregados não filiados ao sindicato violaria a liberdade de associação.

III. ALTERAÇÃO DE PREMISSAS FÁTICAS E JURÍDICAS

14. Após o julgamento, foi aprovada a Reforma Trabalhista


(Lei nº 13.467/2017), que promoveu uma importante alteração na forma

descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical


respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
4 Súmula Vinculante 40: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da
Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
5 CLT, Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos: e) impor contribuições a todos
aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais
representadas.

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de custeio das atividades dos sindicatos. De acordo com a nova redação


do art. 578 da CLT6, a contribuição sindical só pode ser cobrada “desde que
prévia e expressamente autorizadas”.

15. Com a alteração legislativa, os sindicatos perderam a sua


principal fonte de custeio. Dados do Ministério do Trabalho apontam
queda de cerca de 90% da arrecadação com a contribuição sindical no
primeiro ano de vigência da Lei nº 13.467/20177. Caso mantido o
entendimento de que a contribuição assistencial também não pode ser
cobrada dos trabalhadores não filiados, o financiamento da atividade
sindical será prejudicado de maneira severa. Há, portanto, um risco
significativo de enfraquecimento do sistema sindical.

16. Esse esvaziamento dos sindicatos, por sua vez, vai na


contramão de recentes precedentes do STF, que valorizam a negociação
coletiva como forma de solucionar litígios trabalhistas. Destaque-se, nessa
linha, os julgados relacionados (i) aos planos de demissão voluntária (RE
590.415, sob minha relatoria); (ii) à necessidade de intervenção sindical
prévia às dispensas em massa (RE 999.435, Red. p/ acórdão Min. Edson
Fachin); e (iii) ao entendimento no sentido de que as negociações coletivas
podem afastar direitos previstos em lei, desde que observado o patamar
civilizatório mínimo em matéria trabalhista (ARE 1.121.633, Rel. Min.
Gilmar Mendes).

6 CLT, Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das
categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas
referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e
aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente
autorizadas.
7 Informações disponíveis em:
https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2019/03/epoca-negocios-sindicatos-
perdem-90-da-contribuicao-sindical-no-1o-ano-da-reforma-trabalhista.html;
https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-
contribuicao-sindical-no-1-ano-da-reforma-trabalhista.htm. Acesso em: 20.11.2022.

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17. Além disso, há algumas razões relevantes que justificam


um distinguishing entre o presente caso e os precedentes relativos à
contribuição confederativa. De acordo com o art. 8º, III, da CF 8, o
sindicato representa, necessariamente, toda a categoria profissional. Por
isso, quando ele realiza uma negociação coletiva, os benefícios obtidos se
estendem a todos os empregados integrantes da correspondente base
sindical, sejam eles filiados ao sindicato ou não.

18. Com o entendimento de que não se pode cobrar a


contribuição assistencial dos trabalhadores não sindicalizados cria-se,
então, a figura do “carona”: aquele que obtém a vantagem, mas não paga
por ela. Nesse modelo, não há incentivos para o trabalhador se filiar ao
sindicato. Não há razão para que ele, voluntariamente, pague por algo
que não é obrigatório, ainda que obtenha vantagens do sistema. Todo o
custeio fica a cargo de quem é filiado. Trata-se de uma desequiparação
injusta entre empregados da mesma categoria.

19. Some-se a isso o fato de que a contribuição assistencial se


destina a custear justamente a atividade negocial do sindicato. Há uma
contraprestação específica relacionada à sua cobrança. Por esse motivo, é
denominada, também, de contribuição de fortalecimento sindical ou cota de
solidariedade. Nesse cenário, a contribuição assistencial é um mecanismo
essencial para o financiamento da atuação do sindicato em negociações
coletivas. Permitir que o empregado aproveite o resultado da negociação,
mas não pague por ela, gera uma espécie de enriquecimento ilícito de sua
parte.

IV. SOLUÇÃO ALTERNATIVA: O DIREITO DE OPOSIÇÃO

20. A fim de evitar os efeitos práticos indesejados resultantes


do enfraquecimento da atuação sindical e, ao mesmo tempo, preservar a
8 CF, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: III - ao
sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;

12

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Voto Vista

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ARE 1018459 ED / PR

liberdade de associação do trabalhador, é possível garantir o direito de


oposição como solução alternativa.

21. Trata-se de assegurar ao empregado o direito de se opor ao


pagamento da contribuição assistencial. Convoca-se a assembleia com
garantia de ampla informação a respeito da cobrança e, na ocasião,
permite-se que o trabalhador se oponha àquele pagamento. Ele
continuará se beneficiando do resultado da negociação, mas, nesse caso, a
lógica é invertida: em regra admite-se a cobrança e, caso o trabalhador se
oponha, ela deixa de ser cobrado.

22. Essa solução é prestigiada pelo Comitê de Liberdade


Sindical da OIT, que, ao interpretar as Convenções 87 e 98, admite a
possibilidade de desconto de contribuições dos trabalhadores não
associados abrangidos por negociação coletiva, cuja imposição deve
decorrer do instrumento coletivo e não da lei9.

V. CONCLUSÃO

23. Diante do exposto, voto no sentido de acolher os embargos


de declaração com efeitos infringentes para fixar a seguinte tese de
julgamento: “É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos,
de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da
categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de
oposição”.

9 CLS-OIT, Verbete nº 325 – Quanto uma legislação aceita clausulas de segurança


sindical, como a dedução de contribuições sindicais de não-filiados que se beneficial da
contratação coletiva, estas clausulas só deveriam se tornar efetivas por meio das convenções
coletivas.

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES
EMBTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS, DE MÁQUINAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE COMPONENTES E PARTES
PARA VEÍCULOS AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA
ADV.(A/S) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA (16764/DF, 407076/SP)
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Decisão: Após os votos dos Ministros Gilmar Mendes (Relator),


Dias Toffoli, Nunes Marques e Alexandre de Moraes, que rejeitavam
os embargos de declaração; e do voto do Ministro Edson Fachin, que
conhecia dos embargos de declaração e os acolhia para sanar a
contradição e a omissão apontadas, sem efeitos modificativos,
mantendo-se incólume a tese fixada no acórdão embargado, pediu
vista dos autos o Ministro Roberto Barroso. Ausente,
justificadamente, o Ministro André Mendonça, sucessor do Ministro
Marco Aurélio (que votara na sessão virtual em que houve o pedido
de destaque, acompanhando o voto do Relator). Presidência do
Ministro Luiz Fux. Plenário, 15.6.2022.

Decisão: Após o voto-vista do Ministro Roberto Barroso e do


voto da Ministra Cármen Lúcia, que acompanhavam o voto ora
reajustado do Ministro Gilmar Mendes (Relator) no sentido de
acolher o recurso com efeitos infringentes, para admitir a
cobrança da contribuição assistencial prevista no art. 513 da
Consolidação das Leis do Trabalho, inclusive aos não filiados ao
sistema sindical, assegurando ao trabalhador o direito de
oposição, alterando a tese fixada no julgamento de mérito (tema
935 da repercussão geral) no seguinte sentido: “É constitucional a
instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições
assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria,
ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de
oposição”, pediu vista dos autos o Ministro Alexandre de Moraes.
Nesta assentada, os Ministros Edson Fachin e Dias Toffoli
anteciparam seus votos, reajustando-os para acompanhar o voto
reajustado do Relator. Não votou o Ministro André Mendonça,
sucessor do Ministro Marco Aurélio, que votara em assentada
anterior. Plenário, Sessão Virtual de 14.4.2023 a 24.4.2023.

Composição: Ministros Rosa Weber (Presidente), Gilmar Mendes,

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Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Roberto Barroso, Edson


Fachin, Alexandre de Moraes, Nunes Marques e André Mendonça.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

VOTO

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES: Trata-se de


Embargos de Declaração em Agravo em Recurso Extraordinário, no qual
se reputou constitucional a questão alusiva a “Acordos e convenções
coletivas de trabalho. Imposição de contribuições assistenciais compulsórias
descontadas de empregados não filiados ao sindicato respectivo”, e, no mérito,
reafirmou-se a jurisprudência do STF dominante sobre a matéria no
sentido da “Impossibilidade. Natureza não tributária da contribuição. Violação
ao princípio da legalidade tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário não
provido. Reafirmação de jurisprudência da Corte” (Rel. Min. GILMAR
MENDES, Tema 935, DJe de 10/3/2017).
Em suas razões, a parte embargante, em síntese, aponta contradições
e omissões, alegando que o acórdão embargado:

(i) “não considerou a notória inexistência de jurisprudência


dominante no STF sobre a matéria”, haja vista que (a) quatro das
decisões citadas na decisão embargadas teriam sido proferidas
em agravo regimental; (b) três delas cuidariam da contribuição
confederativa que, segundo a jurisprudência do STF, teria
natureza diversa da contribuição assistencial; e, (c) na única que
versa sobre esta última contribuição, não teria havido análise do
mérito por ter-se considerado ser a questão de índole
infraconstitucional, o que teria sido ratificado no tema 197, no
qual esta CORTE se manifestou pela ausência de matéria
constitucional e de repercussão geral da “Cobrança de
contribuição assistencial, instituída por assembleia, de trabalhadores
não filiados a sindicato, bem como a aplicação de multa em julgamento
de embargos de declaração tidos por protelatórios”.

(ii) “deixou de considerar a jurisprudência deste próprio Excelso


Tribunal quanto à constitucionalidade da cobrança da contribuição

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assistencial”, sobre qual os precedentes (RE 220.700, RE 88022,


RE 71577, RE 189960) seriam divergentes apenas em relação ao
direito de oposição a tal cobrança pelos não associados ao
sindicato, ponto que deveria ter sido decidido na decisão
embargada e não foi, gerando omissão;

(iii) “deixou, ainda, de considerar que a vinculação a


determinada categoria – decorrente do modelo sindical vigente de
representação única (unicidade) por categorias numa dada base
territorial - não viola o direito de livre associação e sindicalização”,
pois, em razão dos princípios da razoabilidade, da
solidariedade, e do inciso II do art. 8º da CF, que determina ser
o sindicato o ente de representação do toda a categoria, todos os
que se beneficiam da atuação do sindicato deveriam sujeitar-se
à contribuição sindical e outras estabelecidas por lei,
assembleia geral ou pela Constituição - à exceção da
contribuição associativa que é restrita ao filiados -,
independentemente de filiação à entidade sindical, tendo em
vista que a filiação é facultativa, mas a vinculação abrange
filiados e não filiados, sendo ao mesmo tempo direito e dever
de todos; e

(iv) “ em razão da importância do tema, inclusive destacado na


Decisão, deixou de considerar o disposto no artigo 323, § 3º , do
RISTF”, que determina que o Relator ou o Presidente
submeterá, por meio eletrônico, aos demais Ministros, cópia de
sua manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão
geral; e permite a admissão de terceiros para se manifestar
sobre a questão da repercussão geral.

Assim, postula o acolhimento dos Embargos de Declaração, com


efeitos infringentes.
Esse é o breve relato.
Desde já adianto que vou acompanhar o voto reajustado do Ilustre
Relator, Min. GILMAR MENDES, que, à luz dos fundamentos aduzidos
pelo voto-vista divergente apresentado pelo Min. ROBERTO BARROSO,

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alterou o voto que inicialmente proferira na sessão virtual de 14/8/2020,


no sentido da rejeição destes Embargos de Declaração, para acolhê-los
com efeitos infringentes.
Efetivamente, ao votar no julgamento presencial ocorrido em
15/6/2022, acompanhei o primeiro voto do Min. GILMAR MENDES por
não vislumbrar qualquer dos vícios apontados pelo embargante no
acórdão recorrido.
Todavia, melhor refletindo sobre a questão, reconheço, na esteira dos
entendimentos mais recentes trazidos pelos Ministros GILMAR MENDES
e ROBERTO BARROSO, que a reforma trabalhista levada a cabo pela Lei
13.467/2017 teve a aptidão de alterar as premissas fáticas e jurídicas sobre
as quais se assentou a compreensão inicial sobre a matéria debatida neste
precedente vinculante.
As contribuições trabalhistas são de três ordens: (i) contribuição
sindical; (ii) contribuição confederativa; e (iii) contribuição assistencial.
Quanto à primeira, a reforma trabalhista empreendida pela Lei
13.467/2017, ao dar nova redação aos artigos 578 e 579 da Consolidação
da Leis do Trabalho - CLT, e tornar facultativa a contribuição sindical,
prevista na parte final do inciso IV do art. 8º da CF/88, de fato, impactou
de forma drástica a forma de custeio dos sindicatos. A partir da alteração
legislativa, a contribuição sindical somente pode ser cobrada desde que
prévia e expressamente autorizada pelos integrantes da categoria
representada pela entidade sindical.
No que toca à segunda contribuição, nos termos da Súmula 666/STF,
“A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição é
exigível apenas dos filiados ao respectivo sindicato”, e da Súmula Vinculante
40, “A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição
Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.
No presente Recurso Extraordinário com repercussão geral, decidiu-
se que também a contribuição assistencial não pode ser cobrada dos não
filiados ao sindicato.
Como bem realçado pelo Min. BARROSO, essa contribuição
assistencial que, conforme o art. 513 da CLT, pode ser instituída por meio

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de acordo ou convenção coletiva, é o meio pelo qual o sindicato custeia as


atividades negociais as quais beneficiam todos os trabalhadores das
respectivas categorias profissionais ou econômicas, independentemente
de filiação.
Assim, pondera que, a prevalecer o entendimento assentado no
acórdão embargado, é previsível que os sindicatos tenham redução
significativa da sua fonte de custeio, com impactos direto na atuação
negocial dessas entidades em prol da categoria que representam com
risco de profundo enfraquecimento do sistema sindical.
Embora os sindicatos disponham de outras outras fontes de
recursos, como percepção de honorários nas causas trabalhistas,
contribuição confederativa, mensalidades previstas na Consolidação das
Leis do Trabalho, e o artigo 150, VI, e, da CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA garantam-lhes a imunidade de alguns impostos, deve-se ter
presente que a contribuição assistencial tem por escopo principal custear
as negociações coletivas. Logo, se não puder ser cobrada dos
trabalhadores não filiados, é previsível que haja decréscimo nesse tipo de
arrecadação com repercussão negativa nas negociações coletivas, como
apontado pelo Min. ROBERTO BARROSO e ratificado pelo Min.
GILMAR MENDES.
Não obstante na ADI 5.794 esta CORTE tenha assentado a
constitucionalidade da retirada da compulsoriedade da contribuição
sindical pela Reforma Trabalhista de 2017, pois sua imposição aos não
filiados contraria o direito de liberdade de associação, tese que também
foi aplicada no julgamento de mérito deste Tema 935, a solução
apresentada pelo Ministro GILMAR MENDES, na readequação de seu
voto, e pelo Min. ROBERTO BARROSO, no sentido de admitir-se a
cobrança da contribuição assistencial prevista no art. 513 da CLT aos não
filiados ao sistema sindical, desde que assegurado ao trabalhador o
direito de oposição, preserva os princípios da liberdade individual e da
liberdade sindical, e garante ao sindicato recursos financeiros para
custear as negociações coletivas.
Assim, adiro à nova posição adotada pelo Ilustre Relator, Min.

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GILMAR MENDES, que incorporou à sua manifestação a sugestão de


alteração da tese fixada no julgamento do mérito deste recurso paradigma
sugerida pelo Min. ROBERTO BARROSO nos termos seguintes:

“É constitucional a instituição, por acordo ou convenção


coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a
todos os empregados da categoria, ainda que não
sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição.”

Ante o exposto, acompanho o Relator, para ACOLHER os Embargos


de Declaração, com efeitos infringentes, endossando a tese acima.
É como voto, Sr. Presidente.

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12/09/2023 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PARANÁ

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


EMBTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS
INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, DE MÁQUINAS,
MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE
COMPONENTES E PARTES PARA VEÍCULOS
AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA
ADV.(A/S) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

VOTO VOGAL

A Senhora Ministra Rosa Weber: Trata-se de embargos de


declaração opostos pelo sindicato em face de acórdão paradigma
proferido na sistemática de repercussão geral (Tema 935) em que esta
Suprema Corte, em Plenário Virtual finalizado em 24.2.2017, por
unanimidade, declarou a inconstitucionalidade da cobrança dos
empregados não associados da contribuição assistencial prevista no art.
513, “e”, da CLT, aprovada por convenção ou acordo coletivo de trabalho,
fixada a seguinte tese: “É inconstitucional a instituição, por acordo, convenção
coletiva ou sentença normativa, de contribuições que se imponham
compulsoriamente a empregados da categoria não sindicalizados”.
Reproduzo a ementa do acórdão embargado:
Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. 2. Acordos e
convenções coletivas de trabalho. Imposição de contribuições
assistenciais compulsórias descontadas de empregados não
filiados ao sindicato respectivo. Impossibilidade. Natureza não
tributária da contribuição. Violação ao princípio da legalidade
tributária. Precedentes. 3. Recurso extraordinário não provido.
Reafirmação de jurisprudência da Corte.

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ARE 1018459 ED / PR

Argumenta o embargante com omissão e contradição no acórdão


embargado, notadamente no que diz com a jurisprudência deste Supremo
Tribunal quanto à constitucionalidade da cobrança da contribuição
assistencial, desde que assegurado o direito de oposição dos não
associados. Entende que na fundamentação do acórdão embargado há
confusão entre a contribuição assistencial e a confederativa.
Em sessão do Plenário, realizada em 15.6.2022, após os votos dos
Ministros Gilmar Mendes, Relator, Dias Toffoli, Nunes Marques e
Alexandre de Morais, no sentido de rejeitar os embargos de declaração, e
do Ministro Edson Fachin, no sentido de os acolher para sanar omissão e
contradição, sem efeito modificativo, pediu vista dos autos o Ministro
Luís Roberto Barroso.
Em sessão virtual finalizada em 24.4.2023, o Ministro Luís Roberto
Barroso divergiu do Ministro Relator para acolher os embargos de
declaração, com efeitos infringentes, sugerindo a seguinte tese de
repercussão geral: “É constitucional a instituição, por acordo ou convenção
coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostos a todos os empregados
da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de
oposição”. Nessa oportunidade, o Ministro Gilmar Mendes reajustou seu
voto anterior, aderindo aos fundamentos da divergência, “em razão das
significativas alterações das premissas fáticas e jurídicas [...] sobretudo
em razão das mudanças promovidas pela Reforma Trabalhista (Lei
13.467/2017) sobre a forma de custeio das instituições sindicais”.
Acompanharam o voto reajustado do Ministro Relator, a Ministra
Cármem Lúcia, os Ministros Edson Fachin e Dias Toffoli. Pediu vista dos
autos, o Ministro Alexandre de Moraes.
O Ministro Alexandre de Moraes, por sua vez, apresenta voto-vista
em que altera seu posicionamento anterior a fim de também acompanhar
o voto reajustado do Ministro Relator ao fundamento de que a
contribuição assistencial “é o meio pelo qual o sindicato custeia as atividades
negociais as quais beneficiam todos os trabalhadores das respectivas categorias
profissionais ou econômicas, independentemente de filiação”.
Nesse contexto, as questões veiculadas nos presentes embargos de

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declaração permitem a esta Suprema Corte revisitar o posicionamento


afirmado no julgamento do Tema 935 de repercussão geral.
Com efeito, a controvérsia constitucional atinente à abrangência da
contribuição assistencial fixada por negociação coletiva assume
substancial relevância no que diz com a subsistência das entidades
sindicais no sistema justrabalhista brasileiro, principalmente após a
alteração promovida pela Reforma Trabalhista (arts. 545, 578, 579, 582,
583, 587 e 602 da CLT), que tornou facultativa a contribuição sindical,
declarada a sua constitucionalidade por este Supremo Tribunal Federal ao
julgamento da ADI 5794, Redator do acórdão Ministro Luiz Fux.
Reproduzo trecho da ementa:
“[...] 13. A Lei nº 13.467/2017 não compromete a prestação
de assistência judiciária gratuita perante a Justiça Trabalhista,
realizada pelos sindicatos inclusive quanto a trabalhadores não
associados, visto que os sindicatos ainda dispõem de múltiplas
formas de custeio, incluindo a contribuição confederativa (art.
8º, IV, primeira parte, da Constituição), a contribuição
assistencial (art. 513, alínea ‘e’, da CLT) e outras contribuições
instituídas em assembleia da categoria ou constantes de
negociação coletiva, bem assim porque a Lei n.º 13.467/2017
ampliou as formas de financiamento da assistência jurídica
prestada pelos sindicatos, passando a prever o direito dos
advogados sindicais à percepção de honorários sucumbenciais
(nova redação do art. 791-A, caput e § 1º, da CLT), e a própria
Lei n.º 5.584/70, em seu art. 17, já dispunha que, ante a
inexistência de sindicato, cumpre à Defensoria Pública a
prestação de assistência judiciária no âmbito trabalhista. [...]”

Naquela oportunidade, acompanhei a corrente vencida - inaugurada


pelo voto do eminente Ministro Relator Edson Fachin - no sentido da
inconstitucionalidade das alterações promovidas pela Reforma
Trabalhista. Ressaltei a centralidade das entidades sindicais como sujeitos
coletivos, a potencializar a agência dos trabalhadores, não apenas no
âmbito da criação de cláusulas obrigacionais a reger o contrato
individual de trabalho, mas também, e principalmente, de participação

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democrática na afirmação da melhoria das condições de trabalho da


categoria.
Sem olvidar as críticas à estrutura sindical brasileira, especialmente
no que diz com os efeitos nocivos do monopólio da representação
coletiva, bem como da compulsoriedade da contribuição sindical, à
efetiva concretização dos princípios democráticos no âmbito do direito
coletivo do trabalho, fiz ver que o modelo híbrido da organização
constitucional sindical brasileira, alicerçado na liberdade sindical (CF, art.
8º, I), observa limitações atinentes à unicidade sindical (CF, art. 8º, II) e ao
financiamento compulsório das entidades sindicais (CF, art. 8º, IV).
Nesse sentido, alertei para o comprometimento da representação
sindical ante a diminuição da arrecadação decorrente, tanto da
facultatividade do desconto da contribuição sindical, quanto da limitação
da contribuição assistencial aos associados, somadas à conjuntura do
mercado de trabalho (desemprego e rotatividade de mão de obra). Anoto
que pesquisa do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho –
CESIT, realizada em 2017, já sinalizava essa conjuntura:
“O imposto sindical representa uma parcela importante
do orçamento das entidades sindicais, do financiamento do
sistema confederativo (federações, confederações) e, desde o
reconhecimento das centrais sindicais por meio da Lei
11.648/2008, das próprias centrais. A lei das centrais permitiu,
entre outras alterações, que as centrais que cumprem os
critérios de representatividade passassem a receber uma
parcela do imposto sindical, desde que devidamente
identificadas pelos respectivos sindicatos. Com isso, o montante
distribuído em 2017 para as centrais sindicais totalizou mais de
R$ 206 milhões.
Mas, para muitos sindicatos de base, o imposto sindical
não é a principal fonte de financiamento. A contribuição taxa
negocial/assistencial fixada em acordos e convenções coletivas
de trabalho e, até a decisão do STF, descontada de todos os
trabalhadores, tornou-se a principal fonte de recursos das
entidades sindicais que preveem a cobrança desse tipo de
contribuição em seus instrumentos normativos. Uma rápida

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consulta ao sistema Mediador do Ministério do Trabalho


identificou entre novembro de 2016 e outubro de 2017 a
presença de mais de 300 instrumentos normativos com a
cláusula de contribuição assistencial ou taxa negocial.”1

O fortalecimento e a manutenção das entidades sindicais no sistema


justrabalhista brasileiro, anteriormente à alteração promovida pela
Reforma Trabalhista, estava alicerçado em quatro tipos de receitas
sindicais: i) contribuição sindical obrigatória; ii) contribuição
confederativa; iii) Contribuição assistencial; iv) mensalidade dos
associados.
A contribuição sindical obrigatória, anteriormente denominada
imposto sindical, possui a sua raiz no sistema tradicional corporativista.
Regulada pelos arts. 578 a 610 da CLT, em sua redação anterior à Lei nº
13.467/2017, era descontada anualmente de uma só vez de todos os
participantes da categoria econômica ou profissional, ou de profissão
liberal em favor do sistema sindical. Em relação ao empregado, o
desconto deveria ser efetuado no mês de março observada o valor da
remuneração de um dia de trabalho.
A par da contribuição sindical, instituída por expressa disposição de
lei, o art. 8º, IV, da Constituição Federal também dispõe sobre a
contribuição confederativa fixada pela assembleia geral para o custeio do
sistema confederativo da representação sindical. A jurisprudência pátria -
tanto no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, nos termos da
Orientação Jurisprudencial nº 172 e do Precedente nº 119 da Seção de

1 GALVÃO, Andréia (Coord.). Projeto de Pesquisa: Subsídios para discussão sobre a reforma
trabalhista no Brasil. Texto de discussão nº 5. Movimento sindical e negociação coletiva.
CESIT/IE/UNICAMP, Campinas, 2017. Disponível em <https://www.cesit.net.br/wp-
content/uploads/2017/11/Texto-de-discuss%C3%A3o-5-Negociacao-coletiva-e-sindicalismo-1.pdf>
2 “CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DE
SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS. As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor
de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao
direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo
passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados.”

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Dissídios Coletivos3, como no desta Suprema Corte, assentada na Súmula


Vinculante nº 40 (anterior Súmula nº 666) 4 - limita a sua exigibilidade aos
filiados do sindicato da categoria, ante a aplicação do direito à livre
associação e sindicalização previsto no art. 8º, IV, da Constituição Federal.
(RE 198092, Relator Ministro Carlos Velloso, Segunda Turma, DJ
11.10.1996).
Compreendem-se ainda na receita do sistema sindical brasileiro, a
mensalidade dos associados e a contribuição assistencial, também
denominada cota de solidariedade, prevista no art. 513, “e”, da CLT.
Estudo publicado neste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada – IPEA aponta para a contração dos espaços de deliberação
participativa dos trabalhadores brasileiros após a Reforma Trabalhista,
com enorme impacto na capacidade de mobilização, notadamente devido
ao encolhimento do financiamento das entidades sindicais. Registra,
ainda, o grave desequilíbrio na relação entre as entidades coletivas
representantes de empregados e empregadores, na medida em que “parte
relevante da estrutura de representação empresarial é custeada historicamente
por outras fontes (por exemplo, contribuições ao ‘Sistema S’), que não foram
atingidas pela reforma trabalhista ou qualquer outra reforma.”5.

3 “CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS


CONSTITUCIONAIS. "A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o
direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade
cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo
contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema
confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma
espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que
inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente
descontados."
4 “A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível
dos filiados ao sindicato respectivo.”
5 IPEA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Trabalho e renda. In
IPEA. Políticas sociais: acompanhamento e análise (n. 30). Brasília: IPEA, 2023, p. 39. Disponível
em: <https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/12303/1/Publica%C3%A7%C3%A3o
%20Preliminar%20_BPS
%2030_Trabalho_e_renda.pdfhttps://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/12303/1/Publica
%C3%A7%C3%A3o%20Preliminar%20_BPS%2030_Trabalho_e_renda.pdf>

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Com efeito, atualmente, o país conta com 10 mil sindicatos de


trabalhadores registrados no MTE, 549 federações, 43 confederações e 7
centrais sindicais. Nada obstante, o sindicalismo brasileiro enfrenta crise
expressiva na sua estrutura organizacional, tendo em vista a redução do
número de filiados e dos valores da arrecadação6.
Quanto ao número de filiados, o IPEA alerta que “a população
ocupada cresceu de 89,2 milhões em 2012 para 94,6 milhões de trabalhadores em
2019. Por sua vez, a população ocupada sindicalizada sofreu queda significativa
de 3,8 milhões de adeptos no mesmo período (de 14,4 milhões para 10,6 milhões
de filiados no final da série). Logo, a taxa de filiação seguiu o mesmo fluxo de
retração: 16,1% para 11,2%, finalizando com o menor índice da série, valor
similar à média dos países da OCDE”. Nesse sentido, verifica-se expressiva
queda em dois períodos: i) após 2015, em que a crise econômica resultou
na diminuição da taxa do emprego formal; ii) em 2018, após a
promulgação da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista)7.
Por outro lado, no que diz com a redução das receitas sindicais,
assume protagonismo a exigência de autorização prévia para o desconto
da contribuição sindical após a Reforma Trabalhista:
“A exigência de autorização prévia, expressa e individual
para o desconto provocou uma redução nos valores
arrecadados por meio da ‘contribuição sindical’. As
informações disponíveis mostram que, entre 2017 e 2021, os
valores destinados especificamente a sindicatos de
trabalhadores passaram de R$ 1,47 bilhão para apenas R$ 13,11
milhões (valores nominais). Além de drástica, essa redução foi
abrupta, sem o devido tempo de adaptação para os sindicatos
de trabalhadores.”8.

Não há exercício da ampla representatividade da categoria sem o


respectivo custeio das entidades sindicais. O financiamento constitui
elemento indispensável à estruturação saudável dos sindicatos.

6 . Ibid. p. 37
7 Ibid. p. 38
8 Ibid. pp. 38-39

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Esse cenário de enorme prejuízo na arrecadação do sistema sindical


brasileiro acarreta profundos reflexos na atuação das entidades sindicais
como agentes centrais da representação coletiva trabalhista. O
enfraquecimento das entidades sindicais equivale à debilitação da
negociação coletiva como instrumento de concretização da melhoria das
condições de gestão da força de trabalho no mercado econômico.
Nesse contexto, reafirmo os fundamentos expostos no julgamento da
ADI 5794 e acompanho o Ministro Relator no que dá provimento aos
embargos de declaração a fim de retificar a tese de repercussão geral
(Tema 935) nos termos propostos.
É como voto.

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Extrato de Ata - 12/09/2023

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.018.459


PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES
EMBTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS, DE MÁQUINAS, MECÂNICAS, DE MATERIAL ELÉTRICO, DE
VEÍCULOS AUTOMOTORES, DE AUTOPEÇAS E DE COMPONENTES E PARTES
PARA VEÍCULOS AUTOMOTORES DA GRANDE CURITIBA
ADV.(A/S) : CRISTIANO BRITO ALVES MEIRA (16764/DF, 407076/SP)
EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Decisão: Após os votos dos Ministros Gilmar Mendes (Relator),


Dias Toffoli, Nunes Marques e Alexandre de Moraes, que rejeitavam
os embargos de declaração; e do voto do Ministro Edson Fachin, que
conhecia dos embargos de declaração e os acolhia para sanar a
contradição e a omissão apontadas, sem efeitos modificativos,
mantendo-se incólume a tese fixada no acórdão embargado, pediu
vista dos autos o Ministro Roberto Barroso. Ausente,
justificadamente, o Ministro André Mendonça, sucessor do Ministro
Marco Aurélio (que votara na sessão virtual em que houve o pedido
de destaque, acompanhando o voto do Relator). Presidência do
Ministro Luiz Fux. Plenário, 15.6.2022.

Decisão: Após o voto-vista do Ministro Roberto Barroso e do


voto da Ministra Cármen Lúcia, que acompanhavam o voto ora
reajustado do Ministro Gilmar Mendes (Relator) no sentido de
acolher o recurso com efeitos infringentes, para admitir a
cobrança da contribuição assistencial prevista no art. 513 da
Consolidação das Leis do Trabalho, inclusive aos não filiados ao
sistema sindical, assegurando ao trabalhador o direito de
oposição, alterando a tese fixada no julgamento de mérito (tema
935 da repercussão geral) no seguinte sentido: “É constitucional a
instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições
assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria,
ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de
oposição”, pediu vista dos autos o Ministro Alexandre de Moraes.
Nesta assentada, os Ministros Edson Fachin e Dias Toffoli
anteciparam seus votos, reajustando-os para acompanhar o voto
reajustado do Relator. Não votou o Ministro André Mendonça,
sucessor do Ministro Marco Aurélio, que votara em assentada
anterior. Plenário, Sessão Virtual de 14.4.2023 a 24.4.2023.

Decisão: O Tribunal, por maioria, acolheu o recurso com


efeitos infringentes, para admitir a cobrança da contribuição
assistencial prevista no art. 513 da Consolidação das Leis do
Trabalho, inclusive aos não filiados ao sistema sindical,

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Extrato de Ata - 12/09/2023

Inteiro Teor do Acórdão - Página 45 de 45

assegurando ao trabalhador o direito de oposição, nos termos do


voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio, que votara em
assentada anterior, acompanhando a primeira versão do voto do
Relator. Foi alterada, por fim, a tese fixada no julgamento de
mérito, nos seguintes termos (tema 935 da repercussão geral): “É
constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos,
de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os
empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que
assegurado o direito de oposição”. Não votou o Ministro André
Mendonça, sucessor do Ministro Marco Aurélio. Plenário, Sessão
Virtual de 1.9.2023 a 11.9.2023.

Composição: Ministros Rosa Weber (Presidente), Gilmar Mendes,


Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Roberto Barroso, Edson
Fachin, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, André Mendonça e
Cristiano Zanin.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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