Resumo de HPAP
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Época medieval
O paradigma medieval de História: O conhecimento do Passado humano é o
contido na Bíblia:
O único conhecimento certo do passado que se acreditava existir baseava-se ao
registado na Bíblia, às histórias remanescentes da Grécia e de Roma e aos registros
históricos envolvendo tradições que remontavam à Idade das Trevas. Com esta base
desenvolveu-se uma visão cristã do passado, a qual, de certo modo, continuou a
influenciar a interpretação de dados arqueológicos até os dias de hoje. Essa visão cristã
do passado pode ser sumarizada em seis proposições
2. A humanidade foi criada por Deus no Jardim do Paraíso, que se crê ter sido no
Próximo Oriente.
A humanidade expandiu-se a partir do Próximo Oriente, após a sua expulsão do Paraíso,
após o Dilúvio e ainda após o episódio da Torre de Babel.
Conclusão: a História tem origem no Próximo Oriente e os historiadores medievais
unem as genealogias dos reis europeus às genealogias bíblicas.
O Jardim do Paraíso era considerado o local e a origem da humanidade.
O passado remoto da humanidade tinha assim definidos:
-uma localização geográfica
-uma origem
-um modo de expansão
3. A evolução inicial da humanidade deve-se aos ensinamentos de Deus.
Adão e Eva viviam no Paraíso, e os seus descendentes tornaram-se pastores e
agricultores; o ferro começou a usar-se algumas gerações depois.
Conceito moral de degeneração: a prosperidade material acelera a decadência moral.
4. A História é finita, e os acontecimentos são determinados por Deus.
O Mundo foi criado e terminará por intervenção divida (dia do Juízo Final); não tem
sentido pensar que o progresso é intrínseco à História humana: vive-se na “idade
média”, terrena (entre a Criação e o Juízo Final).
5. Não se concebe a existência de transformações históricas.
Os tempos bíblicos eram vistos como idênticos aos medievais (os mesmos vestuários,
arquiteturas, hábitos, etc.), não se concebendo qualquer relativismo histórico ou
cultural.
As estátuas pagãs eram destruídas por se considerarem indecentes ou diabólicas
→colecionavam-se apenas relíquias tidas como sagradas e os monumentos antigos (ex.
megálitos) eram vistos como locais que encerravam tesouros.
O monumento megalítico de Stonehenge surge descrito e figurado em diversos
documentos escritos medievais, associado a lendas diversas e à corte do Rei Artur.
Séculos XV-XVII
O Renascimento: Tinha como ideal a imitação do clássico (na arquitetura,
literatura, medicina...) e a secularização da cultura.
O conhecimento do Passado era obtido através dos textos greco-latinos, e da
arquitetura e arte clássicas.
A “Escola de Atenas” de Rafael (1483-1520) é um dos numerosos exemplos que
ilustram a atração pelo passado clássico.
O Antiquarismo
Definição: nasce no Renascimento, aquando da busca de objetos para ilustrar os
textos clássicos, mas teve um salto importante a partir do século XVII através da
constituição de “sociedades antiquárias” (França e Inglaterra) para aferir as
interpretações contidas nos documentos escritos: “Antiquarismo científico”
No século XIX, a descoberta de monumentos diversos e de epígrafes em egípcio
e escritas cuneiformes fazem a História recuar três mil anos: as hoje chamadas
“civilizações pré-clássicas” são trazidas para a História; ... mas emerge um cunho
pejorativo associado ao termo
Austen Henry Layard
Era viajante, arqueólogo, historiador, político e diplomata inglês.
Escavou Nimrude Nínive, tendo publicado uma vasta obra sobre monumentos
assírios.
William Stukeley
Clérigo anglicano, foi um antiquarista e o primeiro a fazer investigações
“arqueológicas” nos monumentos megalíticos de Stonehengee Avebury, incluindo
topografias detalhadas.
Giovanni Battista Belzonni
Era engenheiro hidráulico, mas viveu de expedientes (barbeiro, artista circense) até ter
sido contratado para um projeto de irrigação no Nilo, onde se tornou um aventureiro,
explorador e caçador de tesouros.
Notabilizou-se pelo transporte da estátua de Ramsés II, de 17 t, de Tebas para
Londres, e pelo saque de outros monumentos.
O “Código Florentino”
Elaborado pelo freire franciscano Bernardino de Sahagún entre 1545 e 1590, sobre os
aztecas.
Compila e descreve, com ilustrações, acultura, religião, cosmologia, rituais, sociedade e
práticas económicas do povo azteca.
Há referências a objetos “primitivos” fabricados em pedra (obsidiana).
Edward Gibbon
Historiador e membro do parlamento britânico. Defendeu a ideia de que a queda
do império romano se deveu ao Cristianismo, o que resultou na proibição da sua obra
em diversos países.
As vedute
Nas artes plásticas chama-se vedute (singular: veduta; do italiano “vista”) a gravura,
pintura ou desenho rico em detalhes que apresenta a perspetiva de uma paisagem urbana
ou rural, por vezes centrada num edifício.
As verdute têm também propósitos científicos, dados os detalhes minuciosos e o
enquadramento do edifício figurado.
Contribuições:
Sven Nilsson (1787-1883)
Pré-historiador sueco, tem como formação de base a Zoologia; sente-se atraído
pela investigação de campo.
Catastrofismo
↓
Uniformismo
Cria a “teoria da evolução das espécies”, a qual pressupõe que a evolução biológica da
humanidade ocorreu a partir de um primata remoto.
A arqueologia processual
Origens
Contexto económico-social dos E.U.A. no pós-guerra e o desenvolvimento
tecnológico como chave para o progresso humano (anos de 1950-60);
neoevolucionismo na Antropologia norte-americana (anos de 1950-60):as
sociedades humanas transformam-se, não por ação humana (como se cria no século
XIX), mas antes por determinismo ecológico (Julian Steward), tecnológico (Leslie
White), demográfico e económico;
elaboração de sequências de desenvolvimento cultural unilinear (M.D. Sahlins e
E.R. Service): Bando-Tribo-Chefatura-Estado.
Fundamentos teóricos
Refutação de aspetos teóricos da arqueologia histórico-cultural: nova noção de
cultura: as culturas arqueológicas não são a soma dos seus artefactos distintivos, são
sistemas adaptativos integrados interagindo entre si, com o meio ambiente e com
processos internos de transformação;
recusa da difusão e da migração enquanto fatores de transformação cultural;
rejeição da visão normativa da cultura tal como definida pela arqueologia
histórico-cultural (isto é, a cultura enquanto conjunto de ideias mantidas por um
coletivo e transmitidas de geração em geração).
Proposta da middle-range theory (L. Binford): estudos de controlo das relações entre as
propriedades estáticas dos materiais do passado e das propriedades dinâmicas das
sociedades do presente→importância da observação etnográfica para inferir
comportamentos a partir dos dados arqueológicos (raciocínio dedutivo).
↓
Desenvolvimento da noção de processos de formação dos sítios arqueológicos
(L. Binford, M. Schiffer): reconhecimento dos fatores envolvidos e do seu
encadeamento: Necessidade de investigações etnoarqueológicas.
Desenvolvimento da “arqueologia experimental”
Lewis R. Binford
Arqueólogo e antropólogo norte-americano que produziu inúmeros estudos marcantes
para a definição teórica da arqueologia processual.
Principais autores processualistas:
Defende que, recorrendo à middlerange theory, se pode estudar as sociedades do
passado (arqueologia) como as do presente (antropologia) →uso de método científico
para a realização da antropologia do passado;
François Bordes
Pré-historiador e geólogo quaternarista francês que trabalhou sobretudo nos
estudos do Paleolítico, tendo desenvolvido abordagens tecnológicas para o estudo do
talhe da pedra.
David L. Clarke
Arqueólogo britânico que desenvolveu e aplicou perspetivas processualistas no
estudo de fenómenos da Pré-História europeia (Mesolítico, Campaniforme, etc.).
Colin Renfrew
Arqueólogo, conservador e paleolinguista inglês que desenvolveu teorias
processualistas no âmbito das origens do megalitismo e das línguas indo-europeias.
Michael B. Schiffer
Arqueólogo americano que desenvolveu métodos de análise dos processos de formação
do registo arqueológico
No estudo dos processos de formação dos sítios arqueológicos (ou a transformação de
“contextos sistémicos” em “contextos arqueológicos”) definiu a combinação de: fatores
naturais (movimentos dos sedimentos, ação dos animais, efeito do vento e da água,
etc.)
fatores culturais (pisoteamento, limpeza dos espaços, abertura de estruturas
negativas, etc.)