Bioquímica, Técnicas e Métodos
Bioquímica, Técnicas e Métodos
Bioquímica, Técnicas e Métodos
1.1 Contextualização
Nas últimas décadas, o uso do conhecimento científico como ferramenta não apenas
coadjuvante, porém muitas vezes decisiva na elucidação de crimes, tem se intensificado. Assim,
a chamada ciência forense estabeleceu-se de forma definitiva. Nela, a química forense tem um
papel de grande destaque.
Dessa forma, a ciência forense é uma área interdisciplinar que envolve física, biologia, química,
matemática e várias outras ciências de fronteira, com o objetivo de dar suporte as investigações
relativas à justiça civil e criminal.
Sendo assim, como o próprio nome indica, a química forense é a utilização ou aplicação dos
conhecimentos da ciência química aos problemas de natureza forense. Segundo Zarzuela (1995),
denomina-se química forense o ramo da química que se ocupa da investigação forense no campo
da química especializada, a fim de atender aspectos de interesse jurídico.
Farias (2008) refere que, cabe ao perito forense a identificação, coleta e análises dos vestígios
presentes no local do crime, sendo, portanto de fundamental importância sua atuação, visto que,
com frequência, a presença ou ausência de uma determinada prova material pode ser a diferença
entre resolver ou não um caso, prender ou não um criminoso.
1
digital, deixada em algum lugar, ou então um fio de cabelo encontrado no local do crime. Hoje
em dia, pode-se também realizar a identificação humana através do DNA presentes na amostra.
Portanto, a ciência forense é a ciência utilizada no sistema jurídico, isto é, para finalidades da
lei. O trabalho de um químico forense é assim, encontrar pistas, rastros, vestígios e determinar os
seus significados.
Algumas das análises realizadas pelos profissionais dessa área são voltadas à identificação e
constituição dos elementos por meio do uso de técnicas e procedimentos para a análise de
substâncias entorpecentes como a cannabis sativa, a identificação das pessoas que possivelmente
estiveram no local de facto pela presença de fios de cabelo e o DNA no local de facto que
evidentemente irão fortemente contribuir na identificação do agente do facto e várias outras
apreciações que contribuem fortemente para solucionar os crimes, porém, direccionamos a nossa
pesquisa aos supra referidos.
2
1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo geral
1.3 Metodologia
O presente trabalho de pesquisa foi fundamentado com o uso do método bibliográfico e
dispositivos legais, cujo ambos estão dispostos na referência bibliográfica da presente.
3
CAPÍTULO II: TÉCNICAS, PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS DE ANÁLISE DA
CANNABIS
A palavra canabis vem do grego kávvabis (kánnabis). Nominado no Brasil como machonha, kif
em Marrocos, dagga na África do Sul, marijuana ou grass nos Estados Unidos e surruma em
Moçambique, de entre tantos outros termos usados nos diversos cantos do mundo.
Canabis, da família Cannabaceae, tem origem botânica relatada à mais de 5000 anos em algum
lugar com localização exata incerta entre o leste da China e a Ásia central (RUSSO, 1998).
Existem três espécies de Canabis conhecidas na literatura, a Canabis sativa, a Canabis índica e a
Canabis ruderalis (EVANS et al., 1974).
A espécie canabis sativa linnaeus que originalmente foi utilizada como erva medicinal no
preparo de chás para combater dor de cabeça e fadiga, também é a mais comum e conhecida
entre as três espécies. Além de seu uso como erva medicinal, a canabis sativa l. tem sido
4
consumida como droga de recreação desde muito tempo, seja na forma de cigarros, cachimbos
ou em receitas (ELSOHLY; SLADE, 2005; RUSSO, 1998).
Isso provavelmente decorre da sua fácil obtenção, rápida absorção das toxinas pelo organismo
dos usuários e o efeito psicológico dos tetra-hidro-cannabidiol (THC: tetrahydrocannabinol)
presentes nas folhas com elevadas concentrações (LEITE et al., 2018; WILLIAMSON; EVANS,
2000).
5
2.3 Analise forense da cannabis sativa l.
As análises toxicológicas com finalidade forense podem fornecer evidências preciosas para
materialização do crime e a base de um diagnóstico confiável é a realização de uma análise
eficiente, sendo de fundamental importância o conhecimento da abrangência da técnica analítica
empregada.
Os testes químicos mais utilizados para triagem da Canabis sativa L. são Fast Blue B e
Duquenóis-Levine. As reações colorimétricas que ocorrem nesses testes são atribuídas à natureza
fenólica da estrutura química dos canabinoides e, por isso, falta-lhes especificidade, pois outros
compostos análogos presentes nos vegetais podem se comportar de maneira semelhante.
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CAPÍTULO III: TÉCNICAS, PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS DE ANÁLISE
DE FIOS DE CABELO
A utilização do cabelo como amostra biológica para a determinação de vários compostos tem
vindo a aumentar. Este tipo de amostra pode constituir uma mais valia face a outras matrizes
tradicionalmente escolhidas (sangue e urina), uma vez que tem capacidade de retenção e
armazenamento por um período de tempo relativamente longo, desde meses a anos, que várias
outras substâncias.
As análises de cabelo podem ser aplicadas em várias áreas que são referidas ao longo deste
capítulo, nomeadamente no controlo de doping, na exposição ocupacional ou acidental a
determinados xenobióticos, como auxiliar na avaliação do estado nutricional e no auxílio do
diagnóstico de doenças, na avaliação quanto à aptidão para a condução de veículos sob efeito de
drogas ou álcool, na toxicologia post mortem, etc.
De facto, o sangue e a urina são as matrizes mais usadas e permitem a pesquisa de uma grande
quantidade de substâncias quando há uma exposição recente ou crónica. No entanto, a sua janela
de deteção varia das 36 às 72 horas, no sangue e na urina respetivamente, e as concentrações dos
compostos estão sujeitas a alguns condicionalismos que incluem entre outros, mecanismos
homeostáticos na amostra de sangue e o grau de hidratação do indivíduo na amostra de urina
(Kempson e Lombi, 2011).
Entretanto, no caso da fibra capilar, a janela de detecção é substancialmente mais longa (meses
à anos) o que permite uma investigação retrospetiva. Adicionalmente, o cabelo é uma matriz
7
bastante estável, fácil de recolher, transportar e armazenar e pode ainda apresentar a vantagem de
a concentração de compostos ser 50 a 100 vezes superior nesta matriz às concentrações
encontradas no sangue ou na urina (Kempson e Lombi, 2011).
O cabelo é uma fibra heterogénea, que consiste num conjunto de células queratinizadas
aglomeradas em três estruturas concêntricas: a cutícula, o córtex e a medula conforme a figura
(Pragst e Balikova, 2006).
3.1.2 O córtex
É a parte principal da fibra capilar e da sua estrutura depende o grau de resistência e a
elasticidade do cabelo. Representa 65 a 95% do peso da fibra capilar e é formado por células
cilíndricas preenchidas por queratina. É também no córtex que os grãos de melanina, que dão cor
ao cabelo, se encontram (Pragst e Balikova, 2006).
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3.1.3 A cutícula
É a camada externa da fibra do cabelo sendo, por isso, a parte do cabelo sujeita às agressões
externas (sol, chuva, poluição, etc.), ações mecânicas (escovar, pentear, etc.) e transformações
químicas (permanente, colorações, reflexos, etc.). É constituída por várias camadas sobrepostas
(5 a 10 camadas), compostas por células extremamente pequenas e incolores que estão unidas
umas às outras por compostos lipídicos oferecendo uma excelente proteção ao córtex (Pragst e
Balikova, 2006).
O cabelo tem origem nos folículos pilosos situados 3 a 5 mm abaixo da superfície da pele. A
parte da fibra que sai da pele é designada de haste e a porção interna, de raiz. A raiz irrompe a
partir de uma expansão arredondada do folículo (o bolbo piloso) tendo na sua base uma
concavidade chamada papila dérmica rodeada por um sistema capilar sanguíneo que fornece o
material metabólico necessário para o crescimento do cabelo. Na parte mais profunda do folículo
piloso estão as células germinativas, responsáveis pela formação de queratina, melanina e outras
estruturas necessárias à formação do cabelo (Pragst e Balikova, 2006).
Figura 2. Formação do cabelo a partir das células matriz presentes na membrana basal até à
haste permanente do cabelo.
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3.2 Procedimento analítico para a análise de cabelo
Em um procedimento analítico para determinação de uma substância em cabelo, todo o
processo desde a amostragem deve ser bem organizado e realizado de forma correta de modo a
evitar potenciais erros (Pragst e Balikova, 2006).
Antes de ser cortada, a amostra de cabelo deve ser amarrada para garantir que é cortada o mais
próxima possível do couro cabeludo. O tamanho da amostra depende do objetivo da análise mas
normalmente deve ser uma quantidade de cabelo equivalente à espessura de um lápis. Para fins
forenses, é necessário a recolha de duas amostras: a primeira para que sejam efetuadas as
análises de rotina e a segunda que é armazenada para possibilitar uma eventual repetição para
confirmação dos resultados em casos onde se verifica a objecção do resultado final (Baciu et al,
2015; Cooper et al, 2012; Pragst e Balikova, 2006).
Após a recolha das amostras, estas devem ser enroladas em folhas de alumínio separadas e
colocadas com a extremidade da raiz além da extremidade da folha (Figura 3), de forma a evitar
o desalinhamento da amostra de cabelo e a facilitar a sua identificação (Baciu et al, 2015). Cada
folha de alumínio é dobrada longitudinalmente uma ou duas vezes de forma a segurar o cabelo
alinhado e colocada dentro de um envelope de papel selado, rubricado e datado (Baciu et al,
2015; Cooper, 2011; Cooper et al, 2012).
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Figura 3. Etapas do procedimento seguido para colheita das amostras (adaptado de Baciu et al,
2015)
As amostras devem ser armazenadas à temperatura ambiente, em locais secos e escuros (Baciu
et al, 2015).
Os procedimentos descritos permitem que grande parte dos xenobióticos e dos seus metabolitos
permaneçam estáveis ao longo do tempo, o que torna possível a sua deteção anos após o seu
armazenamento (Pragst e Balikova, 2006).
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e/ou conservante apropriado e, devem estar bem tapados e fixos, para que não quebrem ao longo
do transporte (Cooper, 2011; Junior, 2012).
Nos casos de colheita post mortem, esta deverá ocorrer antes da autópsia (Cooper, 2011).
Em crimes sob efeito de drogas a colheita da amostra deverá ocorrer num período entre as
quatro e as seis semanas após a ocorrência. E, se o resultado for positivo dever-se-á proceder a
uma segunda colheita para verificação de resultados, sendo que o indivíduo não poderá efetuar
tratamentos cosméticos ou cortar o cabelo entre as colheitas (Cooper et al, 2012).
Devido ao facto de ser uma matriz complexa, o cabelo requer uma preparação longa e detalhada
que envolve a descontaminação da amostra, para eliminar possíveis contaminações externas, a
extração de xenobióticos e os seus metabolitos, e, ainda uma etapa de lavagem adicional para
eliminar substâncias interferentes. A concentração dos xenobióticos ao longo do fio de cabelo
não é uniforme tornando-se necessário efectuar uma análise segmentar do cabelo (Baysal e
Akman, 2010).
Diferentes estratégias na análise segmentar podem ser adotadas tendo em conta que,
geralmente, a concentração do xenobiótico diminui com o aumento da distância à raiz do cabelo
e por isso é recomendada uma análise de segmentos de tamanho cada vez maior à medida que se
distanciam desta (Pragst e Balikova, 2006).
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3.2.2.1 Descontaminação
A descontaminação da amostra de cabelo deve fazer-se por dois motivos, o primeiro motivo é
eliminar os resíduos de produtos utilizados para o cabelo (como champô, ceras, lacas) e remover
suor, sebo ou poeiras. O segundo motivo é o facto de a droga poder aderir à matriz a partir do
ambiente externo, o que pode contribuir para resultados não fidedignos (Baciu et al, 2015; Pragst
e Balikova, 2006).
Para excluir um resultado analítico positivo originado a partir deste tipo de contaminação do
meio ambiente, a primeira solução de lavagem deve ser analisada ou armazenada para posterior
análise (Baciu et al, 2015).
Diferentes estratégias são relatadas na literatura, no entanto todas elas incluem solventes
orgânicos, tampões aquosos, água, sabões ou uma combinação destas várias estratégias. Podem
demorar desde minutos a horas, a serem executadas e, o número de vezes que têm de ser
repetidas depende do grau de contaminação do cabelo (Baciu et al, 2015).
Não existe por isso, um procedimento consensual relativamente à lavagem das amostras de
cabelo. No entanto, no caso de a lavagem ser post-mortem é geralmente utilizada uma solução de
0,1% de laurilsulfato de sódio, água destilada e acetona (Pragst e Balikova, 2006). Outros
procedimentos incluem, por exemplo, uma ou duas lavagens com diclorometano, uma sequência
de solventes orgânicos, ou ainda, algumas lavagens com metanol (Pragst e Balikova, 2006).
Entretanto, solventes, tais como o diclorometano ou a acetona, são mais vantajosos do que o
metanol ou o tampão fosfato, uma vez que não provocam o inchaço do cabelo (Pragst e
Balikova, 2006). No caso concreto dos recém-nascidos os procedimentos de descontaminação
são muito importantes, já que o líquido amniótico tem capacidade de excretar xenobióticos
maternos que são depositados no cabelo (Lozano et al, 2007).
13
3.2.2.2 Extracção/digestão
Os analitos que se encontram no interior da matriz capilar podem ser obtidos por diversas
técnicas, tais como digestão ácida ou alcalina, por extração com solvente, hidrólise enzimática,
ou incubação com vários sistemas tampão (Baciu et al, 2015).
O tratamento com ureia e tioglicolato, bem como o uso de fluidos supercríticos, encontram-se
igualmente mencionados na literatura (Pragst e Balikova, 2006).
Estas práticas envolvem por norma temperaturas elevadas e períodos de incubação que se
situam entre as 16 e as 20 horas (Baciu et al, 2015).
A extração com metanol por um período de 5 a 18 h no banho de ultrassons é uma das técnicas
mais utilizadas, uma vez que é um procedimento compatível com quase todas as substâncias
(Pragst e Balikova, 2006).
O metanol é um composto hidrofílico que ao penetrar na matriz do cabelo leva a que esta se
dilate e liberte os compostos por um processo de difusão. Este, como solvente orgânico, tem a
capacidade para dissolvercompostos neutros e lipofílicos, sendo o processo facilitado com o
auxílio do ultrassons que degrada a estrutura do cabelo (Pragst e Balikova, 2006).
14
3.2.2.3 Limpeza e preconcentração
As técnicas utilizadas para a limpeza dos extratos são a extração líquido-líquido ou extração em
fase sólida (SPE, do inglês solid phase extaction). Este último é atualmente o mais usado devido
à disponibilidade de sistemas automatizados de materiais melhorados para a extração. Nesta
técnica, os xenobióticos contidos na matriz aquosa são extraídos, juntamente com os compostos
interferentes, após passarem por um cartucho que contém um solvente orgânico seletivo
geralmente utilizado para remover os interferentes (Baciu et al, 2015).
A microextração em fase sólida (SPME do inglês solid phase microextraction) permite uma
eliminação de interferentes e preparação da amostra para as técnicas usadas na confirmação de
resultados, devido à elevada sensibilidade do método e à possibilidade de automatização (Pragst
e Balikova, 2006).
Consiste num tubo de fibra ótica, de sílica fundida de 100 mm de diâmetro, com 10 mm de uma
extremidade recoberta com um filme fino de um polímero ou de um sólido adsorvente (Valente e
Augusto, 2000).
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Figura 4. Uso de SPME para o processo de extração e
dessorção do material extraído para análise cromatográfica (adaptado de Valente e Augusto,
2000)
3.3 Técnicas analíticas mais comuns
A primeira análise ao cabelo para deteção de fármacos foi efetuada por radioimunoensaio
(RIA). No entanto, os RIA não foram bem aceites pelo facto de só serem sensíveis a um número
limitado de xenobióticos, de não possuírem especificidade relativamente ao analito que está a
analisar e de terem sensibilidade insuficiente para o uso de extratos de cabelo (Pragst e Balikova,
2006).
Ao longo dos últimos anos foram desenvolvidos testes ELISA, (do inglês EnzymeLinked
Immunosorbent Assay) para opiáceos, canabinóides, cocaína, benzodiazepinas e metadona que
provaram ser suficientemente sensíveis para uso em análise do cabelo (Pragst e Balikova, 2006).
16
A GC-MS é o método mais utilizado para a análise de metabolitos no cabelo (Pragst e
Balikova, 2006). As caraterísticas de funcionamento do cromatógrafo gasoso são compatíveis
com a necessidade de uma velocidade reduzida da admissão do gás no espectrómetro de modo a
manter um vácuo suficientemente elevado no seu interior tornando a associação dos dois
equipamentos possível.
No entanto, para a realização de GC-MS é necessário que a substância seja volátil e estável a
elevadas temperaturas (Baciu et al, 2015).
Compostos que contenham grupos amina livres, grupos hidroxilo ou grupos carboxilos não
possuem estas caraterísticas, logo para que possam ser analisados por este método torna-se
necessário proceder a uma derivatização prévia dos mesmos por exemplo por reações com
compostos de anidrido pentafluoropropiónico e pentafluoropropanol (Pragst e Balikova, 2006).
A amostra é injetada no capilar do cromatógrafo, os seus componentes são separados na coluna,
e entram no espectrómetro de massa através da interface existente entre os dois equipamentos
(Qui et al, 2007).
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Existem diversos métodos de ionização, tais como:
Ionização química (CI);
Ionização por bombardeamento com átomos rápidos (FAB);
Ionização por impacto eletrónico (EI) que são escolhidos de acordo com o tipo de
espécie (s) química (s) que se pretende analisar;
O método de ionização por impacto electrónico é atualmente o método mais empregue na GC-
MS devido à possibilidade de obtenção de uma informação mais detalhada sobre cada molécula
(Pragst e Balikova, 2006).
Na EI, as moléculas são bombardeadas com eletrões de elevada energia, sofrem ionização,
resultando na formação de iões moleculares que se fragmentam total ou parcialmente e são
separados pelo analisador de massas do espetrómetro de acordo com a relação massa/carga
(m/z). Tal como acontece nas cromatografias com os tempos de retenção, em MS os fragmentos
resultantes são caraterísticos de cada composto sendo assim possível a sua identificação e
quantificação (Pragst e Balikova, 2006).
A CI surge como alternativa à EI quando se pretende obter apenas um espectro simples do ião
molecular. Este processo implica a presença de um reagente gasoso em excesso que promove
uma fragmentação suave da molécula em análise sendo usada, por exemplo, na análise de
benzodiazepinas mas, devido a apresentar um menor grau de fragmentação, possui uma menor
especificidade quando comparada à IE (Pragst e Balikova, 2006).
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A cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massa é uma técnica
muito útil na análise do cabelo dado que são contornadas algumas das limitações associadas à
GC, nomeadamente no que diz respeito à volatilidade e estabilidade das moléculas (Pragst e
Balikova, 2006).
19
Os valores de cut-off na análise do cabelo não estão estabelecidos, tendo por base a literatura
disponível. No entanto, a Society of Hair Testing recomenda determinados valores cut-off para
os xenobióticos mais comummente encontrados no cabelo, permitindo por sua vez a
identificação do seu uso crónico (Tabela 1) (Cooper et al, 2012).
20
CAPÍTULO IV: TÉCNICAS, PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS DE ANÁLISE
DO DNA FORENSE
Um dos primeiros aprendizados dos recém-nascidos é reconhecer a mãe através de sons, odores
e imagens. Esta capacidade de identificar pessoas faz parte de elementos essenciais para a nossa
sobrevivência. De entre os diversos meios de identificação a visão é das mais utilizadas. As
imagens são um método fácil e eficaz de identificação, sendo adotada em sistemas de
monitoração da circulação de pessoas, por meio de câmeras, e em fotos nos documentos de
identificação por exemplo (Marta Lima, 2000).
Um método muito utilizado é baseado nas impressões digitais deixadas em alguns vestígios,
que após tratamento adequado podem ser comparadas com um banco de dados presente nos
diversos institutos de identificação. O método porém, é passível de falhas já que as impressões
digitais nem sempre estão presentes para serem resgatadas, como no caso de ossadas antigas
enterradas, quando há crimes de violência sexual ou ainda quando o objeto que é suporte da
impressão digital não se apresenta adequado, como superfícies ásperas ou tecidos. Nestes casos,
mesmo sabendo que houve o contato direto com os objetos não é possível recuperar as
impressões digitais (Marta Lima, 2000).
21
Com o avanço da tecnologia e de estudos científicos, uma nova forma de reconhecer os
vestígios deixados pelos criminosos vem sendo utilizada em larga escala e com resultados
bastante satisfatórios. Esses vestígios, moléculas presentes nas suas células e que são únicas para
cada ser humano, é o DNA, e, através dele tem sido possível produzir análises que resultaram em
importantes subsídios para o reconhecimento da autoria de um crime. Mas, o que vem de facto a
ser o DNA, onde está e como pode ser utilizado e analisado na perícia criminal e quais os
procedimentos para efeitos do supra?
22
Cada conjunto de três destas base (A, C, G e T) forma um códon, unidade responsável por
codificar cada um dos vinte aminoácidos existentes, que virão a formar todas as proteínas
necessárias para o funcionamento dos seres vivos. Dada a propriedade destas bases poderem se
ligar por “pontes de Hidrogênio”, duas cadeias de DNA geralmente são encontradas unidas,
numa conformação denominada “dupla hélice”, onde estão dispostas enroladas uma à outra. Na
célula humana, o DNA genômico (a cadeia de DNA completa) está distribuído por 46
cromossomos, compactado para ocupar o menor espaço possível no núcleo celular, ao mesmo
tempo protegendo as informações ali contidas (Marta Lima, 2000).
23
denominado “tradução”. Cada trinca de nucleotídeos de RNA codifica um dos 20 diferentes
aminoácidos (Marta Lima, 2000).
24
A extração do DNA;
Ampliação do DNA;
Análise do DNA;
A técnica utilizada nos laboratórios Biogenéticos é por PCR (reação em cadeia da polimerase).
Em simples palavras, é uma técnica que faz milhares de cópias de uma região específica do DNA
(STR) e permite identificar com 99,999% de precisão se há vínculo genético entre duas amostras
ou mais (Marta Lima, 2000).
25
4.3 Equipamentos laboratoriais para o procedimento de análise do DNA
A realização de testes de DNA em laboratório envolve uma série de equipamentos
especializados para cada uma das etapas dos procedimentos a serem efectuados nas amostras
(extracção, ampliação e análise do DNA), dos quais elencamos os já referidos nos procedimentos
acima descritos.
4.3.1 Centrífuga
A centrífuga é usada para separar componentes de uma amostra, como células e proteínas, por
meio da rotação a alta velocidade.
4.3.2 Termociclador
26
Um termociclador é usado para realizar a reação em cadeia da polimerase (PCR), que amplifica
o DNA. Ele controla a temperatura da amostra, alternando entre ciclos de aquecimento e
resfriamento.
O sequenciador de DNA é essencial para determinar a ordem das bases nitrogenadas no DNA,
havendo diferentes tecnologias de sequenciamento. O sequenciamento de DNA é o processo
realizado para se determinar a sequência exata de nucleotídeos em uma molécula de
DNA (ácido desoxirribonucleico). Isso significa que, ao sequenciar um fragmento de
DNA, será possível conhecer a sequência em que as quatro bases nucleotídicas
(Adenina, Guanina, Citosina e Timina) ocorrem dentro dessa molécula de ácido
nucleico.
4.3.4 Eletroforense
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Este equipamento é usado para separar fragmentos de DNA com base em seu tamenho. É útil
para verificar a qualidade do DNA e para realizar os resultados de certos tipos de análise
genética.
4.3.5 Espectrofotômetro
Usado para medir a concentração de DNA em uma amostra e verificar a pureza do DNA
detenctando impurezas que podem afectar os resultados.
4.3.6.Pipetas
As pipetas são instrumentos de medição de volume usados para dispensar com precisão líquidos
dirantes várias etapas do processo de teste de DNA.
4.3.7 Incubadoras
As incubadoras controlam a temperatura e as condições de incubação necessárias para o
crescimento de culturas de bactérias usadas em alguns métodos de análise genética.
28
CAPITULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Conclusão
A cannabis é uma planta que pertence a família cannabaceae, de origem botânica e se apresenta
em espécies conhecidas na literatura, a cannabis sativa , a cannabis índica e cannabis ruderalis.
Porém, direcionamos a nossa pesquisa a espécie cannabis sativa linnaeus que originalmente foi
utilizada como erva medicinal e é a mais comum e conhecida entre as três espécies, e por ser
consumida seja na forma de cigarros, cachimbos,etc, sendo considerada como droga de recreação
desde muito tempo, bem como por sua actividade farmacológica estar associada à classe
terpenofenólica, cuja forte adesão a esta espécie decorre da fácil obtenção pelos consumidores e
rápida absorção das toxinas pelo organismo dos usuários.
Esta espécie está composta por mais de 60 canabinoides, que se classificam em dois grupos: os
canabinoides psicoativos (por exemplo, tetraidrocanabinol, trans-tetraidrocanabinol) e os não
psicoativos (por exemplo, canabidiol e canabinol) os quais não são encontrados nas outras
espécies e são os responsáveis pelos efeitos psicoativos da erva.
Ao que diz respeito a análise forense para a detecção da presença desta toxina esta é feita por
meio de métodos de triagem que são empregados para verificar a presença ou ausência de uma
determinado grupo de compostos da mesma e deles destacam-se 2, o fast blue b que consiste na
dissolução de sal em água deionizada forma uma coloração vermelho púrpura e o duquenóis-
levine que consiste em um reagente que quando adicionado em ácido cloridrico e a amostra com
vestígio da droga gera uma colocação azul-violáceu a fim de se concluir a presença ou ausência
da substância.
Posto isso, entende-se que a cannabis sativa é uma planta complexa e a sua composição apesar
de útil à área farmacêutica, actualmente, é considerada substância ilícita, causando temor tanto
para quem consume quanto para o porta ou transporta (tráfico, dependendo dos seus valores
quantitativos), gerando ainda tensão entre os que defendem a sua legalização, proibição ou
mesmo o consumo com finalidades medicinais.
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Cabendo certamente ao tempo e ao desenvolvimento de novos estudos poder-se então sanar este
impasse que decorre.
Vejamos que, em uma situação hipotética de se ter em mãos um suspeito de um crime, porém,
quando durante a instrução se tiver notícia de que tal arguido era ou é toxicodependente à data
dos factos que lhe sejam imputados, dever-se-á ordenar o adequado exame pericial a fim de se
poder então determinar o seu estado (a longo prazo). Assim, caberá ao perito na medida do
possível pronunciar-se sobre a natureza e espécie dos produtos consumidos pelo arguido e seu
estado no momento da realização do exame pericial e os eventuais reflexos do consumo de
alguma substância tóxica na capacidade do arguido de evaliar e entender a ilicitude dos actos ou
de se determinar de acordo com a avaliação feita. Concluindo-se assim, que os fios de cabelo,
são de grande ajuda às averiguações de, se por exemplo tiverem sido efetuados consumos
regulares de drogas no período de tempo a que se reporta o crime quer pelo arguido, ou em caso
de serem analizados vestígios em cadáveres.
Pudemos também no decorrer deste fazer à análise ao que se refere igualmente as técnicas,
procedimentos e equipamentos de análise do dna forense, que entendemos que é uma molécula
presente no interior do núcleo da célula, responsável por conter todas as informações necessárias
à identificação humana e está composto por 4 elementos, adenina, citosina, guanina e timina, que
são observados através do microscópio e pode ser efectuada a sua análise em amostra biológicas
como sangue, saliva, etc. Quanto a realização do exame de DNA são seguidos certos procedimos
30
nomeadamente a coleta de amostras, a extração e a ampliação finalizando-se com a análise dos
resultados obtivos nos passos antecedentes. Entretanto, para a realização de tais procedimentos
são necessários equipamentos adequados ao efeito, como as centrífugas usadas para separar
componentes , o termociclador que serve para controlar a temperatura da amostra alternando
entre ciclos de aquecimento e resfriamento, o sequenciador de DNA que serve para determinar a
ordem das bases nitrogenadas no DNA para o conhecimento de um gene ou genoma de entre
outros equipamentos mencionas no IV capítulo deste.
31
Referências bibliográficas
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Universidade Fernando Pessoa, Portugal
LIMA, Maria Marta Vieira de Melo, apud. COSTA, Mônica de Brito, apud. MAIA, Flávia
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FARIAS, R.F. de, 2008, Introdução a quimica forense, 2° edição, Editora Átomo, Brazil
SILVA, Luis António Ferreira, apud. PASSOS, Nicolas Soares, 2006, DNA forense, Colecta de
amostras biológicas em locais de crimes para estudo do DNA, UFAL
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