Apostila Iras 2023

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 31

CURSO DE MEDICINA – CAMPUS CITTÀ

MED0454 – MICROBIOLOGIA MÉDICA E IMUNOLOGIA

INFECÇÕES
RELACIONADAS À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
(IRAS)

Rio de Janeiro

2023
INFECÇÕES RELACIONADAS À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
(IRAS)

Apostila elaborada pelo Professor


Orlando Neto, da disciplina de
Microbiologia Médica do Campus Città
América, para fornecimento de
embasamento teórico aos alunos de
Medicina para a execução de atividade
nos moldes de sala de aula invertida.

Rio de Janeiro

2023
“O primeiro requisito de um Hospital é de que ele
jamais deveria fazer mal ao doente."

Florence Nightingale1

1
Florence Nightingale (1820 - 1910) foi uma enfermeira britânica que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a
feridos de guerra, durante a Guerra da Crimeia. Ficou conhecida na história pelo apelido de "A dama da lâmpada", pelo
fato de servir-se deste instrumento para auxiliar na iluminação ao auxiliar os feridos durante a noite.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES............................................................. 05

2 ASPECTOS HISTÓRICOS ......................................................................... 07

3 ASPECTOS LEGAIS .................................................................................... 10

4 PRINCIPAIS MICRORGANISMOS .......................................................... 17

5 DESENVOLVIMENTO DE RESISTÊNCIA MICROBIANA .................. 20

6 ASPECTOS ATUAIS ..................................................................................... 27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 29


1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES

A assistência à saúde vem, ao longo dos tempos, evoluindo com os avanços


científicos e tecnológicos, e tem refletido em melhoria das ações de saúde para a
população. Porém, se por um lado se observa o desenvolvimento científico-tecnológico
nas ações de saúde, por outro, tem-se observado que problemas antigos ainda persistem
como é o caso das infecções hospitalares.

A infecção hospitalar é definida pela Portaria MS n° 2616 de 12/05/1998 como


“aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação
ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos
hospitalares”. Elas representam complicações relacionadas à assistência à saúde e
constituem a principal causa de morbidade e mortalidade hospitalar, aumentando o
tempo de internação dos pacientes e, com isso, elevam os custos dos hospitais e reduzem
a rotatividade de seus leitos. Os procedimentos cada vez mais invasivos, ao uso
indiscriminado e a resistência aos antimicrobianos são fatores que apontam as infecções
hospitalares como um grave problema de saúde pública.

No Brasil, sua prevalência exata de um modo geral ainda é desconhecida,


entretanto, um inquérito nacional realizado pelo Ministério da Saúde revelou que entre as
instituições avaliadas, a taxa de infecção hospitalar variou de 13% a 15%. Esta se
apresenta bastante alta se compararmos a um estudo levantado pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) que encontrou em 14 países, entre 1983-1985, taxa média de 8,7%, ou
seja, o estudo realizado no Brasil revelou que este apresenta praticamente o dobro de
casos de infecção hospitalar em relação aos outros países estudados, demonstrando a
necessidade de medidas mais eficazes para a redução dessas taxas no país.

A Infecção Hospitalar há muito tempo tem sido motivo de preocupação entre os


órgãos governamentais e, embora a sua regulamentação tenha ocorrido na década de
1980, a problemática no país continua ainda sendo negligenciada.

No Brasil, as primeiras Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)


surgiram na década de 1960 (FERNANDES, 2000). Com as ações destas CCIH e o
movimento contínuo de profissionais envolvidos na área evoluiu-se gradativamente para

5
a concepção das Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde (IRAS) como um
problema de saúde pública e em 1988 foi instituído o Programa Nacional de Controle de
Infecção Hospitalar.

Há um consenso claro dos especialistas na área quanto a necessidade de tomada


de ações estratégicas para a redução das IRAS. A proposta, segundo Cardo e
colaboradores (2010) é que estas ações ocorram no sentido de eliminar as IRAS. O
conceito de eliminação é considerado, como em outras doenças infecciosas: “a máxima
redução de doença infecciosa causada por um agente específico em uma área geográfica
definida como resultados de esforços deliberados; ações continuadas para a prevenção
do reestabelecimento da doença são necessários”.

Ponderando que lições foram aprendidas em função de recentes sucessos, estes


autores propõem que a eliminação de IRAS irá depender de quatro pilares estratégicos de
ações: 1) promover a adesão a práticas baseadas em evidência, educando, implementando
e realizando investimentos; 2) aumentar a sustentabilidade por meio de alinhamento de
incentivos financeiros e reinvestimento em estratégias que demonstrarem sucesso; 3)
preencher as lacunas de conhecimento para responder a ameaças emergentes por meio de
pesquisas básicas, epidemiológicas e translacionais; 4) coletar dados para direcionar
esforços de prevenção e mensurar os progressos.

Hoje, a posição das instituições comprometidas com a segurança do paciente é


radical: a meta é eliminar as infecções hospitalares. Essa, contudo, não é uma jornada
simples. Além de reforçar o número e a qualificação de profissionais dedicados ao
controle das infecções – o que comprovadamente contribui para reduzir as taxas –, há
outros desafios, como a maior resistência das bactérias aos antibióticos, em grande parte
devido ao uso indiscriminado (e muitas vezes desnecessário) desses medicamentos. Mais
de 70% dos agentes patogênicos dos hospitais americanos desenvolveram resistência a
pelo menos um antibiótico.

Porém, o principal campo da batalha contra as infecções hospitalares envolve


mudanças de comportamento e de processos e procedimentos, inspiradas nas melhores
práticas baseadas em casos de sucesso.

As principais causas da infecção derivam de fatores de risco bem conhecidos:


falhas humanas e inadequação de procedimentos que funcionem como barreiras

6
para evitar a exposição do paciente ao risco. Da inserção de agulhas na veia até a sala
de cirurgia, ocorrem falhas que vão da higienização insuficiente até questões relacionadas
com o uso de equipamentos e antissepsia da área a ser operada. As infecções mais comuns
são as do trato urinário e do sítio cirúrgico (local do corpo que passa pela cirurgia). Em
seguida, vêm as infecções pulmonares, decorrentes de ventilação mecânica, e as da
corrente sanguínea, provocadas pelo uso de cateter na veia para administração de soro e
medicamentos.

A prevenção é simples. Um exemplo é a higienização das mãos antes,


durante e depois de cada procedimento, mesmo que seja uma rotineira visita ao quarto
do paciente. Vários estudos feitos nos Estados Unidos apontam que apenas 40% dos
profissionais fazem isso da maneira correta.

Há muitas outras práticas recomendadas, como o uso do maior número possível


de barreiras estéreis quando se coloca um cateter na veia, a administração de antibióticos
antes de uma cirurgia e a aspiração de secreções para a prevenção de pneumonia, quando
o paciente é submetido à ventilação mecânica.

2. ASPECTOS HISTÓRICOS

2.1 Descoberta de microrganismos e implantação da bacteriologia

Desde a Idade Média, iniciaram suspeitas de que algo "sólido" pudesse transmitir
doenças de um indivíduo a outro. Francastorius, médico italiano de Verona, descreveu
doenças epidêmicas e fez referências ao contágio de doenças. Em 1546, Francastorius,
defende a teoria de que certas doenças se transmitiam através de corpúsculos que ele
denominou de semente da moléstia e declara que essas doenças podiam ser transmitidos
de pessoa a pessoa através de contato direto ou através de roupas e objeto (FONTANA,
2006).

Sendo assim, desde então, a humanidade tem se preocupado com os “seres


microscópicos” e seus efeitos sobre o organismo. Encontram-se descritas na literatura as
observações de Anton van Leeuwenhoek familiarizado com o uso de lentes de aumento

7
para inspecionar fibras e tecelagens de roupas, usava o microscópio rudimentar para
observar saliva, fezes e ficava impressionado com o que via em seus experimentos, cujos
achados foram relatados como sendo “animalículos”. Não sabia Leeuwenhoek que o
universo que descobrira era composto de inúmeros micro-organismos, cada qual com sua
peculiaridade e patogenia, ou seja, mecanismo de invasão e multiplicação no organismo
(MURRAY et al., 2004).

Mais tarde, em 1863, Leeuwenhoek descobriu o microscópio e identificou, pelo


uso desse instrumento, os "espíritos do demônio", futuramente chamados de bactérias,
lançando com isso as bases da bacteriologia, (FONTANA, 2006).

A bacteriologia passou a ser tratada como ciência a partir dos experimentos de


Louis Pasteur, caracterizando em tal ocasião os microrganismos quanto ao
comportamento em atmosferas com diferentes tensões de oxigênio, bem como
desenvolvendo, em 1880, um método realmente capaz de inativar um patógeno virulento
(ROSSI e ANDREAZZI, 2005).
A partir de então, tornou-se necessário o desenvolvimento de uma maneira eficaz
de combate aos organismos invisíveis a olho nu, uma vez que a estes foram atribuídas
doenças como a peste, a tuberculose e a cólera (MURRAY et al., 2004).
A problemática se estendeu até a observação, em 1928, por Alexander Fleming,
do comportamento de culturas de Staphylococcus aureus envelhecidas que se tornaram
contaminadas com o fungo do gênero Penicillium. A observação se deu no Hospital St.
Mary, em Londres, e este fator foi determinante para a inibição do crescimento das
referidas cepas. Estudos levaram à utilização, dez anos mais tarde, da substância
produzida por este fungo, a penicilina, em seres humanos como agente terapêutico
sistêmico; determinando, portanto, o apogeu dos quimioterápicos e da antibioticoterapia
como medida profilática e terapêutica (MURRAY et al., 2004).
Os agentes antibacterianos podem ser agrupados conforme seus mecanismos
básicos de ação e os locais onde exercem sua atividade. Podem atuar através da inibição
da síntese de proteínas, da síntese da parede celular, da síntese de ácido nucleico, ou
funcionar como antimetabólitos. Independente do mecanismo pelo qual evidenciam seus
efeitos, são capazes de interromper (bacteriostáticos) ou exterminar (bactericidas) as
espécies bacterianas, conforme seu espectro de atividade (MURRAY et al., 2004).

8
2.2 Descoberta de condutas preventivas

O século XIX foi marcado por descobertas revolucionárias no campo da


microbiologia, importantes para a prevenção das infecções hospitalares.

Em 1846, após formar-se médico, Semmelweis tornou-se assistente do Dr. Johann


Klein na primeira clínica obstétrica do Hospital de Viena, para ensinar aos estudantes de
medicina separou a clínica entre parteiras que ensinavam obstetrizes e os estudantes de
medicina. Na clínica das parteiras, os óbitos rondavam 3,38%, enquanto na clínica
destinadas aos estudantes os óbitos alcançavam 9,92%. Isso acontecia porque os
estudantes circulavam livremente pela sala de autópsia e pela enfermaria. Além disso,
Semmelweis chocado com a morte de um professor de medicina, que morreu devido a
piemia dos patologistas (septicemia), decorrente de um pequeno ferimento no dedo
causado por um bisturi de dissecação de um estudante, analisou os dados e concluiu que
a causa da morte de seu colega e a febre puerperal tinham a mesma origem (FONTANA,
2006).

Sendo assim, Semmelweis defendia a antissepsia e pregava a lavagem das mãos


antes do parto, constatando a gravidade da transmissão cruzada, antes mesmo da
descoberta dos microrganismos e em 1847, que todos os médicos, estudantes e pessoal de
enfermagem deviam lavar as mãos com solução clorada. (FONTANA, 2006).

Em 1864 A partir da descoberta de Louis Pasteur, que evidenciou que a contaminação


de vinhos se dava por organismos microscópicos vivos e que estavam no ar. Descobriu
também que essa contaminação pode ria ser evitada se os organismos fossem eliminados,
através de aquecimento a 60° C (FONTANA, 2006).

A partir do conhecimento das descobertas de Pasteur, em 1860, Joseph Lister,


demonstra uma técnica para manter as incisões cirúrgicas livres de contaminação pelos
microrganismos, pois acreditava, que a infecção poderia ser ocasionada pela penetração
do ar nocivo nas feridas, dizendo existir gérmens em suspensão no ar e depositadas nas
superfícies. Em 1865, passou a realizar desinfecção da sala cirúrgica e do instrumental
utilizado no procedimento. Anos mais tarde, Pasteur e Charles Chamberland, criador da
autoclave, em 1883, demonstraram em que a esterilização pelo calor era de eficácia
superior (FONTANA, 2006).

9
Ainda é válido ressaltar como contribuições desse período de descobertas para
prevenção de infecções a invenção da luva cirúrgica por William S. Halsted criada a partir
da constatação de que os desinfetantes eram irritantes para a pele, a separação doentes
sépticos e não sépticos instituída por Terrie, a utilização de máscaras cirúrgicas pela
primeira vez por Mickulicz em 1897 e Pean que criou instrumentos cirúrgicos, com
objetivo de evitar o contato dos dedos na cavidade abdominal, entre outros. Iniciando
assim a era da prevenção das infecções (FONTANA, 2006).
A partir dessa reflexão histórica torna-se evidente que muitas das descobertas
realizadas possuem uma grande contribuição na atualidade, sendo adotadas
rotineiramente. Podemos citar também que Semmewels deixou um legado fundamental
ao pregar a antissepsia e a lavagem das mãos com a substância adequada como forma
de evitar-se uma transmissão cruzada. Portanto, são medidas simples que devem ser
seguidas para que haja controle da disseminação de doenças, acarretando assim, melhoras
na saúde (FONTANA, 2006).

3. ASPECTOS LEGAIS

3.1 Legislação e Aspectos normativos que definem Infecção Hospitalar

3.1.1 Definição

Quando se desconhece o período de incubação do agente etiológico e não houver


evidência clínica ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, definiu-
se Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) toda manifestação clínica de
infecção que se apresentar a partir de setenta e duas horas após a admissão do paciente,
e que se manifesta durante a internação ou após a alta. Deve estar relacionada com a
internação ou procedimentos hospitalares, representando uma forma desarmônica da
relação do homem com sua microbiota. Também estão incluídos os casos de infecções
oportunistas adquiridos durante a internação, quando ultrapassarem o período de
incubação, ou após a alta, quando se manifestarem em tempo inferior ao menor tempo de
incubação.

10
3.1.2 Diagnóstico

Segundo o Anexo II da Portaria 2616/98(2) do Ministério da Saúde, o diagnóstico das


infecções hospitalares deve ser baseado em: Evidências clínicas (observação direta do
paciente e análise do seu prontuário); Resultados dos exames laboratoriais (exames
microbiológicos, pesquisa de antígenos e anticorpos) e Evidências de estudo dos
métodos de imagem.

Toda manifestação clínica que aparecer a partir de 72 (setenta e duas) horas após a
admissão será considerada IRAS, desde que se desconheça o período de incubação do
microrganismo e não houver evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no
momento da internação.

As infecções manifestadas antes de 72 (setenta e duas) horas da internação, quando


forem associadas a procedimentos terapêuticos e/ou diagnósticos, realizados nesse
período, também serão consideradas infecções hospitalares.

As infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de


forma transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro)
horas.

Os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são


considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem. Nestes casos, a
Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e/ou o hospital de origem deverão ser
informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele hospital.

3.2 Aspectos normativos para a composição de Mecanismo de Controle intra-


hospitalar

O decreto do Ministério da Saúde nº 77.052 de 19 de janeiro de 1976 em seu artigo


2º, Item IV, determinou que nenhuma instituição hospitalar poderia funcionar no
plano administrativo se não dispusesse de meios de proteção capazes de evitar efeitos
nocivos à saúde dos agentes, pacientes e circunstantes. A fiscalização seria
responsabilidade dos órgãos estaduais - que deveriam avaliar as condições de exercício

11
das profissões e ocupações técnicas e auxiliares diretamente relacionadas com a saúde.
Esse decreto marcou o início de uma discussão sobre a importância da prevenção
das infecções hospitalares no Brasil. Anos mais tarde, com o tema sendo mais discutido
e com a necessidade de normatizar e regulamentar as medidas de prevenção e controle
das infecções hospitalares o Ministério da Saúde criou as Portarias de Nº 196/83, 930/92
e 2.616/98.

A Portaria 196/83 assinada pelo Ministro Waldir M. Arcoverde e instituída em 24


de junho de 1983 determinou a implantação de Comissões de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH) em todos os hospitais do país, independentemente de sua natureza
jurídica. Elas ficariam encarregadas de estudar os problemas de cada instituição e propor
soluções cabíveis.

Em 27 de agosto de 1992, o Ministério da Saúde revogou a Portaria 196 e publicou


a de nº 930 que expediu normas para o Controle de Infecção Hospitalar.

A Portaria 2616/98 que expediu em forma de anexos, diretrizes e normas para a


prevenção e o controle de Infecções Hospitalares como a implementação do Programa de
Comissão de Infecção Hospitalar (PCIH), além de abordar conceito e critérios
diagnósticos das infecções hospitalares, orientações sobre a vigilância epidemiológica das
infecções hospitalares e seus indicadores e recomendações sobre a lavagem das mãos e
outros temas - como o uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia.

Com a promulgação da lei federal N° 9431, de 6 de janeiro de 1997, que torna


obrigatória a manutenção de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares pelos
hospitais do País. Para isto, foram orientados a criar comissões. Na apuração da
responsabilidade de casos de Infecção Hospitalar a inexistência ou a inoperância da CCIH
e/ou SCIH (serviço de controle de infecção hospitalar), configura negligência,
acarretando responsabilidade civil da instituição, e os profissionais envolvidos são
responsabilizados civil e penalmente.

Em 26 de janeiro de 1999, Lei nº 9782, foi criada a Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (ANVISA) que tem como finalidade a proteção da saúde da
população por intermédio do controle sanitário, da produção e da comercialização de
produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária. A partir deste mesmo ano, o

12
Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar passou a ser de responsabilidade
da ANVISA.

3.2.1 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)

É um órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de planejamento e


normatização das ações de controle de infecção hospitalar, que serão executadas pelo
serviço de controle de infecção hospitalar. A comissão é composta por profissionais da
área da saúde, de nível superior, dos seguintes serviços: médico (clínico e cirúrgico),
enfermagem, farmácia, laboratório de microbiologia e administração.
Como competência da CCIH, podemos destacar:

- Elaborar e aprovar o regimento interno da CCIH. É necessário que cada participante da


CCIH tenha conhecimento das suas atribuições para o desenvolvimento harmônico do
trabalho;

- Cada participante da CCIH deve auxiliar a implantação do programa de controle de


infecção hospitalar em seu serviço;

- Adequar e supervisionar as normas e rotinas técnicas e operacionais - visando a


prevenção e o controle das infecções hospitalares - principalmente aquelas relacionadas
a procedimentos invasivos (é necessário que exista supervisão, para avaliação do que foi
padronizado);

- Cooperar com o treinamento e a educação continuada dos profissionais de saúde;

- Definir junto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica as normas para o uso racional
de antimicrobianos - tanto para a terapêutica como para a profilaxia de infecções -
germicidas, antissépticos e materiais médico-hospitalares;

- Elaborar e supervisionar a implantação de medidas para a prevenção de transmissão de


microrganismos no ambiente hospitalar por meio da implantação de normas de
precauções e isolamento de doenças transmissíveis;

13
- Criar um programa de prevenção e assistência aos funcionários que sofrem acidentes
com material contaminado com sangue ou secreções em até 24 horas.

- Comunicar ao organismo de gestão do SUS, na ausência de um núcleo de epidemiologia,


as doenças de notificação compulsória (AIDS, tuberculose, meningite meningocócica
etc.);

- Notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão


do SUS os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções associadas à utilização
de produtos industrializados.

3.2.2 Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH)

É um conjunto de ações desenvolvidas, deliberadas e sistematizadas, com vistas à


redução máxima da incidência e gravidade das infecções hospitalares elaboradas pela
Comissão de controle de infecção hospitalar.
Dentre as atividades obrigatórias desse programa, destacam-se:

- Vigilância epidemiológica: possibilita a identificação de casos e de surtos, e a


implementação de medidas imediatas de controle.

- Normas para uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médicos


hospitalares. A utilização inadequada dos antimicrobianos aumenta a pressão seletiva, o
que colabora para o aparecimento de microorganismos multirresistentes, dentre eles:
Gram-negativos resistentes às cefalosporinas de 3° geração (ceftriaxona, ceftazidima,
cefoperazona e cefotaxima) e à amicacina; Enterococos resistentes à ampicilina, à
gentamicina ou à vancomicina; S. epidermidis e S. aureus resistentes à oxacilina e à
vancomicina. Além disto, a transmissão cruzada dentro da instituição hospitalar aumenta
a disseminação dessas bactérias, principalmente através dos profissionais da área da
saúde.

- Processos para prevenção de transmissão de microrganismos. O objetivo básico da


padronização de medidas de precaução e isolamento é a prevenção da transmissão de
microrganismos de um paciente, portador são ou doente, para outro - tanto de forma direta

14
como indireta. Esta prevenção abrange tanto os pacientes quanto os profissionais de
saúde, pelo risco ocupacional em acidentes com materiais contaminados.

- Normas e rotinas técnicas operacionais. Os procedimentos, cada vez mais


especializados, requerem padronizações escritas para que toda a equipe tenha
conhecimento sobre o método mais adequado para sua execução.

- Padronizações das medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar.

- Treinamento dos profissionais da saúde em relação à prevenção e ao controle da


infecção hospitalar. A atuação dos profissionais que prestam assistência direta ao
paciente é fundamental para a prevenção de infecção. Para tanto, é necessário que tenham
conhecimento adequado dos métodos. O conhecimento das medidas de controle - somente
pelo profissional do controle – não é suficiente para a prevenção. É por meio do
treinamento, da divulgação dos manuais, das rotinas e padronizações que o conhecimento
será propagado para todos os profissionais de saúde. O treinamento é peça fundamental
para prevenção de infecção.

O anexo IV dessa portaria trata da importância da higienização das mãos no


combate as infecções hospitalares. Sendo as mãos constituintes da principal via de
transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes. A
correta higienização das mãos segue as seguintes etapas:

1. Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar na pia.


2. Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabão líquido para cobrir todas
as superfícies das mãos (seguir a quantidade recomendada pelo fabricante).
3. Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si.
4. Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os
dedos e vice-versa.
5. Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais.
6. Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando
os dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa.
7. Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda, utilizando-
se movimento circular e vice-versa.
8. Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão
direita, fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa.

15
9. Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita, utilizando
movimento circular e vice-versa.
10. Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabão. Evitar contato direto das mãos
ensaboadas com a torneira.
11. Secar as mãos com papel-toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo
pelos punhos. Desprezar o papel-toalha na lixeira para resíduos comuns.

3.2.3 Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos


(GIPEA)

Atualmente, o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) está


ligado à Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos
(GIPEA), que é subordinada à Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde -
ANVISA.

As principais atribuições do GIPEA são promover e propor normas de


procedimentos para o controle de infecções e eventos adversos em serviços de saúde,
visando orientar e disciplinar o funcionamento das instituições da rede pública e privada
em todo o território nacional; divulgar e disseminar informações e publicações relativas
ao controle de infecções e iatrogenias em serviços de saúde; elaborar, padronizar
indicadores e monitorar as infecções e os eventos adversos em serviços de saúde;
investigar a ocorrência de eventos adversos em serviços de saúde; desenvolver atividades
com os órgãos afins de administração federal, estadual, distrital e municipal - inclusive
os de defesa do consumidor, com o objetivo de exercer o efetivo cumprimento da
legislação.

3.2.4 Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH)

O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) é o núcleo executivo da


CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) e atua de forma ativa na
prevenção e controle de infecções hospitalares. Enquanto a CCIH, pela sua
constituição, tem caráter consultivo e normativo, o SCIH é o executor do Programa
de Controle de Infecção Hospitalar. Por isso, o SCIH tem importância fundamental na
implantação de medidas de prevenção e controle de Infecção Hospitalar.

16
É composto por membros executores do Programa de Controle de Infecção
Hospitalar e todos os hospitais devem constituir e possuir nomeação formal realizada pelo
dirigente da instituição. A SCIH deve ter como um dos membros executores,
preferencialmente, um enfermeiro e no mínimo, deve haver dois técnicos de nível
superior da área da saúde para cada 200 leitos ou fração deste número, com carga horária
diária mínima de seis horas, para o enfermeiro - e quatro horas para o médico. Para cada
10 (dez) leitos destinados aos pacientes de alta gravidade (Terapia Intensiva, Berçário de
alto risco, Queimados, Transplante de órgãos, Pacientes hemato-oncológicos ou com
AIDS), isso porque a vigilância e as medidas de controle nessas unidades requerem
atenção diferenciada.

O objetivo deste serviço é elaborar e instituir medidas para redução da


incidência e gravidade dessas enfermidades. Por isso, compete a ele planejar, executar
e avaliar um programa de controle de infecção hospitalar, manter vigilância
epidemiológica das infecções hospitalares, realizar investigações de casos e surtos e
implementar medidas de controle, estipular e supervisionar medidas de precauções e
isolamentos, realizar educação continuada, bem como elaborar e divulgar relatórios.
Além disso, cabe à equipe que coordena as ações do controle de infecção o
monitoramento dos cuidados prestados direta ou indiretamente ao paciente, a fim de
identificar problemas e propor soluções. Apesar de que todos os profissionais da área da
saúde serem responsáveis pelo controle das infecções dentro dos serviços de saúde.

4. PRINCIPAIS MICRORGANISMOS

Comumente, a infecção hospitalar é causada por microrganismos, como as


bactérias e os fungos, que representam o número mais significativo destas infecções.
Esses microrganismos existem no ambiente hospitalar, em outros meios e mesmo no
próprio organismo.

O paciente atingido é geralmente aquele que sofre com uma depressão do seu
sistema imunológico, aumentando as chances do organismo ser invadido pelos
microrganismos oportunistas. O trato respiratório e os locais de feridas cirúrgicas são os
sítios mais suscetíveis às infecções hospitalares.

17
4.1 Bactérias Gram-positivas

O Enterococcus faecalis é membro da microbiota normal do trato intestinal e


urinário. Uma de suas características é sua capacidade de crescer em condições variadas
de temperatura, pH e em presença de concentrações elevadas de cloreto de sódio e de bile.
Possui gelatinase, que a permite invadir o epitélio e a corrente sanguínea por meio de
hidrólise da gelatina, do colágeno e da hemoglobina. As infecções surgem quando a
bactéria é translocada para órgãos ou locais sensíveis.

O Staphylococcus aureus é geralmente encontrado nas fossas nasais. Está


relacionado á diversas infecções como bacteremias, endocardites, pneumonia, meningite
e septicemia. Embora essa bactéria seja suscetível à ação de várias drogas ativas contra
bactérias Gram-positivas, é também reconhecida pela sua elevada capacidade de
desenvolver resistência a todas. Portanto tornou-se uma das espécies de maior
importância no quadro das infecções hospitalares e comunitárias.

Staphylococcus epidermidis é a bactéria que predomina na pele, nas mucosas em


geral, principalmente na orofaringe de indivíduos normais e, por isso, é responsável por
infecções nesses locais, sendo frequentemente transmitidas pela utilização de catéteres,
sondas e outros objetos. As patologias comuns causadas por essa bactéria incluem
bacteremias, septicemias, endocardites, meningites, artrites e várias outras.

Staphylococcus saprophyticus é um habitante normal da pele e da região


periuretral do homem e das mulheres, sendo um dos agentes mais comuns da infecção
urinária. É um agente patogênico oportunista e sua patogenicidade está relacionada à sua
capacidade de aderir às células do epitélio urinário. As principais patologias originadas
de infecção por esta bactéria são cistites e pielonefrites.

O Streptococcus agalactiae pode colonizar assintomaticamente o trato urinário


feminino e causar infecções graves em recém-nascidos pela etapa crítica de colonização
reto-vaginal da mulher grávida, podendo gerar quadros de febre puerperal, septicemia,
meningite (adquiridas no útero) e outras infecções tardias no recém-nato. Essa bactéria
adere-se eficientemente à locais como o epitélio vaginal, placentário, células epiteliais da
boca e faringe.

18
O Streptococcus pyogenes é o principal representante dos estreptococos β-
hemolíticos, são anaeróbios facultativos, crescem otimamente a 30°C e em meios
contendo glicose. A maioria das infecções causadas por essa bactéria tem início nas vias
aéreas superiores (faringe) ou na pele. As principais doenças que causam são faringites,
piodermites, erisipela e fascite necrosante.

4.2 Bactérias Gram-negativas

Acinetobacter sp. é um bacilo aeróbio estrito. É encontrado na microbiota normal


humana na pele, conjuntiva, nariz, faringe e trato gastrointestinal. É normalmente
comensal, ocasionando frequentemente infecção hospitalar. Pode ocasionar pneumonia,
bacteremia, endocardite, infecções do trato do urinário, meningite, infecções de pele e
feridas e muitas outras infecções.

Escherichia coli é um dos microrganismos que habitam, naturalmente, a


microbiota do trato intestinal de humanos e da maioria dos animais de sangue quente,
sendo normalmente encontrado nas fezes destes animais. Pode originar infecção do trato
urinário (80% das infecções causadas por esta bactéria), peritonite (ao perfurarem a
parede intestinal ou do trato urinário), meningite, colecistite e outras infecções. A
patogenia de maior importância clínica emergencial, septicemia, que pode levar à morte
por meio do choque séptico.

O bacilo Pseudomonas aeruginosa é encontrado no solo, na água, nos vegetais,


nos animais, nos alimentos e nos mais diversos ambientes hospitalares. Considerado um
patógeno oportunista, é um dos mais importantes agentes de infecção hospitalar. A
importância clínica dessa bactéria está baseada na resistência natural e adquirida aos
diversos antibacterianos de uso habitual, mecanismos os quais são expressos de forma
individual ou combinada.

Klebsiella pneumoniae é uma espécie que possui formato de bastonete. Pode


causar pneumonia, embora seja mais comum a sua implicação em infecções hospitares
que acometem, principalmente, o trato urinário e feridas cirúrgias, especialmente em
pacientes imunologicamente deprimidos.

19
As Shigella sp. são todas patogênicas e apresentam a capacidade de invadir o
epitélio da mucosa do intestino grosso, causando intensa reação inflamatória. Essas
bactérias são altamente infecciosas e apresentam considerável resistência ao suco
gástrico. As doenças causadas por organismos do gênero Shigella provocam infecções
entéricas, como disenterias, principalmente do tipo bacteriana clássica. Sua transmissão
principal ocorre por via alimentar (falta de higiene na manipulação dos alimentos,
principalmente peixes, frutas e vegetais, frango e saladas), além de relação fecal-oral.

5. DESENVOLVIMENTO DE RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS

Concomitante ao advento da penicilina e das novas classes de antibióticos, o


desenvolvimento de mecanismos de resistência bacteriana a estes agentes aumentou de
forma significativa, caracterizando um desafio à terapêutica antimicrobiana. A pressão
seletiva provocada pela antibioticoterapia tem sido observada em todo o mundo (ROSSI
e ANDREAZZI, 2005).
Desta forma, é necessário um controle rígido na utilização destes fármacos,
utilizando-se para isso de diagnósticos que justifiquem a real necessidade do emprego de
antibióticos mais potentes ao invés dos convencionais. Isto contribuirá de maneira
significativa para que um novo antibiótico seja útil por prazo indeterminado e tenha sua
capacidade terapêutica reconhecida (SILVEIRA et al., 2006).
Há ainda aspectos ecológicos associados ao desenvolvimento de mecanismos de
resistência por parte dos microrganismos, descritos por Meirelles-Pereira e colaboradores
(2002), tais como o descarte de efluentes orgânicos em reservatórios de água e o uso de
antimicrobianos em técnicas veterinárias, visando à prevenção de doenças e ao
crescimento do animal de forma sadia.
Tais procedimentos acabam por disseminar bactérias que transportam consigo
genes que codificam a síntese de substâncias capazes de determinar resistência a
antibióticos amplamente utilizados (MEIRELES-PEREIRA et al., 2002). Associados
ainda à extensa e atual disseminação desses microrganismos no ambiente hospitalar, há
estudos relatando o uso de agentes desinfetantes em hospitais como mecanismo de
indução de resistência (NUÑEZ e MORETTON, 2007), promovendo pressão seletiva
sobre estes organismos, uma vez que os referidos agentes são empregados de forma
extensiva na limpeza direta dos pacientes, bem como de superfícies inanimadas.

20
Vale ressaltar que o uso indiscriminado dos quimioterápicos tem sido apontado
como fator principal na seleção de microrganismos resistentes em ambientes hospitalares
(GALES et al., 1997), o que, por conseguinte, agrega ao paciente um prognóstico
desfavorável.

Conforme Rossi e Andreazzi (2005, p. 7),

O uso inapropriado dos antimicrobianos pode estar relacionado a


fatores como: doses subterapêuticas, falta de atividade da droga
escolhida, esquemas terapêuticos curtos, baixa penetração no local da
infecção, idade, status imunitário do paciente e não-adesão ao
tratamento, além do desconhecimento adequado dos conceitos de
farmacocinética e farmacodinâmica de cada droga na escolha
terapêutica.

Este perfil modificado do comportamento bacteriano frente aos antibióticos faz com
que sejam frequentemente revistas as listas de antimicrobianos utilizadas pelos
laboratórios de análises clínicas no teste das cepas, uma vez que estão sendo lançados
todos os anos no mercado novos antibióticos e os germes causadores dos mais diversos
tipos de infecções não respondem mais ao tratamento com os antibióticos clássicos
(ESMERINO, GONCALVES e SCHELESKY, 2003).
Torna-se necessário, portanto, um controle eficaz das Comissões de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) no que diz respeito à disseminação destes germes pelos
pacientes internados, em especial nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), uma vez que
se trata de um problema emergente de saúde pública (MARTINS et al., 2004).
Todavia, convém ressaltar que a antibioticoterapia é o único tratamento médico no
qual a escolha inadequada da terapia para um paciente pode acarretar complicações a
outro indivíduo. Em outras palavras, a seleção de uma cepa resistente por meio da
antibioticoterapia permite sua disseminação pelos leitos hospitalares, tornando necessário
o uso de antibióticos de maior espectro (GUPTA et al., 2006).
Conforme Martin (2002), pesquisas no campo da química farmacêutica têm sido
realizadas no intuito de desenvolver não só novos agentes bactericidas, mas também no
sentido de aprimorar as classes de fármacos já existentes, tornando possível o uso
terapêutico de gerações mais potentes. Por outro lado, caracteriza a atualidade como a

21
“era pós-antibiótica”, sendo assim denominada por se tratar de uma época em que não
são descobertos novos fármacos com mecanismos de ação distintos, à medida em que
novos mecanismos de resistência aos antimicrobianos do mercado são detectados.
A colonização por germes multirresistentes se deve à exposição a fatores de risco
relatados por Menashe e colaboradores (2001), tais como hospitalizações em UTI, sepse
intra-abdominal, inserção de cateter venoso central, ventilação mecânica, cirurgias,
antibioticoterapia e o tempo de permanência no ambiente hospitalar.

5.1 Principais fenótipos de resistência bacterianos

5.1.1 Beta-Lactamases de Espectro Estendido (ESBL)

As ESBL (Beta-Lactamases de Espectro Estendido, do inglês Extended Spectrum


Beta-Lactamase) são enzimas provenientes da mutação de genes conferidos por
plasmídios, cuja síntese agrega às cepas favorecidas a capacidade de inativação das
cefalosporinas de amplo espectro, tais como ceftazidima, cefotaxima e ceftriaxona, e o
aztreonam, do grupo dos monobactâmicos, fármacos amplamente utilizados na rotina
hospitalar (BUSH et al., 1995 e LIVERMORE, 1995 apud DALMARCO, BLAT e
CÓRDOVA, 2006). Possuem também a característica de serem bloqueadas pelos
inibidores de beta-lactamase (sulbactam, tazobactam e clavulanato, sendo estes ineficazes
contra a casse C destas enzimas – as AmpC (DALMARCO, BLAT e CÓRDOVA, 2006).
Segundo Martin (2002), são enumerados três mecanismos principais de
resistência aos antibióticos beta-lactâmicos: a alteração de um sítio receptor, a síntese de
enzimas capazes de inativar a droga e o efluxo da mesma, diminuindo a concentração do
antimicrobiano no interior da bactéria.
Considera-se que a produção de enzimas beta-lactamases seja atualmente o
mecanismo mais importante de resistência aos antibióticos beta-lactâmicos. Estas
enzimas possuem como substrato o anel beta-lactâmico, cuja ligação confere inativação
do antimicrobiano, interferindo em sua eficácia clínica (MARTIN, 2002).
As enzimas beta-lactamases são produzidas por bactérias Gram-positivas e Gram-
negativas. Nas Gram-negativas, sua ação é favorecida pelo fato de serem secretadas no
espaço periplasmático (entre as membranas interna e externa). Isto facilita sua ação sobre
o substrato – antibióticos beta-lactâmicos – visto que os mesmos precisam ultrapassar

22
este espaço para alcançarem seu alvo. Nas Gram-positivas, a ação das beta-lactamases é
desfavorecida, em virtude de serem secretadas para o meio extracelular (SILVA, 2000).
As cefalosporinas de terceira geração anteriormente mencionadas e o aztreonam
– agente monobactâmico – inserem-se na classe dos antibióticos beta-lactâmicos, agentes
bactericidas (TURNIDGE, 1998), que possuem como mecanismo de ação a inibição da
biossíntese dos peptideoglicanos, unidades essenciais à formação da parede celular
bacteriana (PERERA, GIL e SANTANA, 2001).
Mutações nos genes plasmidiais TEM-1, TEM-2 e SHV-1 foram reportados como
sendo responsáveis pela produção de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL),
sendo estes capazes de codificar uma beta-lactamase mutante, que se caracteriza pela
troca de aminoácidos no sítio ativo, potencializando sua afinidade pelo substrato. Podem
ocorrer também substituições na seqüência de aminoácidos das proteínas codificadas por
estes genes, sendo estas responsáveis pelo aumento do sítio ativo da beta-lactamase
sintetizada, o que confere a esta enzima a capacidade de interação com substratos de
cadeias maiores, como a ceftazidima, cefuroxima, cefotaxima e aztreonam (BELL et al.,
2002). Aplica-se ao mencionado as substituições na posição 164 das enzimas codificadas
pelo gene TEM, 179 das enzimas provenientes do gene SHV e posição 238 em enzimas
codificadas por ambos os genes. Frente a estas enzimas, as beta-lactamases TEM-1, TEM-
2 e SHV-1 reconhecem fracamente seus substratos (DALLMARCO, BLAT e
CÓRDOVA, 2006).
Conforme os resultados obtidos por Bell e colaboradores (2002), Escherichia coli,
Klebsiella pneumoniae e Proteus mirabilis são as espécies da família Enterobacteriaceae
com maior freqüência de produção de ESBL. Destas, destaca-se a Klebsiella pneumoniae
como maior produtora de ESBL, sendo alvo, portanto, de inúmeros estudos (CARON et
al., 1990; PIROTH et al., 1998; MARTINEZ-MARTINEZ et al., 1999). Conforme
Menashe e colaboradores (2001), a espécie K. pneumoniae é responsável por 75% das
bactérias produtoras de ESBL isoladas. Como estas enzimas são codificadas por genes
plasmidiais, e estes podem ser passados horizontalmente de uma espécie a outra, é
esperado que outros membros da família Entrobacteriaceae, além da E. coli e K.
pneumoniae, expressem o fenótipo ESBL (BELL et al., 2002).

5.1.2 Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA)

23
O Staphylococcus aureus faz parte da microbiota natural, principalmente da pele,
podendo tornar-se patogênico em condições como a quebra da barreira cutânea ou
diminuição da imunidade. Os traumas que comprometem a integridade da barreira
cutânea constituem-se na principal causa de mudança de comportamento deste micro-
organismo, para o agente etiológico mais comum de infecções cutâneas (GELATTI et
al.,2009).
Em seu estudo, Gelatti refere que os isolados de Staphylococcus aureus que
apresentam resistência à meticilina são denominados MRSA (Methicillin resistant
Staphylococcus aureus). A resistência à meticilina é determinada pelo staphylococcal
cassette chromosome MEC (SCCmec), que carreia o gene mecA, o qual apresenta baixa
afinidade por todos os antimicrobianos beta-lactâmicos
A terapia antimicrobiana para infecções por esse micro-organismo inicialmente
era simples. A primeira vez que um antimicrobiano foi utilizado clinicamente foi contra
uma amostra de S. aureus, a partir da descoberta da penicilina, que funcionou muito bem
até a década de 1960, quando começaram a aparecer isolados resistentes a esse
antimicrobiano. Entretanto, logo após o advento da meticilina (beta-lactâmico sintético
resistente à ação das beta-lactamases produzidas por S. aureus), surgiram relatos de
amostras resistentes também a esse antimicrobiano, além da expressão de
multirresistência, sendo resistente a todos os antimicrobianos beta-lactâmicos
(GELATTI, BONAMIGO e BECKER, 2009).
De acordo com a Sousa Junior e colaboradores (2009), a primeira cepa
de Staphylococcus spp resistente à meticilina foi detectada na Europa em 1961 e pertencia
à espécie Staphylococcus aureus. Nas décadas seguintes, os Staphylococcus
aureus resistentes à meticilina (MRSA) se tornaram um grave problema de saúde pública
mundial.
Anteriormente, as infecções causadas por esse micro-organismo eram apenas
descritas em hospitais, mas a partir do século passado, foi também observada em
comunidades sem que estivessem expostos a fatores de risco. Sendo assim, passou-se a
identificá-lo também como Staphylococcus aureus resistentes à meticilina associados ou
adquiridos na comunidade (CA-MRSA), as síndromes clínicas causadas por estes
isolados se estendem de infecções de pele e partes moles até pneumonia e sepse grave
(GELATTI et al,2009).
De acordo com Gelatti e colaboradores (2009), os isolados de Staphylococus
aureus resistentes à meticilina associados ou adquiridos na comunidade apresentam

24
características fenotípicas e genéticas distintas quando comparadas às cepas típicas
isoladas nos hospitais. Duas importantes características genéticas estão associadas com
os isolados comunitários: a presença do SCCmec do tipo IV ou V, os quais são elementos
genéticos menores e na grande maioria carream apenas resistência aos antimicrobianos
beta-lactâmicos. No entanto, Staphylococcus aureus resistentes à meticilina isolados em
infecções hospitalares são na maioria multidrogas resistentes e apresentam SCCmec I, II
ou III. Ressalta ainda que a presença de genes codificadores da exotoxina leucocidina de
PantonValentine (PVL) é outra importante característica observada nos isolados
comunitários. A presença desta toxina causa necrose tecidual e destruição de leucócitos,
através da formação de poros na membrana celular. A maioria dos isolados portadores
deste gene está associada a infecções de pele, principalmente furúnculos e abscessos, mas
pode também causar pneumonia e sepse grave.

5.1.3 Enterococcus spp. resistente à vancomicina (VRE)

O Enterococcus vem apresentando crescente importância na etiologia das


infecções hospitalares por ser considerando resistente as drogas comumente utilizadas.
Além disso, a emergência de Enterococcus spp. resistente à vancomicina (VRE), opção
de reserva para tratamento de infecções sérias por enterococos multirresistentes, tem sido
alarmante para os infectologistas ( KOBAYASHI et al.2011).
De acordo com Oliveira e Bettcher (2010), o Enterococcus resistente à
vancomicina (VRE) foi identificado primeiramente na Europa, em 1986, estendendo-se a
outros países. No Brasil, os primeiros relatos de VRE ocorreram em Curitiba (1996),
posteriormente em São Paulo e Rio de Janeiro. Em Minas Gerais esse patógeno começou
a emergir nas unidades de saúde a partir de 2005.
Conforme Furtado e colaboradores (2005), a resistência intrínseca à vancomicina
ocorre basicamente pela produção de precursores de peptideoglicano na parede celular
que se ligam pobremente à vancomicina, impedindo assim sua ação no bloqueio da síntese
de parede celular. São patógenos causadores de infecções hospitalares e atualmente sua
presença é notável em infecções urinárias, infecções de sítio cirúrgico e bacteremias.
Os Enterococcus são habitantes normais do trato gastrintestinal havendo 16
espécies descritas, sendo que há predominância de duas (E. faecalis e E. faecium). O
enterococo isolado em hospitais brasileiros é basicamente o E. faecalis, ainda com bom

25
perfil de sensibilidade à ampicilina, ao contrário do modelo norte-americano em que há
um número expressivo e crescente do E. faecium, com perfil de resistência bem mais
amplo (FURTADO et al., 2005).

5.1.4 Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ERC)

Dienstmann e colaboradores (2010), em seu estudo referem que Klebsiella


pneumoniae carbapenemase (KPC) é uma enzima produzida por bactérias Gram-
negativas (enterobactérias), e sua detecção em isolado bacteriano confere resistência aos
antimicrobianos carbapenêmicos, além de inativar penicilinas, cefalosporinas e
monobactâmicos. As bactérias produtoras da referida enzima são então denominadas
Enterobactérias Resistentes a Carbapenêmicos (ERC).
Descoberta nos EUA em 2001, a KPC é predominantemente encontrada em K.
pneumoniae, mas já foi reportada em Enterobacter spp. e Salmonella spp (MEYER e
PICOLI, 2011). No Brasil essa descoberta ocorreu na cidade de São Paulo em 2005 em
isolamento de K. pneumoniae produtora de KPC (SAMPAIO, 2011).
A enzima KPC já foi documentada em diferentes bactérias por meio de estudos
moleculares e diferenciada em KPC-1 a 4, com a seguinte descrição: KPC-1 em isolados
de Klebsiella pneumoniae; KPC-2 em K. pneumoniae, K. oxytoca, Salmonella enterica e
em Enterobacter sp.; KPC-3 em K. pneumoniae e Enterobacter cloacae. Para KPC-4,
não foram encontrados micro-organismos relacionados (DIENSTMANN et al.,2010).
Nesse contexto uma das espécies bacterianas comumente isoladas em casos de
infecção hospitalar, como pneumonia, infecção urinaria e septicemia, é a Klebsiella
pneumoniae, estando ela relacionada com as altas taxas de morbimortalidade (MEYER e
PICOLI, 2011).

5.1.5 Acinetobacter spp. resistente a múltiplas drogas

Em seu estudo, Gusatti e colaboradores (2009) descrevem o Acinetobacter spp.


como um cocobacilo Gram-negativo, aeróbio restrito, não móvel e um importante

26
patógeno nosocomial oportunista que acomete pacientes imunocomprometidos. É capaz
de resistir ao dessecamento, a amplas faixas de temperatura e pH.
De acordo com Cirino e colaboradores (2008), Os sítios de infecção mais comuns
são trato respiratório, sangue, urina e, menos comumente, infecções cutâneas e líquido
cefalorraquidiano (LCR). Referem ainda que essa bactéria vem se tornando importante
patógeno nos últimos anos devido a surtos de infecção em unidades de grandes
queimados, imunodeprimidos e pacientes em uso de ventilação mecânica que estão
internados em UTI.
Infecções por Acinetobacter spp. apresentam-se cada vez mais graves com o
aparecimento de resistência aos antimicrobianos. Desde o início de 1970, isolados de
Acinetobacter spp., principalmente Acinetobacter baumannii, têm progressivamente
acumulado resistência às penicilinas, cefalosporinas, quinolonas e aminoglicosídeos
(GUSATTI et al., 2009).
O principal mecanismo de resistência a β-lactâmicos é a produção de β-lactamases
cromossomais ou plasmidiais, como a hiperexpressão do gene cefalosporinase
cromossomal do tipo C (AmpC). A resistência às penicilinas, cefalosporinas e aztreonam
é observada principalmente pela expressão de genes de β-lactamases de espectro
estendido (ESBL) e, muitas vezes, responsável pelo fenótipo de multirresistência
(GUSATTI et al., 2009).
Segundo Cirino e colaboradores (2008), foram descritas a presença de 12
genótipos diferentes do A. baumanni (A-L). Entre elas, estão as cepas que têm capacidade
de desenvolver resistência a múltiplas drogas, o que pode estar relacionada com a sua
persistência do micro-organismo nos hospitais.
Além da capacidade de multirresistência, foi relatada menor eficácia dos
antissépticos como PVP-iodine, clorexidine e propanol. Caso o tempo de exposição ao
antisséptico e sua concentração não sejam adequados, o antisséptico pode servir inclusive
como meio de cultura para cepas de A. baumanni (CIRINO, GUIMARÃES E
FOLLADOR, 2008).

6. ASPECTOS ATUAIS

6.1 UTI do HUGO está interditada após sete casos de superbactérias

27
Pacientes foram removidos do local e estão estáveis, segundo a direção da unidade. Bactérias
encontradas são resistentes à maior parte dos antibióticos.

<https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/10/03/uti-do-hugo-e-interditada-apos-sete-casos-de-superbacterias.ghtmll>.
Acesso em: 08 mar. 2022, às 00:16 hs.

O Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), em


Goiânia, identificou sete casos de contaminação de superbactérias em pacientes de uma
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que levou a interdição da ala por uma semana. Os
pacientes foram removidos do local e estão estáveis, segundo a direção da unidade.

Segundo um documento do Serviço de Controle de Infecção (SCI) do hospital,


foram encontradas as bactérias Acinetobacter e KPC, que são resistentes à maior parte dos
antibióticos, segundo a unidade.

O documento do Serviço de Controle de Infecção é da segunda-feira passada (27),


quando a unidade foi fechada para desinfecção com quartenário de amônio. Neste domingo
(3), a direção do hospital informou, em nota, que o procedimento de limpeza foi concluída
na sexta-feira (1º).

Essa quantidade de casos caracteriza, segundo o SCI, um provável surto e


transmissão cruzada. O órgão relata ainda que as bactérias possuem elevado risco de morte
e transmissão, além de ficar até seis meses em superfícies.

6.2 UTI de hospital será fechada para ser desinfectada


< http://circuitomt.com.br/editorias/cidades/29819-uti-de-hospital-sera-fechada-para-ser-desinfectada.html> Acesso em: 08 mar.
2022, às 00:16 hs.

A ala do Hospital Regional de Sorriso, onde está localizada a Unidade de


Tratamento Intensiva (UTI), passará por um procedimento de desinfecção. A medida foi
tomada, hoje (27), após confirmação de que cinco pacientes da unidade estão infectados
com a superbactéria Acinetobacter.

28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 196 de 24 de junho de 1983. Dispõe sobre


instruções para o controle e a prevenção das infecções hospitalares. Brasília: Diário
Oficial da União; 1983.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 930, de 27 de agosto de 1992. Expede, na foram
dos anexos, normas pra o controle das infecções hospitalares. Brasília: Diário Oficial da
União; 1992.
Brasil. Lei no. 9.431, de 06 de Janeiro de 1997. Dispõe sobre a obrigatoriedade de
manutenção de programas de controle de infecção hospitalar pelos hospitais do país.
Brasília: Diário Oficial da União, 06 de janeiro de 1997.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 2.616 de 12 de maio de 1998. Brasília: Diário Oficial
da União; 13 de maio de 1998. Seção 1, p. 133.
Brasil. Lei no. 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Dispõe sobre a criação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Diário Oficial da União; 1999.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 529, de 1 de abril de 2013. Institui o Programa
Nacional de Segurança do Paciente. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br>. Acesso
em 09 abril de 2016.
Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia clínica para o controle
de infecção relacionada à assistência à saúde. Módulo, V. I. I.: Detecção e Identificação
dos Fungos de Importância Médica. Brasil, 2010.
Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Programa nacional de prevenção e
controle de infecções relacionadas à infecção à saúde (2013–2015). Brasília: Gerência
Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde, 2015. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/814e7d80423556f89181b96d490f120b/P
NCIRAS+12122013.pdf?MOD=AJPERES >. Acesso em 09 de abril de 2016.
CIRINO, Pablo Vitoriano; GUIMARAES, Newton Sales e FOLLADOR,
Ivonise. Infecção cutânea rara por Acinetobacter baumannii em imunocompetente: relato
de um caso. An. Bras. Dermatol. , vol.83, n.4, pp. 335-338, 2008
DIENSTMANN, Rosabel et al. Avaliação fenotípica da enzima Klebsiella
pneumoniae carbapenemase (KPC) em Enterobacteriaceae de ambiente hospitalar. J.
Bras. Patol. Med. Lab., vol.46, n.1, pp. 23-27, 2010.

ESMERINO, Luís Antônio; GONCALVES, Lilian Garcia; SCHELESKY, Meri Elen.


Perfil de sensibilidade antimicrobiana de cepas Escherichia coli isoladas de infecções
urinárias comunitárias. Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, v. 9, n. 1, p. 31-39, mar. 2003.

FONTANA, R. T. As infecções hospitalares e a evolução histórica das infecções. Rev


bras enferm, v. 59, n. 5, p. 703-6, 2006.

29
FURTADO, Guilherme Henrique Campos et al. Incidência de Enterococcus resistente à
vancomicina em hospital universitário no Brasil. Rev. Saúde Pública, vol.39, n.1, pp.
41-46, 2005.

GALES, A. C., et al. Avaliação da atividade in vitro dos novos antimicrobianos da classe
das fluoroquinolonas, cefalosporinas e carbapenens contra 569 amostras clínicas de
bactérias gram-negativas. Ver. Ass. Med. Brasil., São Paulo, v. 43, n. 2, p. 137-144,
1997.

GELATTI, Luciane Cristina et al. Sepse por Staphylococus aureus resistente à meticilina
adquirida na comunidade no sul do Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v. 42, n. 4, pp.
458-460, 2009a.

GELATTI, Luciane Cristina et al. Staphylococcus aureus resistentes à


meticilina: disseminação emergente na comunidade. An. Bras. Dermatol. , vol. 84, n.5,
pp. 501-506, 2009b.

GUPTA, Varsha, et al. Comparative in vitro activities of seven new b-lactams, alone and
in combination with b-lactamase inhibitors, against clinical isolates resistant to third
generation cephalosporins. Braz. J. Infect. Dis., v.10, no. 1, p. 22-25, fev. 2006.

GUSATTI, Carolina de Souza et al. Resistência a β-lactâmicos em Acinetobacter spp


isolados de efluente hospitalar no sul do Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., vol.42, n.2,
pp. 183-187, 2009.

KOBAYASHI, Cláudia Castelo Branco Artiaga et al.; Resistência antimicrobiana


associada em isolados clínicos de Enterococcus spp. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.44,
n.3, pp. 344-348, 2011.

MARTIN, G. N. Resistência Bacteriana a β-lactámicos. Evolución y Mecanismos.


Archivos Venezoelanos de Farmacología e Terapéutica, Caracas, v. 21, n.1, p.107-
116, 2002.

MARTINS, Sinaida Teixeira, et al. Application of Control Measures for Infections


Caused by Multiresistant Gram-negative Bacteria in Intensive Care Unit Patients. Mem.
Inst. Oswaldo Cruz, v. 99, n. 3, p. 331-334, mai. 2004.

MEIRELLES-PEREIRA, Frederico de, et al. Ecological aspects of the antimicrobial


resistance in bacteria of importance to human infections. Brazilian Journal of
Microbiology, v.33, p. 287-293, 2002.

MENASHE, G. et al. Clinical significance and impact on mortality of extended-spectrum


beta lactamase-producing Enterobacteriaceae isolates in nosocomial Bacteremia.
Scandinavian Journal of Infectious Diseases, v. 33, n. 3, p. 188-193, 2001.

MEYER, Gabriela e PICOLI, Simone Ulrich. Fenótipos de betalactamases em Klebsiella


pneumoniae de hospital de emergência de Porto Alegre. J. Bras. Patol. Med. Lab.,
vol.47, n.1, pp. 24-31, 2011.

30
MURRAY, Patrick R., et al. Microbiologia médica. 4. ed. Tradução Eiler Fritsch Toros.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

NUÑEZ, L.; MORETTON, J. Disinfectant-resistant bacteria in Buenos Aires city hospital


wastewater. Brazilian Journal of Microbiology, Buenos Aires, v. 38, p. 644-648, dez.
2007.

OLIVEIRA, Adriana Cristina e BETTCHER, Ledna. Aspectos epidemiológicos da


ocorrência do Enterococcus resistente a Vancomicina. Rev. Esc. Enferm. USP, vol.44,
n.3, pp. 725-731, 2010.

OLIVEIRA, R.; TAO MARUYAMA, S. A. Controle de infecção hospitalar: histórico e


papel do estado. Rev. eletrônica enferm, v. 10, n. 3, 2008.
ROSSI, Flávia; ANDREAZZI, Denise B. Resistência Bacteriana: interpretando o
antibiograma. São Paulo: Atheneu, 2005.

SILVEIRA, Gustavo Pozza, et al. Estratégias utilizadas no combate a resistência


bacteriana. Quím. Nova, v. 29, n. 4, p. 844-855, Santa Catarina, 2006.

SOUSA JUNIOR, Francisco Canindé de et al. Prevalência de Staphylococcus spp


resistentes à meticilina isolados em uma maternidade escola da Cidade de Natal, Estado
do Rio Grande do Norte. Rev. Soc. Bras. Med. Trop, v. 42, n.2, pp. 179-182, 2009.

TRABULSI, L.R. Microbiologia: Microbiologia médica. 5ªed. São Paulo: Atheneu,


2008. 760 p.

31

Você também pode gostar