Os Determinantes Da Performance Das Equipas
Os Determinantes Da Performance Das Equipas
Os Determinantes Da Performance Das Equipas
Coimbra, 2012
Os determinantes da Performance das Equipas
"Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida e que sempre que um homem
sonha o mundo pula e avança como uma bola colorida nas mãos de uma criança"
A procura da excelência é algo que vêm do interior, um desejo, um sonho, uma visão.
É fundamental Competências e Vontade.
Mas a vontade deve prevalecer sobre as competências. Ninguém consegue vencer sem
Vontade! (Carla Luís)
ÍNDICE
Resumo .................................................................................................................................................... X
Abstract ................................................................................................................................................. XII
1 Introdução ........................................................................................................................................ 1
1.1 Objectivo da investigação ....................................................................................................... 1
1.2 Relevância teórica e prática da investigação .......................................................................... 2
1.3 Estrutura da investigação ........................................................................................................ 6
2 Referencial Teórico .......................................................................................................................... 7
2.1 Introdução ............................................................................................................................... 7
2.2 Definição de Equipa ................................................................................................................. 7
2.3 Criação de uma Equipa .......................................................................................................... 11
2.3.1 Relação entre Grupos e Equipas........................................................................................ 11
2.3.2 Desenvolvimento de Equipas ............................................................................................ 12
2.3.3 Como Deve uma Equipa Lidar com Obstáculos ................................................................. 15
2.3.4 Objetivos Individuais vs. Equipa ........................................................................................ 15
2.3.5 Utilização de uma Equipa .................................................................................................. 16
2.4 Equipas de Alto Desempenho ............................................................................................... 17
2.4.1 Como distinguir estas equipas das outras ......................................................................... 19
2.4.2 Perfil coletivo e competências das Equipas de Alto Desempenho ................................... 20
2.5 Desempenho das equipas ..................................................................................................... 20
2.5.1 Satisfação no Trabalho com a Equipa................................................................................ 23
2.5.2 Modelos de desempenho .................................................................................................. 26
2.5.2.1 Modelo Cohen & Bailey ............................................................................................. 26
2.5.2.2 Modelo de Gladstein ................................................................................................. 27
2.5.2.3 Modelo de Hackman ................................................................................................. 28
2.5.2.4 Modelo de Campion, Papper e Medsker................................................................... 30
2.5.3 Características funcionais das equipas eficazes ................................................................ 34
2.5.3.1 Projeto de Trabalho ................................................................................................... 34
2.5.3.2 Interdependência ...................................................................................................... 36
2.5.3.3 Composição ............................................................................................................... 37
2.5.3.4 Contexto .................................................................................................................... 38
2.5.3.5 Processo .................................................................................................................... 38
2.5.3.6 Motivação .................................................................................................................. 40
2.5.4 Características organizacionais das equipas eficazes ........................................................ 43
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Semelhanças e Diferenças entre os três modelos. ................................................................ 33
Tabela 2: Modelos de explicação da Satisfação no Trabalho ................................................................ 48
Tabela 3: Modelo de Meyer&Allen (1991) ............................................................................................ 55
Tabela 4: Distribuição dos Inquéritos por Género ................................................................................ 84
Tabela 5: Distribuição dos Inquéritos por Idade ................................................................................... 84
Tabela 6: Média da Idade dos Inquiridos .............................................................................................. 84
Tabela 7: Distribuição dos Inquéritos por Habilitações Académicas .................................................... 85
Tabela 8: Distribuição dos Inquéritos por Categoria Profissional ......................................................... 85
Tabela 9: Distribuição dos Inquéritos por Antiguidade na Profissão .................................................... 85
Tabela 10: Distribuição dos Inquéritos por Antiguidade de Serviço ..................................................... 86
Tabela 11: Média da Antiguidade de Serviço ........................................................................................ 86
Tabela 12: Distribuição dos Inquéritos por Contrato de Trabalho........................................................ 86
Tabela 13: Resultados de Análise Fatorial e Análise de Consistência ................................................... 90
Tabela 14: Resultados de Análise Fatorial e Análise de Consistência ................................................... 91
Tabela 15: Valores médios das Variáveis em Estudo ............................................................................ 97
Tabela 16: Teste t-Student para a idade. ............................................................................................ 100
Tabela 17: Teste t-Student para as Habilitações Académicas. ............................................................ 100
Tabela 18: Teste t-Student para a Posição na Organização. ............................................................... 101
Tabela 19: Teste t-Student para a Antiguidade no Serviço Atual........................................................ 101
Tabela 20: Teste t-Student para o Contrato de Trabalho.................................................................... 102
Tabela 21: Resultados do Submodelo de Envolvimento Organizacional Afetivo................................ 104
Tabela 22: Resultados do Submodelo Envolvimento Organizacional Normativo ............................... 107
Tabela 23: Resultados do Submodelo Envolvimento Organizacional Instrumental ........................... 109
Tabela 24: Hipótese Explicativas do Envolvimento Organizacional .................................................... 111
Tabela 25: Resultados do Submodelo Desempenho........................................................................... 113
Tabela 26: Resultados do Submodelo Avaliação ................................................................................. 116
Tabela 27: Hipótese Explicativas do Desempenho Individual ............................................................. 118
Tabela 28: Resultados do Submodelo Satisfação da Equipa no Trabalho........................................... 120
Tabela 29: Resultados da Produtividade ............................................................................................. 123
Tabela 30: Resultados da Qualidade ................................................................................................... 125
Tabela 31: Hipótese Explicativas do Desempenho das Equipas.......................................................... 127
Tabela 32: Resultados dos Submodelos Satisfação e Realização dos colaboradores e a Satisfação com
a Gestão............................................................................................................................................... 128
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Bases para a Criação de uma Equipa ...................................................................................... 10
Figura 2: Curva de Desenvolvimento de uma Equipa ........................................................................... 12
Figura 3: Sete fatores para o desenvolvimento de equipa alto desempenho ...................................... 14
Figura 4: Modelo Cohen & Bailey (1997) .............................................................................................. 27
Figura 5: Modelo Gladstein’s (1984) – “Groups in context: model f task group effectiveness”........... 28
Figura 6: Modelo Gladstein’s (1984) – “Groups in context: model task group effectiveness” ............ 29
Figura 7: Modelo Campion, Papper e Medsker (1996) – “Themes and Characteristics related to
Workgroup Effectiveness.”.................................................................................................................... 32
Figura 8: Modelo das características da função Hackman & Oldham 1975, in Lima et al. (1994) ....... 50
Figura 9: Função Coordenar do Líder .................................................................................................... 64
Figura 10: Função Desenvolver do Líder................................................................................................ 65
Figura 11: Modelo Concetual em Estudo .............................................................................................. 68
Figura 12: Hipóteses com impacto no Envolvimento Organizacional ................................................... 69
Figura 13: Hipótese com impacto no Desempenho Individual. ............................................................ 70
Figura 14: Hipótese com impacto no Desempenho das Equipas. ......................................................... 71
Figura 15:Constituição Envolvimento Organizacional......................................................................... 103
Figura 16: Submodelo inicial Envolvimento Organizacional Afetivo ................................................... 104
Figura 17: Submodelo final Envolvimento Organizacional Afetivo ..................................................... 105
Figura 18: Submodelo inicial Envolvimento Organizacional Normativo ............................................. 106
Figura 19: Submodelo final Envolvimento Organizacional Normativo ............................................... 107
Figura 20: Submodelo inicial Envolvimento Organizacional Instrumental ......................................... 108
Figura 21: Submodelo final Envolvimento Organizacional Instrumental ............................................ 110
Figura 22:Constituição do Desempenho Individual ............................................................................ 111
Figura 23: Submodelo inicial Desempenho ......................................................................................... 112
Figura 24: Submodelo final Desempenho ........................................................................................... 114
Figura 25: Submodelo inicial Avaliação ............................................................................................... 116
Figura 26:Submodelo final Avaliação .................................................................................................. 117
Figura 27: Constituição do Desempenho da Equipa ........................................................................... 119
Figura 28: Submodelo inicial Satisfação da Equipa no Trabalho ......................................................... 120
Figura 29: Submodelo final Satisfação da Equipa no Trabalho ........................................................... 121
Figura 30: Submodelo inicial Produtividade........................................................................................ 122
Figura 31: Submodelo final Produtividade .......................................................................................... 123
RESUMO
A presente dissertação tem como objetivo estudar a Performance das Equipas, e os seus
determinantes. O modelo foi desenvolvido tendo em conta duas premissas, “eu na minha equipa” e
“eu na minha organização”, que agregam a generalidade destes determinantes. O envolvimento
organizacional dos colaboradores e o desempenho individual funcionarão como variáveis mediadoras
nesta relação. Também serão alvo de estudo a satisfação, a realização dos colaboradores e a
satisfação com a gestão, avaliando o seu impacto no desempenho.
O propósito deste estudo insere-se na revisão da literatura sobre o conceito do desempenho das
equipas no contexto organizacional português. Analisam-se as características organizacionais e
funcionais das equipas que possam promover o envolvimento organizacional, o desempenho
individual e por último a performance das equipas. Este trabalho será efetuado com base num
modelo teórico de investigação, que procura explorar os resultados atitudinais dos membros das
equipas em organizações a laborar no território português.
De acordo com Jordão (2006) as pessoas que trabalham em equipa são mais produtivas (menos
perdas de tempo e de materiais), produzem trabalho de qualidade superior, sentem uma maior
satisfação no trabalho e incutem uma boa satisfação aos clientes.
Citando Aristóteles “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente”. A excelência, então, não é um
modo de agir, mas um hábito. Trabalhar em equipa pode-se tornar um hábito após ultrapassar
diversas zonas de desconforto. Atualmente, já não chega trabalhar apenas em equipa, o presente e o
futuro exigem-nos equipas que consigam atingir elevados desempenhos, para que as mesmas
consigam sobreviver e destacar-se.
Através das características funcionais e organizacionais, bem como com modelos de envolvimento
organizacional, desempenho individual e das equipas elaborou-se a análise do reflexo das perceções
da performance das equipas através dos comportamentos e atitudes dos colaboradores.
O desempenho das equipas é extremamente influenciado pela variável processo. Esta constitui uma
vantagem competitiva para as organizações, possibilitando-lhes fazer face aos desafios e ameaças da
atualidade, pois esta variável apresenta um impacto significativo nos três critérios de desempenho
estabelecidos neste estudo, nomeadamente na produtividade, qualidade e satisfação dos membros
no trabalho. Verifica-se também que os determinantes interdependência das tarefas e desempenho
individual influenciam a produtividade e a realização e o clima de organizacional influenciam a
qualidade do produto/serviço prestado.
ABSTRACT
This thesis aims to study the performance of teams and their determinants. The model was
developed taking into account two assumptions, "I in my team" and "I in my organization," which
aggregate the generality of these determinants. The involvement of employees organizational and
individual performance will function as mediating variables in this relationship. It will also be the
subject of study satisfaction, employee fulfillment and satisfaction with management, evaluating its
impact on performance.
The purpose of this study is inserted on the literature review on the concept of the performance of
the teams in the Portuguese organizational context. It examines the organizational and functional
characteristics of teams that can promote organizational involvement, individual performance and
ultimately the performance of the teams. This work will be performed based on a theoretical model
of research which seeks to explore the attitudinal outcomes of team members in organizations
laboring in Portuguese territory.
In the present scenario of globalization organizations have to be more competitive and depend on
teamwork to respond effectively. The good performance of the teams will give effective
organizations with high levels of productivity, quality and satisfaction of its members at work, as well
as satisfy their customers, and these high performance teams.
According to Jordan (2006) people working in teams are more productive (less wasted time and
materials), produce higher quality work, feel greater job satisfaction and instill good customer
satisfaction.
Quoting Aristotle "We are what we repeatedly do." Excellence, then, is not a way to act, but a habit.
Working as a team can become a habit after overcoming various areas of discomfort. Currently, it is
not enough just to work in teams, present and future require us teams that are able to achieve high
performance, so that they can survive and stand out.
We observed good levels of performance (satisfaction of team work, productivity and quality) of the
sample surveyed, as well as the variables that have an impact on the performance of the teams.
The performance of teams is extremely influenced by the variable process. This is a competitive
advantage for organizations, allowing them to meet the challenges and threats of today, because this
variable has a significant impact on the three performance criteria established in this study, including
productivity, quality and satisfaction at work. It also appears that the determinants interdependence
of tasks and individual performance influences productivity and achievement of organizational
climate and influence the quality of the product / service.
1 INTRODUÇÃO
A investigação em gestão nas últimas décadas tem suscitado mais atenção, tendo originado diversos
estudos na área da gestão estratégica, na teoria das organizações, nos sistemas de informação, na
gestão da tecnologia e inovação, no marketing, na economia, na psicologia e na sociologia (Krogh,
2002) e com resultados significativos no conhecimento das organizações.
Uma possível definição da investigação em gestão, mostra que:
O desempenho das equipas é o tema central deste estudo empírico realizado no contexto
organizacional português. Neste capítulo será efetuada a contextualização do estudo, será definido o
objetivo geral e os objetivos específicos, explanada a relevância teórica e prática do tema da
investigação e por fim apresentada a estrutura da investigação.
Pretende-se que esta investigação seja considerada relevante, com um propósito objetivo e claro e
que, em termos de rigor, se sustente em bases teóricas e abordagens metodológicas consistentes.
Pretende-se ainda que esta investigação seja passível de ser testada, replicável e fiável.
Tudo se inicia com a definição dos objetivos, ter uma clara ideia a onde se quer chegar. Partindo
daqui, o resto é uma derivação. É necessária a motivação para lá chegar, cumprir a missão.
Pretende-se estudar o desempenho das equipas que operam nas empresas portuguesas. O universo
do estudo recai sobre os colaboradores de algumas empresas selecionadas através da
disponibilização de um questionário on-line alojado numa plataforma da internet.
Estes objetivos específicos darão um contributo substancial para um melhor entendimento dos
resultados gerais que se pretendem alcançar com esta dissertação.
Cada vez mais, as organizações dependem do uso eficaz do trabalho em equipa para alcançar
vantagens competitivas. A maximização dos resultados da equipa não corresponde à otimização da
função objetivo individual de cada elemento, mas sim à gestão do equilíbrio que advém da
cooperação entre os seus elementos (Teorema de Nash).
As equipas têm vindo a ganhar importância (Goodman, Ravlin e Argote, 1986; O´Reilley e Pfeffer,
2000; Osterman, 2000; Ilgen e Sheppard, 2001; Williams, 2002; Clegg, Wall, Pepper, Stride, Woods,
Morrison, 2002; Thamhaim, 2003 e 2004) como unidades fundamentais da estrutura organizacional
(Drucker, 1988) porventura inspiradas no uso efetivo das equipas nas empresas japonesas (Ancona e
Nadler, 1989) ou pela emergência de novas formas organizacionais. No sentido de se obter maior
flexibilidade num contexto de mudança contínua, as empresas têm conferido às equipas de trabalho
autonomia e responsabilidade. Por outro lado, as empresas têm feito uso de equipas multifuncionais
organizadas no sentido de realizar tarefas específicas. Finalmente, em resposta a um ambiente de
mudança, as organizações solicitam às equipas que ultrapassem as fronteiras tradicionais das
empresas no sentido de aproximar as unidades internas a empresas exteriores.
As empresas atualmente recorrem às equipas como estratégia de gestão, permitindo reduzir custos,
melhorar a qualidade e aumentar a produtividade. À medida que as relações da equipa se
fortalecem, o grande desafio da empresa é fazê-las funcionar. É importante conhecer as dimensões
de uma equipa eficaz e a forma de a tornar funcional num plano de ação.
As organizações precisam de ser capazes de iniciar e facilitar as rotinas de trabalho das equipas de
desempenho, com o objetivo de agregar valor para a organização e para o indivíduo. Para estas, a
criação de valor é procurada através das respostas às seguintes questões: os determinantes que
influenciam uma equipa de desempenho? O que acontece no mundo, na vida dos colaboradores?
Que dinâmicas e comportamentos podem permitir a eficácia?
Segundo Katzenbach um dos estímulos mais poderosos na eficiência das equipas é a qualidade com
que se define os objetivos de desempenho, as metas da equipa e a abordagem de trabalho que se
pretende. A abordagem é a combinação das ações e tarefas que juntamente com as atitudes e
práticas decididas ajudam a equipa a identificar e a desenvolver o trabalho necessário para atingir o
sucesso. O problema é que a maioria das equipas não atinge todo o seu potencial, quer por terem
estruturas desadequadas, objetivos pouco claros e/ou conflituosos, quer por falta de recursos,
conflitos interpessoais ou comunicação ineficaz. A maioria das organizações atingirá melhores
resultados se os seus colaboradores, a todos os níveis, aprenderem a contribuir para o
desenvolvimento do potencial das equipas, a contribuírem como elementos e a criarem um clima
propício à colaboração.
Criar e gerir equipas eficazes é uma necessidade fundamental para o sucesso organizacional. As
equipas passam por ciclos, estágios, por meio dos quais vão consolidando, passo a passo,
características de cada um desses. Parte-se do pressuposto que a energia do grupo deve ser
canalizada para o trabalho em conjunto e não para o conjunto de tarefas individuais. Esta
característica é o que qualifica o trabalho em equipa, pois requer um compromisso, um propósito
comum e a responsabilidade coletiva, assim como apoio mútuo na adoção de uma abordagem
voltada para a construção coletiva.
“Uma equipa não é um conjunto de pessoas com vários títulos ou descritivos funcionais. É uma
congregação de individualidades, na qual uma tem de assumir um papel que é também reconhecido
pelas outras” Meredith Belbin (1981).
As empresas têm vantagens em serem constituídas por diversas equipas, permitindo-lhes ter uma
estrutura mais uniforme. A “verdadeira” definição do trabalho em equipa significa atribuir
responsabilidade e autoridade às equipas, para que elas tomem as decisões da forma como devem
realizar o trabalho com o objetivo de obter a eficácia. Proporcionando a necessidade de um menor
número de gestores e de níveis de gestão, permitindo tomar decisões mais rapidamente. Segundo
West, M. (2004) as organizações constituídas por equipas respondem rapidamente e eficazmente
nos ambientes em constante mudança.
A competência e a sua ação é definida como sendo uma característica fundamental do indivíduo e da
equipa, que está relacionada com o critério de eficácia e/ou performance no trabalho ou numa
situação (Ceitil, M 2006).
Puente-Palaicos, Seidl e Silva (2008) definem satisfação com um vínculo afetivo positivo estabelecido
com a unidade de desempenho, como sendo o resultado de experiências favoráveis vivenciadas ao
longo do trabalho. Assim, a convivência positiva entre os membros da equipa de trabalho têm
elevada probabilidade de gerar vínculos afetivos entre eles, ou seja, os membros satisfeitos e os
melhores resultados para a organização.
Esta dissertação é pertinente e inovadora na medida em que pretende contribuir para o
aprofundamento da temática do desempenho das equipas e avaliar o impacto dos determinantes
organizacionais e de caracter funcional das equipas. Bem como a relação do desempenho individual,
envolvimento organizacional, da satisfação e realização dos colaboradores com a eficácia. Todas
estas relações até à data ainda não tinham sido alvo de estudo conjunto.
Finalmente no capítulo 7 são incluídos os anexos, nomeadamente o inquérito distribuído, bem como
o endereço eletrónico onde está alojado o inquérito.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo procede-se à revisão da literatura com o intuito de enquadrar a temática no contexto
da investigação.
No referencial teórico serão abordados diversos fatores associados à performance das equipas,
iniciando-se com um enquadramento através da definição de equipa, como se criam equipas e o que
são equipas de elevado desempenho. De seguida apresentam-se os modelos teóricos de
eficácia/desempenho, bem como as características funcionais e as características organizacionais
influentes na performance. Serão apresentadas as variáveis mediadoras, nomeadamente o
envolvimento organizacional, desempenho individual e a satisfação e realização de colaboradores.
Este modelo conceptual em estudo não inclui a liderança, no entanto, esta variável será apresentada
no referencial teórico. Nas equipas de elevado desempenho a liderança deve ser partilhada. O papel
do líder deve ser apenas no sentido de definir a direção a seguir, construir a credibilidade e
estabelecer os contactos necessários ao projeto fora da equipa. As equipas de elevado desempenho
são acima de tudo auto-suficientes, funcionam de acordo com as suas próprias regras e os seus
elementos gostam a trabalhar em conjunto.
Segundo Harvey e Finley (1997) a alguns anos que as pessoas não falam em equipas, mas existem de
forma convencional, orientadas por funções nas empresas, como por exemplo a equipa da
É importante salientar que existem diferenças entre trabalho de grupo e trabalho em equipa.
Segundo Mayo (2003) num grupo de trabalho os elementos trabalham sob a responsabilidade
pessoal, com dependência dos restantes colegas. Lannes (1999) complementa que um grupo é uma
reunião de pessoas que embora trabalhem juntas fisicamente não apresentam características de
afinidade e objetivos comuns.
Segundo (Cohen&Baily, 1997) uma equipa é um grupo que desenvolveu um alto grau de
interdependência e integração.
A equipa trabalha numa causa maior, num projeto coletivo. A equipa reconhece as contribuições
individuais e tem sempre em mente o resultado global. Segundo Moscovici (2002) um grupo
transforma-se em equipa quando deixa de dar importância à forma de operar e procura resolver os
problemas que afetam o seu funcionamento.
Considerando que um grupo consiste pelo menos na interação de duas pessoas, uma equipa é mais
coesa do que um grupo, porque os membros de uma equipa têm compromissos e objetivos comuns
(Katzenbach & Smith, 1993).
Baker e Salas (1997) ilustram as características das equipas, com base na literatura existente:
“Uma equipas é constituída no mínimo com dois ou mais indivíduos que têm papeis específicos, têm o
dever de executar tarefas específicas, interagir ou coordenar-se para atingir um objetivo comum ou
resultado.”
Katzenbach e Smith (1993) definiram equipa como “um pequeno número de pessoas com
competências complementares que estão comprometidas com um propósito comum, objetivos de
desempenho e abordagem, para os quais se consideram mutuamente responsáveis”.
“A team is a small number of people with complementary skills who are committed to a common
purpose, performance goals, and approach for which they hold themselves mutually
accountable.”(Proehl, 1997, p.139)
Através desta definição, os autores definem três fatores chave na constituição de uma equipa: as
competências, a responsabilidade e o compromisso.
Ao nível das competências os autores defendem que há três tipos: os conhecimentos técnicos e
funcionais, a resolução de problemas e tomada de decisões e as competências interpessoais. Estas
três competências não têm que existir na fase inicial da criação da equipa. No entanto devem ser
criadas condições para que essas competências complementares sejam desenvolvidas de forma a
preencher as lacunas existentes.
Quando se refere a palavra compromisso, falamos em compromisso com um propósito comum, com
os objetivos de desempenho bem definidos, que devem ser obtidos através de uma abordagem
comum de todos os elementos da equipa, sem uma diferenciação entre eventuais níveis
hierárquicos, permitindo contribuições equivalentes de todos os elementos da equipa.
A responsabilidade deve ser mútua, e só desta forma é possível construir a relação de confiança
necessária ao desenvolvimento da equipa.
As equipas têm como output resultados de desempenho, produto de trabalho coletivo e também o
crescimento pessoal dos seus elementos. Sem isso, a equipa poderá não ter o sucesso pretendido.
Por exemplo, numa equipa de futebol, os elementos da equipa poderiam ter sucesso sem possuírem
as três qualidades chaves acima citadas (competências, compromisso e responsabilidade). No
entanto para que a equipa tenha sucesso terá que possuir essas qualidades, bem como necessitará
de um líder que desenvolva um alto sentido de compromisso e motivação, capacite e coordene os
elementos da equipa e defina e articule uma visão em alvos mensuráveis.
Segundo os autores Piancastelli, Faria e Silveira a conceção da equipa está vinculada ao processo de
trabalho e tem sido sujeita a transformações ao longo do tempo. Neste sentido os motivos que
justificam a existência desta forma de exercer o trabalho consistem na necessidade do Homem
somar esforços para alcançar os objetivos que, isoladamente, não seriam alcançados. Resultam
também da imposição que o desenvolvimento e a complexidade do mundo moderno têm imposto ao
processo de produção, originando relações de dependência e/ou complementaridade de
conhecimentos e competências para alcançar os objetivos.
Piancastelli, Faria e Silveira referem que o trabalho em equipa poderá ser entendido como uma
estratégia concebida pelo Homem, para melhorar a produtividade do trabalho e elevar o grau de
satisfação do trabalhador.
Hoje, mais do que nunca, o trabalho em equipa tem sido incentivado em praticamente todas as áreas
da atividade humana. Vários autores têm destacado vantagens do trabalho em equipa sobre o
trabalho individual. Apesar deste reconhecimento, constatamos, na prática, muitas dificuldades em
realizar o trabalho em equipa. Em parte, isto deve-se às diferentes perceções do que é uma equipa
de trabalho.
Nos estudos sobre equipas, os diversos autores usam definições semelhantes para grupos, para
grupos de trabalho e equipas, usando definições sinónimas, embora as distinções sejam bastante
claras, segundo (Brannick e Prince, 1997,pág.4) que passo a citar:
Group has been used in a much broader sense than team and has been applied to a larger number of
social and organizational forms (Hackman, 1990).
Group dynamic research, for example, has focused on therapy groups, T-groups, and self-study
groups, where the task of each member was to achieve personal goals.
Hackman (1990) stated that group is a rather general label and needs to be differentiated from work
groups that can be defined by certain criteria.
These criteria include differentiated roles [a higher level of coordination] and tasks [task
interdependency between members] to be performed.
(Shaw,1981, pág.8) definiu grupos como “duas ou mais pessoas que interagem umas com as outras,
de tal forma que, cada pessoa influencia e é influenciada pela outra pessoa”.
O conceito de grupo de trabalho é semelhante ao das equipas. Guzzo e Dickson (1996) definiram
trabalhar em grupo da seguinte forma:
A “work group” is made up of individuals who see themselves and are seen by others as a social
entity, who are interdependent because of the tasks they perform as members of a group, who are
embedded in one or more larger social systems (e.g. community, organization), and who perform
tasks that affect others (such as customers or coworkers). (Page 308-309)
As equipas são casos especiais de grupos de trabalho. Uma equipa apresenta qualidades altamente
desenvolvidas no trabalho, possui características de autonomia e de responsabilidades partilhadas
(Cohen E Baily, 1997; Guzzo e Dickson, 1996).
Gramigna (2007) salienta que a diferença entre grupo e equipa são os objetivos. O grupo tem
objetivos divergentes, onde cada um tem objetivos pessoais.
Como foi inicialmente definido, uma equipa é mais do que apenas um grupo de pessoas que
trabalham em conjunto. É possível desenhar uma curva que ilustra o desempenho de uma equipa,
relacionando desempenho e eficácia da equipa. Esta curva evolui a partir dos grupos de trabalho, até
às equipas reais e equipas de alto desempenho. É ainda possível identificar grupos que não
conseguiram lidar com os riscos que implica o verdadeiro trabalho de equipa e se mantém, na
melhor das hipóteses, como “pseudo-equipas”.
Ao contrário das equipas, os grupos de trabalho contam com a soma do melhor de cada indivíduo
para o seu desempenho. O seu objetivo final não é um produto de trabalho coletivo, mas sim a
partilha de informações e perspetivas para tomar decisões que ajudem os indivíduos a realizar
melhor o seu trabalho e a reforçar os padrões de desempenho individual. Adicionalmente a
responsabilidade não é mútua mas sim individual.
À medida que os grupos começam a convergir para uma melhoria do seu desempenho comum,
começam a movimentar-se ao longo da curva de desenvolvimento de uma equipa e a seguir na
direção de uma equipa real. As equipas procuram melhorias de desempenho, ao mesmo tempo que
fomentam as competências necessárias do potencial humano existente no interior da equipa,
reforçando o compromisso comum de todos em relação ao propósito da equipa, dos objetivos de
desempenho e da abordagem de trabalho, ao mesmo tempo que se consideram mutuamente
responsáveis pelo sucesso individual e da empresa.
Quando o desenvolvimento de uma equipa é bem-sucedido, ela pode crescer em força e eficácia e
tornar-se numa equipa de alto desempenho. Este tipo de equipas ultrapassa em larga escala outras
equipas, assim como ultrapassa todas as expectativas razoáveis, tendo em consideração a sua
composição. Uma equipa de alto desempenho promove a melhoria do desempenho e do
compromisso para além dos limites dos seus elementos dentro da organização de que fazem parte.
High performance teams: how to make them work - Marc Hanlan (2004)
No entanto, as equipas podem perder o seu propósito comum. Nessas alturas, começam a
desperdiçar a energia dos seus elementos a lutar contra a dinâmica interna da equipa e tornam-se
menos eficientes que um grupo de trabalho. É este tipo de equipas que se designam pseudo-equipas.
Apesar de disporem de potencial para levar a cabo o trabalho como um grupo melhor do que com os
indivíduos em separado, não há um foco comum nos resultados, nem sequer tentam melhorar o
impacto no desempenho enquanto grupo. Para além disso, desperdiçam energia em rivalidades e
disputas de poder, lutas internas ou outros assuntos internos da equipa, dando origem a um
desempenho pior que dos grupos de trabalho.
Segundo Drucker (1997) as equipas devem ser treinadas e desenvolvidas sistematicamente o que
envolve quatro fases:
1. Indução e socialização (incutir nos colaboradores aspetos sociais e transmitir uma mensagem
que realmente promove o sucesso na organização);
2. Trabalho contínuo (a organização por vezes possui colaboradores brilhantes que gostam de
trabalhar sozinhos, no entanto a organização tem que lhes mostrar que trabalhar em equipa
é mais eficaz e produtivo e cria maiores benefícios individuais como organizacionais);
3. Feedback e formação em tempo real (o feedback e a formação devem ser dados em tempo
real aos colaboradores de forma criteriosa e proveitosa);
4. Acompanhamento responsável (é muito importante um acompanhamento sistemático e
deverá estar relacionado com o feedback recebido).
O desenvolvimento de equipas ocorre de forma cada vez mais frequente nas organizações, visto que
é uma técnica que facilita uma utilização mais adequada dos recursos humanos disponíveis. Além
disso, constitui uma estratégia que proporciona o aumento da produtividade, uma maior qualidade
dos produtos e serviços, uma redução de custos, a realização das necessidades dos clientes, bem
como a satisfação dos elementos da equipa (Gonzalez, Silva e Cornejo, 1996).
(Castka et al.,2001) defendem que há sete fatores que podem afetar o desenvolvimento de uma
equipa de alto desempenho. Estes sete fatores podem ser agrupados em 2 categorias: fatores do
sistema e fatores humanos.
"Todo homem que tenha que talhar para si um caminho para o alto encontrará obstáculos
incompreensíveis e constantes." (Fernando Pessoa)
Os obstáculos fazem parte da vida humana e consequentemente, também fazem parte da vida de
uma equipa. E quando o homem vence os obstáculos torna as equipas mais fortes. As verdadeiras
equipas encaram os obstáculos de forma equilibrada e não desistem facilmente.
De acordo com Katzenbach e Smith (1993), há 5 maneiras recomendadas para uma equipa lidar com
essas situações:
• Voltar às origens – a equipa deve começar por refletir na sua missão, abordagem e objetivos
de desempenho;
• Apostar nas pequenas vitórias – nada entusiasma mais uma equipa em dificuldades do que
as conquistas tangíveis;
• Fornecer novas informações e abordagens – referências competitivas, histórias de casos
internos da empresa, boas práticas e entrevistas com os clientes podem providenciar novas
perspetivas que podem ajudar a equipa a rever a sua missão, abordagem e objetivos de
desempenho;
• Tirar vantagem de facilitadores ou de formação – bons facilitadores podem adicionar
competências a nível de resolução de problemas, comunicação, relações interpessoais e
trabalho em equipa. Programas de formação podem ainda destacar a importância de
competências chave, missão comum da equipa, bom trabalho em equipa, objetivos claros e o
papel do líder;
• Mudar a composição da equipa, incluindo o líder - muitas vezes estas mudanças podem
ajudar a contornar os obstáculos encontrados.
"Os jogadores estão sempre dispostos a enfrentar os maiores desafios desde que esses sejam os seus
desafios” (Wayne Smith)
Joana Carneiro, maestrina e diretora musical da orquestra Sinfónica de Berkeley, assume que é
impossível atingir o “nosso” objetivo sozinhos “Um maestro sem a orquestra não existe”.
Sobre o alinhamento de objetivos individuais e coletivos, Silva Rodrigues, Presidente da Carris, refere
que «As equipas são exatamente o resultado de um mix de pessoas com características, formações e
conhecimentos diferentes que têm de ser alinhados, o que pressupõe a definição de objetivos comuns
e a necessidade de mobilizar todos os elementos da equipa para a respetiva concretização. Para tal,
cada elemento da equipa tem de ser claramente responsabilizado pelo contributo que dele se espera,
partilhando, com cada um e com todos, os sucessos alcançados.»
Uma equipa é um meio para atingir um fim. Para além dos resultados que obtém através da equipa
de alto desempenho, quando estas atingem os seus objetivos a empresa acaba por sentir orgulho
nos seus resultados. Através do seu desempenho e resultados, as equipas são, na maior parte dos
casos, a principal esperança para ajudar a organização a sair da estagnação e a força motriz para o
desenvolvimento do trabalho.
Para além disso, uma equipa tem que conseguir adaptar-se a mudanças. E nos dias que correm, essas
mudanças são bastante rápidas. Uma equipa, mais do que os seus elementos individualmente,
adapta-se melhor a estas mudanças que têm que ser acompanhadas por resultados de desempenho
e alterações de comportamento. Essas alterações de comportamento passam essencialmente por
potenciar as características já identificadas como comuns numa equipa real: apoio mútuo,
responsabilidade conjunta, relações baseadas na confiança, participação de todos os elementos no
processo de trabalho, realização de múltiplas tarefas em várias áreas dentro da equipa. Outras
características tais como acreditar nos seus objetivos e ajudar a definir a sua direção, desejar
crescimento pessoal através do sucesso do conjunto pode contribuir também para as alterações de
comportamentos.
“Certa noite, vindo de um concerto, encontrámos um amigo nosso músico que nos perguntou: ‘De
onde é que vêm?’, ao que nós respondemos: ‘Estivemos num concerto de uma orquestra famosa.’ Ele
olhou-nos e fez nova pergunta: ‘E eles tocaram em conjunto ou apenas ao mesmo tempo?’” (Binney
et al., 2009).
Os diversos músicos da orquestra têm um objetivo comum, executar uma sinfonia, com
conhecimentos e competências diferentes (o pianista, o violinista, o clarinetista), uma coordenação
(maestro) e um plano de trabalho (as partituras).
Na execução de uma sinfonia, o pianista jamais fará o trabalho do violinista ou vice-versa. Podemos
dizer que existe uma alta especificidade no trabalho dos músicos, ou seja, o pianista sempre tocará
piano e o violinista sempre tocará violino.
O trabalho do maestro é sem dúvida fundamental, por mais competentes que sejam os músicos
individualmente, sem a coordenação do maestro a equipa não conseguirá alcançar o objetivo de
executar uma sinfonia.
No decorrer do concerto onde os músicos tocam a sinfonia, jamais um músico poderá substituir a sua
partitura, sendo um trabalho muito rígido.
Os elementos que determinarão o funcionamento da equipa são: os objetivos, o conhecimento e as
habilidades dos membros da equipa, a coordenação do trabalho e o plano de trabalho.
As equipas de alto desempenho são compostas por grupos de indivíduos comprometidos que
confiam uns nos outros, tem um claro propósito em relação ao seu trabalho, são eficazes
comunicadores dentro e fora da equipa, certificam-se que todos na equipa estão envolvidos nas
decisões do grupo, seguem um processo que os permite planear, tomar decisões e garantir a
qualidade do trabalho.
Robbins e Decenzo afirmam que uma equipa de trabalho cria uma “sinergia” por meio de esforços
coordenados, as contribuições individuais resultam num nível de desempenho que é superior à soma
das contribuições individuais.
Afirma Yudi Yozo, que uma equipa de alto desempenho “é um grupo que cumpre todas as condições
das verdadeiras equipas e reúne elementos que também estão profundamente comprometidos com
o crescimento e o sucesso pessoal mútuo.”
Numa equipa de alto desempenho os propósitos são claros quanto à visão, missão e objetivos a
alcançar. O ambiente de trabalho é informal e confortável, os colaboradores são interventivos,
ouvem-se uns aos outros com a devida atenção, as divergências são civilizadas e as decisões são de
consenso. Acrescenta-se, a comunicação aberta pela empresa, as funções de cada colaborador
integrante em cada projeto e atribuições estão bem definidas, a liderança compartilhada e a equipa
periodicamente analisa a sua atuação e os fatores que influenciam a sua eficácia.
Além de concentrar-se no processo “tarefa versus resultado”, uma equipa de alto desempenho deve
desenvolver a clareza dos objetivos, a responsabilidade compartilhada tanto individualmente como
em grupo, com o mesmo propósito e comprometimento e uma comunicação saudável e adequada
através de uma ação conjunta. Valorizando assim, os talentos criativos para lidar com os desafios e
com visão de futuro. Para isso, é necessário observar as fases de desenvolvimento da equipa, a sua
estrutura e as variáveis que afetam a sua dinâmica, considerando os seguintes aspetos:
• Manter a importância e o significado do propósito, das metas e dos objetivos;
• Criar um ambiente de compromisso e confiança;
• Fortalecer o nível de competências;
• Gerir as relações com terceiros,
• Eliminar obstáculos;
• Criar oportunidades para todos os elementos da equipa;
• Atingir os objetivos esperados;
Para atingir objetivos de alto rendimento, Yudi Yozo afirma que as empresas vinculam pessoas que se
integram nos grupos, desenvolvendo uma sinergia própria para transformá-los em equipas de alto
desempenho, cumprindo esses objetivos.
Uma das melhores definições de equipas é que podemos ler, é o grau de interdependência entre os
elementos da equipa, o grau de conhecimento específico que existe, a competência técnica e a
experiência relacionada com o desempenho da tarefa, a coordenação e cooperação entre a equipa
que torna suscetíveis de se encaixarem no perfil das equipas de alto desempenho.
Muitas empresas apontam o fator confiança como o mais importante nas equipas de alto
desempenho ou para chegarem a esse patamar. Sendo discutível, a confiança é um estado que
demora algum tempo a conseguir-se. Nunca de um dia para o outro mesmo que existam algumas
técnicas para acelerar. A confiança relaciona o compromisso, o respeito, a dedicação e outras
competências ou atitudes que torna a combinação num exercício de grande complexidade.
Will Shutz afirma que as equipas de alto desempenho são aquelas que, além de cumprirem os
objetivos, conseguem atingi-los porque a honestidade entre os elementos da equipa é um valor
essencial, a regra número um.
Uma equipa de alto desempenho focaliza-se nos resultados, nos objetivos comuns, tanto individuais
como da organização, na gestão por princípios para a tomada de decisões e soluções de problemas,
no trabalho em equipa, na integração das competências, no reforço do compromisso total, no uso
produtivo das diferenças de pensamento e no desenvolvimento do indivíduo através do fazer, saber
fazer e saber estar.
Burke, Fiore,Goodwin, Rosen & Salas (2006) definem cinco áreas onde as equipas de alto
desempenhos estão acima da média das restantes equipas:
• Excelente eficácia do trabalho em equipa,
Whitmore (2003) considera que uma equipa com um elevado desempenho deve apresentar as
seguintes competências: o suporte, a confiança, a paciência, o compromisso, a compatibilidade, a
cooperação, o humor, a adaptabilidade, a amizade, a coragem, o entusiasmo e a abnegação.
Os estudos existentes das equipas de trabalho numa perspetiva contingencial revelam que a eficácia
de uma equipa está relacionada com fatores estruturais, como o design do grupo, o design da tarefa,
os sistemas de recompensas e o contexto organizacional (Hackman, 1987). Segundo este autor, a
eficácia/desempenho engloba critérios internos, ou seja, a satisfação e a viabilidade da equipa, e
externos, a produtividade e o desempenho (Hackman, 1987).
O modelo de (Hackman, 1990) define a eficácia como um constructo tridimensional. Isto significa
que a eficácia depende:
• Grau em que o resultado produzido pela equipa cumpre ou excede os padrões de
quantidade e qualidade da equipa ou organização e é aceite por quem o recebe e/ou
analisa;
Hackman (1987) define a eficácia das equipas como sendo: “teams output production that meets or
exceeds the performance standard”(Page 103). O investigador afirma, que as equipas eficazes devem
manter ou ampliar a capacidade dos membros trabalharem juntos. Também refere que as dimensões
da eficácia são quantificadas pelo output da equipa, o estado da equipa como a unidade de
desempenho e o impacto da experiência da equipa nos seus membros individualmente.
O desempenho das equipas corresponde à execução das ações, sendo aferido na medida em que
a equipa realiza as ações para ser eficaz. A eficácia desse desempenho é aferida na medida em
que o resultado alcançado se ajusta ao resultado esperado (Essens, Vogelaar, Mylle, Blendell,
Paris, Halpin e Baranski,2005).
O trabalho em equipa nas organizações tem crescido ao longo tempo, diversos pesquisadores
exploram a relação das diversas variáveis das características das equipas (Baily, 1997; Campion,
Medsker das, & Higgs, 1993; Campion, Papper, e Medsker das, 1996; Cordery, Muller, & Smith, 1991;
Janz, Colquitt, e Noe, 1997) com o desempenho das mesmas.
A execução das tarefas por parte dos membros exige que estes se focalizem nas atividades da
equipa para atingir os seus objetivos, obrigar que a tomem decisões, criem, inventem e adotem
soluções para resolver os problemas inerentes à sua realização. Os processos da equipa
consistem na forma como os diversos recursos são organizados para realizar as exigências das
tarefas (Kozlowski e Ilgen, 2006).
É por esta razão, que os processos da equipa são os fatores críticos da eficácia das equipas
(Kozlowski, Gully, Nason e Smith, 1999).
liderança é um fator importante que pode afetar os processos da equipa e os seus resultados
(Kozlowski e Ilgen, 2006).
Hackman (1987) considera que o desempenho das equipas é definido por três critérios,
nomeadamente o primeiro critério que se refere à produtividade do grupo em satisfazer ou
exceder os padrões de desempenho do cliente, um segundo critério relaciona-se com os
processos sociais utilizados na execução das tarefas, mantendo ou reforçando a capacidade dos
membros trabalharem em conjunto em missões posteriores à equipa, e por último, um terceiro
critério sustenta-se nas experiências frustrantes do grupo que não satisfazem as necessidades
pessoais dos membros da equipa. Esta explicação salienta que, quando se considera o
desempenho do grupo, considerar-se não só a produção da equipa, mas também a capacidade
da equipa continuar a trabalhar junta no futuro (Gladstein,1984).
A eficácia da equipa pode ser avaliada com base em medidas subjetivas e objetivas.
As medidas subjetivas consistem em avaliar os membros da equipa e seus líderes com base nos
sentimentos ou perceções (Baily, 1997; Hyatt & Ruddy, 1997). Estas medidas são mais utilizadas dos
que as objetivas.
Para além do estudo da eficácia das equipas através de medidas subjetivas e objetivas, também
podem ser incluídas medidas internas e externas.
As medidas internas avaliam o desempenho da equipa através dos seus membros (Baily, 1997,
Inferior e Baloff, 1994;Hyatt e corado, 1997). As externas analisam o desempenho da equipa
pelos líderes organizacionais, gestores e clientes. Por vezes, estes fornecem uma avaliação
diferente da perspetiva dos membros da equipa.
Cordery, Mueller e Smith (1991) usaram medidas internas no estudo desenvolvido para avaliar o
nível de satisfação dos colaboradores no trabalho e as suas responsabilidades na tomada de
decisões. Hyatt e Ruddy (1997) na avaliação da eficácia usaram tanto as medidas internas como as
externas.
Em síntese, existem diversas medidas para o estudo da avaliação da eficácia das equipas. A
combinação das medidas subjetivas, objetivas, internas e externas proporcionam uma visão mais
equilibrada e completa da eficácia global da equipa. No presente estudo, irão usar-se as medidas
subjetivas, internas e externas para avaliar a performance das equipas.
Os membros das equipas procuram estar satisfeitos com o trabalho que desenvolvem na equipa por
duas razões:
• Primeiro, membros satisfeitos estão mais propensos a contribuírem com equipa,
desenvolvendo comportamentos de cidadania, comportamentos esses, que contribuem para
a eficácia da equipa (Organ, 1988). Membros satisfeitos estão mais dispostos a fazerem
sacrifícios em prol da equipa, nomeadamente horas extra quando necessário e apresentam
ideias criativas, assim como superar obstáculos (George & Brief, 1992).
• Por outro lado, a tendência para abandonar o emprego é menor por parte dos membros
satisfeitos (Mobley, 1977). Segundo Stewart (1989) os decréscimos da satisfação no trabalho
entre os membros da equipa podem comprometer o trabalho da mesma. A aprendizagem é
A satisfação no trabalho é um resultado muito importante que se relaciona com os níveis de bem-
estar e “stress” dos colaboradores (Juiz, Thoresen, Bono e Patton, 2001).
A satisfação no trabalho, não só auxilia a criação de uma sinergia coletiva, como proporciona
oportunidades aos membros da equipa em adquirirem experiências e aprenderem competências
necessárias para a eficácia e a eficiente cooperação com os outros (Stewart, 1989).
Brief & Weiss definam que a satisfação no trabalho é "um juízo valorativo positivo (ou negativo) do
posto de trabalho ou situação de trabalho", para Lee (1998) a satisfação no trabalho é considerada
como um importante indicador/ferramenta na previsão da performance de uma organização.
Satisfação extrínseca mede o grau da satisfação no trabalho do colaborador nas áreas das relações
humanas, na supervisão técnica, nas políticas e práticas da empresa, na remuneração, no
reconhecimento, nas condições de trabalho e com os colegas de trabalho. Satisfação geral inclui a
satisfação intrínseca e extrínseca (Presley, 1999).
Choi e Gaskil (2000) mediram a satisfação dos colaboradores no trabalho, usando a escala de
medição da satisfação no trabalho de Hoppock (1935), que é um instrumento de com quatro itens
duma escala com sete pontos. Choi e Gaskill concluíram a autonomia e a identidade das tarefas são
os principais fatores que afetam a satisfação no trabalho.
Baily (1997) investigou o impacto do projeto da equipa na eficácia da equipa. O autor define que a
eficácia da equipa de acordo com os seguintes critérios, nomeadamente a satisfação no trabalho, a
gestão do apoio técnico, o trabalho do grupo, a competição, os conhecimentos e habilitações e o
desempenho global da organização. O estudo centrou-se no “design” da equipa e do seu efeito sobre
a eficácia da equipa, que inclui tanto medidas intrínseca e extrínseca da satisfação no trabalho. O
autor confirma que a variável projeto influência a satisfação no trabalho por parte dos
colaboradores.
Cordery, Muller e Smith (1991) estudaram a relação entre a auto-gestão das equipas e a satisfação no
trabalho como alguns critérios da eficácia das equipas, nomeadamente comprometimento
organizacional e a confiança na gestão. Concluíram pelas medidas intrínsecas e extrínsecas da
satisfação, que os colaboradores que trabalham de uma forma autónoma sentem-se mais satisfeitos
no trabalho.
Janz, Colquitt e Noe estudaram o projeto da equipa constituído pelas seguintes dimensões: a
autonomia dos grupos de trabalho, o processo e contexto. Mediram a satisfação da equipa, o
desempenho da equipa, o comprometimento da equipa para determinar a eficácia da equipa. Os
resultados refletem interações entre as variáveis do projeto da equipa, do processo e do suporte
contextual com implicações significativas na eficácia da equipa, bem como na satisfação com a
equipa.
Van der Vegt, Emans, e Van de Vliert (2001) realizaram uma pesquisa usando Hackman e Oldham
(1980) e o Gladstein (1984) para a estudar a satisfação da equipa no trabalho relacionando a variável
interdependência. Concluíram que os membros da equipa excedem os níveis de satisfação, quando
apresentam elevados níveis de interdependência.
A satisfação dos membros é um fator importante, pois afeta a produtividade da equipa, podendo
evitar ou minimizar a perda do processo.
Na literatura existente sobre a temática verifica-se a existência de alguns modelos teóricos que têm
como intuito estudar a eficácia das equipas de trabalho (Gladstein, 1984; Hackman, 1987; Shea
&Guzzo 1987). Esses modelos impulsionaram as teorias sobre a eficácia das equipas e contribuíram
para a edificação de várias pesquisas na área, sendo a sua compreensão importante para o
desenvolvimento deste trabalho.
Gladstein (1984), Hackman (1987), e et Campion al. (1996) e Cohen&Bailey (1997) estudaram as
características globais das equipas e relacionaram-nas com o desempenho.
De acordo com Cohen & Bailey (1997) a estrutura de um grupo tem impacto direto e indireto através
dos processos e dos traços psicossociais, nos resultados do grupo. As autoras salientam também a
influência preponderante dos traços psicossociais ao nível da eficácia do grupo, pois, para além de
afetarem diretamente os seus resultados, eles influenciam indiretamente, através dos seus efeitos
nos processos do grupo.
O modelo indica ainda que esses processos podem, por sua vez, influenciar traços psicossociais,
como normas, coesão, afetividade e cognição. Além disso, o modelo sugere que os fatores
ambientais têm um efeito direto nas características estruturais do grupo. Juntos, os fatores
ambientais e estruturais, os processos e os traços psicossociais determinam o nível da eficácia
obtida.
É importante salientar segundo Cohen & Bailey (1997) os resultados eficazes, os processos, os traços
psicossociais emergem ao longo do tempo e que as estruturas do grupo podem influenciar-se
reciprocamente.
O modelo de Gladstein (1984) foi desenvolvido com base na estrutura inputs, process e outputs,
considerando sete conjuntos de variáveis pertencentes a diferentes níveis de análise. Gladstein
definiu como inputs as contribuições individuais e as do grupo, bem como a organização do grupo.
Gladstein categorizou os inputs em dois níveis: os do grupo e os organizacionais. O process refere-se
às atividades de tomada de decisão e os outputs aos resultados das atividades da equipa.
As tarefas do grupo são moderadas entre a relação do processo do grupo e eficácia do grupo.
Os níveis de inputs do grupo e níveis de inputs organizacionais afetam diretamente a eficácia do
grupo e posteriormente influenciam o process.
Neste modelo, a eficácia é o principal resultado do trabalho da equipa e é aferida pelo desempenho
e a satisfação das necessidades dos membros. Observa-se nessa proposta que a eficácia é medida
por meio de indicadores vinculados à produtividade e à satisfação dos membros da equipa.
Adicionalmente é demonstrado que as diversas variáveis constituintes do processo de
funcionamento das equipas estão associadas ao relacionamento social construído pelos membros.
Dessas variáveis, destacam-se a abertura à comunicação, o suporte social, o grau dos conflitos
interpessoais, a discussão das estratégias e as contribuições individuais.
Figura 5: Modelo Gladstein’s (1984) – “Groups in context: model f task group effectiveness”
Hackman (1987) propõe um modelo normativo de eficácia. Ao definir eficácia, o autor destaca que
no contexto organizacional não há muita clareza em relação aos indicadores da eficácia, os processos
de trabalho são dinâmicos e nem todas as equipas desenvolvem tarefas e obtêm resultados de fácil
medição, gerando alguma dificuldade em estabelecer critérios precisos.
O modelo de Hackman (1987) igualmente o de Gladstein (1984) usa o "input process output"
para analisar o comportamento dos grupos e respetivos desempenhos. Este modelo consiste em
seis variáveis principais: o contexto organizacional, o design grupo, a sinergia do grupo, o
processo, a tarefa do grupo e o desempenho do grupo.
O modelo define a variável sinergias do grupo, como sendo a interação entre os membros, no
qual permite aumentar o progresso da equipa e diminui perdas (Hackman, 1987). Criar sinergias
do projeto de trabalho e do grupo influenciam a forma como os membros da equipa são capazes
de aplicar as suas competências e conhecimentos para realizar as tarefas da equipa.
Também no modelo, a realização das tarefas (capacidade dos membros da equipa trabalharem
juntos e a satisfação dos mesmo na realização das tarefas em conjunto) contribui para a eficácia
da equipa.
Figura 6: Modelo Gladstein’s (1984) – “Groups in context: model task group effectiveness”
Os três critérios que o autor propõe para avaliar a eficácia das equipas são:
3. Satisfação dos membros com o desempenho da equipa. De acordo com esse critério e
para que a equipa seja considerada eficaz é necessário experiências satisfatórias de
desempenho, que estas sejam maiores que as frustrações ocorridas ao longo do processo do
trabalho.
Hackman (1987) esclarece que, ao medir a eficácia das equipas, é pertinente considerar os
índices de produtividade, bem como os critérios sociais e pessoais (satisfação e sobrevivência da
equipa), tendo em vista que uma equipa pode obter um excelente resultado de produção, mas
pode ter danos em relação à saúde e ao bem-estar dos membros que pode levar à perda dos
mesmos.
Campion et al. (1993) desenvolveram um modelo que relaciona as características das equipas
com a eficácia. Este modelo baseou-se nos estudos de Gladstein (1984), Hackman (1987) e
Guzzo & Shea (1992).
Shea & Guzzo (1987) propõem um modelo teórico para explicar a eficácia das equipas de
trabalho com base em três princípios:
O modelo segue a estrutura Inputs – Process – Outputs e considera estes três princípios como
características do processo.
Campion, Medsker e Higgs (1993) desenvolveram um modelo com cinco variáveis comuns das
características das equipas e relacionam-nas com a eficácia. As variáveis são: o projeto de
trabalho, a interdependência, a composição, o contexto e o processo. A cada variável está
associado um único conjunto das características das equipas.
Assim, a eficácia da equipa é avaliada com base nos seguintes critérios, a “avaliação” da equipa por
parte das chefias, a satisfação do colaborador e a produtividade (avaliação de desempenho).
Figura 7: Modelo Campion, Papper e Medsker (1996) – “Themes and Characteristics related to Workgroup
Effectiveness.”
Nos modelos apresentados de Gladstein (1984), Hackman (1987) e Campion, Paper & Medsker
(1996), verificam-se algumas características das equipas que se sobrepõem nos três modelos. Na
tabela seguinte efetua-se a comparação dos modelos.
Pela análise da tabela, o modelo Campion et al (1996) está fortemente relacionado com os
modelos de Gladstein, (1984) e Hackman, (1987). O terceiro modelo, partilha as mesma
variáveis, nomeadamente o projeto de trabalho, o contexto organizacional, o processo e a
eficácia. A satisfação dentro do critério eficácia está presente nos três modelos.
Campion, Medsker, e Higgs, (1993) exploraram as relações entre as características das equipas e
a eficácia das mesmas. Eles medem a eficácia da equipa, através dos seguintes critérios: a
produtividade da equipa, a satisfação dos colaboradores e a ” avaliação” dos membros da equipa
relativamente à gestão eficiente dos líderes.
A variável projeto de trabalho tem como objetivo aumentar a motivação dos colaboradores na
realização das suas tarefas. Nesta variável estão inseridos fatores como, o grau de autonomia
das pessoas, a correta utilização das competências, a identidade das tarefas e o grau de
interdependência entre elas. As dimensões incluídas nesta variável são: auto-gestão,
participação e as tarefas.
(Choi & Gaskill, 2000; Elmuti, 1996; Loker, 2002; Presley, 1999) estudaram a autonomia para
avaliar o conceito de auto-gestão.
Elmuti (1996) investigou a relação entre o grau de autonomia e o grau de eficácia organizacional
dentro de uma equipa em auto-gestão. Concluiu, que uma equipa em auto-gestão apresenta
uma melhoria significativa na eficácia da equipa.
Motta (1981) caracteriza a auto-gestão como sendo a autonomia dos colaboradores nas
decisões empresariais, desde da formulação das diretrizes internas até à divisão do trabalho.
Considera também como sendo um exercício coletivo de poder, que permite:
• Eliminar a alienação dos colaboradores em relação à decisão dos recursos com que
trabalham;
• Superar efeitos negativos da divisão do trabalho, diminuindo a rigidez das formas
hierárquicas e criando condições para aumentar a cooperação e a responsabilidade;
• Melhorar as condições humanas do trabalho;
• Instituindo a democracia organizacional visando o desenvolvimento;
De uma forma mais radical, pode-se definir a auto-gestão como sendo a participação dos membros
da organização na definição dos procedimentos e dos métodos de ação da organização.
Loker (2002) afirma que os colaboradores estão mais dispostos a efetuar trabalhos extra, quando
possuem uma maior autonomia no trabalho.
Choi e Gaskill (2000) relacionam a autonomia do trabalho com uma maior satisfação do colaborador
no trabalho.
A participação dos membros da equipa nos processos do trabalho é uma dimensão influente no
projeto de trabalho. Loker (2002) efetuou um estudo numa fábrica de vestuário, onde entrevistou os
colaboradores, incluindo também os gestores, os comerciais, o pessoal do marketing e os operários
de produção, no qual concluiu que a participação aumenta a motivação e o esforço dos
colaboradores.
O projeto de trabalho também inclui a variedade das tarefas, o que permite a cada membros da
equipa realizar tarefas diferentes. A partilha das tarefas aumenta a motivação individual dos
colaboradores e da equipa (Campion et al., 1993).
Presley (1999) estudou a relação da variedade das tarefas com a satisfação dos colaboradores numa
unidade fabril. O estudo aborda a variedade das tarefas, com base nas seguintes questões
formuladas:“The opportunity to do a number of different things; How much variety is there in your
job? ; How similar are the tasks you perform in a typical work day?”(Page 120)
Através das respostas obtidas, o autor concluiu que os colaboradores não se sentiam muito
satisfeitos, porque consideravam o trabalho muito repetitivo. Não se verificava a variedade das
tarefas.
Campion et al. (1993) elaboraram um estudo com a variável projeto de trabalho e as suas dimensões,
nomeadamente a auto-gestão, a participação, a variedade das tarefas, o significado das tarefas a e
identidade das tarefas. Relacionaram-nas com os critérios da eficácia, no qual concluíram que o
projeto de trabalho apresenta uma relação positiva com a eficácia.
2.5.3.2 Interdependência
A interdependência refere-se ao nível de interação dos membros da equipa na realização das suas
tarefas. Esta variável é constituída pelas seguintes dimensões: a interdependência das tarefas, a
interdependência do objetivo, a interdependência do feedback e as recompensas.
Segundo Shea e Guzzo (1987) as relações de interdependência individual dos colaboradores para um
propósito comum maximizam a eficácia da equipa. Wageman (1993) afirma que quanto maior for a
interdependência nas tarefas maior é a interação/cooperação entre os membros da equipa.
Os diversos estudos existentes sobre a temática afirmam que os efeitos do feedback e das
recompensas influenciam positivamente o desempenho do colaborador.
2.5.3.3 Composição
A dimensão da equipa influencia o grau de interação entre os membros na realização das tarefas
(Shaw, 1981). Por vezes um grupo maior é benéfico, quando existe a necessidade de complementar
tarefas. No entanto grupos grandes reduzem o envolvimento individual dos membros da equipa com
a organização.
Campion, Papper e Medsker (1996) no estudo que efetuaram concluíram que a relação entre a
composição e a eficácia apresenta uma menor relação do que as variáveis projeto de trabalho,
interdependência e o contexto.
Neste estudo, esta variável não será introduzida no modelo, uma vez que a informação relativa à
composição será obtida através dos dados sociodemográficos da amostra.
2.5.3.4 Contexto
A variável contexto refere-se às influências e aos recursos contextuais que tornam as equipas mais
eficazes. Esta variável incorpora três dimensões, nomeadamente a formação, o apoio administrativo
e a comunicação/cooperação entre as equipas.
A formação aos colaboradores é importante, pois permite aumentar as habilitações dos membros da
equipa, aumentando a eficácia que se reflete no aumento da qualidade dos produtos/serviços.
Segundo Presley (1999) a produtividade aumenta quando os membros da equipa têm formação
contínua e se sentem familiarizados com as funções a desempenhar no ambiente organizacional
onde estão inseridos.
Choi e Gaskill (2001) referem que os colaboradores que desenvolvem produtos necessitam de uma
formação mais ampla, de melhores habilitações académicas e de melhores conhecimentos técnicos
para desempenhar com eficácia as suas tarefas.
Campion et al. (1993) estudaram o impacto da variável contexto na eficácia da equipa e verificaram
que não era significativa. No entanto os autores verificaram que esta variável apresenta uma relação
positiva com a satisfação dos colaboradores e na avaliação da eficácia por parte dos membros da
chefia.
2.5.3.5 Processo
Dickson e Littrell estudaram a relação entre a comunicação /cooperação da equipa no trabalho com a
eficácia. Verificaram que influenciam positivamente a produtividade e satisfação dos membros.
Concluíram assim, que quando os membros trabalham juntos e partilham a mesma maneira de
trabalhar, isso contribui para o desempenho da equipa.
Loker (2002) sustenta a tese de Dickson e Littrell, que afirmam que a comunicação entre
colaboradores na organização facilita o desempenho das tarefas discriminatórias.
Wolken e Good (1995) estudaram a variável processo com base nos apoios sociais, nomeadamente
na relação entre o apoio social e os níveis de “stress” dos colaboradores, no qual concluíram que o
apoio social incentiva a comunicação e a participação dos colaboradores na organização, bem como
permite diminuir os níveis de “stress” dos colaboradores.
Campion et al. (1996) estudaram a relação de todas as características funcionais das equipas com a
eficácia numa instituição financeira, no qual concluíram que a variável mais influente era o processo
Campion et al. (1996) efetuaram o mesmo estudo em diversas organizações e os resultados foram
semelhantes, verificaram que a variável processo é a variável que mais influencia a eficácia da equipa
de seguida o projeto de trabalho o contexto e por fim a interdependência.
Com base nestes dois estudos, pode-se afirmar, que existe uma relação positiva entre o processo e a
eficácia das equipas.
2.5.3.6 Motivação
A variável motivação nos modelos de Campion, Paper & Medsker (1996), não foi incluída no entanto
diversos autores consideram que a motivação apresenta uma forte relação com o desempenho das
equipas, uma vez que incentiva e ajuda internamente as pessoas a desenvolverem as suas ações,
podendo até mesmo inspirar as pessoas no seu trabalho. Neste trabalho a motivação irá ser alvo de
estudo.
Gostaria de iniciar a motivação com a citação do Jornal Expresso 09/04/04 do gestor da TAP –
Fernando Pinto, no qual relaciona a motivação dos colaboradores com progresso a eficácias das
organizações.
“Só há uma forma de uma empresa ter progresso. Primeiro é preciso dar-lhe um rumo. Segundo, é
preciso fazer com que os empregados acreditem nesse rumo. Terceiro, é preciso motivar os
empregados para que eles ajudem a gestão a chegar lá. Portanto, na minha opinião só há um
segredo: a motivação das pessoas”.
Luthans (1998) afirmou que a motivação é um processo que desperta, energiza, comanda, sustenta o
comportamento e o desempenho.
Motivação intrínseca pode ser definida como uma motivação para a realização de uma determinada
atividade, com o objetivo de obter uma satisfação inerente à situação. Deci, Connell, e Ryan (1989).
Segundo Simon (1997) as empresas necessitam de motivar as suas equipas para alcançar os objetivos
organizacionais. Pfeffer (1998) afirmou, que as empresas têm necessidade de ter colaboradores
satisfeitos e para isso necessitam de táticas para os motivar.
Segundo Wright e Pandey (2005) um dos fatores mais importantes da motivação é a ligação
emocional e a lealdade da organização com os colaboradores.
Horwitz et al (2003) afirmou que os colaboradores recebem uma enorme motivação através de um
ambiente de trabalho desafiador e do apoio da gestão de topo.
Quando os colaboradores são competitivos e querem fazer um trabalho com total eficácia, irão
utilizar todas as suas capacidades para alcançar esse objetivo, encarando o trabalho como um
desafio e sentir-se-ão bastante motivados.
Existem alguns princípios e técnicas de motivação, que podem ajudar a impulsionar a produtividade
e o bom ambiente de uma equipa:
• A aprendizagem cooperativa é percecionada como sendo mais motivante e interessante do
que a aprendizagem individualista, que implica um maior nível de competição.
• A organização flexível de um grupo aumenta a motivação intrínseca do grupo.
• As tarefas criativas aumentam o nível de motivação, por oposição às repetitivas.
• Conhecer as causas do êxito ou do fracasso de uma tarefa, aumenta a motivação.
• O reconhecimento do sucesso, por parte do líder, é bastante motivador.
• O registo dos progressos aumenta a motivação intrínseca.
• Começar a realizar uma tarefa pelas atividades mais fáceis pode ser motivador porque faz
que o êxito promova êxito nas atividades seguintes.
• Quando a tarefa é significante para o colaborador, gera motivação intrínseca. É, pois,
importante que o colaborador se identifique com a tarefa e que retire algum prazer dela.
• O nível de estimulação dos colaboradores tem de ser excessivo, pode levar a sentimentos de
frustração e de ansiedade. Há que dosear o desfio com a competência do colaborador, para
que o nível motivacional seja adequado. Tarefas demasiado difíceis ou demasiado fáceis
geram desmotivação.
• As mudanças bruscas e repentinas têm o efeito contrário e diminuem o nível motivacional do
colaborador.
• O líder que dá autonomia no trabalho promove a motivação, o sucesso e a auto-estima.
• O ambiente que se desenvolve no contexto laboral poderá ser mais motivador se houver
bom ambiente, otimismo e confiança. A atmosfera interpessoal influencia o desempenho.
• É importante que a equipa conheça os objetivos que se pretende alcançar.
• Evitar a repreensão pública, as comparações para ridicularizar, as tarefas em demasia já que
são promotores de grande desmotivação.
• Comunicar à equipa os resultados do seu trabalho, que funcionam como um poderoso
estímulo.
• O líder deve mostrar interesse por cada elemento da equipa, de um modo individual e de um
modo mais global, como elemento pertencente do grupo.
• As estratégias operativas e participativas são mais motivantes que as passivas.
• A competição doseada pode ser um bom recurso à motivação, quando usada como de grupo
ou como auto-desafio consigo mesmo.
• Há que atender às diferenças individuais na motivação, sendo que uma estratégia pode ser
muito eficaz com um sujeito/grupo e muito pouco eficaz com outro.
• É importante não esquecer que o trabalho em equipa tem a sua especificidade e as suas
próprias dificuldades. É, por isso, fulcral, que se trabalhe a motivação da equipa, para que
assim se crie uma estrutura que permita manter um nível de motivação que ajude a
ultrapassar as dificuldades que possam emergir.
Para terminar este capítulo da motivação, deixo a seguinte frase no qual o autor é desconhecido:
“Inspiração vem dos outros. Motivação vem de dentro de nós.”
Neste trabalho pretende-se abordar a variável clima organizacional, como base na gestão dos
colaboradores e avaliar a influência da liderança no contexto organizacional proporcionando um
clima organizacional que fomente a performance organizacional.
Segundo Chiavenato (1999) o clima organizacional reflete o modo como as pessoas interagem umas
com as outras, com os clientes e fornecedores internos e externos, bem como o grau de satisfação
com o contexto envolvente. A cultura organizacional pode ser agradável, recessiva, calorosa e
envolvente, em extremo pode ser desagradável, agressivo, fria e alienante.
Segundo Bergamini e Coda (1997) a cultura organizacional, não é mais do que um indicador de
satisfação (ou insatisfação) dos colaboradores no trabalho.
Segundo (Dickson et al. 2006; Salvaggio et al. 2002) a concordância/discordância dos valores, crenças
organizacionais refletem a força do clima organizacional, determinando se o clima tem ou não força
necessária para induzir comportamentos desejados.
Segundo Dickson et al. (2006) quando o clima transmite normas e práticas que enfatizam os
comportamentos de padrões mínimos para alcançar os resultados desejados, o clima organizacional
não terá a mesma eficácia em facilitar o sucesso organizacional, em incrementar a sua performance.
Desta forma, compreende-se que a força do clima atuará em benefício da organização desde que a
mesmo esteja orientado para uma boa performance.
A variável condições de trabalho e saúde é definida por Graça (1999) referindo os seguintes aspetos:
• O ambiente físico e psicossocial do trabalho;
• A segurança e o bem-estar físico, mental e social dos colaboradores;
• A existência de programas preventivos de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho;
As condições de trabalho podem ser entendidas como as condições físicas (segurança e higiene), o
relacionamento pessoal (relações interpessoais e estilo de liderança), o conteúdo do trabalho, a
formação, a comunicação, a participação na solução de problemas de trabalho e as decisões
relacionadas com o mesmo.
No âmbito deste trabalho, é importante referir que o conceito base de satisfação com a gestão da
organização está identificado por Churchil et al. (1974) como um dos itens da satisfação com o
trabalho (as políticas e a gestão da organização). Procura-se identificar em que medida os membros
da organização estão satisfeitos com a qualidade da gestão, com o apoio recebido e com a perceção
de justiça organizacional.
Esta satisfação pode também estar relacionada com o conceito de justiça processual, que por sua vez
tem a ver com a justiça na forma como as decisões são tomadas pelos responsáveis da organização
(Tepper e Taylor, 2003) e são protegidos os interesses dos trabalhadores. Está focada nos processos
em que a empresa avalia a performance e assegura um tratamento justo dos colaboradores. A
Justiça processual está relacionada com o clima ético pois à medida que os gestores tomam decisões
mais justas acabam por se tornar “modelos de moral” reforçando a sua liderança (Brown e Trevino et
al.,2005).
Também, e de acordo com Hartman et al. (1999) a justiça organizacional é um conceito central para
compreender um conjunto alargado de atitudes e comportamentos no seio das organizações. A
premissa subjacente é que a perceção de justiça por parte dos trabalhadores afeta as suas atitudes e
os seus resultados. Estas perceções não estão apenas ligadas à implementação e monitorização de
programas éticos, mas também à forma como as organizações tratam os seus trabalhadores (Collier,
2007).
Interessante também é de referir a teoria heurística de Lind et al. (1993) em que a perceção de
justiça numa área influencia as perceções de justiça noutras áreas. No contexto do seu estudo, isto
significava que os trabalhadores que percebem que a sua organização é ética, também estão
predispostos a aceitar que a sua organização seja justa. Percecionando uma organização ética, a
avaliação das decisões dos gestores, por parte dos trabalhadores, será melhor compreendida e
aceite, o que poderá resultar numa satisfação com o trabalho superior.
Seguindo a linha que os indivíduos preferem organizações que promovem a ética nos negócios
(Trevino et al., 1998), há razões para acreditar que os programas éticos específicos podem estar
associados a atitudes como a satisfação com o trabalho.
Na literatura, as consequências da perceção de comportamento ético dos gestores, por parte dos
trabalhadores foram objeto de trabalhos como os de Viswesvaran (1998) que analisou a relações da
satisfação com o trabalho (através das dimensões: supervisão, retribuição, promoção, trabalho,
colegas de trabalho). Apesar de o autor não ter encontrado correlações estatisticamente
significativas, concluiu que as relações eram mais fortes com o item da supervisão.
Retomando o tema, os autores Koh e Boo (2001) também compararam as diferentes facetas da
satisfação com o trabalho como função de três medidas: comportamento ético dos gestores, clima
ético e associação entre clima ético e o sucesso na carreira. As relações encontradas foram
consideradas significativas em todas as medidas referidas. Concluiu-se que a ética era um dos meios
que os líderes das organizações poderiam utilizar para fomentar comportamentos positivos dos seus
colaboradores. Os resultados obtidos foram também semelhantes aos de Joseph e Deshpande (1997)
em que o clima ético estava associado à satisfação com o trabalho.
“Que as pessoas constituíam o recurso mais importante da organização, o seu patrimônio mais
valioso” (Chiavenato, 2000).
A satisfação com o trabalho é a atitude geral de uma pessoa em relação ao trabalho que realiza
(Chiavenato,2000).
Os colaboradores com um alto nível de satisfação com seu trabalho apresentam atitudes positivas
em relação a ele, enquanto a insatisfação apresenta atitudes negativas (Robbins,2005).
Segundo Morin (2001) a eficácia das organizações quanto ao bom desempenho dos colaboradores
que nela trabalham, bem como com o seu comprometimento, está na forma que são conduzidas.
Essa condução deve sempre estar voltada para uma gradual modificação de seus comportamentos,
focadas em atitudes positivas em relação as funções executadas. Por isso, as empresas procuram
pessoas qualificadas, competentes, com uma fácil interação dentro das equipas, com facilidades em
relacionar-se com os outros, comprometidas e responsáveis com o trabalho.
Gupta & Joshi (2008) estudaram a relação entre a satisfação dos colaboradores e a satisfação no
trabalho. Concluíram, que a produtividade de um colaborador está associada à satisfação do mesmo,
no qual a produtividade poderá ser tomada como um indicador da satisfação. Os colaboradores que
estão muito tempo no local de trabalho necessitam de se sentir satisfeitos com as condições de
trabalho e saúde bem como se sentirem satisfeitos com o ambiente organizacional.
Estudos apontaram que funcionários insatisfeitos relatam mais sintomas físicos, como problemas
para dormir e dores estomacais, do que seus companheiros satisfeitos (Begley e Cazajka, 1993;
O’Driscoll e Beehr, 1994). Descobriu-se também a correlação entre a insatisfação e as emoções
negativas no trabalho, como ansiedade e depressão.
De acordo com Malhotra e Murkherjee (2004) empregados satisfeitos com o seu trabalho são
provavelmente os mais adequados aos seus postos de trabalho.
Existem vários modelos teóricos que explicam a satisfação, baseados nos estudos de Lima et al.
(1994), Alcobia (2001) e Cunha, Rego, Cunha, & Cardoso (2006). Em resumo apresenta-se uma tabela
com os principais modelos explicativos.
Lima et al. (1994) identifica dois grupos de variáveis individuais que ajudam a explicar a satisfação no
trabalho: as características individuais, no que respeita aos aspetos motivacionais ou valores
intrínsecos ao sujeito, bem como as características demográficas das organizações. Quanto a estas
variáveis pode-se destacar as seguintes dimensões: sexo, idade, antiguidade, categoria, habilitações
académicas.
A variável mais estudada é o sexo dos colaboradores, em diversos estudos desenvolvidos, não se têm
encontrado diferenças relevantes quando se fala do género relativamente à satisfação no trabalho
(Robbins, 2002).
Encontrar-se uma relação entre a variável idade e satisfação do colaborador no trabalho, sendo um
parâmetro alvo de diversos estudos que revela que os colaboradores mais velhos, independente da
sua formação, estão mais satisfeitos, pois têm uma função, valorizam-na e sentem-se contentes em
poder trabalhar (Robbins, 2002).
O parâmetro tempo de serviço assume uma posição na variável independente e apresenta uma forte
correlação com a satisfação. Pode-se estabelecer uma relação entre o tempo de serviço, as
oportunidades de progressão na organização e o nível de satisfação organizacional. Essa valorização
atribui-se às oportunidades de progressão. Segundo Robbins (2002) o tempo de serviço e a satisfação
estão relacionados positivamente. A relação entre estas duas variáveis parece proporcionar uma
ligação mais consistente do que a resultante entre a satisfação no trabalho e a idade cronológica.
Esta relação entre o tempo de serviço e a satisfação deve-se provavelmente a uma maior
estabilidade e a um maior conhecimento do trabalho e da organização.
No que diz respeito às características individuais, o autor destaca dois tipos de variáveis na
determinação da satisfação, nomeadamente os objetivos e os valores que o individuo espera
concretizar e as perceções relativamente ao trabalho. Deste modo a satisfação no trabalho resulta da
adequação entre os objetivos e/ou valores individuais em relação ao trabalho e as respostas que a
organização dá a essas expectativas.
Hackman & Lawler (1971) realizaram um estudo, citado por Neves (1998), que refere, que quando as
necessidades se refletem nos objetivos e são intensas, sensibilizam os trabalhadores para os aspetos
Nos modelos situacionais, os autores evidenciaram a satisfação dos colaboradores ao nível das
características do trabalho. Hackman & Oldham (1980) apresentaram um modelo, com vista a avaliar
o conteúdo do trabalho e seu potencial motivador, esquematizado na figura abaixo.
Figura 8: Modelo das características da função Hackman & Oldham 1975, in Lima et al. (1994)
O modelo de Hackman & Oldham (1980) possibilita a análise da interação entre as características do
trabalho com as diferenças individuais e respetivos resultados, tanto ao nível da satisfação e da
produtividade. Assenta no pressuposto da interação das características do trabalho com impacto na
satisfação. Assim, os autores apresentam as características do trabalho que se traduzem no tipo e na
variedade de competências, na identidade da tarefa, no significado da mesma, na autonomia na
realização da tarefa e no feedback. Estas cinco dimensões são responsáveis por três estados
psicológicos críticos, uma vez presentes, provocam nos colaboradores uma perceção de auto-
realização no desempenho do seu trabalho, que se traduz num sentimento de auto-recompensa.
Caso não apresentem um bom desempenho, este sentimento não se verifica (Hackman, 1983).
Por fim, relaciona-se a satisfação com as variáveis de interação social, entre as quais se incluem as
dimensões de congruência e as interações dinâmicas nos processos de influência social.
Cavanagh (1992) propõe três grupos que influenciam a satisfação no trabalho: as diferenças de
personalidade, as diferenças no ambiente de trabalho e as diferenças nos valores atribuídos ao
trabalho.
A realização dos colaboradores no ambiente organizacional consiste, que o colaborador está convicto
do seu esforço em prol da organização, apresenta níveis de satisfação relativamente às
oportunidades de formação e desenvolvimento pessoal e profissional. O colaborador sente orgulho
da empresa onde trabalha junto da comunidade, identifica-se com os valores da empresa e com o
trabalho que efetua na organização tendo a perceção da qualidade do produto/serviço final.
As variáveis mediadoras neste estudo são variáveis intermédias do desempenho das equipas e
também apresentam influencia na performance. Estas variáveis são influenciadas pelas
características funcionais e organizacionais das equipas. O envolvimento organizacional e o
desempenho individual são variáveis mediadoras abordadas neste estudo. Analisa-se o impacto que
apresentam no desempenho das equipas e também quais as varáveis antecedentes que as
influenciam.
McCaul et al. (1995) por sua vez referem que o envolvimento organizacional é uma atitude global
que os empregados têm na sua forma de avaliar e reagir em relação à organização.
O envolvimento organizacional pode também ser descrito como um vínculo psicológico com a
organização que influencia os indivíduos a agir de forma consistente com os interesses da
organização (Mowday e McDade 1979).
Nesta perspetiva o envolvimento é definido como “a força relativa da identificação do indivíduo com
a organização e o seu envolvimento na mesma” (Mowday et al., 1982). Para estes autores o
envolvimento pode ser conceptualmente caracterizado como um conceito trifatorial baseado:
• Numa forte crença nos valores e objetivos da organização;
• Numa vontade de desenvolver esforços e sacrifícios em prol da organização;
• Na existência de uma forte intenção ou desejo de permanecer membro da organização.
Já na década de 90, Meyer & Allen (1991) desenvolveram um modelo tridimensional: envolvimento
afetivo, instrumental e normativo. O envolvimento organizacional é visto como um estado
psicológico que carateriza a ligação do individuo à organização, tendo implicações na sua decisão de
nela continuar (Allen & Meyer, 1996, 2000; Meyer, 1997).
No seguimento dos estudos de Allen & Meyer (1996, 2000), Rego, Cunha & Souto, (2005),
consideram que as pessoas desenvolveram três tipos de laços psicológicos com as organizações,
donde decorrem três dimensões de envolvimento:
• Ligação afetiva, orientação afetiva para com a organização. Reflete o grau em que o
colaborador se sente emocionalmente ligado, identificado e envolvido na organização.
• Ligação instrumental, diz respeito ao grau em que o colaborador se mantém ligado à
organização devido ao reconhecimento dos custos associados com a sua saída da mesma.
Este reconhecimento pode advir da ausência de alternativas de emprego ou do sentimento
de que os sacrifícios pessoais gerados pela saída serão elevados.
• Laços normativos, um sentido de lealdade/ obrigação moral de permanecer na organização.
Ainda de acordo com Rego et al. (2005) as três dimensões geram diferentes reações atitudinais e
comportamentais. As pessoas tendem a desenvolver o seu trabalho com maior entusiasmo e
dedicação quando se sentem ligadas afetivamente à sua organização. Dado que o envolvimento
afetivo assenta num vínculo emocional com a organização, as pessoas mais envolvidas afetivamente
sentem-se mais motivadas para contribuir para o desempenho da organização, denotam menor
turnover, revelam menor absentismo e adotam comportamentos de cidadania organizacional (Organ
& Paine, 2000).
Dos estudos efetuados nas três dimensões do envolvimento organizacional, verifica-se que as
relações são mais fortes entre o envolvimento afetivo e as variáveis de satisfação, como a
assiduidade e o desempenho (Meyer et al. 2002). Trabalhadores com elevado envolvimento afetivo
estão mais identificados e empenhados em contribuir para o sucesso da organização, tendem a
desempenhar melhor o seu trabalho, a ser mais produtivos e a não manifestar desejo de sair.
Quando os colaboradores permanecem na organização apenas por percecionam escassez de
alternativas atrativas no exterior, ou porque julgam que os custos de saída serão elevados (laço
instrumental) o desempenho desses colaboradores é baixo.
Os colaboradores que sentem a obrigação e o dever de lealdade para com a organização (laço
normativo) tendem a adotar comportamentos organizacionais positivos. No entanto esses
sentimentos não provocam o mesmo entusiamo e empenhamento do envolvimento afetivo.
É importante que as organizações promovam laços afetivos e normativos nos colaboradores e
reduzam a força dos laços instrumentais.
Allen e Meyer (1990) distinguem três formas de envolvimento organizacional, que serão alvo de
estudo detalhado:
• O comprometimento afetivo, como sendo uma ligação emocional e uma identificação com a
organização.
• O comprometimento instrumental, como um investimento pessoal que contabiliza os custos
percebidos e associados ao abandono da organização,
• O comprometimento normativo, como a obrigação percebida e o dever moral de
permanecer na organização.
O envolvimento afetivo caracteriza-se pelo “desejo” de permanecer na organização. Segundo Allen &
Meyer (1990) “Colaboradores com um forte envolvimento afetivo permanecem na organização
porque querem (…)” (Página 3).
O envolvimento organizacional afetivo dos colaboradores tem sido bastante discutido e analisado na
literatura, devido às fortes associações positivas com diversos e valiosos proveitos organizacionais,
nomeadamente os seguintes:
• Satisfação dos colaboradores (Hunt et al., 1995; Saks e Ashforth, 1997; Bhuian e Menguc,
2002);
• Menor intenção de saída da organização (Steers, 1977);
• Menor rotatividade (Mathieu e Zajac’s, 1990; Chang, 1999; Chang et al., 2007)
• Reduzido absentismo (Steers,1977; Hammer et al., 1981);
• Desempenho (Mathieu e Zajac’s, 1990);
Traduz-se na “necessidade” de ficar na organização. Para Allen &Meyer (1990) “Colaboradores com
(…) envolvimento instrumental permanecem porque precisam (…)” (página 3). O colaborador está
empenhado apenas porque perceciona os custos que estão envolvidos ao abandonar a organização.
Meyer & Allen (1984) e Mathieu & Zajac (1990) reconheceram a existência deste tipo de
comportamento, que se denomina “envolvimento instrumental”, pois não só revela compromissos
em persistir numa dada linha de ação, como também se distingue de um outro estilo de natureza
afetiva (Mathieu & Zajac, 1990).
Segundo Becker (1960) o colaborador analisa o quanto investiu na relação com a organização, o
quanto conseguiu receber ou alcançar como resultado desse investimento, avaliando a resolução
(Meyer & Allen, 1984; Mathieu & Zajac, 1990).
O envolvimento instrumental foi operacionalizado pelas escalas desenvolvidas por Ritzer & Trice,
1969, e por Hrebiniak & Alluto (1972), citados por Meyer & Allen (1984).
A componente normativa refere-se a uma obrigação moral de permanecer na organização. (Ko, Price
& Mueller, 1997).
Mathieu & Zajac (1990) concluíram que algumas variáveis podem ser estudadas como causas e
consequências do envolvimento, nomeadamente a satisfação e a motivação.
Com base na literatura existente, é possível afirmar, que os elevados níveis envolvimento
organizacional apresentam consequências positivas em fatores organizacionais tais como, o
absentismo, o desempenho no trabalho, o turnover e a cidadania organizacional (Randall, 1987;
Mathieu & Zajac, 1990; Allen &Meyer, 1990).
Alguns investigadores debruçam-se sobre os efeitos negativos dos níveis elevados de envolvimento
(Randall, 1987; Mathieu & Zajac, 1990), pois podem repercutir-se ao nível do “stress”. A dificuldade
de o colaborador conciliar o trabalho com a sua vida privada poderá propiciar o absentismo, a falta
de criatividade e inovação, o baixo desempenho, o turnover e a deslealdade organizacional (Mathieu
& Zajac, 1990).
Randall (1987) afirma que deve existir níveis moderados de envolvimento organizacional. Para o
autor, os indivíduos não podem esquecer a sua identidade e os seus valores, devendo aceitar
somente alguns valores organizacionais, isto é, têm um nível moderado de envolvimento
organizacional.
O envolvimento organizacional deve ser gerido por forma a beneficiar a organização, no entanto, é
importante ter em atenção, o envolvimento que se pretende incutir nos trabalhadores (Randall,
1987; Mathieu &Zajac, 1990).
Segundo Allen & Meyer (1990) existem três dimensões de envolvimento organizacional, o afetivo, o
normativo e o instrumental. Os colaboradores com maior envolvimento afetivo têm experiências de
trabalho diferentes dos colaboradores com maior envolvimento instrumental. Randall & O’Driscoll
(1997) mencionam que o envolvimento instrumental se encontra mais relacionado com um menor
apoio organizacional, maiores divergências nas políticas organizacionais, escassas perceções dos
valores positivos da organização e fraca ligação à mesma.
Os membros de uma equipa quando se comprometem com a equipa, acreditam no que ela faz,
sentem orgulho, mostram lealdade e exprimem sentimentos de camaradagem (Haskins, Liedtka &
Rosemblum, 1998). Membros empenhados atendem à chamada “o dever acima de tudo” para ajudar
a sua equipa, sendo menos suscetível abandonar o trabalho (Mathieu & Zajac, 1990).
O desempenho individual é citado por Lobos (1979) como sendo a realização das tarefas por parte do
colaborador de forma mais otimizada com base nos recursos que dispõe.
Lucena (1995) refere que as pessoas são as principais responsáveis pelos processos de mudança das
organizações. O empenho em manter a organização atualizada e bem-sucedida resulta de decisões
assertivas e planeadas. Portanto, as organizações dependem da forma como o colaborador se
compromete, na sua capacidade de inovar e do seu desempenho.
Neste trabalho, a liderança não é aprofundada, no entanto relaciona-se com a temática em questão.
Não podemos deixar de falar em equipas, funcionamento do trabalho em equipa, desempenho de
equipas sem falar da gestão das mesmas e da liderança.
“Gerir é fazer bem as coisas; liderar é fazer as coisas certas.”, Peter Drucker.
“A liderança é mais arte do que ciência. Nessa arte, o líder tem de aplicar a sua experiência e o seu
bom senso para decidir quando, como, e com quem deve usar cada um dos estilos ”, Estanqueiro
(1992).
Assim, enquanto a liderança for vista como um fenómeno de influência interpessoal, o líder pode ser
percebido como aquele que decide o que deve ser feito e faz com que as pessoas executem essa
decisão. Deste modo, o líder será avaliado pelos resultados simbólicos, mais do que pelos resultados
substantivos – “ser responsável é aceitar ter que responder por algo e perante alguém” (Gomes e
colabs., 2000).
Daqui se depreende a importância de como o líder é visto pelos outros na sua função de liderar, bem
como atender à perceção que o próprio tem acerca do modo como utiliza a sua liderança. O líder
deve avaliar o seu próprio estilo, auto-percepcionando-se, auto-críticando-se e questionando-se.
O comportamento dos colaboradores implica que o líder adote um estilo de liderança específico e
adequado às características desse grupo. Pelo processo de influência, o líder pode alterar o
comportamento dos colaboradores, de modo intencional, através das estratégias que utiliza para
impor o seu domínio e ascendência. É importante que o líder se relacione com todos os elementos
do grupo que lidera.
Quando juntamos um conjunto de pessoas não temos uma equipa, mas um grupo de
individualidades. Os grupos transformam-se em equipas através de ações disciplinadas. E isso
acontece sempre que se tem um objetivo comum, concordam com as mesmas expectativas de
desempenho, definem uma abordagem de trabalho semelhante, desenvolvem níveis de
competências complementares, e apoiam-se mutuamente para a obtenção de resultados. Qualquer
estratégia necessita de capacidade de execução. É isso que as grandes equipas fazem, transformam
os sonhos (objetivos) em realidade, através de uma disciplina coletiva mais ou menos harmoniosa.
Assim é necessário entender a liderança como uma função da equipa, pois não existe liderança sobre
nós próprios quando estamos sozinhos ou isolados. Nós exercemos a liderança, sempre, na presença
dos outros. Ou seja, a liderança é um processo contínuo que acontece entre e com os elementos da
equipa. O líder quer ser seguido, os seus seguidores querem segui-lo.
Sendo a liderança uma função exercida nas equipas, a medida da eficácia dessa função deve estar
centrada na forma como a equipa atinge os seus objetivos.
Um bom líder conhece verdadeiramente as pessoas com quem trabalha, as suas motivações e
aspirações, traz à superfície o melhor de cada elemento da equipa. Faz com que cada um se revele e
dê o seu melhor em prol do grupo e dos objetivos da organização. Reconhece também que uma
equipa passa por diversas fases de evolução até atingir a sua maturidade e o seu pico de
produtividade. Sabe como intervir nessas fases, sendo um elemento chave nos processos de
comunicação. Adapta-se às circunstâncias do meio, da tarefa e do grupo e sabe exercer o estilo de
liderança adequada à situação (Henriques, 2008).
Segundo Henriques (2008), o líder deve construir uma equipa de modo estruturado, podendo
implementar quatro funções (4 D’s) principais na liderança de uma equipa: sonho (Dream), desenho
ou constituição (Design), desenvolvimento (Development) e a entrega (Deliver).
Sonho (Dream) – uma equipa necessita de ter um propósito claro e bem definido. Este é o passo mais
importante no trabalho a fazer com uma equipa. Se a equipa tem um objetivo que constitui um
estímulo e um desafio, o trabalho em equipa será fundamental para os elementos da equipa
realizarem as suas tarefas. Em equipas de alto desempenho, o líder assegura uma visão bem definida
para onde vão, e a comunicação desse sonho integra uma linguagem clara e simples de tal forma
atrativa que todos os elementos da equipa conseguem “pintar o quadro” idealizando o futuro.
Desenho (Design) – a constituição de uma equipa é um passo crítico de todo o processo. Os líderes
necessitam de desenhar a equipa em função do seu objetivo, mudando-a se detetarem desvios. O
líder deverá investir o tempo que for necessário para a constituição da equipa pois assim diminuirá o
desperdício de recursos.
Entrega de Resultados (Deliver) – os acionistas, os clientes assim como todos os stakeholders estão
satisfeitos? Atingiram ou superaram os objetivos? A equipa está a conseguir manter as aptidões e
competências? As respostas a estas perguntas permitem-nos compreender qual o nível de resultados
que a equipa está a obter.
Segundo Katzenbach e Smith (1993), numa equipa o líder desempenha um papel fulcral. Ao manter o
propósito da equipa, seus objetivos e abordagem relevantes e significativas, ajuda a sua equipa a
definir claramente a sua missão, metas e abordagem. Mas o líder deve manter alguma distância, ao
mesmo tempo que constrói o compromisso e a confiança de cada elemento da equipa e da equipa
como um todo.
Uma das suas principais atribuições é a gestão das relações com o exterior, inclusive intervindo a
favor da equipa, removendo obstáculos que possam surgir.
Mas um líder também tem que saber sair de cena e dar oportunidade a outros que possam estar em
posição de conduzir uma discussão ou para dar a oportunidade à equipa de assumir
responsabilidades. O líder deve saber reconhecer que não é o único detentor de conhecimento e que
não tem que tomar todas as decisões. Um líder tem sempre que ter em conta todos os elementos da
equipa, já que ele também não existe sem eles.
Acima de tudo o líder tem que conseguir encontrar o equilíbrio entre orientar e ceder o controlo. E
como outro elemento da equipa, o líder deve fazer trabalho real, contribuindo da melhor forma
possível para a performance da equipa.
Segundo Figueiredo (2011) ser um líder é conquistar o espaço e o respeito entre a equipa de
trabalho, demonstrando a sua importância e relevância em todo o processo organizacional, é o
poder de se tornar uma referência dentro da missão e dos objetivos da organização.
O líder tem o papel de desenvolver o potencial individual de cada colaborador. Ter empatia,
colocando-se sempre no lugar do outro, o que fará com que possua maior compreensão e afinidade
nos relacionamentos com os elementos da equipa. Ser bom negociador e saber gerir conflitos além
de saber planear e tomar decisões.
2.6 CONCLUSÕES
Neste capítulo procedeu-se à revisão da literatura da temática em estudo, iniciando com a definição
das equipas, a sua criação e as equipas de alto desempenho. Abordou-se também, o desempenho
das equipas e os diversos modelos existentes, as características de caracter funcional e
organizacional, bem como as variáveis mediadoras, nomeadamente envolvimento individual e
desempenho individual.
3.1 INTRODUÇÃO
Segundo Hill e Hill (2002), na investigação empírica fazem-se observações da temática em estudo
“com o objetivo de se construírem explicações ou novas teorias” (pág. 19). Assim, a investigação
começa e termina na teoria.
Neste trabalho, o estudo empírico é desenvolvido com base na filosofia do positivismo, com recurso
à aplicação de um método científico, criado através de uma realidade objetiva que é exterior ao
investigador, os factos existem por si só, são independentes dos valores e crenças do investigador. O
conhecimento é construído pela lógica, sendo caracterizado por relações causais, dando-se ênfase a
metodologias estruturadas que facilitem a replicação, generalizando a análise estatística de natureza
essencialmente quantitativa.
Segundo Deshpandé (1993) “os paradigmas são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer
ciência” (pág. 101).
No âmbito desta investigação, o estudo é baseado num modelo concetual e respetivas hipóteses que
pretendem validar através da amostra recolhida aos colaboradores que operam em empresas
portuguesas. Considera-se relevante os paradigmas da investigação, pois permitem a evolução
científica.
O modelo apresentado é constituído por 13 construtos. Embora não haja um limite de construtos
para os modelos de investigação, Hairetal (2005) recomenda que não se deve exceder 20 construtos,
depois, torna-se muito difícil a validação do modelo. Segundo o autor, modelos concisos oferecem o
“benefício da parcimónia”.
Neste ponto apresenta-se a hipótese geral da investigação, que consiste em identificar quais os
determinantes que influenciam a eficácia/desempenho das equipas. São igualmente definidas as
hipótese operacionais que representam as relações causais entre pares de variáveis.
Como complemento ao estudo, será analisado o impacto dos determinantes das características de
caracter funcional das equipas e organizacionais na satisfação e realização dos colaboradores, no
entanto não serão formuladas as hipóteses para não subcarregar o estudo.
H 12.1 Há uma relação positiva entre a Interdependência das Tarefas e o Desempenho Individual.
H 12.2 Há uma relação positiva entre a Interdependência do Objetivo e o Desempenho Individual.
H 12.3 Há uma relação positiva entre a Interdependência do Feedback e o Desempenho Individual.
H 13 Há uma relação positiva entre o Contexto e o Desemepnho Individual.
H 13.1 Há uma relação positiva entre a Formação e o Desempenho Individual.
H 13.2 Há uma relação positiva entre o Suporte de Gestão e o Desempenho Individual.
H 13.3 Há uma relação positiva entre Comunicação e o Desempenho Individual.
H 14 Há uma relação positiva entre o Processo e o Desempenho Individual.
H 14.1 Há uma relação positiva entre o Espírito de Equipa e o Desempenho Individual.
H 14.2 Há uma relação positiva entre o Apoio Social e o Desempenho Individual.
H 14.3 Há uma relação positiva entre a Partilha da Carga de Trabalho e o Desempenho Individual.
Há uma relação positiva entre a Comunicação/Cooperação dentro da Equipa e o Desempenho
H 14.4 Individual.
H 15 Há uma relação positiva entre a Motivação e o Desempenho Individual.
H 16 Há uma relação positiva entre o Clima Organizacional e o Desempenho Individual.
H 17 Há uma relação positiva entre as Condições de Trabalho e Saúde e o Desempenho Individual.
H 18 Há uma relação positiva entre a Realização e o Desempenho Individual.
H 19 Há uma relação positiva entre a Satisfação com a Gestão e o Desempenho Individual.
H 20 Há uma relação positiva entre a Satisfação e o Desempenho Individual.
A operacionalização das variáveis fez-se com recurso as escalas de medição existentes na literatura
sobre a temática, após diversas pesquisas na biblioteca virtual ProQuest na Faculdade de Economia.
2 - Discordo parcialmente
3 - Concordo parcialmente
4 - Concordo
5 - Concordo Totalmente
1. Como membro da equipa, tenho uma palavra a dizer relativamente ao trabalho realizado
(PT_P1).
2. A maioria dos membros da minha equipa tem oportunidade de participar na tomada de
decisões (PT_ P2).
3. A minha equipa está projetada para permitir que todos os membros participem na tomada
de decisões (PT_P3).
Para avaliar o impacto do construto contexto (característica funcional) no desempenho das equipas,
utilizou-se escala de Campion, Paper, & Medsker (1996). Este construto é constituído pelas seguintes
dimensões: formação, suporte de gestão, comunicação/cooperação entre equipas.
eficiente (P_EE1).
Para avaliar a satisfação dos membros com a equipa, utilizou-se a escala de Campion, Paper, &
Medsker (1996).
Este construto é constituído pelos itens 1 a 3 do questionário (MEST1, MEST2, MEST3).
1. Estou satisfeito com os meus colegas da minha equipa. (MEST_1)
2. Estou satisfeito com a forma, como eu e os meus colegas trabalhamos juntos. (MEST_2)
3. Estou muito satisfeito com o trabalho desta equipa. (MEST_3)
Para avaliar a capacidade crítica da equipa, utilizou-se a escala de Campion, Paper, & Medsker (1996).
A variável é constituída por 11 itens (CCEF1, CCEF2, CCEF3, CCEF4, CCEF5, CCEF6, CCEF7, CCEF8,
CCEF9, CCEF10, CCEF11).
1. A minha equipa conclui sempre o trabalho com qualidade. (CCEF1)
2. A minha equipa oferece um produto de qualidade aos clientes. (CCEF2)
3. A minha equipa alcança a produtividade desejada. (CCEF3)
4. A minha equipa conclui sempre o trabalho no tempo desejado. (CCEF4)
5. A minha equipa realiza o trabalho dentro do orçamento estipulado. (CCEF5)
6. A minha equipa fornece serviços inovadores. (CCEF6)
7. A minha equipa responde rapidamente aos problemas e oportunidades. (CCEF7)
8. Os membros da minha equipa expressam satisfação no trabalho. (CCEF8)
9. A minha equipa vai sempre de encontro aos resultados globais esperados. (CCEF9)
10. A minha equipa demonstra iniciativa. (CCEF10)
11. Os membros da minha equipa cooperam com os não-membros da equipa. (CCEF11)
Com objetivo avaliar a motivação e analisar o impacto no desempenho das equipas, utilizou-se a
escala de Cook et al., (1981).
Esta variável é apresentada pelos itens 1 a 8 do questionário (M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8).
1. Eu chego à empresa à hora certa e também não saio mais cedo.
2. No meu trabalho o que faço é com interesse.
3. Eu estou confiante nas minhas competências para ter sucesso no meu trabalho.
4. Eu não culpo os outros.
5. Eu assumo os meus erros.
6. Eu tenho um chefe/líder que me motiva.
7. Eu tenho uma maior precisão/dedicação no meu próprio trabalho do que os meus colegas.
8. Eu regularmente penso/preocupo-me com questões do trabalho quando estou em casa.
9. Eu promovo uma melhoria das minhas habilitações e competências.
O clima organizacional foi analisado através de Brown & Leigh (1996). Avalia-se o clima ao nível
individual (clima psicológico) relacionando as dimensões inerentes à segurança psicológica e ao
significado psicológico que a função tem para os colaboradores, através dos itens de 1 a 13 do
questionário (CO1, CO2, CO3, CO4, CO5, CO6, CO7, CO8, CO9, CO10, CO11, CO12, CO13).
1. A minha chefia direta é flexível relativamente à forma como atinjo os meus objetivos (CO1).
2. A minha chefia direta é explícita relativamente à forma como o meu trabalho deve ser feito
(CO2).
3. Os meus superiores valorizam a forma como faço o meu trabalho (CO3).
4. Os sentimentos que expressos no trabalho são os meus verdadeiros sentimentos (CO4).
5. O meu trabalho coloca-me muitos desafios (CO5).
6. A minha chefia direta valoriza as minhas ideias e a minha forma de fazer as coisas (CO6).
7. A quantidade de trabalho e esforço que se espera na minha função estão claramente
definidas (CO7).
8. Fazer bem o meu trabalho faz muita diferença na organização (CO8).
9. A organização reconhece a importância dos contributos que trago para o trabalho (CO9).
O construto condições de trabalho é uma característica organizacional, que tem como objetivo medir
a satisfação dos colaboradores relativamente ao local de trabalho e avaliar esse impacto no
desempenho das equipas. A escala utilizada foi a de Graça (1999) através dos itens de 1 a 4 do
questionário (CTS1, CTS2, CTS3, CTS4).
Para o construto realização, com o objetivo medir a realização de colaboradores e avaliar o seu
impacto no desempenho das equipas, a escala utilizada foi a de Graça (1999) com base nos itens 1 a
6 do questionário (R1, R2, R3, R4, R5, R6).
1. Tenho a convicção de que vale realmente a pena uma pessoa esforçar-se e dar o seu melhor
na organização onde trabalha (R1).
2. Sinto-me satisfeito(a) com a oportunidade de formação contínua e desenvolvimento pessoal,
no âmbito da minha carreira (R2).
3. Sinto-me satisfeito(a) com o devido reconhecimento do meu desempenho profissional, por
parte da minha chefia hierárquica (R3).
4. Sinto-me satisfeito(a) com o entusiasmo com que vivo as mudanças que estão (ou vão) ser
introduzidas neste serviço, caso existam (R4).
5. Tenho a perceção da garantia de qualidade do produto final vendido aos clientes, no qual eu
participei (R5).
6. Sinto orgulho relativamente à imagem da empresa, junto da Comunidade onde estou
inserido (R6).
1. Sentir-me-ia muito feliz se pudesse fazer o resto da minha carreira nesta organização
(EO_A1).
2. Sinto-me como “parte da família” na minha organização (EO_A2).
3. Uma das poucas consequências negativas de abandonar esta organização seria a
escassez de alternativas disponíveis (EO_A3).
4. Ser-me-ia muito custoso abandonar a minha organização neste momento, mesmo que
eu quisesse (EO_A4).
5. Sinto verdadeiramente os problemas desta organização como se fossem os meus
(EO_A5).
6. Esta organização tem um grande significado para mim (EO_A6).
7. Esta organização merece a minha lealdade (EO_A7).
1. A minha vida seria seriamente abalada se decidisse abandonar agora a minha organização
(EO_N1).
2. Neste momento, não abandonaria a meu local de trabalho porque tenho um sentimento de
obrigação para com as pessoas que nela trabalham (EO_N2).
3. Devo muito a esta organização (EO_N3).
4. Mesmo que fosse vantajoso para mim, sinto que não seria correto abandonar neste
momento a minha equipa de trabalho (EO_N4).
5. Sentir-me-ia culpado(a) se deixasse a minha organização neste momento (EO_N5).
6. Eu sinto a obrigação de permanecer na minha organização (EO_N6).
O construto satisfação tem com o objetivo avaliar a satisfação dos colaboradores, segundo a escala
de Lund (2003), através dos itens de 1 a 5 (S1, S2; S3, S4, S5) do questionário.
1. Em termos gerais, estou satisfeito(a) com o meu trabalho (S1).
2. Em termos gerais, estou satisfeito(a) com os meus colegas de trabalho (S2).
3. Em termos gerais, estou satisfeito(a) com a minha chefia (S3).
4. Em termos gerais, estou satisfeito(a) com a minha remuneração (S4).
5. Em termos gerais, estou satisfeito(a) com as oportunidades de promoção (S5).
O desempenho individual é avaliado através da escala de Boles et al.(2001), numa versão adaptada
da escala de Kohli, Shervani e Challagalla(1998) e de Sujan, Weitz e Kumar(1994). A variável
apresenta-se representada no questionário pelos itens de 1 a 5 (DI1, DI2; DI3, DI4, DI5, DI6, DI7, DI8).
1. Cumpro eficazmente as minhas metas de desempenho nas minhas tarefas (DI1).
2. Considero o meu desempenho geral muito bom (DI2).
3. Tenho bons conhecimentos sobre os diversos processos em que estou envolvido (DI3).
4. Exerço perfeitamente a gestão do tempo, planeamento e organização do trabalho (DI4).
5. Ajudo o meu superior na concretização dos objetivos definidos pela gestão da empresa (DI5).
6. Cumpro meticulosamente as políticas e procedimentos da organização (DI6).
7. A quantidade global do trabalho que desenvolvo é elevada (DI7).
8. A qualidade global do trabalho que desenvolvo é elevada (DI8).
Para o construto satisfação com a gestão, com o objetivo medir em que medida os membros da
organização estão satisfeitos com a qualidade e apoio recebidos da gestão como percecionam a
justiça organizacional, segundo a escala de reduzida de Churchil et al. (1974), que pretende
quantificar a satisfação com o trabalho. No questionário esta variável apresenta-se nos itens 1 a 5
(SG1, SG2; SG3, SG4, SG5).
1. As pessoas que trabalham nesta organização recebem um bom apoio por parte dos órgãos
de gestão (SG1).
2. Os órgãos de gestão ouvem as nossas sugestões/reclamações (SG2).
3. Esta organização é gerida de forma apropriada (SG3).
4. Os órgãos de gestão desta empresa agem corretamente (SG4).
5. Tenho confiança na equidade e honestidade da gestão desta empresa (SG5).
A nível profissional:
Antiguidade na profissão
Antiguidade no serviço atual
Categoria profissional
Tipo do contrato de trabalho
A nível pessoal:
Idade
Sexo
Nível de escolaridade (Doutoramento, Mestrado, Licenciatura, Ensino Secundário (até 12º
ano), Ensino Básico (até 9º ano)).
O inquérito deste estudo foi disponibilizado através de um endereço eletrónico nas redes sociais e
enviado às empresas por correio eletrónico, com o objetivo de aumentar público-alvo. O inquérito
destinava-se a colaboradores que exercessem funções em empresas portuguesas.
O referido inquérito apresentava uma parte introdutória com uma breve explicação do objetivo de
estudo, garantindo toda a confidencialidade e sigilo da informação prestada. Foi também,
disponibilizado o contacto do autor do estudo para eventuais esclarecimentos ou dúvidas.
https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?fromEmail=true&formkey=dFcyRm02N3hfaUdvYmp
5M285THRxcUE6MQ
As respostas ao inquérito ficaram alojadas na plataforma Google Docs, que depois foram importadas
para o programa IBM SPSS Statistics.
Relativamente aos colaboradores que participaram, no que diz respeito ao género, a distribuição foi
55,6% correspondem a 70 inquiridos do sexo masculino e os restantes 44,4%, ou seja 56
respondentes são do sexo feminino.
Pela análise da tabela 5, verifica-se que nos encontramos na presença de uma população jovem, em
que mais de 92% dos inquiridos se situam numa idade inferior aos 50 anos, observando-se que a
média das idades se encontra entre 30-40 anos com um desvio padrão de 0,885.
Relativamente ao nível de escolaridade, podemos observar que 77,8% da amostra possui habilitações
académicas ao nível do ensino superior, verificando-se que a amostra inquirida possui um nível de
habilitações académicas bastante elevadas.
Quanto à categoria profissional, verifica-se que 42,9% dos inquiridos assumem funções no quadro de
chefia e 19,8% ao quadro de topo e 37,3% ao quadro base.
Antiguidade Profissão
(anos) Frequência Percentagem %
0-3 19 15,1
4-6 30 23,8
7-10 28 22,2
11-20 32 25,4
>20 17 13,5
Total 126 100
Pela análise da tabela 9, observa-se que o maior número dos inquiridos compreende-se em 11-20
anos na antiguidade na profissão, com uma percentagem 25,4% correspondente a 32 colaboradores.
Relativamente à antiguidade no serviço, verifica-se que a amostra é composta por colaboradores que
atualmente em média estão no mesmo serviço entre 4-6 anos com uma percentagem de 23% e um
desvio padrão de 1,35.
A amostra é representativa com uma percentagem de 61,9% dos inquiridos, que possuem um
contrato de trabalho com vínculo por tempo indeterminado.
Para assegurar a operacionalização das variáveis, foi necessário garantir a consistência dos dados e a
unidimensionalidade das medidas utilizadas, assim, procedeu-se ao refinamento das escalas,
utilizando a análise fatorial exploratória, permitindo analisar a dimensionalidade dos construtos do
modelo.
A Análise Fatorial Exploratória (EFA de exploratory factorial analysis), segundo Hair et al. (2005),
consiste: “num conjunto de técnicas estatísticas multivariadas que analisa os padrões das relações
complexas simultaneamente, de modo a definir a estrutura subjacente a um conjunto de variáveis”.
Pestana e Gageiro (2008) por sua vez, definem EFA do seguinte modo: “um conjunto de técnicas
estatísticas que procuram explicar a correlação entre as variáveis observáveis, simplificando os dados
através da redução do número de variáveis necessárias para descrevê-los”. Para eles, as variáveis
observáveis são reduzidas a um pequeno número de variáveis não observáveis que as representam.
Neste estudo foi utilizado a rotação varimax, com objetivo de obter uma solução rodada do fator.
Este método tem como objetivo maximizar a variação dos pesos (loadings) de cada componente
principal, ou seja, no sentido de interpretar melhor os fatores, a rotação aumenta os pesos (loadings)
mais elevados e diminui os loadings mais baixos de cada variável. Assim, os itens com peso (loading)
elevado em determinados fatores da análise fatorial são reduzidos a índices que correspondem
aproximadamente aos fatores.
No sentido de proceder à verificação do grau de ajustamento dos dados à análise fatorial, foram
utilizados os testes de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e de esfericidade de Bartlett. Estes testes
estatísticos permitem aferir a qualidade das correlações entre as variáveis de forma a prosseguir com
a análise fatorial. Em relação ao teste KMO, os valores dos índices variam entre 0 e 1, sendo que,
para que a análise fatorial seja considerada “boa” os valores obtidos devem ser superiores a 0,8. No
entanto, a partir de 0,6 é considerada “razoável” e “média” com valores superiores a 0,7. Em relação
ao teste de Bartlett, valores com significância superior a 0,05 expressam que os dados não são
adequados para realizar a análise fatorial.
A variância total explicada permite avaliar a explicação do modelo com base na explicação dos dados
fatoriais, conforme Hair et al. (2005) e Malhotra (2001), considera-se satisfatória uma solução que
explique 60% da variância total.
Para avaliar a consistência interna dos dados resultantes da análise fatorial foi utilizado o teste Alfa
de Cronbach ( ). O valor resultante deste indicador pode ser considerado “razoável” a partir de 0.7,
“bom” a partir de 0.8 e “excelente” a partir de 0.9. Para valores inferiores a 0.7 é considerado
“fraco”.
Após a análise individual de cada variável de forma isolada, para testar as hipóteses de investigação,
com o objetivo de avaliar a influência das variáveis independentes nas variáveis dependentes, usou-
se a Análise de Regressão Linear Múltipla. Esta análise tem como objetivo explicar a influência das
variáveis independentes na variável dependente.
De acordo com Pestana e Gageiro (2008), a Análise de Regressão Linear Múltipla é uma técnica
estatística que permite analisar o efeito linear direto de um conjunto de variáveis independentes
numa variável dependente.
Segundo Maroco (2003), “as regressões são utilizadas para modelar relações entre variáveis”. Em
geral o modelo de regressão assume a seguinte forma:
Uma vez determinados os coeficientes do modelo, resta avaliar a qualidade dos mesmos, isto é,
identificar se o modelo tem a capacidade de prever na população a variável dependente. Neste
sentido são realizados testes aos coeficientes do modelo (Pestana e Gageiro,2008), através dos
coeficientes de correlação de Pearson (R) e o coeficiente de determinação (R²).
De acordo com Pestana e Gageiro (2008) quanto mais próximo o R de Pearson estiver de -1 ou de 1,
melhor é a qualidade da amostra. O coeficiente de determinação (R²) mede a variância da variável
dependente explicada pelas variáveis independentes, varia de 0 e 1. Sendo que R² próximo de 1
reflete um bom modelo.
Por vezes (Pestana e Gageiro, 2008), o R² pode ser influenciado pela dimensão da amostra e pela
dispersão existente nos dados; neste caso, pode recorrer-se ao R² Adjusted que é mais utilizado
quando os modelos têm mais de que uma variável independente. De acordo com os autores, deve
ter-se em consideração que a perfeita dependência linear entre variáveis independentes e
dependentes é rara.
Para testar a significância da regressão, utilizou-se o teste F da ANOVA. Este teste serve para testar a
hipótese nula (H0). A regressão é significativa só quando a proporção da variância explicada é
grande. Isto ocorre só quando a razão F é grande. Por esta razão devemos sempre rejeitar H0 para
valores de F muito grandes. Se H0 não for rejeitada, então é o mesmo que dizer que o conjunto de
variáveis explicativas contribui pouco para a explicação da variância da variável dependente. Ao nível
de significância de 0.05, rejeitamos a hipótese da regressão que não seja significativa.
O método utilizado para identificar o melhor modelo foi o método Stepwise, pois é adequado
quando existem correlações importantes entre as variáveis independentes e garante que cada
variável adicionada ao modelo não está correlacionada com as que já fazem parte do modelo. De
acordo com este método, as variáveis vão sendo incluídas no modelo pela ordem de importância que
têm na explicação da variável dependente.
Para cada coeficiente, é proposta a hipótese cujo valor do coeficiente é igual a zero (hipótese nula);
se assim for, a variável que tem associado o coeficiente não contribui para explicar a variável
dependente e nesse caso é excluída do modelo. Para níveis de p inferiores a 0,05 no teste t-Student,
é de rejeitar a hipótese, o que significa que o contributo da variável é significativo.
N.º
Variáveis/Dimensões Itens KMO Sig α
Itens
N.º
Variáveis/Dimensões Itens KMO Sig α
Itens
Condições de Trabalho
CTS1; CTS2; CTS3; CTS4 4 0,773 0,000 0,833
e Saúde
Observações:
O item C_CCE1 foi excluído para melhorar a consistência interna da variável Contexto
O item P_EE2 foi excluído para melhorar a consistência interna da variável Processo
O item P_PT2 foi excluído para melhorar a consistência interna da variável Processo
O item’s M5; M6; M7; M8 foram excluídos para melhorar a consistência interna da variável Motivação
O item DI6 foi excluído para melhorar a consistência interna da variável Desempenho Individual
α - Alpha de Cronbach
• Na variável processo, foi necessário excluir dois itens P_EE2 e P_PT2, estes dois fatores
estavam desviados dos restantes. A variável processo é explicativa apenas numa só variável,
inicialmente era constituída por quatro dimensões, nomeadamente o espírito de equipa, o
apoio social, a partilha da carga de trabalho e a comunicação/cooperação dentro da equipa.
• A variável capacidade crítica da eficácia da equipa estava prevista ser constituída por apenas
uma variável, situação que não se confirmou com a análise fatorial, ficando convergente em
duas dimensões, designadamente produtividade e qualidade.
• A variável motivação constituída por apenas uma variável assim se manteve pela análise, no
entanto foi necessário excluir os itens M5, M6, M7 e M8 que estavam desviados dos
restantes itens que explicavam positivamente a variável.
• O grau de ajustamento dos dados à análise fatorial de acordo com os resultados obtidos para
KMO:
o Verifica-se que projeto de trabalho, a interdependência, a satisfação da equipa no
trabalho, a motivação, as condições de trabalho e saúde e a satisfação apresentam
valores considerados médios (> 0,7);
o Para as variáveis o processo, a capacidade crítica da eficácia da equipa, o clima
organizacional, a realização, o envolvimento organizacional, o desempenho
individual e a satisfação com a gestão apresentam valores considerados bons (> 0,8);
• As variáveis que apresentam uma consistência interna razoável, com valores de α entre 0,7 e
0,8 são: o projeto de trabalho na dimensão autonomia e significado das tarefas, a
interdependência na dimensão interdependência das tarefas e a interdependência do
feedback, o contexto na dimensão de comunicação/cooperação entre equipas, a motivação e
o clima organizacional na dimensão clima autonomia.
• As variáveis que apresentam uma consistência interna boa, com valores de α entre 0,8 e 0,9
são: o projeto de trabalho na dimensão participação, o contexto na dimensão suporte com a
gestão, a capacidade crítica da eficácia da equipa na dimensão produtividade e qualidade, as
condições de trabalho e saúde, a realização, a satisfação e o desempenho individual.
• As variáveis que apresentam uma consistência interna excelente com α superior a 0,9 são: o
contexto na dimensão formação, o processo, a satisfação da equipa no trabalho, o
envolvimento organizacional na dimensão afetiva e instrumental e a satisfação com a gestão.
• A variância explicativa das variáveis varia entre 49,76% e 90,65%. Significa que a variável com
menor poder explicativo (49,75%) é o envolvimento organizacional e a variável com maior
valor explicativo é a satisfação da equipa no trabalho com uma variância de 90,65%.
Verificou-se, que todos os pressupostos da análise fatorial foram verificados. Os resultados dos
testes demonstraram a adequabilidade da amostra para a análise fatorial.
3.9 CONCLUSÕES
Foi analisada a dimensionalidade das variáveis utilizadas através da análise fatorial exploratória e
análise de consistência, com o objetivo de constituir as variáveis finais que irão ser alvo de estudo no
próximo capítulo.
4 RESULTADOS
4.1 INTRODUÇÃO
A apresentação dos resultados inicia-se com a análise descritiva das variáveis para uma melhor
interpretação das respostas dos inquiridos, de seguida procede-se à validação dos submodelos. Essa
validação é com base em procedimentos estatísticos, nomeadamente a Análise de Regressão Linear
Múltipla.
O modelo conceptual será dividido em três submodelos, que pretendem avaliar as relações de
interdependência das variáveis que têm impacto no envolvimento organizacional, no desempenho
individual e no desempenho das equipas.
Por fim, serão discutidos os resultados no sentido de corroborar ou não as hipóteses de investigação,
enquadrando os resultados com a literatura existente.
Com recurso à análise fatorial e de consistência criaram-se novas variáveis no software IBM SPSS
Statistics. Para a abordagem da análise descritiva, as variáveis em estudo foram obtidas, efetuando a
média dos itens das variáveis correspondentes ao agrupamento efetuado pela análise fatorial
exploratória e de consistência.
Na tabela seguinte, serão apresentados os valores médios das variáveis e respetivos desvios padrão
relativos às respostas obtidas neste estudo.
Desvio
Variáveis/Dimensões Designação SPSS Mínimo Máximo Média
Padrão
Projeto de Trabalho
Autonomia Autonomia 1,00 5,00 3,31 0,87
Participação Participacao 1,80 5,00 3,79 0,75
Significado Tarefa Significado 2,75 5,00 4,32 0,58
Interdependência
Interdependência Tarefas InderdTarefas 2,00 5,00 4,06 0,75
Interdependência Feedback InterdFeedback 2,00 5,00 3,64 0,66
Contexto
Formação C_Formacao 1,00 5,00 3,37 1,03
Suporte Gestão C_SuporteG 1,00 5,00 3,82 0,92
Comunicação C_Comunic 1,00 5,00 3,81 0,91
Processo Process 1,40 5,00 3,88 0,68
Membros Equipa Satisfeitos
MembrosEquipa 1,00 5,00 4,32 0,58
Trabalho
Capacidade Crítica Eficácia da
Equipa
Produtividade Produtividade 1,50 5,00 4,01 0,64
Qualidade Qualidade 1,29 5,00 3,91 0,68
Motivação Motivação 3,00 5,00 4,43 0,55
Clima Organizacional
Clima Autonomia Corgautonomia 2,50 5,00 4,28 0,64
Clima Valorização Corgvalorizacao 1,33 5,00 3,81 0,76
Condições de Trabalho CondTSaude 1,25 5,00 3,61 0,95
Realização Realizacao 1,50 5,00 3,78 0,80
Envolvimento Organizacional
Afetivo EmpenhoOrgAfetivo 1,22 5,00 3,62 0,95
Instrumental EmpenhoOrgNorm 1,00 5,00 2,97 1,10
Normativo EmpenhoOrgInst 1,00 5,00 3,28 0,93
Satisfação Satisfacao 1,00 5,00 3,45 0,83
Desempenho Individual
Desempenho DesempenhoInd1 2,75 5,00 4,20 0,64
Avaliação DesempenhoInd2 1,00 5,00 4,13 0,69
Satisfação com a Gestão Satisfgestao 1,00 5,00 3,24 1,06
Da análise dos valores médios obtidos apresentados na tabela 15, permite considerar:
• A variável realização quantifica os níveis de realização dos inquiridos no seio das suas
organizações apresenta um valor médio de 3,78 podemos concluir, que de algum modo, a
sua realização é satisfatória.
• A variável satisfação com a gestão apresenta um valor médio 3,24 onde os inquiridos
demostram satisfação moderada da forma como a organização é gerida.
Foram efetuados testes t-Students para todas as variáveis em estudo, com o objetivo de avaliar as
diferenças a partir dos dados sociodemográficos.
• Relativamente à idade foi efetuado o cutpoint nos 40 anos, no qual os colaboradores foram
divididos em dois grupos, os que têm idade inferior a 40 anos e os que têm idade igual ou
superior a 40 anos. Verificou-se que colaboradores com menos de 40 anos têm uma melhor
perceção das condições de trabalho e saúde, bem como um maior envolvimento afetivo com
a organização.
Teste t-Student
Desvio
Variáveis Idade N Média t gl p
Padrão
Teste t-Student
Posição na Desvio
Variáveis N Media t gl p
Organização Padrão
Interdependência ≥ Quadro Chefia 79 4,203 0,727 2,921 124 0,040
Tarefas <Quadro Chefia 47 3,809 0,741
Interdependência ≥ Quadro Chefia 79 3,732 0,673 2,056 124 0,042
Feedback <Quadro Chefia 49 3,486 0,609
Tabela 18: Teste t-Student para a Posição na Organização.
Pela análise da tabela, podemos verificar que a perceção da interdependência das tarefas pelos
colaboradores no quadro base e de chefia é superior nos colaboradores do quadro de topo.
Relativamente à interdependência do feedback, é inverso, são os colaboradores no quadro de topo
que têm melhor perceção do feedback que os restantes.
Através da análise da tabela acima apresentada, podemos concluir que os colaboradores com menos
anos no serviço atual apresentam um melhor desempenho individual, bem como um maior
envolvimento afetivo.
• Por fim, avaliou-se o efeito das condições do contrato de trabalho dos colaboradores sobre
as variáveis em estudo. A amostra foi dividida em dois grupos, os colaboradores com
contrato a termo indeterminado e outro grupo os colaboradores com contrato a termo certo
e incerto.
Teste t-Student
Contrato de Desvio
Variáveis N Media t gl p
Trabalho Padrão
Certo/Incerto 48 4,365 0,585 2,410 124 0,017
Realização
Indeterminado 78 4,089 0,657
Interdependência Certo/Incerto 48 3,902 0,673 2,739 124 0,007
Feedback Indeterminado 78 3,439 0,978
Tabela 20: Teste t-Student para o Contrato de Trabalho
Como complemento ao estudo, será avaliado o impacto das variáveis funcionais das equipas e
organizacionais na satisfação e realização dos colaboradores, bem como na satisfação dos
colaboradores com a sua gestão.
Será também alvo de análise a relação das variáveis funcionais de caracter dependente e
interdependente das equipas no desempenho das mesmas.
Também serão estudadas as perceções da eficácia por parte dos diversos elementos das equipas,
nomeadamente o quadro de topo, quadro de chefia e o quadro base.
Ao determinar os valores dos coeficientes, pelo método dos mínimos quadrados com o
procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes resultados:
R2 Variáveis β
R2 F Sig β t Sig
Ajustado SPSS Estandardizado
0,578 0,571 84,318 0,000 (constant) -3,92E-17
SATISF 0,431 0,431 4,254 0,000
REALIZ 0,367 0,367 3,616 0,000
As variáveis que influenciam o envolvimento organizacional afetivo são duas variáveis, a satisfação e
a realização, com a seguinte expressão:
Pela análise estatística do teste F da ANOVA que apresenta uma significância inferior a 0,05 podemos
concluir que o modelo é ajustado aos dados (F= 84,318; p=0,000). F e Sig avaliam a significância
global do modelo de regressão.
Pelo valor do Vif inferior a 5, podemos afirmar que não existe multicolineariedade entre as variáveis,
ou seja, não existem conflitos entre as variáveis, elas explicam-se a elas próprias.
O envolvimento organizacional afetivo depende da satisfação dos colaboradores o que significa que,
colaboradores satisfeitos no trabalho sentem-se comprometidos com a organização e apresentam o
desejo de trabalhar na organização. O valor de Beta Estandardizado é de 0,431 significa que a
satisfação influencia positivamente o envolvimento afetivo e como tal, a hipótese H10 é
parcialmente corroborada.
Pelo método dos mínimos quadrados e com a opção do Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
2
2 R Variáveis β
R F Sig β t Sig Vif
Ajustado SPSS Estandardizado
0,574 0,325 61,084 0,000 (constant) -3,34E-17
SATISF 0,574 0,574 7,816 0,000 1,000
O modelo obtido revelou que a variável que contribui para explicar o envolvimento organizacional
normativo é apenas a satisfação, resultando a seguinte regressão linear:
Este submodelo apresenta uma boa capacidade explicativa, dada pelo coeficiente de determinação
R2 com um valor de 0,574. Neste submodelo 57,4% da variância do envolvimento normativo é
explicada pela variável satisfação, os restantes 42,6% devem-se a outros fatores.
Os resultados estatísticos do teste F da ANOVA têm associada uma significância inferior a 0,05
podemos concluir que o modelo é ajustado aos dados (F=61,084 e p=0,000).
Os resultados dos testes t-Student são inferiores a 0,05 pelo que podemos afirmar que a variável
satisfação têm um contributo importante na previsão do envolvimento organizacional normativo.
Como o Vif é inferior a 5, não existe multicolineariedade, também apenas existe uma variável a
influenciar o envolvimento normativo.
Por fim, aborda-se o envolvimento normativo que inclui as variáveis de caracter funcional e
organizacional. Pretende-se identificar as variáveis que influenciam a variância do envolvimento
normativo através da seguinte regressão linear múltipla:
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
2
2 R Variáveis β
R F Sig Β t Sig Vif
Ajustado SPSS Estandardizado
0,121 0,099 5,585 0,001 (constant) -1,47E-16
MOT 0,232 0,232 2,538 0,012 1,163
SUPGEST -0,327 -0,327 -3,353 0,001 1,324
CONDTS 0,205 0,205 2,124 0,036 1,292
Pela análise da tabela, verifica-se que as variáveis que contribuem para a explicação do envolvimento
instrumental são: a motivação, o suporte de gestão e as condições de trabalho e saúde, resultando a
seguinte regressão linear:
Pelo resultado estatístico do teste F com uma significância inferior a 0,05 podemos concluir que o
modelo é ajustado aos dados.
O coeficiente β reflete o impacto da variável dependente quando a variável independente muda uma
unidade, ou seja, os coeficientes β fornecem uma medida de associação entre variável dependente e
variáveis independentes. A variável motivação com um β Estandardizado de 0,232 e a variável
condições de trabalho e saúde com um β Estandardizado de 0,205 apresentam um impacto positivo
no envolvimento instrumental, a variável suporte de gestão apresenta um β Estandardizado de 0,327
o que significa que têm uma relação negativa com o envolvimento instrumental.
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
2 β
2 R Variáveis
R F Sig β Estandardiza t Sig Vif
Ajustado SPSS
do
0,459 0,441 25,703 0,000 (constant) -3,50E-17
CLIMAUT 0,267 0,267 2,796 0,006 2,043
REALIZ 0,475 0,475 4,355 0,000 2,666
SATISFG -0,316 -0,316 -3,474 0,001 1,853
MOTIV 0,213 0,213 2,545 0,012 1,57
Pela observação da tabela, as variáveis explicativas que constituem o submodelo em estudo são: o
clima organizacional de autonomia, a realização, a satisfação com a gestão e a motivação, resultando
no seguinte submodelo:
As variáveis explicativas que apresentam uma relação positiva com o desempenho são: o clima
organizacional de autonomia com β Estandardizado de 0,267, a realização com um ponderação
bastante significativa β Estandardizado de 0,475 e a motivação com β Estandardizado de 0,213, no
sentido inverso a satisfação com a gestão apresenta um β Estandardizado de -0,316, o que significa
que influencia negativamente o desempenho.
Os resultados estatísticos dos testes F com uma significância inferior a 0,05 indicam que o submodelo
é ajustado aos dados [F=25,703 e Sig=0,00].
Os resultados obtidos ao nível da significância, através dos testes t-Student inferiores a 0,05 permite
afirmar, que as variáveis têm um contributo importante na previsão do desempenho.
Os resultados revelam que a satisfação com a gestão influência negativamente o desempenho dos
colaboradores. Dos coeficientes obtidos, podemos afirmar que a satisfação com a gestão têm um
impacto negativo no desempenho individual, facto de provavelmente, uma situação de gestão mais
autoritária e coerciva dá aos trabalhadores uma maior sensação de produtividade. Como se o bem-
estar no trabalho pudesse significar algum laxismo. Todavia, este é um resultado que não é de fácil
explicação. Se verificarmos que os níveis médios de satisfação são muito baixos (3,24), percebemos
que a perceção do desempenho individual se faz em clima organizacional pouco próprio, ou seja,
somos performantes independentemente da forma como somos geridos. Logo a hipótese H19 não é
corroborada.
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, foram identificadas as variáveis
que contribuem para a explicação do submodelo:
2
2 R Variáveis β
R F Sig β t Sig Vif
Ajustado SPSS Estandardizado
0,416 0,402 29,011 0,000 (constant) 4,30E-16
CLIMAUT 0,259 0,259 2,796 0,006 1,817
REALIZ 0,318 0,318 4,355 0,001 1,691
INDTAREF 0,24 0,24 -3,474 0,002 1,156
A fórmula da regressão linear que explica a avaliação do desempenho individual contém as seguintes
variáveis: o clima organizacional de autonomia, a realização e a interdependência das tarefas.
variância da variável dependente, pela variação das variáveis independentes é dada pelo coeficiente
de determinação R2, que, neste modelo, é de 0,402. Isto significa que, 40,2% da variância do
submodelo é dada pelas variáveis explicativas.
Os resultados estatísticos do teste F com uma significância inferior a 0,05 permite concluir que, o
submodelo é ajustado aos dados [F=29,011 e Sig=0,000].
Os testes t-Students das variáveis influentes é inferior a 0,05 assim podemos afirmar, que têm um
contributo importante na previsão na avaliação do desempenho individual.
Como o Vif é inferior a 5, não existe multicolineariedade, as variáveis interdependentes não estão em
conflito, explicam-se a elas próprias.
Podemos afirmar que os colaboradores que se sentem realizados na sua organização apresentam um
melhor desempenho individual. Logo, podemos concluir, que a hipótese H18 é corroborada.
H 12.1 Há uma relação positiva entre a Interdependência das Tarefas e o Desempenho Individual.
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
2
2 R Variáveis β
R F Sig β t Sig Vif
Ajustado SPSS Estandardizado
0,642 0,639 222,38 0,000 (constant) 1,83E-16
PROCESSO 0,801 0,801 14,913 0,000 1,000
A variável que contribui positivamente para o submodelo equipa satisfeita no trabalho é a variável
processo com um β Estandardizado=0,801. O coeficiente β reflete a mudança da variável dependente
quando a variável independente varia uma unidade.
Pela análise da tabela, verifica-se que o submodelo apresenta uma boa capacidade explicativa na
ordem dos 64,2%.
Os resultados estatísticos do teste F da ANOVA associados a uma significância inferior a 0,05 indicam
que o submodelo é ajustado aos dados (F= 222,38; p=0,000). F e Sig avaliam a significância global do
modelo de regressão. O facto de a regressão ser significativa indica predizer que os membros
satisfeitos com a equipa com base na variável processo são significativamente melhores que os
resultados médios obtido pela amostra.
Constata-se que o desempenho das equipas é influenciado positivamente e com grande impacto pelo
processo, no qual os colaboradores entendem que é fundamental um bom espírito de equipa, um
bom apoio social entre membros, uma partilha das tarefas e uma comunicação/cooperação fluida
entre os diversos grupos de trabalho para uma satisfação da equipa no trabalho. Confirmando-se que
a hipótese H25 é corroborada.
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
2
2 R Variáveis β
R F Sig β t Sig Vif
Ajustado SPSS Estandardizado
0,486 0,473 38,378 0,000 (constant) -1,17E+16
PROCESSO 0,389 0,389 4,73 0,000 0,000
D IND1 0,286 0,286 4,064 0,000 0
INDFEED 0,204 0,204 2,479 0,015 0,015
Todas as variáveis explicativas apresentam uma relação positiva com a produtividade, o processo
com um β Estandardizado de 0,389, o desempenho com β Estandardizado de 0,286 e por fim a
interdependência do feedback com menor impacto. Pelo que resulta a seguinte regressão linear:
Por outro lado, os resultados estatísticos do teste F da ANOVA associados a uma significância inferior
a 0,05 indicam que o submodelo é ajustado aos dados (F= 38,378; p=0,000).
Existe uma relação positiva entre o desempenho individual e o desempenho das equipas.
Confirmando-se que quando os colaboradores apresentam um bom desempenho individual contribui
para o desempenho da equipa. Daqui conclui-se que a hipótese H33 é parcialmente corroborada.
A interdependência do feedback apresenta uma relação positiva com o desempenho das equipas,
nomeadamente quando os colaboradores obtêm o feedback relativo ao seu bom desempenho das
suas tarefas aumenta a performance da equipa. Confirmando-se assim, que a hipótese H23.3 é
parcialmente corroborada e a hipótese H23 é parcialmente corroborada.
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
2
2 R Variáveis β
R F Sig β t Sig Vif
Ajustado SPSS Estandardizado
0,706 0,699 97,653 0,000 (constant) 9,90E-17
PROCESSO 0,605 0,605 9,295 0,000 0,000
REALIZ 0,188 0,188 2,633 0,010 0,01
CLIMAUT 0,154 0,154 2,348 0,020 0,02
O submodelo obtido revelou que as variáveis influentes na qualidade são: o processo, a realização e
o clima organizacional – autonomia, resultando a seguinte expressão linear múltipla:
A variância explicada da variável dependente qualidade, pela variação das variáveis independentes é
dada pelo coeficiente de determinação R2 que, neste modelo é de 0,706. Isto significa que 70,6% da
variância da qualidade é definida pelas variáveis explicativas, considerando-se que o modelo
apresenta uma grande capacidade explicativa.
Por outro lado, com os resultados dos testes F da ANOVA com uma significância inferior a 0,05
conclui-se que o modelo é ajustado aos dados (F= 97,605; p=0,000).
Pelo valor do Vif inferior a 5, podemos afirmar que não existe multicolineariedade das variáveis, ou
seja, não existem conflitos entre as variáveis, elas explicam-se a elas próprias.
Uma clara definição dos processos do trabalho em equipa, permitirá desenvolver produtos/serviços
de qualidade permitindo aumentar o desempenho da equipa. A variável processo têm impacto nos
Verifica-se que os colaboradores realizados efetuam o trabalho com uma boa qualidade,
aumentando assim o desempenho da equipa. Logo a hipótese H29 é parcialmente corroborada.
Em síntese apresentam-se as hipóteses que influenciam o desempenho das equipas nos três
construtos, nomeadamente satisfação dos membros no trabalho, produtividade e qualidade.
Figura 34:Variáveis que integram os Submodelos Satisfação e Realização dos colaboradores e Satisfação com a Gestão
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
Tabela 32: Resultados dos Submodelos Satisfação e Realização dos colaboradores e a Satisfação com a Gestão
Os modelos acima explanados apresentam uma boa variância explicativa, com valores de 55,5%,
76,2% e 82% nomeadamente, a satisfação com a gestão, a satisfação e a realização dos
colaboradores respetivamente.
Todas as variáveis dos modelos são significativas, com uma significância inferior a 0,05. Não se
verifica multicolineariedade entre as variáveis.
No modelo satisfação dos colaboradores as variáveis explicativas com influência positiva são: o clima
organizacional, o envolvimento afetivo, o processo e a formação.
As variáveis com impacto positivo na realização dos colaboradores são: o clima organizacional
(valorização), o envolvimento afetivo, a formação, a satisfação, o desempenho individual
(desempenho), a satisfação com a gestão e a autonomia apresenta um impacto negativo.
Na satisfação com a gestão as variáveis com impacto positivo são: o clima organizacional
(valorização), o envolvimento afetivo bem como as condições de trabalho e saúde proporcionada aos
colaboradores, no entanto o desempenho individual (desempenho) dos colaboradores apresentam
uma relação negativa.
Nesta abordagem pretende-se avaliar isoladamente o impacto das variáveis funcionais de interação e
interdependência no desempenho das equipas.
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
Satisfação com a
Produtividade Qualidade
Equipa
Interação Equipa
R2 0,801 0,640 0,817
Ftest 222,383 (0,000)*** 8,225 (0,000)*** 6,158 (0,014)**
Constant 0,054 -1,070E-16 8,003E-17
Significado das Tarefas 0,216 (0,005)**
Suporte de Gestão 0,169 (0,014)**
Processo 0,801 (0,000)*** 0,524 (0,000)*** 0,698 (0,014)**
Interdependência Equipa
R2 0,410 0,535 0,559
Ftest 25,016 (0,000)*** 49,809 (0,000)*** 56,213 (0,000)***
Constant 1,612E-16 -1,258E-16 5,79E-17
Interdependência Feedback 0,410 (0,000)*** 0,535 (0,000)*** 0,559 (0,000)***
Os três modelos são explicativos, com uma % da variância bastante significativa, na ordem dos 64,0%
a 81,7%.
A variável processo apresenta-se como a característica de interação que mais influencia
positivamente a satisfação dos membros da equipa no trabalho, a produtividade e a qualidade.
O significado das tarefas apresenta um impacto positivo na produtividade e o suporte de gestão na
qualidade, sendo estas características de interação das equipas.
Nesta abordagem pretende-se avaliar o desempenho com base na teoria (Campion, Papper, &
Medsker, 1996). Um dos critérios da teoria consiste na “avaliação” da eficácia da equipa por parte
das chefias o desempenho da sua equipa. Este estudo pretende abordar o desempenho da equipa
por parte dos colaboradores do quadro de topo, das chefias e do quadro de base. Irá permitir avaliar
as perceções dos três critérios de desempenho definidos neste estudo, nos diversos níveis
hierárquicos das organizações.
O modelo inclui as variáveis das características de caracter funcional e organizacional das equipas, as
variáveis mediadoras, nomeadamente o envolvimento organizacional e o desempenho individual.
Pelo método dos mínimos quadrados com o procedimento Stepwise, obtiveram-se os seguintes
resultados:
Tabela 34: Resultados do Desempenho das Equipas nos diversos níveis hierárquicos
Todos os modelos apresentam uma boa capacidade explicativa na ordem dos 50% a 80%.
Pela análise da tabela dos resultados, podemos verificar que a variável processo está presente nos
três critérios de desempenho nos colaboradores do quadro de topo e de base. No quadro de chefia,
no critério produtividade esta variável não apresenta influência, no entanto no critério satisfação
com a equipa e qualidade é significativa.
Neste ponto serão analisadas as hipóteses de investigação e discutidos os resultados obtidos com
base nos testes estatísticos realizados. Apresenta-se o quadro que sintetiza os resultados
encontrados e seguidamente procede-se à discussão de cada submodelo.
Parcialmente
H 23 Há uma relação Positiva entre a Interdependência e a Eficácia da Equipa. Corroborada
Há uma relação positiva entre a Interdependência do Feedback e a Eficácia da Parcialmente
H 23.3 Equipa. Corroborada
H 25 Há uma relação positiva entre o Processo e a Eficácia da Equipa. Corroborada
Parcialmente
H 27 Há uma relação positiva entre o Clima Organizacional e a Eficácia da Equipa. Corroborada
Parcialmente
H 29 Há uma relação positiva entre a Realização e a Eficácia da Equipa. Corroborada
Há uma relação positiva entre o Desempenho Individual e a Eficácia da Parcialmente
H 33 Equipa. Corroborada
Meyer e Allen (1997) consideram o envolvimento afetivo como um afeto do colaborador para com a
organização. Esta tem um grande significado para ele, o indivíduo identifica-se com a organização,
envolve-se nos processos e assume uma postura de lealdade, contribuindo assim para o crescimento
da organização. Sente-se tão à vontade que a organização aparenta ser a sua casa, preferindo
dedicar todo o tempo à organização, e seria muito feliz se pudesse dedicar toda a sua carreira na
organização. Considera-se uma peça fundamental na integração da organização e permanece na
empresa porque deseja, assim sente-se satisfeito e realizado com o trabalho e com a organização.
Sendo a variável satisfação e realização que apresentam maior impacto no envolvimento afetivo.
Podemos concluir que a satisfação dos colaboradores influencia tanto o envolvimento afetivo como o
normativo, estimulando o sentimento de desejo e de obrigação do colaborador em se manter na
organização. O envolvimento organizacional é tanto maior quanto maior for o envolvimento afetivo e
normativo. Para as organizações é fundamental que os seus colaboradores sintam mais o
envolvimento afetivo e normativo do que o instrumental.
Dick et al., (2004) chegaram à conclusão de que a identificação organizacional realimenta a satisfação
no trabalho, o que explica a intenção de não sair da organização. Este estudo mostra que a satisfação
no trabalho alimenta a identificação organizacional, pelo que colaboradores satisfeitos
comprometem-se com a organização (envolvimento afetivo e normativo). A satisfação no trabalho
não influencia o envolvimento instrumental, os colaboradores apenas estão na empresa sem a
identificação organizacional, apenas por aspetos instrumentais.
Cada vez mais se torna importante o estudo do envolvimento organizacional dos colaboradores
nas organizações, pois segundo Alvim (2006), o apoio das pessoas como solução para a
competitividade, através do seu comprometimento com os valores e os objetivos da empresa,
constituirá um diferencial competitivo.
Bakker et al. (2008) destacam que o envolvimento só pode ser considerado como afetivo quando
produz resultados positivos, tanto ao nível individual (crescimento pessoal e desenvolvimento)
quanto organizacional (qualidade de desempenho).
Como foi possível observar na análise descritiva, existem diferenças significativas com os
colaboradores que têm mais de 40 anos, quanto ao envolvimento afetivo, sendo que, os
colaboradores mais velhos têm o desejo em manterem-se na organização, provavelmente até à sua
reforma. Estes colaboradores mais velhos sentem-se mais satisfeitos, pois têm uma função
valorizada no seio da organização, sentem-se contentes em poderem trabalhar (Robbins 2002).
Podemos verificar, através da tabela de resultados acima representada, que as variáveis clima
organizacional e realização apresentam impacto tanto no desempenho como na avaliação, pelo que
comprova a tese de Neves (2000) que indica que o clima influência, quer a motivação e o
comportamento dos indivíduos, quer a qualidade dos serviços/produtos organizacionais.
Quando nas organizações a autonomia dos colaboradores é reduzida, o trabalho está sujeito a um
controlo externo, existindo pouco espaço para a discricionariedade do trabalhador (Diefendorff et al.,
2006). Diefendorff et al. (2006) sugerem que a autonomia diz respeito à liberdade do indivíduo,
essencialmente ao nível da decisão acerca “daquilo” que é feito e “quando” é feito e não tanto no
que se refere “como” as coisas são feitas (que remete para a rotina da tarefa). A autonomia pode
facilitar a aprendizagem e o desenvolvimento, promovendo assim o desempenho individual (Wall &
Jackson, (1995), citados em Latham & Pinder, (2005). Nas organizações onde a autonomia é elevada,
onde o colaborador gere as suas atividades e decide qual o trabalho a ser realizado, este fator
proporciona o aumento do desempenho individual.
Pela análise descritiva, verificou-se que colaboradores com mais de 7 anos no serviço apresentam
índices de desempenho individual superior aos colaboradores com menos tempo de serviço.
Também podemos concluir que os colaboradores inquiridos percecionam o seu desempenho
individual como bom, rondando o valor de 4,10 na escala de 1 a 5.
Satisfação com a
Equipa Produtividade Qualidade
R2 0,642 0,486 0,574
Ftest 222,38 (0,000)*** 38,378 (0,001)*** 61,084 (0,000)***
Constant 1,83E-16 -1,174E-16 -3,33E-17
Processo 0,801 (0,000)*** 0,389 (0,000)*** 0,605 (0,000)***
Desempenho Individual - Desempenho 0,286 (0,000)***
Interdependência Feedback 0,204 (0,015)***
Realização 0,188 (0,010)***
Clima Organizacional - Autonomia 0,154 (0,020)***
Da análise das hipóteses testadas, os resultados permitem concluir que para determinar se uma
equipa ou organização é eficaz, não é suficiente avaliar o desempenho objetivo dos seus
membros. Existem outros fatores que contribuem para a eficácia e que têm que ser tidos em
conta.
Assim, a eficácia engloba critérios internos, ou seja, a satisfação e a viabilidade da equipa, e
externos, ou seja, a produtividade e a qualidade (Hackman, 1987).
Este estudo corrobora o estudo de Marks et al. (2001) que desenvolveram três itens de
desempenho e para cada um, identificaram os processos de equipa. Podemos concluir que o
processo apresenta-se como um contributo importante na eficácia do trabalho em equipa.
Todavia, comprova-se que o aumento do desempenho depende dos processos de equipa, pois
através destes, os membros tem a oportunidade de combinar recursos cognitivos, verbais e
comportamentais de forma a resolverem eficazmente as exigências das tarefas e atingirem os
objetivos da equipa.
modo a cumprirem objetivos tácitos e estratégicos. Mesmo que os membros não partilhem estas
cognições, os processos de equipa acontecem, contudo, verificar-se-ão perdas de processo
(Salas et al., 2007).
Para que um colaborador desempenhe um bom trabalho, é necessário que saiba realiza-lo, que
possa fazer e que queira fazê-lo. Saber fazer é uma questão de conhecimentos, habilidade ou
atitudes, assim como uma questão de prática. Poder fazer é uma questão de ter e poder usar os
recursos necessários. Querer fazer é uma questão voluntária que depende do estado de espírito,
do ânimo e da satisfação das pessoas quando realizam o seu trabalho. Logo, o "querer fazer"
está associado ao clima organizacional (Luz,2003).
Por este motivo, é necessário ir mais além, para compreender o que realmente afeta a qualidade
dos serviços/produtos, sendo que por meio de uma pesquisa interna, as empresas encontram
respostas e assim, poderão melhorar a qualidade dos serviços prestados.
Refletir sobre clima organizacional significa rever fatores internos e externos que influenciam
diretamente o desenvolvimento das organizações e os relacionamentos existentes dentro do
contexto.
As equipas de elevado desempenho são grupos que cumprem todas as condições das
verdadeiras equipas e reúnem membros que também estão profundamente comprometidos
com o crescimento e o sucesso pessoal mútuo.
Katzenbach & Smith (2001) referem que o objetivo comum de desempenho pode ser mais
motivador para as equipas eficientes do que o desejo de ser uma equipa. Curiosamente,
verificar-se que esta afirmação relaciona a questão do objeto comum, com a especificidade das
equipas eficientes, com a motivação e com o que deve ser mais ou menos prioritário. Os
mesmos autores acrescentam que os objetivos de desempenho associados à responsabilidade
individual motivam muito mais o desempenho de um pequeno grupo do que o desejo de obter
uma oportunidade e mérito individual.
Portanto, uma equipa de alto desempenho mantém o enfoque nos resultados, nos objetivos
comuns, tanto do indivíduo como da organização, uma gestão por objetivos para a tomada de
decisões e soluções de problemas, o trabalho em equipa, a integração das competências, o
reforço do compromisso total, o uso produtivo das diferenças de pensamento e o
desenvolvimento do indivíduo através do fazer, saber fazer e saber estar.
Na temática da satisfação é importante citar Robbins (1998) que define a satisfação no trabalho
onde as variáveis implícitas na citação foram também demostradas neste estudo. A satisfação no
trabalho, de uma forma ampla, é a atitude geral de um indivíduo em relação ao seu trabalho.
Porém o trabalho de uma pessoa é muito mais do que as simples tarefas do dia-a-dia. As
ocupações requerem interação com colegas e chefias, seguir regras e políticas organizacionais,
obedecer a padrões de desempenho e conviver com condições de trabalho que, às vezes, estão
aquém das ideais. Isto significa que a estimativa da satisfação do colaborador com o seu trabalho
é um somatório de vários elementos separados do trabalho Robbins (1998).
A satisfação dos colaboradores é avaliada por cinco fatores relevantes: a satisfação com o
trabalho, com os colegas de trabalho, com a chefia, com a remuneração e as oportunidades de
promoção, no qual os inquiridos apresentaram um nível de satisfação de 3,44. Desta forma, a
satisfação consolidou-se como um conceito multidimensional, complexo, envolvendo avaliações
prazerosas sobre estes cinco domínios, no âmbito do trabalho (Siqueira, Gomide JR 2004).
A satisfação dos colaboradores é influenciada pelo clima organizacional, esta influencia têm
efeitos diretos nos afetos positivos e negativos da satisfação dos colaboradores, quando estes se
Este estudo comprova a tese de Monday et al (1975) que um colaborador está satisfeito quando
se identifica com a organização, com os seus objetivos, deseja-se manter nela a fim de facilitar o
cumprimento desses objetivos.
Os colaboradores sentem-se satisfeitos, quando os processos de trabalho são claros, bem como
quando lhe é disponibilizada formação, permitindo uma progressão na sua carreira.
Com base neste estudo, pode concluir-se que o processo apresenta-se como a característica
mais importante da interação da equipa com impacto no desempenho das equipas. Assim pode
concluir-se que uma organização com processos bem definidos e adequados influenciará a
satisfação da equipa no trabalho, a produtividade e a qualidade.
No que respeita à produtividade é fundamental que os processos estejam bem definidos mas a
variável significado das tarefas também apresenta uma influência significativa. Os colaboradores
consideram importante o resultado do produto final desenvolvido pela equipa, que este
contribua para a satisfação dos clientes e a equipa ajude os membros a sentirem que o seu
trabalho é importante para a organização.
A motivação é um aspeto menos relevante, pelo que se pode concluir que as pessoas auto
motivam-se para alcançar a produtividade desejada, não necessitando obrigatoriamente de uma
liderança motivacional, sendo a motivação um aspeto intrínseco às pessoas pois, segundo as
ideias defendidas por Bergamini (1997), ninguém pode motivar ninguém.
Pela análise descritiva verificou-se que as condições de trabalho e saúde dos colaboradores
inquiridos que estão a termo certo e incerto apresentam uma melhor perceção da
interdependência do feedback do que nos colaboradores a termo efetivo. Quanto ao nível
hierárquico, as chefias e os quadros de topo têm uma melhor perceção do feedback das tarefas
do que os colaboradores do quadro de base.
Este estudo permite concluir que os determinantes que influenciam a performance das equipas
são diferentes segundo o nível hierárquico. No entanto o determinante mais influente na
performance é o processo que influencia os três critérios de desempenho, tanto nos
colaboradores do quadro de topo como na base. A variável processo apenas apresenta influência
na satisfação com a equipa e na qualidade, nos colaboradores do quadro de chefia.
É no quadro de chefias e de base onde se encontram mais determinantes a influenciar a eficácia
da equipa, alguns com impacto positivo e outros com impacto negativo.
4.5 CONCLUSÕES
5 CONCLUSÕES
5.1 INTRODUÇÃO
Neste estudo cruzam-se as características de caracter funcional e organizacional das equipas, bem
como as variáveis mediadoras que contribuem para a operacionalização do modelo do desempenho
das equipas. Este tema surge dentro das organizações e tem sido alvo de discussão académica e
científica. No atual cenário global com que as organizações se deparam, com elevados níveis de
competitividade, o trabalho em equipa é cada vez mais fulcral, pelo que é extremamente importante
avaliar as características que apresentam impacto na performance das equipas.
Os objetivos específicos desta investigação propostos foram atingidos. Estes objetivos consistiam em
identificar as variáveis que influenciam o envolvimento organizacional, o desempenho individual e
por fim identificar as variáveis com impacto no desempenho das equipas. O estudo foi
complementado com os determinantes que apresentam impacto na satisfação, realização dos
colaboradores e satisfação com a gestão, bem como o impacto das características funcionais de
dependência e interdependência na performance das equipas. E por fim, avaliou-se quais os
determinantes influentes na performance, para os diversos níveis hierárquicos das organizações.
O conhecimento das características das equipas que influenciam o seu desempenho fornecerá aos
órgãos de gestão das organizações competências que os podem ajudar a gerir as suas equipas por
forma a serem mais produtivas, mais eficazes e eficientes, contribuindo para uma melhor
performance organizacional.
Este estudo pretende alertar a gestão sobre a discussão deste tema no meio académico, como sendo
uma nova ferramenta para a gestão dos colaboradores no seio organizacional. Para tal foi realizado
um estudo empírico de natureza quantitativa, no qual se pretende aumentar o conhecimento dos
determinantes que influenciam o envolvimento organizacional, o desempenho individual e o
desempenho das equipas.
É cada vez mais importantes as organizações conhecerem os seus colaboradores no atual cenário de
globalização tão exigente, sendo fundamental as organizações terem colaboradores envolvidos,
dispostos a cooperar, a vestir a camisola e desenvolverem produtos/serviços eficazes para o
aumento da qualidade, produtividade e satisfação dos clientes.
Esta investigação deixa pistas sobre as variáveis que mais contribuem para o funcionamento das
equipas e que as podem transformar em equipas de elevada performance. Ela levanta pistas sobre os
caminhos que a investigação nesta área pode seguir. Assim, é fundamental que os colaboradores
sintam o envolvimento afetivo e normativo, tendo o sentimento de desejo de permanecer na
organização e de lealdade/respeito. É necessário que os colaboradores se sintam satisfeitos e
realizados, assim os colaboradores sentem-se satisfeitos com o seu trabalho, com os colegas de
trabalho, com a chefia, com a remuneração e com as oportunidades de promoção. Estes sentem-se
realizados com o seu desenvolvimento pessoal, com o reconhecimento do seu desempenho por
parte das chefias, têm a convicção que vale a pena dar o seu melhor pela organização, viverem com
entusiasmo as mudanças na organização, terem uma perceção do produto/serviço final e sentirem
orgulho junto da comunidade da imagem da organização onde estão inseridos.
Através deste estudo, verificou-se que não existe uma relação linear entre o envolvimento
organizacional com a performance de equipas. No entanto, o envolvimento organizacional afetivo
apresenta impacto na realização dos colaboradores, na satisfação com a gestão e com a satisfação no
trabalho.
Podemos afirmar que o envolvimento afetivo influencia a realização dos colaboradores, que estes
sentem o desejo de trabalhar na organização e que por sua vez, a realização dos colaboradores têm
impacto no critério qualidade do desempenho das equipas. Isto poderá querer dizer que o
envolvimento afetivo apresenta uma influência não direta, na performance das equipas. Desta
investigação pode, assim, inferir-se um conjunto de novos caminhos para a investigação nesta área.
Um bom desempenho individual dos colaboradores é sem dúvida fulcral para a performance
organizacional quer ao nível da produtividade quer ao nível da realização dos colaboradores.
O desempenho das equipas é fundamental no atual cenário global das organizações, onde estas
necessitam de ser cada vez mais competitivas, para isso necessitam de perceber quais os fatores que
apresentam impacto nessa performance. Este estudo pretende contribuir para essa resposta.
Com base nos resultados obtidos, verifica-se que a variável processo apresenta grande impacto nos
três critérios de desempenho, nomeadamente na produtividade, qualidade e satisfação da equipa.
Pode concluir-se que processos simples e eficazes permitem elevados níveis de desempenho, sendo
absolutamente necessária a existência de um espírito de equipa, um apoio social entre os membros
das equipas, uma partilha da carga de trabalho e uma comunicação/cooperação fluídas entre as
diversas equipas.
De salientar, que a variável processo é o único determinante que influencia a satisfação da equipa no
trabalho. Este estudo corrobora a tese de Marks et al. (2001) que também identifica os processos
da equipa como o determinante que mais influencia a eficácia.
Segundo Keen (1997) só com base nas melhores práticas organizacionais de coordenação das
atividades dos processos, isto é, na gestão eficiente dos processos é que é possível assegurar
vantagens competitivas sustentadas na organização. Também Rummler e Brache (1995) consideram
a análise dos processos uma metodologia necessária à melhoria organizacional.
Através deste estudo verifica-se que o desempenho individual influencia a produtividade da equipa,
comprovando a tese de Lobos (1979) de que quando um colaborador otimiza os recursos de que
dispõe de uma forma eficiente contribui para o desempenho.
que estes sejam comunicados e compreendidos pelos colaboradores e se sintam livres em serem eles
mesmos no seu trabalho.
Não se verifica uma relação direta entre o envolvimento organizacional e o desempenho das equipas,
no entanto o envolvimento afetivo apresenta impacto na satisfação, na realização e na satisfação
com a gestão. A realização apresenta impacto na qualidade, podendo-se afirmar que o envolvimento
afetivo apresenta impacto indireto no desempenho das equipas.
O determinante processo é a característica de interação funcional que apresenta influência nos três
critérios de desempenho (satisfação com a equipa, produtividade e qualidade). No critério
produtividade o significado das tarefas apresenta impacto positivo. No critério qualidade verifica-se o
surgimento do determinante suporte de gestão além do processo que a influenciam positivamente.
Quando se analisa o desempenho das equipas ao nível dos diferentes níveis hierárquicos, verificam-
se algumas alterações relativamente aos determinantes que influenciam a performance. No entanto
é a variável processo que apresenta maior influência nos critérios de eficácia. Este determinante de
caracter funcional das equipas apresenta-se influente no quadro de topo e de base nos três critérios
de desempenho definidos neste trabalho, apenas não se apresenta no critério produtividade no
quadro chefias. Estes colaboradores não percecionam o espírito de equipa, o apoio social, a partilha
da carga de trabalho e a comunicação/cooperação entre as equipas como fatores determinantes
para a produtividade. Isto mostra bem como as políticas motivacionais e de trabalho de equipa têm
que ser bem ponderadas e geridas ao longo da hierarquia.
Na satisfação com a equipa os colaboradores do quadro base percecionam a influência positiva dos
determinantes processo e suporte de gestão e negativamente as condições de trabalho e saúde.
Na abordagem do desempenho das equipas quanto aos níveis hierárquicos, permite concluir que
surgem determinantes a influenciar o desempenho, que não surgiam na análise em conjunto.
Este trabalho abre caminho a novas investigações que tenham em conta a especificidade dos
respondentes com particular destaque para o nível hierárquico a que pertencem. As políticas
organizacionais e a investigação nesta área, não podem esquecer as diferenças que se encontram
quando a análise é mais fina e acompanha estes detalhes.
Uma limitação deste estudo prende-se com a amostra utilizada. Esta é uma amostra de conveniência,
a qual pode limitar algumas conclusões. Uma amostra mais ampla com mais expressividade poderá
acentuar as evidências dos impactos ou até mesmo influenciar outras relações Neste momento já se
está a trabalhar na ampliação desta amostra.
Uma outra limitação deve-se à existência de diversas características do caracter organizacional que
poderiam ser estudadas, no entanto incluí-las neste estudo poderia tornar impossível validar a
investigação, uma vez que o modelo desta investigação já tem demasiados construtos em análise.
Em futuros trabalhos de dissertação poder-se-á estudar a relação ente desempenho das equipas
através de perceções atitudinais e compara-las com fatores externos, nomeadamente a performance
financeira.
Em simultâneo pode tentar-se relacionar o desempenho das equipas com os critérios de bem-estar
no trabalho, a espiritualidade das organizações, bem como estudar de forma aprofundada o impacto
da liderança na performance das equipas.
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7 ANEXOS
Anexo 1 – Inquérito Enviado Aos Colaboradores
https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?fromEmail=true&formkey=dFcyRm02N3hfaUdvYmp
5M285THRxcUE6MQ
CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA
Contrato de trabalho
Ensino Básico (até
Doutoramento
Licenciatura
indeterminado
termo incerto
(12 º ano)
Mestrado
termo certo
9º ano)
tempo
4. Equipa
Operadores das
Administrativo
Manutenção
Embalagem
enchimento
Laboratório
Armazém
Fabrico /
Linhas
5. Categoria Profissional
Quadro Chefia
Quadro Topo
Quadro Base
parcialmente
parcialmente
Totalmente
Concordo
Concordo
Concordo
Discordo
Discordo
Os membros da minha equipa são responsáveis por determinar os métodos, procedimentos e horários para
realizar o trabalho.
É a minha equipa que decide quem faz e o quê dentro da equipa.
Na grande maioria, as decisões relacionadas com trabalho são tomadas pelos membros da minha equipa (em
vez do líder/gestor).
Como membro da equipa, tenho uma palavra a dizer relativamente ao trabalho realizado.
A maioria dos membros da minha equipa tem oportunidade de participar na tomada de decisões.
A minha equipa está projetada para permitir que todos os membros participem na tomada de decisões.
Os membros da minha equipa têm a oportunidade de aprender diferentes tarefas com outras equipas de alto
desempenho.
Quase todos os membros da minha equipa têm oportunidade de executar tarefas interessantes.
A atribuição de tarefas pode mudar de dia para dia com o propósito de atender ás necessidades do trabalho.
O trabalho realizado pela minha equipa é importante para o resultado final do produto.
parcialmente
parcialmente
Totalmente
Concordo
Concordo
Concordo
Discordo
Discordo
Para realizar as minhas tarefas necessito de informações e materiais de outros membros da equipa.
Outros membros da minha equipa dependem de mim para obter informações ou materiais para procederem à
realização das suas tarefas.
Os trabalhos realizados pelos membros da minha equipa estão relacionados uns com os outros.
As actividades de trabalho são determinadas para o dia, consoante os objectivos pretendidos pela equipa para
esse mesmo dia.
Faço poucas atividades no meu trabalho que não estejam relacionadas com os objetivos da minha equipa.
O feedback relativo ao bom desempenho das minhas funções vem internamente da equipa.
A minha avaliação de desempenho é fortemente influenciada pela forma como o trabalho é executado.
As recompensas pelo meu trabalho (por exemplo: remuneração, promoção,...) são determinadas em grande
parte pelo meu trabalho desenvolvido na equipa.
A empresa promove adequada formação técnica à minha equipa.
A empresa promove adequada qualidade de serviço e formação para o atendimento clientes por parte da minha
equipa.
A empresa promove adequados competências/recursos à equipa, nomeadamente comunicação, organização,
relações interpessoal.
A administração da minha empresa é adepta do conceito de equipas.
O chefe da minha equipa é adepto do conceito equipas.
A administração da empresa estimula o trabalho em equipa.
O chefe da minha equipa estimula trabalho em equipa.
Frequentemente falo com outros colegas da empresa, além dos membros da minha equipa.
As equipas da minha empresa estão predispostas a cooperar do que a competir.
Equipas da empresa cooperam em iniciativas de trabalho.
Os membros da minha equipa têm confiança que a equipa realiza o trabalho de forma eficiente.
A minha equipa pode realizar praticamente qualquer tarefa.
Na minha equipa sente-se o espírito de equipa.
Estar nesta equipa dá-me a oportunidade de trabalhar em equipa e apoiar os outros membros da minha equipa.
Os membros da minha equipa ajudam-se uns aos outros, mesmo quando não é estritamente necessário.
As equipas fortalecem a comunicação entre os membros que trabalham com o mesmo serviço.
parcialmente
parcialmente
Totalmente
Concordo
Concordo
Concordo
Discordo
Discordo
A minha equipa realiza o trabalho dentro do orçamento estipulado.
A minha equipa fornece serviços inovadores.
A minha equipa responde rapidamente aos problemas e oportunidades.
Os membros da minha equipa expressam satisfação no trabalho.
A minha equipa vai sempre ao encontro dos resultados globais esperados.
A minha equipa demonstra iniciativa.
Os membros da minha equipa cooperam com os não-membros da equipa.
Eu chego à empresa à hora certa e também não saio mais cedo.
No meu trabalho o que faço é com interesse.
Eu estou confiante nas minhas competências para ter sucesso no meu trabalho.
Eu não culpo os outros. Eu assumo os meus erros.
Eu tenho um chefe/lider que me motiva.
Eu tenho uma maior precisão/dedicação no meu próprio trabalho do que os meus colegas.
Eu regularmente penso/preocupo-me com questões do trabalho quando estou em casa.
Eu promovo uma melhoria das minhas habilitações e competências.
parcialmente
parcialmente
Totalmente
Concordo
Concordo
Concordo
Discordo
Discordo
Grupo 2 - A minha opinião relativamente à minha organização de trabalho:
A minha chefia direta é fléxivel relativamente à forma como atinjo os meus objetivos.
A minha chefia directa é explícita relativamente à forma como o meu trabalho deve ser feito.
Os meus superiores valorizam a forma como faço o meu trabalho.
Os sentimentos que expresso no trabalho são os meus verdadeiros sentimentos.
O meu trabalho coloca-me muitos desafios.
A minha chefia direta valoriza as minhas ideias e a minha forma de fazer as coisas.
A quantidade de trabalho e esforço que se espera na minha função estão claramente definidas.
Fazer bem o meu trabalho faz muita diferença na organização.
A organização reconhece a importância dos contributos que trago para o trabalho.
Sinto-me livre para ser eu mesmo no meu trabalho.
Empenho-me intensamente para atingir os meus objetivos de trabalho.
A minha chefia directa dá-me autonomia para fazer o meu trabalho como eu achar melhor.
Os padrões de desempenho na minha organização são bem comunicados e compreendidos pelos
colaboradores.
Sinto-me satisfeito(a) com a disponibilidade de equipamento/meios necessários a realização da atividade
profissional.
Sinto-me satisfeito (a) com as condições físicas do local de trabalho.
Sinto-me satisfeito(a) com a adequada protecção contra os riscos profissionais, de natureza física e ou
biológica, a que estou exposto no meu local de trabalho.
Sinto-me satisfeito(a) com a adequada prevenção de situações que possam provocar riscos de stress no
trabalho ( por ex. conflitos com os clientes e colegas, sobrecarga de trabalho).
Tenho a convicção de que vale realmente a pena uma pessoa esforçar-se e dar o seu melhor na organização
onde trabalha.
Sinto-me satisfeito(a) com a oportunidade de formação continua e desenvolvimento pessoal, no âmbito da
minha carreira.
Sinto-me satisfeito(a) com o devido reconhecimento do meu desempenho profissional, por parte da minha
chefia hierárquica.
Sinto-me satisfeito(a) com o entusiasmo com que vivo as mudanças que estão (ou vão) ser introduzidas neste
serviço, caso existam.
Tenho a percepção da garantia de qualidade do produto final vendido aos clientes, no qual eu participei.
Sinto orgulho relativamente à imagem da empresa , junto da Comunidade onde estou inserido.
parcialmente
parcialmente
Totalmente
Concordo
Concordo
Concordo
Discordo
Discordo
Sentir-me-ia muito feliz se pudesse fazer o resto da minha carreira nesta organização.
Neste momento, permanecer na minha organização e tanto uma questão de necessidade quanto de vontade.
Ser-me-ia muito custoso abandonar a minha organização neste momento, mesmo que eu quisesse.
Sinto que tenho muito poucas alternativas para considerar a hipótese de abandonar esta organização
Sinto verdadeiramente os problemas desta organização como se fossem os meus.
Esta organização tem um grande significado para mim.
A minha vida seria seriamente abalada se decidisse abandonar agora a minha organização.
Esta organização merece a minha lealdade.
Neste momento, não abandonaria a meu local de trabalho porque tenho um sentimento de obrigação para com
as pessoas que nela trabalham.
Devo muito a esta organização.
Mesmo que fosse vantajoso para mim, sinto que não seria correcto abandonar neste momento a minha equipa
de trabalho.
Sentir-me-ia culpado(a) se deixasse a minha organização neste momento.
Eu sinto a obrigação de permanecer na minha organização.
Em termos gerais, estou satisfeito(a) com o meu trabalho .
Em termos gerais, estou satisfeito(a) com os meus colegas de trabalho .
Em termos gerais, estou satisfeito(a) com a minha chefia .
Em termos gerais, estou satisfeito(a) com a minha remuneração.
Em termos gerais, estou satisfeito(a) com as oportunidades de promoção.
Cumpro eficazmente as minhas metas de desempenho nas minhas tarefas.
Considero o meu desempenho geral muito bom.