Tese Ms Derivaldo Moura Gois Filho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

AVALIAÇÃO DA UNIÃO ENTRE O COMPONENTE PROTÉTICO E A CONEXÃO


INTERNA TIPO CONE MORSE DO IMPLANTE DENTÁRIO

Aracaju

Fevereiro/2015
DERIVALDO MOURA GOIS FILHO

AVALIAÇÃO DA UNIÃO ENTRE O COMPONENTE PROTÉTICO E A CONEXÃO


INTERNA TIPO CONE MORSE DO IMPLANTE DENTÁRIO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Odontologia, da Universidade
Federal de Sergipe, para obtenção do título de
Mestre em Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Cleverson Luciano Trento

Aracaju

2015

ii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA BISAU
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Gois Filho, Derivaldo Moura


G616 Avaliação da união entre o componente protético e a conexão
interna tipo cone morse do implante dentário / Derivaldo Moura
Gois Filho ; orientador Cleverson Luciano Trento. – Aracaju, 2015.
69 f.

Dissertação (mestrado em Odontologia)– Universidade Federal


de Sergipe, 2015.

1. Odontologia. 2. Implantes dentários. 3. Microscopia


eletrônica. I. Trento, Cleverson Luciano, orient. II. Título.

CDU 616.314

iii
iv
AGRADECIMENTOS

O início de tudo, sempre o agradecimento a Deus por me permitir usufruir da minha


saúde para buscar meus sonhos. Obrigado.

Minha família Cíntia Danielle F. Melo Gois, minha filha Mariana Melo Gois e o mais
novo membro da família que ainda é uma pequena semente. Uma benção de Deus. Obrigado
por tanto carinho. Obrigado por existirem.

Meu eterno agradecimento a minha mãe Gildete. Sem palavras para descrever o
carinho que sinto ao simplesmente vê-la ao meu lado.

Ao meu pai (in memoriam), que SEMPRE confiou e velou por mim em vida. Tenho
certeza que pude deixa-lo mais feliz com mais uma conquista. Onde quer que esteja, muita
saudade.

Agradeço aos amigos que sempre confiaram em mim, e com uma palavra de
confiança, ajudaram-me na conclusão deste trabalho.

Ao orientador, que conheci ao ingressar no curso de mestrado o prof. Dr. Cleverson


Luciano Trento. Obrigado por sua confiança no término deste trabalho. Obrigado por sua
compreensão. Com a certeza da manutenção dos laços de confiança construídos aqui durante
o curso.

Ao prof. Dr. Ronaldo, do departamento de física-UFS, que muito me ajudou na


realização deste trabalho. Meu agradecimento.

Aos demais professores do curso de Mestrado em Odontologia da UFS, que


indiretamente me ajudaram durante esse período de convívio. Obrigado.

Aos alunos, auxiliares, pacientes e professores da disciplina de diagnóstico oral (prof.


Dr. Cleverson Trento, prof. Dr. Bernardo Brasileiro, prof. Dra. Marta Rabelo Piva, prof. Dr.
Wilton Takeshita) agradeço os ensinamentos durante o estágio docente.

Às empresas Neodent® e Singular® que cederam os materiais utilizados na pesquisa,


contribuindo para desenvolvimento da ciência e em especial da Implantodontia.

v
EPÍGRAFE

“Nadar contra a corrente da intuição é uma tarefa difícil”

Livro: O andar do bêbado- Leonard Mlodinow

vi
RESUMO

Os aspectos biomecânicos relacionados à adaptação da prótese sobre o implante dentário


estão diretamente associados ao sucesso do tratamento. Assim, o objetivo deste trabalho foi
avaliar a presença de microgaps na união formada pelo abutment e a conexão interna do
implante dentário do tipo Cone Morse. O estudo foi composto de dois grupos onde no
primeiro grupo (n:16) foram utilizados materiais (implante dentário e abutment) do mesmo
fabricante, Neodent® (Curitiba-PR, Brasil). No segundo grupo (n:16) foram utilizados
materiais de fabricantes diferentes, sendo o implante da marca Neodent® (Curitiba-PR,
Brasil) e o componente protético da marca Singular®(Parnamirim-RN, Brasil). Os conjuntos
foram levados ao microscópio eletrônico de varredura (MEV), sendo realizadas as
mensurações do microgap formado entre a conexão do implante e o componente protético. Os
resultados obtidos foram submetidos à análise estatística (Mann-Whitne-U) avaliando-se
medidas de dispersão e tendência central dos valores (desvio padrão e média). No grupo 1 a
média encontrada foi de 5,69µm e o desvio padrão (DP) foi de 8,46µm. O grupo 2 apresentou
média de 1,24µm e o DP: 0,44µm. O grupo formado por implante e componente protético do
mesmo fabricante apresentou maior dispersão dos dados, com valores maiores para o
microgap, comparando-se com o grupo formado pelo conjunto implante-abutment de marcas
diferentes. Concluiu-se que, com base nas mensurações realizadas no MEV, o grupo formado
por implante e abutment de diferentes fabricantes apresentou menores valores de microgap e
consequentemente uma melhor adaptação in vitro.

Descritores: Implante dentário; Abutment; Microscopia eletrônica varredura; Morse.

vii
ABSTRACT

The biomechanical aspects related to the adaptation of fixed prostheses over implants are
directly associated to treatment success. Therefore, the aim of this study was to evaluate the
presence of microgaps in the union formed by the abutment and the inner connection of Cone
Morse dental implant. The study was composed by two groups. The first group (n:16) used
materials (dental implant and abutment) of the same manufacturer, Neodent® (Curitiba-PR,
Brazil). The second group (n:16) used materials from different manufacturers, where the
dental implant was Neodent® (Curitiba-PR, Brazil), and the abutment was
Singular®(Parnamirim-RN, Brazil). The sets were sent to scanning electron microscope
(SEM), where it was taken the measurements of microgaps formed between the implant
connection and the abutment. The results obtained were submitted to statistical (Mann-
Whitney-U) evaluating dispersion measurements and central tendency of values (standard and
mean deviation). In group 1 the average found was 5,69µm and standard deviation (SD) was
8,46µm. Group 2 showed average of 1,24µm and SD: 0,44µm. The group formed by dental
implant and abutment from the same manufacturer showed a greater data dispersion, with
greater microgap values, compared to the group formed by the set implant-abutment of
different manufacturers. It was concluded that, based on the measurements taken on SEM, the
group formed by implant and abutment of different manufactures showed lower values of
microgaps, and, therefore, a better in vitro adaptation.

Key-words: Dental Implants; Abutment; Scanning electron microscope; Morse.

viii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Corte longitudinal de implante Neodent® e abutment Neoodent® evidenciado a


região de união entre os dois componentes...............................................................................24

Figura 2: Abutment Neodent® (grupo 1)..................................................................................26

Figura 3: Abutment Singular® (grupo 2)..................................................................................27

Figura 4: Morsa de bancada......................................................................................................28

Figura 5: base, em alumínio, com implante e componente protético instalados......................28

Figura 6: Torquímetro cirúrgico manual...................................................................................29

Figura 7: Torquímetro protético manual...................................................................................29

Figura 8: Base própria do MEV com os corpos de prova fixadas (implantes + abutments)....30

Figura 9: Corpos de prova (implante + abutment) montados e posicionados na plataforma do


MEV para início das mensurações............................................................................................31

Figura 10: Microscópio eletrônico varredura JEOL JCM-5700 CARRY SCOPE (Jeol-
USA).........................................................................................................................................32

Figura 11: Mensuração do microgap, amostra do grupo 2.......................................................33

Figura 12: Gráfico, tipo boxplot, evidenciando uma maior dispersão dos valores encontrados
no grupo 1................................................................................................................................35

ix
Figura 13: Evidenciação do microgap (MEV: 5.000x) na união da conexão do implante e
abutment....................................................................................................................................36

Figura 14: imperfeições observadas MEV (1.400x) na superfície externa da plataforma do


implante dentário.......................................................................................................................37

Figura 15: Visualização da superfície do abutment da marca Singular® através do MEV


(80x)..........................................................................................................................................37

Figura 16: Visualização da superfície do abutment da marca Neodent® através do MEV


(80x)..........................................................................................................................................38

Figura 17: Visualização do abutment da marca Neodent® através do MEV (10x)..................38

Figura 18: Visualização do abutment da marca Singular® através do MEV (10x)..................39

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Grupo 1.....................................................................................................................25

Tabela 2: Grupo 2.....................................................................................................................26

Tabela 3: Número de amostras avaliadas e os respectivos valores mínimos, máximos, média e


desvio padrão para cada grupo avaliado...................................................................................34

xi
LISTA DE ABREVIATURAS

mm milímetro

µm micrômetro

Dp desvio padrão

Tc tomografia computadorizada

Ti c.p titânio comercialmente puro

Rh-b Rhodamine B

ml mililitro

® marca registrada

SPSS Statistical Package for the Social Sciences-IBM

BHI Brain-heart infusion

xii
SUMÁRIO

1. Introdução 14

1.1 O microgap e suas consequências 17

2. Proposição 23

2.1 Geral 23

2.2 Específica 23

3. Material e método 24

3.1 Desenho do estudo 24

3.2 Materiais 24

3.3 Corpos de prova 25

3.4 Mensuração do microgap 32

3.5 Tabulação dos dados 33

3.6 Análise dos dados 33

4. Resultados 34

5. Discussão 36

6. Considerações finais 45

7. Comunicado de Imprensa (PRESS RELLEASE) 46

Referências 47

Apêndice A: Declaração de inexistência de conflitos de interesse 53

Anexo: Artigo formatado nas normas da publicação 54

xiii
1. Introdução

O histórico da implantodontia nos remete ao tempo do Egito antigo quando diversos


tipos de materiais eram utilizados no local do dente perdido1. Entretanto, a história moderna
da implantodontia iniciou-se há cerca de 60 anos. Foi em 1942 que Gustav Dahl criou o
implante subperiosteal, o qual era constituído de um material em forma de rede justaposto ao
periósteo. Em 1962 Leonard Lincow desenvolveu os implantes lâminados, estes já inseridos
dentro do osso2.

No laboratório da Universidade de Lund na Suécia em 1952 a implantodontia


apresentou seu maior avanço. Com uma equipe coordenada pelo Dr. Per Ingvar Branemark
(ortopedista), foi desenvolvida uma estrutura ótica a qual era fixada no osso do fêmur para
estudo da osteogênese. Passado alguns meses, no momento da remoção do aparato, os
pesquisadores observaram que o cilindro estava fixo ao osso, caracterizando esse fenômeno
como osseointegração. O material utilizado para confecção do cilindro era titânio. Após mais
algumas investigações da aplicação do titânio no osso humano, a equipe chefiada pelo Dr.
Branemark concluiu que o titânio poderia ser utilizado integrado ao osso com alto grau de
previsibilidade3.

O uso do titânio já com interesse na reposição dos dentes foi feito em 1965, onde foi
instalado um material intra-ósseo em forma da raiz dentária4. Contudo, apenas em 1980
Branemark levou seus estudos aos Estados Unidos onde foi estimulado e reafirmado o uso
seguro do titânio, sendo o princípio da osseointegração amplamente aceito para substituição
das unidades dentárias perdidas. O desenho do implante, incluindo o tipo de rosca, e o
tratamento da superfície do implante de titânio já era motivo de pesquisas.

Com o desenvolvimento das pesquisas, começou a ficar evidente a notável relação do


implante e a prótese dentária (componentes protéticos), principalmente quando eram
analisadas as causas dos fracassos dos procedimentos realizados. O sucesso a longo prazo do
conjunto implante/prótese passou a ser motivo de diversas pesquisas na literatura5.

14
Tipicamente, um implante dentário endoósseo se conecta a um componente protético
transmucoso (abutment), o qual recebe uma única ou múltiplas restaurações protéticas
(unidades dentárias). Sendo que a localização desta conexão pode ser submersa ou não
submersa, levando-se em consideração o nível da crista óssea6.

Independente da localização e do tipo de conexão, interna ou externa, é importante


que o encaixe destes dois componentes seja o mais perfeito possível com o objetivo de
favorecer a melhor distribuição de tensões entre os componentes (implante e prótese) além da
resposta biológica e da colonização bacteriana que podem existir nesta interface7.

A interface formada entre o implante e o abutment é relatada como um fator


significativo na transferência de tensões, a qual pode gerar respostas biológicas desfavoráveis
ou complicações protéticas8. A união de duas estruturas é considerada passiva quando existe
um íntimo contato, simultâneo, de toda a superfície do implante (conexão) com seu respectivo
abutment9.

Após avaliar a influência de diferentes conexões (externa e interna-cone) e diâmetros


de implantes, com o torque necessário para remover o componente protético após ciclos de
carga mecânica realizados em laboratório, Shin et al (2014) demonstraram que as conexões
internas , aliadas a um diâmetro maior do implante, promovem valores de torque de remoção
maiores quando comparados com implantes de menor diâmetro e conexões externas. Nesse
tipo de conexão, o estresse mecânico é concentrado no parafuso de fixação do componente
protético e o implante. Nas conexões internas, especialmente do tipo “cone”, o estresse é
principalmente transferido a toda superfície de contato do “cone” com o implante dentário10.

A conexão tipo Cone Morse foi inicialmente proposta em 1985, onde o componente
protético em forma de cone se conecta internamente ao implante. Os objetivos desta nova
conexão seriam poder facilitar a estabilidade dos tecidos moles ao redor dos implantes devido
a ausência de microgap entre o componente protético e o implante. Desta forma o implante
não permitiria a contaminação bacteriana e apresentaria máxima estabilidade mecânica11.

A forma mais comum de fixação da prótese ao implante dentário é feita por meio de
um parafuso, onde a estabilidade deste parafuso é alcançada por meio de forças de “torque”.

15
O efeito contrário a esta força é derivado da função mastigatória que agem como forças
contrárias à de travamento do parafuso protético. A conexão tipo Cone Morse é relatada na
literatura como um mecanismo físico suficiente para se impedir por completo a passagem de
bactérias entre o meio externo e interno do implante, creditando este fato ao mecanismo da
conexão e a não reabsorção óssea nas regiões periimplantares12.

Pessoa et al (2010), avaliaram através da análise de elementos finitos o


comportamento biomecânico antes e depois da osseointegração de implantes com diferentes
tipos de conexão: hexágono externo, hexágono interno e Cone Morse. Os autores observaram
que antes da osseointegração não havia grandes diferenças na região de maior estresse do
conjunto implante-abutment entre os diferentes tipos de conexão. Sendo que o estresse se
concentrava no parafuso de fixação do abutment ao implante. Contudo, após o período de
osseointegração a conexão do tipo Cone Morse foi mais efetiva na distribuição das tensões
oriundas das forças mastigatórias, sendo os pontos de maior estresse distribuídos na interface
da conexão e o abutment e também no osso circundante, enquanto nas conexões hexágono
externo e interno as tensões se mantiveram na região mais coronal do implante13.

Mangano et al (2011), após realizarem um estudo prospectivo de análise de 2549


implantes com a conexão do tipo Cone Morse, encontraram uma taxa de sucesso após 6 anos
de função de 98,23 %. Concluíram que a alta estabilidade mecânica desse tipo de conexão
reduz significativamente as complicações protéticas (porcentagem de perda do abutment
0,37%), representando uma opção de bastante previsibilidade na reabilitação oral14.

A avaliação da interface entre o componente protético e o implante dentário com


uma conexão protética tipo Cone Morse, torna-se um aspecto importante dentro da
implantodontia uma vez que o sucesso a longo prazo da prótese sobre implante dependerá,
dentre outros fatores, da biomecânica aplicada no implante, prótese e união destas duas partes.

16
1.1 O microgap e suas consequências

Segundo a engenharia, as desadaptações entre duas partes que são unidas, em forma de
encaixe, são inevitáveis. Um grande esforço é feito para se alcançar o melhor encaixe entre o
implante e abutment. A desadaptação, caracterizada pelo microgap, gera uma região de
estresse mecânico criando uma solução de continuidade entre o meio externo e a conexão
interna do implante15. As conexões do tipo “cone” são capazes de promover a desejada
estabilidade e um mecanismo de travamento automático na interface implante-abutment15, 16.

A desadaptação dos componentes das próteses sobre implantes traz consequências


indesejáveis como falhas protéticas, acúmulo de bactérias, reações teciduais como mucosites
e perimplantites e até a perda da osseointegração. Segundo Brånemark 1983, uma prótese
adaptada com precisão teria uma discrepância de até 10μm, o que asseguraria um estímulo de
remodelação óssea adequado17.

Para a maioria dos sistemas de implantes a união implante/abutment demonstra


algumas desadaptações e microgaps (pequenos espaços). Além disso, quando a plataforma do
implante está localizada no nível da crista óssea alveolar, a interface osso-implante é exposta
ao meio bucal e consequentemente passível de colonização bacteriana18.

Biomecanicamente, para se alcançar e manter a estabilidade de uma conexão fixada


por meio de um parafuso é necessário que o microgap existente na conexão seja o mínimo
possível para diminuir a chance de perda do parafuso de fixação das partes19.

O microgap formado entre a conexão e o abutment é ainda um dos grandes problemas


da implantodontia. Esta desadaptação pode acarretar em falhas de caráter mecânico e/ou
biológicas, como por exemplo, a perda do parafuso de fixação e a periimplantite
respectivamente21.

17
O mau encaixe entre o implante e seu abutment desempenha um papel importante na
manutenção do complexo formado pelo implante/prótese/tecido ósseo21. As duas principais
causas para a perda tardia do implante dentário são: (1) diminuição dos tecidos de suporte,
como consequência da periimplantite, e (2) problemas mecânicos (sobrecarga de forças sobre
a estrutura). Sobressai, ainda, que um sinal de alerta para a perda do implante são alterações
associados ao parafuso de fixação do componente protético ao implante15.

Tentando melhorar a compreensão sobre a biomecânica de diferentes tipos de


conexão, hexágono externo e Cone Morse, Mertz et al (2000) realizaram uma análise através
de elementos finitos onde a conexão cônica foi submetida a um efeito de cunha. Enquanto as
tensões se concentraram nas primeiras roscas do parafuso do abutment na conexão tipo Cone
Morse, na conexão hexagonal externa, os níveis de estresse foram significativamente
maiores23.

A colonização bacteriana no interstício do implante é realizada através do microgap


existente na interface implante/abutment que cria áreas susceptíveis a contaminação e
sobrevivência de microrganismos. As toxinas e metabolitos provenientes das bactérias se
propagam nos tecidos periimplantares, devido ao microgap permitir a passagem de
fluidos20,24, .

Coelho et al (2008) e Scarano et al (2005) citam que sempre onde existe a utilização
de um parafuso para fazer a união do componente protético ao implante, um microgap é
observado entre essas duas partes. As consequências da existência desse microgap estariam
relacionados a problemas mecânicos e biológicos. Os problemas mecânicos estão associados
com a micro movimentação do abutment, possíveis fraturas e também perda do torque de
inserção do parafuso de fixação. Já o biológico estaria relacionado com a penetração
bacteriana por esse espaço, formando um nicho bacteriano podendo induzir a uma
periimplantite. Os autores salientam ainda que o tamanho de uma bactéria é de
aproximadamente 0,5µm e o microgap formado pode variar de 4-100µm 7,25.

Com o objetivo de avaliar a infiltração através da interface formada entre a conexão


interna do implante dentário e o abutment, Barberi et al (2014) realizaram uma pesquisa
utilizando implantes da marca Astra Tech Implant System® e abutments de diferentes marcas,
18
formando 4 grupos de 5 amostras cada. Antes da instalação do abutment no implante,
instalaram dentro da conexão do implante uma quantidade pré-determinada de um corante
rhodamine-B (Rh-B), e posteriormente procederam a instalação do abutment. Os conjuntos
então foram inseridos em tubos de ensaio com quantidades pré-determinadas de água
destilada. Os pesquisadores removeram então 1ml da solução presente no tubo de ensaio e
submeteram esse volume retirado às técnicas de fluorescência e espectrofotometria para
determinar quais soluções presentes nos tubos de ensaio apresentaram maior concentração de
Rh-B. Os autores concluíram que a associação de diferentes marcas de abutments ao implante
da Astra Tech mostrou-se ser desfavorável, sugerindo uma maior desadaptação entre os
componentes, devido a uma maior concentração de Rh-B encontrado na solução do tubo de
ensaio26.

Koutouzis et al (2011), analisaram a contaminação bacteriana através do microgap


formado na união implante-abutment em conexões do tipo cone morse. Após 500.000 ciclos
de carga 15N cada, observaram uma maior contaminação no grupo com maiores valores de
microgap produzidos pelo abutment. Concluíram que o desenho da conexão pode afetar o
risco de invasão bacteriana através do microgap formado da união implante-abutment após a
aplicação de cargas dinâmicas sobre o conjunto27.

Aloise et al (2010), avaliaram a infiltração bacteriana através de um estudo in vitro


utilizando duas diferentes marcas de implantes, com conexões tipo cone morse. Inocularam
dentro da conexão 0,1 µl de S. sanguinis II, e introduziram o conjunto implante-abutment em
tubos contendo solução estéril de brain-hert infusion (BHI), e após um período de incubação
de 14 dias observaram um turvamento do líquido indicando proliferação bacteriana e
indiretamente constatou a presença de microgaps na interface implante-abutment que
possibilitou a contaminação da solução presente no tubo por bactérias e seus metabólitos28.

Através da utilização da bactéria Escherichia coli (1-1,5 µm diâmetro) um estudo


demonstrou que mesmo com maiores valores de torque, houve contaminação através da
conexão existente, tipo hexágono externo. Silva Neto et al (2012) afirmaram, ainda, que
maiores valores de torque podem aumentar as discrepâncias entre implante e o abutment
aumentando microgap29.

19
Mesmo realizando a instalação do componente protético com altos valores de torque,
Khraisat et al (2004) afirmam que microgaps ainda existem entre as duas superfícies,
provocando movimentos indesejáveis, resultando em falhas mecânicas e biológicas30.

Zanardi (2012)31 avaliou a intercambialidade de componentes protéticos em diferentes


marcas de implantes com conexão do tipo hexágono externo (Sin®, Neodent®, Conexão) por
meio da mensuração, através do MEV, do microgap formado na união do implante e
abutment. Foi utilizado 10 implantes de cada fabricante com seus respectivos abutments e
uma marca alternativa também foi utilizada (Microplant®). O valor de referência para a
intercambialidade das várias marcas de componentes foi definido pela diferença do pilar
original para com seu respectivo implante. Sendo considerada válida a intercambialidade
quando o resultado da mensuração do microgap para um determinado abutment fosse igual ou
menor que a diferença medida quando o pilar da mesma marca do implante foi posicionado. O
autor afirmou que um grau de desajuste foi observado em todas as amostras avaliadas. Como
conclusão, foi apresentado que a marca alternativa foi a única que apresentou compatibilidade
com todos os sistemas, enquanto as outras marcas não seriam completamente intercambiáveis.

Meyer et al (2003)32 avaliaram a precisão de adaptação e a compatibilidade entre


componentes intermediários e implantes Branemark em dois sistemas nacionais (Conexão e
Neodent) e em dois estrangeiros (Branemark e 3I Implant Innovations) no intercâmbio de
componentes entre esses sistemas. A interface implante/intermediário (fenda vertical e
discrepância horizontal) foi avaliada por microscopia eletrônica de varredura para cada um
dos quatro sistemas de implantes, assim como no intercâmbio entre esses sistemas. Os
resultados mostraram diferenças significantes entre sistemas. As menores medidas da fenda
vertical foram encontradas nas combinações utilizando intermediários da marca Conexão® e
3I®. As maiores fendas verticais foram encontradas nas combinações com intermediários do
sistema Branemark. As menores medidas da discrepância horizontal foram encontradas nas
combinações utilizando os intermediários da marca 3I®, seguidos das combinações utilizando
os intermediários da marca Conexão®. Os maiores valores para discrepância horizontal foram
encontrados sempre com intermediários do sistema Branemark, as quais apresentam menor
diâmetro de intermediário na porção voltada ao implante. Os autores concluíram que os
sistemas de implantes analisados são compatíveis, sendo possível o encaixe de todos os
intermediários sobre todos os implantes, com diferenças nos resultados dos sistemas originais

20
para os do intercâmbio. Afirmaram, ainda, que os componentes Neodent® e suas
combinações foram os que apresentaram maior variação das médias de medidas.

Poucos estudos na literatura analisaram a formação do microgap, entretanto alguns


estudos associam a desadaptação entre esses dois componentes (superfície conexão e
abutment) com as falhas biológicas e mecânicas do tratamento com implante dentário33, 34.

Em 2013, Solá-Ruíz et al analisaram o microgap formado entre a conexão externa


do implante (hexágono externo) e seu respectivo componente protético (abutments) através da
microscopia eletrônica de varredura (MEV) em uma amostra total de 25 implantes, e
abutments de diferentes marcas (NOBEL BIOCARE,BIOFIT,BIONER, BIOMET 3i, BTI)
antes e depois de inserir o torque. Os autores observaram que antes do torque o microgap
variou de 1,6-5,4 µm, e após o torque variou de 0,9-5,6 µm. Concluíram que o microgap
encontrado está dentro dos limites considerados clinicamente aceitos. A aplicação do torque
melhora os resultados com referência ao microgap, e os melhores resultados foram obtidos
nas seguintes combinações: implante Nobel prótese Nobel, implante 3i prótese 3i e implante
3i e prótese BTI. Os autores concluíram que há possibilidade de intercambiar os componentes
(implante e abutment de marcas diferentes) uma vez que a maioria dos resultados são
aceitáveis (abaixo de 10 micrômetros) o que não causaria prejuízos em tecidos “moles e
duros”22.

King et al 2002, avaliaram através de radiografias convencionais a perda óssea


marginal após a instalação de 60 implantes em cães. Os autores simularam em três grupos
microgaps de 10µm, 50µm, 100µm e compararam a perda óssea marginal com implantes de
corpo único. Concluíram que após 1 mês os implantes de corpo único (sem microgap)
apresentaram uma menor perda óssea marginal, sugerindo que a estabilidade do conjunto
implante-abutment apresenta um importante papel na manutenção do nível da crista óssea35.

É importante ressaltar que o conjunto implante/abutment está inserido em um


ambiente dinâmico onde pequenas desadaptações podem gerar zonas de estresse mecânico na
região parafusada da conexão devido a pequenos movimentos entre os componentes. A falha
biológica ocorre quando há uma inadequação do hospedeiro, no que diz respeito a
manutenção e a estabilidade da osseointegração. Características clínicas que potencializam tal
21
evento seriam a ocorrência de periimplantite e mucosite, as quais estão diretamente
associadas à infiltração bacteriana no interstício do conjunto implante/abutment36,37,38,39.

Já é bem estabelecido na literatura,,40,41,42,43,44,45,46 que a presença do microgap na


interface implante-abutment interfere diretamente no sucesso a longo prazo do tratamento
com implantes dentários. A determinação da presença de microgaps nessa interface pode
orientar futuras pesquisas na melhoria da adaptação do conjunto implante-abutment, assim
como aprofundar os conhecimentos sobre a conexão tipo Cone Morse.

22
2.Proposição

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a presença de microgaps na união entre a superfície da conexão interna do


implante do tipo Cone Morse e o componente protético (figura 1).

2.2 Objetivos específicos

Mensurar o microgap formado na união do implante dentário e o componente protético


do mesmo fabricante de fabricantes diferentes.

Avaliar a adaptação entre as superfícies do implante e componente protético, com base


nas mensurações do microgap encontrado.

23
3.Material e método

3.1 Desenho do estudo

O presente trabalho caracterizou-se por um estudo in vitro, não randomizado, da união


entre o implante dentário e o abutment (figura 1), analisados através da microscopia eletrônica
de varredura. A hipótese nula (H0) para este experimento in vitro foi pré-determinada como
sendo: haveria igualdade no tamanho do microgap entre os dois grupos estudados.

Figura 1: Corte longitudinal de implante Neodent® e abutment Neodent®


evidenciando a região de união entre os dois componentes.

3.2 Materiais

O presente estudo foi realizado no Laboratório do Núcleo de Engenharia de


Materiais da Universidade Federal de Sergipe, localizados na Cidade Universitária Prof. José
Aloísio de Campos – São-Cristóvão/Se.

24
Os procedimentos imaginológicos necessários à pesquisa foram executados no
Núcleo de Engenharia de Materiais e laboratório de microscopia do Departamento de Física,
ambos da Universidade Federal de Sergipe/UFS. A empresa nacional de implantes Neodent®
(Curitiba-PR, Brasil) cedeu as amostras (implantes e componentes protéticos) necessárias
para realização da pesquisa, assim como a empresa Singular® (Parnamirim-RN, Brasil) cedeu
os componentes protéticos.

3.3 Corpos de prova

Os corpos de prova foram divididos em 2 grupos (32 implantes + 32 abutments)


descritos nas tabelas 1 e 2. Todos os componentes foram fabricados em titânio
comercialmente puro (Ti c. p), que seguem a norma NBR ISO 5832.

Tabela 1: Grupo 1

Implante Abutment (Figura 2)

Quantidade 16 16

Fabricante Neodent®(Curitiba-PR, Brasil) Neodent®(Curitiba-PR, Brasil)

Tamanho 3,75x11mm 3,3 x 6 x 3,5mm

Número referência Titamax® 109.609 114.079

Tipo conexão Cone Morse Cone Morse

25
Tabela 2: Grupo 2

Implante Abutment (Figura 3)

Quantidade 16 16

Singular®(Parnamirim-RN,
Fabricante Neodent®(Curitiba-PR, Brasil)
Brasil)

Tamanho 3,75x11mm 3,3 x 6 x 3,5mm

Número referência Titamax® 109.609 119.022

Tipo conexão Cone Morse Cone Morse

Figura 2: Abutment Neodent® (grupo 1)

26
Figura 3: Abutment Singular® (grupo 2).

A preparação das amostras iniciou-se pela abertura dos implantes de suas


embalagens, procedeu-se a instalação dos implantes em uma base de alumínio, com auxílio de
uma morsa de bancada (figura 4 e 5), por meio de um torquímetro cirúrgico manual (figura 6),
número de referência Neodent® 104.027, com torque de 45N. Após a instalação dos
implantes em suas bases, os abutments foram instalados sobre os implantes utilizando-se
torquímetro protético manual (figura 7), número de referencia Neodent® 104.050, de acordo
com as instruções dos respectivos fabricantes. Foi aplicado um mesmo torque de 32 N para os
componentes protéticos do grupo 1 e do grupo 2, e após 30 minutos foi novamente aplicado o
mesmo torque de 32N sobre os componentes.

27
Figura 4: Morsa de bancada

Figura 5: base, em alumínio, com implante e abutment instalados

28
Figura 6: Torquímetro cirúrgico manual

Figura 7: Torquímetro protético manual.

29
Os implantes com seus respectivos componentes protéticos acoplados foram
encaixados em um dispositivo, próprio ao MEV (figura 8), para o ensaio, fixados em uma
bancada de teste rígida e fixa com angulação 250 a uma altura de 22mm do filamento emissor
de elétrons. A montagem dos implantes com seus abutments foi realizada imediatamente
antes da avaliação por imagem do MEV (figura 9). O ambiente apresentava-se com
temperatura média de 200C, com umidade do ar com valores inferiores a 60% avaliados
através de um termômetro digital. A tensão utilizada no aparelho era de 15Kv. O estudo
avaliou a presença de microgap entre as conexões internas dos implantes e a interface do
componente protético (mesmo fabricantes e fabricantes diferentes).

Figura 8: Base própria do MEV com os corpos de prova fixadas (implantes +


abutments).

30
Figura 9: Corpos de prova (implante + abutment) montados e posicionados na
plataforma do MEV para início das mensurações.

Os procedimentos imaginológicos foram realizados por meio da microscopia


eletrônica de varredura (MEV) para observar com maior detalhe as superfícies do implante e
do componente protético, com ênfase na união entre o componente protético e a conexão
interna do implante dentário. Assim foi possível avaliar e mensurar o microgap.

As amostras foram analisadas por MEV através do equipamento JEOL JCM-5700


CARRY SCOPE (figura 10). As imagens produzidas pelo microscópio eletrônico de
varredura foram obtidas no modo de elétrons secundários. Estas imagens foram arquivadas
conjuntamente com as mensurações realizadas.

31
Figura 10: Microscópio eletrônico varredura JEOL JCM-5700 CARRY SCOPE (Jeol-USA).

3.4 Mensuração do microgap

As mensurações foram realizadas no aumento de 5000x na escala métrica de


micrômetros (µm), avaliadas por apenas um pesquisador. Os pontos de registro das aferições
foram as bordas regulares visíveis da conexão interna tipo Cone Morse do implante, traçando
uma reta perpendicular a este ponto até alcançar um ponto na borda visível da superfície do
componente protético (figura 11).

32
Figura 11: mensuração do microgap em uma amostra do grupo 1.

3.5 Tabulação dos dados

A tabulação dos dados foi realizada com as mensurações obtidas referentes ao


microgap, no programa Excel Microsoft® seguindo a seguinte nomenclatura:

- Exemplo: NNA5 (Implante da marca Neodent®+ Componente da marca Neodent®+


Amostra de número 5).

3.6 Análise dos dados

Todas as informações obtidas foram codificadas e inseridas em um banco de dados. O


teste de Shapiro-Wilks foi realizado para verificar a normalidade da distribuição dos dados.
Como não houve distribuição normal, a comparação entre as médias dos dois grupos foi feita
a partir da aplicação do teste não paramétrico Mann Whitney. O nível de significância da
análise foi de 5% (p<0,05). Os dados foram analisados por meio do software SPSS versão
20.0 e Minitab 17.

33
4. Resultados

Os resultados obtidos referentes à quantificação do microgap estão dispostos na


tabela 3 em seus valores mínimo, máximo, média e desvio padrão. A hipótese de
igualdade entre os dois grupos testados foi rejeitada, não havendo igualdade entre as
medianas após a aplicação do teste não paramétrico Mann-Whitney U. Os valores do
microgaps encontrados para as amostras dos dois grupos foram avaliados através de
medidas de tendência central e medidas de dispersão. O grupo 1 apresentou valores de
microgap maiores, assim como uma maior dispersão dos valores (Figura 12).

Tabela 3: Número de amostras avaliadas e os respectivos valores mínimos, máximos,


média e desvio padrão para cada grupo avaliado.

Valores (µm) Grupo 1 Grupo 2

N 16 16

Mínimo 0,89 0,71

Máximo 28,39 2,04

Média 5,6913 1,2469

Desvio Padrão (DP) 8,4623 0,44509

34
Figura 12: Gráfico, tipo boxplot, evidenciando uma maior dispersão dos valores no grupo 1.

Valores discrepantes foram observados no grupo 1, onde o valor máximo


encontrado foi de 28,39 µm e a média com DP foi de 5,6 ± 8,4. Analisando os valores
das médias, observamos que a média encontrada no grupo 2 foi aproximadamente 4,6
vezes menor que a média encontrada no grupo 1.

35
Discussão

As imagens obtidas através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) revelam


visualmente a presença de microgaps na interface formada pelo implante dentário (conexão
interna tipo Cone Morse) e a superfície do componente protético, abutment, onde foram
realizadas as mensurações (figura 13 e 14). Alterações externas à conexão e próximas à região
de contato entre o implante e o abutment também foram observadas em diversas amostras
(figuras 14, 15 e 16). Estas alterações sugerem serem oriundas de defeitos durante o processo
de fabricação (usinagem).

Figura 13: Evidenciação do microgap (MEV: 5.000x) na interface da conexão do


implante e abutment
36
Figura 14: imperfeições observadas MEV (1.400x) na superfície externa da plataforma
do implante dentário.

Figura 15: Visualização da superfície do abutment da marca Singular® através do


MEV (80x).
37
Figura 16: Visualização da superfície do abutment da marca Neodent® através do
MEV (80x)

Foi observado diferenças microscópicas e macroscópicas entres os dois abutments


utilizados (figura 15, 16, 17 e 18), o que contribuiu para os diferentes valores de microgap
encontrados e consequentemente as diferenças de adaptação com o implante.

Figura 17: Visualização do abutment da marca Neodent® através do MEV (10x).


38
Figura 18: Visualização do abutment da marca Singular® através do MEV (10x)

Na literatura, defeitos de usinagem no implante e abutment são relatados e criam uma


desadaptação que favorece a micro movimentação entre essas estruturas ocasionando fadiga
do material em virtude das cargas mastigatórias a qual são submetidas36,37. O resultado da
desadaptação e tamanho do microgap pode variar dependendo também da presença de
imperfeiçoes na conexão e abutment29, por si só essa condição já determina uma maior
instabilidade de união entre os componentes, evidenciando um aumento na resistência
mecânica das partes.

O microscópio eletrônico de varredura é um dos instrumentos mais indicados para


investigar superfícies assim como quantificar em micrometros (µm) o tamanho de estruturas
microscópicas, nesse caso mensurar o microgap. Além da sua alta resolução, a principal
vantagem do MEV é a grande profundidade de foco, que permite obter imagens topográficas
tridimensionais da amostra com boa resolução e qualidade. Nesse estudo a microscopia
eletrônica de varredura foi utilizada devido a sua precisão e simplicidade para mensuração do
microgap existente entre duas partes, quando se compara a outras técnicas (Tc; CAD-
CAM)38,41. Outra vantagem consiste no fato de se manter as amostras em uma posição fixa e
pré-determinada8, 22,38.

39
Na conexão tipo Cone Morse a fixação e estabilidade não é função apenas do parafuso
de fixação. Estas propriedades são alcançadas pelo atrito entre suas partes cônicas e a
superfície do abutment29.

Argumentando-se a importância da ausência de microgaps na interface


implante/abutment, apresentamos em nosso estudo a quantificação do microgap existente e
suas variações dentro do mesmo fabricante e entre fabricantes diferentes.

Ao analisar a totalidade das aferições realizadas em cada grupo, encontramos que 20%
dos valores no grupo 1 estavam acima da média. Enquanto no grupo 2, 42,5% dos valores
encontravam-se acima da média. Esses dados reafirmam a maior discrepância nas medidas
encontradas no grupo 1. Pois mesmo com uma menor quantidade de valores acima da média,
o grupo 1 apresentou maior dispersão. O que pode também ser visualizado na figura 12.

A união formada entre implante/abutment, na conexão tipo Cone Morse é relatada na


literatura como mecanismo hermético à penetração de microrganismo, por promover um
selamento total da interface12. Este fato entra em discordância com os resultados obtidos neste
estudo, pois mesmo visualmente, através da análise por MEV, é possível observar microgap
nessa interface.

A conexão tipo hexágono externo é relatada como mais favorável à infiltração de


fluidos, comparando-se a outras conexões. O microgap varia entre 1-49µm, sugerindo que
essa variação do tamanho do microgap pode ser oriunda da escolha do abutment para o
implante dentário37. Corroborando com a ideia, apresentada neste estudo, da possibilidade de
se utilizar fabricantes diferentes no conjunto implante abutment.

Estudos anteriores já observaram a presença de microgap na interface do componente


24,18
protético e implante da mesma marca, com valores entre 2-7µm e de 40-65 µm25.
Entretanto, estes estudos avaliaram a conexão tipo hexágono externo. Comparando-se com os
resultados obtidos neste estudo podemos verificar que as mensurações encontradas no grupo 2
apresentaram microgaps, na conexão tipo Cone Morse, com valores bem inferiores aqueles
relatados na literatura como aceitáveis, principalmente quando comparados com a conexão
tipo hexágono externo.
40
Em um estudo com três diferentes marcas de implantes (Bicon®, Straumann®,
Ankylos®) e seus respectivos componentes protéticos, foi realizado a análise da área de
contato entre o abutment e a conexão interna tipo “cone” do implante, observando-se também
a presença de microgaps nessa interface. A análise realizada através de micro tomografia
(micro Tc) era capaz de constatar gaps maiores que 10µm. Os resultados obtidos não
demonstraram presença de microgap nas três amostras avaliadas, em discordância com os
resultados obtidos em nosso trabalho que demonstraram uma media de 5,6µm para o grupo 1
e de 1,2µm para o grupo 2 referentes ao tamanho do microgap. Comparações referentes ao
tamanho e presença do microgap não são pertinentes pois neste estudo o método de avaliação
foi a microscopia eletrônica enquanto os autores utilizaram a micro TC, a qual possui
limitações na magnificação das imagens (apenas valores maiores que 10µm são observados)
e possíveis distorções na reconstrução da imagem pelo tomógrafo podem diminuir a acurácia
dos resultados. Os autores afirmaram ainda que as amostras que apresentaram maior
superfície de contato em ordem decrescente foram: Bicon®, Ankylos® e Straumann®40.

Na literatura a relação entre implante/abutment assume um papel importante na


manutenção do implante dentário. Evidências demonstram que a presença de microgaps
predispõe a um processo inflamatório devido à infiltração bacteriana e consequentemente
circulação de toxinas de dentro da conexão para os tecidos periimplantares. O processo
fisiopatológico decorrente é a reabsorção óssea associada ao implante. Com o objetivo de
prevenir essa reabsorção, desenvolveu-se a conexão tipo Cone Morse planejando “selar” a
interface formada entre o componente protético e a conexão. Essa característica de selamento
impediria a infiltração bacteriana e consequentemente os problemas oriundos da produção de
toxinas bacterianas como o processo inflamatório, reabsorção óssea, fadiga do conjunto e em
última análise a fratura de algum componente40. Contudo, nesta pesquisa em todas as
amostras (n 32) foram observados microgaps, o que não justificaria esse perfeito selamento.

Utilizando a conexão tipo Cone Morse de implantes Neodent®, pesquisadores


constataram a presença de microgap na interface formada com o componente protético, sendo
as amostras do mesmo fabricante. Os autores38 utilizaram a incrustação em resina e posterior
avaliação por meio do MEV. Observaram valores de microgap de 2,8 ± 1 µm, em uma
magnificação de 10.000x. Esses valores estão em desacordo com aqueles observados em

41
nosso estudo utilizando-se apenas o grupo 1 como comparação, o qual utilizou implante e
componente da mesma marca, Neodent® (média de 5,6µm).

A possibilidade de utilização de diferentes fabricantes de implantes e componentes


protéticos já foi relatada na literatura9. Utilizando 5 diferentes fabricantes de implantes com
conexão tipo hexágono externo das marcas Nobel®, BTI®, Bioner®, Biomet®, Biofit®, os
autores avaliaram a presença de microgap formado quando utilizava-se componentes e
implantes da mesma marca e quando utilizava-se marcas diferentes. Os autores utilizaram o
MEV para quantificação do microgap. Concluíram que houve a presença de microgap em
todos as amostras, sendo que os melhores resultados (menores valores do microgap) após a
aplicação do torque preconizado pelos fabricantes obtidos foram: Biomet®-Bioner®;
Biomet®-BTI; Biomet®-Nobel®; Nobel®-Biomet®; Nobel®-Bioner® (implante –
abutment). Quando utilizaram implantes e abutment da mesma marca os melhores resultados
foram obtidos pela marca Nobel®, com valores de gap inferiores a 2µm. Concluíram que há a
possibilidade de combinação entre diferentes fabricantes de implantes e seus componentes,
pois afirmam que valores inferiores 10µm não produzem efeito deletério ao conjunto.
Encontramos valores semelhantes no grupo 2 (implante e abutment de diferentes marcas):
valores mínimos de 0,71µm e máximos de 2,04µm.

Estudando a infiltração bacteriana através do microgap na junção implante abutment,


pesquisas anteriores7,25,27,28,29,35,41, utilizaram cultura bacteriana como meio de avaliar essa
contaminação. Nessas pesquisas além da observação da presença do microgap, os autores
também pesquisaram a capacidade de infiltração bacteriana na interface implante/abutment
concluindo haver uma contaminação através do microgap. Estes trabalhos entram em
concordância com a pesquisa realizada devido a constatação da presença e importância do
microgap, entretanto não mensuraram exatamente o tamanho do microgap.

Comparando o tamanho do microgap formado pela conexão tipo hexágono externo,


observado em trabalhos anteriores18,25, com os resultados obtidos em nosso trabalho
encontramos valores menores utilizando a conexão tipo Cone Morse, nos dois grupos
pesquisados. Infere-se que o maior número de perda do parafuso de fixação nos implantes
com conexão do tipo hexágono externo esteja intimamente ligada à presença de microgaps
maiores, o que clinicamente, é notório uma vez que são menores os problemas de soltura e
42
fratura nos implantes que utilizam o sistema protético do tipo Cone Morse. Esses dados
clínicos encontrados sugerem ou direcionam novos trabalhos a fim de esclarecer os reais
motivos para essas complicações.

Relata-se que a associação de diferentes fabricantes no conjunto implante/abutment é


desfavorável, pois criam-se microgaps nessa interface26. Contudo, observamos a presença de
microgaps inclusive no grupo formado por implante e abutment do mesmo fabricante.
Utilizando também a avaliação por microscopia eletrônica, outros autores22 também
observaram a presença de microgaps em todas as amostras, corroborando com nossos
achados.

Os fabricantes dos implantes dentários e componentes protéticos tentam reduzir a


infiltração bacteriana aumentando a precisão (diminuindo o tamanho do microgap) e
estabilidade da junção entre as partes através da fabricação de peças mecânicas com alto grau
de precisão29, 42,43. Além da melhora na usinagem, o que acaba por gerar maior precisão, o uso
de materiais que suportem, ou ainda, dificultem a soltura do parafuso são largamente
empregados por inúmeros fabricantes44.

A possibilidade de intercambiar diferentes fabricantes no conjunto implante/abutment


foi bem descrito na literatura por Binon(2000)15 e Zanardi (2012)31. Os autores observaram
que a intercambialidade de peças é possível e, além disso, os resultados podem ser melhores
que o conjunto do mesmo fabricante. Zanardi (2012)31 demonstrou que todos os
componentes que foram conectados ao implante da marca Conexão® apresentaram valores de
adaptação significativamente melhores do que o componente do mesmo fabricante,
resultados esses que vem corroborar este trabalho pois, os melhores resultados obtidos nesta
pesquisa foram encontrados com implante e abutment de marcas diferentes (Neodent®-
Singular®). O grupo 2 apresentou uma dispersão menor entre os valores de microgap
encontrados (DP:0,44µm), demonstrando uma melhor adaptação entre os componentes.

Ao avaliar a variação entre os valores obtidos nos dois grupos estudados, grupo 1
(5,6±8,4µm) e grupo 2 (1,2±0,44µm) , infere-se que as discrepâncias observadas nos valores
do microgap são oriundas do componente protético, pois foi utilizado o mesmo fabricante dos
implantes nos dois grupos.

43
Apesar das limitações técnicas deste trabalho foi constatado que todas as amostras (n:
32) apresentaram microgap na sua interface. As conclusões referentes à compatibilidade entre
as duas marcas baseiam-se apenas na mensuração do microgap encontrado, no entanto, afim
de assegurar a utilização de marcas diferentes, pesquisas com esse material avaliando
resistência a fadiga e fratura se fazem necessários afim de se estabelecer os riscos e benefícios
desta pratica.

44
6.Considerações finais

Os resultados apresentados demonstram a existência de um microgap na interface


formada entre a superfície interna da conexão tipo Cone Morse e o componente protético.

Avaliando-se as mensurações dos resultados obtidos nos grupos estudados, as


amostras formadas por componentes do mesmo fabricante apresentaram média de valores do
microgap aproximadamente 4,6 vezes maior que a média do grupo formado por componentes
de fabricantes diferentes.

Observando apenas as mensurações do microgap, infere-se que há uma maior


adaptação entre os componentes de marcas diferentes.

45
7.Comunicado de imprensa (Press Rellease)

O uso de implantes dentários se popularizou nos últimos anos, com um aumento do


número de pacientes tratados com diferentes marcas de implantes e componentes protéticos.
A preocupação com a manutenção e durabilidade do tratamento também aumentou e
pesquisas referentes a melhoria do conjunto implante e prótese vem se tornando cada vez
mais frequentes. A adaptação do componente protético nesta pesquisa laboratorial foi avaliada
através de um microscópio eletrônico, o qual verificou a presença de micro espaços entre o
componente protético e o implante dentário. Este espaço a depender de sua magnitude
interfere na durabilidade do conjunto implante-prótese. Os resultados encontrados sugerem
que há a possibilidade de utilização de implantes e componentes protéticos de marcas
diferentes, uma vez que os espaços observados nesta situação, mostrou-se ser menor.

46
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41. Nascimento C, Pedrazzi V, Miani PK, Moreira LD, Albuquerque Junior RF.
Influence of repeated screw tightening on bacterial leakage along the implant-
abutment interface. Clin Oral Implants Res. 2009;20:1394-7.

42. Ribeiro CG, Maia ML, Scherrer SS, Cardoso AC, Wiskott HW. Resistance of three
implant-abutment interfaces to fatigue testing. J Appl Oral Sci. 2011;19:413-20

43. Ricomini AP Filho, Fernandes FS, Straioto FG, da Silva WJ, Del Bel Cury AA.
Preload loss and bacterial penetration on different implant-abutment connection
systems. Braz Dent J. 2010;21:123-9.

51
44. Pastor FP, Lenharo A, Carvalho PSP. Avaliação mecânica de três tipos de
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46. Kim ES, Shin SY. Influence of the implant abutment types and the dynamics
loading on initial screw loosening. J Adv Prosthodont. 2013; 5: 21-8.

52
APÊNDICE A

DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONFLITO DE INTERESSES

Os autores abaixo assinados do manuscrito intitulado: Avaliação da união formada


entre a conexão interna tipo cone morse do implante dentário e o componente protético,
declaram a inexistência de conflito de interesses em relação ao presente trabalho.

Aracaju-SE ____/____/____

____________________________________

Derivaldo Moura Gois Filho

____________________________________

Cleverson Luciano Trento

53
Anexo

Bonding evaluation between abutment and the inner connection of cone morse dental implant

Microgap evaluation between implant and abutment

Derivaldo Moura Gois Filho, Departamento Odontologia da Universidade Federal de Sergipe


Aracaju-SE, Brasil

Vanessa Tavares De Gois Santos, Departamento Odontologia da Universidade Federal de


Sergipe, Aracaju-SE, Brasil

Ronaldo Santos Silva, Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe, Aracaju-


SE, Brasil

Cleverson Luciano Trento, Departamento Odontologia da Universidade Federal de Sergipe


Aracaju-SE, Brasil

Derivaldo Moura Gois Filho


Av. Anízio Oliveira 675
Bairro 13 de Julho
Centro Médico Luiz Cunha , Sala 1110
Cep: 49020-243
Aracaju-SE
[email protected]
Tel.: 079 98192384
079 30449740

54
Bonding evaluation between abutment and the inner connection of cone morse dental implant

Microgap evaluation between implant and abutment

55
SUMMARY

The biomechanical aspects related to the adaptation of fixed prostheses over implants are
directly associated to treatment success. Therefore, the aim of this study was to evaluate the
presence of microgaps in the union formed by the abutment and the inner connection of Cone
Morse dental implant. The study was composed by two groups. The first group (n:16) used
materials (dental implant and abutment) of the same manufacturer, Neodent® (Curitiba-PR,
Brazil). The second group (n:16) used materials from different manufacturers, where the
dental implant was Neodent® (Curitiba-PR, Brazil), and the abutment was
Singular®(Parnamirim-RN, Brazil). The sets were sent to scanning electron microscope
(SEM), where it was taken the measurements of microgaps formed between the implant
connection and the abutment. The results obtained were submitted to statistical (Mann-
Whitney-U) evaluating dispersion measurements and central tendency of values (standard and
mean deviation). In group 1 the average found was 5,69μm and standard deviation (SD) was
8,46μm. Group 2 showed average of 1,24μm and SD: 0,44μm. The group formed by dental
implant and abutment from the same manufacturer showed a greater data dispersion, with
greater microgap values, compared to the group formed by the set implant-abutment of
different manufacturers. It was concluded that, based on the measurements taken on SEM, the
group formed by implant and abutment of different manufactures showed lower values of
microgaps, and, therefore, a better in vitro adaptation.

Key-words: Dental Implants; Abutment; Scanning electron microscope; Morse.

56
INTRODUCTION

One of the reasons that characterize maladjustment between two components that
bond together is the size and presence of a microgap formed in the bonding between the parts.
When implant + abutment set is submitted to biomechanics, the presence of these microgaps
predisposes to micro movimentation which may cause mechanical impairments to the set and
biological impairments to support tissues.

No matter the location and type of connection, inner or external, it is important that the
attachment of these two components be the most perfect as possible aiming to favor a better
distribution of stress between the components (implant and prosthesis), besides biological
response and bacterial colonization that may exist in this interface (1).

Dental implants and abutments manufactures try to reduce bacterial infiltration by


increasing precision and quality control in order to decrease the microgap, therefore,
increasing stability between the parts (2, 3, 4).

Bonding formed between implant/abutment, on Cone Morse connection is reported in


literature as a hermetic mechanism to penetration of microorganism, by promoting a total
sealing of the interface (5). To prevent this resorption associated to implant`s platform, it was
developed a Cone Morse connection that aimed to “seal” the interface between abutment and
implant. This sealing would prevent bacterial infiltration and subsequently problems that
could occur from the production of bacterial toxins as the inflammatory process, bone
resorption, fatigue of the set and as last analysis the fracture of any component (6).

Using a Cone Morse implant connection by Neodent®, researchers (7) asserted the
presence of microgap on interface formed within the abutment, being samples from the same
manufacturer. Authors used resin inlay and posterior evaluation by using SEM. Microgap
values of 2,8 ± 1 μm were observed, using magnification of 10.000x.

A possibility of interchanging different manufactures on implant/abutment set was


well described in literature by Binon, 2000 (8) and Zanardi, 2012 (9). The authors observed
that this interchanging of pieces is possible, and besides, the results may be better than the
whole set from the same manufacturer.

57
The aim of this research was to evaluate the presence of microgaps on bonding
between inner connection surface of Cone Morse implant and its abutment, measuring the
microgap formed, using abutments from the same and different manufacturers.

MATERIALS E METHODS

The present study is an in vitro study of bonding between dental implant and
abutment, analyzed through scanning electron microscope, and took place at Federal
University of Sergipe (Physics Department e Material Engineer Department).

Samples were divided into 2 groups (32 implants + 32 abutments), described on tables
1 and 2. All components were made out of titanium, according to NBR ISO 5832 standard.

Preparation of samples began by placing implants on aluminum base, with help of a bench
vise, through a manual surgical torquemeter, reference number Neodent® 104.027, with 45N
torque. After placing implants on their basis, abutments were installed over implants using a
manual prosthesis torquemeter, reference number Neodent® 104.050, according to the
instructions of the respective manufacturers. The same torque of 32 N was applied for
abutments in groups 1 and 2, after 30 minutes the same torque was applied over the
components.

Implants and their respective abutments attached were fixed in a proper SEM device,
to test, fixed on a hard and fixed bench with an angle of 250 and height of electron emitter
filament of 22mm. Assembly o implants with their abutments were done right before image
evaluation through SEM. Room temperature was around 200C, air humidity had values lower
than 60% assessed through a digital thermometer. Tension used on the device was 15Kv .The
study evaluated the presence of microgap between inner connections of implants and
abutment interface (same and different manufactures).

Samples were analyzed by SEM through JEOL JCM-5700 CARRY SCOPE


equipment. Images produced by SEM were obtained on secondary electrons mode. These
images were filed within the measurements made.

58
Measurements were done using a 5000x magnifier on a micrometer scale (μm),
evaluated by only one researcher. Register points of assessments were visible regular borders
of inner connection of Cone Morse implants, tracing a perpendicular line from this point till
reach a point on visible border of the abutment surface.

All information obtained were codified and inserted on a database. Shapiro-Wilks test
was realized to verify normality of distribution of data. Since there was no regular
distribution, comparison between media of the two groups was done by applying the non-
parameter Mann Whitney test. The level of significance of analysis was 5% (p<0,05). Data
were analyzed using SPSS software version 20.0 and Minitab 17.

RESULTS

The results concerning microgap quantification are seen on table 3 and its minimum,
maximum, media and standard deviation values. Hypothesis of equality between the two
tested groups was rejected, not having equality between the median after applying the non-
parameter Mann-Whitney U test. The values of microgaps found on samples of the two
groups were evaluated through central tendency measurements and dispersion measurements.
Group 1 showed higher microgap values, therefore with greater dispersion of values (Figure
1).

DISCUSSION

Images obtained through scanning electron microscope (SEM) visually reveal the
presence of microgaps on the interface formed by dental implant (inner connection Cone
Morse type) and abutment surface, where measurements were made (figure 2). External
alterations on the connection and contact areas next to implant and abutment were also
observed on many samples (figure 3). These alterations suggest that they come from defects
during manufacturing process (machining).

59
In literature, machining defects on implants and abutment are related and make a
maladjustment that favors micro movimentation between these two structures leading to
material fatigue due to masticatory loads which are submitted (10,11). The result of
maladjustment and the size of microgap may vary depending on the presence of imperfections
on connection and abutment (2), this condition already determines a higher instability of
bonding between the components, showing a decrease on mechanical resistance of the parts.

Scanning eléctron microscope is one of the most indicated instruments to investigate


surfaces as well as quantify in micrometers (μm) the size of microscopic structures, in this
case to measure microgap. Besides its high resolution, the main advantage of SEM is its great
focus depth, which allows getting tridimensional topographic images of samples with good
quality and resolution. In this study, scanning electron microscopy was used due to its
precision and simplicity of measuring the existing microgap between the two parts, when
comparing to other techniques (Tc; CAD-CAM). Another advantage consists on keeping the
samples on a fixed and pre-determined position (7,12,13).

Bonding formed between implant/abutment, on Cone Morse connection type is related


in literature as hermetic mechanism to microorganism penetration, by promoting the total
sealing of the interface (5). This fact is in disagreement with results obtained in this study
because even visually, through SEM analysis, it is possible to observe microgap on this
interface.

Analyzing all measurements made in each group, we found that 20% of the values in
group 1 were above median. While in group 2, 42,5% of the values were above median. These
data asserts a greater discrepancy on measurements found in group 1. Even with a lower
quantity of values above median, group 1 showed greater dispersion.

Preview studies already observed the presence of microgap on the interface of


abutment and implant of the same brand, with values between 2-7μm (17,18) and of
40-65 μm (14). However, these studies evaluated external hexagon connection type.
Comparing to the results obtained in this study, we could verify that the
measurements found in group 2 showed microgaps, on Cone Morse connection type,
with values much lower than those related in literature as acceptable, especially
when compared to external hexagon connection type.
60
In a study with three different implant brands (Bicon®, Straumann®, Ankylos®) and
its respective abutments, an analysis of the contact area between the abutment and the inner
connection “cone” type was done, also observing the presence of microgaps on this interface.
An analysis done through micro tomography (micro Tc) was able to assert gaps greater than
10μm. The results obtained did not demonstrate the presence of microgap on the three
samples evaluated, in disagreement with the results obtained in our study which demonstrate a
median of 5,6μm for group 1 and of 1,2μm for group 2 concerning the size of microgap.
Comparisons concerning the size and presence of microgap are not important because in this
study the evaluation method used was electron microscopy while the authors used a micro
TC, which has limitations on magnifying images (only values greater than 10μm are
observed) and possible distortions in rebuilding the image by tomography may decrease the
accuracy of the results. The authors also assert that the samples that showed greater contact
surface in decreasing order were: Bicon®, Ankylos® and Straumann®(6).

In literature, the relationship between implant/abutment plays an important role in


maintaining dental implant. Evidences show that the presence of microgaps may lead to an
inflammatory process due to bacterial infiltration, and subsequently toxin circulation from the
inner part of the connection to periimplantar tissues. Physiopathological process is due to
bone resorption associated to implant. Aiming to prevent this resorption, a Cone Morse type
connection was developed planning to “seal” the interface formed between the abutment and
the connection. This characteristic would impede bacterial infiltration, and subsequently
problems originated from the production of bacterial toxins such as inflammatory process,
bone resorption, set fatigue, and at last analysis fracture of any component (6). However, in
this study all samples (n 32) had microgaps, which do not justify this perfect sealing.

Using a connection type Cone Morse of Neodent® implants, researchers (7) observed
the presence of microgap in the interface formed with the abutment, being the samples from
the same manufacturer. The authors used resin inlay and posterior evaluation through SEM.
Microgap values of 2,8 ± 1 μm, and 10.000x magnification were observed. These values are
in disagreement to those observed in our study, using only group 1 as comparison, which used
implant and abutment from the same brand, Neodent® (median of 5,6μm).

The possibility of using different implant and abutment manufacturers was already
described in literature (15). Using 5 different implant manufacturers with external hexagon
61
connection of brands Nobel®, BTI®, Bioner®, Biomet®, Biofit®, authors evaluated the
presence of microgap formed when using implants and abutments from the same and different
brands. Authors used SEM to quantify microgap. They concluded that there was microgap in
all samples, being the best results (lower values of microgap) after torque application
professed by manufacturers obtained: Biomet®-Bioner®; Biomet®-BTI; Biomet®-Nobel®;
Nobel®-Biomet®; Nobel®-Bioner® (implant –abutment). When used implants and
abutments from the same manufacturer the best results were obtained by the brand Nobel®,
with values less than 2μm. It was concluded that there is a possibility of combining different
implant manufacturers and its abutments, since values lower than 10μm do not produce
deleterious effect to the set. We found similar values in group 2 (implant and abutment from
different brands): minimal values of 0,71μm and maximum of 2,04μm.

It is said that the association of different manufacturers on implant/abutment set is nor


favorable because it creates microgaps on this interface (16). However, we could observe the
presence of microgaps including in the group formed by implant and abutment from the same
manufacturer. Also using evaluation through electron microscopy, other authors (13) also
observed the presence of microgaps in all samples, corroborating with our findings.

Evaluating the variance between values obtained in the two groups studied, group 1
(5,6±8,4μm) and group 2 (1,2±0,44μm), we could infer that discrepancies observed in values
of microgap come from the abutment because it was used the same implant manufacturer in
both groups.

Besides technical limitations of this study, it was concluded that all samples (n: 32)
showed microgaps on its interface. Conclusions concerning compatibility between the two
brands are based only on measuring the microgap found, however, aiming to assure the use of
different brands, studies with this material evaluating the resistance to fatigue and fracture are
necessary to establish the risks and benefits of this practice.

The results showed the existance of a microgap in the interface formed


between the inner surface of Cone Morse type connection and its abutment.

Evaluating the measurements of the obtained results in the studied groups, samples
formed by components from the same manufacturer showed median values of microgaps
approximately 4,6 times greater than the median of the group formed by different
manufacturers.
62
RESUMO

Os aspectos biomecânicos relacionados à adaptação da prótese sobre o implante dentário


estão diretamente associados ao sucesso do tratamento. Assim, o objetivo deste trabalho foi
avaliar a presença de microgaps na união formada pelo abutment e a conexão interna do
implante dentário do tipo Cone Morse. O estudo foi composto de dois grupos onde no
primeiro grupo (n:16) foram utilizados materiais (implante dentário e abutment) do mesmo
fabricante, Neodent® (Curitiba-PR, Brasil). No segundo grupo (n:16) foram utilizados
materiais de fabricantes diferentes, sendo o implante da marca Neodent® (Curitiba-PR,
Brasil) e o componente protético da marca Singular®(Parnamirim-RN, Brasil). Os implantes
foram montados em uma plataforma de alumínio e posteriormente os componentes protéticos
foram instalados com o torque preconizado por cada fabricante. Os conjuntos foram levados
ao microscópio eletrônico de varredura (MEV), sendo realizadas as mensurações do microgap
formado entre a conexão do implante e o componente protético. Os resultados obtidos foram
submetidos à análise estatística (Mann-Whitne-U) avaliando-se medidas de dispersão e
tendência central dos valores (desvio padrão e média). No grupo 1 a média encontrada foi de
5,69µm e o desvio padrão (DP) foi de 8,46µm. O grupo 2 apresentou média de 1,24µm e o
DP: 0,44µm. O grupo formado por implante e componente protético do mesmo fabricante
apresentou maior dispersão dos dados, com valores maiores para o microgap, comparando-se
com o grupo formado pelo conjunto implante-abutment de marcas diferentes. Concluiu-se
que, com base nas mensurações realizadas no MEV, o grupo formado por implante e
abutment de diferentes fabricantes apresentou menores valores de microgap e
consequentemente uma melhor adaptação in vitro.

AKNOWLEDGEMENTS

Thanks to Neodent® (Curitiba-PR, Brasil) and Singular®(Parnamirim-RN, Brasil) by giving


out implants and abutments for this research, contributing to the development and improving
science, especially in implantology.
63
Also special thanks to Federal University of Sergipe for providing the laboratories of material
engineering and electron microscopy to execute this study.

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65
Table 1: Group 1

Implant Abutment

Quantity 16 16

Neodent®(Curitiba-PR,
Manufacturer Neodent®(Curitiba-PR, Brazil)
Brazil)

Size 3,75x11mm 3,3 x 6 x 3,5mm

Reference number Titamax® 109.609 114.079

Connection type Cone Morse Cone Morse

Table 2: Group 2

Implant Abutment

Quantity 16 16

Singular®(Parnamirim-RN,
Manufacturer Neodent®(Curitiba-PR, Brazil)
Brazil)

Size 3,75x11mm 3,3 x 6 x 3,5mm

Reference number Titamax® 109.609 119.022

66
Connection type Cone Morse Cone Morse

Table 3: Number of samples evaluated and their respective minimum, maximum, media, and
standard deviation values of each group evaluated.

Values (µm) Group 1 Group 2

N 16 16

Minimum 0,89 0,71

Maximum 28,39 2,04

Median 5,6913 1,2469

Standard Deviation (SD) 8,4623 0,44509

67
Implant/abutment set

Figure 1: Graph, Boxplot type, showing a greater dispersion of values in group 1.

Figure 2: Microgap disclosure (SEM: 5.000x) on interface of implant and abutment


connection

68
Figure 3: Imperfections observed SEM (1.400x) on external surface of dental implant
platform

69

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