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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

CURSO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
NÍVEL: MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Dentística

Influência da configuração do preparo cavitário na distribuição


das tensões e resistência à fratura de dentes hígidos,
preparados e restaurados com resina composta de uso direto.

CANOAS – RS
2005
Livros Grátis
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Influência da configuração do preparo cavitário na
distribuição das tensões e resistência à fratura de dentes
hígidos, preparados e restaurados com resina composta de
uso direto.

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Odontologia do Curso
de Odontologia da Universidade Luterana do
Brasil como requisito final para obtenção do
título de Mestre na área de Dentística
Restauradora.

Linha de Pesquisa: condutas preventivas, restauradoras e cirúrgicas em


Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Adair Luiz Stefanello Busato

CANOAS-RS
2005

2
Professor Orientador

Prof. Dr. Adair Luiz Stefanello Busato

- Especialista em prótese dentária – UFPEL


- Mestre e Doutor em Dentística – USP-Bauru
- Coordenador do curso de Mestrado em Dentística – ULBRA
- Pesquisador nível 1B – CNPQ
- Presidente do Grupo Brasileiro de Professores de Dentística
(GBPD)

3
Dedicatória

Aos meus pais, Laci e Marco.


Essa conquista é fruto direto da atenção dedicada a mim
nesses anos todos. Um homem pode perder tudo nessa
vida, menos os valores morais e a educação. Isso, eu e
meus irmãos aprendemos de forma correta e abnegada
graças a vocês. Meu muito obrigado!

Aos meus irmãos, Rafa e Zeca.


Pelo companheirismo, dedicação e carinho irrestritos que
sempre tive de vocês em todos os momentos. A nossa
união sempre fez a diferença e continuará assim para
sempre.

À minha namorada, Caroline.


Pelo apoio constante nesses anos todos. Teu
auxílio e carinho foram fundamentais nessa
caminhada.

4
Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Adair Luiz Stefanello Busato, meu orientador durante o


curso de Mestrado. Suas idéias e ensinamentos foram fundamentais para a
confecção desse trabalho de pesquisa. Sua postura como professor é um
exemplo a ser seguido. Obrigado pela orientação nos meus primeiros passos
em pesquisa odontológica.

Ao Prof. Dr. Carlos José Soares pela acolhida calorosa em Uberlândia e


pela disponibilidade para repartir o conhecimento. Sem o seu auxílio,
dificilmente conseguiria levar adiante este nosso trabalho de pesquisa.

Aos alunos do mestrado em Dentística da Faculdade de Odontologia da


Universidade Federal de Uberlândia, Paulo Vinicius, Paulo César, Murilo,
Gisele e Janaína, pela ajuda na parte experimental do meu trabalho. Estou e
estarei permanentemente à disposição de vocês.

Aos meus colegas de mestrado em Dentística na ULBRA, Guilherme,


Cristiano, Rafael, Audrey, Graziela, Walter e Virgínia, pela convivência
agradável durante o transcorrer do curso.

À Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia,


área de pós-graduação em Odontologia com ênfase em Dentística.

À colega Nicole Rahde, da área de Endodontia, pela amizade desde a


época da graduação na Faculdade de Odontologia da PUC-RS.

Ao meu amigo Raphael Loro, pelo incentivo constante e pela postura


sempre presente em relação à nossa amizade.

5
Ao meu amigo Álvaro Prange, pela amizade constante desde os 11 anos
de idade, presente em qualquer circunstância no decorrer de minha vida. Tu és
um irmão para mim.

À minha secretária Vanessa, pelo auxílio importante na organização do


consultório nesse período.

Aos demais Profs. da área de Dentística do Mestrado da ULBRA, em


especial, Prof. Dr. Alcebíades e Prof. Dra. Simone.

6
Resumo

Devido ao surgimento da doença cárie na sociedade e à necessidade de


preparo de cavidades para a substituição da estrutura dental perdida, tem-se a
perda de resistência do remanescente dentário. Restaurações adesivas são
uma alternativa restauradora para devolver a resistência perdida com o mínimo
de desgaste do remanescente dental.
O presente trabalho tem por objetivo avaliar a resposta de dentes pré-
molares superiores hígidos, preparados ou restaurados com resina composta
fotoativada de uso direto a um teste de resistência mecânica à fratura, e
correlacioná-lo com os métodos de análise da distribuição das tensões mais
comumente usados na pesquisa odontológica moderna.
Foram selecionados 70 dentes hígidos, divididos em 7 grupos
experimentais assim denominados: GI (controle), GII (cavidade oclusal não-
restaurada), GIII (cavidade ocluso-proximal não-restaurada), GIV (cavidade
MOD não-restaurada), GV (cavidade oclusal restaurada), GVI (cavidade
ocluso-proximal restaurada), GVII (cavidade MOD restaurada).
Os grupos experimentais foram submetidos ao teste de compressão
mecânica em máquina de ensaio universal EMIC 500 DL com velocidade de
0,5 mm/min até a fratura dos corpos de prova. Na segunda parte desse estudo,
foram confeccionados modelos fotoelásticos para uma análise qualitativa do
estado de tensão/deformação através da luz polarizada. Complementando a
fotoelasticidade, foram confeccionados modelos geométricos dos grupos I, IV e
VII e foi realizado o ensaio pelo método dos elementos finitos no qual a
visualização da magnitude das tensões se deu pelo critério de Von Misses.
Como resultado do ensaio mecânico de compressão, temos os
seguintes valores: GI – 111,4 Kgf, GII – 80,58 Kgf, GIII – 79,34 Kgf, GIV –
61,29 Kgf, GV – 104,7 Kgf, GVI – 107,0 Kgf e GVII – 84,2 Kgf. Os valores
foram submetidos à análise de variância em fator único, demonstrando que
houve diferenças entre os grupos analisados. Segundo o teste de Tukey
(p<0,05), não houve diferença estatística entre os dentes hígidos e os dentes
preparados e restaurados com resina composta fotoativada de uso direto. Entre

7
os dentes preparados, quanto maior a remoção da estrutura dentária, menor a
resistência deles. De posse dos corpos de prova fraturados, ficou constatada a
relação direta entre os padrões de fratura representativos de cada grupo e a
análise comparativa entre a distribuição e concentração das tensões nos
modelos fotoelásticos e matemáticos.

Palavras chave: resistência à fratura, fotoelasticidade, elemento finito.

8
Abstract

Due to the appearance of the carie disease in society and the necessity
of preparation of cavities for the substitution of the loss of dental structure, there
is the loss of resistance of the remaining dental structure.
Bonded restorations are a restoring alternative to give back the lost
resistance with minimum losses for the remaining dental structure.
This paper has the purpose of evaluating the response of sound intact
upper premolars, prepared or restored with direct composite resin, to a fracture
resistance test and their correlation to the analysis methods of the distribution of
the most common tensions used in the modern dentistry.
Seventy intact teeth were selected and divided into seven experimental
groups named as: GI (control), GII (not restored occlusal cavity), GIII (not
restored DO cavity), GIV (not restored MOD cavity), GV (restored occlusal
cavity), GVI (restored DO cavity) and GVII (restored MOD cavity).
The experimental groups were submitted to the mechanic compression
test in a universal testing machine EMIC 500 DL with crosshead speed of 0,5
mm/min until the fracture of the testing elements occurred. In the second part of
the study, photoelastic models were built in order to analyze the quality of the
tension/deformation state through polarized light. In order to complement the
photoelastic analysis, geometrical models of groups I, II and V were built and
the experiment was carried out by using the finite element method, in which the
visualization of the tension magnitude was based on Von Misses criteria.
As a result of the compressive strength test, the following data were
obtained: a) GI = 111,4 Kgf, b) GII = 80,58 Kgf, c) GIII = 79,34 Kgf, d) GIV =
61,29 Kgf, e) GV = 104,7 Kgf, f) GVI = 107,0 Kgf e g) GVII = 84,2 Kgf. The
values were submitted to statistical analysis using the one-way and ANOVA
test, as a result we realized that there were differences in the analyzed groups.
According to Tukey´s test (p<0,05), there were no statistical differences
between the sound intact teeth and the prepared and restored teeth by using
the direct composite resin. Among the prepared teeth, the more the removal of
the dental structure was, the less resistant they became. Through the fractured
testing elements, the direct relation between the fracture patterns represented
9
by each group and the comparative analysis of the distribution and
concentration of the tensions in the photoelastic and mathematic models were
demonstrated.

Keywords: compressive strength, photoelastic models, finite element analisys.

10
Epígrafe

“Minha segurança se funda na convicção de que sei


algo e de que ignoro algo, a que se junta a certeza de que
posso saber melhor o que já sei e conhecer o que ainda
não sei.”

Paulo Freire

11
SUMÁRIO

RESUMO..........................................................................................................................7
ABSTRACT......................................................................................................................9
1 - Introdução.................................................................................................................20
2 - Revisão da Literatura.............................................................................................24
2.1. Doença Cárie.....................................................................................................25
2.2. Preparo cavitário para restaurações diretas e materiais restauradores...............26
2.3. Testes mecânicos e resistência à fratura............................................................29
2.4. Método de inclusão e simulação do ligamento periodontal..............................37
2.5. Fotoelasticidade e Método dos Elementos Finitos............................................38
3 – Proposição...............................................................................................................53
4 – Materiais e Métodos...............................................................................................55

5 - Resultados...............................................................................................................82

6 – Discussão..............................................................................................................103
7 – Conclusões............................................................................................126
8 – Referências Bibliográficas...................................................................................128
9 – Anexos....................................................................................................................140
9.1 Termo de Consentimento.............................................................................146

12
LISTAS
I. FIGURAS

Figura 1. Dentes coletados e armazenados.

Figura 2. Procedimentos para a inclusão do dente.

Figura 3. Procedimentos para a simulação do ligamento periodontal.

Figura 4. Aparelho Politriz APL-2.

Figura 5. Mensuração dos comprimentos M-D e V-L com paquímetro digital.

Figura 6. Padronização dos preparos cavitários.

Figura 7. Corpos de prova e seus respectivos preparos cavitários.

Figura 8. Máquina de ensaio universal EMIC 500 DL.


Figura 9. Padrões de fratura dentária após o ensaio mecânico de compressão.

Figura 10. Confecção da matriz de silicona do dente hígido e réplica do dente


hígido em resina composta fotoativada.

Figura 11. Confecção dos modelos fotoelásticos.

Figura 12. Procedimentos para a confecção do periodonto simulado.

Figura 13. Polimerização da resina composta fotoativada.

Figura 14. Carregamento oclusal e análise do estado de tensão/deformação do


modelo fotoelástico.

Figura 15. Imagem do dente confeccionada no Powerpoint.

Figura 16. Imagens dos modelos geométricos no Mat Lab 6.0.

Figura 17. Malhagem dos modelos experimentais.

Figura 18. Simulação do carregamento oclusal no MEF.

13
Figura 19. Gráfico de valores de resistência à fratura dos grupos
experimentais.

Figura 20. Modelos fotoelásticos representativos do grupo I (dentes hígidos).


Figura 21. Modelos fotoelásticos representativos do grupo II (dentes
preparados classe I).

Figura 22. Modelos fotoelásticos representativos do grupo III (dentes


preparados classe II DO).

Figura 23. Modelos fotoelásticos representativos do grupo IV (dentes


preparados classe II MOD.

Figura 24. Modelos fotoelásticos representativos do grupo V (dentes


preparados classe I e restaurados com resina composta Z-250).

Figura 25. Modelos fotoelásticos representativos do grupo VI (dentes


preparados classe II DO e restaurados com resina composta Z-250).

Figura 26. Modelos fotoelásticos representativos do grupo VII (dentes


preparados classe II MOD e restaurados com resina composta Z-250).

Figura 27: cada cor no modelo corresponde a uma diferente área com
características físicas e mecânicas próprias.

14
II. TABELAS

Tabela 1. Propriedades mecânicas dos materiais e estruturas dentais.

Tabela 2. Grupo I – dentes hígidos.

Tabela 3. GrupoI I – dentes com preparos classe I.

Tabela 4. Grupo III – dentes com preparos classe II simples.

Tabela 5. Grupo IV – dentes com cavidades classe II complexas (MOD).

Tabela 6. Grupo V – dentes com cavidades classe I restauradas com resina


composta (Z250 – 3M ESPE) de uso direto.

Tabela 7. Grupo VI – dentes com preparos classe II simples restaurados com


resina composta (Z250 –3M ESPE) de uso direto.

Tabela 8. Grupo VII – dentes preparados com cavidades classe II complexas


(MOD) e restaurados com resina composta (Z250 – 3M ESPE) de uso direto.

Tabela 9. – Valores médios de resistência à fratura, desvio padrão e


distribuição por categorias estatísticas definida pelo teste de Tukey, envolvendo
todos os grupos experimentais (p> 0,05).

Tabela 10. – Dimensões das coroas dentárias componentes dos corpos-de-


prova de interesse nesse trabalho (valores em mm).

Tabela 11. Distâncias M-D e ½ da distância intercuspídea dos corpos-de-prova


componentes do grupo II (valores em mm).

Tabela 12. Distâncias M-D e ½ da distância intercuspídea dos corpos-de-prova


componentes do grupo V (valores em mm).

Tabela 13. Distâncias M-D e ½ da distância intercuspídea dos corpos-de-prova


componentes do grupo III (valores em mm).

15
Tabela 14. Distâncias M-D e ½ da distância intercuspídea dos corpos-de-prova
componentes do grupo VI (valores em mm).

Tabela 15. ½ da distância intercuspídea dos corpos-de-prova componentes do


grupo IV (valores em mm).

Tabela 16. ½ da distância intercuspídea dos corpos-de-prova componentes do


grupo VII (valores em mm).

16
III. QUADROS

Quadro 1. Dente Hígido.

Quadro 2. Dente Preparado.

Quadro 3. Dente preparado e restaurado com resina composta.

Quadro 4. Modelo fotoelástico representativo do grupo I (dentes hígidos).

Quadro 5. Modelos fotoelásticos representativos dos grupos preparados. As

áreas em destaque representam concentrações de tensão.

Quadro 6. Modelos fotoelásticos representativos dos grupos preparados e


restaurados com resina composta. As áreas em destaque representam
concentração de tensões.
Quadro 7. Modelos representativos dos dentes hígidos (A), preparados (B) e
restaurados (C) com resina composta. As áreas em destaque representam
concentrações de tensão.
Quadro 8. Inter-relação entre o padrão de fratura e concentração de tensões
em dentes hígidos.

17
IV. SIGLAS E ABREVIATURAS:

2D – Bidimensional.
3D – Tridimensional.
cm – Unidade de comprimento (centímetro).
Cols. – Colegas.
D.I. – Distância intercuspídea.
DO – Classificação de cavidade (disto-oclusal).
Dp – Desvio padrão.
EMC – Ensaio mecânico de compressão.
et al. – Colaboladores.
Gpa – Unidade de pressão – força/área (Giga Paschoal).
Kgf – Unidade de força – carga aplicada (quilograma forca).
M-D – Dimensão mésio-distal dos dentes.
MEF – Método dos elementos finitos.
MOD – Classificação de cavidade (mésio-ocluso-distal).
mm – Unidade de comprimento (milímetro).
Mpa - Unidade de pressão – força/área (Mega Paschoal).
mw/cm2 – Unidade de densidade de energia (miliwatts por centímetro
quadrado).
mm/min – Unidade de velocidade (milímetro por minuto).
N – Unidade de pressão – carga aplicada (Newton).
p – Probabilidade.
PVC – Polivinil cloreto rígido.
V-L – Dimensão vestíbulo-lingual dos dentes.
& - e (comercial).
% - Porcentagem.

18
V. PALAVRAS ESTRANGEIRAS

ANOVA – Análise de variância.

In vitro – Experimento realizado em ambiente laboratorial.

In vivo – Experimento realizado em organismos vivos.

Inlay – Restauração indireta com preparo intracoronário.

Onlay – Restauração indireta envolvendo cobertura de cúspides.

Overlay – Restauração indireta envolvendo cobertura de todas as cúspides.

Stress - Grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a


esforço ou tensão.

19
1. Introdução

20
1. Introdução

Durante o dia-a-dia da clínica odontológica, nos deparamos com


diversos graus de destruição coronária, seja por lesões de cárie extensas, seja
por trocas de restaurações defeituosas ou fraturas coronárias de diversas
amplitudes que levam o cirurgião-dentista ao seguinte questionamento: ao
optarmos por uma restauração de resina composta direta, estamos devolvendo
ou não a resistência perdida?

Desde os trabalhos clássicos de BUONOCORE, em 1955, que pregava


a adesão de materiais resinosos ao esmalte dentário previamente condicionado
pelo ácido fosfórico; passando pelo desenvolvimento de sistemas adesivos
que modificam a superfície dentinária, tornando-a apta para a adesão
(NAKABAYASHY, 1982; BUSATO e cols, 2002); associado ao
desenvolvimento da resina composta que se iniciou com Bowen, em 1962, até
o material se tornar confiável e seguro no seu uso clínico; tem-se a
possibilidade de confeccionar restaurações com capacidade de adesão à
estrutura dentária, devolvendo grande parte da resistência perdida (MIRANDA
et al, 2003).

Quando optamos por uma restauração de resina composta direta nos


dentes posteriores de nossos pacientes, devemos levar em conta as limitações
do material, porém nunca menosprezar as qualidades já demonstradas por
estudos que garantem a longevidade de nossas restaurações e técnicas cada
vez mais eficientes, pois diminui em muito o custo da odontologia, tanto para o
profissional, quanto para o paciente.

Qualquer preparo cavitário, por menor que seja, acarreta perda na


resistência à fratura do elemento dentário. Sabe-se que o amálgama somente
pode repor cerca de 30% da resistência perdida. Já os materiais adesivos,
como as resinas compostas, conseguem resultados mais expressivos, o que
faria que, clinicamente, o intervalo de cargas, tensões e deformações do
remanescente dentário fosse aumentado, dificultando, assim, muito a

21
possibilidade de fraturas durante o ato da mastigação e outros movimentos
excêntricos que ocorrem durante o dia-a-dia de nossas reabilitações orais.

Para analisarmos a influência do preparo cavitário e sua relação íntima


com o material restaurador escolhido, podemos optar pela realização de
ensaios mecânicos de fratura(MONDELLI et al., 1983), análise de tensões por
métodos de fotoelasticidade(Kuroe et al. em 2000) e análise de tensões pelo
método dos elementos finitos(Soares em 2003).

No presente trabalho, optamos pela inter-relação entre o ensaio


mecânico de fratura, que é uma metodologia largamente empregada em
pesquisas que visam avaliar a carga máxima suportada pelo elemento dental,
com ou sem restauração; e as análises por fotoelasticidade e pelo método dos
elementos finitos, que são procedimentos seguros para estudos de tensões,
deformações e deslocamentos, através de modelos tridimensionais de resina
fotoelástica e modelos bidimensionais que simulam a estrutura dentária e o
periodonto de inserção. Nesses modelos, aplicamos cargas variadas na
superfície oclusal e interpretamos a posteriori suas conseqüências nos
modelos acima citados, tentando, assim, estabelecer um vínculo com o teste in
vitro.

Em tempos de legislação voltada enfaticamente para a ética, é cada vez


mais difícil realizarmos pesquisas in vivo e que necessitem de dentes no
campo da odontologia. O ensaio mecânico de compressão demanda um
número excessivo de dentes, fator complicador atualmente, pois as extrações
dentárias são cada vez mais raras devido às técnicas modernas de tratamento
odontológico. É válido observarmos os resultados de pesquisas anteriores, pois
já são de domínio público os valores de resistência à fratura dos diferentes
dentes e procedimentos restauradores e mudarmos o enfoque das pesquisas
para o cuidado com o padrão das fraturas que ocorrem nos remanescentes
dentários, evidenciando assim a necessidade de sabermos mais da resultante
das forças que atuam na porção interna do órgão dental.

22
Ao utilizarmos a análise pelo método dos elementos finitos e
fotoelasticidade, tentamos ampliar o leque de opções no campo da pesquisa
odontológica, simulando situações freqüentes que ocorrem com o
remanescente dentário e o material restaurador quando em função. Outras
áreas do conhecimento, como as engenharias, têm um contato mais próximo e
familiar com essa técnica, porém cabe a nós, pesquisadores em odontologia,
validá-la ou não, e somente nossos estudos e, sobretudo, nossos resultados, a
tornarão verídica ou passível de falhas.

23
2. REVISÃO DA LITERATURA

24
2 – REVISÃO DA LITERATURA

No presente trabalho podemos, para melhor compreensão, dividir a


revisão de literatura nos seguintes tópicos:

2.1. Doença Cárie

Segundo BUSATO e TORRIANI, em 2002, a cárie dentária pode ser


definida como uma doença infecto-contagiosa que determina, inicialmente, uma
dissolução localizada dos componentes inorgânicos dos dentes, devido aos
ácidos orgânicos provenientes do metabolismo bacteriano dos carboidratos da
dieta. Devido à progressão do processo, ocorrem a dissolução dos minerais da
dentina e a desnaturação do colágeno. A cárie dentária é uma doença
multifatorial que sofre a influência direta de uma dieta cariogênica a qual
interage com um hospedeiro suscetível e uma microbiota específica,
secundados por outros fatores como saliva, morfologia, dificuldades na higiene
oral e flúor, entre outros.

AMORE e BÁLSAMO, em 2000, discorrem sobre a doença cárie como


uma patologia infecto-contagiosa, multifatorial, decorrente da ação de ácidos
orgânicos, principalmente do ácido lático, que se forma a partir de um
hospedeiro suscetível, consumindo, com freqüência, dieta rica em carboidratos.
O hospedeiro é colonizado por uma microbiota específica, sob a ação da saliva
e do tempo.

SILVERSTONE et al (1985) e THYLTRUP e FEJERSKOV (1988)


definem as lesões cariosas como sintomas da doença que podem ser
distribuídos em uma escala que vai desde perdas incipientes ultra-estruturais
até a destruição total do dente, caso o processo não seja interrompido. O
procedimento restaurador é uma das medidas muitas vezes indicadas no
tratamento, mas não a única. É perfeitamente possível termos o indivíduo
completamente tratado, sem ter passado por tratamento restaurador invasivo.

Havendo necessidade de tratamento invasivo, a Dentística recomenda o


preparo de uma cavidade, para que a restauração seja inserida sobre tecido

25
hígido, até mesmo para que tenhamos um bom desempenho das técnicas
adesivas atuais, que são utilizadas na esmagadora maioria dos procedimentos
restauradores.

2.2.Preparo cavitário para restaurações diretas e materiais


restauradores

Com o advento da odontologia adesiva, profundas modificações


ocorreram nos procedimentos restauradores. BUONOCORE, em 1955,
desenvolveu a técnica do condicionamento ácido na qual constatava aumento
de retenção da resina acrílica em relação ao esmalte dentário. BOWEN, desde
1956, trabalhava para desenvolver um material que melhorasse as
características próprias das resinas acrílicas. Em 1963, BOWEN desenvolveu
um material restaurador formado por uma matriz resinosa (polímero orgânico
acrescido de co-monômeros à base de bisfenol e glicidil metacrilato) e por
partículas inorgânicas (sílica) inventando assim a resina composta
propriamente dita.

Os trabalhos de FUSAYAMA (1979) e NAKABAYASHI (1982) foram a


base para os procedimentos adesivos em dentina e o entendimento ainda que
incompleto da camada híbrida, proporcionando à dentística a oportunidade de
tornar seus preparos cada vez menos extensos, dando ênfase à prevenção do
remanescente dentário e inaugurando uma nova era na odontologia como
ciência. Os preparos preconizados por G.V. BLACK, que do ponto de vista
histórico eram corretos para a época, não mais se fazem necessários e a
manutenção do tecido dentário é o marco da odontologia adesiva como filosofia
de trabalho para os próximos anos.

MONDELLI et al., em 1983, descreveram o uso cada vez maior das


resinas compostas em detrimento às resinas acrílicas e ao cimento de silicato.
Os autores recomendavam o uso do material somente em cavidades de classe
III, IV e V onde a estética é um fator importante a ser considerado. Alguns
profissionais preferiam utilizar a resina acrílica, ativada quimicamente nas
restaurações de classe V, as quais apresentavam superfície mais lisa depois

26
de polidas, conseqüentemente mais compatíveis aos tecidos gengivais do que
a resina composta. Alguns fabricantes da época aconselhavam o uso da resina
composta em restaurações classe II, porém os autores consideraram a opção
controversa e só poderia ser realizada em casos nos quais a restauração
metálica poderia comprometer a estética.

Os primeiros estudos sobre a possibilidade de restaurar dentes


posteriores com resina composta surgiram, primeiramente, com PHILLIPS e
cols, em 1971. Esses pesquisadores relataram não haver diferença no
desgaste ou abrasão nas restaurações de amálgama, usadas como controle,
após o período de permanência de um ano na boca. Entretanto, após dois
anos, resultados diferentes foram observados pelos mesmos pesquisadores.
As restaurações de resina composta apresentavam desgaste
substancialmente maior do que as restaurações controle. Na atualidade, o
desgaste de restaurações de resinas compostas está bastante próximo ao do
amálgama, segundo constataram CAPEL CARDOSO (1994) e BUSATO,
HERNANDEZ e MACEDO (2002).

TORRES e ARAÚJO (2000) compararam, através da análise da


microinfiltração marginal, o desempenho de quatro sistemas adesivos
dentinários de quinta geração. Foram selecionados 20 terceiros molares
humanos, nos quais foram preparadas cavidades classe II slot vertical nas
faces mesiais e distais. Essas cavidades apresentavam 3 mm de largura V-L e
2 mm de profundidade. Os dentes foram divididos aleatoriamente em quatro
grupos de cinco elementos. Os grupos I e II receberam os sistemas de frasco
único One-step (Bisco) e Single-bond (3M). Os grupos III e IV receberam os
sistemas autocondicionantes Clearfil Liner Bond 2(Kuraray) e Etch and Prime
3.0 (Degussa). Após a aplicação dos respectivos sistemas adesivos, foi
colocada ao redor do dente uma matriz de poliéster e procedida a restauração
por uma técnica incremental com a resina Prisma TPH. As amostras foram
submetidas à termociclagem e, posteriormente, imersas em fluoresceína sódica
a 2%, durante 15 horas. Os dentes foram seccionados no sentido mesio-distal,
e atribuídos escores conforme o nível de infiltração marginal. Como resultado,

27
os autores chegaram à conclusão de que o Single Bong, One Step e Clearfil
Liner Bond 2 não mostraram diferenças estatísticas significantes em relação ao
selamento marginal. O Single Bond apresentou melhor comportamento em
relação à infiltração marginal, porém com significância estatística apenas para
o Etch and prime 3.0.

FERNANDES, MATSUMOTO e RODRIGUES, em 2001, através de uma


revisão de literatura sobre preparos extra e intracoronários concluíram que o
contínuo desenvolvimento dos sistemas adesivos tem possibilitado a
introdução de novos tipos de restaurações e essas não precisam de preparos
que necessariamente sigam os conceitos anteriormente estabelecidos por G.V.
BLACK. Todos os preparos extras e intracoronários sofreram modificações
para um melhor adequamento em relação às características dos materiais
utilizados em procedimentos adesivos.

SABBAGH, UREVEN e LELOUP, em 2001, realizaram um estudo em


que compararam o módulo de elasticidade de 34 resinas compostas. O módulo
de elasticidade e outras propriedades mecânicas são importantes para
determinar a resistência às forças oclusais. Para lesões cervicais, os
compósitos devem ter um baixo módulo de elasticidade para permitir que o
material acompanhe a flexão das cúspides. Já para lesões oclusais ou
proximais, o módulo de elasticidade deve ser alto para minimizar deformações
e evitar fraturas de cúspides em dentes posteriores durante o carregamento
oclusal. Como significância clínica temos que o uso de resinas Flow deve ser
evitado em cavidades posteriores devido ao seu baixo módulo de elasticidade.

FERNANDES NETO et al., em 2002, descrevendo preparos para


restaurações parciais em dentes posteriores, relataram que, devido à evolução
dos materiais restauradores diretos, a solução restauradora para preparo inlay
deve ser priorizada pela técnica direta, porém não descartaram o uso de
técnicas indiretas em casos mais complexos.

MASSOTI et al., em 2002, realizaram uma avaliação in vivo e in vitro da


resistência de união à dentina do sistema adesivo Single Bond(3M). Para o

28
grupo in vivo, foram utilizados molares e pré-molares vitais com indicação de
exodontia por motivos ortodônticos ou periodontais, formando um grupo com
10 exemplares. Após o desgaste da sua face oclusal, foi aplicado o sistema
adesivo e confeccionado um cilindro de resina composta com 2 mm de
diâmetro por 2 mm de altura. No grupo in vitro, foram utilizados molares e pré-
molares previamente extraídos, formando um grupo de 10 exemplares,
seguindo a mesma metodologia. Ambos os grupos foram submetidos a um
ensaio de resistência à união com uma velocidade de 0,5 mm/min em uma
máquina de ensaio universal. Como resultados, podemos observar que no
grupo in vivo houve maior tendência à falha adesiva, enquanto, no grupo in
vitro, observamos clara tendência para a falha mista. Não houve diferença
estatística entre o teste de resistência ao cisalhamento do grupo in vivo com o
grupo in vitro.

CHUNG et al, em 2003, realizaram um estudo para determinar o


coeficiente de Poisson de determinadas resinas compostas. Os materiais
usados nessa investigação eram todos do mesmo fabricante (3M ESPE) e
incluía: microfill (A110), minifill (Z100 e Filtek Z250), compômero (F2000) e uma
resina Flow (Filtek Flow), todas da cor A2. O coeficiente de Poisson dos
materiais foram obtidos após uma semana submersos em água a 37 graus
Celsius. Os resultados obtidos foram analisados e tiveram uma variação de
0,302 para 0,393. O coeficiente de Poisson da resina Flow foi significantemente
maior que o dos outros materiais testados seguidos pelas resinas A110, Z100,
Z250 e F2000. O coeficiente de Poisson é maior para materiais com menor
volume de partículas orgânicas.

2.3.Testes Mecânicos e Resistência à Fratura

MONDELLI et al., em 1980, realizaram um trabalho para avaliar a


influência de diferentes configurações de preparos em dentes posteriores na
resistência à fratura. Dentes pré-molares extraídos receberam preparos classe
I, classe II composta e classe II complexa com três níveis de abertura
vestíbulo-lingual, ¼ (um quarto), 1/3 (um terço) e ½ (metade) da distância
intercuspidal e profundidade de 2,5 mm. Todos os preparos cavitários
29
diminuíram a resistência dos dentes de forma inversamente proporcional ao
aumento da largura da cavidade. Os autores concluíram que a remoção da
estrutura dentária reduz significativamente a resistência à fratura de dentes
posteriores.

NAVARRO et al., em 1983, realizaram um estudo sobre a resistência à


fratura de dentes extraídos íntegros e cariados com diversas restaurações.
Foram coletados 60 dentes pré-molares superiores que foram divididos em seis
grupos experimentais: G1-dentes hígidos, G2-dentes com cárie oclusal, G3-
dentes com cárie proximal sem envolver a crista marginal, G4-dentes com cárie
proximal envolvendo a crista marginal, G5-dentes com preparo MOD e abertura
da câmara pulpar para acesso endodôntico e G6-dentes com preparo MOD e
proteção das cúspides com abertura da câmara pulpar para acesso
endodontico restaurados com restaurações metálicas fundidas cimentadas com
cimento de fosfato de zinco. Devido à diminuição do tecido dentário, seja pelo
processo de cárie ou desgaste para preparos temos o valor de resistência à
fratura proporcionalmente menor. O envolvimento das cristas marginal e do teto
da câmara também contribuiu significantemente para a redução da resistência
à fratura.

CATIRSE, GONÇALVES FILHO e DINELLI, em 2000, avaliaram


comparativamente, mediante o aparelho de ensaio universal, a resistência à
compressão de duas resinas compostas, Tetric e Z100 e do amálgama dental
Velvalloy. Os tempos de polimerização foram de 30, 40, 90 e 120 segundos.
Foram confeccionados 10 corpos-de-prova a partir de uma matriz de náilon de
9 mm de altura e 3 mm de diâmetro para cada condição experimental. Para a
realização do teste de resistência à compressão, foi utilizada a máquina de
ensaio universal EMIC modelo MEM – 2000. Esta foi regulada para trabalhar a
velocidade de 0,5 mm por minuto incidindo sobre os corpos-de-prova com força
oclusal máxima até o rompimento destes. Os resultados foram submetidos à
análise de variância e, depois disso, pôde-se concluir que as resinas
compostas estudadas não apresentaram diferença estatisticamente significante
e, quanto maior o tempo de polimerização utilizado, maior a resistência à

30
compressão; a maior média de resistência à compressão dentre as resinas foi
determinada pela resina Z100 quando polimerizada por 120 segundos; o
amálgama Velvalloy determinou maior resistência à compressão do que as
duas resinas compostas para dentes posteriores.

DE ALPINO, em 2000, realizou um estudo em que avaliou a resistência


à fratura de dentes pré-molares superiores que receberam diferentes preparos
cavitários (classe II – MOD) e restaurações diretas e indiretas de resina
composta e restaurações indiretas de porcelana. Foram selecionados 56
dentes e divididos em sete grupos assim constituídos: G1 – hígidos; G2 –
preparos MOD retentivos com profundidade de 2 mm na caixa oclusal , 1,5 mm
de profundidade nas caixas proximais e abertura de ½ da distância
intercuspídea; G3 – preparo MOD divergente para a oclusal com as mesmas
dimensões do grupo anterior; G4 – recebeu o mesmo preparo que o grupo 2 e
restaurou-se com resina composta de uso direto Z-250 (3M Espe); G5 –
recebeu o mesmo preparo do grupo 3 e restaurou-se com resina composta
laboratorial (Artglass); G6 – recebeu o mesmo preparo que o grupo 3, sendo
restaurado com resina composta laboratorial (Targis); G7 – recebeu o mesmo
preparo que o grupo 3, sendo restaurado com restaurações indiretas de
porcelana (IPS Empress). Os corpos de prova foram submetidos a testes de
compressão axial com um cilindro de aço de 8 mm de diâmetro a uma
velocidade constante de 0,5 mm/min. Como resultado, observou-se que os
preparos cavitários reduziram significantemente a resistência dos dentes. Os
materiais restauradores contribuíram para o aumento dos valores não se
observando diferença estatística entre os grupos 4, 5 ,6 e 7 com o grupo
controle.

MINTO et al., em 2002, realizaram um estudo comparativo da resistência


à fratura de pré-molares superiores preparados com cavidades de classe II
compostas (conservadoras e extensas) restauradas com amálgama aderido a
dois tipos diferentes de sistemas adesivos. Setenta dentes foram divididos em
4 grupos: G1 com 10 dentes hígidos; G2 com 20 dentes, sendo 10 cavidades
conservadoras e 10 extensas restauradas com amálgama sem qualquer tipo de

31
forramento; G3 e G4 foram compostos da mesma forma que o grupo 2, sendo
que o primeiro recebeu cimento de ionômero de vidro, e o segundo, adesivo
dental. Os dentes haviam sido anteriormente incluídos em cilindros de PVC e
fixados com resina acrílica. Após serem restaurados e termociclados, foram
submetidos à fratura por forças de compressão em uma máquina de ensaio
universal EMIC-MEM 2000, com o uso de uma esfera de 5 mm de diâmetro e
velocidade constante de 0,5 mm/min. Como resultado foi concluído que os
sistemas adesivos utilizados condicionaram o aumento da resistência à fratura
da estrutura dental nas cavidades convencionais, sendo que os dentes com
cavidades conservadoras foram mais resistentes em qualquer condição
experimental.

COELHO de SOUZA, em 2002, na sua dissertação de mestrado avaliou


a resistência à fratura de dentes com preparos cavitários do tipo MOD
restaurados com diferentes materiais. Trinta e seis pré-molares hígidos foram
separados em seis grupos assim configurados: grupo 1- dentes hígidos; grupo
2- dentes apenas preparados; grupo 3- restaurados com amálgama aderido;
grupo 4- restaurados com resina composta direta; grupo 5- restaurados com
CIV e resina composta; grupo 6- restaurados com resina composta semidireta.
Os corpos de prova foram submetidos à força de compressão axial em uma
máquina de ensaio universal. Como resultados, temos um comportamento
estatisticamente inferior do grupo 2 em relação aos demais, exceto ao grupo 3.
Os grupos 4, 5 e 6 apresentaram resultado estatisticamente superior ao grupo
2, e não diferiram entre si, nem do grupo 1 e grupo 3. Com esses resultados,
podemos concluir que as restaurações de resina composta não diferem dos
dentes hígidos, melhorando muito o comportamento mecânico dos mesmos.

MIRANDA et al., em um trabalho de pesquisa de 2003, discorrem sobre


a resistência à fratura de pré-molares restaurados com resina composta direta
e indireta. Foram coletados 40 pré-molares permanentes hígidos que foram
incluídos em uma base de resina acrílica autopolimerizável, utilizando cilindros
plásticos de 2,0 cm de diâmetro por 3,0 cm de altura. Durante a inclusão, os
dentes foram posicionados 1 mm aquém da junção cemento-esmalte com a

32
superfície oclusal paralela à base do cilindro. As amostras foram divididas
aleatoriamente da seguinte maneira: Grupo I: dentes hígidos(controle); Grupo
II: dentes preparados e não-restaurados; Grupo III: dentes preparados e
restaurados pela técnica adesiva direta(P-60 3M); Grupo IV: dentes preparados
e restaurados pela técnica adesiva indireta (Targis, Ivoclar). Os preparos foram
realizados de maneira padronizada, e as restaurações diretas realizadas
conforme as instruções do fabricante. As restaurações indiretas do grupo II
foram moldadas, vazadas em gesso tipo IV, troqueladas e cimentadas com
cimento resinoso RESIN CEMENT(3M). Após o término das restaurações, os
dentes foram submetidos a um teste de resistência à compressão em uma
máquina de ensaio universal (Emic), utilizando uma esfera de 6,0 mm de
diâmetro e com velocidade de 0,5 mm/min. Os dados foram obtidos em Kgf e
submetidos à análise estatística. Como resultado, observou-se que os dentes
preparados não -restaurados sofreram redução significativa na resistência à
fratura, enquanto os dentes preparados e restaurados pela técnica adesiva
direta e indireta apresentaram resistência equivalente à dos dentes hígidos e
equivalentes entre si.

DILLENBURG e MEZZOMO, em 2003, em dissertação de mestrado,


compararam a resistência à fratura de dentes restaurados com restaurações
inlays de polímero de vidro e cerâmica. Foram utilizados 32 dentes pré-molares
superiores hígidos, divididos aleatoriamente em quatro grupos de oito
amostras. O grupo I permaneceu hígido, os grupos II, III e IV receberam
preparos cavitários MOD sem proteção de cúspides. Os dentes do grupo II
permaneceram sem restaurações; no grupo III, receberam restaurações de
polímero de vidro(Artglass), e no grupo IV, receberam restaurações de
cerâmica. Todas as restaurações foram cimentadas com o mesmo cimento
resinoso e sistema adesivo dentinário. Decorridas 48 horas do processo de
cimentação, as amostras passaram pelo teste de resistência à fratura, quando
foram submetidas a uma carga axial por ação de um cilindro de 1,0 cm de
diâmetro, adaptado a uma máquina de ensaio universal com capacidade de
carga de 500 Kgf, à velocidade de 1,0 mm/min até que a carga aplicada
fraturasse o dente. Como resultados, constatou-se que não houve diferença

33
estatisticamente significante entre os grupos III e IV; que ocorreu diferença
estatisticamente significante entre o grupo II e os grupos I, III e IV. Não houve
diferença de resistência à fratura entre os grupos de dentes restaurados com
porcelana ou polímero de vidro, embora o padrão de fratura tenha mudado, e
ambas as restaurações restituíram grande parte da resistência física do dente
perdida pelo preparo cavitário.

SOARES, em 2003, em sua tese de doutorado, avaliou a influência da


configuração do preparo cavitário na distribuição de tensões e resistência à
fratura de molares restaurados com restaurações indiretas estéticas. Na
primeira parte deste estudo (ensaio mecânico de fratura), noventa molares
inferiores humanos hígidos, com forma semelhante, foram coletados e divididos
em nove grupos. Os dentes foram incluídos em resina de poliestireno, e com
material elastomérico foi reproduzido o ligamento periodontal. O grupo I foi
constituído por dentes hígidos e os demais grupos definidos por preparos; 2)
inlay conservador; 3) inlay extenso; 4) onlay com abertura conservadora com
cobertura de cúspide mésio-vestibular; 5) onlay com abertura extensa com
cobertura de cúspide mésio-vestibular; 6) onlay com abertura conservadora
com cobertura de todas as cúspides vestibulares; 7) onlay com abertura
extensa com cobertura de todas as cúspides vestibulares; 8) overlay com
abertura conservadora e cobertura de todas as cúspides; 9) overlay com
abertura extensa e cobertura de todas as cúspides. Os dentes foram moldados,
as restaurações confeccionadas em cerâmica e, então, fixadas adesivamente.
Após a fixação, os corpos de prova foram armazenados a 37 graus C em 100%
de umidade, durante 24 horas, e, então, submetidos ao ensaio de fratura em
máquina de ensaio universal, EMIC 500 DL, com velocidade de 0,5 mm/minuto.
Os valores de resistência à fratura foram submetidos à análise de variância em
fator único, demonstrando que houve diferenças entre os grupos analisados. O
teste de Tukey demonstrou que o grupo de dentes hígidos apresentou
resistência significativamente superior aos demais grupos. Para os grupos
restaurados, empregou-se análise de variância fatorial 4x2, e verificou-se
significância para o fator tipo de preparo, para a interação entre os fatores
extensão e tipo de preparo, não houve significância para o fator extensão

34
isoladamente. O teste de Tukey foi, então, aplicado para a interação,
verificando que o fator extensão do preparo foi significante apenas para os
preparos onlay com recobrimento de apenas uma cúspide e overlay. Em
relação à abertura conservadora, o preparo onlay, recobrindo apenas uma
cúspide, apresentou a menor resistência, quando comparado ao inlay e onlay
recobrindo duas cúspides. Por outro lado, em relação à abertura extensa, o
preparo do tipo overlay mostrou menor resistência que os demais com
diferença significante em relação aos preparos inlay e onlay que envolvia as
duas cúspides vestibulares.

MACHADO et al., em 2003, realizaram um trabalho de pesquisa em que


avaliaram a resistência à compressão de dentes pré-molares restaurados com
incrustações cerâmicas e diferentes tipos de cimento resinoso. Os dentes
foram mantidos à temperatura ambiente em 100% de umidade. Os espécimes
foram divididos em quatro grupos: G1-dentes hígidos, G2-dentes com preparo
MOD, G3-dentes restaurados com inlay de cerâmica e cimento Enforce e G4-
dentes restaurados com inlay de cerâmica e cimento Rely-x. Os dentes foram
submetidos ao ensaio mecânico de compressão na máquina de ensaio
universal EMIC-DL com um cilindro de 6mm e velocidade constante de 0,5
mm/min. Como resultados, temos as seguintes grandezas: G1 com 136,6 Kgf,
G2 com 60,75 Kgf, G3 com 97,61 Kgf e G4 com 88,44 Kgf. Através da análise
estatística, os autores concluíram que os dentes com restaurações inlays
tiveram aumento significativo na resistência à fratura quando comparados com
os dentes somente preparados.

PEDROSA FILHO, em 2003, propôs um estudo em que avaliava a


resistência à fratura de pré-molares superiores com preparos cavitários
extensos, submetidos a procedimentos restauradores diretos e indiretos. Foram
selecionados cinqüenta dentes com dimensões semelhantes, incluídos com
simulação do ligamento periodontal com Impregum, e divididos aleatoriamente
em cinco grupos com dez dentes cada. Os grupos se diferenciavam da
seguinte maneira: G1-dentes hígidos, G2-dentes com preparos cavitários do
tipo MOD, G3-dentes com preparos cavitários do tipo MOD e restaurados com

35
resina composta de uso direto, G4-dentes com preparos cavitários do tipo MOD
e restaurados com resina composta de uso indireto e G5-dentes com preparos
cavitários do tipo MOD e restaurados com amálgama dental. As amostras
assim constituídas foram submetidas a um ensaio mecânico de compressão
em máquina de ensaio universal, através de esfera de aço de 5,0 mm de
diâmetro com velocidade constante de 0,5 mm/min até a fratura das mesmas.
Como resultado, foi obtido o seguinte valor de resistência à fratura: G1-176,13
Kgf (dp=52,56 Kgf), G2-22,41 Kgf (dp=10,51 Kgf), G3-103,72 Kgf (dp=19,02
Kgf), G4-117,72 Kgf (dp=32,92 Kgf) e G5-63,95 Kgf (dp=20,28 Kgf). Os valores
foram submetidos à análise estatística a qual determinou que dentes hígidos
mostraram-se mais resistentes que os demais, seguidos pelas restaurações
adesivas que não diferiram entre si, amálgama e dentes preparados e não
restaurados.

SOARES et al., em 2004, analisaram a resistência à fratura de dentes


restaurados com três tipos diferentes de inlays de resina composta laboratorial
em relação a inlays de cerâmica. Foram selecionados sessenta dentes molares
humanos que foram incluídos em cilindros de resina e simulados seus
respectivos ligamentos periodontais artificiais com IMPREGUM F. Os preparos
inlays foram realizados e padronizados por uma máquina conformadora e
pontas diamantadas. Em seqüência, os dentes foram moldados e as
restaurações foram realizadas conforme as instruções do fabricante. As
amostras foram cimentadas com cimento RELY X e armazenadas a 37 graus
Celsius e 100% de umidade. As amostras foram submetidas a um
carregamento axial de compressão com velocidade de 0,5 mm/min. A análise
estatística ANOVA e o teste de comparações múltiplas de Tukey revelaram que
os dentes restaurados com Duceram LFC (205,44 Kgf) se mostraram
estatisticamente inferiores em relação à resistência à fratura do que os outros
três grupos restaurados com resina composta indireta ( Solidex [293.16],
Artglass [299.87] e Targis [304.23]), porém, os padrões de fratura das mesmas
foram mais complexos do que os dentes restaurados com inlays cerâmicas.

36
2.4.Método de inclusão e simulação do ligamento periodontal

MUHLEMANN e ZANDER, em 1954, através de pesquisas afirmaram


que o deslocamento inicial da raiz corresponde a uma posição funcional de
prontidão em relação à força de tração. A magnitude dessa força é variável de
individuo para individuo e é altamente dependente das estruturas e da
organização do ligamento periodontal. A conclusão do estudo é que o valor da
mobilidade inicial para dentes anquilosados é zero, sendo que a carga aplicada
sobre o dente nesses casos é transferida diretamente as estruturas adjacentes.

SCHARNAGL, em 1998, avaliou a simulação do ligamento periodontal


na realização de testes de resistência à fratura. Testes de movimentação dos
dentes foram realizados em mandíbulas de porco para, assim, detectar o grau
de movimentação que deveria ser reproduzido no ligamento artificial. A
simulação do ligamento foi realizada com diversos materiais elásticos e o que
apresentou os melhores resultados foi o material de moldagem à base de
poliéter IMPREGUM F(3M-ESPE). Uma das principais conclusões do estudo é
que o ligamento periodontal artificial é fundamental para reproduzir as
características clínicas da aplicação de tensões e as fraturas ocorridas em
experimentos laboratoriais.

CARLINI, em 1999, empregou a reprodução artificial do ligamento


periodontal para avaliar a influência de pinos intra-radiculares pré-fabricados na
resistência à fratura de dentes anteriores tratados endodonticamente. A
metodologia é descrita inicialmente com o recobrimento da raiz com uma fina
camada de cera número 7, obtida após a imersão do mesmo em um recipiente
contendo cera plastificada. Após a inclusão do dente em um cilindro de PVC
preenchido com resina de poliestireno, o dente foi removido e limpo com água
aquecida e jatos de bicarbonato. Para a reprodução do ligamento periodontal
artificial, foi empregado um adesivo à base de uretano. O autor relatou que a
reprodução do ligamento periodontal tornou o padrão de fratura mais
semelhante ao que se verifica clinicamente.

37
SOARES et al., em 2002, analisaram a influência do método de inclusão
e de reprodução do ligamento periodontal na resistência à fratura de incisivos
bovinos. Os resultados demonstram que o método de inclusão e o
procedimento de reprodução do ligamento periodontal podem influenciar nos
testes de resistência à fratura. O valor de resistência foi pouco influenciado
pela presença do ligamento, porém o padrão de fratura foi altamente
influenciado pela reprodução do ligamento periodontal. Os autores concluíram
que a associação da inclusão com resina de poliestireno e a reprodução do
ligamento com Impregum F parece ser o mais indicado.

DILLENBURG e MEZZOMO, em um estudo comparativo da resistência


à fratura de dentes restaurados com inlays de polímero de vidro e cerâmica,
selecionaram 32 dentes que, divididos em quatro grupos, foram incluídos pela
raiz em cilindros plásticos com diâmetro interno de 21 mm por 25 mm de altura.
Os dentes foram incluídos até 2 mm da junção cemento-esmalte em resina
quimicamente ativada, sem a presença de ligamento periodontal simulado.
Após o ensaio mecânico de compressão, os autores chegaram à conclusão de
que não houve diferença de resistência à fratura entre os grupos de dentes
restaurados com porcelana ou polímero de vidro, embora o padrão de fratura
tenha mudado.

2.5.Fotoelasticidade e Método dos Elementos Finitos

FARAH et al., em 1973, utilizaram o método dos elementos finitos e


fotoelasticidade para analisar as tensões desenvolvidas em um primeiro molar
restaurado com coroa total. A utilização dos dois métodos justifica-se pelo fato
de ambos complementarem-se, permitindo, assim, um estudo minucioso da
distribuição das tensões. Em ambos os métodos, foram construídos modelos
axissimétricos, variando os valores de carga. De acordo com os autores,
enquanto a fotoelasticidade mostrou um desenho claro da distribuição das
tensões, o método dos elementos finitos representou uma avaliação mais
criteriosa do completo estado de tensão/deformação.

38
FARAH et al., em 1975, realizaram um estudo em que através da
metodologia dos elementos finitos mostraram que as tensões originadas a
partir de carregamentos oclusais poderiam causar falhas no material usado
como base em restaurações de resina composta classe I em dentes
posteriores. Um modelo axissimétrico de um primeiro molar inferior
bidimensional foi criado e várias combinações de espessuras do cimento e da
restauração de compósito foram simuladas. Como resultados, temos que os
maiores valores de stress foram observados quando materiais com baixo
módulo de elasticidade foram usados. A situação ideal seria usarmos como
cimento um material com módulo de elasticidade próximo ao da resina
composta.

MATTISON, em 1982, realizou um estudo, analisando a distribuição de


tensões de pinos metálicos fundidos de diferentes diâmetros na dentina e nas
estruturas de suporte, usando a técnica da fotoelasticidade plana. A confecção
das amostras foi através do material fotoelástico PSM-5 e o ligamento
periodontal simulado utilizado foi uma silicona para moldagem. Em cada
amostra foi aplicada uma carga vertical que variava entre 30 e 60 libras. Como
resultado, tivemos que o diâmetro do pino afeta a magnitude das tensões.
Quanto maior o diâmetro do pino associado ao aumento das cargas verticais,
maior será a magnitude das tensões. O uso de pinos de menor diâmetro reduz
a concentração de tensões na dentina e nas estruturas de suporte.

MATTISON e VON FRAUNHOUFER, em 1983, realizaram um estudo


analisando a distribuição e concentração de tensões, variando o diâmetro do
pino e o ângulo de aplicação da carga. Foram confeccionados 10 corpos de
prova em material fotoelástico PSM-5 que foram analisados através de um
polariscópio circular. A simulação do ligamento periodontal se deu através de
uma silicona. As cargas foram aplicadas com as seguintes magnitudes e
angulagens: 73 N em 26 graus, em relação ao longo eixo do dente com
incidência vertical, e 147 N em 26 graus, em relação ao longo eixo do dente.
Como conclusão do trabalho, temos que os pinos de menor diâmetro

39
transferiram menos tensões ao dente e que quanto maior a conservação de
estrutura dentária sadia, menor a concentração das tensões.

HUNTER et al., em 1989, avaliaram o efeito do tratamento endodôntico


da preparação do canal e da cimentação de pinos intra-radiculares na
transmissão de tensões em incisivos centrais superiores. Foi confeccionado um
modelo fotoelástico onde aplicou-se uma carga, e foi realizada a análise no
polariscópio circular para determinar a magnitude das tensões e sua
concentração. Como resultado, o alargamento do canal aumentou a
concentração de tensões na região cervical, sendo que a colocação do pino
diminuiu a concentração de tensões nesta região. O comprimento do pino
parece ser mais importante na determinação de tensões na região cervical.

ARNIF et al., em 1989, realizaram um estudo em que confeccionaram


um modelo fotoelástico para avaliar a influência dos diferentes tipos de
restaurações realizadas após a terapia endodôntica. Dentes pré-molares
unirradiculares foram selecionados e divididos nos seguintes grupos: GA –
dente intacto após obturação do canal; GB – dente restaurado com coroa total
após tratamento endodôntico; GC – dente com pino intracanal e núcleo de
resina composta; GD – dente com núcleo metálico fundido e coroa total. Os
dentes foram montados em material fotoelástico PL-1 e, em seguida,
fotografados no campo de luz polarizada antes e depois da aplicação da carga.
Como resultado, constatamos que a distribuição das tensões foi muito mais
uniforme ao longo da raiz no dente intacto, após obturação do canal. A
confecção de uma coroa total provocou concentração de tensões em torno da
margem da coroa. Os autores salientam a importância da compatibilidade das
propriedades mecânicas dos materiais restauradores com o dente natural,
observando e dando ênfase ao fato de que materiais metálicos apresentam
módulo de elasticidade muito alto e levam à alta concentração das tensões,
com enorme potencial para a fratura do remanescente dentário.

MORI, UETI, MATSON e SAITO, em 1997, estudaram


comparativamente pelo método do elemento finito, a distribuição das tensões
internas geradas sob carga axial de 30 Kgf em três pontos em um modelo
40
bidimensional de um dente natural hígido e um modelo bidimensional de um
dente endodonticamente tratado e restaurado com coroa metalocerâmica e
retentor intra-radicular fundido. Esses modelos foram construídos a partir de
fotografias e desenhos de mandíbula seccionada no sentido axio-vestibulo-
lingual, na região do segundo pré-molar inferior esquerdo e de um segundo
pré-molar inferior esquerdo íntegro também seccionado. O software utilizado
para o processamento do elemento finito foi o SAP 90. Os resultados indicaram
maior acúmulo de tensões na metade vestibular, tanto no dente hígido, quanto
no dente restaurado. As tensões foram mais intensas sob o ponto de aplicação
de cargas nos dois modelos. No dente restaurado, as tensões foram maiores
devido ao maior módulo de elasticidade dos materiais restauradores,
demonstrando que existem diferenças na distribuição das tensões no dente e
na base óssea dos dois modelos.

FENER, ROBINSON e CHEUNG, em 1998, realizaram estudo com um


modelo tridimensional de um dente pré-molar superior com uma restauração de
resina composta classe II MOD através da metodologia do elemento
finito.Nesse trabalho, foram avaliadas as mudanças de temperatura e sua
indução de stress quando o dente estava embebido em um líquido quente.
Primeiramente, foram realizadas medições in vivo das variações de
temperatura na superfície dentária quando induzidas variações cíclicas. Como
resultados, temos que o stress máximo na superfície oclusal foi de 9 Mpa entre
a resina e o esmalte, bem abaixo da força de adesão de 23 Mpa dada pela
adesividade entre o compósito e o esmalte. Forças cíclicas repetidas, porém,
podem causar microfraturas nessa interface, facilitando, assim, o aparecimento
de microinfiltrações.

REES e JACOBSEN, em 1998, realizaram um estudo em que


examinavam os efeitos da movimentação das cúspides, quando em
carregamento oclusal e sua inter-relação com cavidades de classe V,
restauradas com compósitos em um primeiro pré-molar inferior. Utilizando o
método dos elementos finitos, foi modelado bidimensionalmente um pré-molar
inferior com uma restauração classe V de compósito na porção vestibular em

41
que era variado desde o dente com a superfície oclusal íntegra até
restaurações classe I de compósito ou amálgama com diferentes comprimentos
e profundidades. Comparado com o pré-molar não-restaurado, a presença de
um preparo oclusal restaurado com compósito aumentou as forças ao redor da
restauração classe V em até 67%. A presença de uma restauração oclusal de
amálgama aumentou significantemente em até 228% o stress ao redor da
restauração classe V na cúspide vestibular. Como resultado mais significativo,
concluiu-se que a presença de restaurações oclusais aumenta o movimento
das cúspides, aumentando, assim, o stress ao redor das cavidades classe V.
Esse efeito foi mais pronunciado em duas situações: ao aumentar a
profundidade das cavidades classe I e quando o amálgama foi escolhido como
material restaurador das cavidades oclusais.

CHUN-LI LIN et al., em 1999, realizaram um trabalho visando os passos


para a elaboração de um modelo matemático tridimensional de um pré-molar
inferior. Primeiramente, era selecionado um segundo pré-molar inferior hígido e
com anatomia normal que foi incluído em um bloco de resina epóxica, que foi
cortado serialmente em fatias paralelas à superfície oclusal. Essas fatias foram
fotografadas e processadas para cada tipo de tecido dentário presente nas
mesmas. O software ANSYS, através de suas ferramentas específicas, realiza
a união de todas as fatias, transformando uma série de imagens bidimensionais
em um modelo tridimensional. Foram criados seis diferentes modelos do
segundo pré-molar, variando o tamanho dos elementos e a presença ou não do
periodonto de inserção. Esse estudo mostra que a biomecânica do tecido
dentário pode ser investigada de maneira mais aprofundada através da
metodologia dos elementos finitos.

KUROE et al., em 2000, publicaram um artigo em que realizaram a


avaliação fotoelástica da distribuição do estresse em lesões cervicais
restauradas ou não. Foram confeccionados modelos tridimensionais de
primeiros pré-molares superiores com lesões cervicais vestibulares. Dois tipos
de lesões foram testadas: uma, com formato de cunha, que continha um ângulo
agudo no ápice da lesão, e a outra, mais arredondada e com a forma de pires.

42
Forças verticais de 10 libras foram aplicadas nos modelos não-restaurados e
restaurados em três porções do modelo: na ponta da cúspide vestibular, na
ponta da cúspide lingual e no centro da superfície oclusal. O estresse
resultante no modelo dentário foi monitorado e registrado fotograficamente
através de um arranjo circular polariscope para visualização das franjas
isocromáticas. Como resultado, observamos que, no modelo não-restaurado, a
concentração do estresse se deu principalmente no ápice da lesão,
independentemente da configuração da mesma. Entretanto, a lesão em forma
de cunha demonstrou uma concentração de estresse mais severa. No modelo
restaurado, observamos a diminuição do estresse no ápice e na parede lingual
das lesões, enquanto ocorre aumento do estresse nas margens gengivais e
oclusais das lesões comparadas aos modelos não-restaurados. Essas
tendências foram mais óbvias quando ocorreu a carga na cúspide vestibular
dos mesmos. Concluindo, a presença de lesões cervicais mudou
significativamente o arranjo e a distribuição das forças no modelo,
concentrando o estresse no ápice da lesão. A lesão em forma de cunha tende
a desenvolver maior concentração de estresse enquanto a lesão mais larga, e
em forma de pires, tende a aumentar a flexão da cúspide. Restaurações
cervicais reduzem a concentração de estresse no ápice da lesão, entretanto
adiciona-o às margens gengivais e oclusais das lesões, situação não
observada nos modelos não-restaurados. Diferenças na forma da lesão
influenciam o estresse na interface entre a restauração e a estrutura dentária,
tornando-se, assim, um desafio para a odontologia restauradora e seus
materiais atuais.

ROCHA, em 2000, na sua tese de doutorado, realizou o estudo das


tensões em dente restaurado com coroa metalocerâmica e dois formatos de
retentores intra-radiculares através do método dos elementos finitos. Esse
estudo comparativo da distribuição de tensões de Von Mises em dente
endodonticamente tratado, com dois formatos de retentores intra-radiculares,
pré-fabricado cilíndrico/escalonado e fundido cônico, foi realizado pelo método
dos elementos finitos em modelos tridimensionais de caninos superiores com
geometria axissimétrica e restaurados com coroas metalocerâmicas, aplicando-

43
se uma carga oblíqua de 100 N com 45 graus de inclinação em relação ao seu
longo eixo. Os resultados indicaram discreta diferença nos dois modelos
(formatos) de retentores. O pino escalonado neutralizou mais as cargas no
sentido corono-apical, e no pino cônico ficou evidenciado o efeito de cunha.

PALAMARA et al. em 2000, realizaram um estudo que investigou as


diferentes variações das franjas em esmalte com diferentes padrões de
carregamento oclusal, usando o método dos elementos finitos e
fotoelasticidade em dentes extraídos. Um modelo tridimensional de um
segundo pré-molar inferior foi confeccionado a partir de um dente incluso em
um bloco de resina epóxi. Esse conjunto foi dividido em 25 cortes transversais
com larguras de 0,95 mm. Cada corte foi fotografado e digitalizado. A
geometria 3D do dente foi reconstruída, usando o software Lusas FEA system.
O carregamento oclusal de 100 N foi aplicado axialmente e com angulação de
45 graus em relação à vertente interna das cúspides. As franjas obtidas com o
método dos elementos finitos se correspondem muito próximas aos resultados
obtidos com a fotoelasticidade. As franjas estão concentradas na região
correspondente à junção cemento-esmalte. A magnitude, a direção e o padrão
das franjas em esmalte são altamente dependentes do carregamento oclusal. A
resposta do modelo 3D ao carregamento oclusal foi muito semelhante ao que
observamos clinicamente em casos de lesões cervicais não-cariosas.

HUBSCH, MIDDLETON e KNOX, em 2000, realizaram uma investigação


usando o método dos elementos finitos, comparando restaurações indiretas
(inlays de compósitos e cerâmica) e restaurações diretas de resina composta.
O stress gerado pela contração de polimerização das resinas diretas e pelo
cimento resinoso nas indiretas foi computado, usando um modelo 2D axi-
simétrico de uma restauração classe I. Nesse modelo, também foi computado o
stress gerado na restauração durante carregamento oclusal simulado. Como
resultados, temos que as restaurações inlays geraram um maior stress durante
a polimerização, particularmente na interface entre o cemento e a dentina na
base da cavidade. Sob carregamento oclusal, as restaurações das duas
técnicas tiveram comportamentos similares, porém as restaurações inlays

44
produziram maior stress sobre a base da cavidade do que as restaurações de
resina diretas.

CORNACCHIA et al., em 2000, realizaram um estudo com o objetivo de


compreender o comportamento mecânico do dente, determinar a influência da
carga oclusal na determinação do fenômeno da abfração e discutir aspectos
relativos à correta modelagem de modelos, usando a metodologia dos
elementos finitos. Foi desenvolvida uma análise paramétrica bidimensional de
um primeiro pré-molar superior, de maneira a identificar os campos de
tensão/deformação, considerando diversos tipos de carregamentos
correspondendo a forças funcionais e parafuncionais. O efeito da direção das
cargas no padrão da distribuição da tensão no esmalte foi analisado. Os
resultados ressaltaram que o componente lateral de cargas horizontais e
cargas excêntricas geram altas tensões de tração e compressão, concentradas
na região cervical, que podem atingir o limite de resistência do esmalte,
evidenciando a possibilidade de ocorrência de trincas e fraturas da estrutura
dental, ou seja, podem determinar as lesões de abfração. Houve diferença na
distribuição das tensões no modelo no qual a polpa foi considerada um vazio
comparado com aquele em que a dentina preencheu a câmara pulpar.

CHUN-LI LIN, CHIH-HAN CHANG e CHING-CHANG KO, em 2001,


produziram um trabalho avaliando a performance biomecânica de restaurações
mésio-ocluso-distais no reparo de largas lesões de cárie. Reconhecidamente é
sabido que a falha de uma restauração não se dá somente por conceitos
biológicos, mas também pela forma da cavidade, dimensões, e o stress das
forças resultantes deve ser levado em conta. Para o presente estudo, foram
criados trinta modelos tridimensionais, usando a metodologia dos elementos
finitos, simulando restaurações de ouro em cavidades MOD em segundo pré-
molares inferiores. O nível de stress foi relatado a partir dos seguintes fatores:
profundidade da cavidade, largura do istmo no sentido vestíbulo-lingual e
largura do assoalho no sentido mésio-distal interagindo com o pior cenário
fisiológico possível, que é o carregamento concentrado de forças na cúspide
lingual. O estudo mostra que, aumentando o volume da cavidade MOD, temos

45
aumento significativo do stress no esmalte, porém o mesmo não se dá em
dentina. Para os três parâmetros citados, exceto pela largura do istmo, ao
aumentarmos as dimensões da cavidade, tivemos o pico de stress aumentado
proporcionalmente. A profundidade foi o fator mais crítico para a elevação do
stress no esmalte enquanto a largura do assoalho no sentido mésio-distal foi o
parâmetro mais importante para a dentina. A largura do istmo foi fator de menor
comprometimento para o remanescente dentário, tanto esmalte quanto dentina.
Os autores confirmaram que os resultados não concordam plenamente com o
conceito de que a preservação do remanescente dentário irá reduzir o risco de
fratura dental.

AUSIELO, APICELLA, DAVIDSON e RENGO, em 2001, realizaram um


estudo em que utilizaram o método dos elementos finitos para compreender
características de infiltrações e rigidez dos compósitos durante um determinado
carregamento oclusal e contração de polimerização. Um modelo sólido
tridimensional de um pré-molar superior foi confeccionado e exportado para um
software de análise de tensões. Nesse modelo, foi simulado uma cavidade
MOD e sua restauração com dois tipos de compósitos. Um procedimento de
validação do método foi realizado através de um ensaio mecânico de
compressão em dentes pré-molares humanos com cavidades classe II MOD,
restauradas com a resina Prodigy (módulo de elasticidade de 12,5 Gpa). Uma
comparação direta foi realizada entre os resultados obtidos pelo teste
experimental e o ensaio numérico. Durante a etapa do método dos elementos
finitos, duas condições (de stress) foram simuladas: stress proveniente da
contração de polimerização e o stress derivado de um carregamento oclusal.
Três diferentes casos foram estudados: o dente hígido, o dente com cavidade
classe II MOD, restaurada com um compósito com alto módulo de elasticidade
(25 Gpa), e outro dente restaurado com compósito com baixo módulo de
elasticidade (12,5 Gpa). A movimentação da cúspide induzida pela contração
de polimerização e pelo carregamento oclusal foi avaliada, e, como resultados,
temos que a movimentação cuspídea diminuiu quando o dente foi restaurado
com um compósito mais flexível. Esse estudo pelo método dos elementos
finitos concomitante ao ensaio mecânico de compressão indica que o módulo

46
de elasticidade dos materiais restauradores tem papel fundamental no sucesso
das restaurações adesivas. Falhas prematuras, provenientes da contração de
polimerização e carga oclusal, podem ser prevenidas pela correta seleção e
combinação dos materiais restauradores.

YANG et al., em 2001, investigaram a influência do stress oclusal em


diferentes formatos de pinos intra-radiculares em incisivos centrais superiores,
usando o método dos elementos finitos. Um modelo bidimensional de um
incisivo central superior foi construído, e nesse modelo foram testados pinos
metálicos de diferentes comprimentos e larguras. Foi realizado um
carregamento de 10 Kg nas seguintes porções do modelo: carregamento
vertical na superfície incisal, carregamento horizontal na superfície vestibular e
carregamento diagonal com 20 graus de incidência na superfície lingual. Como
resultados, constatou-se que o uso do pino reduziu o pico de stress na dentina
em até 75% em relação ao modelo que não tinha o mesmo. Quando uma força
vertical era aplicada, a magnitude do stress nos diferentes formatos dos pinos
era similar, entretanto, quando em carregamento horizontal era aplicado, o pino
de menor comprimento acusava a maior concentração de stress na dentina. O
pino metálico providenciou pequeno reforço da estrutura remanescente. A
direção do carregamento oclusal tem grande efeito na distribuição do stress.
Pinos mais compridos e com larguras reduzidas resultam em menores graus de
tensão na dentina e no material restaurador.

JOSHI et al., em 2001, estudaram a performance mecânica do dente


tratado endodonticamente através da confecção de um modelo tridimensional
através do método dos elementos finitos. A distribuição do stress no dente
restaurado com diversos tipos de pinos pré-fabricados foi comparada. Do ponto
de vista mecânico, o dente tratado endodonticamente e restaurado com pino e
coroa deve ser tratado como uma estrutura multicomponente, contendo uma
complexa geometria. Ao ser feita a comparação entre o pino feito de titânio,
cerâmica ou fibra reforçado com compósito constatou-se que materiais com
baixo módulo de elasticidade ocasionariam distribuição mais favorável do
stress no complexo dente-restauração quando acometidas por carregamentos

47
oclusais de diferentes direções. Concluindo, pinos fabricados com materiais
convencionais não obtiveram sucesso no reforço da estrutura dentária
remanescente devido ao fato de criarem áreas de concentração de stress que
podem ocasionar a fratura dentária. Os pinos de fibra reforçados com
compósitos cimentados adesivamente à dentina demonstraram que tem o
melhor potencial para reforço do remanescente dentário.

AUSIELLO , APICELLA e DAVIDSON, em 2002 , em um trabalho sobre


o efeito das propriedades adesivas na distribuição do estresse em restaurações
de resina, utilizando a metodologia dos elementos finitos através de modelos
tri-dimensionais, observaram que o dente, quando restaurado com materiais
adesivos e modelados para análise computadorizada, mostrou uma falha
prematura durante a contração de polimerização e o carregamento oclusal. Os
autores simularam restaurações MOD de resina que revelaram um
comportamento biomecânico complexo, surgindo através do efeito simultâneo
da contração de polimerização, rigidez do compósito e resistência da interface
adesiva. Concomitantemente à contração de polimerização, ocorre um
aumento do estresse pela rigidez do compósito usado na restauração,
enquanto a movimentação cuspídea sobre carregamento oclusal é
inversamente proporcional à rigidez do compósito. A camada de adesivo atua
com um importante papel na atenuação do estresse gerado pela polimerização
e pelo carregamento oclusal. Como resultado, a correta escolha do adesivo
capacita parcialmente a absorção das deformações do compósito, limitando,
assim, a intensidade do estresse transmitido ao remanescente dental. Para
adesivos e compósitos de diferentes durezas, a análise pelo método dos
elementos finitos demonstrou que a aplicação de uma fina camada de um
adesivo mais flexível (módulo de elasticidade menor) leva ao mesmo alívio do
estresse que uma camada espessa de um adesivo menos flexível (módulo de
elasticidade maior).

LEE et al., em 2002, realizaram estudo usando a metodologia dos


elementos finitos para investigar a distribuição do stress durante o mecanismo
de flexão do elemento dentário. Esse estudo também comparou as mudanças

48
ocorridas no comportamento biomecânico do dente ao sofrer carregamentos
oclusais em diferentes pontos ou direções. Foi selecionado um pré-molar
inferior hígido que após ser incluído em um bloco de resina, foi fatiado
serialmente por um micrótomo. Cada fatia foi processada pelo software
ANSYS, determinando valores de módulo de elasticidade e coeficiente de
Poisson para cada estrutura correspondente aos tecidos dentais. Ao unir as
fatias, o software criou um modelo tridimensional em que foram simuladas sete
condições distintas de carregamento na superfície oclusal: C1-carregamento
vertical na ponta da cúspide lingual, C2-carregamento diagonal com início na
vestibular, realizando um ângulo de 45 graus em relação ao longo eixo e
incidência na ponta da cúspide lingual, C3- carregamento diagonal com início
na lingual, realizando um ângulo de 45 graus em relação ao longo eixo e
incidência na ponta da cúspide lingual, C4-carregamento vertical na fossa
central, C5-carregamento vertical na ponta da cúspide vestibular, C6-
carregamento diagonal com início na vestibular, realizando um ângulo de 45
graus em relação ao longo eixo e incidência na ponta da cúspide vestibular e
C7- carregamento diagonal com início na lingual, realizando um ângulo de 45
graus em relação ao longo eixo e incidência na ponta da cúspide vestibular. Em
cada condição foi aplicado um carregamento estático de 170 N. Os autores, ao
realizarem a análise das tensões em cada uma das situações, concluíram que
a presença de tensões na região cervical do pré-molar inferior é evidente,
coincidindo, assim, com as teorias biomecânicas do desenvolvimento das
lesões de abfração.

BARINK et al., em 2002, simularam o processo de polimerização em um


modelo tridimensional de um pré-molar superior com uma restauração onlay,
usando a metodologia dos elementos finitos. Foi achado que o stress aumenta
rapidamente durante a polimerização e decresce na fase de pós-
polimerização. A diminuição do stress foi menos efetiva em áreas onde a
superfície da restauração era irregular. Na prática clínica, superfícies
irregulares são usadas para aumentar a retenção da restauração. Este estudo
indica que aumentar a retenção através da confecção de superfícies irregulares
pode comprometer o sucesso clínico da restauração, pois aumenta o acúmulo

49
de tensões na interface dente-restauração. O fato de que o stress diminui
durante a fase de pós-polimerização sugere que o carregamento mecânico
deve ser limitado durante as primeiras horas após a cimentação da
restauração.

REES, em 2002, desenvolveu um estudo em que examinou a variação


da posição do carregamento oclusal e sua significância em relação ao stress
localizado na região cervical de um segundo pré-molar inferior. Foi
desenvolvido um modelo bidimensional através da metodologia dos elementos
finitos. Nesse modelo, foi aplicada uma carga de 500 N em sete pontos
distintos na plataforma oclusal do modelo, seguindo corretamente suas
inclinações provenientes da anatomia do dente em questão. Como resultados,
os carregamentos aplicados na vertente interna das cúspides, próximas ao
topo das mesmas, produziram os valores máximos de stress, excedendo os
valores suportados pelo esmalte na região cervical.

OLIVEIRA, em sua dissertação de mestrado, defendida em 2002,


analisou a distribuição de tensões produzidas na dentina radicular do incisivo
central superior restaurado com diferentes sistemas de pinos intra-radiculares
através dos métodos de fotoelasticidade e da análise de elementos finitos. Em
ambos os métodos, foi construído um modelo bidimensional representativo do
dente e aplicada uma carga de 100 N no terço incisal da região palatina com
uma inclinação de 45 graus em relação ao longo eixo do dente. Os resultados
foram expressos em função da tensão de Von Mises e valores da ordem da
franja fotoelástica. Através da análise dos resultados, conclui-se que houve
diferenças significativas na distribuição das tensões entre os seis sistemas de
pinos testados. Nos pinos de fibra de vidro e fibra de carbono, houve
distribuições uniformes da tensão ao longo de toda a superfície radicular,
comprovando que a compatibilidade entre as propriedades mecânicas desses
pinos e da dentina radicular diminuem o risco de falhas ou fraturas.

SOARES, em 2003, na segunda parte de sua tese de doutorado, mostra,


através da análise de elementos finitos, que houve sensível concentração de
tensões na cúspide funcional, e que as diferentes configurações de preparo
50
mostraram pequenas variações da distribuição das tensões nesta região,
quando observadas em máxima intercuspidação habitual. Já no movimento de
lateralidade, as tensões foram acentuadas nos modelos com abertura extensa.
Quando se comparou o efeito do material restaurador, verificou-se maior
concentração de tensões no interior da restauração cerâmica e maior
transmissão de tensões à estrutura dental para as restaurações em cerômero.
Ao analisar a concentração de tensões, verificadas no método dos elementos
finitos, e as características de fraturas ocorridas nos ensaios mecânicos,
observou-se a existência de correlação direta entre os resultados dos métodos
de estudo.

LEWGOY et al., em 2003, analisaram, usando a metodologia dos


elementos finitos, a alteração do padrão das tensões de Von Mises e da
máxima tração e compressão na raiz dental, variando dois tipos de marcas
comerciais de pinos intra-radiculares pré-fabricados metálicos. A comparação
foi realizada entre os pinos pré-fabricados Flexi Post/Flexi Flange de aço
inoxidável e titânio com preenchimento coronário de resina composta. Os pinos
intra-radiculares foram fixados com um cimento resinoso e recobertos por uma
coroa total cerâmica. A partir de fotografias da peça anatômica e dos pinos
estudados, foram criados modelos matemáticos bidimensionais no programa
MSC/Nastran 4.5 e, após aplicação de uma força de 100 N a 45 graus na
superfície palatina dos modelos, foi avaliada a distribuição das tensões
geradas. Com base nos resultados obtidos, pôde-se concluir que os pinos intra-
radiculares alteram o padrão das tensões geradas, dependendo do desenho do
pino intra-radicular e do tipo de material constituinte. As tensões geradas em
um dente restaurado com qualquer um dos pinos são homogêneas, porém com
magnitude maior do que a estrutura dental normal.

REES, HAMMADEH e JAGGER, em 2003, observaram que a maior


incidência de lesões de abfração ocorrem na vestibular dos incisivos
superiores. Com base nesse fato, realizaram um estudo em que buscavam
uma explicação biomecânica para essa ocorrência clínica. Modelos
bidimensionais de um incisivo superior, canino superior e de um pré-molar

51
superior foram desenvolvidos através da metodologia dos elementos finitos, e o
perfil do stress cervical foi examinado através de um plano horizontal 1,1 mm
abaixo do limite amelo-cementário para cada situação. Nesse local, tivemos as
seguintes ocorrências: no incisivo, tivemos picos de stress na porção vestibular
cervical de 176,4 Mpa ; no pré-molar, o pico correspondente foi de 57,8 Mpa e,
no canino, 3,4 Mpa. O perfil de stress cervical na região do incisivo superior foi
significantemente maior do que os valores achados no canino e no pré-molar.
Esses resultados comprovam, através da biomecânica, que a prevalência de
lesões de abfração em incisivos superiores não é somente uma coincidência
clínica.

52
3. Proposição

53
3 – PROPOSIÇÃO

• Avaliar a influência do preparo cavitário e sua restauração ou não


com resina composta fotoativada de uso direto Z-250 (3M – Espe) na
resistência e padrão de fratura de pré-molares superiores humanos.

• Comparar a distribuição de tensões mensuradas, através da


fotoelasticidade e método dos elementos finitos, em modelos
representativos dos grupos experimentais com carregamento oclusal
semelhante ao ensaio mecânico de compressão.

• Relacionar o padrão de fratura dos dentes, ocorrido no teste de


ensaio mecânico de compressão, à distribuição e concentração das
tensões no ensaio fotoelástico e à análise computadorizada do
método de elementos finitos.

54
4.Materiais e Métodos

55
4 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Considerações éticas


A realização deste experimento ocorreu após a aprovação pela
Comissão de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e Animais da
Universidade Luterana do Brasil, através do parecer número 2004-423H.

4.2 Tipo de pesquisa


Ensaio mecânico de compressão em dentes humanos extraídos,
associado à análise biomecânica em modelos fotoelásticos e matemáticos.

4.3 METODOLOGIA DO ENSAIO MECÂNICO DE COMPRESSÃO

4.3.1 Seleção dos dentes

Para o presente estudo, foram coletados 70 pré-molares permanentes


hígidos, extraídos por razões ortodônticas ou periodontais. Os pacientes foram
informados sobre a destinação de seus dentes e, através de um termo de
consentimento, permitiram o uso para a corrente pesquisa (termo de
consentimento em anexo). Esses dentes, ao exame clínico, apresentaram-se
livres de trincas ou abrasões visíveis, com raízes expulsivas e com dimensões
semelhantes. Após a limpeza com cureta periodontal, foram guardados em
potes com água destilada e armazenados em refrigerador (IMPARATO, 2003).

Figura 1. Dentes coletados e armazenados.

56
Com o objetivo de simular a movimentação do dente no alveólo,
simulamos o ligamento periodontal, empregando material elástico à base de
poliéter (Impregum – F) (SOARES et al, 2002). O dente foi marcado com
caneta para retroprojetor, distando 2 mm apicalmente da junção amelo-
cementária, e a porção radicular foi recoberta com cera número 7, através da
sua imersão em cera liquida até a marcação acima citada (Fig. 2A). Para a
inclusão do dente em uma base de resina de poliestireno, foram usados
cilindros de PVC com 25 mm de altura e 18 mm de diâmetro (SOARES, 2003).
A resina de poliestireno, após a sua manipulação, apresentou-se em estado
líquido, posteriormente os dentes foram incluídos nos cilindros com a coroa
voltada para baixo, onde uma película de RX com o dente transfixado até a
marcação 2 mm aquém do limite amelo-cementário e vedada com cera rosa
dava estabilidade ao conjunto e evitava vazamentos do material (Fig. 2B e C).
Durante a inclusão, foi tomado o cuidado de manter a superfície oclusal dos
dentes paralela à base do cilindro (Fig. 2D). Após 4 horas da inclusão (Fig. 2E
e F), os dentes foram removidos dos alvéolos artificiais com o auxílio de
fórceps e limpos com jato de bicarbonato e água, removendo, assim, qualquer
resquício de cera nos dentes e nos alvéolos artificiais (Fig. 3A e B). O material
de moldagem IMPREGUM F foi inserido no alvéolo e seu respectivo dente
introduzido sob pressão digital até que a marcação de 2 mm do limite amelo-
cementário coincidisse com a base do cilindro (Fig. 3C). Após a polimerização,
os excessos do material foram removidos com lâmina de bisturi número 11, e
os corpos de prova assim constituídos foram armazenados em água destilada
sob refrigeração (Fig. 3D).

57
A B

C D

E F

Figura 2. Procedimentos para a inclusão do dente.

58
A B

C D

E F

Figura 3. Procedimentos para a simulação do ligamento periodontal.

59
4.3.3 Mensuração e randomização dos corpos-de-prova

Para dar seqüência ao trabalho, os 70 corpos-de-prova foram lixados na


sua base através do aparelho Politriz APL-2 (Fig. 4), deixando, assim, sua base
lisa e sem básculas (Fig. 3F). Com uma caneta de retroprojetor, os corpos-de-
prova foram numerados de 1 até 70 (Fig. 3E). De posse de um paquímetro
digital, foram medidas as seguintes grandezas: distância vestíbulo-lingual,
distância mesio-distal e distância intercuspídea (Fig. 5). Esses dados foram
obtidos em mm e podem ser encontrados no anexo página 141. Para cada
corpo-de-prova individualizado, obtivemos o cálculo de sua área e, assim,
formamos um grande grupo constituído por dentes que obtiveram valores
próximos da média geral, com variações de até 10% para mais ou para menos
e dois pequenos grupos constituídos por dentes com valores de área acima
dos 10% e valores de área abaixo dos 10%, respectivamente. De posse dessas
informações, dividimos aleatoriamente esses três grupos de maneira
proporcional, constituindo, assim, sete grupos de 10 corpos-de-prova cada um.

Figura 4. Aparelho Politriz APL-2.

60
Figura 5. Mensuração dos comprimentos M-D e V-L com paquímetro digital.

61
4.3.4 Características dos grupos experimentais

Os 70 corpos-de-prova constituídos foram divididos aleatoriamente em 7


grupos de 10 dentes assim denominados e estabelecidos:

• Grupo I: dentes hígidos, sem preparo cavitário (grupo controle). É


constituído pelos seguintes corpos-de-prova: 18, 29, 38, 42, 43, 46,
50, 56, 64 e 68.

• Grupo II: dentes com preparos classe I e não-restaurados. É


constituído pelos seguintes corpos-de-prova: 6, 9, 21, 25, 26, 28, 37,
45, 49 e 54.

• Grupo III: dentes com preparos classe II simples (envolvimento de


uma crista marginal) e não-restaurados. É constituído pelos
seguintes corpos-de-prova: 5, 8, 15, 17, 20, 29, 32, 51, 53 e 60.

• Grupo IV: dentes com preparos classe II composta (envolvimento


das duas cristas marginais) e não-restaurados. É constituído pelos
seguintes corpos-de-prova: 7, 24, 31, 33, 36, 47, 58, 59, 65 e 70.

• Grupo V: dentes com preparos classe I e restaurados com resina


composta fotoativada de uso direto (Z250 3M-ESPE). É constituído
pelos seguintes corpos-de-prova: 1, 4, 13, 16, 23, 27, 34, 35, 41 e 63.

• Grupo VI: dentes com preparos classe II simples (envolvimento de


uma crista marginal) e restaurados com resina composta fotoativada
de uso direto (Z250 3M-ESPE). É constituído pelos seguintes corpos-
de-prova: 11, 14, 30, 39, 40, 44, 48, 52, 67 e 69.

• Grupo VII: dentes com preparos classe II complexos (envolvimento


das duas cristas marginais) e restaurados com resina composta
fotoativada de uso direto (Z250 3M-ESPE). É constituído pelos
seguintes corpos-de-prova: 2, 3, 10, 12, 19, 22, 55, 57, 61 e 66.

62
4.3.5 Realização dos preparos cavitários

Para a confecção dos preparos cavitários, foi utilizada a ponta


diamantada de número 1151 (KG Sorensen), desprezadas após 5 preparos
cavitários (SOARES, 2003). Essas pontas foram posicionadas
perpendicularmente aos dentes com o auxílio de um aparelho padronizador de
desgaste de posse da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de
Uberlândia (Fig. 6A). Esse aparelho permitiu confeccionarmos preparos
individualizados, mantendo a proporção dos mesmos, independente do
tamanho da coroa dentária do corpo-de-prova em questão (Fig. 6B).

A B

Figura 6. Padronização dos preparos cavitários.

Os preparos dentários seguiram a seguinte conformação:

Cavidade de classe I: extensão vestíbulo-lingual da caixa oclusal


equivalente a metade da distância intercuspídea, paredes circundantes
levemente retentivas, ângulos internos arredondados e profundidade de,
aproximadamente, 1,5 mm em relação ao centro da superfície oclusal. Para
questões de padronização em relação à extensão mésio-distal dos preparos,
preconizamos que cada crista marginal deveria ter 20% do comprimento,
totalizando o preparo propriamente dito 60% da extensão acima referida (Fig.
7A e B).

63
Cavidade classe II simples: extensão vestíbulo-lingual da caixa oclusal
equivalente a metade da distância intercuspídea, paredes circundantes
levemente retentivas, ângulos internos arredondados e profundidade de 1,5
mm em relação ao centro da superfície oclusal. Essas cavidades foram
padronizadas com o rompimento da crista marginal sempre ocorrendo na
porção distal. A crista marginal mesial foi mantida com 20% do comprimento
total no sentido mesio-distal. Na caixa proximal, temos paredes vestibular e
lingual levemente divergentes para oclusal, ângulo cavo-superficial nítido e sem
bisel, ângulos internos arredondados e profundidade de 3,0 mm. Na parede
gengival, temos, aproximadamente, 2,0 mm de espessura no sentido próximo-
proximal (Fig. 7C e D).

Cavidade classe II composta (MOD): extensão vestíbulo-lingual da caixa


oclusal equivalente a ½ da distância intercuspídea e profundidade de 1,5 mm a
partir do centro da superfície oclusal. Nas caixas proximais, temos paredes
vestibular e lingual levemente convergentes para oclusal, ângulo cavo-
superficial nítido e sem bisel, ângulos internos arredondados e profundidade de
3,0 mm. Nas paredes gengivais, temos, aproximadamente 2,0 mm de
espessura no sentido próximo-proximal (Fig. 7E e F).

Observação: os valores referentes a metade da distância intecuspídea,


espessura das cristas marginais e comprimento mesio-distal das cavidades
encontram-se descritos em anexos nas páginas 143,144 e 145.

64
A B

C D

E F

Figura 7. Corpos de prova e seus respectivos preparos cavitários.

65
4.3.6 Realização das restaurações de resina composta fotoativada
de uso direto

Para a confecção das restaurações de resina composta nos dentes que


compõem os grupos V, VI e VII, utilizamos a técnica da inserção incremental,
técnica descrita a seguir:

Condicionamento ácido: o condicionamento ácido foi realizado com


ácido fosfórico a 37%, em gel (3M - Espe), durante 15 segundos, seguido por
lavagem com jato de água da seringa tríplice durante 30 segundos. A secagem
das cavidades foi feita com o uso de papel absorvente, removendo os
excessos, porém, deixando uma superfície de dentina úmida (BUSATO,
HERNANDEZ e MACEDO, 2002).

Aplicação do adesivo: foram aplicadas nas cavidades duas camadas do


sistema adesivo Single Bond (3M - Espe) com pincel adaptado ao tamanho das
mesmas, até se observar uma superfície uniforme e brilhante. Foi realizada
uma leve secagem com jato de ar durante 10 segundos, aguardando mais 20
segundos para a completa evaporação do solvente. O adesivo foi polimerizado
por 20 segundos, a uma distância menor que 5 mm, com um aparelho
fotopolimerizador (3M).

Restauração de resina composta: as restaurações foram realizadas


através da técnica de inserção transversal de incrementos de
aproximadamente 2 mm (POLLACK, 1988). Após a inserção de um incremento
sempre foi realizada a sua fotopolimerização por 20 segundos até que a
cavidade estivesse preenchida da maneira completa. Nos grupos VI e VII,
utilizamos matrizes de poliéster para auxiliar a adaptação e o formato das
restaurações nas caixas proximais. Para a inserção da resina composta,
utilizamos a espátula Thompson, e, para a correta polimerização, usamos um
aparelho fotopolimerizador (3M) com intensidade de luz de 300 mw/cm2,
aferido com radiômetro antes de cada polimerização.

66
Acabamento imediato: os excessos foram removidos com lâmina de
bisturi número 15, do centro das restaurações para as margens das mesmas.

Polimento: o polimento foi realizado com discos Sof-lex XT pop-on (3M),


iniciando com o disco de granulação média, depois fina e, por último, o disco
de granulação ultrafina. Esse polimento foi realizado conforme as instruções do
fabricante, ou seja, do centro das restaurações para as suas margens.

4.3.7. Ensaio Mecânico de Resistência à Compressão

Após o término das restaurações, os corpos de prova foram submetidos


a um teste de compressão em uma máquina de ensaio universal (EMIC –
Uberlândia, Brasil). O contato da esfera de 6,0 mm de diâmetro foi ajustado
para que ocorresse o toque simultâneo nas vertentes internas das cúspides
vestibular e lingual. O carregamento axial de compressão foi aplicado com uma
velocidade de 0,5 mm/min até ocorrer a fratura da amostra. Os valores foram
obtidos em quilograma força (Kgf) e as amostras armazenadas em frascos com
água destilada para a análise do padrão de fratura de cada espécime.

Figura 8. Máquina de ensaio universal EMIC 500 DL.

67
4.3.8. Classificação do Padrão de fratura (adaptado de Soares, 2004)

No corrente trabalho, classificamos as fraturas da seguinte maneira:

• Tipo I – fratura de pequena porção da estrutura dentária (Fig. 9A).

• Tipo II – fratura de porção de tecido dentário até metade da


cúspide envolvida (Fig. 9B).

• Tipo III – fratura de porção de tecido dentário com mais da


metade da cúspide envolvida (Fig. 9C).

• Tipo IV – fratura total da coroa sem envolvimento do espaço


biológico (Fig. 9D).

• Tipo V – fratura total da coroa com envolvimento do espaço


biológico (Fig. 9E).

A B C D E

Figura 9. Padrões de fratura dentária após o ensaio mecânico de


compressão.

68
4.4. Análise por Método Fotoelástico

O método da fotoelasticidade baseia-se na propriedade de determinados


materiais transparentes que, quando observados através de uma luz
polarizada, exibem diversos padrões de cores. Este efeito é resultante da
refração que a luz polarizada sofre quando em contato com as deformações
internas resultantes do estado de tensões presente no modelo.

Ao realizarmos a análise de tensões fotoelástica, podemos interpretar


seus resultados de duas maneiras: uma análise qualitativa na qual, através da
observação dos efeitos ópticos no modelo, estudamos as concentrações das
tensões em determinados pontos e uma análise quantitativa em que são
determinados valores numéricos para as tensões principais resultantes no
modelo. No presente estudo, optamos pela análise qualitativa voltada para as
variações da distribuição das tensões/deformações frente às diferentes
configurações de preparo cavitário em conjunto, ou não, com o material
restaurador.

Ao observarmos um material fotoelástico sofrendo forças sob a luz


polarizada, o resultado dessas tensões é apresentado no modelo através de
franjas coloridas. Com a mudança das propriedades ópticas do material que é
diretamente proporcional às tensões desenvolvidas, ele se torna birrefringente,
uma onda de luz divide-se em dois feixes, cada um vibrando ao longo da
direção da tensão principal e com diferentes velocidades. Para uma correta
análise, utilizamos um polariscópio, aparelho que permite estabelecer o plano
da vibração e a direção das tensões principais, bem como a diferença entre as
duas componentes de tensões principais, realizando, assim, a análise da
distribuição das tensões.

No presente trabalho, criamos modelos fotoelásticos similares aos


dentes pré-molares superiores (KUROE,2000) com suas diferentes
configurações de preparos cavitário e observamos como esses modelos

69
reagiram, quando em condições de carregamento semelhantes às do ensaio
mecânico de fratura já observados nessa pesquisa.

4.4.1. Confecção dos Modelos

4.4.1.1 Confecção das matrizes de silicona

Um dente pré-molar superior hígido, livre de trincas e desgastes, foi


selecionado para servir de modelo, tanto para o ensaio fotoelástico, quanto
para o método dos elementos finitos. Para facilitar as análises, o dente
escolhido possuía somente uma raiz fusionada. Esse dente foi seccionado com
discos de carborundum e, em seguida, foi realizado o lixamento para remover
arestas e confeccionar um correto polimento, gerando, assim, um corte
longitudinal uniforme do órgão dental (Fig. 10A).

Em seguida, o dente seccionado foi colado em um azulejo, isolado com


vaselina sólida, e uma pequena muralha de cera 7 foi confeccionada ao seu
redor. Após a cera vedada, foi vazada a borracha siliconada AEROJET que é
extremamente fluida (Fig. 10B). Após 24 horas, houve a remoção da cera 7 e
do dente seccionado, tendo assim pronta a matriz de silicona do dente hígido
(Fig. 10C).

Para a confecção dos outros modelos, criamos, a partir da matriz do


dente hígido, mais três réplicas em resina composta fotoativada (Fig. 10D, E e
F). Essas réplicas em resina composta foram preparadas no aparelho
padronizador de preparos, seguindo as mesmas condições de configuração
dos preparos usados durante o ensaio mecânico de compressão. Com os
preparos realizados, seguimos o mesmo padrão de inclusão citado
anteriormente para a confecção das matrizes representativas para os dentes
com preparos classe I, classe II DO e classe II MOD.

70
A B

C D

E F

Figura 10. Confecção da matriz de silicona do dente hígido e réplica do dente


hígido em resina composta fotoativada.

71
4.4.1.2 Confecção dos modelos fotoelásticos

A partir das matrizes representativas dos diferentes preparos cavitários


(Fig. 11A), procedemos a manipulação da resina fotoelástica (Fig. 11B), que
apresenta grande fluidez. Após o vazamento da mesma nas matrizes (Fig.
11C), houve uma espera de 24 horas para a remoção dos modelos (Fig. 11D e
E) e posterior acabamento com lâminas de bisturi número 15.

B C

D E

Figura 11. Confecção dos modelos fotoelásticos.

72
4.4.2. Confecção do periodonto de inserção simulado

Assim como foi feito no ensaio mecânico de compressão, simulamos o


periodonto de inserção através da confecção de uma matriz de silicona de
adição com um leve espessamento, realizado com cera 7 no modelo
fotoelástico do dente hígido. A partir dessa matriz, confeccionamos em resina
de poliestireno um anteparo que simula o osso alveolar (Fig. 12A). Para a
simulação do ligamento periodontal utilizamos o material de moldagem
IMPREGUM F(3M-ESPE) e seu adesivo (Fig. 12B).

A B

Figura 12. Procedimentos para a confecção do periodonto simulado.

4.4.3. Confecção das restaurações de resina composta

Com os modelos fotoelásticos prontos, demos prosseguimento às


restaurações de resina composta direta Z-250 (3M-ESPE), seguindo os
mesmos padrões já vistos no ensaio mecânico de compressão.

Figura 13. Polimerização da resina composta fotoativada.


73
4.4.5. Análise através da luz polarizada

De posse dos modelos fotoelásticos representativos dos sete grupos de


pesquisa (Fig. 14A), cada conjunto foi posicionado na máquina de ensaio
universal EMIC 500 DL, juntamente com o polariscópio circular e uma fonte
luminosa posicionada na parte traseira da máquina (Fig. 14B). Foi aplicado um
carregamento oclusal de 30 N, através do contato do cilindro de 6 mm na
vertente interna das cúspides dos modelos fotoelásticos (Fig. 14C). O
carregamento oclusal foi analisado pelo polariscópio circular (Fig. 14D), e o
registro das imagens feito por uma câmara fotográfica digital SONY CYBER-
SHOT de 5.0 mega pixels.

A B

C D

Figura 14. Carregamento oclusal e análise do estado de tensão/deformação do


modelo fotoelástico.

74
4.5. Análise por Método de Elementos Finitos

O método dos elementos finitos é uma técnica pela qual pode ser
recriado matematicamente o comportamento de um sistema físico determinado.
Em outras palavras, o protótipo físico pode ser estudado mediante a criação de
um modelo matemático preciso. Esse método faz uso de computador para
resolver grande número de equações matemáticas, as quais simulam as
propriedades físicas da estrutura a ser analisada (ROCHA, 2000).

O método possui duas características especiais: os elementos finitos e


as funções de interpolação. Os elementos finitos são subdivisões do modelo,
pequenas o suficiente para tornar viáveis as abordagens analíticas em cada um
desses elementos e a combinação dos seus efeitos. Tais elementos são
montados de modo que estruturem uma forma determinada. Os elementos são
interconectados por seus pontos nodais ou nós, que são os pontos de união
entre os elementos. As funções de interpolação permitem, uma vez destinados
os deslocamentos em cada nó, interpolar deslocamentos e calcular
deformações e tensões em qualquer ponto da estrutura(ROCHA, 2000).

As propriedades dos materiais necessários para que o programa possa


resolver o sistema de equações são:

• Módulo de Elasticidade “E”: relação existente entre o esforço


específico e a alongação específica (unitária). Esse valor geralmente
é obtido mediante ensaio físico de tração ou compressão. É
basicamente o grau de elasticidade de um material. Isso quer dizer
que, quando o módulo de elasticidade de um material for grande
para uma força aplicada, a deformação linear do material será
pequena (ROCHA, 2000).

• Coeficiente de Poisson: relação que existe, quando aplicada uma


carga em um corpo, entre o sentido da aplicação da carga e a
deformação do corpo no sentido contrário. Isso quer dizer que,
quando se produz uma força ao longo do eixo X de um material,

75
produz-se também uma deformação nos eixos Y e Z (ROCHA,
2000).

4.5.1 Definição da Geometria do Modelo Experimental

Para referenciar a determinação do modelo de análise, usamos uma


imagem fotográfica digital de um pré-molar superior desgastado na politriz APL-
2 (ver fig.4) com lixas de granulação fina no sentido vestíbulo-lingual. Esse
modelo foi usado tanto para simular a anatomia do dente hígido quanto para os
modelos com cavidades não-restauradas ou restauradas com resina composta
fotoativada de uso direto. Para construir o modelo geométrico foi,
primeiramente, realizado o sobrecontorno das estruturas dentárias com
ferramentas próprias do software Microsoft Office Powerpoint for Windows
2003 (Fig. 15). Essa imagem foi passada para o software Matlab 6.0 onde
recriamos as condições existentes no ensaio mecânico de compressão,
confeccionando o periodonto de inserção simulado com o osso alveolar sendo
substituído pela resina de poliestireno, e o ligamento periodontal pelo material
de moldagem IMPREGUM F 3M – Espe (Fig. 16). A análise de elementos
finitos foi realizada no pacote comercial de elementos finitos Interactive ANSYS
versão 6.1 (ANSYS Inc, USA) licenciado para o departamento de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia – MG (SOARES, 2003).

Figura 15. Imagem do dente confeccionada no Powerpoint.

76
Figura 16. Imagens dos modelos geométricos no Mat Lab 6.0

4.5.2 Definição das Propriedades Mecânicas

A análise numérica utilizada nessa pesquisa foi a linear estática


bidimensional na qual todos os materiais componentes dos modelos se
comportam no regime elástico, sem deformações permanentes. Para trabalhar
somente com duas propriedades mecânicas (módulo de elasticidade e
coeficiente de Poisson), foram considerados os modelos isotrópicos, elásticos e
contínuos. Os valores utilizados nessa pesquisa para o módulo de elasticidade
e o coeficiente de Poisson estão descritos na tabela 1.

77
Tabela 1. Propriedades mecânicas dos materiais e estruturas dentais.

Material Módulo de Coeficiente de Referências


Elasticidade (GPA) Poisson

Esmalte 46.800 0,30 WRIGTH, KW and


YETTRAM, AL. J
Prosthet Dent 1979;
42:411-6.
Dentina 18.600 0.30 JOSHI, S.;
MUKHERJEE, A.;
KHEUR, M.; MEHTA, A.
Mechanical performance
of endodontically treated
teeth. Finite Elements in
Analysis and Design
2001; 37:587-601.
Polpa 0,003 0.45 FALLENSTEIN,G.T.;
HULCE, VD; MELVIN,
JW. Dynamic Mechanical
Properties of Human
Brain Tissue, J Biomech
2:217-226,1969.
Impregum 0.0689 0.40 JOSHI, S.;
MUKHERJEE, A.;
KHEUR, M.; MEHTA, A.
Mechanical performance
of endodontically treated
teeth. Finite Elements in
Analysis and Design
2001; 37:587-601.
Resina 13.700 0.30 JOSHI, S.;
Poliestireno MUKHERJEE, A.;
KHEUR, M.; MEHTA, A.
Mechanical performance
of endodontically treated
teeth. Finite Elements in
Analysis and Design
2001; 37:587-601.
Resina Composta 16.600 0,30 Chung et al.,
Biomaterials, 2003

4.5.3 Malhagem do Modelo

78
O modelo geométrico foi dividido em número finito de elementos,
interconectados por seus pontos nodais ou nós, os quais se encontram no
sistema de coordenadas X , Y e Z. O conjunto resultante é chamado de malha.
Esse passo foi executado, utilizando processo de malhagem automática livre,
disponível no software ANSYS 6.1. Para a criação dessa malha, designamos
previamente as propriedades dos materiais e/ou as estruturas anatômicas que
a mesma representa (SOARES, 2003). O tipo de elemento usado na
construção dos modelos foi o plane 182, tendo o modelo do dente hígido
utilizado 11029 elementos, o modelo do dente preparado, 37321 elementos; e
o modelo do dente restaurado com resina composta, 38258 elementos.

Figura 17. Malhagem dos modelos experimentais.

4.5.3 Condições de Contorno e Carregamento

79
A análise numérica de elementos finitos foi realizada, simulando o
ensaio mecânico de compressão. Aplicou-se um carregamento de 90 N,
distribuído em seis pontos, três em cada vertente triturante interna da superfície
oclusal do dente.

Figura 18. Simulação do carregamento oclusal no MEF.

4.5.4 Análise das Tensões no Método dos Elementos Finitos

80
A distribuição de tensões em um material é obtida indiretamente através
da observação e da medida das deformações sofridas, quando sobre ele
exercemos determinada força. Quando aplicamos determinada carga sobre um
material, ele resiste com uma reação elástica chamada tensão. Em uma
análise clássica de tensão-deformação, o método dos elementos finitos
apresenta o resultado da análise de tensões em vários formatos:

• Sx: tensão normal na direção x.

• Sy: tensão normal na direção y.

• Sz: tensão de distorção ou cisalhante.

• Se: tensão de Von Mises.

A capacidade operacional do programa permite analisar as tensões,


tanto no modelo completo, como nas estruturas que o compõem isoladamente
e em diversas posições de rotação ou translação. Permite também, através de
cortes, a análise interna em qualquer ponto da estrutura após o carregamento.

Neste trabalho foi empregada a análise da tensão de Von Mises ao qual


foi associado um único valor para o estado triaxial de tensões (Sx, Sy e Sz)
viabilizando, assim, a análise do comportamento do campo de tensões,
seguindo uma escala de cores correspondente ao grau de solicitação daquela
região do modelo, quando em carregamento (SOARES, 2003).

81
5. Resultados

5. Resultados

82
Os resultados foram apresentados em três divisões: 1 – ensaio
mecânico de resistência à fratura, 2 – ensaio fotoelástico e 3 – método dos
elementos finitos.

5.1 Ensaio Mecânico de Resistência à Fratura

Os valores obtidos para cada amostra e seu modo de fratura estão


organizados em tabelas a seguir:

Tabela 2. Grupo I – dentes hígidos

Amostra Dente Kgf Modo de Fratura

1 18 162,55 Tipo II

2 29 99,37 Tipo I

3 38 89,74 Tipo I

4 42 74,94 Tipo II

5 43 199,09 Tipo I

6 46 98,13 Tipo II

7 50 113,61 Tipo I

8 56 83,23 Tipo I

9 64 99,86 Tipo IV

10 68 93,56 Tipo II

O grupo de dentes hígidos apresentou resistência à fratura média de


111,4 Kgf com desvio padrão de + ou – 39,0 Kgf. O padrão de fratura foi
predominantemente do tipo I e II, envolvendo pouco tecido dentário da coroa.

Tabela 3. Grupo II – dentes com preparos classe I

83
Amostra Dente Kgf Modo de Fratura

1 6 116,10 Tipo V

2 9 61,93 Tipo V

3 21 68,30 Tipo II

4 25 111,15 Tipo IV

5 26 87,14 Tipo I

6 28 76,71 Tipo IV

7 37 80,95 Tipo V

8 45 98,06 Tipo V

9 49 55,91 Tipo V

10 54 49,51 Tipo II

O grupo de dentes com preparos classe I apresentou resistência à


fratura média de 80,58 Kgf com desvio padrão de + ou – 22,69 Kgf. O padrão
de fratura foi predominantemente do tipo IV e V, envolvendo
comprometimentos severos da coroa dentária e envolvimento periodontal. Em
torno de 30% dos casos, houve fraturas mais leves envolvendo porção
coronária somente.

84
Tabela 4. Grupo III – dentes com preparos classe II simples

Amostra Dente Kgf Modo de Fratura

1 5 78,54 Tipo IV

2 8 70,27 Tipo III

3 15 91,07 Tipo III

4 17 63,79 Tipo V

5 20 80,17 Tipo III

6 29 97,36 Tipo IV

7 32 46,68 Tipo V

8 51 74,91 Tipo V

9 53 47,94 Tipo II

10 60 142,62 Tipo II

O grupo de dentes com preparos classe II DO apresentou resistência à


fratura média de 79,34 Kgf com desvio padrão de + ou – 27,62 Kgf. O padrão
de fratura foi dividido meio a meio, sem predominância aparente de um tipo de
fratura. Os padrões de fratura do tipo III e V possuem três ocorrências cada
um. A tendência é fraturas mais amplas com comprometimentos severos da
coroa dentária e envolvimento periodontal.

85
Tabela 5. Grupo IV – dentes com cavidades classe II complexas (MOD).

Amostra Dente Kgf Modo de Fratura

1 7 52,97 Tipo III

2 24 33,30 Tipo I

3 31 51,33 Tipo II

4 33 66,00 Tipo V

5 36 57,80 Tipo V

6 47 66,62 Tipo II

7 58 51,40 Tipo I

8 59 78,37 Tipo V

9 65 44,72 Tipo V

10 70 110,34 Tipo V

O grupo de dentes com preparos classe II MOD apresentou resistência à


fratura média de 61,29 Kgf com desvio padrão de + ou – 21,30 Kgf. O padrão
de fratura teve predominância aparente do tipo V com 50% das ocorrências. Os
padrões de fratura do tipo I e II aparecem duas vezes cada um. A tendência é
fraturas mais amplas com comprometimentos severos da coroa dentária e
envolvimento periodontal.

86
Tabela 6. Grupo V – dentes com cavidades classe I restauradas com resina
composta (Z250 – 3M ESPE) de uso direto.

Amostra Dente Kgf Modo de Fratura

1 1 123,18 Tipo V

2 4 48,11 Tipo V

3 13 72,12 Tipo V

4 16 180,15 Tipo IV

5 23 76,54 Tipo I

6 27 179,68 Tipo IV

7 34 102,83 Tipo III

8 35 51,5 Tipo V

9 41 84,41 Tipo V

10 63 128,78 Tipo IV

O grupo de dentes com preparos classe I, restaurados com resina


composta de uso direto, apresentou resistência à fratura média de 104,7 Kgf
com desvio padrão de + ou – 47,8 Kgf. O padrão de fratura teve predominância
aparente do tipo IV e V com 80% das ocorrências. Os padrões de fratura do
tipo I e III aparecem uma vez cada um. A tendência é fraturas mais amplas com
comprometimentos severos da coroa dentária e envolvimento periodontal
severo.

87
Tabela 7. Grupo VI – dentes com preparos classe II simples restaurados com
resina composta (Z250 –3M ESPE) de uso direto.

Amostra Dente Kgf Modo de Fratura

1 11 100,51 Tipo II

2 14 140,10 Tipo V

3 30 70,13 Tipo II

4 39 55,38 Tipo V

5 40 94,34 Tipo IV

6 44 43,48 Tipo V

7 48 137,16 Tipo V

8 52 102,49 Tipo IV

9 67 158,76 Tipo II

10 69 167,19 Tipo V

O grupo de dentes com preparos classe II DO, restaurados com resina


composta de uso direto, apresentou resistência à fratura média de 107,0 Kgf
com desvio padrão de + ou – 42,9 Kgf. O padrão de fratura teve predominância
aparente do tipo IV e V com 70% das ocorrências. O padrão de fratura do tipo II
aparece três vezes. A tendência é fraturas mais amplas com
comprometimentos severos da coroa dentária e envolvimento periodontal
severo.

88
Tabela 8. Grupo VII – dentes preparados com cavidades classe II complexas
(MOD) e restaurados com resina composta (Z250 – 3M ESPE) de uso direto.

Amostra Dente Kgf Modo de Fratura

1 2 56,50 Tipo IV

2 3 54,58 Tipo IV

3 10 44,58 Tipo II

4 12 55,14 Tipo V

5 19 74,79 Tipo III

6 22 108,54 Tipo V

7 55 122,07 Tipo V

8 57 132,99 Tipo IV

9 61 74,18 Tipo V

10 66 118,33 Tipo V

O grupo de dentes com preparos classe II MOD, restaurados com resina


composta de uso direto apresentou resistência à fratura média de 84,2 Kgf com
desvio padrão de + ou – 33,0 Kgf. O padrão de fratura teve predominância
aparente do tipo IV e V com 80% das ocorrências. O padrão de fratura do tipo II
e do tipo III aparece uma vez cada um. A tendência é fraturas mais amplas com
comprometimentos severos da coroa dentária e envolvimento periodontal
severo.

89
5.1.1. Análise Estatística dos valores obtidos no ensaio mecânico
de compressão

Ao submetermos os dados ao teste de normalidade, foi observado que


os valores não obedeciam uma distribuição normal e homogênea, sendo que o
valor de p< 0,05. Os valores foram submetidos a uma transformação
logarítmica e assim conseguimos valores com distribuição normal (p> 0,05).
Em seguida, foi aplicado o teste One-way ANOVA, cruzando os dados com os
grupos, obtendo valor de p< 0,05 caracterizando, assim, diferença estatística
significante entre os grupos.

Para identificar a diferença entre os grupos, foi aplicado o teste


paramétrico de Tukey em nível de 5% de probabilidade, que evidenciou a
melhora dos dentes preparados e restaurados com resina composta, não tendo
diferença estatística entre esses grupos e o grupo controle, composto pelos
dentes hígidos.

Tabela 9. – Valores médios de resistência à fratura, desvio padrão e


distribuição por categorias estatísticas definida pelo teste de Tukey, envolvendo
todos os grupos experimentais (p> 0,05).

Grupos Resistência à Fratura Desvio Padrão Categoria Estatística

G1 – Hígidos 111,4 39,0 A

G6 – CII DO/R 107,0 42,9 AC

G5 – CI/R 104,7 47,8 AC

G7 – CII MOD/R 84,2 33,0 ACD

G2 – CI 80,58 22,69 ACD

G3 – CII DO 79,34 27,62 BC

G4 – CII MOD 61,29 21,3 BD

90
Resistência a Fratura
Seqüência1

120 111,4 104,7 107


100 84,2
80,58 79,34
80 61,29
Kgf

60
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7
Grupos de pesquisa
Figura 19. Gráfico de valores de resistência à fratura dos grupos
experimentais.

O grupo I (dentes hígidos) apresentou os maiores valores de resistência


à fratura, porém sem diferenças estatísticas em relação aos grupos 2,5,6 e 7.
Nos grupos 3 e 4, houve diferenças estatísticas em relação ao grupo controle,
enfatizando o fato de que grandes remoções de tecido dentário resultam na
diminuição da resistência dos mesmos.

91
5.2. Resultados do Ensaio Fotoelástico

Os resultados do ensaio fotoelástico foram apresentados no formato de


figuras, onde temos análise do modelo fotoelástico e imagem com ênfase na
coroa do mesmo. No capítulo da discussão, haverá uma análise detalhada das
diferentes ocorrências entre os diferentes modelos fotoelásticos.

Figura 20. Modelos fotoelásticos representativos do grupo I (dentes


hígidos)

92
Figura 21. Modelos fotoelásticos representativos do grupo II
(dentes preparados classe I)

93
Figura 22. Modelos fotoelásticos representativos do grupo III
(dentes preparados classe II DO)

94
Figura 23. Modelos fotoelásticos representativos do grupo IV
(dentes preparados classe II MOD)

95
Figura 24. Modelos fotoelásticos representativos do grupo V
(dentes preparados classe I e restaurados com resina composta Z-250)

96
Figura 25. Modelos fotoelásticos representativos do grupo VI
(dentes preparados classe II DO e restaurados com resina composta Z-
250)

97
Figura 26. Modelos fotoelásticos representativos do grupo VII
(dentes preparados classe II MOD e restaurados com resina composta Z-
250)

98
5.3 Resultados do Método dos Elementos Finitos

Os resultados da análise pelo método dos elementos finitos são


apresentados em pranchas com a apresentação dos seguintes parâmetros
para análise:

5.3.1 Método dos Elementos Finitos para o Dente Hígido

5.3.2 Método dos Elementos Finitos para o Dente Preparado

5.3.3 Método dos Elementos Finitos para o Dente Preparado e


Restaurado com Resina Composta

Maior detalhamento da análise para cada modelo em questão e sua


inter-relação com os ensaios mecânicos de compressão e fotoelasticidade
serão realizadas no capítulo de discussão.

99
5.3.1 Método dos Elementos Finitos para o Dente Hígido

Quadro 1. Dente Hígido

100
5.3.2 Método dos Elementos Finitos para o Dente Preparado

Quadro 2. Dente Preparado

101
5.3.3 Método dos Elementos Finitos para o Dente Preparado e
Restaurado com Resina Composta

Quadro 3. Dente preparado e restaurado com resina composta

102
6.Discussão

103
6.Discussão

Desde os trabalhos de G. V. Black, em 1908, que a odontologia como

ciência médica abandonou o empirismo e começou a valorizar a ciência como

a base para a construção do conhecimento. Inúmeras metodologias foram

criadas, algumas com êxito evidente, enquanto outras, com a evolução das

pesquisas, foram esquecidas. Em muitos casos, opta-se pela associação de

métodos, tentando assim respostas mais claras às conflitantes questões que

povoam a mente dos profissionais que se dedicam à pesquisa odontológica. No

presente trabalho, associamos o ensaio mecânico de fratura (MONDELLI et al,

1980; NAVARRO et al, 1983; DILLEMBURG & MEZZOMO, 2003) com a

fotoelasticidade (FARAH et al, 1973; MATTISON, 1982) e o método dos

elementos finitos (CHUN-LI LIN et al, 1999; SOARES, 2003) objetivando uma

análise da influência da configuração do preparo cavitário na distribuição das

tensões em dentes pré-molares restaurados ou não com resina composta

fotoativada de uso direto.

Testes in-vitro, fotoelásticos ou matemáticos, aproximam-se da

realidade clínica, porém sempre haverá situações impossíveis de serem

simuladas devido à grande complexidade do sistema estomatognático. É de

suma importância que, ao planejar uma pesquisa “in vitro”, sejam usados

materiais com propriedades físicas similares ao da estrutura dental (SABBAGH,

UREVEN e LELOUP, 2001; CHUNG, 2003) e do periodonto de inserção

(SOARES, 2002; SCHARNAGL, 1998), diminuindo assim a discrepância

enorme existente entre uma máquina de ensaio universal, uma imagem da luz

104
polarizada ou a tela fria de um computador com a multifacetada realidade

existente no dia-a-dia da cavidade oral.

Em relação ao ensaio mecânico de compressão, temos diversas

metodologias a serem exploradas. Nosso trabalho assemelha-se aos trabalhos

de MONDELLI et al, 1980; NAVARRO et al, 1983; COELHO de SOUZA, 2002;

SOARES, 2003, entre outros em que a ênfase do trabalho está no

remanescente dental, após o preparo cavitário, e seu comportamento, após a

restauração com resina composta fotoativada de uso direto (PEDROSA FILHO,

2003; MIRANDA, 2003), tendo como resultados o valor da fratura, quando em

carregamento oclusal, e a avaliação do padrão de fratura em relação ao

remanescente dentário (SOARES, 2004).

Para a comparação entre os resultados quantitativos do ensaio

mecânico de compressão foi utilizado o grupo de dentes hígidos, como controle

positivo; os grupos de dentes preparados e não-restaurados, como controle

negativo; e os grupos de dentes preparados e restaurados com resina

composta permitindo, assim, análise direta das variações da resistência à

fratura sob as diferentes configurações de preparo e existência ou não de

restauração dentária, metodologia semelhante aos trabalhos de MONDELLI,

1980; NAVARRO, 1983; MIRANDA, 2003 e SOARES em 2003 e 2004. Para a

composição dos grupos, foram utilizados setenta dentes pré-molares hígidos,

divididos em sete grupos com dez dentes em cada um, valores próximos aos

trabalhos de PEDROSA FILHO, 2003; MIRANDA, 2003 e SOARES, 2004. Em

outros trabalhos, notamos grupos constituídos por oito e até seis dentes

somente (COELHO de SOUZA, 2002). Quanto maior o número de dentes em


105
cada grupo, melhor distribuição dos resultados, pois ao aumentarmos a

quantidade de dentes, diminuímos um viés importante da pesquisa que é a não

padronização dos elementos dentários. Um dente pré-molar de um adolescente

de 14 anos é completamente diferente de um dente pré-molar de um idoso que

o perdeu por doença periodontal. Com certeza, essa diferença influenciará

muito os resultados em um teste de resistência à fratura.

Ao realizarmos o ensaio mecânico de compressão, é de suma

importância a simulação do ligamento periodontal simulado. No presente

trabalho, simulamos o osso alveolar com resina de poliestireno e o ligamento

periodontal simulado com material de moldagem IMPREGUM (3M – Espe),

semelhante aos trabalhos de SCHARNAGL, 1998; CARLINI, 1999 e SOARES,

2002. Ao confeccionarmos o ligamento periodontal simulado, temos melhor

distribuição das forças compressivas do carregamento oclusal feito em

máquina de ensaio universal às estruturas adjacentes, tornando o padrão de

fratura dos corpos de prova mais semelhante ao que se verifica clinicamente

(SOARES et al., 2002). Se optarmos pela não-confecção do ligamento

periodontal simulado (COELHO de SOUZA, 2002; DILLEMBURG &

MEZZOMO, 2003), não teremos mobilidade do dente no alvéolo simulado, fato

que por si só constitui um quadro de anquilose dentária, fugindo, assim, da

proposta desse estudo que é simular situações clínicas viáveis.

A padronização dos preparos dentários se deu através de uma máquina

conformadora de posse da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal

de Uberlândia. A padronização dos preparos permitiu a individualização de

cada corpo de prova conforme suas características físicas, respeitando os


106
padrões pré-estabelecidos para a configuração dos preparos (SOARES, 2003).

A abertura vestíbulo-lingual foi fixada na metade da distância intercuspídea,

proporcionando desgaste considerável da estrutura dentária nos corpos-de-

prova. Como as restaurações de resina composta eram todas diretas, optou-se

pela ponta diamantada de número 1151 que proporciona preparos retentivos e

cavidades que, em um futuro desdobramento do trabalho, poderão ser

restauradas com amálgama dentário como material a ser estudado.

Para a confecção das restaurações de resina composta fotoativada de

uso direto, usamos o protocolo adesivo padrão com o condicionamento ácido

durante 15 segundos, seguido de lavagem abundante. Nos diversos trabalhos

citados na literatura, temos variações amplas desse tempo, podendo chegar

até 30 segundos (COELHO de SOUZA, 2002). O tempo de condicionamento

ácido varia conforme o substrato encontrado. O importante é ressaltar que o

tempo de condicionamento foi igual para todos os corpos de prova, eliminando

assim variáveis indesejáveis à pesquisa. A secagem foi realizada com papel

absorvente, deixando uma superfície de dentina úmida (BUSATO,

HERNANDEZ e MACEDO, 2002). A aplicação do adesivo e a restauração

propriamente dita foram confeccionadas conforme as instruções do fabricante

(3M – Espe). Foi utilizada uma técnica de inserção incremental (POLLACK,

1988), visando a minimizar o efeito da contração do material restaurador sobre

o sistema adesivo e as paredes cavitárias.

O ensaio mecânico de compressão foi realizado em máquina de ensaio

universal através do contato de um cilindro de 6,0 mm de diâmetro na vertente

interna das cúspides vestibular e lingual, simultaneamente, sem contato com o


107
material restaurador, avaliando assim a resistência à fratura do remanescente

dental, a uma velocidade constante de 0,5 mm/min até a fratura do mesmo,

semelhante aos trabalhos de MIRANDA, 2003; MACHADO, 2003 e SOARES,

2004. Podem ocorrer variações no diâmetro do cilindro, na velocidade do

carregamento axial e no formato da ponta ativa, conforme os trabalhos de

COELHO de SOUZA, 2002; DILLEMBURG & MEZZOMO, 2003 e PEDROSA

FILHO, 2003. Ao realizarmos o carregamento oclusal através de um cilindro,

estamos exercendo forças axiais que se propagam ao longo eixo do dente.

Clinicamente teremos uma situação parecida ao mordermos de forma

involuntária algum corpo estranho no bolo alimentar, durante a mastigação.

Forças compressivas como o tripodismo, forças oblíquas e excêntricas são

extremamente difíceis de simular no ensaio mecânico de compressão.

Após o ensaio de fratura, obtivemos os seguintes resultados médios: GI

– dentes hígidos com 111,4 Kgf, GII – dentes com preparos classe I com 80,58

Kgf, GIII – dentes com preparo classe II (DO) com 79,34 Kgf, GIV – dentes com

preparo classe II (MOD) com 61,29 Kgf, GV – dentes com preparos classe I

restaurados com resina composta com 104,7 Kgf, GVI – dentes com preparos

classe II (DO) restaurados com resina composta com 107,0 Kgf e GVII – dentes

com preparo classe II (MOD) restaurados com resina composta com 84,2 Kgf.

Os valores encontrados nesse trabalho para os dentes hígidos ficaram

próximos aos valores encontrados nos trabalhos de MONDELLI, 1980;

MIRANDA, 2003 e MACHADO, 2003. Já os dentes com preparos MOD

obtiveram valores próximos ao trabalho de MACHADO, 2003.

108
Ao observarmos somente os grupos dos dentes preparados em relação

ao grupo dos dentes hígidos, foi notada uma tendência clara: quanto maior o

desgaste dentário, menor a resistência à fratura do remanescente durante o

ensaio de compressão mecânica (MONDELLI, 1980; NAVARRO, 1983;

MIRANDA, 2003). O envolvimento de áreas de reforço da estrutura dentária,

como as cristas marginais e a vertente interna das cúspides, comprometem

muito a biomecânica do remanescente dentário. Os corpos de prova

componentes do grupo II tiveram uma perda média de 27,6% da resistência à

fratura em relação aos dentes hígidos. No grupo III, houve perda média de

28,7% em relação aos dentes hígidos. Já no grupo IV, devido a remoção das

duas cristas marginais, tivemos perda média de 44,9% em relação aos dentes

hígidos.

Ao observarmos somente o grupo dos dentes preparados e restaurados

com resina composta, em relação aos dentes somente preparados, podemos

notar aumento significativo da resistência à fratura, mostrando que a

restauração adesiva direta tem características de reforço da estrutura dentária

remanescente (COELHO de SOUZA, 2002; MIRANDA, 2003; MACHADO,

2003; PEDROSA FILHO, 2003). No grupo V, houve recuperação de 21,6% da

resistência à fratura em relação ao grupo II. No grupo VI, houve recuperação

de 24,76% da resistência à fratura em relação ao grupo III. No grupo VII, houve

recuperação da grandeza de 30,6% em relação ao grupo IV.

A análise estatística utilizada nessa pesquisa se deu através de testes

de análise de variância e teste de Tukey (p< 0,05) semelhante à análise dos

resultados encontrados por COELHO de SOUZA, 2002; DILLEMBURG &


109
MEZZOMO, 2003; PEDROSA FILHO,2003 e SOARES, 2003. Como resultados

estatísticos, constatamos que os dentes preparados e restaurados com resina

composta de uso direto não diferem estatisticamente dos dentes hígidos. O

grupo II, composto por dentes com preparo oclusal e manutenção das duas

cristas marginais, também não difere estatisticamente dos dentes hígidos. Os

grupos III e IV diferem estatisticamente dos outros grupos, porém não diferem

estatisticamente entre si. A análise estatística realça o fato de que restaurações

de resina composta direta reforçam o remanescente dentário.

De posse dos corpos de prova fraturados, realizamos a análise do

padrão de fratura (SOARES et al., 2004). A restauração de resina composta

recupera a resistência à fratura do remanescente dentário, porém muda

completamente o comportamento biomecânico do mesmo. Nos dentes hígidos,

há predominância do padrão de fratura do tipo I e II envolvendo pouco tecido

dentário da coroa. Nos grupos II, III e IV, dentes somente preparados, ocorrem

fraturas mais amplas, com danos severos à coroa dentária e envolvimento

periodontal. Nos grupos V, VI e VII, dentes preparados e restaurados com

resina composta direta, o padrão de fratura severo e amplo se repete,

mostrando que o material restaurador não recupera as características

biomecânicas do remanescente dentário, modificadas pelo preparo cavitário,

apenas aumenta a resistência até o limite da fratura. Ao alcançar o limite de

proporcionalidade, o modo de fratura ocorre de forma bastante complexa.

Para melhor compreendermos a distribuição das tensões em dentes

hígidos, preparados e restaurados com resina composta de uso direto,

optamos pela realização de ensaios fotoelásticos e pela metodologia dos


110
elementos finitos, assim como FARAH,1973; OLIVEIRA, 2002 e SOARES,

2003. Enquanto a fotoelasticidade mostrou um desenho claro da distribuição

das tensões, o MEF apresentou uma avaliação mais criteriosa do estado de

tensão/deformação. Tensão pode ser conceituada como sendo a resposta

interna a forças aplicadas externamente. Quando uma força é aplicada em um

corpo, este corpo passa por modificações internas, ou seja, deformações.

Assim, o estado de tensão/deformação é a resposta do elemento dentário

frente a carregamentos oclusais, laterais e oblíquos existentes no processo

mastigatório, hábitos parafuncionais e qualquer outro processo que induza

forças no mesmo. Ao realizarmos estudos sobre fotoelasticidade e MEF,

devemos dar ênfase à analise qualitativa da distribuição das tensões,

priorizando áreas com concentração de tensões, pois nessas áreas ocorreram

as falhas estruturais como fadiga ou fratura dos tecidos componentes dos

dentes.

No método fotoelástico, optamos pela confecção de modelos

tridimensionais da estrutura dentária em resina com propriedades fotoelásticas

(MATTISON, 1982 & 1983; KUROE, 2000 e PALAMARA et al., 2000).

Devemos ter extremo cuidado na manipulação dos modelos fotoelásticos

devido a sua sensibilidade em relação ao estado de tensões/deformações. Os

modelos de dentes em que havia necessidade de preparos cavitários passaram

por etapas mais criteriosas em que, previamente ao modelo fotoelástico,

confeccionávamos modelos de resina composta fotoativada. Esses modelos

recebiam os devidos preparos cavitários e eram duplicados em resina

fotoelástica, tendo, assim, modelos com cavidades confeccionadas, porém sem

111
nenhuma mudança significativa do estado de tensão/deformação, gerando um

equilíbrio que só seria quebrado com a aplicação da carga. A grande diferença

entre a fotoelasticidade e o MEF é que, no primeiro, temos um modelo

homogêneo, sem diferenças de propriedades físicas em estruturas como o

esmalte ou a dentina, diferentemente do MEF, no qual estruturas distintas

possuem características físicas distintas (OLIVEIRA, 2002).

A simulação do ligamento periodontal foi feita com a associação da

resina de poliestireno simulando o tecido ósseo alveolar, e o material de

moldagem IMPREGUM (3M – Espe) simulando o ligamento periodontal. Para

melhor associação dos dados gerados pela pesquisa, tentamos aproximar

através das três metodologias estudadas situações próximas da vida clínica. A

simulação do periodonto é fundamental para a correta interpretação dos

modelos quando em função (SOARES et al., 2002).

Para padronizarmos o carregamento, optamos pela repetição das

situações encontradas no ensaio mecânico de compressão. Na análise

fotoelástica, foi utilizado o mesmo cilindro de 6 mm para a aplicação de forças.

O contato ocorria nas vertentes internas das cúspides vestibular e palatina,

sem contato com o material restaurador. Para melhor leitura dos dados

gerados, foi padronizado um carregamento oclusal de 30 N. Esse

carregamento, em comparação com os valores necessários para a fratura dos

dentes no EMC, parece pequeno, porém sempre cabe lembrar que a resina

fotoelástica possui módulo de elasticidade menor que o elemento dentário,

gerando, assim, maiores deformações internas no modelo. Se optarmos por

carregamentos maiores que 30 N, teremos a formação de inúmeras franjas


112
com altas concentrações de tensão, gerando, assim, respostas equivocadas na

interpretação visual do estado de tensão/deformação ocorrida nos modelos

fotoelásticos.

Áreas com
concentração
de tensão após
carregamento
oclusal.

Quadro 4: modelo fotoelástico representativo do grupo I (dentes hígidos).

Nos modelos fotoelásticos do dente hígido, temos grande concentração

de tensões na região correspondente ao esmalte na cúspide palatina, com

essa tensão diminuindo de intensidade na região cervical, envolvendo áreas

correspondentes ao esmalte e à dentina. Franjas de cor uniforme aparecem em

outras regiões da coroa dentária, indicando distribuição uniforme das tensões.

Não há registro da formação de franjas fotoelásticas na região apical do

modelo.

113
Grupo II – CI Grupo III – CII DO Grupo IV – CII MOD

Quadro 5: modelos fotoelásticos representativos dos grupos preparados. As

áreas em destaque representam concentrações de tensão.

No modelo fotoelástico representativo do grupo II, temos concentrações

de tensão em toda a região correspondente à cúspide palatina e ao assoalho

da cavidade. Na região cervical vestibular, temos concentrações de tensão em

menor intensidade. A manutenção das cristas marginais impede maior flexão

das cúspides, transmitindo, assim, a carga ao longo eixo do dente. Na região

apical, não há formação de franjas fotoelásticas.

No modelo fotoelástico representativo do grupo III, temos concentração

de tensão ao longo da cavidade DO com áreas de maior intensidade no

114
assoalho da mesma próximo ao corno pulpar. Na região cervical, em maior

intensidade na porção palatina, e franjas difusas na porção vestibular.

Aparecem tensões na região apical em menor intensidade. A maior remoção de

estrutura dentária determina diferenças do estado tensão/deformação no

presente modelo em relação ao dente hígido. A manutenção de somente uma

crista não evitou mudanças no comportamento biomecânico do elemento

dentário.

No modelo fotoelástico representativo do grupo IV, temos concentração

de tensão significativas ao longo de todo o elemento dentário. Franjas

fotoelásticas com coloração definidas aparecem ao longo da cavidade MOD,

porção interna das cúspides e assoalho da cavidade. Na porção cervical, temos

grande acúmulo de tensões na vestibular, sugerindo uma área altamente

suscetível à fadiga e falha estrutural do tecido dentário, compatível

clinicamente com lesões cervicais não-cariosas. Na porção apical, temos

franjas fotoelásticas bem definidas, sugerindo concentração de tensão próximo

ao ápice do dente. A grande remoção de tecido dentário em conjunto com a

não-manutenção das cristas marginais e vertentes internas das cúspides

proporcionou mudanças significativas no comportamento biomecânico desse

modelo em relação aos outros modelos somente preparados. As cúspides, ao

sofrerem o carregamento oclusal, não sofreram restrições de movimento,

atuando, assim, como partes independentes com a resultante da tensão

exercida em direções contrárias, gerando áreas de extrema tensão ao longo de

todo o elemento dentário.

115
Grupo V – CI/R Grupo VI – CII DO/R Grupo VII – CII MOD/R

Quadro 6: modelos fotoelásticos representativos dos grupos preparados e


restaurados com resina composta. As áreas em destaque representam
concentração de tensões.

No modelo fotoelástico representativo do grupo V, temos áreas de


concentração de tensão na porção correspondente à cúspide palatina e ao
redor da restauração de resina composta. A restauração de resina composta,
aliada à manutenção das cristas marginais, trouxe reforço significativo do
remanescente dentário em relação ao grupo somente preparado. É evidente a
suavização do estado de tensão/deformação no modelo restaurado. Em
relação ao modelo fotoelástico do dente hígido, temos um desenho similar das
franjas fotoelásticas, porém maior magnitude das tensões no modelo
restaurado com resina, mostrando que a restauração de resina altera o
comportamento biomecânico do remanescente dentário.
No modelo fotoelástico representativo do grupo VI, temos concentração
das tensões ao redor da restauração de resina composta, com ênfase na
porção correspondente à cúspide vestibular e assoalho da cavidade. Na região

116
cervical, temos áreas difusas de concentração de tensões na porção palatina.
Na região cervical vestibular, temos uma área com enorme concentração de
franjas fotoelásticas sugerindo processos ativos de fadiga e ruptura dos tecidos
dentários. Na porção apical, temos acúmulo de tensões próximo ao ápice
dentário. A manutenção de somente uma crista marginal conjugada com a
restauração de resina não foi suficiente para restaurar o equilíbrio no
remanescente. A comparação direta entre o modelo classe II DO não-
restaurado e o modelo classe II DO restaurado com resina composta evidencia
a péssima distribuição das tensões após o preparo cavitário. A restauração de
resina composta restabelece a resistência do remanescente dentário à fratura,
mas, mecanicamente, não garante sucesso, pois permitiu distribuições de
tensão ainda mais comprometedoras em longo prazo para o remanescente
dentário, ainda que em valores elevados.
No modelo fotoelástico representativo do grupo VII, temos concentração
de tensões na cúspide vestibular e no assoalho da cavidade. Na porção
cervical, temos concentração de tensões na vestibular e com menos
intensidade na palatina. Ao compararmos o modelo fotoelástico do grupo VII
com o modelo fotoelástico do grupo IV, podemos notar a melhora do estado de
tensões no dente restaurado. A restauração de resina limitou a movimentação
das cúspides, gerando reforço da estrutura dentária, mesmo com a perda de
grandes quantidades de tecido dentário, permitindo, assim, uma distribuição
mais homogênea das tensões ao longo eixo do dente. Na porção apical, não
temos o surgimento de franjas fotoelásticas no modelo restaurado com resina
composta. Essa melhora do comportamento biomecânico do dente restaurado
não se traduz em sucesso, quando comparada com o dente hígido.
A configuração do preparo cavitário é fator importantíssimo na
distribuição das tensões. Quanto maior a remoção da estrutura dentária, pior se
torna o comportamento mecânico do remanescente. A restauração (do mesmo)
não consegue restabelecer as qualidades do dente hígido. A restauração de
resina garante reforço considerável do remanescente frente aos esforços
mastigatórios, mas não consegue evitar a propagação e a concentração de
tensões em áreas específicas do remanescente dentário que não existiam no
dente hígido.
117
Outra maneira importante de analisar a distribuição das tensões ocorre
através da metodologia dos elementos finitos na qual, a partir de um
experimento numérico, temos uma completa distribuição do estado de
tensão/deformação em modelos simulados. Ainda há muita discussão em
relação à validade dos resultados, pois metodologias dispostas a compreender
os fenômenos naturais, utilizando modelos virtuais geram dúvidas em relação à
confiabilidade. No corrente trabalho, partimos de um ensaio experimental
clássico, como o EMC, e o adaptamos a metodologias mais complexas em
relação à distribuição das tensões, produzindo, assim, dados que, quando
expostos, mostram semelhanças entre as metodologias pesquisadas.
A MEF vem sendo empregada em pesquisa odontológica desde os anos
setenta com os trabalhos de FARAH et al, 1973. Aspectos importantes devem
ser analisados para a confecção dos modelos matemáticos. A simulação dos
diferentes materiais deve obedecer aos seguintes critérios: os materiais são
todos considerados isotrópicos, tendo em vista que apresentam as mesmas
propriedades em qualquer direção considerada; elásticos, após a remoção da
carga eles retornam às dimensões originais e contínuos, sem a presença de
espaços vazios. Os modelos assim considerados necessitam de apenas duas
propriedades mecânicas para a caracterização dos diferentes materiais que os
compõem: o modulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson. A confecção
dos modelos, seguindo esses critérios, assemelha-se aos trabalhos de FARAH
et al., 1973 & 1975; MORI, UETI, MATSON e SAITO, 1997; ROCHA, 2000;
OLIVEIRA, 2002 e SOARES,2003.
Para o carregamento dos valores das propriedades físicas dos
materiais, recorremos à literatura odontológica e a dados fornecidos pelos
fabricantes dos materiais. Há dados divergentes nos diversos trabalhos
utilizando a MEF. Os valores escolhidos estão de acordo com os trabalhos de
SABBAGH, UREVE e LELOUP, 2001; JOSHI et al., 2001 e CHUNG et al.,
2003.
No corrente trabalho, foram construídos três modelos bidimensionais,
simulando o dente hígido, o dente somente preparado e o dente preparado e
restaurado com resina composta. Esses modelos repetem a inclusão e
simulação do periodonto já citados nas metodologias anteriores. As
118
características físicas do IMPREGUM (3M – Espe) e da resina de poliestireno
assemelham-se às características do ligamento periodontal e do osso alveolar
respectivamente. O cemento é considerado parte integrante da dentina devido
à similaridade de suas propriedades físicas. É importante ressaltar o fato de
que os modelos são heterogêneos, cada material irá reagir conforme suas
características físicas frente a um estado de tensão com o carregamento
oclusal simulado.

Figura 27: cada cor, no modelo, corresponde a uma diferente área com
características físicas e mecânicas próprias.

Para a análise do MEF, utilizamos o software ANSYS 6.0 licenciado


para o Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de
Uberlândia – Minas Gerais. A análise numérica utilizada foi linear estática
bidimensional, todos os materiais utilizados apresentam comportamento
somente no regime elástico, sem deformações permanentes (FARAH et al.,
1973 & 1975; ROCHA, 2000; YANG, 2001 e LEWGOY et al., 2003). É possível
encontrar na literatura científica análises em modelos tridimensionais (CHUNG
– LI LIN et al., 1999; PALAMARA et al., 2000; JOSHI et al., 2001) com dados
mais abrangentes, porém limitações de ordem técnica, como as dificuldades na
fase de pré-processamento dos modelos, determinaram nossa escolha. A
119
confecção de somente três modelos representativos do dente hígido, somente
preparado e restaurado com resina composta já fornece dados suficientes para
a comparação com o EMC e a fotoelasticidade. Modelos mais complexos,
como um dente com preparo classe II MOD ou preparo classe I com
manutenção das cristas marginais, somente podem ser analisados na sua
totalidade em modelos tridimensionais, já que nos modelos bidimensionais há
sobreposição das estruturas, dificultando a interpretação dos dados.
Para a correta interpretação dos dados, optamos pela análise das
tensões de Von Misses, que associa um único valor para o estado triaxial de
tensões, seguindo uma escala de valores com cores diversas, facilitando,
assim, interpretação qualitativa do estado de tensão/deformação nos modelos
matemáticos (FARAH et al., 1973 & 1975; OLIVEIRA, 2002; SOARES, 2003).
Para simularmos o carregamento oclusal, confeccionamos um cilindro
virtual para a aplicação da carga semelhante ao utilizado no EMC e
fotoelasticidade. Os pontos de contato nas vertentes interna foram
padronizados em seis diferentes localizações com aplicação de 15 N em cada
um, perfazendo, assim, um total de 90 N de carregamento oclusal. Dessa
maneira, simulamos de maneira mais realista possível as situações já
experimentadas no EMC e na fotoelasticidade, pois o cilindro de aplicação da
carga, ao pressionar a vertente interna das cúspides, entra em contato com
uma pequena área do dente, não se limitando somente a dois pontos, um
vestibular e outro palatino. O carregamento de 90 N é suficiente para a análise
do MEF, tendo em vista que estamos estudando somente um corte longitudinal
da estrutura dentária, ligamento periodontal simulado e cilindro de resina de
poliestireno. Carregamentos maiores geram deformações maiores e respostas
inadequadas para a interpretação dos dados.

120
A B C

Quadro 7: modelos representativos dos dentes hígidos (A), preparados


(B) e restaurados (C) com resina composta. As áreas em destaque
representam concentrações de tensão.

No modelo matemático representativo dos dentes hígidos, após o


carregamento oclusal, temos concentração de tensões na região do esmalte na
superfície oclusal, nos pontos de incidência da aplicação da carga e na cúspide
palatina indo até a região cervical. Na região da dentina, temos concentrações
de tensão no corno pulpar vestibular e na base da cúspide vestibular,
sugerindo áreas suscetíveis à fadiga nessa região. A distribuição das tensões
em dentes hígidos concentra-se principalmente no esmalte, que, devido ao seu
alto módulo de elasticidade, repassa menor stress para os tecidos e estruturas
subjacentes, propiciando, assim, ótima distribuição da tensão ao longo eixo do
dente.
A distribuição das tensões em dentes somente preparados muda
completamente em relação ao dente hígido. A concentração das tensões se dá
principalmente na dentina do assoalho da cavidade e nas regiões cervicais
vestibular e palatina. A ausência das cristas marginais e das vertentes internas
propicia a movimentação das cúspides, gerando compressão nas regiões
cervicais e nas estruturas que simulam o periodonto de inserção. A
121
concentração das tensões ao longo do peridonto de inserção demonstram
claramente que, quanto maior a remoção das estruturas dentárias, pior a
distribuição das tensões ao longo da estrutura dentária com reflexos inclusive
nos tecidos de suporte. É válido lembrar que a simulação dos modelos
matemáticos obedece a comportamento elástico. Em situações experimentais,
ocorreria a fratura do modelo nas regiões de acúmulo das tensões antes de
tamanha movimentação das cúspides.
Na simulação matemática dos dentes restaurados com resina composta,
temos acentuada melhora da distribuição das tensões em relação ao modelo
somente preparado. Existe concentração das tensões na superfície oclusal nas
regiões correspondentes ao esmalte e à dentina. Há concentração de tensões
ao longo das cúspides palatina e vestibular, porém em menor intensidade. Na
região cervical vestibular, temos concentrações de tensão acentuadas em
relação ao dente hígido. Na porção apical, temos concentração de tensões em
pequena intensidade próximo ao ápice do dente, totalmente diferente do
padrão encontrado no dente somente preparado. A restauração de resina
composta trouxe melhora do comportamento biomecânico do remanescente
dental em relação ao dente preparado. A restauração de resina impediu o
deslocamento das cúspides, ao sofrer o carregamento oclusal de 90 N, igual ao
carregamento do dente somente preparado, evidenciando a característica de
reforço da estrutura dentária que a restauração adesiva possui. Ao
compararmos com o dente hígido, notamos alteração do comportamento
biomecânico de maneira significativa, pois a distribuição das tensões, após o
preparo cavitário, foi alterada de tal forma que a restauração adesiva e suas
propriedades físicas não conseguiram amenizar o dano causado pela remoção
de tecido mineralizado.
Ao analisarmos as três metodologias pesquisadas, conseguimos a partir
de um método experimental como o EMC, compará-lo a metodologias que não
utilizam o material humano como amostra e responder a questões intrigantes
como as diferenças ocorridas no padrão de fratura dos remanescentes
dentários. Amostras dos grupos somente preparados ou restaurados com
resina composta tiveram comportamentos distintos em relação ao dente hígido.
Ao analisarmos o dente hígido, veremos que ele possui propriedades físicas
122
únicas, nas quais tecidos com maior módulo de elasticidade, como o esmalte e
a dentina, se sobrepõem ao tecido conjuntivo pulpar, amenizando e distribuindo
da melhor maneira as tensões decorrentes da sua função. Ao realizarmos o
preparo cavitário, estamos causando a desorganização desse sistema,
gerando áreas de acúmulo de tensões totalmente diferentes em relação ao
dente hígido, conseqüentemente, determinando tipos de fratura mais
abrangentes que as ocorridas em dentes que não foram tocados pelas nossas
pontas diamantadas. A MEF e a fotoelasticidade ajudam a compreender os
resultados encontrados no EMC, pois dentes preparados e restaurados com
resina composta tiveram melhoras em relação à resistência à fratura, porém,
quando ocorria a fratura, ela geralmente comprometia grandes porções do
remanescente dental. Somente com um estudo mais aprofundado do complexo
de tensão/deformação que ocorria no interior de nossas amostras seria
possível relacionar tipos de fratura com áreas de concentração das tensões.

EMC Fotoelasticidade MEF

Quadro 8: inter-relação entre o padrão de fratura e concentração de


tensões em dentes hígidos.

É preciso salientar a importância da distribuição das tensões em relação


aos tipos de fratura ocorridas no EMC. Nas diversas situações pesquisadas, o
padrão de fratura das amostras coincidia com áreas de concentração de
tensões nos modelos virtuais. Análises qualitativas da distribuição das tensões
em fotoelasticidade e MEF indicam que o preparo cavitário induz aumento do

123
estado de tensão/deformação no remanescente dentário e que a restauração
de resina composta não é capaz de reestabelecer as condições que existiam
previamente, concordando, assim, com os resultados do EMC em que o tipo de
fratura dos grupos somente preparados e preparados e restaurados com resina
composta direta eram completamente diferentes do grupo dos dentes hígidos.
Por este trabalho e pelos resultados obtidos, fica ainda mais evidente a
necessidade de estimular modelos cavitários mínimos, restaurados com
material adesivo, os chamados tratamentos minimamente invasivos. Desde o
trabalho de MONDELLI et al., 1980, sabe-se a importância de se executar
preparos cavitários com o mínimo de remoção de estrutura dentária. A
necessidade de recuperar o remanescente dentário por meio de procedimentos
restauradores para devolver a capacidade funcional e fisiológica tem feito das
resinas compostas o material número um, neste momento. Este trabalho
mostra que em situações nas quais a perda é grande, mesmo que parte da
resistência seja adequada, há um momento, quando a força compressiva é
elevada, em que a fratura é inevitável, e, aí, diferentemente do dente hígido, a
fratura toma forma altamente destrutiva. Preservar, acima de tudo é um dever.
O desenvolvimento de pesquisas e metodologias, em que não é
necessária a utilização de dentes ou outro material biológico, é bem-vindo ao
cenário da pesquisa odontológica mundial. Desde a criação dos comitês de
ética e normas reguladoras da pesquisa que visam a evitar situações abusivas,
tanto para homens quanto para animais, o acesso a dentes e materiais
biológicos tem-se tornado restrito. A simulação da realidade é uma nova
tendência a ser explorada na pesquisa odontológica moderna. A interação com
outras fontes de conhecimento, como as engenharias, é fundamental para o
aprimoramento dessas novas técnicas.
Este trabalho mostra que técnicas como a fotoelasticidade e MEF são
realidade atualmente. O comportamento biomecânico do remanescente
dentário, após preparo e restauração com resina composta de uso direto,
evidencia que os materiais atuais ainda não conseguiram realizar o mimetismo
das estruturas dentárias naturais. O reforço das estruturas dentárias é evidente
após a restauração com resina composta, porém a resistência à fratura não é o
único parâmetro importante a ser perseguido nas nossas reabilitações do órgão
124
dental. Novos trabalhos e experimentos com técnicas indiretas e outros
materiais restauradores são bem-vindos para a melhor interpretação dos
nossos resultados.

125
7. Conclusões

126
7. Conclusões

De posse dos dados resultantes da metodologia empregada nessa


pesquisa podemos concluir que

• a configuração do preparo cavitário é fator importante na resistência à


fratura de pré-molares somente preparados e preparados e restaurados
com resina composta de uso direto;
• a restauração de resina composta fotoativada de uso direto melhorou
significantemente a resistência à fratura dos dentes preparados;
• não há diferença estatística entre dentes hígidos e preparados e
restaurados com resina composta fotoativada de uso direto nas
cavidades estudadas;
• o tipo de fratura dos dentes hígidos, com menor comprometimento do
tecido dentário, não se repetiu nos grupos subseqüentes;
• a MEF e a fotoelasticidade apontam acentuada variação da distribuição
das tensões nos modelos representativos dos grupos pesquisados;
• os modelos representativos dos dentes hígidos tiveram o melhor
comportamento biomecânico;
• a restauração de resina composta não trouxe melhoras significativas do
comportamento biomecânico dos dentes preparados em relação ao
dente hígido após carregamento oclusal;
• há nítida correlação entre a distribuição e a concentração das tensões
nos dois métodos estudados;
• existe correlação entre o tipo de fratura dos grupos pesquisados no EMC
com a concentração das tensões observadas na fotoelasticidade e MEF.

127
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8. Referências Bibliográficas

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139
9. Anexos

140
9. ANEXOS

Tabela 10. – Dimensões das coroas dentárias componentes dos corpos-de-


prova de interesse nesse trabalho (valores em mm):

Corpo-de-prova V-L M-D Área Dist. Interc.

1 9,5 6,6 62,7 5,6


2 10,08 6,78 67 4,4
3 8,4 7,7 64,68 4,5
4 8,7 7,3 63,51 5,2
5 9,4 6,8 63,92 6,9
6 10,48 7,83 81,12 6,4
7 9,2 7,4 68,08 5,1
8 9,3 6,8 63,24 4,8
9 8,55 6,5 55,25 4,8
10 8,4 7,5 63,0 4,6
11 8,8 7,0 61,6 6,4
12 9,7 7,3 70,81 5,9
13 9,6 6,9 66,24 6,0
14 9,9 6,5 64,35 5,3
15 9,4 7,7 72,38 6,0
16 9,1 6,6 60,06 5,5
17 8,78 6,92 60,03 4,8
18 8,9 7,0 62,3 4,8
19 9,72 7,35 70,81 4,9
20 9,36 7,32 67,89 6,3
21 9,3 7,3 67,89 5,3
22 9,6 6,7 64,32 6,1
23 10,33 7,08 72,1 5,3
24 8,7 8,17 70,47 4,8
25 9,18 6,93 63,48 5,5
26 9,46 6,81 63,92 5,5
27 9,52 7,28 68,4 4,3
28 9,17 8,02 72,8 4,1
29 9,94 7,74 76,23 5,6
30 9,1 8,2 74,62 4,5
31 9,56 7,55 71,25 5,2
32 9,71 7,48 71,78 5,2
33 8,53 6,54 55,25 5,4
34 7,97 7,0 55,3 4,6
35 8,37 6,55 53,95 5,2
36 10,42 7,45 76,96 6,4
37 9,41 6,7 62,98 5,4
38 9,6 6,9 66,24 4,8
39 9,7 7,3 70,81 5,8
40 8,7 6,2 53,94 4,8

141
41 9,0 6,8 61,2 5,4
42 9,5 7,1 67,45 5,0
43 9,5 7,7 73,15 5,4
44 9,8 7,0 68,6 5,9
45 9,1 7,0 63,7 5,3
46 9,2 7,2 66,24 5,4
47 9,2 7,3 67,16 4,2
48 8,7 6,6 55,68 5,3
49 9,8 8,0 78,4 5,1
50 9,4 6,8 63,92 6,0
51 9,5 7,1 67,45 5,8
52 11,20 8,8 98,56 5,6
53 8,45 6,8 57,12 5,1
54 8,44 7,5 63,0 4,0
55 10,1 7,7 77,77 5,8
56 9,4 7,9 74,26 5,7
57 8,9 6,6 58,74 5,0
58 8,99 8,2 72,58 5,5
59 9,7 7,7 74,69 5,6
60 9,5 7,5 71,25 6,6
61 8,5 5,4 45,9 4,9
62 9,1 8,0 72,8 5,6
63 10,04 7,5 75,0 5,6
64 9,4 7,4 69,56 5,5
65 8,1 7,3 59,13 5,0
66 9,9 7,1 70,29 6,1
67 9,0 6,9 62,1 4,2
68 8,7 6,4 55,68 4,4
69 9,2 6,6 60,72 5,2
70 8,47 6,6 54,6 5,4

142
Tabela 11. Distâncias M-D e metade da distância intercuspídea dos corpos-
de-prova componentes do grupo II (valores em mm).

Corpo-de-prova 20% (crista) 60% 20% (crista) ½ D.I.

6 1,5 4,8 1,5 3,2


9 1,3 4,2 1,3 2,4
17 1,4 4,2 1,4 2,4
21 1,4 4,4 1,4 2,6
25 1,4 4,2 1,4 2,7
26 1,3 4,2 1,3 2,7
28 1,6 4,8 1,6 2,0
45 1,4 4,2 1,4 2,6
49 1,6 4,8 1,6 2,5
54 1,5 4,5 1,5 2,0

Tabela 12. Distâncias M-D e metade da distância intercuspídea dos corpos-


de-prova componentes do grupo V (valores em mm).

Corpo-de-prova 20% (crista) 60% 20% (crista) ½ D.I.

1 1,3 4,0 1,3 2,8


4 1,4 4,3 1,4 2,6
13 1,4 4,2 1,4 3,0
16 1,3 4,0 1,3 2,7
23 1,4 4,2 1,4 2,6
27 1,4 4,4 1,4 2,1
34 1,4 4,2 1,4 2,3
35 1,3 4,2 1,3 2,6
41 1,3 4,2 1,3 2,7
63 1,3 4,5 1,3 2,8

143
Tabela 13. Distâncias M-D e metade da distância intercuspídea dos corpos-
de-prova componentes do grupo III (valores em mm).

Corpo-de-prova 20% (crista) ½ D.I.

5 1,3 3,4
8 1,3 2,4
15 1,5 3,0
17 1,4 2,4
20 1,5 3,1
29 1,5 2,8
32 1,5 2,6
51 1,5 2,6
53 1,3 2,5
60 1,5 2,7

Tabela 14. Distâncias M-D e metade da distância intercuspídea dos corpos-


de-prova componentes do grupo VI (valores em mm).

Corpo-de-prova 20% (crista) ½ D.I.

11 1,3 3,4
14 1,3 2,4
15 1,5 3,0
17 1,4 2,4
20 1,5 3,1
29 1,5 2,8
32 1,5 2,6
51 1,5 2,6
53 1,3 2,5
60 1,5 2,7

144
Tabela 15. Metade da distância intercuspídea dos corpos-de-prova
componentes do grupo IV (valores em mm).

Corpo-de-prova ½ D.I.

7 2,5
22 3,0
24 2,4
31 2,6
33 2,7
47 2,1
58 2,7
59 2,8
65 2,5
70 2,7

Tabela 16. Metade da distância intercuspídea dos corpos-de-prova


componentes do grupo VII (valores em mm).

Corpo-de-prova ½ D.I.

2 2,2
3 2,2
10 2,3
12 2,9
19 2,4
22 3,2
55 2,9
57 2,5
61 2,5
66 3,0

145
9.8. Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,____________________________________________________________,
sexo ______________, cor ___________, residente à
_______________________________________________________________,
telefone ________________, portador do RG __________________________,
aceito doar o(s) dente(s) permanente(s) humano, ciente de que o(s) mesmo(s)
será(ao) utilizado(s) em pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da ULBRA – Canoas / RS. Estou ciente de que esse(s) dente(s) foi (foram)
extraído(s) por indicação terapêutica para melhoria da minha saúde, como
documentado em meu prontuário e, que será preservada a minha identidade na
divulgação desta pesquisa.

_________________________, ______ de _________ de 20____.

_______________________________________
Assinatura do doador ou responsável

Cirurgião-Dentista:________________________________
CRO: __________________

_______________________ __________________________
Assinatura Testemunha

Coloco-me à disposição do paciente através do telefone _________________.

146
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