Trabalho Final de PEM - Relatório - Grupo 5

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

PROJETOS DE ELEMENTOS DE MÁQUINAS

TRABALHO FINAL
Proposta de uma plataforma elevatória motorizada para auxílio de pessoas
portadoras de nanismo em atividades domésticas.

Prof. Dr. Cleudmar Amaral de Araújo

Alunos:
Arthur Henrique Rezende Vieira – 11411EMC030
João Antônio Resende Tiago – 11411EMC057
Mateus Silva Bernardes – 11421EMC002
Pedro José Sousa de Carvalho – 11411EMC041

Junho de 2021

Uberlândia

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SUMÁRIO

1)Introdução.....................................................................................................................3
2) Nanismo: o que é e principais sintomas e causas......................................................4
3) Motivação.....................................................................................................................8
4) Revisão Bibliográfica e Projeto..................................................................................9
5) Dimensionamento......................................................................................................14
6) Conclusão...................................................................................................................31
7) Referências Bibliográficas........................................................................................32

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1) Introdução

A acessibilidade é um direito de todos. Defender a criação de espaços dos quais todas as


pessoas possam usufruir com igualdade, liberdade e autonomia é um compromisso de cada
cidadão. É um atributo essencial do ambiente que garante a melhoria da qualidade de vida das
pessoas. Deve estar presente nos espaços, no meio físico, no transporte e inclusive de sistemas e
tecnologias de informação e comunicação, bem como em outros serviços e instalações de uso
público, tanto na cidade como no campo. É a ausência de barreiras que garante a igualdade de
oportunidades.
A Engenharia tem papel fundamental na melhoria da qualidade de vida de milhares de
pessoas vítimas de deficiências das mais variadas origens. É ela também que garante a inclusão
de quem muitas vezes sofre duas vezes, por causa das limitações e do preconceito. As
contribuições tecnológicas podem ser vistas desde as edificações com acessibilidade garantida até
na mobilidade urbana, com calçadas seguras, veículos adaptados, cadeiras motorizadas e
semáforos inclusivos.
As contribuições da Engenharia são muitas. A tecnologia veio para ficar e transformar o
mundo. Inovações podem trazer mais conforto e acessibilidade, mas a inclusão depende também
da sensibilidade e da solidariedade humanas. Na Educação Inclusiva, os avanços que as mais
variadas áreas da Engenharia trouxeram são imensos. Livros falados, computadores adaptados
com mouse acionador e softwares especiais, engrossadores de lápis, e mobiliário especial para
atender a necessidades posturais são alguns dos recursos que facilitam a comunicação e
aprendizado e passaram a ser conhecidos como tecnologias assistivas.
Nesse sentido, o presente trabalho tem por finalidade propor um esboço de um sistema
mecânico barato e acessível que possa auxiliar pessoas portadoras de nanismo em atividades
domésticas simples. A motivação principal deste trabalho é a falta de soluções baratas no mercado
voltadas para essas pessoas, pois não basta a solução do problema se esse não for viável e acessível
ao seu público.
O projeto foi tutelado pelo professor em reuniões periódicas com os integrantes do grupo,
de modo a sanar dúvidas recorrentes dos alunos acerca das adversidades advindas do projeto. A
nível de engenharia, no final deste trabalho os integrantes do grupo devem demonstrar
familiaridade com os tipos de transmissões dos mais variados elementos de máquinas
presentes no sistema.
Antes da apresentação do projeto, é crucial para que o engenheiro saiba qual é o
público alvo quando este se propõe a desenvolver novas tecnologias de maneira a auxiliá-
los. Nesse sentido, no tópico a seguir será abordado a causa, motivação e quais as
complicações sentidas por essas pessoas.

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2) Nanismo: o que é e principais sintomas e causas
O nanismo é consequência de alterações genéticas, hormonais, nutricionais e
ambientais que faz com que o corpo não cresça e se desenvolva como deveria, fazendo
com que a pessoa tenha uma altura máxima abaixo da média da população da mesma
idade e sexo, podendo variar entre 1,40 e 1,45 m.
O nanismo pode ser caracterizado por baixa estatura, membros e dedos curtos,
tronco longo e estreito, pernas arqueadas, cabeça relativamente grande, testa proeminente
e cifose e lordose acentuadas.

Figura 1 – A inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades. (Paulo Freire)

Existem dois tipos principais de nanismo, que incluem:

• Nanismo proporcional ou pituitário: todas as partes do corpo são menores


que o normal e parecem proporcionais para a altura;

• Nanismo desproporcional ou acondroplásico: algumas partes do corpo


possuem tamanho igual ou superior ao que seria esperado, criando uma
sensação de desproporcionalidade para a altura.

Normalmente, o nanismo não tem cura, mas o tratamento pode aliviar algumas
das complicações ou corrigir deformidades que podem surgir com o desenvolvimento da
criança. Além da diminuição da altura corporal, os diferentes tipos de nanismo podem
causar outros sintomas como:

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I) Nanismo proporcional

Normalmente os sintomas deste tipo aparecem nos primeiros anos de vida, uma
vez que sua principal causa é uma alteração na produção do hormônio do crescimento,
que está presente desde o nascimento. Os sintomas incluem:

• Crescimento inferior à terceira curva de percentil pediátrico;


• Desenvolvimento geral da criança inferior ao normal;
• Atraso no desenvolvimento sexual durante a adolescência.

Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito pelo pediatra logo após o nascimento
ou durante as consultas da infância.

II) Nanismo desproporcional

A maior parte dos casos deste tipo de nanismo é provocada por uma alteração na
formação de cartilagem, chamada de acondroplasia. Nestes casos, os principais sintomas
e sinais são:

• Tronco de tamanho normal;


• Pernas e braços curtos, especialmente na região do antebraço e coxas;
• Dedos pequenos com espaço maior entre o dedo médio e anelar;
• Dificuldade para dobrar o cotovelo;
• Cabeça muito grande para o resto do corpo.

Além disso, quando é causado por outras alterações, como mutações nos
cromossomas ou má-nutrição, o nanismo desproporcional também pode provocar
pescoço curto, peito arredondado, deformidades dos lábios, problemas de visão ou
deformidades dos pés.

III) Nanismo primordial

O nanismo primordial é um tipo de nanismo extremamente raro, que muitas vezes


pode ser identificado antes do nascimento, uma vez que o crescimento do feto é muito
lento, sendo menor que o esperado para a idade gestacional.
Normalmente, a criança nasce com muito baixo peso e continua crescendo de
forma muito lenta, embora seu desenvolvimento seja normal e, por isso, o diagnóstico
normalmente é feito nos primeiros meses de vida.

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2.1) Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico do nanismo é clínico, sendo o exame radiológico normalmente


suficiente para a sua confirmação. Devido à constituição óssea, algumas complicações
clínicas são mais frequentes, sendo recomendado o acompanhamento por uma equipe
multidisciplinar, com especial atenção às complicações neurológicas, deformidades
ósseas e infecções recorrentes nos ouvidos.

2.2) Opções de tratamento

Todos os casos devem ser avaliados pelo médico, de forma a identificar possíveis
complicações ou deformidades que precisem ser corrigidas. No entanto, alguns dos
tratamentos mais utilizados incluem:

• Cirurgia: deve ser realizada pelo ortopedista e ajuda a corrigir alterações na


direção de crescimento de alguns ossos e promover o alongamento ósseo;
• Terapia hormonal: é usada nos casos de nanismo por deficiência do
hormônio de crescimento e é feita com injeções diárias do hormônio, que
podem ajudar a diminuir a diferença de altura;
• Aumento dos braços ou pernas: é um tratamento pouco usado no qual o
médico faz uma cirurgia para tentar alongar os membros caso esteja
desproporcionais com o resto do corpo.

Além disso, quem sofre com nanismo deve fazer consultas regulares,
especialmente durante a infância, para avaliar o surgimento de complicações que possam
ser tratadas, de forma a manter uma boa qualidade de vida.

Figura 2 -Somos todos gigantes, independente da altura (Slogan que deu nome a um movimento que se transformou
no Instituto Nacional de Nanismo INN).

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2.3) Os problemas e os preconceitos enfrentados pelos portadores de
nanismo na nossa sociedade

A vida social comum não é adaptada para as pessoas desviantes como os anões,
os cadeirantes, os deficientes visuais ou auditivos, etc. e estas pessoas acabam sofrendo
um pouco mais para se adaptarem à vida cotidiana. Além disso, as discriminações sociais
acrescentam outras dificuldades a elas.

Dos impedimentos inerentes à sua baixa estatura e das discriminações da


sociedade decorrem que, muitas vezes, os anões são (indevidamente) considerados feios
e incapazes e tratados como aberrações da natureza, tornando-se vítimas de piadas e
brincadeiras depreciativas que abatem a sua autoestima.
Eles podem ter dificuldades de encontrar empregos ou estabelecer relacionamentos
amorosos.
Muitas vezes podem enfrentar dificuldades de acesso a diversos bens públicos,
como por exemplo, telefones e banheiros, caixas de bancos, degraus, corrimãos, balcões,
prateleiras, meios de transporte, etc.

Em uma reportagem de março de 2020, disponível no site da BBC News Brasil,


uma analista jurídica portadora de nanismo, Rebeca Costa, afirma ter sido chamada de
“monstrinha” na rua como forma de preconceito e bullying por sua condição. “Não foi
uma situação só na escola, acontece até hoje”, pontua. Rebeca conta que andava pelas
ruas de Niterói (RJ), onde mora, quando foi abordada por uma mulher. "Ela me parou
para falar que eu era uma 'monstrinha'. Ela disse que as pessoas com nanismo são feias e
estranhas. Foram ofensas totalmente gratuitas", diz Rebeca. Ela afirma que o comentário
não a abalou. "Desde que nasci, me vi obrigada a criar uma armadura para lidar com essas
ofensas".

Infelizmente, a pessoa com nanismo é tratada como deficiente mental ou é


infantilizada. Porém, na maioria dos casos essa pessoa tem desenvolvimento intelectual
e inteligência normais para a idade. Elas somente têm algumas limitações físicas como
para dirigir ou alcançar objetos, como afirma a endocrinopediatra Louise Cominato, do
Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

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3) Motivação

Acessibilidade é um dos temas mais atuais e importantes no setor da construção


civil. O assunto não é aplicado apenas na arquitetura e urbanismo, mas, nesse campo, é
cada vez mais discutido e deve ser tratado com seriedade. De modo geral, trata-se de
permitir às pessoas com deficiência, definitiva ou temporária, participarem de
atividades que incluem o uso de edifícios, produtos, serviços e informação.

Na arquitetura e no urbanismo, a acessibilidade tem sido uma preocupação


constante nas últimas décadas. Atualmente estão em andamento obras e serviços de
adequação do espaço urbano e dos edifícios às necessidades de inclusão de toda
população. Construções adaptadas e equipadas para garantir o máximo conforto e
segurança aos moradores da terceira idade, por exemplo, têm tido estudos recentes no
Brasil, mas já permitem referências suficientes para a concepção de espaços adequados
à dinâmica de vida doméstica de todos.

Por outro lado, como dito anteriormente, a falta de soluções viáveis voltadas ao
público portador de nanismo serviu de motivação aos integrantes do grupo neste
trabalho. Nesse sentido, propõe-se um sistema mecânico que atenda essas pessoas
auxiliando-as em atividades domésticas simples, tornando-as ainda mais independentes
em seus afazeres. Nesse sentido, o projeto visa atender também num olhar financeiro,
sendo o mais barato possível de maneira a atender mais ainda esse público.

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4) Revisão Bibliográfica e Projeto

➔ Dimensionamento das Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos (ECDR)


Genericamente, tendo-se definidos o número de dentes da engrenagem (Z), bem
como seu módulo (M) e adotando um ângulo de pressão (β) igual a 20º, pode-se então
calcular o diâmetro primitivo da engrenagem (Dp), através da equação:
𝐷𝑝 = 𝑀 ∗ 𝑍 (Equação I)
Com o diâmetro primitivo (Dp) em mãos, pode-se obter o diâmetro externo da
engrenagem (De), fazendo-se:
𝐷𝑒 = 𝐷𝑝 + (2 ∗ 𝑀) (Equação II)
Pode-se também calcular o diâmetro interno da engrenagem (Di), levando em
conta que o ângulo de pressão (β) adotado foi de 20º:
𝐷𝑖 = 𝐷𝑝 − (2,166 ∗ 𝑀) (Equação III)
Com esses dados calculados, pode-se determinar o passo da engrenagem (Pr),
utilizando a equação:
𝑃𝑟 = 𝑀 ∗ 𝜋 (Equação IV)
Para o cálculo da altura do dente (h), uma vez que o ângulo de pressão (β) adotado
é de 20º, faz-se:
h = 2,166 * M (Equação V)
Com o módulo da engrenagem (M) definido, pode-se obter também a espessura
do dente (s):
s = 1,57 * M (Equação VI)
Para se obter o valor da espessura da engrenagem (b), segue-se uma lei onde se
multiplica o valor do módulo (M) por um valor compreendido entre 6 e 10, o qual pode
ser escolhido pelo fabricante. Chamando o intervalo especificado de I, onde I = [6,10],
pode-se estipular o valor da espessura da engrenagem (b) de forma que:
b=I*M (Equação VII)
A distância entre os flancos (C), pode ser obtida através dos números de dentes
das duas engrenagens associadas (Z1 e Z2) ou também pelos diâmetros primitivos (Dp1
e Dp2), fazendo-se:
[𝑀 ∗ (𝑍1 + 𝑍2)] 𝐷𝑝1 + 𝐷𝑝2
𝐶 = = (Equação VIII)
2 2

A cabeça da engrenagem (c) é igual ao módulo (M), enquanto o fundo (f) é


determinado pela equação:

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f = 1,166 * M (Equação IX)

➔ Dimensionamento das Engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais


(ECDH)
Para a determinação dos parâmetros para se dimensionar uma engrenagem
cilíndrica de dentes helicoidais genérica, o procedimento é bastante semelhante ao
descrito anteriormente. Chamando o número de dentes de ‘Z’ e o Módulo normal ou real
de ‘M’ bem como obtendo aos mesmos, pode-se determinar os demais parâmetros da
engrenagem. O ângulo usual para engrenagens helicoidais de eixos paralelos (α) é
definido de acordo com a velocidade da roda.
O módulo aparente ou circunferencial (Ma), pode ser obtido por:
𝑀 𝐷𝑝
𝑀𝑎 = = (Equação X)
𝑐𝑜𝑠 𝛼 𝑍

O diâmetro primitivo de uma ECDH, é encontrado fazendo-se:


(𝑍 ∗ 𝑃𝑎)
𝐷𝑝 = 𝑍 ∗ 𝑀𝑎 = (Equação XI)
𝜋

O passo normal ou real (Pr) é determinado pela equação:


𝑃𝑎
𝑃𝑟 = = 𝜋 ∗ 𝑀 (Equação XII)
𝑐𝑜𝑠 𝛼

O Diâmetro Externo (DE), é obtido através do diâmetro primitivo (Dp):

𝐷𝐸 = 𝐷𝑝 + (2 ∗ 𝑀) (Equação XIII)
O passo aparente (Pa) pode ser obtido através de relações e com o Diâmetro
primitivo (Dp) e também com o Passo normal (Pr):
𝑃𝑟 (𝐷𝑝 ∗ 𝜋)
𝑃𝑎 = = (Equação XIV)
𝑐𝑜𝑠 𝛼 𝑍

O passo da hélice (P) é definido por:

𝑃 = 𝐷𝑝 ∗ 𝜋 ∗ 𝑐𝑜𝑡𝑎𝑛 𝛼 (Equação XV)


A altura do dente (h) é obtida através do módulo real (M) da engrenagem, através
da equação:
h = 2,167 * M (Equação XVI)
Por fim, o Número de Dentes fictício (ZF) para que se escolha a fresa, caso o corte
seja feito em fresadora universal, é dado por:
𝑍 𝐷𝑝
𝑍𝐹 = = (Equação XVII)
𝑐𝑜𝑠³ 𝛼 (𝑀 ∗ 𝑐𝑜𝑠² 𝛼)

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O projeto trata-se de uma plataforma elevatória motorizada acionada por um
motor de maneira a elevar a altura do operador conforme mostra as Figuras 3 e 4.

Figura 3 – Plataforma elevatória para pessoas com nanismo.

Figura 4 - Plataforma elevatória para pessoas com nanismo.

O acionamento consiste em um motor alocado na estrutura inferior da plataforma,


que está conectado a um conjunto de engrenagens de dentes retos A e B que acionam o
conjunto sem fim coroa. Devido a fatores de projeto, a engrenagem A acoplada ao
motor, será o pinhão, enquanto a engrenagem B, acoplada ao conjunto sem fim, será a
coroa. Dessa maneira, haverá um sistema de redução de transmissão, que será melhor
detalhado adiante.
O conjunto sem fim coroa, por sua vez, está acoplada a uma barra rosqueada que
comporta as hastes de elevação. Esse fuso por sua vez deve ter uma particularidade de
projeto que é ter rosca direita até metade de seu comprimento e o restante deverá ser

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rosca esquerda. Tal peculiaridade permite que, quando haja o movimento de rotação
da barra roscada, ocorra a elevação da plataforma, e quando invertido o sentido de
rotação tem-se a descendência da plataforma. Esse sistema se assemelha com o
macaco de um carro utilizado na troca de pneus.

Figura 5 - Plataforma elevatória para pessoas com nanismo.

Figura 6 - Plataforma elevatória para pessoas com nanismo.

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A elevação da plataforma é composta por 8 hastes de mesmo tamanho dispostas
conforme ilustram as Figuras 5 e 6. Estas são acopladas nas estruturas inferior e superior
da plataforma a partir de cantoneiras que são fixadas por parafusos. Ainda, de maneira
a tornar possível o movimento de rotação entre elas, pinos são usados nas juntas. No
presente trabalho, o dimensionamento limitou-se apenas ao que foi proposto em sala de
aula e em reuniões com o Prof. Dr. Cleudmar Amaral de Araújo.
Dada a complexidade de cálculo que foge dos objetivos deste trabalho, não estão
sendo levados em consideração situações extremas envolvendo torções, flexões ou a
combinação destes esforços sobre as hastes, os tipos de parafusos e o peso excedente
que deverá ser suportado.
Por fim, é importante garantir a segurança para o operador deste sistema. Dessa
maneira, conforme as normas regulamentadoras, um guarda corpo foi elaborado na
estrutura superior como foi mostrado nas Figuras 3 e 4. Deve-se ainda, realizar
adequações referente a proteção de partes móveis, trabalho que será realizado
futuramente com a sequência do projeto.

5) Dimensionamento

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Para o sistema montado, admitiu-se que a plataforma de elevação tem uma
velocidade de 0,125m/s (levam 8 segundos para a plataforma fazer o seu trajeto
completo), onde a parte que se movimenta tem um peso estipulado em 90,5 kg, sendo 39
kg da chapa, 14 kg das barras de proteção e 37,5 kg das barras de apoio. Foi considerado
também uma carga de no máximo 78 kg (levando em conta uma pessoa com nanismo e
obesidade). O material usado foi Aço. Adotou-se um motor Leroy Somer MBT86VL,
com rotação de 1300 rpm e potência de 280 W.
• Confiabilidade de 95% a 109 ciclos;
• Fator de sobrecarga unitário (Ko = 1);
• Φ = 20º (ângulo de pressão);
• Z pinhão mínimo = 30 dentes;
• Número de qualidade (Qv) de 6;
• Material Grau 1;
• Fator de espessura de borda unitário (Kb = 1; mb ≥ 1,12);
• Diâmetro do tambor de 6,25 cm;
• Diâmetro da coroa 25 cm;
• Supor 6:1 relação de transmissão máxima para um par simples de ECDR;
• Considerou-se o módulo 6 para todas as engrenagens cilíndricas de dente reto.

1º PASSO: Determinação do número de pares de ECDR:


𝜋 ∗ 𝑑𝑇 ∗ 𝑛𝑇 𝜋 ∗ 0,0625∗ 𝑛𝑇
𝑉𝑇 = → 0,125 = = 38,2 rpm
60 60
𝑛𝑚 1300
i total = = = 34,03 rpm
𝑛𝑇 38,2

𝑖 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑖 𝑟𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 = 34,03 rpm


i1 = 6
i2 = 5,67

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→Dimensionamento do primeiro par:

Z1 = 30 dentes
𝑍2
𝑖1 = → Z2 = 180 dentes
𝑍1

𝑛𝑝1 6
n1 = np2 → 𝑛 = 1 → n1 = (nm / 6) = 22,69 rad/s
𝑝2

n2 = (n1/6) = 3,78 rad/s


T1 = Tp2 → Nm = Tm * nm
2𝜋
nm = 1300 rpm * 60 = 136,135 rad/s
Nm = 280 W
280 𝑊
∴ 𝑇𝑚 = = 2,057 [N*m]
136,135 𝑟𝑎𝑑/𝑠

Tp2/Tm = 6 →T1 = Tp2 = 12,342 [N*m]


T2 /T1 = 6 →T2 = 74,052 [N*m]

Supondo pinhão e coroa de aço:


• Nitralloy 135 M;
• E = 200000 Mpa;
• v = 0,3;
O número de dentes, o módulo ou passo diametral, a largura da face e o material
do pinhão e da coroa são tidos como decisões de projeto.
Agora, faz-se a avaliação do dimensionamento quanto ao desgaste superficial e
verificação da resistência à flexão.

2º PASSO: Desgaste superficial (pinhão):

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σc =
Onde:
Ze = coeficiente elástico
Wt= é a carga tangencial transmitida
dw1= diâmetro pinhão
b= largura pinhão
Zr= fator de condição de superfície
Zi= tator geométrico de resistência à corrosão
Kh= fator de distribuição de carga
Ko= fator de sobrecarga
Kv= fator dinâmico
Ks=fator de tamanho
σc= tensão de contato

• O coeficiente elástico (Ze) pode ser obtido a partir da tabela:

Assim: Ze = 191 √𝑀𝑃𝑎


• Para o Fator de Sobrecarga (Ko) foi definido como unitário nas considerações
iniciais, portanto, Ko = 1.
• Para o Fator Dinâmico (Kv), tem-se que:

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Substituindo, têm-se que B= 0,8255 e A= 67,84.

Como foi enunciado, o módulo adotado será de m = 6. Assim, o diâmetro


primitivo (dp) será igual ao produto do módulo pelo número de dentes:
➔ dp = m* Z = 6*30 = 180 mm
➔ np = 216,674 rpm
𝝅∗ 𝟎,𝟏𝟖∗𝟐𝟏𝟔,𝟔𝟕𝟒
➔ = = 2,042 m/s
𝟔𝟎
➔ Kv = 1,24

• O fator de tamanho (Ks) leva em conta uma possível não uniformidade nas
propriedades do material devido ao tamanho das engrenagens, onde:

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Adotando-se o valor de 4p (valor médio), tem-se:

F = 4*p = 4* 𝜋 *m = 75,4 mm
P = 4* 𝜋/F = 166,66 m

De acordo com a tabela, tem-se que:


Z = 30 e Y= 0,359.
Assim, ao substituir esses valores na equação do fator de tamanho, obtém-se que
Ks= 0,64, logo, considera-se Ks=1.

• O fator de distribuição de carga KH leva em conta a não uniformidade da carga ao


longo da linha de contato.

Onde:

No desalinhamento na montagem, pode-se notar que para valores de F/(10d) <


0,05, usa-se F/(10d) = 0,05.

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→ Cmc = 1, pois os dentes não possuem coroamento ou acabamento.
→Cpf = [F/(10d)] – 0,0375 + 0,0125 * F
→F = 0,0754 m
→d = 0,18 m
Assim, Cpf = 0,00533, e Cpm = 1, pois o pinhão é montado com S1/S < 0,175.

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➔ Cma = 0,175
➔ Ce =1, pois se trata de um engrenamento comum
Assim, KH= 1,18

• Para o cálculo do Fator Geométrico (Zi):

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Assim, terá-se que Zi = 0,129.
• Com relação ao fator de condição de superfície (ZR), não existem valores
recomendados. O valor a ser adotado irá depender do acabamento superficial e
das tensões residuais. Vai ser adotado o valor de ZR=1.
• Para a força tangencial de Wt, é utilizada a seguinte equação:

Substituindo-se os valores, vai-se ter: 12,342 = Wt *(0,18/2) ➔ Wt = 137,13 N

Assim, como:
σc =
Substituindo os valores encontrados, tem-se que σc =64,66 Mpa.
• Para o cálculo da tensão admissível de contato:

Onde:
Sc = é o estresse de contato admitido;
Zn = é fator de ciclo de vida;
Zw = taxa de fatores de dureza de resistência a corrosão;
Y0 = fatores de temperatura;
Yz = fatores de reabilidade;
Sh = fator AGMA de segurança.

• Para o cálculo de σHP:

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Assim, tomando HB = 320; σHP = 150000psi = 1034,21 Mpa.

• O fator de vida para reciclagem (ZN) é utilizado para modificar as resistências


AGMA para vidas diferentes de 107 ciclos.

Para 109 ciclos, ZN = 0,85.


• A razão de dureza (CH) é usada apenas para a coroa, a fim de ajustar as resistências
do pinhão e coroa, uma vez que o pinhão é submetido a um número maior de
ciclos. Como têm-se uma mesma dureza, CH = 1.

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• Para o fator de temperatura (Yθ), para T ≤ 250 ºF (120 ºC), usa-se Yθ = 1, e não há
valores pré-definidos.
• Para o fator de confiabilidade (YZ), Para R= 0,95, YZ = 0,89.

Com esses resultados, pode-se agora obter o valor da tensão admissível de contato
e também do coeficiente de segurança:
1034,21 ∗ 0,85 ∗ 1 987.73 987,73 987,73 987,73
σc,all = = → 𝑆𝐻 = = = = 3,82
𝑆𝐻 ∗1∗0,89 𝑆𝐻 σc,all σc 4∗ 64,66

→𝑆 2 𝐻𝑃 = 14,59
Portanto, utilizando um módulo de 6, nas condições impostas, mais o acréscimo
de uma condição extra de projeto igual a 4, o par estaria dimensionado, uma vez que, em
geral, recomenda-se utilizar um valor de segurança quadrática no contato no mínimo igual
a 2.
3º PASSO: Para comparação com flexão.
Verificação quanto a resistência à flexão para o pinhão:

Nessa equação, consideram-se constantes a força tangencial, o fator de


sobrecarga, o fator dinâmico, o fator de tamanho, e o fator de distribuição de carga:

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• Fator Geométrico de Resistência à flexão (Yj):

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Z1 = 30; Z2 = 180 → Yj =0,395
Assim:
1 1,18 ∗ 1
σ = 137,13 * 1 * 1,24 *1* 0,0754 ∗ 6 * = 17,52 Mpa
0,395

• Estimativa da resistência à flexão para o pinhão.

➔ O fator de vida para ciclagem de tensão para a flexão (YN):

De acordo com a figura abaixo, tem-se que:


HB = 320 ou YN = 1,3558N-0,0178
Onde, YN= 1,3558 (109)-0,0178 = 0,938

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• Resistência à flexão AGMA:
Pela figura: σFP = 0,594 * HB +87,76 → σFP = 277,84 MPa

Assim:
277,84 ∗ 0,938 292,8
σall = =
𝑆𝐹 ∗ 1 ∗ 0,89 𝑆𝐹

Logo:
𝟐𝟗𝟐,𝟖
SF = = 4,178
𝟒 ∗ 𝟏𝟕,𝟓𝟐

Portanto, o módulo 6 satisfaz com segurança o projeto do pinhão quanto ao


desgaste e flexão. Nesse caso, utilizou-se uma condição extra de projeto igual a 4, para
melhor ajustar o coeficiente de segurança.

4º PASSO: Desgaste superficial (coroa):

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Onde:
Ze, Wt, Ko, Kv, Ks, Zr, Z1 se mantém
b=150,8mm

• Para o calculo de Kh:


Cmc=1
Cpm=1
Cma=0,15
Ce=1
F=75,4mm
D=m*Z=6*180=1080mm
Cpf=-0.0296
Com isso Kh=1,12

Calculo do valor geométrico para a coroa:


Z1=30
Z2=180
Yj=0,46 (segundo a figura abaixo)

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• Com isso temos que:

σc=191 √137,13 ∗ 1 ∗ 1,24 ∗ 1 ∗ 1,12 ∗ 1/(1080 ∗ 150,8 ∗ 0,129)


σc=18,185 MPa
Estimando Resistencia AGMA:

1034,21 ∗ 0,85 ∗ 1 987.73


σall== = => Sh=13,575
4∗𝑆𝐻 ∗1∗0,89 𝑆𝐻

• Verificando a flexão na coroa:

137,13∗ 1 ∗ 1,24∗1∗1,12∗1
σ= 150,8∗6∗0,46
= 0,4576 Mpa

29
277,84 ∗ 0,938
σall= => Sh=292.825/4*0,4576 => Sh=159,9785
4∗𝑆𝐻 ∗1∗0,89

Dessa forma, conclui-se finalmente que o módulo 6 é aplicável para esse projeto,
uma vez que também satisfaz com segurança o projeto da coroa, utilizando-se uma
condição extra de projeto igual a 4, para melhor ajustar o coeficiente de segurança.
Para o dimensionamento, foi considerado apenas um par de engrenagens.

30
6) Conclusão

O desenvolvimento tecnológico disponibiliza uma gama considerável de


material técnico aos profissionais, apresentando soluções diversificadas para um
mesmo problema. Nos países emergentes, como o Brasil, a Engenharia se mostra
indispensável para a ampliação da infraestrutura, para a melhoria na qualidade de
serviços prestados à sociedade e para a resolução de problemas de caráter
econômico e social. A sociedade espera que o profissional seja capacitado a
absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e
criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos
políticos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística, em
atendimento às demandas da sociedade.
Dado a proposta do trabalho, podemos dizer que os resultados foram de
extrema importância para o desenvolvimento dos alunos enquanto futuros
engenheiros. Desenvolver soluções e novas tecnologias a fim de auxiliar e
otimizar nas atividades cotidianas das pessoas é algo recorrente e que nós, como
engenheiros, devemos sempre estar atentos. Nunca estará bom, sempre terá o que
melhorar.

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7) Referências Bibliográficas

• ABC MED (Piauí). Entenda as causas do nanismo, como ele evolui e qual o
tratamento indicado. 2015. Disponível em:
https://cidadeverde.com/noticias/205886/entenda-as-causas-do-nanismo-como-ele-
evolui-e-qual-o-tratamento-indicado. Acesso em: 03 maio 2015.

• VINÍCIUS LEMOS (São Paulo). Bbc News Brasil. 'Fui chamada de monstrinha na
rua': como o preconceito e o bullying atingem as pessoas com nanismo. 2020.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51683516. Acesso em: 05 mar.
2020.

• DANIELE GONÇALVES JAMMAL (Monte Alto). Assossiação dos Engenheiros


Arquitetos e Agrônomos de Monte Alto. CONTRIBUIÇÕES DA ENGENHARIA
PARA ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO SOCIAL. Disponível em:
https://aeaama.com.br/site2015/wp-content/uploads/2019/04/livro_01.indd-
Acessibilidade.pdf.

• Notas de aula do professor.

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