Uma Criança Inesperada para o Milionário 2 Aline Damasceno
Uma Criança Inesperada para o Milionário 2 Aline Damasceno
Uma Criança Inesperada para o Milionário 2 Aline Damasceno
Capa
Oneminute
Diagramação
Katherine Salles (Imagens Depositphotos e Freepik)
Revisão e Preparação de Texto
Ana Roen
Livro Digital
1ª Edição
Aline Damasceno
Todos os direitos reservados © Aline Damasceno.
autor.
Nota da autora
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Capítulo vinte e oito
Capítulo vinte e nove
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Capítulo trinta e dois
Capítulo trinta e três
Capítulo trinta e quatro
Capítulo trinta e cinco
Capítulo trinta e seis
Epílogo
Bônus
Agradecimentos
Sobre a autora
frio, sem receber nenhuma visita dos pais, Hadrian jurou dar à
menininha que inesperadamente entrou em sua vida tudo o que ele
não teve na infância antes que o seu avô viesse para os Estados
Unidos: amor incondicional e um lar. O que ele não contava era que
a paternidade fosse muito mais difícil do que imaginava e que ele
Nota da autora
desconforto com esses temas, não continue, por favor. Sua saúde
mental é muito mais importante para mim do que sua leitura, fora
que tenho livros mais leves para você. A violência psicológica aqui
não sei dizer, então, desde já, peço desculpas por qualquer
Beijos,
Prólogo
última hora…
Franzi o cenho ao escutar a voz do meu primo Ignaz quando
noite.
Já que não era da minha conta o que ele fazia, dei de ombros
garganta.
Poderia muito bem dizer que a principal característica que me
define é a desconfiança. Tinha aprendido, a duras penas, que nem
ações.
Anos se passaram até que, se instalando nos Estados
mim pelo que eu era, mas, sim, pelo que eu tinha a oferecer. Não
tinham hesitado em mentir e fingir sentimentos como ternura,
amizade e amor.
mundo e era meu melhor amigo. Foi ele quem havia enxugado o
meu pranto quando perdemos o nosso avô. Ignaz tinha me
mostrado que, por mais que a ausência do nosso avô sempre fosse
doer, tínhamos que seguir em frente por ele, que sorrir e brincar não
nos tornava uns filhos da puta.
mim, mas agora sabia que confiar nele tinha sido um erro que eu
meu corpo.
— Por que nos chamou aqui, Falkenberg? — Alguém falou,
queria.
podia negar que muitas vezes admirei essa sagacidade dele, mas,
Ignaz bufou.
mercado mundial, o que geraria uma grande crise que poderia levar
a Companhia a parar de crescer como meu avô gostaria, e sem nem
mas ele é bastante imaturo, não tem a mesma maldade que adquiri
com a prática, e não quer ouvir a voz da experiência. Ontem mesmo
— Isso é um absurdo!
As pessoas começaram a falar alto.
sufocando.
Scheiß[2]!
— Ele não pode fazer nada sem nos ouvir — alguém falou. —
porquê. Por que ele estava indo tão longe? O que ele ganharia com
isso?
vocês, não podia mantê-las apenas para mim — Ignaz disse, depois
teria achado graça que as pessoas que meu avô tinha confiado
você!
palma latejar.
Por mais que ele diga que se dedicou a Falkenberg para fazê-
la prosperar, isso não era verdade. Ele passava mais tempo em
nas reuniões de negócios. Foi por essa razão que, embora meu avô
tenha dado o cargo de vice-presidente para ele, Félix não o colocou
à frente de tudo.
— Félix não deu a mínima para o amor que eu tinha pela
empresa da família, o quanto era importante para mim me tornar o
um tom baixo.
— Você deveria saber — estalou a língua. — Era
supostamente meu amigo!
para o meu avô e também para mim, os laços que tinham me unido
a Ignaz eram muito mais importantes do que poder, dinheiro e
status.
que eu queria.
— Você não me deu escolha, Hadrian…
Quis rir do seu comentário, tamanha a ironia de ele me culpar
Continuei:
— Amanhã, toda a minha parte da companhia estará à venda
para você, ou para os membros das Sociedades Anônimas que já
parecendo desesperado.
Por alguns segundos, o semblante de Félix cruzou os meus
pensamentos e, como se fosse possível, fiquei ainda mais
machucado.
Nunca quis decepcioná-lo. De alguma forma, ao vender a
minha parte, abrindo mão daquilo que ele batalhou tanto para
Falkenberg…
— Tenho certeza de que um homem experiente como você
contornará essa situação… — fiz uma pausa. — Se isso é tudo…
chave e a maçaneta.
Assim que passei pela porta, senti-me quebrado, sofrimento
que eu escondi daquelas pessoas que esperavam do lado de fora e
crer em outro ser humano, por mais que soubesse que seria
impossível, já que eu não poderia ter o controle de tudo. No entanto,
iria dar o mínimo de abertura a quem quer que fosse. Não permitiria
corredores e, pegando a mala que ainda não havia desfeito, fui para
fora da casa. Nem me preocupei em vestir um casaco.
Assim que o vento frio soprou no meu rosto e dei um passo
para descer as escadas, me senti vazio, solitário. Provavelmente,
resignada.
serviço.
doerem.
descontentamento.
tem o seu próprio dinheiro e trabalha desde muito nova, não foi
embora ainda? Além de Liam ficar com boa parte do meu
consideravam da família.
Eu me achava fraca, uma medrosa, sem capacidade de dar
pesado, o que fez meus braços doerem ainda mais, o carreguei até
a estação onde ficava o ferro. Peguei uma camisa social, que
deveria custar mais caro do que todas as minhas peças de roupa
se divertir direito!
Ri do meu próprio comentário, pousando o ferro para dobrar a
camisa da forma que me foi ensinada e que meu chefe apreciava.
balançando a cauda.
— Você deveria cheirar o próprio rabo — provoquei-o, sendo
muito infantil.
vinco.
Suspirei quando vi que no cesto restavam apenas as cuecas
colunas de fofoca.
Peguei a primeira peça com os meus dedos subitamente
senhor Falkenberg. Tudo bem que ele era um homem bonito, mas
era algo extremamente impróprio, além de saber que era um sonho
inalcançável.
Órion latiu.
— Agradeço sua defesa, querido, mas sou uma idiota — falei,
em direção a ele.
Elegantemente vestido com o seu terno feito sob medida,
ignorado.
Sorri, involuntariamente.
Como se soubesse que eu o encarava, ele ergueu o rosto e
me flagrou.
engoli em seco.
peça.
ambiente ou objeto.
freund[5]?
obrigações.
— Okay! — assenti.
tive a sensação de que era analisada, até que ele desviou o olhar,
deixando-me a sensação que havia falhado no teste dele, de quê,
recordar que não era apenas o escritório dele que ficava trancado,
mas também a suíte que ele usava.
O fato do senhor Falkenberg permitir que eu limpasse aqueles
cômodos apenas quando ele estava presente deixava muito claro
que ele não confiava em mim. Eu deveria me sentir insultada por ele
não conseguia.
uma criminosa?
tomavam o meu corpo por saber que tinha que limpar os "cômodos
proibidos”. Os meses não haviam me feito acostumar com a tarefa.
Por si só, o escritório e o quarto dele eram pessoais demais,
pés.
Não respondi, apenas contemplei a mulher, cuja blusa grande
tocada.
Contra meu bom senso, a fragilidade e a beleza sutil dela me
normas que eu tinha imposto no contrato, isso não dizia muita coisa
petisco.
— Meliante…
Não fiz nada para revidar, apenas engoli a dor de mais uma
apunhalada.
sucesso.
Tinha dito a mim mesmo que não faria mais papel de idiota,
mas acabei fazendo mais um. Agora, não mais.
estava bravo: — Que eu saiba, você não tem dinheiro para pagar a
hora extra dela. E duvido muito que ela aceitará lambidas como
pagamento.
O pastor alemão emitiu um grasnar baixinho.
— Ainda mais quando tenho isso de graça — ela disse em um
pontas dos meus dedos nela, para sentir a maciez de seus lábios.
Desviei o olhar.
passar a vassoura.
— Aqui, garoto! — repeti em um tom mais firme, ao apontar
negativa, sorrindo.
que ficava sobre a minha mesa, para depois pegar uma pelúcia e
mostrar para ele: — Ou isso.
Não precisei de mais nada para que ele viesse correndo até
Sabia que ela não tentaria mexer nos meus itens pessoais
comigo ali, mas ainda assim estava em alerta. Tentei focar no e-mail
que redigia, porém, sem controle dos meus atos, meu olhar era
atraído pelos seus gestos, pelos sons, como se eu não tivesse nada
baixinhos que ela emitia. Observei seus cabelos pretos, que iam um
rachaduras em mim.
Fechei os olhos, tombando a minha cabeça contra o encosto
Scheiße!
Olhei para o visor do meu celular, que vibrava em cima da
nos dois anos de gestão, não podia negar que ele testava a minha
telefone.
Emiti um som de cansaço e, antes que a chamada caísse na
À medida que ele falava, meu semblante ficava cada vez mais
sério e eu anotava alguns pontos na minha caderneta. O estresse
permissão.
Tanto ela quanto Órion entraram. Meu cachorro, que estava
coisa?
Fiz que não ao pousar a xícara, e finalmente olhei as horas no
relógio, constatando que ela já deveria ter ido embora há muito
suas roupas.
Colocou uma mecha que havia soltado do rabo de cavalo
— Não é necessário.
— Então boa noite, senhor.
— Boa noite, senhorita Khampha.
que latejava.
sozinho — sentenciei.
Como se não bastasse o escândalo envolvendo o produto
sobre a questão.
— Ma-m-as…
sobre a mesa.
bastante seco:
— Sim, Gabriel?
é de caráter urgente.
Fiquei em silêncio ponderando se eu o receberia ou não; por
mais.
No fundo, eu sabia que estava contando uma mentira para
mim mesmo. Meu ex-melhor amigo, mesmo depois de oito anos
continuei.
— Sim, senhor.
frente.
— Obrigado por me receber, senhor.
apreensivo.
antes de continuar:
— Veja bem… Não existe jeito fácil de dizer isso.
mim.
A dor, como se fosse possível, se tornou ainda maior.
pesar.
Fiquei paralisado. Eu estava errado, muito errado. A dor que
acreditar. — Como?
— Seu primo estava dirigindo sob efeito de álcool e outras
— Merda, Ignaz!
Soltei o papel e dei um tapa na mesa com raiva, a dor pela
foi a pior coisa que ele havia feito. Tramar contra mim, tentando
indignado.
atrás.
— Entendo.
e coisas do tipo, algo que nunca me atraiu. Saber que Ignaz tinha
com sarcasmo.
— Não se trata de uma esposa — explicou, estendendo-me
pensar coerentemente.
— Cinco. Realmente não sabia da existência dela, senhor?
— Não.
todos.
— A mãe?
também.
— Não, senhor, e é por isso que estou aqui, já que a situação
de Verena é um pouco peculiar…
precisava saber, e isso foi o estopim para que o vulcão de fúria que
havia adormecido dentro de mim entrasse em erupção.
Eu queimava por dentro, ao mesmo tempo que tentava não
murmurou.
Trinquei os dentes, o meu corpo todo ficando ainda mais
tenso
Porra, nunca imaginei que, depois de todas as vezes que
Droga!
Junto com a raiva, veio a dor, a compaixão pela menininha.
— E a mãe? Ela deixou a menina ser criada em um internato?
— Para eles, essa era a melhor opção, já que nenhum dos
A insegurança me invadiu.
Eu seria suficiente para ela?
minha saída.
Eu estava irritadiço. A raiva que sentia por Ignaz e pela mãe
vez mais latente. Meu humor sombrio era visível, tanto que Órion
parecia não querer se aproximar de mim. Até mesmo a senhorita
surpreendeu.
Estalei a língua, reprovando-me pelos meus pensamentos
ou faísca de atração.
funcionária.
Ela assentiu.
— Tenho certeza que a sua supervisora não verá problema
Não sabia explicar o motivo, talvez fosse por conta dos corredores
estreitos e o teto baixo.
ela não faria nenhum movimento para pegá-lo, até que ela o fez. A
mulher não teve pressa nenhuma em conferir a documentação.
permaneça conosco.
Fitei-a, incrédula.
ocupado, que não terá tempo para cuidar de uma criança. — Fez
uma pausa. — Que bem o senhor faria para a senhorita Verena? Ela
firme.
ela fosse uma cópia do meu primo? Por uma fração de segundos,
inseguranças.
respondeu.
triste.
desapareceu.
Parei na frente dela e fiquei sobre os meus calcanhares para
de alguma forma, refletir a dor que havia nos meus próprios olhos
sem pedir.
— Oi. — Quase não escutei a voz dela de tão baixa que soou.
— Sabe quem eu sou? — questionei, não tendo certeza se eu
Imaginei que ela não iria responder, ainda mais que era uma
pergunta besta, mas Verena balançou a cabeça negando.
uma pausa ao ver dor em seus olhos. — Você sabe que seu pai e
sua mãe…
tensos.
Com raiva, girei meu pescoço para trás e fiz uma cara feia
céu — menti, pois duvidava muito que pessoas como eles tinham
redenção —, o primo veio buscar você para morar com ele, lá em
Boston.
inseguro.
Por mais que eu tivesse sua tutela e ela fosse muito nova
para tomar uma decisão, eu não teria coragem de negar um pedido
dela.
meu autocontrole, mas jurei a mim mesmo que não ficaria assim.
Meu primo e a companheira poderiam ter tido a sua parcela de
culpa por ter deixado a menina tão fragilizada, mas aquele colégio
também tinha.
Eu não ameaçaria ninguém, mas mandaria investigar o que
ficar. Eu prometo.
Ela ficou estacada no lugar e eu apenas esperei,
pacientemente, até que ela fez um gesto de negativa.
pequenininha.
Sorri ainda mais, querendo passar confiança para ela. Sem
voo em que Verena parecia mais uma boneca inanimada, foi difícil
não sucumbir ao desespero.
Senti que havia falhado com ela sem sequer ter começado.
Capítulo seis
trotando.
— Você é um mimado — resmunguei ao soltar os meus
deixei o banheiro.
— Você vai ficar… — Antes mesmo que eu terminasse minha
sentasse.
— Não precisa ter medo de tocá-lo, prinzessin, ele nunca vai
cachorro.
Balançou a cabeça, negando. Mesmo parecendo receosa,
voltou a segurar os pelos do cachorro, que balançava a cauda
castelo.
“E de castelo nenhum”, pensei comigo mesma, mas ignorei
aquele pensamento triste.
o senhor?
Ainda que não fosse direcionado para mim, senti que uma
esconder uma filha, mas também, até então, não conviver com ela?
mesma.
Verena acabou fazendo que sim, acariciando as orelhas do
expectativa.
para a menininha.
— Vamos ver o quarto que o primo preparou para você? —
perguntou suavemente.
cauda freneticamente.
não parecia tão difícil. Com o canto do olho, procurei pela pequena
Tudo o que tem aqui é seu, e você poderá brincar sempre que
— Promete? — sussurrou.
— Sim, Verena. — Toquei o queixo dela. — Não sei o que
você passou, prinzessin, mas eu prometo que nunca vou te
de terminar.
Virando-me para eles, encontrei os dois brincando no tapete
tão certo.
Assentiu, e guardando a pelúcia, como um robô, ela se dirigiu
— Vamos, garoto?
Estalei os dedos para o cachorro que me ignorou. Emitindo
ter sido amigável com a menininha, falando que elas poderiam vir a
ser amigas, mas, ao mesmo tempo, era impossível não me
— Não. Quente.
— Me desculpe, prinzessin — coloquei uma mecha atrás da
orelha dela —, da próxima vez, o primo irá ajustar para você.
— Tá bom.
Era mais do que óbvio que Verena iria precisar de uma babá,
levá-la comigo.
cabelos.
Com várias questões na minha mente, tomei um banho rápido
e vesti uma camisa e uma calça quaisquer, já que por enquanto ficar
sem camisa não era uma opção. Com passos rápidos, aproximei-me
novamente do quarto de Verena e parei no batente da porta,
sorriso suave nos lábios dela que me fez apenas ficar assistindo os
dois.
me invadir.
estante.
Depois de lavarmos as mãos, fomos para a cozinha e assim
Franzi o cenho.
— Sim.
— Não tenho namorada, senhorita Khampha. — Acariciei a
minha barba.
Idiota!
Porra!
Vários pensamentos asquerosos percorreram a minha mente,
aproximou de nós.
se deveria permitir.
jeito.
Dei de ombros, tomando meu lugar e servi as bebidas.
Comecei a comer. Embora a comida fosse simples, estava
para ele, mas, quando ela não tivesse mais tanto medo, explicaria
que não podia fazer isso.
— Amo tanto batata! — A criança falou.
à boca.
— Mesmo? — A senhorita Khampha perguntou em um tom
doce ao terminar de mastigar, e a criança fez que sim com a
boca em um bocejo.
— E o que você gosta além de batatas, princesa? — Minha
funcionária tentou puxar assunto, sorrindo para a menininha ao
situação. Não sei como aconteceu, mas nós três passamos a rir e o
cachorro a latir, pulando alto.
— Deus! — A senhorita Khampha continuou a rir quando o
risada.
O grito chamou a minha atenção e a do animal, que foi até
ela, trotando.
a mãozinha de Verena.
A menininha pareceu se retrair dentro de si mesma.
— Se não quiser me contar, não tem problema, Verena. —
Fez uma pausa e deu um sorriso que não escondia sua tristeza. —
Quando você quiser, estarei aqui para ouvir.
interação delas, o que não era parâmetro para nada; estava sendo
absurdo.
A menina fitou a mulher com seus olhos acinzentados
enormes e assentiu de forma apática, voltando a comer.
fiz o mesmo.
— Vou retirar a mesa — a senhorita Khampha falou.
— Obrigado — agradeci e dei a mão para Verena.
de joelhos no chão.
— Está confortável na sua cama nova?
— Sim — sussurrou.
— Que bom, prinzessin.
Toquei o rostinho dela e percebi que ela estremeceu um
pouco.
— Não está acostumada a receber carinho, não é? — Foi
uma pergunta retórica, já que eu sabia a resposta.
dela.
— Pode deixar a luz acesa? — perguntou em meio a um
bocejo.
— Claro.
— Ele pode ficar comigo?
— Só se você quiser ouvir os roncos dele — brinquei e o
precisava ser muito inteligente para perceber que, por mais que ela
as adorasse, por alguma razão, ela não teve acesso aos
Virei-me para ele, sem graça por ele ter me escutado mais
Engoli em seco.
— Porra! Não sabe quantas malditas vezes me perguntei
— Sente-se — ordenou.
inapropriado.
— Não por isso. — Torceu os lábios, parecendo desgostoso
com o meu cachorro, por que não pode conversar com Verena?
— Sim…
Pareceu pensativo e vi o olhar dele ficar sombrio, os lábios
pai?
— Não tinha como saber… — Me arrependi assim que abri a
minha boca.
— Não, não tinha.
— Mas ela tem traços seus... — tentei me justificar.
— Pode não acreditar, senhorita Khampha, mas ela é ainda
— Não!
— Imaginei que não, afinal não teria me perguntado sobre a
minha namorada— disse seco, parecendo um pouco decepcionado.
— É… — Não tinha por que mentir, eu tinha vasculhado a
revelava sua vulnerabilidade. — Por mais que não deva, por mais
que isso possa me foder, ainda que falar me torne um idiota outra
vez. Schwanz[6]!
Balançou a cabeça em negativa, como um animal ferido.
morto?
Senti meu coração bater apertado por ele.
uma tristeza que nunca passaria e que fazia meu peito doer.
Tentei me concentrar no homem à minha frente que
tinha uma filha e que não pude participar da vida dela. Ódio por
saber que ele e a mãe foram capazes de relegar a própria filha,
— Eu sinto muito mais por ela, Ana. — Meu nome dito com o
que esteve lá. Ela não pode fazer um gesto sequer sem que sinta
medo ou culpa. Não permitiram que ela fosse criança. Os pais dela
— Ela está aqui agora, não está? — Minha voz soou mais
escrutínio dele.
mas logo a diversão dele morreu quando olhou para baixo e viu os
— Desculpe-me, senhor…
mãos firmemente sobre o meu colo para não correr mais riscos de
tocá-lo indevidamente.
— Não sei por onde começar — confessou.
negativa.
ofereci.
O silêncio pesado e a desconfiança que não havia em sua
cadeira.
ajudar.
ir embora.
mão, eu poderia tocar o seu peitoral, que subia e descia com uma
meu corpo.
— Sim, senhor Falkenberg? — perguntei depois de vários
minutos, minha voz saindo rouca ao vê-lo fitando também a minha
boca.
— Eu…
Como se saísse de um transe, respirou fundo, uma, duas
retrucou.
Com um sorriso irônico, voltou-se para a cadeira onde esteve
sentado e deixou o seu corpo cair languidamente sobre ela.
Engoli o nó que se instaurou na minha garganta com a
ajudava em nada.
Meia hora depois, vesti o meu casaco e peguei minha bolsa,
que guardava num armário na área de serviço, e aproveitei para
parecendo pensativo.
— Não, agradeço — falou ao se levantar. Tirou do bolso do
moletom uma carteira, que jurava não estar lá antes. — Deixe-me
comigo.
— É o mínimo que posso fazer depois de ter me oferecido
sua ajuda. Prefere que eu chame o meu motorista para te levar para
casa?
— De verdade…
— Senhorita Khampha… — seu tom era perigoso.
meus pensamentos.
Tinha sido difícil conciliar o sono com o meu corpo coberto de
suscitado pelo beijo que eu quase dei em Ana, beijo que eu poderia
Ana.
Fiquei surpreso por ela saber essa palavra, tanto que eu
pessoas do internato.
Segurei o volante com força, até que os nós dos meus dedos
no estacionamento do shopping.
Rapidamente encontrei uma vaga e, removendo o meu cinto,
— É feio!
— Sim, é muito feio. O primo não deveria ter dito essa
palavra.
Fez que sim.
pela fantasia de aninhar meu rosto na carne macia, mas não dei
margem para tal pensamento lascivo.
— É o correto, senhor.
Ergui uma sobrancelha para ela.
— Existe esse tipo de etiqueta?
— Sim.
— Não quando você estiver comigo, senhorita. —
para nós três. Sem dúvidas, tanto ela quanto Verena chamavam a
atenção por estarem comigo, já que as pessoas poderiam estar me
nos recepcionou.
familiaridade indevida.
Respirei fundo. O cheiro suave do perfume da Ana infiltrou-se
com a outra. Eu não podia negar que Ana parecia bastante paciente
da vida de Verena, mesmo que por pouco tempo. Estava claro que,
sem nunca ter recebido carinho antes, a menininha iria se apegar a
ela.
— Sim, tudo.
— Até aquele chapéu? — Verena disse em um fiozinho de
— Por que não escolhe uma roupa para usar e que combine
— Deve.
colorida à tiracolo.
uma boutique.
Ela virou-se sutilmente para mim enquanto andava,
parecendo levemente surpresa.
tinha passado por tanta privação que era impossível não a mimar.
Não que eu estivesse fazendo isso, porque Verena era uma herdeira
e como seu tutor cabia a mim garantir o seu bem-estar.
sentindo-me estranho.
— Por que não? — Ela fez biquinho, parecendo prestes a
chorar.
Franzi o cenho.
— Você escolheu cinco, prinzessin, não quatro, como a gente
tinha combinado.
uma também.
— Você pode emprestar as suas para ela — sugeri.
— Não sei, faz tempo que não tenho uma boneca e nem sei
se ainda consigo cuidar de uma.
— Ah! — Verena fez um muxoxo.
— Você me ajuda?
— Sim! — Deu um gritinho, antes de sair correndo atrás das
para alimentar.
Capítulo dez
balançando o rabinho.
— O quê?
— Meu desenho!
ser pouco tempo e ela ainda ter seus momentos de retração, Verena
se comportava cada vez mais como uma criança, brincando,
eu não iria levantar a voz para ela, bater nela ou ameaçá-la por
algum motivo.
— Mesmo?
murchar.
a sua fragilizada.
também.
— Mesmo?
vamos colorir.
Fiz um gesto para ela se aproximar do computador para que
peso do bichano.
Logo Órion foi atraído pela risada da menininha e começou a
atacá-la com a língua, deixando lambidas por toda e qualquer parte.
— Para! Para! — Verena pediu em meio as risadas, lágrimas
escorrendo pelo seu rosto. — Tá doendo a minha barriga!
O animal não parou e, quando vi, os dois estavam rolando no
encaixe das nossas bocas, até um sexo mais bruto, em que meus
quadris batiam furiosamente contra os dela a cada investida, sendo
ambiente.
direção.
Lutei para não fitar o balançar provocante dos quadris.
demonstrando curiosidade.
— Um carro rosa!
queria um!
— Falta muito tempo para você ter idade para dirigir, querida
— Como você tem cinco, faltam onze anos para você poder
fazer o curso prático.
tornei a dizer a mim mesmo que era apenas algo criado pela minha
naquele pouco tempo, era realmente algo criado apenas pelos meus
anseios. O pensamento que ela realmente se sentia conectado à
emocional autoimposta.
— O primo vai me ensinar a pintar diferente — a fala gritada
mim.
— Obrigado, Ana.
natural, visto a falta de afeto que ela passou, eu não sabia lidar com
baixo.
— Não, querida. — Fez que não com a cabeça, para enfatizar
sua fala.
— Ana tem a vida dela fora daqui, prinzessin, e não inclui nós
dois — sussurrei.
— Mas… — As lágrimas vieram, fazendo Órion, que até então
para Verena.
— Não, prinzessin — sussurrei, minha voz soando mais
áspera do que gostaria, o que fez a menina me encarar —, família é
— De verdade!
Verena surpreendeu-me ao correr na minha direção e eu a
apertei com um abraço. Seu braço fino envolveu o meu pescoço.
Franzi o cenho.
— Por enquanto não. — Poderia dizer que eu já tenho uma,
mas isso só complicaria a cabecinha dela.
— Promete?
— Prometo. Mas tenho certeza que nem sentirá minha falta,
porque você têm Órion e o senhor Falkenberg para brincar. Agora
me dê meu beijo!
Ela ficou parada por uns instantes, mas acabou dando um
beijo estalado na bochecha da minha funcionária.
— Não.
— E se ela deixar?
— Deus, menina!
Joguei a cabeça para trás e ri, gargalhando até que lágrimas
beijos e Ana. Além de impróprio para a idade dela, mesmo que para
Verena se tratasse de um mero beijo no rosto, o assunto “beijar”
Ana me era tentador demais.
questionadora.
Capítulo onze
verão fosse marcado pelo calor, há alguns dias o frio vinha tomando
do ar.
Os dias de neve, na minha percepção, eram mais um
Eu sabia que dez dias era muito pouco tempo, mas os laços
conserto.
para beberem e transarem. Não era a primeira vez que ele fazia do
nosso apartamento alugado de motel, mas, dessa vez, ele não teve
temia o que meu meio irmão poderia fazer. Talvez fosse me bater.
Ali, paralisada no meio das escadas, pela milésima vez, me
questionava por que que eu me sujeitava aquilo, por que me
para seguir em frente sozinha, por mais recursos que tivesse. Fora
que a culpa, se eu me afastasse, me assolaria.
degraus restantes.
Cada passo que dava, fazia meu coração bater mais rápido
ao passo que eu parecia ficar mais gelada.
— Tá tudo bem?
— Sim, obrigada por perguntar, e com a senhora? — Respirei
Balançou a cabeça.
— Tenha uma boa noite, Ana.
a porta.
estarem trêmulos.
Respirei fundo. Estava sentindo um medo absurdo do meu
esparramado no sofá. Sei que estava sendo uma covarde, mas torci
fortemente para que ele estivesse com os amigos, ou na casa de
noite.
Apegando-me aquela esperança frágil, mesmo sabendo que
Sem querer, bati meu quadril contra a quina da mesa. Chiei de dor,
levando a mão a região. Com certeza, ficaria um roxo enorme e
— Merda!
Fechei os olhos por alguns segundos e quando os abri
novamente, não sei por que razão, minha visão capturou a ponta de
aproximar.
Estiquei meu braço para pegá-lo, mas, por um momento,
redação que eles pediram. A única coisa de bom que eu tinha eram
pela qual meu irmão tinha escondido isso de mim, apenas tirei a
palavras impressas.
Lágrimas começaram a deslizar pela minha face, molhando o
papel, e eu precisei ler e reler cada frase, pois não acreditava nelas.
— Eu consegui! — Caí de joelhos, chorando
consegui!
Comecei a rir e chorar ao mesmo tempo e, pela primeira vez,
indescritível. Voltei a pegar o papel que tinha caído dos meus dedos,
— Por que caralho você está rindo tão alto, garota? — Meu
irmão esbravejou e a risada morreu instantaneamente. — Estava
dormindo!
dele.
— Me desculpe — mal escutei minha própria voz, um calafrio
eu…
— O quê? — Cruzou os braços na frente do corpo.
alívio por ele não estar batendo nas paredes, ou na mesa, sendo
ignorante.
— Entendi.
desentendimento de madrugada.
barata…
Sei que não deveria, mas acabei passando os meus braços
em torno do corpo do meu meio-irmão, procurando algum conforto.
trás.
Passei a mão pelo rosto com força, querendo limpar o rastro
me amava.
Peguei a carta de aceite que estava jogada no chão e fitei as
palavras de aprovação. Tentei pensar em uma maneira de pagar as
braços cruzados.
Não que ele não fosse bonito sempre, mas, vestido como o
baixo-ventre.
milionários como ele. Meu chefe deveria ter uma fila de mulheres
verdade: a atração que ele sentia por mim era passageira. Ainda
assim, queria ter os lábios dele sobre os meus, sentir suas mãos me
estão, fora que eu daria motivos para Liam brigar comigo, e com
razão.
Emiti um suspiro longo ao recordar que daqui a cinco dias o
de estudar na Tufts.
única.
A tristeza desceu sobre mim como uma tormenta.
— Está tudo bem, Ana? — Sua voz era suave, e até mesmo
um pouco preocupada.
eu fizesse.
Tentei me apegar ao fato de ele ter dito que agia assim com
pausadamente.
Eu vi algo parecido com dor nos olhos negros enquanto ele
passaria disso.
— Tenho certeza que será bastante generoso, senhor —
comentei, abrindo um sorriso.
Os olhos dele se semicerraram perigosamente, os lábios se
diferente.
— Okay, senhor.
— Devo voltar lá pelas cinco. — Fez uma pausa. — Não
Assenti.
— Tenha um bom dia, senhor.
ofensa.
— Provavelmente… — Isso fez com que eu o encarasse, de
cenho franzido.
— Então?
seu secretário.
— Até.
fechando.
— Deus! — murmurei uma blasfêmia em meio a um arfar,
encarando, lascivo.
— Merda! — Praguejei.
me descartar.
saía com as garotas, fazia sexo com elas por um tempo e, quando
sala.
Os cabelos loiros e longos estavam desgrenhados, o pijama
coração afundar.
— Oi — disse em um tom baixinho ao se virar para mim, e
correu na minha direção sendo seguida pelo Órion, que trotava atrás
do seu xampu.
— Bom dia, querida.
— Verdade?
— Eu não mentiria para você, princesa.
Não sei por quanto tempo ficaria na vida dela, mas quis
pessoa faria.
A raiva que o senhor Falkenberg sentia dos pais dela devia
dizer alguma coisa, mas as pessoas eram hipócritas...
primo me disse para nós nos divertimos bastante enquanto ele está
trabalhando.
— Mesmo?
— Verdade?
Fez que sim.
— Podemos fazer compras depois de você escovar os
dentes, trocar de roupa e comer, mocinha — falei em meios aos
latidos de Órion.
— Preciso mesmo? — perguntou baixinho.
— Precisa, sim.
— Ah!
— Vou te esperar na cozinha com um copo de leite e cookies.
razões.
os pais fizeram.
Escutar o choro dela enquanto eu tentava consolá-la, falando
angustiante.
— Caralho! — Disse entre dentes, abrindo os meus olhos.
Antes que eu tivesse mais tempo de me martirizar sobre a
no meu ouvido.
Verena.
Vigiando-as pelas câmeras que eu havia mandado instalar no
apartamento, vendo a ternura dispensada a minha priminha, só tive
mim.
Eu precisava de uma porra de um whisky.
de outras.
Ana me deu um sorriso fraco, mas ver aquelas malditas
era o mínimo que eu poderia fazer por Ana depois de tudo o que ela
fez por mim e por Verena, não porque eu estava curioso e queria
afastar a tristeza de seu rosto.
— Não compreendo…
— Eu fui aceita na School of Arts and Sciences da Tufts.
— Sim, eu sei.
— Sei que vou ter outras oportunidades, mas doí tanto ter que
babaca.
conteve.
— Hadrian!
Verena…
— De verdade?
que instantaneamente.
— Sim, Ana — confirmei —, você pode fazer sua inscrição.
— Senhor…
Os lábios dela se entreabriram, surpresos com a sua própria
peito, e nós dois arfamos. Ver o desejo cru da mulher arruinou todo
contra mim.
ficar mais escuros com a ânsia, então senti meu corpo ficar ainda
mais rígido.
minhas mãos que estavam nas costas dela ganharam vida. Ana
boca.
Porra! Ela era gostosa pra caralho!
garganta.
mais nada além das mãos dela sobre mim para me fazer explodir.
Ficamos nos encarando, completamente ofegantes, e eu vi as
marcas deixadas pela minha barba e pelas minhas mordidas na sua
beijo, não ter tocado nos fios negros, sentindo a maciez das mechas
contra o meu tato. Finalmente, respondi:
Otário!
— Desculpas? Não depois do que você fará por mim.
Ela balançou a cabeça em negativa freneticamente, os
graça.
Dei um sorriso de predador, que há muito tempo não dava.
Ana mordeu um dos lábios, deixando-o ainda mais vermelho,
um simples beijo…
Os olhos dela se arregalaram, mas antes que pudesse dizer
qualquer coisa, os sons de latidos, de patas arranhando no piso e
pernas.
— Falou! — sussurrou ao enterrar o rosto no meu ombro,
como se estivesse tímida ou com receio de que eu fosse brigar com
ela.
— O primo nunca vai abandonar você, princesa, ele te ama
demais — sussurrei. — Eu nunca vou deixar você sozinha.
— Tá!
Dei outro beijo nela, ajeitando-a melhor no meu colo.
Ficou em silêncio.
— Tava com medo.
Uma bigorna pareceu pousar sobre os meus ombros quando
rosto de Verena.
Com o gesto, seu seio acabou roçando no meu braço. Engoli
o desejo fora de hora.
— Prometo.
Verena pareceu pensar até que soltou um tá.
— Boa noite, senhor Falkenberg, e obrigada pela ajuda.
dúvidas que a sensação nos meus lábios iria passar tão cedo.
Suspirei.
Tinha sido um erro mergulhar na irracionalidade do momento,
eu era uma burra por colocar tudo a perder. E ele não estaria
errado.
No fundo, eu sabia que era mil vezes mais idiota por ter
Otária por acreditar nas palavras dele quando disse que para ele
discurso? Muitas.
Baixei a minha mão que ainda estava nos meus lábios e abri
Hadrian…
estudos!
ao choro de felicidade.
Repeti isso várias vezes em voz alta, como se o ato de
pronunciar fizesse com que a minha ficha caísse mais rápido, mas
tinha certeza de que só acreditaria realmente que eu iria cursar
bioquímica quando estivesse sentada na sala de aula.
teria que pedir ao meu irmão para baixar o volume, o que geraria
discussão. Sempre gerava, não havia nada de novo nisso.
Respirei fundo e, criando coragem diante do inevitável, girei a
mim.
Meu estômago revirou, a raiva se apoderando de mim tanto
chão.
Medrosa, não tive coragem de questionar a maconha. Liam
deles.
— Ana é gostosa! — O rapaz deu de ombros e gargalhou. Em
seguida, esticou a mão para roubar o baseado que estava nos
seu agarre.
para a universidade.
Liam ficou me encarando antes de rir. Riu alto.
— Com que dinheiro, sua idiota? Já falei que você não vai
dele.
— Está dando para ele, sua puta?
coragem.
— Eu…
Sacudiu-me.
que gastar dinheiro à toa? Nós dois sabemos que será a troco de
nada.
inteligente…
meu rosto e eu esperei pelo golpe forte, com o meu coração prestes
a sair pela boca, porém a mulher que tinha debochado do meu
divertir. Minha boceta está doida para ser comida por vocês hoje.
por cima dos ombros do meu irmão e agradeci o que fez, mas ela
me ignorou.
dela.
Para o meu desgosto, depois do café da manhã, tive que ir ao
sentimento que nunca imaginei que pudesse ser tão intenso, mas o
era. Não que eu fosse me denominar dessa forma, afinal o
meu nervosismo.
Na verdade, só podia torcer para que Verena acabasse se
situação.
Não era o desejo brutal por ela que me assustava, mas, sim,
sabia que Ana tinha um carinho especial por Verena. Essa verdade
estava em cada beijo e abraço trocado entre as duas.
Verena…
Senti uma pontada no peito. O instinto paterno dentro de mim
queria protegê-la disso. Culpei novamente Ignaz pelo que a menina
— Vou buscá-la.
Removi o cinto e abri a porta do carro. Ajeitei o meu terno e
para o carro.
— Bem! — Falou naquele tom entre tranquilo e animado.
— Hm.
— É? — sussurrou.
— Está tudo bem, prinzessin, mas por que você não queria
entrar? — fui suave.
gritinho.
— Mas você também precisa estudar, Verena.
— Por quê?
Franzi o cenho.
pode generalizar.
— O que é gene-liza?
— É.
— É?
— Sim!
— Qual?
Não tive mais tempo de perguntar mais nada sobre como foi o
dia dela, pois logo chegamos no nosso prédio. No elevador, ela
— Não era para você estar indo para casa então? — Forcei a
desmoronar.
beijo da menina.
minha defesa.
— É um pouco, ainda mais que sabia que ela ficaria bem. —
dela.
— Como foi na escola hoje, princesa? — perguntou quando
envergonhada.
Fez amiguinhos?
— Tá!
— Mas primeiro banho, mocinha!
— Ah, não, Ana! — Bateu os pezinhos no chão, indignada.
— Claro, princesa!
Fiz uma careta por ter percebido que havia sido ignorado,
Capítulo dezesseis
Ziad fez uma pausa, curvando os lábios para cima —, mas não
chegamos onde estamos sem arriscar.
la para o hospital.
acalmar.
tão agitado.
se apertar.
Acariciei os cabelos dela que estavam um pouco embolados.
— Não vai, Verena. — Não podia fazer essa promessa, mas
acabei prometendo.
— Ana vai embora igual o papai e a mamãe!
ela repetia que queria Ana várias e várias vezes. Tentar distraí-la
com as bonecas que ela tanto amava provou-se infrutífero.
Sabia que Verena poderia ter essas “crises”, afinal, o
Torci meus lábios. Por mais que estivesse ciente de que isso
fazia parte da rotina de milhares de pessoas, não me parecia certo,
não quando eu podia fazer algo quanto a isso. Eu contrataria
— Tá bom!
jeito da criança.
Fiquei atônito.
abraço nela.
O ciúme que cresceu em meu interior era infernal e
assustador. Tive que usar todas as minhas forças para não fechar a
cara, muito mais para caminhar até eles e não ir remover aquela
de surpresa.
Assim que coloquei a menina, que se tornou inquieta, no
chão, ela correu em direção a Ana, agitando os braços. Sorri por ver
— Oi.
animadamente.
— Falkenberg, não é? Acho que é ele mesmo.
falou nada.
— Mas…
— Muito menos fogem — falou suavemente. — Então não
calejado que eu era sentiu raiva daquelas palavras, dizendo que não
dentro de mim ansiou para que não fossem palavras ditas ao léu.
O ar que puxei queimou meus pulmões.
Como e por que, não sabia dizer, mas Ana realmente a amava.
impedindo o contato.
estava brincando.
— Por que não? — perguntou e tornou a abraçar Ana,
grudando nela.
lógico.
— Ela precisa descansar, Verena.
não abrir mão do meu sonho de estudar para que ele pudesse
tornou ainda maior com o medo que ainda percorria o meu corpo
por ter passado em casa para buscar minhas roupas e outros itens
pessoais e não avisar ao meu irmão que dormiria fora. Liam ficará
furioso quando descobrir, e isso poderá fazê-lo finalmente se
em troca de dinheiro.
pensamentos. — Cê tá acabando?
— Sim, querida. — Não consegui sorrir mesmo ouvindo a
vozinha da menininha.
alegria, sabia que Verena estava com medo por dentro, e isso era
de partir o coração.
Para muitos, talvez fosse exagero da minha parte, mas eu sabia que
o meu amor por ela seria duradouro.
Não menti quando disse que se nos afastássemos seria
dar banho, vigiar a todo o momento. Ele chora, fica doente. Tem que
acordar de madrugada para cuidar dele.
— É muito chato… — Olhando de canto, vi que ela fez uma
cara engraçada.
— É cansativo, mas chato? Não sei dizer. — Suspirei ao
Ele assentiu.
— Está bem tarde — concordou.
bocejo.
em pé!
— Não sabia.
— Muito menos eu… — Hadrian me fitou de modo jocoso, e
tom rouco.
— Vou!
— Então…?
impossível pensar.
— Minha cama é grande… — disse ela em um fiozinho de
voz.
do que eu.
— A Jane disse que, quando ela tem medo, ela dorme com os
tornou ainda maior quando a menina, chorando, foi até ele e esticou
os braços, pedindo colo. Ele atendeu o pedido, mas não sem antes
engolir em seco.
murmurou. — Posso fazer várias coisas por você, mas não isso.
Eu…
— Íntimo?
— É.
na ponta do nariz.
de ficar paralisada.
Aquele quarto era proibido para mim e agora eu dormiria
— Okay.
— Er…
— Tá com febre?
— Sim!
— Fica assim quando está alegre…
— E correndo!
euforia.
Como um imã, meu olhar foi atraído para Hadrian, e senti que
ficava mais vermelha ao fitar não o seu rosto, mas o peitoral
malditas cuecas dele. Bem, ele não estava de cueca, usava uma
ela não era a única pessoa que via. Também deitado de lado, era
impossível não ficar olhando para a pele descoberta de Hadrian.
— Ah!
Verena abriu o bocão em um bocejo.
— Da Alemanha? — questionou.
— Da Alemanha…
Hadrian continuou a história enquanto afagava a menininha,
pelo astro, mas logo tive que quebrar aquele torpor ao sentir uma
o outro lado que estava vazio, o lugar que tinha sido ocupado por
Ana.
Ana...
Poderia dizer que era por estar solitário por muito tempo, que
eu estava necessitado, mas sabia que era mentira. Era Ana quem
cama.
minha cozinha.
saltinho.
Fiz uma careta desgostosa para o cachorro que não estava
outra, fez com que eu desse vários passos à frente, um erro, já que
a mulher pareceu se recobrar e, ficando mais vermelha que um
que havia perdido várias reuniões. Também não duvidava que havia
uma série de ligações do meu secretário querendo saber o que tinha
acontecido.
Merda!
Deveria estar incomodado, mas tudo o que eu conseguia
bochecha —, não depois do que você fez por mim e por Verena.
Suspirou com a minha carícia e o som excitou-me.
por ela. Rocei meus lábios nos seus, ficando eletrizado ao sentir o
calor e maciez dela e gemi baixinho quando Ana tomou a iniciativa
do beijo.
Deslizando os lábios suavemente, sem usar a língua, ela
moldava nossas bocas, provocando, explorando, enquanto as mãos
gostosa com fome. Sedutora pra caralho, ela retribuiu aos meus
excitada.
Respirávamos com dificuldade. Gemidos baixos, prazerosos,
latejou em resposta.
Quando apalpei a pele nua da nádega, meu pênis ficou mais rígido,
me afastar.
— É errado!
mim. Só então me dei conta que o cachorro latia para nós. Não tinha
ideia como Verena não havia acordado. — E Verena também pode
aparecer a qualquer momento. Não é certo ela nos ver nos beijando
— Certo.
divertido. Muito.
Capítulo dezenove
apertado.
— É? — Colocou as duas mãos na cintura, olhando-me
interrogativamente.
— Às vezes você dá um nó na cabeça da gente — falei,
minuto.
— Cadê seu vestido? — perguntei ao ver que ela só estava
com o biquíni.
Apontou para o chão.
— Por quê?
Ainda tinha que lidar com as perguntas dos meus colegas sobre a
— Ana?
irmão e dos amigos dele zombando de mim. Era quase sem curvas,
magra demais... uma tábua... embora as coxas me ajudassem um
regata de volta.
Eu não podia estragar a animação de Verena em ir pela
comentário.
— Sim.
puxar a garotinha.
— Claro!
Rapidamente pegamos todas as coisas, que parecia um
— Eu não…
— Quando você ficar mais velha, podemos nadar com eles…
— disse Hadrian.
começou a latir.
— Hadrian! — Arfei.
que fui a uma eu deveria ter uns doze anos e estava mais
dela de leve.
do animal. Nem queria ver o trabalho que daria para limpá-lo depois
disso.
Hadrian inflava as boias para colocar nos braços da menina.
remover a camisa.
Merda!
riam juntos.
excesso.
Logo, incentivado pela menininha afoita, em meio a gritos
vídeos, por mais que achasse que não tinha esse direito. Carinho se
espalhou pelo meu peito ao ver Órion entrando com tudo na água
comandos de Hadrian.
Parecendo ter feito amizade com uma outra criança, que tinha
Com os cabelos loiros jogados para trás, ele ficava ainda mais
charmoso, sexy.
Suspirei, admirando cada pedaço dele, dos ombros largos às
— Vestida…
— Ah.
Olhei para a minha roupa, mas fiquei paralisada, minha
ombros.
Minha respiração ficou mais curta instantaneamente. Ainda
que passar protetor fosse uma coisa trivial, forcei-me a olhar para
— Oi, prinzessin?
Diferente de mim, meu chefe não parecia nem um pouco
perturbado. Ressenti-me da experiência dele se comparada a
minha.
— A gente precisa de mais água! — gritou, animada.
sobrancelha para ela, ao constatar que ela não havia bebido quase
nada.
— É… — Me deu um sorrisinho, safado.
— Desculpas aceitas.
Inclinei-me para deixar um beijo no topo da cabecinha dela,
dando-me conta de que alguns grãos de areia haviam grudado nos
fios.
— Agora termine logo de beber o suco.
— Tá bom!
Pegou a garrafa da minha mão e bebeu um bocado,
principalmente quando o amiguinho dela se aproximou e aceitou
uma bebida também.
Era a quinta vez que ele tentava, mas quando colocava algo
em cima, acabava desmanchando.
pouco mais.
— Que onda gigante! — Verena tagarelou.
— Sim… — de fato, era grande para ela, mas longe de ser
— Pula!
Antes mesmo que ela pegasse impulso, ergui-a pelo braço, e
atravessamos a onda.
um verdadeiro “caldo”.
— Deus! — Murmurei entre tossidas, ouvindo a risada dos
dois.
coisa.
— É.
Eu não podia ficar babando todas as vezes que o via assim, como
se ele fosse um pedaço suculento de carne.
súplica.
eu não consigo mais viver sem o seu toque, sem o seu beijo, sem o
em mim.
roupa, curiosa.
avolumava. Ver o pau dele reagir a mim fez um ponto no meio das
minhas pernas pulsar.
— Você me faz admirá-la, me faz ser capaz de gostar de você
— E então?
— Desde que você me leve para o quarto — brinquei.
meus quadris.
Suspirei, me entregando ao beijo, e passei a acariciá-lo
também, sentindo toda a força presente na musculatura dos ombros
e das costas. O meu toque pareceu ativar algo nele, tornando seus
lábios mais vorazes sobre os meus e o aperto na minha anca mais
forte, possessivo, o que espalhava fagulhas pelo meu corpo.
Enquanto uma de minhas mãos subia e descia, alisando-o, com a
com o atrito.
Não tive tempo de controlar o beijo, já que, segurando o meu
também as carícias que ele fazia em mim de tão mole que fiquei.
Me espichei e bati a minha cabeça contra a porta, sentindo
meu mamilo por cima da blusa, que já estava excitado pelo contato
com o peitoral dele.
— Hadrian — ofeguei.
extremidades.
arfando —, muito.
Hadrian deu uma risada ofegante e eu o puxei novamente
parecia pulsar.
A mão, que até então segurava os meus quadris, alcançou a
movendo meus lábios com fúria sobre os dele ao sentir sua palma
puxei ainda mais para mim, prendendo a mão dele entre nossos
corpos.
Maravilhosa!
Não disse nada, suprimindo um flash de memória ao lembrar
meu corpo mais mole, minha vagina mais lubrificada e meu coração
pelas mangas. Assim que fiquei nua da cintura para cima, Hadrian
deu um passo para trás e olhou para o meu peito. Outra vez, a
insegurança me dominou, mas me mantive parada.
meus.
Ficou olhando para eles, como se realmente os admirasse,
faziam minha mente rodopiar, senti que ele baixava a cabeça cada
vez mais e, por instinto, projetei meu tronco a frente, oferecendo um
passou a sorver meu mamilo com mais ímpeto, grunhindo, sua mão
dando atenção para o outro, beliscando o bico excitado para depois
acariciá-lo gentilmente.
peito.
pronta para o que quer que ele quisesse fazer comigo, desde que
fizesse aquela ânsia passar. Confiava nas palavras dele que não iria
me machucar.
— Permaneça de pé, Ana — ordenou em um tom rouco
quando fiz menção de subir em cima do colchão.
Obedeci. Hadrian ficou encarando os meus seios por uns
lombar no processo.
— Gosta? — A voz era rouca ao me perguntar outra vez.
Me senti tocada pela preocupação dele com aquilo que eu
curtia ou não.
— Muito — forcei a minha voz a sair quando a sua palma
adentrou o meu short, tocando-me sobre a calcinha.
suas mãos alcançassem a minha bunda. Mais uma vez, senti meu
canal se apertar em um espasmo. Ouvi o meu próprio soluço
quando Hadrian deixou um tapa numa nádega antes de segurá-la
com firmeza.
— Porra, mulher! — grunhiu, quando, perdendo meus
pudores, esfreguei minha vagina no rosto dele.
ainda mais curta. As carícias que eu fazia nele eram suaves, mas
tentei não pensar no meu egoísmo em não dar a ele o mesmo
prazer que me proporcionava.
— Hadrian! — Falei o nome dele, excitada, quando ele
passou a dar atenção para a outra coxa, os beijos alcançando a
mim por ter a sua boca trabalhando sobre aquela parte do meu
corpo, como se fosse uma bebida cara.
língua.
Meu corpo tremeu e o grito que parecia preso na minha
garganta escapou na forma de um som oco, minha mente não
receber prazer, mas meu pau pulsava enquanto uma gota de pré-
gozo escorria pelo comprimento. Precisava mais do que tudo sentir
levantar.
Foi a vez do meu corpo estremecer quando ela me puxou de
pensamento de algum dia ela me provar com sua boca fez meu
ventre.
tortura mais deliciosa que eram aqueles beijos tão suaves quanto
lentos.
— Porra! — grunhi.
Segurei firmemente os cabelos dela quando seus dentes se
que eu fosse.
Espalmando a mão livre sobre as costas dela, tombei-a de
encontro a cama, até que ela estivesse sobre o colchão e eu sobre
ela.
Continuamos a nos beijar, a nos tocar, com a minha ereção
quadril nos dela. Ofeguei por ter a minha ereção tão próxima de
preenchê-la, sentindo várias gotinhas de suor se acumularem na
minha lombar.
Vi os olhos dela procurarem os meus, enquanto uma mão
deslizava pelas minhas costas e a outra apertava o meu bíceps.
irritação.
— Hadrian?
— Camisinha.
— Oh!
sua entrada.
— Está tudo bem? — perguntei, tocando o rosto de Ana que
parecia tensa.
— É… — Pareceu constrangida.
pênis.
terna.
boca, intensificando o beijo. Ao ver que não havia tanta dor na sua
expressão, comecei os meus próprios movimentos, recuando e
Parei.
— Te machuquei, Ana? — perguntei em meio a um ofegar.
— Caralho! — rosnei.
Joguei meus quadris para trás, preenchendo-a outra vez,
inseri também um dedo, buscando pelo clitóris que sabia que estava
tão dolorido quanto o meu pênis.
um tempo.
sua bochecha.
Franzi o cenho.
movimentos preguiçosos.
concordância.
— Independente do que acontecer, juro que vou continuar a
retorcerem.
— Acho que não chegarei a tanto — murmurou, as pontas
dos dedos brincando com o meu peitoral. — E você pode não
muito mais interessantes para fazer. — Subi uma mão pelas costas
dela até alcançar sua nuca.
— Mesmo?
— Sim. — Rocei meus lábios nos dela e fui deslizando uma
— Hadrian… — queixou-se.
— Tenho outros planos para agora…
Gargalhando ao ouvir o bufar irritado, torci o bico do seio
— Ah!
nenhum de nós dois parecia pronto para falar sobre temas mais
profundos, como aquilo que fez Hadrian tornar-se desconfiado ao
que não durava nem dois dias com o meu meio-irmão, mas as
minhas omissões pesavam em minha consciência, e depois de fazer
sexo com o meu chefe, os segredos tornavam a culpa maior.
amuada —, mas por que você nunca dorme comigo, só com o meu
primo?
Deus!
franziu.
— Um gato?
— É… Muito gato.
Era obrigada a concordar, mas me surpreendeu ouvir Verena
— Mas ele não é? Foi a Loren que falou isso para a Camila.
— É feio escutar conversa dos outros, Verena — ralhei. —
Não faça mais isso, querida.
fechado.
Suprimi uma risada ao ver que ele parecia com ciúmes.
comunicarmos em silêncio.
— Tudo bem, prinzessin, sei que não fará — aproximou-se de
— Eu sou adulta!
Hadrian olhou para ela e para mim, confuso.
bonequinhas.
Rapidamente, Verena pegou o lápis, que em algum momento
havia soltado, e olhou para o exercício, recomeçando a fazer a
tarefa.
e ciências?
— Não é?
terminar rápido. Vou corrigir tudo. Eu sei que você sabe isso,
mocinha.
— Tá.
atrás dela. Quando nenhum dos dois estava mais à vista, o loiro se
aproximou de mim e, automaticamente, eu ergui o meu queixo para
formigando de desejo.
Segurei os cabelos da nuca dele, pedindo que ele
faminto.
— Gostoso — murmurei contra a boca dele.
fechada.
demais, para não dizer outras coisas. O que realmente poderia vir a
na minha mente.
— Isso não é muito lisonjeiro, Ana. — Estalou a língua em
reprovação.
— Mas é a verdade — abri um sorriso, acariciando os cabelos
gostoso.
— Sim…
Roçou os lábios nos meus antes de tornar a me beijar, dessa
perdêssemos o fôlego.
para aprender.
Arfei, chocada.
parecendo sombrio.
— É a minha verdade, Ana, por mais podre que seja — falou
em um tom baixo.
à risada.
— Eu ia tomar depois!
lá.
Piscou para mim enquanto a menina fazia perguntas tipo por
que eu teria paz lá. Eu apenas assenti, sentindo estranheza com a
perguntas.
— Não se preocupe com isso, Ana, vou pedir pizza para nós!
— Abriu um sorriso.
Deveria estar irritado com ela por querer chupar Jack, que era
conhecido pelo seu pinto grande e grosso, mas os lábios e língua
brochar?
de Kelly, até que eu senti meu líquido escorrendo pela língua dela.
— Ainda não, vadia, quero ver você me deixar duro outra vez.
— Mostrei os dentes, puxando mais os fios loiros até que ela
sentisse dor.
Soltei um gemido quando ela esfregou a ponta da língua pela
minha glande.
a cocaína. Senti um desejo insano pelo pó, mas não restava mais
com ela.
— O que você disse?
blefando.
me manter duro.
— Ela deve chupar bem pra caralho… ou é uma puta safada
amolecer de vez.
A vadia me olhou com ironia e fez como se fosse passar para
o meu amigo, mas não deixei que se afastasse. Segurando-a pelos
cabelos outra vez, esfreguei meu pau no seu rosto. Ela não gostou,
mas estava pouco me fodendo para isso.
— É…
— Como a sem sal conseguiu um gostoso rico como aquele
não tenho ideia. Queria ser eu dando para ele... — Kelly falou com
escutou. Será questão de tempo ela ver o quão inútil foi a sua
tentativa de seguir com algo que não dará certo.
— A tola conseguiu um empréstimo — cuspi.
— Quem diria que ela iria mentir para você — Jack zombou.
— Ela não faria isso… — Fumei mais um pouco.
— Tô falando… — Fez um gesto em negativo. — Em quem
— Estudando bastante.
Desviei o olhar e fitei meus próprios pés.
dizer, denunciando-me.
— Um bonitão rico… Até eu…
— Como…?
— Vi várias fotos suas aos beijos com o milionário, e de mão
de curiosidade.
— Ah! — Foi a única coisa que consegui responder.
fúria, ainda mais quando ele somasse dois mais dois e descobrisse
a minha mentira.
a cara dele!
Dei de ombros.
Chacoalhou a cabeça.
Não respondi.
— Mas como conseguem esconder por tanto tempo? —
insistiu ela.
— Não sei…
homem rico, mas não será nada legal quando ele impedir você de
contar as novidades.
— Sim, eu irei — menti, já que não pretendia contar nada a
— Ana?
— Oi?
vem fazendo.
Tentei afirmar a mesma coisa milhares de vezes para mim
entrei.
Olhei em direção ao sofá e o encontrei esparramado nele. Eu
nunca vi seu rosto tão transtornado pela fúria. Dei um passo para
trás, o medo me envolvendo.
— Ou devo dizer traidora?
irmão se referia.
A risada cheia de sarcasmo me deu a confirmação e eu fechei
os olhos. Novamente estava paralisada no lugar, mas, dessa vez, o
pavor era muito maior e fazia meu estômago revirar, fincando suas
garras no meu coração.
Liam me machucaria, eu tinha certeza disso, mas o pior de
tudo era saber que eu não me defenderia. Além de ser mais forte,
eu nunca teria coragem de fazer nada de mal contra ele, embora o
estranha.
Eu inspirei fundo e senti o cheiro forte de cigarro impregnado
tempo, senti compaixão pela dor que havia em seus olhos verdes.
Nós dois nunca havíamos conversado sobre a perda que tivemos
Pensei que ele iria apertar o meu pescoço, mas ainda não o
fez. Liam queria me deixar em suspenso.
me machuque. Liam.
— Por que eu não deveria fazer isso? — Gargalhou. — Você
merece uma surra, sua vadia, uma que você não vai esquecer
nunca mais…
— Não?
— Hadrian pode te machucar — sussurrei, em desespero.
queria vê-lo ferido, nem mesmo preso por conta de uma bobagem.
— Então o nome do cara que tá te comendo é Hadrian?
— É…
— Não tinha por que esconder quem Hadrian era, já que ele acharia
— Por favor, Liam, não — implorei por algo que eu nem sabia
o que era.
toda.
— Não se faça de santa, Ana. Não sei o que esse cara viu em
otário…
Tornou a me segurar pelo pescoço. Tive dificuldade de engolir
não fosse.
pronunciar.
Ele gargalhou.
adotar um tom suave: — Sabemos que ele não está apaixonado por
você. E você não é burra para acreditar que ele irá te amar um dia.
o curso, Ana — deu um sorriso triste —, mas você pode mudar isso.
— Você está…
tratava como uma prostituta e via meu corpo como uma moeda de
troca, o que eu não era. Minha relação com Hadrian não era
questão monetária, por mais que meu meio irmão achasse que
Hadrian ou faria aquelas coisas que ele tinha me dito para fazer,
ainda mais para ele gastar tudo com drogas, mulheres e os tais
amigos.
— Você o quê?
— Não pedirei mais dinheiro para ele…
puxando-os tanto que eu pensei que Liam iria arrancar os meus fios.
— Isso dói! — choraminguei quando ele aplicou mais força no
seu agarre.
quiser viver…
curvaram para cima com desdém. — Tenho certeza que ele tem
compreender a raiva dele pela perda do pai, mas o ódio por mim ser
— Liam!
deixar tão na cara que eu mentia e que não tinha nenhuma intenção
de fazer o que me mandava.
Meu estômago estava embrulhado de medo, a faca ainda
— Tem certeza?
— Sei fazer umas coisas que agradam a ele. — Minhas
palavras me enojaram.
perto dele.
Eu sentia a adrenalina do medo escorrendo pelas minhas
esse ponto, por não ter saído disso antes, por ter preferido fechar os
olhos para o quanto Liam era mal e por ter tentado justificar todas as
ações dele que me feriram colocando a culpa na bebida e nas
maior ao pensar na minha mãe. Ela sentiria desgosto por ver o rato
que me tornei.
ser tratada assim? Como mostraria para ele a pessoa fraca que eu
era? Totalmente dependente, incapaz?
Por mais ferida que eu esteja me sentindo agora, ainda era
— Só hoje?
Não respondi.
sair.
Mesmo após ouvi-lo trancar a porta, continuei paralisada no
lugar por minutos até que os meus joelhos fraquejaram e eu caí no
nunca mais.
Ao sair do apartamento, segui vagando, sem rumo. Foi só
quando estava a uma distância segura do bairro onde eu morava,
— Entre! — Pigarreei.
— Nada, Hadrian.
braços finos. Segurando-a pela bunda, fiz com que ela sentasse
descarada.
cada vez mais apaixonado por essa mulher, quando me sentia cada
traição de Ignaz e como isso me marcou para sempre. Por mais que
— Você pode até tentar me enganar, mas dá pra ver que você
alguém.
Mas agora, eu apenas seria o homem que ela precisava que
eu fosse: o amigo.
Rocei meus lábios na testa dela.
— Não tenha medo de me contar o que está te fazendo
— Obrigada.
Ela não havia falado muito sobre o meio-irmão dela, um tal de
Liam, para mim, mas sabia que ela o amava e que era o único
familiar dela que residia nos Estados Unidos.
progresso que estava fazendo iria ruir e que eu não apenas voltaria
à estaca zero, mas me tornaria ainda mais fechado do que eu era
antes de Verona e ela entrarem na minha vida. Por mais difícil que
fosse, que eu acabasse me machucando no final das contas, eu
confiaria em Ana. Eu precisava disso, talvez mais do que qualquer
coisa.
— Liam consegue ser muito temperamental — quebrou o
silêncio, se justificando. — Qualquer coisa, ele começa a brigar.
— Não é muito diferente de Ignaz. — Senti um certo amargor
— É.
Tentando não pensar mais nisso, nem em Ignaz, puxei o rosto
de Ana em direção ao meu e deixei um beijo suave nos lábios dela.
parecendo atordoada.
— Por que parou? — questionou, respirando fundo.
juntos…
— Sempre terminamos fazendo sexo, Hadrian — falou, se
— Hoje não…
— Difícil acreditar. — Apontou para a ereção no meio das
minhas pernas.
para mim, mas o humor que havia surgido nos olhos dela, apagando
um pouco a tristeza, fez com que eu relevasse.
— Por que você não vai na frente enquanto eu desligo os
equipamentos aqui?
— Ana?
Hadrian?
Fechei a cara.
Merda!
— Só a cama, é? — provocou-me.
— Deus!
— Vá! — mandei. — Daqui a pouco eu te encontro lá.
— É, eu estou fodido!
contra sua orelha, fazendo com que ela oferecesse o pescoço para
mim.
Arfei.
empinados. Porra! Era difícil não usar a língua para acariciá-la ali,
muitos menos não usar os lábios e dentes para segurar e sugar os
triste, mas pela semana cansativa. Terá dias muito mais difíceis pela
frente com os trabalhos que você tem que entregar.
banheira alta.
— Deus, isso é muito bom. Hummm — falou em meio a um
curioso.
Voltei-me para ela e sorri ao ver Ana umedecendo os lábios
até os cotovelos.
Me coloquei de joelhos e vi que ela parecia surpresa.
— Uva.
Sorrindo, peguei a fruta e levei aos lábios dela. Ela não abriu
a boca, pelo contrário, ficou me olhando atordoada.
— Abra a boca, Ana — pedi.
outra metade.
Não contive um gemido alto quando a língua tocou a ponta do
meu dedo, lambendo-o de maneira maldosa, fazendo com que eu
que me fez suar frio com a ânsia. O movimento fez com que um
pouco da espuma transbordasse, respingando na minha camisa.
mamilo atrevido.
controle.
Voltei-me para a bandeja para pegar o petisco.
— Se você acha...
Deu de ombros. Comi o pedaço que ela não quis, o sabor
ela.
espuma da banheira.
Não resisti em jogar os cabelos dela para o lado e passar o
provavelmente a percorreu.
— Sim?
Beijei a nuca.
— Nada de sexo, lembra-se?
grudados nela. Estava muito ciente de que Ana ficava mais tensa.
Pensar na umidade que havia no meio das pernas dela, convidando-
Porra!
cotovelo, sabendo que era uma zona erógena nela. Os nós dos
acariciá-la, por deixar Ana cada vez mais perdida nas sensações
que eu proporcionava. Removendo os pés da borda da banheira,
busca de alívio.
descoordenadas.
acariciar o bico duros dos seus seios. Ela lambeu os meus lábios
com lentidão, fazendo-me abrir a boca para receber sua língua
fazer amor com ela com meus lábios, com meus toques.
arqueou o corpo para frente isso me excitou ainda mais, meu pau
outra vez, jogando água para tudo que é lado, dando-me uma breve
visão dos seios e do abdômen, antes de repousar novamente as
costas contra o encosto da banheira.
passando a se tocar.
penetrando.
— Porra! — Grunhi o palavrão.
se movimentava.
— Hm! — gemeu alto quando, sem cerimônia, enfiei dois
dedos dentro dela ao mesmo tempo que traçava círculos com a
com força.
— Ana... — Demorou a me obedecer, o raciocínio dela
parecendo lento, presa na espiral do desejo. — Isso, zuneingun!
meus dedos e entrei outra vez ao encostar meus lábios nos dela, e
senti sua tensão aumentar. Mergulhando minha língua na boca
convidativa, voltei a trabalhar no clitóris, deixando-a mais perdida. O
dela —, e minha.
— Isso é bem clichê — falou em meio à risada.
Eu comecei a massagear os ombros dela. Não era um expert,
para baixo!
Rindo, deslizei minhas mãos e usei minhas habilidades
precárias para percorrer toda a extensão das costas até a lombar,
que fez meu pau latejar. As gotas escorrendo por seu corpo
ressaltavam as pintinhas que ela tinha, e eu tive que me controlar
para não as beijar. Engolindo o desejo de me enterrar bem fundo
estava salivando por Ana. Meu pau babava com o desejo insatisfeito
e também por ter feito minha mulher gozar.
através do espelho.
— Tudo bem.
Cocei a minha barba, sem graça por ter dado mais trabalho
— Estou só brincando…
— Sei…
Emiti um som baixo, ofegante, ao resvalar meus dedos no
Sorri.
Amar...Esse era um verbo que deveria ter medo, mas que
seu bem-estar.
— Estou sem fome — murmurou.
— Deveria ter comido, zuneigung — ralhei com ela, como se
— Vou ter que te prender nesse quarto até que você coma
direito…
— Por que não me parece uma má ideia? — Foi maliciosa.
Gemi, som que se tornou mais alto quando os dedos dela
estarmos cansados…
— Verdade.
Sorriu, brincando com o meu braço.
— Isso!
— Desculpa, primo.
— Tudo bem, prinzessin. — Deixou um beijo no topo da
que antes mesmo de entrarmos no local, tive que pedir para Hadrian
tirar uma foto com a girafa enorme feita de bloquinhos, com direito a
Dei a mão para ela. Afobada, com uma risada feliz, a menina
tirar o fôlego.
também é frágil.
— O quê?
— Por que não pode brincar com eles?
— explicou.
— E o da Ana também?
— Também.
— Tá bom!
O assunto morreu quando, voltando a ficar animada, Verena
começou a andar de um lado para o outro, apontando, mas sem
Ana.
Desviei a minha atenção do carrossel feito de várias
meus olhos.
Emocionada, passei por Hadrian para abraçar a menina. Era
tocar.
— Não vai atender, Ana? — disse ele.
— Claro!
Senti que estava fazendo papel de boba, encarando-o como
se um par de chifres começasse a crescer na testa dele.
drogado.
Poxa! Não deveria sequer ter pensado nessa possibilidade.
ficar úmidas.
Eu não deveria querer o mal dele, como não deveria mentir
preciso.
— Hadrian.
Girei o meu pescoço para olhar para ele, e a compreensão
merecedora dele.
Eu sabia que exigia muito de Hadrian, de algo que era frágil
para ele: confiança. Toda a desconfiança que ele nutria por mim no
início, quando me contratou, transformou-se em crença, sentia isso.
momento.
— Casal? — Apoiei meu queixo no peitoral dele.
— Sim…
— E agora família… — brincou.
esperança, tanto que me deixei levar pela maciez da sua boca, pela
pressão do beijo.
— Sim!
— Ok.
— Por quê? Fala, primo! — Bateu o pezinho no chão.
— Posso pedir…
— Por quê?
dele.
— Tá bom — falou animadamente, antes de se virar para
— O quê, primo?
— Parece divertido — disse depressa. — Depois, podemos ir
lanchar.
— Podemos ir agora?
— Claro!
dentro da bolsa.
Diferente dos meus colegas, eu achava bastante interessante
enorme.
— Maravilha, Dick!
— Bom, vou indo nessa — falei, pegando a minha bolsa e me
erguendo.
— Não vai ficar com a gente? — Dick fez um muxoxo.
— Eu não gosto de beber.
— Que sem graça — Julie zombou e todo mundo riu, até eu.
brincadeira.
Dick insistiu.
— Infelizmente, não posso ficar mais, tenho um compromisso
o comentário.
não é meu sugar daddy e eu não estou com ele por interesse — fui
tão ríspida, que mal me reconheci.
Eu não retrucava, eu era passiva demais, mas algo dentro de
— Okay! — murmurou.
Chegamos a porta e ele a abriu para mim.
— Não quis te ofender, Ana. — Acariciou a nuca.
segunda?
— Sim. Até.
Sem sorrir para ele, passei pela porta e, com passos mais
apressados, sendo extremamente rude, fui em direção às escadas,
trabalho em grupo, ainda mais com pessoas que não se tem muita
afinidade.
mandando um beijinho.
Sorri, completamente abobada, o coração batendo forte pela
paixão.
Por mais ingênuo que fosse da minha parte, torcia para que
desculpe.
— Sorte sua que você vale mais viva! — cuspiu. — Vai
— Entre!
Sem vontade própria, obedeci, sentando-me ao lado do amigo
do meu irmão, que tinha um sorriso lascivo no rosto que fez com
rosto e eu tive que engolir o vômito que queria subir por minha
minha virilha.
— Hu-hu-hu… — Tentei pedir para ele tirar a mão, mas era
amargas.
A única coisa que conseguia fazer era torcer e muito para que
algum policial parasse o veículo por alta velocidade ou condução
não sabia dizer. Eu só saí do meu torpor quando o carro deu uma
freada brusca que fez meu corpo se projetar para frente e bater com
impacto. Tive sorte, se é que poderia dizer isso, de não ter sido
jogada para fora do carro, já que estava sem cinto, e também pela
áspero.
— Ela merece! — Cutucou novamente com a ponta do pé o
local dolorido e eu gemi. — Esqueceu que essa puta não nos deu o
dinheiro?
— Não, mas…
— Te garanto que a vadia ficou com tudo pra ela! — cuspiu
bem próximo ao meu rosto. — Ela é uma ladra mentirosa que nem a
mãe dela! Meu pai era um idiota por deixar aquela filha da puta tirar
nossa grana, mas eu não.
Ele puxou os fios com tanta força que não tive outra escolha a
— Com prazer.
Dando um sorriso malicioso, pegou o objeto e aproximou-se
de mim.
não.
— Para o riquinho diz sim, mas para mim é só não? —
Segurou o meu queixo com força, ao ponto de machucar meu
deu batidinhas no meu rosto. — Mas por mais gostosa que você
seja, não ganha do baseado.
Engoli um que bom, que seria uma bravata desnecessária e
ganhar outro.
Com um sorriso maldoso e com passos calculados, Liam se
aproximou de mim e colou o cano da arma na minha testa.
Engoli em seco.
Parecia ferido.
— Liam…
— Mas isso não ficará assim! — rosnou, a face dele ficando
— Não…
— Calada, ou eu atiro, piranha! — Comandou. — Chega de
mentiras!
— Meu celular?
— Pare de se fazer de burra, caralho! — Foi a vez de Liam
apertar meu maxilar. — Onde está ele?
recinto.
Diferentemente do meu irmão, pela primeira vez naqueles
intermináveis minutos, ou horas, sei lá, senti um pinguinho de
esperança. Nesse instante, me senti uma verdadeira tola por não ter
contado o que estava acontecendo para Hadrian, já que ele iria
acabar descobrindo toda a verdade. Eu não duvidava de que ele me
salvaria, só torcia para que não fosse tarde demais para mim.
Capítulo trinta
passeio teria que ficar para outro dia quando a levei para o seu
quarto.
Há uma hora, acharia normal o atraso. Já fui estudante e
cabelos, desarranjando-os.
estivesse no silencioso.
outro a fim de tranquilizar Verena, mas não iria olhar. Isso seria trair
relacionamento.
mesmo.
gargalhava.
— Se fosse você, idiota, não desligaria, não se você quiser
— Ana…
— Ela ficará bem se você fizer o que eu mandar, desgraçado,
— falou em um tom seco.
Me sentia impotente, sem saber o que fazer. Temia dizer
possível, senti mais medo por ter uma segunda pessoa com ela.
— Te entendo, cara... — Usou aquele tom de voz que me
enchia de fúria pelo menosprezo que percebia que ele sentia por
Ana. — Como ver algo bom em uma mulher sem graça que só quer
o seu dinheiro?
— O que você quer? — Fui ríspido, sem conseguir me conter.
Ana era linda, doce, amorosa, tinha um sorriso lindo e um corpo que
era capaz de me deixar eletrizado só de pensar nele.
Os dois riram.
— O que você quer? — Repeti, mas não consegui esconder a
— Tá!
Minha garganta apertou e eu sentei na minha cadeira, não
conseguia mais ficar de pé.
consumo da droga.
— Entendido…
— Entendeu mesmo? Ah, não importa. — Estalou a língua,
— Tá me ouvindo?
chamaria atenção. Não sou otário que nem você! Amanhã, ao meio-
dia, nem um minuto a mais ou a menos! — repetiu, como se eu
— Onde?
— Na minha casa, você deve saber onde é. — Fez outra
os miolos dela. Ah, melhor, deixo meu amigo comer ela primeiro.
ser violentada?
Raiva, repulsa e impotência se misturavam ao mesmo tempo
dentro do meu corpo. Pensei que odiava Ignaz por tudo aquilo que
ele fez a Verena, mas descobri que odiava muito mais o meio-irmão
de Ana.
para o próprio irmão, então será bem fácil. Mas podemos negociar
— Negociar?
— Como é?
dilacerava.
Meu maxilar ficou ainda mais rígido.
amá-la.
Eu faria tudo o que tivesse ao meu alcance para vê-la bem.
Não havia limites. Daria a minha vida por ela e por Verena.
Eu não podia ficar parado, de braços cruzados, esperando as
Pelo menos o filho da puta não havia desligado o celular dela, o que
era bom, já que daria para rastrear onde ela estava.
de agir por conta própria, tinha que procurar ajuda. Por mais que a
raiva e o instinto me impulsionassem a fazer algo impensado, tinha
ela.
ela.
Herói ou não, covarde ou não, eu tinha muito dinheiro e
Comecei a fazer algumas ligações, mas isso não fez com que
ele? Nada.
meu irmão ter que dar várias batidas nas costas dele.
— Caralho, Jack — zombou.
parecendo divertido. — Mas o que você quer dizer com não tocar
nela?
outro.
de alcance.
Liam.
— Claro que não, cara, podemos negociar. A boceta e o
cuzinho dela nem valem tudo isso!
parece, sim.
Riu estridentemente e Jack também gargalhou, achando
— Sei…
— E então? — questionou. — Ainda vai te sobrar oitocentos,
cara.
— Verdade… — Colocou a arma na cintura.
— E tô devendo o Dick! Ele disse que vai castrar as minhas
bolas.
— Que merda! Ele jurou me enforcar — meu meio-irmão falou
em um tom sombrio e virou-se na minha direção, olhando-me como
se eu fosse algo repugnante, e não o lixo, as baratas e os ratos que
pés no chão. O amigo foi atrás dele. Logo os dois estavam fumando
outra vez. O cheiro forte do baseado misturou-se ao do lixo e
pareceu impregnar as minhas narinas, o que revirou o meu
estômago.
sorriso lânguido.
isso!
na cintura.
— Esperar dar a hora de ir para o meu apartamento, ué. —
perguntado algo óbvio. — Mas você vai ficar aqui, vigiando essa
puta.
Jack franziu o cenho.
— Vou, mas não lá, quando a vadia pode foder com tudo. —
Fez uma pausa para dar mais uma tragada no cigarro. — Não posso
controlá-la com a arma no prédio, alguém pode nos ver e vai fazer
um monte de perguntas.
— É…
sós com o amigo dele. Liam poderia confiar em Jack, mas eu temia
que ele cumprisse a sua ameaça de me violentar; algo em seu rosto
me dizia que ele faria isso. Grudei minhas costas ainda mais na
pilastra, sentindo o meu corpo todo estremecer com a repulsa da
nojo se tornou maior quando um rato passou pelo meu pé. Não
contive um grito.
arma.
— E precisa gritar, porra? Me deu um susto do caralho.
— Me desculpe, Liam…
— Não! — Me defendi.
tinha um rosto belo, mas que escondia muita podridão dentro de si.
— Você é mais nojenta do que um simples rato, Ana — falou,
cuspindo nos meus pés, o que fez com que Jack gargalhasse alto.
Tornou a cuspir.
— Até mesmo essa barata é mais limpa que você… —
o meu corpo.
languidamente na cadeira.
Quando outra barata passou pelo meus pés, me encolhi e
mordi meus lábios com força, para conter qualquer som alto que
pudesse suscitar a ira do meu irmão.
que fizesse algum tempo que não conversava com Deus, pedi que
algo tolo, mas pedi também que ele iluminasse Liam e que o
perdoasse.
torpor.
— O que é isso? — Liam ergueu-se sobressaltado,
livre na têmpora.
— Que foi, caralho?
— Por quem?
Engoli um choramingar.
que uma operação de resgate fosse feita tenha sido rápido, esperar
de mãos atadas era agonizante. Cada segundo sem saber se Ana
estava bem, sem tê-la em meus braços, era uma tortura que parecia
consumir minha alma. E saber que ela estava tão próxima de mim,
dentro daquele prédio, e ter que ficar a distância, junto com a equipe
cada grama do meu corpo doer com a tensão, até que ouvi o
bateu com mais força contra meu peito diante da expectativa, com
uma vozinha sussurrando na minha cabeça que o irmão de Ana não
mulher.
prédio.
meu ouvido e uma mão forte segurou o meu braço com força, me
impedindo de prosseguir.
disparo.
direção.
Ela ergueu o rosto e nossos olhos se encontraram mesmo a
distância.
— Deus, Ana! — Sussurrei em meio a um gemido, que
descarregava um pouco a tensão que ainda percorria o meu corpo,
distância que havia entre nós e seus braços finos circularam o meu
tronco. Tremendo pela emoção de tê-la contra mim outra vez,
devolvi o abraço, controlando-me para não a esmagar como a
minha mente pedia, principalmente quando a ouvi emitir um gemido
de dor.
Mas, porra, eu sentia uma necessidade enorme de confirmar
que Ana não era uma ilusão criada pela minha cabeça, não era fruto
da minha imaginação.
— Obrigada, Hadrian, obrigada por me salvar… — sussurrou,
toda.
Senti um gosto amargo na boca, gosto do fracasso.
dela.
faces.
óbvio.
sensação de derrota.
— Eu falhei uma vez com você, mas isso não acontecerá uma
segunda vez…
— Hadrian…
estava ali.
seus protestos.
Capítulo trinta e três
vez.
— Não por isso, amor… — Sorriu gentilmente.
Desviei o olhar, fitando a calçada em movimento através da
janela do carro.
coisas que achava que não merecia, como também não era
por minha causa. Ele deveria estar com raiva de mim, furioso com
um aperto no peito.
Para tentar acalmar a menina por nenhum de nós dois estar
Verena. Foi instintivo para mim, mesmo que meu corpo todo doesse,
correr em direção ao som. Ouvi os passos de Hadrian atrás de mim.
Meu coração pareceu ser partido ao meio ao ver a garotinha
aquela sensação.
Deus! Nem sabia o quanto eu necessitava daquele abraço da
minha princesinha.
qual razão, enquanto era cativa de Liam e de Jack, não pensei nela
e na possibilidade de nunca mais poder olhar para o seu rostinho.
Talvez uma parte de mim tenha reprimido a perspectiva dolorosa.
— Pensei que você tinha ido embora! — choramingou.
latindo também.
— É só contar, ué…
soluços.
— Eles queriam dinheiro, querida. — Meu sorriso tornou-se
fraco.
Pensar que meu meio-irmão fez tudo aquilo por dinheiro seria
— Não, não tinha — falei, fazendo com que ela desse uma
risadinha.
— Mas se você não tinha dinheiro, por que eles te levaram?
queriam.
ia me ajudar…
— Também amo você, Ana! — Deu um gritinho e pegando-me
— Muito!
Fez beicinho.
— Eu vou cuidar de você!
maneira afirmativa.
— Hm… — Fingi pensar no caso dela, mas eu era muito
enfermeira particular.
— EEEE! — Ao grito dela, Órion fez uma algazarra, latindo,
impaciente.
— Eu…
movimento.
— Ah, é.
— Vamos! — Começou a me puxar.
Emitindo uma risada, escutando o “cuidado” de Hadrian,
deixei-me ser puxada pela garotinha em direção ao banheiro do
quarto dela, onde não havia nada meu. Não me importei, não
nenhuma das duas estava ali. Pela frieza do lençol, deveria fazer
Passei pelo quarto de Verena e decidi dar uma espiada por lá.
— Que bom para você, amor, pois eu poderia dormir por uma
semana…
risadinha.
fundo, sabia que estava sendo injusto. Eu não poderia exigir dela
algo que ainda não tinha oferecido: meus medos, minhas mágoas,
primeiro passo e me abrir com ela, mas, porra, estava com medo.
Muito medo. No entanto, esse medo em nada se comparava a
perspectiva de passar uma vida inteira tendo que mascarar minhas
— Sim.
— Foi uma mulher? — Seu tom era curioso.
— Você deve ter lido sobre os dois caras na minha cama —
provoquei-a.
— Sim. — A vi ficar avermelhada com a admissão. — Foi o
escândalo do mês.
— Sim, foi.
tive minha dose de feridas causadas pelos meus pais. Além de ser
um objeto na guerra particular de ego que eles travavam, as
inúmeras mentiras contadas por eles cobraram o seu preço no meu
corpo e mente. Eram mentiras atrás de mentiras. Brigas,
Ignaz…
Me deu outro beijo, que tocou a minha alma ferida, ajudando
que eu não tinha culpa nenhuma das merdas dos meus pais… —
Fiz outra pausa, ela não disse nada. — Ignaz era o meu super-herói
e, por toda a minha adolescência, eu me espelhei nele, mais até do
— Imagino.
— Eu teria dado a minha vida por ele, Ana. Teria dado tudo o
que eu tenho e o que sou. Eu o amava. Muito. Mesmo assim, isso
chorar...por mim.
— Acha mesmo?
estiveram abertos para os erros dos meus pais, mas nunca para os
do meu primo… Fiz vista grossa para todos os defeitos dele, até o
maldito dia em que Ignaz decidiu marcar uma reunião com todos os
— Por amor…
— Por amor — repeti as palavras dela, dando um sorriso
triste. — Pelo meu avô. Por Ignaz. Não sabe o quanto desejei que
ele tivesse me dito o que sentia, que ele não tivesse fingido que
desconfiança. Por muito tempo agi assim. — Olhei para frente, mas
não podia dizer que enxergava algo.
— É…
voz soou trêmula. — Como você ainda pode confiar em mim quando
vergonha e nojo de mim mesma por ter concordado com ele só para
foi o suficiente? Alguém que não é nada, mas que vive da ilusão de
meu sangue ferver, porém não era hora de falar sobre isso. —
não fez isso. Mas isso não importa, não quando eu aprendi também
a te amar.
— Hadrian!
Encarei-a, vendo os olhos dela arregalados, cheios de
surpresa, a bochecha inchada molhada pelo choro.
omissões? — perguntei.
— Sim. — Ela colocou a palma sobre a minha.
beijo. Me afastei.
— Desculpa. — Ela pareceu sem graça.
— Essa dor.
— Não sei. — Preferi falar a verdade. — Por um momento,
Suspirou.
— É errado continuar amando meu meio-irmão, Hadrian?
Mesmo depois de ele apontar uma arma para mim, me bater? É
errado querer que ele fique bem? Sinto que errei tanto com Liam…
talvez se eu… — calou-se.
amor. Amar não é um erro, não valorizar aquilo que foi dado é que
é. — Beijei a testa dela.
Ela emitiu outro som baixo.
mas eu não tenho dúvidas que amo você, Ana. Sei que minha
declaração não foi muito poética e romântica, mas…
— Foi perfeita! — Me interrompeu. — Acho que amo você
também.
Minha sobrancelha se ergueu.
— Só acha?
— Tenho certeza de que em breve vou ter certeza — falou em
um tom brincalhão.
Bufei, o que fez ela gargalhar.
gargalhada também.
Logo as risadas se transformaram em silêncio e assim
permanecemos até que uma certa menininha e um cachorro a
— Não precisa ficar tão tenso, amor, Verena está bem — falei,
desviando a atenção do cálculo que fazia para olhar para o homem
de estudar.
— Mesmo assim…
— Todas as amiguinhas dela estão lá… E os Mortons são
brincando.
com os braços.
Sim. Eu o amava, embora ainda não tivesse dito isso em voz
alta.
— Acho que deveria ligar para ela para ver se está tudo bem.
— Meu namorado me trouxe de volta à realidade com essa frase.
sabe que ela está bem. — Brinquei com os cabelos da nuca dele.
Hadrian continuou carrancudo. Eu sorri.
— Mas…
Interrompi a fala dele com um beijo, o qual ele retribuiu, a
boca movendo-se contra a minha furiosamente, provocando vários
com força e ele me fez roçar contra seu corpo até que eu sentisse a
umidade se formando no meio das minhas pernas, o desejo me
percorrendo inteira.
— Daqui a pouco está na hora de você ir buscá-la, Hadrian.
— Arfei contra os lábios dele quando interrompemos o beijo em
busca de ar.
Ele me fez sentar nele com um pouco mais de pressão.
meio a um gemido.
— É uma ideia interessante, zuneigung. Vamos ver se você
irá conseguir. — Apertou a minha nádega.
Hadrian deu-me um sorriso lascivo que era pura provocação
descia as mãos.
continuasse a me provocar.
Uma comichão me percorreu quando ele me lambeu de cima
nuca e faziam com que eu rebolasse contra ele, ansiosa para que
se encontrar.
Sem pressa, meus lábios fizeram amor com os dele, ao passo
se encontrar.
movimentos.
Os sons incoerentes de Hadrian, o modo como me encarava,
com o prazer estampado nas suas feições, a vontade de senti-lo fez
— Hm.
Com um último selinho, dei um passo para trás, fazendo com
que finalmente Hadrian me encarasse.
regozijo ao ver a fome dele por mim. Confiante, antes que ele
alcançasse minhas ancas, virei-me de costas e, removendo o laptop
para o lado, tombei o meu corpo um pouco contra a mesa para
corpo dele colar-se ao meu, sua mão grande deslizando pelo meu
abdômen enquanto a outra reunia meus cabelos. A respiração
quente contra a minha pele fazia com que todos os pelos do meu
espasmos.
— Caralho, zuneigung, você quer me enlouquecer? — Beijou
a minha nuca, esfregando seu pau contra a minha bunda, e o senti
som baixo e ofegante. Arqueei meu corpo para trás quando a mão
dele alcançou a minha vagina. Ele brincou com a renda frágil da
— Hm.
Tirou o dedo e eu choraminguei. Ele se afastou um pouco
para dar um tapa estalado na minha bunda.
— É… ela é perfeita!
Suspirei quando deixou mordidinhas na carne sensível,
marcando o território como dele. Tornou a subir com a boca, ao
passo que colava seu pau encapado na minha bunda e levava uma
mão ao meu seio.
peças desgastadas à sua maneira pela vida, mas nós dois sempre
trabalharemos para encontrar uma saída — continuou, parando
apenas para distribuir vários beijos em meu rosto, deixando-me
sentir aquelas palavras na minha alma. — Sei que você tem os seus
defeitos e manias, e eu tenho os meus…
— E não são poucos… — brinquei, me ajeitando para olhar
para ele.
— É… — Deu-me um sorriso antes dos lábios dele cobrirem
os meus. Retribui ao beijo com todo o amor que sentia por ele. —
Suas imperfeições te tornam perfeita para mim, Ana. Não apenas
porque eu te amo, mas porque eu amo te amar. Eu quero continuar
te amando todos os dias, todas as tardes, todas as noites, Ana.
Para sempre.
— E eu sei que vou te amar para sempre, Hadrian — declarei-
me por entre as lágrimas.
Os olhos dele brilharam.
verdade, pelo menos para mim. Sabia que ele era um idiota que só
comentou.
— Ah… — Verena pareceu triste por alguns segundos antes
de gritar. — Será que ele vai tá na festa da Juju? Ele é muito, muito,
muito legal!
— Não sei…
contra mim.
— Por que você tá bravo, primo? Você não gosta do Max? —
— Seu primo não suporta que ele não seja o centro da sua
— Ah!
continuou a tagarelar.
— Só por isso? — Fiz muxoxo e girei o volante para entrar no
abraço do mundo...
— Ah! Isso também. Você conta historinhas, pinta desenhos
comigo…
beijo para ela, que me deu aquele sorrisinho que sempre roubava o
meu coração.
tom divertido.
— E ainda diz que não é ciumento — Ana resmungou e eu a
vi revirar os olhos.
— Tá. Sou muito ciumento com as minhas meninas! — admiti.
— No que me meti… — Estalou a língua, balançando a
bermuda.
— Claro, prinzessin!
Um ano depois…
as minhas veias.
Eu havia enterrado Liam o mais fundo no meu coração depois
de, mais e mais, ter entendido que toda preocupação que eu achava
que ele tinha por mim não passar de uma artimanha para me
Dar as costas para o meu meio-irmão não foi uma tarefa fácil.
construímos uma relação que ficava cada vez mais forte; não tinha
dúvidas de que seria algo duradouro. Quem sabe, esse não era o
secar os fios.
enrolada na cabeça.
nesse mundo que possa destruir o sentimento que eu tinha por ela.
— Tá acabando?
na cadeira.
Franzi o cenho.
— Que negócio?
— Aquele negócio que passa na cara toda.
— Ah, base?
— É.
— Feche os olhos, princesa — pedi novamente e ela me
movia bastante, o que exigia que desse total atenção ao que fazia.
— É verdade, ué.
— Sim… — Dei outro suspiro. — Bom, mas não vou passar a
— É… — Concordou.
Logo, a menina começou a fazer suas perguntas infindáveis,
um gritinho.
— Coroas? — Não escondi a minha surpresa.
— As coroas de princesa e de rainha — continuou naquele
tom animado.
Abri e fechei a boca, sem saber o que dizer, mas antes que
pudesse falar alguma coisa, a garotinha saiu correndo do quarto.
né?
— Sim, mas…
falando.
preocupada.
— Nada, meu bem, só fiquei surpresa. — Dei um sorriso para
confortá-la.
— Por quê?
— Porque as pedras são verdadeiras.
— Ah, tá!
— Vira pra eu colocar em você.
cara, era uma joia que provavelmente usaria uma única vez na vida,
mas era a coisa mais linda que eu já havia visto.
soou tristinha.
— É claro que gostei, meu amor — respondi.
tem que ter um monte de diamante, mas eu disse pra ele que essa
cabeça.
Meu coração bateu mais rápido no peito e várias emoções me
percorreram.
só tornava tudo mais etéreo e perfeito. Acho que nunca me senti tão
bonita.
— Tá parecendo uma rainha, Ana! — Deu um gritinho
animado.
— Sim!
não ser tão grande, mesmo assim, tinha cômodos o suficiente para
eu me perder.
que via arder em seus olhos. Minha pele ficou quente e arrepiada,
encantada.
— Uma linda princesa, mas não é nenhuma surpresa, não é
mesmo? — brincou.
— É.
Ela deu uma voltinha em si mesma, mostrando o vestido.
— Onde?
— Para o nosso banquete, minha rainha.
— Okay.
Dando uma mão para mim e a outra para Verena, conduziu-
nos por longos corredores até chegarmos a uma escadinha estreita
que nos levaria a outro andar; Órion ia atrás de nós. Assim que
tudo.
Suspirei. Tudo era bastante diferente do que eu havia
imaginado. Outra vez tive a sensação de que estava em um conto
de fadas.
Desvencilhando de Hadrian, Verena saiu correndo pelo salão
e Órion foi atrás dela. Logo a menininha começou a rodopiar, para o
— Hm.
— E então?
— Só se você prometer não pisar nos meus pés — brinquei
com ele.
— Tentarei.
Deu-me um selinho e, pegando na minha mão, conduziu-me
estava mais nos braços dele. Abri os olhos quando a música foi
interrompida e encontrei Hadrian de joelhos, me olhando
expectante.
esposo e que você seja a minha mulher aos olhos da lei e também
dos homens … — Fez uma pausa. — Ana, você aceita ser a rainha
do meu castelo? — Eu senti todo o meu corpo tremer com esse
pedido.
— E também ser a minha mamãe? — Verena deu um gritinho
— Deus! — murmurei.
Fiquei paralisada, rindo e chorando ao mesmo tempo.
— Venha cá, Verena — Hadrian pediu.
fez festa.
— Sim, prinzessin, você tem.
— EEEE! — Devolveu a caixinha para Hadrian e foi na minha
direção.
Agachei para receber o abraço mais delicioso: o da minha
filha!
menina sorrisse.
Com uma mesura, deu um passo para trás e fez um gesto
para os músicos, até então esquecidos, voltarem a tocar.
Não sei o porquê, mas me veio a lembrança uma festa na
escola que os alunos apresentaram uma dancinha, o que tirou
Hadrian do sério pela pouca inclusão das crianças que não tinham
intrometeu.
— Ah, não, Órion! — Verena fez beicinho, mas o cão
Ainda mais que ele se parece tanto com a mãe. — Sorri, abobado.
Com cabelos pretos, olhos puxados e nariz mais avantajado,
— Okay, mamãe.
Verena ficou em silêncio mesmo assim, apenas tocando a
com ele, o que sei que foi bastante doloroso para ela, mas, para
contato visual com a nossa filha, que, por sua vez, não tirava os
— Tá bom!
Verena se apaixonou pela ideia de ser a irmã mais velha
grande demais para ter um ser tão miudinho nas mãos, mas ao
mesmo tempo, o calor dele me fazia bem, aquecia a minha alma,
— Já!
— Que tal assistirmos uma série?
ótimas.
— Só se for para uma criança de colo…
— Você ainda é criança, querida — provoquei-a.
— Você gostava!
— Quando tinha seis anos.
— É… — cocei minha barba —, mas você sempre será minha
— Ótimo!
Demorou uns bons quinze minutos para que ela escolhesse o
Agradecimentos
mas, de onde você estiver, deve saber que cada linha que escrevo
sobre amor paterno e materno é inspirado em você. Sua ausência
ainda me doí muito, até mesmo quando digito essas palavras. Daria
os céus e o mundo para ouvir você falar mais uma vez que eu não
preciso comprar tantos papéis, ou que quer mais um capítulo,
horrorizada por ter terminado assim, mas seu amor vive, vive em
preciso.
Um agradecimento especial para as meninas do meu grupo
Com amor,
Leia também
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Sinopse
chances
Herdeiro de vários hectares de terras cultivadas, João Miguel
desde criança teve uma relação conturbada com o seu avô, Leôncio
Fontes, um homem de coração ruim que plantava maldade onde
pisava.
o milionário não esperava era que essa promessa iria ser cobrada,
nove anos depois, por uma garota que fugiu com uma bebê que não
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Sobre a autora
Mineira, se apaixonou por romances há alguns anos, quando
[1]
Caralho.
[2]
Merda ou porcaria.
[3]
Caralho.
[4]
Senhorita.
[5]
Amigo.
[6]
Caralho.
[7]
Desgraçado, bastardo ou filho da puta.
[8]
Desgraçada.
[9]
Caralho.
[10]
Modalidade de ensino onde a educação é realizada em domicílio.
[11]
Carinho.
[12]
Gostosa.
[13]
Gostosa.
[14]
Queijo de origem alemã de casca fina e coloração amarela, de sabor suave.
[15]
Matéria que realiza os cálculos referentes a quantidade das substâncias (reagentes ou
produtos) numa reação química com base nas leis da química.
[16]
Locais onde aceitam a presença de animais.
[17]
Merda.
[18]
Porra
[19]
Deus.