Diferenças Entre o Galego e o Português

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DIFERENAS ENTRE O GALEGO E O PORTUGUS.

Assinalaremos apenas algumas das diferenas que nos parecem mais marcantes.

3.1. FONTICA

Tratamos somente dos fonemas fonolgicos recolhidos nas Normas e no


Diccionario Xerais, embora existam outros fonemas dialetais.

3.1.1. FONEMAS VOCLICOS

O galego possui os mesmos fonemas voclicos orais do portugus do Brasil: a, e


(aberto e fechado), i, o (aberto e fechado) e u.

3.1.2. FONEMAS CONSONANTAIS

A maioria dos fonemas fonolgicos consonantais galegos so iguais ou


semelhantes aos do portugus. Vejamos, porm, os casos seguintes:

a) Falta no galego o fonema [v] do portugus. Existe a grafia, mas a realizao


fontica igual a de [b]: vaso [baso] (vaso), caverna [kaberna] (caverna).

b) Falta no galego padro o fonema alveolar fricativo sonoro [z]. Palavras


representadas por [z] em portugus, realizam-se em galego por [s]. Ex.: Gal. casa
[kasa], port. casa [kaza].

c) Falta no galego o fonema fricativo palatal sonoro [] do portugus: hoje


[oi]. Existe unicamente o palatal surdo []: hoxe [oe].

d) Existe no galego o fonema fricativo interdental surdo [q], ausente no


portugus padro: cinco[qinko], caza (caa) [kaqa].

e) O galego possui o fonema africado palatal surdo[], no pertencente ao


portugus padro. Representa-se graficamente por ch, grafia que no portugus
representa o fonema [] de chuva. No galego: chave [abe], cachorro [kaoRo].

3.1.3. NASALIZAO
No existe no galego padro a nasalidade como trao distintivo. A consoante
nasal de final de slaba no nasaliza a vogal precedente. Assim: Gal. campo [kampo] e
port. [kpu].Da mesma forma no existem no galego as terminaes nasais em -o,
-os, -es, -es, -, -s do portugus (corao, condies, rfo, cidados, catales, irm,
irms). Galego: corazn; condicins, orfo, cidadns, catalns, irm (ou irmn), irms
(ou irmns).

3.1.4. NUMERAL E PRONOMES FEMININOS GRAFADOS COM NH

O numeral feminino unha (uma) e os pronomes indefinidos algunha, (alguma)


ningunha (nenhuma) e seus plurais tm em galego uma realizao fontica peculiar.
Esta realizao fontica ainda discutida, mas parece que ocorre uma prolao nasal da
vogal anterior, seguida de leve pausa antes da pronncia do a seguinte.
Aproximadamente: unha (uma)[u~.a]vii.

3. 2. MORFOLOGIA

3.2.1. SUFIXOS

Os sufixos de origem erudita ou semi-erudita possuem a mesma forma no


portugus. Aqui somente relacionamos alguns dos que apresentam forma diferente:

a) -ble: amable, estable, preferible

b) -e (do lat. -inem): home, virxe, imaxe; (do provenal -atge ou do francs
-age): homenaxe, viaxe, liaxe, todas femininas.

c) -, fem. -n (do latim -anu) As formas populares apresentam trs solues:


-ao, -n, -: irmao, irmn, irm (irmo). A forma feminina correspondente -ana s tem
duas variantes: -, -n: irm, irmn (irm). Outros exemplos: alden, alde (aldeo,
alde), casteln, castel (castelhano, castelhana). A terminao latina -ane deu -n para o
masculino e -ana para o feminino: charlatn, charlatana (charlato, charlatona), alemn,
alemana (alemo, alem).

d) -n. Fem. -oa, -ona: ladrn, ladra, ladroa, ladrona, (ladro, ladra, ladroa,
ladrona), patrn, patroa, patrona (patro, patroa, patrona).
3.2.2. PERMANNCIA DOS HIATOS -eo, -ea

Em galego no se desfizeram estes hiatos por ditongao, como ocorreu em


portugus: correo, feos, asamblea, teas (correio, feios, assemblia, teias).

3.2.3. PLURAL

a) Nomes terminados em -n. Acrescentam somente o -s: can, cans (co, ces),
grandn, grandns, (grando, grandes) nacin, nacins (nao, naes), artesn,
artesns (arteso, artesos).

b) Nomes terminados em -z. Mudam o -z em -c- no plural: luz, luces (luzes),


veloz, veloces (velozes).

c) Monosslabos terminados em -l. Permanece o -l- no plural: el, eles (ele, eles),
ril, riles (rim, rins), vil, viles (vil, vis).

3.2.4. VERBOS

O verbos regulares conjugam-se de forma muito semelhante ao portugus. H


porm diferenas fonticas e/ou de nomenclatura. Apresentaremos apenas algumas
peculiaridades:

a) A 2a pessoa do plural mantm o -d- da desinncia: cantades, colledes,


partides; andariades; collesedes, partades (cantais, colheis, partis; andareis; colhsseis;
partais).

b) A 1a e 2a pessoas do plural recebem o acento tnico na desinncia:


andabamos, andabades; colliamos, colliades; partiamos, partiades; collerades,
partiredes; andasedes (andvamos, andveis; colhamos, colheis; partamos, parteis;
colhereis; partireis; andsseis).

c) A 2a pessoa do singular do pretrito perfeito do Indicativo tem a desinncia


nmero-pessoal em -ches: andaches, colliches, partiches (andaste, colheste, partiste),
enquanto na 2a do plural do mesmo tempo e modo essa desinncia -stes: andastes,
collestes, partistes (andastes, colhestes, partistes).
d) A 1a pessoa do singular no pretrito perfeito do Indicativo da 2a e 3a
conjugaes tem -n na desinncia nmero-pessoal: colln, partn (colhi, parti).

3.3. SINTAXE

A sintaxe do galego coincide em sua quase totalidade com a do portugus. Uma


diferena marcante a nclise dos pronomes ao futuro do presente e do pretrito do
Indicativo: encontrarse (encontrar-se-), esperaranos (esperar-nos-ia).

3.4. ORTOGRAFIA

A ortografia do galego coincide geralmente com a do portugus. Observemos, no


entanto, as seguintes diferenas:

a) No existe em galego normativo a grafia -ss-, por existir apenas o fonema


surdo, como vimos em 3.1.2.b). representado graficamente por s: paso [paso], port.
passo.

b) Tampouco existe a grafia --: Neste caso o galego emprega o fonema [q]. Ver
3.1.2.d). Gal. caza [kaqa], port. caa; gal. pazo [paqo], port. pao.

c) No existe em galego a grafia j (nem sua equivalente ge, gi) por s existir o
fonema surdo da srie, empregando-se sempre a grafia x: gal. xullo [ulo], port. julho;
gal. xente [ente], port. gente.

d) A grafia ch representa em galego outro fonema [], como vimos em 3.1.2.e).


Gal. chave [ave], port. chave; gal. bicho [bio], port. bicho, portanto, existe a mesma
grafia em galego, mas corresponde a outro fonema.

e) Os fonemas palatais, representados graficamente em portugus por lh e nh,


grafam-se em galego, respectivamente, por ll e , igual ao espanhol: gal., muller, nio;
port., mulher, ninho. A realizao fontica equivalente em ambas as lnguas.

f) A grafia nh do galego no corresponde foneticamente equivalente do


portugus. Em galego representa um fonema no existente em portugus, como vimos
em 3.1.4. Gal., unha [u ~.a], algunhas [algu~.as]. Port., uma, algumas.
g) As terminaes latinas -anu,-ane, que deram -o, - em portugus (irmo,
irm; irmos, irms, rfo, rf; Cristvo; capito, capites; cidado, cidados)
apresenta outras realizaes em galego, inclusive com variantes dialetais aceitas pelas
Normas, porm as seguintes so as predominantes: -n, - (para as oxtonas) e -o, -a
(para as paroxtonas): irmn, irm, irmns, irms; ancin, anci, orfo, orfa, Cristovo,
cidadn, cidadns, cidad, cidads.

As palavras terminadas em -n, que admitem feminino, formam-no


popularmente em -oa ou -ona: ladrn, ladroa, ladrona; len, leoa, leona.

Na grafia do galego no se emprega o sinal til ~, a no ser sobre o n para


representar o fonema nasal palatal h: bao [baho] (banho).

3.4.1. ACENTUAO GRFICA

A acentuao grfica do galego normativo no corresponde, em grande, parte


do portugus. Aproxima-se mais do sistema do espanhol.

a) A acentuao das oxtonas ocorre em todas as vogais, ainda que sejam


seguidas de -n, -s ou -ns: maz, al, champ, ningun, corazn, corazns latns, comns.

b) As vogais i, u tnicas em hiato se acentuam em todas as ocorrncias, diferente


do que ocorre em portugus: Mara, ta, anda, saba, xucio, bal. Por isso no se
acentuam as paroxtonas seguidas de ditongo: sabia (sbia), carie (crie), consecuencia
(conseqncia).

3.4.2. TREMA

Usa-se o trema em galego quando se pronuncia o u tono das slabas ge, gi:
lingeta, lingstica, gians. Tambm se emprega na 1a e 2a pessoas do plural do
imperfeito do Indicativo dos verbos terminados em -aer, -oer e -or: traamos, traades,
de traer (trazer). No existe trema em galego nas slabas que, qui, porque o u no se
pronuncia nesses casos

3.4.3 HFEN
a) No se emprega hfen em galego com as formas dos pronomes enclticos,
como ocorre em portugus: fixchelo (fizeste-o), tdolos (todos os), duchenoloviii
(deu-no-lo).

b) O galego coloca o pronome encltico aos futuros do presente e do pretrito do


Indicativo, por isso, como podemos ver na sintaxe, dispensando o emprego do hfen:
fareino (f-lo-ei), queixaranse (queixar-se-iam).

c) As palavras compostas por dois elementos que conservam sua slaba tnica,
ligam-se com hfen: pico-lrico, socio-econmico, porm, quando os dois elementos
funcionam como um todo, no se separam: tictac (tique-taque), iberorromnico (ibero-
romnico).

d) Em galego, o artigo que vem depois do verbo liga-se foneticamente a este e


no a seu substantivo correspondente, por isso separado do verbo por hfen: canta-la
cancin (cantar a cano), elixi-lo alcalde (elegir o alcaide ou prefeito).

3.5. LXICO

O lxico do galego procede das mesmas fontes do portugus: latim vulgar,


elementos pr-romanos e rabes.

a) Permanecem no galego alguns vocbulos que se arcaizaram no portugus:


polo, pola (contr.), (pelo, pela).

b) Tambm penetraram no galego latinismos assim como termos eruditos e semi-


eruditos, geralmente atravs do espanhol, porm adaptados s caractersticas da lngua:
desideratum, filoloxa, tecncrata, xenealoxa (desiderato, filologia, tecnocrata,
genealogia).

c) O galego tambm acolheu estrangeirismos, semelhante s demais lnguas de


cultura: futbol, cctel, champaa (futebol, coquetel, champanha).

d) Os termos designativos de parentesco em galego so: pai, nai, irmao ou


irmnix (masc.), irm (fem.), fillo, filla, neto, neta, av, avoa, to, ta, sobrio, sobria,
curmn (primo irmo, masc. e fem.), primo, prima, fillastro (enteado). Os parentes pelo
casamento denominam-se como em portugus: xenro, nora, sogro, sogra, cuado,
cuada, concuado, concuada.

e) Ainda relacionado famlia encontramos vinculeiro, vinculeira (filho ou filha


que recebe a herana no divisvel ou vinculada casa paterna, morgado). Tambm
relacionado com pessoas temos neno, nena, nenos, nenas (crianas pequenas, meninos,
meninas), rapaz, rapaza, rapazes, rapazas (garoto, garota, garotos, garotas).

f) Dias da semana: luns (segunda), martes (tera), mrcores (quarta), xoves,


(quinta), venres (sexta), sbado e domingo.

g) Meses: xaneiro, febreiro, marzo, abril, maio, xuo, xullo, agosto, setembro,
outubro, novembro, decembro.

h) Estaes do ano: primavera, vern, outono e inverno.

i) Numerais: 1 un, unhax, 2 dous, duas, 3 tres, 4 catro, 5 cinco, 6 seis, 7 sete, 8
oito, 9 nove, 10 dez, 11 once, 12 doce, 13 trece, 14 catorce, 15 quince, 16 dezaseis, 17
dezasete, 18 dezaoito, 19 dezanove, 20 vinte.

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