O protetor
De Isabel Keats
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Sobre este e-book
Finalista do Prêmio de Contos Harlequin 2011
Diante da ameaça de um possível sequestro, o pai de Vega a obriga deixar Madri e voar para Londres, onde Martin Grant, um ex-membro da força de segurança de seu pai, se encarregará de protegê-la. O atraente Martin fará Vega passar como sua sobrinha e a esconderá em uma cidade remota da Escócia, mas essa convivência forçada terá consequências imprevisíveis. Vega se sente cada vez mais atraída por seu protetor frio e misterioso. Martin, por sua vez, sabe como protegê-la do perigo, mas... saberá como proteger seu coração de pedra daquela jovem inexperiente?
Isabel Keats
Isabel Keats, ganadora del Premio Digital HQÑ con su novela "Empezar de nuevo", finalista del I Premio de Relato Corto Harlequín con El protector y finalista también del III Certamen de novela romántica Vergara-RNR con "Abraza mi oscuridad", siempre ha disfrutado leyendo novelas de todo tipo. Hace pocos años empezó a escribir sus propias historias y varios de sus relatos han sido publicados, tanto en papel como en digital. Escribir, hoy por hoy, es lo que más le divierte y espera poder seguir haciéndolo durante mucho tiempo.Isabel Keats is just an ordinary woman who one day felt like writing. A mother of a large family (dog included), she is lucky to have something more valuable than gold: free time, even if not as much as she'd like. She loves romance and loves happy endings, so in short, she writes romance because at this point in her life it's what she most wants to read.Isabel Keats--winner of the HQÑ Digital Prize with Empezar de nuevo (Starting Again), shortlisted for the first Harlequín Short Story Prize with her novel El protector (The Protector) and for the third Vergara-RNR Romantic Novel Contest with Abraza mi oscuridad (Embrace My Darkness)--is the pseudonym concealing a graduate in advertising from Madrid, a wife, and a mother of three girls. To date she has published almost a dozen works, including novels and short stories.
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O protetor - Isabel Keats
1
O barulho no aeroporto de Heathrow era considerável. Vega foi em direção à saída, empurrando o carrinho em que carregava sua mala enorme. Não sabia quem iria buscá-la. Seu pai havia se mostrado muito misterioso com todo o assunto; A única coisa que lhe tinha dito era que um homem com um cartaz do Hotel LDN a estaria esperando perto da fila dos táxis.
Vega ficava irritada com tanto drama. Ela foi forçada a deixar Madrid com pressa, sem se despedir de ninguém, em um momento em que sua agenda estava lotada de festas e planos interessantes. Só tinha concordado porque era a primeira vez em sua vida que via seu pai realmente preocupado, mas já começava a se arrepender.
Assim que ela saiu, uma lufada de ar gelado a fez se envolver na jaqueta fina que cobria seu vestido.
«Maldição», pensou, «acho que me equivoquei de roupa».
Ao sair de Madri a temperatura rondava os vinte e três graus e o céu brilhava em um magnífico tom azul cobalto; nada a ver com o dia cinzento e desagradável que a recebia em Londres.
Olhou ao seu redor, um monte de táxis esperava em uma ordenada fila alguns metros mais à frente. Ao se aproximar, viu um homem acenando para ela.
—Vai para o LDN Hotel, senhorita? — perguntou com um forte sotaque cockney mostrando-lhe o cartaz —. Se você quiser, eu levo sua mala.
— Perfeito, muito obrigada — respondeu em seu inglês perfeito da BBC. Pelo menos, o dinheiro que seu pai tinha gasto em sua educação tinha sido bem empregado.
O hotel não ficava longe do aeroporto. Certamente não era o hotel típico onde ela costumava ficar. A aparência era bastante sombria, pouco mais que o básico para os pobres viajantes cujo avião havia sido cancelado e foram forçados a passar a noite em terra.
«Isso está ficando mais deprimente» ela disse a si mesma com raiva.
O taxista, ou o que fosse, dirigiu-se à sombria recepção e, em poucos minutos, voltou com uma chave.
— Levarei sua mala.
O elevador estava quebrado e Vega ficou contente por ela não estar carregando a mala pesada nos três lances de escada.
O homem parou em frente ao quarto 301, abriu a porta, olhou para dentro e deixou a bagagem em um banquinho ao pé da cama pequena.
Vega pegou a carteira na bolsa e preparou-se para pagá-lo.
— Não é necessário senhorita, tudo está acertado. Boa noite.
Sem mais, o homem abriu a porta, olhou para os dois lados antes de sair e fechou-a com suavidade. Apesar de sua aparência branda, ficou claro que ele não era um motorista de táxi comum.
Vega olhou ao seu redor cada vez mais irritada.
—Que grande miséria! — exclamou em voz alta.
O quarto, pequeno e escuro, tinha um ar deprimente com os escassos móveis e a patética gravura torta pendurada em uma das paredes. Impaciente, olhou para o banheiro e notou com alívio que, apesar de pequeno, pelo menos parecia bastante limpo.
De um puxão, tirou a colcha alaranjada de tecido sintético cheia de manchas suspeitas e se deitou na cama com os olhos pregados no teto enquanto amaldiçoava seu pai. Sua lista de insultos já estava no «m» de malvado e mentiroso, quando alguém bateu na porta.
—Quem é? — ela perguntou assustada.
Não houve resposta.
Vega, mais do que um pouco assustada, levantou-se, pegou a caneta que estava na mesa de cabeceira, tirou a tampa e, segurando-a como se fosse uma lança Masai de 1,5 metro de comprimento, esperou com o coração batendo no peito.
A porta se abriu suavemente e um cara enorme entrou no quarto. Sua altura seria de cerca de um metro e noventa, com costas largas e quadris estreitos. A camisa de algodão azul claro se agarrava a um corpo firme que, apesar de não ser muito musculoso, transmitia a impressão de uma extraordinária fortaleza. O homem ficou parado, observando-a de sua altura com olhos cinzentos inescrutáveis que se destacavam no rosto bronzeado. Seu cabelo loiro cinza era bastante curto. Tudo em sua aparência indicava autoridade e tinha certo ar de soldado profissional.
Vega agarrou a caneta com mais força. Se seu coração tinha disparado pouco antes, agora estava batendo forte; via a si mesma como um mosquito enfrentando um elefante.
—Como se atreve a entrar no meu quarto? — Levantou o queixo, altiva, consciente do ligeiro tremor que pairava em suas palavras apesar de seus esforços por conservar a calma.
— Acho que deveria me apresentar. — Um calafrio percorreu sua espinha ao ouvir a voz masculina profunda —. Meu nome é Martin Grant, anos atrás eu era um membro da equipe de segurança de seu pai.
Então ela o reconheceu. Pouco mais de dez anos se passaram desde a última vez que se encontraram. Naquela época, Vega era uma garota de treze anos que gostava de se exibir na frente dele, com suas novas armas femininas, tentando, sem sucesso, chamar sua atenção. Não havia mais nada daquele garoto na casa dos vinte anos; agora era um homem de expressão impiedosa, com umas leves rugas nos cantos dos olhos que o deixavam mais atraente.
Vega finalmente soltou a caneta, um pouco mais relaxada.
— Eu gostaria de saber para quê tanto mistério e este hotelucho de quarta categoria —exigiu impacientemente, enquanto afastava alguns fios de seus longos cabelos castanhos, com mechas mais claras, longe dos olhos. —. Tudo isso começa a parecer um romance de espionagem ruim.
—Seu pai não lhe disse nada?
— Só que tinha que deixar Madrid imediatamente, que estava em perigo. A verdade é que se eu não o tivesse visto tão preocupado, eu o teria ignorado. Meu pai sempre foi excessivamente protetor. Além disso, acho estranho que tenha escolhido você para o trabalho; Pensei que não se viam há anos.
— Sempre mantivemos contato. Seu pai me emprestou uma certa quantia de dinheiro há muito tempo para iniciar um negócio e, ocasionalmente, conversamos por telefone. De qualquer forma, agora não há tempo para explicações. Mais tarde vou te dizer tudo o que você desejar saber. Trouxe roupas mais adequadas para o lugar que vamos; receio que sua bagagem não servirá lá.
De uma bolsa preta pendurada no ombro, tirou jeans, um suéter grosso de lã e botas altas forradas de pele de carneiro e as jogou na cama.
— Por Deus, aonde vamos? Para a Sibéria?
— Não tão longe. Apenas um pouco mais ao norte.
—Uh. Que misterioso — zombou.
Martin apenas olhou para ela com aqueles olhos que pareciam espelhos, frios e impenetráveis.
—E posso saber o que vai acontecer com as minhas coisas? Não espera que eu jogue minhas roupas fora, certo? Não são trapos qualquer de nenhuma loja de departamentos como as que suas amiguinhas provavelmente usam.
Vega não se importava de parecer rude, ela queria provocá-lo e mostrar-lhe algum tipo de emoção, mesmo que fosse raiva. Porém ele foi até a porta como se não fosse nada e com a mão na maçaneta, se virou para dizer:
— Alguém virá para recolher tudo mais tarde. Você tem dez minutos para trocar de roupa. Se demorar mais, irei ajudá-la a terminar de se vestir.
—Porco asqueroso! — ela exclamou em espanhol.
Esse cara não devia entender o idioma, porque saiu sem dizer nada e fechou a porta suavemente.
Vega não reclamou, tinha certeza de que Martin Grant não era uma pessoa que lançava ameaças gratuitas. Rapidamente, ela mudou de roupa e ficou surpresa ao ver que tudo se encaixava perfeitamente, até as botas eram o número dela. Não eram chiques, mas também não eram horríveis. No banheiro, ela olhou no espelho e notou com satisfação que as calças caíam como uma luva nos quadris finos e que a gola alta do suéter branco realçava o tom dourado de sua pele. Sentir-se bonita dava a ela autoconfiança e precisaria de tudo ao seu alcance para lidar com aquele homem desconcertante que estava deixando-a louca.
Duas batidas soaram na porta e, sem esperar para ouvir o correspondente «entre», Martin Grant entrou no quarto novamente.
—Satisfeito, oh, mestre? — zombando, Vega se virou, destacando sua figura graciosa e estilizada. A cabeleira castanho sedosa acompanhou suavemente o movimento.
— Que pena, eu adoraria ajudá-la a se vestir — Grant respondeu em um tom neutro que desmentia o sarcasmo de suas palavras, enquanto suas pupilas lentamente a despiam.
Vega não pôde deixar de corar, algo que não acontecia com muita frequência e que contribuía para aumentar o descontentamento que sentia pelo homem.
—Vamos sair deste antro de uma vez! — ela ordenou com raiva, indo em direção à porta sem perceber o sorriso divertido que Martin Grant esboçava.
2
As mãos masculinas, de dedos longos e fortes, seguravam o volante com delicadeza. Vega, sentada ao lado dele, lutou com o desejo de puni-lo com seu silêncio. — o que não parecia preocupá-lo absolutamente — ou começar a fazer, uma atrás da outra, todas as perguntas que rondavam por sua cabeça. No final, decidiu que punir alguém que não era considerado informado era uma perda de tempo.
—Posso saber por que saímos pela porta dos fundos do hotel?
— Simplesmente, para garantir que ninguém nos seguirá até o nosso destino. O motorista que a levou ao hotel é bastante hábil, mas todas as precauções são poucas. Duvido que alguém relacione a moça elegante com o vestido de grife e saltos, que entrou pela porta da frente, com a menininha de jeans, usando em uma jaqueta quente, que depois saiu pela porta dos fundos acompanhada por um homem grande.
—Não sou uma menina! — ela protestou em um tom que até para ela parecia infantil.
Grant não fez nenhum comentário e Vega preferiu mudar de assunto.
—Por que tantas precauções? Qual é a ameaça? Por que meu pai enviou você? O que…?
— Uma por uma, se você não se importa, eu não sou uma secretária eletrônica — ele a interrompeu levantando uma mão com gesto zombeteiro.
—O que está acontecendo? — Vega resumiu em uma única pergunta, dando-lhe um olhar furioso.
Martin recuperou a seriedade imediatamente.
— Há pouco mais de um mês, a polícia espanhola entrou em contato com seu pai. Durante uma das pesquisas de rotina realizadas em instalações pertencentes à máfia russa em Marbella, eles encontraram um dossiê no qual, informações detalhadas sobre seus negócios apareciam: uma lista das suas empresas e todos os tipos de pormenores sobre as transações e lucros das mesmas. Além disso, apareceram também uma série de fotos suas, senhorita De Carrizosa, indicando que estava sob vigilância há algum tempo. Algumas dessas fotos eram um pouco comprometedoras.
—Comprometedoras? O que quer dizer?
—Em várias delas, você sai trocando abraços apaixonados com o filho mais novo do empresário, Jaime Pedrosa, cujo nome soou em vários dos mais recentes escândalos da alta sociedade devido ao consumo e, talvez, ao tráfico de drogas.
—Malditos!
—Digamos que, entre a ameaça que pairava sobre você por um possível sequestro e sua tendência a frequentar companhias mais que duvidosas — o sarcasmo, que ele não fez nenhum esforço para disfarçar,