Poder Judiciário: at (Processo Eletrônico)

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
LFF
Nº 71010452142 (Nº CNJ: 0012381-78.2022.8.21.9000)
2022/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO


DE FAZER C/C PEDIDO DE CONDENAÇÃO POR
DANOS MORAIS E MATERIAIS. INFILTRAÇÃO EM
APARTAMENTO. ALEGAÇÃO DE QUE A AUTORA
NÃO PROVOU QUE A ORIGEM DA INFILTRAÇÃO
SE ENCONTRA EM ÁREA COMUM DO
CONDOMÍNIO. AUSÊNCIA DE PROVA DOS FATOS
MODIFICATIVOS, EXTINTIVOS OU IMPEDITIVOS
DO DIREITO AUTORAL.  RESPONSABILIDADE DO
CONDOMÍNIO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO.

RECURSO INOMINADO TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL

Nº 71010452142 (Nº CNJ: 0012381- COMARCA DE PORTO ALEGRE


78.2022.8.21.9000)

CONDOMINIO ROSSI BUSINESS PARK RECORRENTE

LUCIA MACHADO MARCHIORO RECORRIDO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Terceira Turma Recursal Cível


dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à unanimidade, em negar
provimento ao recurso.
Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes
Senhores DR. GIULIANO VIERO GIULIATO E DR. CLEBER AUGUSTO TONIAL.
Porto Alegre, 26 de maio de 2022.

DR. LUIS FRANCISCO FRANCO,


Relator.

RELATÓRIO
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PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
LFF
Nº 71010452142 (Nº CNJ: 0012381-78.2022.8.21.9000)
2022/CÍVEL

Trata-se de recurso inominado interposto em face da sentença que julgou


parcialmente procedente o pedido formulado a fim de condenar o réu a pagar o valor de
R$5.266,42 a título de indenização por danos materiais, corrigido monetariamente pelo IGP-
M desde a data dos desembolsos, e acrescido de juros legais de 1% ao mês desde a citação.
Igualmente houve condenação do réu a promover os reparos necessários no imóvel de
propriedade da autora decorrentes de infiltração ocorrida no mês de julho de 2020, no prazo
de 30 dias a contar de sua intimação pessoal, sob pena de multa diária de R$150,00,
consolidada em dez dias.
Irresignado, o réu, ora recorrente, sustenta preliminarmente a nulidade da
sentença, por violar o princípio do ne bis in idem ao condenar o réu a indenizar os reparos
realizados pela autora e promover reparos no imóvel. No mérito, aduz que, no montante de
R$5.266,42, foram incluídos indevidamente os honorários da arquiteta da autora por serviços
realizados em agosto de 2018, ou seja, quase dois anos antes do sinistro apontado,
requerendo a exclusão desse valor da condenação por danos materiais. Alega que a autora
não se desincumbiu do ônus de provar o fato constitutivo do seu direito, que no caso se
consubstancia na comprovação de que a origem da infiltração no imóvel da autora se
encontra em área comum do condomínio, a ensejar a responsabilidade do recorrente, e que
tampouco provou as despesas que decorrem das infiltrações, tendo requerido a indenização
por despesas genéricas.

Foram juntadas contrarrazões.


Vieram, pois, os autos conclusos.

Foi o breve relatório.

VOTOS

DR. LUIS FRANCISCO FRANCO (RELATOR)


Conheço do recurso, dado que preenchidos os pressupostos de
admissibilidade.
A sentença merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos, servindo a
súmula do julgamento de acórdão, nos termos do art. 46 da Lei n. 9.099/95.
Primeiramente, não merece ser acolhida a preliminar de nulidade da sentença
por vedação ao princípio do ne bis in idem, uma vez que a autora foi clara ao expor em sua
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peça exordial que os pedidos se referiam a dois episódios distintos de infiltração que lhe
causaram danos materiais.
O primeiro, em março de 2020, e o segundo, em julho de 2020, sendo que na
primeira oportunidade a autora, após não obter sucesso em resolver diretamente o problema
junto ao réu, acabou arcando com o valor de R$5.266,42 para reparar os danos causados pela
infiltração, valor esse que requer a título de danos materiais. Já no que diz respeito à segunda
ocorrência, a autora ainda não efetuou a reparação dos danos, tendo realizado orçamento do
montante a ser despendido para os reparos, que resultou na quantia de R$4.800,00,
requerendo em juízo o pagamento deste valor para que efetue os reparos, ou que sejam
efetuados os reparos pelo próprio réu, tendo a sentença optado pela obrigação de fazer,
determinando que o réu efetue o conserto.

Nesse sentido, não há que se confundir as duas situações, não se podendo


falar em violação ao princípio do ne bis in idem, uma vez que a autora foi clara ao distinguir
os dois fatos que fundamentam os seus pedidos, e, consequentemente, ensejaram a
condenação na origem.

Superada a preliminar, passo ao exame do mérito.


No que diz respeito à alegação de que no montante de R$5.266,42 foram
incluídos indevidamente os honorários da arquiteta da autora por serviços realizados em
agosto de 2018 no valor de R$1.000,00, entendo que não merece ser acolhida, pois ao que
tudo indica se trata de mero erro material no corpo documento juntado à fl. 32, conclusão a
que se pode chegar ao verificar que no mesmo documento consta como data de emissão
09.07.2020, assim como no relatório juntado às fls. 17/19 igualmente consta o valor de
R$1.000,00 pago para acompanhamento dos consertos e elaboração do relatório à mesma
profissional, Karen Fanti, designer de interiores.
Quanto à prova do fato constitutivo da autora, entendo que esta se
desincumbiu do ônus de provar imposto pelo art. 373, I, do CPC, tendo produzido as provas
que estavam ao seu alcance. O relatório juntado às fls. 17/30, assinado por designer de
interiores, detalha a extensão dos danos e as despesas arcadas pela autora quanto à primeira
ocorrência, trazendo, inclusive, fotos dos danos. Quanto à origem do vazamento, no
documento consta que “o referido vazamento seria proveniente do terraço ecológico da
edificação, uma extensa área aberta em formato de U que fica no andar superior”, e que
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“outra hipótese também levantada é da existência de aberturas na parede da fachada do


prédio”. Foram ainda juntados o recibo do pagamento dos honorários à designer de interiores
(fl. 32) e as notas fiscais dos materiais adquiridos para o conserto e mão de obra (fls. 36/40).

Consta, ainda, no mesmo relatório, a menção ao fato de que, após chuvas no


mês de julho de 2020, a proprietária constatou que sua sala estava novamente molhada ao
chegar no local (menção à segunda ocorrência). Além disso, a autora igualmente juntou fotos
dos danos advindos da segunda infiltração (fls. 87/98) e proposta de reforma e laudo da sala
no valor de R$4.800,00 às fls. 85/86, não tendo ainda reparado os danos decorrentes do
segundo evento.

O recorrente, a seu turno, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe é


imposto pelo art. 373, II, do CPC, tendo se limitado a refutar genericamente as alegações da
autora, sem, todavia, produzir provas fortes o suficiente para derrubá-las. Nesse sentido, a
sentença merece ser mantida.

Ante o exposto, VOTO por NEGAR PROVIMENTO ao recurso.


Condeno o réu, vencido, ao pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios ao patrono da parte adversa, estes fixados em 15% sobre o valor da
condenação, nos termos do artigo 55 da Lei 9.099/95.

DR. GIULIANO VIERO GIULIATO - De acordo com o(a) Relator(a).


DR. CLEBER AUGUSTO TONIAL - De acordo com o(a) Relator(a).

DR. LUIS FRANCISCO FRANCO - Presidente - Recurso Inominado nº 71010452142,


Comarca de Porto Alegre: "NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: 2.JUIZADO ESPECIAL CIVEL(PREDIO 1) PORTO ALEGRE -


Comarca de Porto Alegre

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