Dissertacao Gesssica Ferreira Carvalho Pessoa Ok

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - PROP
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS – PROFLETRAS

GÉSSICA FERREIRA CARVALHO PESSOA

O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS PREPOSIÇÕES NO 7° ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL: REFLEXÕES SEMÂNTICAS SOBRE O EMPREGO DAS
PREPOSIÇÕES

TERESINA
2020
GÉSSICA FERREIRA CARVALHO PESSOA

O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS PREPOSIÇÕES NO 7° ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL: REFLEXÕES SEMÂNTICAS SOBRE O EMPREGO DAS
PREPOSIÇÕES

Dissertação apresentada ao Mestrado


Profissional em Letras da Universidade
Estadual do Piauí – UESPI, como requisito
para a obtenção do título de Mestre em
Letras. Área de concentração: Teorias da
Linguagem e Ensino.

Orientadora: Prof. Dra Nize Paraguassu


Martins.

TERESINA
2020
GÉSSICA FERREIRA CARVALHO PESSOA

O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS PREPOSIÇÕES NO 7° ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL: REFLEXÕES SEMÂNTICAS SOBRE O EMPREGO DAS
PREPOSIÇÕES

Dissertação apresentada ao Mestrado


Profissional em Letras da Universidade
Estadual do Piauí – UESPI, como requisito
para a obtenção do título de Mestre em
Letras. Área de concentração: Teorias da
Linguagem e Ensino.

Orientadora: Prof. Dra Nize Paraguassu


Martins.

Aprovado em: 24 / 08 / 2020


Horário: 14 horas.

BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Nize Paraguassu Martins (Orientadora)
Universidade Estadual do Piauí – UESPI

_________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Lidiany Pereira dos Santos (1ª examinadora)
Universidade Federal do Piauí- UFPI

___________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Ailma do Nascimento Silva (2ª examinadora)
Universidade Estadual do Piauí- UESPI
AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me dado saúde e forças para superar as dificuldades e uma
nova oportunidade de viver e continuar este trabalho;
À Secretaria Municipal de Altos-PI, pelo apoio e liberações concedidas;
À UESPI, pela iniciativa de aderir aos Mestrado Profissional em Letras-
Profletras, em rede;
À minha orientadora, Profª Dra. Nize Paraguassu Martins, pela oportunidade
de aprendizado, paciência e comprometimento durante todo o período de orientação.
À Professora Dra. Stela Viana, pela condução da Coordenação do curso e pelo
apoio dado aos mestrandos;
Às professoras: Dra. Ailma do Nascimento Silva e Dra. Iveuta de Abreu Lopes,
pelas contribuições durante a qualificação da pesquisa;
Aos meus alunos, por aceitarem participar da pesquisa e aos pais pelo
consentimento dado;
Ao corpo gestor da escola pesquisada, pela autorização dada à realização da
pesquisa e pelo apoio recebido;
Aos amigos do curso, pelo companheirismo nas horas de estudo;
À minha família, pela compreensão e apoio nos momentos de construção
desse trabalho em especial à minha mãe Benedita Braz que sempre me incentivou a
estudar, ao meu esposo Leonel Pessoa por dividir as angustias, alegrias e por me
incentivar sempre. À minha irmã Claudia Geórgia por estar sempre torcendo por mim
e meu filho Théo Pessoa que é a razão do meu viver por saber dividir as minhas horas
livres e me dar forças para continuar.
Aos meus amigos que sempre acreditaram nos meus esforços e sempre me
apoiaram nos meus cominhos acadêmicos.
RESUMO
Desenvolvemos este estudo na linha de pesquisa “Teorias da Linguagem e Ensino”
do Mestrado Profissional em Letras-Profletras. Tem como tema o ensino-
aprendizagem das preposições no 7° ano do Ensino Fundamental, mais
especificamente as reflexões semânticas sobre o emprego das preposições. De
maneira geral, objetivamos investigar estratégias de ensino do emprego das
preposições para alunos do 7º ano, por meio não só de atividades metalinguísticas,
mas também de atividades linguísticas e epilinguísticas com foco no nível semântico
de análise. De maneira específica, buscamos: analisar o nível de compreensão dos
alunos acerca do emprego das preposições; caracterizar a abordagem das
preposições no livro didático; caracterizar as descrições das preposições em seus
aspectos morfossintáticos e semânticos; e elaborar uma proposta de intervenção que
amplie as possibilidades de uso das preposições nos alunos com o auxílio da análise
linguística. Para alcançar os objetivos, desenvolvemos uma pesquisa descritiva, de
campo e de cunho qualitativo em uma escola pública municipal de Altos – PI. Nessa
escola, analisamos o livro didático de Língua Portuguesa adotado para o 7º ano e, por
meio de atividade diagnóstica, a compreensão dos alunos acerca do uso das
preposições. Como instrumento de coleta de dados, aplicamos uma atividade
diagnóstica com 30 alunos, de 12 a 14 anos, de ambos os sexos. Para fundamentar
este trabalho utilizamos principalmente: Berg (2005), Franchi (2006), Cançado (2008),
Almeida (2009), Travaglia (2009), Gomes & Mendes (2018), Borges Neto (2013),
Bezerra e Reinaldo (2013), Quarezemin (2016; 2017), Cunha & Cintra (2017), Ilari e
Basso (2017), dentre outros, além de materiais de orientação oficiais, como os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) e a Base Nacional Comum Curricular–
BNCC (2017). Trata-se de um estudo relevante porque contribui para o
aprimoramento da prática dos professores de língua portuguesa e,
consequentemente, para a ampliação da compreensão dos alunos acerca do emprego
das preposições na Língua Portuguesa.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino-aprendizagem. Análise linguística. Semântica.


Preposições.
ABSTRACT
We developed this study in the research line “Theories of Language and Teaching” of
the Professional Master in Letters-Profletras. We have as theme the teaching and
learning of prepositions in the 7th grade of Elementary School, more specifically the
semantic reflections on the use of prepositions. In general, we aim to investigate
strategies for teaching the use of prepositions for 7th grade students, through not only
metalinguistic activities, but also linguistic and epilinguistic activities focusing on the
semantic level of analysis. Specifically, we seek to: analyze the level of students'
understanding of the use of prepositions; characterize the approach to prepositions in
the textbook; characterize the descriptions of prepositions in their morphosyntactic and
semantic aspects; and elaborate an intervention proposal that expands the possibilities
of using prepositions in students. To achieve the objectives, we developed a
descriptive research, of qualitative field in a municipal public school in Altos - PI. At this
school, we analyzed the Portuguese Language textbook adopted in the 7th grade and,
through diagnostic activity, students' understanding of the use of prepositions. As a
data collection instrument, we applied a diagnostic activity with 30 students, from 12
to 14 years old, of both sexes. To support this work we used mainly: Berg (2005),
Franchi (2006), Cançado (2008), Almeida (2009), Travaglia (2009), Gomes & Mendes
(2018), Borges Neto (2013), Bezerra and Reinaldo (2013), Quarezemin (2016; 2017),
Cunha & Cintra (2017), Ilari and Basso (2017), among others, in addition to official
guidance materials, such as the National Curriculum Parameters (PCNs) (1998) and
the National Common Curricular Base -BNCC (2017). This is a relevant study because
it contributes to the improvement of the practice of Portuguese-speaking teachers and,
consequently, the expansion of students' understanding of the use of prepositions in
the Portuguese Language.

KEYWORDS: Teaching and learning. Linguistic analysis. Semantics. Prepositions.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS USADAS NESTE TRABALHO

CEP Comitê de Ética em Pesquisa


BNCC Base Nacional Comum Curricular
MEC Ministério de Educação e Cultura
LP Língua Portuguesa
AL Análise Linguística
PB Português Brasileiro
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PNLD Programa Nacional do Livro Didático
LISTA DE QUADROS

QUADRO 01: Evolução de pensamento a respeito do ensino de LP..........................27


QUADRO 02: Habilidades gerais da BNCC para o ensino de LP..............................33
QUADRO 03: Habilidades que podem ser trabalhadas as preposições.....................34
QUADRO 04: Uso das preposições............................................... ............................61
QUADRO 05: Diferentes enfoques para o estudo das preposições ..........................65
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
2 ENSINO DE GRAMÁTICA NA ESCOLA ........................................................... ...12
2.1 Concepções básicas de gramática ................................................................... ..12
2.2 A gramática no ensino de LP .......................................................................... .. 20
2.2.1 Documentos oficiais e o ensino de Língua Portuguesa....................................23
2.2.2 As práticas de AL e o ensino de gramática.......................................................38
2.2.3 A gramática como disciplina científica...............................................................43
3 O ESTUDO DAS PREPOSIÇÕES ...................................................................... ..53
3.1 As preposições na gramática normativa ............................................................. 53
3.2 As preposições segundo a descrição semântica do PB .................................. ..59
4 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................ 74
4.1 Caracterização da Pesquisa............................................................................... 74
4.2 Campo e participantes da pesquisa ................................................................... 75
4.3 Instrumentos de Coleta de Dados ...................................................................... 77
4.3.1 O livro didático...................................................................................................77
4.3.2 Atividade Diagnóstica elaborada pela autora....................................................78
4.3.2.1 Aplicação da atividade diagnóstica .................................................................79
4.4 Análise e discussão dos dados ...................................................................... 81
4.4.1 Análise do livro didático .....................................................................................81
4.4.2 Análise da atividade diagnóstica .......................................................................90
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ......................................................................... 97
5.1 Pressupostos Teóricos ....................................................................................... 97
5.2 1ª Trilha.............................................................................................................. 99
5.3 2ª Trilha............................................................................................................ 104
5.4 3ª Trilha............................................................................................................ 109
5.5 4 ª Trilha........................................................................................................... 115
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 118
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 121
ANEXOS ................................................................................................................ 124
APÊNDICES.............................................................................................................139
8

1 INTRODUÇÃO

Desenvolvemos este estudo na linha de pesquisa “Teorias da Linguagem e


Ensino” do Mestrado Profissional em Letras – Profletras. A pesquisa tem como tema
o ensino das preposições no 7° ano do Ensino Fundamental, mais especificamente as
reflexões à luz da semântica formal sobre o emprego das preposições.
O ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa tem sido alvo de muitas
discussões na atualidade devido aos baixos índices de desempenhos dos educandos
frente às avaliações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (doravante SAEB)
promovidas pelo governo por meio do Ministério da Educação (doravante MEC).
Essas avaliações têm o objetivo de fornecer informações de proficiência a partir de
exames padronizados realizados pelos alunos do 5° e 9° ano do Ensino Fundamental
e 3° ano do Ensino Médio. Além disso, divulgam o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica-IDEB, que corresponde a um indicador de qualidade da educação
nacional
Especificamente no que tange ao ensino de gramática, o que percebemos é
possível de ser encontrado em salas de aula metodologias que valorizam um ensino
meramente prescritivo com metodologias que apreciam apenas o ensino de
metalinguagem sem se importar com a reflexão sobre o funcionamento da língua.
Quando se trata das preposições, a realidade não é diferente. O foco é na
maioria das vezes no ensino de nomenclaturas e conceitos, criando condições apenas
para que o aluno decore o conteúdo.
Dessa forma, surgem muitos questionamentos acerca de como os aspectos
gramaticais de Língua Portuguesa (doravante LP) têm sido trabalhados na escola, o
principal deles é: que metodologia ou metodologias o professor deve adotar para
promover o ensino-aprendizagem desse conteúdo? Dessa forma, cabe nos
questionarmos também como o ensino das preposições está sendo trabalhado com
os educandos, que aspectos são elencados? Morfológicos? Sintáticos? Semânticos?
A hipótese que defendemos é a de que o professor deve implementar sua
prática com metodologias que vão além das fundamentadas apenas pelas gramáticas
normativas e orientadas pelos livros didáticos que se limitam a trabalhar os aspectos
metalinguísticos desse conteúdo, principalmente, os do nível morfossintático de
análise.
9

Objetivando discutir as possíveis consequências dessas constatações no


ensino-aprendizagem das preposições na escola, essa dissertação pretende levantar
questões em relação ao tratamento das preposições tanto do ponto de vista do
professor como do aluno e consequentemente, sugerir uma proposta de intervenção
que seja mais significativa para os alunos.
Para tanto, desenvolvemos a pesquisa em uma escola pública do município
de Altos-PI, em que analisamos o tratamento da preposição do ponto de vista do
professor, por meio da análise do livro didático adotado pela escola e a compreensão
dos alunos acerca do conteúdo, por meio da análise de uma atividade diagnóstica.
Desse modo, o objetivo geral desta pesquisa é investigar estratégias de
ensino do emprego das preposições para alunos do 7º ano, por meio não só de
atividades metalinguísticas, mas também de atividades linguísticas e epilinguísticas,
com foco no nível semântico de análise. Mais especificamente, objetivamos: analisar
o nível de compreensão dos alunos acerca do emprego das preposições; caracterizar
a abordagem das preposições no livro didático; caracterizar as descrições das
preposições em seus aspectos morfossintáticos e semânticos e elaborar uma
proposta de intervenção que amplie as possibilidades de uso das preposições pelos
alunos com o auxílio da análise linguística.
Para alcançar os objetivos, optamos por desenvolver uma pesquisa descritiva,
que adota como procedimento a pesquisa de campo e de cunho qualitativo. A
pesquisa foi desenvolvida em uma escola pública municipal de Altos-PI, numa turma
de 7° ano do Ensino Fundamental. Utilizamos como instrumento de coleta de dados
uma atividade retirada do livro didático utilizado na turma pesquisada, para avaliar a
abordagem que ele apresenta sobre o emprego das preposições, e uma atividade
diagnóstica elaborada para avaliar o desempenho linguístico dos alunos acerca do
emprego das preposições. Como se trata de uma pesquisa que envolveu seres
humanos, este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Estadual do Piauí, e aprovada segundo o parecer de nº 3841530 e
CAAE: 1738871900005209 (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética –
CAAE).
Para fundamentar este trabalho utilizamos, principalmente: Berg (2005),
Franchi (2006), Cançado (2008), Almeida (2009), Travaglia (2009), Gomes & Mendes
(2018), Borges Neto (2013), Bezerra e Reinaldo (2013), Quarezemin (2016; 2017),
10

Cunha & Cintra (2017), Ilari e Basso (2017), dentre outros, além de materiais de
orientação oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais– PCN (1998) e a Base
Nacional Comum Curricular – BNCC (2017)
Este trabalho é importante porque contribui para melhorar a prática do
professor de LP e, consequentemente, para ampliar a compreensão dos alunos
acerca do emprego das preposições. Além disso, proporciona para comunidade
acadêmica um estudo aprofundado acerca do ensino das preposições da LP.
Além da introdução, essa dissertação segue com a seguinte organização: o
segundo capítulo aborda o referencial teórico que dá suporte para discutir o ensino de
LP, e segue organizado em três seções – na primeira seção caracterizamos as
concepções básicas de gramática que norteiam o ensino de LP; na segunda seção
traçamos um panorama da prática do ensino de LP, em especial, de gramática até as
orientações atuais; na terceira seção focalizamos os avanços que os estudos sobre
o tema alcançaram, refletindo sobre as novas metodologias utilizadas em sala de aula.
No terceiro capítulo, discutimos como as preposições são tratadas pelas
gramáticas que seguem a linha da tradição gramatical e pelos trabalhos de descrição
semântica do Português Brasileiro (doravante PB), com a finalidade de construir
explicações mais significativas acerca do funcionamento das preposições através de
duas seções. Na primeira seção são apresentadas as visões conceituais através da
ótica da prescrição gramatical e na segunda seção apresentamos as reflexões
propostas acerca das preposições de acordo com as descrições semânticas do PB.
No quarto capítulo, apresentamos a descrição dos fundamentos
metodológicos que orientaram a pesquisa, caracterizando os procedimentos
adotados, os instrumentos de coletas de dados, o campo e os participantes, também
apresentamos a análise e discussão dos dados, a partir dos quais será realizada a
proposta de intervenção.
No quinto capítulo, levantamos as possibilidades da inserção das
constatações apresentadas no decorrer do trabalho no contexto de ensino-
aprendizagem da LP, por meio da apresentação de uma proposta de intervenção que
sugere um tratamento didático para o ensino das preposições no PB para alunos do
7° ano Ensino Fundamental.
11

Nas considerações finais, apontamos as conclusões alcançadas e as


expectativas geradas acerca do ensino das preposições, bem como reflexões para
futuros trabalhos.
As considerações finais apresentam as análises obtidas através das bases
teóricas e os dados apresentados na pesquisa. Apontamos também as expectativas
a respeito dos resultados da pesquisa e algumas aberturas para futuros
encaminhamentos. Finalmente, seguem as referências, apêndices e anexos.
12

2 ENSINO DE GRAMÁTICA NA ESCOLA

Neste capítulo discutimos sobre o ensino de gramática na escola. De forma


mais específica, caracterizamos as concepções básicas de gramática, apresentamos
um panorama sobre a evolução das práticas de ensino de gramática até a atualidade.
O objetivo é, sobretudo, focalizar os avanços que os estudos sobre o tema alcançaram,
refletindo sobre as novas metodologias utilizadas em sala de aula.
Assim, o capítulo segue estruturado da seguinte maneira: na seção 2.1,
discutimos inicialmente as concepções básicas de gramática que dão norte ao ensino
de gramática; na seção 2.2, apresentamos um panorama do ensino de LP bem como
o ensino de gramática até os entendimentos atuais, corroborando com as orientações
oficiais para o ensino nacional de LP, além de refletirmos sobre os estudos que
apontam novas metodologias para o ensino de gramática na escola.

2.1 Concepções básicas de gramática

Nesta seção discutimos sobre as concepções de gramáticas que orientam ao


ensino de LP com objetivo de demonstrar a necessidade de conhecimento pelo
professor de cada uma delas na intenção de proporcionar metodologias significativas.
Ao se falar em gramática, percebemos que o conceito, na maioria das vezes,
gira em torno de compará-la a um livro com um conjunto de regras formais ou a uma
lista com classificação de termos que se restringem a um modelo ideal e que não
admite desvios, porém isso é senso comum.
Segundo Antunes (2007, p. 25-26),

normalmente, quando as pessoas falam em gramática, desconhecem que


podem estar falando não de uma coisa, mas de coisas bem diferentes. Essa
falsa impressão é também decorrente daquela já referida que os fatos
linguísticos têm sofrido.
Na verdade, quando se fala em gramática, pode-se estar falando:
1. das regras que definem o funcionamento de determinada língua, como
em: “a gramática do português”; nessa acepção, a gramática corresponde ao
saber indutivo que todo falante tem de sua própria língua, a qual tem sido
chamada de “gramática internalizada”;
2. das regras que definem o funcionamento de determinadas normas,
como em: “a gramática da norma culta”, por exemplo;
13

3. de uma perspectiva de estudo, como em: “a gramática gerativa”, “a


gramática estruturalista”, “a gramatica funcionalista”; ou de uma tendência
histórica de abordagem, como em: “a gramática tradicional”, por exemplo;
4. de uma disciplina escolar, como em: “aulas de gramática”;
5. de um livro, como em: “a Gramática de Celso Cunha”.

Conforme o exposto, o autor nos faz refletir acerca do conceito de gramática


trazendo à tona que este não se restringe apenas a um viés. Dessa forma,
percebemos que ao se falar em gramática podemos ampliar a percepção desse
conceito pois, as possibilidades extrapolam a visão de ser apenas uma disciplina ou
um livro, e que essa reflexão é de suma importância para o professor na medida que
permite expandir suas perspectivas metodológicas a respeito deste conceito
indispensável para sua prática.
Nesse contexto, Avelar (2017, p.16, grifos do autor) propõe um diagnóstico a
respeito do que seja gramática e ele sugere:

perguntar a diferentes pessoas o que elas entendem por gramática. A maioria


provavelmente, circunscrita à ideia de que gramática é nome dado aos livros
que reúnem os preceitos para o bom uso do idioma ou, talvez, que o termo
gramática serve para denominar a disciplina que nos ensina a empregar
corretamente as regras da língua. Esse senso comum a respeito da gramática
é fruto de uma visão que reduz o saber linguístico a um conjunto de regras de
etiqueta ou a uma lista de classes e funções que servem, muitas vezes, para
formatar a língua em um modelo fechado a qualquer tipo de inovação .

Nessa perspectiva, observamos que para muitas pessoas, o conceito de


gramática gira em torno de um sentido restrito, especialmente quando se é pensado
sobre a importância que se costuma a dedicar à disciplina escolar. Dessa forma,
percebemos que diante desse contexto ainda há boa parte dos professores que
tendem a se direcionar a esses conceitos reduzidos e se baseiam em suas práticas
metodológicas a direcionamentos que enaltecem as regras da língua e pouco
permitem a reflexão dos conceitos teóricos, não otimizando a aprendizagem dos
educandos para as necessidades reais de conhecimento e o uso dos saberes da
língua.
Segundo Travaglia (2009), ao se trabalhar com o ensino de língua materna e,
especificamente, com o ensino de gramática, faz-se necessário compreender que não
há apenas uma concepção de gramática, mas várias e o direcionamento dado a cada
uma dessas concepções resulta em atividades bastantes diferenciadas, pois atendem
14

a objetivos diversos. Assim, podemos destacar que, compreender que há diversas


concepções de gramática, possibilita ao professor de língua materna ampliar seu
horizonte de perspectivas da língua.
Dessa maneira, podemos observar que os estudos linguísticos
contemporâneos demonstram que o conceito de gramática extrapola os sentidos com
que vemos essa palavra empregada no dia a dia, não se restringe a apenas uma
disciplina escolar ou a um livro, vai além dessas conceituações comumente
difundidas. Na intenção de ampliar essa visão, apresentamos nessa seção as três
concepções básicas de gramática que direcionam os estudos de língua, são elas:
concepções da gramática normativa, descritiva e internalizada, como também
apresentamos o que é saber gramática de acordo com cada um desses conceitos.
Para que se ensine gramática se faz necessário saber o que é gramática. Os
estudiosos desses aspectos da língua apresentam definições diversificadas. Em
consenso, para elemento de argumentação, propomos a aceitar que a gramática é um
conjunto de regras, muito embora tal expressão possa ter diversos entendimentos.
Para tanto, nessa perspectiva, esta expressão pode ser compreendida como: conjunto
de regras que devem ser seguidas, conjunto de regras que são seguidas, conjunto de
regras que o falante da língua domina (POSSENTI, 1996).
Apresentaremos a seguir três concepções básicas de gramática. As duas
primeiras fazem referência ao conjunto de regras no qual os membros de uma
comunidade se comportam tanto nos seus aspectos orais como escritos. Assim, tais
regras se referem aos arranjos das expressões utilizadas por eles, e que
correspondem respectivamente às gramáticas normativas e descritivas. A terceira
concepção corresponde à gramática internalizada, esta, por sua vez, faz referência às
hipóteses sobre aspectos da realidade mental dos falantes (POSSENTI, 1996).
Na primeira concepção temos a gramática normativa que, segundo Travaglia
(2009, p. 30):

é aquela que estuda apenas os fatos da língua padrão, da norma culta de


uma língua, norma essa que se tornou oficial. Baseia-se, em geral, mais nos
fatos da língua escrita e dá pouca importância à variedade oral da norma
culta, que é vista, conscientemente ou não, como idêntica à escrita. Ao lado
da descrição da norma ou variedade culta da língua (análise de estruturas,
uma classificação de formas morfológicas e lexicais), a gramática normativa
apresenta e dita normas de bem falar e escrever, normas para a correta
utilização oral e escrita do idioma, prescreve o que se deve e o que não se
deve usar na língua.
15

De acordo com a conceituação do autor, observamos que este tipo de


gramática se refere a um sistema de normas a serem seguidas diante do interesse
em falar e escrever bem. Essa abordagem se manifesta no estabelecimento de regras
e prescrição de normas, priorizando mais a escrita do que a variedade oral. Essa
concepção é fácil de ser encontrada nas salas de aula e para diversos fins didáticos.
A gramática normativa ou prescritiva é mais conhecida pelos professores da
Educação Básica porque é adotada nas gramáticas pedagógicas e livros didáticos.
Sua intenção principal é fazer com que seus leitores sejam capazes de ler e escrever
de forma correta. Esses estudos, que se focam na gramática normativa apontam um
conjunto de regras, que sendo dominadas possibilitarão como decorrência o emprego
da língua padrão, tanto oral quanto escrita (POSSENTI, 1996).
Ainda na compreensão normativa, para se saber gramática, o falante tem que
conhecer e dominar as normas para bem falar e escrever mediante a detalhes
padronizados que guiam o bem falar e escrever (FRANCHI, 2006).
A segunda concepção de gramática intitula-se de gramática descritiva, esta,
por sua vez, tem a incumbência de descrever a forma e o funcionamento da língua.
Conforme Travaglia (2009), para essa concepção de gramática há considerações das
variações linguísticas, partindo de enunciados reais produzidos por seus falantes, em
que se descrevem fatos associando às expressões a uma estrutura, tendo por base
análises linguísticas que permitirão o uso das regras em determinadas circunstâncias,
superando os conceitos que definem do que é certo e errado em nosso sistema
linguístico.
A gramática descritiva norteia os linguistas que se preocupam em descrever
ou explicar como as línguas são faladas, apontando de forma mais explícita as regras
que são, de fato, utilizadas pelos falantes, por isso, a expressão “regras que são
seguidas” (POSSENTI, 1996).
Franchi (2006, p. 22) colabora ao especificar o saber gramática para essa
segunda concepção ao afirmar que:

gramática é um sistema de noções mediante as quais se descrevem os fatos


de uma língua, permitindo associar a cada expressão dessa língua uma
descrição estrutural e estabelecer suas regras de uso, de modo a separar o
que é gramatical do que não é gramatical.
“Saber gramática” significa, no caso, ser capaz de distinguir, nas expressões
de uma língua, as categorias, as funções e as relações que entram em sua
16

construção, descrevendo com elas sua estrutura interna e avaliando sua


gramaticalidade

Nesta definição, o saber gramática corresponde a desenvolver a capacidade


de realizar distinções de categorias, funções que fazem parte da construção de uma
língua, como também apresentar sua estrutura interna avaliando sua gramaticalidade.
Esta gramática, diferente da normativa, não mantém os mesmos procedimentos
metodológicos e, ao chegar na escola, é inserida normalmente, dessa forma se
transformando em um instrumento que descreve a gramática normativa (FRANCHI,
2006).
Nesse sentido, a diferença entre a gramática normativa (regras para serem
seguidas) e a gramática descritiva (regras que são seguidas) se encontra na questão
de que a primeira se preocupa em ditar regras que devem ser seguidas
independentemente da utilização dos seus falantes, enquanto a segunda realiza
procedimentos para descrever essas regras.
A concepção terceira de gramática é a internalizada. Conforme Travaglia
(2009), essa concepção se dá por meio do conjunto de regras que são incorporadas
e dominadas por quem faz o uso da língua. Percebemos que para essa concepção a
gramática se direciona ao saber usual do falante, das concepções vivenciadas no
cotidiano.
Neste contexto, encontramos em Avelar (2017, p. 16, grifos do autor) uma
afirmação que nos remete a importância de se ter conhecimento dessa concepção e
essa ser valorizada também em sala de aula, quando afirma que:

a chamada gramática internalizada – que leva em conta o saber linguístico


adquirido de forma natural pelos falantes da língua. Isso implica desenvolver
uma postura crítica frente ao artificialismo que costuma marcar a exposição
de regras linguísticas nos manuais de gramática .

O autor enfatiza que o falante possui o seu saber linguístico que ocorre de
maneira natural, se fazendo necessário um pensar mais crítico diante da imposição
dos manuais de gramática, que realçam prioritariamente a gramática normativa.
Podemos entender também que, a valorização de apenas uma concepção de
gramática, em especial a gramática normativa, frente ao ensino, pode promover um
preconceito linguístico e menosprezar os saberes advindos dos estudantes do seu
meio social.
17

A gramática internalizada é determinada como conjunto de regras nas quais


o falante domina e é alcançada desde quando ele aprende a falar, tendo por base o
ambiente em que vive, ela correspondendo a um tipo de conhecimento lexical e
sintático-semântico que permite a fala e entendimento de sua própria língua
(POSSENTI, 1996).
Franchi (2006, p. 25), colabora ao conceituar a gramática internalizada,
afirmando que nessa concepção:

gramática corresponde ao saber linguístico que o falante de uma língua


desenvolve dentro de certos limites impostos pela sua própria dotação
genética humana, em condições apropriadas de natureza social e
antropológica

“Saber gramática” não depende, pois, em princípios, da escolarização, ou de


quaisquer processos de aprendizado sistemáticos, mas da ativação e
amadurecimento progressivo (ou da construção progressiva), na própria
atividade linguística, de hipóteses sobre o que seja a linguagem e de seus
princípios e regras.

Nessa perspectiva, quanto a essa definição, para saber gramática não se faz
necessário ser escolarizado e nem de estudos aperfeiçoados, contudo, que seja
acionado o amadurecimento contínuo, com enfoque em atividades linguísticas e
hipotéticas, contemplando a linguagem e seus princípios e regras (FRANCHI, 2006).
Diante das concepções apresentadas percebemos distinções de enfoque no
que tange o conceito de gramática, dentre as quais são defendidas por linguistas na
intenção de proporcionar um melhor entendimento da língua materna.
Dessa forma, percebemos que cada concepção apresenta um pensamento
singular do sistema da língua, cada uma delas tem uma visão específica de um
“ângulo” da língua, ou seja, se diferenciam por enfatizar diferentes visões para com a
língua, sejam elas obtidas no dia-a-dia, sejam elas aprendidas na escola, etc.
Em caráter mais didático e para complementar as concepções de gramática,
encontramos em Travaglia (2009) reflexões a respeito dos tipos de gramática, esses
tipos se desdobram das três concepções básicas apresentadas e estão divididos
assim: gramáticas implícita, gramática explícita ou teórica e a gramática reflexiva,
estas por sua vez se ligam à explicitação da estrutura e do mecanismo de
funcionamento da língua.
O primeiro tipo, respectivamente, corresponde às competências que permitem
a utilização automática da língua, mesmo ela estando em sua “mente” o falante não
18

tem essa consciência, fazendo com que ele a utilize para os diversos fins das
atividades comunicativas. O segundo tipo, por sua vez, encontra-se representado nos
estudos linguísticos que se utilizam de uma atividade metalinguística a respeito da
língua e englobam as gramáticas normativas e descritivas. O terceiro tipo corresponde
às atividades de observação e reflexão a respeito da língua e se constituem no
funcionamento desta, partindo de evidências linguísticas para justificá-las
(TRAVAGLIA, 2009).
Diante dessa apresentação dos três tipos de gramática o autor contribui ao
explicitar uma forma produtiva de utilização desse conhecimento, quando diz que:

esses três tipos de gramática (explícita ou teórica, reflexiva e implícita)


representam uma distinção muito produtiva na questão do ensino de
gramática, (...) e podem também ser diretamente relacionadas à distinção
entre atividades linguísticas, atividades epiliguísticas e atividades
metalinguística (TRAVAGLIA, 2009, p. 33, grifos do autor).

Assim, depreendemos que um ensino produtivo da língua é aquele que não


se prende apenas a uma única constatação, mas sim aquele que colabora com
situações que levem o educando a se apropriar do conhecimento concreto através de
bases sólidas de entendimentos, envolvendo a língua em seus diferentes aspectos e
que seja proporcionada diversas atividades direcionais de produção educativa.
Os tipos de gramáticas apresentadas pelo autor envolvem as três concepções
de gramática e de forma mais didática explicita o que o professor de LP pode fazer
para pôr em prática esse conhecimento em sala de aula.
Nessa perspectiva, considerando que cada concepção de gramática aprecia
um tipo de conhecimento distinto da língua, defendemos que é necessário que o
professor conheça as concepções apresentadas, porém o que não se pode afirmar é
que ele tenha que apresentar em sala de aula todos as concepções, mas que conduza
de maneira efetiva o seu trabalho de docente de LP, buscando o conhecimentos delas
na intenção de proporcionar um ensino mais produtivo e exitoso.
Entendemos que nos dias atuais o professor de LP deve estar munido da
maior quantidade de conhecimento da língua possível para, a partir daí, dar
possibilidades de entendimentos dos conteúdos escolares das mais variadas formas
para seus alunos, desenvolvendo assim suas habilidades linguísticas.
Assim sendo, constatamos que o professor deve conhecer as diferentes
concepções de gramática para que ele não se aproprie somente de uma concepção
19

e a eleja como a melhor, ou ainda que desconheça as outras concepções. Para que
isso ocorra, se faz necessário ampliar sua visão. Dessa forma, como o conhecimento
dos das concepções básicas de gramática, o docente irá criar situações que sejam
significativas para o aluno e, por consequência, estará promovendo um ensino de
forma mais significativa para o educando.
Franchi (2006, p. 32) nos apresenta itens necessários ao professor de LP
quando se refere ao ensino de gramática na escola, ao afirmar que:

- deve saber muito bem a gramática da modalidade culta;


- deve saber compreender a gramática de seus alunos (e todas as questões
relativas à variação linguística);
- deve dispor de um bom aparelho descritivo (pelo menos o que nos oferece
a gramática tradicional) para ser capaz de analisar expressões nessas
diferentes modalidades, compará-las, identificar seus contrastes,
eventualmente, discorrer sobre tudo isso.

Assim, corroboramos com o autor e entendemos ser relevante o


conhecimento das concepções básica de gramática pelo professor de LP, pois permite
uma boa bagagem conceitual, possibilitando suporte argumentativo para que não
apenas reproduza o que o manual didático apresenta, mas que analise e reflita a
realidade linguística dos educandos, fazendo com que sua contribuição de fato seja
significativa e permita um desenvolvimento de habilidades que possibilitem a
ampliação de saberes dos educandos.
Por conseguinte, saber identificar as concepções de gramática proporciona
ao professor seguir de maneira mais construtiva e consciente suas práticas
educativas, que possibilitarão o educando a desenvolver habilidades que serão
levadas ao longo do seu processo de ensino-aprendizagem escolar e também fora
dele.
Diante dessa discussão acreditamos para o professor de LP o conhecimento
da gramática internalizada permite valorizar e compreender o conhecimento que o
aluno traz do seu meio social, diagnosticando o seu nível linguístico e, promovendo
assim, estratégias que permitam ampliar suas experiências linguísticas; também, ao
inserir a gramática normativa, auxilia a não promover o preconceito linguístico e
menosprezar o que o aluno já sabe, mas instruí-lo na progressão das suas habilidades.
Em colaboração, por meio do conhecimento da gramática descritiva será permitido
descrever os diversos aspectos da língua, contribuindo de forma didática para
20

compreensão das regras da gramática normativa e transformando o ensino de


gramática mais ativo e significativo para o aluno, pois ele não se sentirá aquém do que
a escola ensina.
Podemos concluir que, em relação ao ensino-aprendizagem das preposições,
para se obter êxito, o professor de LP deve estar a par desses conhecimentos de
concepções de gramática para poder realizar a mediação do aluno de forma mais
satisfatória desenvolver o nível linguístico dos seus alunos.
Dentro dessa perspectiva de proporcionar ao aluno um ensino mais
significativo, apresentaremos na próxima seção um panorama de como vem sendo
desenvolvido o ensino de gramática e como essas concepções foram sendo
desenvolvidas e enfatizadas ao longo do tempo até os dias atuais.

2.2 A gramática no ensino de LP

Os estudos linguísticos nos últimos anos vêm promovendo a necessidade de


se repensar o ensino de LP, principalmente no que diz respeito às metodologias
aplicadas pelo professor em suas práticas. O que se observa é que a evolução das
práticas de ensino de gramática não acompanhou a evolução dos estudos sobre o
ensino de LP.
A valorização da língua escrita em contraponto à língua falada é realizada
desde os primórdios da antiguidade, onde se faz perceber o caráter tradicional da
língua. Dessa forma, para os gramáticos antigos, somente a língua escrita era passível
de estudo e obediência de regras mediante as descrições minuciosas, enquanto a
língua falada não possuía características que se fizessem realizar também tais
procedimentos, pois não eram passíveis de organização. Porém, tal afirmação
atualmente não se consolida, já que os estudos contemporâneos corroboram para uma
prática de ambos os tipos por assim acreditar que possuem uma lógica discursiva e
que são capazes de seguir as regras.
A valorização da linguagem literária dos grandes escritores clássicos também
é responsável por dar prioridade à língua escrita em comparação com a língua falada.
Por esse motivo, os antigos gramáticos fizeram entender que a modalidade escrita é
mais “correta” (BAGNO, 2009).
21

Até o século XIX notamos que quanto ao ensino de língua materna havia uma
relação da tradição da teoria e da análise com raízes na filosofia grega, e o ensino de
LP se mantinha voltado à tradição gramatical como mostra Vieira (2018, p. 82 citado
por GARCIA, 2011) que:

a gramática, parte do trivium das sete artes liberais, era ensinada aos meninos
de classe dominante do Império a partir dos 12 anos de idade, com a finalidade
de serem capacitados a administrar e governar as terras conquistadas. Nesse
contexto, cabia à figura do gramaticus (gramático) dedicar o máximo de seus
esforços e desenvolver nos alunos o maior desembaraço possível no falar e
no escrever, de acordo com os modelos dos textos dos autores clássicos
gregos e latinos.

Dessa forma, e conforme a tradição gramatical, a boa linguagem partia da


imitação dos grandes escritores e assim também essa linguagem era utilizada como
expressão do pensamento.
Com o início do século XX1, há uma abertura dos estudos linguísticos através
das novas teorias linguísticas, porém ainda nesse momento o ensino de LP se
mantinha voltado à tradição gramatical, na qual se buscava encontrar uma forma
homogênea e padronizada da língua, deixando afastada a heterogeneidade dialetal.
Notamos, ainda neste século, uma deficiência nos estudos descritivos da língua e a
perpetuação dos estudos normativos. Assim, cabia à escola o ensino da gramática
normativa, esta por sua vez parte preponderante do ensino de LP.
Com o início da democratização da escola em meados de 1960 e de um novo
modelo econômico, as escolas passam por novas mudanças. O acesso das camadas
menos privilegiadas chega até as escolas e, assim, um novo público surge, com novos
desafios sendo gerados. O professor que ora se preocupava com a homogeneidade
do ensino, passa então a enfrentar a heterogeneidade dialetal, mas ainda com a
valorização do ensino de LP guiado pela gramática normativa.
Com essa desenvoltura, apresentam-se pesquisas que demonstravam o
fracasso no ensino, estabelecendo-se uma crise educacional. Nesse contexto, lança-
se a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Lei nº 4.024/61, que priorizava
a flexibilidade dos currículos e a peculiaridade regional. Começa-se nesse contexto a
se pensar em um ensino que contemplasse a heterogeneidade.

1
A escolha do século XX se deu porque os estudos desse século já possuíam um caráter mais
científico.
22

Corroborando com as mudanças sociais e educacionais, a partir de 1971, com


a publicação da nova Lei de Diretrizes e Bases, a Lei nº 5.692/71 é estabelecida uma
língua nacional que tem por base um instrumento de comunicação e expressão, o
ensino de LP da 1ª a 4 série passou a se chamar ‘Comunicação e expressão’ e da 5ª
a 8ª série ‘Comunicação e expressão em Língua Portuguesa’. Diante dessa nova
perspectiva, com a língua valorizada vista como instrumento de comunicação, a
gramática normativa ficou para segundo plano. Surge-se os manuais didáticos que
privilegiam o texto, as imagens e as cores, com o seu conteúdo deixando a desejar,
no qual os alunos não eram instigados a pensar, mas identificar as repostas contidas
no texto. Nesse período a gramática normativa é deixada um pouco de lado (CLARE,
2020).
Essas mudanças no ensino trouxeram consequências e, em meados de 1980,
esse novo modelo foi posto em questionamento por causa dos fracassos obtidos frente
os rendimentos dos alunos em redação, visto que a supervalorização da comunicação,
fala e expressão foi entendida, deixando de lado os aspectos ortográficos da língua.
Diante disso, o ensino segue, contudo com mais criticidade em meio à ampliação dos
estudos apresentados por diversos linguistas e pesquisadores da língua, muitos
questionamentos acerca de ensinar ou não gramática começam a surgir. Perante as
indagações aparece nesse cenário posições metodológicas sob o enfoque linguístico,
descrito por autores que defendem a gramática reflexiva como a melhor opção para
ao ensino. Então essa nova roupagem do ensino de língua foi retomada para o ensino
de ‘Português ‘na intenção de mudança de metodologias’ (CLARE, 2020).
Com o resgate do ensino de ‘Português’ e com a ampliação dos estudos dos
linguistas, se obtém apresentações de novas percepções para se atingir com mais
eficácia o ensino de língua, por meio de estudos mais elaborados e com enfoques na
reflexão da língua, dando oportunidade para as descrições da língua.
Dessa forma, podemos perceber que o ensino, em especial o ensino de
gramática, sofreu mudanças ao longo do tempo e que essas modificações
acompanharam os anseios sociais vividos em cada época, das necessidades exigidas
para o período, moldando-se conforme as necessidades e realidades foram
aparecendo. Com isso, uma ou outra concepção de gramática foi se elevando diante
do cenário social apresentando.
23

Assim, é na década de 90 que essas mudanças se consolidam, pois o ensino


se volta à reflexão e conhecimento da língua, necessitando assim de orientações
metodológicas que pudessem de fato refletir no ensino de LP e, consequentemente,
de gramática. À vista desse panorama, são construídos os Parâmetros Curriculares
Nacionais (doravante PCN), visando orientar deforma mais direcional o ensino do país,
como veremos na seção a seguir.

2.2.1 Documentos oficiais e o ensino de Língua Portuguesa

Com os anseios advindos das mudanças sociais e a necessidade de se


redirecionar o ensino e organizar as práticas educativas, os PCN surgem tendo por
base os ideais da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Federal
9.394/96, que assevera a todos uma formação para o exercício da cidadania, com a
finalidade de fornecer meios para progredir no trabalho e nos estudos, autonomia da
escola, participação da comunidade na gestão escolar e descentralização das ações
que proporciona a elaboração de um meio para que a escola obtenha mais controle
partindo de princípios norteadores para todos.
Dessa maneira no final dos anos 90 se consolidam os PCN, que se
caracterizam por serem diretrizes elaboradas pelo Governo Federal brasileiro para a
Educação Básica do país, tendo como objetivo principal subsidiar e orientar as práticas
pedagógicas nos seus níveis de ensino na intenção de usufruir do conjunto de
conhecimentos reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. Esses
parâmetros são recomendados para a orientação do ensino tanto para as redes
públicas como para rede particular de ensino, agem como recomendação muito
embora não obrigatórios para direcionamentos educacionais. Esse documento foi
construído tendo por base a colaboração das entidades educacionais de todo o Brasil.
No que diz respeito a parte organizacional, os PCN se subdividem em dez
volumes: o primeiro volume corresponde a um documento de Introdução, que
apresenta a justificativa e fundamenta as opções feitas nas áreas e Temas
Transversais. Outros seis volumes referente às áreas de conhecimento: Língua
Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação
Física. E mais três volumes com seis documentos referentes aos Temas Transversais.
24

Neste trabalho iremos nos voltar para o volume que se refere a área do conhecimento
de LP para o ensino fundamental.
No que tange ao ensino de LP para o Ensino Fundamental os PCN se dividem
em duas partes: a primeira corresponde à apresentação da área de LP, na qual são
discutidas as questões sobre a natureza da linguagem, as nuances dos objetivos e
conteúdos, bem como a relação entre texto oral e escrito; e a segunda parte
corresponde a LP, no terceiro e quarto ciclo aparecem os objetivos e conteúdo
específicos dessa fase, organizados em prática de escuta de textos orais/textos
escritos, práticas de produção de textos orais e escritos e a prática de análise
linguística.
Assim, conforme o documento, o trabalho em LP compreende: leitura, escrita,
análise linguística (doravante AL) e deve estar a serviço da interpretação e produção
dos diferentes gêneros. Dessa forma, o ensino de LP ganha maior dimensão de
possibilidades e o ensino de gramática se torna mais um ponto do ensino de LP, porém
subordinada ao texto. Ainda de acordo com o documento curricular, o trabalho com o
texto deve ser feito da seguinte forma:

o objeto de ensino e, portanto, de aprendizagem é o conhecimento linguístico


e discursivo com o qual o sujeito opera ao participar das práticas sociais
mediadas pela linguagem organizar situações de aprendizado, nessa
perspectiva, supõe: planejar situações de interação nas quais esses
conhecimentos sejam construídos e/ou tematizados; organizar atividades que
procurem recriar na sala de aula situações enunciativas de outros espaços
que não o escolar, considerando-se sua especificidade e a inevitável
transposição didática que o conteúdo sofrerá; saber que a escola é um espaço
de interação social onde práticas sociais de linguagem acontecem e se
circunstanciam, assumindo características bastante específicas em função de
sua finalidade: o ensino (BRASIL, 1998, p. 22).

Os PCN apontam em defesa do ensino de LP baseado em leitura de textos e


não só na gramática, como visto em práticas anterior a sua chegada. Dessa forma, a
gramática não é, pois, o ponto base do ensino. Observamos que o núcleo de toda a
sua estrutura está concentrado no trabalho com os gêneros textuais, sendo assim,
quando se trata em ensino de leitura, escrita e AL se voltam para a interpretação e
produção de gêneros textuais. Os textos são supervalorizados no que tange ao ensino
de LP e em especial ao ensino de gramática, este por sua vez sendo apoiado com o
auxílio do texto.
25

E essas mudanças percebidas no documento, se deram perante os avanços


dos estudos linguísticos, conduzindo o tratamento da língua a um ensino mais
dinâmico, organizado e com reflexões mais embasadas em teorias que auxiliaram o
tratamento com os estudos de LP.
Como podemos perceber há grande influência teórica dos avanços dos
estudos linguísticos que o documento adota para orientar as práticas de sala de aula,
e que seu caráter teórico propõe ao aluno uma visão com mais propriedade da língua,
tanto na modalidade oral como na escrita, proporcionando a inserção das teorias
linguísticas às práticas cotidianas em sala de aula.
Ainda, com esses pensamentos vimos que houve algumas mudanças nos
manuais de LP como: introdução de textos, interpretações e variedades textuais,
porém quando se refere ao ensino de gramática os textos auxiliam apenas na
identificação dos conteúdos. Dessa forma, o texto acaba sendo utilizado apenas como
pretexto para se ensinar a gramática.
Uma das novidades trazida pelos PCN é a adição de textos orais no ensino de
língua, segundo o documento, a pluralidade de textos, sendo eles orais ou escritos,
literários ou não, farão com o que o educando perceba como a língua se estrutura.
No que se refere às diferentes práticas de trabalho com a linguagem, o
documento propõe que:

o domínio da expressão oral e escrita em situações de uso público da


linguagem, levando em conta a situação de produção social e material do texto
(lugar social do locutor em relação ao(s) destinatário(s); destinatário(s) e seu
lugar social; finalidade ou intenção do autor; tempo e lugar material da
produção e do suporte) e selecionar, a partir disso, os gêneros adequados
para a produção do texto, operando sobre as dimensões pragmática,
semântica e gramatical (BRASIL, 1998, p. 49)

De acordo com o documento, a prática de escuta de textos orais/ leitura de


textos escritos, o exercício de produção de textos orais e escritos e a prática de AL
formam uma aliança tríplice, segundo o qual sustentariam o ensino de LP, funcionando
como um alicerce na formação dos alunos. Os conteúdos partindo do texto,
valorizando e destacando diferenças e semelhanças, fazendo com que o aluno
questione o que vê/lê para conseguir se sentir um usuário da língua e participante do
processo de aprendizagem, dessa forma, resume em “USO → REFLEXÃO →USO”
(BRASIL,1998, p. 64).
26

Podemos perceber que para o documento a intenção do estudo de LP é além


do que se via antes dele. Notamos que a interação do uso e reflexão ampliam a visão
do ensino de gramática.
No que se refere ao ensino de gramática, esta é inserida nas práticas de AL
que segundo o documento não se trata de um novo nome para o ensino de gramática,
mas sim de uma nova forma de se perceber as peculiaridades dos fenômenos
linguísticos e relacioná-los com o texto, considerando que:

o texto como unidade de ensino, ainda que se considere a dimensão


gramatical, não é possível adotar uma caracterização preestabelecida. Os
textos submetem-se às regularidades linguísticas dos gêneros em que se
organizaram e as especificidades de suas condições de produção; isso aponta
a necessidade de priorização de alguns conteúdos e não de outros (BRASIL,
1998, p. 78-79)

Observamos que o documento orienta para um repensar nas aulas de


gramática e nas metodologias a serem aplicadas, sob um olhar mais sistemático.
Diante do panorama histórico da evolução do ensino de LP, notamos que para a
organização do ensino foi de extrema importância, pois o professor munido desse
documento e das orientações teóricas poderia manter-se atualizado e instigado a
promover mudanças em sala de aula, pois o modo de pensar auxiliado pelos estudos
linguísticos transformaram-se.
Depreendemos que a publicação dos PCN foi um marco muito importante para
o ensino e, especificamente, para o ensino de LP, já que o olhar diante do ensino se
volta para reflexões antes não percebidas. O ensino se torna mais conciso e reflexivo,
com direcionamentos antes não vistos.
Nessa perspectiva, podemos observar que os PCN tem influências
significativas nas mudanças no ensino a partir dessa época, ampliou-se a perspectiva
quanto ao ensino de LP e quanto às possíveis práticas metodológicas diante dos
aportes teóricos implementados nos direcionamento do documento.
O quadro a seguir demonstra essa elevação de preocupações em ofertar um
ensino com mais direcionamento, apontando uma evolução dos estudos acerca do
ensino de LP, bem com os ideais promovidos a partir dos PCN.
27

QUADRO 01 – Evolução de pensamento a respeito do ensino de LP

Antes dos Com os


Pós PCN
PCN PCN
A partir da década de 1980,
com a evolução dos Estudos da
Linguistica Aplicada iniciou-se O documento oficial, apresenta
questionamentos entre a proposta que corrobora com Perspectiva interacionista
professores e estudiosos sobre as ideias de Geraldi (1984)
como vinha ocorrendo o ensino
de gramática.

Começou-se a considerar o
conhecimento prévio dos
alunos e o papel do professor Formação de leitores e
como mediador. USO-REFLEXÃO-USO escritores proficientes, críticos,
Surgimento do Termo " Análise ativos e atuantes.
Linguistica" cunhado por
Geraldi(1984).

Fonte: elaborado pela autora.

A apresentação cronológica das percepções do ensino de LP nos leva a refletir


sobre as práticas de ensino hoje propostas, estas se direcionam a metodologias que
enfatizam a metalinguagem como fator principal. Dessa forma, o que se percebe é que
houve um salto na percepção teórica acerca do ensino de língua, perceber a
importância do conhecimento prévio dos alunos, a inserção das práticas de análises
linguísticas como fonte de busca de ampliação de conhecimento, perceber que se faz
necessário o uso e a reflexão dos aspectos linguísticos, são contribuições relevantes a
busca de um ensino que se direcionam a práticas interacionistas, porém na prática o
que se revela é que mesmo diante da evolução conceitual do que se espera para o
educando nas aulas de LP, ainda não foi alcançado tais mudanças, visto que muitos
professores se mantêm “estacionados” em metodologias já ultrapassadas. O evento
pós PCN trouxe amplitudes direcionais mais embasada para auxiliar práticas mais
significativas e que merecem ser realizadas para que o ensino possa passar a
proporcionar mais eficácia frente aos anseios sociais e ampliar a proficiência dos
educando em LP.
O impacto que os PCN trouxeram ao ensino de LP foi bastante significativo, a
inserção do trabalho com AL, as especificações para o ensino de LP modificaram
28

muitos olhares em sala de aula, porém não transformou completamente os docentes


de modo que mudanças nas práticas metodológicas surtissem efeitos
consubstanciados.
Diante desses impasses educacionais, novos anseios surgem diante da
necessidade de desenvolver um ensino igualitário a todos e em cumprimento às
orientações previstas nas leis nacionais; nesse contexto surge a BNCC.
Até o final de 2017, o ensino como um todo só havia direcionamento conforme
os PCN, com a homologação e publicação da BNCC em dezembro de 2017, foi
instaurado uma nova visão para o ensino nacional, e por conseguinte um novo
direcionamento para o ensino de LP.
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 210 prevê a criação de uma
Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental, a LDB 9394/96 em seu
artigo 26 motiva-se a adoção de uma Base Nacional Comum Curricular para a
Educação Básica, como também Plano Nacional da Educação (PNE) define a BNCC
como estratégia para alcançar as metas 1, 2, 3 e 7. Tais instâncias legais promovem
o cumprimento da criação desse documento orientador.
A BNCC é um documento normativo que define o conjunto de aprendizagens
essenciais que todos os estudantes da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Médio) devem aprender ano a ano, independentemente do local onde
moram no país, de modo que serão assegurados seus direitos de aprendizagem.
Diferente dos PCN, a BNCC estabelece conteúdos essenciais para a
Educação Básica de forma obrigatória e isso vale tanto para as escolas de rede
pública como para de rede particular; tendo como objetivo diminuir a desigualdade do
ensino, fazendo com que todos os alunos tenham a mesma oportunidade de ensino e
acesso aos mesmos conteúdo do norte ao sul do Brasil.
A BNCC não é o próprio currículo, mas cada município irá definir seu currículo.
Ela traz o essencial (o que não pode faltar) a todos os currículos, podendo ser
incluídos os conhecimentos regionais de cada rede de ensino. À vista disso, não
determina como ensinar, mas o que ensinar.
Assim como os PCN a BNCC foi elaborada de forma coletiva, em que
professores e especialistas de todo território nacional tiveram a oportunidade de
contribuírem com a construção do documento.
29

A BNCC está dividida em três partes, que correspondem às três etapas da


Educação Básica. Neste trabalho daremos ênfase ao Ensino Fundamental (doravante
EF) no que tange o ensino de LP.
Na etapa do Ensino Fundamental, a BNCC se organiza em cinco áreas do
conhecimento que são: Linguagens, Matemática, Ciências da natureza, Ciências
Humanas e Ensino Religioso. As áreas do conhecimento, por sua vez, subdividem-se
em Componentes Curriculares, que preservam as especificidades dos saberes
próprios que os compõem.
Quanto a área de Linguagem, que é foco neste trabalho, encontra-se dividida
em quatro Componentes Curriculares: Língua Portuguesa, arte, Educação Física e
Língua Inglesa. O Componente curricular de LP é especificamente o foco no nosso
estudo.
Dando sequência à parte estrutural, os componentes curriculares estão
divididos em Unidades Temáticas, conforme cada ano/ciclo de aprendizagem. Cada
Unidade Temática apresenta seu conjunto de objetos do conhecimento, que se
relacionam às habilidades específicas esperadas para cada ano/ciclo. De forma
resumida, podemos dizer que as Unidades Temáticas organizam os conteúdos
(objetos do conhecimento) que serão desenvolvidas de forma satisfatória pelo
professor, levam a aquisição das habilidades e, uma vez adquiridas em conjunto,
contribuem para o desenvolvimento de competências propostas pela Base.
Conforme a BNCC, há três níveis de competências que devem se articularem
para atingir os objetivos de aprendizagem a que todos os estudantes tem direito. São
elas: as competências gerais (comum a todas as áreas de conhecimento), as
competências especificas da área conhecimento (como no caso das especificas para
a área de Linguagem) e as competências específica do componente curricular (como
no caso das específicas para a Língua Portuguesa).
Os PCN, no que se refere às práticas de linguagem da disciplina de LP, se
organizavam em três grandes blocos de conteúdo: Língua Oral, Língua Escrita e
Análise e Reflexão sobre a língua. A estrutura proposta pela BNCC se assemelha a
essa organização.
No novo documento, as habilidades estão agrupadas também em três
diferentes práticas de linguagem: oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e
multissemiótica) e análise linguística/semiótica (que envolve conhecimentos
30

linguísticos – sobre o sistema de escrita, o sistema da língua e a norma-padrão –,


textuais, discursivos e sobre os modos de organização e os elementos de outras
semioses). O que a torna diferente dos PCN é a ênfase dada à inserção da análise
semiótica, esta, por sua vez, corresponde à área referente ao estudo de textos em
múltiplas linguagens, incluindo as digitais, como é o caso dos memes, produções de
youtubers, etc.
Percebemos que o texto da BNCC dá ênfase ao acompanhamento das
orientações dos documentos oficiais já publicados nos últimos anos, mas de forma
atualizada, conforme consta nas pesquisas mais recentes divulgadas.
Depreendemos que a perspectiva apontada pelo documento consolida a
concepção de linguagem como ação social que se faz necessária para que de fato
aconteça a comunicação, elucidando seu papel diante do processo interativo na vida
humana, considerando a linguagem como uma prática social. O documento afirma
também a validação da variedade linguística.
Outra mudança que se percebe dos PCN para a BNCC é que a segunda propõe
um quadro que especifica como se relaciona as práticas de uso e de reflexão, dessa
forma traz mais avanços nas descrições de como podemos refletir sobre a língua.
Quanto à organização dos eixos, percebemos que se constitui tendo por base
a explicitação de relacionamento entre a prática, o uso e reflexão da língua. Diante
dessa percepção, o documento mostra-se proposto a possibilitar o ensino da gramática
em seu funcionamento, permitindo a compreensão das formas de uso mediante cada
situação, focando-se também nos textos. Diante disso, o documento assinala que a
proposta:

assume a centralidade do texto como unidade de trabalho e as perspectivas


enunciativo-discursivas na abordagem, de forma a sempre relacionar os textos
a seus contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades ao uso
significativo da linguagem em atividades de leitura, escuta e produção de
textos em várias mídias e semioses (BRASIL, 2017, p. 65).

Notamos que a proposta da Base destaca o ensino de gramática deve partir do


texto, este por sua vez deve estar voltado para o modo de alcance dos conteúdos a
serem trabalhados em sala de aula. Dessa maneira, entendemos que o direcionamento
é apresentado focando-se no todo, o texto sendo parte gerencial dos estudos
linguísticos. Observamos também que estudo da gramática na BNCC está voltado para
as práticas de AL.
31

O documento se dispõe como forma de organização de habilidades diferente


dos PCN, que não apresentavam essa orientação. Observamos assim que diante de
cada etapa de ensino conforme e a cada componente curricular as habilidades são
destacadas.
Diante da indicação para o ensino de gramática, diferente dos PCN a BNCC
explicita e indica os conteúdos necessários a serem trabalhados em cada ano escolar.
Além disso, a BNCC também traz a progressão dos conteúdos de uma forma sistêmica,
apresentando a evolução deles mediante ao avanço das habilidades ao longo dos anos
escolares já percorridos.
Na BNCC todas as habilidades são identificadas por um código alfanumérico
em que: as duas primeiras letras identificam a etapa de ensino (EI-Educação Infantil e
EF – Ensino Fundamental). Os dois números que vem a seguir designa o ano (Ensino
Fundamental) ou grupo por faixa etária (Educação Infantil). O segundo par de letras
indica o componente curricular (Para o Ensino Fundamental) ou o campo de
experiência (para a Educação Infantil) que essa habilidade deve ser trabalhada. E o
último par de números representa a ordem sequencial de cada habilidade.
Exemplos:
 EI03EO02 - (Educação Infantil, faixa etária de três anos, campo de
experiência: Eu, o outro e nós e sequência 02).
 EF04LP08 - (Ensino Fundamental, quarto ano, componente curricular de
língua portuguesa e sequência 08).
Nesse contexto, essa forma mais discriminada das habilidades dispostas por
cada componente curricular permite um entendimento para o professor, que irá
direcionar o seu enfoque ao componente e ao ano em que está trabalhando.
A gramática se apresenta na BNCC dentro do eixo de análise linguística/
semiótica, em que:

envolve os procedimentos e estratégias (meta)cognitivas de análise e


avaliação consciente, durante os processos de leitura e de produção de textos
(orais, escritos e multissemióticos), das materialidades dos textos,
responsáveis por seus efeitos de sentido, seja no que se refere às formas
de composição dos textos, determinadas pelos gêneros (orais, escritos
e multissemióticos) e pela situação de produção, seja no que se refere aos
estilos adotados nos textos, com forte impacto nos efeitos de sentido
(BRASIL,2017, p. 78, grifos nosso).
32

Observamos assim o envolvimento condensado dos aspectos linguísticos


dentro do texto, desfazendo a intenção dos estudos linguísticos separadamente. Dessa
forma, os conteúdos da área da gramática são apresentados e concomitantemente
construídos sob a ótica da reflexão e com ênfase na construção de conceitos e regras.
Assim, as práticas de linguagem segundo a BNCC seguem em sua maioria o
formato de documentos já publicados:

oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise


linguística/semiótica (que envolve conhecimentos linguísticos – sobre o
sistema de escrita, o sistema da língua e a norma-padrão –, textuais,
discursivos e sobre os modos de organização e os elementos de outras
semioses (BRASIL, 2017, p. 71).

Com formato organizacional, encontramos na BNCC a inserção dessas


práticas em campos de atuação, estes campos de atuação estão presentes apenas no
componente curricular de LP. E segundo o documento apresentam-se assim:

assim, na BNCC, a organização das práticas de linguagem (leitura de textos,


produção de textos, oralidade e análise linguística/semiótica) por campos de
atuação aponta para a importância da contextualização do conhecimento
escolar, para a ideia de que essas práticas derivam de situações da vida social
e, ao mesmo tempo, precisam ser situadas em contextos significativos para
os estudantes.
São cinco os campos de atuação considerados: Campo da vida cotidiana
(somente anos iniciais), Campo artístico-literário, Campo das práticas de
estudo e pesquisa, Campo jornalístico-midiático e Campo de atuação na vida
pública, sendo que esses dois últimos aparecem fundidos nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, com a denominação Campo da vida pública (BRASIL,
2017, p. 84, grifos nossos).

Os campos de atuação situam as práticas de linguagem nos ambientes em que


mais circulam/situam, e direcionam seus entendimentos. A escolha dos campos se
justifica para contemplar as dimensões do uso da linguagem, permitindo assim
possibilidades de participação efetiva do educando em todos os campos sociais.
No tocante ao foco desse trabalho e quanto ao ensino das preposições, o termo
preposição não aparece na base com formato de habilidades, é visto apenas em um
quadro geral sistematizado na página 81 (oitenta e um), sendo assim anunciado no
documento:

assim, para fins de organização do quadro de habilidades do componente, foi


considerada a prática principal (eixo), mas uma mesma habilidade incluída no
eixo Leitura pode também dizer respeito ao eixo Produção de textos e vice-
versa. O mesmo cabe às habilidades de análise linguística/semiótica, cuja
33

maioria foi incluída de forma articulada às habilidades relativas às práticas de


uso – leitura/escuta e produção de textos. São apresentados em quadro
referente a todos os campos os conhecimentos linguísticos relacionados a
ortografia, pontuação, conhecimentos gramaticais (morfológicos, sintáticos,
semânticos) (BRASIL, 2017, p. 80).

Verificamos, de acordo com o exposto na descrição do quadro que será


apresentado a seguir (de cunho organizacional diante das habilidades esperadas para
o eixo de AL) que o documento também reafirma a intenção de estar entrelaçando as
habilidades de forma integral e não segmentada diante dos conceitos.
Neste quadro de habilidades do componente geral referido anteriormente,
enfatiza diretamente o eixo de AL e o termo preposição aparece referente a
morfossintaxe, como podemos ver a seguir:

QUADRO 02 – Habilidades gerais da BNCC para o ensino de LP

Fono-ortografia • Conhecer e analisar as relações regulares e irregulares entre fonemas e


grafemas na escrita do português do Brasil.
• Conhecer e analisar as possibilidades de estruturação da sílaba na
escrita do português do Brasil.
Morfossintaxe • Conhecer as classes de palavras abertas (substantivos, verbos, adjetivos
e advérbios) e fechadas (artigos, numerais, preposições, conjunções,
pronomes) e analisar suas funções sintático-semânticas nas orações e seu
funcionamento (concordância, regência).
• Perceber o funcionamento das flexões (número, gênero, tempo, pessoa
etc.) de classes gramaticais em orações (concordância).
• Correlacionar as classes de palavras com as funções sintáticas (sujeito,
predicado, objeto, modificador etc.).
Sintaxe • Conhecer e analisar as funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto,
modificador etc.).
• Conhecer e analisar a organização sintática canônica das sentenças do
português do Brasil e relacioná-la à organização de períodos compostos
(por coordenação e subordinação).
• Perceber a correlação entre os fenômenos de concordância, regência e
retomada (progressão temática – anáfora, catáfora) e a organização
sintática das sentenças do português do Brasil.
Semântica • Conhecer e perceber os efeitos de sentido nos textos decorrentes de
fenômenos léxico-semânticos, tais como aumentativo/diminutivo;
sinonímia/antonímia; polissemia ou homonímia; figuras de linguagem;
modalizações epistêmicas, deônticas, apreciativas; modos e aspectos
verbais.
Variação linguística • Conhecer algumas das variedades linguísticas do português do Brasil e
suas diferenças fonológicas, prosódicas, lexicais e sintáticas, avaliando
seus efeitos semânticos. • Discutir, no fenômeno da variação linguística,
variedades prestigiadas e estigmatizadas e o preconceito linguístico que
as cerca, questionando suas bases de maneira crítica
Elementos notacionais da • Conhecer as diferentes funções e perceber os efeitos de sentidos
escrita provocados nos textos pelo uso de sinais de pontuação (ponto final, ponto
de interrogação, ponto de exclamação, vírgula, ponto e vírgula, dois
pontos) e de pontuação e sinalização dos diálogos (dois pontos, travessão,
verbos de dizer). • Conhecer a acentuação gráfica e perceber suas
relações com a prosódia. • Utilizar os conhecimentos sobre as
34

regularidades e irregularidades ortográficas do português do Brasil na


escrita de textos.
Fonte: Brasil (2017, p. 81, grifos nossos).

Diante do quadro apresentado pela BNCC, os estudos das preposições têm


por habilidades o conhecimento da classe gramatical e análise de suas funções
sintático-semânticas nas orações e seu funcionamento, reafirmando assim o que a
BNCC se propõe a desenvolver, que é o entrelaçamento dos componentes, áreas e
análises.
Diante do aspecto elencado para esse estudo, o que se pode averiguar são
habilidades que podem se correlacionar com a temática, que anunciam e predispõem
o trabalho com as preposições em diversos aspectos, como podemos ver no quadro
a seguir:

QUADRO 03 – Habilidades que podem ser trabalhadas as preposições de


acordo com a BNCC

Habilidades
(EF06LP12) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (nome e pronomes), recursos
semânticos de sinonímia, antonímia e homonímia e mecanismos de representação de diferentes
vozes (discurso direto e indireto).
(EF06LP10) Identificar sintagmas nominais e verbais como constituintes imediatos da oração.
(EF06LP11) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais: tempos verbais,
concordância nominal e verbal, regras ortográficas, pontuação, etc
(EF09LP04) Escrever textos corretamente, de acordo com a norma-padrão, com estruturas
sintáticas complexas no nível da oração e do período
Fonte: Brasil (2017, p. 171-191).

Diante das habilidades expostas e das habilidades analisadas, percebemos


que, embora o termo preposição não apareça explicitamente, e tomando por base AL
podemos refletir que nessas habilidades destacadas nos levam a correlacioná-las com
a função que as preposições podem desempenhar dentro dos textos, assim, ao
enfatizar efeitos de sentido e estratégias através de uso de recursos linguísticos e
gramaticais. Dessa forma, nos faz perceber que nesse espaço possa se está
trabalhando as preposições.
35

Embora tenha trazido avanços expressivos para o componente de Língua


Portuguesa, a BNCC ainda mantém muitos dos pressupostos já adotados nos PCN:
1 -A centralidade do texto.
2- A adoção de uma perspectiva enunciativo-discursivo da linguagem
3- O objetivo de desenvolver habilidades necessárias à participação em
práticas de linguagem (escuta, fala, leitura e escrita) e a preferência pela
metodologia de aprendizagem ditadas pelo uso da linguagem, em que a
reflexão se correlaciona ao uso e serve para incrementá-lo.
Corroborando com a proposta descrita pelo o documento, constatamos que o
estudo das preposições possa ser inserido nas habilidades que levam o processo de
aferição de sentidos, na produção e edição de textos, em suma, na apropriação dos
recursos linguísticos.
A influência da tradição gramatical encontra-se ainda muito presente nos dias
atuais, e se justifica pela sua utilização por professores que acreditam que essa seja
a maneira mais coerente e única para se ensinar a LP.
Práticas de ensino de língua materna tradicionais voltadas para o ensino de
metalinguagem não têm alcançado bons resultados. Percebemos isso ao observar os
índices negativos dos avanços dos alunos em exames externos da educação básica,
revelando percentuais baixos de adequação de aprendizagens avaliada pelo Ministério
da Educação (MEC). Em 2017, ano da última avaliação SAEB (Sistema de Avaliação
da Educação Básica)2, foi computado que apenas 1,6% dos estudantes da última série
do Ensino Médio que fizeram os testes de Língua Portuguesa conseguiram alcançar
habilidades que pudessem considerá-los proficientes nesse componente curricular.
Nos últimos anos, tem ocorrido uma mobilização de esforços na intenção de
transformar as aulas de LP em um verdadeiro instrumento de inclusão social na
promulgação da democratização do conhecimento e a possibilidade de acesso à
cidadania plena do indivíduo, tornando assim o ensino de LP alvo de reflexões e
pesquisas (BAGNO, 2009).

2
https://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-cai-em-ranking-mundial-de-educacao-em-ciencias-leitura-
e-matematica.ghtml acesso em 04/04/2019 - RESULDADO PISA (O Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes)
http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/saeb-2017-revela-que-
apenas-1-6-dos-estudantes-brasileiros-do-ensino-medio-demonstraram-niveis-de-aprendizagem-
considerados-adequados-em-lingua-portug/21206 - Dados do MEC SAEB
36

Diante disso, percebemos que mesmo com as mudanças já ocorridas no


processo de ensino, ainda se necessita de mais estudos e reflexões, pois não se
alcançou um direcionamento que mostrasse uma revolução e que mudasse de fato os
resultados que observamos hoje.
A hipótese que defendemos é que o ensino de gramática ainda não está sendo
feito como deveria ser, ou seja, a forma como vem se trabalhando (metodologias
voltadas principalmente para a metalinguagem) pouco colaboram satisfatoriamente
para o desempenho das habilidades do educando em LP em especial no ensino de
gramática.
Com isso, notamos que uma parcela considerável de alunos conclui
determinadas etapas de ensino e apresentam limitações em absorver conhecimentos
que foram repassados a eles, sentem dificuldades em construções de enunciados e
nas interpretações deles, em produções de textos, etc. Isto posto, não se utilizam de
forma consciente e concreta dos saberes gramaticais, pois não foram construídos, mas
sim apenas reproduzido de forma mecânica, através de regras inertes e nomenclaturas
gramaticais do PB.
Diante dessa percepção, apresentarmos algumas razões para o não
seguimento dessas práticas como: o desconhecimento e/ou a elevação de apenas
uma concepção de gramática para com suas práticas metodológicas, a falta de
proximidade do professor com os estudo proporcionados pela linguística, gerando
assim a necessidade dos docentes atualizarem as propostas aplicadas em sala de
aula que atenda às necessidades dos educandos. Nesse contexto, o que se percebe
em muitos profissionais é o desconhecimento dos pressupostos teóricos que,
inclusive, os PCN trazem, como a Linguística textual e a sociolinguística.
Nesse contexto, entendemos que tanto os PCN como a BNCC, que
corroboram do mesmo teor ideológico, contribuem significativamente para mudanças
tanto no pensar como no fazer pedagógico por meio da introdução de reflexões
teóricas que analisam e propõem estudos embasados e com direcionamentos que
oferecem um ensino que possibilita construção de conhecimento, no qual os
educandos estabelecem relações, levantam hipóteses, questionam conceitos e
compreendem seu saber. No entanto, como ocorreu com os PCN, que mesmo com a
oferta da mudança de postura docente, não conseguiu atingir a maioria das salas de
aula, visto que não se alcançou muito êxito frente aos exames nacionais, essa mesma
37

realidade corre o risco de acontecer com as orientações propostas pela BNCC. A falta
de preparo dos profissionais que estarão à frente do “fazer pedagógico” podem
impossibilitar que de fato que mudanças ocorram.
O governo vem investindo em ações que contribuem para essa formação de
professores através de programas de Mestrados Profissionais, por exemplo, o
PROFLETRAS (Mestrado Profissional em Letras), que visa capacitar professores da
Educação Básica que atuam na área de LP para desenvolverem competências e
conduzir classes heterogêneas através de estudos teóricos e práticos que permitem
ao professor desenvolver múltiplas competências em seus alunos, bem como o
ampliação de pedagogias que efetivem a proficiência em letramentos, intervindo nas
dificuldades e embasado em pesquisas que auxiliam no desenvolvimento de
intervenções. Contudo, este programa e os demais programas de mestrado
profissionais, apesar de serem brilhantes em sua execução, sendo peças chaves para
a intervenção das salas de aula, não atingem a maioria dos profissionais; quando
surgem os editais de seleção a oferta é muito reduzida, deixando para poucos a
oportunidade de pesquisar e ampliar seus conhecimentos e levá-los para a sala de
aula com o intuito de melhorias no processo de ensino-aprendizagem.
Percebemos também, que para grande parcela dos professores que recebem
as formações direcionadas pelos próprios estados e municípios, estas acontecem de
formas técnicas com pessoas de fora e que, quando se trata em LP, os profissionais
que são convidados para essas formações são aqueles que apenas elevam a norma
padrão da maneira tradicional de ensino, sem apresentar inovações para as
metodologias em salas de aula. Deixando assim, a cargo do professor e do “seu
conhecimento” identificar e escolher sua metodologia, e se caso esse professor não
estiver preparado, o risco é bastante alto de apenas reproduzir conhecimento, não
havendo reflexão.
Compreendemos, dessa maneira, que o investimento na formação continuada
de professores e a inserção da pesquisa através de programas direcionados à sala de
aula possibilitam maior solidez para que o professor conheça a evolução dos estudos
no ensino, tendo demonstrado ao longo dos anos que estão bem representados nos
documentos oficiais de orientação para a educação.
A BNCC surge para dar mais especificidade e afunilar as práticas que devem
ser adotadas no ensino para que se abandone esses índices baixíssimos de
38

proficiência na língua, mas para tanto, defendemos que se faz necessário investir em
formações continuadas com os professores do “chão da escola” para que esses
possam acompanhar essas evoluções teóricas e não apenas faça do jeito que já vem
fazendo anos a fio ou que as interprete ao bel prazer, pois o risco de fracassar se torna
muito grande, como presenciado em nossas salas de aula. Para conseguir mudança
o foco deve ser convergir para formação de professores, uma vez que não tem como
se ensinar o que se desconhece.
Diante do exposto e fazendo esse resgate das evoluções que o ensino de LP
passou desde o século XIX, no qual a visão de ensino de LP se refletia em puramente
ensino de gramática, percebemos o quanto a parte teórica mudou bastante, as novas
concepções de ensino da língua abraçam os anseios sociais e colaboram para uma
nova visão do ensino, a construção dos documentos oficiais colaboraram
significativamente para melhorias no ensino de gramática.

2.2.2 As práticas de AL e o ensino de gramática

Nesta seção apresentaremos as concepções de práticas de análises


linguísticas e a suas contribuições para o ensino de gramática, com o objetivo de
refletirmos sobre o papel da linguística na escola e a importância da adição de práticas
de análises linguísticas para o ensino das preposições.
O contexto sócio - histórico é fator direcionador de todo e qualquer estudo. No
que tange o ensino da linguagem não é diferente, é evidente que cada estudioso se
foque nos aspectos mais emergentes, ou que seja mais do seu interesse para o
momento vivido. Dessa forma, os interesses de estudos podem variar e se focar em
diversos aspectos como: fonético, fonológico, sintático, semântico, pragmático e
outros. Nessa perspectiva, influenciada pelos contextos sócio - histórico e dos
interesses emergentes surgem visões distintas acerca das unidades linguísticas.
O termo AL surge no meio acadêmico quando se realiza a investigação de
unidades linguísticas, e nesse contexto aponta para duas concepções de práticas de
estudo linguístico. Dessa forma, cada uma das práticas se direcionam para um viés de
pesquisa.
Para diferenciar essas duas práticas, Bezerra e Reinaldo (2013, p. 21-22)
realizam a conceituação dessas duas concepções de práticas afirmando que:
39

a primeira refere-se ao ato de descrever e explicar ou interpretar aspectos da


língua, fazer inerente a todo teórico da linguagem, ou seja, trata-se do fazer
próprio do estudo científico da língua , a respeito de suas diversas unidades
(fonemas, o morfema, a palavra, o sintagma, a frase, o texto, e o discurso) e
se desenvolve com base em estudos descritivos de diversas tendências
teóricas, desde o estruturalismo até tendências funcionalistas atuais,
passando por teorias gerativistas, semânticas e textuais-interativas, por
exemplo. E a segunda também se volta para a descrição, mas com fins
didáticos.

Assim, segundo as autoras, há duas práticas para a AL: a primeira, que se volta
pra o fazer científico do linguista, e a segunda que se detém nas descrições, mas em
caráter didático, de ensino. As duas práticas são de muita importância para se conhecer
mais a língua, contudo diferem por seus objetivos linguísticos e abordagens.
De forma mais específica, segundo Bezerra e Reinaldo (2013), nas práticas de
AL para fins científicos, envolve-se as descrições das unidades da língua tendo em
foco pontos de vista diferentes diante do objeto de estudos que elegem.
Assim, Bezerra e Reinaldo (2013, p. 21) apontam que:

as vertentes estruturalistas abordam as unidades linguísticas classificadas


como signo (composto de significado mais significante, conforme o
saussurianíssimo); como constituintes imediato(unidades que se associam
para construir outras de um nível superior , conforme o distribucionalismo);
como glossema(composta por expressão –fonemas e traços prosódicos – e
conteúdos – elementos gramaticais e lexicais -. Conforme a glossemática)

O apontamento das autoras nos mostra, de maneira mais particular, que nessa
primeira concepção de práticas de AL, surgem as diversas vertentes que convergem
com abordagem a qual o linguista se direciona para estudar, e variando conforme o
objeto de estudo. Entendemos que, nessa concepção, o linguista e sua afinidade
teórica orientam seus entendimento e esforços científicos direcionando-se para uma
área específica.
Em comparação às duas concepções, percebemos que as práticas de AL para
fins científicos divergem das salas de aulas enquanto que as práticas de AL para fins
didáticos se caracterizam por se materializarem para orientações didáticas, a fim de
contribuir com o ensino. Assim sendo, o foco do nosso trabalho será dado a essa
segunda concepção, que se refere às descrições concebidas para fins didáticos.
40

A partir da elaboração dos PCN em 1997, a AL adentrou à sala de aula por


meio de materiais didáticos e começou a ser utilizado no ensino de gramática. Mas o
que vem a ser a AL?
Diante da situação ofertada, muitos conceitos surgiram para se trabalhar a AL
na escola. Segundo Reinaldo (2012, p 229):

a partir dessa orientação oficial, a expressão análise linguística, em materiais


didáticos e no discurso de professores, tem remetido a conceitos variados: às
vezes, como sinônimo de ‘conhecimentos gramaticais’, às vezes, como de
‘conhecimentos linguísticos’, e, às vezes, de ‘normas’.

Nessa perspectiva, notamos que apesar da orientação ter uma só


nomenclatura, surgiram diversos conceitos para se pôr em prática as orientações do
documento, visto que tais divergências culminam em diferentes práticas de ensino.
Segundo Bezerra e Reinaldo (2013) as práticas de AL para fins didáticos
variam de acordo com a teoria linguística que é assumida, e assim dependendo da
teoria temos modelos de práticas de AL distintas. As práticas de AL mesmo voltadas
para o ensino têm como ponto de partida as descrições da língua, embora com caráter
mais didático.
Para Geraldi (1984, APUD REMECHE E ROHLING, 2018, p. 2703) a AL
constitui-se a partir de uma concepção reflexiva sobre o sistema linguístico e sobre os
usos da língua visando ao tratamento escolar de fenômenos discursivos, textuais e
gramaticais.
Dessa forma Geraldi (1997, p. 74) esclarece que:

o uso da expressão ‘análise linguística’ não se deve ao mero gosto por novas
terminologias. A análise linguística inclui tanto o trabalho sobre as questões
tradicionais da gramática quanto questões amplas a propósito do texto, entre
as quais vale a pena citar: coesão e coerência internas do texto; adequação
do texto aos objetivos pretendidos; análise dos recursos expressivos utilizados
[...]; organização e inclusão de informações etc.

O autor explica que o termo AL tem uma dimensão bastante ampla e o seu uso
inclui um trabalho frente a metodologias que que envolva os diversos aspectos da
língua, incluindo reflexões gramaticais.
Para Mendonça (2006) a AL possibilita a representação consciente sobre
fenômenos gramaticais e textual-discursivo que atravessam os usos linguísticos, tanto
41

em situações de leitura/ escuta quanto em produções de texto ou reflexões sobre os


usos da língua.
Bezerra e Reinaldo (2013) concebem a AL como reflexão sobre recursos
linguísticos-textual-enunciativo, tanto em relação à compreensão e produção de textos
orais e escritos como em relação à descrição do sistema da língua.
Os conceitos apresentados enfocam uma visão diferenciada acerca do ensino
de língua, mas convergem para o mesmo ponto quando permitem uma proposta
pautada na análise e reflexão da língua, com a intenção de provocar uma inovação nas
abordagens metodológicas em sala de aula. Dessa forma, retratam um panorama de
pensamentos que se concentram para o repensar do ensino de gramática, ressaltando
em propostas que possibilitem a observação sobre o funcionamento da língua.
Dentre essas práticas, a mais conhecida é a relacionada a teoria do texto, esta,
por sua vez, direciona os diversos estudos sobre gênero, que ganhou muito espaço à
medida que foi inserida nos PCN, porém o foco do nosso trabalho é na AL, assumindo
a concepção da teoria da Semântica Formal que investiga o significado linguístico de
palavras e sentença, sobretudo sentenças. Dessa forma, considera o significado
entendido como uma relação entre a linguagem e aquilo sobre o qual a linguagem fala.
Bezerra e Reinaldo (2013, p. 34, grifos dos autores) apontam que:

entretanto, instituída como eixo de ensino, a prática de análise linguística não


tem sido abordada na mesma proporção em que os eixos de leitura e escrita.
Em outras palavras, os estudos teóricos sobre as unidades linguísticas não
têm tido repercussão acentuada no campo de ensino de línguas, percebendo-
se uma ruptura nos materiais didáticos: de um lado, há a inovação das
abordagens de leitura e escrita, fundamentadas em perspectivas teóricas
enunciativas, e, de outro, constatamos, de modo geral, o estudo do
componente linguístico à luz da norma e/ou da descrição estrutural, sem
estabelecer uma relação com o plano textual-enunciativo.

Conforme as autoras, percebemos que os avanços os quais as práticas


metodológicas referentes a leitura e a escrita alcançaram com o apoio da AL não surtiu
o mesmo efeito para com o ensino de gramática, que permaneceu se apoiando na
norma e na descrição estrutural, contribuindo para que o ensino de língua nesse
aspecto continuem acontecendo com as mesmas repetições e sem os avanços
necessários.
Segundo Kmiac e Lino de Araújo (2010 citado por BEZERRA E REINALDO,
2013, p. 64, grifos dos autores):
42

para fazermos análises linguísticas no Ensino Fundamental ou Médio, temos


como pontos básicos: concepção de língua como interação; indução como
procedimento metodológico, por meio de atividades epilinguisticas; o estudo
dos dados linguísticos heterogêneos (pois heterógena é a língua); a
observação desses dados(microunidades) nas macrounidades (textos); e a
sistematização da análise, como resultado da observação feita, por meio de
atividades metalinguísticas.

Com essa observação, percebemos que para se realizar AL necessitamos da


união de diversos conhecimentos, pois estará se fazendo investigações e constatações
baseadas em dados e não apenas em conceitos fechados. Dessa forma, requer o
conhecimento pelo professor desses conceitos básicos que irão subsidiar tais
investigações.
No que tange ao ensino das preposições, a principal dificuldades dos alunos
está em compreender o emprego das preposições observando o seu papel semântico
na sentença. É provável que um aluno empregue a sentença (01) ao invés da sentença
(02) como no exemplo abaixo:

(01) João está sentado na mesa


(02) João está sentado à mesa.

O emprego da contração ‘na’ pela fusão ‘à’ e vice-versa é muito frequente


nesse caso, demonstrando que o aluno ao empregar a preposição com contração está
considerando apenas o seu papel sintático de ligação, deixando de lado o seu papel
semântico, pois ‘sentado na mesa’ possui significado diferente de ‘sentado à mesa’. O
primeiro significa está sentando em cima da mesa e o segundo significa está próximo
da mesa. Dessa forma, nos indagamos por que as preposições não são tratadas em
seu aspecto semântico no ensino-aprendizagem de LP.
Nesse contexto, tais constatações só podem ser desenvolvidas diante dos
entendimentos que as práticas de AL proporcionam. Tornar-se de fato a inserção das
práticas de AL fonte para construção de metodologias escolares é uma alternativa
bastante viável, visto que os benefícios são gigantescos, já que a partir do momento
em que se pratica de forma concreta um determinado conteúdo, quando este é
percebido por diversos ângulos. Dessa forma, quando o aluno é provocado a não saber
43

o que é, mas sim porque é, como funciona, como usa, assim o conhecimento será
convertido em verdadeira aprendizagem.
Instigar o aluno a enxergar a mais do que a conceituação, a perceber os
detalhes da unidades linguísticas a fim de compreenderem não só conceitos, como
também os usos dos conteúdos linguísticos são requisitos que o professor encontrará
suporte por meio das práticas de AL, em como proporcionar atividades não apenas
metalinguísticas, mas linguísticas e epilinguíticas3.
Nesse mesmo sentido, entendemos que a prática de AL surge como uma
complemento para o ensino de LP e, em especial, ao ensino de gramática, à medida
que propõe reflexão diante da gramática tradicional relacionada aos eixos de leitura e
de escrita.
Diante da apresentação, podemos concluir que o ensino de gramática,
principalmente no que diz respeito ao uso das preposições pautado nas práticas de AL
permitem um repensar e inovar na forma de aprender dos educandos, proporcionado
assim um aprendizado mais significativo.
Como nossa pesquisa trata de um estudo das preposições para fins didáticos,
o nosso olhar se fixa para a AL dos aspectos gramaticais que envolvem essencialmente
fundamentos do funcionamento da língua com as contribuições da Semântica Formal.
Nesse sentido, entendemos que o aspecto estudado deve ser abordado para que
contribua de forma significativa para o contexto escolar tento em vista também a
observação científica como propõe Oliveira e Quarezemin (2016) e Borges Neto (2013)
na próxima seção.

2.2.3 A gramática como disciplina científica

Nesta seção apresentamos um repensar no ensino de gramática na escola por


meio da ideia de se inserir o ensino de gramática em práticas que envolva criar
hipóteses, questionar saberes, inserindo os estudos gramaticais em práticas de
pesquisas, com o objetivo de discutir novas metodologias que permitam um ensino
mais significativo.

3
Segundo Travaglia (2009) As atividades linguísticas, metalinguísticas e epilinguísticas, são
respectivamente, aquelas que o usuário da língua utiliza quando busca estabelecer uma interação
comunicativa, aquelas em que se usa a língua como foco de análise dela própria, construindo a
metalinguagem e, por fim, aquelas em que o tópico discursivo é suspendido para que no decorrer da
interação comunicativa possa-se tratar dos recursos linguísticos.
44

Como pudemos observar, houve uma evolução nos estudos acerca do ensino
de LP, com a introdução de contribuições advindas dos estudos linguísticos, bem como
da adoção de documentos orientadores para o ensino, porém os resultados das
práticas em sala de aula ainda não conseguiram atingir resultados significativos.
Segundo Oliveira e Quarezemin (2016, p. 106) isso se dá porque o
pensamento acerca do ensino de gramática se define assim:

o tópico classes gramaticais faz parte do conteúdo programático do Ensino


Fundamental. A prática comum é esta: o professor fornece as definições que
estão nas gramáticas normativas que, em geral são aquelas que estão no livro
didático e pede para o aluno achar no texto exemplos das diferentes classes
de palavras. Não há qualquer preocupação em parar e se perguntar sobre o
que é uma classe gramatical, para que ela serve, será que o que temos nas
gramáticas tradicionais é o melhor modo de distinguirmos as classes de
palavras no PB? Há uma classe de interjeição? E o advérbio? Faz sentido
agrupar elementos tão diferentes numa classe chamada “pronomes”
(pessoais, interrogativos, demonstrativos...)? o texto vai ajudar a entender o
que são essas classes de palavras? E as classes de palavras vão se mostrar
necessárias para que o aluno compreenda o texto? Há enfim várias questões
aqui.

Tais indagações realizadas pelas autoras nos possibilitam mergulhar na busca


de possíveis respostas. Conforme mostra a fala das teóricas, o ensino de gramática
baseado na perspectiva que envolve apenas os aspectos metalinguístico não
colaboram para um saber construtivo.
É perceptível que o discente, falante de LP, ao entrar na escola já tenha
consigo uma gramática, esta por sua vez, adquirida ao longo de sua vida cotidiana, já
realizando construções significativas. Como exemplifica Quarezemin (2017, p. 71):

todo aluno sabe, implicitamente, por exemplo, que na língua portuguesa o


sintagma nominal é formado por um artigo antes do nome, como em [o carro],
e não o contrário, como em [*carro o]. Esse mesmo aluno também sabe que
as frases da sua língua são construídas com a ordem básica sujeito-verbo-
objeto, como em [A Maria comprou uma casa] e não SOV como em [A Maria
uma casa comprou]. Indo mais longe, verificamos que qualquer criança
brasileira com dois anos, juntando um verbo com um complemento, produz
enunciados como [quer leite] ao invés de [leite quer], enquanto uma criança
japonesa produzirá exatamente o contrário [leite quer] e não [quer leite].

Como a autora demonstra, tais construções são realizadas pelos falantes, no


entanto acontecem de forma inconsciente, dessa forma, observamos que há um
conhecimento da sua própria língua e que muitos profissionais de LP agem como se o
educando fosse ter esse primeiro contato com a língua somente no momento que
45

adentra ao espaço escolar. À vista dessas observações, seria pertinente o uso dessas
constatações a favor do desenvolvimento do conhecimento da língua; cabe ao
professor de LP, partindo desse princípio, oportunizar aos seus educandos realizar
relações de uso dos seus conhecimentos gramaticais na promoção e construção de
mais habilidades.
Diante desse contexto, ao analisar essas possibilidades, Oliveira e Qurezemin
(2016, p. 107) propõem um repensar nessa prática propondo que:

nesse modo de ensinar gramática o aluno não é uma gramático; ele não
constrói a gramática. Ele recebe uma gramática pronta e precisa aplicar como
a gramática diz que deve ser. O que sugerimos é que o aluno construa o
conceito de classes de palavras.

Dessa forma, podemos perceber que deve haver reformulações das práticas
de ensino de LP e, em especial, no ensino de gramática. Por mais que as teorias
linguísticas estejam caminhando a favor desse conhecimento, se faz necessário a
promoção de atitudes/ações que elejam a gramática a um patamar mais investigativo,
de construção de conceitos, de protagonização do indivíduo aprendentes, e não o
contrário.
Considerando que todo falante da sua língua materna conhece sua língua e
que dela faz uso diariamente, percebemos ele tem conhecimentos de aspectos
relevantes para se fazer essa comunicação diária. Assim, Quarezemin (2017) aponta
aspectos necessários para esse entendimento quando levanta conceituações sobre
conhecimento implícito e conhecimento explícito da língua. O primeiro conceito refere-
se ao conhecimento possibilitado pelas vivências como falante da língua, exprimindo
saberes gramaticais de forma automática.
Posto isto, como exemplificação, observe quando escutamos a seguinte frase
[Quem está falando?] diante do nosso conhecimento prosódico, identificamos mediante
a melodia da frase que é possível colocá-la não como uma afirmação, mas como uma
pergunta; dessa forma, diante dos conhecimento morfológicos, através da locução
verbal que expressa determinada ação que está acontecendo e diante da função que
esta possui, é possível através da semântica reconhecer o seu significativo diante do
46

contexto enunciativo. Logo, o conceito de conhecimento implícito4 é o que permite


ativar esses aspectos gramaticais de forma inconsciente.
Quanto ao conhecimento explícito, segundo Quarezemin (2017, p. 72):

em contraposição ao conhecimento implícito, temos o conhecimento explícito


que nada mais é do que o desenvolvimento da consciência linguística dos
alunos. A questão que se coloca então é como transformar a intuição
linguística dos alunos e desenvolver neles a aquisição das regras da língua, o
conhecimento explícito? Ou ainda, como trabalhar o conhecimento explícito
em sala de aula?

Nessa perspectiva, a autora propõe uma indagação que possibilita um refletir


no trabalho com esses tipos de conhecimento, sabendo da existência dele, como estes
podem ser aproveitados? As indagações inclinam para uma otimização e utilização
desses conhecimentos em sala de aula, apontando que tanto para o conhecimento
implícito como o explícito podem ser trabalhado em sala de aula de forma alinhada.
Em consonância, Quarezemin (2017, p. 73 apud COSTA et al. 2011) aponta
ações necessárias para desenvolver esse tipo conhecimento:

o conhecimento explícito deve partir de um conjunto de medidas tais como: (i)


investir em descrições mais adequadas da gramática; (ii) ter consciência do
grau de desenvolvimento linguístico dos nossos alunos; (iii) ter consciência que
alguns aspectos da língua não decorrem de uma aquisição espontânea; (iv)
investir no ensino da gramática que prioriza as regularidades (vale destacar
que o ensino da gramática tem enfoque na observação das exceções,
esquecendo que a maior parte do que se passa nas línguas é regular); (v)
orientar o estudo da gramática em dimensões para além da simples correção
do erro.

Nesse sentido, o desenvolvimento do conhecimento explícito requer


sistematização de ações, e só a partir dessas poderão apresentar melhor
embasamento para desenvolvimento de práticas significativas. Assim, em um trabalho
com o conhecimento explícito não é interessante partir de uma gramática que considera
apenas um aspecto da língua.
Diante das perspectivas elucidadas, o que percebemos é a necessidade da
maior inserção da AL no ensino de LP. Como aponta Quarezemin (2017, p. 74):

o ensino da linguística na escola permite aos alunos descobrirem o


funcionamento de um fenômeno gramatical por meio de uma perspectiva

4
Encontramos em Travaglia (2009) os conceitos de gramática explícita e implícita que convergem com
a apresentação da autora sobre conhecimento implícito e explicito.
47

reflexiva e consciente da língua. O professor torna-se o organizador e o


mediador entre os conhecimentos a adquirir e o aluno. A questão em jogo é a
não exclusão da gramática, o desafio passa a ser o de “construir gramáticas
para se apoderar da metalinguagem, aprendê-la e sabê-la”.

Dessa forma, as práticas de AL permitem ao educando a inserção de


conhecimento por meio da descoberta do próprio sistema linguístico que o educando
já é falante e conhece; é aproveitar os conhecimentos implícitos e expandir as práticas
do conhecimento explícitos tendo o professor como mediador de conhecimentos e não
como reprodutor, é compreender a variedade da língua padrão, construindo sua
gramática partindo da construção de conceitos, não como repetição de nomenclaturas,
mas com sistematização consciente e crítica, instigando o educando a curiosidades
diante dos aspectos gramaticais utilizados no dia a dia, promovendo espaço de
investigação dos dados da própria língua.
Nesse ponto de vista, Oliveira e Quarezemin (2016, p. 108) afirmam que:

o primeiro passo é observar os dados. Precisamos de um corpus. Um cientista


de laboratório constrói o seu dado porque quer diminuir os ruídos, as
interferências, porque quer olhar com lupa o fenômeno que quer estudar. O
professor pode guiar o aluno fornecendo uma lista inicial de dado (que ele
controlou porque quer guiar o processo). Nenhum cientista parte
ingenuamente olhando a natureza. Não é mais possível. O professor deve
explorar o que ele sabe sobre a língua, preparar a atividade que irá
desenvolver. Por exemplo, sabemos que a classificação tradicional que
separa substantivos e adjetivos vai ter problemas para explicar que a
diferença entre: (18) Um professor amigo entende os seus alunos. Um amigo
professor ajuda quando precisamos aprender algo. Você sentiu a diferença,
não? O sentido não é o mesmo. Esse é, por um lado, o fato que queremos
explicar, e por outro, o que nos mostra que a proposta de descrição gramatical
tradicional (GT) não é adequada.

Conforme as autoras mostram, os passos para se iniciar o pensar científico


parte de mediações em que o professor tem papel fundamental, bem como também o
saber gramatical tradicional, pois a partir dele é que se abrem as possibilidades
descobertas e aprendizagens, tornando essa busca pelo conhecimento mais
prazeroso.
Vejamos alguns exemplos propostos por Oliveira e Quarezemin (2016, p. 109)
que sugerem um repensar e um estimular para práticas de ensino de gramática através
de um pensamento científico:

parece muito clara a separação entre substantivos, que nomeiam as coisas, e


adjetivos, que atribuem qualidades às coisas. Essa é a definição clássica de
48

substantivos e adjetivos. O leitor pode checar em GTs. Os exemplos abaixo


confirmam essa hipótese: mulher nomeia uma coisa e bela é uma propriedade
que essa coisa tem.

(19) a. Conheci uma mulher bonita.


b. O João comprou uma casa grande.

Ao olharmos para os dados, podemos imaginar que o aluno pode levantar


diversas hipóteses, as quais o professor pode eleger para um aprofundamento de
discussão. Dessa forma, através de hipótese podemos dividir uma classe dos
substantivos: referente a mulher e casa e uma classe dos adjetivos: bonita e grande,
como também podemos supor que a ordem é fixa e o adjetivo vem sempre após o
nome, essas recomendações são referenciadas nas gramaticas tradicionais. Tais
hipóteses são sujeitas a contestações, portanto são científicas. Tomando por
consideração que as palavras mulher e casa, nomeiam coisas e não sendo
propriedades das coisas, como se explicaria o exemplo na sentença: “Maria é uma
mulher”? (OLIVEIRA E QUAREZEMIN, 2016).
Nesse pensamento, Oliveira e Quarezemin (2016, p. 109) explicam que:

se ser mulher é uma propriedade de Maria, não? Não é por nada que os
alunos têm dificuldades de entender e classificação da GT. O que é nomear e
o que é dar uma qualidade? Essas são questões difíceis e envolvem muita
reflexão sobre as línguas naturais. Mas já refutamos a distinção da GT, porque
mostramos que qualquer substantivo é propriedade das coisas. O professor
pode explorar produtivamente a dificuldade em separar as classes e propor
outro tipo de abordagem. A distinção pode deixar de se ontológica e passa a
ser gramatical, por exemplo.

Depreendemos que essa possibilidade de se levantar hipóteses de


compreensão levam o aluno a se apropriar significativamente de conhecimentos
necessários para seu sucesso escolar. Quando apenas é repassado um determinado
conceito ou informação há uma grande possibilidade de haver limitação na
compreensão.
Acreditamos que um estudo realizado com consciência e elaboração de
conceitos pode garantir uma apropriação do aprendizado e não apenas de transcrição
que se perdem com o tempo, se esvaem do pensamento tão logo quando é solicitada.
Um aprendizado construído permite associação de saberes que se fazem presente ao
longo de sua vida.
49

No que tange ao ensino das preposições, as práticas de AL subsidiam


conhecimentos mais concretos para os alunos. Se o professor de LP mantiver sua
orientação ancorada em metodologias que fixas e pautadas apenas um foco de um
aspecto linguístico, estará proporcionando ao aluno conhecimento de modo
fragmentado.
Na maioria dos manuais didáticos encontramos que a função da preposições
é de apenas “ligar palavras”, sendo assim, quando se fala também na construção de
combinação e contração das preposições, é enfatizado apenas o aspecto morfológico,
demonstrando que: a preposição “de” se junta com o artigo “o” e forma “do”.
Despreza-se o valor semântico dessa formação, os alunos são instigados a apenas
decorar essas formações e não a usá-las com propósitos comunicativos. Podemos
observar nas sentenças a seguir:

(03) Ontem, vi Joana sair de carro.


(04) Ontem, vi Joana sair do carro.

É necessário destacar, que a mudança ocorrida nas duas sentenças gira em


torno não apenas morfológico, mas também semântico. Fica evidente que em (03) viu-
se alguém entrar em um veículo e em (04) necessariamente a pessoa estava no interior
do veículo e saiu para o lado exterior. Promoveu-se, assim, uma mudança de
significado das duas sentenças.
Nesse contexto, e diante do que se deve entender e repensar para a sala de
aula e para o ensino de LP, encontramos em Borges Neto (2013) uma caracterização
de três conjunto de conteúdos que cabe à escola qualificar os alunos, são estes:
essenciais, culturais, e de iniciação cientifica. Os primeiros são responsáveis pela
qualificação do sujeito aprendente para a vida nas sociedades e nesses se encaixam
o letramento e a aritmética, como exemplo; no segundo grupo, estão os conteúdos
que, embora pouco usuais na vida diária (como por exemplo: que Cristóvão Colombo
foi primeiro europeu a chegar nas terras do continente americano) representam o
indivíduo como pertencente a uma comunidade no qual é valorizado socialmente,
também contemplam os conteúdos de iniciação cientifica, que fornecem aos alunos
as condições de compreensão do mundo que os cercam, instigando os alunos a
pensar e descobrir.
50

Borges Neto (2013, p. 69) pondera que: “no caso do português, é aqui que eu
colocaria o ensino de gramática”, referindo-se aos conteúdos de iniciação científica.
Nesse sentido, percebemos que o ensino de gramática se encontra bastante ligado ao
terceiro tipo de conjunto, e corroboramos com o autor.
Com a realização do fazer iniciação cientifica, estaremos aliando o útil ao
agradável, os alunos seriam instigados pelo professor a demonstrarem suas dúvidas
e estas passariam a ser objetos de estudos palpáveis que, consequentemente,
contribuiriam para ressignificação de conteúdo e a diminuição do fracasso escolar,
funcionaria ainda para desmitificar entendimentos, formando cidadãos críticos e que
saibam avaliar e elaborar argumentos.
Observamos assim, que o trabalho de iniciação científica a favor da gramática
pode ser compreendido como uma investigação com dois lados, o primeiro partindo da
gramática tradicional com seu aporte teórico e o outro como uma construção e
desconstrução desses conceitos, ora reinventados (BORGES NETO, 2013).
Dessa forma, Borges Neto (2013, p. 76, grifos do autor) aponta que:

é preciso, no entanto, que a gramática seja desnaturalizada e que seu ensino


veja criticamente as soluções teóricas adotadas pela gramática tradicional
(assim como se deve fazer com todas as soluções adotadas por qualquer
outra teoria). Embora seja a teoria que dirige o olhar do cientista para os
fenômenos, a observação e manipulação dos fenômenos retorna um olhar
crítico sobre a teoria que, acima de tudo, não pode ser vista como dogma.

Diante disso, o que percebemos é que, conforme Borges Neto (2013, p. 72):
“O processo pelo qual as noções teóricas dos gramáticos da antiguidade clássica
deixam de ser consideradas partes de uma teoria sobre a língua e passam a ser parte
da própria língua.” Como vimos, os conteúdos gramaticais estão sendo identificados
não como advindos de uma teoria, mas como pertencentes as línguas.
Para justificar, Borges Neto (2013, p. 72) aponta que:

as teorias morfológicas não-tradicionais, por exemplo, partem do princípio de


que existem na língua os processos de flexão e derivação e, ao tentar defini-
los em seus quadros teóricos próprios, enfrentam imensas dificuldades. No
entanto, ninguém parece considerar que flexão e derivação possivelmente só
existem na perspectiva adotadas pela gramática tradicional (no modelo
morfológico “palavra e paradigma”) (...)

Entendemos que há um tratamento natural dado aos conteúdos ora estudados


em gramática, os alunos são incentivados a se apropriarem de conhecimentos
51

oriundos de uma teoria, no entanto são levados a compreenderem que isso acontece
em todas as línguas como um todo, o que não parece ser verdade.
Nesse contexto, podemos relacionar a inserção da gramática como saber de
iniciação científica para a colaboração de um ensino mais produtivo, que torne a
compreensão dos conteúdos pelos alunos mais acessível.
A propósito, o que se propõe é a implantação da iniciação científica no âmbito
escolar com o uso da gramática normativa, fazendo com que os estudantes sejam
colocados diante das noções classificatórias e das análises propostas pelas
gramáticas normativas, mantendo uma posição mais crítica, investigativa, cobrando
dela não somente um compreensão hipotética de aportes teóricos, mas também uma
observação aprofundada das descrições dos fenômenos linguísticos e, para que isso
de fato ocorra é primordial a presença de um professor com formação atualizada, que
tenha conhecimentos de linguística descritiva e que seja sensível a observar os
fenômenos da língua (BORGES NETO, 2013).
Em relação ao ensino de gramática no que tange as preposições, percebemos
que as práticas vigentes demonstram que esse ensino gira em torno da
metalinguagem, portanto, reduzindo a possibilidade de entendimento dessa classe de
palavra. Nesse contexto, o aluno é levado apenas a identificá-las e classificá-las, não
se percebe os questionamentos de como, onde e quando usá-las. Ao tratar a gramática
como uma disciplina científica e no que diz respeito ao ensino das preposições iremos
sugerir que essa classe de palavra seja vista de outras perspectivas. Como por
exemplo, se as preposições, como afirmam a maioria dos manuais escolares, tem
como função “ligar palavras “, como podemos apagá-las em contextos anafóricos?
Vide o caso: “(a) Zélia me disse que participou da reunião, mas eu não acredito na
Zélia.” “(b) Zélia me disse que participou da reunião, mas eu não acredito.” Ou quando
conceituando-as também afirmando que não possuem significado intrínseco, mas
percebemos que quando digo: (c) É proibido entrar sem máscara e (d). É proibido
entrar com máscara, percebemos que ao trocar as preposições claramente
percebemos que a sentença ganha outra significação, pois em (c) enfatiza a ausência
do objeto e em (d) enfatiza a presença dele.
Diante das discussões podemos perceber que há uma necessidade de se
questionar para entender os conhecimentos que são nos repassados pelas gramáticas
normativas, não estamos dizendo para abandoná-los, mas para compreendê-los e
52

construirmos/ reconstruirmos os conceitos de maneira mais significativa, e a saída para


esse quadro é tratarmos a gramática como disciplina científica, onde será possibilitado
a discussão desses questionamentos complementando o conhecimento.
Com relação ao ensino-aprendizagem das preposições, essa forma de buscar
conhecimentos por meio da descoberta e da compreensão de cada conceito
gramatical irá proporcionar um caminho de ensino participativo e mais significativo para
o aluno, pois ele sairá da mera memorização de nomenclaturas para a utilização
consciente de sua própria linguagem.
Considerando que o objetivo deste capítulo é focalizar os avanços que os
estudos sobre o ensino de gramática alcançaram e refletir sobre novas metodologias
utilizadas em sala de aula, contatamos que: (i) é importante conhecer as concepções
básicas de gramática porque elas auxiliam o professor na prática de ensino de LP.
(ii) ao longo dos anos, vêm ocorrendo muitas discussões acerca do ensino de
gramática que têm proporcionado importantes esclarecimentos sobre como ele deve
ser praticado, repercutindo na elaboração dos documentos oficias que orientam o
ensino de LP. No entanto, na prática os professores ainda encontram-se presos a
velhas metodologias. (iii) quando são adotadas práticas de análises linguísticas e a
observação científica no ensino de LP, os alunos tornam-se protagonistas do processo
de ensino-aprendizagem e com isso assimilam melhor o conteúdo.
Isso revela que uma proposta de intervenção de gramática deve considerar as
concepções de gramática, está alinhada com as orientações dos documentos oficiais
que regem o ensino de LP, e empregar a análise linguística e a observação científica
para implementar sua metodologia. A nossa proposta de intervenção das preposições
será desenvolvida nessa perspectiva.
53

3 O ESTUDO DAS PREPOSIÇÕES

O capítulo está organizado da seguinte forma: na seção 3 apresentamos o


ensino das preposições mediante a prescrição gramatical sob a ótica das gramáticas
normativa mais adotadas pelos professores; na seção 3.2 abordamos a descrição das
preposições em seu aspecto semântico investigando suas contribuições ensino.
O ensino das preposições nesse contexto é apresentado seguindo, na sua
maior parte, as gramáticas que seguem a linhada tradição gramatical, correspondendo
assim a um ensino que visa memorização de conceitos, proporcionando uma
conhecimento que apresenta lacunas. Desse modo, assumimos o pressuposto de que
o ensino de gramática, em especial o das preposições, deve se voltar para as
descrições através da AL enfatizando os aspectos semânticos.

3.1 As preposições na gramática normativa

Os livros que recorrem a conceitos mais reduzidos a respeito das preposições


seguem a linha da gramática tradicional, esta, por sua vez, também se faz refletir nos
manuais didáticos que chegam até as escolas da Educação Básica. Dessa forma,
esses conceitos se perpetuam nos aprendizados conceituais do termo e em sua
prática, mantendo-se limitado no seu aspecto linguístico.
Abordaremos nesta seção, análises do tratamento dado as preposições por
essas duas gramáticas que se tornam bases teóricas e metodológicas em muitas
escolas da Educação Básica.
Segundo Cunha&Cintra (2017, p. 569): “Chama-se de PREPOSIÇÃO as
palavras invariáveis que relacionam dois termos de uma oração, de tal modo que o
sentido do primeiro (ANTECEDENTE) é explicado ou completado pelo segundo
(CONSEQUENTE)”. No conceito apresentado, claramente se vê o posicionamento
dos autores que revelam seu entendimento a respeito da classe gramatical ao
apresentar que sua função se detém a ligar dois termos, de maneira engessada, não
se importando com o contexto apresentando-as de forma abstrata. Diante desse
conceito, observamos que as preposições para essa gramática não contribui em termo
de significado para construção da sentença, no caso, é meramente um mecanismo
sintático.
54

Ao apresentar as preposições Cunha&Cintra (2017, p. 569-570) dividem-nas


somente quanto à forma, em caráter estrutural consideram as preposições simples
aquelas formadas de um só vocábulo, e as compostas ou locuções prepositivas se
refere a junção de dois ou mais vocábulos, no qual o último deles necessariamente é
uma preposição simples. Assim, citam:

PREPOISÇÕES SIMPLES

a com em por(per)

ante contra entre sem

após de para sob

até desde perante sobre

trás

Observamos, através dessa lista de preposições, que as preposições simples


recebem como critério para divisão o aspecto morfológico (preposição simples,
possuem apenas um vocábulo). Os autores ainda adicionam que essas preposições
são essenciais, pois se distinguem de outras palavras; acrescentam ainda que há
também as preposições acidentais, que são as que ora pertencente a outra classe de
palavra funcionam como preposições (CUNHA & CINTRA, 2017).
Ao apresentarem as preposições compostas, os autores dispõem de outra
lista, conforme veremos a seguir:

Eis algumas LOCUÇÕES PREPOSITIVAS


abaixo de a par com embaixo de para cima de
acerca de apensar de em cima de para com
acima de a respeito de em frente a perto de
a despeito de atrás de em frente de por baixo de (...)

Na lista apresentada, podemos observar que assim como as preposições


simples, as preposições compostas são apresentadas mediante o enfoque do aspecto
estrutural (morfológico). O fato indicativo para tal classificação se refere a sua
formação de um ou mais vocábulos.
55

Observamos também que, ao apresentar o item “conteúdo significativo e


função relacional” das preposições, Cunha & Cintra (2017) exemplificam e reafirmam
a função principal que defendem que as preposições são um elo sintático, como
podemos ver a seguir:

1. Comparando as frases

Viajei com Pedro


Concordo com Pedro
(....)
2. A PREPOSIÇÃO com exprime, fundamentalmente, a ideia de
“associação”, “companhia”. E esta ideia básica, sentimo-la muito mais intensa
no primeiro exemplo,
Viajei com Pedro,

Do que no segundo,

Concordo com você.

Aqui o uso da partícula com após o verbo concordar, pode ser construção
já fixada no idioma, provoca um esvaecimento do conteúdo significativo de
“associação”, “companhia”, em favor da função relacional pura.
3. Costuma-se nesses casos desprezar o sentido da PREPOSIÇÃO,
e considerá-la um simples elo sintático, vazio de conteúdo notacional.
4.Cumpre, no entanto, salientar que as relações sintáticas que se fazem por
intermédio de PRESPOSIÇÃO OBRIGATÓRIA selecionam determinadas
PREPOSIÇÕES exatamente por causa do seu significado básico.
Assim o verbo concordar elege a PREPOSIÇÃO com em virtude das
afinidades que existem entre o sentido do próprio verbo e a ideia de
“associação” inerente a com. (CUNHA&CINTRA, 2017, p.573, grifos nossos).

Conforme os exemplos e de acordo com o entendimento dos autores,


podemos notar que o valor dado às preposições como classe de palavras se resume
em grande parte a compreendê-la como um elo entre os termos antecedentes e
consequentes, tendo como foco sua função sintática na sentença. Assim, as
preposições apenas cumprem o papel de ligar os termos com que ela faz a relação,
ao passo que a determinação de sua função é concedido pelo verbo através do seu
sentido e não por ela mesma.
Em outro exemplo, no que tange às “relações livres” das preposições,
encontramos na mesma gramática o seguinte exemplo comentado:

a comparação dos enunciados:

Encontrar com um amigo.


Encontrar um amigo.
Procurar por alguém.
Procurar alguém.
56

Mostra-nos que a presença da PREPOSIÇÃO (possível, mas não necessária


sintaticamente) acrescenta, às relações que estabelece, as ideias de
“associação” (com) e de “movimento que tende a completar-se numa direção
determinada” (por).
O emprego da PREPOSIÇÃO em relações livres é, normalmente, recurso de
alto valor estilístico, por assumir ela na construção sintática a plenitude de
seu conteúdo significativo (CUNHA&CINTRA, 2017, p.576, grifos dos
autores).

Nessa perspectiva, identificamos nesse exemplo as constatações dos autores


reafirmando o valor das preposições nas construções sintáticas, desprezando
significativamente os usos reais da língua e a presença da semântica nas construções
de produção das sentenças, no qual o falante demonstra seu conhecimento
linguístico. Percebemos assim que, quando o falante profere: “Procurar por alguém”
ou “Procurar alguém” ele não está apenas usando um recurso estilístico, como afirma
os autores. Quando o falante diz: “Procurar por alguém” no nosso dialeto usual faz
relação a algo mais específico, de uma pessoa em particular, enquanto que “Procurar
alguém” se aplica de forma mais ampla. Sendo assim, para cada situação, quando se
escolhe a ausência ou a presença da preposição na sentença, está se procurando
mais que um recurso estilístico, está se buscando significado, comunicação.
Em outra gramática, bastante usada por educadores da Educação Básica,
encontramos também uma definição que converge com os entendimentos de
Cunha&Cintra (2017) quando conceitua a classe preposição, como vemos a seguir:

preposição é pois, palavra invariável que tem por função ligar o


complemento à palavra completada. Tais palavras se denominam
preposições (do lat. prae = diante de, mais positionem = posição) pelo fato de
porem na frente de uma palavra outra que a completa (ALMEIDA, 2009, p.
334, grifos do autor).

Neste conceito, percebemos que a função destinada à preposição colocada


por esta gramática se limita ao papel dela como um elemento de uma frase
relacionada às suas relações de concordância, de subordinação e de ordem, deixando
de lado as reflexões semânticas, percebendo assim que nessa conceituação seu valor
para as construções sintáticas não passam de mera ligação de elementos.
Quanto à classificação das preposições Almeida (2009) classifica-as como
essenciais e acidentais. As preposições essenciais são aquelas não desempenham
outro papel a não ser de preposição mesmo e as acidentais são aquelas palavras de
outra classe gramatical e que eventualmente são empregadas como preposição.
57

Quando elenca as preposições essenciais o autor cita igualmente a lista


apresentada anteriormente por Cunha&Cintra (2017) como preposições simples. No
que diz respeito às preposições acidentais, Almeida (2009, p. 335-338, grifos do autor)
cita a seguinte lista: conforme, consoante, durante, fora, afora, mediante, menos,
salvante, salvo, segundo tirante. O autor, descreve os seguintes exemplos:” (8)
conforme, consoante e segundo são preposições derivadas de adjetivos: conforme o
modelo, consoante sua vontade, segundo a lei.”
Percebemos dessa forma, que na classificação apresentada o autor não leva
em consideração qualquer significação das preposições, é elencado apenas o aspecto
estrutural da classe gramatical em detrimento da função que, segundo o autor, ela
exerce na sentença.
Ainda em complemento, o autor adiciona que “as preposições não têm
significação intrínseca, própria, mas relativa, dependente o verbo com que são
empregadas” (ALMEIDA, 2009, p. 336). O autor demonstra nessa observação o total
afastamento da função das preposições como modificadoras de significado, conforme
demonstra seu entendimento nesta citação.
Na mesma concepção, Almeida (2009, p. 337) complementa que: “como de
nosso organismo as veias só com sangue têm função, as preposições de nosso idioma
só com outras palavras têm significado”. Para o autor, a possibilidade de as
preposições sozinhas apresentarem significado é praticamente inexistente, e que elas
só podem apresentar significado agarradas ao outro seguimento.
Percebemos ainda, com essa outra afirmação, que há afastamento total de
que as preposições possuem significado, no entanto, para ajudar nessa discussão,
encontramos em Berg (2005, p. 25-26) uma contestação para essa afirmação
apresentada por Almeida (2009); a autora, em sua tese de doutorado, contribui para
uma reflexão acerca dos sentidos das preposições:

antes de falarmos sobre o sentido das preposições, vamos assumir a ideia


mais geral de FREGE (1892) em que o significado é a combinação do sentido
mais a referência. Estamos assumindo que sentido é uma noção objetiva, que
pode ser entendida como a ideia ou o conceito único que os falantes têm, em
comum, sobre um item lexical. A referência é o objeto alcançado no mundo
por uma expressão linguística. Passando agora para o sentido da preposição,
se perguntarmos a qualquer falante qual o significado da preposição até, com
certeza, alguma coisa, como, "um ponto limite", ele irá responder. Se o
significado é a referência e o sentido das palavras, podemos afirmar que, para
responder a essa pergunta, o falante teve que se valer do sentido que todos
os falantes têm em comum da palavra até, já que seria impossível achar
alguma referência no mundo para essa palavra, ou mesmo para qualquer
58

preposição. Portanto, vamos partir do princípio que as preposições têm que


ter sentido para serem entendidas, já que o sentido é a ideia ou conceito único
que todos os falantes têm sobre o item lexical e que nos permite ter uma
comunicação razoavelmente eficaz.

Conforme nos mostra as reflexões realizadas pela autora, podemos perceber


que os conceitos apresentados nas duas gramáticas abreviam bastante a preposição,
deixando-a como elemento mecânico na sentença. Mas para tanto, como também
expõe a reflexão acima, entendemos que não é bem assim, utilizando os conceitos
adquiridos pelos falantes dos recursos linguísticos, percebemos que conseguimos
identificar que, em muitos casos, as preposições possuem sentido intrínseco como
demonstra o exemplo apresentado pela autora.
Desse modo, o estudo das preposições segundo os conceitos apresentados
por esses autores das gramáticas que seguem a linha da tradição gramatical, se
restringe ao princípio de ser um elemento de ligação em uma frase, é visível a falta de
posicionamento sobre o papel semântico que as preposições exercem nas sentenças
diante dos segmentos nos quais as preposições estabelecem essa ligação. As
preposições são vistas como aportes e não como peças fundamentais nas
construções do significado das sentenças.
Esse entendimento limitado a respeito das preposições é expandido por
muitas gramáticas e chegam até as salas de aula. Dessa forma, propagam-se essa
visão restrita desta classe gramatical, colaborando para a falta de reflexão e
construção de conceitos pelos próprios estudantes, resultando na promoção de um
conhecimento fragmentado diante do emprego das preposições pelos alunos.
Em suma, podemos identificar, conforme mostra as conceituações
apresentadas por essa duas gramáticas que seguem a linha da gramática tradicional,
que ambas corroboram dos mesmos entendimentos, que se inclinam para uma
conceituação resumida sobre a preposição.
Diante da apresentação, entendemos que esse tipo de conceituação que é
característico das gramáticas que seguem a linha da tradição gramatical limitam os
estudos de gramática e, em especial, os de preposição, pois além de apresentarem
uma conceituação abstrata diante do uso e das funções da preposição, proporcionam
uma inserção de práticas metodológicas que se direcionam para memorização dessas
regras como fator essencial para a compreensão das preposições.
59

3.2 As preposições segundo a descrição linguísticas do português brasileiro

Nesta seção, caracterizamos as preposições sob a perspectiva da descrição


linguística, especialmente no seu aspecto semântico com o objetivo de refletir sobre
suas contribuições para o ensino de LP na Educação Básica.
Apontada por muitos estudos, a gramática descritiva se apresenta como um
instrumento necessário para promoção de entendimentos mais embasados,
concebendo o funcionamento de uma língua através das interpretações contextuais.
Perini (2008, p. 21) pondera que:

o estudo da estrutura de uma língua tem como objetivo explicitar o


relacionamento realizado pelo falante entre certos estímulos sensoriais
(fonéticos, gráficos...), que podemos chamar de “formas”, e um sistema de
conceitos. Essa posição, claro, não é novidade: repete apenas o que se
encontra em Saussure (1916) acerca da associação de imagens acústicas com
conceitos. Mas seria preciso levar isso a extremos metodológicos, que me
parece que em geral não se faz.

O autor nos chama atenção para o conceito de um estudo descritivo, nos


fazendo refletir que esse estudo vai mais além do que apenas apresentar a relação dos
estímulos sensoriais que há nas palavras, mas que além disso fazer com que esse
conhecimento se transforme em práticas metodológicas, o que em muitos casos não
encontramos com frequência.
Perini (2008, p. 47), apresenta uma proposta no que tange à descrição
gramatical:

proponho, então, a realização de trabalho de levantamento e sistematização


de dados das línguas naturais; e insisto na construção paralela de uma
linguagem para exprimir esses dados. Isso pode parecer muito pouco,
principalmente se comparado com os objetivos muito mais ambiciosos de boa
parte da pesquisa gramatical, que pretende atingir a “adequação explicativa”.
Mas sem adequação observacional, isto é, sem dados adequadamente
descritos e sistematizados, os estágios ulteriores não podem ser atingidos. E
acrescento (assumido o risco de levar pedradas de mais de um lado) que os
resultados de parte da pesquisa gramatical atual não alcançam mais do que
uma mera ilusão.

O autor demonstra, diante de sua proposta, a preocupação em se levar em


conta a adequação diante de uma situação descritiva e sistematizada, esta, por sua
vez, tem a possibilidade de garantir maior sucesso e alcance dos objetivos. Dessa
forma, o trabalho descritivo se apresenta como um degrau indispensável para se
60

conseguir uma compreensão mais abrangente e integradora do processo de


linguagem, de adentrar ao mundo da linguagem com mais propriedade, que requer um
trabalho com dados que sejam bem descritos.
Percebemos que, quanto ao ensino das preposições, as práticas de descrição
linguísticas ainda não estão presentes efetivamente em sala de aula, e quando
aparece, se referem apenas às descrições sintáticas.
No tocante ao ensino das preposições, encontramos em Ilari e Basso (2017,
p. 122, grifos do autor) que:

muitas gramáticas dão a entender que há em português um número limitado


de preposições, apresentando essas palavras na forma de uma lista fechada,
em que encontramos a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Nessa perspectiva, esse grupo fechado apresenta uma única função: a de


realizar ligações entre as palavras, eximindo-se de qualquer outro posicionamento,
correspondendo a um papel restrito de ferramenta de construção estática e não como
termo diferenciador nessas construções que possam promover significado.
Ainda nessa perspectiva, Ilari e Basso (2017, p. 122) acrescentam, a respeito
das funções apresentadas para com as preposições, que:

as definições correntes tratam a preposição como um conectivo especializado


em “ligar palavras” (em oposição às conjunções, que teriam como função
“ligar frases”). Nessas definições, a preposição aparece como um
“instrumento gramatical”, isto é, um desses numerosos recursos gramaticais
cujo papel se esgota na medida em que participa da montagem da sentença,
um pouco à maneira dos parafusos que prendem as peças de uma estrutura
metálica. Disso, passa-se insensivelmente à ideia de que as preposições não
têm significado nenhum.

Como apontam os autores, diante do que é apresentado sobre as


preposições, o que se observa é o valor minimizado dado às preposições perante as
construções de significados que ela apresenta dentro do âmbito sentencial e, como
enfatiza os autores, seu papel não se finda como um mecanismo de interligação da
sentença.
Frente ao estudo das preposições, a descrição gramatical vem somar para um
olhar mais específico e explicativo quando se refere ao papel da preposição, como Ilari
e Basso (2017, p. 122) afirmam diante da restrição apontada nos manuais e nas
61

gramáticas tradicionais relativo ao papel das preposições: “o papel das preposições é


um pouco mais complexo do que isso e depende em grande parte do tipo de construção
sintática em que elas intervém”. Dessa forma, é possível perceber que o que se
propaga com a minimização do conceito de preposição não é totalmente verdade, abre-
se espaço para um repensar nesses conceitos.
Ilari e Basso (2017, p. 122) apresentam um quadro demonstrativo do uso das
preposições, que traz reflexões pertinentes ao ensino das preposições. Percebemos
nesse quadro um olhar um pouco mais avançado, mesmo que boa parte ainda se refira
às descrições sintáticas, como mostra a seguir:

QUADRO 04 – USOS DAS PREPOSIÇÕES

o constituinte preposicionado tem um papel


essencial acessório
o constituinte um verbo 1 gostar de praia 2 chegar de carro
preposicionado contar com os amigos chegar sem carro
depende de um substantivo 3 alergia a camarão 4 casa com jardim
ou adjetivo desgaste dos pneus casa sem jardim
um advérbio 5 relativamente à altura

Fonte: Ilari e Basso (2017, p. 122)

O quadro ressalta diferentes situações em que ocorre o uso das preposições,


diante de um verbo, substantivo, adjetivo e advérbio, sendo possível perceber que o
autor realiza algumas observações quanto ao uso e função das preposições, estas, por
sua vez, ampliam a conceituação difundida do conceito de preposição visto apenas
como “instrumento gramatical” que se finaliza na construção das sentenças,
demonstrando papel essencial e acessório diante das construções apresentadas.
De acordo com Ilari e Basso (2017, p. 123):

na maioria de seus usos, uma preposição é seguida imediatamente por um


sintagma nominal. A construção assim formada pode depender por sua vez de
um substantivo, de um adjetivo, de um verbo ou de advérbio, e pode completar
essas palavras de maneira essencial ou acrescentar-se a elas de maneira
acessória.
62

Os estudiosos apontam uma descrição do emprego da preposição que foi


concebida diante da inserção de um sintagma preposicionado, indicando uma relação
sintagmática ocasionada na construção das orações apresentadas.
Conforme Ilari e Basso (2017, p. 123), no exemplo 1 (um) do quadro de usos:
“abrange as preposições que introduzem o objeto direto dos verbos. Um trabalho antigo
e extremamente rigoroso de gramatização fixou as preposições que devem ser usadas
a cada verbo em português”. Nesse exemplo os autores tentam explicar o uso diante
do processo engessado de gramatização, do rigor da utilização da preposição nesses
casos, repassados repetidamente na forma tradicional, e que não revelam uma
funcionalidade de uso.
Assim, de acordo com Ilari e Basso (2017, p. 123):

um possível equívoco na escolha da preposição é imediatamente interpretado


como um sinal de incompetência, e isso faz com que as gramáticas dediquem
a esse problema longos capítulos, nos quais se esclarece, por exemplo, que o
verbo assistir “pede” a preposição a, e que o verbo presenciar não pede
preposição nenhuma.

Nessa perspectiva, é fácil notar a influência das regras gramaticais diante da


função que a preposição exerce na construção sintática, e como o processo de
gramatização influencia diretamente na construção desse uso. Percebemos que, a
solução dada para o bom uso das preposições, segundo o autor é a dedicação de
vários exemplos de memorização de regras trazidos pelas gramáticas escolares.
O exemplo 2 (dois), corresponde à utilização das preposições que formam
adjuntos adverbiais, visto pelos autores como um leque de possibilidades pelo locutor,
dando margem para escolhas, que se tornam acessórias, assim como também no
exemplo 4 (quatro), no qual Ilari e Basso (2017, p. 123) afirmam que: “as escolhas
possíveis são muitas e significativas, e seria errado querer reduzir a preposição a um
mero automatismo gramatical”. Entendemos aqui que a função sintática se entrelaça
com o leque de possibilidades de significado possíveis de serem inseridos na sentença.
Já no exemplo 3 (três) Ilari e Basso (2017, p. 123, grifos dos autores) percebem
que:

encontramos os casos em que o constituinte introduzido pela preposição


funciona como complemento nominal do substantivo que precede. Aqui a
escolha da preposição é mais uma vez determinada: alergia por/a camarão,
63

solidariedade(para) com as vítimas, medo de altura. Novamente, a escolha da


preposição é altamente previsível em português culto, e isso justifica a
existência dos dicionários de regimes de substantivos e adjetivo,
especializados em informar qual é a preposição que acompanha cada
substantivo ou adjetivo.

Nesses casos, podemos observar que os autores apesar de considerarem que


as preposições tem função além de ligar sentença, ainda justificam o uso de
determinadas preposições em determinadas situações por meio da normalização,
enraizada pela tradição gramatical.
Percebemos nesse exemplo 4 (quatro) que em todos os casos forma-se uma
locução adjetiva, cabendo ao falante utilizar-se de diferentes preposições que podem
ser escolhidas mediante o significado que se quer obter na frase, como mostra o
exemplo de Ilari e Basso (2017, p. 124): “roupa com manga/ roupa sem manga; fruta
em compota, fruta para compota, etc.) observa-se, neste caso, que o uso das
preposições supera o apenas ligar proporcionando um significado contextual da frase.
No exemplo 5 (cinco), conforme Ilari e Basso (2017, p. 124, grifos dos autores):

localizamos termos integrante de advérbios. Esse caso não é comum, mas


convém mencioná-lo porque nos dá a oportunidade de lembrar que, ao lado
das preposições listadas [...], a língua dispõe de um número incontável de
locuções prepositivas. A criação de locuções prepositivas intervém palavras
de outras classes (sobretudo advérbios e substantivos) ao lado de uma ou
outra das preposições listadas (geralmente de, a ou com).

Diante do exposto, podemos destacar que o papel das preposições dentro do


contexto de uso ultrapassa o conceito limitado trazido por muitas gramaticas escolares,
por outro lado a análise descritiva das funções sintáticas exercidas pelas preposições
nos leva a perceber sua amplitude funcional conforme sua utilização dentro do contexto
de uso. E diante dessa constatação é necessário pensar se esses aspectos são
explorados em sala de aula, para que se possa promover um ensino que guie os
educandos a um conhecimento mais concreto.
Ao utilizarmos a fala ou a escrita interagimos com as pessoas, deixamos
nossas intenções em cada sentença que proferimos ou em cada texto que escrevemos,
contudo, para obtermos nossas intenções lançamos mão da língua e dos seus recursos
oferecidos de maneira organizada, assim colaboram para que a organização da ideia
possa convergir com o enunciador.
Dessa forma, cada classe gramatical possui suas funções, dentre as quais e
mediante intenções do enunciador são organizadas e realizadas. Para tanto, no ensino
64

de LP na escola essas funções encontram-se restringidas nos manuais que se


apropriam de entendimentos da perspectiva tradicional, propondo conceitos que, se
analisados diante do uso da língua, se apresentam aquém dos seus falantes. Assim,
no estudo das preposições nessa perspectiva, o que se observa é que são retratadas
de maneira reduzida a funcionalidades técnicas, sem se preocupar com os aspectos
semânticos.
Cançado (2018, p. 17) corrobora com esse entendimento ao afirmar que:

a Linguística assume que o falante de qualquer língua possui diferentes tipos


de conhecimento em sua gramática: o vocabulário adquirido, como pronunciar
as palavras, como construir as palavras, como construir as sentenças, e como
entender o significado das palavras e das sentenças. Refletindo essa divisão,
a descrição linguística tem diferentes níveis de análises : o estudo do Léxico,
que investiga o conjunto de palavras de uma língua e sua possível
sistematização; o estudo da Fonologia, que focaliza os sons de uma língua e
de como esses sons se combinam para formar as palavras; o estudo da
Morfologia, que investiga o processo de construção das palavras ; o estudo da
Sintaxe, que investiga como as palavras podem ser combinadas em
sentenças; e o estudo da Semântica, que focaliza o significado das palavras e
das sentenças.

A autora nos remete a aprofundamento do estudo da língua apresentando os


diversos aspectos que tem que se compreender; as descrições da língua nos ajudam
a compreender melhor seus aspectos e, consequentemente, ser mais ainda
protagonista da língua. Assim, se na escola se trabalhar como prioridade apenas um
desses aspectos, corremos o risco de deixar muito conhecimento para trás, o que
ocasionará um déficit de aprendizagem.
Cançado (2018, p. 21) discorre que:

todas as línguas dependem de palavras e de sentenças dotadas de significado:


cada palavra e cada sentença estão convencionalmente associadas a, pelo
menos, um significado. Desse modo, uma teoria semântica deve, em relação
a qualquer língua, ser capaz de atribuir a cada palavra e a cada sentença o
significado (ou significados) que lhe (s) é (são) associado(s) nessa língua.

A autora colabora ao proporcionar entendimento sobre composicionalidade das


sentenças; segundo esse princípio, o significado de um todo linguístico é o resultado
da soma das partes e do modo como essas partes se relacionam. Notamos que, no
que tange às preposições, o seu papel vai além do automatismo gramatical, cada
palavra da sentença contribui significativamente para a construção do seu sentido
completo.
65

Em consonância, o quadro a seguir propõe um olhar aprofundado no que se


refere aos aspectos de análise das preposições:

QUADRO 05 – Diferentes enfoques para estudos da preposição

Exemplos Aspecto enfatizado


Lucas está fora do jogo.  Preposição contração: de + o= do
(Preposição “de” + artigo definido “o” -
Aspecto Morfológico
Lucas gostou do ônibus.  Objeto indireto, apresentado pelo verbo
transitivo indireto “gostar” - Aspecto
sintático.
Lucas veio de carro.  Meio de transporte utilizado por Lucas-
Aspecto semântico 1.
Lucas veio do carro.  Local de deslocamento de Lucas-
Aspecto semântico 2.
Fonte: elaborado pela autora.

Observamos que diante dos aspectos apresentados, que muito embora não
necessariamente possam ser separados, necessitam um do outro para o entendimento
completo, é importante observar que as preposições proporcionam determinações que
auxiliam na construção das sentenças, assim, através dos exemplos mostra-se a
amplitude que é o emprego das preposições, vistas por mais de um ângulo. No primeiro
aspecto, que é o morfológico leva-se em consideração o princípio da composição da
contração da preposição, seu processo de formação. No segundo aspecto
encontramos o foco apenas no papel sintático ofertado pela preposição e no terceiro
aspecto demonstrando semântico, e de acordo com o princípio da composicionalidade,
podemos considerar que há um valor semântico da preposição quando a seguir
aparece um nome sem o determinante (nome nu-NN) e outro valor semântico da
preposição quando a seguir aparece um sintagma com determinante.
De acordo com Gomes e Mendes (2018, p. 60): “ a ocorrência de um nome
comum sem determinante em posição argumental (...) são chamados sintagmas
nominais nus (NN)”. Com essa conceituação oferecida podemos perceber que nos
exemplos destacados, quanto aos aspectos semânticos, há uma diferença no
66

significado da sentença quando se utiliza um sintagma com determinante (SD) e


quando não se utiliza.
Estudos aprofundados a respeito do comportamento das preposições mediante
as descrições linguísticas vêm contribuindo para um melhor entendimento a respeito
dos significados que as preposições apresentam diante de uma sentença.
Consequentemente, proporcionam uma melhor maneira de ver e pensar na escrita.
Berg (2005), em sua tese de doutorado, apresenta estudos dos
comportamentos das preposições de maneira bem consistente e pertinente. A autora
levanta questionamentos baseados em Pontes (1992) referentes ao uso e desuso das
preposições na língua oral e escrita. Sob essa perspectiva e diante das preposições
apresentadas nas gramáticas tradicionais, reflete sobre as preposições que são
consideradas arcaicas ou as que estão em desuso na língua oral, assim exclui as
preposições per, ante, perante, após, sob, sobre, trás, por não se estabelecerem mais
na oralidade.
Também de acordo com Berg (2005, p. 19) e os estudos de Pontes (1992) “as
preposições ante e perante já desapareceram da língua oral e alguns poucos casos
ainda são usados como ante o público, ante o juiz, ante esta situação. O uso dessas
preposições é mais possível de ser encontrada na língua escrita”. Depreendemos que
as preposições admitem papéis significativos para com os falantes e estes a
compreendem utilizando-as ou não nas construções de enunciados.
Ainda nessa mesma perspectiva e na intenção de ampliar os estudos acerca
do ensino das preposições, Berg (2005, p. 25) apoiada em Lima (1984) apresenta as
preposições em aspectos que envolve o significado, ao apresentar que:

a partir dos dados deste trabalho e também a partir do que é assumido por
vários autores, vemos que algumas preposições parecem portar mais sentidos
que outras. As preposições a, com, de, em, para, por apresentam mais
variedade de sentidos do que as preposições ante, após, até, contra, desde,
entre, perante, sem, sob, sobre. Por exemplo, a preposição de tem vários
sentidos: origem, tempo, matéria, instrumento, causa, meio, modo, etc.; já a
preposição sem expressa apenas um sentido: ausência. A idéia de LIMA
(1984) de que existem preposições com sentido fraco e preposições com
sentido forte, parece-nos bem viável, pois os dados do português comprovam
esse comportamento. Por isso, vamos assumir, apoiando-nos em LIMA
(1984), que existem preposições com sentido forte, cujo sentido é bem
demarcado, reduzido a um (ou uns poucos) e, em geral, ele pode ser
estabelecido fora do contexto sentencial (grifos nosso).
67

Esse entendimento apresentado pela autora, colabora para reflexão de que as


preposições não se limitam a ligar palavras, elas são também portadoras de sentidos
que contribuem para a compreensão da sentença. Em comparação, podemos perceber
que diante da tradição gramatical não identificamos uma subclassificação das
preposições quanto ao seu sentido, são vistas em uma única perspectiva, que é a
morfológica. Porém, nessa outra concepção apresentada por Berg (2005) identificamos
uma subclassificação das preposições por meio do critério semântico.
Em consonância, o exemplo a seguir demonstra esses entendimentos.

(05) Mário foi para escola de tênis.

Podemos observar que só depois de contextualizado na sentença, podemos


estabelecer que o sentido do de na frase (05) é o de expressar uma maneira/ a forma
como a pessoa estava calçada, por exemplo. Dessa forma, realizada a escolha, a
preposição passa a ter um sentido pleno, que faz parte do sentido da sentença
expressa em (05). É perceptível que, caso se troque a preposição, não proporcionará
o mesmo significado da sentença, ou seja, ela despertará outro entendimento mesmo
mantendo igualmente o sintagma de complemento. Isso nos mostra que o significado
da sentença é determinado pelo significado das partes.
Deste modo e com a mesma intenção, os exemplos abaixo contribuem para
exemplificar a apresentação de significado que as preposições apresentam:

(06) a. Mário foi para escola sem tênis/ com tênis /.


b. José falou após a plateia/ com a plateia/ contra a plateia/ da plateia/ na
plateia/

Diante dos exemplos, preponderamos que as preposições estabelecem


relações de significado dentro das sentenças, extrapolando assim os conceitos ora
apresentados e disseminados pelas gramáticas tradicionais que atribuem às
preposições apenas a função de ser elo entre os complementos, eximindo-as de
apresentarem influências nas construções de significados dos enunciados, mostrando
assim uma distância significativa de emprego e funcionalidade e confundindo o
68

entendimento dos educandos quando se estuda essa classe de palavra, possibilitando


um conhecimento fragmentado.
Berg (2005, p. 27, grifos nossos) amplia ainda mais o pensar sobre o sentido
das preposições ao apresentar o conceito de preposições fortes e fracas:

É interessante observar que a divisão semântica entre preposições fortes e


fracas parece se refletir no comportamento sintático das sentenças. (..) as
preposições fortes, em contextos anafóricos, não são apagadas, isto é, elas
têm que aparecer na sentença. É possível eliminar os SNs complementos de
algumas preposições fortes, mas não as próprias preposições. Já as
preposições fracas são sempre suprimidas junto com o seu SN complemento;
elas não ocorrem sozinhas sem o SN.

Diante do conceito apresentado, a autora enfatiza aspectos das preposições


que não são apresentadas nos livros que seguem a linha da tradição gramatical, visto
que a principal função da preposição vista por eles se restringe em “ligar palavras”. A
autora apresenta a divisão semântica entre as preposições parece refletir no
comportamento sintático das sentenças. Com os exemplos abaixo podemos identificar
esses aspectos pela autora elencados:

(07) a.Joana saiu antes da aula, e José saiu após a aula;


b. Joana saiu antes da aula e José saiu após.
(08) a.José sempre foi a favor da imigração e agora é contra a imigração.
b. José sempre foi a favor da imigração e agora é contra.
(09) a. Manoel pegou o último livro, por isso você ficou sem o livro;
b. Manoel pegou o último livro, por isso você ficou sem.
(10) a. O meu voto foi contra o José, e o voto de Ana foi favorável a José.
b. O meu voto foi contra o José, e o voto de Ana foi favorável.
(11) a. Uns podem odiar matemática, e outros podem gostar de matemática.
b. Uns podem odiar matemática, e outros podem gostar.
(12) a. Francisca me disse que viu o acidente, mas eu não acredito na Francisca.
b. Francisca me disse que viu o acidente, mas eu não acredito.
.
Assim, de acordo com os exemplos, observamos que em (07), (08) e (09) nos
exemplos a e b, que as preposições: após, contra e sem, são preposições que possuem
sentido dentro da sentença e não necessitam de complemento para construir o
69

significado e, se eliminadas, comprometem a completude da sentença; assim,


conforme Berg (2005) são consideradas fortes, pois exercem sentido mesmo fora do
contexto. Em comparação, o que se observa nos casos (10), (11), (12) é que as
preposições utilizadas na construção das sentenças podem ser eliminadas sem
prejuízo de entendimento, nesse caso essas preposições utilizadas: a, de, na são
preposições fracas.
Dessa forma, as preposições com sentido fraco possuem uma amplitude maior
de sentidos que só podem ser específicas mediante o contexto da sentença. Em
contrapartida, as preposições que apresentam sentido forte possuem limitação de
sentidos possíveis comprimidos a um (ou poucos) que pode se estabelecer até mesmo
fora do contexto, é caso de sem (ausência) (BERG, 2005).
A partir dessas informações a autora nos faz refletir sobre os conceitos que são
apresentados ano após ano nas instituições de ensino, em que o papel das preposições
não tem relação com o sentido das frases, apenas elemento de ligação, pois, podemos
perceber que algumas preposições tem sentidos plenos e não podem ser
apagadas(fortes) em contextos usuais da língua, como é o caso de contextos
anafóricos, enquanto seus complementos podem.
Outro aspecto a ser observado, que vai além os estudos tradicionais da
preposição, é a diferença de significado que a preposição pode proporcionar quando
utilizada com um determinante, como veremos nos exemplos a seguir:

(13) Marina veio de ônibus.

(14) a. Marina veio do ônibus.


b. Marina veio daquele ônibus.
c. Marina veio de/do meu ônibus.

(15) Marina saiu de ônibus.

(16) a. Marina saiu do ônibus.


b. Marina saiu daquele ônibus.
c. Marina saiu de/do meu ônibus.
70

Em (13) e (15), é estabelecido o significado de que o sintagma ‘de ônibus’ (com


preposição e sem determinante) se refere ao meio de transporte utilizado por Maria
para se deslocar de um lugar para outro. Porém nos exemplos (14) e (16) a ideia de
meio de transporte se desfaz, e isso se dá pela inserção de um determinante junto a
preposição e passa a significar o local de onde Marina se deslocou do interior para o
exterior do veículo. Essas observações permitem evidenciar a diferença de significado
estabelecido pela preposição dentro da sentença à medida que realiza a contração com
o artigo definido ou com outro determinante, nesse entendimento mobiliza os
conhecimentos morfológicos, sintáticos e sintáticos.
Em outros exemplos:

(17) a. Ana foi à festa sem namorado.


b. Ana foi à festa sem o namorado.

No primeiro caso não há o acarretamento de que Ana, de fato, tenha um


namorado. Já no segundo caso, parece que ela necessariamente tem namorado, pois
entende-se a ausência deste quando se insere um determinante junto à preposição.

(18) a. Lucas e Ana estão conversando sobre tapetes.


b. Lucas e Ana estão conversando sobre os tapetes.
Em (a), “tapetes” é o assunto da conversa, enquanto em (b) “os tapetes” pode ser
o assunto da conversa, mas também pode ser o lugar em cima do qual Lucas e Ana
estão conversando.
Nesse contexto observamos que as preposições tendem a apresentar um valor
semântico quando precedem nomes nus (sem determinantes) e outro valor semântico
quando precedem sintagmas com determinante. Conforme visto, percebemos uma
mudança de significado da sentença a partir do momento que esta recebe um
determinante.
Podemos verificar, diante dos exemplos apresentados uma diferença de
significado causada pela ausência/presença de um determinante em sintagmas
preposicionados, o que interfere significativamente na construção de um todo, no
significado da sentença; esta, por sua vez, é construída através da inserção de cada
palavras que, juntas, proporcionam uma intencionalidade.
71

Em complemento, a seguir, apresentamos um esquema na intenção de


colaborar com o entendimento estrutural das sentenças quanto a ausência versus
presença de um determinante junto a preposição.

(19) Saí de carro. (20) Saí daquele carro


SP(Sintagma
SP(Sintagma preposicionado
preposicionado)

SN (Sintagma Preposição
Preposição SD (aquele) +
nominal)
(de) (de) SN
CARRO

(21) Saí de um carro. (22) Saí do carro.


SP(Sintagma
preposicionado) SP(Sintagma
preposicionado)

Preposição(de) SD (um) + SN Preposição(de) SD (o ) + SN

Fonte: elaborado pela autora.

Nos esquemas apresentados, podemos evidenciar que em (20), (21) e (22)


quando há a presença de um determinante junto com a preposição entendemos que
os sintagmas possibilitam a ideia de movimento, o mesmo não acontece em (19), em
que não há determinantes, e do qual se extrai a ideia de meio e não de movimento.
72

Dessa forma, podemos perceber que a presença ou a ausência de um determinante


junto à preposição estabelece relações diferenciais de significado.
Nesse contexto, a reflexão que fazemos é que, diante do estudo das
preposições, segundo as prescrições gramaticais percebemos uma visão reducionista
do ‘papel’ dedicado às preposições, vistas de forma a integrar uma sentença sem
interferir no seu sentido, o que não acontece quando são analisadas e/ou estudadas
sob a ótica da funcionalidade, da reflexão e uso, com o auxílio da semântica e das
descrições gramaticais, que promovem um entendimento maior e mais amplo do ‘papel’
que as preposições exercem no contexto sentencial e a sua contribuição para a
promoção do significado no âmbito sentencial.
No esquema proposto fica evidenciado que o acompanhamento ou não de um
determinante junto a uma preposição acarreta uma mudança de significado necessária
para o entendimento da sentença, que ao evidenciar a presença ou ausência do
determinante na sentença o falante elege o significado da sentença que quer repassar,
e que é proporcionando por meio do significado que essa utilização da preposição
permite.
Diante da apresentação, percebemos que o ensino de gramática na escola, em
especial o ensino das preposições, encontra-se mecanizado, os alunos são levados a
decorar o quadro de preposições e das combinações e contrações, porém não são
sujeitados a questionar, criar hipóteses, por exemplo, de quando usar uma combinação
ou uma contração, ou uma preposição sozinha. Não são incentivados a perceber que
o uso das contrações ou de uma determinante junto a um sintagma preposicionado
proporciona uma mudança de significado da sentença.
Portanto, se faz necessário ampliar essa visão para o ensino, permitindo ao
professor e ao aluno vivenciarem os recursos linguísticos com mais propriedade,
estabelecendo hipóteses de usos e no que tange a preposição oportunizar um
conhecimento mais eficiente.
Diante da apresentação entendemos que a relevância dessas reflexões para
com o professor de língua materna é de suma importância, pois possibilita-o a se
instruir e compreender melhor os aspectos linguísticos para atuar como mediador no
ensino das preposições, diversificando as atividades em estudo, colocando o aluno
frente aos fenômenos linguísticos comprovando ou negando hipóteses de
73

entendimento através de atividades epilinguísticas e metalinguísticas que contribuem


para o desenvolvimento das habilidades comunicativas dos alunos.
Considerando que o objetivo deste capítulo é construir explicações mais
significativas acerca do funcionamento das preposições. Constatamos que: (i) as
gramáticas da tradição gramatical caracterizam as preposições basicamente em seu
aspecto morfológico e sintático, apresentando conceitos abstratos e funções limitadas.
(ii) as descrições linguísticas caracterizam as preposições em todo os seus aspectos,
apresentando explicações bastante esclarecedoras, principalmente do seu aspecto
semântico que complementam as prescrições da tradição gramatical, podendo
contribuir para melhorar a prática do professor e tornar o ensino – aprendizagem das
preposições mais significativo.
Isso revela que uma proposta de intervenção sobre ensino-aprendizagem das
preposições para a Educação Básica não pode prescindir da observação do
funcionamento da língua sob a perspectiva da AL, pois ela é importante para esclarecer
o fenômeno linguístico estudado em todo os seus aspectos, conferindo ao aluno a
compreensão do funcionamento da língua como um todo. No caso específico das
preposições, a AL vai oferecer importantes explicações acerca do papel semântico
desse fenômeno para o português, o que comumente não encontramos nas gramáticas
de tradição gramatical e nem nos livros didáticos.
Percebemos também que, nesse capítulo, os estudos descritivos contribuem
significativamente para o ensino-aprendizagem das preposições e a ampliação das
práticas pedagógicas gramaticais. Para tanto, repensar o ensino e buscar mais
alternativas metodológicas são passos necessários pra um ensino mais construtivo.
74

4 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo apresenta a descrição dos procedimentos metodológicos desta


pesquisa. Tem como objetivo descrever os passos que foram percorridos para se
chegar ao levantamento dos dados da pesquisa e apresentar sua análise. Dessa
forma, este capítulo está subdividido em quatro seções.

4.1 Caracterização da Pesquisa

Partindo do princípio de que o objetivo desta pesquisa é investigar estratégias


de ensino do emprego das preposições para alunos do 7º ano, por meio não só de
atividades metalinguísticas, mas também de atividades linguísticas e epilinguísticas,
com foco no nível semântico de análise a fim de elaborar uma proposta de intervenção
direcionada para a AL, esta pesquisa, quanto aos objetivos, caracteriza-se como
descritiva, pois propõe-se a descrever as características do grupo, bem como também
utiliza-se de instrumentos de coleta de dados (GIL, 2002).
A pesquisa científica pode ser classificada em diversas formas. Neste trabalho
assumimos os procedimentos da pesquisa de campo, adotando a abordagem
qualitativa para a análise dos dados.
Quanto aos procedimentos técnicos fundamenta-se em uma pesquisa de
campo que para Gil (2002, p. 53):

o estudo de campo focaliza uma comunidade, não necessariamente


geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer
ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa
é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo de
estudo e de entrevistas e/ou questionários com os participantes informantes
da comunidade estudada a fim de captar suas explicações e interpretações
do que ocorre no grupo.

A pesquisa de campo é fundamentada na intenção de observar um fenômeno


ocorrido em um determinado grupo, aprofundando questões propostas no estudo.
Dessa maneira, também se torna flexível, já que será construída mediante
observações e intenções apresentadas nas situações propostas.
Em conformidade, o autor destaca o foco da pesquisa de campo que é
comunidade ou grupo em estudo que envolva o ser humano, tendo como meio a
75

observação, que garante uma proximidade significativa do pesquisador com a


situação em estudo.
Como instrumento de coleta de dados foi realizada a aplicação de uma
avaliação diagnóstica sobre o uso das preposições (que se encontra nos apêndices
deste trabalho), com o intuito de levantar dados dos alunos, como também a análise
do livro didático Português: linguagens (CEREJA&COCHAR, 2015) do 7° ano do
Ensino Fundamental, por meio das questões abordadas no livro sobre a temática das
preposições (páginas analisadas em anexo).
Quanto à análise dos dados, a pesquisa tem o enfoque qualitativo, que busca
a priorização das percepções e aspectos subjetivos elencados no interior da pesquisa.
Assim sendo, complementa Gil (2002, p. 133) a respeito da análise qualitativa:

a análise qualitativa é menos formal do que a análise quantitativa, pois nesta


última seus passos podem ser definidos de maneira relativamente simples. A
análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados
coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os
pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-se, no entanto,
definir esse processo como uma sequência de atividades, que envolve a
redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a
redação do relatório.

Nesse sentido, como complementa o autor, a escolha pela análise qualitativa


é relacionada ao tipo de estudo que se quer alcançar, somados à intenção de promover
interpretação de valores e opiniões que serão utilizados para alcançar os objetivos
pretendidos com o foco na compreensão dos fenômenos de cunho social inseridos em
um contexto situacional.
Diante da apresentação podemos identificar os procedimentos escolhidos, bem
como a forma de coleta de dados adotados, assim, esclarecemos a escolha do tipo de
pesquisa que é a qualitativa por se encaixar nos objetivos desejados.

4.2 Campo e participantes da pesquisa

A pesquisa de campo foi realizada em uma escola do Ensino Fundamental da


rede pública municipal de Altos-PI, no Bairro Tranqueira. Esta pesquisa foi submetida
ao Comitê de Ética em Pesquisa-CEP, pois envolve seres humanos, sendo
cadastrada e aceita na Plataforma Brasil, sob o número CAAE:1738871900005209.
76

O campo de pesquisa foi escolhido tendo em vista que a pesquisadora é


professora efetiva de LP nesta escola. Tendo por motivação o acompanhamento dos
alunos desde a série anterior e por conhecer algumas das suas dificuldades,
entendendo-os de maneira mais direcional, na intenção de ajudá-los a solucionar os
problemas que apresentarem.
A Instituição de ensino do qual a turma faz parte oferta turmas de 1º ao 8º ano
do Ensino Fundamental, nos turnos da manhã e da tarde. Dessas turmas 5 funcionam
no turno da manhã em outro prédio anexo correspondente a 5 salas, este prédio foi
cedido pelo governo do estado para atender às demandas da comunidade e por estar
disponível no turno necessitado, visto que as atividades do estado nesta escola foram
reduzidas para os turnos tarde e noite. Dessa forma, a quantidade de alunos no ano
2019 correspondeu a um total de 480 alunos, sendo 320 alunos no turno da manhã e
160 alunos no turno da tarde. Os alunos, em sua maioria, residem próximo à escola,
poucos casos são de arredores de comunidades e assentamentos da zona rural,
estes, quando acontecem, são assistidos pelo transporte escolar municipal.
A escola é uma instituição que procura desenvolver um trabalho que auxilie
seus educandos no seu desenvolvimento integral, atendendo suas necessidades
dentro das possibilidades institucionais, promove projetos adicionais na intenção de
promoção e recuperação de alunos que ainda não conseguiram desenvolver
habilidades para série que estuda, tendo como objetivo maior promover uma
educação de qualidade.
A gestão da escola é composta por uma diretora, um diretor adjunto, duas
coordenadoras pedagógicas: uma geral e a outra responsável pelo Programa Mais
Educação, que realiza atividades pedagógicas no contra turno dos alunos. Nela atuam
20 professores. Desses, 6 são professores efetivos, e 14 contratos temporários.
A parte administrativa está dividida da seguinte forma: 01 secretária, 02
auxiliares de secretária; 02 vigias, 02 auxiliares de serviços gerais e 01 merendeira.
Quanto à infraestrutura, a escola conta com 09 salas de aula no prédio
principal e 05 no prédio anexo, 02 banheiros masculinos e 02 femininos, 01 biblioteca,
01 sala que funciona como secretaria e diretoria, 01 cantina e 01 depósito. No prédio
anexo há 8 salas disponíveis, 01 cantina, 2 banheiros, uma diretoria e um amplo pátio.
No entanto, a pesquisa será realizada apenas com uma turma de 7º ano, turno
tarde, no prédio principal da escola, contando com 33 alunos matriculados. Os alunos
77

encontram-se na faixa etária de 12 a 14 anos, predominantemente residentes na zona


urbana do município.
Diante da caracterização, percebemos os direcionamentos escolhidos pela
escolha do campo e a composição dos participantes envolvidos na pesquisa.

4.3 Instrumentos de Coleta de Dados

Como instrumento de coleta de dados foram aplicadas duas atividades: a


primeira extraída do livro didático adotado na escola (por meio do Programa Nacional
do Livro Didático-PNLD) investigada, com a intenção de caracterizar a abordagem
adotada no que tange ao ensino das preposições; e a segunda atividade, de caráter
diagnóstico, elaborada pelo autor da pesquisa, tem como intenção avaliar a
compressão dos alunos quanto ao emprego das preposições através do conhecimento
semântico em uma perspectiva não abordada pelo livro didático. A seguir serão
caracterizados cada um desses instrumentos.

4.3.1 O livro didático

O livro didático que foi analisado é o livro de Língua Portuguesa “Português:


Linguagens”, dos autores Wiliam Roberto Cereja e Tereza Cochar. (9ª edição. São
Paulo: Saraiva, 2015) do 7º ano do Ensino Fundamental, adotado pela escola. Ele faz
parte do PNLD, para os anos de 2017 a 2019. Este livro está dividido em quatro
unidades, contendo cada uma três capítulos.
Na parte estrutural do livro foi identificado que cada unidade em sua abertura
é sempre iniciada com um gênero textual, imagens que se correlacionam com o texto,
bem como sugestão de livros, filmes e sites que trazem a temática apresentada pelo
gênero textual.
Cada unidade é composta por três capítulos, estes, por sua vez, compartilham
de estruturas iguais, na abertura de cada capítulo inicia-se com um outro texto e de
outro gênero, mas com a mesma temática de abertura da unidade. Após o texto inicia-
se subseções apresentadas por títulos que colaboram para os estudos dos conteúdos,
por meio de textos, exercícios, dicas e conceitos.
78

Cada capítulo é composto basicamente por três subseções, a primeira


subseção é o “Estudo do texto”. Nesta subseção há duas subdivisões voltadas para o
texto: “A linguagem do texto” e “Leitura expressiva do texto”, no qual apresentam
questões que visam realizar o resgate de ideias apresentados no texto como também
realizar comparações entre textos. A segunda subseção diz respeito “A produção de
texto” em que são trabalhadas ideias que possam provocar uma produção de texto
mediante planejamento, revisão e reescrita, já a terceira subseção tem como título “A
língua em foco”, que visa trabalhar os conceitos gramaticais dentro dos textos em
abordagem normativa e reflexiva da língua.
Dos três capítulos iniciais de cada unidade, dois são abertos com textos
verbais e um dos três capítulos apresenta a leitura de uma ou mais imagens- pinturas,
fotografias, cartum, escultura, que se relacionam ao tema central da unidade. Essa
parte, situada no início do capítulo, antes das seções de produção de texto e
gramática, destina-se à leitura sistematizada de linguagens não verbais ou mistas,
com o objetivo de ampliar as estratégias de leitura do aluno nessas modalidades de
linguagem, ampliar seus referenciais culturais e “sua linguagem de mundo”.
A unidade que trata do estudo das preposições e das atividades que darão
base aos diagnósticos corresponde a unidade três que tem como tema “Eu e os
outros”, mais especificamente no capítulo 1 na seção “A língua em foco” que se
encontram dispostas nas páginas correspondentes 150 a 159. Observamos que até
chegar a essa subseção da unidade há diversos textos de diversos gêneros, porém
não fazem nenhuma referência às preposições na construção do texto; a ênfase dada
à preposição é somente a partir da subseção em que enfatiza o conteúdo, ou seja,
que segundo o índice irá tratar do conteúdo das preposições. Dessa forma, as análises
realizadas têm como foco essa subseção, que trabalha especificamente o assunto
abordado neste trabalho.
No que se refere ao ensino das preposições, Cereja e Cochar (2015, p. 151)
abordam o conceito de preposição quando afirmam que “preposição é uma palavra
que liga duas outras palavras, de forma que o sentido da primeira é completado pela
segunda”; nessa abordagem é perceptível a função da preposição como mecanismo
técnico, sem valor próprio dentro do processo sentencial.

4.3.2 Atividade Diagnóstica elaborada pela autora


79

A atividade diagnóstica é composta por 08 (oito) questões, sendo que: 02


(duas) têm como objetivo avaliar a compreensão dos alunos acerca do emprego das
preposições no seu aspecto morfológico; 03 (três) questões têm como objetivo avaliar
a compreensão do emprego nas preposições no seu aspecto sintático e 03 (três)
questões possuem como objetivo principal avaliar a compreensão dos alunos acerca
da preposição em seu aspecto semântico.
No que diz respeito às questões que envolvem a avaliação da compreensão
dos alunos acerca do emprego das preposições no seu aspecto morfológico
apresentamos a identificação da preposição dispostas em sentença e temos o
entendimento dos processos de combinação da preposição, em que ocorre a união
da preposição com outra classe gramatical (artigos e advérbios) sem perda de seus
fonemas, ou seja, sem alteração fônica, como no caso de: a (preposição) + o (artigo)
= ao ou a ( preposição) + onde (advérbio) = aonde e os processos de contração
da preposição, quando esta se une a outra classe gramatical (artigos, pronomes,
advérbios) havendo nesta união perda ou transformação de fonema (contração fônica)
da preposição.
Nas questões que avaliam a compreensão dos alunos diante dos aspectos
sintáticos, observamos se o aluno é capaz de realizar concordância mediante o uso
das preposições e identificação dos termos integrantes da oração com sintagmas
preposicionados.
Em sequência, nas questões que avaliam compressão dos alunos acerca do
aspecto semântico, é instigado entendimento da diferença de significado oportunizado
pela ausência ou presença de determinantes em sintagmas preposicionados
dispostos em pequenos enunciados.

4.3.2.1 Aplicação da atividade diagnóstica

Como a pesquisa foi submetida ao CEP, a coleta de dados só pode ser


iniciada quando confirmada a sua aprovação. Dessa forma, a pesquisa foi autorizada
pelo n° 3441530. Dentre os documentos enviados aos CEP constava uma declaração
de infraestrutura e uma declaração de anuência da escola, dando a permissão pela
instituição para que a pesquisa fosse desenvolvida na instituição pretendida.
80

Antes do início da coleta de dados, realizamos uma reunião com os


responsáveis pelos participantes da pesquisa, tendo em vista que são menores de
idade, com a finalidade de prestar informação e esclarecimento sobre a pesquisa e
solicitação para permissão da realização do trabalho. Foi apresentando o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (doravante TCLE), posteriormente assinado pelos
responsáveis que estavam de acordo com a pesquisa, por conseguinte, na primeira
oportunidade também foi apresentado aos participantes da pesquisa o Termo de
Assentimento e, em concordância com o termo, este foi assinado individualmente.
Assim, todos os participantes submetidos a essa pesquisa assinaram os termos de
assentimento e os pais ou responsáveis concordaram também com a participação
assinando o TCLE, devidamente apresentados e anexados a este trabalho.
Em seguida, após assinatura dos termos, deu início a coleta de dados. Isto
posto, foram incluídos na pesquisa os participantes que responderam a atividade
diagnóstica e excluídos os que responderam a atividade de forma ilegível.
A coleta de dados foi realizada seguindo quatro momentos, a duração de cada
um correspondeu a três horas/aulas na turma. Os três primeiros momentos foram
dedicados à realização das atividades propostas pelo livro didático e o quarto e último
momento foi dedicado à realização da atividade diagnóstica elaborada pela autora da
pesquisa.
O primeiro momento constituiu na apresentação do conteúdo: preposição,
conforme é proposta na abordagem do livro didático, iniciando-se pela conceituação
e apresentação das preposições e os processos de combinação e contração das
preposições. Em seguida foi proposto a realização da atividade do livro didático das
páginas 150 a 153.
O segundo momento iniciamos com a correção da atividade da aula anterior
de forma coletiva, comentando cada uma das questões. Após isso, foi trabalhado
conforme a orientação do livro “os valores semânticos das preposições” e proposto a
realização em dupla da atividade trazida pelo livro, que corresponde as páginas 153
e 154. Após a atividade realizada as duplas efetuaram a correção coletiva, onde cada
dupla pôde explicar e debater suas respostas.
No terceiro momento, optamos por trabalhar a atividade da seção que o livro
didático traz, que se intitula “semântica e discurso”, pois se encaixa na temática
abordada neste trabalho e corresponde às páginas 157 a 159 do livro. O texto da
81

abertura da atividade foi lido coletivamente e comentado, em seguida, foi realizada as


questões mediante o texto. Findada a correção foram debatidas as respostas dadas
por cada aluno. Neste dia foi marcado a aplicação da atividade diagnóstica elaborada
pelo autor da pesquisa.
No quarto momento realizamos a atividade diagnóstica composta por 08 (oito)
questões que contemplavam o ensino das preposições em seus aspectos
morfológicos, sintáticos e semânticos, respectivamente. Antes de iniciar a aplicação
realizamos uma pequena revisão a respeito da classe gramatical em estudo. Logo
após, foi iniciada aplicação da atividade diagnóstica.
Nesta seção foi relacionado os instrumentos de coleta de dados que dão base
a esta pesquisa, na próxima seção serão apresentados a análise e a discussão dos
dados adotada para esse estudo, colhidos mediante a aplicação desses instrumentos.

4.4 Análise e discussão dos dados

Os resultados das análises e a discussão dos dados que foram coletados no


decorrer desta pesquisa que subsidiarão a estrutura da proposta de intervenção
passam a ser apresentados a seguir.

4.4.1 Análise do livro didático

Na análise do livro didático Português: Linguagens dos autores Wiliam


Roberto Cereja e Tereza Cochar (9ª edição. São Paulo: Saraiva, 2015) do 7º ano do
Ensino Fundamental adotado pela escola, podemos verificar os aspectos abordados
acerca do ensino das preposições, tendo em vista a estrutura apresentada pelo
material didático através de conceituações e de atividades propostas diante da
temática.
Cereja & Cochar (2015) enfatizam conceitualmente que as preposições fazem
parte de um grupo de palavras que tem como função principal realizar a ligação de
duas outras palavras, de forma que o sentido de uma inicial se complete pelo da que
vem em seguida. O exemplo a seguir é apresentado pelo livro:

A TV acabou com o nosso relacionamento!


82

No exemplo, os autores explicam que a palavra com liga a forma verbal


acabou à expressão o nosso relacionamento, que é o alvo da ação de acabar.
Dessa forma, concluem que palavras como: com, para, de e outras são chamadas
de preposição.
Ainda em relação a conceitos o livro também apresenta que, às vezes, o papel
de ligar palavras é desempenhado por expressões denominadas de locuções
prepositivas e cita exemplos delas, tais como: além de, antes de, depois de ao invés
de, em via de, defronte de, a par de, através de, dentro de.
Além da conceituação o livro apresenta mais um aspecto da preposição
relativa à parte morfológica, apresentando o processo de contração e combinação
através de poucos exemplos; é colocado um pequeno quadro demonstrativo e seis
exemplos em orações, como podemos ver a seguir:

Fonte: Cereja&Cochar (2015, p. 152).

Neste quadro podemos observar que o aspecto morfológico é enfatizado


através da apresentação das classes de palavras que se unem no processo de
contração e formam as preposições com contração. O manual didático se dedica a
apresentar o processo de formação de uma contração, porém não aprofunda nas
hipóteses de utilização.
Encontramos também seis orações inseridas como exemplos para
identificação da ocorrência de contração e combinação, são elas:
Na combinação:

Fonte: Cereja&Cochar (2015, p. 152).


83

Assim, de acordo com os autores a combinação é uma decorrência da união


da preposição a ao artigo o (s) ou ao advérbio onde, e que nessa junção as partes
que se ligam não deve ocorrer a perda sonora.
Na contração:

Fonte: Cereja&Cochar (2015, p. 152).

A explicação dada pelos autores percorre o conceito de que quando


preposições do tipo: a, de, em e per (forma antiga de por) se unem a artigos ou
pronomes, e assim havendo perda de som, ocorre a contração. Esclarecem ainda que,
quando a preposição a se une ao artigo a ou aos nomes a aquele, aquilo, ocorre um
tipo especial de contração denominado crase. Na escrita, segundo os autores, a
crase é indicada com o acento grave. Assim exemplificam a conceituação:

Fonte: Cereja&Cochar (2015, p. 152).

Analisando o livro didático, quanto à apresentação do ensino das preposições,


percebemos que a temática está mais direcionada aos aspectos morfológicos e bem
pouco à sintaxe e semântica. É evidente a simplificação do conceito de preposição
relacionado apenas a um “objeto” que pode se colocar e retirar de uma oração ou
trocá-lo sem alteração no processo de construção de significado da sentença.
84

Dessa maneira, observamos que nessa parte inicial os aspectos morfológicos


ganham ênfase pela organização dada e se sobressaem diante dos outros aspectos
sintáticos e semânticos. A ênfase adotada, destaca primordialmente aos aspectos
morfológicos e pode estar ligada a forte influência da tradição gramatical.
Os manuais didáticos são itens importantes no sistema escolar pois ajudam
a instrumentalizar o professor nas práticas educativas, porém podemos destacar que
caso professor utilize apenas esse instrumento como aporte didático e metodológico
poderá estar minimizando sua prática de ensino. Diante do que foi observado no livro
em análise, quanto ao ensino das preposições há uma forte tendência a desprezar o
sentido das preposições e suas contribuições para o significado das sentenças, assim
o aluno que é instigado apenas a decorar a preposição poderá ter dificuldades/
dúvidas quanto ao seu funcionamento. De acordo com o que vimos até aqui, é
importante destacar que cada segmento da sentença contribui significativamente para
o significado do todo e com a preposição não é diferente, como podemos destacar no
exemplo a seguir:

 Antônio dormiu sem roupa;


 Antônio dormiu com roupa;

Em duas sentenças, quase iguais, com mudança apenas da preposição,


visualizamos claramente que a opção pelo uso do falante ao proferir uma ou outra
sentença está nutrida de intenções comunicativas diferentes, assim, o conceito de que
a preposição apenas” liga duas palavras a outras palavras, de forma que o sentido da
primeira é completada pela segunda” (CEREJA&COCHAR, 2015, p. 151) não retrata
totalmente o conceito de preposição.
Para esclarecer mais essa afirmação, Avelar (2017, p. 90) pondera que:

além de aspectos relativos à constituição dos itens vocabulares, os livros


didáticos geralmente incluem na morfologia o estudo das classes de palavras.
A rigor, a caracterização dessas classes costuma levar em conta não apenas
critérios que dizem respeito à forma dos itens vocabulares, mas também suas
propriedades sintáticas e, em muitos casos, semântico-discursivos. Isso
costuma trazer aos alunos algumas dificuldades para o preciso
reconhecimento das diferentes classes, uma vez que, nos livros de
gramática, as propriedades morfológicas são quase sempre apresentadas à
parte dos critérios sintáticos- semânticos.
85

Frente ao que o autor nos apresenta, é possível identificar essas


características no livro didático analisado, já que é perceptível a identificação do
aspecto morfológico sendo apresentado separadamente dos aspectos sintáticos-
semânticos, conferindo assim obstáculos para um ensino gramatical mais elaborado.
A possibilidade do trabalho com a diferença de significado proporcionado pela
contração é totalmente dispensada pelo livro. Os exemplos a seguir apresentam essa
essas possibilidade de reflexão acerca da diferença de significado pela ausência/
presença de um determinante em um sintagma preposicionado:

(23) Ana saiu de carro.


(24) Ana saiu do carro.

Notamos em (23) que a presença da preposição de sem a contração


possibilita o entendimento de que Ana entrou no veículo e saiu em movimento, já em
(24) com a presença da preposição de com o artigo o no qual há uma contração,
percebemos que há uma mudança de significado na sentença quando ocorre a
contração, pois em (24) entendemos que Ana saiu de dentro do veículo. Não se
percebe nas atividades apresentadas pelo livro a relação entre morfologia e a
semântica quanto ao ensino das preposições, ambas categorias são tratadas
separadamente, fazendo entender que morfologia e semântica não tem nenhuma
relação, mas ao conferirmos o exemplo dado (23) e (24), podemos perceber essa
relação. Essa dissociação de saberes contribui para o repasse de um conhecimento
fragmento, que muito tem contribuído para o fracasso educacional no que diz respeito
ao ensino de gramática, pois os alunos apenas memorizam regras, que por sua vez
são pouco explicativas em alguns casos (enfatizo nesse caso, o da preposição) e não
compreendem por completo determinada habilidade linguística.
Diante do que foi apresentado, podemos perceber que o livro faz uma divisão
específica no que se refere à morfologia, sintaxe e semântica, desprezando qualquer
relação que possa estar interligado esses aspectos que se entrelaçam na língua. As
atividades apresentadas pelo livro são principalmente de metalinguagem enfatizando
os aspectos morfológicos.
Segundo Perini (2010) o panorama que se vê é que o resultado final obtido
através de regras nas aulas de gramática é mais importante e não leva em conta que
86

métodos foram utilizados para que esses resultados pudessem ser obtidos. No livro
didático em análise também podemos observar esses aspectos através da disposição
do conteúdo, quando percebemos o aspecto morfológico ser mais ressaltado, visto
que não é possível identificar uma motivação de análise e reflexão sobre os aspectos
morfossintáticos e/ou semânticos da língua.
Nessa mesma direção Antunes (2007) explica que é preciso desfazer muitos
equívocos para que se possa definir objetivos de ensino que sejam mais relevantes e
consistentes na intenção de realizar práticas pedagógicas produtivas.
As análises, portanto, apontam para uma atenção maior do professor de LP
aos estudos possibilitado pelos linguistas a fim de tornar o ensino de língua mais
consistente, e assim, não se prender apenas ao que o livro didático aborda, na
intenção de despertar para situações que possam refletir sobre a língua, e com isso
aperfeiçoar o desempenho linguístico dos seus alunos.
Acerca das atividades apresentadas pelo livro sobre o ensino das preposições
é perceptível a distinção entre os aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos de
forma bastante metódica, com atividades para fixação do conteúdo.
O primeiro aspecto enfatizado pelo livro leva em conta é o morfológico
(correspondendo sua maior parte), através de identificação da classe gramatical e da
apresentação do processo de contração e combinação. As atividades que seguem as
conceituações, baseiam-se, principalmente, na identificação e no treino do processo
de contração e combinação, como podemos ver nos exemplos a seguir:

Fonte: Cereja&Cochar (2015, p. 152).


87

Fonte: Cereja&Cochar (2015, p. 153).

Diante das atividades apresentadas podemos perceber que as


atividades apontadas no livro didático através de exercícios envolvem, em especial,
enfatizar o conceito de que a função da preposição é de apenas ligar duas outras
palavras, além de memorização das regras gramaticais no que diz respeito à
contração e combinação de preposição. Nesse aspecto, podemos identificar também
a presença do aspecto sintático quando na atividade o aluno irá realizar a melhor
concordância da sentença observando a regência do verbo para poder completar.
O outro aspecto trabalhado no livro, mas bem pouco explorado, sendo visto
em poucas questões é o sintático. Dessa forma, no livro a sintaxe aparece de forma
superficial nas atividades, demonstrando assim que há supervalorização de
determinados aspectos da língua em detrimento de outros.
Nesse caso, quando se enfatiza o aspecto sintático, o livro descreve a
preposição com o papel de ligar palavras, a fim de proporcionar a coesão e coerência
88

textual. Percebemos assim, que apenas essa atividade fez alusão a este aspecto, na
intenção de proporcionar a concordância textual.
Por fim, nas atividades que se seguem, mesmo que sendo propostas como
atividades que visem apresentar aspectos semânticos, estes aparecem de maneira
bastante restrita na amplitude do papel semântico das preposições, se apresentando
dissociada de outros aspectos da língua, antes de iniciar essas atividades Cereja &
Cochar ( 2015, p.153) afirma que : “ao ligarem palavras, as preposições apresentam
determinados valores semânticos, isto é ,fazem certas indicações de sentidos” (como
podemos perceber na atividade a seguir:
89

Fonte: Cereja&Cochar (2015, p. 154).

Os autores reafirmam seu posicionamento conceitual a respeito da preposição


antes de iniciar o aspecto semântico, demonstrando que mesmo que as preposições
indiquem algum sentido, seu papel ainda é de ligar palavras.
De acordo com o livro didático, essa atividade se encaixa na seção que se
intitula: “Os valores semânticos das preposições”, percebemos nessa questão que os
autores pretendem acionar saberes referente aos valores de significado que as
preposições podem proporcionar. O que não observamos é a diferença de significado
proporcionado pela presença de um determinante junto a preposição, como podemos
ver na alternativa (a), a questão pede que se faça a comparação entre duas sentenças
que tenha a mesma preposição. No caso da alternativa (a), é que há uma diferença
de significado proporcionado não por uma mesma preposição, mas pela presença de
um determinante, que no caso é a contração da preposição em + a que resulta na
contração na. Assim, percebemos que o livro não realiza essa reflexão tão necessária
pois se trata de uma aspecto relevante para o estudo da preposição.
O que podemos identificar, diante dos exemplos já apresentados, é que
como são adotadas conceituações limitadas das funções que as preposições exercem
no contexto sentencial e o livro explica as preposições principalmente no seu aspecto
morfológico.
Assim de acordo com as análise do livro, também podemos perceber que a
abordagem das preposições em seu aspecto semântico se restringe a reflexões
acerca do significado fora da sentença e que não se faz reflexões acerca do
significado das preposições dentro da sentença ao apresentar o seu conceito.
90

Identificando também que a reflexão sobre o significado das preposições na sentença


é visto apenas nas atividades propostas, o maior foco apresentado do livro são em
atividades que elegem a metalinguagem.
Diante do que foi analisado, podemos concluir que os professores das escolas
que adotam como suporte pedagógico apenas o livro didático Português: Linguagens
do 7°ano (CEREJA&COCHAR, 2015), necessitam acrescentar em suas práticas
metodológicas outros instrumentos de ensino, se assim quiserem ensinar gramática a
seus educandos de forma a criar situações que proporcionem analisar e refletir sobre
a língua. Sugerimos portanto, à frente do que foi percebido, que é de suma importância
que o docente procure fundamentações mais concretas em trabalhos que busquem
embasamento nas análises e descrições linguísticas, bem como também uma
ampliação nos estudos da semântica a fim de estar aprimorando uma prática didática
que possa contribuir mais significativamente para a construção de conhecimentos
linguísticos dos discentes.

4.4.2 Análise da atividade diagnóstica

Nesta seção, discutimos os dados colhidos por meio da atividade diagnóstica


realizada pelos alunos da turma em estudo, com o objetivo de investigar a
compreensão dos discentes acerca do ensino das preposições, levando em
consideração os aspectos morfológico, sintático e semântico.
Com a intenção de aprofundar mais os estudos e buscar a compreensão dos
alunos acerca do emprego das preposições, aplicamos uma atividade diagnóstica com
os alunos do 7º ano do ensino fundamental de uma escola municipal de Altos-PI, esta
atividade encontra-se nos apêndices deste trabalho. A turma é composta por trinta e
três alunos matriculados, porém no ato da aplicação desta atividade apenas trinta
estavam pressentes. Para o alcance dos objetivos, realizamos as análises sob a ótica
de três categorias de análise que enfatizam três aspectos da língua: morfológico,
sintático e semântico. Apresentamos os resultados por meio de gráficos para cada um
dos aspectos e comentários interpretativos.
O primeiro aspecto é representado pelo gráfico 01, que ressalta o emprego
das preposições por meio do processo morfológico. Dessa forma é apresentado a
quantidade de erros e acertos dos alunos sob a ótica apenas morfológica do emprego
91

das preposições. O gráfico a seguir foi construído mediante a computação das


respostas alcançadas pelos alunos diante da atividade diagnóstica. As questões a que
se refere esse aspecto correspondem especificamente às questões 1 e 2, essas
questões envolvem o aspecto morfológico da preposição, enfatizando identificação e
construção dos processos de combinação e contração.
Diante das questões 1 e 2, do questionário diagnóstico, do total de 30 (trinta)
alunos participantes desta atividade, pudemos computar os seguintes dados: 20
(vinte) alunos conseguiram responder corretamente as duas questões, mas 10 (dez)
alunos da turma não conseguiram.

GRÁFICO 01- Emprego das preposições diante do processo morfológico

66,66%

33,33%

Acertos Erros

Fonte: pesquisa direta

De acordo com o gráfico, podemos perceber que o número de acertos foi


maior que os de erros, notamos uma relação muito próxima para a ênfase dada ao
uso de regras quanto a parte morfológica, que é encontrada em boa parte dos manuais
didáticos e nas práticas dos professores. Dessa forma, as questões que foram
enfatizadas para identificar a compreensão dos alunos a partir do processo
morfológico se referem à identificação da classe gramatical e à construção do
processo de contração e combinação que são ensinados de forma a seguir regras e
92

memorização. Assim, percebemos que a maioria da turma conseguiu identificar esses


processos.
Este resultado converge com a estrutura que o livro didático apresenta quando
é trabalhado o ensino das preposições, no qual o aspecto morfológico é bastante
exaltado. Na estrutura interna do livro didático a parte morfológica encontra-se em
maior quantidade no que tange a ênfase dada ao conteúdo de preposição,
sobrepondo-se aos outros aspectos.
Em análise, o que podemos frisar é a influência da gramática tradicional
quanto a estrutura proposta pelo livro didático em valorizar a identificação da classe
gramatical e a estrutura morfológica, permitindo ao educando a memorização de
regras apenas. Para tanto, a parte morfológica sozinha se limita em suprir o
conhecimento necessário para o emprego significativo das preposições.
Embora bastante enfatizado no livro, muitos alunos diante de questões
morfológicas de identificação não conseguiram se apropriar desse conhecimento,
sentindo dificuldades em compreender a preposição e cometendo erros. Ao se
promover apenas um aspecto em estudo, possibilita uma lacuna no conhecimento do
educando, que terá dificuldades em demonstrar compreensão do estudo da classe
gramatical quando provocado por situações que necessite apenas da memorização
das regras.
O segundo aspecto analisado corresponde ao aspecto sintático, o gráfico a
seguir foi construído tendo em vista a computação das respostas alcançadas pelos
alunos diante da atividade diagnóstica. As questões relacionadas a essa análise
correspondem especificamente às questões 3, 4 e 5; as perguntas envolvem
especificamente o aspecto sintático da preposição quando promovem um efeito na
estruturação da sentença, enfatizando a concordância e identificação dos termos da
oração com sintagmas preposicionados.
Diante das questões 3, 4 e 5 do questionário diagnóstico, do total de 30 (trinta)
alunos participantes desta atividade, pudemos averiguar os seguintes dados: 17
(dezessete) alunos conseguiram responder corretamente as três questões, mas 13
(treze) alunos da turma não conseguiram.
93

GRÁFICO 02- Emprego das preposições diante do processo sintático

56,66%

43,33%

Acertos Erros

Fonte: pesquisa direta

Com base no gráfico observamos que houve um percentual de 56,66% de


acertos, correspondendo à maioria dos alunos, e um total de 43,33% de erros. Dessa
maneira, percebemos que há uma margem muito próxima entre erros e acertos,
demonstrando que os alunos ainda sentem muita dificuldade ao empregar a
preposição em uma determinada sentença e compreender o seu valor nela. Ao
analisar o livro percebemos o aspecto sintático é pouco trabalhado quando diz
respeito ao ensino das preposições.
A pouca ênfase dada a parte sintática pode contribuir para um ensino
fragmentado, pois os alunos que apenas decoram as regras sentem dificuldade em
utilizar esses conceitos em situações reais de comunicação e interação social e
consequentemente na escrita, provocando assim, a dúvida de que de fato tem
conhecimento de sua própria língua.
O terceiro e último aspecto analisado nessa atividade diagnóstica diz respeito
ao aspecto semântico, que é parte central do nosso estudo. O gráfico a seguir foi
construído mediante a computação das respostas alcançadas pelos alunos diante da
atividade diagnóstica. As questões a que esse aspecto foi analisado corresponde
especificamente às questões 6, 7 e 8, cuja a análise envolve o aspecto semântico da
preposição.
94

Perante as questões 6, 7 e 8 do questionário diagnóstico, do total de 30 (trinta)


alunos participantes desta atividade, pudemos computar os seguintes dados: 12
(doze) alunos conseguiram responder corretamente as três questões. Por
conseguinte, 18 (dezoito) alunos da turma não conseguiram acertar as questões em
sua totalidade.

GRÁFICO 03- Emprego das preposições diante da semântica

60,00%

40,00%

Acertos Erros

(Fonte: pesquisa direta)

Nesse item, foram propostas atividades que proporcionasse reflexão acerca


da necessidade do alinhamento entre os conceitos morfológicos e semânticos, e o
que percebemos nos revela que nesse aspecto os alunos ainda possuem impasses
quando fazem essa correlação de saberes.
Observamos que nesse aspecto, os alunos por mais que tivessem um
conhecimento morfológico de identificação das preposições, a utilização desse
conhecimento expandido para o entendimento de uma sentença não foi alcançada,
tornando esse conhecimento desprovido de consciência e reflexão. A ênfase que se
dá ao ensino que propõe enfaticamente a utilização da metalinguagem como fonte de
aprendizagem não é suficiente para o emprego consciente das preposições, deixando
assim lacunas nesse aprendizado, que resultará um ensino com deficiências.
Podemos relacionar esse entendimento à medida que se observa a forma que
o livro didático propõe ao estudo separado desses aspectos (morfológico e
95

semântico), uma vez que a mudança de significado provocada pela ausência/


presença de um determinante em um sintagma preposicionado não é percebida no
folhear do livro didático analisado.
Considerando que o objetivo desse capítulo é descrever os passos que foram
percorridos para se chegar ao levantamento dos dados da pesquisa e apresentar sua
análise, constatamos que: (i) a escolha por realizar uma pesquisa qualitativa e de
campo proporcionou um olhar para descoberta de novos fenômenos, tais como a
mudança de significado causada pela ausência/presença de um determinante em um
sintagma preposicionado por meio da observação e de coleta de dado dos
participantes, bem como percebemos os alunos não compreendem o emprego das
preposições em todos os seus aspectos gramaticais, demonstrando maior
conhecimento da preposição em seu aspecto morfológico por meio das percepções
dos aspectos subjetivos elencados no interior da pesquisa. (ii) os instrumentos de
coleta de dados permitiram investigar estratégias de ensino do emprego das
preposições para alunos do 7º ano, por meio não só de atividades metalinguísticas,
mas também de atividades linguísticas e epilinguísticas com foco no nível semântico
de análise. (iii) a análise do livro didático demonstrou que abordagem adotada segue
a linha das gramáticas da tradição gramatical e no que tange ao ensino da preposição
dá maior ênfase à explicação de seu aspecto morfológico. Isso revela que uma
proposta de intervenção acerca da preposição deve estar pautada não somente nos
aspectos morfológicos da preposição mas também nos seus aspectos sintáticos e
semânticos para que o aluno amplie sua compreensão acerca da preposição; (iiii) A
análise da atividade diagnóstica demonstrou que os alunos apresentam dificuldades
ao refletir sobre a preposição em seu aspecto semântico com 60% de erros.
Identificamos também que os alunos quanto ao aspecto morfológico apresentaram
entendimentos, porém uma boa parte ainda errou, computando 33,33% de erros
referentes a esse aspecto. Quanto aos aspecto sintático, aumentou o número de erros
computando 43,33%. Isso revela que uma proposta de intervenção acerca da
preposição deve ser pautada nos princípios de analise sintáticos, semânticos e
morfológicos, principalmente sintático e semântico porque foi onde as análises
demonstraram que os alunos apresentam mais dificuldades.
Além disso ao se trabalhar esses aspectos (sintático, semântico e
morfológico) o professor deve explorar igualmente as atividades de metalinguagem,
96

linguagem e epilinguagem na intenção de ampliar o nível linguístico do aluno e


contribuir para uma melhor compreensão acerca do emprego da preposição.
Dessa forma, especialmente ao falarmos sobre o ensino-aprendizagem das
preposições, percebemos que os alunos compreendem esse aspecto da língua,
porém desconhecem os processos que estão correlacionados a ele. Por conseguinte,
os resultados obtidos através da atividade diagnóstica demonstram que a turma do 7º
ano possui algumas lacunas no que tange ao emprego das preposições, visto que foi
verificado um índice de erros elevado. É perceptível a necessidade de atividades que
envolvam não só os conhecimentos metalinguísticos, mas também os linguísticos e
epilinguísticos, para que possa haver um ensino transformador e participativo em que
o aluno se torne protagonista do seu conhecimento e saiba, além de reconhecer as
classes gramaticais, por exemplo, também empregá-las de forma segura no
desenrolar de um texto.
No próximo capítulo apresentamos uma proposta de intervenção para o
ensino das preposições para o 7º ano do ensino fundamental, que tem como intenção
proporcionar uma oportunidade de complementação do estudo das preposições a fim
de preencher lacunas deixadas pelo livro didático.
97

5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Neste capítulo, apresentamos uma proposta de intervenção que envolve a


análise das preposições em seus aspectos sintáticos, semânticos e morfológicos para
alunos do 7º ano do ensino fundamental. Tem como objetivo contribuir para ampliação
da compreensão dos alunos acerca do emprego das preposições. E segue com a
seguinte organização: a primeira seção apresentamos os pressuposto teóricos que
compõem a propostas e as quatro seções seguintes apresentam o corpo da proposta
de intervenção que se divide em quatro momentos.

5.1 Pressupostos Teóricos

A proposta recomenda que as preposições sejam trabalhadas nos aspectos


morfológico, sintático e semântico em quatro encontros de duas horas aula cada: o
primeiro encontro trabalhamos a conceituação com atividades linguísticas e
metalinguísticas, o segundo encontro trabalhamos interpretação com atividades
linguísticas, metalinguísticas e epilinguísticas, o terceiro trabalhamos a aplicação dos
conhecimentos adquiridos a partir da interpretação de um texto e de atividades
linguísticas e epilinguísticas e no quarto e último encontro promovemos um
aprofundamento da reflexão linguística do aspecto semântico da preposição a partir
de uma dinâmica de produção de texto.
Cada encontro intitulamos de “trilha”, pois ao iniciar a trilha o aluno vai
seguindo rumo a superação de obstáculos, que a medida que vai se
aprofundando/percorrendo irá conhecer, reconhecer e compreender o percurso a ser
seguido. Cada trilha está organizada da seguinte forma: assunto, objetivos
específicos, duração, recursos, procedimentos metodológicos e avaliação. Objetivos
específicos, duração, recursos, procedimentos metodológicos e avaliação. Nesses
encontros são desenvolvidas atividades de análise e reflexão sobre o ensino das
preposições dando prioridade à observação da língua em funcionamento para que os
próprios alunos sejam capazes de construir os conceitos.
O objetivo principal desta proposta é criar condições para que os alunos do 7º
ano do ensino fundamental compreendam o emprego das preposições de forma mais
significativa e que ampliem seu universo linguísticos utilizando conhecimentos
98

metalinguísticos, linguísticos e epilinguísticos. Pretendemos aqui não apresentar um


método de ensino, mas sugerir atividades que possam auxiliar o professor no
processo de ensino/aprendizagem desse assunto. Dessa forma, as atividades podem
ser aperfeiçoadas, revisadas e ressignificadas, ou seja, alteradas para se adaptarem
às necessidades de cada turma.
Ao final de cada trilha, cada aluno irá escrever o que conseguiu entender das
atividades realizadas no dia, possibilitando assim um processo de aprendizagem que
segue a trilha do conhecimento, essas anotações serão afixadas em um mural a ser
construído tendo como formato uma trilha e será apresentado antes de iniciar as
atividades; terá como título: “Na trilha do conhecimento”, ficará exposto na sala de
aula (durante as trilhas programadas) e, posteriormente, ao término de todas as
atividades será exposto no hall da escola para que possa também despertar o
interesse e o gosto por “trilhar no conhecimento” por outros alunos.
As trilhas objetivam mostrar as descobertas e os avanços que cada aluno
obteve no processo de aprendizagem e que a cada passo da “caminhada” possa está
construindo conceitos (conceituação), apresentando entendimentos partindo da
reflexão (interpretação) e compreendendo os conceitos gramaticais (aplicação),
demonstrando que são atuantes e conhecedores de sua língua(ressignificação). A
imagem a seguir demonstra esse processo:

Fonte: elaborado pela autora.


99

Para elaborar esta proposta de intervenção, pautamo-nos principalmente em:


Antunes (2003), Berg (2005), Cançado (2008), Almeida (2009), PCN (1998), Travaglia
(2009), Oliveira e Quarezemin (2016), Ilari e Basso (2017), Quarezemin (2017), BNCC
(2017), Perini (2019) e Gomes e Mendes (2018).

5.2 1ª TRILHA

A primeira trilha corresponde a uma investigação dos conhecimentos prévios


a respeito do conteúdo preposição, revela qual a proximidade que o aluno tem com
ele a fim de apresentar um panorama de caminhos que possam ser trilhados e chegar
no processo de compreensão e apropriação de conhecimento significativos, criando
condições para que o aluno assimile o conceito.

ASSUNTO: atividade de linguagem e metalinguagem - preposição

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Identificar as preposições
2. Compreender o emprego das classes de palavras
3. Empregar o conteúdo estudado em frases.
4. compreender o conceito de preposição.

DURAÇÃO: 2 horas/aula

RECURSOS:

1. Textos Lacunados.
2. Exercícios digitados.
3. Cartolina
4. Quadro acrílico
5. Pincel
6. Apagador
100

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Para alcançar os objetivos desta trilha o professor distribuirá sua turma em


pequenos grupos de três a quatro alunos e apresentará a cada grupo um texto
lacunado, este, por sua vez, estará em um formato maior que uma folha A4 para
proporcionar maior visibilidade à atividade a fim de chamar mais atenção dos alunos
e instigar a participação deles no exercício, este texto estará exposto em uma cartolina
devido ao seu tamanho maior. Do texto em questão, foi retirado algumas preposições,
tornando-o lacunado, pois está sem algumas palavras do texto original.
Os alunos receberão também, além do texto, um envelope que possui
algumas preposições que auxiliarão na atividade de complementação da atividade, as
palavras dispostas no envelope estarão em maior número que as lacunas colocadas
no texto, para provocar a possibilidade de preenchimento utilizada por cada grupo.
Dentre as palavras do envelope estarão as que preenchem de acordo com o texto
original e outras não. O texto que será utilizado será o texto 1.
Após o término do preenchimento das lacunas do texto cada grupo irá
apresentar seu texto completo, havendo uma leitura em voz alta por um dos
componentes do grupo. Nesse momento será observado a forma com que cada grupo
preencheu seu texto.
Em seguida, cada grupo formulará uma justificativa para cada palavra que
inseriu em determinado momento do texto e apresentará uma interpretação das ideias
que o seu texto apresenta.
Por fim, será exposto no quadro o texto original com as preposições no lugar
que o autor imaginou deixar, e será comparado com o emprego que cada grupo fez.
Nessa oportunidade, será observado se houve grupo que preencheu de forma
diferente do autor do texto e se essa mudança trouxe um entendimento diferente do
que o autor escreveu. Essas observações serão realizadas com todos os grupos e,
em seguida, todos eles responderão ao questionário 1.
101

Texto 1 (lacunado)

Ler é se aventurar entre as palavras


Estamos envolvidos ______ mundo repleto de símbolos, imagens, códigos, textos e contextos que
despertam a nossa curiosidade e imaginação. As diversidades de linguagens são indicadores
fundamentais para nossas crianças, _____ o momento ______ que ingressam _____ escola (na
educação infantil) até o aprimoramento _______ leitura, da escrita e da interpretação – aspectos que
são o fio condutor _______ o desenvolvimento e a evolução _______ ser humano _____ seu ingresso
à vida adulta. Atualmente, ouvimos falar muito ________ a necessidade _____os professores
despertarem o prazer pela leitura e pela escrita nos alunos e, com isso, buscamos diversas maneiras
de incentivar as crianças e jovens a perceberem a riqueza dessa habilidade.
Regina M. de Oliveira Conrado. “Ler é se aventurar entre as palavras”. Revista Profissão Mestre,
abr.2012 (disponívelem<https://acessaber.com.br/atividades/atividade-de-portugues-preposicao-no-
texto-sobre-a-leitura-7o-ano/)
Texto 1 (original )

Ler é se aventurar entre as palavras


Estamos envolvidos num mundo repleto de símbolos, imagens, códigos, textos e contextos que
despertam a nossa curiosidade e imaginação. As diversidades de linguagens são indicadores
fundamentais para nossas crianças, desde o momento em que ingressam na escola (na educação
infantil) até o aprimoramento da leitura, da escrita e da interpretação – aspectos que são o fio condutor
para o desenvolvimento e a evolução do ser humano no seu ingresso à vida adulta. Atualmente,
ouvimos falar muito sobre a necessidade de os professores despertarem o prazer pela leitura e pela
escrita nos alunos e, com isso, buscamos diversas maneiras de incentivar as crianças e jovens a
perceberem a riqueza dessa habilidade.

Regina M. de Oliveira Conrado. “Ler é se aventurar entre as palavras”. Revista Profissão Mestre,
abr.2012 (disponívelem<https://acessaber.com.br/atividades/atividade-de-portugues-preposicao-no-
texto-sobre-a-leitura-7o-ano/)
102

OPÇÕES DE PREECHIMENTO DISTRIBUÍDAS NOS ENVELOPES:

A DE SEM NA
APÓS DA SOBRE NO
ENTRE DO ANTE DESDE
PARA EM NUM ATÉ

QUESTIONÁRIO 1

1. As palavras que foram retiradas do texto prejudicaram o entendimento


do texto?

Neste momento os alunos terão a possibilidade de identificar e expressar a


importância de cada elemento de uma sentença, já que as palavras que foram
retiradas (as preposições) contribuem para a completude do entendimento da
sentença.

2. Quais os critérios utilizados para o preenchimento das lacunas?

Esperamos que os alunos reflitam que, além da parte morfológica, há a


expressão semântica que cada preposição provoca na sentença, observando a
utilização de uma determinada preposição justificada pela sua contribuição da
manutenção do significado do texto.

3. Para vocês, que função (funções) as palavras destacadas no texto


apresentam enquanto classes de palavra?

Os alunos poderão expressar um início de construção de conceituação a


respeito das preposições, partindo do momento de uso.
103

4. Vocês sabem o nome da classe de palavra que foi retirada do texto?

Com essa indagação os alunos serão levados a apresentar seus


conhecimentos prévios, dando um diagnóstico dos seus entendimentos a respeito
dessa classe gramatical.
Enquanto os alunos realizam a resolução do questionário em grupo, o
professor supervisionará individualmente cada grupo, ajudando-os nas dificuldades
encontradas e instigando-os na construção dos seus próprios conceitos, partindo das
hipóteses de conceituações e experiências linguísticas.
Quando todos concluírem as questões indicadas, o professor fará a audição
das respostas, solicitando que cada grupo realize a leitura de suas respostas,
permitindo e incentivando a discussão, bem como esclarecendo as dúvidas e fazendo
comentários sobre o assunto estudado, fazendo com que, assim, o conteúdo seja
iniciado partindo das dúvidas, entendimentos e conclusões.

AVALIAÇÃO:

Ao término da atividade cada aluno irá escrever seu entendimento, o que foi
possível perceber a respeito do conteúdo trabalhado na atividade e iniciar a
composição da “Trilha do conhecimento”.
Esse momento servirá de “termômetro” para o professor, pois será nessa
ocasião onde serão observados se os objetivos foram atingidos, as dificuldades que
surgiram, as vitórias vencidas e quais caminhos foram seguidos, para que, a partir
disso, possa ser realizadas as intervenções necessárias.
104

5.3 2ª TRILHA

A segunda trilha corresponde a uma imersão no estudo das preposições,


provocando a utilização de conhecimentos linguísticos, metalinguísticos e
epilinguisticos para construção e interpretação de textos, criando condições para que
o aluno compreenda os efeitos de sentido.
Esse segundo degrau da caminhada que se direciona à trilha do
conhecimento linguístico, tem a intenção de possibilitar uma reflexão do uso das
preposições e sua relação com a morfologia, sintaxe e semântica.

ASSUNTO: questões que envolvam atividade de linguagem, metalinguagem e


epilinguagem- preposição.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Realizar interpretação de texto.


2. Compreender o emprego das preposições em sentenças.
3. Empregar a preposição
4.Compreender a semântica das preposições no PB.
5.Identificar a relação entre os aspectos morfossintáticos e semânticos nas
preposições.

DURAÇÃO: 2 horas/aula

RECURSOS:

1. Texto xerocopiado
2. Questionário digitado
3. Lápis
4. Pincel
5. Quadro acrílico
6. Apagador
105

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Para alcançar os objetivos desta trilha o professor irá distribuir uma atividade
de leitura e interpretação de texto a ser respondida individualmente por cada aluno,
para isso será necessário que os alunos acionem conhecimentos linguísticos que
auxiliem no processo de leitura e interpretação de texto em questão.
Durante a realização da atividade o professor deverá auxiliar os alunos nos
quesitos que forem solicitados, deixando-os à vontade para serem esclarecidos nas
dúvidas que surgirem.
O professor, após ser informado da totalização de conclusão das atividades
de cada aluno, irá pedir ajuda de cada um para iniciar a resolução da atividade no
quadro, dando oportunidade a todos de contribuírem para a construção das respostas
de maneira participativa.

Texto 2

“A SOLIDÃO AMIGA”

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura,
a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só.
Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão... Mas deixa que eu lhe
diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um
jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir música... Assim, aos sábados, ele se preparava
para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem.
Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena
se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa
feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão.
O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia
para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um
desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.
(Trecho da crônica, “Solidão amiga de Rubem Alves)
106

QUESTIONÁRIO 2

1) Sobre o texto, responda:


a) Segundo o texto, de onde a tristeza vem?

Esperamos que os alunos ao lerem e relerem o texto percebam que, ao


responderem esse item, utilizem os mecanismos de linguagem para identificar que o
autor propõe uma reflexão sobre solidão e tristeza, que ao estar só o “eu” do texto
imagina fantasias que não se concretizam na vida real.

b) Releia os trechos “Vem a tristeza da solidão” e “uma noite de solidão”, mediante


o uso da preposição em cada trecho, que ideia é expressada em cada um
deles?

No primeiro trecho observamos o uso da preposição com contração de+ a =


da e nesse trecho passa-se a ideia de origem, de onde a tristeza chega. Já no segundo
sem a contração observamos que se muda um pouco o significado, onde o de passa
a ideia de companhia, uma noite em que a solidão se faz presente.

c) Segundo o texto, por que a noite estava perdida?

Esperamos que o aluno utilize dos conhecimentos linguísticos e busque o


entendimento completo do texto, para identificar que ao afirmar que a noite estava
perdida o “eu” do texto está vivenciado um momento; percebe que teve uma fantasia
frustrada sobre o que havia imaginado quando estava sozinho em casa.

2) Considere a sentença a seguir retirada do texto 2 e depois responda o que


se pede:

“Vem a tristeza da solidão......O que mais você deseja é não estar em solidão”

 O que seria estar em solidão?


107

O aluno, ao buscar esse entendimento, analisará todas as partes dessa


sentença e perceberá que cada uma delas provoca um sentido no todo, nesse caso,
a preposição em desempenha um papel que determinará o sentido dessa sentença,
pois o estar em solidão permite o entendimento de estado que a pessoa se encontra.

TEXTO 3

3) Sobre o texto 3, responda:

a) Na tirinha, é apresentada um pedido diante do uso das preposições de e do. Há


alguma diferença provocada pelo uso das preposições no texto? Justifique.

O aluno, nesse momento, terá a oportunidade de refletir sobre a mudança de


significado causada pela ausência ou presença de um determinante; no primeiro caso,
o uso do de expressa o significado de uma cadeira que tem movimentos, e no caso
do uso da preposição do muda-se o significado e expressa um outro objeto, que para
se movimentar necessita ser embalado e faz parte dos parquinhos de diversões.

b) Reescreva a fala da tirinha trocando a palavra cadeira por outro objeto, de forma
que obtenha diferença de significado na sentença como a que a tirinha proporciona.

Nesse item, oportunizamos um momento de reflexão e produção de ideias,


no qual os alunos irão instigar seus conhecimentos linguísticos para a obtenção de
108

conhecimentos e entender que as preposições são fatores determinantes no


entendimento do todo, pois são dotadas de significados.
Poderão surgir exemplos como:
 José caiu de moto.
 José caiu da moto.
 Ana saiu de carro.
 Ana saiu daquele carro.

AVALIAÇÃO:

Os alunos, nessa etapa, construirão seus conhecimentos através das


percepções provocadas nessa atividade e nos comentários realizados na correção, e
como forma de registro de entendimento colocarão na trilha as frases do último item
do questionário.
109

5.4 3ª TRILHA

A terceira trilha visa provocar no aluno reflexões linguísticas do seu dia a dia,
no sentido de estar permitindo a ele ser um usuário da língua com habilidades
construídas e usadas de maneira significativas.
Nesse terceiro momento rumo à trilha do conhecimento linguístico, promove-
se momentos de ressignificação de práticas de escrita e interpretação que
possibilitaram uma leitura e escrita com mais planejamento, entendimento e
conhecimento, criando condições para que o aluno empregue de forma consciente as
preposições.
ASSUNTO: Conhecimentos linguísticos e epilinguísticos – preposição.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Realizar interpretação de texto.


2. Empregar conhecimentos linguísticos e epilinguísticos.
3. Identificar a relação entre os aspectos morfossintáticos e semânticos nas
preposições.
DURAÇÃO: 2 horas/aula
RECURSOS:
1. Atividade xerocada
2. Lápis
3. Pincel
4. Quadro acrílico
5. Apagador

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Para iniciar a atividade o professor irá realizar uma divisão em grupo dos
alunos da turma de modo que obtenha 4 grupos. Após a divisão distribuirá pequenos
textos nos quais estarão grifadas duas situações de uso das preposições em cada
um.
110

O professor deixará que cada grupo leia com calma o seu texto e observe se
há mais preposições além das grifadas, o grupo irá expor o entendimento de cada
pequeno texto.
Durante a realização da atividade o professor atuará como mediador nos
grupos, proporcionando espaços para que os alunos se sintam protagonistas do
processo e busquem seus entendimentos e seus conceitos.
Quando cada grupo manifestar o término da leitura e da interpretação do texto,
o professor distribuirá pequenas atividades para cada texto distribuído, essa atividade
visa perceber a relação da mudança de significado causada pela ausência/presença
de um determinante em sintagmas preposicionados. Após o término da atividade, o
professor discutirá as repostas com a turma.
Texto 4

DURANTE AS FESTAS DE FIM DE ANO AS PESSOAS


COSTUMAM SE CONFRATERNIZAREM E CELEBRAREM O
ANO QUE ESTÁ SE FINDANDO, DESSA FORMA AGENCIAM
MOMENTOS DE ENCONTRO ENTRE FAMILIARES, AMIGOS,
COMPANHEIROS DE TRABALHO E ETC. QUE ATRAVÉS DAS
FESTAS PROMOVEREM A PASSAGEM DO FIM DO ANO. AS
FESTAS DE FIM DE ANO AS PESSOAS COSTUMAM SE
CONFRATERNIZAREM E CELEBRAREM O ANO.
Fonte: elaborado pela autora

1- Há diferença de significado nas expressões grifadas?

Esperamos que os alunos identifiquem uma mudança de significado causada


pela ausência e presença da preposição com contração, esta segunda especificando
mais ainda o momento.
2- Qual o papel que as preposições exercem nessas sentenças?

Tanto as preposições como todas as outras palavras da sentença contribuem


significativamente para o entendimento do todo. Neste questionamento poderá ser
evidenciado o significado do todo provocado pelo uso da preposição.
111

Texto 5

ANA E MARCOS SAÍRAM APRESSADOS DE CASA NÃO


PERCEBERAM QUE DEIXARAM A TORNEIRA ABERTA.
QUANDO CHEGARAM NO SEU DESTINO, MARCOS
LEMBROU-SE QUE HAVIA ESQUECIDO A TORNEIRA
ABERTA, NESSE MOMENTO, APRESSOU-SE MAIS AINDA
PARA RESOLVER O PROBLEMA. SAIU DE CARRO EM
ALTA VELOCIDADE PARA TENTAR DIMINUIR O
DESPERDÍCIO DE ÁGUA. AO CHEGAR PRÓXIMO DE SUA
CASA AVISTOU UMA SENHORA CAÍDA NO CHÃO,
MARCOS NÃO PENSOU DUAS VEZES, SAIU DO CARRO
IMEDIATAMENTE E FOI SOCORRE-LA. A SENHORA
HAVIA TIDO UMA QUEDA DE PRESSÃO. PASSADO O
SUSTO, MARCOS SE DIRIGIU A SUA CASA E RESOLVEU
O PROBLEMA DA TORNEIRA.

Fonte: elaborado pela autora

1-Há diferença de significado nas expressões grifadas?

Esperamos que os alunos identifiquem uma mudança de significado causada


pela ausência e presença da preposição com contração. Na primeira a pessoa
adentrou a um veículo e iniciou um movimento, na segunda a pessoa estava dentro
do veículo, parou e saiu do interior dele.

2-Qual o papel que as preposições exercem nessas sentenças?

Tanto as preposições como todas as outras palavras da sentença contribuem


significativamente para o entendimento do todo. Neste questionamento poderá ser
evidenciado o significado do todo provocado pelo uso da preposição
112

Texto 6

ALICE E MARIA SÃO AMIGAS INSEPARÁVEIS, SEMPRE


ESTUDARAM JUNTAS DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL E DESDE
MUITO CEDO SE APEGAM UMA A OUTRA. QUANDO INICIARAM
A ADOLESCÊNCIA FORAM SE ADAPTANDO AS MUDANÇAS E
ATÉ CHEGAR A IDADE DO PRIMEIRO NAMORADO FOI DIFÍCIL A
SEPARAÇÃO DELAS. NO BAILE DESSE ANO DO COLEGIAL
ALICE FOI SEM NAMORADO POIS ESTAVA FOCADA NOS
ESTUDOS E NÃO QUERIA DISTRAÇÃO, E MARIA FOI SEM O
NAMORADO. E AÍ JÁ VIU, AS DUAS FIZERAM A FESTA E
MATARAM A SAUDADE.

Fonte: elaborado pela autora

1-Há diferença de significado nas expressões grifadas?

Esperamos que os alunos identifiquem uma mudança de significado causada


pela ausência e presença da preposição com contração. Na primeira demonstra a
ausência do namorado por a “personagem” não tê-lo, porém no segundo demonstra
a ausência, mas necessariamente há a existência dele.

2-Qual o papel que as preposições exercem nessas sentenças?

Tanto as preposições como todas as outras palavras da sentença contribuem


significativamente para o entendimento do todo. Neste questionamento poderá ser
evidenciado o significado do todo provocado pelo uso da preposição
113

Texto 7

JONAS É UM MENINO MUITO OBSERVADOR E QUANDO ESTÁ PERTO


DA NATUREZA A SUA IMAGINAÇÃO SE TORNA AINDA MAIS FÉRTIL,
ESTÁ SEMPRE ATENTO A CADA MOVIMENTO DOS ELEMENTOS QUE
COMPÕEM A MÃE NATUREZA, DAS PEGADAS DOS PASSARINHOS,
DO CANTO DO SABIÁ, DO MOVIMENTO DOS GIRASSÓIS, DO
RODOPIO DO VENTO, DA MARCA DO SOL ENTRE AS SOMBRAS DAS
ÁRVORES, EM FIM DE TUDO QUE É BELO E NATURAL. TODA ESSA
SENSIBILIDADE FEZ O MENINO SE DEDICAR À MUSICA E ELE SE
SENTE MUITO FELIZ AOS SE DEDICAR TODOS OS DIAS ÁS SUAS
AULAS DE CANTO.
SÓ QUEM DISCORDA DESSA BELEZA NATURAL É SUA IRMÃ
QUE QUANDO VAI Á PRAIA VOLTA SEMPRE COM MARQUINHAS
DE SOL NA SUA PELE. E ESSAS PERCEPÇÕES GERAM
SEMPRE AQUELAS BRIGUINHAS SAUDÁVEIS DE IRMÃOS.

Fonte: elaborado pela autora

1-Há diferença de significado nas expressões grifadas?

Esperamos que os alunos identifiquem uma mudança de significado causada


pela ausência e presença da preposição com contração, esta segunda especificando
mais ainda o momento.

2-Qual o papel que as preposições exercem nessas sentenças?

Tanto as preposições como todas as outras palavras da sentença contribuem


significativamente para o entendimento do todo. Neste questionamento poderá ser
evidenciado o significado do todo provocado pelo uso da preposição

AVALIAÇÃO:

Os alunos, ao adentrarem nessa trilha, já estarão munidos de percepções


linguísticas que possibilitarão uma nova visão na escrita, estando com mais
propriedade de redigirem, pois provavelmente pensarão nas suas intenções
114

enunciativas, o que quer ser passado para seu leitor através do uso equilibrado e
movido por significações intencionais.
Nessa trilha os alunos demonstrarão seu entendimento quando perceberem
que as preposições tem papel significativo na sentença e são dotadas de
intencionalidades, não possuem papel apenas de ligar. Dessa forma, será proposto
aos alunos inserirem seu conceito de preposição para ser escrito na trilha como forma
de avalição.
115

5.5 4 ª Trilha

A quarta e última trilha tem por função concretizar o caminho do


conhecimento, galgado desde a 1ª trilha. Dessa forma, a quarta trilha realiza a
condensação de conhecimentos na qual os alunos poderão ir mais além do que já
foram, produzir com mais propriedade, resgatar e utilizar seus conhecimentos
linguísticos em conformidade de suas intenções comunicativas, de modo que
realizem-nas com consciência e certeza do que deseja se alcançar criando condições
para que o aluno amplie o seu desempenho linguístico.

ASSUNTO: Semântica das preposições (aspectos epilinguisticos) – Reflexão


linguística- preposições.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Compreender as relações semânticas das preposições.


2. Empregar conhecimentos linguísticos e epilinguísticos.
3. Identificar a relação entre os aspectos morfossintáticos e semânticos nas
preposições.

DURAÇÃO: 2 horas/aula

RECURSOS:

1. Atividade xerocada
2. Lápis
3. Pincel
4. Quadro acrílico
5. Apagador
116

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

A atividade será iniciada após ser feita uma retrospectiva das trilhas
passadas, o professor retomará, com o auxílio da trilha que foi confeccionada, as
descobertas até o momento alcançadas, as hipóteses confirmadas, em fim a
concretização dos conceitos redescobertos pela turma. Dessa forma, a turma poderá
relembrar o que já foi visto e compartilhar novas experiências.
Em seguida, será proposto uma atividade de redação com um tema
direcionado (Sugestões: temas livres, escola e família, a importância do professor, os
desafios da escola, como ser um bom aluno, o que é um bom professor?).
O professor, nesse momento, será mediador da turma, acompanhará cada
aluno nas suas dificuldades e tentará instigá-los na escrita, a fim de que desenvolvam
argumentos para defesa do tema e busquem seus conhecimentos linguísticos para
alimentar a escrita e dar vida ao texto.
Após o término da escrita os alunos se disporão em duplas e trocarão os
textos, cada parceiro fará a leitura do texto do colega, depois procurarão as
preposições e as que encontrar irão grifar.
Em seguida, será aberto um momento na roda de conversa para que cada
dupla oferte o entendimento dos textos, cada aluno escolherá um parágrafo para
análise e juntos irão trocar ideias e refletir sobre o uso das preposições empregadas,
observando se o colega teve o mesmo pensamento que o autor/escritor ao escrever
o texto, utilizando as preposições e os recursos linguísticos que cada um escolheu.
Dessa maneira, de forma compartilhada, cada autor terá a percepção de que
suas intenções foram alcançadas ou de como pode melhorar para realizar uma
produção que atinja de maneira mais certeira o seu leitor. Permitindo assim, uma
experiência de autocorreção e autoconhecimento.
O compartilhamento e discussão de ideias prove o aprendizado coletivo, cada
aluno terá a oportunidade de aprender com o outro, de perceber a importância dos
aspectos gramaticais na construção do texto, perceber a necessidade de
compreender esses aspectos para poder usá-los e dessa forma ampliando sua
competência leitora.
117

AVALIAÇÃO:

A última atividade da trilha do conhecimento vem ao encontro de um momento


de vivência e autoconhecimento, no qual o aluno irá avaliar e se auto avaliar, movendo
assim uma construção interna de aprendizagem e observação de que cada palavra
tem sua função em uma sentença, interligando-se e produzindo um significado,
portanto merecem ser valorizadas e bem escolhidas para a produção na fala e escrita
de qualquer língua.
118

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo por base que o objetivo deste trabalho é investigar estratégias de ensino
do emprego das preposições para alunos do 7º ano do Ensino Fundamental a fim de
elaborar uma proposta de intervenção voltada para análise e reflexão investigamos a
abordagem que o livro didático apresenta no que tange o ensino das preposições e a
compreensão dos alunos acerca da preposição por meio de uma atividade
diagnóstica. Dessa forma, essas análises foram realizadas tendo por base o aporte
teórico que refletisse sobre a temática e checamos a alguns entendimentos.
Buscamos comprovar que o professor deve implementar sua prática com
metodologias que vão além das fundamentadas apenas pelas gramáticas normativas
e orientadas pelos livros didáticos que se limitam a trabalhar os aspectos
metalinguísticos desse conteúdo, principalmente, os do nível morfossintático de
análise.
O livro didático não aborda as preposições de maneira contextualizada e
reflexiva, trabalha os aspectos sintático e semântico de forma bastante tímida. O
aspecto morfológico foi o mais encontrado nas atividades do livro didático.
Isso revela que apesar de o livro didático ser uma peça chave no ambiente da
escola pública e ser utilizado como o recurso de maior destaque, o professor não pode
prescindir de outros recursos, pois o livro didático nem sempre atende às
necessidades dos alunos. O professor deve reconhecer que lidar com as diversas
concepções de gramáticas é fator determinante para uma prática pedagógica mais
significativa e que ele precisa se instruir de conhecimentos linguísticos para melhorar
sua prática.
Conforme mostram os dados obtidos por meio da atividade diagnóstica
pudemos observar que o aspecto que eles mais dominaram (leia-se acertaram) na
atividades diagnóstica foi o aspecto morfológico, em segundo lugar o sintático e em
terceiro o semântico, embora nas porcentagens desses erros e acertos, mesmo
obtendo uma porcentagem maior que de acerto em relação ao de erros pudemos
perceber por exemplo que no aspecto sintático a diferença entre erros e acertos foi
de aproximadamente 13,33% demonstrando assim insegurança em todos esses
aspectos observados. Assim nos mostra necessidade de o professor de LP refletir
sobre sua prática através das metodologias utilizadas para o trabalho com o ensino
119

das preposições. Dessa forma, os alunos não compreendem o emprego das


preposições em todos os seus aspectos gramaticais, demonstrando maior
conhecimento da preposição em seu aspecto morfológico
Diante dos resultados, percebemos a necessidade de elaboração de uma
proposta de intervenção para a turma investigada, uma vez observado que os alunos
demonstraram não compreenderem o uso das preposições em seus amplos aspectos
e sentiram dificuldades de entendimento metodológico na associação dos processos
morfossintáticos e semânticos. Assim, entendemos que a abordagem apresentada
pelo livro didático se mostrou pouco satisfatório, pois apresentou conceito reducionista
do que seja preposição e, em colaboração, destacou em sua maior parte apenas um
aspecto (morfológico), demonstrando esse ser o mais necessário. Dessa forma, deixa
escapar nas suas totalidades outras possibilidades de recursos linguísticos para
apresentar as preposições para o educando, deixando-o com menos oportunidade de
conhecimento.
Diante desse panorama, elaboramos uma proposta de intervenção com
estratégias de ensino das preposições que atendem a análise desse fenômeno tanto
no aspecto morfológico como no sintático e semântico adotando atividades
linguísticas, metalinguísticas e epilinguísticas.
Para tanto, nos fundamentamos em prescrições gramaticais e em descrições
linguísticas. Acerca das descrições linguísticas observamos que as descrições
semânticas do PB contribuem com relevância para compreensão do emprego das
preposições.
A proposta de intervenção foi elaborada para ser aplicada em quatro
momentos intitulado “trilhas”, estas por sua vez interligadas permitindo uma alcance
de conhecimento. Em cada trilha, um aspecto do assunto é trabalhado por meio de
questões que possibilitam situações para que os alunos compreendam o conteúdo em
sua plenitude e assim ampliem seu desempenho linguístico
De forma específica, entendemos que as descrições semânticas do PB podem
contribuir para uma melhor compreensão do emprego das preposições, visto que
encorajam a construção de conceitos que subsidiam um aprendizado mais concreto,
realizando reflexão do uso e funcionamento da língua por meio de atividades que
envolvem tanto os aspectos metalinguísticos como também linguísticos e
epilinguísticos, ampliando as possibilidades de uso das preposições.
120

Concluímos portanto, que as práticas tradicionais de ensino de LP por si só não


são autossuficientes para o ensino das preposições, necessitam ser reformuladas por
práticas que se atentem não apenas em ensinar a norma-padrão em formato de
reprodução, mas que possam refletir sobre a língua em seu aspecto funcional. Em
contrapartida, para que isso se concretize, o professor de LP precisa se
instrumentalizar de mais conhecimentos linguísticos na intenção de melhorar sua
prática, para que esta ultrapasse a antiga prática de reprodução de conteúdo, indo
além da memorização e, assim, possibilite condições para que os educandos
sistematizem de forma concreta e reflexiva seus conhecimentos e sejam agentes de
transformação.
Por fim, destacamos ainda que as estratégias para o ensino das preposições
não se findam nas apresentadas na proposta de intervenção e há muito para se
investigar a respeito de todos os aspectos que envolvem o emprego das preposições
na LP.
121

REFERÊNCIAS

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Paulo: Saraiva, 2009.

________. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no


caminho. 3ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

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escolar. São Paulo: Parábola, 2017.

BAGNO, M. Objetivos do ensino de língua na escola: uma mudança de foco.


Petrópolis: Vozes, 2009.

BERG, M. B. O comportamento semântico-lexical das preposições do


Português do Brasil. Tese (doutorado) – Faculdade de Letras. Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.

BEZERRA, M. A.; REINALDO, M.A. Análise linguística como eixo do ensino de


Língua Portuguesa. In: ______. Análise linguística: afinal a que se refere? São
Paulo: Cortez, 2013. p. 33-61

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BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília,


MEC/CONSED/UNDIME. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

_______. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CANÇADO, M. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. São


Paulo: Contexto, 2018.

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português Linguagens, 7º ano. Editora Atual,


9ª ed. São Paulo: Atual, 2015.

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de


Janeiro: Lexikon, 2017.
122

CLARE, N.A.V. 50 Anos de língua portuguesa (1950-200). Disponível em:


https://www.filologia.org.br/vicnfl/anais/caderno06-05.html. Acesso em: 30 de jan de
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GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.

GOMES, A. Q.; MENDES, L. S. Para conhecer semântica. São Paulo: Contexto,


2018.

FRANCHI, C. Mas o que é mesmo “Gramática”? São Paulo: Parábola Editorial,


2006.

ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos a língua que
falamos. -2. ed., 6ª reimpressão. - São Paulo: Contexto, 2017.

MENDONÇA, M. Análise Linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro


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OLIVEIRA, R. de O.; QUAREZEMIN, S. Gramática na escola. Petrópolis, RJ:


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PERINI, M.A. Estudos de gramática descritiva. São Paulo: Parábola Editorial,


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PONTES, E. Tempo e Espaço na Língua Portuguesa. Campinas: Pontes editora,


1992.

POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP:


Mercado de letras, 1996.

QUAREZEMIN, S. Ensinar linguística na escola: um confronto com a realidade.


Work.Pap.Linguística. v.18, n. 2: 69-92, Florianópolis, ago./dez., 2017.

REINALDO, M. A. G. de M. O conceito de análise linguística como eixo de ensino de


língua portuguesa no Brasil. Estudos Linguísticos/Linguistic Studies, 8, Edições
Colibri/CLUNL, Lisboa, 2012, p. 229-241

REMECHE, M. de, L.; ROHLLING, N. Análise linguística e formação de professores:


um discurso sobre a dicotomia teoria e prática. De volta ao futuro da língua
portuguesa. Atas do V SIMELP- Simpósio Mundial de Estudos de Língua
Portuguesa. Simpósio 10- Entre a linguística e a didática: a formação do professor
de português e o conhecimento linguístico. 2701-2718, 2017.
123

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de


gramática. 14.ed. – São Paulo: Cortez, 2009.

VIEIRA, F. E. A gramática tradicional: história crítica. 1. ed.- São Paulo: Parábola,


2018.
124

ANEXOS
125

ANEXO A- DECLARAÇÃO DA INSTITUIÇÃO - INSFRAESTRUTURA


126

ANEXO B- DECLARAÇÃO DE APOIO PEDAGÓGICO


127

ANEXO C- PÁGINAS DO LIVRO DIDÁTICO SOBRE PREPOISÇÃO


128
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139

APÊNDICES
140

APÊNDICE A- TERMO DE ASSENTIMENTO

GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROP
COORDENAÇÃO DO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

TERMO DE ASSENTIMENTO PARA O MENOR

PROJETO: A semântica das preposições no 7° ano do Ensino Fundamental: a


mudança de significado causada pela ausência/presença de determinante em
sintagmas preposicionados
ORIENTADORA: Nize Paraguassu Martins
PESQUISADORA RESPONSÁVEL: Géssica Ferreira Carvalho Pessoa
ENDEREÇO: Rua São Francisco, n° 1231 Bairro: Tranqueira - Cidade: Altos-PI
TELEFONE: (86) 99418-3291 E-MAIL: [email protected]

Você está sendo convidado a participar de um estudo denominado “A


semântica das preposições no 7° ano do Ensino Fundamental: a mudança de
significado causada pela ausência/presença de determinante em sintagmas
preposicionados”. Nesta pesquisa temos como objetivo geral investigar a
compreensão acerca do uso das preposições por alunos do 7° ano do ensino
fundamental. Este estudo contribuirá para se perceber por que os estudantes
apresentam dificuldades no uso das preposições. Será um estudo necessário,
principalmente, porque tem a intenção de apresentar uma nova forma de estudar a
preposição e assim melhorar o desempenho na escrita dos alunos.
Para participar deste estudo, o responsável por você deverá autorizar e assinar
um termo de consentimento. Você será esclarecido(a) em qualquer aspecto que
desejar e estará livre para participar ou recusar-se. O responsável por você poderá
retirar o consentimento ou interromper a sua participação a qualquer momento. A sua
141

participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade


ou modificação na forma em que é atendido(a) pelo pesquisador que irá tratar a sua
identidade com padrões profissionais de sigilo. Você não será identificado durante a
pesquisa e em nenhuma publicação.
Na sua participação, você realizará atividades de escrita presentes no livro
didático e atividade de interpretação de texto da professora. Essas atividades serão
realizadas em sala de aula, no horário normal.
Você não terá nenhum ganho financeiro por participar da pesquisa. Os riscos
consistem o fato de sentir alguma espécie de constrangimento ou incômodo durante
a realização da coleta de dados porque você realizará atividades específicas para a
pesquisa e suas produções serão analisadas. Caso sejam identificados os riscos
acima descritos, você terá o direito de desistir da participação da pesquisa, e será
dada a você assistência imediata e integral com apoio pedagógico oferecido pela
própria instituição para sanar quaisquer danos. Os benefícios, nesta pesquisa,
possibilitam identificar as dificuldades dos alunos na compreensão das preposições.
E se comprovados danos ou gastos originários desta pesquisa, os pesquisadores
garantem o ressarcimento e indenização.
Mesmo o seu representante legal tendo consentido a sua participação na
pesquisa, você só participa da pesquisa se quiser, é um direito seu e não terá nenhum
problema se desistir. Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer
momento sem nenhum prejuízo ou coação. Os dados e instrumentos utilizados na
pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5
anos, e após esse tempo serão destruídos. Este termo de assentimento encontra-se
impresso em duas vias, sendo que uma via será arquivada pelo pesquisador
responsável, e a outra será fornecida a você.
A referida Pesquisa é de responsabilidade da Mestranda Géssica Ferreira
Carvalho Pessoa, que está cursando o Mestrado Profissional em Letras – Profletras,
da Universidade Estadual do Piauí.
142

Em caso de reclamação ou qualquer tipo de denúncia ou esclarecimentos


éticos, você pode dirigir-se ao Comitê de Ética (CEP) da UESPI, à Rua Olavo Bilac,
2335, Centro/Sul (CCS-UESPI), CEP 64001-280 - Teresina-PI ou ligar para (86) 3221
4749/ 3221 6658.

Altos (PI), ______ de _______________ de 2019.

___________________________________________________________________
Assinatura do Participante de Pesquisa
___________________________________________________________________
Assinatura da Pesquisadora
143

APÊNDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROP
COORDENAÇÃO DO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO -TCLE
PROJETO: A semântica das preposições no 7° ano do Ensino Fundamental: a
mudança de significado causada pela ausência/presença de determinante em
sintagmas preposicionados
ORIENTADORA: Nize Paraguassu Martins
PESQUISADORA RESPONSÁVEL: Géssica Ferreira Carvalho Pessoa
ENDEREÇO: Rua São Francisco, n° 1231 Bairro: Tranqueira - Cidade: Altos-PI
TELEFONE: (86) 99418-3291 E-MAIL: [email protected]
O(A) menor ______________________________________________, sob
sua responsabilidade, está sendo convidado(a), como voluntário(a), a participar da
pesquisa “A semântica das preposições no 7° ano do Ensino Fundamental: a
mudança de significado causada pela ausência/presença de determinante em
sintagmas preposicionados”. Nesta pesquisa temos como objetivo geral investigar
a compreensão acerca do uso das preposições por alunos do 7° ano do ensino
fundamental. Este estudo contribuirá para se perceber por que os estudantes
apresentam dificuldades no uso das preposições. Será um estudo necessário,
principalmente, porque tem a intenção de apresentar uma nova forma de estudar a
preposição e assim melhorar o desempenho na escrita dos alunos.
O menor sob sua responsabilidade realizará atividades de escrita presentes no
livro didático e de interpretação de textos da professora. Essas atividades serão
realizadas em sala de aula, no horário normal.
Para participar desta pesquisa, o menor sob sua responsabilidade não receberá
qualquer vantagem financeira. Ele será esclarecido (a) em qualquer aspecto que
desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Você, como
responsável pelo menor, poderá retirar seu consentimento ou interromper a
participação dele a qualquer momento.
144

A participação dele é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer


penalidade ou modificação na forma em que é atendido (a) pelo pesquisador que irá
tratar a identidade do menor com padrões profissionais de sigilo. O menor não será
identificado durante a pesquisa e em nenhuma publicação.
Esta pesquisa apresenta como risco mínimo para o menor, o fato de ele sentir
alguma espécie de constrangimento ou incômodo durante a realização da coleta de
dados porque o(a) aluno(a) realizará atividades específicas para a pesquisa e suas
produções serão analisadas. Caso sejam identificados os riscos acima descritos, o
menor terá o direito de desistir da participação da pesquisa, e será dada a assistência
imediata e integral com apoio pedagógico oferecido pela própria instituição para sanar
quaisquer danos. Os benefícios, nesta pesquisa, possibilitam identificar as
dificuldades dos alunos na compreensão das preposições. E se comprovados danos
ou gastos originários desta pesquisa, os pesquisadores garantem o ressarcimento e
indenização.
Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. O nome ou o
material que indique a participação do menor não será liberado sem a sua permissão.
Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador
responsável, por um período de 5(cinco) anos, e após esse tempo serão destruídos.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma via
será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você.
A referida pesquisa é de responsabilidade da Mestranda Géssica Ferreira
Carvalho Pessoa, que está cursando o Mestrado Profissional em Letras – Profletras,
da Universidade Estadual do Piaui. Terá o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa -
CEP, um colegiado responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos
éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. A função do CEP está
baseada nas diretrizes éticas brasileiras (Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde, e complementares), segundo a qual toda pesquisa envolvendo seres
humanos deverá ser submetida à apreciação de um CEP. As atribuições do CEP são
de papel consultivo e educativo, visando contribuir para a qualidade das pesquisas,
bem como a valorização do pesquisador, que recebe o reconhecimento de que sua
proposta é eticamente adequada.
Em caso de reclamação ou qualquer tipo de denúncia ou esclarecimentos
éticos, você pode dirigir-se ao Comitê de Ética (CEP) da UESPI, à Rua Olavo Bilac,
145

2335, Centro/Sul (CCS -UESPI), CEP 64001-280 - Teresina-PI ou ligar para (86) 3221
4749/ 3221 6658.

Altos- PI ______ de ____________________ de 2019.


________________________________________________
Assinatura do(a) responsável legal
_______________________________________________
Assinatura da Pesquisadora
146

APÊNDICE C- ATIVIDADE DIAGNÓSTICA


Unidade Escolar ___________________________________________________
Aluno(a)___________________________________ data ___________________

QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO

Questão 01 – Identifique as preposições nas orações circulando-as:

a) As associações de bairro discutiram, em conjunto, sobre a instalação de


novos postos de saúde.

b) Desde sua volta não fiz nada.

c) De repente senti-me perante um juiz, tantas eram as interrogações.

d) Nada fiz por ele.

Questão 02-Preencha as lacunas com as contrações ou combinações


indicadas entre parênteses.

a) Tua mãe não vai gostar __________. (de + isso)

b) Costumava oferecer flores __________ sua namorada. (a + a)

c) Você já foi __________ parque? (a + aquele)

d) Há muitas surpresas _______ caminhos da vida. (per + os)

Questão 03- Preencha os espaços com a preposição correta e marque a


alternativa que apresenta as respostas respectivamente.

1) Novos abalos de terra fizeram sentir-se _____ Japão.


2) Os policiais agiram ______ violência.
3) João e Maria vivem discutindo _______ si.
4) Estudo nesta escola ______ o ano passado.
5) Luto ______ uma cidade melhor.

a) no, desde, a, com, de.


b) perante, desde, por, com, de.
c) por, desde, por, com, por.
d) no, com, entre, desde, por.
147

Questão 04 - Complete adequadamente com preposições os ditados populares a


seguir.

a) Água mole_________pedra dura tanto bate até que fura.

b) ________grão______ grão a galinha enche o papo.

c)_____ terra _______ cego, quem tem um olho é rei.

d) Faça o bem _____olhar a quem.

Questão 05- Complete o texto a seguir com a preposição adequada á


regência exigida pelos verbos e pelos nomes, conforme a variedade padrão
da língua.

A maioria das vacinas é feita _____os vírus e as bactérias que causam doenças.
Primeiro eles são enfraquecidos____laboratórios e depois diluídos____substâncias
químicas. As vacinas fazem___ que o corpo aprenda____se defender criando
anticorpos. Células especializadas___proteger o organismo___doenças. Assim, se
depois____vacinado você tiver contato____vírus ou bactéria, os anticorpos
entrarão___________ação_______defendê-lo.

(https://brainly.com.br/tarefa/637099)

Leia as sentenças e , em seguida responda o que entendeu de cada afirmação


nas questões 6 e 7.

Questão 06- “Maria foi à festa sem namorado.” Você entende que:
( ) Maria não tem namorado, por isso foi sem namorado para a festa.
( ) Maria tem namorado, mas não o levou para a festa.
( ) Maria tem namorado e o levou para a festa..

Questão 07- “Maria foi à festa sem o namorado.” Você entende que:
( ) Maria não tem namorado, por isso foi sem namorado para a festa.
( ) Maria tem namorado, mas não o levou para a festa.
( ) Maria tem namorado e o levou para a festa.
148

Questão 08 - Leia as situações a seguir e responda o que se pede:

Situação 01
“José saiu do carro e foi em direção ao prédio onde trabalha. Ao iniciar seus
afazeres, lembra que havia esquecido um documento importante em casa. Levanta-
se rapidamente e se dirige ao estacionamento e saiu de carro em alta velocidade.
Logo em seguida é parado por um guarda de trânsito que o multa e orienta-o sobre
velocidade no trânsito, ele se desculpa e segue viagem”

a) Explique o significado da expressão “saiu do carro”, conforme aparece na


linha 1 do texto.

b) Agora explique o significado da expressão “saiu de carro”, conforme aparece


na linha 3 do texto.
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Situação 02
“Lane acordou cedo e saiu de casa. Caminhando em direção à sua parada de ônibus
encontrou com o amigo e eles começaram a conversar. Lane e seu amigo falavam
sobre as figurinhas que ambos estavam colecionando. Alguns minutos depois, Lane
se despediu do amigo quando chegou o ônibus. Sentada no banco do ônibus, Lane
viu um cartaz com várias informações sobre figurinhas e se interessou, anotou o
número para o contato que constava no anúncio”
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a) Explique o significado da expressão “sobre as figurinhas”, conforme aparece na


linha 2 do texto
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b) Agora explique o significado da expressão “sobre figurinhas”, conforme aparece


na linha 4 do texto.
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