Caso 4 - HEMORRAGIA DIGESTIVA
Caso 4 - HEMORRAGIA DIGESTIVA
Caso 4 - HEMORRAGIA DIGESTIVA
■ Escore de Glasgow-Blatchford
Marcador à admissão Escore
Ureia sanguínea (mg/dL)
39 a < 48 2
48 a < 60 3
60 a < 149 4
≥ 149 6
Hemoglobina (g/dL)
12,0 a < 13.0 (homens); 10,0 a < 12,0 (mulheres) 1
10,0 a < 12,0 (homens) 3
< 10,0 6
Pressão arterial sistólica (mmHg)
100-109 1
90-99 2
< 90 3
Frequência cardíaca (batimentos por minuto)
≥ 100 1
Outros marcadores
Melena 1
Síncope 2
Doença hepática 2
Insuficiência cardíaca 2
A infusão de IBP pode ser considerada no momento da apresentação: isto reduz as
complicações da úlcera de alto risco (p. ex., hemorragia ativa) e a necessidade de tratamento
endoscópico, mas não melhora a evolução clínica, inclusive sangramentos subsequentes,
intervenção cirúrgica ou morte. A administração de 250 mg de eritromicina (um fármaco
procinético) por via intravenosa cerca de 30 minutos antes da endoscopia também pode ser
considerada para facilitar a visualização durante o exame: esta medida assegura um aumento
discreto e significativo da positividade diagnóstica e reduz a necessidade de transfusões de
hemácias. Os pacientes cirróticos com HDA devem receber um antibiótico (quinolona ou
ceftriaxona) e um fármaco vasoativo intravenoso ao chegarem ao hospital, mesmo antes da
endoscopia. Os antibióticos controlam as infecções bacterianas e diminuem as recidivas do
sangramento e a mortalidade, enquanto os fármacos vasoativos podem facilitar o controle do
sangramento nas primeiras 12 horas depois da apresentação inicial.
A endoscopia alta deve ser realizada em até 24 horas na maioria dos pacientes com HDA.
Os pacientes de alto risco (p. ex., instabilidade hemodinâmica, cirrose) podem ser beneficiados
pela endoscopia mais urgente em até 12 horas. A endoscopia precoce também é benéfica para
pacientes de baixo risco para facilitar a tomada de decisões (p. ex., alta hospitalar). Os pacientes
com sangramento expressivo e achados endoscópicos de alto risco (p. ex., varizes, úlceras com
sangramento ativo, ou um vaso visível) são beneficiados pelo tratamento endoscópico
hemostático, enquanto os pacientes com lesões de baixo risco (p. ex., úlceras com bases limpas,
erosões, lacerações de Mallory-Weiss sem sangramento) com sinais vitais estáveis, hemoglobina
normal e nenhuma outra comorbidade clínica podem receber alta para casa.
• Avaliação e tratamento da HDB
Pacientes com hematoquesia e instabilidade hemodinâmica devem ser submetidos à
endoscopia digestiva alta para descartar uma lesão do trato digestivo superior antes da avaliação
do trato digestivo inferior.
A colonoscopia realizada depois da administração de uma solução de lavagem por via
oral é o procedimento de escolha para a maioria dos pacientes internados com HDB, a menos que
o sangramento seja profuso, caso em que a angiografia é recomendada. A angiotomografia
computadorizada (angio-TC) é recomendada frequentemente antes da angiografia para
documentar indícios de sangramento ativo e sua origem. A sigmoidoscopia é usada
principalmente nos pacientes com < 40 anos com sangramento mínimo. Para os pacientes que não
tiveram uma causa identificada na colonoscopia, os estudos de imagem devem ser realizados. a
HDB ativa, a angiografia pode detectar o local do sangramento (extravasamento de contraste para
o interior do intestino) e permite o tratamento por embolização.
• Avaliação e tratamento da HDM
Para os pacientes com sangramento profuso supostamente originado do intestino delgado,
as diretrizes atuais recomendam angiografia como exame inicial, reservando a angio-TC ou a
cintilografia com hemácias marcadas por 99mTc antes da angiografia quando as condições clínicas
do paciente permitem. Para os demais casos, pode-se considerar a repetição das endoscopias
digestivas alta e baixa como avaliação inicial, porque os procedimentos endoscópicos repetidos
identificam a causa do sangramento em até cerca de 25% das endoscopias altas e colonoscopias;
uma enteroscopia de propulsão – geralmente realizada com um colonoscópico pediátrico para
examinar todo o duodeno e o jejuno proximal – pode substituir a endoscopia digestiva alta
convencional repetida. Quando os procedimentos endoscópicos repetidos são negativos, deve-se
realizar uma avaliação de todo o intestino delgado, geralmente por videoendoscopia com
cápsula.
A enterotomografia computadorizada pode ser realizada inicialmente em substituição
à videoendoscopia capsular nos pacientes com possível estreitamento do intestino delgado (p. ex.,
estenose, cirurgia ou radioterapia pregressa, doença de Crohn) e pode ser realizada depois de uma
videoendoscopia capsular negativa para investigar suspeita de HD originada do intestino delgado,
considerando que sua sensibilidade é maior para detectar massas localizadas neste segmento do
trato digestivo.
Quando a endoscopia capsular tem resultado positivo, o tratamento subsequente é
determinado pelo que foi demonstrado no exame. Quando a endoscopia capsular é negativa, as
recomendações atuais sugerem que os pacientes possam ser acompanhados ou, quando sua
evolução clínica exige (p. ex., necessidade de transfusões), podem ser submetidos a exames
adicionais. Caso todos os exames sejam inconclusivos, a endoscopia intraoperatória está indicada
para os pacientes com sangramento persistente ou recorrente grave, que necessitem de transfusões
repetidas.
O teste de sangue oculto nas fezes é recomendável apenas como rastreamento para
câncer colorretal dos adultos a partir de 50 anos de idade com risco médio. Um teste positivo
indica a necessidade de fazer colonoscopia. Quando a avaliação do cólon é negativa, o
acompanhamento posterior não é recomendado, salvo na presença de anemia ferropriva ou
sintomas gastrintestinais.