Tese Páginas 52 56
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Geografia da Saúde, devido à ampliação dos temas, questões e abordagens que esta
foi incorporando ao logo do tempo (ROJAS, 1998).
Assim, partindo-se do panorama científico de meados do século XX, foi Sorre
(1951) que, ao discorrer sobre os complexos patogênicos, considerou a atmosfera
como um “meio microbiano”, uma vez que esta pode ser meio de transmissão de
elementos patogênicos sem que haja a intervenção de um vetor. O autor leva em
conta também a presença de gases tóxicos e de elementos em suspensão no meio
atmosférico, que, segundo ele, devem ser estudados a fim de que se possam
estabelecer as devidas correlações entre o clima e as doenças nos seres humanos.
Ao analisar as causas das perturbações orgânicas nos seres humanos, Sorre
(1984) afirma que, nos casos visivelmente relacionados aos tipos de tempo, é possível
constatar que nenhum elemento climático isoladamente explica os casos de maneira
satisfatória, uma vez que as doenças resultam de um conjunto de fatores inter-
relacionados e que fazem parte dos meios natural, vivo e social. Para o referido autor,
o meio natural é simbolizado pelo meio climático, enquanto o meio vivo e o meio social
figuram a ação geral do meio vivo, exercida por meio dos complexos patogênicos.
Embora não se possa deixar de considerar os efeitos da insuficiência, do desequilíbrio
ou da carência alimentar sobre a incidência das doenças, Sorre (1984) insiste que o
clima, de uma maneira ou de outra, atua de forma direta ou indireta.
No Brasil, Afrânio Peixoto (1938) foi um dos primeiros a estabelecer
correlações entre algumas doenças e as condições climáticas do país. Introduzindo
os estudos de Geografia Médica, tem-se uma explanação detalhada da manifestação
de inúmeras doenças e suas correlações com o meio natural, desmitificando e
criticando as doenças climáticas ou tropicais. Em seguida, Josué de Castro, em 1946,
ao publicar sua obra “Geografia da Fome”, tratou das relações entre carências
alimentares e as doenças decorrentes a partir de variáveis biológicas, econômicas e
sociais, tornando-se um dos mais importantes estudos sobre geografia da saúde no
Brasil (CASTRO, 1982).
A partir daí, constata-se a abordagem biometeorológica em diversos estudos
de geografia da saúde (SORRE, 1951; GRIFFITHS, 1968; GILES; BALAFOUTIS;
MAHERAS, 1990; AULICIEMS; FROST; SISKIND, 1997), tendo esta se apropriado de
estudos biometeorológicos como parte do método ou como fundamentação de suas
análises, principalmente dentro da Geografia e da Climatologia Geográfica, voltadas
para o clima urbano e o conforto térmico em ambientes urbanos (SOBRAL, 1988;
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