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CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.

CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS

Climate and Health: Geographic Dialogues

Natacha Cíntia Regina Aleixo


Doutora em Geografia pela UNESP Campus Presidente Prudente
Professora Visitante do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFAM.
[email protected]

João Lima Sant’Anna Neto


Professor Titular Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus Presidente Prudente
Departamento de Geografia
[email protected]

RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir as perspectivas analíticas dos estudos sobre tempo,
clima e saúde humana. A partir disso, abordou-se a análise da dimensão temporal e espacial dos
estudos de clima e saúde desde a gênese da Climatologia no Brasil. A discussão englobou a relação
clima e saúde humana, a partir do Sistema Clima urbano (Monteiro, 1976) e propôs a utilização de
indicadores para desvendar a relação do tempo e clima como um condicionante do processo saúde-
doença em áreas urbanas.

Palavras-chave: Clima; Saúde; Bioclimatologia humana; Indicadores.

ABSTRACT: The objective of this work is to discuss the analytical perspectives of the studies on
weather, climate and human health in tropical reality. From this, the analysis of the temporal and spatial
dimension of climate and health studies since the genesis of Climatology in Brazil was approached. The
discussion encompassed the relation between climate and human health, based on the Urban Climate
System (Monteiro, 1976) and proposed the use of indicators to unravel the relation of time and climate
as a conditioning of the health-disease process in urban areas.

Key words: Climate; Health; Human Bioclimatology; Indicators.

INTRODUÇÃO

No ambiente atmosférico devido às mudanças dos tipos de tempo, o


organismo humano necessita se readaptar termicamente para permanecer com saúde
e bem-estar. O campo de estudo que integra as condições meteorológicas, climáticas
e a fisiologia humana é denominado Biometeorologia e Bioclimatologia.

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Nos estudos da climatologia no Brasil, as primeiras obras baseavam-se no


entendimento das doenças tropicais que foram relacionadas a diferentes concepções
como o determinismo, o colonialismo, à falta de higiene, e atualmente, a análise da
desigualdade socioespacial. (ALBUQUERQUE, 1999; BARROS, 2006; CAMARGO,
2008; PEIXOTO, 1938).
Na ciência Geográfica a perspectiva do entendimento da relação sociedade e
natureza de maneira integrada, traz a concepção do clima não apenas como um
fenômeno físico, mas também associada à dinâmica da sociedade, analisada sob a
ótica da produção do espaço, uma vez que os fluxos de matéria e energia são
alterados em decorrência do uso e ocupação do solo.
Em decorrência da produção capitalista do espaço que provoca a segregação
socioespacial o processo saúde-doença da população pode ser alterado, devido a
capacidade diferenciada de adaptação humana relacionada as condições
socioeconômicas, padrão construtivo das moradias, exposição a diferentes tipos de
poluição e consequentemente aos efeitos do tempo e do clima.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é analisar os estudos de clima e
saúde com enfoque na produção geográfica brasileira e apontar novas perspectivas
de análise para utilização do clima como importante indicador do processo saúde-
doença.

MATERIAIS E MÉTODOS

Realizou-se a revisão bibliográfica sobre os estudos clima e saúde desde a


gênese da Climatologia no Brasil tendo como principal referência a obra de Sant`Anna
Neto (2009), além da interface com o os conhecimentos da Biometeorologia Humana
discutidos por diferentes trabalhos no campo da saúde pública e coletiva integrados a
Climatologia Geográfica até o ano de 2012.
A discussão englobou as perspectivas mais recentes dos estudos sobre a
Bioclimatologia urbana e propõem o uso de indicadores para avaliação das interações

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e efeitos do clima como um condicionante e não determinante dos problemas da


saúde humana

A dimensão temporal e espacial dos estudos na Climatologia

No Brasil, as primeiras impressões sobre o tempo e o clima advêm dos


viajantes e naturalistas. Entretanto, o estudo da climatologia interessava
principalmente pela determinação que cabia ao clima na gênese das doenças
denominadas tropicais. (SANT´ANNA NETO, 2004).
Conforme Peixoto (1938, p. 54) “nos países temperados, no período colonial
as doenças eram consideradas uma fatalidade, entretanto, nos países tropicais “o
clima foi considerado a causa maior para a ocorrência das doenças, sendo todas as
outras menos importantes”.
Até o século XIX, à entrada dos europeus no país e a difícil adaptação dos
seus hábitos devido ao ambiente climático, foi um elemento importante para
fundamentar o fatalismo climático, ou seja, as antigas noções de que “o calor
excessivo diminuía a força e a coragem dos homens dos climas frios”. (PEIXOTO,
1938; ALBUQUERQUE, 1999, p.424)
Na época dos descobrimentos e com a colonização dos territórios têm-se a
primeira matriz de expansão científica. Os europeus trazem um modelo difusionista
da produção das pesquisas científicas pelo mundo, pautada na expansão da
europeização pelos viajantes e naturalistas, que têm o propósito de inventariar e
catalogar o “novo mundo”, os territórios conquistados, até o século XV inexistentes
para os europeus. (BASALLA, 1997)
No Brasil, os indígenas por meio da percepção que possuíam, relacionavam
o conhecimento do clima e os estados de tempo nas suas tradições culturais, na saúde
da tribo e na fartura da alimentação. Por isso, observando a figura 1, verifica-se que
quando a ciência geográfica ainda não havia se institucionalizado no país, os
indígenas foram os primeiros a empiricamente verificar que existia a influência do
clima no processo saúde-doença das pessoas da tribo.

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Figura 1. Matriz dos colaboradores dos estudos de clima e saúde no Brasil. Org.:
ALEIXO, 2010.

Sant´Anna Neto (2004, p.11) destaca que:

como elemento que denota a importância do tempo e do clima entre os grupos


indígenas brasileiros Yves d´Evreux (apud MAGALHÃES, 1968) comenta que
para um índio ser guiado à categoria de Pajé, entre os testes aplicados,
verificava-se a sua capacidade de curar os doentes com o sopro e prenunciar
a chuva. (SANT´ANNA NETO, 2004, p.11).

Além deles, considerando que os estudos geográficos perpassam a


institucionalização inexistente na época, os relatos dos viajantes e naturalistas
também trouxeram contribuição ao entendimento do clima e sua influência na saúde
e no modo de vida social.

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Humboldt, mesmo não adentrando a parte brasileira da Amazônia, apesar de


percorrer esse espaço, criticou o determinismo climático proveniente dos centros da
aristocracia européia que pregava a inferioridade das raças, ligando o calor dos
trópicos à preguiça (SANT´ANNA NETO, 2004).
Porém, nem todos os viajantes pensavam assim: o francês naturalista Saint-
Hilaire, percorreu o Centro-Sul do Brasil e tinha como ponto de referência seu país de
origem. Assim, o autor considerou insuportável o clima em muitos lugares e de forma
determinista responsabilizava o clima pela idiotice, apatia e preguiça das pessoas.
Mas em outros momentos, exaltava o clima como o responsável pela salubridade do
local. (SANT´ANNA NETO, 2004).
Fernão Cardim, dirigente da Companhia de Jesus, fez muitos relatos sobre o
tempo e o clima brasileiro, nos percursos por paróquias e capelas do país, com o
propósito de conhecer o território conquistado e planejar da melhor forma sua
ocupação. (SANT´ANNA NETO, 2004).

O clima do Brasil geralmente he de bons, delicados e salutíferos ares, donde


homens vivem até noventa, cento e mais annos, geralmente não tem frios,
nem calores, ainda que no Rio de Janeiro até São Vicente há frios e calores,
mas não muito grandes. (CARDIM, 1978, citado por SANT´ANNA NETO,
2004, p.25).

Outro como Claude d´Abbeville, que residiu no Maranhão, em sua obra


“História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras
circunvizinhas”, relatava que, “vindo as correntes de ar que chegavam ao litoral
brasileiro, estes ares eram temperados pelos vapores das águas oceânicas, que os
tornavam puros e “sadios”. Esta terminologia pode ser interpretada no “contexto das
grandes epidemias e da insalubridade das cidades européias no início do
Renascimento”. (SANT´ANNA NETO, 2004, p.22).
O francês André Thevet ao percorrer o Rio de Janeiro, também enfatiza por
meio de sua obra “As singularidades da França Antártica no Brasil”, que quando da
atuação da massa Tropical Continental, os mangues da cidade exalavam odores
fortes e a população inalava metano e enxofre, prejudiciais à saúde. (SANT´ANNA
NETO, 2004, p.20).

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Quando da vinda dos holandeses ao Brasil, Willen Piso, médico de Maurício


de Nassau, estudou em 1641 as inundações do Rio Capibaribe no Recife, que
ocasionou muitas perdas de vidas humanas. Além disso, ao discutir as doenças
endêmicas do Brasil, Piso destaca a mistura de raças (europeus, índios e africanos)
como responsável pelo surgimento de doenças novas. (SIGAUD, 2009).
Posteriormente, surgem as primeiras teses sobre clima e saúde no país.
Dentre os grupos de doenças pesquisadas, as infecciosas (diarréias agudas, malária,
febre palustre, entre outras) deram início a esses estudos. A relação entre o clima e o
tempo dava-se por meio da associação da chuva ou o aumento da temperatura na
compreensão da etiologia das doenças e a forma delas se adaptarem ao clima, e da
ocorrência dos casos pelo contexto político de exploração das colônias no país.
Um dos responsáveis pela sistematização da climatologia no Brasil foi o
engenheiro Henrique Morize, que publicou seus estudos na obra Esboço da
Climatologia do Brazil, em 1889, como primeira tentativa de classificação dos climas
regionais. Além disso, o autor também realizou um estudo sobre a influência do clima
no suicídio e na criminalidade, estabeleceu relações entre os fenômenos atmosféricos
e o modo de vida da sociedade. (SANT´ANNA NETO, 2004).

Estes valores conduzem a duas conclusões importantes: a primeira, que a


temperatura optima depende do clima da região habitada pelo observador, e
a segunda que o organismo humano tem grande elasticidade e pode
progressivamente se adaptar a condições thérmicas, que, no começo,
parecem intoleráveis. (MORIZE, 1922, p.4 citado por SANT´ANNA NETO,
2004).

O geógrafo Delgado de Carvalho influenciado por De Martonne, produziu uma


das obras mais completas sobre a Climatologia do Brasil no ano de 1917. Com a
proposta de classificação climática, também analisou a influência do clima tropical no
desenvolvimento econômico e adaptabilidade do homem em uma perspectiva
possibilista. (SANT´ANNA NETO, 2004)
O autor inovou nas terminologias empregadas, produzindo um trabalho
considerado por Sant´Anna Neto (2004), “como o primeiro produzido sob um
paradigma geográfico no Brasil”, na época em que a Geografia ainda não estava
institucionalizada no país.
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Na segunda metade do século XIX, com o início das grandes expedições científicas
em território brasileiro, uma nova fase de descobertas e um novo conjunto de
procedimentos científicos, principalmente no campo das ciências naturais (incluindo-
se as geociências) se instalaram em nosso país. (SANT´ANNA NETO, 2004)

Belfort de Mattos em 1910 publicaria uma polêmica nota “Em defesa do clima
de São Paulo”, quando procurava, “de forma bastante engajada com a política
de imigração do governo estadual, demonstrar as vantagens do clima paulista
para o estabelecimento de imigrantes europeus e para o desenvolvimento da
agricultura”. Neste artigo, “comparava o clima de São Paulo ao de Palermo
na Itália,” para atrair os imigrantes italianos, enfatizando as vantagens dos
nossos ares para o viver saudável. (SANT´ANNA NETO, 2004, p.70).

O professor belga Pierre Gourou, analisa em seu livro “Les pays tropicaux:
Principes d´une Geographie Humaine e Economique” os trópicos úmidos, incluindo o
Brasil e relata ao longo da obra a natureza agressiva dos trópicos, responsável pelo
foco de doenças e insalubridade. (CONTI, 2002)
O meteorologista Adalberto Serra, em um dos primeiros trabalhos,
Climatologia Médica (1974), explicou a influência do clima e dos tipos de tempo sobre
a ocorrência de doenças infecciosas, respiratórias, entre outras. Além disso, o autor
estudou a relação do clima com a psicologia, na ocorrência de casos de suicídio no
Rio de Janeiro. (SANT´ANNA NETO, 2004; SARTORI, 2000).
Sigaud, era um estudioso francês, na época do império no Brasil, residiu no
Brasil e realizou o primeiro compêndio de clima e higiene no país, enfatizando as
características climáticas e meteorológicas das províncias brasileiras, por meio de
relatos dos viajantes e naturalistas e de diferentes dados. O autor fez uma obra ampla
sobre as diferentes patologias que ocorriam, em aspectos da geografia médica, do
higienismo e estatística médica, publicada como livro no ano de 2009.
De acordo com Sigaud (2009, p.106), a época favorável para se vir ao Brasil
de abril a setembro, uma vez que se “teria tempo suficiente para se acostumar aos
calores moderados da estação, a umidade das chuvas e para melhor poder suportar
as condições climáticas que predominam posteriormente de outubro até o fim do mês
de março”.

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Ainda segundo o autor, o período de transição da doença para o


reestabelecimento da saúde dos imigrantes baseava-se na aclimatação, dessa forma,
quando uma doença atacasse os imigrantes recém-chegados, eles deveriam deixar o
local e procurar os campos ou colinas para respirarem outro ar. (SIGNAUD, 2009)
Surge disso, os inúmeros marketings turísticos de cidades como estâncias
climáticas, que apresentam clima ameno se comparado às condições extremas de
desconforto térmico dos trópicos e muitas vezes possuem águas com um dos
elementos químicos que os marqueteiros induzem a purificação.
Diversos pesquisadores saíram em defesa do clima, dentre eles destaca-se
Peixoto (1938), que sucedido nos trópicos na época de predomínio das políticas
sanitaristas, considerava como principal causa das doenças infecciosas a falta da
educação em saúde e higiene, além da demora para a profilaxia das doenças
denominadas tropicais.

Não há doenças climáticas e, portanto não há doenças tropicais, estas se


impõem, substituindo velhas crenças por outra cientifica, pela observação e
pela experiência: existem apenas doenças evitáveis, contra as quais a
higiene tem meios seguros de defesa e reação. (PEIXOTO, 1938, p.15)

Dentro dos estudos climáticos, a utilização de técnicas estatísticas que


generalizavam a análise do clima e dos tipos de tempo no espaço, como a média,
visando apenas a caracterização climática regional ou local, desestimularam a busca
de fatores atuantes na relação clima e saúde, pois, poucos eram os estudos
geográficos que salientavam essa relação.
O predomínio de meteorologistas no estudo climático nessa época, bem como
da utilização da média estatística nos estudos de clima e saúde, acarretou numa
demora para que essa relação fosse analisada por meio de escalas temporais
distintas: como a escala diária, semanal e episódica. (SANT´ANNA NETO, 2004)
O próprio conceito de clima da Organização Meteorológica Mundial definia-o
como a média das condições atmosféricas em um período de 30 anos.

A influência da temperatura meteórica sobre a saúde é o prato de resistência


dos climatologistas prevenidos. Eles manobram com as médias de

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temperatura, os isotermos e chegam aos labéus e anátemas climatológicos...


Entretanto, as médias não existem: é um artifício ideológico, perfeitamente
inútil. Dizer que o Rio de Janeiro tem uma temperatura média de 23,21, é dar
uma informação totalmente imprestável: nunca tal temperatura acontece no
Rio... A gente sente e sofre é com a temperatura real e não a calculada... se
soubermos que a mínima já chegou a 10,2 e a máxima já foi de 39°C temos
a ideia mais justa do calor sentido e no Rio sofrido... (PEIXOTO, 1938, p.54).

Maximilian Sorre define o clima como a sucessão habitual dos tipos de tempo,
num determinado lugar da superfície terrestre, e traz a proposta do conceito de
complexo patogênico que consideram o meio físico, biológico e social aos estudos de
clima e saúde. O autor considera a área endêmica ou epidêmica da doença a
extensão do complexo patogênico. Mapeando os grandes complexos patogênicos e
enfatizando a interdependência dos organismos postos em jogo na produção de uma
mesma doença infecciosa, em especial a dinâmica ecológica. (SORRE, 1933; 1982).
Principalmente, após a década de 1960 ocorreu à decadência da concepção
de que o clima era o principal fator para a ocorrência das doenças tropicais, e que era
preciso considerar as condições socioeconômicas da população no Brasil. Isso é
decorrente dos movimentos políticos, da valorização das condições do contexto
geográfico e do estabelecimento de novos eixos temáticos que seriam investigados
nos estudos da climatologia geográfica e da geografia médica.
Além disso, o conceito de clima avançou quando incorporou a análise da
dinâmica atmosférica, e o tratamento dos fenômenos atmosféricos de forma eventual
e episódica, pois, percebeu-se que estão intimamente relacionados à organização da
vida social. “A análise climática embasada nas condições médias dos elementos
atmosféricos revelou-se insatisfatória para o equacionamento dos problemas relativos
à produtividade econômica e ao meio ambiente”. (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA,
2007, p. 15).
A partir da década de 1960, o professor e pesquisador dedicado ao estudo da
Climatologia, Carlos Augusto Figueiredo Monteiro, baseado nas leituras de Sorre
(1951) e Pederlaborde (1959), propôs um novo paradigma de análise, denominado
análise rítmica, que impulsionou as pesquisas no laboratório de climatologia da
Universidade de São Paulo e trouxe um novo conceito capaz de ser utilizado para
diagnosticar de que forma a sucessão dos tipos de tempo na análise episódica podem
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contribuir para explicar a gênese dos agravos, enfermidade e morbidade na


sociedade.
Na década de 1980, juntamente com os outros campos do conhecimento, os
pesquisadores e poder público perceberam as variações e alterações do clima
exigiam readaptações nos espaços e reajustamentos econômicos e sociais. Dessa
maneira, disseminaram-se os exercícios demonstrativos de aplicabilidade da
Climatologia, cujo clima é conceituado como um sistema aberto, ativo e complexo.
(MONTEIRO e MENDONÇA, 2003).
Além disso, o pensar sobre o espaço das doenças, visando à interação entre
o ambiente e a saúde de forma a considerar a produção do espaço, marcou este
período. Constatou-se que o clima era apenas mais um fator dentro de múltiplos
condicionantes responsáveis pela ocorrência das doenças.
A própria concepção dos complexos patogênicos (Sorre, 1933) é rediscutida
incorporando a determinação social de maneira articulada a fragmentação e
segregação, aos conflitos no espaço-tempo e inserção desigual dos lugares nos
circuitos globais, na vigilância e controle, ampliando a concepção para complexos
tecno-patogênicos informacionais (LIMA e GUIMARÃES, 2007).
Dentre os estudos que além da vertente clima e saúde, também incorporaram
o espaço construído na análise, merecem destaque o de Sobral (1988) no estudo da
poluição do ar e doenças respiratórias em São Paulo, o de Mendonça (2000, 2002,
2006), que estudou a expansão da dengue no Sul do Brasil e discutiu a repercussão
das mudanças climáticas na saúde, o de Ferreira e Lombardo (2000) que avaliaram a
ocorrência de malária na área de influência do reservatório de Itaipu, o de Pitton e
Domingos (2004), que analisou a relação dos tipos de tempo com as crises
hipertensivas, o de Gobo e Sartori (2003) e Sartori (2008), que identificaram os efeitos
psico-fisiológicos do Vento Norte em Santa-Maria e o de Sant´Anna Neto (2008), que
propõe a Geografia do Clima nos estudos sobre o processo saúde-doença.

“a repercussão dos fenômenos atmosféricos na superfície terrestre se dá num


território, transformado e produzido pela sociedade, de maneira desigual e
apropriado segundo os interesses dos agentes sociais, criando espaços de

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segregação, em variados níveis de vulnerabilidade”. (SANT´ANNA NETO,


2008, p. 52)

Assim, os estudos de clima e saúde na Geografia do Clima precisam analisar


a influência dos tipos de tempo na morbidade, levando em consideração os
condicionantes culturais, a produção do espaço e o planejamento e prevenção da
saúde pública.
A Geografia do clima busca verificar o tempo, clima e a produção do espaço
como elementos integrados que perpassem a análise da condição de cidade
vulnerável para se planejar, construir e edificar a cidade saudável, visando a
promoção da saúde.
Uma das lacunas nos estudos da relação clima e saúde são o diagnóstico da
interação do conforto térmico e reflexos a saúde humana. Nessa perspectiva
discutiremos as abordagens teóricas e as possibilidades de utilização da análise do
clima urbano como indicador dos problemas de saúde.

Uma camada a mais: Conforto, Desconforto e a construção de Indicadores.

O objetivo desta discussão não é estabelecer índices de conforto para o


território brasileiro, pois para isso seria necessário um estudo amplo e complexo. Nem
mesmo, fazer uma revisão bibliográfica dos índices existentes nos climas temperados
e tropicais.
A proposta desta discussão é compreender algumas possibilidades de
utilização dos índices de conforto construídos, para evidenciar problemas de saúde e
a capacidade de adaptação dos indivíduos ao ambiente tropical.
Para Ribeiro (1996, p.4), a biometeorologia se preocupa em esclarecer as
variações e mudanças nos sistemas físico-químicos dos organismos vivos, em
especial dos seres humanos, bastante sensíveis às alterações atmosféricas de
diversas ordens: temperatura, umidade, ventos, pressão, radiação solar, poluição
atmosférica, descarga elétrica, magnetismo.

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Os efeitos da atmosfera na saúde se combinam e na biometeorologia,


segundo Jendritzky et al. (1994, p.247) distinguem-se três campos principais de
atuação: “as condições complexas da troca de calor do homem, a fim de manter o
equilíbrio térmico, os fluxos de radiação de onda curta e longa, e a poluição
atmosférica”.
O conforto térmico depende das condições de adaptação dos indivíduos, pois,
varia conforme o clima vivenciado, não é o mesmo para habitantes de climas
temperados e tropicais. Existem muitos índices de confortos propostos para climas
temperados; no entanto, poucos pesquisadores se preocuparam em propor uma
metodologia para avaliar o conforto nos países de clima tropical.
Esse trabalho é extremamente importante e também árduo, pois para avaliar
as condições de conforto é necessário incorporar uma série de variáveis. Para isso,
Frota e Schiffer (2003) concebem o indivíduo como aclimatado e saudável; em etapa
posterior, relaciona as variáveis como a vestimenta, a atividade desempenhada, sexo,
idade, biótipo, hábitos alimentares que, unidos demonstram o efeito conjunto dessas
variáveis formando um índice.
Frota e Schiffer (2003, p.26) classificaram os índices de conforto baseado em
três aspectos:

Índices biofísicos: que se baseiam nas trocas de calor entre o corpo e o


ambiente, correlacionando os elementos de conforto com as trocas de calor
que dão origem a esses elementos; Índices fisiológicos: que se baseiam nas
reações fisiológicas originadas por condições conhecidas de temperatura
seca do ar, temperatura média radiante, umidade do ar e velocidade do ar;
Índices subjetivos: que se baseiam nas sensações subjetivas de conforto
experimentadas em condições em que os elementos de conforto térmico
variam.

Alguns índices de conforto foram constituídos para o ambiente tropical, mas


para as condições climáticas brasileiras, apenas alguns deles podem ser utilizados,
conforme Frota e Schiffer (2003) seria “a carta de Olgyay, a temperatura efetiva e o
Índice de conforto equatorial ou índice de Cingapura”.
Entretanto, observa-se que nenhum desses índices foi elaborado
especificadamente para as condições climáticas brasileiras, apenas têm sido

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calibrados para serem utilizados em diferentes espaços no Brasil. Além disso, como
o território brasileiro é diferenciado pela sua extensão e sistemas atmosféricos
atuantes, seria necessário um grande esforço de diferentes instituições de pesquisa
para o estabelecimento de um índice tupiniquim.
Os parâmetros de conforto e desconforto têm sido utilizados para verificar a
relação das condições meteorológicas e ilhas de calor no ambiente urbano.
Entretanto, esses índices não foram formulados para serem relacionados aos agravos
da saúde.
Não foi encontrado na literatura pesquisada, nenhum índice de conforto
relacionado à saúde. Apenas, com vista à previsibilidade das condições climáticas e
tipos de tempo, para alerta e atenção da população e dos serviços de saúde.
Em Cuba, Estela Lecha et al. (2008) realizaram um método para prognósticos
biometeorológicos, sobre os efeitos do tempo sobre a saúde humana.

“O método oferece com antecedência suficiente às instituições de saúde e


serviços de emergência médica, a informação oportuna para a prevenção e
profilaxia de algumas enfermidades crônicas não transmissíveis de alta
incidência no país. Esse método avisa com 180 horas de antecedência, a
ocorrência de condições favoráveis para o desencadeamento de crises de
saúde, utilizando como indicador principal a variação em 24 horas da
densidade parcial do oxigênio no ar, o tipo de situação sinótica predominante
e a ocorrência de efeitos locais de contaminação atmosférica”. (LECHA et al,
2008, p. 12).

Os autores consideram o efeito meteorotrópico a ação do estado momentâneo


da atmosfera sobre a saúde das pessoas mais sensíveis, associado a variações do
tempo e manifestações alérgicas e patológicas. (LECHA et al., 2008).
Dentre os índices estabelecidos, o de Minessard (1937) e o de Thom (1959),
consideram as sensações de conforto e as condições de temperatura, umidade e
velocidade do ar, e têm sido usados nos estudos relacionados ao conforto,
desconforto e agravos à saúde. Como grande parte do dia, as pessoas permanecem
em ambientes fechados, o estabelecimento de índices apropriados para esta condição
é mais numeroso, entretanto, esses índices tem demonstrado precisão nas análises
de ambientes abertos.

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Coelho Zanotti (2007) utilizou na cidade de São Paulo, o índice de


Temperatura Efetiva (TE) de Minessard (1937), cuja situação confortável é de 22 a
25°C; além disso, utilizou o índice de Temperatura efetiva com vento (TEv). Para o
primeiro, foram utilizadas as variáveis temperatura e umidade, e para o segundo,
acrescentou-se a variável vento. “O índice TEv apresentou relação de defasagem de
4 dias com o incremento de internações por AVAS; além disso, se o TEV variar de -
2,5 até 25°C que foi o registrado na série temporal, podem ocorrer decréscimos nas
internações”.
Na mesma cidade, Silva (2010) verificou a relação do índice de conforto Pet
com a ocorrência de doenças cardiovasculares e respiratórias. A escolha pelo índice
PET deu-se porque foi anteriormente calibrado para ser usado em áreas externas de
São Paulo. A autora identificou que as condições de desconforto para o frio e alta
amplitude térmica consistiram em fatores mais agravantes para o desencadeamento
das doenças.
Para o estudo do conforto térmico é preciso o entendimento da influência do
ambiente construído nas condições básicas de conforto humano. As medidas
utilizadas para evitar o desconforto podem ser mal empregadas, como nos casos dos
condicionamentos artificiais do bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro: a
falta de manutenção dos equipamentos usados podem influenciar nas atividades
diárias das pessoas, na fisiologia, no aspecto emocional e comportamental.
Com relação à adaptação humana as condições de conforto, Moran (1994)
relata que se baseia nas características funcionais e estruturais da população
conforme a condição ambiental que está exposta. Ainda que existam diferenças com
relação aos termos adaptabilidade e ajuste, os estudos tendem a enfatizar as múltiplas
possibilidades de resposta do homem com relação ao ambiente. (MORAN, 1994).
Para Moran (1994), o estudo da adaptabilidade humana como uma resposta
às limitações ambientais devem levar em consideração que:

formas extremas e constantes de estresse podem ser enfrentadas por meio


de uma alteração fisiológica irreversível durante o período de
desenvolvimento do indivíduo (ajustes do desenvolvimento); por outro lado,
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as formas de aclimatação de respostas fisiológicas facilitam o ajustamento


dos indivíduos após o período de desenvolvimento e são reversíveis (ajustes
de aclimação). As formas mais comuns e flexíveis de ajustamento, talvez
sejam as comportamentais, sociais e culturais (ajustes reguladores).
(MORAN, 1994, p.26).

Os ajustes comportamentais são as modificações conscientes ou


inconscientes das pessoas; podem modificar o fluxo de calor e massas que governam
as trocas térmicas do corpo. Estes ajustes podem ainda ser divididos em
subcategorias, conhecidos como os ajustes pessoais (roupa, atividade, postura),
ajustes tecnológicos ou ambientais (abrir/fechar janelas, ligar ventiladores, usar óculos
escuros) (MORAN, 1994).
Outra preocupação para a saúde humana é que ocupantes de ambientes
internos, climatizados artificialmente, nos locais de trabalho ou mesmo de moradia,
estão expostos às condições de má qualidade do ar nos ambientes climatizados e a
aglomeração de pessoas nesses ambientes, favorecendo a transmissão dos vírus,
fungos e bactérias, provocando impactos negativos na saúde, enfermidades e
produtividade. (SILVA, 2010).
Estudo realizado por Silva (2010), em um edifício da cidade de São Paulo,
constatou que:

(...) o conforto térmico nos ambientes pesquisados é um fator perturbador


das atividades exercidas em ambos os pavimentos. Houve um grande
número de relatos de ocupantes com sintomas típicos da Síndrome dos
Edifícios Doentes (SED), sugerindo que medidas relativas à qualidade
ambiental devem ser tomadas em prol da saúde, bem estar e produtividade
dos ocupantes do edifício. (SILVA, 2010, p. 5).

As pessoas ocupam esses edifícios para trabalhar. Em muitos casos, pela


condição de necessidade e desemprego que assola o país, sujeitam-se a essas
condições do ambiente trabalhista e muitas vezes não revogam essa condição, pois
o malefício é silencioso e não visual, mas é sentido pelo sistema respiratório.
A influência dos materiais utilizados em coberturas é apontada na literatura
como uma das variáveis no acréscimo de calor no ambiente urbano. A associação do
desconforto com os materiais construtivos também indica a desordenada e precária

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apropriação do espaço pelos agentes sociais com menor poder aquisitivo. Além disso,
no país, a relação do homem com a moradia é fraternal; por isso, deveriam ser
subsidiadas as compras de materiais adequados ao clima tropical, com isolamento
térmico e ventilação adequada.
De acordo com Ferreira e Prado (2003), os materiais metálicos atingem
temperaturas superficiais altas, como o fibrocimento, aço galvanizado sem pintura e
alumínio sem pintura que apresentaram 10,3°C, 21,1°C e até 32,6°C,
respectivamente, na diferença entre a temperatura do ar e do material.
Por isso, ao se pensar no tema do conforto e desconforto térmico e sua
influência na saúde, deve-se considerar a forma urbana como resultado da produção
social do espaço, uma vez que a exposição, assim como a vulnerabilidade, ocorre
com agentes sociais que possuem menor capacidade de resiliência.
Alguns índices objetivam encontrar quantitativamente ou qualitativamente a
proporção que os fatores socioambientais influenciam na ocorrência das patologias,
agregando as variáveis associadas ao risco da doença, como exemplo têm-se a carga
ambiental das doenças, exemplificadas em documentos da WHO.
Desde os anos 90, ocorre o aumento da oferta, mensuração e disponibilização
aos dados de saúde com relação ao ambiente, com um maior monitoramento de
variáveis pela utilização de equipamentos fixos e móveis, imagens de satélites e radar
disponíveis. A sociedade e os centros de pesquisa possibilitaram que um número
maior de variáveis fosse incorporado para construção de indicadores, que influenciam
em propostas de planejamento e promoção de políticas públicas. (BARCELLOS,
2002).
Nos estudos climáticos, a utilização de novas técnicas e difusão da
informação possibilitaram que diferentes dados fossem gerados e transformados em
variáveis que podem ser utilizadas para formulação de indicadores, ainda que seja um
trabalho árduo o de incluir o clima como instrumento do planejamento e aplicado em
políticas públicas.
Por isso, a utilização de indicadores socioambientais, que incorporem a
influência do clima na saúde é necessária para se pensar nos problemas

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socioambientais e na sua complexidade multidimensional numa forma de torná-lo um


instrumento que possibilita ao poder público a gestão integrada. (BARCELLOS, 2002).
Para utilizar o clima como indicador, deve-se primeiramente observar suas
escalas espaciais e temporais, pois é necessária a integração dessas escalas: os
fenômenos que ocorrem no local, ainda que a medida dos elementos climáticos seja
específica do local, estão intimamente ligados à escala regional (a sazonalidade,
padrões e ciclos naturais, atuação dos sistemas atmosféricos), e a escala global pelos
centros de pressão.
Ao tratar da escala global, analisam-se as mudanças climáticas em grandeza
temporal, sua gênese reconhecidamente natural, associada ao tectonismo de placas,
movimentos astronômicos, oscilação da temperatura do oceano Pacífico,
vulcanismos, entre outros.
No entanto, nos últimos anos a gênese atribuída à sociedade urbano/industrial
nas mudanças globais deve ser considerada pelo aumento da temperatura global com
a maior emissão de gases de efeito estufa, que tem sido evidenciada em muitas
pesquisas, ainda que ocorram controvérsias, incertezas e polêmicas científicas sobre
o assunto.
Na escala regional analisam-se a variabilidade anual e inter-anual dos
elementos do clima para avaliar as gêneses naturais e da produção social nas
mudanças das paisagens e dos ciclos naturais (MONTEIRO, 1976).
No entanto, para analisar a escala do local, conforme a proposta de Monteiro
(1971 e 1976), procura-se a escala temporal reduzida, das horas, dos dias, do ritmo
climático, como a sucessão habitual dos tipos de tempo, no intuito de compreender os
elementos que afetam o balanço térmico das cidades, condicionada e condicionante
do uso do solo, das aglomerações e dos fluxos cotidianos vividos pelos citadinos.
A utilização de dados das variáveis climáticas tem enfoques distintos para
formulação de indicadores socioambientais e podem ser mensurados por diferentes
técnicas adequadas ao tamanho e à extensão das áreas, no intuito de evidenciar a
relação com os inúmeros problemas socioambientais enfrentados nas cidades de

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porte pequeno, médio e principalmente nas áreas metropolitanas (BARCELLOS,


2002).
O clima urbano é uma combinação complexa entre a dinâmica atmosférica e
a produção do espaço urbano. É uma construção social geradora de novas
territorialidades (SANT´ANNA NETO, 2011). Influi e é influenciado diretamente por
processos naturais que atuam nas escalas climáticas regionais e globais. Além disso,
também é influenciado por processos relacionados à expansão territorial urbana e à
produção do espaço por diferentes agentes sociais, com interesses diversos,
submetidos à lógica da globalização econômica.
Nos estudos de clima urbano é necessário avaliar os espaços com diferentes
condições socioambientais, cujo ordenamento, influência nas condições de maior ou
menor exposição dos citadinos às externalidades como a poluição atmosférica, ilha
de calor, ruídos, inundações e poluição da água.
A relação entre as condições atmosféricas na cidade e sua influência na saúde
humana, pode ser avaliada por meio do conforto térmico. Existem alguns índices
utilizados para mensurar o conforto térmico e a adaptabilidade humana, como o Índice
de Temperatura Efetiva de Thom (1959), o Índice de Temperatura Efetiva de
Minessard (1937), o índice Physiologically Equivalente Temperature (PET), entre
outros. No entanto, ainda não existe nenhum índice que considere as características
tropicais do Brasil.
Torna-se de extrema importância pesquisas que permitam uma aproximação
de um índice de conforto térmico para os trópicos, mesmo que pela extensão territorial
brasileira, o estado de conforto e desconforto térmico possua distinção em partes do
país.
Para avaliar o conforto térmico, de acordo com Frota (2003) é necessária a
inclusão de variáveis físicas ou ambientais, variáveis pessoais (idade, sexo,
vestimenta e atividade desempenhada pelo indivíduo) e variáveis psicológicas
(percepção e preferência térmica dos indivíduos).
Essa última variável necessita de amplo detalhamento com a aplicação de
questionários e/ou entrevistas, pois, além de identificarem os transtornos

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psicossociais e biológicos do desconforto térmico, a percepção climática pode


evidenciar como a população compreende o tempo e o clima, suas formas de proteção
e tipos de tempo percebido que são mais benéficos para a saúde.
Outra ferramenta que pode ser utilizada para tratar o clima como indicador
são as técnicas de sensoriamento remoto, que permitem a identificação espaço-
temporal dos fenômenos, por meio da utilização das imagens de satélite como
Landsat-8 OLI, Landsat 7-ETM e Landsat 5-TM, nas quais são trabalhadas as bandas
do vermelho (canal 3), infravermelho próximo (canal 4) e infravermelho termal (canal
6). A partir do tratamento dessas bandas, pode-se detectar a cobertura vegetal na
geração de índices como o Índice Normalizado de Diferença da Vegetação1 (NDVI),
verificar o uso e ocupação do solo e a temperatura da superfície para áreas urbanas
e rurais.
Os dados de sensoriamento remoto podem ser obtidos dos sensores dos
satélites em operação, que possuem diferentes resoluções espaciais e espectrais que
têm que ser conhecidas pelos usuários, para melhor tratamento e utilização dos
dados, no intuito de gerar produtos compatíveis com o problema estudado.
A medida de reflectância dos materiais construtivos, obtidas por meio do
tratamento da banda do infravermelho termal, permite a obtenção da temperatura de
superfície. Com isso, identificam-se usos e ocupações com ampla diversidade dos
materiais de pavimentação e da cobertura das casas e edifícios, que demonstram
propriedades térmicas extremas diferentes. Coberturas de fibrocimento por exemplo,
corroboram para um gradiente térmico intenso (SANT´ANNA NETO, 2011).
Sabe-se que nas áreas de alta vulnerabilidade das cidades brasileiras,
predominam áreas construídas com materiais de baixo custo como fibrocimento, que
podem aumentar o desconforto térmico dos citadinos, pelas intensas readaptações do
metabolismo humano ás altas amplitudes térmicas sofridas ao longo do dia.
No entanto, ao utilizar a temperatura de superfície, deve-se atentar para o
sistema atmosférico atuante no dia, a estação do ano (inclinação solar) e o horário de
passagem do satélite, que pode produzir diferenças na estrutura térmica identificada,

1
Referente à Normalized Difference Vegetation Index (NDVI)
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relativa a intensidade da radiação solar no espaço observado, bem como associada


ao tipo de cultura produzida nos solos rurais.
Outra medida eficaz para incorporar o clima como variável, é a utilização dos
dados de velocidade e direção do vento, que condicionam estados de dispersão ou
concentração de calor e poluentes na atmosfera, conforme a fonte de emissão, a
natureza do poluente e a distância alcançada. Além disso, para identificar estados de
alerta para a saúde humana pode-se utilizar as informações de radar e imagens de
satélites sobre a entrada dos sistemas atmosféricos.
A umidade do ar pode ser avaliada pelo índice de umidade relativa do ar,
mensurada nos postos meteorológicos, permitindo o controle dos parâmetros de
alerta, atenção e emergência à saúde humana, definidos pela Organização Mundial
da Saúde como: estado de atenção de 20 a 30% de umidade relativa do ar, estado de
alerta de 12 a 20% de umidade relativa do ar e abaixo de 12%, estado de emergência.
Além disso, durante o período chuvoso em muitas cidades do Brasil, ocorrem
enchentes, inundações e alagamentos relacionados às formas de uso e ocupação do
solo nas cidades e aos eventos pluviométricos extremos.
A magnitude desses eventos pode ser mensurada e até prevista com
antecedência pela utilização de imagens de radar, satélites e postos meteorológicos
que especifiquem a medida na menor unidade de tempo, minutos, horas e dias.
Para algumas localidades, tem sido comumente utilizada às medidas de 40,
50 ou 60 mm diários para caracterizar o evento pluviométrico extremo (ALVES FILHO
e RIBEIRO; 2006; BARBOSA, 2007; CÂMARA et al., 2010) no entanto, dependendo
das condições de uso do solo, escoamento e drenagem urbana, medidas de 20mm
ou 30mm diárias são capazes de gerar grandes impactos hidrometeóricos urbanos.
Mas para isso, deve-se levar em consideração o comportamento da chuva nos dias
anteriores, além dos fatores como o despejo de resíduos das calhas fluviais, a limpeza
de galerias pluviais, córregos urbanos e o controle da drenagem urbana.
A escala de análise local e o surgimento de diferentes técnicas e métodos de
análise que foram ou poderiam ser empregados para formulação de indicadores,

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foram organizados na figura 2, a partir da exemplificação de três problemas


específicos: ilhas de calor, poluição do ar e eventos pluviométricos extremos.

Figura 2. Construção de indicadores climáticos. Org.: ALEIXO e ARAUJO, 2010.

Neste contexto, cabe ao pesquisador verificar a disponibilidade dos dados


secundários ou construir a base de dados por meio da mensuração primária dos dados
e adaptá-los a interação do clima e saúde a ser estudada.
Ressalta-se que os indicadores também podem ser produzidos a partir da
perspectiva dos sujeitos que vivem condições diferenciadas do ritmo climático e social
na vida urbana. Essa análise corrobora para os estudos da percepção climática que
possuem grande importância para se edificar o planejamento urbano de maneira
democrática e efetiva.

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CONCLUSÃO

O diagnóstico da dinâmica atmosférica aliada ao processo saúde-doença


demonstrou diferentes temporalidades integradas às condições políticas, econômicas
e os discursos teórico-científicos no contexto brasileiro.
A análise geográfica do clima pode auxiliar no entendimento da relação
sociedade e natureza, compreendendo o clima como fenômeno físico-natural e
produzido socialmente por meio dos impactos deflagrados como forma de episódios
e as condições de vulnerabilidade socioambiental que afetam o processo saúde-
doença.
Desta maneira, o tempo e o clima são condicionantes da saúde, é necessária
a compreensão dos fatores socioespaciais, políticos, culturais e biogeográficos para
análise da complexa relação que se estabelece na configuração do processo saúde-
doença.
No que tange à interação dos indicadores, os mesmos podem oferecer
subsídios às atividades de planejamento, monitoramento, prevenção das doenças e
agravos condicionados pelos diferentes tipos de tempo e pela produção desigual do
espaço urbano.
Em conjunto: os dados da saúde, os dados dos elementos climáticos e da
dinâmica atmosférica podem ser pensados e produzidos com vista à construção de
indicadores que ofereçam bases para delimitar, mapear, analisar e buscar soluções
para os espaços e lugares vulneráveis.

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Submetido em: 14/08/2017


Aceito para publicação em: 12/11/2017

REVISTA GEONORTE, V.8, N.30, p.78-103, 2017. (ISSN 2237 - 1419) 103

DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103

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