Clima e Saúde PDF
Clima e Saúde PDF
Clima e Saúde PDF
RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir as perspectivas analíticas dos estudos sobre tempo,
clima e saúde humana. A partir disso, abordou-se a análise da dimensão temporal e espacial dos
estudos de clima e saúde desde a gênese da Climatologia no Brasil. A discussão englobou a relação
clima e saúde humana, a partir do Sistema Clima urbano (Monteiro, 1976) e propôs a utilização de
indicadores para desvendar a relação do tempo e clima como um condicionante do processo saúde-
doença em áreas urbanas.
ABSTRACT: The objective of this work is to discuss the analytical perspectives of the studies on
weather, climate and human health in tropical reality. From this, the analysis of the temporal and spatial
dimension of climate and health studies since the genesis of Climatology in Brazil was approached. The
discussion encompassed the relation between climate and human health, based on the Urban Climate
System (Monteiro, 1976) and proposed the use of indicators to unravel the relation of time and climate
as a conditioning of the health-disease process in urban areas.
INTRODUÇÃO
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
MATERIAIS E MÉTODOS
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
Figura 1. Matriz dos colaboradores dos estudos de clima e saúde no Brasil. Org.:
ALEIXO, 2010.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
Na segunda metade do século XIX, com o início das grandes expedições científicas
em território brasileiro, uma nova fase de descobertas e um novo conjunto de
procedimentos científicos, principalmente no campo das ciências naturais (incluindo-
se as geociências) se instalaram em nosso país. (SANT´ANNA NETO, 2004)
Belfort de Mattos em 1910 publicaria uma polêmica nota “Em defesa do clima
de São Paulo”, quando procurava, “de forma bastante engajada com a política
de imigração do governo estadual, demonstrar as vantagens do clima paulista
para o estabelecimento de imigrantes europeus e para o desenvolvimento da
agricultura”. Neste artigo, “comparava o clima de São Paulo ao de Palermo
na Itália,” para atrair os imigrantes italianos, enfatizando as vantagens dos
nossos ares para o viver saudável. (SANT´ANNA NETO, 2004, p.70).
O professor belga Pierre Gourou, analisa em seu livro “Les pays tropicaux:
Principes d´une Geographie Humaine e Economique” os trópicos úmidos, incluindo o
Brasil e relata ao longo da obra a natureza agressiva dos trópicos, responsável pelo
foco de doenças e insalubridade. (CONTI, 2002)
O meteorologista Adalberto Serra, em um dos primeiros trabalhos,
Climatologia Médica (1974), explicou a influência do clima e dos tipos de tempo sobre
a ocorrência de doenças infecciosas, respiratórias, entre outras. Além disso, o autor
estudou a relação do clima com a psicologia, na ocorrência de casos de suicídio no
Rio de Janeiro. (SANT´ANNA NETO, 2004; SARTORI, 2000).
Sigaud, era um estudioso francês, na época do império no Brasil, residiu no
Brasil e realizou o primeiro compêndio de clima e higiene no país, enfatizando as
características climáticas e meteorológicas das províncias brasileiras, por meio de
relatos dos viajantes e naturalistas e de diferentes dados. O autor fez uma obra ampla
sobre as diferentes patologias que ocorriam, em aspectos da geografia médica, do
higienismo e estatística médica, publicada como livro no ano de 2009.
De acordo com Sigaud (2009, p.106), a época favorável para se vir ao Brasil
de abril a setembro, uma vez que se “teria tempo suficiente para se acostumar aos
calores moderados da estação, a umidade das chuvas e para melhor poder suportar
as condições climáticas que predominam posteriormente de outubro até o fim do mês
de março”.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
Maximilian Sorre define o clima como a sucessão habitual dos tipos de tempo,
num determinado lugar da superfície terrestre, e traz a proposta do conceito de
complexo patogênico que consideram o meio físico, biológico e social aos estudos de
clima e saúde. O autor considera a área endêmica ou epidêmica da doença a
extensão do complexo patogênico. Mapeando os grandes complexos patogênicos e
enfatizando a interdependência dos organismos postos em jogo na produção de uma
mesma doença infecciosa, em especial a dinâmica ecológica. (SORRE, 1933; 1982).
Principalmente, após a década de 1960 ocorreu à decadência da concepção
de que o clima era o principal fator para a ocorrência das doenças tropicais, e que era
preciso considerar as condições socioeconômicas da população no Brasil. Isso é
decorrente dos movimentos políticos, da valorização das condições do contexto
geográfico e do estabelecimento de novos eixos temáticos que seriam investigados
nos estudos da climatologia geográfica e da geografia médica.
Além disso, o conceito de clima avançou quando incorporou a análise da
dinâmica atmosférica, e o tratamento dos fenômenos atmosféricos de forma eventual
e episódica, pois, percebeu-se que estão intimamente relacionados à organização da
vida social. “A análise climática embasada nas condições médias dos elementos
atmosféricos revelou-se insatisfatória para o equacionamento dos problemas relativos
à produtividade econômica e ao meio ambiente”. (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA,
2007, p. 15).
A partir da década de 1960, o professor e pesquisador dedicado ao estudo da
Climatologia, Carlos Augusto Figueiredo Monteiro, baseado nas leituras de Sorre
(1951) e Pederlaborde (1959), propôs um novo paradigma de análise, denominado
análise rítmica, que impulsionou as pesquisas no laboratório de climatologia da
Universidade de São Paulo e trouxe um novo conceito capaz de ser utilizado para
diagnosticar de que forma a sucessão dos tipos de tempo na análise episódica podem
REVISTA GEONORTE, V.8, N.30, p.78-103, 2017. (ISSN 2237 - 1419) 86
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
calibrados para serem utilizados em diferentes espaços no Brasil. Além disso, como
o território brasileiro é diferenciado pela sua extensão e sistemas atmosféricos
atuantes, seria necessário um grande esforço de diferentes instituições de pesquisa
para o estabelecimento de um índice tupiniquim.
Os parâmetros de conforto e desconforto têm sido utilizados para verificar a
relação das condições meteorológicas e ilhas de calor no ambiente urbano.
Entretanto, esses índices não foram formulados para serem relacionados aos agravos
da saúde.
Não foi encontrado na literatura pesquisada, nenhum índice de conforto
relacionado à saúde. Apenas, com vista à previsibilidade das condições climáticas e
tipos de tempo, para alerta e atenção da população e dos serviços de saúde.
Em Cuba, Estela Lecha et al. (2008) realizaram um método para prognósticos
biometeorológicos, sobre os efeitos do tempo sobre a saúde humana.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
apropriação do espaço pelos agentes sociais com menor poder aquisitivo. Além disso,
no país, a relação do homem com a moradia é fraternal; por isso, deveriam ser
subsidiadas as compras de materiais adequados ao clima tropical, com isolamento
térmico e ventilação adequada.
De acordo com Ferreira e Prado (2003), os materiais metálicos atingem
temperaturas superficiais altas, como o fibrocimento, aço galvanizado sem pintura e
alumínio sem pintura que apresentaram 10,3°C, 21,1°C e até 32,6°C,
respectivamente, na diferença entre a temperatura do ar e do material.
Por isso, ao se pensar no tema do conforto e desconforto térmico e sua
influência na saúde, deve-se considerar a forma urbana como resultado da produção
social do espaço, uma vez que a exposição, assim como a vulnerabilidade, ocorre
com agentes sociais que possuem menor capacidade de resiliência.
Alguns índices objetivam encontrar quantitativamente ou qualitativamente a
proporção que os fatores socioambientais influenciam na ocorrência das patologias,
agregando as variáveis associadas ao risco da doença, como exemplo têm-se a carga
ambiental das doenças, exemplificadas em documentos da WHO.
Desde os anos 90, ocorre o aumento da oferta, mensuração e disponibilização
aos dados de saúde com relação ao ambiente, com um maior monitoramento de
variáveis pela utilização de equipamentos fixos e móveis, imagens de satélites e radar
disponíveis. A sociedade e os centros de pesquisa possibilitaram que um número
maior de variáveis fosse incorporado para construção de indicadores, que influenciam
em propostas de planejamento e promoção de políticas públicas. (BARCELLOS,
2002).
Nos estudos climáticos, a utilização de novas técnicas e difusão da
informação possibilitaram que diferentes dados fossem gerados e transformados em
variáveis que podem ser utilizadas para formulação de indicadores, ainda que seja um
trabalho árduo o de incluir o clima como instrumento do planejamento e aplicado em
políticas públicas.
Por isso, a utilização de indicadores socioambientais, que incorporem a
influência do clima na saúde é necessária para se pensar nos problemas
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
1
Referente à Normalized Difference Vegetation Index (NDVI)
REVISTA GEONORTE, V.8, N.30, p.78-103, 2017. (ISSN 2237 - 1419) 96
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
REVISTA GEONORTE, V.8, N.30, p.78-103, 2017. (ISSN 2237 - 1419) 100
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
FROTA, A.B.; SCHIFFER, S.R. Manual de conforto térmico. São Paulo: Studio
Nobel, 8. ed., 2003.
REVISTA GEONORTE, V.8, N.30, p.78-103, 2017. (ISSN 2237 - 1419) 101
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
RIBEIRO, H. Heat Island in São Paulo, Brazil: effects on health. Critical Public
Health, Londres, v. 15, n. 2, p. 147-156, 2005.
REVISTA GEONORTE, V.8, N.30, p.78-103, 2017. (ISSN 2237 - 1419) 102
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103
CLIMA E SAÚDE: DIÁLOGOS GEOGRÁFICOS.
REVISTA GEONORTE, V.8, N.30, p.78-103, 2017. (ISSN 2237 - 1419) 103
DOI: 10.21170/geonorte.2017.V.8.N.30.78.103