TRABALHO Atália Dos Santos Alberto SAUDE PUBLICA
TRABALHO Atália Dos Santos Alberto SAUDE PUBLICA
TRABALHO Atália Dos Santos Alberto SAUDE PUBLICA
Docente:
Msc. Dário Aquimo
I PARTE: INTRODUÇÃO……………………………………………………………………......1
II PARTE: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................2
2.1. Definição de Epidemiologia Ambiental...............................................................................2
2.2. Desenvolvimento Histórico da Epidemiologia.....................................................................2
2.3. A Ciência Epidemiológica....................................................................................................4
2.4. Epidemiologia Ambiental.....................................................................................................6
2.5. Modelos de Estudos Epidemiológicos..................................................................................7
2.6. Classificação.........................................................................................................................7
2.6.1. Controlo do Pesquisador sobre a Exposição..................................................................7
2.6.2. Eixo Temporal...............................................................................................................8
2.6.3. Unidade de Análise........................................................................................................8
III PARTE: EPIDEMIOLOGIA AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE..........................................9
3.1. Principais Desafios...............................................................................................................9
3.2. Iniciativas e Avanços............................................................................................................9
3.3. Educação e Capacitação.....................................................................................................10
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................12
I PARTE: INTRODUÇÃO
O presente trabalho subordinasse ao seguinte tema: Epidemiologia Ambiental. Este insere-se nas
actividades curriculares da disciplina de Vigilância em Controlo de Surtos no curso de Saúde
Publica. Antes de mais é importante destacar que A relevância do estudo de epidemiologia
ambiental no curso de saúde pública é fundamental por várias razões. Primeiramente, a
epidemiologia ambiental permite identificar e quantificar os riscos à saúde associados a factores
ambientais, como a poluição do ar, da água e do solo, além da exposição a substâncias tóxicas, o
que é crucial para a prevenção e controle de doenças. Além disso, o conhecimento gerado por
estudos epidemiológicos ambientais fornece evidências científicas essenciais para o
desenvolvimento de políticas públicas eficazes que visem a protecção da saúde da população.
A pesquisa bibliográfica, conforme Gil (2008, p.50), baseia-se em materiais já elaborados, como
livros e artigos científicos, e foi essencial para buscar informações sobre a interpretação e
integração da lei. Por outro lado, a técnica documental é semelhante à bibliográfica, mas se
distingue pela natureza das fontes utilizadas. Enquanto a pesquisa bibliográfica se concentra em
materiais já analisados, a técnica documental abrange documentos ainda não processados
analiticamente ou que podem ser reinterpretados. Inclui tanto documentos de “primeira mão”
(como arquivos e registos institucionais) quanto materiais já processados, como relatórios e
tabelas, que foram úteis para a análise do tema em estudo (Gil,2002, p.52).
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II PARTE: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Braga & Pereira (2015, p.10), na mitologia grega, o deus da saúde é Asclépio, também
conhecido por Esculápio, pai da medicina. Este teve duas filhas que representam as duas
principais correntes da medicina desde seus primórdios: Panaceia, padroeira da medicina
curativa e individual, que deu origem ao termo “panaceia universal”, a cura de todos os males; e
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Higeia, padroeira da harmonia entre o homem e o meio ambiente e das acções preventivas, que
deu origem ao termo higiene.
É desta linha de pensamento e de actuação que surge o mais famoso dos médicos: Hipócrates.
Este viveu na Grécia no século IV antes de Cristo e formou inúmeros seguidores. Em um de seus
textos mais famosos, “Sobre os ares, as águas e os lugares”, em tradução livre, ele já mostrava o
quanto as características do ambiente, como as estações do ano, os ventos, a qualidade da água, a
presença de luz do sol, o solo e outros elementos influenciavam a saúde dos seres humanos. Isso
tudo sem esquecer a influência dos alimentos, das bebidas, da actividade física e do trabalho para
o bem-estar das pessoas, (Braga & Pereira,2015, p.9).
Muito do conhecimento da medicina grega foi incorporado pelo império romano, onde os
escravos médicos desempenharam papel importante no desenvolvimento da medicina pós-
helénica. Galeno, o mais famoso médico do império romano, era seguidor dos ensinamentos
hipocráticos. Durante a hegemonia romana na Europa, foram instituídos procedimentos
fundamentais para a construção da ciência epidemiológica ao longo da história que seriam
incorporados por outras culturas. Entre eles, a realização de censos periódicos e os registros
compulsórios de nascimentos e óbitos, (Ibid.).
Na Idade Média, a Europa passou por um período dominado pelos dogmas da igreja católica. As
doenças eram encaradas como uma punição aos pecados e apenas os sacerdotes podiam
determinar o destino dos doentes. A figura do barbeiro-cirurgião é típica deste período onde, sem
embasamentos científicos, práticos vendiam tónicos milagrosos e faziam procedimentos como
extracção de dentes, redução de fracturas, aplicação de unguentos, (Ibid.).
Neste mesmo momento da história, no Oriente Médio e na Ásia, as escolas médicas milenares,
como a chinesa e a árabe, junção dos conhecimentos de diversos povos da região, floresciam e
traziam novas descobertas científicas. Na Pérsia, na escola médica de Ispahan, se desenvolve
uma das mais profícuas vertentes do ensino médico, incorporando conhecimentos de diferentes
escolas e, principalmente, difundindo os princípios hipocráticos e de seus discípulos, como
Galeno. Ibn Sina, responsável pela escola médica de Ispahan, formou centenas de médicos que
disseminaram a medicina árabe inclusive para a Europa, ajudando a mudar o cenário da medicina
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no continente. Entre as acções implementadas podem ser listados registros demográficos,
controle sanitário e a vigilância epidemiológica, (Ibid.).
Ainda na óptica de Braga & Pereira (2015, p.10), a epidemiologia está assentada em três eixos
que foram se desenvolvendo ao longo da história em momentos diferentes: a clínica, a estatística
e a medicina social.
A clínica médica moderna tem seu início no século XVII quando Thomas Sydenham (1642 –
1689), médico inglês seguidor dos princípios hipocráticos, por discordar da teoria do
desequilíbrio humoral como causa de todas as doenças, decide investigá-las, detalhadamente,
descrevendo seus sintomas e o curso natural de cada uma delas. Para isso se sentou ao lado dos
pacientes, ouviu-os, observou-os. Foi precursor do método científico para o estudo das doenças
(baseado na metodologia científica criada por Francis Bacon). Chamado de o “Hipócrates
Inglês”, foi excelente médico, descrevendo sinais e sintomas de várias doenças que receberam
seu nome.
Paralelamente, havia o movimento pelo resgate dos hospitais como lugar de tratamento do
enfermo. Existentes desde muitos séculos antes de Cristo, na Grécia e em todo o Oriente, durante
a Idade Média, os hospitais ficaram sob domínio da igreja e passaram a ser locais onde a prática
da medicina se misturava com práticas mágico-religiosas. O corpo humano era sagrado e, por
definição, não poderia ser violado (aberto). O tratamento era voltado para o espírito. A partir da
renascença, os hospitais começam a sofrer transformações importantes para se tornarem locais de
exercício de uma medicina mais cientificamente embasada, qualquer que fosse este adjectivo,
por volta dos séculos XV e XVI: o saber clínico naturalizado, racional e moderno; a luta contra
os físicos, leigos e religiosos que se prontificavam a “tratar” doentes; prática da investigação
sistemática dos enfermos (hospitais); e incorporação dos conhecimentos advindos da fisiologia
moderna, (Braga & Pereira,2015, p.10)
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Ainda no século XVII, a disponibilidade de registros de dados de saúde co- letados de modo
sistemático e padronizado por décadas desde 1603 (The Bills of Mortality) permitiu que John
Graunt, um comerciante admitido na Socie- dade Real Inglesa, publicasse em 1662 um livro
chamado Observações Naturais e Políticas Feitas sobre A Conta da Mortalidade. Neste livro,
Graunt analisou com visão populacional as características populacionais e de mortalidade pela
praga e por outras doenças ao longo de 50 anos. Este trabalho marca, para muitos, o nascimento
da epidemiologia ao incorporar o conceito de população ao estudo da distribuição das
doenças/mortes.
São atribuídas a Edmund Halley (1656 – 1742) as tábuas de vida que marcam os estudos mais
elaborados sobre mortalidade/sobrevida. Lambert Adolph Quetelet (1796 – 1874) foi o
responsável por criar o índice de massa cor pórea (IMC) e por aplicar a estatística para explicar
fenômenos biológicos e sociais.
A integração entre clínica e estatística se dá de modo mais marcante nos trabalhos de Pierre-
Charles Alexandre Louis (1787 – 1872), ao avaliar a eficácia de tratamento clínico e estudos de
morbidades na Inglaterra, e no de Willian Farr (1807 – 1883), ao fazer o registo anual de
morbidade e de mortalidade na Inglaterra e País de Gales.
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Com a revolução industrial, frente as péssimas condições de moradia nos centros urbanos
inchados e às condições de trabalho inadequadas, há uma nítida e preocupante deterioração da
saúde dos trabalhadores, em especial, e da população geral. É deste momento histórico que surge
o trabalho de Friedrich Engels intitulado As Condições da Classe Trabalhadora na Inglaterra
em 1844. Neste livro estão definidos conceitos fundamentais para a definição da exploração do
proletariado e a construção posterior do socialismo utópico. É da medicina social, portanto,
tomar colectivamente as questões de saúde e enfrentá-las olhando para o conjunto da população
ou dentro de grupos sociais/ocupacionais específicos.
Cinco anos após sua criação, um novo surto de cólera foi registado em Londres acometendo uma
região definida da cidade chamada Soho. Coube a John Snow investigar a epidemia e, sem
conhecer o agente mas analisando o padrão de distribuição espacial da doença, supor que a
doença era de veiculação hídrica, propor o fechamento da bamba de água que servia a
comunidade que apresentava o maior número de casos de cólera e, consequentemente, controlar
a epidemia evitando um maior número de doentes e de mortes associadas e esta doença, (Ibid.).
Desde esta época a medicina evoluiu muito no diagnóstico de doenças e no seu tratamento. A
descoberta do microscópio e de outros equipamentos contribui para isso, bem como os avanços
nas áreas de medicamentos e de vacinas, levando a um decréscimo da contribuição das doenças
infecciosas no total de óbitos, principalmente nos países mais desenvolvidos, (Braga &
Pereira,2015, p.12)
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pela queima de combustíveis fósseis, seguido pela contaminação da água, solo e alimentos por
resíduos industriais e o uso crescente de pesticidas e fertilizantes. No século XX, ocorreram
grandes catástrofes ambientais, como o episódio de 1952 em Londres, onde a alta concentração
de óxidos de enxofre causou milhares de mortes, e o desastre de Minamata no Japão, onde a
contaminação por metilmercúrio levou a graves problemas de saúde (Braga & Pereira,2015,
p.13)
Com o aumento de novos contaminantes ambientais, o risco de doenças, incluindo vários tipos
de câncer, também cresceu. Isso destaca a importância da investigação epidemiológica e
toxicológica, especialmente em áreas contaminadas. Medidas de prevalência, incidência e risco,
bem como a identificação de relações causais entre factores de risco e doenças, são essenciais
para o planeamento de acções de saúde e remediação ambiental, (Braga & Pereira,2015, p.14)
2.6. Classificação
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ii) Quase-experimentais – onde não há alocação aleatória e/ou grupo controlos
(fluoração1 da água em comunidades).
A Figura 1 mostra uma descrição esquemática dos estudos epidemiológicos em função do eixo
do tempo.
i) Individual – todas as informações sobre desfecho e exposição são colectadas para cada
um dos participantes do estudo.
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A fluoração é o processo de adição de flúor a um abastecimento de água potável com o objectivo de prevenir cáries
dentárias na população. Este procedimento tem sido amplamente utilizado em diversos países como uma medida de
saúde pública eficaz, segura e de baixo custo para reduzir a incidência de cáries, especialmente em comunidades
onde o acesso a cuidados odontológicos é limitado.
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III PARTE: EPIDEMIOLOGIA AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE
c) Qualidade do Ar: A poluição do ar, especialmente em áreas urbanas como Maputo, devido à
queima de combustíveis fósseis e ao uso de carvão vegetal para cozinhar, está associada a
problemas respiratórios e cardiovasculares (Chongo,2020, p.89).
Em resposta a esses desafios, Moçambique tem feito esforços para fortalecer a sua capacidade
em epidemiologia ambiental. Programas de vigilância epidemiológica estão sendo
implementados para monitorar e responder a surtos de doenças relacionadas ao meio ambiente
(Silva & Massango,2021, p.107). Além disso, há uma crescente colaboração com organizações
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internacionais e universidades para realizar pesquisas e desenvolver políticas públicas que
integrem a saúde e o meio ambiente (Januário & Chivambo,2020, p.48).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além disso, é necessário um fortalecimento das políticas públicas que integrem saúde e meio
ambiente, assegurando que as intervenções sejam baseadas em evidências científicas robustas. A
colaboração entre governos, organizações internacionais e instituições académicas será essencial
para desenvolver e implementar estratégias eficazes.
Por fim, a conscientização e o envolvimento da comunidade são vitais para o sucesso das
iniciativas de saúde ambiental. A participação activa da população em práticas sustentáveis e em
acções de prevenção contribuirá para a construção de um ambiente mais saudável e seguro para
as futuras gerações. A epidemiologia ambiental, portanto, não é apenas uma ciência aplicada,
mas um pilar essencial na promoção de um desenvolvimento sustentável e na garantia do bem-
estar colectivo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Braga, J. U., & Pereira, M. M. (2015). Epidemiologia: Teoria e Prática. Editora Fiocruz.
Gil, A. C. (2002). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas Editora.
Gil, A. C. (2008). Como Elaborar Projectos de Pesquisa. São Paulo: Atlas Editora.
Januário, C., & Chivambo, A. (2020). Desafios Ambientais e Saúde Pública em Moçambique.
Maputo: Editora Saúde e Ambiente.
Matusse, F., & Lopes, P. (2019). A Qualidade da Água e Seus Impactos na Saúde em
Moçambique. Maputo: Editora Universitária.
Silva, R., & Massango, A. (2021). Mudanças Climáticas e Saúde Pública em Moçambique.
Maputo: Instituto de Pesquisa em Saúde.
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