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Linguagens, Códigos

e suas Tecnologias

COMPETÊNCIA
6

Texto:
contexto e função
Competência de área 6
Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização
cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

H18 - Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de
textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 - Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
Organizador:
H20 - Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.
Mateus Prado
Expediente Edição L6-B

Idealizador e Organizador: Mateus Prado

Diretor de Criação: José Geraldo da Silva Junior

Projeto Gráfico: Daniel Paiva

Designers: Daniel Paiva e Lucas Paiva


Linguagens

Nota:
Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, por se tratarem de questões já utilizadas nas
provas do ENEM, podem ocorrer casos de erros gramaticais ou discussões quanto à exatidão das respostas e conceitos
empregados nas questões.  Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao
Cliente ([email protected]), para que possamos esclarecer ou encaminhar cada caso.
Texto: Contexto e Função
COMPETÊNCIA
6

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade
pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

Nessa competência o ENEM requer que o candidato compreenda que os símbolos que reconhecemos como instrumentos
de comunicação são construções históricas e culturais. É necessário compreender que texto não é só a produção verbal escrita,
que existem vários tipos de símbolos que servem para a comunicação e que são caracterizados como textos. Para servir para a
comunicação todo texto apresenta um contexto, e algumas questões da competência irão convidar o aluno a contextualizar os
textos propostos. Entre os contextos poderão aparecer o social, o cultural e o histórico.
Outro ponto que costuma ser cobrado nas questões é a identificação da função do texto – todo texto tem uma função. As
funções que podem aparecer são a narrativa, a expositiva e a persuasiva.
Algumas questões dessa competência poderão envolver os recursos expressivos da língua e os procedimentos de cons-
trução e recepção de textos. Articulação entre ideias e proposições (relações lógico- semânticas) costumam aparecer e, para
não errar, o aluno deverá prestar bastante atenção na leitura dos fragmentos e do enunciado.

Propondo essa competência, o ENEM quer saber se você é capaz de:

• Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de
diferentes gêneros e tipos.
• Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
• Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 3


Linguagens
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Desenvolvendo e aprimorando habilidades e competências

1.Consulte charges políticas nos jornais diários. Elas são um tipo de texto. Você consegue entender todas? Qual informação,
que não está no texto, foi necessária para a compreensão de cada uma das charges? Imagine se você conseguiria entender
a mensagem que o autor quis passar se você visse a charge há um ano atrás. O que faz com que a charge só tenha sentido
neste momento?
2.Localize em jornais, revistas e em situações do seu dia a dia textos que não são escritos de forma verbal. Identifique que
contexto foi necessário que você soubesse para compreender tais textos.

Recorte vários tipos de textos de jornais e revistas e distribua para grupos diferentes na sala de aula. Proponha que indi-
quem quais textos têm função narrativa, quais têm função persuasiva e quais têm função expositiva.

4 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


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Texto para as questões 3 e 4
ATIVIDADES

Texto para as questões 1 e 2

XAVIER, C. Quadrinho quadrado. Disponível em: http://www.releituras.com.


Acesso em: 5 jul. 2009.

3
Tendo em vista a segunda fala do personagem entrevis-
tado, constata-se que

a) o entrevistado deseja convencer o jornalista a não publicar


um livro.
b) o principal objetivo do entrevistado é explicar o significado
BRASIL. Ministério da Saúde. 2009 (adaptado). da palavra motivação.
c) são utilizados diversos recursos da linguagem literária, tais
1 como a metáfora e a metonímia.
Os principais recursos utilizados para envolvimento e
adesão do leitor à campanha institucional incluem d) o entrevistado deseja informar de modo objetivo o jornalista
sobre as etapas de produção de um livro.
a) o emprego de enumeração de itens e apresentação de títu- e) o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu senti-
los expressivos. mento com relação ao processo de produção de um livro.
b) o uso de orações subordinadas condicionais e temporais.
c) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do
imperativo. 4
d) a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição. Questão anulada do exame
e) o fornecimento de número de telefone gratuito para contato.

Quanto às variantes linguísticas presentes no texto, a norma pa-


2 drão da língua portuguesa é rigorosamente obedecida por meio
O texto tem o objetivo de solucionar um problema social,

a) descrevendo a situação do país em relação à gripe suína. a) do emprego do pronome demonstrativo “esse” em “Por que
b) alertando a população para o risco de morte pela Influenza o senhor publicou esse livro?”.
A. b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho, um
c) informando a população sobre a iminência de uma pande- escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!”.
mia de Influenza A. c) do emprego do pronome possessivo “sua” em “Qual foi sua
d) orientando a população sobre os sintomas da gripe suína e maior motivação?”.
procedimentos para evitar a contaminação. d) do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à fala dis-
e) convocando toda a população para se submeter a exames tanciamento do interlocutor.
de detecção da gripe suína. e) da necessária repetição do conectivo no último quadrinho.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 5


Linguagens
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Diferentemente do texto escrito, que em geral compe- Predomina no texto a função da linguagem
le os leitores a lerem numa onda linear – da esquerda para a
direita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.
encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a b) metalinguística, porque há explicação do significado das ex-
outro, rapidamente e não sequencialmente. Considerando que pressões.
o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir, c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma
podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas de- ação.
cisões como novos caminhos, inserindo informações novas, o d) referencial, já que são apresentadas informações sobre aconte-
leitor-navegador passa a ter um papel mais ativo e uma oportu- cimentos e fatos reais.
nidade diferente da de um leitor de texto impresso. Dificilmente e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e
dois leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e toma- artística da estrutura do texto.
rão as mesmas decisões.

MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. 7


Rio: Lucerna, 2007. Na estruturação do texto, destaca-se

No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o conheci- a) a construção de oposições semânticas.
mento por ele produzido, o texto apresentado deixa claro que o b) a apresentação de ideias de forma objetiva.
hipertexto muda a noção tradicional de autoria, porque c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufe-
mismo.
a) é o leitor que constrói a versão final do texto. d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
b) o autor detém o controle absoluto do que escreve. e) a inversão da ordem sintática das palavras.
c) aclara os limites entre o leitor e o autor.
d) propicia um evento textual-interativo em que apenas o autor
é ativo. 8
e) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe para Se os tubarões fossem homens
o leitor.
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os
peixes pequenos?
Texto para as questões 6 e 7
Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam construir resis-
Canção do vento e da minha vida tentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo de
alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas
O vento varria as folhas, tivessem sempre água fresca e adotariam todas as providências
O vento varria os frutos, sanitárias.
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nas aulas, os
Cada vez mais cheia peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões.
De frutos, de flores, de folhas. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar
os grandes tubarões deitados preguiçosamente por aí. A aula prin-
[...] cipal seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles
seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime é o sa-
O vento varria os sonhos crifício alegre de um peixinho e que todos deveriam acreditar nos
E varria as amizades... tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua
O vento varria as mulheres... felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria
E a minha vida ficava garantido se aprendessem a obediência.
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos
seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e recebe-
O vento varria os meses ria o título de herói.
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo! BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado).
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia Como produção humana, a literatura veicula valores que nem sem-
De tudo. pre estão representados diretamente no texto, mas são transfigu-
rados pela linguagem literária e podem até entrar em contradição
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. com as convenções sociais e revelar o quanto a sociedade perver-

6 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


teu os valores humanos que ela própria criou. É o que ocorre na

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Anotações
narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada. Por meio
da hipótese apresentada, o autor

a) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora ao retratar,


de modo positivo, as relações de opressão existentes na socie-
dade.
b) revela a ação predatória do homem no mar, questionando a utili-
zação dos recursos naturais pelo homem ocidental.
c) defende que a força colonizadora e civilizatória do homem oci-
dental valorizou a organização das sociedades africanas e asiá-
ticas, elevando-as ao modo de organização cultural e social da
sociedade moderna.
d) questiona o modo de organização das sociedades ocidentais ca-
pitalistas, que se desenvolveram fundamentadas nas relações
de opressão em que os mais fortes exploram os mais fracos.
e) evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em que os mais
fortes colaboram com os mais fracos, de modo a guiá-los na re-
alização de tarefas.

9
Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que
se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se
mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.

Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.

Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da


obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser
encontrada a referida figura de retórica é:

a) “Dos dois contemplo


rigor e fixidez.
Passado e sentimento
me contemplam” (p. 91).

b) “De sol e lua


De fogo e vento
Te enlaço” (p. 101).

c) “Areia, vou sorvendo


A água do teu rio” (p. 93).

d) “Ritualiza a matança
de quem só te deu vida.
E me deixa viver
nessa que morre” (p. 62).

e) “O bisturi e o verso.
Dois instrumentos
entre as minhas mãos” (p. 95).

10
Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o
Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no
mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de
expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Bra-

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 7


Linguagens

sil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, queles filmes que falam à perfeição de seu tema (o boxe) para
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voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por então transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos
expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a seres humanos apenas isso mesmo, humanos e tremendamen-
comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora te imperfeitos.
em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu
com a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da in- Revista Veja. 18 fev. , 2009 (adaptado).
serção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira,
da problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da proble- Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto objetivou
mática social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até
do álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos a) construir uma apreciação irônica do filme.
os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do b) evidenciar argumentos contrários ao filme de Scorcese.
século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como ma- c) elaborar uma narrativa com descrição de tipos literários.
nifestação de um país mestiço, será fácil para nós defini-la como d) apresentar ao leitor um painel da obra e se posicionar cri-
expressão de um país polifônico: em que já não é determinante ticamente.
o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada região, desenvolve ori- e) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial e, por
ginalmente a sua unitária e particular tradição cultural. É esse, isso, perde sua qualidade.
para nós, no início do século XXI, o novo estilo brasileiro.

STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. 12


Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado).
A partida
No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história,
foi, aos poucos, construindo uma identidade cultural e literária 1 Acordei pela madrugada. A princípio com
relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente
e à portuguesa em particular. Sua análise pressupõe, de modo dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução,
especial, o papel do patrimônio literário e linguístico, que favo- 4 acendi um fósforo: passava das três. Restava-me,
receu o surgimento daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”. portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria
Diante desse pressuposto, e levando em consideração o texto às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais
e as diferentes etapas de consolidação da cultura brasileira, 7 nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada,
constata-se que deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de
amor.
a) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o 10 Com receio de fazer barulho, dirigi-me à
que o fez assimilar novos gêneros artísticos e culturais, assim cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e,
como usos originais do idioma, conforme ilustra o caso do es- voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos,
critor Machado de Assis. 13 sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó
b) a Europa reconheceu a importância da língua portuguesa no continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela?
mundo, a partir da projeção que poetas brasileiros ganharam Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la,
naqueles países, a partir do século XX. 16 dizer-lhe adeus?
c) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidificação
da cultura nacional, maior reconhecimento do Brasil por ele LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de
mesmo, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos. Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003.
d) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação
culturalmente mestiça, embora a expressão dominante seja No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, des-
aquela produzida no eixo Rio-São Paulo, em especial aquela creve a sua hesitação em separar-se da avó. Esse sentimento
ligada às telenovelas. contraditório fica claramente expresso no trecho:
e) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união
bastante significativa entre as diversas matrizes culturais ad- a) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis
vindas das várias regiões do país, como se pode comprovar novamente dormir” (ℓ. 1-3).
na obra de Paulo Coelho. b) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem
chegaria às cinco” (ℓ. 4-6).
c) “Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama”
(ℓ. 12-13).
11
Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta se- d) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias
mana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a dor maior de disciplina e amor” (ℓ. 7-9).
e a violência verdadeira vêm dos demônios de La Motta – que e) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...”
fizeram dele tanto um astro no ringue como um homem fadado (ℓ. 14-15).
à destruição. Dirigida como um senso vertiginoso do destino de
seu personagem, essa obra-prima de Martin Scorcese é da-

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13 Anotações
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquer-
do e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar,
encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando,
sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou na
pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se


sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu
resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer
de ataque.

TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1964 (adaptado).

No texto, um acontecimento é narrado em linguagem literária.


Esse mesmo fato, se relatado em versão jornalística, com ca-
racterísticas de notícia, seria identificado em:

a) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar no


guarda-chuva...mas não deu. Encostei na parede e fui es-
corregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos ali mesmo. Um
povo que passava falou comigo e tentou me socorrer. E eu,
ali, estatelado, sem conseguir falar nada! Cruzes! Que mal!
b) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos, não re-
sistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição, quase esquina
com a Padre Vieira, no centro da cidade, ontem por volta do
meio-dia. O homem ainda tentou apoiar-se no guarda-chuva
que trazia, mas não conseguiu. Aos populares que tentaram
socorrê-lo não conseguiu dar qualquer informação.
c) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu vinha logo
atrás. O homem, todo aprumado, de guarda-chuva no braço
e cachimbo na boca, dobrou a esquina e foi diminuindo o
passo até se sentar no chão da calçada. Algumas pessoas
que passavam pararam para ajudar, mas ele nem conseguia
falar.
d) Vítima
Idade: entre 40 e 45 anos
Sexo: masculino
Cor: branca
Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da Abolição,
quase esquina com Padre Vieira. Ambulância chamada às
12h34min por homem desconhecido. A caminho.
e) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na calçada
da rua da Abolição, quase esquina com a Padre Vieira. Ele
parece desmaiado. Tem um grupo de pessoas em volta dele.
Mas parece que ninguém aqui pode ajudar. Ele precisa de
uma ambulância rápido. Por favor, venham logo!

14
Texto I

Principiei a leitura de má vontade. E logo emperrei na história


de um menino vadio que, dirigindo-se à escola, se retardava a
conversar com os passarinhos e recebia deles opiniões sisu-
das e bons conselhos. Em seguida vinham outros irracionais,

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 9


Linguagens

igualmente bem-intencionados e bem falantes. Havia a mos- em seu humor lírico haja sempre um toque de funda melancolia,
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cazinha que morava na parede de uma chaminé e voava à toa, e na sua poesia haja sempre um certo toque de morbidez, até
desobedecendo às ordens maternas, e tanto voou que afinal no erotismo. Tradutor de autores como Marcel Proust e William
caiu no fogo. Esses contos me intrigaram com o [livro] Barão Shakespeare, esse nosso Manuel traduziu mesmo foi a nostalgia
de Macaúbas. Infelizmente um doutor, utilizando bichinhos, do paraíso cotidiano mal idealizado por nós, brasileiros, órfãos
impunha-nos a linguagem dos doutores. – Queres tu brincar de um país imaginário, nossa Cocanha perdida, Pasárgada. Des-
comigo? O passarinho, no galho, respondia com preceito e mo- crever seu retrato em palavras é uma tarefa impossível, depois
ral, e a mosca usava adjetivos colhidos no dicionário. A figura que ele mesmo já fez tão bem em versos.
do barão manchava o frontispício do livro, e a gente percebia
que era dele o pedantismo atribuído à mosca e ao passarinho. Revista Língua Portuguesa, nº 40, fev. 2009.
Ridículo um indivíduo hirsuto e grave, doutor e barão, pipilar
conselhos, zumbir admoestações. A coesão do texto é construída principalmente a partir do(a)

RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1986 (adaptado). a) repetição de palavras e expressões que entrelaçam as infor-
mações apresentadas no texto.
Texto II b) substituição de palavras por sinônimos como “lúgubre” e
“morbidez”, “melancolia” e “nostalgia”.
Dado que a literatura, como a vida, ensina na medida em que c) emprego de pronomes pessoais, possessivos e demonstrati-
atua com toda sua gama, é artificial querer que ela funcione vos: “sua”, “seu”, “esse”, “nosso”, “ele”.
como os manuais de virtude e boa conduta. E a sociedade d) emprego de diversas conjunções subordinativas que articu-
não pode senão escolher o que em cada momento lhe pare- lam as orações e períodos que compõem o texto.
ce adaptado aos seus fins, enfrentando ainda assim os mais e) emprego de expressões que indicam sequência, progressivi-
curiosos paradoxos, pois mesmo as obras consideradas indis- dade, como “iminência”, “sempre”, “depois”.
pensáveis para a formação do moço trazem frequentemente o
que as convenções desejariam banir. Aliás, essa espécie de
inevitável contrabando é um dos meios por que o jovem entra 16
em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe.

CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Duas Cidades. São Paulo: Ed. 34, 2002 Sentimental
(adaptado).
1 Ponho-me a escrever teu nome
Os dois textos acima, com enfoques diferentes, abordam um com letras de macarrão.
mesmo problema, que refere, simultaneamente, ao campo li- No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
terário e ao social. Considerando-se a relação entre os dois 4 e debruçados na mesa todos contemplam
textos, verifica-se que eles têm em comum o fato de que esse romântico trabalho.

a) tratam do mesmo tema, embora com opiniões divergentes, Desgraçadamente falta uma letra,
expressas no primeiro texto por meio da ficção e, no segun- 7 uma letra somente
do, por análise sociológica. Para acabar teu nome!
b) foi usada, em ambos, linguagem de caráter moralista em de-
fesa de uma mesma tese: a literatura, muitas vezes, é nociva - Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
à formação do jovem estudante.
c) são utilizadas linguagens diferentes nos dois textos, que 10 Eu estava sonhando...
apresentam um mesmo ponto de vista: a literatura deixa ver E há em todas as consciências este cartaz amarelo:
o que se pretende esconder. “Neste país é proibido sonhar.”
d) a linguagem figurada é predominante em ambos, embora o
primeiro seja uma fábula e o segundo, um texto científico. ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.
e) o tom humorístico caracteriza a linguagem de ambos os tex-
tos, em que se defende o caráter pedagógico da literatura. Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predo-
minância das funções da linguagem no texto de Drummond,
pode-se afirmar que
15 a) por meio dos versos “ Ponho-me a escrever teu nome” (v.1)
Manuel Bandeira e “esse romântico trabalho” (v. 5), o poeta faz referências ao
seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas lirícos.
Filho de engenheiro, Manuel Bandeira foi obrigado a abandonar b) a linguagem essencialmente poética que constitui os versos
os estudos de arquitetura por causa da tuberculose. Mas a imi- “No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na
nência da morte não marcou de forma lúgubre sua obra, embora mesa todos contemplam” (v.3 e 4) confere ao poema uma at-

10 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


mosfera irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados

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Anotações
constitutivos de uma cena realista.
c) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada
na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele dei-
xa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
d) em “Eu estava sonhando...”(v.10), o poeta demonstra que está
mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormen-
te e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocuto-
res do que em expressar algo sobre si mesmo.
e) no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v.12), o poeta aban-
dona a linguagem poética para fazer uso da função referen-
cial, informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” (v.11)
presente no local.

17

Canção amiga

Eu preparo uma canção,


em que minha mãe se reconheça
todas as mães se reconheçam
e que fale como dois olhos.
[...]
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção


que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

ANDRADE, C. D. Novos Poemas Rio de Janeiro: José Olympio, 1948. (fragmento)

A linguagem do fragmento acima foi empregada pelo autor com


o objetivo principal de

a) transmitir informações, fazer referência a acontecimentos ob-


servados no mundo exterior.
b) envolver, persuadir o interlocutor, nesse caso, o leitor, em um
forte apelo à sua sensibilidade.
c) realçar os sentimentos do eu lírico, suas sensações, refle-
xões e opiniões frente ao mundo real.
d) destacar o processo de construção de seu poema, ao falar
sobre o papel da própria linguagem e do poeta.
e) manter eficiente o contato comunicativo entre o emissor da
mensagem, de um lado, e o receptor, de outro.

18

Metáfora
Gilberto Gil

Uma lata existe para conter algo.


Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 11


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Uma meta existe para ser um alvo, 20


Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poeta


Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta não discuta,


Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.

Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009.

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação


subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto
de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa co-
nhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
XAVIER, C. Disponível em: http://www.releituras.com. Acesso em: 03 set. 2010.
a) “Uma lata existe para conter algo”.
b) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”. Considerando a relação entre os usos oral e escrito da língua, trata-
c) “Uma meta existe para ser um alvo”. da no texto, verifica-se que a escrita
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”. a) modifica as ideias e intenções daqueles que tiveram seus textos
registrados por outros.
b) permite, com mais facilidade, a propagação e a permanência de
19 ideias ao longo do tempo.
Em uma famosa discussão entre profissionais das ciências c) figura como um modo comunicativo superior ao da oralidade.
biológicas, em 1959, C.P. Snow lançou uma frase definitiva: “Não d) leva as pessoas a desacreditarem nos fatos narrados por meio
sei como era a vida antes do clorofórmio”. De modo parecido, hoje da oralidade.
podemos dizer que não sabemos como era a vida antes do compu- e) tem seu surgimento concomitante ao da oralidade.
tador. Hoje não é mais possível visualizar um biólogo em atividade
com apenas um microscópio diante de si; todos trabalham com o
auxílio de computadores. Lembramo-nos, obviamente, como era a
vida sem computador pessoal. Mas não sabemos como ela seria se 21
ele não tivesse sido inventado. Prima Julieta

PIZA, D. Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista, nº1, 2007 (adapt.). Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilida-
de em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já
Neste texto, a função da linguagem predominante é sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trin-
ta e dois anos de idade.
a) emotiva, porque o texto é escrito em primeira pessoa do plural.
b) referencial, porque o texto trata das ciências biológicas, em que Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz
elementos como o clorofórmio e o computador impulsionaram o Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo
fazer científico. lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços
c) metalinguística, porque há uma analogia entre dois mundos dis- brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas
tintos: o das ciências biológicas e o da tecnologia. poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A
d) poética, porque o autor do texto tenta convencer seu leitor de que voz rouca e ácida, em dois planos: voz de pessoa da alta so-
o clorofórmio é tão importante para as ciências médicas quanto o ciedade.
computador para as exatas.
e) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, o redator MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
está tentando convencer o leitor de que é impossível trabalhar
sem computador, atualmente.

12 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o modo

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
como se organiza a própria composição textual, tendo-se em
vista o objetivo de seu autor: narrar, descrever, argumentar, ex-
plicar, instruir. No trecho, reconhece-se uma sequência textual

a) explicativa, em que se expõem informações objetivas refe-


rentes à prima Julieta.
b) instrucional, em que se ensina o comportamento feminino,
inspirado em prima Julieta.
c) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer do tem-
po, envolvem prima Julieta.
d) descritiva, em que se constrói a imagem de prima Julieta a
partir do que os sentidos do enunciador captam.
e) argumentativa, em que se defende a opinião do enuncia-
dor sobre prima Julieta, buscando-se a adesão do leitor a
essas ideias.

22
O American Idol islâmico

Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são
programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse pro-
blema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos
Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai
para o melhor poeta. O programa, que é transmitido pela Abu
Dhabi TV e tem 70 milhões de espectadores, é uma competi-
ção entre 48 poetas de 12 países árabes – em que o vencedor
leva um prêmio de US$ 1,3 milhão.

Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB teve


a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os partici-
pantes eram homossexuais). E Millions’ Poet detonou uma
discussão sobre os direitos da mulher no mundo árabe.

GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010


(fragmento).

No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o


termo destacado foi utilizado para estabelecer uma ligação
com outro termo presente no texto, isto é, fazer referência ao

a) vencedor, que é poeta árabe.


b) poeta, que mora na região da Arábia.
c) mundo árabe, local em que há o programa.
d) Brasil, lugar onde há o programa BBB.
e) programa, que há no Brasil e na Arábia.

23
Diego Souza ironiza torcida do Palmeiras

O Palmeiras venceu o Atlético-GO pelo placar de 1 a 0, com um gol


no final da partida. O cenário era para ser de alegria, já que a equi-
pe do Verdão venceu e deu um importante passo para conquistar a
vaga para as semifinais, mas não foi bem isso que aconteceu.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 13


Linguagens

O meia Diego Souza foi substituído no segundo tempo debaixo b) pela escolha temática do cartaz, cujo texto configura uma or-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de vaias dos torcedores palmeirenses e chegou a fazer gestos dem aos usuários e não usuários: diga não às drogas.
obscenos respondendo à torcida. Ao final do jogo, o meia che- c) pela ausência intencional do acento grave, que constrói a
gou a dizer que estava feliz por jogar no Verdão. ideia de que não é a droga que faz a cabeça do jovem.
— Eu não estou pensando em sair do Palmeiras. Estou muito d) pelo uso da ironia, na oposição imposta entre a seriedade do
feliz aqui — disse. tema e a ambiência amena que envolve a cena.
Perguntado sobre as vaias da torcida enquanto era substituído, e) pela criação de um texto de sátira à postura dos jovens, que
Diego Souza ironizou a torcida do Palmeiras. não possuem autonomia para seguir seus caminhos.
— Vaias? Que vaias? — ironiza o camisa 7 do Verdão, antes de
descer para os vestiários.
25
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 29 abr. 2010.

A progressão textual realiza-se por meio de relações semânti-


cas que se estabelecem entre as partes do texto. Tais relações
podem ser claramente apresentadas pelo emprego de elemen-
tos coesivos ou não ser explicitadas, no caso da justaposição.
Considerando-se o texto lido,

a) no primeiro parágrafo, o conectivo já que marca uma relação


de consequência entre os segmentos do texto.
b) no primeiro parágrafo, o conectivo mas explicita uma relação
de adição entre os segmentos do texto.
c) entre o primeiro e o segundo parágrafos, está implícita uma
relação de causalidade. Disponível em: http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 03 set. 2010.
d) no quarto parágrafo, o conectivo enquanto estabelece uma
relação de explicação entre os segmentos do texto.
e) entre o quarto e o quinto parágrafos, está implícita uma rela-
ção de oposição.

24

Disponível em: http://www.dukechargista.com.br. Acesso em: 03 set. 2010.

Todo texto apresenta uma intenção, da qual derivam as escolhas


linguísticas que o compõem. O texto da campanha publicitária e
o da charge apresentam, respectivamente, composição textual
pautada por uma estratégia

a) expositiva, porque informa determinado assunto de modo


isento; e interativa, porque apresenta intercâmbio verbal en-
tre dois personagens.
b) descritiva, pois descreve ações necessárias ao combate à
dengue; e narrativa, pois um dos personagens conta um fato,
um acontecimento.
c) injuntiva, uma vez que, por meio do cartaz, diz como se deve
Disponível em: http://ziraldo.blogtv.uol.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
combater a dengue; e dialogal, porque estabelece uma inte-
ração oral.
O cartaz de Ziraldo faz parte de uma campanha contra o uso de d) narrativa, visto que apresenta relato de ações a serem realiza-
drogas. Essa abordagem, que se diferencia das de outras cam- das; e descritiva, pois um dos personagens descreve a ação
panhas, pode ser identificada realizada.
e) persuasiva, com o propósito de convencer o interlocutor a
a) pela seleção do público alvo da campanha, representado, no combater a dengue; e dialogal, pois há a interação oral entre
cartaz, pelo casal de jovens. os personagens.

14 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
26 Anotações

Assaltantes roubam no ABC 135 mil figurinhas da Copa do


Mundo

Cinco assaltantes roubaram 135 mil figurinhas do álbum da Copa


do Mundo 2010 na noite de quarta-feira (21), em Santo André, no
ABC. Segundo a assessoria da Treelog, empresa que distribui os
cromos, ninguém ficou ferido durante a ação.

O roubo aconteceu por volta das 23h30. Armados, os criminosos


renderam 30 funcionários que estavam no local, durante cerca
de 30 minutos, e levaram 135 caixas, cada uma delas contendo
mil figurinhas. Cada pacote com cinco cromos custa R$ 0,75.

Procurada pelo G1, a Panini, editora responsável pelas figuri-


nhas, afirmou que a falta dos cromos em algumas bancas não
tem relação com o roubo. Segundo a editora, isso se deve à
grande demanda pelas figurinhas.

Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 23 abr. 2010 (adaptado).

A notícia é um gênero jornalístico. No texto, o que caracteriza a


linguagem desse gênero é o uso de

a) expressões linguísticas populares.


b) palavras de origem estrangeira.
c) variantes linguísticas regionais.
d) termos técnicos e científicos.
e) formas da norma padrão da língua.

27
O acesso à educação profissional e tecnológica pode mu-
dar a vida de milhões de jovens em todo o país: há uma nova lei do
estágio. Com a nova lei, o governo federal define o estágio profissio-
nal como ato educativo e determina medidas para que esta ativida-
de contribua para familiarizar o futuro profissional com o mundo do
trabalho. Entre as medidas estabelecidas, estão: a obrigatoriedade
da supervisão por parte do professor da instituição de origem do
estudante com o auxílio de um profissional no local de trabalho, a
definição de jornada máxima de trabalho de quatro a seis horas.

Carta na Escola. Nº 32, dez. 2008/jan. 2009 (adaptado).

Ao listar as mudanças ocorridas na legislação referente ao está-


gio, o autor do texto tem como objetivo

a) familiarizar milhões de jovens estudantes com o seu futuro


profissional.
b) mostrar que as políticas públicas favorecem os trabalhadores
da educação.
c) incentivar a obrigatoriedade da supervisão por parte do pro-
fessor.
d) familiarizar o leitor com as instituições que definem o ensino
profissionalizante.
e) apresentar as novas normas que definem o estágio profissio-
nal para estudantes.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 15


Linguagens

Sabe-se que as funções da linguagem são reconhecidas por


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

28 meio de recursos utilizados segundo a produção do autor, que,


Quando Rubem Braga não tinha assunto, ele abria a jane-
la e encontrava um. Quando não encontrava, dava no mesmo, ele nesse texto, centra seu objetivo
abria a janela, olhava o mundo e comunicava que não havia assun-
to. Fazia isso com tanto engenho e arte que também dava no mes- a) na linguagem utilizada, ao enfatizar a maneira como o texto
mo: a crônica estava feita. Não tenho nem o engenho nem a arte de foi escrito, sua estrutura e organização.
Rubem, mas tenho a varanda aberta sobre a Lagoa — posso não b) em si mesmo, ao enfocar suas emoções e sentimentos dian-
ver melhor, mas vejo mais. [...] Nelson Rodrigues não tinha proble- te das descobertas feitas.
mas. Quando não havia assunto, ele inventava. Uma tarde, estacio- c) no leitor do texto, ao tentar convencê-lo a praticar uma ação,
nei ilegalmente o Sinca-Chambord na calçada do jornal. Ele estava após sua leitura.
com o papel na máquina e provisoriamente sem assunto. Inventou d) no canal de comunicação utilizado, ao querer certificar-se
que eu descia de um reluzente Rolls Royce com uma loura suspeita, do entendimento do leitor.
mas equivalente à suntuosidade do carro. Um guarda nos deteve, e) no conteúdo da mensagem, ao transmitir uma informação
eu tentei subornar a autoridade com dinheiro, o guarda não aceitou ao leitor.
o dinheiro, preferiu a loura. Eu fiquei sem a multa e sem a mulher.
Nelson não ficou sem assunto.
30
CONY, C. H. Folha de S. Paulo. 2 jan. 1998 (adaptado).
Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja
velha, é um ser muito compreensivo, que dança conforme a
O autor lançou mão de recursos linguísticos que o auxiliaram na música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola
retomada de informações dadas sem repetir textualmente uma e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose
referência. Esses recursos pertencem ao uso da língua e ganham adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.
sentido nas práticas de linguagem. É o que acontece com os usos Em compensação, num racha de menino, ninguém é mais sa-
do pronome “ele” destacados no texto. Com essa estratégia, o autor peca: ela corre para cá, corre para lá, quiçá no meio-fio, para
conseguiu de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer
entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada.
a) confundir o leitor, que fica sem saber quando o texto se refere a Parece um bichinho.
um ou a outro cronista.
NOGUEIRA, A. Peladas. Os melhores da crônica brasileira.
b) comparar Rubem Braga com Nelson Rodrigues, dando preferên-
Rio de Janeiro: José Olympio, 1977 (fragmento).
cia ao primeiro.
c) referir-se a Rubem Braga e a Nelson Rodrigues usando igual re-
curso de articulação textual. O texto expressa a visão do cronista sobre a bola de futebol. En-
d) sugerir que os dois autores escrevem crônicas sobre assuntos tre as estratégias escolhidas para dar colorido a sua expressão,
semelhantes. identifica-se, predominantemente, uma função da linguagem
e) produzir um texto obscuro, cujas ambiguidades impedem a com- caracterizada pela intenção do autor em
preensão do leitor.
a) manifestar o seu sentimento em relação ao objeto bola.
b) buscar influenciar o comportamento dos adeptos do futebol.
c) descrever objetivamente uma determinada realidade.
29 d) explicar o significado da bola e as regras para seu uso.
Uma luz na evolução e) ativar e manter o contato dialógico com o leitor.

Dois fósseis descobertos na África do Sul, dotados de


inusitada combinação de características arcaicas e 31
modernas, podem ser ancestrais diretos do homem Na sociedade moderna, a maioria das relações huma-
nas é medida e mediada pelo dinheiro. O dinheiro que você tem
Os últimos quinze dias foram excepcionais para o estudo das define onde você mora, o que come, como se veste e se desloca,
origens do homem. No fim de março, uma falange fossilizada sua educação e sua saúde. Por isso, ricos e pobres, materialis-
encontrada na Sibéria revelou uma espécie inteiramente nova tas e desprendidos, avarentos e perdulários, portadores ou não
de hominídeo que existia há 50 000 anos. Na semana passada, de cartões de crédito, todos têm de saber lidar com o dinheiro,
cientistas da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, pois ele permeia todos os aspectos da vida.
anunciaram uma descoberta similar. São duas as ossadas bas-
Vida simples. Ed. 74, dez. 2008 (adaptado).
tante completas — a de um menino de 12 anos e a de uma mu-
lher de 30 — encontradas na caverna Malapa, a 40 quilômetros
de Johannesburgo. Devido à abundância de fósseis, a região é O texto trata de um tema relevante para o cotidiano de todas as
conhecida como Berço da Humanidade. pessoas: a relação pessoal com o dinheiro. A enumeração apre-
sentada no último período demonstra a
Veja. Abr. 2010 (adaptado).

16 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


a) preocupação com as classes menos favorecidas.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
b) importância do desprendimento em relação ao dinheiro.
c) igualdade diante da relação pessoal com o dinheiro.
d) relevância dos cartões de crédito para as pessoas atualmente.
e) inquietação em relação ao materialismo.

32
Diz-se, em termos gerais, que é preciso “falar a mes-
ma língua”: o português, por exemplo, que é a língua que uti-
lizamos. Mas trata-se de uma língua portuguesa ou de várias
línguas portuguesas? O português da Bahia é o mesmo portu-
guês do Rio Grande do Sul? Não está cada um deles sujeito a
influências diferentes — linguísticas, climáticas, ambientais?
O português do médico é igual ao do seu cliente? O ambiente
social e o cultural não determinam a língua? Estas questões
levam à constatação de que existem níveis de linguagem. O
vocabulário, a sintaxe e mesmo a pronúncia variam segundo
esses níveis.

VANOYE, F. Usos da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1981 (fragmento).

Na fala e na escrita, são observadas variações de uso, moti-


vadas pela classe social do indivíduo, por sua região, por seu
grau de escolaridade, pelo gênero, pela intencionalidade do
ato comunicativo, ou seja, pelas situações linguísticas e so-
ciais em que a linguagem é empregada. A variedade linguística
adequada à situação específica de uso social está expressa

a) na fala de um professor ao iniciar a aula no ensino superior:


“Fala galerinha do mal! Hoje vamos estudar um negócio mui-
to importante”.
b) na leitura de um discurso de uma autoridade pública na
inauguração de um estabelecimento educacional: “Senho-
res cidadões do Brasil, com alegria, inauguramos mais uma
escola para a melhor educação de nosso país”.
c) no memorando da diretora da escola ao responsável por um
aluno: “Responsável pelo aluno Henrique, dê uma chegadi-
nha na diretoria da escola para saber o que o seu filhinho
anda fazendo de besteira”.
d) na fala de uma criança, na tentativa de convencer a mãe a
entregar-lhe a mesada: “Mãe, assim não dá para ser feliz!
Dá pra liberar minha mesada? Prometo que só vou tirar no-
tão nas próximas provas”.
e) na fala de uma mãe em resposta ao filho que solicitou a me-
sada: “Caro descendente, por obséquio, antecipe a presta-
ção de suas contas, a fim de fazer jus ao solicitado”.

33
Árvore da Língua

Ao longo dos três andares, uma instalação de 16 metros de altu-


ra mostra palavras com mais de 6 mil anos, projetadas em folhas
da Árvore da Língua. Ela faz os significados dançarem para fa-
lar da evolução do indo-europeu ao latim e, dele, ao português.
Criada pelo designer Rafic Farah, a escultura é pontuada por um

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 17


Linguagens

mantra de Arnaldo Antunes, com os termos “língua” e “palavra” profundidade simultaneamente, já que não tem sequência defi-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cantados em vários idiomas. nida, mas liga textos não necessariamente correlacionados.

SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. Ano II, nº 6. São Paulo: Segmento, 2006. MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br. Acesso em: 29 jun. 2011.

O texto apresentado pertence ao domínio jornalístico. Sua finali- O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e o hi-
dade e sua composição estrutural caracterizam-no como pertexto pode ser considerado como um novo espaço de escrita
e leitura. Definido como um conjunto de blocos autônomos de
a) quadro informativo, pois apresenta dados sobre um objeto. texto, apresentado em meio eletrônico computadorizado e no
b) notícia, já que leva informação atual a um público específico. qual há remissões associando entre si diversos elementos, o
c) reportagem, porque enfoca um assunto de forma abrangente. hipertexto
d) legenda, porque descreve elementos e retoma uma informação.
e) entrevista, pois apresenta uma opinião sobre o local inaugurado. a) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos totalmente
abertos, desfavorece o leitor, ao confundir os conceitos cris-
talizados tradicionalmente.
34 b) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao desviar
o foco da leitura, pode ter como consequência o menosprezo
pela escrita tradicional.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CPI) c) exige do leitor um maior grau de conhecimentos prévios, por
Biblioteca Goiandira Ayres de Couto isso deve ser evitado pelos estudantes nas suas pesquisas
escolares.
d) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação especí-
Departamento Estadual de Trânsito de Goiás. fica, segura e verdadeira, em qualquer site de busca ou blog
Manual de primeiros socorros no trânsito / DETRAN-GO; oferecidos na internet.
(org.) Clives Pereira Sanches. Goiânia: DETRAN-GO, 2005 e) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura,
25 p. ; il. sem seguir sequência predeterminada, constituindo-se em
1. Primeiros Socorros. 2. Trânsito. 3. Acidentes. 4. atividade mais coletiva e colaborativa.
Emergências. I. Sanches, Clives Pereira. II. Título.

CDU: 351.88:656.11(81)
36
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamen-
Disponível em: http://www.scg.goias.gov.br. Acesso em: 28 jul. 2010. te importante para diminuir o risco de infarto, mas também
de problemas como morte súbita e derrame. Significa que
O exemplo de gênero textual citado é largamente utilizado em manter uma alimentação saudável e praticar atividade física
bibliotecas. Suas características o definem como pertencente regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver
ao gênero vários problemas. Além disso, é importante para o controle
da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no
a) aviso, por instruir o leitor a identificar o autor. sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a ca-
b) ficha, que é utilizada para identificar uma obra. pacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances
c) formulário, que contém informações sobre o autor. de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento
d) lista, por relacionar os assuntos da obra. médico e moderação, é altamente recomendável.
e) manual, que define os passos da busca.
ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.

35 As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo


O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não se- relações que atuam na construção do sentido. A esse respei-
quencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor o acesso to, identifica-se, no fragmento, que
a um número praticamente ilimitado de outros textos a partir de
escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o leitor tem a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de
condições de definir interativamente o fluxo de sua leitura a par- ideias.
tir de assuntos tratados no texto sem se prender a uma sequên- b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia
cia fixa ou a tópicos estabelecidos por um autor. Trata-se de uma de contraste.
forma de estruturação textual que faz do leitor simultaneamente c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, intro-
coautor do texto final. O hipertexto se caracteriza, pois, como duz uma generalização.
um processo de escritura/leitura eletrônica multilinearizado, d) o termo “ Também” exprime uma justificativa.
multisequencial e indeterminado, realizado em um novo espaço e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de coleste-
de escrita. Assim, ao permitir vários níveis de tratamento de um rol e de glicose no sangue”.
tema, o hipertexto oferece a possibilidade de múltiplos graus de

18 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
37 Anotações

No capricho

O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo dele-


gado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora. Ao
entrar a autoridade e percebendo que o cabôco admirava tal
figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?”

E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá ao ca-


bôco da roça: “Mas pelo amor de Deus, hein, dotô! Que muié
feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do deus-me-livre,
mais horríver que briga de cego no escuro.”

Ao que o delegado não teve como deixar de confessar, um


pouco secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em cima da
bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é uma feiura
caprichada.”

BOLDRIN, R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo: Andreato Comunica-


ção e Cultura, nº 62, 2004 (adaptado).

Por suas características formais, por sua função e uso, o tex-


to pertence ao gênero

a) anedota, pelo enredo e humor característicos.


b) crônica, pela abordagem literária de fatos do cotidiano.
c) depoimento, pela apresentação de experiências pessoais.
d) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
e) reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.

38
Entre ideia e tecnologia

O grande conceito por trás do Museu da Língua é apresentar


o idioma como algo vivo e fundamental para o entendimento
do que é ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a
forma como falamos o português nas mais diversas situações
cotidianas é talvez a melhor expressão da brasilidade.

SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, Ano II, nº 6, 2006.

O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa,


ressaltando para o leitor a

a) inauguração do museu e o grande investimento em cultura


no país.
b) importância da língua para a construção da identidade na-
cional.
c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através da
língua.
d) relação entre o idioma e as políticas públicas na área de
cultura.
e) diversidade étnica e linguística existente no território na-
cional.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 19


Linguagens

A poesia de Gilka Machado identifica-se com as concepções


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

39 artísticas simbolistas. Entretanto, o texto selecionado incor-


Pequeno concerto que virou canção pora referências temáticas e formais modernistas, já que,
nele, a poeta
Não, não há por que mentir ou esconder
A dor que foi maior do que é capaz meu coração a) procura desconstruir a visão metafórica do amor e aban-
Não, nem há por que seguir cantando só para explicar dona o cuidado formal.
Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar b) concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona
Ah, eu vou voltar pra mim o poder da palavra.
Seguir sozinho assim c) questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a
Até me consumir ou consumir toda essa dor construção do verso livre.
Até sentir de novo o coração capaz de amor d) propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa e
propõe a simplificação verbal.
VANDRÉ, G. Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 29 jun. 2011. e) explora a construção da essência feminina, a partir da po-
lissemia de “língua”, e inova o léxico.
Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da
função poética da linguagem, que é percebida na elaboração
artística e criativa da mensagem, por meio de combinações 41
sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, perce-
be-se, também, a presença marcante da função emotiva ou
expressiva, por meio da qual o emissor

a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus


sentimentos.
b) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata
a canção.
LAERTE. Disponível em: http:://blog.educacional.com.br.Acesso em: 8 set.2011.
c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo
comportamento.
Que estratégia argumentativa leva o personagem do terceiro
d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para cons-
quadrinho a persuadir sua interlocutora?
truir a canção.
e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem
a) Prova concreta, ao expor o produto ao consumidor.
veiculada.
b) Consenso, ao sugerir que todo vendedor tem técnica.
c) Raciocínio lógico, ao relacionar uma fruta com um produto
eletrônico.
40 d) Comparação, ao enfatizar que os produtos apresentados
Lépida e leve anteriormente são inferiores.
e) Indução, ao elaborar o discurso de acordo com os anseios
Língua do meu Amor velosa e doce, do consumidor.
que me convences de que sou frase,
que me contornas, que me vestes quase,
como se o corpo meu de ti vindo me fosse. 42
Língua que me cativas, que me enleias
E-mail com hora programada
os surtos de ave estranha,
em linhas longas de invisíveis teias,
Redação INFO, 28 de agosto de 2007.
de que és, há tanto, habilidosa aranha...
[...]
Agende o envio de e-mails no Thunderbird com a extensão
Amo-te as sugestões gloriosas e funestas,
SendLater
amo-te como todas as mulheres
te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor,
Nem sempre é interessante mandar um e-mail na hora. Há
pela carne de som que à ideia emprestas
situações em que agendar o envio de uma mensagem é útil,
e pelas frases mudas que proferes
como em datas comemorativas ou quando o e-mail serve para
nos silêncios de Amor!...
lembrar o destinatário de algum evento futuro. O Thunderbird, o
ótimo cliente de e-mail do grupo Mozilla, conta com uma exten-
MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do
são para esse fim. Trata-se do SendLater. Depois de instalado,
século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento).
ele cria um item no menu de criação de mensagens que permi-
te marcar o dia e a hora exatos para o envio do e-mail. Só há
um ponto negativo: para garantir que a mensagem seja envia-

20 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


da na hora, o Thunderbird deverá estar em execução. Senão,

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
ele mandará o e-mail somente na próxima vez que for rodado.

Disponível em: http://info.abril.com.br. Acesso em: 18 fev. 2012 (adaptado).

Considerando-se a função do SendLater, o objetivo do autor


do texto E-mail com hora programada é

a) eliminar os entraves no envio de mensagens via e-mail.


b) viabilizar a aquisição de conhecimento especializado pelo
usuário.
c) permitir a seleção dos destinatários dos textos enviados.
d) controlar a quantidade de informações constantes do cor-
po do texto.
e) divulgar um produto ampliador da funcionalidade de um
recurso comunicativo.

43
TEXTO I

A característica da oralidade radiofônica, então, seria aque-


la que propõe o diálogo com o ouvinte: a simplicidade, no
sentido da escolha lexical; a concisão e coerência, que se
traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial e com
organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve
ser mais natural (do diálogo). É esta organização que vai ‘’re-
ger’’ a veiculação da mensagem, seja ela interpretada ou de
improviso, com objetivo de dar melodia à transmissão oral,
dar emoção, personalidade ao relato de fato.

VELHO, A. P. M. A linguagem do rádio multimídia. Disponível em: www.bocc.ubi.


pt. Acesso em: 27 fev. 2012.

TEXTO II

A dois passos do paraíso

A Rádio Atividade leva até vocês


Mais um programa da séria série
‘’Dedique uma canção a quem você ama’’
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Uma carta d’uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
‘’Mariposa Apaixonada de Guadalupe’’
Ela nos conta que no dia que seria
o dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido da pequena e
Pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Oh! Arlindo Orlando volte
Onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos e para-choque duro...

BLITZ. Disponível em http://letras.terra.com.br. Acesso em 28 fev. 2012 (fragmento).

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 21


Linguagens

Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio, o Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Texto II apresenta, em uma letra de canção, várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de
uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a fun-
a) estilo simples e marcado pela interlocução com o receptor, ção da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
típico da comunidade radiofônica.
b) lirismo na abordagem do problema, o que o afasta de uma a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
possível situação real de comunicação radiofônica. b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo
c) marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato de o dito.
texto pertencer a uma modalidade de comunicação dife- c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da men-
rente da radiofônica. sagem.
d) direcionamento do texto a um ouvinte específico, divergin- d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento
do da finalidade de comunicação do rádio, que é atingir as dos demais.
massas. e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da
e) objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrência comunicação.
rara de adjetivos, de modo a diminuir as marcas de subje-
tividade do locutor.
46
Logia e Mitologia
44
Meu coração
Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará. de mil e novecentos e setenta e dois
Ele está comprometido de monge. já não palpita fagueiro
De tarde deambula no azedal entre torsos de sabe que há morcegos de pesadas olheiras
cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros, que há cabras malignas que há
de rato ao pobre, vísceras de piranhas, baratas cardumes de hienas infiltradas
albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos, no vão da unha na alma
linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em um porco belicoso de radar
gotas de orvalho etc. etc. e que sangra e ri
Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento e que sangra e ri
Foi encontrado em osso. a vida anoitece provisória
Ele tinha uma voz de oratórios perdidos. centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002.
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema,
o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque O título do poema explora a expressividade de termos que re-
presentam o conflito do momento histórico vivido pelo poeta na
a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que
perdidos.
b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação a) o poeta utiliza uma serie de metáforas zoológicas com sig-
divina. nificado impreciso.
c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas b) ‘’morcegos’’, ‘’cabras’’ e ‘’hienas’’ metaforizam as vítimas do
e a tradição. regime militar vigente.
d) necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza. c) o ‘’porco’’, animal difícil de domesticar, representa os movi-
e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas. mentos de resistência.
d) o poeta caracteriza o momento de opressão através de ale-
gorias de forte poder de impacto.
45 e) ‘’centuriões’’ e ‘’sentinelas’’ simbolizam os agentes que ga-
Desabafo rantem a paz social experimentada.

Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha diverti-


da hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é
47
uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa Lugar de mulher também é na oficina. Pelo menos nas
da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem res- oficinas dos cursos da área automotiva fornecidos pela Prefei-
pondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para tura, a presença feminina tem aumentado ano a ano. De cinco
pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado. mulheres matriculadas em 2005, a quantidade saltou para 79
alunas inscritas neste ano nos cursos de mecânica automoti-
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento). va, eletricidade veicular, injeção eletrônica, repintura e funila-

22 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


ria. A presença feminina nos cursos automotivos da Prefeitura

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
– que são gratuitos – cresceu 1 480% nos últimos sete anos e
tem aumentado ano a ano.

Disponível em: www.correiodeuberlandia.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).

Na produção de um texto, são feitas escolhas referentes a sua


estrutura, que possibilitam inferir o objetivo do autor. Nesse
sentido, no trecho apresentado, o enunciado ‘’Lugar de mulher
também é na oficina’’ corrobora o objetivo textual de

a) demonstrar que a situação das mulheres mudou na socieda-


de contemporânea.
b) defender a participação da mulher na sociedade atual.
c) comparar esse enunciado com outro: ‘’lugar de mulher é na
cozinha’’.
d) criticar a presença de mulheres nas oficinas dos cursos da
área automotiva.
e) distorcer o sentido da frase ‘’lugar de mulher é na cozinha’’.

48
Aquele bêbado

– Juro nunca mais beber – e fez o sinal da cruz com os indica-


dores. Acrescentou: – Álcool.

O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas


de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de
Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclina-
da, de Celso Antônio.

– Curou-se 100% do vício – comentavam os amigos.

Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Mor-


reu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr
do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas
de ex-alcoólatras anônimos.

ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1981.

A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo,


adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrati-
va, ocorre uma

a) metaforização do sentido literal do verbo ‘’beber’’.


b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão ‘’inúmeras coroas’’.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

49
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a


não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não
tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque
não olha para fora, logo se acostuma a não abrir todas as corti-

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 23


Linguagens

nas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acen- a) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

der mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequên-
sol, esquece o ar, esquece a amplidão. cia.
b) temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de
COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em
questão.
A progressão é garantida nos textos por determinados recur- c) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes
sos linguísticos, e pela conexão entre esses recursos e as de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstân-
ideias que eles expressam. Na crônica, a continuidade textual cias apresentadas na outra.
é construída, predominantemente, por meio d) adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um
texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa
a) do emprego de vocabulário rebuscado, possibilitando a ele- distinta e oposta à outra.
gância do raciocínio. e) finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um
b) da repetição de estruturas, garantindo o paralelismo sintá- texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma
tico e de ideias. ação e a outra, o desfecho da mesma.
c) da apresentação de argumentos lógicos, constituindo blo-
cos textuais independentes.
d) da ordenação de orações justapostas, dispondo as informa- 51
ções de modo paralelo.
e) da estruturação de frases ambíguas, construindo efeitos de
sentido opostos.

50
Labaredas nas trevas
Fragmentos do diário secreto de
Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski LAERTE. Disponível em: http://claudiagiron.blog.terra.com.br. Acesso em: 8 set. 2011.

20 DE JULHO [1912] Na tira, o recurso utilizado para produzir humor é a

Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. a) transformação da inércia em movimento por meio do balanço.
Envio-lhe uma carta: ‘’Acredite-me, prezado senhor, nenhum b) universalização do enunciador por meio do uso da primeira
jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, pessoa do plural.
ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da c) polissemia da palavra balanço, ou seja, seus múltiplos sentidos.
sugestão. [...] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba d) pressuposição de que o ócio é melhor que o trabalho.
quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os e) metaforização da vida como caminho a ser seguido conti-
jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não nuamente.
existe.’’

20 DE DEZEMBRO [1919]
52
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reco- pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao ver-
nhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se bo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se,
passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos. Esses pronomes podem assumir
o esqueço. E parece que outros também não. The London Mer- três posições na oração em relação ao verbo. Próclise, quando
cury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de o pronome é colocado antes do verbo, devido a partículas atra-
um livro que, segundo eles, foi ‘’um fenômeno hoje esquecido’’ tivas, como o pronome relativo. Ênclise, quando o pronome é
e me pediram um artigo. colocado depois do verbo, o que acontece quando este estiver
no imperativo afirmativo ou no infinitivo impessoal regido da
FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: preposição “a” ou quando o verbo estiver no gerúndio. Me-
Companhia das Letras, 1992 (fragmento). sóclise, usada quando o verbo estiver flexionado no futuro do
presente ou no futuro do pretérito.
Na construção de textos literários, os autores recorrem com
frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enun- A mesóclise é um tipo de colocação pronominal raro no uso
ciado metafórico ‘’Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de coloquial da língua portuguesa. No entanto, ainda é encontra-
jornal’’, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do da em contextos mais formais, como se observa em:
texto em questão, uma relação semântica de

24 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


a) Não lhe negou que era um improviso.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
b) Faz muito tempo que lhe falei essas coisas.
c) Nunca um homem se achou em mais apertado lance.
d) Referia-se à D. Evarista ou tê-la-ia encontrado em algum
outro autor?
e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar ao
serviço imediatamente.

53

Cientistas solucionam origem de partículas de água


em Saturno

O telescópio espacial Herschel resolveu um


problema que ficou sem solução durante 14 anos.
A origem dos vapores de água na atmosfera
superior de Saturno encontra-se nas partículas que
5 saem de uma de suas luas, a Enceladus, e chegam
até o planeta.
A descoberta faz com que a Enceladus torne-se
conhecida, a partir de agora, como a única lua do
Sistema Solar capaz de influenciar a composição
10 química do planeta que orbita.
O volume despejado a cada segundo
não é pouco. A Enceladus chega a expelir
aproximadamente 250 kg de vapores de água
que se formam na região polar sul. Desse total,
15 uma parte é perdida no espaço e entre 3% a 5%
deslocam-se até Saturno.
O fenômeno, de certo modo, pôde ser
compreendido graças ao avanço da tecnologia.
Os astrônomos não conseguiram detectá-lo até o
20 momento por causa da transparência dos vapores.
Coube às ondas infravermelhas do Herschel esse
encargo e achado.
A primeira vez que um telescópio da ESA
(Agência Espacial Europeia) detectou água na
25 atmosfera superior de Saturno foi em 1997.

Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 26 jul. 2011.

Um texto é construído pela articulação dos vários elementos


que o compõem. Tal articulação pode se dar por meio de pa-
lavras ou de expressões que remetem a outras ou, ainda, a
segmentos maiores já apresentados ou a serem ainda apre-
sentados no decorrer do texto.

A análise do modo como esse texto foi construído revela que


a expressão

a) “um problema” (ℓ. 1) remete o leitor para “A origem dos va-


pores de água na atmosfera superior de Saturno” (ℓ. 3), seg-
mento que se encontra na frase seguinte.
b) “A descoberta” (ℓ. 7) retoma “um problema que ficou sem
solução durante 14 anos.” (ℓ. 1), segmento que aparece na
primeira frase do texto.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 25


Linguagens

c) “O volume despejado” (ℓ. 11) retoma “a composição química poema de Mário de Andrade, a correlação entre um recurso
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do planeta que orbita.” (ℓ. 9), segmento apresentado na frase formal e um aspecto da significação do texto é
imediatamente anterior.
d) “O fenômeno” (ℓ. 17) remete o leitor para “transparência dos a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à suces-
vapores” (ℓ. 20), segmento que é apresentado na frase se- são de cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da
guinte. viagem.
e) “esse encargo e achado” (ℓ. 21) retoma “avanço da tecnolo- b) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema,
gia” (ℓ. 18), segmento presente na porção anterior do texto. que acentua o ritmo acelerado da modernidade.
c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica,
que reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e
54 retomadas de movimento.
d) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que re-
presenta a tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem.
Agora eu era herói e) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos
E o meu cavalo só falava inglês. modernistas, que aproxima a linguagem do poema da lingua-
A noiva do cowboy gem cotidiana.
Era você, além das outras três.
Eu enfrentava os batalhões,
Os alemães e seus canhões.
56
Guardava o meu bodoque Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando
E ensaiava o rock para as matinês. o sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O
principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento
CHICO BUARQUE. João e Maria, 1977 (fragmento). materno. Além do sentimento muito forte manifestado pelas
gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da
Nos terceiro e oitavo versos da letra da canção, constata-se família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem
que o emprego das palavras cowboy e rock expressa a influ- falar nas companheiras na maternidade que estão amamen-
ência de outra realidade cultural na língua portuguesa. Essas tando. Esses conflitos constituem nosso maior desafio. Assim,
palavras constituem evidências de criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É substituir o
seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito!
a) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de ha-
bitantes de uma determinada região. PADOIN, S. M. M. et al. (Org.) Experiências interdisciplinares em Aids:
b) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de interfaces de uma epidemia. Santa Maria: UFSM, 2006 (adaptado).
uma palavra oriunda de outra língua.
c) jargão profissional, ao evocar a linguagem de uma área es- O texto é o relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e
pecífica do conhecimento humano. mães soropositivas. Nesse relato, em meio ao drama de mães
d) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos que não devem amamentar seus recém-nascidos, observa-se
da história da língua. um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra
e) estrangeirismo, que significa a inserção de termos de outras “mamadeirar”, que consiste
comunidades linguísticas no português.
a) na manifestação do preconceito linguístico.
b) na recorrência a um neologismo.
55 c) no registro coloquial da linguagem.
d) na expressividade da ambiguidade lexical.
e) na contribuição da justaposição na formação de palavras.
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, estou sem.
57
Depois sobe um homem,
No banco sentou, Câncer 21/06 a 21/07
Companheiro vou.
O bonde está cheio, O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua auto-
De novo porém estima e no seu modo de agir. O corpo indicará onde você falha
Não sou mais ninguém. — se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que
ficou guardado virá à tona para ser transformado, pois este novo
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações,
já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação
Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se:
linguísticos participem do significado do texto, isto é, forma e palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também
conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao na vida amorosa, que será testada. Melhor conter as expectativas

26 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


e ter calma, avaliando as próprias carências de modo maduro.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
Sentirá vontade de olhar além das questões materiais — sua con-
fiança virá da intimidade com os assuntos da alma.

Revista Cláudia. N° 7, ano 48, jul. 2009.

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto


de uso, sua função social específica, seu objetivo comunicativo
e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos
construídos socioculturalmente. A análise dos elementos cons-
titutivos desse texto demonstra que sua função é

a) vender um produto anunciado.


b) informar sobre astronomia.
c) ensinar os cuidados com a saúde.
d) expor a opinião de leitores em um jornal.
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

58
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se de-
senvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores cha-
madas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto
e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que
regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua
reprodução, crescimento e migrações.

DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Predomina no texto a função da linguagem

a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em rela-


ção à ecologia.
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de co-
municação.
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos
de linguagem.
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos
do leitor.
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações
conceituais.

59 S.O.S Português

Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente


da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com
base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita
são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código.
Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que
a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras
gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra
abordagem permite encarar as diferenças como um produto
distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A
questão é que nem sempre nos damos conta disso.

S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, abr. 2010 (fragmento
adaptado).

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 27


Linguagens

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre amadurecimento”.


as características próprias desse tipo de texto, identificam-se MEDEIROS, M. Doidas e santas. Porto Alegre, 2008 (adaptado).
marcas linguísticas próprias do uso
Quanto às influências que a internet pode exercer sobre os usuá-
a) regional, pela presença de léxico de determinada região do rios, a autora expressa uma reação irônica no trecho:
Brasil.
b) literário, pela conformidade com as normas da gramática. a) “Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada tinham a ver”.
c) técnico, por meio de expressões próprias de textos cientí- b) “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos”.
ficos. c) “Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da
d) coloquial, por meio do registro de informalidade. internet”.
e) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade. d) “Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte”.
e) “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranor-
mal com o pai da psicanálise”.
60

62
Transtorno do comer compulsivo

O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos


Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista Época.N° 424, 03 jul. 2006. últimos anos, como uma síndrome caracterizada por episódios de
ingestão exagerada e compulsiva de alimentos, porém, diferente-
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas mente da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ga-
de linguagem, assumindo configurações específicas, formais e de nho de peso com os métodos compensatórios. Os episódios vêm
conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto publici- acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato
tário, seu objetivo básico é de comer, sentimentos de culpa e de vergonha.

a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando
visam à adesão ao consumo. uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar
b) definir regras de comportamento social pautadas no combate com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo
ao consumismo exagerado. é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais fre-
c) defender a importância do conhecimento de informática pela quentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade.
população de baixo poder aquisitivo. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tra-
d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes tamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de
sociais economicamente desfavorecidas. transtorno do comer compulsivo.
e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máqui-
na, mesmo a mais moderna. Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).

Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o


61 texto tem a finalidade de
Testes a) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compul-
são alimentícia.
Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da in- b) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer com-
ternet. O nome do teste era tentador: “O que Freud diria de pulsivo.
você”. Uau. Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o c) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos
seguinte: “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até simples.
os doze anos, depois disso você buscou conhecimento inte- d) expor de forma geral o transtorno compulsivo por alimentação.
lectual para seu amadurecimento”. Perfeito! Foi exatamente o e) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.
que aconteceu comigo. Fiquei radiante: eu havia realizado uma
consulta paranormal com o pai da psicanálise, e ele acertou
na mosca. Estava com tempo sobrando, e curiosidade é algo
63
que não me falta, então resolvi voltar ao teste e responder tudo Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e
diferente do que havia respondido antes. Marquei umas alter- sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, mal-
nativas esdrúxulas, que nada tinham a ver com minha perso- criados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era
nalidade. E fui conferir o resultado, que dizia o seguinte: “Os enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor
acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos, era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando.

28 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa,
olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as
sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas.

LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no frag-


mento apresentado. Observando aspectos da organização,
estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam
o texto, o conectivo mas

a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que


aparece no texto.
b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se
usado no início da frase.
c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura
da frase.
d) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a
conclusão do leitor.
e) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.

64
Texto I

O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que não


fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros fumados
ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os efeitos do fumo
passivo, mas uma coisa é certa: quem não fuma não é obrigado
a respirar a fumaça dos outros.

O fumo passivo é um problema de saúde pública em todos os


países do mundo. Na Europa, estima-se que 79% das pessoas
estão expostas à fumaça “de segunda mão”, enquanto, nos
Estados Unidos, 88% dos não fumantes acabam fumando pas-
sivamente. A Sociedade do Câncer da Nova Zelândia informa
que o fumo passivo é a terceira entre as principais causas de
morte no país, depois do fumo ativo e do uso de álcool.

Disponível em: www.terra.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (fragmento).

Texto I

Disponível em: http://rickjaimecomics.blogspot.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 29


Linguagens

Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II procuram d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

demonstrar que de sua exclusão.


e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados
a) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa, diaria- é direta.
mente, excede o máximo de nicotina recomendado para os
indivíduos, inclusive para os não fumantes.
b) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao fumar, será ne- 66
cessário aumentar as estatísticas de fumo passivo. O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o
c) a conscientização dos fumantes passivos é uma maneira de Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio cam-
manter a privacidade de cada indivíduo e garantir a saúde po e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os
de todos. zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o
d) os não fumantes precisam ser respeitados e poupados, pois time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à
estes também estão sujeitos às doenças causadas pelo ta- área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo
bagismo. na frente da sua área.
e) o fumante passivo não é obrigado a inalar as mesmas toxi-
nas que um fumante, portanto depende dele evitar ou não a No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após
contaminação proveniente da exposição ao fumo. cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a
bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na
jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Ange-
65 lim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo
da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0.
Texto I
Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado).
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos obje-
tos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas coi- O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato
sas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, po- Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conec-
rém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de tivos, sendo que
idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos,
que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da pon- a) a pós é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a
te e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casa- zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça.
rão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, b) e nquanto tem um significado alternativo, porque conecta
mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo.
ouvidos presos às canções que vinham das embarcações... c) n o entanto tem significado de tempo, porque ordena os
fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocor-
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento). rência.
d) m esmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse
Texto II de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado.
e) p or causa de indica consequência, porque as tentativas
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um
peixe, ergue-se o velho ingazeiro — ali os bêbados são feli- bloqueio.
zes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas
necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se
com as sobras do mercado. 67
Concordo plenamente com o artigo “Revolucione
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 a sala de aula”. É preciso que valorizemos o ser humano,
(fragmento). seja ele estudante, seja professor. Acredito na importância
de aprender a respeitar nossos limites e superá-los, quando
Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são possível, o que será mais fácil se pudermos desenvolver a
exemplos de uma abordagem literária recorrente na literatura capacidade de relacionamento em sala de aula. Como arqui-
brasileira do século XX. Em ambos os textos, teta, concordo com a postura de valorização do indivíduo, em
qualquer situação: se procurarmos uma relação de respeito e
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos persona- colaboração, seguramente estaremos criando a base sólida
gens marginalizados. de uma vida melhor.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em rela-
ção aos personagens. Tania Bertoluci de Souza
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua Porto Alegre, RS
origem social.
Disponível em: <:http://www.kanitz.com.br/veja/cartas.htm>.
Acesso em: 2 maio 2009 (com adaptações).

30 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Em uma sociedade letrada como a nossa, são construídos

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
textos diversos para dar conta das necessidades cotidianas
de comunicação. Assim, para utilizar-se de algum gênero tex-
tual, é preciso que conheçamos os seus elementos. A carta
de leitor é um gênero textual que

a) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizado pela


tipologia da ordem da injunção (comando) e estilo de lin-
guagem com alto grau de formalidade.
b) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de descre-
ver os assuntos e temas que circularam nos jornais e revis-
tas do país semanalmente.
c) se organiza por uma estrutura de elementos bastante fle-
xível em que o locutor encaminha a ampliação dos temas
tratados para o veículo de comunicação.
d) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da va-
riedade não-padrão da língua e tema construído por fatos
políticos.
e) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em forma
de paragrafação, representando, em conjunto, as ideias e
opiniões de locutores que interagem diretamente com o ve-
ículo de comunicação.

68

Aumento do efeito estufa ameaça plantas, diz estudo.

O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do


uso de combustíveis fósseis e das queimadas, pode ter con-
sequências calamitosas para o clima mundial, mas também
pode afetar diretamente o crescimento das plantas. Cientis-
tas da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram que, em-
bora o dióxido de carbono seja essencial para o crescimento
dos vegetais, quantidades excessivas desse gás prejudicam
a saúde das plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura
de vários países.

O Estado de São Paulo, 20 set. 1992, p.32.

O texto acima possui elementos coesivos que promovem sua ma-


nutenção temática. A partir dessa perspectiva, conclui-se que

a) a palavra “mas”, na linha 3, contradiz a afirmação inicial do


texto: linhas 1 e 2.
b) a palavra “embora”, na linha 4, introduz uma explicação
que não encontra complemento no restante do texto.
c) as expressões: “consequências calamitosas”, na linha 2,
e “efeitos incalculáveis”, na linha 6, reforçam a ideia que
perpassa o texto sobre o perigo do efeito estufa.
d) o uso da palavra “cientistas”, na linha 3, é desnecessá-
rio para dar credibilidade ao texto, uma vez que se fala em
“estudo” no título do texto.
e) a palavra “gás”, na linha 5, refere-se a “combustíveis fós-
seis” e “queimadas”, nas linhas 1 e 2, reforçando a ideia
de catástrofe.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 31


Linguagens

No discurso do repórter, a repetição causa um efeito de senti-


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

69
Grupo Escolar de Palmeiras do de intensificação, construindo a ideia de
3º anno 18-11-911
Descripção J B Pereira a) opressão física e moral, que gera rancor nos meninos.
b) repressão policial e social, que gera apatia nos meninos.
A nossa bandeira c) polêmica judicial e midiática, que gera confusão entre os
“Auri verde pendão de minha terra meninos.
Que a brisa do Brasil beija e balança d) concepção educacional e carcerária, que gera comoção
Estandarte que a luz do sol encerra nos meninos.
As promessas divinas da Esperança.” e) informação crítica e jornalística, que gera indignação en-
tre os meninos.
A bandeira brazileira é a mais bonita de todas:
vou descrevel-a. O rectangulo verde indica a cor de nossas mattas. O losango
amarello indica a cor das riquezas naturais que o nosso caro Brazil encerra como
o ouro. No centro da bandeira vê-se uma esphera azul que indica a terra e as
estrellas que se acham dentro da esphera representam os estados. Na faixa dentro 71 Novas tecnologias
da esphera está escripto o lema Ordem e Progresso, o qual representa a base da
republica e a organização do povo brazileiro. Salve! Bandeira Brazileira Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das
novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às ativi-
GRUPO ESCOLAR DE PALMEIRAS. Redações de Maria Anna de Blase e J.B. Pereira dades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o
sobre a Bandeira Nacional. Palmeiras (SP), 18 nov. 1911. futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total
Acervo APESP. Coleção DAESP. C10279. Disponível em: www.arquivoestado.sp.gov.br. com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os
Acesso em: 15 maio 2013. (adaptado)
em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo
carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão
O documento foi retirado de uma exposição on-line de manus-
festejado.
critos do estado de São Paulo do início do século XX. Quanto à
relevância social para o leitor da atualidade, o texto
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um apa-
relho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista con-
a) funciona como veículo de transmissão de valores patrió-
trolador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de
ticos próprios do período em que foi escrito.
dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de
b) cumpre uma função instrucional de ensinar regras de
dependência mútua com os veículos de comunicação, que se
comportamento em eventos cívicos.
estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal
c) deixa subentendida a ideia de que o brasileiro preserva
transformado em objeto público de entretenimento.
as riquezas naturais do país.
d) argumenta em favor da construção de uma nação com
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão,
igualdade de direitos.
somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a
e) apresenta uma metodologia de ensino restrita a uma de-
esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na
terminada época.
qual tanto controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em http://observatoriodaimpressa.
com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).
70 Querô
Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma
DELEGADO: Então desce ele. Vê o que arrancam desse sacana. base de orientação linguística que permita alcançar os leito-
SARARÁ: Só que tem um porém. Ele é menor. res e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido.
DELEGADO: Então vai com jeito. Depois a gente entrega pro Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em
juiz. destaque objetiva
(Luz apaga no delegado e acende no repórter, que se dirige ao
público.) a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que
REPÓRTER: E o Querô foi espremido, empilhado, esmagado de ambos usam as novas tecnologias.
corpo e alma num cubículo imundo, com outros meninos. Me- b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasilei-
ninos todos espremidos, empilhados, esmagados de corpo e ra esteja aprisionada às novas tecnologias.
alma, alucinados pelos seus desesperos, cegados por muitas c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as
aflições. Muitos meninos, com seus desesperos e seus ódios, pessoas são controladas pelas novas tecnologias.
empilhados, espremidos, esmagados de corpo e alma no imun- d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele
do cubículo do reformatório. E foi lá que o Querô cresceu. manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por
MARCOS, P. Melhor teatro. São Paulo: Global, 2003 (fragmento). deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas.

32 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
72 Até quando? Anotações

Não adianta olhar pro céu


Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga ai que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto

a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.


b) cunho apelativo, pela predominância de imagens meta-
fóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.

73 Jogar limpo

Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer preço.


Convencer alguém de algo é, antes de tudo, uma alternativa à
prática de ganhar uma questão no grito ou na violência física
- ou não física. Não física, dois pontos. Um político que mente
descaradamente pode cativar eleitores. Uma publicidade que
joga baixo pode constranger multidões a consumir um produto
danoso ao ambiente. Há manipulações psicológicas não só na
religião. E é comum pessoas agirem emocionalmente, porque
vítimas de ardilosa - e cangoteira - sedução. Embora a eficácia
a todo preço não seja argumentar, tampouco se trata de admitir
só verdades científicas - formar opinião apenas depois de ver a
demonstração e as evidências, como a ciência faz. Argumen-
tar é matéria da vida cotidiana, uma forma de retórica, mas é
um raciocínio que tenta convencer sem se tornar mero cálculo
manipulativo, e pode ser rigoroso sem ser científico.

Língua Portuguesa, São Paulo, ano 5, n.66, abr. 2011 (adaptado).

No fragmento, opta-se por uma construção linguística bastan-


te diferente em relação aos padrões normalmente empregados
na escrita. Trata-se da frase “Não física, dois pontos”. Nesse
contexto, a escolha por se representar por extenso o sinal da
pontuação que deveria ser utilizado

a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desenvol-


ver seu ponto de vista sobre a arte de argumentar.
b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidencian-
do as relações e as estruturas presentes no enunciado.
c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamente
a sequenciação de ideias, introduzindo apostos exempli-
ficativos.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 33


Linguagens

d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a c) No rancho fundo / Bem pra lá do fim do mundo / Onde a
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qual se concretiza no emprego da linguagem conotativa. dor e a saudade / Contam as coisas da cidade. (No rancho
e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza fundo, Ary Barroso e Lamartine Babo)
no leitor ao não desenvolver explicitamente o raciocínio d) Baby Baby / Não adianta chamar / Quando alguém está
a partir de argumentos. perdido / Procurando se encontrar. (Ovelha negra, Rita
Lee)
e) Pois há menos peixinho a nadar no mar / Do que os beiji-
74 A diva nhos que eu darei / Na sua boca. (Chega de saudade, Tom
Jobim e Vinicius de Moraes)
Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha, 76
tou podre. Outro dia a gente vamos.
Falou meio triste, culpada, A preguiça é a mãe de
e um pouco alegre por recusar com orgulho. todos os vícios, mas uma
TEATRO! Disse no espelho. mãe é uma mãe e é preciso
respeitá-la, pronto!
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita

PRADO, A. Oráculo de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.

Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com.br. Acesso em: 21 set. 2011.
diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas caracte-
rísticas específicas, bem como na situação comunicativa em Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o
que ele é produzido. Assim, o texto A diva efeito de humor está indicado pelo(a)
a) narra um fato real vivido por Maria José. a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a que-
b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético. bra da expectativa ao final.
c) relata uma experiência teatral profissional. b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa
d) descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora. e efeito entre as ações.
e) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral. c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguida-
de dos sentidos a ele atribuídos.
d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um trata-
75 mento formal do filho em relação à “mãe”.
Mesmo tendo a trajetória do movimento interrompida
e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de
com a prisão de seus dois líderes, o tropicalismo não deixou
adição existente entre as orações.
de cumprir seu papel de vanguarda na música popular brasi-
leira. A partir da década de 70 do século passado, em lugar
do produto musical de exportação de nível internacional pro-
metido pelos baianos com a “retomada da linha evolutória”, 77
Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe
instituiu-se nos meios de comunicação e na indústria do lazer nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu
uma nova era musical. da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Eu-
TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. ropa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o
São Paulo: Art, 1986 (adaptado). italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo
derivado do latim medieval influentia, que significava “influên-
A nova era musical mencionada no texto evidencia um gênero cia dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a for-
que incorporou a cultura de massa e se adequou à realidade ma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que
brasileira. Esse gênero está representado pela obra cujo tre- fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do
cho da letra é: organismo infectado.

a) A estrela d’alva / No céu desponta / E a lua anda tonta RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.
/ Com tamanho esplendor. (As pastorinhas, Noel Rosa e
João de Barro) Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é
b) Hoje / Eu quero a rosa mais linda que houver / Quero a preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos.
primeira estrela que vier / Para enfeitar a noite do meu Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela
bem. (A noite do meu bem, Dolores Duran) retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O frag-

34 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


mento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações

a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de con-


tágios entre línguas.”
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”.
c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval in-
fluentia, que significa ‘influência dos astros sobre os ho-
mens’.”
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper
[...]”.
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como
o vírus se apossa do organismo infectado.”

78
Na verdade, o que se chama genericamente de índios
é um grupo de mais de trezentos povos que, juntos, falam mais
de 180 línguas diferentes. Cada um desses povos possui dife-
rentes histórias, lendas, tradições, conceitos e olhares sobre a
vida, sobre a liberdade, sobre o tempo e sobre a natureza. Em
comum, tais comunidades apresentam a profunda comunhão
com o ambiente em que vivem, o respeito em relação aos indi-
víduos mais velhos, a preocupação com as futuras gerações,
e o senso de que a felicidade individual depende do êxito do
grupo. Para eles, o sucesso é resultado de uma construção
coletiva. Estas ideias, partilhadas pelos povos indígenas, são
indispensáveis para construir qualquer noção moderna de ci-
vilização. Os verdadeiros representantes do atraso no nosso
país não são os índios, mas aqueles que se pautam por visões
preconceituosas e ultrapassadas de “progresso”.

AZZI, R. As razões de ser guarani-kaiowá. Disponível em: www.outraspalavras.net.


Acesso em: 7 dez. 2012.

Considerando-se as informações abordadas no texto, ao ini-


ciá-lo com a expressão “Na verdade”, o autor tem como ob-
jetivo principal

a) expor as características comuns entre os povos indíge-


nas no Brasil e suas ideias modernas e civilizadas.
b) trazer uma abordagem inédita sobre os povos indígenas no
Brasil e, assim, ser reconhecido como especialista no assunto.
c) mostrar os povos indígenas vivendo em comunhão com
a natureza, e , por isso, sugerir que se deve respeitar o
meio ambiente e esses povos.
d) usar a conhecida oposição entre moderno e antigo como
uma forma de respeitar a maneira ultrapassada como vi-
vem os povos indígenas em diferentes regiões do Brasil.
e) apresentar informações pouco divulgadas a respeito
dos indígenas no Brasil, para defender o caráter desses
povos como civilizações, em contraposição a visões pre-
concebidas.

79
Seca d’água

É triste para o Nordeste


o que a natureza fez

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 35


Linguagens

mandou 5 anos de seca Disponível em: http://www.fundacaofia.com.br/ceats/eca_gibi/capa.htm. Acesso em: 3


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

maio 2009 (adaptado).


uma chuva em cada mês
e agora, em 85 Para o uso cotidiano de qualquer gênero de texto que circula
mandou tudo de vez. em nossa sociedade, é necessário que se conheça sua finali-
dade, função social e organização textual. Pela leitura da histó-
A sorte do nordestino ria em quadrinhos, infere-se que o gênero estatuto
é mesmo de fazer dó
seca sem chuva é ruim a) pertence à esfera jurídica, por tratar de leis e ter como
mas seca d’água é pior. finalidade estabelecer normas e regras de conduta.
b) caracteriza-se pelo uso de uma variedade linguística re-
Quando chove brandamente gional não padrão.
depressa nasce o capim c) caracteriza-se pelo uso da linguagem coloquial.
dá milho, arroz, feijão d) estabelece o direito de todos os cidadãos.
mandioca e amendoim e) apresenta elementos não verbais.
mas como em 85
até o sapo achou ruim.
[...]
Meus senhores governantes 81
A maratona é a mais longa, difícil e emocionante pro-
da nossa grande nação
va olímpica. Desde 1924, seu percurso é de 42,195 km. Tudo
o flagelo das enchentes
começou no ano de 490 a.C., quando os soldados gregos e
é de cortar o coração
persas travaram uma batalha que se desenrolou entre a ci-
muitas famílias vivendo
dade de Maratona e o mar Egeu. A luta estava difícil para os
sem lar, sem roupa e sem pão.
gregos. Comandados por Dario, os persas avançavam seu
exército em direção a Maratona. Milcíades, o comandante
ASSARÉ, Patativa do. Digo e não peço segredo. São Paulo: Escritura, 2001, p. 117-118.
grego, chamou o soldado Fílcides para pedir reforços. Ele
levou o apelo de cidade em cidade até chegar a Atenas, 40
Esse é um fragmento do poema Seca d’água, do poeta popular
km distante. Com os reforços, os gregos venceram. Milcíades
Patativa do Assaré. Nesse fragmento, a relação entre o texto
ordenou que Fílcides fosse outra vez a Atenas para informar
poético e o contexto social se verifica
que tinham vencido a batalha. Quando Fílcides chegou ao seu
destino, só teve forças para dizer uma palavra: “Vencemos”.
a) por meio de metáforas complexas, ao gosto da tradição
E caiu morto.
poética popular.
b) de maneira idealizada, deturpando a realidade pela sua DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos, São Paulo, Companhia das Letras,
formulação amena e cômica. 1995, p. 197.
c) de forma direta e simples, que dispensa o uso de recursos
No texto, de natureza informativa,
literários, como rimas e figurações.
d) de modo explícito, mediada por oposições, como a apre-
a) os dois primeiros períodos são dissertativos e os seguintes
sentada no título.
são narrativos.
e) na preocupação maior com a beleza da forma poética que
b) descrição, argumentação e narração estão entrelaçadas
com a representação da realidade do Nordeste.
nos fatos apresentados.
c) os três primeiros períodos são argumentativos e os seguin-
tes são narrativos.
80 d) os segmentos argumentativos e descritivos predominam.
e) todos os períodos constituem-se como narrativas.

36 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
82 Anotações

Catálogo Submarino. Ano 7, n.° 37, mai. 2009, p. 75 (adaptado).

Considerando a propaganda e a função da linguagem que,


predominantemente, encontra-se nesse gênero textual, ob-
serva-se que está presente a função

a) conativa, com base na qual o texto seduz o receptor da


mensagem com o uso de algumas estratégias linguísticas
como “sua mãe” e “você compra”.
b) emotiva, com a qual o emissor imprime no texto as mar-
cas de sua atitude pessoal, como emoções e opiniões,
evidentes no uso da exclamação.
c) poética, com a qual são despertados no leitor o prazer es-
tético e a surpresa, com o uso de imagens que despertam
a atenção e a apreciação estética do receptor.
d) fática, com a qual se busca verificar ou fortalecer a efici-
ência do canal de comunicação ou do contato, evidente
no uso dos preços das passagens aéreas para atrair e
manter a atenção do receptor.
e) metalinguística, com a qual a linguagem se volta sobre
si mesma, transformando-se em seu próprio referente,
como se observa no uso das fotografias para ilustrar as
cidades mencionadas na propaganda.

83
A tentação é comer direto da fonte. A tentação é comer
direto na lei. E o castigo é não querer mais parar de comer, e
comer-se a si próprio que sou matéria igualmente comível.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.

O romance A Paixão Segundo G. H. é a tentativa de dar forma
ao inenarrável, esbarrando a todo momento no limite intrans-
ponível das palavras. Tal paradoxo, vale dizer, é o que funda
toda literatura clariciana.
ROSENBAUM, Y. No território das pulsões. In: Clarice Lispector. Cadernos de Literatura
Brasileira. Instituto Moreira Salles. Edição Especial, cadernos 17 e 18, dez. 2004, p. 266.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 37


Linguagens

A repetição de palavras é um dos traços constantes na obra a) “Nem foi tempo perdido/ Somos tão jovens”.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de Clarice Lispector e remete à impossibilidade de descrever a b) “Todos os dias antes de dormir/ Lembro e esqueço como
experiência vivida. A repetição de “comer”, no trecho citado, foi o dia”.
sugere c) “Todos os dias quando acordo,/ Não tenho mais o tempo
que passou”.
a) união de significados contrários realizados para reforçar d) “Então me abraça forte/ E diz mais uma vez/ Que já esta-
o sentido da palavra. mos distantes de tudo”.
b) realce de significado obtido pela gradação de diferentes e) “O que foi escondido é o que se escondeu,/ E o que foi
expressões articuladas em sequência. prometido, ninguém prometeu”.
c) ausência de significação em consequência do acréscimo
de novas expressões relacionadas em cadeia.
d) equívoco no emprego do verbo em consequência do acú- 85
As mãos de Ediene
mulo de significados relacionados em sequência.
e) uniformidade de sentido expressa pela impossibilidade
Ediene tem 16 anos, rosto redondo, trigueiro, índio e bonito das
de transformação do significado denotativo do verbo.
meninas do sertão nordestino. Vaidosa, põe anéis nos dedos
e pinta os lábios com batom. Mas Ediene é diferente. Jamais
abraçará, não namorará de mãos dadas e, se tiver filhos, não
os aconchegará em seus braços para dar-lhes o calor e o ali-
84 mento dos seios da mãe. A razão é simples: Ediene não tem
Tempo Perdido
braços. Ela os perdeu numa maromba, máquina do século
Todos os dias quando acordo, passado, com dois cilindros de metal que amassam barro para
Não tenho mais o tempo que passou fazer telhas e tijolos numa olaria. Os dedos que enche de anéis
Mas tenho muito tempo: são os dos pés, com os quais escreve, desenha e passa ba-
Temos todo o tempo do mundo. tom nos lábios. Ela é uma das centenas de crianças mutiladas
todos os anos, trabalhando como gente grande em troca de
Todos os dias antes de dormir, minguados cobres.
Lembro e esqueço como foi o dia:
UTZERI, F. As mãos de Ediene. Jornal do Brasil, Caderno B, 2 dez. 1999 (adaptado).
(...)
Nosso suor sagrado Os recursos estilísticos de um texto servem para torná-lo este-
É bem mais belo que esse sangue amargo ticamente mais eficaz. Em As mãos de Ediene, o autor alcança
(...) esse objetivo ao coordenar adjetivos no 1.° período. Tal proce-
Veja o sol dessa manhã tão cinza: dimento busca
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos castanhos a) despertar no leitor, desde o início, simpatia pela menina.
b) chamar a atenção para problemas do sertão nordestino.
Então me abraça forte c) despertar o interesse do leitor pela maromba.
E diz mais uma vez d) valorizar a situação vivida por Ediene.
Que já estamos distantes de tudo: e) revelar problemas de ordem social.

Temos nosso próprio tempo.


Não tenho medo do escuro, 86
DIGA NÃO AO NÃO
Mas deixe as luzes acesas agora,
Quem disse que alguma coisa é impossível?
O que foi escondido é o que se escondeu, Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que, segundo os
E o que foi prometido, ninguém prometeu pessimistas, nunca teriam acontecido.
Nem foi tempo perdido; “Impossível.”
“Impraticável.”
Somos tão jovens “Não”.
tão jovens E ainda assim, sim
tão jovens Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a bordo de
um avião, impulsionado por um motor aeronáutico.
Renato Russo Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores empreendedores do
Disponível em: <http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/22489>. Acesso em: 14 abr. 2009. Brasil, inaugurou a primeira rodovia pavimentada do país.
Sim, a SXY Brasil também inovou no país.
Entre os trechos a seguir, retirados da letra Tempo Perdido, o Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro.
que melhor reflete a função conativa ou apelativa da lingua- Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na Bacia
gem é de Campos.

38 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Desenvolveu um óleo combustível mais limpo, o OC Plus.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
O que é necessário para transformar o não em sim?
Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.
E quando o problema parece insolúvel, quando o desafio é mui-
to duro, dizer: vamos lá.

Soluções de energia para um mundo real.


Jornal da ABI, Órgão Oficial da Associação Brasileira de Imprensa, n.º 336, dezembro de
2008, p. 4. (adaptado).

O autor do texto utiliza, como recurso evidente para a progres-


são temática,

a) as relações de tempo estabelecidas entre as informações


apresentadas.
b) a apresentação de diversos efeitos dos fatos elencados.
c) a repetição do advérbio de afirmação “sim” articulando
as informações.
d) as relações de causa estabelecidas entre as informações
apresentadas.
e) o estabelecimento de relações de condição entre as in-
formações do texto.

87
Manta que costura causos e histórias no seio
de uma família serve de metáfora da memória
em obra escrita por autora portuguesa

O que poderia valer mais do que a manta para aquela famí-


lia? Quadros de pintores famosos? Joias de rainha? Palácios?
Uma manta feita de centenas de retalhos de roupas velhas
aquecia os pés das crianças e a memória da avó, que a cada
quadrado apontado por seus netos resgatava de suas lem-
branças uma história. Histórias fantasiosas como a do vesti-
do com um bolso que abrigava um gnomo comedor de biscoi-
tos; histórias de traquinagem como a do calção transformado
em farrapos no dia em que o menino, que gostava de andar
de bicicleta de olhos fechados, quebrou o braço; histórias de
saudades, como o avental que carregou uma carta por mais
de um mês... Muitas histórias formavam aquela manta. Os
protagonistas eram pessoas da família, um tio, uma tia, o avô,
a bisavó, ela mesma, os antigos donos das roupas. Um dia, a
avó morreu, e as tias passaram a disputar a manta, todas a
queriam, mais do que aos quadros, joias e palácios deixados
por ela. Felizmente, as tias conseguiram chegar a um acordo,
e a manta passou a ficar cada mês na casa de uma delas. E os
retalhos, à medida que iam se acabando, eram substituídos
por outros retalhos, e novas e antigas histórias foram sendo
incorporadas à manta mais valiosa do mundo.
LASEVICIUS, A. Língua Portuguesa, São Paulo, nº 76, 2012 (adaptado).

A autora descreve a importância da manta para aquela família,


ao verbalizar que “novas e antigas histórias foram sendo in-
corporadas à manta mais valiosa do mundo”. Essa valorização
evidencia-se pela

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 39


Linguagens

a) oposição entre os objetos de valor, como joias, palácios e


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

89
quadros, e a velha manta.
b) descrição detalhada dos aspectos físicos da manta, como
cor e tamanho dos retalhos.
c) valorização da manta como objeto de herança familiar
disputado por todos.
d) comparação entre a manta que protege do frio e a manta
que aquecia os pés das crianças.
e) correlação entre os retalhos da manta e as muitas histó-
rias de tradição oral que os formavam.

88
Lusofonia

rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Bra-


sil), meretriz.

Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada


no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo XAVIER, C. Disponível em: www.releituras.com. Acesso em: 24 abr. 2010. (adaptado)
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para Os objetivos que motivam os seres humanos a estabelecer co-
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é municação determinam, em uma situação de interlocução, o
uma palavra que já me está a pôr com dores predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria texto, predomina a função que se caracteriza por
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a a) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de se
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma tomarem certas medidas para a elaboração de um livro.
rapariga se b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta para
pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão. sua obra seus sonhos e histórias.
c) apontar para o estabelecimento de interlocução de modo
JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.
superficial e automático, entre o leitor e o livro.
O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. d) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princípios
Seu caráter metalinguístico justifica-se pela que estruturam a forma e o conteúdo de um livro.
e) retratar as etapas do processo de produção de um livro,
a) discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no as quais antecedem o contato entre leitor e obra.
mundo contemporâneo.
b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típi-
co do século XX.
c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta 90
para assuntos rotineiros. Casados e independentes
d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de
construção da própria obra. Um novo levantamento do IBGE mostra que o número de
e) valorização do efeito de estranhamento causado no pú- casamentos entre pessoas na faixa dos 60 anos cresce,
blico, o que faz a obra ser reconhecida. desde 2003, a um ritmo 60% maior que o observado na
população brasileira como um todo...

40 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aumento no número de casamentos (entre 2003 e 2006) Anotações

Entre pessoas Na população


acima dos 60 brasileira

44% 28%
...e um fator determinante é que cada vez mais pessoas nes-
sa idade estão no mercado de trabalho, o que lhes garante
a independiencia financeira necessária para o matrimônio.

População com mais de 60 anos no mercado de trabalho

Em 2003 Hoje*

31% 38%
Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT)
*Com base no último dado disponível, de 2008

Veja, São Paulo, 21 de abr. 2010 (adaptado).

Os gráficos expõem dados estatísticos por meio de linguagem


verbal e não verbal. No texto, o uso desse recurso

a) exemplifica o aumento da expectativa de vida da população.


b) explica o crescimento da confiança na instituição do casa-
mento.
c) mostra que a população brasileira aumentou nos últimos cinco
anos.
d) indica que as taxas de casamento e emprego cresceram na
mesma proporção.
e) sintetiza o crescente número de casamentos e de ocupação
no mercado de trabalho.

91
Logo todos na cidade souberam: Halim se embeiçara
por Zana. As cristãs maronitas de Manaus, velhas e moças,
não aceitavam a ideia de ver Zana casar-se com um muçul-
mano. Ficavam de vigília na calçada do Biblos, encomendavam
novenas para que ela não se casasse com Halim. Diziam a
Deus e ao mundo fuxicos assim: que ele era um mascate, um
teque-teque qualquer, um rude, um maometano das montanhas
do sul do Líbano que se vestia como um pé rapado e matra-
queava nas ruas e praças de Manaus. Galib reagiu, enxotou as
beatas: que deixassem sua filha em paz, aquela ladainha pre-
judicava o movimento do Biblos. Zana se recolheu ao quarto.
Os clientes queriam vê-la, e o assunto do almoço era só este: a
reclusão da moça, o amor louco do “maometano”.
HATOUM, M. Dois irmãos. São Paulo: Cia. das Letras, 2006 (fragmento).

Dois irmãos narra a história da família que Halim e Zana forma-


ram na segunda metade do século XX. Considerando o perfil
sociocultural das personagens e os valores sociais da época,
a oposição ao casamento dos dois evidencia

a) as fortes barreiras erguidas pelas diferenças de nível

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 41


Linguagens COMPETÊNCIA 6 - Texto: Contexto e Função

financeiro. 93
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) o impacto dos preceitos religiosos no campo das escolhas Texto 1


afetivas.
c) a divisão das famílias em castas formadas pela origem
geográfica.
d) a intolerância com atos litúrgicos, aqui representados pelas
novenas e ladainhas.
e) a importância atribuída à ocupação exercida por um futuro
chefe de família.

92
Brasil é o maior desmatador,
mostra estudo da ONU

O Brasil reduziu sua taxa de desmatamento em vinte anos, mas


continua líder entre os países que mais desmatam, segundo a
FAO (órgão da ONU para a agricultura). Disponível em: www.cefivasf.univasf.edu.br. Acesso em: 6 jun. 2013.

A entidade apresentou ontem estudo sobre a cobertura flo- TEXTO II


restal no mundo e o resultado é preocupante: em apenas dez
anos, uma área de floresta do tamanho de dois estados de São Partindo do chão coletivo da comunidade rural ou das cidades,
Paulo desapareceu do país. De forma geral, a queda no ritmo à medida que se impregna de um ethos urbano — seja por mi-
da perda de cobertura florestal foi de 37% em dez anos. Entre gração, seja pela difusão de novos conteúdos midiáticos —,
1990 e 1999, 16 milhões de hectares por ano sumiram. Entre irão surgindo indivíduos que, na área da visualidade, gerarão
2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares. uma obra de feição original, autoral, única. O indivíduo-sujeito
recorre à memória para a construção de uma biografia, a fim
Mas o número é considerado alto. A América do Sul é aponta- de criar seu projeto artístico, a sua identidade social.
da como a maior responsável pela perda de florestas do mun-
do, com cortes anuais de 4 milhões de hectares. A África vem FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro (século XX).
em seguida, com 3,4 milhões de hectares/ano. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2005.
O Estado de São Paulo, 26 mar. 2010.
A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são perti-
Na notícia lida, o conectivo “mas” (terceiro parágrafo) estabe- nentes à criação popular caracterizam-se por
lece uma relação de oposição entre as sentenças: “Entre 2000
e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares” e “o a) temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas.
número é considerado alto”. Uma das formas de se reescreve- b) produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicio-
rem esses enunciados, sem que lhes altere o sentido inicial, é: nais da arte acadêmica.
c) ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e re-
a) Porque, entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões cepção em museus e galerias.
de hectares, o número é considerado alto. d) abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo
b) Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hec- criação pessoal particular.
tares, por isso o número é considerado alto. e) criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo
c) Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hec- ou região, gerando movimentos artísticos.
tares, uma vez que o número é considerado alto.
d) Embora, entre 2000 e 2009, esse número tenha caído para 13
milhões de hectares, o número é considerado alto. 94
Um gramático contra a gramática
e) Visto que, entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 mi-
lhões de hectares, o número é considerado alto. O gramático Celso Pedro Luft era formado em Letras Clássicas
e Vernáculas pela PUCRS e fez curso de especialização em
Portugal. Foi professor na UFRGS e na Faculdade Porto-Ale-
grense de Ciências e Letras. Suas obras mais relevantes são:
Gramática resumida, Moderna gramática brasileira, Dicionário
gramatical da língua portuguesa, Novo manual de português,
Minidicionário Luft, Língua e liberdade e O romance das pa-
lavras. Na obra Língua e liberdade, Luft traz um conjunto de
ideias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua
materna, por combater, de forma veemente, o ensino da gra-

42 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


mática em sala de aula. Nos seis pequenos capítulos que in-

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
tegram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na
mesma tecla — uma variação sobre o mesmo tema: a maneira
tradicional e errada de ensinar a língua materna.
SCARTON, G. Disponível em: www.portugues.com.br. Acesso em: 26 out. 2011 (fragmento).

Reconhecer os diversos gêneros textuais que circulam na


sociedade constitui-se uma característica fundamental do
leitor competente. A análise das características presentes no
fragmento de Um gramático contra a gramática, de Gilberto
Scarton, revela que o texto em questão pertence ao seguinte
gênero textual:

a) Artigo científico, uma vez que o fragmento contém título,


nome completo do autor, além de ter sido redigido em uma
linguagem clara e objetiva.
b) Relatório, pois o fragmento em questão apresenta informa-
ções sobre o autor, bem como descreve com detalhes o con-
teúdo da obra original.
c) Resenha, porque além de apresentar características estru-
turais da obra original, o texto traz ainda o posicionamento
crítico do autor do fragmento.
d) Texto publicitário, pois o fragmento apresenta dados essen-
ciais para a promoção da obra original, como informações
sobre o autor e o conteúdo.
e) Resumo, visto que, no fragmento, encontram-se informa-
ções detalhadas sobre o currículo do autor e sobre o con-
teúdo da obra original.

95
Pesquisa da Faculdade de Educação da USP mostrou
que quase metade dos alunos que ingressam nos cursos de
licenciatura em Física e Matemática da universidade não estão
dispostos a tornar-se professores. O detalhe inquietante é que
licenciaturas foram criadas exatamente para formar docentes.

A dificuldade é que, se os estudantes não querem virar profes-


sores, fica difícil conseguir bons profissionais.

Resolver essa encrenca é o desafio. Salários são por certo uma


parte importante do problema, mas outros elementos, como es-
tabilidade na carreira e prestígio social, também influem.

SCHWARTSMAN, H. Folha de S. Paulo, 13 out. 2012.

Identificar o gênero do texto é um passo importante na cami-


nhada interpretativa do leitor. Para isso, é preciso observar ele-
mentos ligados à sua produção e recepção. Reconhece-se que
esse texto pertence ao gênero artigo de opinião devido ao(à)

a) suporte do texto: um jornal de grande circulação.


b) lugar atribuído ao leitor: interessados no magistério.
c) tema tratado: o problema da escassez de professores.
d) função do gênero: refletir sobre a falta de professores.
e) linguagem empregada pelo autor: formal e denotativa.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 43


Linguagens
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

96 98 O exercício da crônica
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquen-
ta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem. Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz
um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou
porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino.
No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo Senta-se ele diante de sua máquina, olha através da janela e bus-
narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite ca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência co-
identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a) lhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas
artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada
a) diário, por trazer lembranças pessoais. houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, atra-
b) fábula, por apresentar uma lição de moral. vés de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica,
c) notícia, por informar sobre um acontecimento. provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente desperta-
d) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras. dos pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao
e) crônica, por tratar de fatos do cotidiano. assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato
de escrever, pode surgir o inesperado.

MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
97
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara
na janela em crônica de jornal — eu não fazia isso há muitos Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui
anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica al- a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
gumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara es- d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crô-
crevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. nica.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de
ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, ou- uma crônica.
tros rendem um montão de recados: “Você escreveu exata-
mente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus
99
pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com O negócio
minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses
tempos andava meio assim: é como me botarem no colo — Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às do-
também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo nas que se abastecem de pão e banana:
por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo — Como é o negócio?
ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam aca- De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é
bar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério uma promessa a recusa:
ser sério... mesmo quando parece que estou brincando: essa é — Deus me livre, não! Hoje não...
uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos Abílio interpelou a velha:
e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais — Como é o negócio?
secreto de calar. Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o
trato. Com a dona Julietinha foi assim. Ele se chegou:
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004. — Como é o negócio?
Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Ma-
Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a nhã cedinho saltou a cerca. Sinal combinado, duas batidas na
articulação entre suas partes. Quanto à construção do frag- porta da cozinha. A dona saiu para o
mento, o elemento Quintal, cuidadosa de não acordar os filhos. Ele trazia a capa
de viagem, estendida na grama orvalhada.
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crô- O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar
nica de jornal”. a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas pancadas fortes na
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. porta. O marido em viagem, mas não era dia do Abílio. Descon-
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. fiada, a moça surgiu à janela e o vizinho repetiu:
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus — Como é o negócio?
pais”. Diante da recusa, ele ameaçou:
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”. — Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu
conto!
TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento).

44 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Quanto à abordagem do tema e aos recursos expressivos, essa

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
crônica tem um caráter

a) filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofridas pelos vizi-


nhos.
b) lírico, pois relata com nostalgia o relacionamento da vizi-
nhança.
c) irônico, pois apresenta com malícia a convivência entre vi-
zinhos.
d) crítico, pois deprecia o que acontece nas relações de vizi-
nhança.
e) didático, pois expõe uma conduta a ser evitada na relação
entre vizinhos.

100
Ave a raiva desta noite
A baita lasca fúria abrupta
Louca besta vaca solta
Ruiva luz que contra o dia
Tanto e tarde madrugada.
LEMINSKI, P. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 2002 (fragmento).

No texto de Leminski, a linguagem produz efeitos sonoros e jo-


gos de imagens. Esses jogos caracterizam a função poética da
linguagem, pois

a) objetivam convencer o leitor a praticar uma determinada


ação.
b) transmitem informações, visando levar o leitor a adotar um
determinado comportamento.
c) visam provocar ruídos para chamar a atenção do leitor.
d) apresentam uma discussão sobre a própria linguagem, ex-
plicando o sentido das palavras.
e) representam um uso artístico da linguagem, com o objetivo
de provocar prazer estético no leitor.

101
Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o
Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa
história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa
vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.
BILAC, O. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.

Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu engajamento na


constituição da identidade nacional e linguística, ressaltando a

a) transformação da cultura brasileira.


b) religiosidade do povo brasileiro.
c) abertura do Brasil para a democracia.
d) importância comercial do Brasil.
e) autorreferência do povo como brasileiro.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 45


Linguagens

O uso da expressão “ainda assim” presente nesse texto tem


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

102 como finalidade


Mães

Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — a) criticar o teor das informações fatuais até ali veiculadas.
colunista que tem um talento raro — em seu texto “E a mãe b) questionar a validade das ideias apresentadas anteriormente.
ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem). c) comprovar a veracidade das informações expressas anterior-
mente.
Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm d) introduzir argumentos que reforçam o que foi dito anterior-
atitudes diversas. Ou não a procuram mais, porque essa é uma mente.
forma de negar que um dia perderão o amparo materno, ou e) enfatizar o contrassenso entre o que é dito antes e o que vem
resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm em seguida.
medo de perdê-la sem ter retribuído plenamente o amor que
receberam.
104
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012. Entrevista — Tony Bellotto

Os gêneros textuais desempenham uma função social especi- A língua é rock


fica, em determinadas situações do uso da língua, em que os
envolvidos na interação verbal têm um objetivo comunicativo. Guitarrista do Titãs e escritor completa dez anos à
Considerando as características do gênero, a análise do texto frente de programa televisivo em que discute a língua
Mães revela que sua função é portuguesa por meio da música

a) ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as mães, O que o atraiu na proposta de Afinando a língua?
especialmente na velhice. No começo, em 1999, a ideia era fazer um programa que falasse
b) Influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer agir de língua portuguesa usando a música como atrativo, principal-
segundo um modelo sugerido. mente, para os jovens. Com o passar do tempo, ele foi se trans-
c) informar sobre os idosos e sobre seus sentimentos e neces- formando num programa sobre a linguagem usada em letras de
sidades. música, no jornalismo, na literatura de ficção e na poesia. Como
d) avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal ou não sou um cara de TV, trago a experiência de escritor e músico,
de revista. e sempre participo de forma mais ativa do que como um mero
e) apresentar nova publicação, visando divulgá-la para leitores apresentador. Estou nas reuniões de pauta e faço sugestões nos
de jornal. roteiros. Mas o conteúdo é feito pelo pessoal do Futura.

Quais as vantagens e desvantagens do ensino da língua por


meio das letras de música?
103 Não sou pedagogo ou educador, então só vejo vantagens, por-
Miss Universo:
“As pessoas racistas devem procurar ajuda” que as letras de música usam uma linguagem que é a do dia a
dia, principalmente, dos jovens. A música é algo que lhes dá pra-
SÃO PAULO — Leila Lopes, de 25 anos, não é a primeira negra zer e, didaticamente, pode fazer as vezes de algo que o aluno
a receber a faixa de Miss Universo. A primazia coube a Janel- tem a noção de ser entediante — estudo da língua, sentar e abrir
le “Penny” Commissiong, de Trinidad e Tobago, vencedora do um livro. Ao ouvir uma música, os exemplos surgem. É a grande
concurso em 1977. Depois dela vieram Chelsi Smith, dos Estados vantagem e sempre foi a ideia do programa.
Unidos, em 1995; Wendy Fitzwilliam, também de Trinidad e To-
Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 (fragmento).
bago, em 1998, e Mpule Kwelagobe, de Botswana, em 1999. Em
1986, a gaúcha Deise Nunes, que foi a primeira negra a se eleger
Miss Brasil, ficou em sexto lugar na classificação geral. Ainda Os gêneros textuais são definidos por meio de sua estrutura,
assim a estupidez humana faz com que, vez ou outra, surjam ma- função e contexto de uso. Tomando por base a estrutura dessa
nifestações preconceituosas como a de um site brasileiro que, entrevista, observa-se que
às vésperas da competição, e se valendo do anonimato de quem
o criou, emitiu opiniões do tipo “Como alguém consegue achar a) a organização em turnos de fala reproduz o diálogo que ocorre
uma preta bonita?” Após receber o título, a mulher mais linda entre os interlocutores.
do mundo — que tem o português como língua materna e tam- b) o tema e o suporte onde foi publicada justificam a ausência
bém fala fluentemente o inglês — disse o que pensa de atitudes de traços da linguagem informal.
como essa e também sobre como sua conquista pode ajudar os c) a ausência de referências sobre o entrevistado é uma estraté-
necessitados de Angola e de outros países. gia para induzir à leitura do texto na integra.
d) o uso do destaque gráfico é um recurso de edição para ressal-
COSTA, D. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 10 set. 2011 (adaptado). tar a importância do tema para o entrevistador.
e) o entrevistado é um especialista em abordagens educacio-

46 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


nais alternativas para o ensino da língua portuguesa.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações

105
Hipertextualidade

O papel do hipertexto é exatamente o de reunir, não apenas


os textos, mas também as redes de associações, anotações e
comentários às quais eles são vinculados pelas pessoas. Ao
mesmo tempo, a construção do senso comum encontra-se ex-
posta e como que materializada: a elaboração coletiva de um
hipertexto.

Trabalhar, viver, conversar fraternalmente com outros seres,


cruzar um pouco por sua história, isto significa, entre outras
coisas, construir uma bagagem de referências e associações
comuns, uma rede hipertextual unificada, um texto comparti-
lhado, capaz de diminuir os riscos de incompreensão.
LEVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
São Paulo: Editora 34, 1992 (adaptado).

O texto evidencia uma relação entre o hipertexto e a socieda-


de em que essa tecnologia se insere. Constata-se que, nessa
relação, há uma

a) estratégia para manutenção do senso comum.


b) prioridade em sanar a incompreensão.
c) necessidade de publicidade das informações.
d) forma de construção colaborativa de conhecimento.
e) urgência em se estabelecer o diálogo entre pessoas.

106 A tendência dos nomes

O nome é uma das primeiras coisas que não escolhemos na vida.


Estará inscrito nos registros: na maternidade, no RG, no CPF, no
obituário etc. Enfim, uma escolha que não fizemos nos acompa-
nha do berço ao túmulo, pois na lápide se dirá que ali jaz Fulano
de Tal.

SILVA, D. Língua, n. 77, mar. 2012.

Algumas palavras atuam no desenvolvimento de um texto con-


tribuindo para a sua progressão. A palavra “enfim” promove o
encadeamento do texto, tendo sido utilizada com a intenção de

a) explicar que os nomes das pessoas são escolhidos no nasci-


mento.
b) ratificar que os nomes registrados no nascimento são imutá-
veis.
c) reiterar que os nomes recebidos são importantes até a morte.
d) concluir que os nomes acompanham os indivíduos até a morte.
e) acrescentar que ninguém pode escolher o próprio nome.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 47


Linguagens

b) “mas” instaura justificativas para criação de novos tipos de


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107 reciclagem.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem
e ainda sem definição que lhe apenhe em todas as pétalas o c) “também” antecede um argumento a favor da reciclagem.
significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a d) “afinal” retoma uma finalidade para o uso de matérias-primas.
prática, tome se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sen- e) “então” reforça a ideia de escassez de matérias-primas na
graçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, im- natureza.
portuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob
mais que, tratando se de palavra inventada, e, como adiante
se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos,
109
começa ele por se negar nominalmente a própria existência. Senhora
ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).
— Mãe, noooosssa! Esse seu cabelo novo ficou lindo! Parece
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se que você é, tipo, mais jovem!
a predominância de uma das funções da linguagem, identifi- — Jura, minha filha? Obrigada!
cada como — Mas aí você vira de frente e aí a gente vê que, tipo, não é, né?
— Coisa linda da mamãe!
a) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial Esse diálogo é real. Claro que achei graça, mas o fato de envelhe-
usar a língua portuguesa para explicar a própria língua, por cer já não é mais segredo para ninguém.
isso a utilização de vários sinônimos e definições. Um belo dia, a vendedora da loja te pergunta: “A senhora quer
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo dis- pagar como?” Senhora? Como assim?
correr sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao Eu sempre fui a Marcinha! Agora eu sou a dona Márcia! Sim, o
leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa. porteiro, o motorista de táxi, o jornaleiro, o garçom, o mundo intei-
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabele- ro resolveu ter um respeito comigo que eu não pedi!
cimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos CABRITA, M. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 11 ago. 2012 (fragmento).
termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, A exploração de registros linguísticos é importante estratégia
necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hi- para o estabelecimento do efeito de sentido pretendido em deter-
potrélico”. minados textos. No texto, o recurso a diferentes registros indica
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetivi-
dade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”. a) mudança na representação social do locutor.
b) reflexão sobre a identidade profissional da mãe.
c) referência ao tradicionalismo linguístico da autora do texto.
108 d) elogio às situação vivenciadas pela personagem mãe.
Reciclar é só parte da solução e) compreensão do processo de envelhecimento como algo pra-
zeroso.
O lixo é um grande problema da sustentabilidade. Literalmente:
todos os anos, cada brasileiro produz 385kg de resíduos - dá 61
milhões de toneladas no total. O certo seria tentar diminuir ao má- 110
ximo essa quantidade de lixo. Ou seja, em vez de ter objetos reci- E-mail no ambiente de trabalho
cláveis, o ideal seria produzir sempre objetos reutilizáveis, o que
diminui os resíduos. Mas, enquanto isso não acontece, temos T. C., consultor e palestrante de assuntos ligados ao mercado
que nos contentar com a reciclagem. E é aí que vem um detalhe de trabalho, alerta que a objetividade, a organização da men-
perigoso: reciclar o lixo também polui o ambiente e gasta energia. sagem, sua coerência e ortografia são pontos de atenção fun-
Reciclar vidro, por exemplo, é 15% mais caro do que produzi-lo a damentais para uma comunidade virtual eficaz.
partir de matérias-primas virgens. Afinal, é feito basicamente de
areia, soda e calcário, que são abundantes na natureza. Então, E, para evitar que erros e falta de atenção resultem em saias
nenhuma empresa tem interesse em reciclá-lo. Já o alumínio é justas e situações constrangedoras, confira cinco dicas para
um supernegócio, porque economiza muita energia. usar o e-mail com bom senso e organização:
HORTA, M. Disponível em: http://super.abril.com.br . Acesso em: 25 maio 2012.
1. Responda às mensagens imediatamente após rece-
O emprego adequado dos elementos de coesão contribui para bê-las.
a construção de um texto argumentativo e para que os objetivos 2. Programe sua assinatura automática em todas as res-
pretendidos pelo autor possam ser alcançados. A análise desses postas e encaminhamentos.
elementos no texto mostra que o conectivo 3. Ao final do dia, exclua as mensagens sem importância
e arquive as demais em pastas previamente definidas.
a) “ou seja” introduz um esclarecimento sobre a diminuição da 4. Utilize o recurso de “confirmação de leitura” somente
quantidade de lixo. quando necessário.

48 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


5. Evite mensagens do tipo “corrente”.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

O texto apresenta algumas sugestões para o leitor. Esse cará-


ter instrucional é atribuído, principalmente, pelo emprego

a) do modo verbal imperativo, como em “responda” e “programe”.


b) das marcas de qualificação do especialista, como “consul-
tor” e “palestrante”.
c) de termos específicos do discurso no mundo virtual.
d) de argumentos favoráveis à comunicação eficaz.
e) da palavra “dica” no desenvolvimento do texto.

111
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me
lembro. Pode dizer-me de quem se trata?

ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958 (fragmento).

Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o re-


ceptor, predomina no texto a função

a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.

112
Resumo

Gerou os filhos, os netos,


Deu à casa o ar de sua graça
e vai morrer de câncer.
O modo como pousa a cabeça para um retrato
é o da que, afinal, aceitou ser dispensável.
Espera, sem uivos, a campa, a tampa, a inscrição:
1906-1970
SAUDADE DOS SEUS, LEONORA.

PRADO, A. Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2007.

O texto de Adélia Prado apresenta uma mulher cuja vida se


“resume”. Sua expressão poética revela

a) contradições do universo feminino infeliz.


b) frustração relativa às obrigações cotidianas.
c) busca de identidade no universo familiar.
d) subterfúgios de uma existência complexa.
e) resignação diante da condição social imposta.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 49


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Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

113 115
É possível ter cãibras no coração? Tragédia anunciada

É impossível ter cãibras no coração, apesar de ser comum pa- Entraves burocráticos, incompetência administrativa, conveni-
cientes se queixarem de dores semelhantes a uma contratura ências políticas e contingenciamento indiscriminado de gastos
no órgão. A musculatura cardíaca é diferente da musculatura estão na raiz de um dos graves males da administração pública
esquelética das pernas e braços, onde sentimos as cãibras. brasileira, que é a dificuldade do Estado de transformar recur-
Isso porque o coração possui um tipo especial de fibra muscu- sos previstos no Orçamento em investimentos reais.
lar estriada, que tem movimento involuntário. O órgão contrai e
relaxa automaticamente. Não há registro de casos em que ele Exemplo dessa inépcia político-administrativa é a baixa execu-
permaneça contraído sem relaxamento imediato, que é como ção de verbas destinadas a obras de prevenção de desastres
a cãibra se apresenta. naturais — como controle de cheias, contenção de encostas
e combate à erosão.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jun. 2012 (fragmento).
As dificuldades para planejar e realizar as obras de prevenção
Os conectivos são elementos fundamentais para a ligação de terminam por onerar o governo. Acaba saindo mais caro para
palavras e orações no texto. Contextualmente, o conectivo os cofres públicos remediar ocorrências que poderiam ter sido
“apesar de” (l. 1) expressa evitadas.

a) explicação, porque apresenta os motivos que impossibilitam A nota positiva é que o Centro Nacional de gerenciamento de
o aparecimento de cãibras no coração. Riscos e Desastres (Cenad) foi inaugurado em agosto pela pre-
b) concessão, pois introduz uma ideia contrária à afirmação “é sidente Dilma Rousseff.
impossível ter cãibras no coração”.
c) causa, tendo em vista que introduz a razão da manifestação O órgão já emitiu alertas a mais de 400 municípios e prepara-
da doença no coração. -se para aperfeiçoar seu sistema de monitoramento. De pouco
d) conclusão, já que finaliza a afirmação “é impossível ter valerão esses esforços se o descaso e a omissão continuarem
câimbras no coração” a contribuir para a sinistra contabilidade de vítimas que se re-
e) consequência, uma vez que apresenta os efeitos das cãi- pete a cada ano.
bras.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012 (adaptado).

O editorial é um gênero que apresenta o ponto de vista de um


114
E vejam agora com que destreza, com que arte faço eu jornal ou de uma revista sobre determinado assunto. É caracte-
a maior transição deste livro. Vejam: o meu delírio começou na rística do gênero, exemplificada por esse editorial,
presença de Virgília; Virgília foi o meu grão pecado de juventu-
de; não há juventude sem meninice; meninice supõe nascimen- a) ser assinado por um jornalista do veículo em que é publi-
to; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de cado.
outubro de 1805, em que nasci. Viram? b) ocupar um espaço específico e opinar a respeito de assun-
tos atuais.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. c) apresentar estudos científicos acerca de temas complexos.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1974 (fragmento).
d) narrar fatos polêmicos em uma linguagem acessível.
A repetição é um recurso linguístico utilizado para promover a e) descrever acontecimentos de modo imparcial.
progressão textual, pois indica entrelaçamento de ideias. No
fragmento de romance, as repetições foram utilizadas com o
objetivo de 116
Revistas terão de informar
a) marcar a transição entre dois momentos distintos da narrati- uso de editor de imagens
va, o amor do narrador por Virgília e seu nascimento.
b) tornar mais lento o fluxo de informações, para finalmente Todos os anúncios veiculados em jornais e revistas terão de
conduzir o leitor ao tema principal. informar ao leitor se houve uso de software para manipular
c) reforçar, pelo acúmulo de afirmações, a ideia do quanto é imagens de pessoas. É isso o que diz uma lei recém-aprovada
grande o sentimento do narrador por Virgília. em Israel. O objetivo é evitar que a publicidade divulgue ima-
d) representar a monotonia, caracterizadora das etapas da gens de modelos magras demais, que supostamente estimu-
vida do autor: a juventude e a velhice. lam transtornos alimentares em jovens. O parlamento francês
e) assegurar a sequenciação cronológica dos fatos represen- está discutindo uma medida similar, porém mais dura — até
tados e a precisão das informações. embalagens de produtos e imagens de campanhas políticas

50 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


teriam de revelar o uso de um software de edição de imagens.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 10 jul. 2012 (adaptado).

A expressão “medida similar” auxilia a progressão das ideias


no texto, pois foi empregada com a finalidade de

a) apresentar uma observação crítica em relação ao conteúdo


da lei que está sendo aprovada no parlamento francês.
b) impor erudição ao texto, objetivando atender às especifici-
dades do público leitor a que se destina notícia veiculada.
c) incluir no texto a informação de que a lei aprovada pelo par-
lamento francês, por ser mais rigorosa, retifica a lei israe-
lense.
d) estabelecer relação entre uma lei que está sendo discutida
no parlamento francês e outra aprovada recentemente em
Israel.
e) antecipar a informação de que embalagens de produtos e
imagens de campanhas políticas deveriam informar o uso de
editor de imagens.

COMPETÊNCIA 6 - Texto: contexto e função 51


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