Enem. Guia Enem Textos
Enem. Guia Enem Textos
Enem. Guia Enem Textos
e suas Tecnologias
COMPETÊNCIA
6
Texto:
contexto e função
Competência de área 6
Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização
cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 - Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de
textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 - Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
Organizador:
H20 - Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.
Mateus Prado
Expediente Edição L6-B
Nota:
Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, por se tratarem de questões já utilizadas nas
provas do ENEM, podem ocorrer casos de erros gramaticais ou discussões quanto à exatidão das respostas e conceitos
empregados nas questões. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao
Cliente ([email protected]), para que possamos esclarecer ou encaminhar cada caso.
Texto: Contexto e Função
COMPETÊNCIA
6
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mpetência s:
dessa co o
Incidência Linguagens, Códig
18%
ro v a d e
na p
Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade
pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
Nessa competência o ENEM requer que o candidato compreenda que os símbolos que reconhecemos como instrumentos
de comunicação são construções históricas e culturais. É necessário compreender que texto não é só a produção verbal escrita,
que existem vários tipos de símbolos que servem para a comunicação e que são caracterizados como textos. Para servir para a
comunicação todo texto apresenta um contexto, e algumas questões da competência irão convidar o aluno a contextualizar os
textos propostos. Entre os contextos poderão aparecer o social, o cultural e o histórico.
Outro ponto que costuma ser cobrado nas questões é a identificação da função do texto – todo texto tem uma função. As
funções que podem aparecer são a narrativa, a expositiva e a persuasiva.
Algumas questões dessa competência poderão envolver os recursos expressivos da língua e os procedimentos de cons-
trução e recepção de textos. Articulação entre ideias e proposições (relações lógico- semânticas) costumam aparecer e, para
não errar, o aluno deverá prestar bastante atenção na leitura dos fragmentos e do enunciado.
• Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de
diferentes gêneros e tipos.
• Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
• Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.
1.Consulte charges políticas nos jornais diários. Elas são um tipo de texto. Você consegue entender todas? Qual informação,
que não está no texto, foi necessária para a compreensão de cada uma das charges? Imagine se você conseguiria entender
a mensagem que o autor quis passar se você visse a charge há um ano atrás. O que faz com que a charge só tenha sentido
neste momento?
2.Localize em jornais, revistas e em situações do seu dia a dia textos que não são escritos de forma verbal. Identifique que
contexto foi necessário que você soubesse para compreender tais textos.
Recorte vários tipos de textos de jornais e revistas e distribua para grupos diferentes na sala de aula. Proponha que indi-
quem quais textos têm função narrativa, quais têm função persuasiva e quais têm função expositiva.
3
Tendo em vista a segunda fala do personagem entrevis-
tado, constata-se que
a) descrevendo a situação do país em relação à gripe suína. a) do emprego do pronome demonstrativo “esse” em “Por que
b) alertando a população para o risco de morte pela Influenza o senhor publicou esse livro?”.
A. b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho, um
c) informando a população sobre a iminência de uma pande- escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!”.
mia de Influenza A. c) do emprego do pronome possessivo “sua” em “Qual foi sua
d) orientando a população sobre os sintomas da gripe suína e maior motivação?”.
procedimentos para evitar a contaminação. d) do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à fala dis-
e) convocando toda a população para se submeter a exames tanciamento do interlocutor.
de detecção da gripe suína. e) da necessária repetição do conectivo no último quadrinho.
5 6
Diferentemente do texto escrito, que em geral compe- Predomina no texto a função da linguagem
le os leitores a lerem numa onda linear – da esquerda para a
direita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.
encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a b) metalinguística, porque há explicação do significado das ex-
outro, rapidamente e não sequencialmente. Considerando que pressões.
o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir, c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma
podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas de- ação.
cisões como novos caminhos, inserindo informações novas, o d) referencial, já que são apresentadas informações sobre aconte-
leitor-navegador passa a ter um papel mais ativo e uma oportu- cimentos e fatos reais.
nidade diferente da de um leitor de texto impresso. Dificilmente e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e
dois leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e toma- artística da estrutura do texto.
rão as mesmas decisões.
No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o conheci- a) a construção de oposições semânticas.
mento por ele produzido, o texto apresentado deixa claro que o b) a apresentação de ideias de forma objetiva.
hipertexto muda a noção tradicional de autoria, porque c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufe-
mismo.
a) é o leitor que constrói a versão final do texto. d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
b) o autor detém o controle absoluto do que escreve. e) a inversão da ordem sintática das palavras.
c) aclara os limites entre o leitor e o autor.
d) propicia um evento textual-interativo em que apenas o autor
é ativo. 8
e) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe para Se os tubarões fossem homens
o leitor.
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os
peixes pequenos?
Texto para as questões 6 e 7
Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam construir resis-
Canção do vento e da minha vida tentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo de
alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas
O vento varria as folhas, tivessem sempre água fresca e adotariam todas as providências
O vento varria os frutos, sanitárias.
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nas aulas, os
Cada vez mais cheia peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões.
De frutos, de flores, de folhas. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar
os grandes tubarões deitados preguiçosamente por aí. A aula prin-
[...] cipal seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles
seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime é o sa-
O vento varria os sonhos crifício alegre de um peixinho e que todos deveriam acreditar nos
E varria as amizades... tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua
O vento varria as mulheres... felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria
E a minha vida ficava garantido se aprendessem a obediência.
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos
seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e recebe-
O vento varria os meses ria o título de herói.
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo! BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado).
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia Como produção humana, a literatura veicula valores que nem sem-
De tudo. pre estão representados diretamente no texto, mas são transfigu-
rados pela linguagem literária e podem até entrar em contradição
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. com as convenções sociais e revelar o quanto a sociedade perver-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada. Por meio
da hipótese apresentada, o autor
9
Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que
se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se
mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.
d) “Ritualiza a matança
de quem só te deu vida.
E me deixa viver
nessa que morre” (p. 62).
e) “O bisturi e o verso.
Dois instrumentos
entre as minhas mãos” (p. 95).
10
Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o
Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no
mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de
expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Bra-
sil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, queles filmes que falam à perfeição de seu tema (o boxe) para
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por então transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos
expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a seres humanos apenas isso mesmo, humanos e tremendamen-
comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora te imperfeitos.
em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu
com a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da in- Revista Veja. 18 fev. , 2009 (adaptado).
serção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira,
da problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da proble- Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto objetivou
mática social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até
do álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos a) construir uma apreciação irônica do filme.
os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do b) evidenciar argumentos contrários ao filme de Scorcese.
século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como ma- c) elaborar uma narrativa com descrição de tipos literários.
nifestação de um país mestiço, será fácil para nós defini-la como d) apresentar ao leitor um painel da obra e se posicionar cri-
expressão de um país polifônico: em que já não é determinante ticamente.
o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada região, desenvolve ori- e) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial e, por
ginalmente a sua unitária e particular tradição cultural. É esse, isso, perde sua qualidade.
para nós, no início do século XXI, o novo estilo brasileiro.
TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1964 (adaptado).
14
Texto I
igualmente bem-intencionados e bem falantes. Havia a mos- em seu humor lírico haja sempre um toque de funda melancolia,
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cazinha que morava na parede de uma chaminé e voava à toa, e na sua poesia haja sempre um certo toque de morbidez, até
desobedecendo às ordens maternas, e tanto voou que afinal no erotismo. Tradutor de autores como Marcel Proust e William
caiu no fogo. Esses contos me intrigaram com o [livro] Barão Shakespeare, esse nosso Manuel traduziu mesmo foi a nostalgia
de Macaúbas. Infelizmente um doutor, utilizando bichinhos, do paraíso cotidiano mal idealizado por nós, brasileiros, órfãos
impunha-nos a linguagem dos doutores. – Queres tu brincar de um país imaginário, nossa Cocanha perdida, Pasárgada. Des-
comigo? O passarinho, no galho, respondia com preceito e mo- crever seu retrato em palavras é uma tarefa impossível, depois
ral, e a mosca usava adjetivos colhidos no dicionário. A figura que ele mesmo já fez tão bem em versos.
do barão manchava o frontispício do livro, e a gente percebia
que era dele o pedantismo atribuído à mosca e ao passarinho. Revista Língua Portuguesa, nº 40, fev. 2009.
Ridículo um indivíduo hirsuto e grave, doutor e barão, pipilar
conselhos, zumbir admoestações. A coesão do texto é construída principalmente a partir do(a)
RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1986 (adaptado). a) repetição de palavras e expressões que entrelaçam as infor-
mações apresentadas no texto.
Texto II b) substituição de palavras por sinônimos como “lúgubre” e
“morbidez”, “melancolia” e “nostalgia”.
Dado que a literatura, como a vida, ensina na medida em que c) emprego de pronomes pessoais, possessivos e demonstrati-
atua com toda sua gama, é artificial querer que ela funcione vos: “sua”, “seu”, “esse”, “nosso”, “ele”.
como os manuais de virtude e boa conduta. E a sociedade d) emprego de diversas conjunções subordinativas que articu-
não pode senão escolher o que em cada momento lhe pare- lam as orações e períodos que compõem o texto.
ce adaptado aos seus fins, enfrentando ainda assim os mais e) emprego de expressões que indicam sequência, progressivi-
curiosos paradoxos, pois mesmo as obras consideradas indis- dade, como “iminência”, “sempre”, “depois”.
pensáveis para a formação do moço trazem frequentemente o
que as convenções desejariam banir. Aliás, essa espécie de
inevitável contrabando é um dos meios por que o jovem entra 16
em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe.
CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Duas Cidades. São Paulo: Ed. 34, 2002 Sentimental
(adaptado).
1 Ponho-me a escrever teu nome
Os dois textos acima, com enfoques diferentes, abordam um com letras de macarrão.
mesmo problema, que refere, simultaneamente, ao campo li- No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
terário e ao social. Considerando-se a relação entre os dois 4 e debruçados na mesa todos contemplam
textos, verifica-se que eles têm em comum o fato de que esse romântico trabalho.
a) tratam do mesmo tema, embora com opiniões divergentes, Desgraçadamente falta uma letra,
expressas no primeiro texto por meio da ficção e, no segun- 7 uma letra somente
do, por análise sociológica. Para acabar teu nome!
b) foi usada, em ambos, linguagem de caráter moralista em de-
fesa de uma mesma tese: a literatura, muitas vezes, é nociva - Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
à formação do jovem estudante.
c) são utilizadas linguagens diferentes nos dois textos, que 10 Eu estava sonhando...
apresentam um mesmo ponto de vista: a literatura deixa ver E há em todas as consciências este cartaz amarelo:
o que se pretende esconder. “Neste país é proibido sonhar.”
d) a linguagem figurada é predominante em ambos, embora o
primeiro seja uma fábula e o segundo, um texto científico. ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.
e) o tom humorístico caracteriza a linguagem de ambos os tex-
tos, em que se defende o caráter pedagógico da literatura. Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predo-
minância das funções da linguagem no texto de Drummond,
pode-se afirmar que
15 a) por meio dos versos “ Ponho-me a escrever teu nome” (v.1)
Manuel Bandeira e “esse romântico trabalho” (v. 5), o poeta faz referências ao
seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas lirícos.
Filho de engenheiro, Manuel Bandeira foi obrigado a abandonar b) a linguagem essencialmente poética que constitui os versos
os estudos de arquitetura por causa da tuberculose. Mas a imi- “No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na
nência da morte não marcou de forma lúgubre sua obra, embora mesa todos contemplam” (v.3 e 4) confere ao poema uma at-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
constitutivos de uma cena realista.
c) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada
na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele dei-
xa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
d) em “Eu estava sonhando...”(v.10), o poeta demonstra que está
mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormen-
te e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocuto-
res do que em expressar algo sobre si mesmo.
e) no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v.12), o poeta aban-
dona a linguagem poética para fazer uso da função referen-
cial, informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” (v.11)
presente no local.
17
Canção amiga
18
Metáfora
Gilberto Gil
PIZA, D. Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista, nº1, 2007 (adapt.). Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilida-
de em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já
Neste texto, a função da linguagem predominante é sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trin-
ta e dois anos de idade.
a) emotiva, porque o texto é escrito em primeira pessoa do plural.
b) referencial, porque o texto trata das ciências biológicas, em que Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz
elementos como o clorofórmio e o computador impulsionaram o Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo
fazer científico. lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços
c) metalinguística, porque há uma analogia entre dois mundos dis- brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas
tintos: o das ciências biológicas e o da tecnologia. poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A
d) poética, porque o autor do texto tenta convencer seu leitor de que voz rouca e ácida, em dois planos: voz de pessoa da alta so-
o clorofórmio é tão importante para as ciências médicas quanto o ciedade.
computador para as exatas.
e) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, o redator MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
está tentando convencer o leitor de que é impossível trabalhar
sem computador, atualmente.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
como se organiza a própria composição textual, tendo-se em
vista o objetivo de seu autor: narrar, descrever, argumentar, ex-
plicar, instruir. No trecho, reconhece-se uma sequência textual
22
O American Idol islâmico
Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são
programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse pro-
blema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos
Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai
para o melhor poeta. O programa, que é transmitido pela Abu
Dhabi TV e tem 70 milhões de espectadores, é uma competi-
ção entre 48 poetas de 12 países árabes – em que o vencedor
leva um prêmio de US$ 1,3 milhão.
23
Diego Souza ironiza torcida do Palmeiras
O meia Diego Souza foi substituído no segundo tempo debaixo b) pela escolha temática do cartaz, cujo texto configura uma or-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de vaias dos torcedores palmeirenses e chegou a fazer gestos dem aos usuários e não usuários: diga não às drogas.
obscenos respondendo à torcida. Ao final do jogo, o meia che- c) pela ausência intencional do acento grave, que constrói a
gou a dizer que estava feliz por jogar no Verdão. ideia de que não é a droga que faz a cabeça do jovem.
— Eu não estou pensando em sair do Palmeiras. Estou muito d) pelo uso da ironia, na oposição imposta entre a seriedade do
feliz aqui — disse. tema e a ambiência amena que envolve a cena.
Perguntado sobre as vaias da torcida enquanto era substituído, e) pela criação de um texto de sátira à postura dos jovens, que
Diego Souza ironizou a torcida do Palmeiras. não possuem autonomia para seguir seus caminhos.
— Vaias? Que vaias? — ironiza o camisa 7 do Verdão, antes de
descer para os vestiários.
25
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 29 abr. 2010.
24
27
O acesso à educação profissional e tecnológica pode mu-
dar a vida de milhões de jovens em todo o país: há uma nova lei do
estágio. Com a nova lei, o governo federal define o estágio profissio-
nal como ato educativo e determina medidas para que esta ativida-
de contribua para familiarizar o futuro profissional com o mundo do
trabalho. Entre as medidas estabelecidas, estão: a obrigatoriedade
da supervisão por parte do professor da instituição de origem do
estudante com o auxílio de um profissional no local de trabalho, a
definição de jornada máxima de trabalho de quatro a seis horas.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
b) importância do desprendimento em relação ao dinheiro.
c) igualdade diante da relação pessoal com o dinheiro.
d) relevância dos cartões de crédito para as pessoas atualmente.
e) inquietação em relação ao materialismo.
32
Diz-se, em termos gerais, que é preciso “falar a mes-
ma língua”: o português, por exemplo, que é a língua que uti-
lizamos. Mas trata-se de uma língua portuguesa ou de várias
línguas portuguesas? O português da Bahia é o mesmo portu-
guês do Rio Grande do Sul? Não está cada um deles sujeito a
influências diferentes — linguísticas, climáticas, ambientais?
O português do médico é igual ao do seu cliente? O ambiente
social e o cultural não determinam a língua? Estas questões
levam à constatação de que existem níveis de linguagem. O
vocabulário, a sintaxe e mesmo a pronúncia variam segundo
esses níveis.
33
Árvore da Língua
mantra de Arnaldo Antunes, com os termos “língua” e “palavra” profundidade simultaneamente, já que não tem sequência defi-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cantados em vários idiomas. nida, mas liga textos não necessariamente correlacionados.
SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. Ano II, nº 6. São Paulo: Segmento, 2006. MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br. Acesso em: 29 jun. 2011.
O texto apresentado pertence ao domínio jornalístico. Sua finali- O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e o hi-
dade e sua composição estrutural caracterizam-no como pertexto pode ser considerado como um novo espaço de escrita
e leitura. Definido como um conjunto de blocos autônomos de
a) quadro informativo, pois apresenta dados sobre um objeto. texto, apresentado em meio eletrônico computadorizado e no
b) notícia, já que leva informação atual a um público específico. qual há remissões associando entre si diversos elementos, o
c) reportagem, porque enfoca um assunto de forma abrangente. hipertexto
d) legenda, porque descreve elementos e retoma uma informação.
e) entrevista, pois apresenta uma opinião sobre o local inaugurado. a) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos totalmente
abertos, desfavorece o leitor, ao confundir os conceitos cris-
talizados tradicionalmente.
34 b) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao desviar
o foco da leitura, pode ter como consequência o menosprezo
pela escrita tradicional.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CPI) c) exige do leitor um maior grau de conhecimentos prévios, por
Biblioteca Goiandira Ayres de Couto isso deve ser evitado pelos estudantes nas suas pesquisas
escolares.
d) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação especí-
Departamento Estadual de Trânsito de Goiás. fica, segura e verdadeira, em qualquer site de busca ou blog
Manual de primeiros socorros no trânsito / DETRAN-GO; oferecidos na internet.
(org.) Clives Pereira Sanches. Goiânia: DETRAN-GO, 2005 e) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura,
25 p. ; il. sem seguir sequência predeterminada, constituindo-se em
1. Primeiros Socorros. 2. Trânsito. 3. Acidentes. 4. atividade mais coletiva e colaborativa.
Emergências. I. Sanches, Clives Pereira. II. Título.
CDU: 351.88:656.11(81)
36
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamen-
Disponível em: http://www.scg.goias.gov.br. Acesso em: 28 jul. 2010. te importante para diminuir o risco de infarto, mas também
de problemas como morte súbita e derrame. Significa que
O exemplo de gênero textual citado é largamente utilizado em manter uma alimentação saudável e praticar atividade física
bibliotecas. Suas características o definem como pertencente regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver
ao gênero vários problemas. Além disso, é importante para o controle
da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no
a) aviso, por instruir o leitor a identificar o autor. sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a ca-
b) ficha, que é utilizada para identificar uma obra. pacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances
c) formulário, que contém informações sobre o autor. de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento
d) lista, por relacionar os assuntos da obra. médico e moderação, é altamente recomendável.
e) manual, que define os passos da busca.
ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.
No capricho
38
Entre ideia e tecnologia
SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, Ano II, nº 6, 2006.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
ele mandará o e-mail somente na próxima vez que for rodado.
43
TEXTO I
TEXTO II
Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio, o Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Texto II apresenta, em uma letra de canção, várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de
uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a fun-
a) estilo simples e marcado pela interlocução com o receptor, ção da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
típico da comunidade radiofônica.
b) lirismo na abordagem do problema, o que o afasta de uma a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
possível situação real de comunicação radiofônica. b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo
c) marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato de o dito.
texto pertencer a uma modalidade de comunicação dife- c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da men-
rente da radiofônica. sagem.
d) direcionamento do texto a um ouvinte específico, divergin- d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento
do da finalidade de comunicação do rádio, que é atingir as dos demais.
massas. e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da
e) objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrência comunicação.
rara de adjetivos, de modo a diminuir as marcas de subje-
tividade do locutor.
46
Logia e Mitologia
44
Meu coração
Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará. de mil e novecentos e setenta e dois
Ele está comprometido de monge. já não palpita fagueiro
De tarde deambula no azedal entre torsos de sabe que há morcegos de pesadas olheiras
cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros, que há cabras malignas que há
de rato ao pobre, vísceras de piranhas, baratas cardumes de hienas infiltradas
albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos, no vão da unha na alma
linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em um porco belicoso de radar
gotas de orvalho etc. etc. e que sangra e ri
Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento e que sangra e ri
Foi encontrado em osso. a vida anoitece provisória
Ele tinha uma voz de oratórios perdidos. centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002.
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema,
o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque O título do poema explora a expressividade de termos que re-
presentam o conflito do momento histórico vivido pelo poeta na
a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que
perdidos.
b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação a) o poeta utiliza uma serie de metáforas zoológicas com sig-
divina. nificado impreciso.
c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas b) ‘’morcegos’’, ‘’cabras’’ e ‘’hienas’’ metaforizam as vítimas do
e a tradição. regime militar vigente.
d) necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza. c) o ‘’porco’’, animal difícil de domesticar, representa os movi-
e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas. mentos de resistência.
d) o poeta caracteriza o momento de opressão através de ale-
gorias de forte poder de impacto.
45 e) ‘’centuriões’’ e ‘’sentinelas’’ simbolizam os agentes que ga-
Desabafo rantem a paz social experimentada.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
– que são gratuitos – cresceu 1 480% nos últimos sete anos e
tem aumentado ano a ano.
48
Aquele bêbado
49
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
nas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acen- a) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
der mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequên-
sol, esquece o ar, esquece a amplidão. cia.
b) temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de
COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em
questão.
A progressão é garantida nos textos por determinados recur- c) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes
sos linguísticos, e pela conexão entre esses recursos e as de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstân-
ideias que eles expressam. Na crônica, a continuidade textual cias apresentadas na outra.
é construída, predominantemente, por meio d) adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um
texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa
a) do emprego de vocabulário rebuscado, possibilitando a ele- distinta e oposta à outra.
gância do raciocínio. e) finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um
b) da repetição de estruturas, garantindo o paralelismo sintá- texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma
tico e de ideias. ação e a outra, o desfecho da mesma.
c) da apresentação de argumentos lógicos, constituindo blo-
cos textuais independentes.
d) da ordenação de orações justapostas, dispondo as informa- 51
ções de modo paralelo.
e) da estruturação de frases ambíguas, construindo efeitos de
sentido opostos.
50
Labaredas nas trevas
Fragmentos do diário secreto de
Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski LAERTE. Disponível em: http://claudiagiron.blog.terra.com.br. Acesso em: 8 set. 2011.
Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. a) transformação da inércia em movimento por meio do balanço.
Envio-lhe uma carta: ‘’Acredite-me, prezado senhor, nenhum b) universalização do enunciador por meio do uso da primeira
jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, pessoa do plural.
ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da c) polissemia da palavra balanço, ou seja, seus múltiplos sentidos.
sugestão. [...] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba d) pressuposição de que o ócio é melhor que o trabalho.
quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os e) metaforização da vida como caminho a ser seguido conti-
jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não nuamente.
existe.’’
20 DE DEZEMBRO [1919]
52
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reco- pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao ver-
nhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se bo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se,
passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos. Esses pronomes podem assumir
o esqueço. E parece que outros também não. The London Mer- três posições na oração em relação ao verbo. Próclise, quando
cury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de o pronome é colocado antes do verbo, devido a partículas atra-
um livro que, segundo eles, foi ‘’um fenômeno hoje esquecido’’ tivas, como o pronome relativo. Ênclise, quando o pronome é
e me pediram um artigo. colocado depois do verbo, o que acontece quando este estiver
no imperativo afirmativo ou no infinitivo impessoal regido da
FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: preposição “a” ou quando o verbo estiver no gerúndio. Me-
Companhia das Letras, 1992 (fragmento). sóclise, usada quando o verbo estiver flexionado no futuro do
presente ou no futuro do pretérito.
Na construção de textos literários, os autores recorrem com
frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enun- A mesóclise é um tipo de colocação pronominal raro no uso
ciado metafórico ‘’Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de coloquial da língua portuguesa. No entanto, ainda é encontra-
jornal’’, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do da em contextos mais formais, como se observa em:
texto em questão, uma relação semântica de
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
b) Faz muito tempo que lhe falei essas coisas.
c) Nunca um homem se achou em mais apertado lance.
d) Referia-se à D. Evarista ou tê-la-ia encontrado em algum
outro autor?
e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar ao
serviço imediatamente.
53
c) “O volume despejado” (ℓ. 11) retoma “a composição química poema de Mário de Andrade, a correlação entre um recurso
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do planeta que orbita.” (ℓ. 9), segmento apresentado na frase formal e um aspecto da significação do texto é
imediatamente anterior.
d) “O fenômeno” (ℓ. 17) remete o leitor para “transparência dos a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à suces-
vapores” (ℓ. 20), segmento que é apresentado na frase se- são de cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da
guinte. viagem.
e) “esse encargo e achado” (ℓ. 21) retoma “avanço da tecnolo- b) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema,
gia” (ℓ. 18), segmento presente na porção anterior do texto. que acentua o ritmo acelerado da modernidade.
c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica,
que reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e
54 retomadas de movimento.
d) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que re-
presenta a tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem.
Agora eu era herói e) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos
E o meu cavalo só falava inglês. modernistas, que aproxima a linguagem do poema da lingua-
A noiva do cowboy gem cotidiana.
Era você, além das outras três.
Eu enfrentava os batalhões,
Os alemães e seus canhões.
56
Guardava o meu bodoque Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando
E ensaiava o rock para as matinês. o sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O
principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento
CHICO BUARQUE. João e Maria, 1977 (fragmento). materno. Além do sentimento muito forte manifestado pelas
gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da
Nos terceiro e oitavo versos da letra da canção, constata-se família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem
que o emprego das palavras cowboy e rock expressa a influ- falar nas companheiras na maternidade que estão amamen-
ência de outra realidade cultural na língua portuguesa. Essas tando. Esses conflitos constituem nosso maior desafio. Assim,
palavras constituem evidências de criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É substituir o
seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito!
a) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de ha-
bitantes de uma determinada região. PADOIN, S. M. M. et al. (Org.) Experiências interdisciplinares em Aids:
b) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de interfaces de uma epidemia. Santa Maria: UFSM, 2006 (adaptado).
uma palavra oriunda de outra língua.
c) jargão profissional, ao evocar a linguagem de uma área es- O texto é o relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e
pecífica do conhecimento humano. mães soropositivas. Nesse relato, em meio ao drama de mães
d) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos que não devem amamentar seus recém-nascidos, observa-se
da história da língua. um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra
e) estrangeirismo, que significa a inserção de termos de outras “mamadeirar”, que consiste
comunidades linguísticas no português.
a) na manifestação do preconceito linguístico.
b) na recorrência a um neologismo.
55 c) no registro coloquial da linguagem.
d) na expressividade da ambiguidade lexical.
e) na contribuição da justaposição na formação de palavras.
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, estou sem.
57
Depois sobe um homem,
No banco sentou, Câncer 21/06 a 21/07
Companheiro vou.
O bonde está cheio, O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua auto-
De novo porém estima e no seu modo de agir. O corpo indicará onde você falha
Não sou mais ninguém. — se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que
ficou guardado virá à tona para ser transformado, pois este novo
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações,
já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação
Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se:
linguísticos participem do significado do texto, isto é, forma e palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também
conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao na vida amorosa, que será testada. Melhor conter as expectativas
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
Sentirá vontade de olhar além das questões materiais — sua con-
fiança virá da intimidade com os assuntos da alma.
58
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se de-
senvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores cha-
madas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto
e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que
regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua
reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
59 S.O.S Português
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, abr. 2010 (fragmento
adaptado).
O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
62
Transtorno do comer compulsivo
a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando
visam à adesão ao consumo. uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar
b) definir regras de comportamento social pautadas no combate com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo
ao consumismo exagerado. é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais fre-
c) defender a importância do conhecimento de informática pela quentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade.
população de baixo poder aquisitivo. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tra-
d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes tamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de
sociais economicamente desfavorecidas. transtorno do comer compulsivo.
e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máqui-
na, mesmo a mais moderna. Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa,
olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as
sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas.
64
Texto I
Texto I
Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II procuram d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
textos diversos para dar conta das necessidades cotidianas
de comunicação. Assim, para utilizar-se de algum gênero tex-
tual, é preciso que conheçamos os seus elementos. A carta
de leitor é um gênero textual que
68
69
Grupo Escolar de Palmeiras do de intensificação, construindo a ideia de
3º anno 18-11-911
Descripção J B Pereira a) opressão física e moral, que gera rancor nos meninos.
b) repressão policial e social, que gera apatia nos meninos.
A nossa bandeira c) polêmica judicial e midiática, que gera confusão entre os
“Auri verde pendão de minha terra meninos.
Que a brisa do Brasil beija e balança d) concepção educacional e carcerária, que gera comoção
Estandarte que a luz do sol encerra nos meninos.
As promessas divinas da Esperança.” e) informação crítica e jornalística, que gera indignação en-
tre os meninos.
A bandeira brazileira é a mais bonita de todas:
vou descrevel-a. O rectangulo verde indica a cor de nossas mattas. O losango
amarello indica a cor das riquezas naturais que o nosso caro Brazil encerra como
o ouro. No centro da bandeira vê-se uma esphera azul que indica a terra e as
estrellas que se acham dentro da esphera representam os estados. Na faixa dentro 71 Novas tecnologias
da esphera está escripto o lema Ordem e Progresso, o qual representa a base da
republica e a organização do povo brazileiro. Salve! Bandeira Brazileira Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das
novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às ativi-
GRUPO ESCOLAR DE PALMEIRAS. Redações de Maria Anna de Blase e J.B. Pereira dades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o
sobre a Bandeira Nacional. Palmeiras (SP), 18 nov. 1911. futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total
Acervo APESP. Coleção DAESP. C10279. Disponível em: www.arquivoestado.sp.gov.br. com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os
Acesso em: 15 maio 2013. (adaptado)
em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo
carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão
O documento foi retirado de uma exposição on-line de manus-
festejado.
critos do estado de São Paulo do início do século XX. Quanto à
relevância social para o leitor da atualidade, o texto
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um apa-
relho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista con-
a) funciona como veículo de transmissão de valores patrió-
trolador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de
ticos próprios do período em que foi escrito.
dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de
b) cumpre uma função instrucional de ensinar regras de
dependência mútua com os veículos de comunicação, que se
comportamento em eventos cívicos.
estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal
c) deixa subentendida a ideia de que o brasileiro preserva
transformado em objeto público de entretenimento.
as riquezas naturais do país.
d) argumenta em favor da construção de uma nação com
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão,
igualdade de direitos.
somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a
e) apresenta uma metodologia de ensino restrita a uma de-
esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na
terminada época.
qual tanto controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em http://observatoriodaimpressa.
com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).
70 Querô
Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma
DELEGADO: Então desce ele. Vê o que arrancam desse sacana. base de orientação linguística que permita alcançar os leito-
SARARÁ: Só que tem um porém. Ele é menor. res e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido.
DELEGADO: Então vai com jeito. Depois a gente entrega pro Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em
juiz. destaque objetiva
(Luz apaga no delegado e acende no repórter, que se dirige ao
público.) a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que
REPÓRTER: E o Querô foi espremido, empilhado, esmagado de ambos usam as novas tecnologias.
corpo e alma num cubículo imundo, com outros meninos. Me- b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasilei-
ninos todos espremidos, empilhados, esmagados de corpo e ra esteja aprisionada às novas tecnologias.
alma, alucinados pelos seus desesperos, cegados por muitas c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as
aflições. Muitos meninos, com seus desesperos e seus ódios, pessoas são controladas pelas novas tecnologias.
empilhados, espremidos, esmagados de corpo e alma no imun- d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele
do cubículo do reformatório. E foi lá que o Querô cresceu. manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por
MARCOS, P. Melhor teatro. São Paulo: Global, 2003 (fragmento). deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas.
73 Jogar limpo
d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a c) No rancho fundo / Bem pra lá do fim do mundo / Onde a
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
qual se concretiza no emprego da linguagem conotativa. dor e a saudade / Contam as coisas da cidade. (No rancho
e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza fundo, Ary Barroso e Lamartine Babo)
no leitor ao não desenvolver explicitamente o raciocínio d) Baby Baby / Não adianta chamar / Quando alguém está
a partir de argumentos. perdido / Procurando se encontrar. (Ovelha negra, Rita
Lee)
e) Pois há menos peixinho a nadar no mar / Do que os beiji-
74 A diva nhos que eu darei / Na sua boca. (Chega de saudade, Tom
Jobim e Vinicius de Moraes)
Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha, 76
tou podre. Outro dia a gente vamos.
Falou meio triste, culpada, A preguiça é a mãe de
e um pouco alegre por recusar com orgulho. todos os vícios, mas uma
TEATRO! Disse no espelho. mãe é uma mãe e é preciso
respeitá-la, pronto!
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita
Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com.br. Acesso em: 21 set. 2011.
diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas caracte-
rísticas específicas, bem como na situação comunicativa em Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o
que ele é produzido. Assim, o texto A diva efeito de humor está indicado pelo(a)
a) narra um fato real vivido por Maria José. a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a que-
b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético. bra da expectativa ao final.
c) relata uma experiência teatral profissional. b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa
d) descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora. e efeito entre as ações.
e) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral. c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguida-
de dos sentidos a ele atribuídos.
d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um trata-
75 mento formal do filho em relação à “mãe”.
Mesmo tendo a trajetória do movimento interrompida
e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de
com a prisão de seus dois líderes, o tropicalismo não deixou
adição existente entre as orações.
de cumprir seu papel de vanguarda na música popular brasi-
leira. A partir da década de 70 do século passado, em lugar
do produto musical de exportação de nível internacional pro-
metido pelos baianos com a “retomada da linha evolutória”, 77
Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe
instituiu-se nos meios de comunicação e na indústria do lazer nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu
uma nova era musical. da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Eu-
TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. ropa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o
São Paulo: Art, 1986 (adaptado). italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo
derivado do latim medieval influentia, que significava “influên-
A nova era musical mencionada no texto evidencia um gênero cia dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a for-
que incorporou a cultura de massa e se adequou à realidade ma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que
brasileira. Esse gênero está representado pela obra cujo tre- fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do
cho da letra é: organismo infectado.
a) A estrela d’alva / No céu desponta / E a lua anda tonta RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.
/ Com tamanho esplendor. (As pastorinhas, Noel Rosa e
João de Barro) Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é
b) Hoje / Eu quero a rosa mais linda que houver / Quero a preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos.
primeira estrela que vier / Para enfeitar a noite do meu Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela
bem. (A noite do meu bem, Dolores Duran) retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O frag-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
78
Na verdade, o que se chama genericamente de índios
é um grupo de mais de trezentos povos que, juntos, falam mais
de 180 línguas diferentes. Cada um desses povos possui dife-
rentes histórias, lendas, tradições, conceitos e olhares sobre a
vida, sobre a liberdade, sobre o tempo e sobre a natureza. Em
comum, tais comunidades apresentam a profunda comunhão
com o ambiente em que vivem, o respeito em relação aos indi-
víduos mais velhos, a preocupação com as futuras gerações,
e o senso de que a felicidade individual depende do êxito do
grupo. Para eles, o sucesso é resultado de uma construção
coletiva. Estas ideias, partilhadas pelos povos indígenas, são
indispensáveis para construir qualquer noção moderna de ci-
vilização. Os verdadeiros representantes do atraso no nosso
país não são os índios, mas aqueles que se pautam por visões
preconceituosas e ultrapassadas de “progresso”.
79
Seca d’água
83
A tentação é comer direto da fonte. A tentação é comer
direto na lei. E o castigo é não querer mais parar de comer, e
comer-se a si próprio que sou matéria igualmente comível.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.
O romance A Paixão Segundo G. H. é a tentativa de dar forma
ao inenarrável, esbarrando a todo momento no limite intrans-
ponível das palavras. Tal paradoxo, vale dizer, é o que funda
toda literatura clariciana.
ROSENBAUM, Y. No território das pulsões. In: Clarice Lispector. Cadernos de Literatura
Brasileira. Instituto Moreira Salles. Edição Especial, cadernos 17 e 18, dez. 2004, p. 266.
A repetição de palavras é um dos traços constantes na obra a) “Nem foi tempo perdido/ Somos tão jovens”.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de Clarice Lispector e remete à impossibilidade de descrever a b) “Todos os dias antes de dormir/ Lembro e esqueço como
experiência vivida. A repetição de “comer”, no trecho citado, foi o dia”.
sugere c) “Todos os dias quando acordo,/ Não tenho mais o tempo
que passou”.
a) união de significados contrários realizados para reforçar d) “Então me abraça forte/ E diz mais uma vez/ Que já esta-
o sentido da palavra. mos distantes de tudo”.
b) realce de significado obtido pela gradação de diferentes e) “O que foi escondido é o que se escondeu,/ E o que foi
expressões articuladas em sequência. prometido, ninguém prometeu”.
c) ausência de significação em consequência do acréscimo
de novas expressões relacionadas em cadeia.
d) equívoco no emprego do verbo em consequência do acú- 85
As mãos de Ediene
mulo de significados relacionados em sequência.
e) uniformidade de sentido expressa pela impossibilidade
Ediene tem 16 anos, rosto redondo, trigueiro, índio e bonito das
de transformação do significado denotativo do verbo.
meninas do sertão nordestino. Vaidosa, põe anéis nos dedos
e pinta os lábios com batom. Mas Ediene é diferente. Jamais
abraçará, não namorará de mãos dadas e, se tiver filhos, não
os aconchegará em seus braços para dar-lhes o calor e o ali-
84 mento dos seios da mãe. A razão é simples: Ediene não tem
Tempo Perdido
braços. Ela os perdeu numa maromba, máquina do século
Todos os dias quando acordo, passado, com dois cilindros de metal que amassam barro para
Não tenho mais o tempo que passou fazer telhas e tijolos numa olaria. Os dedos que enche de anéis
Mas tenho muito tempo: são os dos pés, com os quais escreve, desenha e passa ba-
Temos todo o tempo do mundo. tom nos lábios. Ela é uma das centenas de crianças mutiladas
todos os anos, trabalhando como gente grande em troca de
Todos os dias antes de dormir, minguados cobres.
Lembro e esqueço como foi o dia:
UTZERI, F. As mãos de Ediene. Jornal do Brasil, Caderno B, 2 dez. 1999 (adaptado).
(...)
Nosso suor sagrado Os recursos estilísticos de um texto servem para torná-lo este-
É bem mais belo que esse sangue amargo ticamente mais eficaz. Em As mãos de Ediene, o autor alcança
(...) esse objetivo ao coordenar adjetivos no 1.° período. Tal proce-
Veja o sol dessa manhã tão cinza: dimento busca
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos castanhos a) despertar no leitor, desde o início, simpatia pela menina.
b) chamar a atenção para problemas do sertão nordestino.
Então me abraça forte c) despertar o interesse do leitor pela maromba.
E diz mais uma vez d) valorizar a situação vivida por Ediene.
Que já estamos distantes de tudo: e) revelar problemas de ordem social.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
O que é necessário para transformar o não em sim?
Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.
E quando o problema parece insolúvel, quando o desafio é mui-
to duro, dizer: vamos lá.
87
Manta que costura causos e histórias no seio
de uma família serve de metáfora da memória
em obra escrita por autora portuguesa
89
quadros, e a velha manta.
b) descrição detalhada dos aspectos físicos da manta, como
cor e tamanho dos retalhos.
c) valorização da manta como objeto de herança familiar
disputado por todos.
d) comparação entre a manta que protege do frio e a manta
que aquecia os pés das crianças.
e) correlação entre os retalhos da manta e as muitas histó-
rias de tradição oral que os formavam.
88
Lusofonia
44% 28%
...e um fator determinante é que cada vez mais pessoas nes-
sa idade estão no mercado de trabalho, o que lhes garante
a independiencia financeira necessária para o matrimônio.
Em 2003 Hoje*
31% 38%
Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT)
*Com base no último dado disponível, de 2008
91
Logo todos na cidade souberam: Halim se embeiçara
por Zana. As cristãs maronitas de Manaus, velhas e moças,
não aceitavam a ideia de ver Zana casar-se com um muçul-
mano. Ficavam de vigília na calçada do Biblos, encomendavam
novenas para que ela não se casasse com Halim. Diziam a
Deus e ao mundo fuxicos assim: que ele era um mascate, um
teque-teque qualquer, um rude, um maometano das montanhas
do sul do Líbano que se vestia como um pé rapado e matra-
queava nas ruas e praças de Manaus. Galib reagiu, enxotou as
beatas: que deixassem sua filha em paz, aquela ladainha pre-
judicava o movimento do Biblos. Zana se recolheu ao quarto.
Os clientes queriam vê-la, e o assunto do almoço era só este: a
reclusão da moça, o amor louco do “maometano”.
HATOUM, M. Dois irmãos. São Paulo: Cia. das Letras, 2006 (fragmento).
financeiro. 93
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
92
Brasil é o maior desmatador,
mostra estudo da ONU
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
tegram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na
mesma tecla — uma variação sobre o mesmo tema: a maneira
tradicional e errada de ensinar a língua materna.
SCARTON, G. Disponível em: www.portugues.com.br. Acesso em: 26 out. 2011 (fragmento).
95
Pesquisa da Faculdade de Educação da USP mostrou
que quase metade dos alunos que ingressam nos cursos de
licenciatura em Física e Matemática da universidade não estão
dispostos a tornar-se professores. O detalhe inquietante é que
licenciaturas foram criadas exatamente para formar docentes.
96 98 O exercício da crônica
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquen-
ta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem. Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz
um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou
porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino.
No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo Senta-se ele diante de sua máquina, olha através da janela e bus-
narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite ca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência co-
identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a) lhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas
artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada
a) diário, por trazer lembranças pessoais. houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, atra-
b) fábula, por apresentar uma lição de moral. vés de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica,
c) notícia, por informar sobre um acontecimento. provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente desperta-
d) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras. dos pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao
e) crônica, por tratar de fatos do cotidiano. assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato
de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
97
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara
na janela em crônica de jornal — eu não fazia isso há muitos Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui
anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica al- a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
gumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara es- d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crô-
crevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. nica.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de
ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, ou- uma crônica.
tros rendem um montão de recados: “Você escreveu exata-
mente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus
99
pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com O negócio
minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses
tempos andava meio assim: é como me botarem no colo — Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às do-
também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo nas que se abastecem de pão e banana:
por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo — Como é o negócio?
ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam aca- De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é
bar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério uma promessa a recusa:
ser sério... mesmo quando parece que estou brincando: essa é — Deus me livre, não! Hoje não...
uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos Abílio interpelou a velha:
e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais — Como é o negócio?
secreto de calar. Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o
trato. Com a dona Julietinha foi assim. Ele se chegou:
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004. — Como é o negócio?
Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Ma-
Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a nhã cedinho saltou a cerca. Sinal combinado, duas batidas na
articulação entre suas partes. Quanto à construção do frag- porta da cozinha. A dona saiu para o
mento, o elemento Quintal, cuidadosa de não acordar os filhos. Ele trazia a capa
de viagem, estendida na grama orvalhada.
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crô- O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar
nica de jornal”. a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas pancadas fortes na
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. porta. O marido em viagem, mas não era dia do Abílio. Descon-
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. fiada, a moça surgiu à janela e o vizinho repetiu:
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus — Como é o negócio?
pais”. Diante da recusa, ele ameaçou:
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”. — Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu
conto!
TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento).
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
crônica tem um caráter
100
Ave a raiva desta noite
A baita lasca fúria abrupta
Louca besta vaca solta
Ruiva luz que contra o dia
Tanto e tarde madrugada.
LEMINSKI, P. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 2002 (fragmento).
101
Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o
Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa
história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa
vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.
BILAC, O. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.
Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — a) criticar o teor das informações fatuais até ali veiculadas.
colunista que tem um talento raro — em seu texto “E a mãe b) questionar a validade das ideias apresentadas anteriormente.
ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem). c) comprovar a veracidade das informações expressas anterior-
mente.
Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm d) introduzir argumentos que reforçam o que foi dito anterior-
atitudes diversas. Ou não a procuram mais, porque essa é uma mente.
forma de negar que um dia perderão o amparo materno, ou e) enfatizar o contrassenso entre o que é dito antes e o que vem
resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm em seguida.
medo de perdê-la sem ter retribuído plenamente o amor que
receberam.
104
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012. Entrevista — Tony Bellotto
a) ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as mães, O que o atraiu na proposta de Afinando a língua?
especialmente na velhice. No começo, em 1999, a ideia era fazer um programa que falasse
b) Influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer agir de língua portuguesa usando a música como atrativo, principal-
segundo um modelo sugerido. mente, para os jovens. Com o passar do tempo, ele foi se trans-
c) informar sobre os idosos e sobre seus sentimentos e neces- formando num programa sobre a linguagem usada em letras de
sidades. música, no jornalismo, na literatura de ficção e na poesia. Como
d) avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal ou não sou um cara de TV, trago a experiência de escritor e músico,
de revista. e sempre participo de forma mais ativa do que como um mero
e) apresentar nova publicação, visando divulgá-la para leitores apresentador. Estou nas reuniões de pauta e faço sugestões nos
de jornal. roteiros. Mas o conteúdo é feito pelo pessoal do Futura.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
105
Hipertextualidade
107 reciclagem.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem
e ainda sem definição que lhe apenhe em todas as pétalas o c) “também” antecede um argumento a favor da reciclagem.
significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a d) “afinal” retoma uma finalidade para o uso de matérias-primas.
prática, tome se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sen- e) “então” reforça a ideia de escassez de matérias-primas na
graçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, im- natureza.
portuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob
mais que, tratando se de palavra inventada, e, como adiante
se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos,
109
começa ele por se negar nominalmente a própria existência. Senhora
ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).
— Mãe, noooosssa! Esse seu cabelo novo ficou lindo! Parece
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se que você é, tipo, mais jovem!
a predominância de uma das funções da linguagem, identifi- — Jura, minha filha? Obrigada!
cada como — Mas aí você vira de frente e aí a gente vê que, tipo, não é, né?
— Coisa linda da mamãe!
a) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial Esse diálogo é real. Claro que achei graça, mas o fato de envelhe-
usar a língua portuguesa para explicar a própria língua, por cer já não é mais segredo para ninguém.
isso a utilização de vários sinônimos e definições. Um belo dia, a vendedora da loja te pergunta: “A senhora quer
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo dis- pagar como?” Senhora? Como assim?
correr sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao Eu sempre fui a Marcinha! Agora eu sou a dona Márcia! Sim, o
leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa. porteiro, o motorista de táxi, o jornaleiro, o garçom, o mundo intei-
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabele- ro resolveu ter um respeito comigo que eu não pedi!
cimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos CABRITA, M. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 11 ago. 2012 (fragmento).
termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, A exploração de registros linguísticos é importante estratégia
necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hi- para o estabelecimento do efeito de sentido pretendido em deter-
potrélico”. minados textos. No texto, o recurso a diferentes registros indica
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetivi-
dade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”. a) mudança na representação social do locutor.
b) reflexão sobre a identidade profissional da mãe.
c) referência ao tradicionalismo linguístico da autora do texto.
108 d) elogio às situação vivenciadas pela personagem mãe.
Reciclar é só parte da solução e) compreensão do processo de envelhecimento como algo pra-
zeroso.
O lixo é um grande problema da sustentabilidade. Literalmente:
todos os anos, cada brasileiro produz 385kg de resíduos - dá 61
milhões de toneladas no total. O certo seria tentar diminuir ao má- 110
ximo essa quantidade de lixo. Ou seja, em vez de ter objetos reci- E-mail no ambiente de trabalho
cláveis, o ideal seria produzir sempre objetos reutilizáveis, o que
diminui os resíduos. Mas, enquanto isso não acontece, temos T. C., consultor e palestrante de assuntos ligados ao mercado
que nos contentar com a reciclagem. E é aí que vem um detalhe de trabalho, alerta que a objetividade, a organização da men-
perigoso: reciclar o lixo também polui o ambiente e gasta energia. sagem, sua coerência e ortografia são pontos de atenção fun-
Reciclar vidro, por exemplo, é 15% mais caro do que produzi-lo a damentais para uma comunidade virtual eficaz.
partir de matérias-primas virgens. Afinal, é feito basicamente de
areia, soda e calcário, que são abundantes na natureza. Então, E, para evitar que erros e falta de atenção resultem em saias
nenhuma empresa tem interesse em reciclá-lo. Já o alumínio é justas e situações constrangedoras, confira cinco dicas para
um supernegócio, porque economiza muita energia. usar o e-mail com bom senso e organização:
HORTA, M. Disponível em: http://super.abril.com.br . Acesso em: 25 maio 2012.
1. Responda às mensagens imediatamente após rece-
O emprego adequado dos elementos de coesão contribui para bê-las.
a construção de um texto argumentativo e para que os objetivos 2. Programe sua assinatura automática em todas as res-
pretendidos pelo autor possam ser alcançados. A análise desses postas e encaminhamentos.
elementos no texto mostra que o conectivo 3. Ao final do dia, exclua as mensagens sem importância
e arquive as demais em pastas previamente definidas.
a) “ou seja” introduz um esclarecimento sobre a diminuição da 4. Utilize o recurso de “confirmação de leitura” somente
quantidade de lixo. quando necessário.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).
111
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me
lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.
112
Resumo
113 115
É possível ter cãibras no coração? Tragédia anunciada
É impossível ter cãibras no coração, apesar de ser comum pa- Entraves burocráticos, incompetência administrativa, conveni-
cientes se queixarem de dores semelhantes a uma contratura ências políticas e contingenciamento indiscriminado de gastos
no órgão. A musculatura cardíaca é diferente da musculatura estão na raiz de um dos graves males da administração pública
esquelética das pernas e braços, onde sentimos as cãibras. brasileira, que é a dificuldade do Estado de transformar recur-
Isso porque o coração possui um tipo especial de fibra muscu- sos previstos no Orçamento em investimentos reais.
lar estriada, que tem movimento involuntário. O órgão contrai e
relaxa automaticamente. Não há registro de casos em que ele Exemplo dessa inépcia político-administrativa é a baixa execu-
permaneça contraído sem relaxamento imediato, que é como ção de verbas destinadas a obras de prevenção de desastres
a cãibra se apresenta. naturais — como controle de cheias, contenção de encostas
e combate à erosão.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jun. 2012 (fragmento).
As dificuldades para planejar e realizar as obras de prevenção
Os conectivos são elementos fundamentais para a ligação de terminam por onerar o governo. Acaba saindo mais caro para
palavras e orações no texto. Contextualmente, o conectivo os cofres públicos remediar ocorrências que poderiam ter sido
“apesar de” (l. 1) expressa evitadas.
a) explicação, porque apresenta os motivos que impossibilitam A nota positiva é que o Centro Nacional de gerenciamento de
o aparecimento de cãibras no coração. Riscos e Desastres (Cenad) foi inaugurado em agosto pela pre-
b) concessão, pois introduz uma ideia contrária à afirmação “é sidente Dilma Rousseff.
impossível ter cãibras no coração”.
c) causa, tendo em vista que introduz a razão da manifestação O órgão já emitiu alertas a mais de 400 municípios e prepara-
da doença no coração. -se para aperfeiçoar seu sistema de monitoramento. De pouco
d) conclusão, já que finaliza a afirmação “é impossível ter valerão esses esforços se o descaso e a omissão continuarem
câimbras no coração” a contribuir para a sinistra contabilidade de vítimas que se re-
e) consequência, uma vez que apresenta os efeitos das cãi- pete a cada ano.
bras.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012 (adaptado).
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
Um projeto:
Editora