4 Arte Expressão Das Ideias e Emoções

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Linguagens, Códigos

e suas Tecnologias

COMPETÊNCIA
4

Arte: expressão das


ideias e emoções
Competência de área 4
Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do
mundo e da própria identidade.

H12 - Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 - Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 - Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações
Organizador:
de vários grupos sociais e étnicos.
Mateus Prado
Expediente Edição L4-B

Idealizador e Organizador: Mateus Prado

Diretor de Criação: José Geraldo da Silva Junior

Projeto Gráfico: Daniel Paiva

Designers: Daniel Paiva e Lucas Paiva


Linguagens

Nota:
Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, por se tratarem de questões já utilizadas nas
provas do ENEM, podem ocorrer casos de erros gramaticais ou discussões quanto à exatidão das respostas e conceitos
empregados nas questões.  Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao
Cliente ([email protected]), para que possamos esclarecer ou encaminhar cada caso.
Arte: Expressão das Ideias e Emoções
COMPETÊNCIA
4

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da
própria identidade.

Nessa competência o ENEM espera que o aluno compreenda que a produção artística está relacionada com a organi-
zação da sociedade. O momento histórico, a experiência de relação entre os grupos étnicos, o contexto social e econômico
influenciam a forma que o artista expressa suas ideias e emoções. A produção cultural não é um fenômeno que anda separado
da vida em sociedade, pelo contrário, ela reforça os laços de identidade dos grupos e integra-os ao mundo gerando significados
para tais grupos e para os demais que entram em contato com a produção artística.
É fundamental que o aluno tenha sensibilidade para valorizar a diversidade cultural e compreender que a arte é capaz de
facilitar as inter-relações entre grupos étnicos e sociais. Essa sensibilidade só pode ser adquirida com a leitura e contato com as
diversas linguagens artísticas: as artes visuais, a dança, a música e o teatro. Nesse sentido, o aluno que sempre teve contato com
essas linguagens terá mais facilidade para resolver as questões dessa competência.
É importante valorizar a questão da pluralidade expressada nas produções estéticas e artísticas das minorias sociais e
dos portadores de necessidades especiais educacionais. As questões da inclusão, diversidade e multiculturalidade costumam
aparecer bastante no ENEM e espera-se que o aluno se posicione de forma ética.

Propondo essa competência, o ENEM quer saber se você é capaz de:

• Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
• Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
• Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de
vários grupos sociais e étnicos.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 3


Linguagens
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Desenvolvendo e aprimorando habilidades e competências

1.“Guernica” é um quadro do pintor cubista Pablo Picasso que apresenta uma situação ocorrida durante a Guerra Civil Espa-
nhola. Procure entender o que foi o Cubismo e qual a posição de Picasso em relação àquela guerra.
2.Em 1922, o Brasil teve um dos seus mais importantes movimentos culturais. Pesquise qual foi esse movimento, quais foram
suas motivações, seus principais representantes e suas principais obras.
3.Entre o século XVII e o início do século XIX desenvolveu-se no Brasil o estilo artístico conhecido como Barroco. A igreja
católica utilizou o estilo para propagar suas imagens e ideias. Tente compreender quais foram as estratégias da igreja para
tal questão.
4.Liste os principais representantes e obras da pintura, da escultura, da arquitetura, da música, da literatura e do teatro no
Brasil. Indique quais as influências sociais e históricas que cada um deles teve.

Separe alguns dos trechos mais representativos do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e fotos, textos e músicas mais
representativas do livro e áudio “Terra”, de Sebastião Salgado, José Saramago e Chico Buarque. Também selecione trechos
que se relacionem com os temas dos materiais propostos no livro Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto.
Divida a sala em grupos e proponha um debate sobre quais eventos/situações sociais, políticas e econômicas motivaram tais
produções artísticas.

4 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


e)

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ATIVIDADES

1
Os melhores críticos da cultura brasileira trataram-na Gougon. Disponível em:
http://www.ocaixote.com.br. Acesso
sempre no plural, isto é, enfatizando a coexistência no Brasil em: 5 set. 2009.
de diversas culturas. Arthur Ramos distingue as culturas não
europeias (indígenas, negras) das europeias (portuguesa,
italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis:
crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de Brasis sulinos, a cada 2
A música pode ser definida como a combinação de
um deles correspondendo uma cultura específica. sons ao longo do tempo. Cada produto final oriundo da infini-
dade de combinações possíveis será diferente, dependendo da
MORAIS, F. O Brasil na visão do artista: o país e sua cultura. escolha das notas, de suas durações, dos instrumentos utiliza-
São Paulo: Sudameris, 2003. dos, do estilo de música, da nacionalidade do compositor e do
período em que as obras foram compostas.
Considerando a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários
Brasis, a opção em que a obra mostrada representa a arte bra-
sileira de origem negro-africana é:

a)

Figura 1 Figura 2

Rubem Valentim. Disponível


em:http://www.ocaixote.com.br.
Acesso: em 9 jul. 2009.

b) 

Athos Bulcão. Disponível em:


http://www.irbr.mre.gov.br. Acesso: Figura 3 Figura 4
em 9 jul. 2009.

Figura 1 - http://images.quebarato.com.br/photps/big/2/D/15A12D_2.jpg.
c) Figura 2 - http://ourinhos.prefeituramunicipal.net/dados/fotos/2009/07/07/normal.
Figura 3 - http://www.edmontonculturalcapital.com/gallery/edjazzfestival/JazzQuartet.jpg.
Figura 4 - http://filmica.com/jacintaescudos/archivos/Led-Zeppelin.jpg.

Das figuras que apresentam grupos musicais em ação, po-


de-se concluir que o(os) grupo(s) mostrado(s) na(s) figura(s)
Rubens Gerchman. Disponível em:
http://www.itaucultural.org. Acesso em: a) 1 executa um gênero característico da música brasileira, co-
6 jul. 2009.
nhecido como chorinho.
b) 2 executa um gênero característico da música clássica, cujo
d) compositor mais conhecido é Tom Jobim.
c) 3 executa um gênero característico da música europeia, que
tem como representantes Beethoven e Mozart.
d) 4 executa um tipo de música caracterizada pelos instrumen-
tos acústicos, cuja intensidade e nível de ruído permanecem
na faixa dos 30 aos 40 decibéis.
e) 1 a 4 apresentam um produto final bastante semelhante, uma
Victor Vassarely. Disponível em:
http://www.masterworksfineart.com. vez que as possibilidades de combinações sonoras ao longo
Acesso em: 5 jul. 2009. do tempo são limitadas.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 5


Linguagens

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de


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3 bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhu-
No programa do balé Parade, apresentado em 18 de
maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira vez, a ma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mos-
palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a in- trar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência
dumentária, cujo efeito foi tão surpreendente que se sobrepôs como têm em mostrar o rosto.
à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz,
música popular e sons reais tais como tiros de pistola, combi- CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
nados com as imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e Acesso em: 12 ago. 2009.
vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propí-
cios para receber a nova mensagem cênica demasiado provo- Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o
cativa devido ao repicar da máquina de escrever, aos zumbi- trecho do texto de Caminha, conclui-se que
dos de sirene e dínamo e aos rumores de aeroplano previstos
por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação coreográfica a) ambos se identificam pelas características estéticas mar-
confirmava a tendência marcadamente teatral da gestualidade cantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico
cênica, dada pela justaposição, colagem de ações isoladas se- das artes plásticas.
guindo um estímulo musical. b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o
de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fanta-
SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo. sioso.
São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado). c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é
representar o habitante das terras que sofreriam processo
As manifestações corporais na história das artes da cena muitas colonizador.
vezes demonstram as condições cotidianas de um determina- d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura
do grupo social, como se pode observar na descrição acima do europeia e a cultura indígena.
balé Parade, o qual reflete e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma
vez que o índio representado é objeto da catequização je-
a) a falta de diversidade cultural na sua proposta estética. suítica.
b) a alienação dos artistas em relação às tensões da Segunda
Guerra Mundial.
c) uma disputa cênica entre as linguagens das artes visuais, do 5
A dança é importante para o índio preparar o corpo e a
figurino e da música.
garganta e significa energia para o corpo, que fica robusto. Na al-
d) as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais, co-
deia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã
reográficas e de figurino.
até seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os
e) uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos e li-
padrinhos planejam a dança dos adolescentes. O padrinho é como
neares.
um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo,
o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos
entoarem. Todos os tipos de dança vêm dos primeiros xavantes:
4 Wamaridzadadzeiwawe, Butséwawe, Tseretomodzatsewawe,
que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultu-
ra Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando
o adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite,
tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles
vão chamando um ao outro com um grito especial.

WÉRÉ’ É TSI’RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista


do Programa de Pós-Graduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se


que o valor da diversidade artística e da tradição cultural apre-
sentados originam-se da

a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e


do canto.
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, ca-
ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br.
racterizada pelo ineditismo.
Acesso em: 9 jul. 2009.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ances-
tral e a novidade dos cantos a serem entoados.

6 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


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6 Anotações
Teatro do Oprimido é um método teatral que sistematiza
exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo teatrólogo
brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, que visa à des-
mecanização física e intelectual de seus praticantes. Partindo do
princípio de que a linguagem teatral não deve ser diferenciada da
que é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido), ele
propõe condições práticas para que o oprimido se aproprie dos
meios do fazer teatral e, assim, amplie suas possibilidades de ex-
pressão. Nesse sentido, todos podem desenvolver essa linguagem
e, consequentemente, fazer teatro. Trata-se de um teatro em que o
espectador é convidado a substituir o protagonista e mudar a con-
dução ou mesmo o fim da história, conforme o olhar interpretativo
e contextualizado do receptor.

Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em: www.ctorio.org.br.


Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado).

Considerando-se as características do Teatro do Oprimido apre-


sentadas, conclui-se que

a) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer teatro que


usa, nas suas ações cênicas, a linguagem rebuscada e herméti-
ca falada normalmente pelo cidadão comum.
b) a forma de recepção desse modelo teatral se destaca pela se-
paração entre atores e público, na qual os atores representam
seus personagens e a plateia assiste passivamente ao espetá-
culo.
c) sua linguagem teatral pode ser democratizada e apropriada pelo
cidadão comum, no sentido de proporcionar-lhe autonomia crí-
tica para compreensão e interpretação do mundo em que vive.
d) o convite ao espectador para substituir o protagonista e mudar o
fim da história evidencia que a proposta de Boal se aproxima das
regras do teatro tradicional para a preparação de atores.
e) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a concepção
do teatro clássico aristotélico, que visa à desautomação física e
intelectual de seus praticantes.

7
Em uma escola, com o intuito de valorizar a diversidade do
patrimônio etnocultural brasileiro, os estudantes foram distribuídos
em grupos para realizar uma tarefa referente às características atu-
ais das diferentes regiões brasileiras, a partir do seguinte quadro:

Centro-
Região Norte Nordeste Sul Sudeste
Oeste
Prato com
Carne de
Alimentação Peixe milho e Churrasco
sol
mandioca
Música
Música Ciranda Baião Vaneirão
sertaneja
Zona franca Praias do Serra de
Ponto turístico Pantanal
de Manaus litoral gramado
Tipo
Seringueiro Baiana Vaqueiro Prenda
característico

Considerando a sequência de características apresentadas, os ele-


mentos adequados para compor o quadro da Região Sudeste são

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 7


Linguagens

a) mate amargo, embolada, elevador Lacerda, peão de estância. e) a visão da representação das figuras geométricas é rígida,
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b) acarajé, axé, Cristo Redentor, piá. propondo uma arte figurativa.


c) vatapá, Carnaval, bumba-meu-boi, industrial.
d) café, samba, Cristo Redentor, operário fabril.
e) sertanejo, pipoca, folia de Reis, Brasília. 9

8
Texto A

Disponível em: http://www.uol.com.br. Acesso em: 15 fev. 2009.


OITICICA, H. Metaesquema I, 1958, Guache s/ cartão. 52 cm x 64 cm. Museu de Arte Con-
temporânea – MAC/USP. Disponível em: http://www.mac.usp.br. Acesso em: 01 maio 2009. Observe a charge, que satiriza o comportamento dos partici-
pantes de uma entrevista coletiva por causa do que fazem, do
Texto B que falam e do ambiente em que se encontram.

Metaesquema I Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que ela

Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricas no sen- a) defende, em teoria, o desmatamento.


tido de permitir que o apreciador participe da obra de forma b) valoriza a transparência pública.
mais efetiva. Nesta obra, como o próprio nome define: meta c) destaca a atuação dos ambientalistas.
– dimensão virtual de movimento, tempo e espaço; esquema – d) ironiza o comportamento da imprensa.
estrutura, os Metaesquemas são estruturas que parecem mo- e) critica a ineficácia das políticas.
vimentar-se no espaço. Esse trabalho mostra o deslocamento
de figuras geométricas simples dentro de um campo limitado:
a superfície do papel. A isso podemos somar a observação da
10 Texto 1
precisão na divisão e no espaçamento entre as figuras, mos-
trando que, além de transgressor e muito radical, Oiticica tam-
bém era um artista extremamente rigoroso com a técnica. O Morcego

Disponível em: http://www.mac.usp.br. Acesso em: 02 maio 2009 (adaptado). Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricas no sen- Na bruta ardência orgânica da sede,
tido de permitir que o apreciador participe da obra de forma Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
mais efetiva. Levando-se em consideração o texto e a obra
Metaesquema I, reproduzidos acima, verifica-se que “Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
a) a obra confirma a visão do texto quanto à ideia de estruturas E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
que parecem se movimentar, no campo limitado do papel, Circularmente sobre a minha rede!
procurando envolver de maneira mais efetiva o olhar do ob-
servador. Pego de um pau. Esforços faço. Chego
b) a falta de exatidão no espaçamento entre as figuras (retân- A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
gulos) mostra a falta de rigor da técnica empregada, dando Que ventre produziu tão feio parto?!
à obra um estilo apenas decorativo.
c) Metaesquema I é uma obra criada pelo artista para alegrar A Consciência Humana é este morcego!
o dia-a-dia, ou seja, de caráter utilitário. Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
d) a obra representa a realidade visível, ou seja, espelha o Imperceptivelmente em nosso quarto!
mundo de forma concreta.
ANJOS, A. Obra Completa. Rio de Janeiro; Aguilar, 1994.

8 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Texto 2

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Anotações

O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta


doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que
se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o com-
portamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoa-
lidade científica.

CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988


(adaptado).

Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da po-


ética de Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se,
enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de

a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são


revestidos na poesia.
b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio
do gosto pelo macabro.
c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano
sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de
vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das
histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

11
Observe a obra “Objeto Cinético”, de Abraham Palat-
nik, 1966.

Disponível em: http://www.cronopios.com.br. Acesso em: 29 abr. 2009.

A arte cinética desenvolveu-se a partir de um interesse do ar-


tista plástico pela criação de objetos que se moviam por meio
de motores ou outros recursos mecânicos. A obra “Objeto Ci-
nético”, do artista plástico brasileiro Abraham Palatnik, pionei-
ro da arte cinética,

a) é uma arte do espaço e da luz.


b) muda com o tempo, pois produz movimento.
c) capta e dissemina a luz em suas ondulações.
d) é assim denominada, pois explora efeitos retinianos.
e) explora o quanto a luz pode ser usada para criar movimento.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 9


Linguagens

a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.


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12 b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.


Onde ficam os “artistas”? Onde ficam os “artesãos”?
c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
Submergidos no interior da sociedade, sem reconhecimento
d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
formal, esses grupos passam a ser vistos de diferentes pers-
e) forma apresenta contornos e detalhes humanos.
pectivas pelos seus intérpretes, a maioria das vezes, engaja-
dos em discussões que se polarizam entre artesanato, cultura
erudita e cultura popular.
14
PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985 (adaptado).

O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre


o que é arte. Artesanato é arte ou não? De acordo com uma
tendência inclusiva sobre a relação entre arte e educação,

a) o artesanato é algo do passado e tem sua sobrevivência fa-


dada à extinção por se tratar de trabalho estático produzido Figura I: Disponível em: http://www.dicasdedanca.com.br. Figura II: Disponível em: http://
por poucos. www.canalkids.com.br. Figura III: Disponível em: http://2.bp.blogspot.com. Figura IV:
b) os artistas populares não têm capacidade de pensar e con- Disponível em: http://esporaprata.zip.net. Acessos em: 1 maio 2010.
ceber a arte intelectual, visto que muitos deles sequer domi-
nam a leitura. Cada região do país, por meio de suas danças populares, expressa
c) o artista popular e o artesão, portadores de saber cultural, sua cultura, que envolve aspectos sociais, econômicos, históricos,
têm a capacidade de exprimir, em seus trabalhos, determi- entre outros. As danças provocam a associação entre música e
nada formação cultural. ritmo e o desenvolvimento de maior sensibilidade dos órgãos sen-
d) os artistas populares produzem suas obras pautados em nor- soriais. A ampliação da intensidade da audição aumenta a concen-
mas técnicas e educacionais rígidas, aprendidas em escolas tração, possibilitando o processo de transformação do ritmo musi-
preparatórias. cal em movimento espontâneo. Como exemplo de danças, tem-se
e) o artesanato tem seu sentido limitado à região em que está o carimbó, na região Norte, e as danças gaúchas, na região Sul.
inserido como uma produção particular, sem expansão de
seu caráter cultural. Nesse contexto, as danças populares permitem a descontração,
o desenvolvimento e o descanso por serem atividades lúdicas que

13 a) promovem a interação, o conhecimento de diferentes ritmos e


permitem minimizar o estresse da vida diária.
b) reduzem a participação, promovem competições em festivais e
o conhecimento de outros ritmos.
c) impedem a socialização de todos, reduzindo a expressividade,
por exigir habilidades corporais e espontaneidade.
d) permitem o desligamento dos elementos históricos, relacionan-
do-as com os movimentos políticos e sociais.
e) reduzem a expressão corporal e as experiências, por utilizarem
símbolos de outras culturas.

15
Brazil, capital Buenos Aires

No dia em que a bossa nova inventou o Brazil


Teve que fazer direito, senhores pares,
Porque a nossa capital era Buenos Aires,
A nossa capital era Buenos Aires.
AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB//USP.
E na cultura-Hollywood o cinema dizia
Que em Buenos Aires havia uma praia
O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas Chamada Rio de Janeiro
européias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses concei- Que como era gelada só podia ter
tos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Carnaval no mês de fevereiro.
Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se Naquele Rio de Janeiro o tango nasceu
que, nas artes plásticas, a

10 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


E Mangueira o imortalizou na avenida

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
Originária das tangas
Com que as índias fingiam
Cobrir a graça sagrada da vida.

Tom Zé. Disponível em http://letras.terra.com.br. Acesso em: abr. 2010.

O texto de Tom Zé, crítico de música, letrista e cantor, insere-se


em um contexto histórico e cultural que, dentro da cultura literá-
ria brasileira, define-se como

a) contemporâneo à poesia concretista e por ela influenciado.


b) sucessor do Romantismo e de seus ideais nacionalistas.
c) expressão do modernismo brasileiro influenciado pelas van-
guardas europeias.
d) representante da literatura engajada, de resistência ao Estado
Novo.
e) precursor do movimento de afirmação nacionalista, o Tropi-
calismo.

16

Michelangelo. Vicente do Rego Monteiro.


Pietà, século XV. Pietà, 1924.

Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores, cujas telas fo-


ram expostas durante a Semana de Arte Moderna. Tal como
Michelangelo, ele se inspirou em temas bíblicos, porém com
um estilo peculiar. Considerando-se as obras apresentadas,
o artista brasileiro

a) estava preocupado em retratar detalhes da cena.


b) demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.
c) optou por fazer uma escultura minimalista, diferentemente
de Michelangelo.
d) deu aos personagens traços cubistas, em vez dos traços
europeus, típicos de Michelangelo.
e) reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo, uma
vez que retratou a mesma cena bíblica.

17
Gravuras e pinturas são duas modalidades da prática
gráfica rupestre, feitas com recursos técnicos diferentes. Exis-
tem vastas áreas nas quais há dominância de uma ou outra
técnica no Brasil, o que não impede que ambas coexistam no
mesmo espaço. Mas em todas as regiões há mãos, pés, antro-
pomorfos e zoomorfos. Os grafismos realizados em blocos ou

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 11


Linguagens

paredes foram gravados por meio de diversos recursos: picote- Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos verticais
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amento, entalhes e raspados. de sustentação, foram sofrendo modificações e incorporando


novos materiais com ampliação de possibilidades. Ainda que as
DANTAS, M. Antes: história da pré-história. Brasília: CCBB, 2006. clássicas colunas gregas sejam retomadas, notáveis inovações
são percebidas, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, ar-
quiteto brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho
de Niemeyer, das colunas do Palácio da Alvorada, observa-se

a) a presença de um capitel muito simples, reforçando a sus-


tentação.
b) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas, resul-
tando em formas marcantes.
c) a disposição simétrica das curvas, conferindo saliência e
distorção à base.
d) a oposição de curvas em concreto, configurando certo peso
e rebuscamento.
e) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na orna-
mentação.

Imagem para as questões 19 e 20

Disponível em: http://www.scipione.com.br. Acesso em: 30 abr. 2009.

Nas figuras que representam a arte da pré-história brasileira e


estão localizadas no sítio arqueológico da Serra da Capivara, es-
tado do Piauí, e, com base no texto, identificam-se

a) imagens do cotidiano que sugerem caçadas, danças, mani-


festações rituais.
b) cenas nas quais prevalece o grafismo entalhado em superfí-
cies previamente polidas.
c) aspectos recentes, cujo procedimento de datação indica o
recuo das cronologias da prática pré-histórica.
LÉGER, F. Soldados jogando cartas. 1917.
d) situações ilusórias na reconstituição da pré-história, pois se
FARTHING, S. Coleção Grandes Artistas. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
localizam em ambientes degradados.
e) grafismos rupestres que comprovam que foram realizados por
pessoas com sensibilidade estética.
19
As vanguardas europeias não devem ser vistas isolada-
mente, uma vez que elas apresentam alguns conceitos estéticos e
visuais que se aproximam. Com base nos conceitos vanguardistas,
18
entre eles o de exploração de formas geometrizadas do Cubismo, no
início do século XX, o quadro Soldados jogando cartas explora uma

a) abordagem sentimentalista do homem.


b) imagem plana para expressar a industrialização.
c) aproximação impossível entre máquina e homem.
d) uniformidade de tons como crítica à industrialização.
e) mecanização do homem expressa por formas tubulares.

20
Fernand Léger, artista francês envolvido com o movi-
mento cubista, tinha como princípio transformar imagens em
Brasília 50 anos. Veja. Nº 2 138, nov. 2009. figuras geométricas, especialmente cones, esferas e cilindros.

12 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


A obra apresentada mostra o homem em uma alusão à Revolu-

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
ção Industrial e ao pós I Guerra Mundial e explora

a) as formas retilíneas e mecanizadas, sem valorização da


questão espacial.
b) as formas delicadas e sutis, para humanizar o operário da
indústria têxtil.
c) a força da máquina na vida do trabalhador pelo jogo de for-
mas, luz/sombra.
d) os recursos oriundos de um mesmo plano visual para dar
sentido a sua proposta.
e) a forma robótica dada aos operários, privilegiando os aspec-
tos triangulares.

21

Texto I

Toca do Salitre – Piauí. Disponível em: http://www.fumdham.org.br. Acesso em: 27 jul.


2010.

Texto II

Arte Urbana. Foto: Diego Singh. Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em:
27 jul. 2010.

O grafite comtemporâneo, considerado em alguns momentos como


uma arte marginal, tem sido comparado às pinturas murais de vá-
rias épocas e às escritas pré-históricas. Observando as imagens
apresentadas, é possível reconhecer elementos comuns entre os
tipos de pinturas murais, tais como

a) a preferência por tintas naturais, em razão de seu efeito estético.


b) a inovação na técnica de pintura, rompendo com modelos esta-
belecidos.
c) o registro do pensamento e das crenças das sociedades em vá-
rias épocas.
d) a repetição dos temas e a restrição de uso pelas classes domi-
nantes.
e) o uso exclusivista da arte para atender aos interesses da elite.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 13


Linguagens

obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plás-


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

22 ticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA


e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981.
Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identifica-
dos pelo

a) painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias


dimensões de um evento, renunciando à realidade, colo-
cando-se em plano frontal ao espectador.
b) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da pers-
pectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exem-
plo brutal de crueldade do ser humano.
c) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emo-
ção e expressão, despreocupado com o volume, a pers-
LEIRNER, N. Tronco com cadeira (detalhe), 1964. Disponível em: http://www.itaucultural.
pectiva e a sensação escultórica.
org.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
d) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrati-
va, minimizando a dor humana a serviço da objetividade,
Nessa estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi observada pelo uso do claro-escuro.
exaltado de maneira ilimitada e ganhou um significado que se e) uso de vários ícones que representam personagens frag-
pode considerar mágico. Daí sua”vida inquietante e absurda”. mentados bidimensionalmente, de forma fotográfica livre
Tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo, objeto de zombaria. Sua de sentimentalismo.
realidade intrínseca foi anulada.

JAFFÉ, A. O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C.G. (org.). O homem e os seus 24
símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
Aqui é o país do futebol
A relação observada entre a imagem e o texto apresentados Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
permite o entendimento da intenção de um artista contemporâ- Olha o sambão, aqui é o país do futebol
neo. Neste caso, a obra apresenta características
[...]
a) funcionais e de sofisticação decorativa.
b) futuristas e do abstrato geométrico. No fundo desse país
c) construtivistas e de estruturas modulares. Ao longo das avenidas
d) abstracionistas e de releitura do objeto. Nos campos de terra e grama
e) figurativas e de representação do cotidiano. Brasil só é de futebol
Nesses noventa minutos
De emoção e alegria
23 Esqueço a casa e o trabalho
A vida fica lá fora
Dinheiro fica lá fora
A cama fica lá fora
A mesa fica lá fora
Salário fica lá fora
A fome fica lá fora
A comida fica lá fora
A vida fica lá fora
E tudo fica lá fora

SIMONAL,W. Aqui é o país do futebol. Disponível em: www.vagalume.com.br

PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 x 777 cm. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937. Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento).

Disponível em: http://www.fddreis.files.wordpress.com. Acesso em: 26 jul. 2010.


Na letra da canção Aqui é o país do futebol, de Wilson Simonal, o
O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais futebol, como elemento da cultura corporal de movimento e expres-
valorizados no mundo artístico, tanto em termos financei- são da tradição nacional, é apresentado de forma crítica e emanci-
ros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao pada devido ao fato de
ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A

14 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


a) reforçar a relação entre o esporte futebol e o samba.

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Anotações
b) ser apresentado como uma atividade de lazer.
c) ser identificado com a alegria da população brasileira.
d) promover a reflexão sobre a alienação provocada pelo futebol.
e) ser associado ao desenvolvimento do país.

25
Cabeludinho

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos:


Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse
que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasia-
va de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está
fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais.
Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição
deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais:
eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de
amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pela-
da um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disilimilei
ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à
nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do
que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engave-
tada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais
das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam.
Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não
me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao
meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.

BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.

No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibi-


lidades de uso da língua e sobre os sentidos que esses usos podem
produzir, a exemplo das expressões ‘’voltou de ateu’’, ‘’disilimina
esse’’ e ‘’eu não sei a ler’’. Com essa reflexão, o autor destaca

a) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto.


b) a importância de certo fenômenos gramaticais para o conheci-
mento da língua portuguesa.
c) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades lin-
guísticas.
d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas
férias.
e) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos
coloquiais da linguagem.

26
E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele
mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as
pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações
e de seus reflexos quando achava nisso conveniência. Também ele
soubera apoderar-se dessa arte, mais artifício, toda feita de suti-
lezas e grosserias, de expectativa e oportunidade, de insolência e
submissão, de silêncio e rompantes, de anulação e prepotência. Co-
nhecia a palavra exata para o momento preciso, a frase picante ou
obscena no ambiente adequado, o tom humilde diante do superior

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 15


Linguagens

útil, o grosseiro diante do inferior, o arrogante quando o poderoso


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em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações equívocas, e 28


armar intrigas das quais se saía sempre bem, e sabia, por experiên-
cia própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dado mo-
mento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige
um estado de alerta para a sua apropriação.

RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. Rio de Janeiro: GRD, 1963 (fragmento).

No conto, o autor retrata criticamente a habilidade do personagem


no manejo de discursos diferentes segundo a posição do interlocu-
tor na sociedade. A crítica à conduta do personagem está centrada

a) na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba


por se transformar, acreditando dominar os jogos de poder na
linguagem.
b) na alusão à falta de articulações e reflexos do personagem, Capa do LP Os Mutantes, 1968.
dando a entender que ele não possui o manejo dos jogos dis-
cursivos em todas as situações. Disponível em: http://mutantes.com. Acesso em: 28 fev. 2012.
c) no comentário feito em tom de censura pelo autor, sobre as
frases obscenas que o personagem emite em determinados A capa do LP Os Mutantes, de 1968, ilustra o movimento da
ambientes sociais. contracultura. O desafio à tradição nessa criação musical é
d) nas expressões que mostram tons opostos nos discursos caracterizado por
empregados aleatoriamente pelo personagem em conversas
com interlocutores variados. a) letras e melodias com características amargas e depressivas.
e) no falso elogio à originalidade atribuída a esse personagem, b) arranjos baseados em ritmos e melodias nordestinos.
responsável por seu sucesso no aprendizado das regras de c) sonoridades experimentais e confluência de elementos po-
linguagem da sociedade. pulares e eruditos.
d) temas que refletem situações domésticas ligadas à tradição
popular.
27 e) ritmos contidos e reservados em oposição aos modelos es-
trangeiros.

29

Picasso, P. Les Demoiselles d’Avignon. Nova York, 1907.

ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos.


São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

O quadro Les Demoiselles d’ Avignon (1907), de Pablo Picasso,


representa o rompimento com a estética clássica e a revolução
da arte no início do século XX. Essa nova tendência se caracte- BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.
riza pela
Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e
a) pintura de modelos em planos irregulares. nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência
b) mulher como temática central da obra. do rococó europeu e está representada aqui por um dos pro-
c) cena representada por vários modelos. fetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em
d) oposição entre tons claros e escuros. Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho.
e) nudez explorada como objeto de arte. Profundamente religiosa, sua obra revela

16 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da

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Anotações
salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Mi-
nas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contem-
plação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições
populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas
obras divinas.

30

Disponível em: www.itaucultural.org.br. Acesso em: 26 jul. 2010.

Sem formação acadêmica específica em artes visuais, Heitor


dos Prazeres, que também é compositor e instrumentista, é re-
conhecido artista popular do Rio de Janeiro. Suas pinturas de
perspectivas imprecisas e com traços bem demarcados são
figurativas e sugerem o movimento. Essa obra retrata

a) a confraternização de uma população socialmente margina-


lizada.
b) o inconformismo da população de baixa renda capital.
c) o cotidiano da burguesia contemporânea da capital.
d) a instabilidade de uma realidade rural do Brasil.
e) a solidariedade da população nordestina.

31
O futebol na Pop Arte brasileira

LEIRNER, N. Futebol.
FONSECA, M. O. Nelson Leirner: 2011-1961 = 50 anos.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 17


Linguagens

a) Niemeyer projetou os edifícios de Brasília com a intenção


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de impor a arquitetura sobre a natureza, seguindo os prin-


cípios da arquitetura moderna.
b) o Palácio da Alvorada, em Brasília, na posição horizontal
permite fazer uma integração do edifício com a paisagem
do cerrado e o horizonte, um conceito de vanguarda para
a arquitetura da época.
c) Niemeyer projetou o Palácio da Alvorada com colunas
de linhas quebradas e rígidas, com o propósito de unir as
tendências recentes da arquitetura moderna, criando um
GERCHMAN, R. Superhomens. novo estilo.
ALENCAR, V. P. Cultura popular e crítica d) os prédios de Brasília são elevados e sustentados por co-
lunas, deixando um espaço livre sob o edifício, com o ob-
As imagens representam, respectivamente, as obras Fute-
jetivo de separar o ambiente externo do interno, trazendo
bol, do artista plástico Nelson Leirner; e Superhomens, de
mais harmonia à obra.
Rubens Gerchman. São obras representativas de um movi-
e) Niemeyer projetou os edifícios de Brasília com espaços
mento denominado Pop Art, que ecoou no Brasil na década
amplos, colunas curvas, janelas largas e grades de prote-
de 1960, no qual artistas se apropriaram de imagens da vida
ção, separando os jardins e praças da área útil do prédio.
diária e da cultura de massa, tornando-as objetos de arte. A
partir de uma perspectiva ampliada e crítica sobre o espor-
te, interpretada como um elemento da cultura corporal de
movimento, as imagens 33
A escolha de uma forma teatral implica a escolha de um
tipo de teatralidade, de um estatuto de ficção com relação à re-
a) banalizam o esporte ao misturar o futebol e a pintura em
alidade. A teatralidade dispõe de meios específicos para trans-
um mesmo campo.
mitir uma cultura-fonte a um público-alvo; é sob esta única con-
b) deixam transparecer a preferência de ambos os artistas
dição que temos o direito de falar em interculturalidade teatral.
pelo futebol enquanto esporte.
c) permitem refletir sobre como as artes visuais se apropria-
PAVIS, P. O teatro no cruzamento de culturas. São Paulo: Perspectiva, 2008.
ram do futebol como uma tradição nacional.
d) fazem uma reflexão crítica sobre o futebol e a violência
A partir do texto, o meio especificamente cênico utilizado para
como temas circulantes na sociedade.
transmitir uma cultura estrangeira implica
e) destacam a importância do esporte como atividade física
de lazer para a sociedade.
a) buscar nos gestos, compreender e explicitar conceitos ou
comportamentos.
b) procurar na filosofia a tradução verdadeira daquela cultura.
32 c) apresentar o videodocumentário sobre a cultura-fonte du-
rante o espetáculo.
d) eliminar a distância temporal ou espacial entre o espetáculo
e a cultura-fonte.
e) empregar um elenco constituído de atores provenientes da
cultura-fonte.

34
Na busca constante pela sua evolução, o ser humano
vem alternando a sua maneira de pensar, de sentir e de criar.
Nas últimas décadas do século XVIII e no início do século
XIX, os artistas criaram obras em que predominam o equilí-
brio e a simetria de formas e cores, imprimindo um estilo ca-
racterizado pela imagem da respeitabilidade, da sobriedade,
STUCKERT, R. Palácio da Alvorada. do concreto e do civismo. Esses artistas misturaram o passa-
Disponível em: www.g1.globo.com. Acesso em: 28 abr. 2010. do ao presente, retratando os personagens da nobreza e da
burguesia, além de cenas míticas e histórias cheias de vigor.
Rompendo com as paredes retas e com a geometrização
clássica acadêmica, os arquitetos modernistas desenvolve- RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003.
ram seus projetos graças também a um momento de indus-
trialização e modernização do Brasil. Observando a imagem Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charges,
apresentada, analisa-se que grafismo e até de ilustrações de livros para compor obras em

18 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


que se misturam personagens de diferentes épocas, como na

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
seguinte imagem:

a)

Romero Brito. “Gisele e


Tom”.

b) 

Andy Warhol. “Michael Jackson”.

c)

Funny Filez. “Monabean”.

d)

Andy Warhol. “Marlyn Monroe”.

e)

Pablo Picasso. “Retrato de


Jaqueline Roque com as Mãos
Cruzadas”.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 19


Linguagens

e) da expressão e intensidade entre o consciente e a liberdade,


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35 declarando o amor pela forma de conduzir o enredo históri-


O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança
co dos personagens retratados.
popular e folclórica é uma forma de representar a cultura re-
gional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e signifi-
cados. Dançar a cultura de outras regiões é conhecê-la, é de
alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. 37

BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007.

As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural,


é obra de um povo que a cria, recria e a perpetua. Sob essa
abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica bra-
sileira

a) o Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde persona-


gens contam uma história envolvendo crítica social, morte e
ressurreição.
b) a Quadrilha das festas juninas, que associam festejos reli-
giosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as co-
lheitas e a fogueira.
c) o Congado, que é uma representação de um reinado africa-
no onde se homenageia santos através de música, cantos
e dança.
d) o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros MONET, C. Mulher com Sombrinha. 1875, 100 × 81 cm.In: BECKETT, W. História da
profissionais para contar uma história em forma de espetá- Pintura. São Paulo: Ática, 1997.
culo.
e) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano Em busca de maior naturalismo em suas obras e fundamentando-se
é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história em novo conceito estético, Monet, Degas, Renoir e outros artistas
nos desfiles. passaram a explorar novas formas de composição artística, que
resultaram no estilo denominado Impressionismo. Observadores
atentos da natureza, esses artistas passaram a
36
“Todas as manhãs quando acordo, experimento um a) retratar, em suas obras, as cores que idealizavam de acordo com
prazer supremo: o de ser Salvador Dalí.” o reflexo da luz solar nos objetos.
b) usar mais a cor preta, fazendo contornos nítidos, que melhor defi-
NÉRET, G. Salvador Dalí. Taschen, 1996. niam as imagens e as cores do objeto representado.
c) retratar paisagens em diferentes horas do dia, recriando, em
Assim escreveu o pintor dos ”relógios moles” e das ”girafas suas telas, as imagens por eles idealizadas.
em chamas” em 1931. Esse artista excêntrico deu apoio ao d) usar pinceladas rápidas de cores puras e dissociadas diretamen-
general Franco durante a Guerra Civil Espanhola e, por esse te na tela, sem misturá-las antes na paleta.
motivo, foi afastado do movimento surrealista por seu líder, An- e) usar as sombras em tons de cinza e preto e com efeitos esfuma-
dré Breton. Dessa forma, Dalí criou seu próprio estilo, baseado çados, tal como eram realizadas no Renascimento.
na interpretação dos sonhos e estudos de Sigmund Freud, de-
nominado ”método de interpretação paranoico”. Esse método
era constituído por textos visuais que demonstram imagens
38
a) do fantástico, impregnado de civismo pelo governo espa-
nhol, em que a busca pela emoção e pela dramaticidade
desenvolveram um estilo incomparável.
b) do onírico, que misturava sonho com realidade e interagia
refletindo a unidade entre o consciente e o inconsciente
como um universo único ou pessoal.
c) da linha inflexível da razão, dando vazão a uma forma de
produção despojada no traço, na temática e nas formas vin-
culadas ao real.
d) do reflexo que, apesar do termo ”paranoico”, possui sobrie- Figura 1
dade e elegância advindas de uma técnica de cores discre- Disponível em: <http://www.vemprabrotas.com.br/pcastro5/campanas/campanas.htm>.

tas e desenhos precisos. Acesso em: 24 abr. 2009.

20 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


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Anotações

Figura 2
Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/wpcontent/uploads/2008/02/cadeira-
-real.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2009.

Comparando as figuras, que apresentam mobiliários de épocas


diferentes, ou seja, a figura 1 corresponde a um projeto elaborado
por Fernando e Humberto Campana e a figura 2, a um mobiliário do
reinado de D. João VI, pode-se afirmar que

a) os materiais e as ferramentas usados na confecção do mobiliário


de Fernando e Humberto Campana, assim como os materiais e as
ferramentas utilizados na confecção do mobiliário do reinado de
D. João VI, determinaram a estética das cadeiras.
b) as formas predominantes no mobiliário de Fernando e Humberto
Campana são complexas, enquanto que as formas do mobiliário
do reinado de D. João VI são simples, geométricas e elásticas.
c) o artesanato é o atual processo de criação de mobiliários empre-
gado por Fernando e Humberto Campana, enquanto que o mobili-
ário do reinado de D. João VI foi industrial.
d) ao longo do tempo, desde o reinado de D. João VI, o mobiliário foi
se adaptando consoante as necessidades humanas, a capacida-
de técnica e a sensibilidade estética de uma sociedade.
e) o mobiliário de Fernando e Humberto Campana, ao contrário
daquele do reinado de D. João VI, considera primordialmente o
conforto que a cadeira pode proporcionar, ou seja, a função em
detrimento da forma.

39

KUCZYNKIEGO, P. Ilustração, 2008. Disponível em: http://capu.pl. Acesso em: 3 ago. 2012

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 21


Linguagens

e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, Contaram-me que meus avós
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ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. plantaram cana pro senhor do engenho novo
b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. e fundaram o primeiro Maracatu
c) provocar a reflexão sobre essa realidade.
d) propor alternativas para solucionar esse problema. Depois meu avô brigou como um danado
e) retratar como a questão é enfrentada em vários países nas terras de Zumbi
do mundo. Era valente como o quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
40 o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
NASSAR, Emmanuel. Arraial, 1984. Tinta Industrial sobre Chapa de Flandres, 100 cm x 200 cm.
Acervo Particular do Artista - Belém-Pará
Na minh’alma ficou
o samba
Os temas frequentes nas pinturas de Emmanuel Nassar são objetos
o batuque
banais, detalhes de artesanatos encontrados nas feiras da cida-
o bamboleio
de de Belém do Pará. O artista desloca elementos do campo da
e o desejo de libertação...
visualidade popular e suburbana para o campo da visualidade de
suas pinturas. Ao traduzir esses elementos para as suas pinturas, TRINDADE, Solano. Sou negro. In: Alda Beraldo.
o artista produz metáforas, onde essas imagens não se exaurem Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática, 1990, v. 2
em si mesmas ou em conotações socioculturais. Nassar valoriza a
O poema resgata a memória de fatos históricos que fazem parte
diversidade artística, seja ela popular ou erudita, por meio da inter-
do patrimônio cultural do povo brasileiro e faz referência a diver-
-relação de elementos que se apresentam nas manifestações de
sos elementos, entre os quais, incluem-se
vários grupos sociais.
MATTAR, Denise. Catálogo da Exposição: Emmanuel Nassar — A Poesia da Gambiar- a) a s batalhas vividas pelos africanos e o Carnaval.
ra. Rio de Janeiro: CCBB, 2003 (adaptado). b) a coragem e a valentia dos africanos e as suas brincadeiras.
c) o legado dos africanos no Brasil e a cerimônia do batismo ca-
Considerando-se as informações do texto e a pintura Arraial, do ar-
tólico.
tista Emmanuel Nassar, percebe-se que
d) o espírito guerreiro, os sons e os ritmos africanos.
e) o trabalho dos escravos no engenho e a libertação assinada
a) o artista retrata em sua pintura o detalhe da fachada de um prédio
pela coroa.
histórico de Belém do Pará.
b) os elementos da visualidade popular são esquecidos pelo artista.
c) a figura contradiz a visão do texto quanto à utilização de elemen-
tos populares na pintura do artista. 42
d) tanto a pintura quanto o texto evidenciam que é irrelevante reco-
nhecer o valor das manifestações populares.
e) o artista retrata de maneira alegre os elementos presentes em um
arraial, ressaltando o ar festivo de parque de diversões.

41
Sou negro

Solano Trindade

Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores SCLIAR, Carlos. Soldados no Front. Xilografia s/ papel, 32,7 x 21,9 cm. Disponível em:
atabaques, gonguês e agogôs http://www.mac.usp.br/mac/menuLateral.asp?op=8#. Acesso em: 01 maio. 2009.

22 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


A gravura acima, de Carlos Scliar, que se refere à experiência

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
da guerra na Itália em 1944, relaciona-se com

a) a experiência impressionista chamada de pontilhismo.


b) a técnica da pintura que desenvolveu um gênero original de-
nominado cubismo sintético.
c) a realidade do contexto de vida pop, conforme se percebe
no tema e nos personagens que compõem a cena.
d) a forma de representação chamada de abstração, antinatu-
ralista, geométrica e distante do mundo material.
e) O movimento expressionista, como se percebe na mensa-
gem emocionalmente carregada de solidão e medo que ela
transmite.

43
Figura 1

Disponível em: <www.jagged-globe.co.uk/images/i/1293.jpg>.

Figura 2

Disponível em <lproweb.procempa.com.br>.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 23


Linguagens

Figura 3 A música desempenha diversas funções na sociedade: educar,


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

entreter, louvar, dominar, seduzir, entre outras. Considerando o


trabalho do artista em seu meio cultural, é correto afirmar que
a figura

a) 3 mostra uma situação em que a música é usada com finali-


dade terapêutica.
b) 1 mostra uma situação que ilustra o poder do som produzido
por um ser dominando outro ser.
c) 2 mostra a música em um contexto de louvor religioso.
d) 4 mostra uma atividade profana, ou secular, que envolve a
música.
e) 5 mostra um grupo desempenhando uma atividade profis-
sional.

44

Disponível em <www.estadao.com.br/fotos/jamelao10.JPG>.

Figura 4

Disponível em: <www.geocities.com/cosavip/>.

Pintura Rupestre.
Figura 5
Disponível em: http://www.fashionbubbles2.com/wp-content/uploads/2008/12/ cena-de-
-caca-pre-historica.jpg. Acesso em 2/maio/2009.

A arte é quase tão antiga quanto o ser humano. A função decisiva


da arte nos seus primórdios foi a de conferir poder mágico: poder
sobre a natureza, poder sobre os inimigos, poder sobre o parcei-
ro de relações sexuais, poder sobre a realidade, poder exercido
no sentido de um fortalecimento da coletividade humana. Nos
alvores da humanidade, a arte pouco tinha a ver com a “beleza”
e nada tinha a ver com a contemplação estética, com o desfrute
estético: era um instrumento mágico, uma arma da coletividade
humana em sua luta pela sobrevivência. Por exemplo, a figura
apresentada de uma pintura rupestre comprova que as pinturas
de animais nas cavernas tinham a função de ajudar a dar ao caça-
dor um sentido de segurança e superioridade sobre a presa.

Disponível em: www.amigosdavilamariana.com.br/?q=node/9. FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Guanabara, p. 45. (adaptado).

24 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Com base nas informações do texto, conclui-se que a arte, nos

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Anotações
seus primórdios, tinha a função de

a) dar ao homem a sensação de domínio da natureza e no


desenvolver as relações sociais.
b) dotar o ser humano de ferramentas de trabalho que ser-
vissem para caçar presas, na luta pela sobrevivência.
c) guiar o ser humano em suas atividades de trabalho co-
letivo.
d) transformar magicamente a natureza pelo esforço do tra-
balho coletivo, como uma arma de defesa da coletividade
humana.
e) desenvolver uma atividade individual, por meio de signos,
imagem e palavras, destacando a importância do artista
em relação ao grupo social.

45
Cândido Portinari, nascido em 1903, em uma fazenda de
café em Brodósqui, no interior do estado de São Paulo, é um dos
ícones das artes plásticas no Brasil e no mundo. Sua vasta e va-
riada obra é um dos valiosos patrimônios da cultura brasileira. A
seguir, são apresentadas pinturas desse grande artista.

Meninos no balanço - 1960

Menino com estilingue - 1947

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 25


Linguagens COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções

Na série de pinturas apresentada, Portinari


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a) valoriza o folclore brasileiro com a representação de


tradicionais brincadeiras infantis, fenômeno da cultura
popular.
b) revela seu apego à cultura rural, mediante imagens im-
pressionistas de tipos regionais remanescentes em algu-
mas áreas do Brasil.
c) apresenta figuras humanas em estilo tradicionalmente
acadêmico, com técnica de óleo sobre tela, uma influên-
cia europeia em sua arte.
d) representa cenas de sua cidadezinha do interior e de sua
infância de menino pobre, mas livre, que pertencem a um
passado que se perdeu.
e) apresenta uma maneira própria de ver a arte, à medida
que usa traços, luzes, formas, texturas, com impressões
de seu estado de espírito no momento da criação.

Meninos soltando pipas - 1943


46

Meninos brincando - 1955

PAULINO, R. Bastidores (detalhe),1997. Xerox transferida e costurada sobre tecido monta-


do em bastidor. Disponível em: www.galeriavirgilio.com.br. Acesso em: 29 out. 2010.

Nas últimas décadas, a ruptura, o efêmero, o descartável incor-


poram-se cada vez mais ao fazer artístico, em consonância com
a pós-modernidade. No detalhe da obra Bastidores, percebe-se a

a) utilização de objetos do cotidiano como tecido, bastidores,


agulha, linha e fotocópia, que tornam a obra de abrangência
regional.
b) ruptura com meios e suportes tradicionais por utilizar objetos do
cotidiano, dando-lhes novo sentido condizente.
c) apropriação de materiais e objetos do cotidiano, que conferem
à obra um resultado inacabado.
d) apropriação de objetos de uso cotidiano das mulheres, o que
confere à obra um caráter feminista.
e) aplicação de materiais populares, o que a caracteriza como
Meninos pulando carniça - 1957 obra de arte utilitária.

26 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


47

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TRONOS Anotações

Lucio, Beto e Oscar: a cadeira e as poltronas de Sérgio Rodrigues, de linhas inspiradas na


simplicidade brasiliense. Foto: Acervo Sérgio Rodrigues.

A revolução estética brasiliense empurrou os designers de móveis


dos anos 1950 e início dos 60 para o novo. Induzidos a abandonar
o gosto rebuscado pelo colonial, a trocar Ouro Preto por Brasília,
eles criaram um mobiliário contemporâneo que ainda hoje vemos
nas lojas e nas salas de espera de consultórios e escritórios. Cola-
da no uso de madeiras nobres, como o jacarandá e a peroba, e em
materiais de revestimento como o couro e a palhinha, desenvol-
veu-se uma tendência feita de linhas retas e curvas suaves, nos
moldes da capital no Cerrado.
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 29 jul. 2010 (adaptado).

A reportagem e a fotografia apresentam os móveis elaborados


pelo artista Sérgio Rodrigues, com um estilo que norteou o pensa-
mento de uma geração, desafiando a arte a

a) evidenciar um novo conceito estético por meio de formas e tex-


turas inovadoras.
b) adaptar os móveis de Brasília aos modelos das escolas euro-
peias do início do século XX.
c) elaborar a decoração dos palácios da nova capital do Brasil
com conceitos de linha e perspectiva.
d) projetar para os palácios e edifícios da nova capital do Brasil a
beleza do mobiliário típico de Minas Gerais.
e) criar o mobiliário para a capital do país com base no luxo e na
riqueza dos edifícios públicos brasileiros.

48

CAZES, H. Choro: do quintal ao Municipal. São Paulo: Editora 34, 1998.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 27


Linguagens

A foto mostra integrantes de um grupo de choro tocando instru-


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mentos de diferentes classificações. Nessa formação, o instru- A chapa para impressão do cordel é feita à mão, letra por letra, um
mento que representa a família trabalho artesanal que dura cerca de uma hora para confecção
de uma página. Em seguida, a chapa é levada para a impressora,
a) das madeiras é a flauta transversal. também manual, para imprimir. A manutenção desse sistema anti-
b) das cordas friccionadas é o bandolim. go de impressão faz parte da filosofia do trabalho. A outra etapa é
c) dos metais é o pandeiro. a confecção da xilogravura para a capa do cordel.
d) das percussões com membrana é o afoxé.
e) das cordas percurtidas é o cavaquinho. As xilogravuras são ilustrações populares obtidas por gravuras
talhadas em madeira. A origem da xilogravura nordestina até hoje
é ignorada. Acredita-se que os missionários portugueses tenham
ensinado sua técnica aos índios, como uma atividade extra-cate-
49 quese, partindo do princípio religioso que defende a necessidade
Era um dos meus primeiros dias na sala de música. A
fim de descobrirmos o que deveríamos estar fazendo ali, pro- de ocupar as mãos para que a mente não fique livre, sujeita aos
pus à classe um problema. Inocentemente perguntei: — O que maus pensamentos, ao pecado. A xilogravura antecedeu ao clichê,
é música? placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usual-
mente zinco, que era utilizada nos jornais impressos em rotoplanas.
Passamos dois dias inteiros tateando em busca de uma de-
finição. Descobrimos que tínhamos de rejeitar todas as de- VICELMO, A. Disponível em: www.onordeste.com. Acesso em: 24 fev. 2013 (adaptado).
finições costumeiras porque elas não eram suficientemente
abrangentes. A estratégia gráfica constituída pela união entre as técnicas da
impressão manual e da confecção da xilogravura na produção de
O simples fato é que, à medida que a crescente margem a que folhetos de cordel
chamamos de vanguarda continua suas explorações pelas fron-
teiras do som, qualquer definição se torna difícil. Quando John a) realça a importância da xilogravura sobre o clichê.
Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da b) oportuniza a renovação dessa arte na modernidade.
rua a atravessar suas composições, ele ventila a arte da música c) demonstra a utilidade desses textos para a catequese.
com conceitos novos e aparentemente sem forma. d) revela a necessidade da busca das origens dessa literatura.
e) auxilia na manutenção da essência identitária dessa tradição
SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, 1991 (adaptado). popular.

A frase “Quando John Cage abre a porta da sala de concerto


e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições”,
na proposta de Schafer de formular uma nova conceituação de 51
música, representa a

a) acessibilidade à sala de concerto como metáfora, num mo-


mento em que a arte deixou de ser elitizada.
b) abertura da sala de concerto, que permitiu que a música fosse
ouvida do lado de fora do teatro.
c) postura inversa à música moderna, que desejava se enqua-
drar em uma concepção conformista.
d) intenção do compositor de que os sons extramusicais sejam
parte integrante da música.
e) necessidade do artista contemporâneo de atrair maior público
para o teatro.

50
Cordel resiste à tecnologia gráfica

O Cariri mantém uma das mais ricas tradições da cultura popular. CLARK, L. Bicho de bolso. Placas de metal, 1966
É a literatura de cordel, que atravessa os séculos sem ser destru-
ída pela avalanche de modernidade que invade o sertão lírico e O objeto escultórico produzido por Lygia Clark, representan-
telúrico. Na contramão do progresso, que informatizou a indústria te do Neoconcretismo, exemplifica o início de uma vertente
gráfica, a Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte, e a Academia dos importante na arte contemporânea, que amplia as funções
Cordelistas do Crato conservam, em suas oficinas, velhas máqui- da arte. Tendo como referência a obra Bicho de bolso, iden-
nas para impressão dos seus cordéis. tifica-se essa vertente pelo(a)

28 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


a) participação efetiva do espectador na obra, o que determina a

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
proximidade entre arte e vida.
b) percepção do uso de objetos cotidianos para a confecção da
obra de arte, aproximando arte e realidade.
c) reconhecimento do uso de técnicas artesanais na arte, o que
determina a consolidação de valores culturais.
d) reflexão sobre a captação artística de imagens com meios óti-
cos, revelando o desenvolvimento de uma linguagem própria.
e) entendimento sobre o uso de métodos de produção em série
para a confecção da obra de arte, o que atualiza as linguagens
artísticas.

52
Por onde houve colonização portuguesa, a música po-
pular se desenvolveu basicamente com o mesmo instrumental.
Podemos ver cavaquinho e violão atuarem juntos aqui, em Cabo
Verde, em Jacarta, na Indonésia, ou em Goa. O caráter nostálgico,
sentimental, é outro ponto comum da música das colônias portu-
guesas em todo o mundo. O kronjong, a música típica de Jacarta, é
uma espécie de lundu mais lento, tocado comumente com flauta,
cavaquinho e violão. Em Goa não é muito diferente.

De acordo com o texto de Henrique Cazes, grande parte da mú-


sica popular desenvolvida nos países colonizados por Portugal
compartilham um instrumental, destacando-se o cavaquinho e o
violão. No Brasil, são exemplos de música popular que empregam
esses mesmos instrumentos:

a) Maracatu e ciranda.
b) Carimbó e baião.
c) Choro e samba.
d) Chula e siriri.
e) Xote e frevo.

53
FABIANA, arrepelando-se de raiva — Hum! Ora, eis aí
está para que se casou com meu filho, e trouxe a mulher para
minha casa. É isto constantemente. Não sabe o senhor meu
filho que quem casa quer casa... Já não posso, não posso,
não posso! (Batendo com o pé). Um dia arrebento, e então
veremos!

PENA, M. Quem casa quer casa. www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 dez. 2012.

As rubricas em itálico, como as trazidas no trecho de Martins


Pena, em uma atuação teatral, constituem

a) necessidade, porque as encenações precisam ser fiéis às


diretrizes do autor.
b) possibilidade, porque o texto pode ser mudado, assim
como outros elementos.
c) preciosismo, porque são irrelevantes para o texto ou para
a encenação.
d) exigência, porque elas determinam as características do
texto teatral.
e) imposição, porque elas anulam a autonomia do diretor.

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 29


Linguagens

Lisa), aparentemente na meia-idade, parece mais moça na


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

54 nova tela. O manto sobre o ombro esquerdo do quadro ori-


No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos
anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes ginal surge como um véu transparente, e o decote aparece
black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Emba- com mais nitidez. A descoberta reforça a tese de estudiosos,
lados pela black music americana, milhares de jovens en- como o inglês Martin Kemp, de que assistentes de Da Vinci
contravam nos bailes no final de semana uma alternativa de ajudaram na composição de telas importantes do mestre.
lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro
ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam Revista Planeta, ano 40, ed. 474, mar. 2012.
bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a va-
lorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas Para cumprir sua função social, o gênero notícia precisa di-
e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecido como vulgar informações novas. No texto Giocondas gêmeas, além
“Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lan- de ser confirmada a existência de uma tela gêmea de Mona
çando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos Lisa e de serem destacadas as diferenças entre elas, o valor
bailes, difundia a moda pelo restante do país. informativo do texto está centrado na

DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. a) afirmação de que a Gioconda genuína estava na fase da
Belo Horizonte: UFMG, 2005. meia-idade.
b) revelação da identidade da mulher pintada por Da Vinci, a
A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como florentina Lisa Gherardini.
uma forma de c) consideração de que as produções artísticas de Da Vinci
datam do período renascentista.
a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas d) descrição do fato de que a tela original mostra um manto
periferias urbanas. sobre o ombro esquerdo da personagem.
b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional. e) confirmação da hipótese de que Da Vinci teve assistentes
c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes. que o auxiliaram em algumas de suas obras.
d) afirmação de identidades dos jovens que a praticam.
e) reprodução da cultura musical norte-americana.

56
O termo Foco equivale ao ponto de concentração do
ator. O nível de concentração é determinado pelo envolvimento
55 com o problema a ser solucionado. Tomemos o exemplo do jogo
teatral Cabo de Guerra: o Foco desse jogo reside em dar reali-
dade ao objeto, que nesse caso é a corda imaginária. A dupla
de jogadores no palco mobiliza toda sua atenção e energia para
dar realidade à corda. Quando a concentração é plena, a dupla
sai do jogo com toda evidência de ter realmente jogado o Cabo
de Guerra — sem fôlego, com dor nos músculos do braço etc. A
plateia observa em função do Foco.

KOUDELA, I. D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 1990.

De acordo com o texto, a autora argumenta que o uso do foco da


cena teatral permite

Giocondas gêmeas a) transformar um objeto imaginário em um objeto concreto, pro-


duzindo sobre o espectador uma sensação igual à que ele teria
A existência de uma segunda pintura da Mona Lisa — a em um espetáculo de mágica.
Gioconda, de Leonardo da Vinci — foi confirmada pelo Mu- b) produzir sobre a plateia, por meio do envolvimento dos atores,
seu do Prado, em Madri, em fevereiro. O quadro era conhe- imagens e/ou situações capazes de ativar seu imaginário e seu
cido desde o século XVIII, mas tido como uma reprodução conhecimento de mundo.
tardia do original. Um trabalho de restauração revelou que c) provocar efeito físico no ator, o que lhe confere a certeza de
seu fundo de cor negra na verdade recobria a reprodução que seu corpo foi trabalhado adequadamente para a produção
de uma típica paisagem da Toscana, como a pintada por Da da cena.
Vinci. Radiografias mostraram que a tela é irmã gêmea do ori- d) acionar no ator a atenção a múltiplas ações que ocorrem con-
ginal, provavelmente pintada por discípulos do mestre, sob comitantemente, tornando-o mais disponível para a atuação
supervisão de Da Vinci, no seu ateliê em Florença, entre 1503 em cena.
e 1506. Os dois quadros serão, agora, expostos no Louvre. e) determinar uma única leitura da ação proposta, explicitando
Há, entretanto, diferenças: a florentina Lisa Gherardini (Mona qual entendimento o espectador deve ter da cena.

30 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
57 TEXTO I Anotações

BANKSY. Disponível em: www.banksy.co.uk. Acesso em: 4 ago. 2012.

TEXTO II
Só Deus pode me julgar

Soldado da guerra a favor da justiça


Igualdade por aqui é coisa fictícia
Você ri da minha roupa, ri do meu cabelo
Mas tenta me imitar se olhando no espelho
Preconceito sem conceito que apodrece a nação
Filhos do descaso mesmo pós-abolição

MV BILL. Declaração de guerra. Manaus:BMG, 2002 (fragmento).

O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel social das manifes-


tações artísticas e provocam a

a) consciência do público sobre as razões da desigualdade social.


b) rejeição do público-alvo à situação representada nas obras.
c) reflexão contra a indiferença nas relações sociais de forma
contundente.
d) ideia de que a igualdade é atingida por meio da violência.
e) mobilização do público contra o preconceito racial em contex-
tos diferentes.

58
Se observarmos o maxixe brasileiro, a beguine da Marti-
nica, o danzón de Santiago de Cuba e o ragtime norte-americano,
vemos que todos são adaptações da polca. A diferença de resul-
tado se deve ao sotaque inerente à musica de cada colonizador
(português, espanhol, francês e inglês) e, em alguns casos, a uma
maior influência da música religiosa.

CAZES, H. Choro: do quintal ao municipal. São Paulo: Editora 34, 1998 (adaptado).

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 31


Linguagens

Além do sotaque inerente à música de cada colonizador e da influ- que a cultura indígena é dinâmica e sempre incorpora novidades.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ência religiosa, que outro elemento auxiliou a constituir os gêne- — “Mas índio cantando rap?”, tem gente que questiona. O rap é
ros de música popular citados no texto? de quem canta, é de quem gosta, não é só dos americanos — ava-
lia Dani [o vocal feminino].
a) A região da África de origem dos escravos, trazendo tradições
musicais e religiosas de tribos distintas. BONFIM, E. Revista Língua Portuguesa, n. 81, jul. 2012 (adaptado).
b) O relevo dos países, favorecendo o isolamento de comunida-
des, aumentando o número de gêneros musicais surgidos. Considerando-se as opiniões apresentadas no texto, a indagação
c) O conjunto de portos, que favorecem o trânsito de diferentes “Mas índio cantando rap?” traduz um ponto de vista que evidencia
influências musicais e credos religiosos.
d) A agricultura das regiões, pois o que é plantado exerce influên- a) desqualificação dos indígenas como músicos, desmerecendo
cia nas canções de trabalho durante o plantio. sua capacidade musical devido a sua cultura.
e) O clima dos países em questão, pois as temperaturas influen- b) desvalorização da cultura rap em contrapartida às tradições
ciam na composição e vivacidade dos ritmos. musicais indígenas, motivo pelo qual os índios não devem can-
tar rap.
c) preconceito por parte de quem não concebe que os índios
possam conhecer o rap e, menos ainda, cantar esse gênero
58
Se observarmos o maxixe brasileiro, a beguine da Marti- musical.
nica, o danzón de Santiago de Cuba e o ragtime norte-americano, d) equívoco por desconsiderar as origens culturais do gênero mu-
vemos que todos são adaptações da polca. A diferença de resul- sical, ligadas ao contexto urbano.
tado se deve ao sotaque inerente à musica de cada colonizador e) entendimento do rap como um gênero ultrapassado em relação
(português, espanhol, francês e inglês) e, em alguns casos, a uma à linguagem musical dos indígenas.
maior influência da música religiosa.

CAZES, H. Choro: do quintal ao municipal. São Paulo: Editora 34, 1998 (adaptado).

60
Além do sotaque inerente à música de cada colonizador e da influ-
ência religiosa, que outro elemento auxiliou a constituir os gêne-
ros de música popular citados no texto?

a) A região da África de origem dos escravos, trazendo tradições


musicais e religiosas de tribos distintas.
b) O relevo dos países, favorecendo o isolamento de comunida-
des, aumentando o número de gêneros musicais surgidos.
c) O conjunto de portos, que favorecem o trânsito de diferentes
influências musicais e credos religiosos.
d) A agricultura das regiões, pois o que é plantado exerce influên-
cia nas canções de trabalho durante o plantio.
e) O clima dos países em questão, pois as temperaturas influen-
ciam na composição e vivacidade dos ritmos.

59
Sem flecha, na rima
ERNEST, M. O gigante acéfalo. Disponível em: www.historiadaarte.com.br. Acesso em:
O grupo de rap Brô MCs, criado no final de 2009, é formado
26 jan. 2012.
pelos pares de irmãos (daí o “bro”, de brother) Bruno/Clemerson e
Kelvin/Charles, jovens que cresceram ouvindo hip hop nas rádios
A perplexidade causada pela catástrofe da Primeira Guerra Mun-
da aldeia Jaguapiru Bororo, em Dourados, Mato Grosso do Sul.
dial fez surgir um movimento de vanguarda denominado Dadaís-
mo, que rejeitava os valores tradicionais e rompia com a estética
— Desde o começo a gente não queria impor uma cultura estra-
clássica. A imagem da obra O gigante acéfalo
nha que invadisse a cultura indígena — afirma o produtor, cha-
mando a atenção para o grande destaque do Brô MCs: as letras
a) explora elementos sensoriais para explicar a racionalidade do
em língua indígena. Expressar-se em língua originária e fazer com
pós-guerra.
que os jovens indígenas percebam a vitalidade do idioma nativo é
b) recria a realidade para combater os padrões estéticos da época.
uma das motivações do grupo.
c) organiza as formas geométricas para inovar as artes visuais.
d) representa as experiências individuais de exaltação.
A dificuldade maior vem dos críticos, que não aceitam o fato de
e) utiliza a sensibilidade para retratar o drama humano.

32 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
61 Anotações
A literatura de cordel é ainda considerada, por muitos,
uma literatura menor. A alma do homem não é mensurável e —
desde que o cordel possa exprimir a história, a ideologia e os
sentimentos de qualquer homem — vai ser sempre o gênero li-
terário preferido de quem procura apreender o espírito nordes-
tino. Os costumes, a língua, os sonhos, os medos e as alegrias
do povo estão no cordel. Na nossa época, apesar dos jornais e
da TV — que poderiam ter feito diminuir o interesse neste tipo
de literatura — e da falta de apoio econômico, o cordel conti-
nua vivo no interior e em cenáculos acadêmicos.

A literatura de cordel, as xilogravuras e o repente não foram


apenas um divertimento do povo. Cordéis e cantorias foram
o professor que ensinava as primeiras letras e o médico que
falava para inculcar comportamentos sanitários. O cordel e o
repente fazem, muitas vezes, de um candidato o ganhador da
banca de deputado. E assim, lendo e ouvindo, foi-se formando
a memória coletiva desse povo alegre e trabalhador, que em-
bora calmo, enfrenta o mar e o sertão com a mesma valentia.

BRICKMANN, L. B. E de repente foi o cordel. Disponível em: http://pt.scribd.com. Acesso


em: 29 fev. 2012 (fragmento)

O gênero textual cordel, também conhecido como folheto, tem


origem em relatos orais e constitui uma forma literária popular
no Brasil. A leitura do texto sobre a literatura de cordel permite

a) descrever esse gênero textual exclusivamente como instru-


mento político.
b) valorizar o povo nordestino, que tem no cordel sua única for-
ma de expressão.
c) ressaltar sua importância e preservar a memória cultural de
nosso povo.
d) avaliar o baixo custo econômico dos folhetos expostos em
barbantes.
e) informar aos leitores o baixo valor literário desse tipo de pro-
dução.

62
As origens da capoeira remontam ao Brasil escra-
vocrata e ao tráfico negreiro africano. O confronto dessas
ações e contextos tornou possível o florescimento dessa prá-
tica corporal. O negro na condição de escravo nunca se sub-
meteu totalmente à violência do branco, quer seja física ou
simbólica, criando suas próprias estratégias de resistência.
Evidentemente, a capoeira enfrentou uma série de precon-
ceitos e rejeições até o seu recente reconhecimento como
patrimônio histórico nacional pelo Instituto do Patrimônio His-
tórico e Artístico Nacional.

PELEGRINI. T. A contribuição da capoeira para a formação do professor de Educa-


ção Física: fundamentos teóricos e possibilidades de intervenção. Disponível em: www.
efdeportes.com. Acesso em: 2 mar. 2012 (fragmento).

Até o seu recente reconhecimento como patrimônio cultural


nacional, a trajetória social da Capoeira, como expressão de
resistência da população negra no Brasil, foi marcada

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 33


Linguagens

a) pelo massivo apoio e incentivo do Estado e de suas institui- tudo é selvagem e livre/ não se sinta sozinho porque aqui é a
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ções oficiais, através de diversas políticas públicas direcio- nossa casa”, Brown, Mendes e Garrett vendem o eterno clichê
nadas para a diminuição das desigualdades sociais. de samba-suor-futebol desta terra tropical.
b) pela predominância do espontaneísmo e do improviso sobre
os elementos de ataque e defesa, reduzindo o seu impacto CHARLSON, F.; LOBÃO, G. Um sonho bem brasileiro. Jornal de Brasília,
como luta de resistência da população negra. 26 fev. 2012 (adaptado).
c) pela presença de instituições e organizações oficiais en-
carregadas de ensinar sua prática e que foram importantes A música Real in Rio, de Brown, Mendes e Garrett, que integra
para o reconhecimento social da população negra no Brasil. a animação Rio, foi composta para
d) pela compreensão de sua prática associada à vadiagem e à
desordem, que contribuíram para sua marginalização, espe- a) sintetizar os gêneros e estilos da música carioca em uma
cialmente, até a terceira década do século XX. única obra.
e) pela existência de uma estrutura normativa que possibilitou b) demonstrar a possibilidade de compor um samba redigido
o estabelecimento de regras e códigos próprios, ampliando em língua inglesa.
seus significados libertários contestatórios. c) compor o tema central da trilha sonora da produção de Car-
los Saldanha.
d) promover o gênero samba-enredo, que é característico do
carnaval carioca.
63 e) constituir acompanhamento musical para a coreografia das
Os mesmos objetivos que a teatróloga Spolin propõe
para o espetáculo são válidos em cada momento durante o aves na animação.
processo de aprendizagem, onde o teatro, enquanto mani-
festação viva e espontânea, deve estar presente em todos os
momentos. Da mesma forma como a plateia de espectadores
é normalmente pouco estimulada por emoções que pertencem
ao passado, o jogador no palco não explora a si mesmo (suas
emoções) através de um processo de identificação subjetivo,
mas atua em função do momento presente.

KOUDELA, I. D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2006.

O jogo teatral permite a liberdade de ação e o estabelecimento


de contato com o ambiente e a ação espontânea se desenvol-
ve de forma a

a) ocultar a atuação do ator, dispensando a renovação das


emoções, que são desestimulantes.
b) estimular a lembrança de momentos passados para salien-
tar a importância das novas emoções.
c) entender os processos que se desenvolvem no palco com a
exploração dos seus próprios sentimentos.
d) experienciar emoções novas, que surgem no presente, sem
a exploração das velhas emoções do ator.
e) vivenciar alguns momentos, que Spolin acredita serem per-
tencentes ao processo subjetivo do ator.

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Floresta tropical, Rio de Janeiro, Brasil. Em meio às
árvores, os pássaros gorjeiam, oh!, alegremente. De repente,
uma batucada daquelas bem brasileira. Aí, tucanos, garças,
canários e araras e outras aves enlouqueceram numa core-
ografia tipo “a cara do Brasil”. A imagem é cortesia de Rio,
animação de Carlos Saldanha. Ao fundo, Real in Rio — na ver-
são brazuca, Favo de Mel —, música de Sérgio Mendes e Car-
linhos Brown, letra da americana Siedah Garrett, e esperança
brasileira na cerimônia de entrega do Oscar 2012. Com trechos
como “Nós somos os melhores no ritmo/ é por isso que ama-
mos o Carnaval/ a mágica pode acontecer de verdade no Rio/

34 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


Anotações

COMPETÊNCIA 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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