Fontes Dos Direitos Reais
Fontes Dos Direitos Reais
Fontes Dos Direitos Reais
Faculdade de Direito
Cadeira։Direitos Reais
3o Ano
O ∕ ATutor ∕ A:
Discente:
FACULDADE DE DIREITO
3º ANO
NOME DA ESTUDANTE:
TRABALHO DE CAMPO
TITULO DO TRABALHO:
1.Introdução .................................................................................................................................... 1
1.1. Objectivos (gerais e específicos) ............................................................................................ 2
1.2.CONTEXTUALIZAÇÃO......................................................................................................... 3
1.2.1..Conceito de Direitos Reais .................................................................................................. 3
1.2.2. Classificação dos Direitos Reais ........................................................................................... 4
1.3.FUNDAMENTAÇÃO DO TEMA ........................................................................................... 5
1.3.1. Fontes dos Direitos Reais...................................................................................................... 5
1.3.1.1. A Constituição da República de Moçambique (CRM) ...................................................... 5
1.3.1.2. Código Civil ....................................................................................................................... 5
1.3.1.3.Código do Registo Predial. ................................................................................................. 7
1.3.1.4. Código de propriedade industrial ....................................................................................... 8
1.3.1.5. Código de Registo de Entidades Legais............................................................................. 8
1.3.Considerações finais ............................................................................................................... 10
1.4. Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 11
1.Introdução
De relação jurídica no campo dos direitos reais cogita-se somente no caso de uma situação ser
ameaçada ou violada. Apenas diante dessa contingência nasce uma relação jurídica de polos bem
determinados, a que se trava entre o titular e o ofensor. Trata-se, no entanto, de algo acidental,
que foge à estruturação básica do direito real. Nas palavras de Ascensão “a relação surge
acessoriamente na vida destes direitos, mas não é constitutiva deles” (1987, p. 57).
Os direitos reais como direitos inerentes a uma coisa. A inerência aparece como o segundo
critério distintivo dos direitos reais dentre os direitos subjectivos. Significa dizer que o direito
real se incorpora à coisa que lhe é objecto de modo tão firme que permanece a coisa vinculada ao
seu titular a despeito de quaisquer circunstâncias jurídicas ou materiais que a envolvam.
Em síntese, Ascensão refere que a inerência importa que a coisa continua a ser objecto do
direito real mesmo que passe por mil mãos. A doutrina mais clássica vale-se de uma
esclarecedora descrição metafórica. Diz-se que os direitos reais se aderem à coisa uti lepra cuti,
vale dizer, como a lepra à pele (GOMES, 2012, p. 20). A inerência à coisa, por vincular o direito
real ao seu objecto, permite distingui-los dos demais direitos absolutos, pois não há como cogitar
um direito da personalidade ou autoral que seja inerente a uma coisa, pois as coisas não lhes
tocam a estrutura. Mas, para além disso, reforçam a distinção operada entre os direitos reais e os
direitos de crédito.
Assim sendo, o presente trabalho de campo tem com objectivo abordar sobre as fontes dos
Direitos Reais.
Gerais
Específicos
Segundo uma definição clássica, trazida por Lafayette Rodrigues Pereira (s.d., § 1°), o direito
real “é o que afecta a coisa directa e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos e a segue
em poder de quem quer que a detenha”. Já o autor do Código Civil de 1916, Clóvis Beviláqua,
conceitua este tipo de direito como "o complexo das normas reguladoras das relações jurídicas
referentes às coisas susceptíveis de apropriação pelo homem" (FARIAS e ROSENVALD,
2008,p. 1).
Tais definições, embora mais antigas, coadunam-se perfeitamente com o conceito actual
elaborado por Flávio Tartuce e José Fernando Simão (2012, p. 4), para os quais o direito real é a
relação jurídica entre a pessoa e a coisa determinada ou determinável, fundamentando-se
principalmente no conceito de propriedade – sendo essa plena ou restrita. Trata-se de um direito
ligado à coisa e que representa um conjunto de prerrogativas (de maior ou menor amplitude)
sobre ela, prevalecendo o seu titular sobre qualquer pessoa. Desta forma, o direito real pode ser
exercido sem a colaboração de terceiros, excluindo a concorrência e autorizando a busca da coisa
onde quer que ela esteja (RODRIGUES, 2009, p. 5).
Os conceitos até agora expostos estão de acordo com a teoria justificadora denominada realista
(ou clássica), que distingue o direito real como o poder imediato exercido pela pessoa sobre a
coisa, de forma erga omnes (GOMES, 2006, p. 11). Entretanto, esta teoria não é aceita por todos.
Diante da polémica causada pela ideia de uma relação jurídica entre pessoa e coisa, duas
objecções principais foram levantadas: i) é impossível qualquer relação jurídica senão entre
pessoas; ii) a oponibilidade a terceiros não é algo próprio dos direitos reais, mas uma
característica de qualquer direito absoluto. Amparados nestas críticas, diversos autores
adoptaram a teoria justificadora conhecida como personalista, para a qual a relação jurídica real
também se estabelece entre pessoas e tem como sujeito passivo uma pessoa indeterminada,
constituindo-se uma obrigação passiva universal de respeitar o direito real (GOMES, 2006,
p.12).
Com nítida inspiração na teoria personalista, César Fiuza (2011, p. 827) diz que a titularidade
sobre um direito real somente pode existir quando houver outra pessoa (um terceiro) que não
A doutrina traz diversas formas de classificar os direitos reais, o que acaba facilitando o seu
estudo. Assim, o presente tópico abordará as principais técnicas utilizadas para a classificação
destes direitos. Conforme critério predominante, os direitos reais são classificados em direitos
sobre a coisa própria - jus in re própria - e direitos sobre a coisa alheia - jus in re aliena
(RIZZARDO, 2004, p. 6). Esta técnica classificatória respeita a possibilidade de desdobramento
da titularidade do direito real, limitando a propriedade (VENOSA, 2009, p. 22).
Por falar em propriedade, ela é o único direito que se insere no primeiro grupo desta
classificação, sendo o direito real por excelência, que sintetiza todos os demais. Trata-se do
direito que se manifesta no domínio, ou seja, no poder de submissão de uma coisa à vontade de
alguém, podendo este sujeito usar, gozar, dispor e reivindicar o objecto, além de excluir terceiros
que interfiram no exercício destas faculdades (RIZZARDO, 2004, p. 6; WALD, 2002, p. 20).
Com base nas afirmações feitas, é possível identificar dois aspectos no direito de propriedade: i)
aspecto interno ou econômico, que é a relação entre o proprietário e o objeto; ii) aspecto externo,
que é a relação jurídica entre o proprietário (sujeito ativo) e os outros membros da sociedade que
não são donos do objeto (sujeitos passivos). O elemento interno reúne os poderes de usar, gozar e
dispor, enquanto o externo (no qual surgem os conflitos de interesse entre os sujeitos da relação
jurídica) diz respeito à possibilidade de exclusão de terceiros das relações com a coisa e ao
direito de reivindicá-la de quem a detiver. Ambos os aspectos podem ser identificados na
definição de direitos do proprietário, presente no artigo 1.228 do Código Civil (WALD, 2002, p.
22).
A CRM é a principal fonte de direito enquanto base de todo o sistema jurídico e que, contêm a
máxima protecção à propriedade privada, encontrando-se vigentes normas que respeitam a
matéria dos direitos reais, como è o caso do art. 82˚, Capitulo V do já referido dispositivo legal
que trata de propriedade privada:
O Código Civil e nele no seu livro III, constituem a sede fundamental do regime dos direitos
reais. Porem, nem a CRM, o C.C e nem o livro III, constitui as únicas fontes do Direito das
Coisas, nem contem todo o regime dos direitos reais.
Por exemplo, em matéria de direito de propriedade, o C.C apenas se ocupa do que tem por
objecto coisas corpóreas. (vide art.˚ 1302˚).
A lei prevê os seguintes direitos reais de gozo (artigos 1302.º a 1575.º do Código Civil e Regime
Jurídico da Habitação Periódica a seguir mencionado):
O artigo 1302.º do Código Civil prevê que só as coisas corpóreas móveis ou imóveis (incluindo
as águas) podem ser objecto do direito de propriedade regulado naquele código.
Refira-se ainda, para além da Constituição e do Código Civil as leis especiais como Código do
Registo Predial, o Código de propriedade industrial, e Código de Registo de Entidades Legais
etc, também são fontes de Direito das Coisas.
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DISCIPLINA/MODULO: DIREITOS REAIS, pag.15, ISCED
O registo predial destina-se essencialmente a dar publicidade à situação jurídica dos prédios,
tendo em vista a segurança do comércio jurídico imobiliário., entre os quais os seguintes direitos
reais estão sujeitos a registo (artigo 2.º do Código de Registo Predial):
▪ outros factos relativos a bens imóveis ou a direitos de uso e aproveitamento da terra que lei
especial sujeita a registo predial.
Propriedade industrial
Código de Notariado, tem um papel importante no regime dos direitos reais, uma vez que é
frequente nos negócios relativos a estes direitos, o cumprimento de formalidades solenes, em que
se exige a intervenção notarial conforme o (artigo 3.º do Código de Registo de Entidades
Legais):
▪ a unificação, divisão e transmissão de quotas de sociedades por quotas, bem como de partes
sociais de sócios capitalistas de sociedades de capital e trabalho;
▪ quaisquer outros factos referents às empresas que a lei declare sujeitos a registo.etc.
O Código Civil, e nele, o seu Livro III, constituem a sede fundamental do regime dos direitos
reais. Porém, nem o C.C. nem o Livro III, constituem as únicas fontes do direito das coisas, nem
contêm todo o regime dos direitos reais.
Refira-se ainda, para além da Constituição e do Código Civil, as leis especiais como o Código de
Registo Predial, o Código de Propriedade Industrial, e Código de Registo de Entidades Legais
etc., também são fontes do Direito das Coisas. Como já se referiu, o Código Civil não esgota
actualmente, ficando longe disso, a regulamentação das relações jurídicas reais.
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil: Reais. 4ª ed., reimpressão. Coimbra: Coimbra
Editora LTDA, 1987.
BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Coisas. Vol. I. Ed. fac-similar. Brasília: Senado Federal,
2003.
GOMES, Orlando. Direitos Reais. 21ª ed. Atual. Luiz Edson Fachin. Rio de Janeiro: Forense,
2012.
GOMES, Orlando. Direitos reais. 19. ed., rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos reais. 5. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008
RODRIGUES, Silvio. Direito civil: volume 5 : direito das coisas. 28. ed., rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2003.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: lei nº 10.406, de 10.01.2002. 1. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2004
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: volume 4 : direito das coisas. 4. ed.,
rev. e atual. São Paulo: Método, 2012.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009
WALD, Arnoldo. Direito das coisas. 11. ed., rev., aum. e atual. São Paulo: Saraiva, 2002
Internet
http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/viewFile/7763/67648377
Legislação
Código Civil